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Desenvolvendo Habilidades Socioemocionais

Workshop Gestão

DESENVOLVENDO
HABILIDADES SOCIOEMOCIONAIS
Workshop Gestão

INTRODUÇÃO
Docente: Anita Lilian Zuppo Abed
Psicóloga (USP), Psicopedagoga (PUC), Mestre em Psicologia (São Marcos), Neuroeducadora (CEFAC),
Consultora da UNESCO sobre o tema “O desenvolvimento das habilidades socioemocionais como caminho
para a aprendizagem”. Doutoramento pela UNIFESP, com pesquisa sobre a utilização de jogos para o desen-
volvimento de habilidades socioemocionais e a construção do conhecimento. Atuação profissional: psicote-
rapeuta de adultos, adolescentes e crianças (30 anos); psicopedagoga clínica (20 anos); psicopedagoga insti-
tucional no Núcleo Psicopedagógico Integração (10 anos) e na Mind Lab (14 anos), desenvolvendo projetos
para aplicação em escolas e outros espaços de aprendizagem; docente em cursos de Pós-graduação em
Psicopedagogia em várias instituições de ensino do Brasil, nas disciplinas “O jogo como recurso pedagógico”
e “Psicopedagogia da Educação Matemática”; palestrante sobre vários temas relacionados à interface Educa-
ção e Saúde; elaboração de conteúdos didáticos e de análises técnicas de materiais voltados ao desenvolvi-
mento de habilidades e à utilização de recursos lúdicos e artísticos em Educação.

Apresentação do Workshop
Parte integrante do Programa de Desenvolvimento dos Estudantes, o curso “Desenvolvendo Habili-
dades Socioemocionais” tem o objetivo de prover os alunos dos cursos de graduação com conhecimen-
tos teóricos sobre o que são habilidades socioemocionais e a sua importância na vida e no mundo do
trabalho, oferecendo dicas práticas de como os estudantes podem desenvolver essas competências em
si mesmos e nas pessoas que integram seus grupos sociais.

Conteúdo programático
» Concepção filosófica adotada: a complexidade de Edgar Morin. Implicações nas concepções
de mundo, de conhecimento e de Homem que norteiam este workshop.

» Noções básicas sobre desenvolvimento humano: o funcionamento psíquico e os entrela-


çamentos entre as dimensões biológica, cognitiva, social e emocional; as descobertas das
neurociências e as “funções executivas” do cérebro.

» O que são competências socioemocionais e sua importância na vida pessoal e profissional.

» O modelo “Big Five”: cinco macrocompetências e suas subdivisões (facetas) como organiza-
dores do processo de autoconhecimento e do desenvolvimento pessoal e coletivo.

» Detalhamento de cada uma das cinco dimensões do “Big Five”, articulando com funções
executivas do cérebro.

» Sugestões de estratégias para promover o desenvolvimento das competências socioemo-


cionais e das funções executivas em si mesmo, nos familiares, amigos e colegas, no ambien-
te de trabalho e em outros contextos.

BASES FILOSÓFICAS
Neste início de terceiro milênio, vêm crescendo as reflexões sobre a necessidade de incluir, nos
objetivos da escolarização formal, ações intencionalmente voltadas ao desenvolvimento integral dos

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estudantes, especialmente no que diz respeito às habilidades socioemocionais, que haviam sido deixa-
das de lado pela “escola tradicional”.
Esta preocupação é uma resposta às mudanças intensas e velozes que a sociedade humana vem
sofrendo desde o “boom” científico-tecnológico ocorrido desde a passagem do século XIX para o sécu-
lo XX (que possibilitou muitas conquistas, mas também as barbáries vividas nas grandes guerras) e a
popularização da internet, no final do século XX. Esses são alguns dos fatores que modificaram subs-
tancialmente o modo de vida dos seres humanos em vários aspectos, inclusive no que diz respeito ao
acesso às informações e às relações com o conhecimento.
No terceiro milênio, as mais diferentes culturas do planeta estão em contato direto, seja presen-
cialmente ou on line, portanto é imprescindível aprender a lidar com a diversidade e desenvolver habili-
dades socioemocionais como tolerância, flexibilidade, respeito a si mesmo e ao outro...
A escola precisa assumir o seu papel na formação pessoal (e não só intelectual) das novas gera-
ções que habitarão essa nossa sociedade em movimento, prepará-las para um futuro que não sabemos
ao certo como será. A pandemia do Covid 19, em 2020, escancarou ainda mais essa urgência.
A instituição escolar ocidental (organizada em disciplinas que dividem o conhecimento, focada
na transmissão de conteúdos programáticos e concebendo a aprendizagem como uma ação exclusiva
da razão) é uma invenção recente em termos de história da humanidade. Essa configuração respondeu
muito bem às necessidades de formar mão de obra para a sociedade industrial que começava a se confi-
gurar no século XVIII, mas com certeza não contempla muitas das demandas decorrentes das mudanças
ocorridas nas últimas décadas.
Além dos conhecimentos específicos relacionados às funções ocupacionais e do domínio de equi-
pamentos e recursos digitais, habilidades como criatividade, assertividade, flexibilidade, aprendizagem
constante, estabilidade emocional, trabalho em equipe, comunicação e pensamento crítico, entre ou-
tras, são cada vez mais exigidas no mundo do trabalho.
O educador americano Joe Kincheloe (1997, p. 21) afirma que “a escola nasceu para transmitir cul-
tura sem comentários”. Ou seja, escolarização formal se estabeleceu, na nossa sociedade, como espaço
incumbido de transmitir, às novas gerações, o conhecimento acumulado, mas como se fossem verdades
únicas e incontestáveis (e, portanto, aculturais), concebidas por aqueles que eram considerados como
os únicos produtores de conhecimento válido: os cientistas.
Segundo Edgar Morin (2000a), filósofo francês, o pensamento científico clássico é calcado em três
pilares. São três princípios que norteiam o fazer científico e implicam em uma certa visão de mundo, de
homem e de conhecimento:

a) Separabilidade. Os diferentes aspectos e componentes da realidade podem ser fragmen-


tados, pois o real é compreendido como uma somatória de relações causais lineares e inde-
pendentes. A separação entre o cientista e o objeto do conhecimento garante a neutralida-
de da Ciência e, portanto, a produção de “verdades” neutras, que independem do contexto
material, histórico, social e cultural em que são produzidas.

b) Imutabilidade. O real é composto por relações lineares constantes, imutáveis, postas a priori,
cabendo ao cientista apenas desvendá-las.

c) Supremacia da razão. É apenas por meio da cognição que se produz conhecimento válido
(“Penso, logo existo”, como diria Descartes).
Nas ciências naturais, esse modelo produziu, e ainda produz, de fato, muito conhecimento. Mas
essa “ciência sem consciência” (nas palavras de Morin) propiciou barbáries terríveis para a história da

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humanidade: as duas grandes guerras evidenciaram possíveis implicações da intolerância representada


pela “verdade única” e os perigos da produção de aparatos tecnológicos (possíveis graças aos conheci-
mentos científicos) que colocaram na mão dos homens o poder de destruir - literalmente - a civilização
e o planeta.
Ainda segundo Morin, não se trata de descartar o modelo clássico de ciência, mas de colocá-lo
como uma dentre outras possibilidades igualmente válidas resgatando o caráter histórico e social da
produção do conhecimento.
Nas ciências humanas, a adequação desse modelo científico vem sendo bastante questionada.
Será que é possível separar o cientista dos seus objetos de estudo quando o “humano procura conhecer
o humano”? Será mesmo possível pensar um ser humano atemporal, isento de influências sociocultu-
rais do seu meio? Ou o modelo de ciência para conhecer o humano deve, justamente, explicitar seus
pontos de partida, os pressupostos que sustentam as investigações?
A perspectiva adotada neste workshop é a da complexidade, proposta por Edgar Morin. “O pen-
samento complexo é um pensamento que procura ao mesmo tempo distinguir (mas não disjuntar) e reunir.”
(Morin, 2000a: 209). A realidade é compreendida como uma rede de inter-relações dinâmicas e em cons-
tante movimento de construção e reconstrução, ao mesmo tempo resultado e produtor de contextos
ambientais e socioculturais em que os seres humanos habitam. Nós, humanos, também somos simulta-
neamente construídos pela história de nossas interações com o meio e construtores sociais desse meio.
Há verdades absolutas, é claro. Não há como sobreviver a um avião que explode no ar, o dia e a noite
são uma constante previsível, o ciclo da nossa vida começa na gestação e termina com a nossa morte. Mas
nas reflexões de Morin (2000b), a vida é feita de “arquipélagos de certezas em oceanos de incertezas”.
Nas ciências humanas, o desenvolvimento de outros modelos científicos (como por exemplo as
pesquisas qualitativas, etnográficas, pesquisa-ação, estudo de caso) possibilitou avanços significativos
na compreensão do fenômeno humano, tanto social como individual. Nessas abordagens de Ciência,
os pressupostos filosóficos e teóricos são explicitados1 e não há a pretensão de desvendar a “Verdade”,
mas sim de colaborar na construção de modelos teóricos que possibilitem uma melhor compreensão
do funcionamento humano, buscando identificar possíveis fatores facilitadores e dificultadores do seu
desenvolvimento. Esses saberes construídos a muitas mãos vêm contribuindo significativamente para
o aprimoramento das intervenções humanas em vários âmbitos, inclusive na educação. É nessas ideias
que este workshop se sustenta.

O “BIG FIVE” E AS HABILIDADES SOCIOEMOCIONAIS


Com o “encurtamento do planeta” (Morin) viabilizado pelo aprimoramento dos meios de comuni-
cação e de transporte, é condição sine qua non para a sobrevivência da humanidade que aprendamos
a conviver e a valorizar as diferentes formas de pensar e sentir o mundo, de produzir e compartilhar
conhecimentos, de se relacionar consigo mesmo e com o outro. Ou seja, é necessário desenvolver o
posicionamento crítico, as habilidades socioemocionais, o aluno enquanto um “ser-no-mundo-com-os-
-outros” (Heidegger).
Inicialmente chamadas de “habilidades não-cognitivas” ou “soft skills”, as habilidades socioemo-
cionais dizem respeito à construção de condições internas para que a pessoa possa lidar de maneira
cada vez mais eficiente com as emoções (suas e dos outros) e com as interações sociais.
As mais recentes descobertas das neurociências vêm demonstrando o que diversas abordagens
teóricas das ciências humanas já postulavam desde a segunda metade do século XX: emoção e razão

1 “A cabeça pensa a partir de onde os pés pisam.” e “Todo ponto de vista é a vista de um ponto.” Leonardo Boff

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não se dissociam. Nesse sentido, o termo “não-cognitivo” vem sendo abandonado a favor de “habili-
dades socioemocionais”, que integra em si duas facetas indissociáveis do ser humano: o emocional e
o social.
Inúmeras pesquisas procuram mapear quais são as habilidades socioemocionais, como mensurá-
-las e como desenvolvê-las. Os chamados “Big Five” constituem-se como uma proposta de organização
dessas habilidades em cinco grandes domínios2:

» Openness (Abertura ao Novo): interesse e motivação para passar por novas experiências

» Conscientiousness (Autogestão): administração e responsabilidade pelas próprias atitudes


nas situações.

» Extraversion (Engajamento com os Outros): disponibilidade para entrar em relação com as


outras pessoas.

» Agreeableness (Amabilidade): atuação em grupo de forma colaborativa e cooperativa, com


empatia e respeito.

» Neuroticism (Resiliência Emocional): lidar com as emoções de maneira resiliente, buscando


construir aprendizagens e aumentar a estabilidade e previsibilidade nas reações emocionais.
As iniciais dos termos em inglês formam a palavra “ocean”: oceano. Tomando-o como uma metá-
fora, podemos estabelecer algumas semelhanças entre as habilidades socioemocionais e oceano, como
por exemplo:

» A imensidão: são muitas as emoções que vivemos, somos seres de emoção...

» As diferentes profundidades: há emoções mais superficiais e outras mais profundas, aque-


las que são mais visíveis e outras mais veladas...

» A riqueza e diversidade dos seus seres: quantas emoções diferentes, muitas vezes confli-
tantes, nós vivemos no dia a dia...

» As regiões abissais: as profundezas do oceano são inacessíveis, habitadas por “seres abis-
sais” que parecem muitas vezes monstros da ficção científica. Parece uma boa metáfora
para o inconsciente, aquelas partes de nós mesmos que não conhecemos, que muitas
vezes nos surpreendem...

» Movimento: “a vida vem em ondas como o mar, num indo e vindo infinito”, já dizia Lulu Santos...

» Influência da lua nas marés: são tantas os fatores que influenciam nossas emoções! Tanto
internos (uma TPM, por exemplo) quanto externos...
Às vezes marola, às vezes tsunami: algumas pessoas, assim como algumas praias, são mais pro-
pensas a viver “marolas”, é difícil tirar-lhes a calma; outras são mais do tipo “praia do tombo”, com ondas
fortes praticamente o tempo todo. Mas mesmo as praias mais calmas podem viver uma “ressaca” ou até
mesmo um “tsunami”! Diante da força das ondas gigantescas, proteger-se em geral é a única possibili-
dade (a não ser para os surfistas, especialistas nessas ondas)...
2 Há diferentes traduções dos cinco domínios na literatura. Adotaremos neste workshop a nomenclatura proposta pelo Instituto
Ayrton Senna.

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Ao longo deste workshop, vamos aprofundar os conhecimentos sobre cada uma das competên-
cias socioemocionais que compõem o “Big Five” e refletir sobre como podemos investir esforços no de-
senvolvimento pessoal e interpessoal. Iremos também associar com algumas funções executivas, que
nos ajudam a planejar ações e a colocar em prática os caminhos escolhidos.

DESENVOLVIMENTO NEURONAL E AS FUNÇÕES EXECUTIVAS


Com o avanço dos exames de neuroimagens, o conhecimento sobre o funcionamento cere-
bral vem se ampliando muito nas últimas décadas. Não vamos nos aprofundar nesse tema, mas
alguns conceitos são importantes para que possamos identificar algumas ações que colaboram no
desenvolvimento da nossa inteligência, tanto intelectual como socioemocional. Como já vimos,
emoção e razão caminham juntas no desenvolvimento humano, colaborando mutuamente nas nos-
sas aprendizagens.
O sistema nervoso é formado por células extremamente especializadas, diferentes de qualquer
outra célula do corpo humano: os neurônios, que possibilitam a transmissão de mensagens por impulsos
elétricos (nos axônios) e por trocas químicas (nas sinapses entre os neurônios).

O nosso cérebro é uma “máquina de aprender”, que se desenvolve basicamente por dois fatores: a
maturação biológica e as experiências que temos ao longo da vida. A maturação biológica estabelece o
processo de criação da “bainha de mielina” que envolve os axônios, o que possibilita um funcionamento
mais eficiente e mais rápido. As experiências, tanto concretas (por exemplo, visitar um lugar) como sim-
bólicas (imaginar-se nesse lugar, assistir um filme, ler um livro, conversar com alguém sobre o lugar, ver
fotos etc.) provocam a criação de “redes de dendritos”, os sistemas de comunicação entre os neurônios
que registram nossas memórias, nossas aprendizagens.

O funcionamento do cérebro é em rede: suas diferentes regiões (chamadas “lobos”) interagem en-
tre si na construção das nossas memórias, das nossas “redes de sinapses”, daquilo que somos, pensamos

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e sentimos. Quanto mais multissensoriais forem as experiências e quanto mais revestidas de emoção,
maior a probabilidade de elas resultarem em aprendizagens significativas e duradouras.

A última área do cérebro a completar o desenvolvimento da bainha de mielina é o lobo frontal,


onde se localizam as “funções executivas”. Apesar de já estar acontecendo desde muito cedo, o grande
“boom” da maturação desta área do cérebro acontece a partir da entrada na adolescência, por volta dos
12 anos, e se completa por volta dos 21 anos nas mulheres e 25 anos nos homens.
As funções executivas são como o “maestro da orquestra”, são elas que recrutam e organizam a
ação das demais áreas do cérebro para executarem suas atividades em torno de uma atividade, de um
objetivo, de uma meta.
Na literatura especializada, não há uma definição única nem um consenso sobre quantas e quais
são as funções executivas. Ao longo deste workshop, vamos nos aprofundar em algumas delas que con-
sideramos instrumentais para colaborar no desenvolvimento socioemocional.3

PARA ENCERRAR (OU SERÁ, PARA COMEÇAR?)


Desenvolver habilidades socioemocionais não é aprender a “ser marola”, a destruir nossos “seres
abissais”, a ser uma pessoa controlada o tempo todo. Não é retirar a emoção, mas aprender a viver – e a
aprender – com ela!
A vida é repleta de desafios, que nos exigem uma diversidade enorme de recursos internos. Há
momentos em que precisamos saber trabalhar em equipe e há momentos em que precisamos saber
trabalhar sozinhos, de forma autônoma. Há momentos em que precisamos manter a calma, há mo-
mentos em que precisamos nos impor com assertividade. Há momentos em que precisamos liderar
e momentos em que precisamos ser liderados. Enfim, quanto mais desenvolvermos nossos recursos
internos, quanto mais compreendermos nossas emoções e tivermos “em nossas mãos” o que iremos
fazer com elas, quanto mais flexíveis, inteiros e íntegros nos tornamos, maiores serão as nossas chances
de construirmos uma vida de realizações pessoais e profissionais, para nós, para aqueles que amamos
(e para os que não amamos também, por que não?), para a sociedade.
Este é o convite deste workshop. Vamos juntos pensar em como sermos os melhores de nós mes-
mos a cada dia?

3 Para quem se interessar pelo tema, um livro interessante para iniciantes é “O Cérebro Executivo”, de Elkhonon Goldberg (Edi-
tora Imago, 2002).

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABED, Anita. O desenvolvimento das habilidades socioemocionais como caminho para a apren-
dizagem e o sucesso escolar de alunos da educação básica. São Paulo: 2014. Disponível em: www.
recriar-se.com.br (site da autora).
KINCHELOE, Joe. A formação do professor como compromisso político: mapeando o pós-moderno.
Porto Alegre, RS: Artes Médicas, 1997.
MORIN, Edgar & LE MOIGNE. A inteligência da complexidade. São Paulo: Peirópolis, 2000a.
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez; Brasília, DF:
UNESCO, 2000b.

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