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DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)

BIBLIOTECA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTES DA UFPA

O94O

OUTRAS NARRATIVAS SOBRE MUSEUS [RECURSO ELETRÔNICO] : CONTRIBUIÇÃO DA AMAZÔNIA


PARAENSE PARA OS DEBATES SOBRE A NOVA DEFINIÇÃO DE MUSEU DO CONSELHO
INTERNACIONAL DE MUSEUS (ICOM) / ORGANIZADORES: ROSANGELA BRITTO, DIOGO
MELO, LUZIA GOMES, JOÃO POLARO. — BELÉM: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTES/
UFPA, 2023. — DADOS ELETRÔNICOS (1 ARQUIVO: PDF).

VÁRIOS AUTORES.
INCLUI BIBLIOGRAFIA.
MODO DE ACESSO: INTERNET
HTTP://PPGARTES.PROPESP.UFPA.BR/INDEX.PHP/BR/

ISBN 978-65-88455-66-1

1.MUSEUS - PARÁ. 2. MUSEOLOGIA. 3. MEMÓRIA. 4. AMAZÔNIA. I. BRITTO,


ROSANGELA (ORG.). II. MELO, DIOGO (ORG.). III. GOMES, LUZIA (ORG.). IV. POLARO,
JOÃO (ORG.). V. CONSELHO INTERNACIONAL DE MUSEUS.

CDD 23. ED. – 069.098115

ELABORADO POR LARISSA SILVA – CRB-2/1585


UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
Emmanuel Zagury Tourinho (Reitor)
Gilmar Pereira da Silva (Vice-Reitor)

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO (PROPESP)


Maria Iracilda da Cunha Sampaio (Pró-Reitora)

INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA ARTE (ICA)


Isis de Melo Molinari Antunes(Diretora-Geral)
Adriana Valente Azulay (Vice-diretora)

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTES (PPGARTES)


José Denis de Oliveira Bezerra (Coordenador)
Alexandre Romariz Sequeira (Vice-Coordenador)

EDITORA PPGARTES*
Maria dos Remédios de Brito
Ana Claudia do Amaral Leão
(Coordenadoras Editoriais)
Larissa Lima da Silva (Assistente Editorial)

COMITÊ CIENTÍFICO
Profa. Dra. Maria dos Remédios de Brito
(Presidente)
Profa. Dra. Ana Claudia Leão (ICA/UFPA)
Profa. Dra. Ana Flávia Mendes (ICA/UFPA)
Profª. Dra. Ana Mae Tavares Bastos Barbosa
(ECA/USP; Universidade Anhembi-Morumbi)
Prof. Dr. Áureo de Freitas Júnior (ICA/UFPA)
Profª. Dra. Giselle Guilhon Antunes Camargo (ICA/UFPA)
Prof. Dr. José Carlos de Paiva
(FBA, Universidade do Porto)
Profª. Dra. Laura Malosetti Costa
(IA, Universidad Nacional San Martin)
Profª. Dra. Maria das Vitórias Negreiros do Amaral
(CAC, Universidade Federal de Pernambuco)
Prof. Dr. Orlando Franco Maneschy (ICA/UFPA)
Profª. Dra. Rejane Coutinho
(IA, Universidade Estadual Paulista)
Profª. Dra. Valzeli Figueira Sampaio (ICA/UFPA)

FICHA TÉCNICA DESTA EDIÇÃO:


Projeto Gráfico, Editoração Eletrônica e Capa:
Ramiro Quaresma da Silva
Revisão Textual:Iraneide Silva
Ficha Catalográfica: Larissa Silva

*A Editora do Programa de Pós-Graduação em Artes da UFPA pratica


a avaliação por pares (preferencialmente externos) e seu eixo
editorial refere-se às linhas de pesquisa deste programa.
SUMÁRIO
5 Apresentação 83 Museus na amazônia tocantina...
Vera Lúcia Mangas trapiches para a humanidade
ICOM-BR Jones da Silva Gomes

7 Apresentação NARRATIVAS 2 - QUESTÕES TEÓRICO-


Rosangela Britto, Diogo Melo, Luzia EMPÍRICAS E A TENSÃO POLÍTICA
Gomes, João Polaro
Organizadores 97 Museologias, teorias e tensões
políticas - museus indígenas e contra-
12 Prefácio Luciana Menezes de Carvalho museologia
Camila Azevedo de Moraes Wichers
1.ENTREVISTA
106 Desnortear as definições: a
17 Escutando Mãe Matenta sobre um interculturalização como requisito
“Patrimônio divino, sagrado” para museus comprometidos com a vida
Inia Bernadete Pantoja Costa, Juliana Maria de Siqueira
Mãe Matenta, Luzia Gomes Ferreira
113 Perspectivas para a educação museal
2.ARTIGOS ante a nova definição de Museu
Janice Shirley Souza Lima,
NARRATIVAS 1 - A PARTICIPAÇÃO DO NORTE Simone de Oliveira Moura
NA NOVA DEFINIÇÃO DE MUSEU
125 Por onde anda o Sistema Estadual
24 Relato de experiência sobre o projeto de Cultura do Pará? Notas sobre o
ICOM Define - definição de museu processo legislativo do Projeto de Lei
contribuição da perspectiva do norte 114/2019
Ramon Augusto Teobaldo Alcantara João Polaro, Bruno de Castro Rubiatti

36 Nova Definição de Museus na NARRATIVAS 3


Perspectiva da Região Norte do Brasil EXPERIÊNCIAS MUSEAIS AMAZÔNICAS
Sandra Regina Coelho da Rosa,
Rosangela Marques de Britto 135 Repensando o Museu do Estado do Pará:
desafios atuais e futuros do MEP
41 “Museu é o mundo”: um devir outro dos Nilson Corrêa Damasceno
museus da Região Amazônica
Rosangela Marques de Britto, 142 Ecomuseu da Amazônia: experiência
Diogo Jorge de Melo, museal a serviço das comunidades
Lidiane da Costa Monteiro locais
Regina Lúcia Tavares Lobo de Souza
51 Caminhos das águas, caminhos da terra
firme: percursos colaborativos, 151 Contribuições do Museu Surrupira para
transdisciplinares e afetivos em se pensar museu e museologia: uma
educação, cultura e museus perspectiva do Norte
Paola Maués, Gilma D’Aquino, Diogo Jorge de Melo,
Lília Melo Marcos Henrique de Oliveira Zanotti Rosi,
Jenifer Miranda Blanco
65 Memória e cultura periférica: Museu
Memorial da Vila da Barca, um projeto 163 Posfácio
em execução (2021...) Marcia Bezerra
Kelvyn Werik Nascimento Gomes,
Andrey Manoel Leão de Leão, 167 AUTORES
Inêz Freitas Medeiros

75 A museologia comunitária como


instrumento ativista e propositivo: a
experiência do fórum de museus de base
comunitária da amazonia nos projetos
da Associação Brasileira de Ecomuseus
e Museus Comunitários (ABREMC)
Lúcia Santana, Graça A. Santana,
Regina de Oliveira
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MUSEOLOGIAS, TEORIAS E TENSÕES POLÍTICAS - MUSEUS INDÍGENAS


E CONTRA-MUSEOLOGIA

Camila Azevedo de Moraes Wichers

O museu pros Kanindé é bisavô, é avô, é pai e é mãe,


porque é a história deles, a história que tinha
lá atrás, é o que a gente tem aqui. [...].
Cícero Pereira Kanindé,
citado por Suzenaldo da Silva Santos,
do Museu Indígena Kanindé (2016) movimento: Quais sujeitos de enunciação narram
as memórias presentes nos museus e processos
O campo dos museus e da Museologia de musealização? Quais narrativas textuais
está em movimento. Se por um lado essa ciência e/ou visuais têm sido construídas no campo
começa a firmar-se, sobretudo, a partir da segunda patrimonial? Essas narrativas buscam o controle,
metade do século XX, por outro lado, esse mesmo por meio da reprodução da ordem colonial, ou
processo se deu em um contexto em que museus e buscam questioná-la?
patrimônios foram duramente questionados pelos Diante de tais questionamentos, a
movimentos sociais. Em um mundo em ebulição, Museologia tem sido reformulada em novas
marcado por lutas pela independência em países nomenclaturas e posturas, como Nova Museologia,
do continente africano, pela denominada segunda Sociomuseologia, Museologia Social e Museologia
onda do feminismo, pelo movimento negro e Comunitária, as quais expressam novos e diferentes
dos direitos civis e pela resistência a governos enfoques sobre a abordagem do objeto de estudo
autoritários, dentre outros, a função social dos da Museologia (MORAES WICHERS, 2015). Esses
museus foi colocada à prova. enfoques também têm comum o deslocamento do
É importante sublinhar que a Museologia é trinômio Edifício-Coleção-Público para a tríade
uma ciência social aplicada, que mesmo tendo os Território-Patrimônio-Comunidade, sendo que esse
museus como importante campo operacional, não se deslocamento pode assumir diferentes nuances,
atém a essas instituições. Essa ciência foi, assim, desde um museu tradicional, que busca atuar em seu
consolidando-se como campo de conhecimento, ao território de maneira mais inclusiva, até um museu
mesmo tempo em que passou por questionamentos que nasce de uma demanda comunitária. Emergem
e mudanças teórico-metodológicas significativas, também desse cenário distintas museologias
desde a descentralização das ações museológicas, adjetivadas, como a Museologia Feminista, LGBT,
passando pelo alargamento da noção de museus quilombola, queer, dentre outras denominações.
e de patrimônio. Uma das principais críticas Cabe lembrar que a Nova Museologia foi
feitas a esse campo reside na necessidade de fruto da reação dos museus e profissionais aos
democratização, não apenas do acesso, mas também questionamentos colocados pelos movimentos
da seleção e produção dos denominados bens sociais do final da década de 1960, pontuados
culturais. Como pontuei em texto anterior (MORAES anteriormente. A Mesa Redonda de Santiago do
WICHERS, 2020), muitas questões emergem nesse Chile sobre o papel social do museu na América
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Latina (1972), é considerada como marco É pela vereda aberta pelos museus
importante desse processo. Ademais, o termo comunitários que pretendo desenvolver o
Nova Museologia está relacionado ao Movimento argumento deste texto, fruto do diálogo
Internacional pela Nova Museologia (MINOM), estabelecido na “Mesa 4- Bem-viver e Decolonial:
que tem como marcos temporais a Declaração de contribuições dos museus indígenas e olhares
Quebec, em 1984, e a criação do MINOM, um ano museais”, do “Ciclo de Debates: perdas e
mais tarde, em Portugal. recomeços na perspectiva do Norte”, promovido
A denominação Sociomuseologia, por sua pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e
vez, tem “impulsionado a democratização do acesso parceiros, durante a 15ª Primavera dos Museus,
à cultura, valorizando o ‘tempo social’”, conforme em 2021. A mesa era composta por mim; por
indica Judite Primo (2014, p.26), ao apontar a noção Juliana Siqueira, agente cultural da Secretaria
do social como objeto de estudo da Museologia Municipal de Cultura de Campinas; por Antônia
e a importância de novas ações marcadas pelo Kanindé, assistente de coordenação do Museu
protagonismo dos sujeitos e comunidades. Em Kanindé, então graduanda de Museologia pela
Portugal, o termo Sociomuseologia denomina Universidade Federal do Recôncavo da Bahia; por
um periódico e um programa de estudos de pós- Santo Cruz Mariano Clemente e Santos Inácio
graduação, sendo esses esforços resultantes Clemente; e indígenas Tikuna que atuam no Museu
também de um produtivo diálogo Brasil-Portugal. Magüta, com a mediação do professor Diogo Melo,
Recentemente, o termo Museologia Social da UFPA. Nesse espaço de troca, mediado por
tem se consolidado no contexto brasileiro, telas devido à pandemia da COVID-19, reflexões
caracterizando-se pelos compromissos sociais que foram tecidas sobre os efeitos e deslocamentos
assume e com os quais se vincula, comprometendo- provocados pelos olhares indígenas lançados
se com a redução das injustiças e desigualdades ao campo da Museologia; e ao novo conceito de
sociais, com o combate aos preconceitos e com a museu, então em discussão no âmbito do Conselho
utilização do poder da memória (Chagas; Gouveia, Internacional de Museus (ICOM).
2014, p. 17). Buscarei tecer algumas ideias inspiradas
Por seu turno, algumas pessoas têm pelo diálogo ensejado pela mesa e por experiências
utilizado o termo Museologia Comunitária, onde o vivenciadas ao longo dos últimos anos, como
pertencimento da/o pesquisador/a à comunidade mulher não indígena e professora universitária de
torna-se imperativo. Nesse contexto, cada pessoa Museologia. Considero a visão parcial e limitada
aparece como elemento-chave de uma Museologia do conhecimento, bem como a corporificação
que não constrói espaços onde a voz de quem fala é feminista, que sugere a localização limitada e o
ocultada, mas sim, espaços que destacam o direito conhecimento localizado, argumentando “a favor
que têm os povos para falarem de si mesmos, de uma doutrina e de uma prática da objetividade
por si mesmos. Essa compreensão da Museologia que privilegie a contestação, a desconstrução, as
Comunitária está embasada nas experiências conexões em rede e a esperança na transformação
latino-americanas, mais precisamente nos dos sistemas de conhecimento e nas maneiras
trabalhos de Teresa Morales Lersch e Cuauhtémoc de ver”, como propõe Donna Haraway (1995, p.
Camarena Ocampo (2004), a partir dos museus 24). Busco conexões em rede com os saberes,
comunitários mexicanos. ou melhor, com as ontologias ameríndias para
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lançar provocações ao campo dos museus e da grito dos demais povos subalternizados pela
Museologia, privilegiando a contestação, mas colonialidade, contra a dissolução da terra diante
também a transformação das formas de ver. do “liquidificador modernizante do Ocidente”, nas
Uma primeira questão se coloca quando palavras de Eduardo Viveiros de Castro. Para o
olhamos o campo dos museus e da Museologia: É antropólogo, essa obra seria a primeira tentativa
possível transformarmos esses dispositivos da de uma “contra-antropologia” (Viveiros de Castro,
modernidade/colonialidade em algo que valha 2015, p. 24). Kopenawa nos ensina que, embora
a pena? O movimento indicado no início deste tenhamos “peles de imagens” – forma como os
texto tem sido espiralado. Ou seja, não se trata Yanomami denominam as páginas escritas e os
de se traçar uma linha de aperfeiçoamento documentos impressos contendo ilustrações–
contínuo da Museologia, seja retórica ou como carecemos de sabedoria. Somos o povo da
plano de ação, mas de compreender as nuances, mercadoria e não pensamos muito no futuro
os enfrentamentos, os lampejos disruptivos, os (Kopenawa; Albert, 2015).
nós museológicos, como indicou Samarone Nunes Essa contra-antropologia histórica do
(2017). No que concerne ao tema aqui tratado, as mundo branco, nas palavras de Bruce Albert,
palavras de Célia Xacriabá são instigadoras: formada por meditações etnográficas sobre
os brancos e visões xamânicas, ainda levará
Por que não indigenizar o outro? Por que
não quilombolizar, campesinar o outro? tempo para ser devidamente compreendida pela
Isso seria exercer o que se propõe a
partir do conceito de interculturalidade. comunidade antropológica. Parafraseando os
Reconhecer a participação indígena no fazer
autores: Os museus indígenas não oportunizariam,
epistemológico é contribuir para o processo
de descolonização de mentes e corpos na realidade, uma “contra-museologia”? Essa é
(Xacriabá, 2018, p. 19).
a provocação que busco trazer. Uma museologia
Dessa forma, o pensamento ameríndio nos inspirada por tal pensamento seria um outro devir
provoca: É possível indigenizar os museus e a dos museus e das políticas da memória, enfim, da
Museologia? Museologia. Por exemplo: Como seria pensar os
Quero desdobrar possíveis diálogos com museus a partir de objetos que são rastros, restos
essa questão em pelo menos dois eixos, dentre de quem os fabricou, objetos que devem estar em
os múltiplos possíveis – um primeiro inspirado no movimento, fazem parte do apagamento ritual
pensamento do xamã Yanomami Davi Kopenawa e dos mortos e que ficam órfãos (quando foram
o segundo no pensamento do antropólogo Gersem guardados após quem lhes deu morrer)? Essas são
Baniwa. Em seguida, trarei uma síntese dos museus algumas, dentre as incontáveis perguntas que os
indígenas no Brasil, enfatizando a experiência Yanomami nos provocam. Ouso sonhar que esse
vivenciada com o povo Iny-Karajá. Por fim, trago pensamento poderia construir deslocamentos,
dois exemplos de deslocamentos de curadores e reinvenções e novos olhares museais em termos
artistas indígenas em espaços convencionais. de bem-viver, de justiça social e de emancipação
Em “A queda do céu: palavras de um dos povos.
xamã yanomami”, encontramos um manifesto Outro eixo que gostaria de salientar é
de Kopenawa, dos Yanomami e demais povos inspirado em Gersem Baniwa. Para o antropólogo
indígenas, que também pode ser entendido como indígena ou indígena antropólogo, a “composição
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semântica Baniwa antropólogo apresenta um indígenas no Brasil, indicando 43 museus ao


sentido próprio para destacar que se trata de um redor do Brasil. Noções de etnomusegrafia,
sujeito histórico particular que se apropria das ação museológica indígena, apropriação e
diversas e possíveis lentes da antropologia para tradução são apresentadas na pesquisa, fruto
ler os diferentes mundos: indígena e não indígena” de um diálogo intercultural do autor com povos
(Baniwa, 2015, p. 2). Em seus textos, Baniwa nos indígenas, sobretudo, do Ceará e Pernambuco.
sugere uma “prática da vigilância epistemológica Os processos de “indigenização de museus e das
para que não se perpetue o processo de colonização ressignificações das noções de ‘patrimônio’ e
por meio das estruturas disciplinares” (Baniwa, ‘cultura’”, evidenciariam, assim, a constituição de
2019, p. 1). Dessa feita, não estaríamos falando autorrepresentações e práticas sociais vinculadas
necessariamente de uma antropologia ou de uma às cosmopolíticas da memória (GOMES, 2019). As
museologia indígena, mas de trânsitos. Como cosmopolíticas indígenas da memória oportunizam
afirma Gabriela Junqueira (2021), em diálogo com a a construção do que estou denominando como
obra do autor, precisamos de novas metodologias e contra-museologia.
epistemologias que sejam capazes de implementar
processos efetivos de diálogo interdisciplinar,
intercultural e interepistêmico (Junqueira, 2021).
Para Baniwa, devemos:

[...] nos inspirar e nos guiar na pedagogia


da natureza e nas pedagogias ancestrais ou
primordiais que nos ensinam, desta vez por
meio da Pandemia, que somos seres sujeitos
a perdas, sofrimentos, incertezas, dores,
finitudes, incompletudes, razões pelas
quais fomos brindados com a capacidade
de prevenção, interação, afeto, cuidado,
solidariedade, fé, força cosmopolítica, mas, Figura 1. Cartografia visual com algumas lições dadas pelos
museus indígenas.
sobretudo, com a humildade frente à Mãe
Fonte: Elaboração da autora.
Natureza (BANIWA, 2020, p. 32).

No contexto brasileiro contemporâneo, Buscando contribuir com uma cartografia


os museus indígenas são parte da retomada dos museus indígenas, integrei as referências
indígena, um movimento que intenta dar indicadas por Gomes (2019), com as trazidas pela
continuidade a uma história que foi interrompida: dissertação de Suzy da Silva Santos (2017), bem
retomar terras, saberes e a própria vida; retomar como outras referências que abordam o assunto
memórias. Museus práticas e experiências. Mas (Freire, 2009; Velthem; Kukawka; Joanny, 2017;
também museus como parentes, a avó e o avô, Oliveira; Santos, 2019), os sites do MuseusBr
como nos ensina Cícero Kanindé na epígrafe desse e do Sistema Estadual de Museus de São Paulo,
texto. Parentes que guiam os povos indígenas e informações reunidas por meio de visitas e
pelas pedagogias ancestrais, mas também a nós, pesquisas conduzidas nos últimos anos (Moraes
não indígenas, que devemos escutar os sons da Wichers, 2019). Esses dados resultaram no
floresta, dos rios e dos sonhos. mapeamento de 57 museus indígenas, distribuídos
Alexandre Gomes (2019), em sua tese de nas unidades federativas brasileiras, conforme a
doutorado, trouxe um mapeamento dos museus Figura 2.
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A cartografia apresentada não dá conta texto, na 15ª Primavera dos Museus da UFPA,
do fenômeno em curso. O número de experiências contou com a presença do diretor e do secretário
deve, certamente, ser mais amplo, mas o quadro do museu, Santo Cruz Mariano Clemente e Santos
oportuniza algumas colocações. Primeiramente, Inácio Clemente, respectivamente.
o número maior de museus indígenas nos estados Essa mesa contou também com a então
de Ceará (16), Pernambuco (10) e São Paulo (06) graduanda em Museologia, Antônia Kanindé, do
parece sinalizar que a categoria museu indígena Museu dos Kanindé, no Ceará, fruto da imaginação
foi acionada em contextos em que autoridades museal do Cacique Sotero, para o qual o “museu
e sociedade afirmaram reiteradamente a são as histórias”, como nos narrou Antônia. Nesse
extinção completa dos povos indígenas, sua não museu, os objetos são classificados, de acordo com
existência. Em 2009, em livro sobre os museus Suzenaldo Kanindé, como “Coisas dos Índios”, seja
e memórias indígenas no Ceará, a “importância do passado ou do presente; “Coisas dos velhos” (ou
política da memória nos processos de etnogênese, “coisas dos antigos”), com os objetos utilizados e
organização comunitária e afirmação étnica” foi pertencentes aos Kanindé, que revelam trânsitos
salientada (Gomes, Vieira, 2009, p. 21). e com objetos não indígenas; “Coisas das matas”,
provenientes, simbolicamente, das matas, da
natureza e da floresta, envolvendo objetos
produzidos com base nessas coisas (Santos, 2016,
p. 157-158). Nesse museu, objetos arqueológicos
são inseridos na categoria de “Coisas dos Índios”.
Relembro aqui o Museu do Índio Luíza Cantofa
e Centro Histórico-Cultural Tapuias Paiacus da
Lagoa do Apodi, no Rio Grande do Norte, onde
objetos arqueológicos têm destaque como coisas
sagradas e parte da luta pelo reconhecimento dos
Tapuias Paiacus.
Em 2014, a criação da Rede Indígena de
Memória e Museologia Social veio integrar e
Figura 2. Cartografia dos museus indígenas brasileiros. fortalecer diferentes espaços e experiências
Fonte: Elaboração da autora.
de memórias indígenas. Destaca-se também as
A luta pela vida e pela terra, imbricada sete edições do “Encontro Paulista de Questões
nos movimentos indígenas, foi basilar na criação Indígenas e Museus”, entre 2012 e 2018, que foi
do primeiro museu indígena do Brasil, o Museu publicada em sua quase totalidade por meio da
Magüta, do povo Tikuna, localizado em Benjamin parceria entre a Secretaria da Cultura do Governo
Constant, no Amazonas, cuja organização remete do Estado de São Paulo, a ACAM Portinari e o
aos anos de 1988-1990. Essa experiência foi Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade
descrita e analisada por diferentes autores, de São Paulo. Interessante apontar a ampliação
como José R. Bessa Freire (2003) e João Pacheco do evento ao longo dos anos, trazendo maior
de Oliveira (2012). A mesa que deu origem a este participação das lideranças e pesquisadores/as
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indígenas nas mesas de debate e nas publicações, por homens e mulheres Iny-Karajá. Ao contrário
com presença de povos de diversas partes do país, da maioria dos museus ocidentais, onde temos,
mas com destaque para museus indígenas de São em um primeiro plano, as exposições e depois
Paulo, Ceará e Pernambuco. o acesso às lojas que comercializam produtos,
Passo a narrar uma das facetas da nesse museu é a loja que se localiza na entrada
experiência que tenho vivenciado com o povo do espaço, ficando o ‘museu’ instalado em uma
Iny-Karajá, das aldeias Buridina e Bdè-Burè, sala ao fundo. Segundo o cacique Raul Mauri dos
localizadas em Aruanã, Goiás. Ao chegar na Aldeia Santos (Hawakati), aquele espaço guarda objetos
de Buridina, em maio de 2017, deparei-me com um antigos e tradicionais, assim como invenções, que
museu cuja existência era até então desconhecia. não são comercializadas, mas que “servem para
Em outros momentos (MORAES WICHERS, 2019; falar da cultura” Iny-Karajá. Como outros museus
2021), indiquei a relativa invisibilidade do museu indígenas, o Museu da Cultura Karajá Maurehi está
para diversos pesquisadores que passaram pelo imbricado com as lutas por uma educação indígena
local. O fato de o museu ser organizado pelos/as intercultural e interepistêmica (Figuras 3 e 4).
indígenas, a partir de parâmetros próprios, teria O aprendizado com o povo Iny-Karajá
afetado a sua visibilidade e autenticidade no e o diálogo com etnografias que abordam os
mundo dos tori (brancos). Iny, como o trabalho de Eduardo Nunes (2012),
O Museu da Cultura Karajá Maurehi fica no bem como o pensamento de autoras latino-
Centro Cultural Indígena de Aruanã, inaugurado americanas feministas decoloniais, como Silvia
em 1994, a partir do Projeto de Educação e Cultura Rivera Cusicanqui que trazem possibilidades
Indígena Maurehi. Uma vez que esse projeto para refletirmos sobre as categorias museu,
estimulou a retomada da língua Karajá e a produção museu indígena e, de forma mais ampla, sobre a
de artesanato indígena, o centro coloca-se como Museologia.
espaço de comercialização dos objetos produzidos

Figuras 3 e 4. Museu da Cultura Karajá Maurehi, cacique Raul


Hawakati recebendo o pesquisador Tiago Fraga e espaço com
objetos “servem para falar da cultura”.
Fonte: Projeto Rio Araguaia: lugar de memórias e identidades.
Foto da autora.
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Nunes (2012) aponta que os Karajá de autoridades coloniais, buscando delinear as


Buridina são pessoas duplas, buscando “as formas categorias indígenas e resistências presentes em
Iny”, os olhares indígenas para as transformações seus textos e imagens.
e a mistura. Em Aruanã, a mistura se daria Ao contrário dos museus e do discurso
no parentesco, marcado por um processo de museológico, que deslocam o indígena para um
intercasamento com a população regional desde a lugar exótico, distante e no passado, negando o
década de 1970, mas, sobretudo, por meio de atos lugar de coetaneidade e contemporaneidade em
e relações concretas. A mistura é uma forma boa uma museologia de objetos que são raptados
para pensar a relação dos Iny-Karajá de Aruanã e esvaziados de vida. Essa contra-museologia,
com a categoria museu. além de colocar a dicotomia natureza-cultura
Como o museu, uma instituição tori, em suspeição (Viveiros de Castro, 2015), parece
é produzido a partir da mistura? Essa é uma pautar-se na mistura e na cosmopolítica, em
questão a ser aprofundada na continuidade das visões, profecias e sonhos, na luta pela terra,
pesquisas, mas algumas hipóteses já podem ser pela educação, enfim, pela vida.
traçadas. Primeiramente, observamos que tanto a Finalizo este texto sinalizando que uma
sala situada na entrada do Centro Cultural onde contra-museologia não está restrita aos museus
é realizada a comercialização do artesanato Iny- indígenas; ela ocupa instituições e exposições
Karajá, quando a sala posterior, mais comumente do ‘mundo dos brancos’. Para isso, destaco dois
referenciada como “museu”, na fala do cacique exemplos:
Raul Hawakati, misturam registros funcionais e Naine Terena, curadora da exposição
étnicos, materiais e técnicas Iny e tori. Contudo, “Véxoa: Nós sabemos”, que ocorreu na Pinacoteca
o registro étnico é acentuado na sala do museu– do Estado de São Paulo em 2020/2021, afirma
assumindo a conotação de invenção ou tradição que “a perspectiva artística indígena emerge
na fala de Raul, enquanto no espaço destinado justamente de outros mundos, que muito podem
à venda os registros relacionados aos aspectos contribuir para uma sociedade com pensamento
funcional e étnico estão igualmente presentes mais coletivo” (Terena, 2020, p. 12). Naine aponta
(ver MORAES WICHERS, 2021). que outras produções poderiam compor Véxoa,
Rivera Cusicanqui (2010), em “Sociología mas o “processo de cura” levou a 24 artistas/
de la Imagen. Una visión desde la história colonial coletivos de diferentes regiões do país – como o
andina”, apresenta a categoria Ch’ixi, que seria Coletivo Huni kui Mahku, do Acre; a Rádio Yandê;
uma forma andina de nomear os opostos que e os artistas Jaider Esbell; Denilson Baniwa e
coexistem sem se misturar, presentes em um Yakunã Tuxá, dentre outros/as – apresentando
mundo manchado, marcado por justaposições e pinturas, esculturas, objetos, vídeos, fotografias,
em sua condição de “mestiça”. Da mesma forma instalações, além de uma série de ativações
como no pensamento Iny, estamos falando de um realizadas por diversos povos indígenas.
mundo que não tem como resultado a fusão ou o Gustavo Caboco, na 34ª Bienal de São
hibridismo. A autora analisa a obra de Qhichwa Paulo, em 2021, ao apresentar Kanau’kyba, obra
Waman Puma de Ayala, escrita no século XVII, desenvolvida em conjunto com sua mãe, Lucilene
cujas imagens representam as execuções pelas Wapichana, e seus primos Roseane Cadete,
104

Wanderson Wapichana e Emanuel Wapichana, Referências


rememora os rastros das bordunas antigas de seu
ALBERT, Bruce. Posfácio. In: KOPENAWA, Davi; ALBERT, Bruce.
povo, para que as visões das bordunas presentes
A queda do céu. Palavras de um xamã yanomami. São Paulo:
também possam caminhar. Consumida pelo fogo
Companhia das Letras, 2015.
no Museu Nacional em 2018, a borduna de seu ATHIAS, Renato. Povos indígenas, processos identitários e

tio-avô Casimiro Cadete desencadeou “um fluxo etnicidade: notas sobre pesquisas em Antropologia Política.
Revista Entrerios, n.1, p. 91-107, 2018.
de associações e reminiscências sobre a vida
BANIWA, Gersem. Antropologia Colonial no caminho da
e as memórias indígenas, sistematicamente Antropologia Indígena. Revista Novos Olhares Sociais, v.2, n.
confrontadas pela destruição predatória que 1, p. 22-40, 2019.
BANIWA, Gersem. Antropologia Indígena: o caminho da
caracteriza a cultura ocidental” (Bienal, 2021),
descolonização e da autonomia indígena. In: REUNIÃO
inspirando a obra do artista na bienal (Figura 5).
BRASILEIRA DE ANTROPOLOGIA, 26. 2008, Porto Seguro. Anais...
Como nos alerta Sonia Guajajara, na obra Salvador: ABA, 2008.

Cartas para o Bem-Viver – formada por Cartas- BANIWA, Gersem. De Gersem Baniwa para as pessoas que
sonham um outro Brasil. In: XUCURU-KARIRI, Rafael; COSTA,
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Fonte: Foto da autora.
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Este eBook é resultado do projeto de extensão “ICOM
DEFINE- Definição de museu contribuição da perspectiva
do Norte”, no âmbito da Faculdade de Artes Visuais
do Instituto de Ciências da Artes e do Programa em
Pós-Graduação em Artes da Universidade Federal do
Pará (PPGArtes-UFPA), sob coordenação da Profa. Dra.
Rosangela Marques de Britto.

Na editoraçao eletrônica deste livro foi utilizada a


família de fonte Sans.

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