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1 Introdução 7
2 Integrais definidas 9
2.1 Somatorios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.1.1 Propriedades do somatorio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.2 Area . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.3 Soma de Riemann . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.4 Propriedades da integral denida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.5 O teorema fundamental do Calculo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
2.6 Integrac~ao por partes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
2.7 Integrac~ao por substituic~ao para integrais denidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
3 Integrais indefinidas 59
3.1 Primitiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
3.2 Propriedades da primitiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
3.3 Integrais indenidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
3.4 Propriedades da integral indenida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
3.5 Tecnicas de integrac~ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
3.5.1 Substituic~ao direta para a integral indenida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
3.5.2 Integrac~ao por partes para integral indenida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
3
4
SUMARIO
C Diferenciais 467
C.1 Denico~es e aplicaco~es de diferenciais de uma func~ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 467
F O espaço Rn 503
F.1 Os espacos euclidianos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 504
F.2 Produto interno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 506
F.3 Norma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 508
F.4 Conjuntos abertos, fechados e compactos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 514
J Transformações 601
J.1 Denico~es e propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 601
J.2 Exemplos importantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 612
Introdução
1.a AULA
Estas notas tem com o objetivo ajudar os alunos a xarem melhor o conteudo desenvolvido na
disciplina de Calculo II.
Ao longo do curso ser~ao introduzidos varios conceitos importantes que ser~ao uteis em outras
disciplinas do curso de graduac~ao (por exemplo: Fsica I, Fsica II entre outras).
7
8 CAPITULO 1. INTRODUC ~
AO
Capı́tulo 2
Neste captulo comecaremos a tratar do segundo problema que aparece no incio destas notas, a
saber, o problema de encontrar area, que indicaremos por A, de uma regi~ao limitada, que chamaremos
de R, contida no plano xOy, que e delimitada pelas representaco~es geometricas do graco de uma
func~ao f : [a , b] → R, das retas x = a, x = b e do eixo Ox (veja a gura abaixo).
2.1 Somatórios
Quando precisarmos
Observação 2.1.1 X escrever uma soma de muitas parcelas de um modo
condensado usaremos o smbolo .
Exemplo 2.1.1
X
4
1. i = 1+2+3+4.
i=1
9
10 CAPITULO 2. INTEGRAIS DEFINIDAS
Demonstração:
As demonstraco~es ser~ao deixadas com o exerccio para o leitor.
2
Para isto, dividiremos o intervalo [a , b] em n partes iguais, obtendo desta forma os pontos
xi , para i ∈ {0 , 1 , · · · , n} ,
2.2. AREA 11
. X
n
Sn = f(xi ) ∆x
i=1
= A1 + A2 + · · · + An , (2.7)
onde, para cada i ∈ {1 , 2 , · · · n}, Ai , denota a area do ret^angulo, denotado por Ri , que tem o como
base o intervalo [xi−1 , xi ] e altura dada por f(xi ) (veja a gura abaixo).
Observemos que, em geral, para cada n ∈ N, temos que o numero real Sn n~ao sera igual area A,
da regi~ao plana R.
Porem, aumentando-se o valor de n, isto e, o numero de divis~oes do intervalo [a , b], teremos que
o valor do numero real Sn cara cada vez mais proximo do valor da area A, isto e:
12 CAPITULO 2. INTEGRAIS DEFINIDAS
A = lim Sn
n→∞
(2.7) X
n
= lim f(xi ) ∆x (2.8)
n→∞
i=1
Calcular a area, que indicaremos por A, da regi~ao limitada R, contida no plano xOy, deli-
mitada pelas representac~oes geometricas do graco da func~ao f, das retas x = 0, x = 2 e do eixo
Ox.
Resolução:
A gura abaixo descreve a regi~ao plana R, para os quais queremos encontrar a area.
1.o modo:
Observemos que a regi~ao e um tri^angulo ret^angulo que tem como base o intervalo [0 , 2] e altura
f(2) = 4 .
Podemos reobter o resultado acima utilizando-se o processo desenvolvido anteriormente (isto e,
via (2.8)), ou seja, dividindo-se o intervalo [0 , 2], em n intervalos iguais teremos, (neste caso temos
. .
a = 0 e b = 2) para cada i ∈ {1 , 2 , · · · , n}, que:
.
Ai = f(xi ) ∆x
. b−a
∆x = 2
n = n
.
x = a + i ∆x = i 2
i n 2 2
= f i
n n
| {z }
(2.9) 2
= 2i n
2 2
= 2i
n n
8
= 2 i. (2.11)
n
Logo
(2.8) X
n
.
Sn = Ai
i=1
(2.11) Xn
8
= i
i=1
n2
8 Xn
= i. (2.12)
n2
i=1
Sabemos que soma dos n primeiros termos de uma P.A, de raz~ao igual a 1, e dada por
X
n
n (n + 1)
i= . (2.13)
2
i=1
A vericac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
Logo
(2.12) e (2.13) 8 n (n + 1)
Sn =
n2 2
4
=4+ , para cada n ∈ N . (2.14)
n
Substituindo-se (2.14) em 2.12, obteremos:
A = lim Sn
n→∞
(2.14)
4
= lim 4 +
n→∞ n
4
= lim 4 +
x→∞ x
Exerccio
= 4 u.a. , (2.15)
como obtido em (2.10).
2
No caso a seguir, n~ao ha como resolv^e-lo se n~ao for pelo processo desenvolvido anteriormente (isto
e, utilizando (2.8)).
14 CAPITULO 2. INTEGRAIS DEFINIDAS
Resolução:
Faremos o processo desenvolvido anteriormente passo a passo (isto e, utilizando (2.8)).
No 1.o passo, considerando o ret^angulo que tem como base o intervalo
[0 , 2]
Para o 2.o passo, consideraremos os ret^angulos que t^em como bases os intervalos
[0 , 1] e [1 , 2]
respectivamente, que ser~ao indicados por R2,1 e R2,2 , respectivamente (veja a gura abaixo).
As areas dos ret^angulos R2,1 e R2,2 , que indicaremos por A2,1 e A2,2 , respectivamente, ser~ao dadas
por:
Logo a soma das areas dos ret^angulos R2,1 e R2,2 , que indicaremos por A2 , sera dada por:
A2 = A2,1 + A2,2
(2.18),(2.19)
= 1+4
= 5,
isto e, A2 = 5 . (2.20)
Logo o valor
A2 = 5
seria uma segunda aproximac~ao para o valor da area A da regi~ao R.
16 CAPITULO 2. INTEGRAIS DEFINIDAS
Para o 3.o passo, consideraremos os ret^angulos que t^em como bases o intervalos
2 2 4 4
0, , , e ,2
3 3 3 3
e alturas os intervalos verticais
(2.16) (2.16) (2.16)
2 4 4 16
0,f = 0, , 0,f = 0, e [0 , f(2)] = [0 , 4] ,
3 9 3 9
respectivamente, que ser~ao indicados por R3,1 , R3,2 e R3,3 , respectivamente (veja a gura abaixo).
As areas dos ret^angulos R3,1 , R3,2 e R3,3 , que indicaremos por A2,1 , A3,2 e A3,3 , respectivamente,
ser~ao dadas por:
A3,1 = base x altura de R31
2 4
= ·
3 9
8
= , (2.21)
27
A3,2 = base x altura de R32
2 16
= ·
3 9
32
= (2.22)
27
A3,3 = base x altura de R33
2
= ·4
3
8
= . (2.23)
3
Logo a soma das areas dos ret^angulos R3,1 , R3,2 e R3,3 , que indicaremos por A3 , sera dada por:
A3 = A3,1 + A3,2 + A3,3
(2.21),(2.22),(2.23) 8 32 8
= + + ,
27 27 3
112
isto e, A3 = . (2.24)
27
2.2. AREA 17
Logo a soma das areas dos ret^angulos Rn,j , para j ∈ {1, 2, · · · , n}, que indicaremos por Sn , sera
dada por:
Xn
8 2
Sn = 3
j
j=1
n
8 X 2
n
= 3 j . (2.27)
n j=1
A vericac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
Logo
(2.27) e (2.28) 8 n (n + 1) (2 n + 1)
Sn =
n3 6
8 4 4
= + + , (2.29)
3 n 3 n2
para cada n ∈ N.
Logo o valor
8 4 4
Sn = + +
3 n 3 n2
seria a n-esima aproximac~ao para o valor da area A da regi~ao R.
Mas
A = lim Sn
n→∞
(2.29)
8 4 4
= lim + +
n→∞ 3 n 3 n2
8 4 4
= lim + +
x→∞ 3 x 3 x2
Exerccio 8
= , (2.30)
3
2.3. SOMA DE RIEMANN 19
Observação 2.2.1 O processo acima nos fornece um modo de calcular a area de regi~oes do tipo
descrito acima, porem o processo e complicado e trabalhoso.
O que faremos a seguir e tentar coloca-lo de uma forma mais simples de obt^e-la, que e o
que faremos nas proximas sec~oes.
2.a AULA
Definição 2.3.1 Um conjunto formado por um numero nito de pontos do intervalo [a , b], que
indicaremos por:
.
P = {xo , x1 , · · · , xn } , (2.31)
cujos elementos satisfazem:
. .
xo = a < x1 < x2 < · · · < xn−1 < xn = b , (2.32)
sera denominada partição (ou divisão) do intervalo [a , b].
Neste caso, para cada i ∈ {1 , 2 , · · · , n}, denimos
.
∆xi = xi − xi−1 (2.33)
e com isto diremos que norma da partição P , indicada por kPk, sera dada por:
.
kPk = max {∆xi } . (2.34)
i∈{1 ,2 ,··· ,n}
Definição 2.3.2 A soma (2.37) acima sera denominada soma de Riemann da função f, asso-
ciada a par tição P e aos pontos ξi , para cada i ∈ {1 , 2 , · · · , n}.
Temos a:
Observação 2.3.2
2. Vale observar que a func~ao f pode ser negativa (como na gura acima).
Assim a soma de Riemann da func~ao f associada partic~ao P e aos pontos ξi , para cada
i ∈ {1 , 2 , · · · , n} não nos fornecer
a, neste caso, uma aproximac~ao da area da regi~ao plana
limitada, delimitada pelas representac~oes geometricas do graco da func~ao f, das retas
x = a, x = b e do eixo Ox, pois a area de alguns dos ret^angulos podera não ser, necessa-
riamente, dada pelo numero real
f(ξi ) ∆xi ,
3. Se a func~ao f e n~ao negativa, a soma de Riemann acima, podera ser uma aproximac~ao para
a area da regi~ao plana limitada, delimitada pelas representac~oes geometricas do graco da
func~ao f, das retas x = a, x = b e do eixo Ox, se a func~ao f for "bem comportada", como
veremos mais adiante.
Neste caso diremos que o numero real L e a integral definida da função f no intervalo [a , b],
Zb
que sera denotada por f(x) dx, isto e,
a
Zb
.
f(x) dx = L . (2.41)
a
Observação 2.3.3
1. A Denic~ao 2.3.3 acima nos diz que a func~ao f e integravel no intervalo [a , b] se, e somente
se, podemos deixar a soma de Riemann da func~ao f, a associada a partic~ao P e aos pontos
ao proxima do numero real L quanto se queira, desde que,
ξi , para cada i ∈ {1 , 2 , · · · , n}, t~
a norma da partic~ao P seja sucientemente pequena.
2. Se a func~ao f e integravel no intervalo [a , b] ent~ao, da Denic~ao 2.3.3, teremos:
X
n
L = lim f(ξi ) ∆xi , (2.42)
kPk→0
i=1
Zb X
n
ou ainda: f(x) dx = lim f(ξi ) ∆xi , (2.43)
a kPk→0
i=1
4. Vale observar que usaremos o mesmo smbolo para a integral indenida e para a integral
denida, a saber, Z
.
Sera que existe alguma relac~ao entre estes dois conceitos t~ao diferentes?
5. Notemos que se a func~ao f : [a , b] → R e não-negativa e integrável em [a , b] ent~ao
Zb
a integral denida f(x) dx, nos fornecera o valor da area, que indicaremos por A, da
a
regi~ao limitada, indicada por R, contida no plano xOy, delimitada pelas representac~oes
geometricas do graco da func~ao f, ds retas x = a, x = b e do eixo Ox, ou seja,
Zb
A= f(x) dx u.a. . (2.44)
a
A gura abaixo nos fornece uma representac~ao geometrica da regi~ao R descrita acima.
6. A integral denida introduzida na Denic~ao 2.3.3 (veja (2.41)) e conhecida como integral de
Riemann, da função f em [a, , b]
Resolução:
A representac~ao geometrica do graco da func~ao f e dada pela gura abaixo:
Seja
.
L = 0. (2.49)
Observemos que se
. . .
P = {xo = 0 , x1 , · · · , xn = 1}
ξi ∈ [xi−1 , xi ] , para i ∈ {1 , 2 , · · · , n} ,
Assim a soma de Riemann da func~ao f, associada a partic~ao P e aos pontos ξi , para i ∈ {1 , 2 , · · · , n},
sera dada por:
X
n (2.47)
ξi 6=0 para i∈{2 ,3 ,··· ,n} , logo: f(ξi ) = 0 , para i∈{2 ,3 ,··· ,n}
f(ξi ) ∆xi = f(ξ1 ) ∆x1 . (2.50)
i=1
Se uma partic~ao
. . .
P = {xo = 0 , x1 , · · · , xn = 1}
teremos:
X (2.49) X
n n
f(ξi ) ∆xi − L = f(ξi ) ∆xi − 0
i=1 i=1
(2.50)
= |f(ξ1 ) ∆x1 |
= |f(ξ1 )| ∆x1
(2.47)
|f(x)| ≤ 1
≤ 1 ∆x1
≤ max {∆xi }
i∈{1,··· ,n}
(2.34)
= kPk
(2.52)
< δ
(2.51)
= ε,
completando a resoluc~ao.
2
A seguir daremos uma condic~ao suficiente para que uma func~ao seja integravel no intervalo [a , b],
a saber:
Demonstração:
A demonstrac~ao deste resultado sera omitida.
2
Temos a:
Observação 2.3.4
2. Se
.
P = {xo = a , x1 , · · · , xn = b}
e uma partic~ao regular do intervalo [a , b], ent~ao todos os subintervalos [xi−1 , xi ], para
i ∈ {1 , 2 , · · · , n}, tem o mesmo comprimento.
De fato, pois
∆xi = ∆x
b−a
= , para cada i ∈ {1 , 2 , · · · , n} . (2.56)
n
b−a
Neste caso, a norma da partic~ao sera , ou seja,
n
b−a
kPk = . (2.57)
n
do intervalo [a , b] e
. b−a
ξi = a + i , para i ∈ {1 , 2 , · · · , n} , (2.58)
n
e com isto obteremos:
Zb X
n
f(x) dx = lim f(ξi ) ∆xi
a kPk→0
i=1
(2.58) e (2.56) X
n
b−a b−a
= lim f a+i . (2.59)
n→∞ n n
i=1
Resolução:
Como vimos na disciplina de Calculo 1, a func~ao f, dada por (2.60), e contnua em [1 , 3].
Logo, do Teorema 2.3.1, segue que ela sera uma func~ao integravel em [1 , 3].
Do item 2. da Observac~ao 2.3.3 (ou seja, podemos utilizar uma partic~ao regular do intervalo [1 , 3]
e escolher em cada subintervalo determinado pelos pontos da partic~ao onde calcularmos o valor da
func~ao f ) segue que:
Z3 Z
2 (2.60) b
x dx = f(x) dx
1 a
(2.59) Xn
b − a
= lim b−a
f a + i
n→∞
| {z n n
} | {z }
i=1
.=ξ . =∆x
=∆x
i i
. .
a=1 ,b=3 e (2.60) X n
2
2
2
= lim 1+i
n→∞ n n
i=1
Xn
" #
2 n + 4 i n + 4 i2
2
= lim
n→∞ n
i=1
n2
2 X 2 X X
" n n n
#
= lim n + 4n i+4 i2
. (2.61)
n→∞ n3
i=1 i=1 i=1
Logo
Z3
X
n X
n X
n
" #
(2.61) 2
2
x dx = lim 2
n 1 + 4n i+4 i 2
1 n→∞ n3 i=1 i=1 i=1
(2.62)
2 n (n + 1) n (n + 1) (2 n + 1)
= lim 2
n n + 4n +4
n→∞ n3 2 6
" #
3 2
Exerccio 26 n + 24 n + 4 n
= lim
n→∞ 3 n3
" #
26 x3 + 24 x2 + 4 x
= lim
x→∞ 3 x3
Exerccio 26
= ,
3
Z3
26
ou seja, x2 dx = , (2.63)
1 3
completando a resoluc~ao.
2
Temos a:
Observação 2.3.6 Notemos que a func~ao f do Exemplo 2.3.1 acima, e n~ao negativa em [1 , 3],
ou seja,
(2.60)
f(x) = x2
≥ 0, para x ∈ [1 , 3] ,
e integravel em [1 , 3] (pois e uma func~ao contnua em [1 , 3]).
Logo, do item 5. da Observac~ao 2.3.3, segue que a area, que indicaremos por A, da regi~ao
limitada, indicada por R, contida no plano xOy, delimitada pelas representac~oes geometricas
do graco da func~ao f, das retas x = 1, x = 3 e do eixo Ox, sera dada por
Z
(2.44) b
A = f(x) dx
a
Z3
(2.60)
= x2 dx
1
(2.63) 26
= u.a. . (2.64)
3
A gura abaixo nos fornece uma representac~ao geometrica do graco da regi~ao R descrita
acima.
3. Vale o analogo para a func~ao (f − g), isto e, a func~ao (f − g) : [a , b] → R sera integravel
em [a , b].
Alem disso, teremos Zb Zb Zb
(f − g)(x) dx = f(x) dx − g(x) dx . (2.67)
a a a
7. Suponhamos que
f(x) ≤ g(x) , para x ∈ [a , b] . (2.72)
Ent~ao teremos Zb Zb
f(x) dx ≤ g(x) dx . (2.73)
a a
Ent~ao, teremos
Zb
m (b − a) ≤ f(x) dx ≤ M (b − a) . (2.75)
a
e integravel em [a , b].
Alem disso, teremos Z b Zb
f(x) dx ≤ |f(x)| dx . (2.77)
a a
Demonstração:
As demonstraco~es destas propriedades seguem da aplicac~ao, de modo conveniente, da Denic~ao
(2.3.3) de func~ao integravel em um intervalo fechado e limitado, e suas elaboraco~es ser~ao deixadas
como exerccio para o leitor.
Notemos que, em resumo, uma integral denida e um tipo de limite (veja (2.43)) e assim as
propriedades acima podem ser obtidas em teremos das propriedades dos correspondentes limites.
2
Observação 2.4.1 Podemos dar interpretac~oes geometricas para algumas das propriedades acima
utilizando o item 5. da Observac~ao 2.3.3.
Para isto, vamos supor que as func~oes f , g : [a , b] → R, s~ao n~ao negativas em [a , b], isto e,
e α ≥ 0.
1. A propriedade 1. da Proposic~ao 2.4.1, nos diz, geometricamente, que area, que indicaremos
por Aα , da regi~ao limitada, de chamaremos de Rα , contida no plano xOy, delimitada pelas
representac~oes geometricas do graco da func~ao α · f, das retas x = a, x = b e do eixo Ox
pode ser obtida multiplicando-se por α a area, que indicaremos por A, da regi~ao limitada,
que chamaremos de R, contida no plano xOy, delimitada pelas representac~oes geometricas
do graco da func~ao f, das retas x = a, x = b e do eixo Ox.
A gura abaixo nos fornece uma representac~ao geometrica dos gracos das regi~oes R e Rα ,
descritas acima.
30 CAPITULO 2. INTEGRAIS DEFINIDAS
2. A propriedade 2. da Proposic~ao 2.4.1, nos diz, geometricamente, que area, que indicaremos
por A, da regi~ao limitada, que chamaremos de R, contida plano xOy, delimitada pelas
representac~oes geometricas do graco da func~ao f + g, das retas x = a, x = b e do eixo
Ox pode ser obtida somando-se a area, que indicaremos por Af , da regi~ao limitada, que
chamaremos de Rf , contida no plano xOy, delimitada pelas representac~oes geometricas do
graco da func~ao f, das retas x = a, x = b e do eixo Ox com a area, que indicaremos por
Ag , da regi~
ao limitada, que chamaremos de Rg , contida no plano xOy, delimitada pelas
representac~oes geometricas do graco da func~ao g, das retas x = a, x = b e do eixo Ox.
A gura abaixo nos fornece uma representac~ao geometrica dos gracos das regi~oes R, Rf
e Rg descrita acima.
3. Se
g(x) ≤ f(x) , para x ∈ [a , b] ,
a segunda parte da propriedade 2. da Proposic~ao 2.4.1, nos diz, geometricamente, que
area, que indicaremos por A, da regi~ao limitada, que chamaremos de R, contida no plano
xOy, delimitada pelas representac~ oes geometricas do graco da func~ao f − g, das retas
x = a, x = b e do eixo Ox pode ser obtida da diferenca da area, que indicaremos por
Af , da regi~
ao limitada, que chamaremos de Rf , contida plano xOy, delimitada pelas repre-
sentac~oes geometricas do graco da func~ao f , das retas x = a, x = b e do eixo Ox pela
2.4. PROPRIEDADES DA INTEGRAL DEFINIDA 31
area, que indicaremos por Ag , da regi~ao limitada, que chamaremos de Rg , contida plano
oes geometrica do graco da func~ao g, das retas x = a,
xOy, delimitada pelas representac~
x = b e do eixo Ox.
A gura abaixo nos fornece uma representac~ao geometrica dos gracos das regi~oes R, Rf
e Rg , descritas acima.
4. A propriedade 4. da Proposic~ao 2.4.1, nos diz, geometricamente, que area, que indicaremos
por A, da regi~ao limitada, que chamaremos de R, contida plano xOy, delimitada pelas
representac~oes geometricas do graco da func~ao f, das retas x = a, x = b e do eixo Oxe a
soma da area, que indicaremos por A1 , da regi~ao limitada, que chamaremos de R1 , contida
plano xOy, delimitada pelas representac~oes geometricas do graco da func~ao f , das retas
x = a, x = c e do eixo Ox com a area, que indicaremos por A2 , da regi~ao limitada, que
chamaremos de R2 , contida plano xOy, delimitada pelas representac~oes geometricas do
graco da func~ao f , das retas x = c, x = b e do eixo Ox
A gura abaixo nos fornece uma representac~ao geometrica dos gracos das regi~oes R, R1
e R2 , descritas acima.
6. A propriedade 6. da Proposic~ao 2.4.1, nos diz, geometricamente, que area, que indicaremos
por A, da regi~ao limitada, que chamaremos de R, contida no plano xOy, delimitada pelas
representac~oes geometricas do graco da func~ao f, das retas x = a, x = b e do eixo Ox e
a area de um ret^angulo, que tem base de comprimento b − a e altura com comprimento C.
A gura abaixo nos fornece uma representac~ao geometrica do graco da regi~ao R descrita
acima.
ent~ao a area, que indicaremos por Af , da regi~ao limitada, que chamaremos de Rf , contida
no plano xOy, delimitada pelas representac~oes geometricas do graco da func~ao f, das
retas x = a, x = b e do eixo Ox e maior ou igual que a area do ret^angulo que tem como
base o intervalo [a , b] e altura com comprimento m e menor ou igual area do ret^angulo
que tem como base o intervalo [a , b] e altura com comprimento M.
A gura abaixo nos fornece uma representac~ao geometrica do graco das regi~oes [a , b] ×
[0 , m] (se m ≥ 0), Rf e [a , b] × [0 , M], descritas acima.
9. Se f pode assumir valores negativos, a propriedade 9. da Proposic~ao 2.4.1, nos diz que o
modulo da integral denida da func~ao f no intervalo [a , b] e menor ou igual area da regi~ao
limitada, contida no plano xOy, delimitada pelas representac~oes geometricas do graco da
func~ao |f|, das retas x = a, x = b e do eixo Ox, que indicaremos pro R|f| .
A gura abaixo nos fornece uma representac~ao geometrica do graco da regi~ao R|f| , descrita
acima.
3.a AULA
Temos o seguinte resultado que sera muito importante para conseguirmos calcular o valor de
integrais denidas de funco~es integraveis em um intervalo fechado e limitado:
Teorema 2.4.1 (do valor médio para integral definida) Seja f : [a , b] → R uma func~ao
contnua em [a , b].
34 CAPITULO 2. INTEGRAIS DEFINIDAS
Demonstração:
Como, por hipotese, a func~ao f : [a , b] → R e contnua em [a , b], de um resultado da disciplina
de Calculo 1, segue que existem so , to ∈ [a , b] tal que
. .
f(so ) = m = min f(x) e M = max f(x) = f(to ) , (2.80)
x∈[a ,b] x∈[a ,b]
xo ∈ [so , to ] ⊆ [a , b] ,
de modo que
Zb
f(x) dx
f(xo ) = a ,
b−a
Zb
ou seja, f(x) dx = f(xo )(b − a) ,
a
Observação 2.4.3
1. Pela Denic~ao 2.4.1 acima, o valor medio de uma func~ao f integravel em [a , b] e dado por
Zb
f(x) dx
a
. (2.84)
b−a
Logo
X
n X
n
f(ξi ) f(ξi )
i=1 (2.85) i=1
=
n b−a
∆x
X
n
f(ξi ) ∆x
= i=1
. (2.86)
b−a
que, pela Denic~ao 2.4.1 acima, e o valor medio da func~ao f no intervalo [a , b].
Exercı́cio 2.4.1 Encontre o valor medio da func~ao do Exemplo (2.3.1), no intervalo [1 , 3].
Resolução:
Do Exemplo 2.3.1 temos que (veja (2.63))
Z3
26
x2 dx = .
1 3
Demonstração:
Como, por hipotese, a func~ao f e contnua em [a , b].
Logo, para cada x ∈ [a , b], ela tambem sera contnua em [a , x], logo pelo Teorema 2.3.1, a func~ao
f sera integravel em [a , x].
Portanto a func~ao F, dada por (2.87), esta bem denida em [a , b].
Mostraremos que a func~ao F e diferenciavel em xo ∈ (a , b) e que
F 0 (xo ) = f(xo ) .
Os casos em que
xo = a ou xo = b ,
Logo, pelo Teorema do valor medio para integrais denidas (isto e, do Teorema 2.4.1), aplicado a
func~ao f, no intervalo [xo , xo + h], segue que podemos encontrar x ∈ [xo , xo + h], de modo que
Z
(2.90) xo +h
F(xo + h) − F(xo ) = f(t) dt
xo
(2.79)
) [(xo + h) − xo ]
= f (x
) h ,
= f (x
F(xo + h) − F(xo )
ou seja, ) .
= f (x (2.91)
h
38 CAPITULO 2. INTEGRAIS DEFINIDAS
Logo
F(xo + h) − F(xo ) (2.91)
lim+ )
= lim+ f (x
h→0 h h→0
(2.92)
= f(xo ) , (2.93)
mostrando que a func~ao F e diferenciavel a direita do ponto xo ∈ (a , b) e, alem disso, que
F(xo + h) − F(xo )
F+0 (xo ) = lim+
h→0 h
(2.93)
= f(xo ) . (2.94)
Deixaremos, como exerccio para o leitor, mostrar que
F(xo + h) − F(xo )
lim
h→0− h
existe e tambem e igual a f(xo ), ou seja, a func~ao F e diferenciavel a esquerda do ponto xo ∈ (a , b) e,
alem disso, que
F(xo + h) − F(xo )
F−0 (xo ) = lim−
h→0 h
= f(xo ) . (2.95)
Portanto, de (2.94) e (2.95) segue que a func~ao F e diferenciavel em xo ∈ (a, b) e, alem disso,
teremos
F 0 (xo ) = f(xo ) ,
como queramos demonstrar.
2
Observação 2.5.1 A func~ ao F : [a , b] → R, dada por (2.87), e dita primitiva da func~ao contnua
f : [a , b] → R, ou seja, vale (2.88).
Func~oes F que tem a propriedade acima (ou seja, (2.88)) forma estudadas do Calculo 1 e
ser~ao novamente estudas, com mais detalhes, no captulo 3.
Como consequ^encia do resultado acima temos o:
Teorema 2.5.2 (fundamental do Cálculo) Sejam f : [a , b] → R uma func~ ao contnua em [a , b]
e G : [a , b] → R uma func~ao continuamente diferenciavel em [a , b], tal que
G 0 (x) = f(x) , para x ∈ [a , b] , (2.96)
ou seja, uma primitiva da func~ao f em [a , b].
Ent~ao teremos Zb
f(t) dt = G(b) − G(a) . (2.97)
a
2.5. O TEOREMA FUNDAMENTAL DO CALCULO 39
Demonstração:
Consideremos a func~ao F : [a , b] → R dada por:
Zx
.
F(x) = f(t) dt , para x ∈ [a , b] . (2.98)
a
Logo
Z b Z a
(2.100)
G(b) − G(a) = f(t) dt + C − f(t) dt +C
a |a {z }
(2.46)
= 0
Zb
= f(t) dt ,
a
Zb
mostrando que f(t) dt = G(b) − G(a) ,
a
1. Denotaremos a diferenca
G(b) − G(a)
por
x=b
G(x) ,
x=a
b
ou ainda,
G(x) ,
a
x=b
.
isto e, (2.101)
G(x) = G(b) − G(a) .
x=a
40 CAPITULO 2. INTEGRAIS DEFINIDAS
2. O Teorema fundamental do Calculo (isto e, o Teorema 2.5.2) coloca o problema de calcular
uma integral denida de uma func~ao contnua em intervalo [a , b], essencialmente, em
termos de encontrar uma primitiva, da func~ao denida pelo integrando da integral denida
no intervalo [a , b].
Com isto podemos refazer algumas integrais denidas que calculamos pela Denic~ao 2.3.3,
de modo bem mais simples, como mostram os exemplos a seguir.
Para ilustrar temos :
Exemplo 2.5.1 Calcular a integral denida (caso exista)
Z3
x2 dx . (2.102)
1
Resolução:
Seja f : [1 , 3] → R, a func~ao dada por
.
(x) = x2 , para x ∈ [1 , 3] . (2.103)
Como visto na disciplina de Calculo 1, temos que a func~ao f, dada por (2.103), e contnua em [1 , 3]
(pois e a restric~ao de uma func~ao polinomial ao intervalo [1 , 3]).
Logo, pelo Teorema 2.3.1, a func~ao f sera integravel em [1 , 3].
Como visto na disciplina de Calculo 1, temos que uma primitiva da func~ao f em [1 , 3], e a func~ao
F : [1 , 3] → R dada por:
x3
F(x) = , para x ∈ [1 , 3] . (2.104)
3
Logo, do Teorema fundamental do Calculo (isto e, o Teorema 2.5.2), teremos:
Z3 Z
(2.103) 3
x2 dx = f(x) dx
1 1
(2.97)
= F(3) − F(1)
(2.104) 33 13
= −
3 3
26
= , (2.105)
3
completando a resoluc~ao.
2
Agora temos a:
Observação 2.5.3
1. Baseado no Exemplo 2.5.1 acima, temos um modo mais simples de calcular o valor da
integral denida (2.102), do que a que utilizamos no Exemplo 2.3.1.
2. Como a func~ao f, do Exemplo 2.5.1 acima, e n~ao negativa em [1 , 3], ou seja,
(2.103)
f(x) ≥ 0, para x ∈ [1 , 3]
e integravel em [1 , 3], do item 5. da Observac~ao 2.3.3, segue que o valor da area, que
denotaremos por A, da regi~ao limitada, que chamaremos de R, contida no plano xOy,
2.5. O TEOREMA FUNDAMENTAL DO CALCULO 41
Resolução:
Como visto na disciplina de Calculo 1, temos que a func~ao f e contnua em [−4 , 3].
Logo, do Teorema 2.3.1, segue que a func~ao f, dada por (2.106), sera integravel em [−4 , 3].
Observemos que sera complicado encontrarmos uma primitiva da func~ao f, dada por (2.106), no
intervalo [−4 , 3].
Deixaremos para o leitor tentar encontrar uma tal func~ao.
Para facilitar o calculo da integral denida (2.107) acima, observamos que
|x + 2| = x + 2 , para x ∈ [−2 , 3] , (2.108)
|x + 2| = −(x + 2) , para ∈ [−4 , −2] . (2.109)
Assim, do item 4. da Proposic~ao 2.4.1, segue que:
Z3 Z Z3
(2.68) −2
|x + 2| dx = |x + 2| dx + |x + 2| dx
−4 −4 | {z } −2 | {z }
como x∈[−4 ,−2], de (2.109) como x∈[−2 ,3] , de (2.108)
= −(x+2) = x+2
Z −2 Z3
= −(x + 2) dx + (x + 2) dx
−4 −2
Z −2 Z −2 Z3 Z −3
=− x dx + 2 1 dx + x dx + 2 1 dx (2.110)
−4 −4 −2 −2
Logo, do Teorema fundamental do Calculo (isto e, o Teorema 2.5.2), aplicado a cada uma das
parcelas de (2.110), teremos:
Z −2 " x=−2 #
(2.97)
x dx = F1 (x)
−4 x=−4
" #
x=−2
(2.111) x2
=
2 x=−4
(−2)2 − (−4)2
=
2
= −6 , (2.113)
Z −2 " x=−2 #
(2.97)
1 dx = F2 (x)
−4 x=−4
" #
(2.112) x=−2
= x
x=−4
= (−2) − (−4)
= 2, (2.114)
Z3 x=3
(2.97)
x dx = F1 (x)
−2
" x=−2#
x=3
(2.111) x2
=
2 x=−2
32 − (−2)2
=
2
5
= , (2.115)
2
Z −3 " x=3 #
(2.97)
1 dx = F2 (x)
−2 x=−2
" #
x=3
(2.112)
= x
x=−2
= 3 − (−2)
= 5. (2.116)
Observação 2.5.4 Como a func~ao f, dada por (2.106), do Exemplo 2.5.2 acima, e n~ao negativa
em [−4 , 3], ou seja,
(2.106)
f(x) = |x + 2|
≥ 0, para x ∈ [−4 , 3] , (2.118)
e integravel em [−4 , 3], do item 5. da Observac~ao 2.3.3, segue que o valor da area, que deno-
taremos por A, da regi~ao limitada, que chamaremos de R, contida no plano xOy, delimitada
pelas representac~oes geometricas do graco da func~ao f, das retas x = −4, x = 3 e do eixo Ox
sera de
Z
(2.44) b
A = f(x) dx
a
Z
(2.106) 2
= |x + 2| , dx
−4
(2.117) 29
= u.a. ,
2
isto e, o valor da integral denida (2.107).
Podemos aplicar o Teorema 2.5.1 ao:
Exemplo 2.5.3 Consideremos a func~ao F : [0 , ∞) → R, dada por
Zx
. 1
F(x) = dt , para x ∈ [0 , ∞) . (2.119)
0 1 + t2
Mostre que a func~ao F e diferenciavel em [0 , ∞) e calcule sua derivada F 0 (x), para cada
x ∈ [0 , ∞).
Resolução:
Notemos que a func~ao f : [0 , ∞) → R, dada por
. 1
f(t) = , para t ∈ [0 , ∞) , (2.120)
1 + t2
e contnua em [0 , ∞).
A vericac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
Logo, do Teorema 2.5.1, segue que a func~ao F, dada por (2.119), e diferenciavel em [0 , x], para
cada x ∈ [0 , ∞).
Alem disso, para cada x ∈ [0 , ∞), teremos:
Z x
(2.119) d
0 1
F (x) = dt
dx 0 1 + t2
Z x
(2.120) d
= f(t) dt
dx 0
.
(2.89) , com a=0
= f(x)
(2.120) 1
= ,
1 + x2
completando a resoluc~ao.
2
Um outro caso semelhante e dado pelo:
44 CAPITULO 2. INTEGRAIS DEFINIDAS
Mostre que a func~ao F e diferenciavel em R e calcule sua derivada F 0 (x), para cada x ∈ R.
Resolução:
Consideremos a func~ao f : R → R dada por
.
f(t) = sen t2 , para t ∈ R . (2.122)
Como a func~ao f, dada por (2.122), e contnua em R segue, do Teorema 2.3.1, segue que a func~ao f
e integravel em qualquer intervalo fechado e limitado contido em R, em particular, em [0 , x], se x ≥ 0,
ou em [x , 0], se x ≤ 0.
Logo a func~ao F, dada por (2.121) esta bem denida.
Alem disso, para cada x ∈ R, do item 4. da Proposic~ao 2.4.1, temos que:
Z 3
(2.121) x
F(x) = sen t2 dt
x
Z0 Z x3
(2.68)
= sen t dt +
2
sen t2 dt
x 0
Zx Z x3
(2.45)
= − sen t dt +
2
sen t2 dt . (2.123)
0 0
e diferenciavel em R e
g 0 (x) = 3 x2 , para x ∈ R . (2.126)
Notemos que, do Teorema 2.5.1, temos que a func~ao h : R → R, dada por
Zy
.
h(y) = sen t2 dt , para y ∈ R , (2.127)
0
Logo, da regra da cadeia (como visto na disciplina de Calculo 1), segue que a func~ao F1 : R → R
dada por
.
F1 (x) = h[g(x)] (2.129)
Z x3
(2.125) e (2.127)
= sen t2 dt , para x ∈ R
0
Portanto, de (2.124) e (2.130), segue que a func~ao F sera diferenciavel em R e, para x ∈ R, teremos
Zx "Z 3
x
#
(2.123) d
d
F 0 (x) = − sen t2 dt + sen t2 dt
dx 0 dx 0
(2.124) e (2.130)
= − sen x2 + 3 x2 sen x6 , (2.131)
completando a resoluc~ao.
2
A seguir deixaremos para o leitor os:
π 3π
Exercı́cio 2.5.1 Mostre que a func~ao f: , → R, dada por
2 2
. π 3π
f(x) = cos(x) , para x∈ , (2.132)
2 2
π 3π
e integravel em , e encontre o valor da integral denida
2 2
Z 3π
2
cos(x) dx . (2.133)
π
2
Resolução:
π 3π
Como visto na disciplina de Calculo 1, temos que a func~ao f e contnua em , .
2 2
π 3π
Logo, do Teorema 2.3.1, segue que a func~ao f e integravel em , .
2 2
Para calcularmos a integral denida acima precisamos encontrar uma primitiva da func~ao f e
depois aplicar o Teorema fundamental
do Calculo (isto e, o Teorema 2.5.2).
π 3π
Notemos que a func~ao F : , → R, dada por
2 2
. π 3π
F(x) = sen(x) , para x ∈ , , (2.134)
2 2
46 CAPITULO 2. INTEGRAIS DEFINIDAS
π 3π
e uma primitiva da func~ao f em , , pois
2 2
(2.134)
F 0 (x) = [ sen] 0 (x)
= cos(x)
(2.132)
π 3π
= f(x) , para x∈ , .
2 2
Assim, do Teorema fundamental do Calculo (isto e, o Teorema 2.5.2), temos
Z 3π Z 3π
2 (2.132) 2
cos(x) dx = f(x) dx
π π
2 2
" x= 3 π #
(2.97) 2
= F(x)
x= π
2
" x= 3 π #
(2.134) 2
= sen(x)
x= π
2
3π π
= sen − sen
2 2
= −1 − 1
= −2 ,
completando a resoluc~ao.
2
4.a AULA
Demonstração:
Notemos que do fato que as funco~es f e g s~ao s~ao continuamente diferenciaveis em [a , b], temos
que as funco~es
fg, fg 0 e gf 0
s~ao contnuas em [a , b].
Logo, do Teorema 2.3.1, segue que as funco~es acima s~ao integraveis em [a , b], ou seja, existem as
integrais denidas
Zb Zb Zb
f(x) g(x) dx , 0
f(x) g (x) dx e f 0 (x) g(x) dx .
a a a
2.6. INTEGRAC ~ POR PARTES
AO 47
Logo, do item 3. da Proposic~ao 2.4.1 e do Teorema fundamental do Calculo (isto e, o Teorema
2.5.2), segue que
Zb Z
0 (2.136) b
f(x) g (x) dx = [f g] 0 (x) − g(x) f 0 (x) dx
a a
Zb Zb
(2.67)
= [f g] 0 (x) dx − g(x) f 0 (x) dx
a a
. x=b Z b
(2.97), com G(x)=f(x) g(x) , para x∈[a ,b]
− g(x) f 0 (x) dx ,
= [f(x) g(x)]
x=a a
ent~ao teremos
du = f 0 (x) dx e dv = g 0 (x) dx
Resolução:
Como visto na disciplina de Calculo 1, a func~ao f e contnua em [0 , π].
Logo, do Teorema 2.3.1, segue que a func~ao f e integravel em [0 , π].
Para calcular o valor da integral denida utilizaremos o Teorema da integrac~ao por partes para a
integral denida (ou seja, o Teorema 2.6.1).
48 CAPITULO 2. INTEGRAIS DEFINIDAS
Notemos que
.
se u = x , teremos du = dx
Zπ .
se dv = sen(x) dx , podemos considerar: v = − cos(x)
x sen(x) dx =
0
Zπ
= u dv
0
x=π Z π
(2.137)
= u v − v du
x=0 0
x=π Z π
= {x [− cos(x)]} − [− cos(x)] dx
x=0 0
Zπ
completando a resoluc~ao.
2
Temos a:
Observação 2.6.2 Como a func~ao f, dada por (2.138), do Exemplo 2.6.1 acima (dada por
(2.138)), e n~ao negativa em [0 , π], ou seja,
(2.138)
f(x) = x sen(x)
≥ 0, para x ∈ [0 , π]
e e integravel em [0 , π] (pois e contnua em [0 , π]), do item 5. da Observac~ao 2.3.3, segue que
o valor da integral denida (2.141) sera igual ao valor da area, que indicaremos por A, da
regi~ao limitada, que chamaremos de R, contida no plano xOy, delimitada pelas representac~oes
geometricas do graco da func~ao f, das retas x = 0, x = π e do eixo Ox , ou ainda,
Z
(2.44) b
A = f(x) dx
Za π
(2.138)
= x sen(x) dx
0
(2.142)
= π u.a. .
A gura abaixo nos fornece uma representac~ao geometrica para o graco da regi~ao R descrita
acima.
2.7. INTEGRAC ~ POR SUBSTITUIC
AO ~ PARA INTEGRAIS DEFINIDAS
AO 49
Ent~ao teremos
Zb
f [g(x)] g 0 (x) dx = F [g(b)] − F [g(a)]
a
x=b
(2.144)
= F[g(x)] .
x=a
Demonstração:
Como visto na disciplina de Calculo 1, da regra da cadeia, segue que
Observação 2.7.1 Notemos que, do Teorema (2.5.1), segue que a func~ao G : g([a , b]) → R, dada
por Zx
.
G(x) = f(t) dt , para cada x ∈ g([a , b]) , (2.145)
g(a)
Logo, do Teorema fundamental do Calculo (isto e, o Teorema 2.5.2), temos que (2.144) e
equivalente a
Zb
f[g(x)] g 0 (x) dx = G[g(b)] − G[g(a)]
a | {z }
(2.145)
= 0
Z g(b)
= f(y) dy , (2.146)
g(a)
ou seja, o Teorema da substituic~ao para a integral denida (ou seja, o Teorema 2.7.1), nos diz
como mudar de variáveis em uma integral denida, mais precisamente:
Se
g : [a , b] → g([a , b])
Resolução:
h π πi
Como visto na disciplina de Calculo 1, a func~ao h, dada por (2.150), e contnua em − , .
h π πi 2 2
Logo, do Teorema 2.3.1, segue que a func~ao h e integravel em − , .
2 2
Para calcular a integral denida utilizaremos o Teorema da substituic~ao para a integral denida
(ou seja, o Teorema (2.7.1)).
Para tanto consideremos as funco~es
h π πi
f:R→R e g: − , → [−1 , 1]
2 2
2.7. INTEGRAC ~ POR SUBSTITUIC
AO ~ PARA INTEGRAIS DEFINIDAS
AO 51
dadas por
.
f(y) = y , para y ∈ R (2.152)
e
y = g(x)
h π πi
.
= sen(x) , para x ∈ − , , (2.153)
2h2
π πi
teremos: g 0 (x) = cos(x) , para x ∈ − , . (2.154)
2 2
h π πi
Notemos que a func~ao g e bijetora e continuamente diferenciavel em − , .
2 2
A vericac~ao destes fatos sera deixada como exerccio para o leitor.
Desta forma
Logo das consideraco~es acima e o Teorema da substituic~ao para a integral denida (ou seja, o
Teorema 2.7.1) (mais especicamente a Observac~ao 2.7.1), segue que:
Zπ Zπ
2 (2.152),(2.153),(2.154) 2
sen(x) cos(x) dx = f[ g(x) ] g 0 (x) dx
−π −π |{z} | {z }
2 2
(2.153) (2.155)
= y = dy
Z g( π )
(2.146) 2
= f(y) dy
g(− π
2)
Z sen( π )
(2.152),(2.153) 2
= y dy
sen(− π2 )
Z
(2.156),(2.157) 1
= y dy
−1
2
y=1
Teorema fundamental do Calculo y
=
2 y=−1
1 1
= −
2 2
= 0,
52 CAPITULO 2. INTEGRAIS DEFINIDAS
completando a resoluc~ao.
2
Temos a:
Observação 2.7.2 Notemos que a integral denida (2.151), do Exemplo 2.7.1 acima, não nos
fornece a area da regi~ao delimitada pelas representac~oes geometricas do graco da func~ao h,
π π
das retas x = − , x = e do eixo Ox, pois esta func~ao n~ao e n~ao negativa (ou seja, maior ou
2 2
igual a zero).
h πi
Exercı́cio 2.7.1 Mostre que a func~ao h : 0 , →R dada por
2
.
h πi
h(x) = sen(8 x) , para x ∈ 0 , (2.158)
2
h πi
e integravel em 0 , e encontre o valor da integral denida
2
Zπ
2
sen(8 x) dx . (2.159)
0
Resolução:
h πi
Como visto na disciplina de Calculo 1, a func~ao h, dada por (2.158), e continua em 0 , .
2
h πi
Logo, pelo Teorema 2.3.1, sera integravel em 0 , .
2
Para calcularmos a integral denida acima precisamos encontrar uma primitiva da func~ao f e
depois aplicarmos o Teorema fundamental do Calculo (isto e, o Teorema 2.5.2).
Para tanto consideremos as funco~es
h πi
f:R→R e g : 0, → [0 , 4 π]
2
dadas por
.
f(y) = sen(y) , para y ∈ R (2.160)
e
y = g(x)
.
= 8 x , para x ∈ [0 , 4 π] , (2.161)
teremos: 0
g (x) = 8 , para x ∈ [0 , 4 π] . (2.162)
A vericac~ao destes fatos sera deixada como exerccio para o leitor. Desta forma
Logo das consideraco~es acima e o Teorema da substituic~ao para a integral denida (ou seja, o
Teorema 2.7.1, mais especicamente a Observac~ao 2.7.1), segue que:
Zπ Zπ
2 1 2
sen(8 x) dx = sen(8 x) 8 dx
0 8 0
Zπ
(2.160),(2.161),(2.162) 2
= f[ g(x) ] g 0 (x) dx
0 |{z} | {z }
(2.161) (2.163)
= y = dy
Z g( π )
(2.146) 1 2
= f(y) dy
8 g(0)
Z
(2.160),(2.164),(2.165) 4 π
= sen(y) dy
0
y=4 π
Teorema fundamental do Calculo
− cos(y)
=
y=0
=1−1
= 0,
completando a resoluc~ao.
2
Temos a:
Observação 2.7.3 Notemos que a integral denida (2.159), do Exerccio 2.7.1 acima, não nos
fornece a area da regi~ao delimitada pelas representac~oes geometricas do graco da func~ao h,
π
das retas x = 0, x = e do eixo Ox, pois esta func~ao n~ao e n~ao negativa (ou seja, maior ou
2
igual a zero).
Para nalizar este captulo temos as
Demonstração:
Notemos que, do item 4. da Proposic~ao 2.4.1, temos
ZL Z Z2L ZL
(2.68) 0
f(x) dx = f(x) dx + f(x) dx + f(x) dx . (2.169)
−L −L 0 2L
Aplicaremos o Teorema da substituic~ao para a integral denida (ou seja, o Teorema 2.7.1, mais
especicamente a Observac~ao 2.7.1).
Mais precisamente, notemos que
se y = g(x)
.
= x − 2L (2.170)
que e bijetora e continuamente diferenciavel em R, teremos: 0
dy = g (x) dx
(2.170)
= dx , (2.171)
e se x = 2L,
de (2.170), teremos: y=0 (2.172)
e se x = L,
de (2.170), teremos: y = −L . (2.173)
Logo, do Teorema da substituic~ao para a integral denida (ou seja, o Teorema 2.7.1, mais especi-
camente a Observac~ao 2.7.1), segue que
ZL Z
(2.170),(2.171),(2.172),(2.173) −L
f(x) dx = f(y + 2 L) dy
2L 0
Z
(2.166) −L
= f(y) dy
0
Z0
(2.45)
= − f(y) dy . (2.174)
−L
Demonstração:
De fato, notemos que, do item 4. da Proposic~ao 2.4.1, temos
Za Z Za
(2.68) 0
f(x) dx = f(x) dx + f(x) dx . (2.177)
−a −a 0
Aplicaremos o Teorema da substituic~ao para a integral denida (ou seja, o Teorema 2.7.1, mais
especicamente Observac~ao 2.7.1)
Mais precisamente, notemos que
se y = g(x)
.
= −x (2.178)
que e bijetora e continuamente diferenciavel em R, teremos: 0
dy = g (x) dx
(2.178)
= −dx , (2.179)
e se x = −a ,
de (2.178), teremos: y=a (2.180)
e se x = 0,
de (2.178), teremos: y = 0. (2.181)
Z0 Z0
(2.178),(2.179),(2.180),(2.181)
f(x) dx = − f(y) dy
−a a
Za
(2.45)
= f(y) dy . (2.182)
0
Demonstração:
De fato, notemos que, do item 4. da Proposic~ao 2.4.1, temos que
Za Z Za
(2.68) 0
f(x) dx = f(x) dx + f(x) dx . (2.185)
−a −a 0
Aplicaremos o Teorema da substituic~ao para a integral denida (ou seja, o Teorema 2.7.1, mais
especicamente Observac~ao 2.7.1)
Mais precisamente, notemos que
se y = g(x)
.
= −x (2.186)
que e bijetora e continuamente diferenciavel em R, teremos: dy = g 0 (x) dx
(2.178)
= −dx , (2.187)
e se x = −a ,
de (2.178), teremos: y=a (2.188)
e se x = 0,
de (2.178), teremos: y = 0. (2.189)
Z0 Z0
(2.186),(2.187),(2.188),(2.189)
f(x) dx = f(−y) (−dy)
−a a
Za
(2.183)
= − f(y) dy ,
0
Z0 Za
ou seja, f(x) dx = − f(y) dy .
−a 0
(2.190)
5.a AULA
59
60 CAPITULO 3. INTEGRAIS INDEFINIDAS
mostrando, pela Denic~ao 3.1.1, que a func~ao F e uma primitiva da func~ao f em (−1 , 1).
2
3.2. PROPRIEDADES DA PRIMITIVA 61
Demonstração:
Do item 1.:
Como a func~ao F e uma primitiva da func~ao f no conjunto A, pela Denic~ao 3.1.1, temos que a
func~ao F : A → R e diferenciavel no conjunto A e, alem disso, temos
F 0 (x) = f(x) , para x ∈ A . (3.11)
Logo a func~ao G : A → R, dada por
.
G(x) = F(x) + C , para x ∈ A , (3.12)
sera diferenciavel no conjunto A e, alem disso, para x ∈ A, temos
(3.12) d
G 0 (x) = [F(x) + C]
dx
d
= F 0 (x) + [C]
|dx{z }
=0
(3.11)
= f(x) ,
mostrando, pela Denic~ao 3.1.1, que a func~ao G tambem e uma primitiva da func~ao f no conjunto A.
Do item 2. :
Como as funco~es F , G s~ao primitivas da func~ao f no conjunto A, ent~ao, pela Denic~ao 3.1.1, temos
que as func~oes F , G : A → R s~ao diferenciaveis no conjunto A e, alem disso, para x ∈ A, teremos
F 0 (x) = f(x) = G 0 (x) , para x ∈ A . (3.13)
Logo a func~ao h : A → R, dada por
.
h(x) = G(x) − F(x) , para x ∈ A , (3.14)
sera uma func~ao diferenciavel no conjunto A e, alem disso, para x ∈ A, teremos:
(3.14) d
h 0 (x) = [G(x) − F(x)]
dx
= G 0 (x) − F 0 (x)
(3.13)
= f(x) − f(x)
= 0.
62 CAPITULO 3. INTEGRAIS INDEFINIDAS
h(x) = C , para x ∈ A ,
ou seja, de (3.14), teremos: G(x) = F(x) + C , para x ∈ A ,
Observação 3.2.1
Com isto, temos que as func~ao f , F , G s~ao diferenciaveis em R \ {0} e, para x 6= 0, temos
que
F 0 (x) = G 0 (x) = f(x) .
A vericaca~o destes fatos sera deixada como exerccio para o leitor.
Notemos que não existe C ∈ R tal que
A vericaca~o destes fatos sera deixada como exerccio para o leitor.
dF(x) = F 0 (x) dx
(3.2)
= f(x) dx , (3.15)
Observação 3.3.1 Como conclus~ ao dos itens 1. e 2. da Proposic~ao 3.2.1 acima temos que, se o
conjunto A e um intervalo de R e a func~ao F : A → R e uma primitiva da func~ao f no conjunto
A, ent~
ao qualquer outra primitiva, que indicaremos por G : A → R, da func~ao f devera ser da
forma
G(x) = F(x) + C , para x ∈ A , (3.17)
para algum C ∈ R.
Com isto podemos introduzir a:
Definição 3.3.1 Dada uma func~ ao f : A → R a colec~ao formada por todas as func~oes primitivas
da func~ao f no conjunto A, sera denominada integral indefinida da função f no conjunto A
e indicada por
Z
f(x) dx ,
Z
.
ou seja, f(x) dx = {F : A → R ; F e uma primitiva da func~ao f no conjunto A} . (3.18)
onde C ∈ R e arbitraria.
.
f(x) = 3 x2 − 4 x + 1 , para x ∈ R. (3.21)
Resolução:
Observemos que, do Exemplo 3.1.1, temos que a func~ao F : R → R, dada por
.
F(x) = x3 − 2 x2 + x , para x ∈ R , (3.22)
.
f(x) = cos(x) , para x ∈ R . (3.23)
Resolução:
Notemos que, do Exemplo 3.1.2, sabemos que a func~ao F : R → R, dada por
.
F(x) = sen(x) , para x ∈ R , (3.24)
Ent~ao:
Z Z
1. (a f)(x) dx = a f(x) dx , para x ∈ A ; (3.25)
Z Z Z
2. (f + g)(x) dx = f(x) dx + g(x) dx , para x ∈ A ; (3.26)
Z Z Z
3. (f − g)(x) dx = f(x) dx − g(x) dx , para x ∈ A ; (3.27)
Z
4. 1 dx = x + C , para x ∈ R , onde C ∈ R e arbitraria ; (3.28)
Z
1
5. xn dx = xn+1 + C , para x ∈ R onde C ∈ R e arbitraria ; (3.29)
n+1
Alem disso, se x ∈ (0 , ∞), temos que
Z 1 xr+1 + C , se r ∈ R \ {−1} ,
6. r
x dx = r + 1 , (3.30)
ln(x) , se r = −1
onde C ∈ R e arbitraria.
Demonstração:
De (3.25):
Se a func~ao F : A → R e uma primitiva da func~ao f : A → R no conjunto f, ent~ao, pela Denic~ao
3.1.1, temos func~ao F : A → R e diferenciavel no conjunto A e, alem disso, teremos
F 0 (x) = f(x) , para x ∈ A . (3.31)
Lodo, a func~ao (a F) : A → R sera diferenciavel no conjunto A e, alem disso, para cada x ∈ A,
temos que
[a F] 0 (x) = a F 0 (x)
(3.31)
= a f(x) , (3.32)
mostrando, pela Denic~ao 3.1.1, segue que a func~ao (a F) sera uma primitiva da func~ao (a f) no
conjunto A.
Alem disso, temos
Z
(3.20)
a f(x) dx = a [F(x) + C]
= a F(x) + a C
denamos: D=a . C
= (a F)(x) + D
Z
(3.20) e (3.32)
= (a f)(x) dx , para x∈A,
Logo, temos
Z Z
(3.20),(3.36) e (3.37)
f(x) dx − g(x) dx = [F(x) + C] − [G(x) + D]
.
denamos: E=C−D
= [F(x) − G(x)] + E
= (F − G)(x) + E
Z
(3.20) e (3.38)
= (f − g)(x) dx , para x ∈ A,
e uma primitiva da func~ao f em R, pois a func~ao F e diferenciavel em R e, alem disso, temos que
(3.40) d
F 0 (x) = (x)
dx
=1
(3.39)
= f(x) , para x ∈ R . (3.41)
mostrando, pela Denic~ao 3.1.1, que a func~ao F e uma primitiva da func~ao f em (0 , ∞).
Neste caso, temos
Z
1 (3.20)
dx = F(x) + C
x
(3.45)
= ln(x) + C , para x ∈ (0 , ∞) ,
mostrando, pela Denic~ao 3.1.1, que a func~ao F e uma primitiva da func~ao f em (0 , ∞).
Portanto
Z
(3.20)
xr dx = F(x) + C
(3.47) 1 r+1
= x + C, para x ∈ (0, ∞) ,
r+1
onde C ∈ R e arbitraria, mostrando a validade de (3.29), e completando a demonstrac~ao do resultado.
2
Observação 3.4.1
3.4. PROPRIEDADES DA INTEGRAL INDEFINIDA 69
1. Com os itens da Proposic~ao 3.4.1 podemos obter a integral indenida de qualquer func~ao
polinomial.
Deixaremos a vericac~ao deste fato como exerccio para o leitor.
2. Para o caso
r = −1 ,
a identidade (3.30) pode ser estendida a seguinte situac~ao (visto na disciplina de Calculo
I): Z
1
dx = ln(|x|) + C , para x ∈ R \ {0} , (3.49)
x
onde C ∈ R e arbitraria.
Isto segue do fato que a func~ao f : R \ {0} → R, dada por
.
f(x) = ln(|x|) , para x ∈ R \ {0} , (3.50)
e uma composta de func~oes diferenciaveis e assim, pela regra da cadeia sera uma func~ao
diferenciavel em R \ {0}.
Alem disso, para x ∈ R \ {0}, temos
d 1
[ ln(|x|) ] = .
dx x
Resolução:
Do item 1.:
Dos itens (3.25), (3.26), (3.28) e (3.29) da Proposic~ao 3.4.1 acima, segue que:
Z Z Z Z
(3.26)
2 2
4 x − 3 x + 2 dx = 4 x dx + (−3 x) dx + 2 dx
Z Z Z
(3.25) 2
= 4 x dx − 3 x dx + 2 1 dx
(3.28) e (3.29) 1 3 1
= 4 x − 3 x2 + 2 x + C
3 2
4 3 3 2
= x − x + 2x + C, para x ∈ R ,
3 2
onde C ∈ R e arbitraria.
Do item 2.:
70 CAPITULO 3. INTEGRAIS INDEFINIDAS
Mas
(3.54)
3 = v(1)
(3.59) com t=1
= 1 − 1 + C,
ou seja, C = 3,
logo, v(t) = t2 − t + 3 , para t ∈ [0, ∞) . (3.60)
Como
(3.56)
x 0 (t) = v(t)
(3.60) 2
= t −t+3 , para t ∈ [0 , ∞)
segue que
Z
x(t) = v(t) dt
Z
(3.60)
= t2 − t + 3 dt
Exerccio 1 3 1
= t − t2 + 3t + C , para t ∈ [0 , ∞) ,
3 2
1 3 1 2
ou seja, x(t) = t − t + 3t + C , para t ∈ [0 , ∞) . (3.61)
3 2
Mas
(3.55)
4 = x(1)
(3.61) com t=1 1 1
= − + 3 + C,
3 2
Exerccio 7
isto e, C = ,
6
1 3 1 2 7
ou seja, x(t) = t − t + 3t + , para t ∈ [0 , ∞) ,
3 2 6
nalizando a resoluc~ao.
2
Em particular, Z
f[g(x)] g 0 (x) dx = F[g(x)] + C , para x ∈ A , (3.64)
onde C ∈ R e arbitraria.
Demonstração:
Como a func~ao F : B → R e primitiva da func~ao f em B, pela Denic~ao 3.1.1, segue que a func~ao f
sera diferenciavel em B e, alem disso, teremos
F 0 (y) = f(y) , para y ∈ B . (3.65)
Como a func~ao g e diferenciavel em A, da regra da cadeia (visto na disciplina de Calculo I), segue
que a func~ao
.
H=F◦g
sera diferenciavel em A e, alem disso, teremos:
(3.62) d
H 0 (x) = [F ◦ g](x)
dx
regra da cadeia
= F 0 [g(x)] g 0 (x)
(3.65)
= f[g(x)] g 0 (x) , para x ∈ A , (3.66)
ou seja, pela Denic~ao 3.1.1, a func~ao
H=F◦g
sera uma primitiva da func~ao
h = (f ◦ g) g 0 ,
ou ainda, Z
f[g(x)] g 0 (x) dx = F[g(x)] + C , para x ∈ A ,
onde C ∈ R e arbitraria, completando a demonstrac~ao do resultado.
2
Com isto temos a:
Observação 3.5.1
1. Para o entendimento dos proximos itens sera importante olharmos o Ap^endice C. .
2. Em um certo sentido, o Teorema 3.5.1 acima, nos diz como fazer uma "mudancas de
variaveis" na integral indenida, a saber:
Z . Z
se u=g(x) , teremos (veja (C.18)) du=g 0 (x) dx
f(u) du = f[g(x)] g 0 (x) dx (3.67)
e ao nal do calculo da integral indenida do lado esquerdo de (3.67), voltamos a variavel
original u, ou seja, fazemos
x = g−1 (u) . (3.68)
Neste caso, a substituic~ao
.
para x ∈ A ,
u = g(x) , (3.69)
devera ser uma mudanca de variaveis continuamente diferenciavel em A, em particular,
devera ser bijetora !, ou seja, a func~ao g : A → g(A) devera ser injetora e continuamente
diferenciavel em A, com func~ao inversa continuamente diferenciavel em B =. g(A).
Isto sera de grande import^ancia na proxima sec~ao.
3.5. TECNICAS DE INTEGRAC ~
AO 73
onde C ∈ R e arbitraria.
De modo semelhante, podemos considerar a func~ao f : (−∞ , 0) → R, dada por
. 1
f(y) = 2 , para y ∈ (−∞ , 0) (3.77)
y
e a func~ao F : (−∞ , 0) → R, dada por
. −1
F(y) = , para y ∈ (−∞ , 0) , (3.78)
y
que sera um primitiva da func~ao f.
A vericac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
Deste modo podemos aplicar o Teorema 3.5.1 (o mesmo raciocnio acima), para obter
Z
1 −1 −b
2
dx = + D, para x ∈ −∞ , , (3.79)
(a x + b) a (a x + b) a
onde D ∈ R e arbitraria.
Deixaremos os detalhes dos calculos acima como exerccio para o leitor.
Assim, de (3.76) e (3.79), temos que
Z
1 −1 b
2
dx = + D, para x∈R\ , (3.80)
(a x + b) a (a x + b) a
onde D ∈ R e arbitraria, completando a resoluc~ao.
2
No caso a seguir agiremos mais diretamente, mais precisamente:
Exemplo 3.5.2 Calcular a integral indenida
Z
sen2 (x) cos(x) dx , para x ∈ R . (3.81)
Resolução:
Neste caso, pelo Teorema 3.5.1, temos, para x ∈ R, segue que:
.
se u = sen(x) ,
Z teremos (veja (C.18)): du = dx [ sen(x)] dx = cos(x) dx
d
sen2 (x) cos(x) dx =
Z
= sen2 (x) cos(x) dx
| {z } | {z }
=u2 =du
Z
= u2 du
(3.29) com n=2 1
= u3 + C
3
como u= sen(x) 1
= sen3 (x) + C , para x ∈ R ,
Z 3
1
ou seja, sen2 (x) cos(x) dx = sen3 (x) + C , para x ∈ R, (3.82)
3
onde C ∈ R e arbitraria, completando a resoluc~ao
2
O proximo caso e um pouco mais delicado:
3.5. TECNICAS DE INTEGRAC ~
AO 75
Z
√
x2 1 + x dx , para x ∈ (−1 , ∞) . (3.83)
Resolução:
Neste caso, pelo Teorema 3.5.1, para x ∈ (−1 , ∞), teremos:
. √
se: u = x + 1 ,
teremos: x = u2 − 1
ou ainda: u2 = x + 1,
assim: du u du = dx
d 2 d
[x + 1] dx ,
Z
ou seja (veja (C.18): 2 u du = dx
Z
2
√ 2
√
x 1 + x dx = x
|{z} | 1{z+ x} |{z}
dx
=u2 −1 =u =2 u du
Z 2
= u2 − 1 u 2 u du
Z
Exerccio
= 2 u6 − 4 u4 + 2 u2 du
(3.25),(3.26) e (3.29) 2
4 2
= u7 − u5 + u3 + C
7 5 3
√
como u= x+1 2 √
7 4 √ 5 2 √ 3
= x+1 − x+1 + x + 1 + C, para x ∈ (−1 , ∞) ,
Z 7 5 3
√ 2 7 4 5 2 3
ou seja, x2 1 + x dx = (x + 1) 2 − (x + 1) 2 + (x + 1) 2 + C , (3.84)
7 5 3
Z
sen2 (x) dx , para x ∈ R . (3.85)
Resolução:
Lembremos que
1 − cos(2 x)
sen2 (x) = , para x ∈ R . (3.86)
2
A vericac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
76 CAPITULO 3. INTEGRAIS INDEFINIDAS
1 1 1
= x− cos(u) du
2 2 2
Z
1 1
= x− cos(u) du
2 4
| {z }
= sen(u)+C
1 1
= x − sen(u) + C
2 4
como u=2 x 1 1
= x − sen(2 x) + C , para x ∈ R ,
Z 2 4
1 1
ou seja, sen (x) dx = x − sen(2 x) + C ,
2
(3.87)
2 4
para x ∈ R, onde C ∈ R e uma constante arbitraria, completando a resoluc~ao.
2
Demonstração:
Notemos que, do fato que as funco~es f e g s~ao diferenciaveis em A, segue que a func~ao f · g sera
diferenciavel em A.
Alem disso
(f · g) 0 (x) = f 0 (x) g(x) + f(x) g 0 (x), para x ∈ A ,
ou ainda, 0 0 0
f(x) g (x) = (f · g) (x) − f (x) g(x), para x ∈ A , (3.89)
3.5. TECNICAS DE INTEGRAC ~
AO 77
Assim
Z Z
(3.89)
f(x) g 0 (x) dx = (f · g) 0 (x) − f 0 (x) g(x) dx
Z Z
(3.26)
= (f · g) 0 (x) dx − f 0 (x) g(x) dx
Z
(3.20)
= (f · g)(x) − f 0 (x) g(x) dx
Z
= f(x) g(x) − g(x) f 0 (x) dx , para x ∈ A ,
Observação 3.5.2Notemos que, aplicando o Teorema da substituic~ao para integrais indenidas
(ou seja, o Teorema 3.5.1 a ambos os lados das integrais indenidas (3.88) acima, obteremos:
se u =. f(x) e v =. g(x)
Z teremos (veja (C.18)): dv = g 0 (x) dx Z
0
f(x) g (x) dx = f(x) g 0 (x) dx
|{z} | {z }
=u =dv
Z
= u dv , (3.90)
se u =. f(x) e v =. g(x)
Z teremos (veja (C.18)): du = f 0 (x) dx Z
0
g(x) f (x) dx = g(x) f 0 (x) dx
|{z} | {z }
=u =dv
Z
= v du . (3.91)
para x ∈ R.
Resolução:
No Exerccio 3.5.1 calculamos esta integral indenida utilizando o Teorema da substituic~ao para
integrais indenidas (ou seja, o Teorema 3.5.1).
A seguir calcularemos a mesma integral indenida (3.93), utilizando o Teorema da integrac~ao por
partes para integrais denidas (ou seja, o Teorema 3.5.2).
78 CAPITULO 3. INTEGRAIS INDEFINIDAS
Resolução:
Neste exemplo aplicaremos o Teorema da substituic~ao e da integrac~ao por partes para integrais
indenidas (ou seja, os Teoremas 3.5.1, 3.5.2).
3.5. TECNICAS DE INTEGRAC ~
AO 79
Observemos que
Z Z
arcsen(x) dx = arcsen(x) |{z}
dx
| {z } .
.
=u =dv
Z
= u dv
Z
(3.92)
= u v − v du
. d 1
u = arcsen(x) , teremos (veja (C.18)): du = [ arcsen(x)] dx = p dx
dx
1 − x2
Z
.
dv = dx , teremos: v = 1 dx = x + C ,
se C = 0, teremos v = x
=
Z
1
= arcsen(x) |{z}
x − |{z} x p dx
| {z } 1 − x2
=u =v =v | {z }
=du
Z
1
= x arcsen(x) − p x dx
1 − x2
.
se w = 1 − x2 ,
teremos (veja (C.18)): dw = −2 x dx ,
ou ainda: − 1 dw = x dx
2 =
Z
1
= x arcsen(x) − s x dx
|{z}
2
1| −
{zx} − 1 dw 2
=w
Z
1 1
= x arcsen(x) − √ − dw
w 2
Z
1 1
= x arcsen(x) + w− 2 dw
2
" #
(3.30) com r=− 2
1
1 1 1
= x arcsen(x) + w2 + C
2 12
1
como w=1−x2
x arcsen(x) + 1 − x2 + C ,
2
=
Z p
ou seja, arcsen(x) dx = x arcsen(x) + 1 − x2 + C , (3.96)
para x ∈ R.
80 CAPITULO 3. INTEGRAIS INDEFINIDAS
Resolução:
Observemos que
Z Z
x sen(x) dx = x . sen(x) dx
|{z} | {z }
=u =dv
Z
= u dv
Z
(3.92)
= u v − v du
. d
se u = x , teremos (veja (C.18)): du = [x] dx = 1 dx
dx
Z
.
se dv = sen(x) dx , teremos: v = sen(x) dx = − cos(x) + C ,
se C = 0, teremos: v = − cos(x)
=
Z
x [− cos(x)] − [− cos(x)] |{z}
= |{z} dx
| {z } | {z }
=u =v =v =du
Z
= −x cos(x) + cos(x) dx
| {z }
=sen(x)+C
Z
x2 cos(x) dx , (3.99)
para x ∈ R.
Resolução:
3.5. TECNICAS DE INTEGRAC ~
AO 81
Observemos que
Z Z Z
x cos(x) dx = |{z}
2
x cos(x) dx =
2
u dv
. | .{z }
=u
Z=dv
(3.92)
= u v − v du
. d 2
se: u = x2 , teremos (veja (C.18)): du = [x ] dx = 2 x dx
dx
Z
.
e se: dv = cos(x) dx , teremos: v = cos(x) dx = sen(x) + C ,
se C = 0, teremos: v = sen(x)
+
Z
x2 sen(x) − sen(x) 2| x{zdx}
= |{z}
| {z } | {z }
=u =v =du
Z =v
= x2 sen(x) − 2 x sen(x) dx
Exerccio 3.5.2, ou seja, (3.98) 2
= x sen(x) − 2[−x cos(x) + sen(x)] + C , para x ∈ R ,
Z
x2 cos(x) dx = x2 sen(x) + 2 x cos(x) − 2 sen(x) + C , para x ∈ R , (3.100)
Z
x2 sen(x) dx , (3.101)
para x ∈ R.
Resolução:
82 CAPITULO 3. INTEGRAIS INDEFINIDAS
Observemos que
Z Z
x sen(x) dx = |{z}
2
x2 sen(x) dx
. | .{z }
=u =dv
Z
= u dv
Z
(3.92)
= u v − v du
. d h 2i
se: u = x2 , teremos (veja (C.18)): du = x dx = 2 x dx
dx
Z
.
e se: dv = sen(x) dx , teremos v = sen(x) dx = − cos(x) + C ,
se C = 0, teremos v = − cos(x)
=
Z
x2 [− cos(x)] − [− cos(x)] 2| x{zdx}
= |{z}
| {z } | {z }
=u =dv =v =du
Z
= −x2 cos(x) + 2 2 |{z}x cos(x) dx
.=u | .{z }
=dv
Z
(3.92)
= −x cos(x) + 2 u v − v du
2
. d
se: u = x , teremos du = [x] dx = 1 dx
dx
Z
.
e se: dv = cos(x) , dx teremos (veja (C.18)):v = cos(x) dx = sen(x) + C ,
se C = 0, termeos: v = sen(x)
=
Z
Outra situac~ao em que o Teorema de integrac~ao por partes para integrais indenidas (ou seja, o
Teorema 3.5.2) e util e dado pelo:
Exemplo 3.5.6 Calcule a integral indenida
Z
ex cos(x) dx , (3.104)
para x ∈ R.
Resolução:
Observemos que
Z Z
e cos(x) dx =
x
|{z} u dv
| {z }
=u
| {z =dv }
.
=I
Z
(3.92)
= u v − v du
. d
se: u = ex , teremos (veja (C.18)): du = [ex ] dx = ex dx
dx
Z
.
e se: dv = cos(x) dx , teremos v = cos(x) dx = sen(x) + C ,
C=0
se C = 0, teremos: v = sen(x)
=
Z
ex sen(x) − |{z}
= |{z} ex sen(x) dx
| {z } | {z }
=u =v =v =du
Z
= ex sen(x) − |{z}ex sen(x) dx
. | .{z }
=U =dV
Z
(3.92) x
= e sen(x) − U V − V dU
. d x
se: U = ex , teremos (veja (C.18)): du = [e ] dx = ex dx
dx
Z
.
e se: dv = sen(x) dx , teremos: v = sen(x) dx = − cos(x) + C ,
se C = 0, teremos: v = − cos(x)
=
Z
= ex sen(x) − |{z}
ex [− cos(x)] − |{z}
ex (− cos(x)) dx
| {z } | {z }
=U =V =V =dU
Z
= e [ sen(x) + cos(x)] − ex cos(x) dx .
x
| {z }
=I
Logo
Z
2 ex cos(x) dx = ex [ sen(x) + cos(x)] + C ,
Z
sen(x) + cos(x)
ou seja, ex cos(x) dx = ex + C , para x ∈ R, (3.105)
2
84 CAPITULO 3. INTEGRAIS INDEFINIDAS
em R.
A obtenc~ao desta integral indenida sera deixada como exerccio para o leitor.
Para nalizar temos os seguintes:
Exercı́cio 3.5.5 Calcular a integral indenida
Z π π
x arctg(x) dx , para x ∈ − , . (3.106)
2 2
Resolução:
Aplicaremos o Teorema da integrac~ao por partes para integrais indenidas (ou seja, o Teorema
3.5.2).
Para isto observemos que:
Z Z
arctg(x) x dx = u dv
| {z } |{z}
.
.
=u =dv
Z
(3.92)
= u v − v du
. d 1
se u = arctg(x) , teremos (veja (C.18)):du = [ arctg(x)] dx = dx
dx 1 + x2
Z
. x2
e se: dv = x dx , teremos v = x dx = + C ,
2
se C = 0, teremos: v = x2
2
=
2 Z 2
x x 1
= arctg(x) − dx
| {z } |{z}2 2 1 + x2
|{z}
=u | {z }
=v =v =du
Z 2
1 2 1 1+x −1
= x arctg(x) − dx
2 2 1 + x2
Z !
1 1 1 + x2 1
= x2 arctg(x) − − dx
2 2 1 + x2 1 + x2
Z Z
1 1 1
= x2 arctg(x) − 1 dx − dx
2 2 1 + x2
1 1 π π
= x2 arctg(x) − x + arctg(x) + C , para x∈ − ,
2 2 2 2
onde C ∈ R e arbitrario, isto e,
Z
1 x2 + 1 π π
x arctg(x) dx = − x + arctg(x) + C , para x∈ − , , (3.107)
2 2 2 2
3.5. TECNICAS DE INTEGRAC ~
AO 85
para x ∈ (0 , ∞).
Resolução:
Aplicaremos o Teorema da integrac~ao por partes para integrais indenidas (ou seja, o Teorema
3.5.2).
Para isto observemos que:
Z Z
ln(x) |{z}
dx = u dv
| {z }
=u =dv
Z
(3.92)
= u v − v du
. d 1
se: u = ln(x) , teremos (veja (C.18)): du = [ln(x)] dx = dx
dx x
Z
.
e se: dv = 1 dx , teremos v = 1 dx = x + C ,
se C = 0, teremos: v = x
=
Z
1
= ln(x) |{z}
x − |{z}x dx
| {z } x{z }
|
=u =v =v
=du
Z
= x ln(x) − 1 dx
= x ln(x) − x + C , para x ∈ (0 , ∞) ,
Como a func~ao f : (0 , ∞) → R, dada por (4.1) e contnua em (0 , ∞) logo, do Teorema 2.3.1, sera
integravel em qualquer intervalo limitado e fechado contido em (0 , ∞), assim podemos introduzir a:
Definição 4.1.1 Para cada x ∈ (0 , ∞), denimos o logaritmo natural de x, indicado por,
como sendo Zx
. 1
ln(x) = dt . (4.2)
1 t
Assim temos denida a função logaritmo (natural) indicada por ln : (0 , ∞) → R dada por
Zx
. 1
ln(x) = dt , para x ∈ (0 , ∞) . (4.3)
1 t
Observação 4.1.1 Observemos que, para
x ∈ (1 , ∞) ,
temos que o numero real ln(x), dado por (4.2), como a func~ao f e n~ao negativa e integravel
em [1 , x], do item 5. da Observac~ao 2.3.3, nos fornece o valor da area da regi~ao limitada,
87
88 CAPITULO 4. APLICAC ~
OES DE INTEGRAIS DEFINIDAS
que indicaremos por R, contida no plano xOy, delimitada pelas representac~oes geometricas do
graco da func~ao f, das retas t = 1 e t = x.
De fato, pois func~ao f e n~ao negativa em (0 , ∞) e contnua em qualquer intervalo fechado e
limitado contido em (0 , ∞), logo integravel em cada um desses intervalos.
Por outro lado, para x ∈ (0 , 1), ent~ao o numero real ln(x), dado por (4.2), nos sera igual
a menos o valor da area da regi~ao limitada R, contida no plano xOy, delimitada pelas repre-
sentac~oes geometricas do graco da func~ao f, das retas t = 1 e t = x (veja a gura abaixo).
Proposição 4.1.1
4.1. LOGARITMO 89
1.
ln(1) = 0 ; (4.6)
De 4.:
x
ln(x) = ln y
y
item 2., ou ainda, (4.7)
x
= ln + ln(y) ,
y
ou seja,
x
ln(x) − ln(y) = ln ,
y
completando a demonstrac~ao do item 4. .
De 5.:
Do Teorema 2.5.1, segue que a func~ao y = ln(x) e diferenciavel em (0 , ∞), pois a func~ao
1
t 7→
t
e contnua em (0 , ∞).
Alem disso
Z x
(4.2) d
d 1
[ln(x)] = dt
dx dx 1 t
(2.89) 1
= , para x ∈ (0 , ∞) ,
x
completando a demonstrac~ao do item 5. .
De 6.:
Como
d (4.10) 1
[ln(x)] = > 0, para x ∈ (0 , ∞) ,
dx x
como visto na disciplina de Calculo 1, segue que a func~ao y = ln(x) e estritamente crescente em
(0 , ∞), completando a demonstrac~ao do item 6. .
De 7.:
Deixaremos como exerccio para o leitor mostrar que conjunto imagem da func~ao y = ln(x) e igual
a R.
Para mostrar isto precisaremos do estudo de integrais improprias de 1.a e 2.a especies, que ser~ao
tratadas no Captulo ??.
Assim, deste fato e do item 6., segue que a func~ao ln : (0 , ∞) → R sera bijetora, completando a
demonstrac~ao do item 7. e do resultado.
2
Com isto temos todas as outras funco~es, com suas respectivas propriedades, denidas no a partir
da func~ao logaritmo natural (a func~ao exponencial, as funco~es potenciaco~es, as funco~es hiperbolicas e
as funco~es hiperbolicas inversas).
Deixaremos como exerccio para o leitor a vericac~ao das mesmas.
Com isto temos o:
h πi
Exercı́cio 4.1.1 Mostre que a func~ao f : 0 , →R dada por
4
.
h πi
f(x) = tg(x) , para x ∈ 0 , (4.11)
4
4.1. LOGARITMO 91
h πi
e integravel em 0 , e encontre o valor da integral denida
4
Zπ
4
tg(x) dx . (4.12)
0
Resolução:
h πi
Observemos que a func~ao f e continua em 0 , logo, do Teorema 2.3.1, sera uma func~ao integravel
4
h πi
em 0 , .
4
Para
h calcularmos a integral denida (4.12) acima precisamos hencontrar uma primitiva da func~ao
πi πi
f em 0 , , ou a integral indenida da func~ao f no intervalo 0 , , e depois aplicar o Teorema
4 4
fundamental do Calculo (isto eh, o Teorema 2.5.2).
πi
Observemos que, para x ∈ 0 , , do Teorema da substituic~ao para a integral indenida (ou seja,
4
o Teorema 3.5.1) temos:
Z Z
(4.11)
f(x) dx = tg(x) dx
Z
sen(x)
= dx
cos(x)
.
se u = cos(x)
teremos: du = sen(x) dx Z 1
= du
u
(4.10)
= ln(u) + C
como u=cos(x)
= ln[cos(x)] + C . (4.13)
Logo
Zπ x= π
4 de (4.13) e do Teorema fundamental do Calculo (isto e, o Teorema 2.5.2) 4
tg(x) dx = ln[cos(x)]
0 x=0
h π i
= ln[cos(0)] − ln cos
4
√ !
2
= ln(1) − ln .
| {z } 2
=0
Zπ √ !
4 2
ou seja, tg(x) dx = − ln ,
0 2
completando a resoluc~ao.
2
Tambem temos o:
Exercı́cio 4.1.2 Mostre que a func~ao f : [1 , 2] → R, dada por
.
f(x) = ln2 (x) , para x ∈ [1 , 2] , (4.14)
Resolução:
Observemos que a func~ao f, dada por (4.14), e continua em [1 , 2], logo do Teorema 2.3.1, sera
integravel em [1 , 2].
Para calcularmos a integral denida acima precisamos encontrar uma primitiva da func~ao f em
[1 , 2], ou da integral indenida da func~ao f no intervalo [1 , 2], e depois aplicar o Teorema fundamental
do Calculo (isto e, o Teorema 2.5.2).
Observemos que, para x ∈ [1, 2], utilizando integrac~ao por partes para a integral indenida (ou
seja, o Teorema 3.5.2), obteremos:
Z Z
f(x) dx = ln2 (x) dx
Z
= ln(x) ln(x) dx
| {z } | {z }
.
=u
.
=dv
Z
= u dv
. 1
se u = ln(x) , teremos: du = dx
x
se dv = . Exemplo 3.5.6 Z
ln(x) dx , teremos: v = x ln(x) − x + C
= u v − v du
Z
1
= ln(x) [x ln(x) − x] − [x ln(x) − x] dx
x
h i Z Z
= x ln (x) − ln(x) − ln(x) dx + dx
2
Exemplo 3.5.6
= x ln2 (x) − x ln(x) − [x ln(x) − x] + x + C
= x ln2 (x) − 2 x ln(x) + 2 x + C , para x ∈ (0 , ∞) . (4.16)
Logo
Z2 i x=2
de (4.16) e do Teorema fundamental do Calculo (isto e, o Teorema 2.5.2)
h
ln (x) dx
2
= x ln (x) − 2 x ln(x) + 2 x
2
1 x=1
h i h i
= 2 ln (2) − 2 · 2 ln(2) + 2 · 2 − 1 ln (1) − 2 · 1 ln(1) + 2 · 1
2 2
completando a resoluc~ao.
2
Observação 4.1.2 Como a func~ao f, dada por (4.14), do Exemplo 4.1.2 acima, e n~ao negativa
em [1 , 2], isto e,
(4.14)
f(x) ≥ 0 , para x ∈ [1 , 2]
e integravel em [1 , 2], do item 5. da Observac~ao 2.3.3, segue que o valor da integral denida
acima sera o valor da area, que indicaremos por A, da regi~ao limitada, que chamaremos de R,
contida no plano xOy, delimitada pelas representac~oes geometricas do graco da func~ao f, das
4.1. LOGARITMO 93
Temos tambem o:
h πi
Exercı́cio 4.1.3 Mostre que a func~ao f : 0 , → R, dada por
2
.
h πi
f(x) = ex sen(x) , para x ∈ 0 , , (4.18)
2
h πi
e integravel em 0 , e encontre o valor da integral denida
2
Zπ
2
ex sen(x) dx . (4.19)
0
Resolução:
h πi h πi
Observemos que a func~ao f e continua em 0 , logo, do Teorema 2.3.1, sera integravel em 0 , .
2 2
Para calcularmos
h πi a integral denida acima precisamos encontrar uma primitiva
h πi da func~
a o f no
intervalo 0 , , ou ainda, a integral indenida da func~ao f no intervalo 0 , ) e depois aplicar o
2 2
Teorema fundamental do Calculo h (ou seja, o Teorema 2.5.2).
π i
Observemos que, para x ∈ 0 , , utilizando integrac~ao por partes para a integral indenida (ou
2
seja, o Teorema 3.5.2), obteremos:
.
se u = ex , teremos: du = ex dx
.
se dv = sen(x) dx , teremos: v = − cos(x) + C
Z
se C = 0 segue que v = cos(x)
Z
e sen(x) dx
x
|{z} = u v − v du
. | .{z }
=u
| {z =dv }
I
Z
= e [− cos(x)] − ex [− cos(x)] dx
x
Z
= e cos(x) + |{z}
x
ex cos(x) dx
. | {z }
=w =dt
.
se w = e , teremos: dw = ex dx
x
.
se dt = cos(x) dx , teremos: t = sen(x) + C
se C = 0, segue que t = sen(x)
=
Z
= −ex cos(x) + [w t − t dw]
94 CAPITULO 4. APLICAC ~
OES DE INTEGRAIS DEFINIDAS
Z
= −e cos(x) + e sen(x) − e sen(x) dx
x x x
Z
= ex [ sen(x) − cos(x)] − ex sen(x) dx ,
| {z }
I
Z
ou seja, 2 ex sen(x) dx = ex [ sen(x) − cos(x)] + C ,
Z
sen(x) − cos(x)
ou ainda, ex sen(x) dx = ex + C , para x ∈ R. (4.20)
2
Logo
Zπ x= π
de (4.20) e do Teorema fundamental do Calculo (ou seja, o Teorema 2.5.2) x sen(x) − cos(x)
2 2
e sen(x) dx
x
= e
0 2
x=0
π π
π
sen − cos sen(0) − cos(0)
= e2 2 2 − e0
2 2
π
e +1
2
= ,
2
Zπ π
2 e2 + 1
ou seja, e sen(x) dx =
x
, (4.21)
0 2
completando a resoluc~ao.
2
Observação 4.1.3 Como a func~ao f, dada por (4.18), do Exemplo 4.1.3 acima, e n~ao negativa
π
em [0 , ], ou seja,
2
(4.18)
f(x) ≥ 0 , para x ∈
h πi
e integravel em 0 , , do item 5. da Observac~ao 2.3.3, segue que o valor da integral denida
2
acima sera o valor da area, que indicaremos por A, da regi~ao limitada, que chamaremos de R,
contida no plano xOy, delimitada pelas representac~oes geometricas do graco da func~ao f, das
π
retas x = 0, x = e do eixo Ox , ou ainda, a area da regi~ao R sera dada por:
2
Z
(2.44) b
A = f(x) dx
a
Zπ
(4.18) 2
= ex sen(x) dx
0
π
(4.21) e 2 + 1
= u.a. .
2
e assim Zb
A= |f(x)| dx u.a. . (4.23)
a
Ent~ao o valor da area, que indicaremos por A, da regi~ao limitada, que chamaremos de R,
contida no plano xOy, delimitada pelas representac~oes geometricas do graco da func~ao
f, do gr
aco da func~ao g, das retas x = a, x = b e do eixo Ox (veja a gura abaixo) sera
dada por
Zb Zb
A= g(x) dx − f(x) dx
a a
Zb
= [g(x) − f(x)] dx . (4.25)
a
4.2. AREA 97
5. Em geral, se f , g : [a, b] → R s~ao integraveis em [a , b], ent~ao o valor da area, que indica-
remos por A, da regi~ao limitada, que chamaremos de R, contida no plano xOy, delimitada
pelas representac~oes geometricas do graco da func~ao f, do graco da func~ao f, das retas
x = a, x = b e do eixo Ox (veja a gura abaixo) ser a dada por
Zb
A= |g(x) − f(x)| dx u.a. . (4.31)
a
A vericac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
Apliquemos isto ao
Encontrar o valor da area, que indicaremos por A, da regi~ao limitada, que indicaremos por
R, contida no plano xOy, delimitada pelas representac~
oes geometricas dos gracos das func~oes
f, g e h .
Resolução:
Observemos que
f(x) = h(x)
x
se, e somente se x+6=− ,
2
ou seja, x = −4 , (4.35)
f(x) = g(x)
se, e somente se x + 6 = x3 ,
ou seja, x = 2, (4.36)
g(x) = h(x)
x
se, e somente se − = x3 ,
2
ou seja, x = 0. (4.37)
Como as funco~es f , g e h s~ao contnuas nos respectivos intervalos, do item 3. da Observac~ao 4.2.1,
100 CAPITULO 4. APLICAC ~
OES DE INTEGRAIS DEFINIDAS
segue que
Z0 Z2
A= [f(x) − h(x)] dx + [f(x) − g(x)] dx
−4 0
Z h Z2 h
(4.32),(4.33),(4.34) 0
x i i
= x+6− − dx + x + 6 − x3 dx
−4 2 0
Z0 Z2
3
= x + 6 dx + x + 6 − x3 dx
−4 2 0
x=0
1 4 x=2
Teorema fundamental do Calculo 3 2 1 2
= x + 6x + x + 6x − x
4 x=−4 2 4 x=0
Exerccio
= 22 u.a. ,
completando a resoluc~ao.
2
Observemos que
2 y2 − 4 = x = y2 ,
se, e somente se y2 = 4 ,
ou seja, y = ±2 . (4.40)
como as funco~es f e g s~ao contnuas em R teremos, pelo item 5. da Observac~ao 4.2.1, que
Z2
A= |f(y) − g(y)| dy
−2
Z
(4.41) e (4.42) 2
= 2 y2 − 4 − y2 dy
−2
Z2
2
= y − 4 dy
−2
Z
y2 −4≤0 , para y∈[−2 ,2] 2
= −y2 + 4 dy
−2
3 y=2
Teorema fundamental do Calculo
y
= − + 4y
3 y=−2
3 3
2 (−2)
= − +4·2 − − + 4 · (−2)
3 3
Exerccio 32
= = u.a. ,
3
completando a resoluc~ao.
2
Para nalizar temos os:
Exercı́cio 4.2.2 Encontre o valor da area, que indicaremos por A, da regi~ao limitada, que cha-
maremos de R, contida no plano xOy, delimitada pelas representac~oes geometricas dos gracos
das func~oes f , g e da reta x = 3, onde as func~oes f , g : R → R, s~ao dadas por
.
f(x) = 2x , (4.43)
.
g(x) = 2−x , para x ∈ R . (4.44)
Resolução:
A representac~ao geometrica regi~ao R, cujo valor de area A, queremos encontrar e dada pela gura
abaixo.
102 CAPITULO 4. APLICAC ~
OES DE INTEGRAIS DEFINIDAS
A regi~ao que queremos encontrar o valor da area, isto e, o valor A, e da regi~ao limitada R, contida
no plano xOy, delimitada pelas representaco~es geometricas dos gracos das funco~es f1 : [0 , 3] → R e
g1 : [0 , 3] → R, dadas por
.
f1 (x) = 2x , (4.45)
.
g1 (x) = 2−x , para x ∈ [0 , 3] . (4.46)
e pela reta x = 3.
Como as funco~es f1 e g1 s~ao contnuas e n~ao negativas em [0 , 3], do item 3. da Observac~ao 4.2.1,
o valor da area, isto e, A, pode ser obtida como diferenca entre os valores das areas, que indicaremos
por A1 e A2 , onde A1 e o valor da area da regi~ao limitada, que chamaremos de R1 , contida no plano
xOy, delimitada pelas representaco~es geometricas do graco da func~ao f1 , da reta x = 3, do eixo Ox
e A2 e o valor da area da regi~ao limitada, que chamaremos de R2 , contida no plano xOy, delimitada
pelas representaco~es geometricas do graco da func~ao g1 , da reta x = 3, do eixo Ox, respectivamente,
isto e,
A = A1 − A2 . (4.47)
Z3
A1 = 2x dx
0
R x x=3
2x dx= ln2(2) +C 2x
= =
ln(2) x=0
7
= (4.48)
ln(2)
Z3
A2 = 2−x dx
0
R −x
2−x x=3
2
2−x
dx=− ln (2)
+C
= −
ln(2) x=0
7
=− . (4.49)
8 ln(2)
4.2. AREA 103
Portanto,
(4.47)
A = A1 − A2
(4.48),(4.49)
7 7
= − −
ln(2) 8 ln(2)
63
= u.a. ,
8 ln(2)
completando a resoluc~ao.
2
Observemos que
f(x) = g(x)
se, e somente se x2 + 3 x + 5 = y = −x2 + 5 x + 9
ou, equivalentemente 2 x2 − 2 x − 4 = 0
ou seja, x = −1 ou x = 2 . (4.52)
104 CAPITULO 4. APLICAC ~
OES DE INTEGRAIS DEFINIDAS
Observemos que
(4.53) (4.54)
y2 − 4 = x = 4 − 2 y ,
se, e somente se, y2 + 2 y − 8 = 0
ou seja, y = −4 ou y = 2 . (4.55)
.
f(y) = y2 − 4 , (4.56)
.
g(y) = 4 − 2 y , para y ∈ R , (4.57)
Z2
A= |f(y) − g(y)| dx
−4
Z
(4.56),(4.57) 2 2
= y − 4 − (4 − 2 y) dx
−4
Z4
2
= y + 2 y − 8 dx
−1
Z
y2 +2 y−8<0 , para x∈(−4 ,2) 2
2
= − y + 2 y − 8 dy
−4
y=2
Teorema fundamental do Calculo 1 3 2
= − y + y − 8 y
3 y=−4
Exerccio
= 36 u.a. ,
completando a resoluc~ao.
2
Temos tambem a
Definição 4.3.2 Dado um solido S e uma reta r, que identicaremos com eixo Ox, interceptando-
se o solido S com um plano perpendicular a reta r (ou seja, ao eixo Ox) no ponto x, obteremos
uma sec~ao plana do solido S que chamaremos de seção reta do sólido S no ponto x (veja a
gura abaixo).
Com isto temos o:
4.3. METODO DAS FATIAS 107
Teorema 4.3.1 (para o cálculo do volume de sólidos pelo método das fatias) Suponhamos
que o valor das areas das sec~oes retas do solido S seja dada por uma func~ao A : [a , b] → R que
e contnua em [a , b].
Ent~ao o valor do volume, que indicaremos por V , do solido S sera dado por:
Zb
V= A(x) dx u.v. , (4.58)
a
Demonstração:
Consideremos
.
P = {a = xo , x1 , · · · , xn = b}
uma partic~ao do intervalo [a , b] e
.
∆xi = xi − xi−1 , para cada i ∈ {1 , 2 , · · · , n} .
Com a partic~ao P , podemos decompor o solido S em n solidos menores, que indicaremos por
Si , para i ∈ {1 , 2 , · · · , n} ,
onde, para cada i ∈ {1 , 2 , · · · , n}, o solido Si , denotara a porc~ao do solido S compreendida entre as
seco~es retas do solido S nos pontos xi−1 e xi (veja a gura abaixo).
108 CAPITULO 4. APLICAC ~
OES DE INTEGRAIS DEFINIDAS
Isto ocorre pois, para cada i ∈ {1 , 2 , · · · , n}, o tronco de cilindro com base na sec~ao reta correspon-
dente ao valor da area Ai−1 que tem altura [xi−1 , xi ], estara contida no solido Si e, por outro lado, o
tronco de cilindro com base na sec~ao reta correspondente de valor da area Ai que tem altura [xi−1 , xi ],
contera o solido Si .
Notemos que
Ai−1 = A(xj ) e Ai = A(xk ) (4.60)
para cada j , k ∈ {1 , 2 , · · · , n}.
Como a func~ao A = A(x) e uma func~ao contnua em [a , b] segue, do Teorema do valor intermediario
para funco~es contnuas (como visto na disciplina de Calculo 1), que existe ξi ∈ [xj , xk ] (ou [xk , xj ]),
de modo que
Vi
A(ξi ) = ,,
∆xi
ou seja, Vi = A(ξi ) ∆xi . (4.61)
(4.61) X
n
= A(ξi ) ∆xi . (4.62)
i=1
Logo, passando o limite, quando n tende a ∞ em (4.62) e utilizando o fato que a func~ao A = A(x)
e integravel em [a , b] (pois ela e contnua em [a, b]) segue que
X
n
V = lim A(ξi ) ∆xi
n→∞
i=1
Z
Denic~ao 2.3.3, ou ainda, (2.43) b
= A(x) dx ,
a
Aplicaremos o Teorema do metodo das fatias (isto e, o Teorema 4.3.1) para encontrar o volume
do cone circular reto acima.
Para isto consideremos a reta r, isto e, o eixo Ox, como sendo o eixo do cilindro com origem no
seu vertice e orientado para baixo (veja a gura abaixo).
a sec~ao reta do cilindro em x sera um crculo, cujo centro esta no eixo Ox, distando x unidades do
vertice e cujo raio denotaremos por r 0 (veja a gura abaixo).
Logo, da gura abaixo, teremos que
OB = h , OA = x , BC = r e AD = r 0 . (4.63)
110 CAPITULO 4. APLICAC ~
OES DE INTEGRAIS DEFINIDAS
Observemos que os tri^angulos ∆OBC e ∆OAD s~ao semelhantes (caso AAA), assim
AD OA
= ,
BC OB
r0 x
que pela gura (4.63), implicara que: = ,
r h
r
ou ainda, 0
r = x. (4.64)
h
Logo, para cada x ∈ [0 , h], o valor da area, que indicaremos por A = A(x), da sec~ao reta do
cilindro em x, sera dada por
2
A(x) = π r 0
(4.64)
r 2
= π x
h
r2 2
=π x , (4.65)
h2
ou seja, o valor da area da sec~ao reta do cone reto dado sera uma func~ao contnua de x, para x ∈ [0 , h].
Logo, do Teorema do metodo das fatias (isto e, o Teorema 4.3.1), segue que:
Z
(4.58) b
V = A(x) dx
a
Zh
(4.65) r2 2
= π x dx
0 h2
Zh
r2
=π 2 x2 dx
h 0
" #
Teorema fundamental do Calculo (ou seja, o Teorema 2.5.2) r2 x3 x=h
= π 2
h 3
x=0
1 2
= π r h u.v. . (4.66)
3
completando a resoluc~ao.
2
4.3. METODO DAS FATIAS 111
Observação 4.3.1 A formula (4.66) acima para o calculo do volume de um cone circular reto,
cujo raio da crculo da base e igual a r > 0 e cuja altura vale h > 0, e conhecida dos cursos
basicos de Geometria.
Podemos tambem aplicar o metodo das fatias para os seguintes exerccios resolvidos:
Exercı́cio 4.3.1 A partir de um tri^angulo equilatero de lados de comprimento l, com um dos
vertices na origem e sua altura sobre o eixo Ox, construa um solido S, cuja sec~ao reta do solido
S, em x, e um quadrado.
Calcule o valor do volume do solido S.
Resolução:
Geometricamente teremos a seguinte situac~ao:
" √ #
l 3
Observemos que, para cada x ∈ 0 , , o valor da a area, que indicaremos por A = A(x), da
2
sec~ao reta do solido S, em x, sera dada por:
A(x) = y2 , (4.67)
onde y e o comprimento lado do quadrado da sec~ao reta do solido S, em x (vejam as guras abaixo).
112 CAPITULO 4. APLICAC ~
OES DE INTEGRAIS DEFINIDAS
Observemos que os tri^angulos ∆OAD e ∆OBC s~ao semelhantes (caso AAA- veja a gura abaixo)
assim, do Teorema de Thales, teremos:
OA OB
= . (4.68)
AD BC
Mas
√
l 3 x y
OB = , OA = x , BC = e AD = . (4.69)
2 2 2
Observação 4.3.2 O solido S em quest~ao no Exemplo 4.3.1, e uma pir^amide de base quadrada,
cuja representac~ao geometrica e dada pela gura abaixo.
Definição 4.4.1Seja σ um plano em R3 , t uma reta contida no plano σ e R uma regi~ao plana
que esta contida num dos semi-planos, do plano σ, determinados pela reta t (veja a gura
abaixo).
f(x) ≥ 0 , para x ∈ [a , b] ,
e denotemos por R, a regi~ao limitada do plano xOy, delimitada pelas representac~oes geometricas
do graco da func~ao f, das retas x = a, x = b e do eixo Ox (veja a gura abaixo).
Neste caso observamos que, para cada x ∈ [a , b], as sec~oes retas do solido S, em x, relativa-
mente ao eixo de revoluc~ao Ox, sera um crculo, cujo centro e o ponto (x , 0) e cujo o raio sera
f(x) (veja a gura abaixo).
Logo, para cada x ∈ [a , b], o valor da area, que indicaremos por A = A(x), da mesma, sera
4.4. SOLIDOS DE REVOLUC ~
AO 115
dada por
A(x) = π r2
r=f(x)
= = π [f(x)]2 . (4.72)
Como a func~ao f e contnua em [a , b], segue que a func~ao A = A(x), dada por (4.72),
tambem sera contnua em [a , b].
Seja V o valor do volume do solido S.
Logo, do Teorema do metodo das fatias (isto e, do Teorema 4.3.1), segue que
Z
(4.58) b
V = A(x) dx
a
Zb
(4.72)
= π [f(x)]2 dx u.v. . (4.73)
a
Resolução:
A representac~ao geometrica da regi~ao R, que sera rotacionada em torno do eixo Ox, e dada pela
gura abaixo.
Observemos que, para cada x ∈ [0 , 2], o valor da area, isto e, A = A(x), da sec~ao reta do solido S,
em x, sera o valor da area de um crculo de raio
r = f(x)
(4.74) 2
= x .
Observemos que a func~ao A : [0 , 2] → R, dada por (4.75), e uma func~ao contnua em [0 , 2].
4.4. SOLIDOS DE REVOLUC ~
AO 117
Logo, pelo Teorema do metodo da fatias (isto e, Teorema 4.3.1), segue que
Z
(4.58) b
V = A(x) dx
a
Z2
(4.75)
= π x4 dx
0
1 5 x=2
=π x
5 x=0
32
= π u.v. ,
5
completando a resoluc~ao.
Um esboco da representac~ao geometrica do solido e dado pela gura abaixo. 2
Com isto, observamos que, para cada x ∈ [a , b], o valor da area, que indicaremos por
A = A(x), da sec~ao reta do solido S, em x, sera a area de um crculo de centro sobre o eixo Ox
e cujo raio e igual a |f(x)|.
Assim, para cada x ∈ [a, b], teremos
A(x) = π r2
r=|f(x)|
= π [|f(x)|]2 , (4.76)
que e uma func~ao contnua em [a , b].
Logo, o valor do volume, que indicaremos por V , do solido de revoluc~ao S, obtido da rotac~ao
da regi~ao acima em torno do eixo Ox sera dado, pelo Teorema do metodo das fatias (isto e,
Teorema 4.3.1), por:
Z
(4.58) b
V = π [|f(x)|]2 dx
a
Zb
(4.76)
= π [f(x)]2 dx u.v. . (4.77)
a
Resolução:
A gura abaixo nos fornece uma representac~ao geometrica da regi~ao R.
Observemos que, para cada x ∈ [−1 , 1], a sec~ao reta do solido S, em x, (veja a gura abaixo) e um
crculo de centro sobre o eixo Ox, cujo raio e
r = |f(x)|
(4.78) 3
= x .
120 CAPITULO 4. APLICAC ~
OES DE INTEGRAIS DEFINIDAS
Logo, para cada x ∈ [−1, 1], o valor da area, que indicaremos por A = A(x), da sec~ao reta do
solido em x sera dada por:
A(x) = π r2
r=|x3 |
2
= π x3 .
(4.79)
Observemos que a func~ao A : [−1 , 1] → R, dada por (4.79), e uma func~ao contnua em [−1 , 1].
Logo, do Teorema do metodo das fatias (isto e, Teorema 4.3.1), segue que
Z
(4.58) b
V = A(x) dx
a
Z1
(4.79)
2
= π x3 dx
−1
Z1
=π x6 dx
−1
1 7 x=1
=π x
7 x=−1
Exerccio 2
= π u.v. ,
7
completando a resoluc~ao.
A representac~ao geometrica do solido S e dada pela gura abaixo.
f(x) = g(x) ,
se, e somente se, x2 + 2 = x + 8 ,
ou seja, x=3 e x = −2 . (4.84)
Observemos que, para cada x ∈ [−2 , 3], a sec~ao reta do solido S, em x, sera um anel circular, cujo
centro esta sobre o eixo Ox, cujo raio do crculo maior e igual a f(x) e o raio do crculo menor sera
igual a g(x) (veja a gura abaixo).
Logo, para cada x ∈ [−2 , 3], o valor da area, que indicaremos por A = A(x), da sec~ao reta do
solido S, em x, sera dada por:
completando a resoluc~ao.
4.4. SOLIDOS DE REVOLUC ~
AO 123
Observemos que, para cada x ∈ [−1 , 1], a sec~ao reta do solido S, em x, sera um crculo (cujo centro
esta sobre a reta y = −1), cujo raio sera dado por 1 + x3 (veja a gura abaixo).
124 CAPITULO 4. APLICAC ~
OES DE INTEGRAIS DEFINIDAS
Logo, para cada x ∈ [−1 , 1], o valor da area, que indicaremos por A = A(x), da sec~ao reta do
solido S, em x, sera dada por:
A(x) = π r2
r=|1+x3 |
2
π 1 + x3
=
2
= π 1 + x3 , (4.87)
2
4.4. SOLIDOS DE REVOLUC ~
AO 125
Exercı́cio 4.4.3 Sejam 0 < a < b xados. Encontre o valor do volume, que indicaremos por
V , do s
olido de revoluc~ao S, obtido da rotac~ao da regi~ao limitada R, contida no plano xOy, em
torno do eixo Ox, onde
.
R = (x , y) ∈ R2 ; x2 + (y − b)2 ≤ a2 . (4.88)
Resolução:
A regi~ao R, contida no plano xOy, e o crculo, de centro no ponto (0 , b) e de raio igual a a, cuja
representac~ao geometrica e dada gura abaixo.
Observemos que a regi~ao R e a regi~ao limitada, contida no plano xOy, delimitada pelas repre-
sentac~ao geometricas dos gracos das funco~es f e g, onde f , g : [−a , a] → R s~ao as funco~es dadas
por
. .
p p
f(x) = b + a2 − x 2 e g(x) = b − a2 − x2 , para x ∈ [−a , a] , (4.89)
Observemos que, para cada x ∈ [−a, a], a sec~ao reta do solido S em x sera um anel circular, cujo
centro localiza-se no ponto (x, 0), cujo raio maior sera f(x) e o raio menor sera g(x) (veja a gura
abaixo).
126 CAPITULO 4. APLICAC ~
OES DE INTEGRAIS DEFINIDAS
Logo, para cada x ∈ [−a , a], o valor da area, que indicaremos por A = A(x), da sec~ao reta do
solido S, em x, sera dada por
V = 2 π2 a2 b u.v. ,
4.4. SOLIDOS DE REVOLUC ~
AO 127
completando a resoluc~ao.
A representac~ao geometrica do solido S e dada pela gura abaixo.
2
Um outro exerccio resolvido e:
Exercı́cio 4.4.4 Sejam r, h > 0 xados.
Calcular o valor volume, que indicaremos por V , do solido de revoluc~ao S obtido da rotac~ao
da regi~ao limitada R, contida no plano xOy, delimitada pelas retas
h
y= x e y=h (4.91)
r
e pelo eixo Oy, em torno do eixo Oy.
Resolução:
A representac~ao geometrica da regi~ao R e dada pela gura abaixo.
Assim, para cada y ∈ [0 , h], o valor da area, que indicaremos por A = A(y), da sec~ao reta do
solido S, em y, sera dada por:
A(y) = π r2
r=f(y)
= π [f(y)]2
(4.92)
r 2
= π y
h
r2
= π 2 y2 , (4.93)
h
Observemos que a func~ao A : [0 , h] → R, dada por (4.93), sera uma func~ao contnua em [0 , h].
Logo, pelo Teorema do metodo das fatias (isto e, Teorema 4.3.1), teremos
Z
(4.58) h
V = A(y) dy
0
Zh
(4.93) r2 2
= π y dy
0 h2
Zh
r2
=π 2 y2 dy
h 0
Exerccio 1
= π r2 h u.v. ,
3
completando a resoluc~ao.
A representac~ao geometrica do solido S e dada pela gura abaixo.
2
4.4. SOLIDOS DE REVOLUC ~
AO 129
Temos tambem o:
Exercı́cio 4.4.5 Encontre o valor do volume, que indicaremos por V , do solido de revoluc~ao S
obtido da rotaca~o, em torno do eixo Oy, da regi~ao limitada R, contida no plano xOy, delimitada
pelas representac~oes geometricas da curva
y2 = x ,
Observemos que, para cada y ∈ [0 , 1], a sec~ao reta do solido S, em y, sera um crculo, de centro
no ponto (0 , y) e raio igual a f(y) (veja a gura abaixo).
Assim, para cada y ∈ [0 , 1], o valor da area, que indicaremos por A = A(y), da sec~ao reta do
solido S, em y, sera dada por:
130 CAPITULO 4. APLICAC ~
OES DE INTEGRAIS DEFINIDAS
A(y) = π r2
r=f(y)
= π [f(y)]2
(4.94)
2
= π y2
= π y4 , (4.95)
Observemos que a func~ao A : [0 , 1] → R, dada por (4.95), sera uma func~ao contnua em [0 , 1].
Logo, pelo Teorema do metodo das fatias (isto e, Teorema 4.3.1), teremos
Z
(4.58) h
V = A(y) dy
0
Z1
(4.95)
= π y4 dy
0
Exerccio 1
= π u.v. ,
5
completando a resoluc~ao.
A representac~ao geometrica do solido S e dada pela gura abaixo.
2
Para nalizar temos o:
Exercı́cio 4.4.6 Encontre o valor do volume, que indicaremos por V , do solido de revoluc~ao
S, obtido da rotac~
ao, em torno da reta x = −1, da regi~ao limitada, contida no plano xOy,
delimitada representac~oes geometricas pelas retas
h
y= x, y=h (4.96)
r
e do eixo Oy.
Resolução:
A representac~ao geometrica da regi~ao R, que sera rotacionada em torno da reta x = −1, e dada
pela gura abaixo.
4.4. SOLIDOS DE REVOLUC ~
AO 131
Assim, para cada y ∈ [0 , h], o valor da area, que indicaremos A = A(y), da sec~ao reta do solido S,
em y, (e um anel circular) sera dada por:
.
A(y) = π · f2 (y) − π · 12
(4.97)
r 2
= π 1+ y −1 . (4.98)
h
Observemos que a func~ao A : [0 , h] → R, dada por (4.98), sera uma func~ao contnua em [0 , h].
Logo, pelo Teorema do metodo das fatias (isto e, Teorema 4.3.1), teremos
Z
(4.58) h
V = A(y) dy
0
Z1
(4.98)
r 2
= π 1 + y − 1 dy
0 h
r2 h
Exerccio
= π rh + u.v. ,
3
completando a resoluc~ao.
A representac~ao geometrica do solido S e dada pela gura abaixo.
2
Nas tr^es proximas seco~es exibiremos aplicaco~es de integrais denidas para calcular o valor:
132 CAPITULO 4. APLICAC ~
OES DE INTEGRAIS DEFINIDAS
do comprimento de curvas que s~ao gracos de funco~es a valores reais, de uma variavel real;
4.5 Método dos cilindros (ou cascas cilı́ndricas) para sólidos de re-
volução
Para sólidos de revolução podemos encontrar seu volume por meio de um outro processo, de-
nominado método dos cilindros (ou casas cilı́ndricas) .
Para isto temos a:
O cilindro acima obtido sera denominado seção cilı́ndrica (ou cilindro) do sólido S em xo
(veja a gura abaixo).
4.5. METODO DOS CILINDROS 133
Observação 4.5.1 Observemos que, na situac~ ao acima, temos que, para cada x ∈ [ a, b], o valor
da area, isto e, A = A(x), da sec~ao cilndrica do solido S, em x, sera dada por:
A(x) = 2 π r(x) h(x) , (4.100)
onde
r = r(x) e h = h(x)
s~ao, respectivamente, os valors do raio e a altura da sec~ao cilndrica do solido S, em x (veja a
gura abaixo).
L ≤ a < b.
Ent~ao o valor do volume, que indicaremos por V , do solido de revoluc~ao S, obtido na Ob-
servac~ao (4.5.1), sera dado por
Zb
V= A(x) dx , (4.105)
a
Zb
ou seja, V = 2 π (x − L) [f(x) − g(x)] dx u.v. , (4.106)
a
Logo,
∞
X
V = lim Vi
n→∞
i=1
∞
X
(4.109)
= lim π [xi + xi+1 − 2 L] [f(ξi ) − g(ξi )] (xi − xi−1 )
n→∞
i=1
∞
X
∆xi =xi −xi−1
= lim π [xi + xi+1 − 2 L] [f(ξi ) − g(ξi )] ∆xi
n→∞
i=1
Zb
denic~ao da integral de Riemann (veja (2.43))
= π (2 x − 2 L) [f(x) − g(x)] dx
a
Zb
= 2π (x − L) [f(x) − g(x)] dx u.v. ,
a
Observação 4.5.2
1. O Teorema 4.5.1 acima, e conhecido como Teorema do método das cascas cilı́ndricas e,
como veremos, sera util para o calculo do valor do volume de certos solidos de revoluc~ao.
Aplica-se SOMENTE para solidos de revoluc~ao.
136 CAPITULO 4. APLICAC ~
OES DE INTEGRAIS DEFINIDAS
Deixaremos como exerccio para o leitor a vericac~ao deste fato (veja a gura abaixo).
3. Notemos que, no item 2. acima (veja a gura acima), para cada x ∈ [a , b], o valores do
raio e da altura da sec~ao cilndrica do solido S, em x, ser~ao dados, respectivamente, por:
r(x) = |x − L| e h(x) = |f(x) − g(x)| . (4.111)
Se a rotac~ao da regi~ao R, for em torno de uma reta paralela ao eixo Ox, mais precisamente,
a reta
y=L
(ou seja, o eixo de revoluc~ao for a reta y = L), ent~ao podemos aplicar o Teorema do
metodo das cascas cilndricas (ou seja, o Teorema 4.5.1), para obter o volume do solido
de revoluca~o S (dado como no item 2. acima), a saber,
Zb
V = 2π |y − L| |f(y) − g(y)| dy u.v. , (4.112)
a
onde a regi~ao plana R e a regi~ao limitada, contida no plano xOy, delimitada pelas repre-
sentac~oes geometricas dos gracos das func~oes
x = f(y) , x = g(y) , para cada x ∈ [a, b]
e pelas retas y = a, y = b (veja a gura abaixo).
4.5. METODO DOS CILINDROS 137
A vericac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
5. Observemos que, no caso do item 4. acima , para cada y ∈ [a , b], a sec~ao cilndrica do
solido de revoluc~ao S, em y, pode ser obtida, rotacionando-se um segmento apropriado
em torno da reta y = L (veja gura abaixo).
No caso em que
L≤a e g(y) ≤ f(y) , para y ∈ [a, b] ,
temos a seguinte situac~ao geometrica:
Com isto temos que, para y ∈ [a , b], o valor da area, que indicaremos por A = A(y), da
sec~ao cilndrica do solido de revoluc~ao S, em y sera dada por
que nos fornece o integrando da integral denida acima, para o caso considerado, ou seja,
o volume do solido de revoluc~ao S, sera dada por (4.112).
6. A vericac~ao da validade da express~ao (4.112) para valor do volume V , do solido de re-
voluc~ao S, no caso geral, sera deixada como exerccio para o leitor.
138 CAPITULO 4. APLICAC ~
OES DE INTEGRAIS DEFINIDAS
7. Notemos que, no caso do item 6. acima, (veja a gura acima), para cada y ∈ [a , b], os
valores raio e da altura da sec~ao cilndrica do solido de revoluc~ao S, em y, ser~ao dados,
respectivamente, por:
r(y) = |y − L| e h(y) = |f(y) − g(y)| . (4.114)
f(x) = g(x) ,
se, e somente se, 1 − x2 = x2 − 1 ,
ou seja, x=1 e x = −1 . (4.116)
Notemos que, para cada x ∈ [−1 , 1], temos que o valor da area, que indicaremos por A = A(x), da
sec~ao cilndrica do solido de revoluc~ao S, em x (e a rotac~ao de um segmento em torno da reta x = 2 -
veja a gura abaixo), sera dada por:
Logo, pelo Teorema do metodo das cascas cilndricas (isto e, o Teorema 4.5.1), segue que
Z
(4.105) b
V = A(x) dx
a
Z1
= 2 π r(x) h(x) dx
−1
Z1
(4.117)
h i
= 2π (2 − x) 1 − x2 − x2 − 1 dx
−1
Exerccio 32
= π u.v. ,
3
completando a resoluc~ao.
2
Podemos tambem aplicar as ideias acima ao:
Exercı́cio 4.5.1 Encontre o valor do volume, que indicaremos por V , do solido de revoluc~ao S,
obtido da rotac~ao da regi~ao limitada R, contida no plano xOy, em torno da reta x = 3, onde R
e o crculo de centro no ponto (0 , 0) e cujo raio tem valor igual a 2, isto e,
.
R = (x , y) ∈ R2 ; , x2 + y2 ≤ 4 . (4.118)
Resolução:
A representac~ao geometrica da regi~ao R e dada pela gura abaixo:
Deste modo, para cada x ∈ [−2 , 2], o valor da area, que indicaremos por A = A(x), da sec~ao
cilndrica do solido de revoluc~ao S, em x, sera dada por:
(4.119)
p
= 4 π (3 − x) 4 − x2 ,
Portanto
V = 24 π2 u.v. ,
completando a resoluc~ao.
Abaixo temos uma gura que nos fornece uma representac~ao geometrica do solido S em quest~ao.
2
4.5. METODO DOS CILINDROS 141
Exercı́cio 4.5.2 Encontre o valor do volume, que indicaremos por V , do solido de revoluc~ao S,
obtido da rotac~ao da regi~ao limitada R, contida no plano xOy, delimitada pelas representac~oes
geometricas das retas
x = y − 3, x = −y + 3 , y = 1, (4.120)
em torno da reta y = 1.
Resolução:
A representac~ao geometrica da regi~ao R e dada pela gura abaixo.
Observemos que
y − 3 = x = −y + 3 ,
se, e somente, se, y = 3. (4.121)
Logo, para cada y ∈ [1 , 3], o valor da area, que indicaremos por A = A(y), da sec~ao cilndrica do
solido de revoluc~ao S, em y, sera dada por (veja a gura abaixo)
142 CAPITULO 4. APLICAC ~
OES DE INTEGRAIS DEFINIDAS
2
Capı́tulo 5
Trataremos neste captulo de integrais de funco~es cujo domnio e um conjunto não limitado de R.
143
144 CAPITULO 5. INTEGRAIS IMPROPRIAS
DE 1.A ESPECIE
Z ∞ Logo, de (5.5) e da Denic~ao 5.1.1, segue que a integral impropria de 1.a especie (do tipo (5.1))
e−x dx sera convergente e seu valor e igual a 1, completando a resoluc~ao.
0
2
Observação 5.1.1 Notemos que a func~ao f do Exemplo 5.1.1 acima, e n~ao negativa, ou seja,
f(x) ≥ 0 , para x ∈ [0 , ∞) .
Logo segue que a integral impropria de 1.a especie (do tipo (5.1)) (5.3) acima nos fornecera
a area, cujo valor denotaremos por A, da regi~ao R, contida no plano xOy, delimitada pelas
representac~oes geometricas do graco da func~ao f, da reta x = 0 e do eixo Ox (veja a gura
abaixo), ou seja,
Z∞
A= e−x dx
0
(5.5)
= 1 u.a. .
Resolução:
Observemos que neste caso a func~ao f : [1 , ∞) → R sera dada por
. 1
f(x) = 2 , para x ∈ [1 , ∞) . (5.7)
x
Como a func~ao f e contnua em [1 , ∞), do Teorema 2.3.1, segue que ela sera integravel em [1 , b],
para cada b ∈ [1 , ∞) xado.
Alem disso, temos a integral impropria de 1.a especie (do tipo (5.1)) (5.5), sera:
Z∞ Zb
1 (5.1) 1
dx = lim dx
1 x 2 b→∞ 1 x2
" #
Teorema fundamental do Calculo em [0 , b] 1 x=b
= lim −
b→∞ x x=1
1
= lim − − (−1)
b→∞ b
1
lim = 0
b→∞ b
= 1. (5.8)
Z∞
1
Logo, de (5.8) e da Denic~ao 5.1.1, a integral impropria de 1.a especie (do tipo (5.1)) dx
1 x2
sera convergente e seu valor e igual a 1, completando a resoluc~ao.
2
Observação 5.1.2 Notemos que a func~ao f do Exemplo 5.1.2 acima, e n~ao negativa, ou seja,
f(x) ≥ 0 , para x ∈ [0 , ∞) .
Logo, segue que a integral impropria de 1.a especie (do tipo (5.1)) (5.5) acima nos fornecera
a area, cujo valor denotaremos por A, da regi~ao R, contida no plano xOy, delimitada pelas
representac~oes geometricas do graco da func~ao f, da reta x = 1 e do eixo Ox (veja a gura
abaixo), ou seja,
Z∞
1
A= dx
0 x2
(5.8)
= 1 u.a. .
Temos tambem o:
. 1
f(x) = , para x ∈ [1 , ∞) . (5.10)
x
Como a func~ao f e contnua em [1 , ∞), do Teorema 2.3.1, segue que ela sera integravel em [1 , b],
para cada b ∈ [1 , ∞) xado.
Alem disso temos integral impropria de 1.a especie (do tipo (5.1)) (5.9), sera:
Z∞ Zb
1 (5.1) 1
dx = lim dx
1 x b→∞ 1 x
" x=b #
Teorema fundamental do Calculo em [1 , b]
lim ln(x)
=
b→∞ x=1
Observação 5.1.3 Notemos que a func~ao f do Exemplo 5.1.3 acima, e n~ao negativa, ou seja,
f(x) ≥ 0 , para x ∈ [1 , ∞) .
Logo, segue que a integral impropria de 1.a especie (do tipo (5.1)) (5.9) acima nos fornecera
a area, cujo valor denotaremos por A, da regi~ao R, contida no plano xOy, delimitada pelas
5.1. CONCEITOS BASICOS 147
Os Exemplos 5.1.2 e 5.1.3 acima, podem ser obtidos como consequ^encia do seguinte resultado
geral:
Proposição 5.1.1Seja p ∈ R.
A integral impropria de 1.a especie
Z∞
1
dx e convergente
1 xp
se, e somente se, p > 1. (5.12)
Demonstração:
O caso
p=1
foi tratado no Exemplo 5.1.3 acima, ou seja, a integral impropria de 1.a especie (do tipo (5.1)) (5.12),
com p = 1, sera divergente.
Logo podemos supor que
p 6= 1 .
. 1
f(x) = p , para x ∈ [1 , ∞) . (5.14)
x
Como a func~ao f e contnua em [1 , ∞), do Teorema 2.3.1, segue que ela sera integravel em [1 , b],
para cada b ∈ [1 , ∞) xado.
148 CAPITULO 5. INTEGRAIS IMPROPRIAS
DE 1.A ESPECIE
Alem disso, temos que integral impropria de 1.a especie (do tipo (5.1)) em (5.12), sera:
Z∞ Zb
1 (5.1) 1
dx = lim dx
1 xp b→∞ 1 xp
" x=b #
p6=1e o Teorema fundamental do C
alculo em [1 , b] 1
lim
=
b→∞ (1 − p) xp−1 x=1
1 1
= lim −1
(1 − p) b→∞ bp−1
1 0 , se p ∈ (1 , ∞) ,
lim p−1 = 1
b→∞ b ∞ , se p ∈ [0 , 1) , se p > 1 ,
= p−1 . (5.15)
∞ , se p < 1
Z∞
1
Logo, de (5.15) e da Denic~ao 5.1.1, a integral impropria de 1.a especie (do tipo (5.1)) dx
1 xp
sera convergente se, e somente se, p > 1 (em particular, sera divergente se p ≤ 1), completando a
demonstrac~ao.
2
Observação 5.1.4 Notemos que a func~ao f da Proposic~ao 5.1.1 acima, e n~ao negativa, ou seja,
f(x) ≥ 0 , para x ∈ [1 , ∞) .
Logo segue que a integral impropria de 1.a especie (do tipo (5.1)) (5.15) acima nos fornecera
a area, cujo valor denotaremos por A, da regi~ao R, delimitada pelas representac~oes geometricas
do graco da func~ao f, da reta x = 1 e do eixo Ox, ou seja,
Z∞
1
A= p dx
1 x
(5.15)
1 u.a. , se p ∈ (1 , ∞) ,
= p−1 .
∞ , se p ∈ (0 , 1]
Resolução:
Observemos que neste caso, para cada s > 0 xo, temos a func~ao fs : [a, ∞) → R sera dada por
.
fs (t) = e−s t , para t ∈ [a , ∞) . (5.17)
Como a func~ao fs e contnua em [a , ∞), do Teorema 2.3.1, segue que ela sera integravel em [a , b],
para cada b ∈ [a , ∞) xado.
Alem disso temos integral impropria de 1.a especie (do tipo (5.1)) (5.16) sera:
Z∞ Zb
(5.1)
e−s t dt = lim e−s t dt
a b→∞ a
" #
Teorema fundamental do Calculo em [a , b] 1 −s t t=b
= lim e
b→∞ −s
t=a
1 h i
= lim e−s b − e−s a
(−s) b→∞
1 Exerccio
lim e−s b = lim s b = 0 , se s > 0 −a s
b→∞ b→∞ e e
= . (5.18)
s
Z∞
Logo, de (5.18) e da Denic~ao 5.1.1, a integral impropria de 1.a especie (do tipo (5.1)) e−s t dx
a
e−a s
sera convergente e seu valor sera , para cada s > 0 xado, ou seja,
s
Z∞
e−a s
e−s t dt = , (5.19)
a s
Observação 5.1.5
Ent~ao, para cada s ∈ [0 , ∞), a integral impropria de 1.a especie (do tipo (5.1))
Z∞
.
F(s) = e−s t g(t) dt , (5.20)
0
150 CAPITULO 5. INTEGRAIS IMPROPRIAS
DE 1.A ESPECIE
cuja converg^encia pode ser estudada como no Exerccio 5.1.1 acima, sera convergente e
desempenhara um papel muito importante no estudo das Equac~oes Diferenciais Ordinarias
Lineares.
No Exerccio 5.1.1, temos o caso
.
g(t) = 1 , para t ∈ [0 , ∞) e a =. 0 .
forem convergentes. Z∞
Caso contrario, diremos que integral impropria de 1.a especie (do tipo (5.21)) f(x) dx
e
−∞
divergente.
Observação 5.1.6
Z∞
1. Se a integral impropria de 1.a especie (do tipo (5.21)) f(x) dx e convergente ent~ao,
−∞
para c ∈ R, de (5.21) e das Denic~oes 5.1.1 e 5.1.2, temos que
Z∞ Zc Zb
f(x) dx = lim f(x) dx + lim f(x) dx . (5.22)
−∞ a→−∞ a b→−∞ c
2. Observemos que se, para algum c ∈ R, as integrais improprias de 1.a especie (dos tipos
(5.1) e (5.2), respectivamente)
Zc Z∞
f(x) dx e f(x) dx
−∞ c
A vericac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
Logo, de (5.23), (5.24) e (5.22), segue que
Z∞ Zd Zd
f(x) dx = f(x) dx + f(x) dx . (5.25)
−∞ −∞ −∞
Como a func~ao f e contnua em (−∞, ∞), do Teorema 2.3.1, segue que ela sera integravel em
[a , b], para cada a , b ∈ R xados, com a ≤ b.
Alem disso, para c ∈ R, temos que
Z∞ Z Z∞
1 (5.21) c 1 1
2
dx = 2
dx + 2
dx . (5.28)
−∞ 1 + x −∞ 1 + x c 1+x
152 CAPITULO 5. INTEGRAIS IMPROPRIAS
DE 1.A ESPECIE
Notemos que
Z∞ Zb
1 (5.1) 1
2
dx = lim dx
c 1+x b→∞ c 1 + x2
" x=b #
Teorema fundamental do Calculo em [c , b]
lim arctg(x)
=
b→∞ x=c
completando a resoluc~ao.
2
Observação 5.1.7 Em particular, como consequ^ encia do Exemplo 5.1.4, temos que a area, que
indicaremos por A, da regi~ao R, delimitada pelas representac~oes geometricas do graco da
func~ao f, dada por (5.27), e doo eixo Ox, sera dada pela integral impropria de de 1.a especie
(do tipo (5.21)) (5.31) acima, pois a func~ao f, e n~ao negativa em R, ou seja (veja a gura
abaixo)
f(x) ≥ 0 , para x ∈ R .
5.2. PROPRIEDADES DA INTEGRAL IMPROPRIA
DE 1.A ESPECIE 153
Portanto
Z∞
1
A= dx
−∞ 1 + x2
(5.31)
= π u.a .
integral impropria de 1.a especie (do tipo (5.1)) (λ f)(x) dx tambem sera convergente.
a
Alem disso, Z∞ Z∞
(λ f)(x) dx = λ f(x) dx . (5.33)
a a
Z∞ Z∞
3. Se a integrais improprias de 1.a especie (do tipo (5.1)) f(x) dx e g(x) dx s~
ao con-
a a Z∞
vergentes, ent~ao as integrais improprias de 1.a especie (do tipo (5.1)) (f + g)(x) dx,
Z∞ a
Alem disso,
Z∞ Z∞ Z∞
(f + g)(x) dx = f(x) dx + g(x) dx (5.34)
Za∞ Za∞ Za∞
(f − g)(x) dx = f(x) dx − g(x) dx . (5.35)
a a a
Z∞
4. Se λ 6= 0, a integral impropria de 1.a especie (do tipo (5.1)) f(x) dx e convergente e
Z∞ a
a integral impropria de 1.a especie (do tipo (5.1)) g(x) dx for divergente, ent~ao as
a
integrais improprias de 1.a especie (do tipo (5.1))
Z∞ Z∞ Z∞
(f + g)(x) dx , (f − g)(x) dx e (λ g)(x) dx
a a a
ser~ao divergentes.
Demonstração:
As demonstraco~es seguem das propriedades basicas de limites no innito e limites innitos, e ser~ao
deixadas como exerccio para o leitor.
2
Observação 5.2.1 Vale um resultado analogo a Proposic~ao 5.2.1, para integrais improprias de
1.a especie em
(−∞ , b] e em (−∞ , ∞) ,
Temos tambem o:
Teorema 5.2.1 (da comparação para integrais impróprias de 1.a espécie do tipo (5.1))
Sejam f , g : [a , ∞) → R func~oes integraveis em [a , b], para cada b ∈ [a , ∞), satisfazendo
Ent~ao:
Z∞
1. Se a integral impropria de 1.a especie (do tipo (5.1)) g(x) dx for convergente, ent~ao
Z∞
a
segue que a integral impropria de 1.a especie (do tipo (5.1)) f(x) dx ser
a convergente.
a
Alem disso, teremos Z∞ Z∞
f(x) dx ≤ g(x) dx . (5.37)
a a
Z∞
2. Se a integral impropria de 1.a especie (do tipo (5.1)) f(x) dx for divergente, ent~ao segue
aZ
∞
que a integral impropria de 1.a especie (do tipo (5.1)) g(x) dx tambem sera divergente.
a
5.2. PROPRIEDADES DA INTEGRAL IMPROPRIA
DE 1.A ESPECIE 155
Demonstração:
De 1.: Z∞
Como a integral impropria de 1.a especie (do tipo (5.1)) g(x) dx e convergente, da Denic~ao
a
5.1.1, segue existe e, e nito, o limite Zb
lim g(x) dx .
b→∞ a
Zb
mostrando, pela Denic~ao 5.1.1, que o limite lim f(x) dx existe, e e nito, ou seja, a integral
Z∞ b→∞ a
Observação 5.2.2
1. Vale um resultado analogo ao Teorema 5.2.1, para integrais improprias de 1.a especie em
(−∞ , b] e em (−∞ , ∞) ,
2. Como as func~oes do Teorema 5.2.1 s~ao n~ao negativas, segue que as integrais improprias
de 1.a especie (do tipo (5.1))
Z∞ Z∞
f(x) dx , g(x) dx
a a
representam, geometricamente, as areas das regi~oes delimitadas pelos gracos das func~oes
f, g e pelo eixo Ox, respectivamente.
Logo, sob este ponto de vista, o item 1. do Teorema 5.2.1 acima, nos diz, geometricamente,
que se a area de uma regi~ao plana (n~ao limitada) e nita, ent~ao a area de qualquer regi~ao
plana contida na 1.a tambem sera nita (veja a gura abaixo).
Por outro lado, o item 2. do Teorema 5.2.1, nos diz, geometricamente, que se a area de
uma regi~ao plana e innita, ent~ao a area de qualquer regi~ao plana que contenha a 1.a
tambem sera innita (veja a gura abaixo).
Logo, de (5.44), (5.43) e do item 1. do Teorema da comparac~ao para integrais improprias (ou seja,
o item 1. do Teorema 5.2.1), segue que a integral impropria de 1.a especie (do tipo (5.1))
Z∞
1
p dx
1 1 + x3
sera convergente, completando a resoluc~ao.
2
(x + 1)2 = x2 + 2 x + 1 ≥ 1 + x2 ≥ 0 ,
p
ou seja, 1 + x ≥ 1 + x2 , para x ∈ [1 , ∞) . (5.47)
Logo
(5.46) 1
g(x) = p
1 + x2
(5.47) 1
≥
1+x
(5.46)
= f(x) , para x ∈ [1 , ∞) . (5.48)
Notemos que
Z∞ Z∞
1
f(x) dx = dx
1 1 1+x
Exerccio
= ∞,
158 CAPITULO 5. INTEGRAIS IMPROPRIAS
DE 1.A ESPECIE
Logo, de (5.48), (5.49) e do item 2. do Teorema da comparac~ao para integrais improprias de 1.a
especieZ (ou seja, o item 2. do Teorema 5.2.1), segue que a integral impropria de 1.a especie (do tipo
∞
1
(5.1)) p dx tambem sera divergente, completando a resoluc~ao.
1 1 + x2
2
Temos tambem o:
Resolução:
Consideremos as funco~es f , g : [1 , ∞) → R dadas por:
. .
para x ∈ [1 , ∞) . (5.51)
2
f(x) = e−x , g(x) = e−x ,
Observemos que
(5.52) 2
0 ≤ f(x) = e−x
2
ex ≤ex
≤ e−x
(5.52)
= g(x) , para x ∈ [1 , ∞) . (5.52)
Mas
Z∞ Z∞
g(x) dx = e−x
1 1
Exemplo 5.1.1
= 1,
Logo, de (5.52), (5.53) e do item 1. do Teorema da comparac~ao para integrais improprias de 1.a
especie
Z (ou seja, o item 1. do Teorema 5.2.1), segue que a integral impropria de 1.a especie (do tipo
∞
(5.1)) e−x dx tambem sera convergente, completando a resoluc~ao.
2
1
2
O resultado a seguir pode ser muito util no estudo da converg^encia de integrais improprias de 1.a
especie, a saber:
5.2. PROPRIEDADES DA INTEGRAL IMPROPRIA
DE 1.A ESPECIE 159
onde
A ∈ [0 , ∞] . (5.55)
Na situac~ao acima,
1. se
p ∈ (1 , ∞) e A ∈ [0 , ∞) , (5.56)
Z∞
temos que a integral impropria de 1.a especie (do tipo (5.1)) f(x) dx sera convergente.
a
2. Se
p ∈ (−∞ , 1] e A ∈ (0 , ∞] , (5.57)
Z∞
temos que a integral impropria 1.a especie (do tipo (5.1)) f(x) dx sera divergente.
a
Demonstração:
Do item 1.:
Como (veja (5.54) e (5.56))
lim xp f(x) = A ∈ [0, ∞) , (5.58)
x→∞
.
dado ε = 1 > 0, podemos encontrar K > 0 (podemos supor K ≥ a) tal que:
se x ≥ K,
teremos |xp f(x) − A| < ε = 1 ,
ou seja, se x ≥ K,
teremos − 1 + A < xp f(x) < 1 + A ,
ou ainda, se x ≥ K,
−1 + A 1+A
teremos p < f(x) < ,
x xp
em particular, se x ≥ K,
1+A
teremos 0 ≤ f(x) < . (5.59)
xp
Como (veja (5.56))
p ∈ (1 , ∞)
Z∞
1
segue, pela Proposic~ao 5.1.1, que a integral impropria de 1.a especie (do tipo (5.1)) p dx ser
a
K x
convergente.
Assim, do item 3. da Proposic~ao 5.2.1, temos que a integral impropria de 1.a especie (do tipo
(5.1)) Z ∞
1+A
dx sera convergente. (5.60)
K xp
Logo, de (5.59), (5.60) e do item 1. do Teorema da comparac~ao para integrais improprias de 1.a
especieZ (ou seja, o item 1. do Teorema 5.2.1), segue que a integral impropria de 1.a especie (do tipo
∞
(5.1)) f(x) dx sera convergente.
K
160 CAPITULO 5. INTEGRAIS IMPROPRIAS
DE 1.A ESPECIE
dado
. A
ε= > 0, (5.61)
2
podemos encontrar K > 0 (podemos supor K ≥ a) tal que
se x ≥ K,
(5.61) A
teremos |xp f(x) − A| < ε = ,
2
ou seja, se x ≥ K,
A A
teremos − + A < xp f(x) < + A ,
2 2
ou ainda, se x ≥ K,
A 3A
teremos p < f(x) < ,
2x 2 xp
em particular, se x ≥ K,
A
teremos 0≤ < f(x) . (5.62)
2 xp
Logo, de (5.62), (5.63) e do item 2. do Teorema da comparac~ao para integrais improprias de 1.a
especieZ (ou seja, o item 2. do Teorema 5.2.1), segue que a integral impropria de 1.a especie (do tipo
∞
(5.1)) f(x) dx sera divergente.
K
Como a func~ao f e integr
Z avel em [a , b], para cada b ∈ [a , ∞), segue que a integral impropria de
∞
1.a especie (do tipo (5.1)) f(x) dx sera divergente.
a
Agora consideraremos o caso
A = ∞.
Como
lim xp f(x) = A = ∞ , (5.64)
x→∞
5.2. PROPRIEDADES DA INTEGRAL IMPROPRIA
DE 1.A ESPECIE 161
se x ≥ K,
teremos xp f(x) > R ,
ou seja, se x ≥ K,
R
teremos 0 ≤ p < f(x) . (5.65)
x
Logo, de (5.65), (5.66) e do item 2. do Teorema da comparac~ao para integrais improprias de 1.a
especie (ou seja, Zo item 2. do Teorema 5.2.1), segue que a integral impropria de 1.a especie (do tipo
∞
(5.1)) impropria f(x) dx sera divergente.
K
Como a func~ao f e integr
Z avel em [a , b], para cada b ∈ [a , ∞), segue que a integral impropria de
∞
1.a especie (do tipo (5.1)) f(x) dx sera divergente, completando a demonstrac~ao do resultado.
a
2
Observação 5.2.5
1. Vale um resultado analogo ao Teorema 5.2.2 acima, integrais improprias de 1.a especie
em
(−∞ , b] ,
ent~ao integral impropria de 1.a especie do tipo (5.1) (do tipo (5.2), respectivamente), sera
convergente.
162 CAPITULO 5. INTEGRAIS IMPROPRIAS
DE 1.A ESPECIE
ou no item 2.
A = 0,
nada podemos armar.
Deixaremos como exerccio para o leitor encontrar contra-exemplos para cada um dos
casos acima.
. x2 + 2x + 1
f(x) = , para x ∈ [1 , ∞) , (5.68)
4 x4 + 25 x3 + 2 x + 5
ent~ao a func~ao f sera integravel em [1 , b], para cada b ∈ [1 , ∞) xado (pois func~ao f e uma func~ao
contnua em [1 , ∞)), n~ao negativa em [1 , ∞) e, alem disso,, teremos
" #
x2 + 2 x + 1
lim x2 f(x) = lim x2
x→∞ x→∞ 4 x4 + 25 x3 + 2 x + 5
x4 + 2 x3 + x2
= lim
x→∞ 4 x4 + 25 x3 + 2 x + 5
Exerccio 1 .
= = A. (5.69)
4
Como
. 1
p = 2 > 1 e A = ∈ [0 , ∞) (5.70)
4
do item 1. do Teorema 5.2.2, segue que a integral impropria de 1.a especie (do tipo (5.1)) (5.67) sera
convergente, completando a resoluc~ao.
2
Apliquemos as ideias acima aos:
Exercı́cio 5.2.3 Estudar a converg^encia da integral impropria de 1.a especie
Z∞
1 − cos(x)
dx . (5.71)
1 x2
Resolução:
Observemos que se a func~ao f : [1 , ∞) → R for dada por
. 1 − cos(x)
f(x) = , para x ∈ [1 , ∞) , (5.72)
x2
5.2. PROPRIEDADES DA INTEGRAL IMPROPRIA
DE 1.A ESPECIE 163
ent~ao a func~ao f sera integravel em [1 , b] para cada b ∈ [1 , ∞) (pois a func~ao f e uma func~ao contnua
em [1, ∞)), n~ao negativa em [1, ∞).
Alem disso, temos
(5.72) 1 − cos(x)
3 3
lim x 2 f(x) = lim x 2
x→∞ x→∞ x2
1 − cos(x)
= lim 1
x→∞
x2
Exerccio .
= 0 = A. (5.73)
Como
. 3
p = > 1 e A = 0 ∈ [0 , ∞)
2
segue,do item 1. do Teorema 5.2.2, segue que a integral impropria de 1.a especie (do tipo (5.1)) (5.71)
sera convergente, completando a resoluc~ao.
2
Temos tambem o:
Exercı́cio 5.2.4 Estudar a converg^encia da integral impropria de 1.a especie
Z∞
x
p dx . (5.74)
1 x4 + x2 + 1
Resolução:
Observemos que se a func~ao f : [1 , ∞) → R for dada por
. x
f(x) = p , para x ∈ [1 , ∞) , (5.75)
x4 + x2 + 1
ent~ao a func~ao f sera integravel em [1 , b], para cada b ∈ [1 , ∞) xado (pois a func~ao f e uma func~ao
contnua em [1 , ∞)), n~ao negativa em [1 , ∞).
Alem disso, temos
" #
(5.75) x
lim x f(x) = lim x p
x→∞ x→∞
x4 + x2 + 1
s
√
x2 = x4 x4
= lim
x→∞ x4 + x2 + 1
Exerccio .
= 1 = A. (5.76)
Como
.
p = 1 ∈ [1 , ∞) e A = 1 ∈ (0 , ∞)
do item 2. do Teorema 5.2.2, segue que a integral impropria de 1.a especie (do tipo (5.1)) (5.74) sera
divergente, completando a resoluc~ao.
2
Podemos tambem aplicar ao:
Exercı́cio 5.2.5 Estudar a converg^encia da integral impropria de 1.a especie
Z∞
x2 − 1
p dx . (5.77)
1 x6 + 16
164 CAPITULO 5. INTEGRAIS IMPROPRIAS
DE 1.A ESPECIE
Resolução:
Observemos que se a func~ao f : [1 , ∞) → R for dada por
2
. x −1
f(x) = p , para x ∈ [1 , ∞) , (5.78)
x6 + 16
ent~ao a func~ao f sera integravel em [1 , b], para cada b ∈ [1 , ∞) xado (pois a func~ao f e uma func~ao
contnua em [1, ∞)), n~ao negativa em [1 , ∞).
Alem disso, teremos
" #
(5.78) x2 − 1
lim x f(x) = lim xp
x→∞ x→∞
x6 + 16
v
√ u x3 − x 2
u
se x>1 teremos x3 −x= (x3 −x)2
lim
t
=
x→∞ x6 + 16
Exerccio .
= 1 = A. (5.79)
Como
.
p=1 e A = 1 ∈ (0 , ∞)
do item 2. do Teorema 5.2.2, segue que a integral impropria de 1.a especie (do tipo (5.1)) (5.77) sera
divergente, completando a resoluc~ao.
2
Temos tambem o:
Exercı́cio 5.2.6 Estudar a converg^encia da integral impropria de 1.a especie
Z∞ p 2
x +1
dx . (5.80)
1 x2
Resolução:
Observemos que se a func~ao f : [1 , ∞) → R for dada por
p
. x2 + 1
f(x) = , para x ∈ [1 , ∞) , (5.81)
x2
ent~ao a func~ao f sera integravel em [1 , b], para cada b ∈ [1 , ∞) xado (pois a func~ao f e uma func~ao
contnua em [1 , ∞)), n~ao negativa em [1 , ∞).
Alem disso, teremos:
" p #
(5.81) x2 + 1
lim x f(x) = lim x
x→∞ x→∞ x2
s
√
como x>0 , teremos x= x2 x2 + 1
= lim
x→∞ x2
[Exerccio] .
= 1 = A. (5.82)
Como
p=1 e A = 1 ∈ (0 , ∞)
do item 2. do Teorema 5.2.2, segue que a integral impropria de 1.a especie (do tipo (5.1)) (5.80) sera
divergente, completando a resoluc~ao.
2
Temos tambem o:
5.2. PROPRIEDADES DA INTEGRAL IMPROPRIA
DE 1.A ESPECIE 165
Demonstração:
Observemos que, para cada x ∈ [a , ∞), temos que
− |f(x)| ≤ f(x) ≤ |f(x)| ,
ou seja, 0 ≤ f(x) + |f(x)|
≤ |f(x)| + |f(x)|
= 2 |f(x)| . (5.87)
Z∞
Do fato que a integral impropria de 1.a especie (do tipo (5.1)) 2 |f(x)| dx e convergente, de (5.87)
a
e do item 1. do Teorema da comparac~ao para integrais improprias de 1.a esp
Z ecie (ou seja, o item 1.
∞
do Teorema 5.2.1), segue que a integral impropria 1.a especie (do tipo (5.1)) [f(x) + |f(x)|] dx sera
a
convergente.
166 CAPITULO 5. INTEGRAIS IMPROPRIAS
DE 1.A ESPECIE
Mas
Z∞ Z∞
f(x) dx = [f(x) + |f(x)|] − |f(x)| dx
a
Za∞ Z∞
= [f(x) + |f(x)|] dx − |f(x)| dx,
|a {z } |a {z }
convergente convergente
Z∞
mostrando que a a integral impropria de 1.a especie (do tipo (5.1)) f(x) dx tambem sera convergente
a
e vale (5.86), completando a demonstrac~ao.
2
Observação 5.2.6
1. Vale um resultado analogo ao Teorema 5.2.3 acima, para integrais improprias de 1.a
especie em
(−∞ , b] e em (−∞ , ∞) ,
ou seja, dos tipos (5.2) e (5.21).
Deixaremos como exerccio para o leitor os enunciados e a demonstrac~oes dos mesmos.
2. Em geral, não vale a recı́proca do Teorema
Z
5.2.3 acima, ou seja, pode ocorrer da integral
∞
impropria de 1.a especie (do tipo (5.1)) f(x) dx ser convergente mas a integral impr
opria
Z∞ a
e divergente.
A demonstrac~ao deste fatos n~ao simples e sera deixada como exerccio para o leitor.
Capı́tulo 6
Como pode ser visto no Captulo F (veja (F.1)), Rn denota o conjunto das n−uplas ordenadas
.
~x = (x1 , x2 , · · · , xn )
associa um, e somente um, numero real, que sera indicado por
f(x1 , x2 , · · · , xn ) ∈ R.
167
168 CAPITULO 6. FUNC ~
OES
A VALORES REAIS, DE VARIAS
VARIAVEIS
2. Notemos que o graco de uma func~ao de n (isto e, (6.2)) variaveis e um subconjunto de
Rn+1 .
Desta forma a sua representac~ao geometrica somente sera possvel para n = 1 (visto na
disciplina de Calculo I) ou n = 2, que sera tratado a seguir.
3. Nos casos n = 2 e/ou n = 3, denotaremos os elementos de Rn por:
(x , y) ∈ R2 e (x , y , z) ∈ R3 ,
respectivamente.
Para ilustrar temos o:
Exemplo 6.1.1 Consideremos a func~ao f : D(f) → R, dada por
. x+y
f(x , y) = , para cada (x , y) ∈ D(f) , (6.3)
x−y
.
onde D(f) = (x , y) ∈ R2 ; x 6= y . (6.4)
x − y = 1, (6.5)
f(x , y) = x + y ,
que cobre todo o conunto R, quando (x , y) varia sobre a reta (6.5) acima.
Abaixo temos as representaco~es geometricas do domnio (isto e, do conjunto (6.4))e do graco da
func~ao f .
2
6.1. DEFINIC ~
OES E EXEMPLOS 169
Observação 6.1.2 Para obter a representac~ao geometrica do graco da func~ao f, dada por
(6.3), no software MapleV basta digitar:
Resolução:
Abaixo temos as representaco~es geometricas do domnio e do graco da func~ao f.
Observação 6.1.3 Para obter a representac~ao geometrica do graco da func~ao f, dada por
(F.10), no software MapleV basta digitar:
plot3d(sqrt(x-y)+sqrt(1-y),x=-10..10,y=-10..1,axes=BOXED,grid=[50,50]); hEnteri
Temos tambem o:
x2 + y2 + z2 = 1 , com z ∈ [0 , ∞) . (6.9)
Resolução:
Notemos que, como z ∈ [0 , ∞), de (6.9), seque que
z = f(x , y)
q
.
= 1 − x2 − y2 , para cada (x , y) ∈ D(f) , (6.10)
.
onde D(f) = (x , y) ∈ R2 ; x2 + y2 ≤ 1 , (6.11)
ou seja, os pontos que est~ao no interior e na fronteira da circunfer^encia unitaria (ou seja, o crculo
.
unitario) de centro na origem O = (0 , 0), contida no plano xOy.
Abaixo temos as representaco~es geometricas do domnio e do graco da func~ao f.
Observação 6.1.4
2
6.1. DEFINIC ~
OES E EXEMPLOS 171
Observação 6.1.5
2. Para obter a representac~ao geometrica do graco da func~ao f, dada por (6.12), acima no
software MapleV basta digitar:
Uma classe importante de exemplos de funco~es de varias variaveis e dada pelas denico~es abaixo.
Diremos que a func~ao f : R2 → R e uma função linear, se puder ser colocada
Definição 6.1.2
na seguinte forma
.
f(x , y) = a x + b y , para cada (x , y) ∈ R2 , (6.14)
onde a , b ∈ R s~ao xados.
Observação 6.1.6 A representac~ao geometrica do graco de uma func~ao linear, dada por (6.14),
sera um plano, que chamaremos de π, em R3 , que passa pela origem O =. (0 , 0 , 0), ou seja, um
plano que tem uma equac~ao geral dada por:
π : ax + by − z = 0. (6.15)
Observação 6.1.7 Para obter a representac~ao geometrica do graco da func~ao f, dada por
(6.16), no software MapleV, basta digitar:
plot3d(2*x-3*y,x=-1..1,y=-1..1,axes=BOXED,grid=[30,30]); hEnteri
Resolução:
A representac~ao geometrica do seu graco e dada pela gura abaixo:
2
Observação 6.1.10 Para obter a representac~ao geometrica do graco da func~ao f, dada por
(6.20), no software MapleV, basta digitar:
plot3d(x+3*y-2,x=-1..1,y=-1..1,axes=BOXED,grid=[30,30]); hEnteri
Em geral temos a:
Definição 6.1.5 Uma func~ao f : Rn → R sera dita função linear-afim, se puder ser colocada
na forma
.
f(x1 , x2 , · · · , xn ) = a1 x1 + a2 x2 + · · · + an xn + ao , para cada (x1 , x2 , · · · , xn ) ∈ Rn , (6.21)
Observação 6.1.11 A representac~ao geometrica do graco de uma func~ao linear-am, dada por
(6.21), acima, sera um hiperplano em Rn+1 , a saber, o hiperplano de equac~ao geral sera dada
por:
a1 x1 + a2 x2 + · · · + an xn + ao − z = 0 . (6.22)
.
Definição 6.1.6 Seja p ∈ Z+ = {0 , 1 , 2 , 3 , · · · } xado.
Uma função polinomial de grau p, de duas variáveis, a valores reais, e uma func~ao f :
R2 → R, que pode ser escrita na seguinte forma:
. X
f(x , y) = amn xm yn , para cada (x , y) ∈ R2 , (6.23)
m+n≤p
satisfazendo
m + n = p.
z = x2 ,
contida no plano xOz, em torno do eixo Oz, cuja equac~ao e dada por (veja a gura abaixo)
z = x 2 + y2 .
Observação 6.1.12 Para obter a representac~ao geometrica do graco da func~ao f, dada por
(6.24), no software MapleV, basta digitar:
Resolução:
Neste caso, comparando com (6.23) com (6.25), teremos:
.
a20 = 1 ,
.
a02 = −1 ,
.
a00 = a10 = a01 = a11 = 0 .
z = x2 − y2 .
Observação 6.1.13 Para obter a representac~ao geometrica do graco da func~ao f, dada por
(6.25), no software MapleV, basta digitar:
plot3d(x^ 2-y^ 2,x=-1..1,y=-1..1,axes=BOXED,grid=[40,40]); hEnteri
Temos tambem o:
Exemplo 6.1.9 A func~ao f : R2 → R, dada por
2
. x y2
f(x , y) = 2 + 2 , para cada (x , y) ∈ R2 , (6.26)
a b
e uma func~ao polinomial, de grau 2, de duas variaveis reais, onde a , b > 0 est~ao xos.
Obtenha a representac~ao geometrica do graco da func~ao f.
Resolução:
Neste caso, comparando (6.23) com (6.26), teremos:
. 1
a20 = 2 ,
a
. 1
a02 = 2 ,
b
.
a00 = a10 = a01 = a11 = 0 .
176 CAPITULO 6. FUNC ~
OES
A VALORES REAIS, DE VARIAS
VARIAVEIS
Como foi visto na disciplina de Geometria Analtica, a representac~ao geometrica do seu graco e
o paraboloide elptico, a saber:
x2 y2
z= + .
a2 b2
Em geral, temos a:
Definição 6.1.7 Seja m ∈ Z+ . Uma função polinomial de grau m, de n-variáveis, a valores
reais,
e uma func~ao do tipo: f : Rn → R, que pode ser escrita na seguinte forma:
. X
f(x1 , x2 , · · · , xn ) = ak1 k2 ···kn x1k1 x2k2 · · · xnkn , para (x1 , x2 , · · · , xn ) ∈ Rn , (6.27)
0≤k1 +k2 +···kn ≤m
ak1 k2 ···kn 6= 0 ,
k1 + k2 + · · · + kn = m .
Com isto podemos introduzir uma outra classe de funco~es, que tambem sera importante, a saber:
for uma func~ao limitada no conjunto [A ∩ Br (p)] \ {p}, ou seja, existe M > 0, de modo que
onde
.
Br (p) = {x ∈ Rn ; kx − pk < r} .
Resolução:
De fato, pois se considerarmos
.
M = 2,
segue que
(6.32)
|f(x , y)| = | sen x2 y + cos x y2 |
≤ | sen x2 y | + | cos x y2 |
| {z } | {z }
≤1 ≤1
≤1+1=2
= M,
quando x → 0,
1 visto na disciplina de Calculo I
teremos: f x , x2 = → ∞,
x + x4
2
mostrando que a func~ao f não pode se uma func~ao limitada em A = R2 \ {(0 , 0)}.
Por outro lado, se
Po = (xo , yo ) ∈ A ,
esta xo (logo Po 6= (0 , 0)), teremos
.
d = d(Po , O) = d [(xo , yo ) , (0 , 0)]
= k(xo , yo ) − (0 , 0)k
q
= (xo − 0)2 + (yo − 0)2
q
= xo2 + yo2 > 0 ,
= k(x , y) − (0 , 0)k2
= {d[(x , y) , (0 , 0)]}2
(6.34) d 2
> . (6.35)
2
Logo, considerando-se, 2
. 2
M= ≥ 0,
d
notamos que, se (x , y) ∈ Br (Po ), segue que
(6.33) 1
|f(x , y)| =
x + y2
2
(6.35) 1
< 2
d
2
2
2
=
d
= M,
ou seja, a func~ao f sera uma func~ao limitada em Br (Po ), ou ainda, a func~ao f e uma func~ao limitada
.
em cada ponto Po ∈ A = R2 \ {(0 , 0)}, completando a resoluc~ao.
2
Observação 6.1.15 Lidaremos, mais adiante, com a primeira diculdade ja observada acima,
a saber, representar geometricamente o graco de func~oes a valores reais, de duas variaveis.
Para facilitar, em algumas situac~oes, este estudo podemos olhar certos subconjuntos relacio-
nados com o graco da mesma, que ser~ao exibidos na proxima sec~ao.
A representac~ao geometrica do graco de uma func~ao de duas variaveis não e, em geral, tarefa
facil.
Um recurso util e olharmos algumas curvas, sobre a representac~ao geometrica graco, cuja repre-
sentac~ao geometrica podem ser mais simples de serem apresentadas geometricamente.
Uma classe importante de curvas, que est~ao relacionadas com graco de uma func~ao de duas
variaveis reais, a valores reais, e dada pela:
Observação 6.2.1
1. O conjunto f−1 ({c}), denido acima, tambem e denominado por imagem inversa, pela fun-
ção f, do conjunto {c}.
2. o conjunto f−1 ({c}) e formado por todos os elementos do domnio da func~ao f, cujas
imagem s~ao iguais a c.
3. Notemos que graco da func~ao f e um subconjunto de R3 .
Por outro lado, uma curva de nvel, associada a func~ao f, como acima, sera um sub-
conjunto do conjunto A, isto e, do domnio da func~ao f, e portanto um subconjunto de
R2 .
4. A func~ao f assume um mesmo valor (isto e, e constante) sobre os pontos de uma curva
de nvel xada.
5. Se c 6∈ Im(f) ent~ao a curva de nvel c, associada a func~ao f, sera o conjunto vazio.
De fato, pois como c 6∈ Im(f), segue que não existe
Portanto o conjunto
.
f−1 ({c}) = {(x , y) ∈ A ; f(x , y) = c}
= ∅.
6. Uma curva de nvel c, associada a func~ao f, como acima, pode ser obtida, geometrica-
mente, como a intersecc~ao do plano
z = c,
Resolução:
Notemos que a representac~ao geometrica do graco da func~ao f e o plano (veja a gura abaixo a
esquerda)
z = k.
Observemos que neste caso, as curvas de nvel c = k, associadas a func~ao f, ser~ao todas as curvas
que est~ao contidas no plano xOy pois, para qualquer curva, que indicaremos por C , contida no plano
xOy teremos
f(x , y) = k , para cada (x , y) ∈ C .
Por outro lado, se c 6= k, n~ao teremos curvas de nvel c, ou seja, sera o conjunto vazio, pois neste
caso
f(x , y) = k 6= c , para todo (x , y) ∈ R2 .
Logo podemos concluir que:
∅, se c 6= k
f−1 ({c}) = . (6.38)
R2 , se c = k
2
Observação 6.2.2 Se, no Exemplo 6.2.1 acima, tivermos k = 5, temos que a representac~ao
geometrica do graco de f e suas curvas de nvel ser~ao dadas pelas guras abaixo.
e
with(plots): hEnteri
e depois
182 CAPITULO 6. FUNC ~
OES
A VALORES REAIS, DE VARIAS
VARIAVEIS
contourplot(5,x=-10..10,y=-10..10); hEnteri
Temos tambem o:
Exemplo 6.2.2 Sejam a , b , c ∈ R xados e consideremos f : R2 → R, a func~ao dada por
.
f(x , y) = a x + b y + c , para cada (x , y) ∈ R2 . (6.39)
Encontre algumas curvas de nvel e a representac~ao geometrica do graco da func~ao f.
Resolução:
Notemos que a representac~ao geometrica do graco da func~ao
z = f(x , y)
e o plano de R3 , que tem por equac~ao geral
π : a x + b y + (−1) z + c = 0 .
A curva de nvel z = k associada a func~ao f sera a curva, do plano xOy, que t^em equac~ao geral
(no plano xOy) dada por:
a x + b y + (−1) k + c = 0 ,
isto e, sera uma reta do plano xOy que t^em equac~ao geral na forma:
r : ax + by = k − c.
Logo as curvas de nvel, a associadas a func~ao f, ser~ao retas que t^em equac~ao geral da forma
r : ax + by = k − c,
contidas no plano xOy, ou ainda, todas as retas paralelas a reta que tem equac~ao geral dada por:
ax + by = 0,
Observação 6.2.3
temos que a representac~ao geometrica do graco da func~ao f e suas curvas de nvel ser~ao
dadas pela gura abaixo.
Observemos que neste caso as curvas de nvel ser~ao as retas do plano xOy da forma
2x − 3y − 1 = c,
e
with(plots): hEnteri
e depois
contourplot(2*x-3*y-1,x=-10..10,y=-10..10); hEnteri
Temos tambem o:
Exemplo 6.2.3 Sejam a , b numeros reais, n~ao nulos, xados e consideremos a func~ao f : R2 →
R dada por
2
. x y2
f(x , y) = 2 + 2 , para cada (x , y) ∈ R2 . (6.40)
a b
Encontre algumas curvas de nvel e a representac~ao geometrica do graco da func~ao f.
Resolução:
Observemos que se
a 6= b ,
a representac~ao geometrica graco da func~ao f, dada por (6.40), nos fornecera um paraboloide elptico
e se
a=b
teremos um paraboloide de revoluc~ao (visto na disciplina de Geometria Analtica, mais especica-
mente, no estudo das Quadricas).
Assim as curvas de nvel c associadas a func~ao f ser~ao:
para a 6= b teremos, no plano xOy,
x2 y2
2
+ 2
=c
a
b
∅ , se c < 0
se, e somente se, (0 , 0) , se c = 0 ,
elipse , se c > 0
contida no plano xOy.
184 CAPITULO 6. FUNC ~
OES
A VALORES REAIS, DE VARIAS
VARIAVEIS
x2 y2
+ =c
a2 a2
∅ , se c < 0
(0 , 0) , se c = 0
se, e somente se, . ,
circunfer^encia de centro no ponto O = (0 , 0) e
√
raio igual a a c , se c > 0
contida no plano xOy.
Observação 6.2.4
no plano xOy.
Para ver isto, isto basta estudarmos a equac~ao
x2 y2
+ = c,
4 9
no plano xOy, para cada c ∈ R.
e
6.2. CURVAS DE NIVEL 185
with(plots): hEnteri
e depois
Temos tambem o:
Exemplo 6.2.4 Consideremos a func~ao f : R2 \ {(0 , 0)} → R, dada por
1
, se (x , y) 6= (0 , 0)
.
f(x , y) = x + y2
2 . (6.41)
0, se (x , y) = (0 , 0)
Observação 6.2.5 Para obter a representac~ao geometrica do graco da func~ao f, dada por
(6.41), no software MapleV, basta digitar:
plot3d(1/fx^ 2+y^ 2g,x=-3..3,y=-3..3,axes=BOXED,grid=[40,40], view=0..10 ); hEnteri
186 CAPITULO 6. FUNC ~
OES
A VALORES REAIS, DE VARIAS
VARIAVEIS
e
with(plots): hEnteri
e depois
contourplot(1/fx^ 2+y^ 2g,x=-3..3,y=-3..3); hEnteri
Temos tambem o:
Exemplo 6.2.5 Consideremos f : R2 → R a func~ao dada por
.
f(x , y) = x2 − y2 , para cada (x , y) ∈ R2 . (6.42)
x2 − y2 = c ,
contidas no plano xOy, isto e, s~ao hiperboles no plano xOy (veja a gura abaixo a direita).
A representac~ao geometrica do graco da func~ao f e o paraboloide hiperbolico (tambem conhecida,
em Geometria Analtica, por sela - veja gura abaixo a esquerda).
Observação 6.2.6 Para obter a representac~ao geometrica do graco da func~ao f, dada por
(6.42) acima, no software MapleV, basta digitar:
plot3d(x^ 2-y^ 2,x=-3..3,y=-3..3,axes=BOXED,grid=[40,40]); hEnteri
e
with(plots): hEnteri
e depois
contourplot(x^ 2-y^ 2,x=-3..3,y=-3..3); hEnteri
se, e somente, se x = 0.
Por outro lado, se c ∈ R, c 6= 0, a curva de nvel c, associada a func~ao f, sera uma curva do plano
xOy dada por:
x
= c,
x + y2 + 1
2
x
ou seja, x2 + y2 + 1 = ,
c
x
ou ainda, x − + 1 + y2 = 0 ,
2
c
1 2
1
isto e, x− + y2 + 1 − 2 = 0 ,
2c | {z4 c }
4c2 −1
4 c2
c 1 − 4 c2
ou seja, x− + y2 = ,
2 4 c2
ou seja:
temos que
1
se 0 < c2 < e c 6= 0 ,
4
1 1
isto e, − <c< ,
2 2
1
a curva de nvel c associada a func~ao f, sera a circunfer^encia centrada no ponto , 0 e raio
p 2c
1 − 4 c2
igual a (veja a gura abaixo, a direita);
2 |c|
se
c = 0,
a curva de nvel 0, associada a func~ao f, sera a reta
x = 0, isto e, o eixo Oy
(veja gura acima a direita);
e nalemnte:
1
se c2 > ,
4
1 1
isto e, c<− ou c> ,
2 2
a curva de nvel c, associada a func~ao f, sera o conjunto sera vazio,
188 CAPITULO 6. FUNC ~
OES
A VALORES REAIS, DE VARIAS
VARIAVEIS
Observação 6.2.7 Para obter a representac~ao geometrica do graco da func~ao f, dada por
(6.43), no software MapleV, basta digitar:
plot3d(x/(x^ 2 + y^ 2 + 1),x=-5..5,y=-5..5,axes=BOXED,grid=[40,40]); hEnteri
e
with(plots): hEnteri
e depois
contourplot(x/(x^ 2 + y^ 2 + 1),x=-5..5,y=-5..5); hEnteri
x2 + y2 − z = c
z = x2 ,
Observação 6.3.2 Para obter a representac~ao geometrica das superfcies de nvel c, para
c = 0 , 10 , 20 e − 10 ,
associada a func~ao f, dada por (6.44) acima, no software MapleV, basta digitar:
with(plots): hEnteri
e depois
implicitplot3d([x^ 2+ y^ 2-z=0,x^ 2+y^ 2-z=10,x^ 2+y^ 2-z=20,x^ 2+y^ 2 -z=-10]
,x=-5..5,y=-5..5, z=-15..15,grid=[20,20,20],color=grey, axes=BOXED); hEnteri
190 CAPITULO 6. FUNC ~
OES
A VALORES REAIS, DE VARIAS
VARIAVEIS
Capı́tulo 7
δ = δ (~xo , ε) > 0 ,
de modo que, se ~x ∈ A,
Observação 7.1.1
191
192 CAPITULO 7. LIMITE E CONTINUIDADE
se, e somente se, dado ε > 0, podemos encontrar δ = δ(~xo , ε) > 0, de modo que
veja (F.29), no Ap^endice F
f (Bδ (~xo ) ∩ A\{~xo }) ⊆ Bε (L) = (L − ε , L + ε) . (7.3)
Logo
lim f(~x) = L
~x→~xo
(ou seja, um intervalo aberto do tipo (L − ε , L + ε) - veja (F.29), no Ap^endice F), podemos
encontrar uma bola aberta
Bδ (~xo ) ⊆ Rn ,
de centro em ~xo , de modo que
se ~x ∈ (Bδ (~xo ) ∩ A) \ {~xo } ,
deveremos ter f(~x) ∈ Bε (L) , (7.4)
que, geometricamente, corresponde a gura abaixo:
4. No caso em que n = 2, isto e, para func~oes de duas variaveis reais, a valores reais, se
considerarmos
~x = (x , y) e ~xo = (xo , yo ) ,
denotaremos o limite
lim f(~x) = L
~x→~xo
de modo que, se (x , y) ∈ A
satisfaz 0 < k(x , y) − (xo , yo )k < δ ,
deveremos ter |f(x , y) − L| < ε , (7.6)
onde k · k denota a norma usual de R2 (veja (F.8), no Ap^endice F).
7.1. LIMITE 193
Resolução:
Do item 1. :
Tomando-se
. (7.8)
L = k = f(xo , yo )
temos que, dado ε > 0, consideremos
.
δ = ε > 0. (7.10)
Logo, se (x , y) ∈ R2
satisfaz 0 < k(x , y) − (xo , yo )k < δ ,
(7.8)
teremos: |f(x , y) − k| = |k − k|
= 0 < ε.
Observação 7.1.2
Do item 2. :
Tomando-se
. (7.9)
L = xo = f(xo , yo ) ,
dado ε > 0, consideremos
.
δ = ε > 0. (7.14)
Logo, se (x , y) ∈ R2
Observação 7.1.3
Resolução:
A resoluc~ao deste e semelhante ao item 2. do Exemplo 7.1.1 acima por isso, sua resoluc~ao sera
deixada como exerccio para o leitor.
2
Temos tambem o:
Exemplo 7.1.2 Seja f : R2 \ {(0 , 0)} → R, a func~ao dada por
2 2
. x −y
f(x , y) = 2 , para cada (x , y) ∈ R2 \ {(0 , 0)} . (7.21)
x + y2
Verique se existe o limite de f(x , y), quando (x , y) tende para (0 , 0), isto e, se existe
lim f(x , y) .
(x ,y)→(0 ,0)
Resolução:
.
Consideremos uma bola de centro em O = (0 , 0) e raio δ > 0 qualquer, isto e,
Bδ ((0 , 0)) ,
para δ > 0 e vamos analisar os valores da func~ao f em pontos desta bola aberta, excetuando-se o ponto
.
O = (0 , 0).
Notemos que
se (x , 0) ∈ Bδ ((0 , 0)) , para x 6= 0 ,
(x ,0)6=(0 ,0) e (7.21) x2 − 02
teremos: f(x , 0) =
x2 + 02
=1 (7.22)
e se (0 , y) ∈ Bδ ((0 , 0)) , para y 6= 0 ,
(0 ,y)6=(0 ,0) e (7.21) 0 2 − y2
teremos: f(0 , y) =
0 2 + y2
= −1 , (7.23)
ou seja, temos pontos na bola aberta
Bδ ((0 , 0))
que ser~ao levados, pela func~ao f, no valor 1 (a saber, (x , 0) ∈ Bδ ((0 , 0)) - veja a gura abaixo) e pontos
dessa mesma bola aberta, que s~ao levados pela func~ao f no valor −1 (a saber, (0 , y) ∈ Bδ ((0 , 0)) -
veja a gura abaixo).
196 CAPITULO 7. LIMITE E CONTINUIDADE
2ε < 1,
pois este intervalo deveria conter os pontos −1 e 1 e assim seu comprimento deveria ser maior que 2.
Desta forma, não podera existir o limite da func~ao f, quando (x , y) tende para (0 , 0), isto e,
não existe
lim f(x , y) ,
(x ,y)→(0 ,0)
nalizando a resoluc~ao.
2
Este exemplo motiva o seguinte resultado:
Teorema 7.1.1 Sejam A ⊆ Rn um subconjunto n~ao vazio, f : A → R uma func~ao, ~xo um ponto
de acumulac~ao do conjunto A, em Rn .
Suponhamos que exista
lim f(~x) = L . (7.24)
~x→~xo
Ent~ao teremos:
lim f [γ(t)] = L . (7.26)
t→to
7.1. LIMITE 197
Demonstração:
De fato, como existe o limite lim f(~x) e
~x→~xo
lim f(~x) = L ,
~x→~xo
de modo que, se ~x ∈ A,
satisfaz 0 < k~x − ~xo k < δ1 ,
deveremos ter |f(~x) − L| < ε . (7.27)
Assim, como γ : I → Rn e uma curva parametrizada segue, em particular, que ela e uma func~ao
vetorial contnua em to (veja o item 1. da Denic~ao G.3.1, do Ap^endice G).
Logo, dado δ1 > 0, poderemos encontrar
δ > 0,
de modo que, se t ∈ I
satisfaz |t − to | < δ ,
deveremos ter kγ(t) − ~xo
|{z}
k = kγ(t) − γ(to )k
(7.25)
= γ(to )
< δ1 . (7.28)
Assim, de (7.28), se t ∈ I,
satisfaz 0 < |t − to | < δ ,
de (7.28), segue que: kγ(t) − ~xo k < δ1 (7.29)
e γ(t) ∈ A , para cada t ∈ I \ {to } .
Observação 7.1.4
1. A grosso modo, o Teorema 7.1.1 acima nos diz que, para qualquer curva parametrizada
que escolhamos para nos aproximar do ponto ~xo (cujo traco esta contido no domnio da
func~ao f), os valores da func~ao f, nos pontos desta curva parametrizada, dever~ao car
proximos do valor L, desde que exista o limite lim f(~x) e seja igual ao valor L (veja a
~x→~xo
gura abaixo).
198 CAPITULO 7. LIMITE E CONTINUIDADE
s~ao duas curvas parametrizadas, satisfazendo as condic~oes do Teorema 7.1.1 e tais que
lim γ1 (t) = lim γ2 (t) = x~o
t→to t→to
com L1 6= L2 , (7.30)
Esta pode ser uma forma de mostrar a NÃO exist^encia de um limite, para func~oes a
valores reais, de varias variaveis reais.
3. Podemos mostrar a não exist^encia do limite no Exemplo 7.1.2 usando o Teorema 7.1.1,
ou ainda o item 2. desta Observac~ao.
Deixaremos a vericac~ao deste fato com exerccio para o leitor.
4. Na verdade, nas hipotese do Teorema 7.1.1, não utilizamos o fato que γ : I → Rn fosse
uma curva parametrizada, isto e, uma func~ao vetorial contnua em to .
Na verdade, olhando a demonstrac~ao do Teorema 7.1.1 com cuidado vemos que, basta que
a func~ao vetorial γ : I → Rn satisfaca as seguinte condic~oes:
γ(t) ∈ A , para cada t ∈ I
e lim γ(t) = ~xo . (7.31)
t→to
2.
y4
lim ; (7.34)
(x ,y)→(0 ,0) x3 + y4
3.
x y2
lim . (7.35)
(x ,y)→(0 ,0) x2 + y4
Resolução:
Do item 1.:
Seja f : R2 \ {(0 , 0)} → R, a func~ao dada por
. x2
f(x , y) = , para cada (x , y) ∈ R2 \ {(0 , 0)} . (7.36)
x2 + y4
γ1 (0) = (0 , 0)
| {z }
=~xo
(7.37)
e lim f[γ1 (t)] = lim f[(t , 0)]
t→0 t→0
(7.36) com t6=0 t2
= lim
t→0 t2 + 04
= 1. (7.38)
= 0. (7.40)
Logo, de (7.38), (7.40) e do Teorema 7.1.1, segue que n~ao existe o limite
x2
lim .
(x ,y)→(0 ,0) x2 + y4
Do item 2.:
7.1. LIMITE 201
. y4
f(x , y) = , para cada (x , y) ∈ R2 \ {(0 , 0)} . (7.41)
x3 + y4
γ1 (0) = (0 , 0)
| {z }
=~xo
(7.42)
e lim f[γ1 (t)] = lim f[(t , 0)]
t→0 t→0
(7.41) com t6=0 04
= lim
t→0 t3 + 04
= 0. (7.43)
γ2 (0) = (0 , 0)
| {z }
=~xo
(7.44)
e lim f[γ2 (t)] = lim f[(0 , t)]
t→0 t→0
(7.41) com t6=0 t4
= lim
t→0 03 + t4
= 1. (7.45)
202 CAPITULO 7. LIMITE E CONTINUIDADE
Logo, de (7.43), (7.45) e do Teorema 7.1.1, segue que n~ao existe o limite
y4
lim .
(x ,y)→(0 ,0) x3 + y4
Do item 3.:
Seja f : R2 \ {(0 , 0)} → R a func~ao dada por
. x y2
f(x , y) = , para cada (x , y) ∈ R2 \ {(0 , 0)} . (7.46)
x2 + y4
.
γ1 (t) = (t , 0) , para cada t ∈ R, (7.47)
γ1 (0) = (0 , 0)
| {z }
=~xo
(7.47)
e lim f[γ1 (t)] = lim f[(t , 0)]
t→0 t→0
(7.46) com t6=0 t · 02
= lim
t→0 t2 + 04
= 0. (7.48)
.
γ2 (t) = (0 , t) , para cada t ∈ R , (7.49)
7.1. LIMITE 203
γ2 (0) = (0 , 0)
| {z }
=~xo
(7.49)
e lim f[γ2 (t)] = lim f[(0 , t)]
t→0 t→0
(7.46) com t6=0 0 · t2
= lim
t→0 02 + t4
= 0,
.
γ3 (t) = t2 , t , para cada t ∈ R , (7.50)
204 CAPITULO 7. LIMITE E CONTINUIDADE
γ3 (0) = (0 , 0)
| {z }
=~xo
(7.50)
h i
e lim f[γ3 (t)] = lim f t2 , t
t→0 t→0
(7.46) com t6=0 t2 · t 2
= lim
t→0 t4 + t4
1
= . (7.51)
2
completando a resoluc~ao.
2
Como aconteceu na disciplina de Calculo 1 (para funco~es de uma variavel real, a valores reais) não
e preciso muito esforco para que nos convencamos que estudar a exist^encia de um limite utilizando,
sempre, a Denic~ao 7.1.1, sera uma tarefa ardua.
Neste sentido vamos procurar estabelecer certas propriedades do limite introduzida acima, que nos
permitam ampliar bastante a classe de funco~es para as quais podemos vericar a exist^encia do limite
e o calculo do seu valor, simplesmente conhecendo-se a exist^encia dos correspondentes limites, para
algumas funco~es elementares.
Um resultado nesta direc~ao e a dado pela:
Proposição 7.1.1 Sejam A ⊆ Rn um subconjunto n~ao vazo, f, g, h : A → R func~oes, ~xo ponto
de acumulaca~o de A, em Rn , e α ∈ R.
1. Suponhamos que existam os limites lim f(~x) e lim g(~x) e, alem disso,
~x→~xo ~x→~xo
Ent~ao
7.1. LIMITE 205
f
(c) se L2 6= 0, existe o limite lim (~x).
~x→~xo g
Alem disso, teremos
f L1
lim (~x) = ,
~x→~xo g L2
lim f(~x)
f ~x→~xo
isto e, lim (~x) = . (7.55)
~x→~xo g lim g(~x)
~x→~xo
1
Em particular, existe o limite lim (~x).
~x→~xo g
Alem disso, teremos
1 1
lim (~x) = ,
~x→~xo g L2
1 1
isto e, lim (~x) = . (7.56)
~x→~xo g lim g(~x)
~x→~xo
lim f(~x) = L .
~x→~xo
lim f(~x) = 0 ,
~x→~xo
206 CAPITULO 7. LIMITE E CONTINUIDADE
4. Temos que
lim f(~x) = L
~x→~xo
Ent~ao teremos
L1 ≤ L2 ,
isto e, lim f(~x) ≤ lim g(~x) . (7.62)
~x→~xo ~x→~xo
= lim f(~x)
~x→~xo
8. (Teorema da conservação do sinal) Suponhamos que exista o limite lim f(~x) e que
~x→~xo
Demonstração:
As demonstraco~es dos itens acima s~ao semelhantes as que foram feitas na disciplina de Calculo 1,
para funco~es de uma variavel real, a valores reais.
Por isso faremos apenas a demonstrac~ao do item 1a. .
As outras demonstraco~es ser~ao deixadas como exerccio para o leitor.
De 1a. :
Dado ε > 0, pela Denic~ao 7.1.1, precisamos encontrar
δ > 0,
de modo que se ~x ∈ A
Observemos que
δ1 > 0 ,
de modo que, se ~x ∈ A
2. como existe o limite lim g(~x) e lim g(~x) = L2 , pela Denic~ao 7.1.1, podemos encontrar
~x→~xo ~x→~xo
δ2 > 0 ,
de modo que, se ~x ∈ A
Seja
.
δ = min{δ1 , δ2 } > 0 .
teremos
Portanto, pela Denic~ao 7.1.1, existira o limite lim (f + g)(~x), alem disso, teremos:
~x→~xo
Observação 7.1.5
para (x , y) ∈ R2 .
7.1. LIMITE 209
Alem disso, se
lim q(~x) = q(~xo ) 6= 0 ,
~x→~xo
p
temos que existira o limite lim (~x).
~x→~xo q
Os detalhes das demonstrac~oes destes fatos ser~ao deixadas como exerccio para o leitor.
2.
x+y
lim x sen . (7.79)
(x ,y)→(0 ,0) x 2 − y3
3.
x3
lim . (7.80)
(x ,y)→(0 ,0) x2 + y4
Resolução:
De 1.:
Consideremos as funco~es f, g : R2 → R, dadas por
.
f(x , y) = x5 + y4 − 2 (7.81)
.
e g(x , y) = x2 + y4 + 1 , para cada (x , y) ∈ R . 2
(7.82)
210 CAPITULO 7. LIMITE E CONTINUIDADE
Dos dos itens 1 e 2. do Exemplo 7.1.1, do Exerccio 7.1.1 e dos itens 1a. e 1b. da Proposic~ao 7.1.1,
segue que
(7.81)
lim f(x , y) = lim x 5 + y4 − 2
(x ,y)→(1,−1) (x ,y)→(1 ,−1)
(7.53)
= lim x5 + lim y4 − lim 2
(x ,y)→(1 ,−1) (x ,y)→(1 ,−1) (x ,y)→(1 ,−1)
5 4
(7.54)
= lim x + lim y − lim 2
(x ,y)→(1 ,−1) (x ,y)→(1 ,−1) (x ,y)→(1 ,−1)
. ,−1)
(7.9) ,(7.20) ,(7.8) , com (xo ,yo )=(1
= 15 + (−1)4 − 2
= 0. (7.83)
Pelos mesmos motivos acima, teremos
(7.82)
lim g(x , y) = lim x2 + y4 + 1
(x ,y)→(1 ,−1) (x ,y)→(1 ,−1)
(7.53)
= lim x2 + lim y4 + lim 1
(x ,y)→(1 ,−1) (x ,y)→(1 ,−1) (x ,y)→(1 ,−1)
2 4
(7.54)
= lim x + lim y + lim 1
(x ,y)→(1 ,−1) (x ,y)→(1 ,−1) (x ,y)→(1 ,−1)
. ,−1)
(7.9) ,(7.20) ,(7.8) , com (xo ,yo )=(1
= 12 + (−1)4 + 1
= 3 6= 0 . (7.84)
Logo, do item 3. da Proposic~ao 7.1.1, segue que
lim f(x , y)
x5 + y4 − 2 (7.81) e (7.82) (x ,y)→(1 ,−1)
lim =
(x ,y)→(1 ,−1) x2 + y4 + 1 lim g(x , y)
(x ,y)→(1 ,−1)
(7.83),(7.84) 0
=
3
= 0. (7.85)
x5 + y4 − 2
Portanto, existe o limite lim e, alem disso, teremos
(x ,y)→(1 ,−1) x2 + y4 + 1
x5 + y4 − 2 (7.85)
lim = 0.
(x ,y)→(1 ,−1) x2 + y4 + 1
De 2.:
.
Consideremos as funco~es f : R2 → R e g : A = R2 \ (x , y) ∈ R2 ; y3 = x2 → R, dadas por
.
f(x , y) = x , para cada (x , y) ∈ R2 (7.86)
. x+y
e g(x , y) = sen , para cada (x , y) ∈ A . (7.87)
x2 − y3
Observemos que
lim f(x , y) = lim x
(x ,y)→(0 ,0) (x ,y)→(0 ,0)
item 2. do Exemplo 7.1.1, com (xo , yo ) =. (0 , 0)
= 0. (7.88)
7.1. LIMITE 211
Alem disso,
x + y
|g(x , y)| = sen
x 2 − y3
≤ 1, para cada (x , y) ∈ A . (7.89)
Logo, do item 3. da Proposic~ao 7.1.1, segue que
(7.86) e (7.87)
x+y
lim x sen = lim [f(x , y) g(x , y)]
(x ,y)→(0 ,0) x2 − y3 (x ,y)→(0 ,0)
(G.34)
0. = (7.90)
x+y
Portanto, existe o limite lim x sen e, alem disso, teremos
(x ,y)→(0 ,0) x 2 − y3
(7.90)
x+y
lim x sen 2 3
= 0.
(x ,y)→(0 ,0) x −y
De 3.:
.
Consideremos as funco~es f : R2 → R e g : A = R2 \ {(0 , 0)} → R, dadas por
.
f(x , y) = x , para cada (x , y) ∈ R2 (7.91)
. x2
e g(x , y) = , para cada (x , y) ∈ A . (7.92)
x 2 + y4
Observemos que
(7.91)
lim f(x , y) = lim x
(x ,y)→(0 ,0) (x ,y)→(0 ,0)
item 2. do Exemplo 7.1.1 , com (xo , yo ) =. (0 , 0)
= 0. (7.93)
Alem disso,
x2
(7.92)
|g(x , y)| = 2
x + y4
x2 ≤x2 +y4 x2 + y4
≤ 2
x + y4
x3 (7.95)
lim 2 4
= 0,
(x ,y)→(0 ,0) x + y
212 CAPITULO 7. LIMITE E CONTINUIDADE
completando a resoluc~ao.
2
Observação 7.1.6
Vale observar que no item 3. do Exemplo 7.1.4 acima, NÃO podemos aplicar:
1. o item 1b. da Proposic~ao 7.1.1, isto e, limite do produto e igual ao produto dos limites.
De fato, como vimos no item 1. do Exemplo 7.1.3, não existe o limite
x2
lim = lim g(x) ;
(x ,y)→(0 ,0) x2 + y4 (x ,y)→(0 ,0)
2. o item 1c. da Proposic~ao 7.1.1 isto e, limite do quociente e igual ao quociente dos limites.
De fato, pois o limite do denominador em quest~ao e zero, como mostra:
(7.53)
lim x2 + y4 = lim x2 + lim y4
(x ,y)→(0 ,0) (x ,y)→(0 ,0) (x ,y)→(0 ,0)
2 4
(7.54)
= lim x + lim y
(x ,y)→(0 ,0) (x ,y)→(0 ,0)
. ,−1)
(7.9) ,(7.20) , com (xo ,yo )=(1
= 0+0
= 0.
Para aumentar ainda mais a classe de func~oes a valores reais, de varias variaveis reais, para as
quais possamos garantir a exist^encia do limite e saber calcular seu valor, temos o seguinte importante
resultado:
Teorema 7.1.2 Sejam A ⊆ Rn um subconjunto n~ao vazio de Rn , f : A → R uma func~ao e ~xo
um ponto de acumulac~ao do conjunto A, em Rn , de modo que existe o limite lim f(~x) e, alem
~x→~xo
disso,
lim f(~x) = L . (7.96)
~x→~xo
Demonstração:
Da disciplina de Calculo 1, dado ε > 0, como
lim g(t) = M ,
t→L
δ1 > 0
podemos encontrar
δ > 0,
de modo que, se ~x ∈ A
δ > 0,
de modo que, se ~x ∈ A
mostrando, pela Denic~ao 7.1.1, que existe o limite lim g [f (~x)] e, alem disso, que
~x→~xo
lim g[f(~x)] = M ,
~x→~xo
Observação 7.1.7
1. O Teorema 7.1.2 acima, pode ser visto como um modo de "mudar de variaveis" no limite
considerado.
Isto pode ser visto da seguinte forma: queremos calcular o seguinte limite (caso exista):
lim g [f (~x)] . (7.101)
~x→~xo
ou, a grosso modo, podemos "trocar" o limite, quando ~x → ~xo , com a func~ao g.
Apliquemos as ideias acima ao:
Exemplo 7.1.5 Mostre que existe e calcule o valor do seguinte limite
!
x3
lim cos . (7.105)
(x ,y)→(0 ,0) x2 + y4
Resolução:
Consideremos a func~ao f : R2 \ {(0 , 0)} → R, dada por
. x3
f(x , y) = , para cada (x , y) ∈ R2 \ {(0 , 0)} . (7.106)
x2 + y4
Lembremos que do item 3. do Exemplo 7.1.4, segue que
(7.106) x3
lim f(x , y) = lim
(x ,y)→(0 ,0) (x ,y)→(0 ,0) x2 + y4
(7.95) .
= 0 = L. (7.107)
Seja g : R → R, a func~ao dada por
.
g(t) = cos(t) , para cada t ∈ R . (7.108)
Da disciplina de Calculo I, segue que a func~ao g e uma func~ao contnua em R, em particular em
(7.107)
t=0 = L.
completando a resoluc~ao.
2
Se a func~ao f e contnua em cada um dos pontos do conjunto A, diremos que ela e contı́nua no
conjunto A ou, simplesmente, contı́nua em A.
Observação 7.2.1
1. Para uma func~ao ser contnua em ~xo , ela precisa estar denida no ponto ~xo (ou seja,
~xo ∈ A), devera existir o limite da func~ao no ponto ~xo e, alem disso, o valor do limite da
func~ao no ponto ~xo deve ser igual ao valor da func~ao no ponto ~xo , ou seja,
existe f(~xo ) ,
existe o limite lim f(~x) ,
~x→~xo
2. Como consequ^encia da Denic~ao 7.1.1 (isto e, da denic~ao de limites para func~oes a
valores reais, de varias variaveis reais) temos que a funca~o f e contnua em ~xo se, e
somente se, dado ε > 0, podemos encontrar
δ > 0,
de modo que, se ~x ∈ A
satisfaz k~x − ~xo k < δ ,
deveremos ter |f(~x) − f (~xo ) | < ε . (7.111)
1.
.
f(x , y) = k , para cada (x , y) ∈ R2 . (7.112)
2.
.
f(x , y) = x , para cada (x , y) ∈ R2 . (7.113)
3.
.
f(x , y) = y , para cada (x , y) ∈ R2 . (7.114)
4. 2
x − y2
2 , (x , y) 6= (0 , 0)
.
f(x , y) = x + y2 (7.115)
0, (x , y) = (0 , 0)
5.
x3
, (x , y) 6= (0 , 0)
.
f(x , y) = x 2 + y2 . (7.116)
0, (x , y) = (0 , 0)
Resolução:
De 1.:
Neste caso basta observar que para cada (xo , yo ) ∈ R2 , do item 1. do Exemplo 7.1.1 (veja (7.11)),
segue que
(7.112)
lim f(x , y) = lim k
(x ,y)→(xo ,yo ) (x ,y)→(xo ,yo )
(7.11)
= k
(7.112)
= f(xo , yo ) ,
ou seja, lim f(x , y) = f(xo , yo ).
(x ,y)→(xo ,yo )
Observemos que, para cada (xo , yo ) ∈ R2 , do item 2. do Exemplo 7.1.1 (veja (7.16)), segue que
(7.113)
lim f(x , y) = lim x
(x ,y)→(xo ,yo ) (x ,y)→(xo ,yo )
(7.16)
= xo
(7.113)
= f(xo , yo ) ,
ou seja, lim f(x , y) = f(xo , yo ) .
(x ,y)→(xo ,yo )
Logo, da Denic~ao 7.2.1, segue que a func~ao f e contnua em cada (xo , yo ) ∈ R2 \ {(0 , 0)}.
Como (xo , yo ) ∈ R2 \ {(0 , 0)} e arbitrario, segue que a func~ao f e contnua em R2 \ {(0 , 0)}.
2. Por outro lado, se
(xo , yo ) = (0 , 0) , (7.118)
armamos que o limite
lim f(x , y)
(x ,y)→(xo ,yo )
218 CAPITULO 7. LIMITE E CONTINUIDADE
n~ao existe.
De fato,
se considerarmos a curva parametrizada γ1 : R → R2 dada por
.
γ1 (t) = (t , 0) , para cada t ∈ R , (7.119)
teremos:
(7.119)
lim f [γ1 (t)] = lim f [(t , 0)]
t→0 t→0
t6=0 e (7.115) t2 − 02
= lim
t→0 t2 + 02
= 1. (7.120)
= 0. (7.122)
Logo, de (7.120), (7.122) e do Teorema 7.1.1, segue que n~ao existe o limite lim f(x , y).
(x ,y)→(0 ,0)
Logo, da Denic~ao 7.2.1, a func~ao f n~ao sera contnua em (0 , 0).
Com isto, de 1. e 2. acima, segue que o maior subconjunto de R2 onde a func~ao f e contnua sera
R2 \ {(0 , 0)} .
De 5.:
Observemos que:
1. Se
(xo , yo ) 6= (0 , 0) , (7.123)
teremos:
(xo ,yo )6=(0 ,0) e (7.116) x3
lim f(x , y) = lim
(x ,y)→(xo ,yo ) (x ,y)→(xo ,yo ) x2 + y2
lim x3
como xo2 + yo2 6= 0 e o item 1c. da Proposic~ao 7.1.1 (x ,y)→(xo ,yo )
=
lim 2
x +y 2
(x ,y)→(xo ,yo )
(7.76) xo3
=
xo2 + yo2
(xo ,yo )6=(0 ,0) e (7.116)
= f(xo , yo ) .
Logo, da Denic~ao 7.2.1, segue que a func~ao f e contnua em cada (xo , yo ) ∈ R2 \ {(0 , 0)}.
Como (xo , yo ) ∈ R2 \ {(0 , 0)} e arbitrario, segue que a func~ao f e contnua em R2 \ {(0 , 0)}.
7.2. CONTINUIDADE 219
Observemos que
(7.125)
lim g(x , y) = lim x
(x ,y)→(0 ,0) (x ,y)→(0 ,0)
.
(7.16), com xo =0
= 0. (7.128)
Alem disso
x2
(7.126)
|h(x)| = 2
x + y2
x2 ≤x2 +y2 x2 + y2
≤ 2
x + y2
(7.116)
= f(0 , 0) .
Demonstração:
As demonstraco~es dessas propriedades seguem dos itens da Proposic~ao 7.1.1 e ser~ao deixadas como
exerccio para o leitor
2
Como consequ^encia da Proposic~ao 7.2.1 acima e do item 3. da Observac~ao 7.1.5, temos o:
Corolário 7.2.1 Toda func~ao polinomial de n-variaveis, e contnua em Rn e toda func~ao raci-
onal de n-variaveis, e contnua no seu domnio.
Demonstração:
Devido ao que foi dito acima, deixaremos os detalhes como exerccio para o leitor.
2
Como consequ^encia do Teorema 7.1.2 temos o:
e contnua em Rn .
Esta aplicac~ao e denominada i-ésima projeção.
Demonstração:
Sejam
i ∈ {1 , 2 , · · · , n} e ~xo = (xo1 , xo2 , · · · , xoi , · · · , xon ) ∈ Rn .
= k~x − ~xo k
(7.132)
< δ
(7.131)
= ε. (7.133)
que pela Denic~ao 7.2.1, implicara que a func~ao πi e contnua em cada ponto ~xo ∈ Rn .
Portanto, para cada i ∈ {1 , 2 , · · · , n}, a func~ao πi e contnua em Rn , como queramos demonstrar.
2
Como consequ^encia do Teorema 7.1.2 e da Proposic~ao 7.2.2 acima, temos o:
Corolário 7.2.3 Sejam g : I ⊆ R → R uma func~ ao contnua em I, onde I e um intervalo aberto
de R, e a func~ao h : D(h) ⊆ R → R e dada por
2
.
h(x , y) = g(x) , para cada (x , y) ∈ D(h) , (7.134)
.
onde D(h) = (x , y) ∈ R2 ; x ∈ I .
O objetivo deste captulo e introduzir a noc~ao de diferenciabilidade para funco~es a valores reais,
de varias variaveis reais, e dar algumas aplicaco~es deste conceito.
Como veremos, a noc~ao de diferenciabilidade para funco~es a valores reais, de varias variaveis reais,
e um pouco mais delicada de se introduzir que no caso de funco~es a valores reais, de uma variavel real
(estudada na disciplina de Calculo 1).
Comecaremos estudando as:
Como (xo , yo ) ∈ A e A e um subconjunto aberto em R2 , temos que existe δ > 0, tal que
Bδ ((xo , yo )) ⊆ A .
223
224 CAPITULO 8. DERIVADAS PARCIAIS
Observação 8.1.2
1. Na situac~ao da Denic~ao 8.1.1 acima, temos que
∂f
(xo , yo ) = g 0 (xo ) (8.3)
∂x
visto da disciplina de Calculo 1 g(x) − g(xo )
= lim
x→xo x − xo
(8.1) f(x , yo ) − f(xo , yo )
= lim
x→xo x − xo
.
∆x=x−xo f(xo + ∆x , yo ) − f(xo , yo )
= lim
∆x→0 ∆x
.
h=∆x f(xo + h , yo ) − f(xo , yo )
= lim . (8.4)
h→0 h
2. Consideremos
. ∂f
B= (x , y) ∈ A ; existe (x , y) .
∂x
∂f
Com isto, temos denida a func~ao : B → R.
∂x
Esta func~ao sera denominada função derivada parcial (de primeira ordem) da função
f em relação à variável x.
Se a funca~o h : D(h) ⊆ R → R, dada por (8.5), for diferenciavel em yo , ent~ao sua derivada
em yo (como na disciplina de Calculo 1), isto e, h 0 (xo ), sera dita derivada parcial (de
primeira ordem) da função f, em relação à variável y, no ponto, e ser a indicada por
∂f ∂z
(xo , yo ) , fy (xo , yo ) , ∂y f(xo , yo ) , (xo , yo ) , zy (xo , yo ) ou ∂y z(xo , yo ) . (8.6)
∂y ∂y
5. Consideremos
. ∂f
C= (x , y) ∈ A ; existe (x , y) .
∂y
∂f
Com isto temos denida a func~ao : C → R.
∂y
Esta funca~o sera denominada função derivada parcial (de primeira ordem) da função f,
em relação à variável y.
∂f ∂f
6. As func~oes derivadas parciais (de primeira ordem) , , denidas nos conjuntos B e C
∂x ∂y
(introduzidos itens 2. e 5. acima), respectivamente, ser~ao denominadas de derivadas parciais
de primeira ordem da função f.
7. A seguir daremos uma interpretac~ao geometrica para as derivadas parciais de 1.a ordem
de uma func~ao f, no ponto (xo , yo ) ∈ A, no caso delas existirem.
226 CAPITULO 8. DERIVADAS PARCIAIS
Lembremos, da disciplina de Calculo I, que g 0 (xo ) nos fornece o valor do coeciente an-
gular da reta tangente a representac~ao geometrica do graco da func~ao g, no ponto xo ,
isto e, e igual tg(α) (veja a gura acima).
No nosso caso, relativamente ao plano
y = yo ,
((xo , yo ) , f(xo , yo )) .
y = yo ,
∂f
(xo , yo ) .
∂x
x = xo ,
((xo , yo ) , f(xo , yo )) .
Lembremos, uma vez mais da disciplina de Calculo I, que h 0 (yo ), e o coeciente angular
da reta tangente a representac~ao geometrica do graco da func~ao h no ponto yo , isto e, e
igual tg(β) (veja a gura acima).
Assim, no nosso caso, relativamente ao plano
x = xo ,
∂f
(xo , yo ) .
∂y
Calcule, se existir,
∂f ∂f
(1 , −1) e (1 , −1) .
∂x ∂y
∂f ∂f
Alem disso, calcule, onde existir , (x , y) e (x , y).
∂x ∂y
Resolução:
Neste caso, temos que
.
(xo , yo ) = (1 , −1) . (8.10)
e, alem disso:
∂f (8.10) ∂f
(1 , −1) = (xo , yo )
∂x ∂x
(8.3)
= g 0 (xo )
(8.10)
xo = 1
= g 0 (1)
(8.11) d 2
= −x
|dx {z }
visto na disciplina de C
alculo 1
= −2x x=1
= [−2 x] |x=1
= −2 .
.
h(y) = f(xo , y)
(8.10)
xo = 1
= f(1 , y)
(8.9) 2
= 1 ·y
= y, para cada y ∈ R, (8.12)
ent~ao, como a func~ao h e diferenciavel em R (do Calculo 1), em particular sera diferenciavel em
yo = −1.
Logo, segue que existe
∂f (8.10) ∂f
(xo , yo ) = (1 , −1)
∂y ∂y
e, alem disso,
∂f (8.10) ∂f
(1 , −1) = (xo , yo )
∂y ∂y
(8.7)
= h 0 (yo )
= h 0 (−1)
(8.12) d
= y
dy
| {z }
=1 y=−1
= 1.
230 CAPITULO 8. DERIVADAS PARCIAIS
∂f .
g(x)=f(x ,yo ) =
(8.9)
x2 yo e (8.3)
(xo , yo ) = g 0 (xo )
∂x
d
= x2 yo
|dx {z
}
visto na disciplina de C
alculo 1
= 2 x yo x=xo
= [2 x yo ]|x=xo
= 2 xo yo , (8.13)
∂f .
h(y)=f(xo ,y) =
(8.9)
xo2 y e (8.7)
(xo , yo ) = h 0 (yo )
∂y
d 2
= xo y
dy
| {z }
visto na disciplina de C
alculo 1
= x2
o y=yo
hi
= xo2
y=yo
= xo2 , (8.14)
isto e, existem as derivadas parciais de primeira ordem da func~ao f em cada ponto (x , y) ∈ R2 e alem
∂f ∂f
disso teremos que as funco~es , : R2 → R ser~ao dadas por
∂x ∂y
∂ (8.13)
f(x , y) = 2 x y
∂x
∂f (8.14)
e (x , y) = x2 , para cada (x , y) ∈ R2 ,
∂y
completando a resoluc~ao.
2
Temos tambem o:
Resolução:
Neste caso
. π
(xo , yo ) = ,0 . (8.16)
2
8.1. DEFINIC ~ DE DERIVADAS PARCIAIS
AO 231
.
g(x) = f(x , yo )
(8.16)
yo = 0
= f(x , 0)
(8.15) 2
= x sen(x) + 0 cos(x)
| {z }
=0
= x sen(y) ,
2
para cada x ∈ R , (8.17)
temos que a func~ao g sera diferenciavel em R (visto na disciplina de Calculo 1), em particular, no
π
ponto xo = .
2
Alem disso, teremos
π (8.16)
fx , 0 = fx (xo , yo )
2
(8.3)
= g 0 (xo )
(8.16) π π
xo =
= 2
g0
2
(8.17) d h 2 i
= x sen(x)
dx x= π
visto na disciplina de Calculo 1
2
= 2 x sen(x) + x cos(x)
2
x= π
2
π π π 2 π
=2 sen + cos
2 | {z 2 } 2 | {z 2 }
=1 =0
π
= 2 = π. (8.18)
π2
Portanto fx ,0 = π.
2
.
h(y)=f(xo , y)
(8.16) π
π
xo = 2
= f ,y
2
(8.15) π 2
π π
= sen + y + y cos
2 2 | {z 2 }
=0
π 2 π
= sen +y , para cada y ∈ R , (8.19)
2 2
temos que a func~ao h sera diferenciavel em R (visto na disciplina de Calculo 1), em particular, sera
diferenciavel em yo = 0.
232 CAPITULO 8. DERIVADAS PARCIAIS
Logo
π (8.16)
fy , 0 = fy (xo , yo )
2
(8.7)
= h 0 (yo )
(8.16)
yo = 0
= h 0 (0)
(8.19)
d π 2 π
= sen +y
dy 2 2
y=0
visto na disciplina de Calculo 1 π 2 π
= cos + y
2 2 y=0
π 2 π
= cos
2 | {z 2 }
=0
= 0.
π
Portanto fy ,0 = 0.
2
e
.
se h(y)=f(x
(8.15)
o ,y) = xo sen(xo +y)+y cos(xo ) e (8.7)
2
fy (xo , yo ) = h 0 (yo )
d h 2 i
= xo sen(xo + y) + y cos(xo )
dy y=yo
visto na disciplina de Calculo 1
= xo cos(xo + y) + cos(xo )
2
y=yo
= xo2 cos(xo + yo ) + cos(xo ) , (8.21)
isto e, existem as derivadas parciais de primeira ordem da func~ao f em R2 e, alem disso, as funco~es
fx , fy : R2 → R, ser~ao dadas por
(8.20)
fx (x , y) = 2 x sen(x + y) + x2 cos(x + y) − y sen(x)
(8.21)
e fy (x , y) = x2 cos(x + y) + cos(x) ,
Resolução:
Neste caso
.
(xo , yo ) = (0 , 0) . (8.23)
.
g(x) = f(x , yo )
(8.23)
yo = 0
= f(x , 0)
3
x − 02
, para x 6= 0
(8.22) x 2
+ 0 2
=
0, para x = 0
x , para x 6= 0
= , para cada x ∈ R,
0 , para x = 0
.
ou seja, g(x) = x , para cada x ∈ R . (8.24)
(8.23)
fx (0 , 0) = fx (xo , yo )
(8.3)
= g 0 (xo )
(8.23)
xo = 0
= g 0 (0)
(8.24) d
= [x]
dx
| {z }
=1 x=0
visto na discipliana de Calculo 1
= 1.
Portanto
fx (0 , 0) = 1.
234 CAPITULO 8. DERIVADAS PARCIAIS
Observação 8.1.3 Notemos que, no Exemplo 8.1.3 acima, existe a derivada parcial
∂f
(0 , 0) ,
∂x
mas não existe a derivada parcial
∂f
(0 , 0) ,
∂y
ou seja, pode acontecer de uma func~ao possuir uma das derivadas parciais de 1.a ordem sem
que, necessariamente, possua a outra derivada parcial de 1.a ordem, em um mesmo ponto.
Podemos denir as derivadas parciais de uma func~ao a valores real, de n-variaveis reais, de modo
analogo, como mostra a denic~ao a seguir:
.
Definição 8.1.2 Sejam A ⊆ Rn um subconjunto aberto de Rn , ~xo = (xo1 , xo2 , · · · , xon ) ∈ A e
f : A → R uma func~ao.
Como A ⊆ R e um subconjunto aberto de Rn e ~xo = (xo1 , xo2 , · · · , xon ) ∈ A, podemos
n
(isto e, xamos (n − 1)-coordenadas da func~ao f, a unica que varia e a i-eisma coordenada da
func~ao f).
Se a func~ao gi , dada por (8.27), e uma func~ao diferenciavel no ponto xoi (visto na disciplina
Calculo 1), ent~ao sua derivada no ponto xoi , isto e, gi0 (xoi ), sera denominada derivada parcial
(de primeira ordem) da função f, em relação à variável xi , no ponto ~xo e ser a indicada por
∂f
(~xo ) , fxi (~xo ) , ∂xi f(~xo ) ou Dxi f(~xo ) . (8.28)
∂xi
Resolução:
Para cada (xo , yo , zo ) ∈ R3 teremos:
. ,y ,z ) = x cos(y )+z e (8.27)
se g(x)=f(x
(8.29)
g 0 (xo )
o o o o
fx (xo , yo , zo ) =
d
[x cos yo + zo ]
=
dx x=xo
visto na disciplina de Calculo 1
= cos(yo ) . (8.30)
.
se h(y)=f(x
(8.29)
o ,y ,zo ) = xo cos(y)+zo e (8.27)
fy (xo , yo , zo ) = h 0 (yo )
d
[xo cos y + zo ]
=
dy y=yo
visto na disciplina de Calculo 1
= −xo sen(yo ) . (8.31)
.
se t(z)=f(x
(8.29)
o ,yo ,z) = xo cos(yo )+z e (8.27)
fz (xo , yo , zo ) = t 0 (zo )
d
[xo cos yo + z]
=
dz z=zo
visto na disciplina de Calculo 1
= 1. (8.32)
Portanto, de (8.30), (8.31) e (8.32), a func~ao f tem derivadas parciais de primeira ordem, em
relac~ao a x, y e z, em cada ponto de R3 .
236 CAPITULO 8. DERIVADAS PARCIAIS
∂f ∂f ∂f
Alem disso, novamente , de (8.30), (8.31) e (8.32), segue que as funco~es , , : R3 → R,
∂x ∂y ∂z
ser~ao dadas por:
∂f (8.30)
(x , y , z) = cos(y) ,
∂x
∂f (8.31)
(x , y , z) = −x sen(y)
∂y
∂f (8.32)
e (x , y , z) = 1 ,
∂z
para cada (x , y , z) ∈ R3 , completando na resoluc~ao.
2
A seguir temos o:
Exemplo 8.1.5 Para n ∈ N xado, consideremos as func~oes f , g , h : R2 → R, dadas por
.
f(x , y) = k , (8.33)
.
g(x , y) = xn , (8.34)
.
h(x , y) = yn . (8.35)
para cada (x , y) ∈ R2 .
Mostre que as func~oes f, g e h possuem derivadas parciais de 1.a ordem em relac~ao a x e
em relac~ao a y, em cada por de R2 .
Alem disso, temos
∂f ∂f
(x , y) = (x , y) = 0 , (8.36)
∂x ∂y
∂g
(x , y) = n xn−1 , (8.37)
∂x
∂g
(x , y) = 0 , (8.38)
∂y
∂h
(x , y) = 0 (8.39)
∂x
∂h
e (x , y) = n yn−1 , (8.40)
∂y
para cada (x , y) ∈ R2 .
Resolução:
Para cada (xo , yo ) ∈ R2 , denamos a func~ao g1 : R → R, dada por
.
g1 (x) = g(x , yo )
(8.34) n
= x . (8.41)
Com isto, pela Denic~ao 8.1.1 (veja (8.3)), temos:
∂g (8.3)
(xo , yo ) = g10 (xo )
∂x
(8.41), visto na disciplina de Calculo 1
= n xon ,
mostrando a exist^encia da derivada parcial de 1.a ordem, em relac~ao a x, no ponto (xo , yo ) e alem
disso, temos a validade da 1.a identidade de (8.37).
8.1. DEFINIC ~ DE DERIVADAS PARCIAIS
AO 237
A vericac~ao das outras armaco~es ser~ao deixadas como exerccio para o leitor.
2
Para funco~es a valores reais, de duas variáveis reais, temos a:
5. se
g(xo , yo ) 6= 0 ,
f
a func~ao admitira derivada parcial de 1.a ordem, em relac~ao a x, no ponto (xo , yo ) e,
g
alem disso, teremos
f ∂f ∂g
∂ (xo , yo ) · g(xo , yo ) − f(xo , yo ) · (xo , yo )
g
(xo , yo ) = ∂x ∂x . (8.46)
∂x g2 (xo , yo )
Demonstração:
As demonstrac~ao dos itens acima s~ao consequ^encias das propriedades analogas da diferenciac~ao de
funco~es a valores, de uma variavel real (veja a Denic~ao 8.1.1, ou ainda (8.3)).
2
Observação 8.1.4
1. Vale um resultado analogo a Proposic~ao 8.1.1 para a derivada parcial de de 1.a ordem,
em relac~ao a variável y, no ponto (xo , yo ).
Deixaremos o enunciado e a respectiva demonstrac~ao como exerccio para o leitor.
238 CAPITULO 8. DERIVADAS PARCIAIS
∂2 f
fxx (xo , yo ) ou (xo , yo ) ou ∂2x f(xo , yo ) ou D2x f(xo , yo ) , (8.51)
∂x2
ou seja,
∂2 f
fxx (xo , yo ) = (xo , yo )
∂x2
. ∂ ∂f
= (xo , yo ) (8.52)
∂x ∂x
= (fx )x (xo , yo )
∂f ∂f
(8.4) (xo + h , yo ) − (xo , yo )
= lim ∂x ∂x
h→0 h
fx (xo + h , yo ) − fx (xo , yo )
= lim . (8.53)
h→0 h
∂2 f
fxy (xo , yo ) ou (xo , yo ) ou ∂2yx f(xo , yo ) ou D2yx f(xo , yo ) , (8.54)
∂y ∂x
ou seja,
∂2 f
fxy (xo , yo ) = (xo , yo )
∂y ∂x
. ∂ ∂f
= (xo , yo ) (8.55)
∂y ∂x
= (fx )y (xo , yo )
∂f ∂f
(8.8) (xo , yo + k) − (xo , yo )
= lim ∂x ∂x
k→0 k
fx (xo , yo + k) − fx (xo , yo )
= lim . (8.56)
k→0 k
240 CAPITULO 8. DERIVADAS PARCIAIS
∂2 f
fyy (xo , yo ) ou (xo , yo ) ou ∂2y f(xo , yo ) ou D2y f(xo , yo ) , (8.57)
∂y2
ou seja,
∂2 f
fyy (xo , yo ) = (xo , yo )
∂y2
. ∂ ∂f
= (xo , yo ) (8.58)
∂y ∂y
= (fy )y (xo , yo )
∂f ∂f
(xo , yo + k) − (xo , yo )
(8.8) ∂y ∂y
= lim
k→0 k
fy (xo , yo + k) − fy (xo , yo )
= lim , (8.59)
k→0 k
e a derivada partial de segunda ordem da função f, relativamente às variáveis y e a x, no
ponto (xo , yo ) (se existir), denotada por
∂2 f
fyx (xo , yo ) ou (xo , yo ) ou ∂2xy f(xo , yo ) ou D2xy f(xo , yo ) , (8.60)
∂x ∂y
ou seja,
∂2 f
fyx (xo , yo ) = (xo , yo )
∂x ∂y
. ∂ ∂f
= (xo , yo )
∂x ∂y
= (fy )x (xo , yo )
∂f ∂f
(xo + h , yo ) − (xo , yo )
(8.4) ∂y ∂y
= lim
h→0 h
fy (xo + h , yo ) − fy (xo , yo )
= lim . (8.61)
h→0 h
Observação 8.2.1
Para que não ocorra confus~ao basta lembrar, por exemplo, que
fyx (x , y) = (fy )x (x , y)
∂2 f
∂ ∂f
e que (xo , yo ) = (xo , yo ) .
∂x ∂y ∂x ∂y
8.2. DERIVADAS PARCIAIS DE ORDEM SUPERIOR 241
∂3 f
fxxx (xo , yo ) = 3 (xo , yo )
| {z } ∂x
=(fxx )x
∂2 f
. ∂
= (xo , yo )
∂x ∂x2
(8.4) fxx (xo + h , yo ) − fxx (xo , yo )
= lim
h→0 h
3
∂ f
fyxx (xo , yo ) = 2 (xo , yo )
|{z} ∂x ∂y
=(fyx )x
∂2 f
. ∂
= (xo , yo )
∂x ∂x ∂y
(8.4) fyx (xo + h , yo ) − fyx (xo , yo )
= lim
h→0 h
3
∂ f
fxyx (xo , yo ) = (xo , yo )
|{z} ∂x ∂y ∂x
=(fxy )x
∂2 f
. ∂
= (xo , yo )
∂x ∂y ∂x
(8.4) fxy (xo + h , yo ) − fxy (xo , yo )
= lim
h→0 h
3
∂ f
fyyx (xo , yo ) = (xo , yo )
|{z} ∂x ∂2 y
=(fyy )x
∂2 f
. ∂
= (xo , yo )
∂x ∂y2
(8.4) fyy (xo + h , yo ) − fyy (xo , yo )
= lim
h→0 h
3
∂ f
fyxy (xo , yo ) = (xo , yo )
|{z} ∂y ∂x ∂y
=(fyx )y
∂2 f
. ∂
= (xo , yo )
∂y ∂x ∂y
(8.8) fyx (xo , yo + k) − fyx (xo , yo )
= lim
k→0 k
3
∂ f
fyyy (xo , yo ) = (xo , yo )
|{z} ∂y3
=(fyy )y
∂2 f
. ∂
= (xo , yo )
∂y ∂y2
(8.8) fyy (xo , yo + k) − fyy (xo , yo )
= lim
k→0 k
242 CAPITULO 8. DERIVADAS PARCIAIS
∂3 f
fxyy (xo , yo ) = (xo , yo )
|{z} ∂y2 ∂x
=(fxy )y
∂2 f
. ∂
= (xo , yo )
∂y ∂y ∂x
(8.8) fxy (xo , yo + k) − fxy (xo , yo )
= lim
k→0 h
∂3 f
fxxy (xo , yo ) = (xo , yo )
|{z} ∂y ∂x2
=(fxx )y
∂2 f
. ∂
= (xo , yo )
∂y ∂x2
(8.8) fxx (xo , yo + k) − fxx (xo , yo )
= lim
k→0 h
3
∂ f
fyxy (xo , yo ) = (xo , yo )
|{z} ∂y ∂x ∂y
=(fxy )y
∂2 f
. ∂
= (xo , yo )
∂y ∂x ∂y
(8.8) fyx (xo , yo + k) − fyx (xo , yo )
= lim .
k→0 h
e de classe C∞ em R2 , ou seja,
f ∈ C∞ R2 ; R .
Resolução:
De fato, pois
(8.64) ∂
fx (x , y) = [x y]
∂x
= y, (8.65)
(8.64) ∂
fy (x , y) = [x y]
∂y
= x, (8.66)
∂ ∂f
fxx (x , y) = (x , y)
∂x ∂x
(8.65) ∂
= [y]
∂x
= 0, (8.67)
∂ ∂f
fyy (x , y) = (x , y)
∂y ∂y
(8.66) ∂
= [x]
∂x
= 0, (8.68)
∂ ∂f
fxy (x , y) = (x , y)
∂y ∂x
(8.65) ∂
= [y]
∂y
= 1,
∂ ∂f
fyx (x , y) = (x , y)
∂x ∂y
(8.66) ∂
= [x]
∂x
= 1, (8.69)
∂ ∂2 f
fxxx (x , y) = (x , y)
∂x ∂x2
(8.67)
= 0,
para cada (x , y) ∈ R2 .
244 CAPITULO 8. DERIVADAS PARCIAIS
E, de modo semelhante, teremos que todas as demais derivadas parciais de ordem maior ou igual
a quatro, s~ao nulas em R2 .
A vericac~ao deste fato segue das identidades acima e os detalhes da mesma sera deixada como
exerccio para o leitor.
Como a func~ao e todas as suas derivadas parciais, de qualquer ordem, s~ao as funco~es contnuas em
R (pois s~ao funco~es polinomiais), da Denic~ao 8.2.2, segue que
2
f ∈ C∞ R2 ; R ,
completando a resoluc~ao.
2
Observação 8.2.2
1. Notemos que, do item 3. da Observac~ao 8.1.4, Denic~ao 8.2.1 e da Corolario 7.2.1, uma
func~ao polinomial de n-variaveis e de classe C∞ em Rn , ou seja, pertence a
C∞ (Rn ; R) .
Trataremos agora do
Exercı́cio 8.2.2 Mostre que a func~ao f : R2 → R, dada por
.
f(x , y) = x sen(y) + y2 cos(x) , para cada (x , y) ∈ R2 (8.70)
e de classe C∞ em R2 , ou seja,
f ∈ C∞ R2 ; R .
8.2. DERIVADAS PARCIAIS DE ORDEM SUPERIOR 245
Resolução:
Para cada (x , y) ∈ R2 , temos:
(8.70) ∂
fx (x , y) = x sen(y) + y2 cos(x)
∂x
= 1 · sen(y) + y2 [− sen(x)]
= sen(y) − y2 sen(x) (8.71)
(8.70) ∂
fy (x , y) = x sen(y) + y2 cos(x)
∂y
= x cos(y) + 2 y cos(x) , (8.72)
∂ ∂f
fxx (x , y) = (x , y)
∂x ∂x
(8.71) ∂
= sen(y) − y2 sen(x)
∂x
= y2 cos(x) , (8.73)
∂ ∂f
fxy (x , y) = (x , y)
∂y ∂x
(8.71) ∂
h i
= sen(y) − y2 sen(x)
∂y
= cos(y) − 2 y sen(x) , (8.74)
∂ ∂f
fyx (x , y) = (x , y)
∂x ∂y
(8.72) ∂
= [x cos(y) + 2 y cos(x)]
∂x
= 1 · cos(y) + 2 y [− sen(x)]
= cos(y) − 2 y sen(x) , (8.75)
∂ ∂f
fyy (x , y) = (x , y)
∂y ∂y
(8.72) ∂
= [x cos(y) + 2 y cos(x)]
∂y
= x [− sen(y)] + 2 cos(x)
= −x sen(y) + 2 cos(x) . (8.76)
Notemos que todas as funco~es acima, juntamente com a func~ao f, s~ao funco~es contnuas em R2 .
Considerando-se derivadas parciais de ordem maior igual a dois tambem ser~ao funco~es contnuas
em R2 .
A vericac~ao deste fato sera deixado como exerccio para o leitor.
Deste modo teremos
f ∈ C∞ R2 ; R ,
completando a resoluc~ao.
2
para cada (x , y) ∈ R2 .
Infelizmente, isso NÃO ocorre sempre, como mostrara o Exemplo 8.2.2 no nal deste
captulo.
A pergunta que temos e a seguinte: sob que condic~oes sobre a func~ao f, teremos a identidade
(8.77) acima?
esta contido no conjunto A (isto e possvel pois o conjunto A e um subconjunto aberto em R2 - veja
a gura abaixo, supondo ∆x , ∆y > 0).
Consideremos
.
∆f = f(xo + ∆x , yo + ∆y) − f(xo + ∆x , yo ) − f(xo , yo + ∆y) + f(xo , yo ) .
8.2. DERIVADAS PARCIAIS DE ORDEM SUPERIOR 247
teremos que
∆f = φ(xo + ∆x) − φ(xo ) .
Como a func~ao φ e diferenciavel no intervalo (xo , xo + ∆x) e contnua em [xo , xo + ∆x] (pois a
func~ao f e de classe C2 em Q) segue, do Teorema do valormedio (visto na disciplina de Calculo 1),
que podemos encontrar ξ ∈ (xo , xo + ∆x), de modo que
∆f = φ 0 (ξ)∆x
= [fx (ξ , yo + ∆y) − fx (ξ , yo )] ∆x . (8.79)
∆f = ψ 0 (η) ∆y ∆x
(8.80)
= fyx (ξ , η) ∆x ∆y . (8.81)
Procedendo exatamente da mesma forma com a func~ao ϕ : [yo , yo + ∆y] → R, dada por
.
ϕ(y) = f(xo + ∆x , y) − f(xo , y) , para cada y ∈ [yo , yo + ∆] ,
obteremos que
∆f = ϕ(yo + ∆y) − ϕ(yo )
e existir~ao γ ∈ (xo , xo + ∆x) e θ ∈ (yo , yo + ∆y), tais que
fyx (ξ , η) = fxy (γ , θ) .
Fazendo
(ξ , η) , (γ , θ) → (xo , yo ) ,
da continuidade das derivadas parciais mistas de 2.a ordem, fyx e fxy , segue que
Observação 8.2.4
248 CAPITULO 8. DERIVADAS PARCIAIS
1. O Teorema 8.2.1 acima, nos da condições suficientes, para que possamos trocar a ordem
de derivac~ao das derivadas parciais de segunda ordem de uma func~ao, sem alterar o valor
das mesmas.
2. Vale o analogo do Teorema 8.2.1 acima para func~oes a valores reais, de varias variaveis
reais, ou seja: se A ⊆ Rn e um subconjunto, n~ao vazio, aberto de Rn e f : A → R e uma
func~ao tal que todas as derivadas parciais de segunda ordem da func~ao f (isto e, fxi xj , para
cada i , j ∈ {1 , 2 , · · · , n}) existem e s~ao func~oes contnuas em (xo1 , xo2 , · · · , xon ) ∈ A ent~ao,
para cada i , j ∈ {1 , 2 , · · · , n}, segue que
fxi xj (xo1 , xo2 , · · · , xon ) = fxj xi (xo1 , xo2 , · · · , xon ) .
Consideremos agora o:
Exemplo 8.2.2 Seja f : R2 → R, a func~ao dada por
x y3
, para (x , y) 6= (0 , 0)
f(x, y) = x 2
+ y 2 . (8.83)
0, para (x , y) = (0 , 0)
Mostre que a func~ao f e de classe C1 em R2 , mas não e de classe C2 em R2 .
Mostre tambem que
∂2 f ∂2 f
(0 , 0) 6= (0 , 0) .
∂x ∂y ∂y ∂x
Resolução:
Notemos que a func~ao f e contnua em R2 .
De fato, a func~ao f e contnua em (xo , yo ) 6= (0 , 0), pois e uma func~ao racional cujo denominador
so se anula em (0 , 0) (veja (8.83)).
A vericac~ao que a func~ao f e contnua no ponto (0 , 0) sera deixada como exerccio para o leitor,
ou seja, que
(8.83)
lim f(x , y) = 0 = f(0 , 0) .
(x ,y)→(0 ,0)
. Exerccio
g(x) = f(x , 0) = 0 , para cada x ∈ R (8.86)
e
. Exerccio
h(y) = f(0 , y) = 0 , para cada y ∈ R , (8.87)
ent~ao teremos:
fx (0 , 0) =g 0 (0)
g(h) − g(0)
= lim
h→0 h
(8.86) f(h , 0) − f(0 , 0)
= lim
h→0 h
h 03
−0
h6=0 e (8.83) h 2
+ 0 2
= lim
h→0 h
= 0, (8.88)
fy (0 , 0) =h 0 (0)
h(k) − h(0)
= lim
k→0 k
(8.87) f(0 , k) − f(0 , 0)
= lim
k→0 k
0 k3
−0
h6=0 e (8.83) 0 2
+ k 2
= lim
k→0 k
= 0. (8.89)
Logo, de (8.84), (8.85), (8.88) e (8.89), segue que as funco~es fx , fy : R2 → R, ser~ao dadas por:
5
y − x 2 y3
2 , para (x , y) 6= (0 , 0)
fx (x, y) = x 2
+ y 2 , (8.90)
0, para (x , y) = (0 , 0)
4 3 2
x y + 3 x y , para (x , y) 6= (0 , 0)
2
(8.91)
fy (x , y) = 2 2 .
x + y
0, para (x , y) = (0 , 0)
(0 , 0), teremos:
5 2 3
(8.90) y − x y
0 ≤ |fx (x , y)| = 2
2 2
x +y
3
y y2 − x 2
=
2
x2 + y2
=y2 |y| ≤x2 +y2
z}|{
z }| {
3 2
y y − x2
= 2
x 2 + y2
≤x2 +y2
z}|{
y2 |y| x2 + y2
≤ 2
x2 + y2
2
2
x +y 2
|y|
≤ 2
x2 + y2
= |y| ,
que, do Teorema do sanduiche (ou seja, do item 7. do Teorema 7.1.1), implicara que:
lim fx (x , y) = 0
(x ,y)→(0 ,0)
(8.90)
= fx (0 , 0)
e
x y4 + 3 x3 y2
0 ≤ |fy (x , y)| =
2
x 2 + y2
1 2
3 x y2 2
y + x
3
= 2
2 2
x +y
≤x2 +y2
z }| {
1 2
3 |x| y2 y +x 2
3
= 2
x2 + y2
≤x2 +y2
z}|{
|x| y2 x 2 + y2
≤3 2
x2 + y2
8.2. DERIVADAS PARCIAIS DE ORDEM SUPERIOR 251
|x| x2 + y2
≤
x 2 + y2
= |x|
que, do Teorema do sanduiche (ou seja, do item 7. do Teorema 7.1.1), implicara que:
(8.91)
lim fy (x , y) = 0 = fy (0 , 0) ,
(x ,y)→(0 ,0)
mostrando que as funco~es fx e fy s~ao funco~es contnuas em (0 , 0) e assim ser~ao funco~es contnuas em
R2 .
Portanto a func~ao f e de classe C1 em R2 .
Observemos tambem que:
fyx (0 , 0) = (fy )x (0 , 0)
fy (h , 0) − fy (0 , 0)
= lim
h→0 h
h 04 + 3 h3 02
2 − 0
2 2
h6=0 e (8.91)
h +0
= lim
h→0 h
=0 (8.92)
fxy (0 , 0) = (fx )y (0 , 0)
fx (0 , k) − fx (0 , 0)
= lim
k→0 k
k5 − 02 k3
2 − 0
2 2
k6=0 e (8.90)
0 +k
= lim
k→0 k
= 1, (8.93)
ou seja, fyx (0 , 0) = 0
= fxy (0 , 0) ,
como armamos.
Vamos agora vericar que a func~ao fyx n~ao e contnua em (0 , 0), mostrando que f não e de classe
C em R2 .
2
Logo da identidade acima e de (8.92) segue que a func~ao fyx : R2 → R sera dada por
2
y 4
+ 9 x2 2
y x 2
+ y 2
− 4 x x y4
+ 3 x3 2
y x2
+ y 2
para (x , y) 6= (0 , 0)
4 ,
2 2
fyx (x , y) = x +y .
0, para (x , y) = (0 , 0)
Observação 8.2.5 No Exemplo 8.2.2 acima, vimos que a derivada parcial de 2.a ordem fyx não
e uma funca~o contnua no ponto (0 , 0) e que
fxy (0 , 0) = 1 6=
0 = fyx (0 , 0) .
Capı́tulo 9
Resolução:
253
254 CAPITULO 9. REGRA DA CADEIA E VETOR GRADIENTE
(f ◦ γ)(t) = f[γ(t)]
(9.4)
= f[( sen(t) , cos(t))]
(9.3)
= [ sen(t)]2 + [cos(t)]2
= 1, para cada t ∈ R .
.
Logo, a func~ao F = f ◦ γ : R → R, sera dada por
.
F(t) = f[γ(t)]
= 1, para cada t ∈ R , (9.5)
d
f[γ(t)] = F 0 (t)
dt
(9.5)
= 0, para cada t ∈ R . (9.6)
9.1. REGRA DA CADEIA 255
Logo,
(9.7) (9.7)
= 2 x(t) = 2 y(t)
z }| { z }| {
∂ ∂ ∂ ∂
f[γ(t)] , f[γ(t)] = f[(x(t) , y(t))] , f[(x(t) , y(t))]
∂x ∂y ∂x
∂y
=
2 x(t) , 2 y(t)
|{z} |{z}
(9.4) (9.4)
= sen(t) = cos(t)
Alem disso,
(9.4)
γ 0 (t) = (cos(t) , − sen(t)) , para cada t ∈ R . (9.10)
Portanto, para cada t ∈ R, de (9.9) e (9.10), segue que:
∂ ∂
f[γ(t)] , f[γ(t)] • γ 0 (t) = (2 sen(t) , 2 cos(t)) • (cos(t) , − sen(t))
∂x ∂y
= 0, (9.11)
completando a resoluc~ao.
2
Isto vale em geral, como nos arma o seguinte resultado:
Teorema 9.1.1 (da regra da cadeia) Sejam A subconjunto aberto, n~ ao vazio, em R2 , f : A → R
func~ao e γ : I → R2 curva parametrizada, de modo que γ(t) ∈ A, para cada t ∈ I.
Suponhamos a curva parametrizada γ : I → R2 seja diferenciavel em to e a func~ao f seja
diferenciavel em ~xo =. γ(to ) (para este conceito veja o Ap^endice H).
Ent~ao (veja a gura abaixo) a func~ao F : I → R, denida por
.
F(t) = [f ◦ γ](t) , para cada t ∈ I , (9.12)
256 CAPITULO 9. REGRA DA CADEIA E VETOR GRADIENTE
Demonstração:
Para esta demonstrac~ao precisaremos dos conceitos tratados no Ap^endice H.
Sejam
.
~x = (x , y) ∈ A ,
.
~xo = (xo , yo ) ,
.
h = x − xo
.
e k = y − yo .
ou seja, pela Denic~ao 7.2.1, temos que a func~ao H e uma func~ao contnua em O
~.
Com isto, para ~x 6= ~xo , teremos que
(9.14)
f(~x) − f(~xo ) = (fx (~xo ) , fy (~xo )) • (~x − ~xo ) + E(~x − ~xo )
~x6=~xo k~x − ~xo k
= (fx (~xo ) , fy (~xo )) • (~x − ~xo ) + E(~x − ~xo )
k~x − ~xo k
E(~x − ~xo )
= (fx (~xo ) , fy (~xo )) • (~x − ~xo ) + k~x − ~xo k
k~x − ~xo k
~x6=~xo e (9.16)
= (fx (~xo ) , fy (~xo )) • (~x − ~xo ) + H(~x − ~xo )k~x − ~xo k . (9.18)
Na express~ao (9.18) acima, substituindo o vetor ~x pelo vetor γ(t), o vetor ~xo pelo vetor γ(to ) e
dividindo o resultado por t − to , para t > to , com t ∈ I, obteremos:
f[γ(t)] − f[γ(to )] γ(t) − γ(to ) kγ(t) − γ(to )k
= (fx (~xo ) , fy (~xo )) • + H[γ(t) − γ(to )]
t − to t − to t−t
|
{z o
}
t>to
γ(t)−γ(to )
=
t−t
o
γ(t) − γ(to )
γ(t) − γ(to )
= (fx (~xo ) , fy (~xo )) • + H[γ(t) − γ(to )]
. (9.19)
t − to
t − to
teremos:
como a func~ao vetorial γ : I → R2 e contnua em to , segue que
γ(t) → γ(to ) .
kγ(t) − γ(to )k → 0 ,
Observação 9.1.1
2. Podemos provar um resultado analogo ao Teorema 9.1.1 para func~oes a valores reais, de
n variaveis reais e curvas parametrizadas diferenciaveis em Rn , isto e, para a func~ao
f : A ⊆ Rn → R e a curva parametrizada γ : I → Rn , satisfazendo condic~
oes analogas as do
Teorema 9.1.1.
Deixaremos como exerccio para o leitor o enunciado e a demonstrac~ao do mesmo.
3. Observemos que, na situac~ao do item 2. acima, se a func~ao F : I → R e dada por
.
F(t) = (f ◦ γ)(t) , para cada t ∈ I, (9.25)
4. Podemos provar um resultado analogo ao Teorema 9.1.1 para func~oes a valores vetoriais,
de n variaveis reais e curvas parametrizadas em Rn , isto e, para uma func~ao
f : A ⊆ Rn → Rm
onde, aplicando (9.13), a cada uma das componentes da func~ao F 0 (to ), obteremos:
X ∂f1 X X
n n n
dxi ∂fj dxi ∂fm dxi
0
(9.32)
F (to ) =
(~xo ) (to ) , · · · , (~xo ) (to ) , · · · , (~xo ) (to )
,
i=1 ∂xi dt
i=1
∂xi dt
i=1
∂xi dt
| {z }
j-
esima posica~o
onde a curva parametrizada γ : I → Rn , e dada por
.
γ(t) = (x1 (t) , x2 (t) , · · · , xn (t)) , para cada t ∈ I, (9.33)
satisfazendo: ~xo = γ(to ) .
Ou de forma resumida:
X ∂f1 dxi X X
n n n
dF ∂fj dxi ∂fm dxi
= ,··· , ,··· , , (9.34)
dt i=1 ∂x i dt ∂x i dt ∂x i dt
|i=1 {z } i=1
j-
esima posica~o
onde a func~ao F : I → Rm e dada por
.
F(t) = (f1 (x1 (t) , · · · , xn (t)) , · · · , fm (x1 (t) , · · · , xn (t))) , para cada t ∈ I . (9.35)
para cada
~t = (t1 , t2 , · · · , tm ) ∈ B .
9.1. REGRA DA CADEIA 261
Consideremos os:
Exemplo 9.1.2 Consideremos a func~ao f : R2 → R, dada por
.
f(x , y) = x2 y , para cada (x , y) ∈ R2 (9.39)
dF
Verique que a func~ao F =. f ◦ γ : R → R e diferenciavel em R e calcule (t), para cada
dt
t ∈ R.
Resolução:
Observemos que a func~ao f, dada por (9.39), e diferenciavel em todo o R2 (pois e uma func~ao
polinomial) e γ : R → R2 e curva parametrizada diferenciavel em R (pois suas funco~es coordenadas
s~ao funco~es diferenciaveis em R).
Deixaremos a vericac~ao das armaco~es como exerccio para o leitor.
Logo, do Teorema 9.1.1, segue que a func~ao F : R → R, dada por
.
F(t) = (f ◦ γ)(t) , para cada t ∈ R , (9.41)
sera diferenciavel em R.
Notemos que
(9.39) ∂
h i
fx (x , y) = x2 y
∂x
(9.39)
= 2xy, (9.42)
(9.39) ∂
h i
fy (x , y) = x2 y
∂y
(9.39) 2
= x , para cada (x , y) ∈ R2 . (9.43)
262 CAPITULO 9. REGRA DA CADEIA E VETOR GRADIENTE
Alem disso, se
γ(t) = (x(t) , y(t))
2
= et , 2 t + 1 , para cada t ∈ R , (9.44)
teremos:
γ 0 (t) = (x 0 (t) , y 0 (t))
(9.44)
para cada t ∈ R . (9.45)
2
= 2 t et , 2 ,
completando a resoluc~ao.
2
sera diferenciavel em xo .
Alem disso, da Regra da Cadeia, teremos
dF (9.52) ∂f dx ∂f dy
(xo ) = [γ(xo )] (xo ) + [γ(xo )] (xo )
dx ∂x dx ∂y dx
∂f ∂f dy
= (xo , yo ) · 1 + (xo , yo ) (xo )
∂x ∂y dx
∂f ∂f
= (xo , yo ) + (xo , yo ) y 0 (xo ) . (9.53)
∂x ∂y
f : A ⊆ R2 → R
Observação 9.2.1
2. Podemos denir, de modo analogo, o vetor gradiente no ponto ~xo ∈ A para uma func~ao
f : A ⊆ Rn → R, que tenha todas as derivadas parciais de primeira ordem no ponto ~xo ∈ A,
onde o conjunto A e um subconjunto aberto, n~ao vazio, de Rn .
Neste caso deniremos vetor gradiente da função f no ponto ~xo , indicado por ∇f (~xo ),
9.2. VETOR GRADIENTE 265
A gura abaixo a esquerda, nos da uma representac~ao geometrica do vetor ∇f(1 , 1).
Observação 9.2.2
Tomando-se
. . . . .
~x = (x , y), ~xo = (xo , yo ), h = x − xo k = y − yo e ~=
X ~x − ~xo ,
.
f 0 (xo , yo ) = ∇f(xo , yo ) . (9.62)
9.2. VETOR GRADIENTE 267
Como no item 2., denimos a derivada primeira da função f no ponto ~xo , que sera in-
dicada por f 0 (~xo ), como sendo:
.
f 0 (~xo ) = ∇f (~xo ) . (9.64)
Mostre que a func~ao f e diferenciavel em R3 e encontre o vetor gradiente ∇f(x , y , z), para
cada (x , y , z) ∈ R3 .
Resolução:
A func~ao f e diferenciavel em R3 , pois e uma func~ao polinomial em R3 .
Alem disso, para cada (x , y , z) ∈ R3 , teremos:
(9.65) ∂f 1
∂f 2 2 2
(x , y , z) = x +y +z
∂x ∂x 2
1
= 2x
2
= x, (9.66)
(9.65) ∂f 1
∂f 2 2 2
(x , y , z) = x +y +z
∂y ∂y 2
1
= 2y
2
= y, (9.67)
(9.65) ∂f 1
∂f
(x , y , z) = x2 + y2 + z2
∂z ∂z 2
1
= 2z
2
= z. (9.68)
268 CAPITULO 9. REGRA DA CADEIA E VETOR GRADIENTE
ou ainda,
∇f(x , y , z) = (x , y , z) , para cada (x , y , z) ∈ R3 .
Temos tambem o:
Mostre que a func~ao f e diferenciavel em R2 e encontre o vetor gradiente ∇f(x , y), para cada
(x , y) ∈ R2 .
Resolução:
A func~ao f e diferenciavel em R2 pois e uma func~ao polinomial em R2 .
Alem disso, para cada (x , y) ∈ R2 , teremos
∂f (9.69) ∂f
h i
(x , y) = x 2 − y2
∂x ∂x
= 2x, (9.70)
∂f (9.69) ∂f
h i
(x , y) = x2 − y2
∂y ∂y
= −2 y . (9.71)
e ortogonal a curva de nvel da func~ao f que passa pelo ponto (1 , 0), isto e, e ortogonal a curva
.
(9.69)
. e y=0
2 (9.69) , com x=1
(x , y) ∈ R ; f(x , y) = f(1 , 0) = 1 = (x , y) ∈ R2 ; x2 − y2 = 1 .
De fato, uma parametrizac~ao da curva de nvel acima pode ser dada por γ : R → R2 , onde
.
p
γ(t) = 1 + t2 , t , para cada t ∈ R . (9.74)
9.2. VETOR GRADIENTE 269
Portanto
(9.73) e (9.76)
∇f(1 , 0) • γ 0 (0) = (2 , 0) • (0 , 1)
=0
O que ocorreu no Exemplo 9.2.3, ou ainda, na Observac~ao 9.2.3 acima, e um fato geral que e uma
consequ^encia da:
Proposição 9.2.1 Seja f : A ⊆ R2 → R uma func~ao diferenciavel em (xo , yo ) ∈ A (para detalhes
deste conceito, ver Ap^endice H) , onde A e um subconjunto aberto, n~ao vazio, de R2 e
∇f(xo , yo ) 6= (0 , 0) . (9.77)
Ent~ao o vetor gradiente ∇f(xo , yo ) e um vetor normal (ou ortogonal) a curva de nvel
da func~ao f que contem o ponto (xo , yo ), ou seja, se a curva de nvel acima possuir uma
parametrizac~ao regular dada por γ : I =. (to − δ, to + δ) → R2 , de modo que
γ(to ) = (xo , yo )
270 CAPITULO 9. REGRA DA CADEIA E VETOR GRADIENTE
Demonstração:
Observemos que, sera mostrado mais a frente, que com as hipoteses acima (a saber, que (9.77)),
teremos que a curva de nvel
c = f(xo , yo ) ,
que contem o ponto (xo , yo ), pode ser obtida como o traco de uma curva parametrizada regular
.
γ : I = (to − δ , to + δ) → R2 ,
com γ(to ) = (xo , yo ) .
Supondo que isto seja verdade, como a curva parametrizada γ : I → R2 e curva regular, segue que
devera ser diferenciavel no intervalo aberto I e alem disso, se
Como a curva parametrizada γ : I → R2 e uma curva de nvel associada a func~ao f, deveremos ter
f[γ(t)] = f[γ(to )] , para cada t ∈ I (isto e, devera ser a func~ao constante). (9.79)
Como a func~ao f tem derivadas parciais de 1.a ordem e γ s~ao diferenciaveis em (xo , yo ) e to ,
.
respectivamente, segue que a func~ao F = (f ◦ γ) : I → R, sera diferenciavel em to .
Derivando a equac~ao (9.79), em relac~ao a t, no ponto t = to obteremos, pela regra da cadeia (ou
9.2. VETOR GRADIENTE 271
d[f ◦ γ]
0= (to )
dt
(f◦γ)(t)=f[x(t) ,y(t)] dx dy
= fx [γ(to )](to ) + fy [γ(to )] (to )
dt dt
dx dy
= (fx [γ(to )] , fy [γ(to )]) • (to ) , (to )
dt dt
= ∇f(xo , yo ) • γ 0 (to ) ,
isto e, o vetor gradiente ∇f(xo , yo ), sera um vetor ortogonal a curva parametrizada γ : I → R2 no
instante t = to , isto e, a curva de nvel da func~ao f que contem o ponto γ(to ) = (xo , yo ), como
queramos demonstrar.
2
Observação 9.2.4 Vale um resultado analogo para func~oes a valores reais, de varias variaveis
reais.
Deixaremos como exerccio para o leitor enuncia-lo e demonstra-lo.
Exemplo 9.2.4 Encontrar uma equac~ao vetorial (ou uma equac~ao geral, pois a reta esta no
plano xOy) da reta normal a curva que e a representac~ao geometrica do graco da func~ao
g : R → R dada por
y = g(x)
.
= x + sen(x) , para cada x ∈ R (9.80)
Resolução:
Para isto, denamos a func~ao f : R2 → R dada por
.
f(x , y) = x + sen(x) − y , para cada (x , y) ∈ R2 , , (9.81)
(9.81) ∂
fx (x , y) = [x + sen(x) − y]
∂x
1 + cos(x) , para cada (x , y) ∈ R2 , (9.82)
(9.81) ∂
fy (x , y) = [x + sen(x) − y]
∂y
= −1 , para cada (x , y) ∈ R2 . (9.83)
De fato, pois
curva de nvel zero associada a func~ao f
z
}| {
(9.81)
2
(x , y) ∈ R ; f(x , y) = 0 = (x , y) ∈ R2 ; x + sen(x) − y = 0
= (x , y) ∈ R ; y = x + sen(x)
2
| {z }
(9.80)
= g(x)
= (x , y) ∈ R2 ; y = g(x)
= (x , g(x)) ∈ R2 ; x ∈ R (9.84)
| {z }
graco da func~ao g
Observemos tambem que a curva acima, dada por (9.84), pode ser obtida como o traco da func~ao
vetorial γ : R → R2 , dada por
γ(t) = (x(t) , y(t))
.
= (t , t + sen(t)) , para cada t ∈ R , (9.85)
que sera uma curva parametrizada regular.
De fato, pois e de classe C∞ em R e, alem disso, teremos
γ 0 (t) = (x 0 (t) , y 0 (t))
(9.82) e (9.83)
= (1 , 1 + cos(t))
6= (0 , 0) , para cada t ∈ R .
Notemos que
(9.54)
∇f(x , y) = (fx (x , y) , fy (x , y))
(9.81)
= (1 + cos(x) , −1) , para cada (x , y) ∈ R2 . (9.86)
Logo, da Proposic~ao 9.2.1 acima, segue que o vetor
π π (9.86) , com x=. π ,y=. π +1
∇f , +1 = 2 2
(1 , −1) , (9.87)
2 2
. π
sera um vetor normal a curva parametrizada regular γ : R → R2 , no instante t = .
2
Portanto uma equac~ao vetorial da reta que e normal a representac~ao geometrica do graco da
func~ao g (dada por (9.80)), no ponto
. π π
~xo = , +1 , (9.88)
2 2
sera dada por:
X = ~xo + t · ∇f (~xo ) , para cada t ∈ R
que, de (9.88) e (9.87), e equivalente a:
π π
(x , y) = , + 1 + t · (1 , −1) , para cada t ∈ R .
2 2
Geometricamente, temos a seguinte situac~ao:
9.2. VETOR GRADIENTE 273
Observação 9.2.5 Uma outra maneira de encontrar uma equac~ao vetorial da reta normal acima
e lembrando que, de (9.87), o vetor
(9.87)
∇f(~xo ) = (1 , −1)
~
6= O
Para encontrar o valor da constante d na equac~ao (9.89) acima, basta lembrar que o ponto
π π
~xo = , +1
2 2
devera pertencer a reta em quest~ao, cuja equac~ao geral e dada por (9.89).
Logo, substituindo as coordenadas do ponto ~xo na equac~ao (9.89), deveremos ter:
π π
− + 1 + d = 0,
2 2
o que implicara em: d = 1. (9.90)
Portanto, substituindo (9.90) em (9.89), teremos que uma equac~ao geral (pois estamos no
R2 )da reta normal a curva dada, no ponto ~xo , sera dada por:
y − x + 1 = 0.
Resolução:
De 1.:
ou seja, as retas
x=0 e y = 0,
De 2. :
Sabemos que, em cada ponto (x , y) onde
~,
∇f(x , y) 6= O
teremos o vetor gradiente ∇f(x , y), devera ser normal a curva de nvel associada a func~ao f, que
contem o ponto (x , y), no ponto (x , y).
O unico problema e saber o sentido que ele aponta ("para dentro" da curva de nvel ou "para
fora" da mesma).
Veremos mais a frente que eles devem apontar no sentido de "maior crescimento" da func~ao f.
Baseado nestas informaco~es temos a seguinte gura associada a func~ao f e seus respectivos vetores
gradientes:
2
276 CAPITULO 9. REGRA DA CADEIA E VETOR GRADIENTE
Denimos a derivada direcional da função f no ponto Po , na direção de ~v, que sera de-
∂f
notada por (Po ), como sendo o limite
∂~v
Notação 9.3.1 Outras notac~oes para a derivada direcional de f no ponto Po , na direc~ao (unitario)
de ~v s~ao:
∂~v f(Po ) , ou f~v (Po ) , ou D~v f(Po ) . (9.93)
Observação 9.3.1
ent~ao
∂f ∂f
(Po ) = (Po ) , para cada i ∈ {1 , 2 , · · · , n} . (9.98)
∂~ei ∂xi
A vericac~ao desta armac~ao sera deixada como exerccio para o leitor.
4. No caso n = 2, consideremos um vetor unitario
.
Po = (xo , yo ) e ~v =. (a , b) (9.99)
Como
γ(t) = (xo + a t , yo + b t , g(t))
= (xo , yo , 0) + g(t) · (0 , 0 , 1) + t · (a , b , 0) , para cada t ∈ I ,
temos que o traco da curva parametrizada γ : I → R3 estara contido no plano π, que tem
uma equaca~o vetorial dada por:
π : X = (xo , yo , 0) + λ · (0 , 0 , 1) + β · (a , b , 0) , para cada λ , β ∈ R . (9.102)
Para vericar este fato, basta tomar os seguintes valores para os par^ametros do plano:
λ = g(t) e β = t.
Mas, como visto na disciplina de Calculo 1, sabemos que o coeciente angular da reta
tangente e dado por tan(αo ), onde αo e o ^angulo que a reta tangente, que esta contida no
plano π, faz com a reta passa pelo ponto γ(0) e tem a direc~ao do vetor ~v 6= O
~ , que tamb
em
esta contido no plano π (veja a gura abaixo).
Conclusão: geometricamente, as considerac~oes acima podem ser caracterizadas na gura
abaixo:
∂f
(Po ) = tan(αo ) . (9.105)
∂~v
Resolução:
Observemos que
(9.107)
k~vk =
,−
3
4
5 5
s
2 2
3 4
= +
5 5
= 1,
∂f
(Po ) = ∇f(Po ) • ~v .
∂~v
Demonstração:
Consideremos a func~ao vetorial γ : I → R2 , dada por
.
γ(t) = (x(t) , y(t)) (9.114)
= (xo + a t , yo + b t) (9.115)
= Po + t · ~v , para cada t ∈ R , (9.116)
γ 0 (0) = (a , b)
= ~v . (9.117)
.
g(t) = (f ◦ γ)(t)
= f[γ(t)]
(9.114)
= f[x(t) , y(t)] (9.118)
(9.115)
= f(xo + a t , yo + b t) (9.119)
(9.116)
= f(Po + t · ~v) , para cada t ∈ I , (9.120)
(Po + t · ~v) ∈ A ,
Alem disso, da regra da cadeia (ou seja, o Teorema 9.1.1), segue que:
(9.118) d
g 0 (0) = (f ◦ γ)(t)
dt
regra da cadeia (veja (9.13)) dx dy
= fx (Po ) (0) + fy (Po ) (0)
dt dt
(9.115) ∂f ∂f
= (Po ) a + (Po ) b
∂x ∂y
∂f ∂f
= (Po ) , (Po ) • (a , b)
∂x ∂y
Po =(xo ,yo )
= ∇f(xo , yo ) • γ 0 (0)
(9.117)
= ∇f(xo , yo ) • ~v . (9.121)
1. Vale o analogo do Teorema 9.3.1, para uma func~ao a valores reais, de n variaveis reais, isto
aberto
e, se f : A ⊆ Rn → R e uma func~ao diferenciavel em Po ∈ A, onde A e um subconjunto
aberto, n~ao vazio. de Rn , ent~ao para cada vetor ~v ∈ V n unitario, temos que existe a
derivada direcional ∂~v f(Po ) e, alem disso,, teremos:
∂f
(Po ) = ∇f(Po ) • ~v . (9.123)
∂~v
2. O Teorema 9.3.1 acima, nos diz que se a func~ao f : A ⊆ Rn → R e uma func~ao diferenciavel
em Po ∈ A ent~ao, para cada vetor ~v ∈ V n , que e unitario, temos que existe a derivada
∂f
direcional (Po ).
∂~v
Porem, em geral, não vale a recı́proca, isto e, e possvel que uma func~ao f tenha to-
das as derivadas direcionais em um ponto, em qualquer direc~ao unitaria, mas não seja
diferenciavel neste ponto.
Para ilustrar esta situac~ao temos o seguinte exemplo:
Consideremos a func~ao f : R2 → R, dada por
x |y|
.
q , para (x , y) 6= (0 , 0)
f(x , y) = x 2
+ y 2 . (9.124)
0, para (x , y) = (0 , 0)
De fato, pois
se (x ,y)6=(0 ,0) , de (9.124) x |y|
lim f(x , y) = lim
q
(x ,y)→(0 ,0) (x ,y)→(0 ,0)
x 2 + y2
|y|
= lim x q .
(x ,y)→(0 ,0) 2 2
x +y
Notemos que
lim x=0 (9.126)
(x ,y)→(0 ,0)
e
|y|
0≤ q
x2 + y2
√ √ q
|y|= y2 ≤ y2 +x2 x2 + y2
≤ q
x2 + y2
= 1, (9.127)
lim f(x , y)
(9.124)
= lim x q |y|
(x ,y)→(0 ,0) (x ,y)→(0 ,0) 2 2
x +y
(9.126) e (9.127)
= 0
(9.124)
= f(0 , 0) ,
Em particular, :
.
se ~v = ~e1
= (|{z}
1 , |{z}
0 ),
.=a =b.
∂f ∂f
teremos: (0 , 0) = (0 , 0)
∂x ∂~e1
a=1 ,b=0 em (9.129)
= 0, (9.130)
.
e se ~v = ~e2
= (0 , 1) ,
∂f ∂f
teremos: (0, 0) = (0 , 0)
∂y ∂~e2
a=0 ,b=1 em (9.129)
= 0. (9.131)
e este limite não existe (tente calcula-lo pela direita e pela esquerda de t = 0, ou seja,
o limite (9.133) n~ao existira, mostrando que a func~ao f não e diferenciavel no ponto
Po = (0 , 0).
3. Uma demonstrac~ao analoga a que exibimos para o Teorema 9.3.1, mostra que o mesmo
resultado e valido para func~oes a valores reais, de n variaveis reais.
Mais especicamente, se a func~ao f : A ⊆ Rn → R e diferenciavel no ponto Po ∈ A, onde
Ae um subconjunto aberto, n~ao vazio, de Rn , e o vetor ~v um vetor unitario de V n , ent~ao
existira a derivada direcional da func~ao f no ponto Po , na direc~ao de ~v e, alem disso,
temos
∂f
(Po ) = ∇f(Po ) • ~v . (9.135)
∂~v
γ(to ) = Po , to ∈ I ,
γ 0 (to ) 6= O
~,
Como
.
g(t) = f[γ(t)] = constante , para cada t ∈ I , (9.138)
kγ 0 (to )k =
6 0,
deveremos ter ∇f[γ(to )] • ~v = 0 . (9.139)
um vetor unitario.
∂f
Ent~ao a derivada direcional (Po ) assumira seu maior valor quando
∂~v
∇f(Po )
~v = . (9.141)
k∇f(Po )k
∂f
Por outro lado, a derivada direcional (Po ) assumira seu menor valor quando
∂~v
∇f(Po )
~v = − . (9.142)
k∇f(Po )k
∂f
Finalmente, a derivada direcional a nula se o vetor ~v for um vetor tangente
(Po ) ser
∂~v
(unitario) a curva de nvel f(Po ), associada a func~ao f, ou seja, (veja a gura abaixo)a curva
parametrizada γ : I → A ⊆ R2 , tal que
f[γ(t)] = f(Po ) , para cada t ∈ I ⊆ R
Demonstração:
Do item 6. da Observac~ao 9.3.3, temos que
∂f
(Po ) = k∇f(Po )k cos(θ) . (9.143)
∂~v
Logo o valor da express~ao (9.143) sera maximo se, e somente se,
cos(θ) = 1 ,
isto e, θ = 0,
ou seja, os vetores ~v e ∇f(Po ) t^eem mesma direc~ao e sentido (veja a gura abaixo).
Conclus~ao, como o vetor ~v deve ser unitario, deveremos considerar o vetor:
. ∇f(Po )
~v = .
k∇f(Po )k
O valor da express~ao (9.143) sera mnima se, e somente se,
cos(θ) = −1 ,
isto e, θ = π,
9.3. DERIVADA DIRECIONAL 289
ou seja, os vetores ~v e ∇f(Po ) t^em mesma direc~ao e sentidos opostos (veja gura abaixo).
Conclus~ao, como o vetor ~v deve ser unitario, deveremos considerar o vetor:
. ∇f(Po )
~v = − .
k∇f(Po )k
cos(θ) = 0 ,
π
isto e, θ= ,
2
ou seja, os vetores ~v e ∇f(Po ) dever~ao ser ortogonais.
Sabemos que o vetor tangente a uma curva de nvel f(Po ), associada a func~ao f, isto e, o vetor
γ (0), deve ser ortogonal ao vetor ∇f(Po ).
0
Portanto, podemos encontrar uma parametrizac~ao da curva de nvel f(Po ), associada a func~ao f,
para que a mesma tenha como vetor tangente no ponto Po , o vetor ~v (veja a gura abaixo), completando
a demonstrac~ao do resultado.
Observação 9.3.4
1. Vale o analogo do Corolario 9.3.1 acima, para func~oes a valores reais, de n variaveis reais,
aberto
isto e, suponhamos que f : A ⊆ Rn → R e uma func~ao diferenciavel em Po , com
~
∇f(Po ) 6= O e ~v ∈ V n
um vetor unitario.
Ent~ao a derivada direcional ∂~v f(Po ) sera maxima se, e somente se,
. ∇f(Po )
~v = ,
k∇f(Po )k
290 CAPITULO 9. REGRA DA CADEIA E VETOR GRADIENTE
Como veremos mais a frente (sera visto no Captulo 12), estas informac~oes ser~ao muito
uteis para encontrarmos maximo e/ou mnimo globais (ou absolutos) para func~oes a va-
lores reais, de varias variaveis reais, contnuas em subconjunto compactos de Rn .
Capı́tulo 10
291
292 CAPITULO 10. PLANO TANGENTE E RETA NORMAL
de modo que
α(to ) = Po , α(t) ∈ S , para t ∈ I e ~u = α 0 (to ) . (10.2)
Ou seja, o vetor ~u devera ser vetor tangente a alguma curva parametrizada diferenciavel,
que passa pelo ponto Po ∈ S e esta contida na superfcie S.
Observação 10.1.2 A seguir, exibiremos dois vetores tangentes a uma superfcie parametrizada
no ponto Po ∈ S, particularmente importantes.
Para isto consideremos a seguinte situac~ao:
1. seja
.
Qo = (uo , vo ) ∈ A
um ponto do conjunto A.
Como o conjunto A e um subconjunto aberto em R2 , podemos encontrar I , J ⊆ R, intervalos
aberto de R, de modo que
I × J ⊆ A,
Assim podemos considerar as seguintes duas curvas parametrizadas, cujos tracos est~ao
contidos na superfcie parametrizada S = F(A), a saber:
γ : I → R3 , dada por
.
γ(u) = F(u , vo ) , para cada u ∈ I , (10.3)
10.1. SUPERFICIE PARAMETRIZADA 293
β : J → R3 , dada por
.
β(v) = F(uo , v) , para cada v ∈ J , (10.4)
seja uma func~ao de modo que cada uma de suas func~oes coordenadas, a saber, as func~oes
x,y,z : A → R,
γ : I → R3 e β : J → R3 ,
introduzidas no item 1. acima (isto e, as linhas de coordenadas, dadas por (10.3) e (10.4)),
ser~ao curvas parametrizadas diferenciaveis, em
uo ∈ I e vo ∈ J ,
γ : I → R3 e β : J → R3 , em uo ∈ I e vo ∈ J ,
294 CAPITULO 10. PLANO TANGENTE E RETA NORMAL
Em particular, os vetores
γ 0 (uo ) e β 0 (vo ) ,
ser~ao vetores tangentes a superfcie parametrizadas diferenciavel S =. F(A), no ponto Po =.
F(Qo ) (veja a gura abaixo).
onde × denota o produto vetorial em V 3 , ou seja, os vetores γ 0 (u) e β 0 (v) s~ao L.I. em V 3 , para
cada (u , v) ∈ A.
Neste caso, diremos que a superfcie parametrizada diferenciavel S = F(A) e uma superfı́cie pa-
rametrizada regular de R3 .
Observação 10.1.3
10.1. SUPERFICIE PARAMETRIZADA 295
γ 0 (uo ) e β 0 (vo ) ,
para algum uo ∈ I e vo ∈ J.
Lembremos que, como anteriormente, as curvas parametrizada γ : I → S e β : J → S s~ao
as linhas coordenadas da func~ao F, pelo ponto (uo , vo ) ∈ A (veja a gura abaixo).
du
= (so ) (∂u x(uo , vo ) , ∂u y(uo , vo ) , ∂u z(uo , vo ))
ds | {z }
(10.6)
= γ 0 (to )
dv
+ (so ) (∂v x(uo , vo ) , ∂v y(uo , vo ) , ∂v z(uo , vo ))
ds | {z }
(10.7)
= β 0 (to )
du dv
= (so ) · γ 0 (uo ) + (so ) · β 0 (vo )
ds dt
= a · γ 0 (uo ) + b · β 0 (vo ) ,
γ 0 (uo ) e β 0 (vo ) ,
2. Vale observar que, da disciplina de Geometria Analtica, dois vetores de V 3 t^em produto
vetorial n~ao nulo se, e somente se, eles s~ao L.I. em V 3 .
Logo, esses dois vetores juntamente com um unico ponto, geram um plano em R3 .
Em particular, se a superfcie parametrizada S = F(A) e regular, segue que os vetores
tangentes as linhas coordenadas s~ao vetores tangentes superfcie S, que ser~ao L.I. em V 3 ,
isto e, os vetores
γ 0 (uo ) e β 0 (vo ) ,
ser~ao vetores tangentes a superfcie S = F(A), no ponto (uo , vo ) e s~ao L.I. em V 3 .
Portanto eles, juntamente com o ponto Po =. F(Qo ) da superfcie S = F(A), geram um unico
plano de R3 .
como sendo o plano de R3 , que contem o ponto Po e tem como vetores diretores os vetores
γ 0 (uo ) e β 0 (vo )
(que s~ao vetores L.I em V 3 , pois a superfcie parametrizada e regular e eles s~ao vetores tangentes
a superfcie parametrizada diferenciavel S = F(A), no ponto Qo =. (uo , vo )).
Uma equaca~o vetorial do plano tangente a superfcie parametrizada regular S = F(A), no
ponto
.
Po = F(Qo )
= (x(uo , vo ) , y(uo , vo ) , z(uo , vo )) ,
sera dito vetor normal a superfcie S = F(A), no ponto Qo = (uo , vo ) e não no ponto Po = F(Qo ),
da superfcie S = F(A) (veja a gura abaixo).
Isto decorre do fato que a superfcie parametrizada regular S = F(A), pode possuir auto-
intersecc~oes e assim não caria bem denido o vetor normal a superfcie parametrizada regular
S = F(A) em um ponto que pertenca a auto-intersec~ ao, mas o vetor normal, denido acima,
cara sempre bem denido.
298 CAPITULO 10. PLANO TANGENTE E RETA NORMAL
~.
∇f(Po ) 6= O (10.14)
Ent~ao a superfcie de nvel f(Po ), associada a func~ao f, pode ser obtida como uma superfcie
parametrizada regular em uma vizinhanca do ponto Po , isto e, em uma bola aberta Bδ (Po ), para
algum δ > 0.
Mais precisamente, podemos encontrar um subconjunto A aberto, n~ao vazio, de R2 e uma
func~ao F : A ⊆ R2 → R3 , que e diferenciavel em A, de modo que S =. F(A), seja uma superfcie
parametrizada regular, com
f(Po ) ∈ S
e f[F(u , v)] = f(Po ) , para cada (u , v) ∈ A . (10.15)
Alem disso, o vetor ∇f(Po ) (que n~ao e o vetor nulo) e um vetor normal (ou ortogonal) a
superfcie parametrizada regular S = F(A) no ponto Po , isto e, a superfcie de nvel da func~ao f,
de valor f(Po ), que contem o ponto Po .
Neste caso, uma equac~ao geral do plano tangente a superfcie parametrizada regular S = F(A),
no ponto Po , sera dada por:
onde P =. (x , y , z) ∈ R3 .
Demonstração:
Sera mostrado mais adiante, que podemos obter a superfcie de nvel f(Po ), da func~ao f, como
uma superfcie parametrizada regular, denida em uma vizinhanca do ponto Po , ou seja, podemos
10.2. PLANO TANGENTE 299
Como
S = F(A) ⊆ f−1 ({Po })
e uma superfcie parametrizada regular, temos que um vetor tangente a superfcie S, no ponto Po ,
pode ser obtido como anteriormente, isto e, como combinac~ao linear dos vetores
γ 0 (uo ) e β 0 (vo ) ,
Po = γ(uo )
= β(vo ) , e vo ∈ J ,
uo ∈ I
correspondentes as curvas coordenadas: v = vo e u = uo , respectivamente,
.
ou ainda, γ(u) = F(u , vo ) , para cada u ∈ I (10.21)
.
e β(v) = F(uo , v) , para cada , para cada v ∈ J ,
(10.22)
que s~ao vetores geradores do plano tangente a superfcie parametrizada regular S = F(A), no ponto
.
Qo = (uo , vo ).
Isto implicara que o vetor ∇f(Po ) (que n~ao e o vetor nulo) e um vetor normal ao plano tangente a
superfcie parametrizada regular S = F(A), no ponto Po , ou ainda, a superfcie de nvel da superfcie
parametrizada regular S = F(A), no ponto Po .
Neste caso, como visto na disciplina de Geometria Analtica, a equac~ao do plano tangente a
superfcie parametrizada regular S = F(A), no ponto Qo = (uo , vo ), sera dada pela equac~ao (10.16)
ou a equac~ao (10.17), nalizando a demonstrac~ao.
2
Observação 10.2.2 A demonstrac~ao da Proposic~ao 10.2.1 acima, pode ser utilizada para mos-
trar que se a func~ao vetorial
φ : K ⊆ R → R3
e uma curva parametrizada diferenciavel, dada por
.
φ(t) = (x(t) , y(t) , z(t)) , para cada t ∈ K ,
com φ(to ) = Po ,
cujo traco esta contido na superfcie de nvel f(Po ) da func~ao f (que vamos supor ser uma
superfcie parametrizada regular), ent~ao sabemos que
f[φ(t)] = f(Po ) para t ∈ K , (10.29)
ent~ao os vetores ∇f(Po ) (vetor normal a superfcie parametrizada regular S = F(A), isto e, a
superfcie de nvel da func~ao f em Po ) e φ 0 (to ) (vetor tangente a superfcie parametrizada
regular S = F(A), em to , ou ainda, em Po ) ser~ao vetores ortogonais (veja a gura abaixo).
Para mostrar isto, basta derivar a equac~ao (10.29), em relac~ao a t, e utilizar a regra da
cadeia (ou seja, o Teorema 9.1.1), para concluirmos que
∇f[φ(to )] • φ 0 (to ) = 0 . (10.30)
Deixaremos a vericac~ao deste fato como exerccio para o leitor.
Pede-se:
Po = (1 , 2 , −1) ;
4. a reta normal obtida no item 3. intercepta o plano π, que tem por equac~ao geral
π : x + 3 y − 2 z = 10 ?
Resolução:
Do item 1.:
Consideremos a func~ao f : R3 → R, dada por
Notemos que a superfcie S, sera a superfcie de nvel zero, associada a func~ao f, isto e,
S = (x , y , z) ∈ R3 ; f(x , y , z) = 0 . (10.35)
Observemos que
(10.33)
f(Po ) = f(1 , 2 , −1)
. ,y=2
(10.34) com x=1 . e z=−1
.
= 12 · 2 · (−1) + 3 · 22 − 2 · 1 · (−1)2 + 8 · (−1)
= 0,
(10.33)
isto e, Po = (1 , 2 , −1) ∈ S (veja (10.35)) .
Alem disso, a func~ao f, dada por (10.34), e uma func~ao diferenciavel em R3 (pois e uma func~ao
10.2. PLANO TANGENTE 303
polinomial) e
∂f (10.35) ∂
h i
(x , y , z) = x2 y z + 3 y2 − 2 x z2 + 8 z
∂x ∂x
= 2 x y z − 2 z2 , (10.36)
∂f (10.35) ∂
h i
(x , y , z) = x2 y z + 3 y2 − 2 x z2 + 8 z
∂y ∂y
2
= x z + 6y, (10.37)
∂f (10.35) ∂
h i
(x , y , z) = x2 y z + 3 y2 − 2 x z2 + 8 z
∂z ∂z
= x2 y − 4 x z + 8 , (10.38)
logo,
∂f ∂f ∂f
∇f(x , y , z) = (x , y , z) , (x , y , z), (x , y , z)
∂x ∂y ∂z
(10.36) ,(10.37) e(10.38)
= 2 x y z − 2 z2 , x2 z + 6 y , x2 y − 4 x z + 8 , (10.39)
assim:
. ,y=2
(10.39) , com x=1 . e z=−1
.
∇f(1 , 2 , −1) = (−6 , 11 , 14) (10.40)
~.
6= (0 , 0 , 0) = O
Logo, da Proposic~ao 10.2.1 segue que, em uma vizinhanca do ponto Po = (1 , 2 , −1) ∈ S, a superfcie
S pode ser obtida como uma superfcie parametrizada regular.
Do item 2.:
Da Proposic~ao 10.2.1, segue que o vetor
(9.35)
∇f(Po ) = ∇f(1 , 2 , −1)
(10.40)
= (−6 , 11 , 14) ,
Logo, como visto da disciplina Geometria Analtica, temos que uma equac~ao geral do plano π
procurado, que indicaremos por π, tangente a superfcie S, no ponto Po , sera da forma:
π : −6 x + 11 y + 14 z + d = 0 , (10.41)
onde a constante d pode ser obtida sabendo-se que o ponto
Po = (1 , 2 , −1)
Do item 3.:
Como o vetor
(10.40)
∇f(Po ) = (−6 , 11 , 14)
e um vetor normal a superfcie S, temos que uma equac~ao vetorial da reta, que indicaremos por r,
normal a superfcie S, no ponto Po , sera da forma:
Do item 4.:
.
Seja P = (x , y , z) o ponto onde a reta normal do item 3. encontrar o plano
x + 3 y − 2 z = 10 . (10.45)
para algum t ∈ R.
Para esse ponto P pertencer ao plano π, que tem equac~ao geral (10.45), devemos ter:
(1 − 6 t) + 3 (2 + 11 t) − 2 (−1 + 14 t) = 10 ,
ou seja, t = −1 .
Fazendo t = −1 na equac~ao (10.46), temos que o ponto que pertence a reta r normal e ao plano π
acima, sera o ponto
.
P = (7 , −9 , −15) .
2
Temos agora o:
Resolução:
Observemos que um vetor normal ao plano normal ao traco da curva parametrizada γ : R → R3 no
ponto Po = γ(0), sera um vetor tangente a curva parametrizada em t = 0, ou seja, sera o vetor γ 0 (0)
(veja a gura abaixo).
Mas
(10.48)
√
γ 0 (t) = et , −e−t , 2
~,
6= (0 , 0 , 0) = O para cada t ∈ R , (10.50)
logo a func~ao vetorial γ : R → R3 e uma curva parametrizada regular.
Portanto, o vetor
(10.50) , com t=0
√
γ 0 (0) = 1 , −1 , 2 ,
sera um vetor normal ao plano procurado.
Logo, uma equac~ao geral do plano normal ao traco da curva parametrizada γ : R → R3 , em t = 0,
sera dada por:
√
1 · x + (−1) · y + 2 · z + d = 0,
√
ou seja, x − y + 2z + d = 0. (10.51)
Como o ponto
Po = γ(0)
(10.49) , com t=0
= (1 , 1 , 0) , (10.52)
deve pertencer ao plano procurado, deveremos ter
√
1−1+ 2 · 0 + d = 0,
isto e, d = 0. (10.53)
Portanto, substituindo (10.53) na equac~ao (10.51), uma equac~ao geral do plano normal a curva
parametrizada γ : R → R3 , em t = 0, sera dada por:
√
x−y+ 2 z = 0,
completando a resoluc~ao.
2
306 CAPITULO 10. PLANO TANGENTE E RETA NORMAL
Observação 10.2.3
A quest~ao que colocamos e a seguinte: como obter a equac~ao geral do plano tangente a
superfcie S, no ponto
.
Po = (xo , yo , g(xo , yo )) ,
se este existir?
Para responder esta quest~ao, observemos que se considerarmos a func~ao f : V =. A×R → R,
por
.
f(x , y , z) = g(x , y) − z , para cada (x , y , z) ∈ V (10.55)
temos que a superfcie S sera a superfcie de nvel zero associada a func~ao f isto e,
3
(x , y , z) ∈ R ; f(x , y , z) = 0 = (x , y , z) ∈ R3 ; g(x , y) − z = 0
| {z }
(10.55)
= g(x ,y)−z
= (x , y , z) ∈ R3 ; z = g(x , y)
3
= (x , y , g(x , y)) ∈ R ; (x , y) ∈ A
(10.54)
= S.
Como a func~ao f, dada por (10.55), e uma func~ao diferenciavel em V (pois a func~ao g e
10.2. PLANO TANGENTE 307
diferenciavel em A) e
(9.54)
∂f ∂f ∂f
∇f(x , y , z) = (x , y , z) , (x , y , z) , (x , y , z)
∂x ∂y ∂z
(10.55) ∂g
∂g
= (x , y) , (x , y) , −1 , (10.56)
∂x ∂y
∂g ∂g
teremos: ∇f(xo , yo , zo ) = (xo , yo ) , (xo , yo ) , −1
∂x ∂y
6= (0 , 0 , 0) = O ~.
Logo, da Proposic~ao 10.2.1, segue que este vetor sera um vetor normal a superfcie S, no
ponto Po =. (xo , yo , g(xo , yo )).
Portanto, uma equac~ao geral do plano tangente a superfcie S, no ponto Po , podera ser
dada por (devido a (10.16) e (10.56)):
∂g ∂g
(xo , yo ) · x + (xo , yo ) · y + (−1) · z + d = 0 ,
∂x ∂y
∂g ∂g
ou seja, (xo , yo ) · x + (xo , yo ) · y + (−1) · z + d = 0 . (10.57)
∂x ∂y
Como o ponto
Po = (xo , yo , g(xo , yo ))
devera pertencer a este plano, cuja equac~ao geral e dada por (10.57), deveremos ter:
∂g ∂g
(xo , yo ) xo + (xo , yo ) yo − g(xo , yo ) + d = 0 ,
∂x ∂y
∂g ∂g
ou seja, d = g(xo , yo ) − (xo , yo ) xo − (xo , yo ) yo . (10.58)
∂x ∂y
Em particular, os vetores
∂g
0
γ (uo ) = 1 , 0 , (uo , vo ) (10.67)
∂u
∂g
e 0
β (vo ) = 0 , 1 , (uo , vo ) , (10.68)
∂v
e, por meio desta, podemos obter uma equac~ao geral do plano em quest~ao, que nos forne-
cera a equac~ao (10.59).
Deixaremos estes detalhes como exerccio para o leitor.
4. Resumindo temos, pelo menos, tr^es modos diferentes de apresentar uma superfcie para-
metrizada regular, em uma vizinhanca de um ponto Po , pertencente a mesma, a saber:
(a) Se a superfcie S e dada como a imagem de uma aplicac~ao F : A ⊆ R2 → R3 dife-
renciavel em Qo =. (uo , vo ) ∈ A, de tal modo que os vetores
γ 0 (uo )
e β 0 (vo ) s~ao L.I. em V 3 ,
.
onde γ(u) = F(u , vo ) , para cada u∈I (10.70)
.
e β(v) = F(uo , v) , para cada v ∈ J, (10.71)
s~ao as linhas coordenadas da superfcie S = F(A), pelo ponto (uo , vo ), isto e, temos
uma superfcie parametrizada regular (veja a gura abaixo).
Neste caso, uma equac~ao vetorial do plano tangente a superfcie parametrizada regular
S = F(A), no ponto Qo = (uo , vo ) ∈ A, ser
a dada por:
X = Po + t · γ 0 (uo ) + s · β 0 (vo ) , para cada t , s ∈ R . (10.72)
aberto
de uma func~ao diferenciavel f : B ⊆ R3 → R, de modo que
~.
∇f(Po ) 6= O
Em particular, o vetor ∇f(Po ), que n~ao e o vetor nulo, sera um vetor normal a
superfcie S no ponto Po (veja a gura abaixo).
De modo semelhante, diremos que Po ∈ A e um ponto de mı́nimo local (ou relativo) da função f,
se podemos encontrar uma bola
.
Bδ = Bδ (Po ) ,
centrada no ponto Po e raio δ > 0, de modo que
f(P) ≥ f(Po ) , para todo P ∈ A ∩ Bδ . (11.4)
Neste caso diremos que f(Po ) e o valor de mı́nimo local (ou relativo) da função f.
311
312 CAPITULO 11. MAXIMOS
E MINIMOS
Observação 11.1.1
Consideremos o:
Exemplo 11.1.1
Considere a func~ao f : R2 → R dada por
.
f(x , y) = x2 + y2 , para cada (x , y) ∈ R2 . (11.5)
Encontre, se existirem os extremos globais (ou ab-
solutos) da func~ao f em R2 .
Resolução:
Notemos que, para (x , y) ∈ R2 , teremos:
(11.5)
f(x , y) = x2 + y2
≥0
(11.5), com x=y=0
= f(0 , 0) . (11.6)
Observação 11.1.2
Notemos que, do item 2. da Observac~ao 11.1.2 acima, segue que os valores da func~ao f crescem
mais rapidamente (respectivamente, diminuem mais rapidamente) a medida que se avanca na direc~ao
e sentido (respectivamente, sentido contrario) do vetor gradiente da func~ao, isto e, do vetor
para cada (x , y) ∈ A.
Notemos que, neste exemplo, o vetor gradiente e constante.
Logo, das consideraco~es acima, podemos concluir que a func~ao cresce na direc~ao e sentido do vetor
(11.10) e decresce na direc~ao e sentido oposto do vetor (11.10).
Logo pela ilustrac~ao abaixo podemos perceber que o maximo global (ou absoluto) da func~ao f no
conjunto A, e atingido no ponto
. 3 3
Po = ,
2 2
e o seu mnimo global (ou absoluto), ocorrera ponto
.
P1 = (0 , 3) .
x+y≤3 e x ≤ y.
2x + y ≤ 3 + y e x ≤ y,
3
que e equivalente a: x≤ e x − y ≤ 0. (11.11)
2
11.1. DEFINIC ~
OES 315
P1 = (0 , 3) (11.13)
'e um ponto de mnimo global (ou absoluto) da func~ao f no conjunto A.
O valor de mnimo global (ou absoluto) da func~ao f no conjunto A, sera:
(11.13)
f(P1 ) = f(0 , 3)
(11.8)
= 2·0−3
= −3 ,
completando a resoluc~ao.
2
Observação 11.1.3 No Exemplo 11.1.2 acima, tambem podemos observar que as curvas de nvel
associadas a func~ao f, s~ao as retas
2x − y = k, para cada k ∈ R .
Logo se "andarmos" na direc~ao perpendicular as essas retas, teremos as maiores variac~oes
da func~ao f, mais precisamente, maior crescimento ou maior decrescimento da func~ao f.
A direc~ao perpendicular as retas
2 x − y = f(x , y) = k
isto e, a direc~ao do vetor gradiente da func~ao f (veja (11.10)) que, neste caso, e um vetor
constante.
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
Nosso objetivo a seguir, sera encontrar todos os pontos de máximos e/ou mı́nimos locais (ou relativos)
de uma func~ao de varias variaveis reais, a valores reais.
Para comecar a encontrar tais pontos de maximos ou mnimos locais (ou relativos) de uma func~ao
a valores reais, de n-variaveis reais, temos o:
11.1. DEFINIC ~
OES 317
centrada em Po e de raio δ > 0, que podemos supor estar contida no conjunto A (que e um subconjunto
aberto de Rn ), de modo que
f(P) ≤ f(Po ) , para P ∈ Bδ . (11.16)
Sabemos que, para t ∈ (−δ , δ), temos (veja a gura abaixo):
Po + t · ~ei ∈ Bδ ⊆ A .
Desse modo, a func~ao a valores reais, de uma variavel real, g : (−δ , δ) → R, dada por
.
g(t) = f (Po + t · ~ei ) , para cada t ∈ (−δ , δ) (11.17)
Observemos que:
g(t) − g(0) (11.17) f (Po + t · ei ) − f(Po )
lim = lim
t→0 t t→0 t
Denic~ao 8.1.2 ∂f
= (Po ) ,
∂xi
ou seja, a func~ao g possui derivada em t = 0 e, alem disso, temos
∂f
g 0 (0) = (Po ) . (11.18)
∂xi
Alem do mais, para t ∈ (−δ , δ), teremos:
(11.17)
g(t) = f(Po + t · ei )
(11.16)
≤ f(Po )
(11.17)
= g(0) .
g 0 (0) = 0 .
Observação 11.1.4
1. Em outras palavras, o Teorema 11.1.1 acima nos diz que se uma func~ao atinge um maximo
ou mnimo local (ou relativo, ou seja, um extremo local ou relativo) em um ponto perten-
cente ao interior do seu domnio e suas derivadas parciais existem neste ponto, ent~ao o
gradiente da func~ao devera ser nulo neste ponto.
11.1. DEFINIC ~
OES 319
Deste modo, o Teorema 11.1.1 fornece uma condição necessária para que um ponto, per-
tencente ao interior do domnio de uma func~ao a valores reais, de varias variaveis re-
ais, que tenha derivadas parciais no seu domnio, seja um extremo local (ou relativo) da
func~ao.
2. Como veremos na Observac~ao 11.1.5 a seguir, esta condic~ao pode não ser suficiente, isto
e, existem func~oes que t^em o gradiente nulo num ponto e a mesma não tem extremo local
(ou relativo) nesse ponto.
mostrando que, em qualquer bola aberta de centro no ponto Po = (0 , 0) e raio δ > 0, existem
pontos nessa bola aberta, cujos valores da func~ao cam abaixo ou acima do valor da func~ao f
no ponto Po , mostrando que no ponto Po = (0 , 0) a func~ao f não tem um extremos locais (ou
relativos).
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
320 CAPITULO 11. MAXIMOS
E MINIMOS
Exemplo 11.1.3 A func~ao introduzida na Observac~ao 11.1.5 (dada por (11.20)), tem um ponto
de sela no ponto
Po = (0 , 0) .
Resolução:
De fato, pois e um ponto crtico da func~ao f que n~ao e um ponto de maximo ou de mnimo local
(ou relativo) da func~ao f (veja (11.22)).
2
Observação 11.1.6
2. Notemos que, pelo Teorema 11.1.1, para localizar extremos locais (ou relativos) de uma
func~ao que tem as derivadas parciais de 1.a ordem nos pontos interiores do seu domnio,
11.2. TESTE DO HESSIANO 321
basta restringirmos nossa atenc~ao aos pontos crticos da func~ao f, ou seja, neste caso,
os pontos de maximo ou mnimo locais (ou relativos) da func~ao f, no interior do seu
domnio, estar~ao entre os pontos crticos da func~ao f.
Isto sera de grande import^ancia no estudo dos extremos locais (ou relativos) de uma func~ao
a valores reais, de varias variaveis reais, como veremos a seguir.
O determinante da matriz quadrada (11.23), sera denotado por Hf (P) e denominado hessiano da
função f no ponto P, isto
e,
∂2 f ∂2 f
(P) ··· (P)
∂x12 ∂x1 ∂xn
2
∂2 f
. ∂ f (P) · · ·
(11.24)
Hf (P) = (P) .
∂x2 ∂x
..
1 ∂x2 ∂xn
..
...
. .
∂2 f 2
∂ f
∂xn ∂x1 (P) · · · (P)
2
∂xn
Observação 11.2.1
Conclus~ao:
Hessf (P) = J∇f (P) , para cada P ∈ A. (11.26)
Logo, de (11.27), segue que a matriz quadrada Hessf (P) e uma matriz simetrica, isto e,
contrariando (11.30).
5. Notemos tambem que, se se A, B e C s~ao numeros reais tais que
A C − B2 > 0 e A > 0, (11.31)
De modo analogo, se
AC − B2 > 0 e A<0 (11.32)
ent~ao, deveremos ter
C < 0.
Denindo-se
2 2
. ∂ f . ∂ f ∂2 f
A = 2 (x , y) , C= (x , y) e B =. (x , y) (11.35)
∂x ∂y2 ∂x ∂y
de (11.34), segue que
A C − B2 > 0 .
Para classicar os pontos crticos de funco~es a valores reais, duas variaveis reias, de classe C2 em
um subconjunto aberto de R2 , temos o:
Teorema 11.2.1 (teste do hessiano - caso n=2)
Seja f : A ⊆ R2 uma func~ao de classe C2 em um subconjunto aberto A de R2 .
Suponhamos que Po ∈ A e um ponto crtico da func~ao f isto e,
∇f(Po ) = 0 . (11.37)
Ent~ao:
1. se
∂2 f
Hf (Po ) > 0 e (Po ) > 0 , (11.38)
∂x2
ent~ao o ponto Po sera um ponto de mnimo local (ou relativo) da func~ao f.
11.2. TESTE DO HESSIANO 325
2. se
∂2 f
Hf (Po ) > 0 e (Po ) < 0 , (11.39)
∂x2
ent~ao o ponto Po sera um ponto de maximo local (ou relativo) da func~ao f.
3. se
Hf (Po ) < 0 , (11.40)
ent~ao o ponto Po sera um ponto de sela da func~ao f.
4. se
Hf (Po ) = 0 , (11.41)
n~ao podemos armar nada sobre a natureza do ponto crtico Po da func~ao f.
Demonstração:
Do item 1. :
De (11.25), temos que
∇f(Po ) = 0 ,
∂f ∂f
se, e somente se, (Po ) = (Po ) = 0 . (11.42)
∂x ∂y
Hf (Po ) > 0 ,
∂2 f
e (Po ) > 0 ,
∂x2
do item 8. da Proposic~ao 7.1.1, segue que existe uma bola aberta
.
Bδ = Bδ (Po ) ,
centrada no ponto
.
Po = (xo , yo )
e de raio δ > 0, de modo que
A formula de Taylor de ordem 1 para a func~ao f, no ponto Po = (xo , yo ), (veja (I.18), com n = 1)
nos fornecera:
f(P) = f(x , y)
" #
1 ∂2 f 2 ∂2 f ∂2 f 2
1 ∂f ∂f
= f(Po ) + (Po ) h + (Po ) k + P h +2 P hk + 2 P k
1! ∂x ∂x 2! ∂x2 ∂x ∂y ∂y
(11.42)
" #
∂f
∂x o
∂f
(P )= ∂y (Po ) = 0 1 ∂2 f 2 ∂2 f ∂2 f 2
(11.47)
= f(Po ) + P h + 2 P h k + P k ,
2 ∂x2 ∂x ∂y ∂y2
Considerando-se
. h
v= (11.54)
k
teremos que (11.53), sera equivalente a:
k2 h 2 i
f(x , y) − f(xo , yo ) = Av + 2Bv + C . (11.55)
2
11.2. TESTE DO HESSIANO 327
Logo quem determina o sinal da express~ao a esquerda de (11.55), e o sinal da express~ao a direita
da mesma.
Como
k 6= 0 ,
k2
temos que > 0, (11.56)
2
ou seja, quem determinara o sinal da express~ao a esquerda de (11.55) sera o sinal da express~ao:
A v2 + 2 B v + C . (11.57)
Observemos que o discriminante associado a equac~ao do 2.o grau
A v2 + 2 B v + C = 0 ,
e dado por ∆ = (2 B)2 − 4 A C
= 4 B2 − A C
(11.51)
= −4 H(P)
(11.43)
< 0. (11.58)
Logo, a parabola
.
p(v) = A v2 + 2 B v + C , para cada v ∈ R ,
tem concavidade voltada para cima (pois, de (11.48), temos que A > 0) e n~ao possue razes reais (pois,
de (11.58), temos que ∆ < 0).
Portanto
p(v) > 0 , para v ∈ R . (11.59)
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
Portanto, se k 6= 0, temos:
(11.55) k2
h i
f(x , y) − f(xo , yo ) = A v2 + 2 B v + C
2
k2
= p(v) > 0 ,
2
|{z} |{z}
(11.59)
(11.56) > 0
> 0
ou seja, f(x , y) − f(xo , yo ) > 0 para (x , y) ∈ Bδ . (11.60)
328 CAPITULO 11. MAXIMOS
E MINIMOS
Notemos que, se
k=0
f(x , y) − f(xo , yo ) ≥ 0 ,
isto e, f(x , y) ≥ f(xo , yo ) para todo (x , y) ∈ Bδ ,
mostrando, pela Denic~ao 11.1.2, que a func~ao f tem um mnimo local (ou relativo) no ponto Po =
(xo , yo ), completando a demonstrac~ao 1. .,
Do item 2.:
Neste caso, consideramos a func~ao g : A → R, dada por
.
g(x , y) = −f(x , y) , para cada (x , y) ∈ A .
Logo teremos
∂2 g ∂2 f (11.39)
(P o ) = − (P o ) > 0
∂x2 ∂x2
e o hessiano da func~ao g e igual ao hessiano da func~ao f em cada ponto do conjunto A.
Deixaremos a vericac~ao destas armaco~es como exerccio para o leitor.
Portanto, pelo item 1. deste resultado, segue que a func~ao g tera um ponto de mnimo local (ou
relativo) no ponto Po , consequentemente, a func~ao
f = −g ,
tera um ponto de maximo local (ou relativo) no ponto Po , completando a demonstrac~ao do item 2. .
Do item 3.:
Dado
.
~v = (h , k) ,
para cada t ∈ (−δ , δ) (delta obtido como na demonstrac~ao do item 1. - veja a gura abaixo).
11.2. TESTE DO HESSIANO 329
(11.62)
γ 0 (t) = (h , k) (11.64)
= ~v ,
(11.62), com t=0
em paticular, teremos: γ(0) = Po
e 0
γ (0) = ~v . (11.65)
dada por (11.63), e a restric~ao da func~ao f ao segmento de reta de R2 cujos extremos s~ao pontos (veja
gura acima)
Po − δ · ~v e Po + δ · ~v
Esta restric~ao nos fornece a informac~ao de como se comporta o graco da func~ao f, quando inter-
ceptado por um plano vertical paralelo ao vetor ~v e passando pelo ponto (Po , f(Po )) .
Usando a regra da cadeia (isto e, Teorema 9.1.1), teremos
(11.63) d
ϕ~v 0 (t) = [f ◦ γ](t)
dt
= ∇f[γ(t)] • γ 0 (t) (11.66)
(9.13) ∂f dx ∂f dy
= [γ(t)] (t) + [γ(t)] (t)
∂x dt ∂y dt
x(t)=xo +t h e y(t)=yo +t k ∂f ∂f
= [γ(t)] h + [γ(t)] k . (11.67)
∂x ∂y
Fazendo t = 0 em (11.66), teremos: ϕ~v 0 (0) = ∇f[γ(0)] • γ 0 (0)
(11.65)
= ∇f(Po ) • ~v . (11.68)
Derivando a equac~ao (11.67), em relac~ao a t, e utilizando novamente a regra da cadeia (isto e, o
330 CAPITULO 11. MAXIMOS
E MINIMOS
Q(~v) = Q(h , k)
.
= ϕ~v 00 (0)
(11.70) e (11.69)
= A h2 + 2 Bh k + C k2 (11.72)
para ~v = (h , k) ∈ R2 .
Afirmação (I): existem vetores unitarios ~u e ~v de R2 , de modo que
Se isso for verdade, pelo teste da derivada segunda para funco~es a valores reais, de uma variavel
real (visto na disciplina de Calculo I), a restric~ao da func~ao f a uma direc~ao tera um mnimo local no
ponto Po e na outra direc~ao tera um maximo local no ponto Po .
Com isto temos que existem pontos, arbitrariamente proximos, do ponto Po , cujos valores da
func~ao f s~ao maiores do que o valor f(Po ) (na direc~ao de mnimo local) e outros pontos onde valores
s~ao menores do que o valor f(Po ) (na direc~ao de maximo local).
Isto e, pela Denic~ao 11.1.4, o ponto Po sera um ponto sela para a func~ao f, como queramos
demonstrar.
Para mostrarmos a armac~ao (I) acima, consideraremos os seguintes casos:
1.o Caso: se
A = C = 0. (11.73)
Neste caso, como
(11.40)
0 > Hf (Po )
(2.72)
= B2 − A C ,
(11.73)
= B2 ,
o que implicara que: B 6= 0 . (11.74)
Assim
(11.72)
Q(1 , −1) = A · (1)2 + 2 · B · 1 · (−1) + C · (−1)2
(11.73)
= −2 B ,
(11.72)
Q(1 , 1) = A · (1)2 + 2 · B · 1 · 1 + C · 12
(11.73)
= 2B,
e assim de (11.74), segue que: Q(1 , −1) e Q(1 , 1) t^em sinais opostos.
Neste caso considerando-se
. (1 , −1)
~u =
k(1 , −1)k
√
2
= (1 , −1) ,
2
. (1 , 1)
~v =
k(1 , 1)k
√
2
= (1 , 1) ,
2
teremos a conclus~ao da armac~ao (I).
2.o Caso: se
A=0 e C 6= 0 . (11.75)
Neste caso, como
(11.40)
0 > Hf (Po )
(2.72)
= B2 − A C
(11.75)
= B2 ,
o que implicara que: B 6= 0 . (11.76)
332 CAPITULO 11. MAXIMOS
E MINIMOS
Assim
(11.72) C 2
C C
Q − ,1 = A· − +2·B· − · 1 + C · 12
4B 4B 4B
(11.75) C
= ,
2
(11.72) 3C 2
3C 3C
Q − ,1 = A· − +2·B· − · 1 + C · 12
2B 2B 2B
(11.75)
= −2 C ,
C 3C
ou seja, de (11.75), segue que Q − ,1 e Q − ,1 t^em sinais opostos.
4B 2B
e
3C
− ,1
. 2B
~v =
− 3 C
,1
2B
Observação 11.2.2
Ent~ao:
(a) se
∂2 f
Hf (Po ) > 0 e (Po ) > 0 , (11.79)
∂y2
ent~ao o ponto Po sera um ponto de mnimo local (ou relativo) da func~ao f.
334 CAPITULO 11. MAXIMOS
E MINIMOS
(b) se
∂2 f
Hf (Po ) > 0 e (Po ) < 0 , (11.80)
∂y2
ent~ao o ponto Po , sera um ponto de maximo local (ou relativo) da func~ao f.
(c) se
Hf (Po ) < 0 , (11.81)
ent~ao o ponto Po sera um ponto de sela da func~ao f.
(d) se
Hf (Po ) = 0 ,
n~ao podemos armar nada sobre a natureza do ponto crtico Po .
2. A equac~ao (11.69), pode ser reescrita na seguinte forma:
(11.69) ∂2 f ∂2 f ∂2 f
ϕ~v00 (0) = 2
(Po ) h2 + 2 (Po ) h k + 2 (Po ) k2
∂x ∂x ∂y ∂y
2 2
∂ f ∂ f
∂x2 (Po ) h + ∂x ∂y (Po ) k
h
= ·
k
2
∂ f 2
∂ f
2
(Po ) k + (Po ) h
∂y ∂x ∂y
2
∂2 f
∂ f
∂x2 (Po ) ∂x ∂y (Po )
h h
= k · k
∂ f 2 2
∂ f
(Po ) 2
(Po )
∂x ∂y ∂y
2
∂2 f
∂ f
∂x2 (Po ) ∂x ∂y (Po )
h h
= k · k
∂ f 2 2
∂ f
(Po ) 2
(Po )
∂y ∂x ∂y
= [Hessf (Po )~v] · ~v
isto e, ϕ~v00 (0) = [Hessf (Po )~v] · ~v, (11.82)
∂2 f ∂2 f
∂x2 (x , y) ∂x ∂y
(x , y)
(11.27)
Hessf (x , y) =
∂2 f 2
∂ f
(x , y) (x , y)
∂y ∂x ∂y2
(11.86) ,(11.87) e (11.88) 12 x2 − 4
0
= . (11.91)
0 12 y2 − 4
(11.91) 12 x2 − 4
0
Hf (x , y) = 2
0 12 y − 4
= 16 3 x2 − 1 3 y2 − 1 . (11.92)
Com o teste do hessiano (ou seja, o Teorema 11.2.1) podemos montar a seguinte tabela:
∂2 f
ponto P valor de Hf (P) valor de (P) Classicac~ao do ponto P valor de f(P)
∂x2
Observe que, pelo item 1. do Teorema 11.2.1, o ponto P1 e um ponto de maximo local da func~ao
f, mas n~ao e um maximo global da func~ao f em R2 .
De fato pois, por exemplo,
(11.83)
f(2 , 0) = 8
>0
= f(0 , 0)
= f(P1 ) .
P5 , P6 , P8 e P9
De fato, nestes pontos a func~ao f tera o valor −2 (veja tabela acima) e para todo (x , y) ∈ R2 ,
temos
(11.83) 4
f(x , y) + 2 = x + y4 − 2 x2 − 2 y2 + 2
= x4 − 2 x2 + 1 + y4 − 2 y2 + 1
2 2
= x2 − 1 + y2 − 1
≥ 0.
Portanto, f(x , y) ≥ −2, para todo (x , y) ∈ R2 ,
isto e, os pontos de mnimo locais s~ao, na verdade, pontos de mnimo globais da func~ao f em R2 ,
mostrando a armac~ao acima.
A gura abaixo a direita mostra a representac~ao geometrica do graco da func~ao f e a gura abaixo
a esquerda mostra os pontos crticos da func~ao f e a curva de nvel −1 da func~ao f (isto e, a curva de
nvel que contem todos os pontos de sela da func~ao f).
Observação 11.3.1 O Teorema 11.2.1 so e valido em R2 , isto e, para func~oes a valores reais,
de duas variáveis reais.
Situac~oes mais gerais (func~oes a valores reais, de duas ou mais variaveis) s~ao tratadas no
Ap^endice K.
Exemplo 11.4.1 Deseja-se construir uma caixa, sem tampa, com a forma de um paraleleppedo
reto cujo volume e V m3 xado.
Determine as dimens~oes da caixa para que se gaste o mnimo de material possvel, para
constru-la.
338 CAPITULO 11. MAXIMOS
E MINIMOS
Resolução:
Denotemos por x e z as dimens~oes da base da caixa e por y a sua altura, todos estes elementos
dados em metros (como na gura abaixo).
A area total da caixa, que indicaremos por A sera igual a area lateral, juntamente com a area da
base, do paraleleppedo reto, ou seja, sera dada por:
.
A = 2 y x + 2 y z + x z para cada x , y , z > 0 . (11.93)
∂A (11.96) V ∂A (11.96) V
(x , y) = 2 y − 2 2 , (x , y) = 2 x − 2 , (11.98)
∂x x ∂y y
∂2 A (11.98) 4 V 2
∂ A (11.98) 2 V
2
(x , y) = , (x , y) = , (11.99)
∂x x3 ∂y 2
y3
∂2 A ∂2 A
(K.90)
= (11.98)
(x , y) = (x , y) = 2 (11.100)
∂x ∂y ∂x ∂y
0 = ∇A(x , y)
∂A ∂A
= (x , y) , (x , y)
∂x ∂y
(11.98)
V V
= 2y − 2 2 , 2x − 2 ,
x y
V
2 y − 2 2 = 0
x
ou seja, ,
V
2 x − 2 = 0
y
y x2 = V
isto e, . (11.101)
2 x y2 = V
Como
(11.94)
xo yo zo = V,
√
de (11.102), segue que: 3
zo = 2 V . (11.104)
340 CAPITULO 11. MAXIMOS
E MINIMOS
8 V2
= 3 3 − 4. (11.105)
x y
Assim
r !
(11.103) √
3 3 V
HessA (xo , yo ) = HessA 2V ,
4
(11.105)
= 12 > 0 ,
r !
∂2 A (11.103) ∂2 A √
3 3 V
(P o ) = 2V ,
∂x2 ∂x2 4
(11.99)
= 2 > 0.
Logo, pelo teste do hessiano (ou seja, o item 1. do Teorema 11.2.1), podemos concluir que o ponto
r !
√
3 3 V
Po = 2V ,
4
De fato, pois para encontrar os pontos crticos da func~ao Ay1 , basta encontrarmos x ∈ (0 , ∞) de
modo que:
0 = Ay1 0 (x)
(11.106) V
= 2 y1 − 2
x2
y1 x2 − V
=2 ,
x2
o que implicara em: y1 x 2 − V = 0 ,
s
V
isto e, x= . (11.108)
y1
(11.106)
V V
lim Ay1 (x) = lim 2 x y1 + 2 +
x→0+ x→0+ x y1
visto na disciplina de Calculo I
= +∞ ,
e
(11.106) V V
lim Ay1 (x) = lim 2 x y1 +2 +
x→+∞ x→∞+ |{z} x y1
>0
visto na disciplina de Calculo I
= +∞ .
podemos concluir que a func~ao Ay1 (que e diferenciavel em (0 , ∞)), tera um ponto de mnimo global
(ou absoluto) da func~ao Ay1 no seu unico ponto crtico, isto e, no ponto
s
. V
x1 = ,
y1
o valor do mnimo global (ou absoluto) da func~ao Ay1 em (0 , ∞), que indicaremos por m(y1 ), sera
342 CAPITULO 11. MAXIMOS
E MINIMOS
dada por :
.
m(y1 ) = Ay1 (x1 )
s !
(11.107) V
= Ay1
y1
s !
(11.106) V
= A , y1
y1
(11.96) V
(11.110)
p
= 4 V y1 + .
y1
Com isto teremos que:
(11.106)
A(x , y1 ) = Ay1 (x)
≥ m(y1 ) , para cada x ∈ (0 , ∞) . (11.111)
Por outro lado, a func~ao m : (0 , ∞) → R dada por
.
m(y) = Ay (xo )
(11.107) V
para cada y ∈ (0 , ∞) (11.112)
p
= 4 Vy+ ,
y
(que nos fornece o valor do mnimo global (ou absoluto) da func~ao Ay em (0 , ∞)), tambem possui
um ponto de mnimo global (ou absoluto) em (0 , ∞).
De fato, observemos que a func~ao m, dada por (11.112), tem um unico ponto crtico em (0 , ∞).
De fato, o ponto crtico da func~ao m em (0 , ∞), ocorrera quando:
0 = m 0 (y)
s
(11.112) V V
= 2 − 2,
y y
s
V V
ou seja, 2 = 2
y y
V
ou ainda, y3 = ,
r4
. 3 V
implicando que y1 = (11.113)
4
e o unico ponto crtico da func~ao m em (0 , ∞).
11.4. ENCONTRANDO MAXIMO (OU MINIMO) GLOBAL 343
Notemos que
V
lim m(y) = lim+ 4
p
Vy+
y→0+ y→0 y
visto na disciplina de Calculo I
+∞ , =
V
lim m(y) = lim+ 4 |{z}
r
V y+
y→+∞ y→∞ y
>0
visto na disciplina de Calculo 1
= +∞ .
Estes fatos, juntamente com o fato que a func~ao m e diferenciavel em (0 , ∞), segue que seu ponto
mnimo global (ou absoluto) ocorrera no seu unico ponto crtico, a saber em
r
3 V
y1 = .
4
Portanto
m(y) ≥ m (y1 )
r !
(11.113) 3 V
= m , para todo y ∈ (0 , ∞) . (11.114)
4
Observemos que
r
(11.113) 3 V
y1 =
4
(11.102)
= yo , (11.115)
s
(11.109) V
x1 =
y1
v
(11.113) u V
u
= ur
t3 V
4
√3
= 2V
(11.113)
= xo . (11.116)
344 CAPITULO 11. MAXIMOS
E MINIMOS
Portanto, o ponto r !
√ 3 V
Po =
3
2V , (11.117)
4
Observação 11.4.1 Todo o trabalho que tivemos no Exemplo 11.4.1 acima, ocorre porque não
temos um resultado que nos garanta que o mnimo global (ou absoluto) da func~ao A, dada por
(11.96), no conjunto R existe.
Lembremos novamente que, apesar da func~ao A, dada por (11.96), ser contnua no conjunto
.
R = (0, ∞) × (0, ∞) ,
este conjunto não e nem fechado, nem limitado em R2 , ou seja, não e um conjunto compacto
de R2 .
O que zemos foi mostrar que o ponto de mnimo local (relativo) da func~ao A, dada por
(11.96), obtido pelo teste do hessiano aplicado a func~ao A e, na verdade, um ponto mnimo
global (ou absoluto) da func~ao A no conjunto R.
Esta func~ao não possui pontos maximo nem mnimo globais (ou absolutos) e, a bem da verdade,
nem possui pontos crticos.
Deixaremos a vericac~ao deste fato como exerccio para o leitor.
Lembremos do seguinte resultado enunciado no Captulo 7, mais precisamente, o Teorema 7.2.1):
Teorema 11.5.1 Seja K ⊆ Rn um subconjunto compacto de Rn .
Se a func~ao f : K → R for uma func~ao contnua no conjunto K, ent~ao existem P1 , P2 ∈ K, de
modo que
f(P1 ) ≤ f(P) ≤ f(P2 ) , para todo P ∈ K . (11.118)
Em outras palavras, o ponto P1 sera um ponto de mnimo global (ou absoluto) da func~ao
f no conjunto K e o ponto P2 sera um ponto de maximo global (ou absoluto) da func~ao f no
conjunto K.
Observação 11.5.1
1. Notemos que, os pontos P1 e P2 , não precisam, necessariamente, ser os unicos com satis-
fazendo (11.118), isto e, a func~ao f pode, eventualmente, ter varios pontos de maximo ou
de mnimo globais (ou absolutos) no conjunto K.
Neste caso, em todos os pontos de maximo globais (ou absolutos) a func~ao tera o mesmo
valor.
Analogamente para os pontos de mnimo globais (ou absolutos).
Um exemplo deste fato e uma func~ao que seja constante no conjunto K.
Neste caso, todos os seus pontos s~ao pontos de maximo globais (ou absolutos) e todos os
seus pontos s~ao pontos de mnimo globais (ou absolutos) da func~ao no conjunto K
2. Se o conjunto K e um subconjunto compacto de Rn e a func~ao f : K → R e contnua em K
◦
e diferenciavel no conjunto K (veja a sec~ao F.4, ou ainda, o item 3. da Denic~ao F.4.4)
ent~ao, pelo Teorema (11.5.1), segue que existem pontos de maximo e mnimo globais (ou
absolutos) da func~ao f no conjunto K.
Para localiza-los podemos comecar procurando os pontos crticos da func~ao f no interior
do conjunto K (isto e, os pontos do conjunto K que n~ao fazem parte da sua fronteira) e
comparar com os valores da func~ao f sobre a fronteira do conjunto K.
Assim, bastara encontrar os valores da func~ao em todos os pontos crticos que pertencem
ao interior do conjunto K e os extremos globais da restric~ao da func~ao f a fronteira de K.
O maior entre os valores acima sera o valor maximo global da func~ao f no conjunto K e
o menor valor acima sera o valor mnimo global da func~ao f no conjunto K.
3. Note que não ha necessidade de utilizarmos o teste do hessiano ou dos autovalores (ou
seja, os Teoremas 11.2.1 ou K.1.2) nos pontos crticos encontrados acima, pois estare-
mos interessados em localizar os pontos de máximo e mı́nimo globais (ou absolutos)
da func~ao f no conjunto compacto K.
4. Enfatizamos que podemos ter extremos globais da func~ao f em K, ocorrendo na fronteira do
conjunto K e estes extremos não ser~ao pontos crticos da func~ao f no interior do conjunto
K, como veremos em exemplos a seguir.
Comecaremos pelo:
346 CAPITULO 11. MAXIMOS
E MINIMOS
Resolução:
Notemos que o conjunto K e um subconjunto compacto em R2 .
De fato, pois e um subconjunto fechado e limitado em R2 .
A vericac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
Alem disso, notemos que a func~ao f e de classe C∞ no conjunto K (pois e uma func~ao polinomial).
Em particular, e uma func~ao contnua em no conjunto K.
Logo, pelo Teorema 11.5.1, segue que a func~ao f atinge maximo e mnimo globais no conjunto K.
A regi~ao K e o ret^angulo ilustrado na gura abaixo.
= (0 , 2) × (−2 , 2) . (11.121)
A vericac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
◦
Observemos tambem que, para (x , y) ∈K, teremos:
∂f (11.119) ∂
h i
(x , y) = x3 + y3 − 3 x − 3 y
∂x ∂x
= 3 x2 − 3 (11.122)
∂f (11.119) ∂
h i
(x , y) = x3 + y3 − 3 x − 3 y
∂y ∂y
2
= 3y − 3. (11.123)
∂2 f ∂2 f
(x, y) = 6x (x, y) = 6y (11.124)
∂x2 ∂y2
∂2 f 2
Teor. Schwarz ∂ f
(x, y) = (x, y) = 0 (11.125)
∂x ∂y ∂x ∂y
11.5. EXTREMOS GLOBAIS EM COMPACTOS 347
Notemos que
◦
(x , y) ∈K
sera ponto crtico da func~ao f se, e somente, se:
(0 , 0) = ∇f(x , y)
∂f ∂f
= (x , y) , (x , y)
∂x ∂y
(11.122) e (11.123)
= 3 x2 − 3 , 3 y2 − 3 ,
3 x2 − 3 = 0
ou seja, ,
3 y2 − 3 = 0
x = ±1
ou ainda, . (11.126)
y = ±1
◦
Logo, de (11.126), os pontos crticos da func~ao f no conjunto K ser~ao:
. ◦ . ◦
P1 = (1 , −1) ∈K e P2 = (1 , 1) ∈K . (11.127)
Observação 11.5.2 Observemos que
◦ ◦
(−1 , 1) 6∈K e (−1 , −1)) 6∈K .
◦
Logo este dois pontos não s~ao pontos crticos da func~ao f no conjunto K (na verdade, n~ao
pertencem nem mesmo pertecem ao proprio conjunto K).
Com isto teremos:
P (x , y) pertence ao interior de K valor de f(P) (veja (11.119))
P1 (1 , −1) ok 0
P2 (1 , 1) ok −4 (11.128)
(−1 , 1) n~ao n~ao interessa
(−1 , −1) n~ao n~ao interessa
Desse modo, devemos considerar apenas os pontos P1 e P2 (pois somente estes pertencem ao interior
de K).
Passemos agora a analise dos valores de maximo e mnimos da restric~ao da func~ao f a fronteira do
conjunto K.
Dividiremos a fronteira do conjunto K em quatro conjuntos (a saber, quatro intervalos), cada qual
contemplando um lado do ret^angulo dado pela gura acima (que e a representac~ao geometrica do
conjunto K).
Notemos que a fronteira do conjunto K e dada por:
∂K = l1 ∪ l2 ∪ l3 ∪ l4 , (11.129)
onde l1 , l2 , l3 e l4 s~ao como na gura acima.
1.o caso: encontremos o maximo da restric~ao da func~ao f ao conjunto
.
`1 = (0 , y) ∈ R2 ; y ∈ [−2 , 2]
= {0} × [−2 , 2] . (11.130)
348 CAPITULO 11. MAXIMOS
E MINIMOS
Neste caso, a restric~ao da func~ao f ao conjunto l1 , nos fornecera a func~ao g1 : [−2 , 2] → R, dada
por
.
g1 (y) = f(0 , y)
(11.119) , com x=0
= y3 − 3 , para cada y ∈ [−2 , 2] . (11.131)
Encontremos o maximo e o mnimo globais da func~ao g1 no intervalo fechado [−2 , 2] (que existem
pois a func~ao g1 e contnua no intervalo fechado e limitado [−2 , 2], ou seja, um subconjunto compacto
de R) utilizando as tecnicas desenvolvidas na disciplina de Calculo I.
Para isto, comecemos, encontrando os pontos crticos da func~ao g1 no intervalo aberto (−2 , 2).
Como a func~ao g1 , dada por (11.131), e diferenciavel o intervalo aberto (−2 , 2), seus pontos crticos
ocorrer~ao somente nos pontos onde a sua derivada e zero, ou seja,
y ∈ (−2, 2) ,
tais que 0 = g10 (y) = 0
(11.131)
= 3 y2 − 3 ,
. .
isto implicara que y1 = −1 ∈ (−2 , 2) e y2 = 1 ∈ (−2 , 2) , (11.132)
ser~ao os unicos pontos crticos da func~ao g1 , que pertencem ao intervalo aberto (−2 , 2).
Logo, dos fatos acima e de (11.131), deveremos levar em conta o valor da func~ao f nos pontos
. .
P3 = (0 , −1) e P4 = (0 , 1) . (11.133)
g2 = 2 + g1 ,
obteremos os mesmos valores para y que do 1.o caso, porem lembremos que, neste caso, teremos
x = 2,
f(2 , −1) = g2 (−1) = 4, f(2 , 1) = g2 (1) = 0, f(2 , −2) = g2 (−2) = 0, e f(2 , 2) = g2 (2) = 4.
(11.140)
3.o caso: sobre o conjunto
.
`3 = (x , 2) ∈ R2 ; x ∈ [0 , 2]
= [0 , 2] × {2} . (11.141)
Neste caso, a restric~ao da func~ao f ao conjunto l3 , nos fornecera a func~ao g3 : [0 , 2] → R, dada por
.
g3 (x) = f(x , 2)
(11.119) 3
= x − 3x + 2, para cada x ∈ [0 , 2] . (11.142)
x ∈ (0 , 2) ,
tais que 0 = g30 (x)
(11.142)
= 3 x2 − 3 ,
. .
isto implicara que x1 = −1 6∈ (0 , 2) e x2 = 1 ∈ (0 , 2) , (11.143)
ou seja, o unico ponto crtico da func~ao g3 , que pertence ao intervalo aberto (0 , 2) sera o
x = 1.
Assim, baseados nas consideraco~es acima, deveremos que levar em conta o valor da func~ao f no
ponto
.
P11 = (1 , 2) . (11.144)
Finalmente, devemos calcular o valor da func~ao g3 nos extremos do intervalo [0 , 2], isto e, nos
pontos
. .
x3 = 0 e x4 = 2 ,
350 CAPITULO 11. MAXIMOS
E MINIMOS
Neste caso, a restric~ao da func~ao f ao conjunto l4 , nos fornecera a func~ao g4 : [0 , 2] → R, dada por
.
g4 (x) = f(x , −2)
(11.119) 3
= x − 3 x − 22 , para cada x ∈ [0 , 2] . (11.147)
g2 = 2 + g1 ,
obtemos os mesmos valores do 3.o caso, porem lembremos que, neste caso, teremos
y = −2 ,
Resumindo, os pontos, e respectivos valores da func~ao f nos mesmos, que nos interessam est~ao na
seguinte tabela:
Pi (x , y) valor de f(x , y)
P1 (1 , −1) 0
P2 (1 , 1) −4
P3 (0 , −1) 2
P4 (0 , 1) −2
P5 (0 , −2) −2
P6 (0 , 2) 2
P7 (2 , −1) 4
P8 (2 , 1) 0
P9 (2 , −2) 0
P10 (2 , 2) 4
P11 (1 , 2) 0
P14 (1 , −2) −4
11.5. EXTREMOS GLOBAIS EM COMPACTOS 351
Para obtermos o maximo global da func~ao f basta encontrar o maior valor da func~ao f na lista
acima, cujo o valor 4 (na coluna a direita).
Este valor ocorrera nos pontos
P7 = (2 , −1) e P10 = (2 , 2) ,
ou seja, os pontos mnimo global da func~ao f no conjunto compacto K ocorrer~ao nos pontos
◦
P2 = (1 , 1) ∈K e P14 = (1 , −2) ∈ ∂K . (11.150)
Conclusão: a func~ao f tem dois pontos de maximo globais no conjunto compacto K, que ocorrem
nos pontos
(2 , −1) e (2 , 2) ,
que est~ao na fronteira do conjunto K, cujo valor de maximo global da func~ao f sera 4.
Alem disso, a func~ao f tem dois pontos de mnimo globais no conjunto compacto K, que ocorrem
nos pontos
(1 , 1) e (1 , −2) ,
sendo que o primeiro pertence ao interior do conjunto K e o segundo pertence a fronteira do conjunto
K, cujo valor de mnimo global da func~ao f sera −4, completando a resoluc~ao.
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
2
Podemos aplicar as mesmas tecnicas ao
Exemplo 11.5.2 Determine os extremos globais da func~ao f : K → R dada por
.
f(x , y) = x y , para cada (x , y) ∈ K , (11.151)
onde
.
K = (x , y) ∈ R2 ; x2 + y2 ≤ 1 . (11.152)
352 CAPITULO 11. MAXIMOS
E MINIMOS
Resolução:
Semelhante ao Exemplo 11.5.1 acima, observemos que o conjunto K e um subconjunto compacto
de R2 , pois e uma bola fechada de R2 .
Deixaremos a vericac~ao deste fato como exerccio para o leitor.
Notemos tambem que a func~ao f e de classe C∞ no conjunto K (pois e uma func~ao polinomial em
R2 ), em particular, sera uma func~ao contnua no conjunto K.
Logo, pelo Teorema 11.5.1, segue que a func~ao f atinge maximo e mnimo globais no conjunto K.
Neste caso o conjunto K e o crculo de centro na origem e raio igual a 1.
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
◦
Notemos que, para cada (x , y) ∈K, teremos:
∂f (11.151) ∂
(x , y) = [x y]
∂x ∂x
=y (11.153)
∂f (11.151) ∂
(x , y) = [x y]
∂y ∂y
= x. (11.154)
Encontremos os pontos crticos da func~ao f no interior do conjunto K, isto e, os pontos do interior
do conjunto K, onde o gradiente da func~ao f e igual a zero, ou seja,
(0 , 0) = ∇f(x , y)
∂f ∂f
= (x , y) , (x , y)
∂x ∂y
(11.153) e (11.154)
= (y , x) ,
y=0
ou seja, ,
x=0
◦ .
isto e, o unico ponto crtico de f em K, sera: P1 = (0 , 0) (11.155)
f(0, 0) = 0 .
11.5. EXTREMOS GLOBAIS EM COMPACTOS 353
∂K = (x , y) ∈ R2 ; x2 + y2 = 1
= {(cos(t) , sen(t)) ; t ∈ [0 , 2 π]} . (11.157)
.
g(t) = f[cos(t) , sen(t)]
(11.151)
= cos(t) sen(t)
1
= sen(2 t) , para cada t ∈ [0 , 2 π] . (11.158)
2
Para encontrar esse extremos globais da func~ao g no intervalo [0 , 2 π], basta aplicarmos as tecnicas
desenvolvidas na disciplina de Calculo I.
0 = g 0 (t)
(11.158)
= cos(2 t) ,
. π . 3π . 5π . 7π
ou seja, nos pontos: t1 = , t2 = , t3 = e t4 = . (11.159)
4 4 4 4
Assim, baseado nas consideraco~es acima, teremos que levar em conta o valor da func~ao f nos
354 CAPITULO 11. MAXIMOS
E MINIMOS
seguintes pontos
π π
.
P2 = cos , sen
4 4
√ √ !
2 2
= , ,
2 2
. 3π 3π
P3 = cos , sen
4 4
√ √ !
2 2
= − , ,
2 2
. 5π 5π
P4 = cos , sen
4 4
√ √ !
2 2
= − ,− ,
2 2
. 7π 7π
P5 = cos , sen
4 4
√ √ !
2 2
= ,− ,
2 2
√ √ ! √ √ !
. 2 2 . 2 2
ou seja, nos pontos: P2 = , , P3 = − ,
2 2 2 2
√ √ ! √ √ !
. 2 2 . 2 2
P4 = − ,− e P5 = ,− . (11.160)
2 2 2 2
π (11.158) 1 (11.158) 5π
3π
(11.158) 1 (11.158)
7π
g = = g e g = − = g .
4 2 4 4 2 4
Alem do mais, temos que considerar os valores da func~ao g nos extremos do intervalo [0 , 2 π], isto
e, teremos que levar em conta o valor da func~ao f nos seguintes pontos
.
P6 = (cos (0) , sen (0))
= (1 , 0) ,
.
P7 = (cos (2 π) , sen (2 π))
= (1 , 0)
= P6 ,
.
ou seja, no ponto: P6 = (1 , 0) . (11.161)
Resumindo, os pontos, e respectivos valores da func~ao f nos mesmos, que nos interessam est~ao na
seguinte tabela:
11.5. EXTREMOS GLOBAIS EM COMPACTOS 355
Pi (x , y) valor de f(x , y)
P1 (0 , 0) 0
√ √ !
2 2 1
P2 ,
2 2 2
√ √ !
2 2 1
P3 − , −
2 2 2
√ √ !
2 2 1
P4 − ,−
2 2 2
√ √ !
2 2 1
P5 ,− −
2 2 2
P6 (1 , 0) 0
Para obtermos o maximo global da func~ao f, basta encontrar o maior valor da func~ao f na lista
1
acima, que e o valor (na coluna a direita).
2
Este valor ocorrera nos pontos
√ √ ! √ √ !
2 2 2 2
P1 = , e P4 = − ,− ,
2 2 2 2
Para obtermos o mnimo global da func~ao f basta encontrar o menor valor da func~ao f na lista
1
acima, que sera o valor − (na coluna a direita).
2
Este valor ocorrera nos pontos
√ √ ! √ √ !
2 2 2 2
P3 = − , e P5 = ,− ,
2 2 2 2
completando a resoluc~ao.
Reunindo os resultados encontrados no interior e na fronteira de K vemos que o valor de maximo
global da func~ao f em K e 1/2 (pois e o maior valor em (1)-(2)-(3)) e o valor de mnimo global da
func~ao f em K e −1/2 (pois e o menor valor em (1)-(2)-(3)).
π
O valor de maximo da func~ao f em K e atingido nos pontos referentes aos valores de t = e
4
5π
t= que correspondem aos pontos
4
√ √ ! √ √ !
2 2 2 2
, e − ,− ,
2 2 2 2
356 CAPITULO 11. MAXIMOS
E MINIMOS
respectivamente.
3π
O valor de mnimo da func~ao f em K e atingido nos pontos referentes aos valores de t = e
4
7π
t= que correspondem aos pontos
4
√ √ ! √ √ !
2 2 2 2
− , e ,− ,
2 2 2 2
respectivamente.
Todos estes pontos se encontram na fronteira de K, ou seja, os valores de maximo e de mnimo
globais da func~ao f em K s~ao atingidos em pontos que est~ao na fronteira de K
A gura abaixo ilustrar a situac~ao descrita acima.
Capı́tulo 12
Multiplicadores de Lagrange
Neste ultimo captulo trataremos de encontrar, quando existir, o maximo e/ou o mnimo de uma
func~ao, a valores reais, de varias variaveis, quando esta esta restrita a algum tipo de restric~ao, que
sera denominado de vı́nculo.
Comecaremos com a:
ou seja, encontrar os extremos da func~ao f, para pontos domnio da func~ao f, que est~ao sobre a curva
de nvel zero da func~ao g, isto e, encontrar os extremos (globais) da func~ao
(x , y) ∈ A
denominado vı́nculo (ou condição lateral) que maximizem ou minimizem os valores da func~ao f.
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima
Observação 12.1.1
357
358 CAPITULO 12. MULTIPLICADORES DE LAGRANGE
transversalmente, isto e, de modo que uma curva n~ao seja tangente a outra, ou ainda,
os vetores
∇f(xo , yo ) e ∇g(xo , yo )
s~ao linearmente independentes, no correspondente ponto de intersecc~ao, que denotaremos
por
.
Po = (xo , yo ) ∈ A .
{(x , y) ∈ A ; f(x , y) = t} ,
tambem ira interceptar a curva de nvel zero associada a func~ao g, isto e, a curva
{(x , y) ∈ A ; g(x , y) = 0} .
Mais do que isso, para valores de t proximos do valor to , as curvas de nvel t, associadas
a func~ao f, interceptar~ao a curva de nvel zero, associada a func~ao g, transversalmente
nos pontos da intersec~ao entre ambas.
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
Isto signica que o valor to não pode ser um valor de mnimo ou de maximo da func~ao f
quando restrita ao vnculo
{(x , y) ∈ A ; g(x , y) = 0} .
t1 ∈ (to , to + ε) (12.7)
Neste caso teremos que o numero real to não podera ser um valor maximo da func~ao f,
quando restrita ao vnculo (12.3), pois se
mostrando que o numero real to não podera ser um valor maximo da func~ao f, quando
restrita ao vnculo (12.3).
Por outro lado, para ε > 0, sucientemente pequeno, teremos que se
t2 ∈ (to − ε , to ), (12.8)
mostrando que o numero real to não podera ser um valor mnimo da func~ao f, quando
restrita ao vnculo (12.3).
3. Portanto, das analises feitas no item acima, podemos concluir que a func~ao f somente
podera atingir um valor extremo (maximo ou mnimo) quando restrita ao vnculo (12.3),
em um determinado ponto
Po = (xo , yo ) ,
se a curva de nvel
f(x , y) = f(Po )
for uma curva tangente a curva de nvel zero, associada a func~ao g, no ponto Po , ou seja,
se os vetores
∇f(Po ) e ∇g(Po )
{(x , y) ∈ A ; g(x , y) = 0} ,
12.1. PROBLEMA COM UM VINCULO 361
Deste modo, para analisar os extremos da func~ao f restrita ao vnculo (12.3), basta en-
contrar os extremos da func~ao ϕ no intervalo I, esta func~ao e uma func~ao real, de uma
variavel real (estudada na disciplina de Calculo I).
Observemos que a func~ao ϕ e de classe C1 no intervalo aberto I (pois ela e a func~ao
composta de func~oes de classe C1 ) e assim, se existir um extremo da func~ao ϕ, ele devera
ocorrer em ponto crtico da func~ao ϕ, ou seja, em um ponto to ∈ I, de modo que
ϕ 0 (to ) = 0 . (12.11)
Assim, fazendo
t = to
362 CAPITULO 12. MULTIPLICADORES DE LAGRANGE
e tomando-se
Po = (x(to ) , y(to )) ,
e (12.12), obteremos:
(12.12)
∇f(Po ) • γ 0 (to ) = ϕ 0 (to )
(12.11)
= 0, (12.13)
ou seja, o vetor γ 0 (to ) deve ser ortogonal ao vetor ∇f(Po ).
Lembremos que o vetor γ 0 (to ) e ortogonal ao vetor ∇g(Po ), pois γ : I → R2 e uma para-
metrizac~ao da curva de nvel zero, associada a func~ao g.
Como o vetor ∇f(P) e ortogonal as curvas de nvel associadas a func~ao f, que contem o
ponto P, segue-se que no ponto Po , a curva de nvel zero, associada a func~ao g (isto e,
(12.3)) e a curva de nvel f(Po ), associada a func~ao f, isto e,
{(x , y) ∈ A ; f(x , y) = f(Po )} ,
dever~ao ser tangentes no ponto Po .
Portanto, deveremos ter
∇f(Po ) = λo · ∇g(Po )
para algum λo ∈ R, mostrando a validade de (12.9).
5. Observe que as condic~ao
∇f(xo , yo ) = λo · ∇g(xo , yo ) ,
para algum λo ∈ R e
g(xo , yo ) = 0 ,
s~ao equivalentes a que o ponto
(xo , yo , λo ) ∈ A × R
seja um ponto crtico da func~ao de tr^es variaveis h : A × R → R, dada por dada por
.
h(x , y , λ) = f(x , y) − λ g(x , y) , para cada (x , y , λ) ∈ A × R . (12.14)
De fato, o ponto
(xo , yo , λo ) ∈ A × R
sera um ponto crtico da func~ao h, dada por (12.14), se, e somente se:
∇h(xo , yo , λo ) = (0 , 0 , 0) ,
∂h
0= (xo , yo , λo )
∂x
(12.14) ∂f ∂g
= (xo , yo ) − λo (xo , yo )
∂x ∂x
∂h
0 = (xo , yo , λo )
que, de (12.14), e equivalente a: ∂y , (12.15)
(12.14) ∂f ∂g
= (xo , yo ) − λo (xo , yo )
∂y ∂y
∂h
0= (xo , yo , λo )
∂λ
(12.14)
= −g(xo , yo )
12.1. PROBLEMA COM UM VINCULO 363
Esta ultima condic~ao garante que a superfcie de nvel zero associada a func~ao g, isto e,
{(x , y , z) ∈ A ; g(x , y , z) = 0} ⊆ R3 , (12.16)
venha a denir uma superfcie, que indicaremos por S, que e uma superfcie parametrizada
regular perto de cada ponto Po ∈ A.
A vericac~ao deste fato sera omitida.
Em particular, para cada ponto Po ∈ S, existem duas curvas
γj : (−ε , ε) → S , para cada j ∈ {1 , 2} ,
satisfazendo que
γ1 (0) = γ2 (0) = Po
e os vetores
γ1 0 (0) e γ2 0 (0)
s~ao linearmente independentes..
As curvas parametrizadas acima s~ao as, assim denominadas, linhas coordenadas associada
a parametrizac~ao da superfcie S.
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
364 CAPITULO 12. MULTIPLICADORES DE LAGRANGE
Se
Po = (xo , yo , zo )
e um ponto de extremo da func~ao f, restrita ao vnculo (12.16), ent~ao as func~oes ϕ1 , ϕ2 :
I → R, dadas por
. .
ϕ1 (t) = f[γ1 (t)] e ϕ2 (t) = f[γ2 (t)] , para cada t ∈ I , (12.17)
tambem ter~ao extremo (maximo ou mnimo) em t = 0, que corresponde ao ponto
Po = γ1 (0) = γ2 (0) .
Como as func~oes ϕ1 , ϕ2 s~ao de classe C1 no intervalo aberto I (pois s~ao func~oes compostas
de func~oes de classe C1 ) segue que, onde elas tiverem um extremo, este devera ser ponto
crtico das mesmas.
Em particular
t = 0,
devera ser um ponto crtico das func~oes ϕ1 , ϕ2 (s~ao func~oes a valores reais, de uma
variavel real, estudadas na disciplina de Calculo I), ou seja, deveremos ter
ϕ10 (0) = ϕ20 (0) = 0 . (12.18)
Como os vetores
γ10 (0) e γ20 (0)
s~ao linearmente independentes em R3 , deveremos ter o vetor ∇f(Po ) ortogonal ao plano
gerado por estes dois vetores, isto e, pelos vetores
γ10 (0) e γ20 (0) ,
que contem o ponto Po , que nada mais e que o plano tangente a superfcie de nvel zero,
associada a func~ao g (ou seja, (12.16)) no ponto Po ).
Como
~
∇g(Po ) 6= O
12.1. PROBLEMA COM UM VINCULO 365
Demonstração:
Veja os itens da Observac~ao 12.1.1.
2
Observação 12.1.2
1. Na situac~ao que
n = 2,
se tivermos em m~aos a representac~ao geometrica dos gracos das curvas de nvel da
func~ao f e da curva de nvel zero, associada a func~ao g (isto e, do vnculo), ent~ao podemos,
366 CAPITULO 12. MULTIPLICADORES DE LAGRANGE
visualmente, saber onde a func~ao f podera ter seus extremos (maximo ou mnimo), quando
restrita ao restrito ao vnculo
{(x , y) ∈ A ; g(x , y) = 0} ⊆ R2 .
Vale observar que poderemos ter, eventualmente, varios pontos onde vale (A.20), ou seja,
o Teorema nos fornece condic~oes necessarias para que uma func~ao tenha um extremo
quando restrita a um vnculo.
Em algumas situac~oes teremos que fazer uma estudo a parte para encontrarmos, de fato,
os extremos procurados, como mostra a situac~ao da gura abaixo.
A gura abaixo nos fornece, um exemplo, de representac~ao geometrica das curvas de nvel,
associada a func~ao f, e da curva de nvel zero, associada a func~ao g.
Podemos ver que os pontos extremos (maximo ou mnimo) da func~ao f, restrita ao vnculo
{(x , y) ∈ A ; g(x , y) = 0} ,
para
λi ∈ R , com i ∈ {1 , 3 , 4} .
2. A gura acima ilustra o fato que as condic~oes do Teorema do multiplicador de Lagrange
s~ao necessárias, mas podem não ser suficiente para encontrarmos os extremos de uma
func~ao restrita a um vnculo.
Neste caso (como na gura acima), devemos encontrar entre os pontos encontrados no
Teorema do multiplicador de Lagrange, quais deles t^em as propriedades que queremos, ou
seja, qual deles e maximo ou mnimo global da func~ao restrita ao vnculo.
12.1. PROBLEMA COM UM VINCULO 367
3. Uma situac~ao mais crtica seria o caso de encontrarmos varios pontos que satisfazem o
Teorema do multiplicador de Lagrange e entre eles termos pontos onde a func~ao não tem
nem mesmo um extremo local, quando restrita ao vnculo.
Na situac~ao apresentada na gura abaixo, temos que o ponto Po e um ponto onde vale o
Teorema do multiplicador de Lagrange (pois vale a condic~ao (12.9)), mas a func~ao f não
tem um extremo (nem local) no ponto Po , quando restrita ao vnculo
{(x , y) ∈ A ; g(x , y) = 0} .
12.1.3 Aplicações
A seguir aplicaremos o Teorema do multiplicador de Lagrange (ou seja, o Teorema 12.1.1) aos:
Exemplo 12.1.1 Encontre, se existir, o ponto
.
Po = (xo , yo ) ,
sujeita ao vnculo
{(x , y) ∈ A ; g(x , y) = 0}, (12.28)
368 CAPITULO 12. MULTIPLICADORES DE LAGRANGE
.
onde a func~ao g : A = (0, ∞) × R → R e dada por (a representac~ao geometrica do seu graco e dado
pela gura abaixo)
.
g(x , y) = x y − 1 , para cada (x , y) ∈ A . (12.29)
Um fato simples a ser notado e que se o ponto P = (x , y) ∈ A e um ponto que satisfaz o vnculo
(12.28) e minimiza a func~ao d, ent~ao este mesmo ponto minimizara a func~ao f : R2 → R, dada por
.
f(x , y) = d2 (x , y)
(12.27) 2
= x + y2 , para cada (x , y) ∈ R2 (12.30)
restrita ao mesmo vnculo (12.28) e reciprocamente.
Logo basta encontrarmos o(s) ponto(s) de mnimo da func~ao f, sujeita ao vnculo (12.28).
Esta observac~ao facilitara os calculos das derivadas parciais, pois a func~ao f n~ao envolve radicais.
Logo, nosso problema, resume-se a encontrar o mnimo global da func~ao f : R2 → R, dada por
.
f(x , y) = x2 + y2 , para cada (x , y) ∈ R2 , (12.31)
sujeita a ao vnculo
.
g(x , y) = x y − 1
= 0, para cada (x , y) ∈ A . (12.32)
Observemos que as funco~es f e g s~ao de classe C∞ em R2 nos conjuntos R2 e A, respectivamente
(pois s~ao funco~es polinomiais).
Notemos tambem que, para cada (x , y) ∈ R2 , teremos:
∂f ∂f
∇f(x , y) = (x , y) , (x , y)
∂x ∂y
(12.31)
= (2 x , 2 y) (12.33)
e
∂g ∂g
∇g(x , y) = (x , y) , (x , y)
∂x ∂y
(12.32)
= (y , x) 6= (0 , 0) , (12.34)
(12.26)
para cada (x , y) ∈ A = (0 , ∞) × R.
Logo, pelo Teorema do multiplicador de Lagrange (isto e, o Teorema 12.1.1), temos que um ponto
Po = (xo , yo )
12.1. PROBLEMA COM UM VINCULO 369
que satisfaz a condic~ao de minimizar a func~ao f, restrita ao vnculo (12.32), devera satisfazer, para
algum λo ∈ R, as equaco~es
∇f(xo , yo ) = λo · ∇g(xo , yo )
,
g(xo , yo ) = 0
(2 xo , 2 yo ) = λo (yo , xo )
que, de (12.33) e (12.34), e equivalente a: ,
x o yo − 1 = 0
2 xo = λo yo
ou seja, 2 y = λo xo ,
o
x y = 1
o o
2 x = λo yo
o
λx
isto e: yo = ,
2
x o yo = 1
2 xo
2 xo = λo 2
ou ainda, 2 yo = λo xo
x o yo = 1
λo = −2 ou λo = 2
e como xo ∈ (0 , ∞), segue que: 2 y = λo xo ,
o
x y = 1
o o
λo = 2
e com isto teremos, ou x = yo (12.35)
o
x y = 1
o o
λo = −2
ou xo = −yo . (12.36)
x y = 1
o o
Notemos que o sistema (12.36) não possui soluc~ao pois, das duas ultimas equaco~es, deveramos
ter
−xo2 = 1 ,
que não tem soluc~ao real.
Assim, a unica soluc~ao correspondera ao sistema (12.35), cuja mesma sera:
λo = 2 e (xo , yo ) = (1 , 1) . (12.37)
De fato pois, neste caso, das ultimas duas equaco~es, deveremos ter
xo2 = 1 ,
e como xo ∈ (0 , ∞) ,
segue que xo = 1 ,
e assim, a 2.a equac~ao de (12.35), garante que: yo = 1 ,
370 CAPITULO 12. MULTIPLICADORES DE LAGRANGE
mostrando (12.37).
Armamos que no ponto
.
Po = (1 , 1) ,
a func~ao f tem um de mnimo, quando restrita ao vnculo (12.28).
De fato,
como xy = 1, para x ∈ (0 , ∞) ,
teremos:
(12.31) 2
f(x , y) − f(1 , 1) = x + y2 − 2
x4 +1−2x2
x2
z }| {
(12.32) implica que y= x1 1
2
= x + 2 −2
x
x4 − 2 x2 + 1
=
x2
2
x2 − 1
=
x2
≥ 0,
isto e, f(x , y) ≥ f(1 , 1)
(12.31)
= 2,
xy = 1, para cada x ∈ (0 , ∞) ,
2
Podemos tambem aplicar as ideais desenvolvidas nesta sec~ao ao:
12.1. PROBLEMA COM UM VINCULO 371
sobre a reta
x + 2y = 1 (12.38)
cujo o produto de suas coordenadas seja o maior possvel.
Resolução:
A func~ao a ser maximizada e a func~ao f : R2 → R, dada por
.
f(x , y) = x y , para cada (x , y) ∈ R2 (12.39)
Logo, pelo Teorema do multiplicador de Lagrange (isto e, Teorema 12.1.1), um ponto
.
Po = (xo , yo )
372 CAPITULO 12. MULTIPLICADORES DE LAGRANGE
que satisfaz a condic~ao de maximizar a func~ao f, restrita ao vnculo (12.40), devera satisfazer, para
algum λo ∈ R, as equaco~es
∇f(xo , yo ) = λo · ∇g(xo , yo )
,
g(xo , yo ) = 0
(yo , xo ) = λo (1 , 2)
que, de (12.42) e (12.43), e equivalente a: ,
xo + 2 yo = 1 = 0
yo = λ
ou seja, xo = 2 λo ,
x + 2 y = 1
o o
yo = λxo
ou ainda, λo =
o
2
xo + 2 y = 1
xo
yo =
2
isto e, xo ,
λo =
2
4 λo = 1
1
λo =
4
1
logo xo = .
2
y = 1
o
4
. 1 1
Po = , .
2 4
1 1
Armamos que o ponto Po = , e realmente um ponto de maximo global da func~ao f, quando
2 4
restrita ao vnculo (12.40).
12.1. PROBLEMA COM UM VINCULO 373
De fato,
como x + 2y = 1 , para (x , y) ∈ R2 , segue que
1 1 (12.39)
1
f(x , y) − f , = xy −
2 4 8
(12.41) implicara que x=1−2 y 1
= (1 − 2 y) y −
8
1
= −2 y2 + y −
8
1 2
= −2 y −
4
≤ 0,
1 1
isto e, f(x , y) ≤ f ,
2 4
(12.39) 1
= ,
8
para todo ponto P = (x , y) ∈ R2 que pertenca a reta
x + 2y = 1 ,
completando a resoluc~ao.
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
2
Um problema envolvendo funco~es a valores reais, com tr^es variaveis reais, e dado pelo:
Exercı́cio 12.1.1 Suponhamos que
a2 + b2 + c2 6= 0 e d∈R
est~ao xados.
Encontre o ponto
.
P = (x , y , z) ∈ R3
pertencente ao plano
ax + by + cz + d = 0 (12.44)
mais proximo ao ponto
.
Po = (xo , yo , zo ) ,
374 CAPITULO 12. MULTIPLICADORES DE LAGRANGE
xado
Encontre tambem o valor da correspondente dist^ancia mnima.
Resolução:
Precisamos minimizar a func~ao dist^ancia de um ponto P ao ponto Po , isto e, minimizar a func~ao
d : R3 → R, dada por
.
d(x , y , z) = d(P , Po )
visto em Geometria Analtica
q
= (x − xo )2 + (y − yo )2 + (z − zo )2 , para (x , y , z) ∈ R3 ,
(12.45)
sujeita ao vnculo
{(x , y , z) ∈ R3 ; g(x , y , z) = 0} , (12.46)
onde a func~ao g : R3 → R e dada por
.
g(x , y, z) = a x + b y + c z + d , para cada (x , y , z) ∈ R3 . (12.47)
Logo podemos aplicar o Teorema do multiplicador de Lagrange (isto e, Teorema 12.1.1).
Neste caso, um ponto
.
P1 = (x1 , y1 , z1 )
que satisfaz a condic~ao de maximizar a func~ao f, restrita ao vnculo (12.46), devera satisfazer, para
algum λ ∈ R, as equaco~es:
∇f(x1 , y1 , z1 ) = λ1 · ∇g(x1 , y1 , z1 )
g(x1 , y1 , z1 ) = 0
(2 (x1 − xo ) , 2 (y1 − yo ) , 2 (z1 − zo )) = λ1 (a , b , c) ,
que, de (12.49) e (12.50), e o mesmo que:
a x1 + b y1 + c z1 + d = 0
2 (x1 − xo ) = λ1 a
2 (y − y ) = λ b
1 o 1
ou seja, ,
2 (z1 − zo ) = λ1 c
a x1 + b y1 + c z1 + d = 0
λ1 a
x1 = + xo
2
λ1 b
y1 = 2 + yo
ou ainda, , (12.51)
λ1 c
z1 = + zo
2
a x + b y + c z + d = 0
1 1 1
λ1 a
x1 = + xo
2
λ b
y1 = 1 + yo
2
isto e,
λ1 c
z1 = + zo
2
λ1 a2 + b2 + c2 + a x + b y + c z + d = 0
o o o
2
λ a
x1 = 1 + xo
2
λ1 b
y1 = + yo
2
ou seja, (12.52)
λ1 c
z1 = + zo
2
λ1 a xo + b yo + c zo + d
=−
2 a2 + b2 + c2
376 CAPITULO 12. MULTIPLICADORES DE LAGRANGE
a2 xo + a b yo + a c zo + a d
x1 = xo −
a2 + b2 + c2
b a xo + b2 yo + b c zo + b d
isto e, y1 = yo − ,
a 2
+ b2
+ c2
2
z1 = zo − c a xo + c b yo + c zo + c d
a2 + b2 + c2
b (b xo − a yo ) + c (c xo − a zo ) − a d
x1 =
a2 + b2 + c2
a (a yo − b xo ) + c (c yo − b zo ) − b d
ou seja, y1 = .
a2 + b2 + c2
a (a zo − c xo ) + b (b zo − c yo ) − c d
z1 =
a2 + b2 + c2
ao plano
ax + by + cz + d = 0,
|λ1 | p 2
= a + b2 + c2
2
(12.52) |a xo + b yo + c zo + d|
= p ,
a2 + b2 + c2
12.1. PROBLEMA COM UM VINCULO 377
Po = (xo , yo , zo )
a x + b y + c z + d = 0,
2
Um outro problema envolvendo funco~es a valores reais, de tr^es variaveis reais, e dado pelo
Exercı́cio 12.1.2 Determine, se existir, as dimens~oes de um paraleleppedo reto de volume
maximo, cujas arestas s~ao paralelas aos eixos coordenados, que esteja inscrito no elipsoide
x2 y2 z2
+ + = 1. (12.53)
4 9 16
Resolução:
Representando por
.
P = (x , y , z)
os comprimentos das arestas do paraleleppedo, com
(x , y , z)
∂V ∂V ∂V
∇V(x , y , z) = (x , y , z) , (x , y , z) , (x , y , z)
∂x ∂y ∂z
(12.54)
= (8 y z , 8 x z , 8 x y) , (12.57)
∂g ∂g ∂g
∇g(x , y , z) (x , y , z) , (x , y , z) , (x , y , z)
∂x ∂y ∂z
(12.56) x 2 y z
= , , 6= (0 , 0 , 0) . (12.58)
2 9 8
Logo, podemos utilizar o Teorema do multiplicador de Lagrange (ou seja, o Teorema 12.1.1)) para
encontrarmos o possvel ponto
Po = (xo , yo , zo ) ∈ (0 , ∞)3 ,
λo ∈ R ,
12.1. PROBLEMA COM UM VINCULO 379
de modo que:
∇V(xo , yo , zo ) = λo · ∇g(xo , yo , zo )
,
g(xo , yo , zo ) = 0
xo 2 yo zo
(8 yo zo , 8 xo zo , 8 xo yo ) = λo , ,
que, de (12.57) e (12.58), e o mesmo que: 2 9 8 ,
x 2
y 2
z 2
o + o + o −1=0
4 9 16
λ o ox
8 yo zo =
2
2 λo yo
8 xo zo =
9
ou seja, ,
λ z
o o
8 xo yo =
8
2 2 2
xo + yo + zo = 1
4 9 16
2 y o 9 x o
=
xo 2 yo
z 4 xo
o =
xo zo
ou ainda, ,
z o 8 y o
=
2 y 9 z
o o
2 2 2
xo + yo + zo = 1
4 9 16
yo 2
xo 2
=
9 4
zo2 = 4 xo2
isto e, ,
2 2
z o y o
=
16
9
2 2 2
xo + xo + xo = 1
4 4 4
380 CAPITULO 12. MULTIPLICADORES DE LAGRANGE
2
yo xo2
=
9 4
2
xo = √
3
como x > 0, teremos: ,
zo2 yo2
=
16 9
2 2 2
xo + xo + xo = 1
4 4 4
√
2 3
xo =
3
√
mas ,y , z > 0, implicando em: yo = 3 .
√
z = 4 3 ,
o
3
Logo
√ √ !
. 2 3 √ 4 3
Po = , 3, , (12.59)
3 3
√ √ ! √ √ !
. 2 3 √ 4 3 . 2 3 √ 4
3
P1 = , 3, , P2 = − , 3, ,
3 3 3 3
√ √ ! √ √ !
. 2 3 √ 4 3 . 2 3 √ 4 3
P3 = ,− 3, , P4 = − ,− 3, ,
3 3 3 3
√ √ ! √ √ !
. 2 3 √ 4 3 . 2 3 √ 4 3
P5 = , 3,− , P6 = − , 3,− ,
3 3 3 3
√ √ ! √ √ !
. 2 3 √ 4 3 . 2 3 √ 4 3
P7 = ,− 3,− , P8 = − ,− 3,− ,
3 3 3 3
12.1. PROBLEMA COM UM VINCULO 381
2
382 CAPITULO 12. MULTIPLICADORES DE LAGRANGE
Capı́tulo 13
383
384 CAPITULO 13. MULTIPLICADORES DE LAGRANGE PARA DOIS VINCULOS
tais que
∇f(xo , yo , zo ) = λo · ∇g(xo , yo , zo ) + µo · ∇h(xo , yo , zo ) . (13.3)
Demonstração:
Observemos que as restrico~es
{(x , y , z) ∈ A ; g(x , y , z) = 0 = h(x , y , z)}
nos fornecem uma curva obtida da intersecc~ao das superfcies de nvel zero das funco~es g e da func~ao
h.
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima
Seja
.
Po = (xo , yo , zo )
um ponto extremo (maximo ou mnimo) da restric~ao da func~ao f ao conjunto B.
Vamos assumir que o ponto Po e um ponto de maximo da restric~ao da func~ao f ao conjunto B.
A demonstrac~ao para o caso em que o ponto Po e um ponto de mnimo da restric~ao da func~ao f
ao conjunto B, e analoga e sera deixada como exerccio para o leitor.
A condic~ao que os gradientes da funco~es g e h s~ao linearmente independentes em cada ponto do
conjunto B, garante que pontos do conjunto B, proximos ao ponto Po , podem ser descritos por uma
.
curva parametrizada diferenciavel, que indicaremos por γ : I = (−ε , +ε) → R3 , que sera dada por
γ(t) = (x(t) , y(t) , z(t)) , para cada t ∈ (−ε , ε) , (13.4)
satisfazendo
γ(0) = Po e γ 0 (t) 6= O
~, para cada t ∈ (−ε , ε) . (13.5)
Em particular, a curva parametrizada γ : I → R3 sera uma curva parametrizada diferenciavel
regular.
A demonstrac~ao deste fato sera omitida.
Deste modo temos que a func~ao u : I → R, dada por
.
u(t) = f[γ(t)] , para cada t ∈ I , (13.6)
tera a seguinte propriedade:
(13.6)
u(t) = f[γ(t)]
Po
e o ponto de maximo de f, relativamente a (13.2)
≤ f(Po )
(13.5)
= f[γ(0)]
(13.6)
= u(0) , para cada t ∈ (−ε , ε) ,
13.1. PROBLEMA PARA DOIS VINCULOS 385
Assim, a func~ao
u = f ◦ γ : (−ε , ε) → R3
que e uma func~ao a valores reais, de uma variavel real, de classe C1 em (−ε , ε) (pois e composta de
funco~es que t^em essa propriedade), atingira seu valor maximo no ponto
0 ∈ (−ε , ε) .
u 0 (0) = 0 . (13.7)
Derivando estas duas equaco~es em relac~ao a t e utilizando a regra da cadeia (ou seja, o Teorema
9.1.1), obteremos:
(9.13) d
∇g[γ(t)] · γ 0 (t) = (g ◦ γ)(t)
dt
(13.10)
0, =
(9.13) d
∇h[γ(t)] · γ 0 (t) = (h ◦ γ)(t)
dt
(13.10)
= 0, para cada t ∈ (−ε , ε) ,
em particular, se t = 0, teremos; ∇g[γ(0)] · γ 0 (0) = 0 (13.11)
e 0
∇h[γ(0)] · γ (0) = 0 . (13.12)
Como
γ(0) = Po ,
teremos
∇g(Po ) · γ 0 (0) = 0
e ∇h(Po ) · γ 0 (0) = 0 . (13.13)
Desta forma, vemos que o vetor n~ao nulo,
γ 0 (0)
de modo que
∇f(Po ) = λo · ∇g(Po ) + µo · ∇h(Po ) + νo · γ 0 (0) . (13.14)
Mas:
(13.9)
0 = ∇f(Po ) • γ 0 (0)
(13.14)
λo · ∇g(Po ) + µo · ∇h(Po ) + νo · γ 0 (0) • γ 0 (0)
=
propridades do produto interno 0 + µo ∇h(Po ) • γ 0 (0) + νo
0 0
= λo ∇g(P ) • γ (0) γ (0) • γ (0)
| o
{z } | {z } | {z }
(13.13) (13.13) =kγ 0 (0)k2
= 0 = 0
= νo kγ 0 (0)k2 . (13.15)
13.1. PROBLEMA PARA DOIS VINCULOS 387
Como
γ 0 (0) 6= O
~,
segue que kγ 0 (0)k2 > 0 .
νo = 0 . (13.16)
completando a demonstrac~ao.
2
Observação 13.1.1 Observemos que, no Teorema 13.1.1, a condic~ ao (13.3) e uma condic~ao
necessária para que a func~
ao f tenha um extremo global no ponto Po , quando restrita aos
vnculos (13.2), mas pode não ser uma condic~ao suficiente, ou seja, podemos obter varios
pontos que satisfazem a condic~ao (13.3) e assim precisaremos descobrir entre eles qual deles e
que resolve o problema em quest~ao (a saber, qual dara origem ao maximo e qual dara origem
ao mnimo da func~ao quando restrita aos vnculos).
13.1.2 Aplicações
A seguir aplicaremos o Teorema de multiplicadores de Lagrange para dois vnculos (ou seja, o
Teorema 13.1.1)ao:
Exemplo 13.1.1 Determine os semi-eixos maior e menor, da elipse dada pela intersec~
ao do
cilindro de revoluc~ao
(x , y , z) ∈ R3 ; x2 + y2 = 1 (13.17)
com o plano
(x , y , z) ∈ R3 ; x + y + z = 0 . (13.18)
Resolução:
Notemos que o plano (13.18) contem a origem
.
O = (0 , 0 , 0) .
Alem disso, o eixo de rotac~ao do cilindro (13.17) e o eixo Oz, isto e, e dado pela intersec~ao dos
planos
x = y = 0,
temos que o centro da elipse devera ser a origem O = (0 , 0 , 0).
Deixaremos a vericac~ao destes fatos como exerccio para o leitor.
Assim, precisamos encontrar os pontos sobre a elipse que est~ao mais proximos e mais afastados da
origem (que e o centro da elipse).
Estes pontos ser~ao os extremos dos eixos menor e maior da elipse, respectivamente.
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
Logo precisaremos minimizar e maximizar a func~ao dist^ancia a origem, que indicaremos por d :
R3 → R, dada por
.
d(x , y , z) = d(P , Po )
(13.19)
visto na disciplina de Geometria Analtica
q
= (x − 0)2 + (y − 0)2 + (z − 0)2
q
= x2 + y2 + z2 , para cada (x, y, z) ∈ R3 , (13.20)
restrita aos vnculos
.
B = (x , y , z) ∈ R3 ; g(x , y , z) = 0 e h(x , y , z) = 0 , (13.21)
Observemos tambem que as funco~es g e h, dadas por (13.22) e (13.23), respectivamente, s~ao de
classe C∞ em R3 (pois s~ao funco~es polinomiais).
Alem disso, como o conjunto B, dado por (13.21), e um subconjunto compacto de R3 .
Deixaremos a vericac~ao deste fato como exerccio para o leitor.
Logo, do Teorema 7.2.1, segue que a func~ao f, quando restrita ao conjunto B, tera maximo e mnimo
globais, que estar~ao entre os pontos encontrados pelo Teorema dos multiplicadores de Lagrange (ou
seja, o Teorema 13.1.1 ).
Notemos que, para cada (x , y , z) ∈ R3 , teremos:
(13.22)
∇g(x , y , z) = (2 x , 2 y , 0) (13.26)
(13.23)
e ∇h(x , y , z) = (1 , 1 , 1) . (13.27)
Logo estes vetores s~ao linearmente independentes, para cada (x , y , z) ∈ B, isto e, na intersecc~ao
das superfcies de nvel zero, associadas as funco~es g e h.
Para mostrarmos isto, notemos que se (x , y , z) ∈ B, ent~ao deveremos ter
x2 + y2 = 1 ,
o que implicara em
x 6= 0 ou y 6= 0 ,
mostrando que
∇g(x , y , z) = (2 x , 2 y , 0) 6= (0 , 0 , 0)
e assim os vetores
∇g(x , y , z) e ∇f(x , y , z)
.
Po = (xo , yo , zo ) ∈ B ,
for um ponto extremo (maximo e mnimo) da func~ao f, sujeita aos vnculos B, dever~ao existir
λo , µo ∈ R ,
390 CAPITULO 13. MULTIPLICADORES DE LAGRANGE PARA DOIS VINCULOS
λo 6= 1 ,
deveremos ter x o = yo . (13.30)
Notemos que
Exerccio
f(P1 ) = f(P2 ) = 3
Exerccio
e f(P3 ) = f(P4 ) = 1.
Assim, o semi-eixo maior da elipse obtida da intersec~ao do cilindro (13.17) com o plano (13.18)
sera dado pelo segmento
OP1 ou o segmento OP2
√
e tera comprimento igual a 3 e o semi-eixo menor sera dado pelo segmento
OP3 ou o segmento OP4
e este tera comprimento igual a 1.
Em particular, o eixo maior da elipse obtida da intersec~ao do cilindro (13.17) com o plano (13.18)
e dado pelo segmento
P1 P2
e o eixo menor sera dado pelo segmento
P3 P4 .
Em particular, os vertices da elipse ocorrer~ao nos pontos
P1 , P2 , P3 , P4 ,
dados por (13.32) e (13.35), completando a resoluc~ao.
2
Deixaremos para o leitor a resoluc~ao do:
392 CAPITULO 13. MULTIPLICADORES DE LAGRANGE PARA DOIS VINCULOS
Exercı́cio 13.1.1 Consideremos dois planos concorrentes dados pelas equac~oes gerais
π1 : a1 x + b1 y + c1 z + d1 = 0
e
π2 : a2 x + b2 y + c2 z + d2 = 0 .
Notemos que a condic~ao de serem concorrentes se traduz em termos dos vetores normais
aos planos, isto e, os vetores
. .
~ 1 = (a1 , b1 , c1 )
n e n
~ 2 = (a2 , b2 , c2 ),
393
394 ^
APENDICE
A. OUTRAS TECNICAS DE INTEGRAC ~
AO
Observação A.1.2
1. Observemos que I ou J s~ao subconjuntos de R de modo que as respectivas func~oes envolvidas
acima, sejam bijetoras sobre a sua imagem, diferenciaveis e suas func~oes inversas tambem
dever~ao ser diferenciaveis, nos seus respectivos domnios.
2. Utilizamos, em geral, as seguintes identidades trigonometricas ou hiperbolicas:
Para mais informac~oes sobre as func~oes hiperbolicas veja o Ap^endice D.
(a) Para o caso (i’), se utilizarmos a mudanca de variaveis (A.4), poderemos precisar
das seguintes relac~oes:
sen2 (θ) + cos2 (θ) = 1 , (A.10)
d
[ sen(θ)] = cos(θ) , (A.11)
dθ
para θ ∈ I.
Se utilizarmos a mudanca de variaveis (A.5), poderemos precisar das seguintes relac~oes:
tgh2 (u) + sech2 (u) = 1 , (A.12)
d
[ tgh(u)] = sech2 (u) , (A.13)
du
para u ∈ J.
(b) Para o caso (ii’), se utilizarmos a mudanca de variaveis (A.6), poderemos precisar
das relac~oes:
1 + tg2 (θ) = sec2 (θ) (A.14)
d
[ tg(θ)] = sec2 (θ) , (A.15)
dθ
para θ ∈ I.
Se utilizarmos a mudanca de variaveis (A.7), poderemos precisar das seguintes relac~oes:
cosh2 (u) − senh2 (u) = 1 (A.16)
d
[ senh(u)] = cosh(u) , (A.17)
du
para u ∈ J.
(c) Para o caso (iii’), se utilizarmos a mudanca de variaveis (A.8), poderemos precisar
das relac~oes:
1 + tg2 (θ) = sec2 (θ) (A.18)
d
[ sec(θ)] = sec(θ) tg(θ) , (A.19)
dθ
para θ ∈ I.
Se utilizarmos a mudanca de variaveis (A.9), poderemos precisar das seguintes relac~oes:
cosh2 (u) − senh2 (u) = 1 (A.20)
d
[cosh(u)] = senh(u) , (A.21)
du
para u ∈ J.
A.1. OUTRAS TECNICAS 395
3. Vale observar que as substituic~oes acima dever~ao, na verdade, ser mudancas de variaveis,
ou seja, func~oes bijetoras.
Para isto teremos, em geral, que restringir os domnios das func~oes envolvidas, conveni-
entemente, para este m.
Apliquemos as ideias acima aos:
Exemplo A.1.1 Para a > 0 xado, calcular a integral indenida
Z
1
dx , (A.22)
x + a2
2
para x ∈ R.
Resolução:
A integral indenida (A.22) acima envolve uma express~ao do tipo (ii) (veja (A.2)).
Neste caso tentaremos a mudanca do tipo (A.6), isto e, consideraremos a mudanca de variaveis
(ou seja, uma func~ao bijetora - veja a gura abaixo):
π π
− , → R
2 2 . .
θ 7→ x = a tg(θ)
Com isto, pelo Teorema da substituic~ao para integrais indenidas (ou seja, o Teorema 3.5.1),
teremos:
.
se: x = a tg(θ) , para θ ∈ − π2 , π2 ,
Z teremos dx = a d [ tg(θ)]dθ = a sec2 (θ) dθ Z
1 1
a sec2 (θ) dθ
dθ
dx =
2
x +a 2 [a tg (θ)] 2 + a2
Z
1 1
= sec2 (θ) dθ
a tg (θ) + 1
2
| {z }
(A.14)
= sec2 (θ)
Z
1
= 1 dθ
a
1 θ= arctg( a
x
) 1 x
= θ+C = arctg + C , para cada x ∈ R,
Z a a a
1 1 x
isto e, dx = arctg + C , para x ∈ R , (A.23)
x 2 + a2 a a
396 ^
APENDICE
A. OUTRAS TECNICAS DE INTEGRAC ~
AO
Resolução:
Esta integral indenida (A.24) acima e do tipo (i) (veja (A.1)) e assim tentaremos uma mudanca
de variaveis do tipo (A.4), isto e:
x = a sen(θ) , (A.25)
d
assim teremos: dx = a [ sen(θ)] dθ = a cos(θ) dθ . (A.26)
dθ
Observemos que na verdade a mudanca de variaveis devera ser da forma (uma func~ao bijetora, ver
gura abaixo):
π π
− , → (−a , a)
2 2 . .
θ 7→ x = a sen(θ)
Com isto, pelo Teorema da substituic~ao para integrais indenidas (ou seja, o Teorema 3.5.1),
A.1. OUTRAS TECNICAS 397
teremos:
Z Z
1 (A.25) e (A.26) 1
p dx = q a cos(θ) dθ
2 2
a −x a − [a sen(θ)]
2 2
Z
1
=a r h i cos(θ) dθ
a2 1 − sen2 (θ)
Z
1
=a √ p cos(θ) dθ
a2 cos2 (θ)
|{z}
|a|
Z
a>0 a 1
= cos(θ) dθ
a | cos(θ)|
Z
como θ∈(− π2 , π2 ) , teremos cos(t)>0
= 1 dθ = θ + C
(A.25)
θ = arcsen( ax ) x
= arcsen
+ C,
Z a
1 x
isto e, p dx = arcsen + C, para x ∈ (−a , a) , (A.27)
a2 − x2 a
Resolução:
Neste caso temos que a integral indenida (A.28) acima e do tipo (iii) (veja (A.3)) e assim po-
deramos tentar fazer a mudanca de variaveis dada por (A.9), isto e, (sera uma func~ao bijetora, ver
gura abaixo):
(0, ∞) → (a, ∞)
. .
u 7→ x = a cosh(u)
Deixaremos como exerccio para o leitor a aplicac~ao desta mudanca de variaveis a integral denida
acima e os calculos para encontra-la.
Um outro modo de encontrar a integral indenida (A.28) acima, seria agir da seguinte forma
398 ^
APENDICE
A. OUTRAS TECNICAS DE INTEGRAC ~
AO
(utilizando o Teorema da substituic~ao para integrais indenidas, ou seja, o Teorema 3.5.1) :
Z Z
1 Exerccio 1 1 1
dx = − dx
x2 − a2 2a x−a x+a
Z Z
1 1 1
= dx − dx
2a x−a x+a
.
se u = x − a , teremos du = dx
e se v = . Z Z
x + a teremos dv = dx
1 1 1
= du − dv
2a u v
(3.49) 1
= [ln(|u|) − ln(|v|)] + C
2a
u=x−a e v=x+a 1
= [ln(|x − a|) − ln(|x + a|)] + C ,
Z 2a
1 1
ou seja, 2 2
dx = [ln(|x − a|) − ln(|x + a|)] + C , para x ∈ (−∞ , −a) ∪ (a , ∞) ,
x −a 2a
(A.29)
Observação A.1.3 A ideia de como resolver a integral indenida (A.28) acima estara, como
veremos, diretamente relacionada com o modo como resolveremos integrais indenidas envol-
vendo func~oes racionais.
O metodo para encontrar a integral indenida de func~oes racionais, sera desenvolvido em
uma sec~ao mais adiante.
Temos tambem o:
x2 − a2 ≥ 0 e x 6= 0
ou, equivalentemente, |x| ≥ a e x 6= 0 ,
ou ainda, x ∈ (−∞ , −a) ∪ (a , ∞)
x = a sec(θ) , (A.31)
d
assim teremos dx = a [ sec(θ)]dθ = a sec(θ) tg(θ) dθ, (A.32)
h dθπ
onde θ ∈ 0, , se x ∈ [a , ∞)
2
3π
e θ ∈ , para , , se x ∈ (−∞ , −a] .
2
Assim a mudanca de variaveis sera da forma (uma func~ao bijetora, veja gura abaixo):
π 3π
0, ∪ π, → (−∞ , −a) ∪ (a , ∞)
2 2 .
.
θ 7→ x = a sec(θ)
Com isto, pelo Teorema da substituic~ao para integrais indenidas (ou seja, o Teorema 3.5.1),
400 ^
APENDICE
A. OUTRAS TECNICAS DE INTEGRAC ~
AO
teremos:
Zp 2 Z [a sec(θ)]2 − a2
q
2
x −a (A.31) e (A.32)
dx = a sec(θ) tg(θ) dθ
x a sec(θ)
Zr h i
= a2 sec(θ)]2 − 1 tg(θ) dθ
Zq
[ sec(θ)]2 −1= tg2 (θ)
= = a2 tg2 (θ) tg(θ) dθ
Z
= |a| | tg(θ)| tg(θ) dθ
|{z}
a>0
= a
Z
como θ∈(0 , π2 )∪(π , 32π ) ,teremos tg(θ)>0
= a tg2 (θ) dθ
Zh
[ sec(θ)]2 −1= tg2 (θ)
i
= a sec2 (θ) − 1 dθ
Z Z
=a sec (θ) dθ − 1 dθ
2
= a [ tg(θ) − θ] + C
como θ∈(0 , π2 )∪(π , 32π ) , teremos tg(θ)>0
= a [| tg(θ)| − θ] + C
q
=a tg2 (θ) − θ + C
tg2 (θ)=[ sec(θ)]2 −1
q
= a sec2 (θ)
−1+θ +C
s
(A.31) 2
x
= sec(θ) x x
a
= a 2
− 1 + arcsec +C
a a
s
2 2
x −a x
=a 2
+ arcsec +C
a a
(A.33)
p
x2 − a2 x
=a √ + arcsec +C
a 2 a
|{z}
=|a|
"p #
a>0 x2 − a2 x
= a + arcsec +C
a a
p x
= x2 − a2 + a arcsec + C , para cada |x| > a ,
a
Z p
x2 − a2 p x
isto e, dx = x2 − a2 + a arcsec + C , para |x| ≥ a , (A.34)
x a
onde C ∈ R e arbitrario, completando a resoluc~ao.
2
Outro caso e dado pelo:
A.1. OUTRAS TECNICAS 401
Z
1
r 3 dx , (A.35)
2
4−x
Resolução:
Esta integral e do tipo (i) (veja (A.1) com a = 2) e tentaremos uma mudanca de variaveis do tipo
(A.4), isto e:
x = 2 sen(θ) , (A.36)
d
assim teremos dx = 2 [ sen(θ)] dθ = 2 cos(θ) dθ . (A.37)
dθ
Observemos que na verdade a mudanca de variaveis devera ser da forma (uma func~ao bijetora,
veja a gura abaixo) :
π π
− , → (−2 , 2)
2 2 . .
θ 7→ x = 2 sen(θ)
Com isto, pelo Teorema da substituic~ao para integrais indenidas (ou seja, o Teorema 3.5.1),
402 ^
APENDICE
A. OUTRAS TECNICAS DE INTEGRAC ~
AO
teremos:
Z Z
1 (A.36) e (A.37) 1
r 3 dx = r
3 2 cos(θ) dθ
4 − x2 4 − [2 sen(θ)] 2
Z
1
=2 r
h i3 cos(θ) dθ
4 1 − sen (θ)
2
Z
1
=2
√
rh i3 cos(θ) dθ
64 cos (θ)
2
Z
1 1
= q cos(θ) dθ
4
cos6 (θ)
Z
1 1
= cos(θ) dθ
4 | cos(θ)|3
Z
como θ∈(− π2 , π2 ) , teremos cos(θ)>0 1 1
= cos(θ) dθ
4 cos3 (θ)
Z
1 1
= dθ
4 cos2 (θ)
Z
1
= sec2 (θ) dθ
4
visto na disciplina de Calculo I 1
= tg(θ) + C
4
1 sen(θ)
= +C
4 cos(θ)
como θ∈(− π2 , π2 ) , teremos cos(θ)>0 1 sen(θ)
= +C
cos2 (θ)
p
4
cos2 (θ)=1− sen2 (θ) 1 sen(θ)
= q +C
4
1 − sen2 (θ)
(A.36) x
x
sen(θ) = 1
= 2
r 2h i + C
4 x 2
1−
2
(A.38)
x
=p + C,
4 − x2
Z
1 x
ou seja, r 3 dx = p + C, para x ∈ (−2 , 2) , (A.39)
2 4 − x2
4−x
Zp
x2 − a2 dx , (A.40)
Resolução:
A integral indenida (A.40) e do tipo (iii) (veja (A.3)) e assim tentaremos uma mudanca de
variaveis do tipo (A.9), isto e:
x = a cosh(u) , (A.41)
d
implicando que dx = a [cosh(u)] = a senh(u) du , (A.42)
du
mais especicamente, consideraremos a seguinte mudanca de variaveis (uma func~ao bijetora, veja
gura abaixo):
(0, ∞) → (a, ∞)
. .
u 7→ x = a cosh(u)
404 ^
APENDICE
A. OUTRAS TECNICAS DE INTEGRAC ~
AO
Logo, pelo Teorema da substituic~ao para integrais indenidas (ou seja, o Teorema 3.5.1), teremos:
Zp Zq
(A.41) e (A.42)
x2 − a2 dx = [a cosh(u)]2 − a2 a senh(u) du
Z√ q
2
cosh2 (u) − 1 a senh(u) du
= |{z} a2
=|a|
Zq
como a>0 teremos |a|=a
= a 2
senh2 (u) senh(u) du
Z
=a 2
| senh(u)| senh(u) du
Z
como u>0 , teremos senh(u)>0 , assim | senh(u)|= senh(u)
= a 2
senh2 (u) du
Z
senh2 (u)Exerc
=
cio cosh(2 u)−1
2 2 cosh(2u) − 1
= a du
2
Z Z
1 1
= a2 cosh(2 u) du − du
2 2
. , teremos dv=2 du a2 Z
se v=2u 1
Z
= = cosh(v) dv − du
2 2
2
a 1
= senh(v) − u + C
2 2
2
v=2 u a 1
= senh(2 u) − u + C
2 2
a2 1
= 2 senh(u) cosh(u) − u + C
2 2
√ "r #
como u>0 , teremos senh(u)>0 , assim senh(u)= cosh2 (u)−1 a2
= cosh2 (u) − 1 cosh(u) − u + C
2
(A.41)
s
cosh(u) = ax a2 x 2
x x
= −1 − arccosh +C
2 a a a
xp 2 1 x
= x − a − arccosh
2
+ C,
Z p2 2 a
x p 1 x
isto e, x2 − a2 dx = x2 − a2 − arccosh + C, (A.43)
2 2 a
Resolução:
A.1. OUTRAS TECNICAS 405
A integral indenida (A.44) e do tipo (i) (veja (A.1)) e assim tentaremos uma mudanca de variaveis
do tipo (A.4), isto e:
x = a sen(θ) , (A.45)
d
implicando que dx = a [ sen(θ)] = a cos(θ) dθ . (A.46)
dθ
Observemos que na verdade a mudanca de variaveis devera ser da forma (uma func~ao bijetora,
veja gura abaixo): π π
− , → (−a , a)
2 2 . .
θ 7→ x = a sen(θ)
Com isto, pelo Teorema da substituic~ao para integrais indenidas (ou seja, o Teorema 3.5.1),
teremos:
Zp Z r
2
(A.45) e (A.46)
2 2
a − x dx = a2 − [a sen(θ)] a cos(θ) dθ
Zr h i
=a a2 1 − sen2 (θ) cos(θ) dθ
Zp q Z
a>0 2
= a | {za} cos (θ) cos(θ) dθ = a | cos(θ)| cos(θ) dθ
2 2
=|a|
Z
como θ∈(− π2 , π2 ) , teremos cos(θ)>0 , assim | cos(θ)|=cos(θ)
= a 2
cos2 (θ) dθ
Zh i
=a 2
1 − sen2 (θ) dθ
Z Z
=a 2
1 dθ − sen (θ) dθ 2
Exemplo 3.5.4 2 1 1
= a θ− θ − sen(θ) cos(θ) +C
2 2
√
como θ∈(− π2 , π2 ) , teremos cos(θ)>0 , assim cos(θ)= 1− sen2 (θ) 2 1
1
q
= a θ + sen(θ) 1 − sen (θ) + C
2
2 2
406 ^
APENDICE
A. OUTRAS TECNICAS DE INTEGRAC ~
AO
" #
(A.45)
sen(θ) = x
1 x 1 x r x 2
= aa 2
arcsen + 1− +C
2 a 2a a
p
a2 x a2 x a2 − x 2
= arcsen + p +C
2 a 2 a a2
2
como a>0 a
x 1 p
= arcsen + x a2 − x2 + C ,
2 a 2
Zp 2
a x 1 p
ou seja, 2 2
a − x dx = arcsen + x a2 − x2 + C , para x ∈ (−a , a) , (A.47)
2 a 2
onde C ∈ R e arbitraria, completando a resoluc~ao.
2
Daqui em diante, nosso objetivo principal sera encontrar integrais indenidas envolvendo funco~es
racionais, ou seja, encontrar integrais indenidas do tipo:
Z
P(x)
dx , (A.48)
Q(x)
onde P e Q s~ao funco~es polinomiais.
Comecaremos por alguns casos particulares antes de tratar da situac~ao geral acima.
Z
1
A.1.2 Integrais indefinidas do tipo: 2
dx .
x + px + q
Tratemos das integrais indenidas do tipo:
Z
1
2
dx , (A.49)
x + px + q
Sejam p , q ∈ R s~ao xados, para os tipos de integrais indenidas (A.49), completaremos o quadrado
na func~ao polinomial do 2.a grau que esta no denominador, isto e, agiremos da seguinte forma:
Notemos que
Exerccio
p 2 4 q − p2
x2 + p x + q = x+ + . (A.50)
2 4
Se considerarmos a mudanca de variaveis (uma func~ao bijetora!)
R → R
. p ,
x 7→ u = x +
2
ent~ao teremos as seguintes possibilidades:
(i) Se
4 q − p2
= 0,
4
p 2
teremos x2 + p x + q = x + = u2 , (A.51)
2
ou seja, a express~ao (A.50) e um quadrado perfeito e assim podemos calcular a integral indenida
obtida.
Como veremos, neste caso, sera facil encontrar a integral indenida.
A.1. OUTRAS TECNICAS 407
(ii) Se
4 q − p2
> 0,
4r
. 4 q − p2
tomando-se a= ,
4
r !2
p 2 4 q − p2
teremos x2 + p x + q = x + +
2 4
= u2 + a2 , (A.52)
e assim, podemos aplicar as tecnicas da subsec~ao A.1.1, para calcular a integral indenida obtida.
Na verdade estaremos no caso (ii) da Observac~ao A.1.1 (veja (A.2)).
(iii) Se
4 q − p2
< 0,
4r
. 4 q − p2
tomando-se a= − ,
4
s 2
2
p 2 4 q − p
teremos x2 + p x + q = x + − −
2 4
= u2 − a2 (A.53)
e assim, podemos aplicar as tecnicas da subsec~ao A.1.1, para calcular a integral indenida obtida.
Na verdade estaremos no caso (iii) da Observac~ao A.1.1 (veja (A.3)).
Resumindo teremos:
Z Z
se 4 q−p2
=0 1 u=x+ p , teremos du=dx 1
=4
dx 2
= du
p 2 u2
x+
2
Z
. 4 q−p2 Z
q
Z
1 se 4q−p2
4
>0, a= 4 1 u=x+ p
2
, teremos du=dx 1
dx = = dx = du ,
2
x + px + q
p 2
u 2
+ a 2
x+ +a 2
2
.
q
Z Z
se 4 q−p2
<0, a= − 4 q−p
2
1 u=x+ p , teremos du=dx 1
4
=
4
dx 2
= du
p 2 u − a2
2
x+ − a2
2
(A.54)
e cada uma das integrais indenidas do lado direito das igualdades acima (destacadas em vermelho),
podem ser encontradas utilizando as tecnicas desenvolvidas em seco~es anteriores.
Como aplicac~ao das tecnicas desenvolvidas acima, temos o:
Neste caso temos que o denominador da func~ao racional em quest~ao pode ser escrita na seguinte
forma (completando quadrados):
x2 + 2 x + 5 = (x + 1)2 + 4 , (A.56)
Resolução:
Observemos que
.
se y = cos(x) ,
Z teremos: dy = − sen(x) dx Z
sen(x) 1
dx = (−dy)
cos2 (x) + 2 cos(x) + 5 2
y + 2y + 5
Z
1
=− 2
dy
y + 2y + 5
Exemplo A.1.2 ou (A.57) 1
y+1
= arctg +C
2 2
como y=cos(x) 1 cos(x) + 1
= arctg + C, (A.59)
2 2
Resolução:
Consideremos as seguinte mudancas de variaveis (s~ao bijetoras!):
R → (0 , ∞)
.
x 7→ u = ex
Logo
.
se u = ex ,
Z teremos: du = ex dx Z
ex 1
dx = du
e2 x − 6 ex + 13 Z
2
u − 6 u + 13
1
= du
(u − 3)2 + 4
.
v = u − 3,
teremos: dv = du Z
1
= du
v + 22 2
Observação A.1.4 Podemos aplicar as mesmas ideias acima a integrais indenidas do tipo:
Z
1
p
2
dx . (A.63)
x + px + q
Resolução:
Observemos que
Z Z
1 1
p dx = s dx
−2 x2 + 3 x + 2 3
2 −x2 + x + 1
2
Z
1 1
=√ s dx . (A.65)
2 25
3 2
− x−
16 4
R → (0 , ∞)
. 3
x 7→ u = x −
4
d 3
que e diferenciavel e du = x− dx
dx 4
= dx .
Logo
Z Z
1 (A.65) 1 1
p dx = √ s dx
−2 x2 + 3 x + 2 2 3 2
25
− x−
16 4
.
se u = x − 34 ,
teremos du = dx Z
1 1
= √ s du
2 5 2
− u2
4
Exemplo A.1.1 ou (A.27), com a = 5
1 u
= 4
√ arcsen + C
2 5
4
√ 3
.
u=x− 34 2 4 x − 4
= arcsen + C,
2 5
Z √
1 2 4x − 3
ou seja, p dx = arcsen + C, (A.66)
2
−2 x + 3 x + 2 2 5
a, b, c, m, n ∈ R ,
tais que a 6= 0 e m2 + n2 6= 0 ,
em particular, m 6= 0 ou n =
6 0. (A.67)
Para estas integrais indenidas escreveremos a func~ao do numerador em termos da derivada da
func~ao 2.a grau que aparece no denominador, isto e, agiremos da seguinte forma:
Suponhamos que
I → J
.
x 7→ u = a x + b x + c
2
Deste modo podemos escrever o polin^omio do 1.a grau do numerador, das integrais acima, na
seguinte forma:
m bm
mx + n = (2 a x + b) + n − . (A.68)
2a 2a
Assim, utilizando o Teorema da substituic~ao para a integral indenida (isto e, o Teorema 3.5.1 ou
a Observac~ao 3.5.2), teremos que:
Z Z Z
(A.68) m
mx + n 2ax + b bm 1
2
dx = 2
dx + n − 2
dx
ax + bx + c 2a ax + bx + c 2 a ax + bx + c
.
se u = a x2 + b x + c ,
temos du = dx d
a x2 + a x + b dx = (2 a x + b) dx
Z Z
m 1 bm 1
= du + n − 2
dx
2a u 2a ax + bx + c
Z
(3.49) m
bm 1
= ln(|u|) + n − 2
dx
2a 2a ax + bx + c
Z
como u=a x2 +b x+c m bm 1
= ln a x + b x + c + n −
2
2
dx ,
2a 2a
| a x + {z
bx + c }
.
=I
e a integral indenida I, podera ser calculada utilizando-se as tecnicas da sec~ao A.1.2 (isto e, da sec~ao
anterior).
Apliquemos esta tecnica ao:
Resolução:
Deixaremos como exerccio para o leitor encontrar intervalos I e J tais que a aplicac~ao
I → J
. 2 ,
x 7→ u = x + 2 x + 5
Observação A.1.5 De modo semelhante podemos tratar da integral indenida do tipo:
Z
mx + n
p dx . (A.71)
a x2 + b x + c
Deixaremos o tratamento destas como exerccio para o leitor.
Podemos aplicar a tecnica da Observac~ao A.1.5 acima ao:
Exercı́cio A.1.9 Calcular integral indenida
Z
2x − 8
p dx . (A.72)
−2 x2 + 3 x + 2
Resolução:
Deixaremos como exerccio para o leitor encontrar intervalos I e J tais que a aplicac~ao
I → J
.
x 7→ u = −2 x + 3 x + 2
2
A.1. OUTRAS TECNICAS 413
Z Z −1 (−4 x + 3) − 13
2x − 8 2p 2 dx
p dx =
2 2
−2 x + 3 x + 2 −2 x + 3 x + 2
Z Z
−1 −4 x + 3 13 1
= p dx − p dx
2 2
−2 x + 3 x + 2 2 2
−2 x + 3 x + 2
.
se u = −2 x2 + 3 x + 2 ,
teremos du = (−4 x + 3) dx Z Z
−1 1 13 1
= √ dx − p dx
2 u 2 2
−2 x + 3 x + 2
Z
−1 1 1 13 1
= u −
2 dx
2 12
p
2 2
−2 x + 3 x + 2
. x2 +3 x+2 p Z
como u=−2 13 1
= − −2 x2 + 3 x + 2 − p dx
2 2
−2x + 3x + 2
" √ #
Exemplo (A.1.8) ou (A.66) p
13 25 2 4x − 3
= 2
− −2 x + 3 x + 2 − arcsen + C,
2 32 5
Z √
2x − 8 325 2 4x − 3
isto e, arcsen
p
p 2
dx = − −2 x + 3 x + 2 − + C,
−2 x2 + 3 x + 2 64 5
(A.73)
onde C ∈ R e arbitrario, completando a resoluc~ao.
2
Comecaremos tratando de integrais indenidas envolvendo potências ı́mpares das funções cosseno
e seno:
para x ∈ R.
Demonstração:
Consideremos a seguinte mudanca de variaveis (e bijetora, ver gura abaixo):
π π
− , → (−1 , 1)
2 2 . . (A.75)
x 7→ u = sen(x)
414 ^
APENDICE
A. OUTRAS TECNICAS DE INTEGRAC ~
AO
como u= sen(x) X
n
n 1
= (−1)n−k sen2 k+1 (x) + C ,
k 2k + 1
k=0
completando a demonstrac~ao.
2
De modo semelhante temos a:
A.1. OUTRAS TECNICAS 415
para x ∈ R.
Demonstração:
Deixaremos como exerccio para o leitor.
2
Para as potências pares das funções cosseno e seno temos a seguinte observac~ao.
Observação A.1.6
para x ∈ R.
Z
Com isto podemos encontrar a integral indenida cos2 (x) dx, da seguinte forma:
Z Zh i
cos (x) dx =
2
1 − sen2 (x) dx
Z Z
= 1 dx − sen2 (x) dx
(A.77)
1 1
= x− x − sen(2 x) + C
2 4
1 1
= x + sen(2x) + C ,
Z 2 4
1 1
isto e, cos2 (x) dx = x + sen(2 x) + C , (A.78)
2 4
2. Seja n ∈ N cado.
Para calcularmos a integral indenida
Z
cos2 n (x) dx ,
onde, na penultima integral indenida, zemos a mudanca de variaveis (e bijetora!):
R → R
. .
x 7→ u = 2x
(b) Observemos que a express~ao (A.79) nos diz que para calcularmos a integral indenida
da pot^encia par 2 n da func~ao cosseno, precisamos calcular n + 1 integrais indenidas
de pot^encias da func~ao cosseno, desde a pot^encia 0 ate a pot^encia n, ou seja, no
maximo metade da pot^encia inicial, que era 2 n.
Deste modo reduzimos o problema a calcular n + 1 integrais indenidas de pot^encias
da func~ao cosseno de ordem 0 ate a ordem n.
(c) As parcelas que t^em pot^encias mpares podem ser calculadas pela Proposic~ao A.1.1 e
para as parcelas que t^em pot^encias pares podemos reaplicar, se necessario, o raciocnio
acima.
(d) No nal, aplicando um numero nito de vezes o procedimento acima, recairemos na
integral indenida da func~ao cosseno ao quadrado que foi calculada em (A.78).
3. Seja n ∈ N xado.
Para calcularmos Z
sen2 n (x) dx ,
Notemos que
Z Zh in
sen (x) dx =
2n
sen2 (x)dx
Zh in
= 1 − cos2 (x) dx
Z Xn h
Bin^omio de Newton n ik
= − cos2 (x) 1n−k dx
k
k=0
X n
n Z
= (−1)k cos2 k (x) dx ,
k
k=0
ou seja, reduzimos o problema a calcular n + 1 integrais indenidas envolvendo pot^encias
pares da func~ao cosseno.
Logo, aplicando os item 2. desta Observac~ao, podemos encontrar a integral indenida de
pot^encias pares da func~ao seno.
Comecaremos tratando das integrais indenidas envolvendo potências da função tangente.
Observação A.1.7
1. Consideremos a mudanca de variaveis (e bijetora, veja a gura abaixo):
π
0, → (0 , 1)
2 . .
x 7→ u = cos(x)
onde C ∈ R e arbitrario.
2. Temos tambem
Z Zh
tg2 (x)= sec2 (x)−1
i
tg (x) dx
2
= sec (x) − 1 dx
2
Z Z
= sec2 (x) dx − 1 dx
d
[ tg(x)]= sec2 (x)
dx
= tg(x) − x + C ,
Z
isto e, tg2 (x) dx = tg(x) − x + C , (A.81)
onde C ∈ R e arbitrario.
3. Seja n ∈ N, n > 2 xado.
Ent~ao teremos
n = k + 2, (A.82)
para algum k ∈ N.
Consideremos a seguinte mudanca de variaveis (e bijetora, ver gura abaixo):
π π
− , → R
2 2 . . (A.83)
x 7→ u = tg(x)
se u =. tg(x) ,
teremos du = Z Z
dx [ tg(x)] = sec2 (x) dx
d
= k
u du − tgk (x) dx
A.1. OUTRAS TECNICAS 419
Z
1
= u k+1
− tgk (x) dx
k+1
como u=. tg(x)
= ,
Z
1
= tg (x) − tgk (x) dx ,
k+1
k+1
Z Z
1
isto e, tg (x) dx =
k+2
tg (x) − tgk (x) dx .
k+1
(A.84)
k+1
Portanto, cada vez que aplicamos a identidade (A.84) acima, reduzimos em 2 no expoente
da pot^encia da func~ao tangente na integral indenida a ser calculada, ou seja, aplicando-
se um numero nito de vezes reduziremos o problema a calcular a integral indenida da
func~ao tangente, ou da func~ao tangente elevada ao quadrado, que foram obtidas nos itens
1. e 2. desta Observac~ao.
Observação A.1.8
Z Z
cos(x)
cotg(x) dx = dx
sen(x)
para x ∈ (− π2 , π2 ) ,
teremos u =. sen(x) ,
e du = dx
d
[ sen(x)] dx = cos(x) dx
Z
1
= du
u
(3.49)
= ln (|u|) + C
como u= sen(x)
= ln (| sen(x)|) + C ,
Z
isto e, cotg(x) dx = ln (| sen(x)|) + C , (A.86)
onde C ∈ R e arbitrario.
2. Temos tambem
Z Zh
cotg2 (x)= cosec2 (x)−1
i
cotg (x) dx
2
= cosec2 (x) − 1 dx
Z Z
= cosec (x) dx − 1 dx
2
d
[ cotg(x)]=− cosec2 (x)
dx
= − cotg(x) − x + C ,
Z
isto e, cotg2 (x) dx = − cotg(x) − x + C , (A.87)
onde C ∈ R e arbitrario.
Ent~ao
n = k + 2, (A.88)
para algum k ∈ N.
(0 , π) → R
. . (A.89)
x 7→ u = cotg(x)
A.1. OUTRAS TECNICAS 421
se u =. cotg(x) ,
teremos du = dx d
[ cotg(x)] dx = − cosec2 (x) dx Z Z
= uk (−du) − cotgk (x) dx
Z
1
=− uk+1 − cotgk (x) dx
k+1
Z
como u=. cotg(x) 1
= − cotgk+1 (x) − cotgk (x) dx ,
k+1
Z Z
1
isto e, cotgk+2 (x) dx = − cotgk+1 (x) − cotgk (x) dx , (A.90)
k+1
onde C ∈ R e arbitrario.
Portanto, de modo semelhante com o que o ocorreu no caso da integral indenida de
pot^encias da func~ao tangente, cada vez que aplicamos a identidade (A.90) acima, redu-
zimos em 2 o expoente da pot^encia da func~ao cotangente na integral indenida a ser
calculada, ou seja, aplicando-se um numero nito de vezes reduziremos o problema a cal-
cular a integral indenida da func~ao cotangente, ou da func~ao cotangente ao quadrado,
que foram obtidas nos itens 1. e 2. desta Observac~ao.
e cada uma das parcelas na soma (A.91) acima (cada uma delas envolve uma pot^encia da func~ao
tangente) foram tratadas como na Observac~ao A.1.7.
As potências pares da função cossecante s~ao tratadas de modo semelhante, como mostra a:
e cada uma das parcelas na soma (A.92) acima (cada uma delas envolve uma pot^encia da func~ao
cotangente) foram tratadas como na Observac~ao A.1.8.
Para as potências ı́mpares da função secante temos a:
Observação A.1.11
1. Consideremos a mudanca de variaveis (e bijetora, verique!):
π
0, → (1 , ∞)
2 . .
x 7→ u = sec(x) + tg(x)
onde C ∈ R e arbitrario.
2. Para n ∈ N xado, utilizando-se o Teorema de integrac~ao por partes para integral inde-
nida (ou seja, o Teorema 3.5.2), teremos:
Z Z
sec2 n+1 (x) dx = sec2 n−1 (x) sec2 (x) dx
| {z }| {z }
| {z } u dv
.= I
Z
= u dv
Z
(3.92)
= u v − v du
se u =. sec2 n−1 (x)h,
i
teremos du = dx d
sec2 n−1 (x) dx = (2 n − 1) sec2 n−2 (x) sec(x) tg(x) dx
e se dv = secZ2 (x) dx ,
teremos v = sec2 (x) dx = tg(x) + C ,
em particular, se C = 0: v = tg(x)
=
Z h i
= sec2 n−1 (x) tg(x) − tg(x) (2n − 1) sec2n−1 (x) tg(x) dx
| {z } | {z } | {z } | {z }
=u =v =v
=du
Z
= sec 2 n−1
(x) tg(x) − (2 n − 1) sec2 n−1 (x) tg2 (x) dx
Z
tg2 (x)= sec2 (x)−1
h i
= sec 2 n−1
(x) tg(x) − (2 n − 1) sec2 n−1 (x) sec2 (x) − 1 dx
Z Z
= sec 2 n−1
(x) tg(x) − (2 n − 1) sec 2 n+1
(x) dx +(2 n − 1) sec2 n−1 (x) dx . (A.94)
| {z }
= I
Assim, de (A.94), teremos:
Z Z
[(2 n − 1) + 1] sec (x) dx = sec
2 n+1
(x) tg(x) − (2 n − 1) sec2 n−1 (x) dx ,
2 n−1
Z Z
1 2n − 1
ou seja, sec 2 n+1
(x) dx = sec 2 n−1
(x) tg(x) + sec2 n−1 (x) dx . (A.95)
2n 2n
Portanto, cada vez que aplicamos a identidade (A.95) acima, reduzimos em 2 o expoente
da pot^encia da secante as quais teremos que calcular a integral indenida.
Logo, aplicando a identidade (A.95) acima um numero nito de vezes restara calcular a
integral da secante que foi obtida no item 1. desta Observac~ao.
De modo semelhante temos as potências ı́mpares da função cossecante, como mostra a:
Observação A.1.12
1. Consideremos mudanca de variaveis (e bijetora, verique!):
π
0, → (1 , ∞)
2 . .
x 7→ u = cosec(x) + cotg(x)
424 ^
APENDICE
A. OUTRAS TECNICAS DE INTEGRAC ~
AO
onde C ∈ R e arbitrario.
2. Para n ∈ N xado, utilizando-se o Teorema de integrac~ao por partes para integral inde-
nida (ou seja, o Teorema 3.5.2), teremos:
Z Z
cosec2n+1 (x) dx = cosec2 n−1 (x) cosec2 (x) dx
| {z }| {z }
| {z } u dv
.
= I)
Z
= u dv
Z
(3.92)
= u v − v du
se u =. cosec2 n−1 (x)
h ,
i
teremos: du = dx cosec
(x) dx = −(2 n − 1) cosec2 n−2 (x) cosec(x) cotg(x) dx
d 2 n−1
e se, dv = cosec
R
2
(x) dx ,
teremos: v = cosec2 (x) dx = − cotg(x) + C
em particular, se C =. 0:v = − cotg(x)
Z h i
= − cosec2 n−1 (x) cotg(x) − [− cotg(x)] −(2 n − 1) cosec2 n−1 (x) cotg(x) dx
| {z } | {z } | {z } | {z }
=u =v =v
=du
Z
= − cosec 2 n−1
(x) cotg(x) − (2 n − 1) cosec2 n−1 (x) cotg2 (x) dx
Z
cotg2 (x)= cosec2 (x)−1
= − cosec 2 n−1
(x) cotg(x) − (2 n − 1) cosec2 n−1 (x) [ cosec2 (x) − 1] dx
Z Z
= − cosec 2 n−1
(x) cotg(x) − (2 n − 1) cosec 2 n+1
(x) dx +(2 n − 1) cosec2 n−1 (x) dx , (A.97)
| {z }
= I
A.1. OUTRAS TECNICAS 425
Com isto, cada vez que aplicamos a identidade (A.93) acima, reduzimos em 2 o expoente
da pot^encia da func~ao cossecante as quais teremos que calcular na integral indenida.
Logo, aplicando a identidade acima um numero nito de vezes restara calcular a integral
da cossecante que foi dada no item 1. desta Observac~ao.
Z
1 2
A.1.5 Integrais indefinidas do tipo:
2
k dx , com p − 4 q < 0 e k ∈
x + px + q
{2 , 3 , · · · }
Trataremos a seguir de integrais do tipo
Z
1
k dx , para k ∈ {2 , 3 , · · · } , (A.99)
x2 + p x + q
p 2
x2 + p x + q = x + + a2 , (A.104)
2
Z Z
1 (A.104) 1
k dx = k dx
2
x + px + q p 2
x+ + a2
2
se u =. x + p2 ,
teremos: du = 1 dx Z
1
= k du (A.105)
2 2
u +a
e esta ultima pode ser encontrada utilizando-se as substituic~oes dadas pela Observac~ao A.1.1.
Na verdade ela e do tipo (ii) (veja (A.2)) e assim podemos tentar calcula-la utilizando a
mudanca de variaveis (veja (A.6) e (A.7)):
.
u = a tg(θ) ,
.
ou u = a senh(v) .
Com isto obtemos a integral indenida dada inicialmente, a saber (A.99).
Resolução:
Observemos que a func~ao polinomial do 2.a grau
.
P(x) = x2 + x + 1 , para x ∈ R
e denida por um polin^omio irredutvel em R (isto e, n~ao possui razes reais), pois
∆ = 12 − 4 · 1 · 1 = −3 < 0 .
A.1. OUTRAS TECNICAS 427
Com isto podemos aplicar as ideias desenvolvidas na Observac~ao (A.1.13) acima e assim obter:
Z Z
1 (A.105) 1
2 dx = " 2 #2
x2 + x + 1 1 3
x+ +
2 4
. 1
se u = x + ,
2 Z
teremos: du = dx 1
= du
√ !2 2
u2 + 3
2
√
. 3
se u = tg(θ) ,
2 √
3
Z √
teremos: du = sec2 (θ) dθ
1 3
2 sec2 (θ) dθ
= " 2
√3 3
2
#2
tg(θ) +
2 4
Z √
1 3
= sec2 (θ) dθ
9 h 2 i2
2
tg (θ) + 1
16
√ Z
8 3 1
i2 sec (θ) dθ
2
=
9
h
sec2 (θ)
√ Z
8 3 1
= dθ
9 sec2 (θ)
√ Z
8 3
= cos2 (θ) dθ
9
| {z }
(A.78) 1
= 2
θ+ 14 sen(2 θ)
√
8 3 1 1
= θ + sen(2 θ) + C
9 2 4
√ " √ !# " √ !#
como θ= arctg( √23 u) 4 3 2 3 1 2 3
= arctg u + sen 2 arctg u +C
9 3 2 3
Resolução:
Observemos que a func~ao polin^omio do 2.o grau
.
P(x) = x2 + x + 1 , para x ∈ R ,
e denida por um polin^omio irredutvel em R (isto e, n~ao possui razes reais), pois
.
∆ = 12 − 4 · 1 · 1 = −3 < 0 .
Com isto podemos aplicar a s ideias desenvolvidas na Observac~ao A.1.13 acima e assim obter:
Z Z
1 (A.105) 1
3 dx = " 5 #3 dx
2 1 3
x +x+1
x+ +
2 4
. 1
se u = x + ,
2 Z
teremos du = dx 1
= du
√ !2 3
3
u2 +
2
√
. 3
se u = tg(θ) ,
2 √
3
Z √
teremos: du = sec2 (θ) dθ
1 3
2 sec2 (θ) dθ
= " 3
√3 3
2
#5
tg(θ) +
2 4
Z √
1 3
= sec2 (θ) dθ
9 h i 3 2
tg2 (θ) + 1
16
√ Z
8 3 1
i3 sec (θ) dθ
2
=
9
h
sec (θ)
2
√ Z
8 3 1
= dθ
9 sec4 (θ)
√ Z
8 3
= cos4 (θ) dθ . (A.109)
9
Calculemos a integral indenida da pot^encia mpar da func~ao cosseno (veja o item 2a. da Ob-
A.1. OUTRAS TECNICAS 429
servac~ao (A.1.6)):
Z Zh i2
cos4 (θ) dθ = cos2 (θ) dθ
Z
1 + cos(2 θ)
2
cos2 (θ)= 1+cos2(2 θ)
= dθ
2
Z
1 h i
= 1 + 2 cos(2 θ) + cos2 (2 θ) dθ
4
Z Z Z
1
= 1 dθ + 2 cos(2 θ) dθ + cos (2 θ) dθ
2
4
.
se v = 2 θ ,
teremos: dv = 2 dθ
ou seja, dθ = 1 dv
Z Z
1 1 1 1 1
=
2
θ+ cos(v) dv + cos (v) dv
2
4 2 2 4 2
(A.78) 1
1 1 1 1
= θ + sen(v) + x + sen(2 x) + C
4 4 8 2 4
1 1 1 1
= θ+ v + sen(v) + sen(2 v) + C
4 16 4 32
como v=2 θ 1 1 1 1
= θ + θ + sen(2 θ) + sen(4 θ) + C
4 8 4 32
3 1 1
= θ + sen(2 θ) + sen(4 θ) + C . (A.110)
8 4 32
Logo, substituindo (A.110) em (A.109), obteremos
Z
1 3 1 1
3 dx = θ + sen(2 θ) + sen(4 θ) + C
8 4 32
x2 + x + 1
√ √ √ !#
como θ= arctg 2 3
" !
u 3 1 2 2 3
3
arctg
u + sen 2 arctg
3
= u
3 8 4 3
√ !# "
1 2 3
+ sen 4 arctg u +C
32 3
" √ # " √ !
como u=x+ 12 3 2 3 1 1 2 3 1
= arctg x+ + sen 2 arctg x+
8 3 2 4 3 2
" √ #
1 2 3 1
+ sen 4 arctg x+ + C,
32 3 2
ou seja
Z " √ # " √ !
1 3 2 3 1 1 2 3 1
3 dx = arctg x+ + sen 2 arctg x+
8 3 2 4 3 2
x2 + x + 1
" √ #
1 2 3 1
+ sen 4 arctg x+ + C, (A.111)
32 3 2
∆ = 12 − 4 · 1 · 1 = −3 < 0 .
Z Z 3 (2 x + 1) + 3
3x + 3 (A.113) 2 2
2 dx = 2 dx
2
x +x+1 x2 + x + 1
Z Z
3 2x + 1 3 1
= 2 dx + 2 dx
2 2
2 2
x +x+1 x +x+1
.
se u = x2 + x + 1 ,
teremos: du = (2 x + 1) dx Z Z
3 1 3 1
= 2
du + 2 dx
2 2
u 2
x +x+1
Z
3 −1 3 1
= ++ 2 dx
2 u 2
2
x +x+1
Z
como u=x2 +x+1 3 1 3 1
= − 2
+ 2 dx
2 x +x+1 2
2
x +x+1
√ "√ #
Exemplo A.1.5, ou ainda (A.107)
3 1 3 4 3 3 (2 x + 1)
= − + arctg
2 x2 + x + 1 2 9 3
"√ #
1 3 (2 x + 1)
+ sen 2 arctg + C,
2 3
ou seja,
Z √ "√ #
3x + 3 3 1 2 3 3 (2 x + 1)
2 dx = − 2 + arctg
2 x + 2x + 1 3 3
x2 + x + 1
"√ #
1 3 (2 x + 1)
+ sen 2 arctg + C, (A.115)
2 3
onde as p , q s~ao funco~es polinomiais, ou seja, calcular integrais indenidas de funco~es racionais.
Para isto utilizaremos, entre outras, as tecnicas desenvolvidas nas seco~es anteriores.
Lembremos que uma func~ao polinomial,
p = p(x) , para x ∈ R ,
onde ai ∈ R, para i ∈ {0 , 1 , 2 , · · · , n} e an 6= 0.
Comecaremos pelo seguinte resultado, cuja demonstrac~ao sera omitida:
Observação A.2.1
1. Se
p = p(x) , para x ∈ R ,
e uma func~ao polinomial, cujo polin^omio que a dene tem grau n ent~ao, do Teorema
fundamental da Algebra (ou seja, o Teorema A.2.1), segue que a func~ao polinomial p pode
ser colocada na seguinte forma:
n1 nj
p(x) = a (x − x1 )m1 · · · (x − xk )mk x2 + a1 x + b1 · · · x2 + aj x + bj , (A.118)
| {z }| {z }
fatores do 1.o grau fatores do 2. grau, irredutveis em R
onde cada um dos polin^omios do 2.o grau na decomposic~ao acima, não t^em razes reais,
isto e,
ar2 − 4 br < 0 , para cada r ∈ {1 , 2 , · · · , j} .
Consideremos o:
A.2. INTEGRAIS DE FUNC ~
OES RACIONAIS 433
Exemplo A.2.1
Aplique o Teorema fundamental da Algebra (ou seja, o Teorema A.2.1) a
funca~o polinomial p : R → R, dada por
p(x) = x4 − 2 x3 + 2 x2 − 2 x + 1 , para x ∈ R . (A.119)
Resolução:
Observemos que
(A.119) com x=1 4
p(1) = 1 − 2 · 13 + 2 · 12 − 2 · 1 + 1
= 0,
.
ou seja, x1 = 1 ,
e uma raiz real do polin^omio x4 − 2 x3 + 2 x2 − 2 x + 1 , (A.120)
ou ainda, a func~ao polinomial p = p(x), dada por (A.119), sera divisvel pela func~ao polinomial
.
r(x) = x − 1 , para x ∈ R ,
q = q(x) , para x ∈ R ,
tal que
p(x) = q(x) (x − 1) , para x ∈ R .
Para encontrar a func~ao polinomial q = q(x), para x ∈ R, aplicaremos o Algoritmo de Briot-Rini:
x4 − 2 x3 + 2 x2 − 2 x + 1 x−1
− x4 − x3 x3 − x2 + x − 1
= −x3 + 2 x2 − 2 x + 1
− −x3 + x2
= x2 − 2 x + 1
− x2 − x
= −x + 1
−(−x + 1)
=0
434 ^
APENDICE
A. OUTRAS TECNICAS DE INTEGRAC ~
AO
ou ainda, a func~ao polinomial q = q(x), dada por (A.121), sera divvel pela func~ao polinomial
.
r1 (x) = x − 1 , para x ∈ R,
x3 − x2 + x − 1 x−1
− x3 − x2 x2 + 1
=x−1
−(x − 1)
=0
n~ao possui razes reais (isto e, e um polin^omio irredutvel do 2.o grau em R).
Logo, de (A.122), (A.124) e (A.123), segue que
(A.119) 4
p(x) = x − 2 x3 + 2 x2 − 2 x + 1
= (x − 1)2 x2 + 1 (A.125)
| {z } | {z }
(fator do 1.o grau ) (fator do 2.o grau irredutvel em R)
e assim temos a decomposic~ao garantida pelo Teorema fundamental da Algebra, completando a re-
soluc~ao.
2
Passaremos agora a tratar do calculo da integral indenida de uma func~ao racional, isto e, do
calculo da integral indenida: Z
p(x)
dx , (A.126)
q(x)
onde p e q s~ao funco~es polinomiais dadas.
Consideraremos, primeiramente, o seguinte caso:
em uma soma nita de funco~es racionais, onde em cada umas das parcelas dessa decomposic~ao tera
no denominador, somente, uma express~ao do tipo
para cada r ∈ {1 , 2 , · · · , j}, e no numerador aparecera uma func~ao polinomial cujo grau sera igual a
zero ou igual a 1, que dependera da parcela da decomposic~ao que estaremos considerando.
p(x)
Tal decomposic~ao sera denominada decomposic~ao da func~ao racional em frações parciais.
q(x)
A seguir descreveremos, de modo mais explcito, como s~ao as parcelas associadas ao fator do
denominador (A.129) e ao fator (A.130).
um dos fatores (do 2.o grau irredutvel) da decomposic~ao (A.128) (ou seja, da func~ao polinomial
q = q(x), dada pelo Teorema Fundamental da Algebra).
p(x)
Na decomposic~ao da func~ao racional em fraco~es parciais, associado ao termo do denomi-
n r q(x)
nador x2 + ar x + br , teremos as seguintes parcelas:
Br ,1 x + Cr ,1 Br ,2 x + Cr ,2 Br ,3 x + Cr ,3 Br ,nr x + Cr ,nr
2
+ 2 + 3 + · · · + nr . (A.132)
x + ar x + br 2
x + ar x + br 2
x + ar x + br
2
x + ar x + br
p(x)
Deste modo obtemos uma decomposic~ao da func~ao racional em fraco~es parciais, a saber:
q(x)
p(x) 1 A1 ,1 A1 ,m1 Ak ,1 Ak ,mk
= + ··· + + · · · + + · · · +
q(x) a x − x1 (x − x1 )m1 x − xk (x − xk )mk
B1 ,1 x + C1 ,1 B1 ,n1 x + C1 ,n1 Bj ,1 x + Cj ,1 B j ,nj x + C j ,nj
+ 2 + ··· + n1 + · · · + + ··· + .
nj
x + a1 x + b1 x2 + a1 x + b1 x2 + aj x + bj x2 + aj x + bj
(A.133)
Para nalizar observemos, pelas seco~es anteriores, sabemos encontrar as integrais indenidas
p(x)
de cada uma das parcelas da decomposic~ao da func~ao racional em fraco~es parciais (dada por
Z q(x)
p(x)
(A.133)), ou seja, podemos encontrar a integral indenida dx.
q(x)
A.2. INTEGRAIS DE FUNC ~
OES RACIONAIS 437
De modo mais preciso, transformamos o problema de encontrar a integral indenida de uma func~ao
racional, isto e, de encontrar a integral indenida
Z
p(x)
dx ,
q(x)
em calcular a soma de integrais indenidas dos seguintes tipos:
Z
1
1. dx ;
x−a
Z
1
2. dx , para cada k ∈ {2 , 3 , · · · } ;
(x − a)k
Z
ax + b
3. 2
dx ;
x + px + q
Z
ax + b
4. k dx , para cada k ∈ {2 , 3 , · · · } ,
2
x + px + q
Portanto
4 − 2x 4 − 2x
4 3 2
= .
x − 2 x + 2 x − 2x + 1 (x − 1)2 x2 + 1
p(x)
Por outro lado, associado ao fator irredutvel x2 + 1, do denominador da func~ao racional ,
q(x)
deveremos ter a seguinte express~ao:
B1 x + C 1
. (A.138)
x2 + 1
Com isto deveremos ter:
p(x) (A.134) e (A.135) 4 − 2x
=
q(x) x − 2 x + 2 x2 − 2 x + 1
4 3
a=1,(A.137),(A.138) A1 A2 B1 x + C1
= + 2
+ . (A.139)
x − 1 (x − 1) x2 + 1
Assim, nosso problema passa a ser encontrar
A1 , A2 , B1 , C1 ∈ R ,
a saber :
A 1 + B1 = 0
−A + A − 2 B + C = 0
1 2 1 1
,
A1 + B1 − 2 C1 = −2
−A1 + A2 + C1 = 4
A1 − 2
A = 1
2
cuja soluc~ao sera sera (Exerccio): . (A.141)
B1 = 2
C1 = 1
p
Portanto a decomposic~ao da func~ao racional , sera dada por:
q
p(x) 4 − 2x
= 4
q(x) x − 2 x + 2 x2 − 2 x + 1
3
−2 1 2x + 1
= + + 2 , (A.142)
x − 1 (x − 1)2 x +1
A.2. INTEGRAIS DE FUNC ~
OES RACIONAIS 439
completando a resoluc~ao.
2
Com isto podemos resolver o:
Exemplo A.2.3 Encontrar a integral indenida
Z
4 − 2x
dx . (A.143)
x − 2 x + 2 x2 − 2 x + 1
4 3
Resolução:
Do Exemplo A.2.2 acima (veja (A.142)), temos que:
Z Z
(A.142)
4 − 2x −2 1 2x + 1
4 3 2
dx = + + dx
x − 2x + 2x − 2x + 1 x − 1 (x − 1)2 x2 + 1
Z Z Z
1 1 2x + 1
= −2 dx + 2
+ dx. (A.144)
x−1 (x − 1) x2 + 1
Mas
.
se u = x − 1 ,
Z teremos :du = dx Z
1 1
dx = du
x−1 u
(3.49)
= ln (|u|) + C
.
como u=x−1
= ln (|x − 1|) + C , (A.145)
.
se u = x − 1 ,
Z teremos du = dx Z
1 1
2
dx = du
(x − 1) u2
−1
= +C
u
como u=x−1 1
= − + C, (A.146)
Z Z x − Z1
2x + 1 2x 1
2
dx = 2
dx + 2
dx
x +1 x +1 x +1
se u = x2 + 1 ,
teremos du = 2x dx Z
1
= dx + arctg(x)
u
(3.49)
= ln(|u|) + arctg(x) + C
como u=x2 +1
= ln 2
x + 1 + arctg(x) + C .
(A.147)
| {z }
=x2 +1
Observação A.2.4
1. Como ilustra o Exemplo A.2.3 acima, o metodo das frac~oes parciais e uma ferramenta
muito importante na obtenc~ao de integrais indenidas do tipo
Z
p(x)
dx ,
q(x)
onde as func~oes p , q s~ao func~oes polinomiais, sendo que o grau do polin^omio p menor
que grau do polin^omio q, isto e,
grau(p) < grau(q) . (A.149)
Resolução:
Observemos que na func~ao racional
p(x) . x3 − 1 1 1
= , para x ∈ R \ − , 0 , ,
q(x) 4 x3 − x 2 2
o grau do polin^omio do numerador (isto e, o polin^omio x3 − 1, que tem grau e 3) e igual ao grau do
polin^omio do denominador (isto e, o polin^omio 4 x3 − x, que tem grau e 3).
Logo precisamos realizar a divis~ao dos dois polin^omios para podermos prosseguir, como visto no
item 2. da Observac~ao A.2.4.
Aplicando-se o Algoritmo de Briot-Rini, obteremos:
x3 − 1 4 x3 − x
3 1 1
− x − x
4 4
1
x−1
4
Assim teremos:
1
x3 − 1 1 x−1
= + 4
4 x3 − x 4 4 x3 − x
1 1 x−4 1 1
= + , para x ∈ R \ − ,0, . (A.155)
4 4 4 x3 − x 2 2
Assim
Z Z
x3 − 1 (A.155)
1 1 x−4
dx = + dx
4 x3 − x 4 4 4 x3 − x
Z Z
1 1 x−4
= dx + dx
4 4 4 x3 − x
Z
1 1 x−4
= x+ dx . (A.156)
4 4 4 x3 − x
Logo, basta calcularmos a integral indenida
Z
x−4
dx . (A.157)
4 x3 − x
Para isto aplicaremos o metodo das fraco~es parciais.
Observemos que a decomposic~ao em fatores do 1.o grau e fatores irredutveis do 2.o grau em R da
func~ao polinomial do denominador em (A.157), sera dada por:
3 2 1
4x − x = 4x x −
4
1 1
= 4x x + x− (A.158)
2 2
442 ^
APENDICE
A. OUTRAS TECNICAS DE INTEGRAC ~
AO
A1 + A2 + A3 = 0
1
ou seja, − (A2 − A3 ) = 1 ,
2
1
− A1 = −4
4
A1 = 16
cuja soluc~ao sera (Exerccio): A2 = −9 . (A.160)
A = −7
3
x3 − x2 + 3 x2 − 2 x + 2
− x3 − 2x2 + 2x x+1
x2 − 2 x + 3
− −x2 − 2 x + 2
Logo teremos:
x3 − x2 + 3 1
2
= (x + 1) + 2 . (A.165)
x − 2x + 2 x − 2x + 2
Assim:
Z Z
x3 − x2 + 3 (A.165)
1
dx = (x + 1) + 2 dx
x2 − 2 x + 2 x − 2x + 2
Z Z
1
= (x + 1) dx + 2
dx
x − 2x + 2
Z
x2 1
= +x+ 2
dx . (A.166)
2 x − 2x + 2
444 ^
APENDICE
A. OUTRAS TECNICAS DE INTEGRAC ~
AO
∆ = (−2)2 − 4 · 1 · 2 = −4 < 0 .
. x2 h √ i
f(x) = , para x ∈ 0 , 6 5 (A.169)
5 + x6
h √ i
e integravel em 0 , 6 5 e encontre o valor da integral denida
Z√
6
5
x2
dx . (A.170)
0 5 + x6
Resolução:
h √ i
Observemos que a func~ao f e continua em 0 , 6 5 .
A vericac~ao deste fato sera deixada como exerccio para oh leitor.i
√
Logo, pelo Teorema 2.3.1, sera uma func~ao integravel em 0 , 6 5 .
Para calcularmos a integral denida acima precisamos encontrar uma primitiva da func~ao f (ou a
integral indenida da func~ao f) e depois aplicar o Teorema fundamental do Calculo (isto e, o Teorema
2.5.2).
A.2. INTEGRAIS DE FUNC ~
OES RACIONAIS 445
Para tanto aplicaremos o Teorema da substituic~ao para integrais indenidas (como visto na disci-
plina de Calculo 1), a saber:
Z Z
(A.169) x2
f(x) dx = dx
5 + x6
Z
x2
= 2 dx
5 + x3
.
se u = x3 ,
1
teremos: du = 3 x2 dx Z 3
= du
Z 5 + u2
1 1
= du
3 u 2
5 1+ √
5
. √u
se v = 5 ,
* +
teremos: dv = √15 du √5 Z 1
= dv
15 1 + v2
√
5
= arctg(v) + C
15 √
como v= √u5
5 u
= arctg √ + C
15 5
√ 3
!
como u=x3 5 x
= arctg √ + C .
15 5
h √ i
Em particular, a func~ao F : 0 , 6 5 → R, dada por
√ !
. 5 x3 h √ i
F(x) = arctg √ , para x ∈ 0 , 6 5 , (A.171)
15 5
h √ i
sera uma primitiva da func~ao f em 0 , 6 5 .
446 ^
APENDICE
A. OUTRAS TECNICAS DE INTEGRAC ~
AO
6
dx = f(x) dx
0 5+x 0
" x= √6 #
5
(2.97)
= = F(x)
x=0
"√ !# √ 6
(A.171) 5 x3 x= 5
= = arctg √
15 5
x=0
h √ i3
√ 6
5 3
5 0
= arctg √ − arctg √
15 5 5
√ " √ ! #
5 5
= arctg √ − 0
15 5
√
5
= arctg(1)
15
√
5π
= , (A.172)
15 4
completando a resoluc~ao.
2
h √ i
Observação A.2.5 Como a func~ao f do Exemplo A.2.2 acima, e n~ao negativa em 0 , 6 5 , ou
seja,
(A.169) h √ i
f(x) ≥ 0, para x ∈ 0 , 6 5
√
e integravel em [0 , 6 5], do item 5. da Observac~ao 2.3.3, segue que o valor da area, que deno-
taremos por A, da regi~ao limitada, que chamaremos de R, contida no plano √ xOy, delimitada
pelas representac~oes geometricas do graco da func~ao f, das retas x = 0, x = 6 5 e do eixo Ox
sera dada por
Z
(2.44) b
A = f(x) dx
a
Z√
6
(A.169) x2
5
= dx
0 5 + x6
√
(A.172) 5 π
= u.a. ,
60
isto e, o valor da integral denida (A.170).
teremos: du = 1
√ dx Z
2 x
= cosec2 (u) 2 du
Exerccio
−2 cotg(u) + C
=
√
como u= x √
= −2 cotg x + C .
π 2 π 2
Em particular, a func~ao F : , → R, dada por
4 2
√
. π 2 π 2
F(x) = −2 cotg x , para x ∈ , , (A.175)
4 2
π 2 π 2
sera uma primitiva da func~ao f em , .
4 2
Logo, do Teorema fundamental do Calculo (isto e, o Teorema 2.5.2), teremos:
Z ( π )2 √ Z π 2
2 cosec2 x (A.173) ( 2 )
√ dx = f(x) dx
( π4 )
2 x 2
( π4 )
x=( π )2
(2.97) 2
= F(x)
π 2
x=( 4 )
π 2
(A.175) √ x=( 2 )
= −2 cotg x
2
x=( π
4)
" r ! r !#
π 2 π 2
= −2 cotg − cotg
2 4
h π π i
= −2 cotg − cotg
2 4
= −2[0 − 1]
= 2, (A.176)
448 ^
APENDICE
A. OUTRAS TECNICAS DE INTEGRAC ~
AO
completando a resoluc~ao.
2
π 2 π 2
Observação A.2.6 Como a func~
ao f do Exemplo A.2.3 acima, e n~ao negativa em , ,
4 2
ou seja,
(A.173)
π 2 π 2
f(x) ≥ 0, para x∈ ,
4 2
π 2 π 2
e integravel em , , do item 5. da Observac~ao 2.3.3, segue que o valor da area, que
4 2
denotaremos por A, da regi~ao limitada, que chamaremos de R, contida no plano π 2
xOy, delimitada
π 2
pelas representac~oes geometricas do graco da func~ao f, das retas x = ,x= e do
4 2
eixo Ox, sera dada por
Z
(2.44) b
A = f(x) dx
a
Z π 2 √
(A.173) ( 2 ) cosec2 x
= √ dx
( π4 )
2 x
(A.176)
= 2 u.a. ,
Resolução:
Observemos que a func~ao f e contnua em [0 , 1] e portanto, do Teorema 2.3.1, que a func~ao sera
integravel em [0 , 1].
√
Alem disso, considerando-se a func~ao g : [0 , 1] → [1 , 2], dada por
. √
g(x) = 1 + x , para x ∈ [0 , 1] , (A.179)
segue que
.
u = g(x) , para x ∈ [0 , 1] ,
2.7.1) temos
. (A.179) √
se u = g(x) = x + 1 , para x ∈ [0 , 1]
teremos: u = x + 1 , logo 2 u du = dx
2
se x = 0 , segue que u = 1√
Z1
se x = 1 , segue que u = 2
Z √2
2
√ 2
2
x 1 + x dx = u −1 u 2 u du
0 1
Z√ 2
Exerccio
= 2 u6 − 4 u4 + 2 u2 du
1
u=√2
Teorema fundamental do Calculo 2 4 2
u7 − u5 + u3
=
7 5 3
h i
u=1
2 √ 7 4 √ 5 2 √ 3
h i h i 2 4 2
= 2 − 2 + 2 − − +
7 5 3 7 5 3
16 √ 8√ 4√ 56
= 2− 2+ 2−
7 5 3 105
72 √ 56
= 2− , (A.180)
35 105
completando a resoluc~ao.
2
Observação A.2.7 Como a func~ao f do Exemplo A.2.4 acima, e n~ao negativa em [0 , 1], ou seja,
(A.177)
f(x) ≥ 0, para x ∈ [0 , 1]
e integravel em [0, 1], do item 5. da Observac~ao 2.3.3, segue que o valor da integral denida
acima, sera o valor da area, que indicaremos por A, da regi~ao limitada, que chamaremos de R,
contida no plano xOy, delimitada pelas representac~oes geometricas do graco da func~ao f, das
retas x = 0, x = 1 e do eixo Ox , ou ainda,
Z
(2.44) b
A = f(x) dx
a
Z
(A.177) 1 2 √
= x 1 + x dx
0
(A.180) 72 √ 56
= 2− u.a. .
35 105
Consideremos agora o:
Exemplo A.2.5 Mostre que a func~ao f : [1 , 2] → R, dada por
.
para
p
f(x) = x2 x3 + 1 , x ∈ [1 , 2] , (A.181)
Resolução:
Observemos que a func~ao f, dada por (A.181), e contnua em [1 , 2].
450 ^
APENDICE
A. OUTRAS TECNICAS DE INTEGRAC ~
AO
A vericac~ao deste fato sera deixado como exerccio para o leitor.
Logo, do Teorema 2.3.1, segue que a func~ao f sera integravel em [1 , 2].
Para calcularmos a integral denida acima, pelo Teorema fundamental do Calculo (isto e, o Teo-
rema 2.5.2), precisamos encontrar uma primitiva qualquer da func~ao f , ou ainda, sua integral inde-
nida, em [1 , 2].
Para isto aplicaremos o Teorema da substituic~ao para integrais indenidas (visto na disciplina de
Calculo 1), mais precisamente:
Z Zs
p 1
x2 x3 + 1 dx = 3
|x {z
2
+ 1} |3 x{z dx}
3 .=u .=du
.
se u = x3 + 1 ,
teremos: du = 3 x2 dx 1 Z √
= u du
3 |{z}
1
=u 2
visto na disciplina de Calculo 1 1 1 1
= u 2 +1 + C
1
3
+1
" # 2
1 1 3
= 3
u2 + C
3 2
3
como u=x3 +1 2
2
= x3 + 1 + C ,
9
para x ∈ [−1 , ∞).
Em particular, a func~ao F : [1 , 2] → R, dada por
3
. 2
para x ∈ [1 , 2] , (A.183)
2
F(x) = x3 + 1 ,
9
sera uma primitiva da func~ao f, dada por (A.181), em [1 , 2].
Logo, do Teorema fundamental do Calculo (isto e, o Teorema 2.5.2), teremos:
Z2 Z
2
p
3 (A.181) 2
x x + 1 dx = f(x) dx
1 1
x=2
(2.97)
= F(x)
x=1
3 x=2
(A.183) 2
2
x3 + 1
=
9
x=1
Exerccio 2 √
h i
= 8−1 , (A.184)
9
completando a resoluc~ao.
2
Observação A.2.8 Como a func~ao f do Exemplo A.2.5 acima, e n~ao negativa em [1 , 2], ou seja,
(A.181)
f(x) ≥ 0, para x ∈ [1 , 2]
e integravel em [1 , 2], do item 5. da Observac~ao 2.3.3, segue que o valor da area, que denotare-
mos por A, da regi~ao limitada, que chamaremos de R, contida no plano xOy, delimitada pelas
A.2. INTEGRAIS DE FUNC ~
OES RACIONAIS 451
A ideia central do resultado a seguir e, "aproximar" a curva por uma poligonal, as quais sabemos
calcular o valor do seu comprimento.
Para isto temos o:
Teorema B.1.1 (do comprimento de uma curva que é gráfico de uma função) Seja f :
[a , b] → R uma func~ao continuamente diferenciavel em [a , b].
Ent~ao o valor do comprimento l, da curva determinada pela representac~ao geometrica do
graco da func~ao f sera dado por:
Zb q
2
1 + f 0 (x) dx u.c. , (B.1)
l=
a
453
454 ^
APENDICE B. OUTRAS APLICAC ~
OES DE INTEGRAL DEFINIDA
que pertence ao graco da func~ao f, e o respectivo segmento de reta (veja a gura abaixo)
Pi−1 , Pi ,
Observemos que o comprimento do segmento Pi−1 Pi e dado por (pelo Teorema de Pitagoras - veja
a gura abaixo)
Teorema de Pitagoras
q
Pi−1 Pi = (∆xi )2 + (∆yi )2
q
= (∆xi )2 + [f(xi ) − f(xi−1 )]2 . (B.2)
visto na disciplina de Calculo 1), segue que podemos encontrar ξi ∈ [xi−1 , xi ], de modo que
Logo
X
n
l = lim Pi−1 Pi
n→∞
i=1
(B.4) X
n q
2
lim 1 + f 0 (ξi ) ∆xi
=
n→∞
i=1
Z q
denic~ao da integral de Riemann (veja (2.43)) b 2
1 + f 0 (x) dx ,
=
a
Exerccio 1
h √ √ i
= 152 19 − 13 13 u.c. ,
27
ou seja,
1 h √ √ i
l= 152 19 − 13 13 u.c. ,
27
completando a resoluc~ao.
2
Podemos tambem aplicar as ideias acima ao:
√
Exercı́cio B.1.1 Seja f : [1 , 3] → R a func~ao dada por
. √
f(x) = ln(x) , para x ∈ [1 , 3] . (B.7)
Logo, do Teorema do comprimento de uma curva (ou seja, o Teorema B.1.1), segue que:
Z q
(B.1) b 2
1 + f 0 (x) dx
l =
a
Z √3
s
2
(B.8) 1
= 1+ dx
1 x
Z √3
s
x2 + 1
= dx
1 x2
√ Z √3 p 2
como x≥1>0 , temos x2 =x x +1
= dx
1 x
Exerccio √ h √ √ i
= 2 − 2 + ln 2 2+1 3 u.c. ,
ou seja,
√ h √ √ i
l=2− 2 + ln 2 2+1 3 u.c. ,
completando a resoluc~ao.
2
Para nalizar temos o:
Resolução:
A representac~ao geometrica do graco da func~ao f e dada pela gura abaixo.
Observemos que a func~ao f e continuamente diferenciavel em [1 , 3] e, alem disso, temos
(B.9) d
1 3 1
f (y) = y − −1
dy 2 6y
3 1
= y2 − , para y ∈ [1 , 3]. (B.10)
2 6 y2
458 ^
APENDICE B. OUTRAS APLICAC ~
OES DE INTEGRAL DEFINIDA
Logo, do Teorema do comprimento de uma curva (ou seja, o Teorema B.1.1), segue que:
Z q
(B.1) b 2
1 + f 0 (y) dy
l =
a
Z3
s
(B.10) 1 2
3 2
= 1+ y − dy
1 2 6 y2
Z3
Exerccio 9 2 1
= y + dy
1 6 6 y2
1 y=3
9 3
= y −
18 6y y=1
118
= u.c. ,
4
ou seja,
118
l= u.c. ,
4
completando a resoluc~ao.
2
Demonstração:
Consideremos
.
P = {xo = a , x1 , · · · , xn = b}
uma partic~ao do intervalo [a , b].
Consideremos, para cada i ∈ {1 , 2 , · · · , n}, o ponto do graco da func~ao f, que denotaremos por
.
Pi = (xi , f(xi ))
Pi−1 , Pi .
Quando o segmento Pi−1 Pi e rotacionado em torno do eixo Ox, obteremos a superfcie lateral de
um trono de cone, que indicaremos por Si (veja a gura abaixo), cujos raios da base e do topo s~ao
. .
ri−1 = f(xi−1 ) e ri = f(xi ) , (B.12)
respectivamente.
Observemos que a geratriz deste tronco de cone acima e o segmento Pi−1 Pi que, como vimos na
sec~ao anterior, tem comprimento dado por
q
2
Pi−1 Pi = 1 + f 0 (ξi ) ∆xi (B.13)
Assim, par cada i ∈ {1 , 2 , · · · , n}, a area lateral do trono de cone Si , que indicaremos por Ai , sera
dada por
veja a Observac~ao B.2.1
Ai = π (ri + ri−1 ) (Pi−1 Pi )
veja a gura acima e (B.13)
q
2
1 + f 0 (ξi ) ∆xi . (B.14)
= π [f(xi ) + f(xi−1 )]
Logo
X
n n
X q
A = lim Ai = lim 0 2
π [f(xi ) + f(xi−1 )] 1 + [f (ξi )] ∆xi
n→∞ n→∞
i=1 i=1
Zb
Def. Integral de Riemann
q
2
f(x) 1 + f 0 (x) dx u.a. ,
= 2π
a
Observação B.2.1 A identidade utilizada na demonstrac~ao acima, pode ser mostrada da se-
guinte forma:
Se Ac indica o valor a area lateral de um cone, que tem como raio da base r e geratriz
medindo l, ent~ao temos que (veja a gura abaixo):
Ac 2πr
2
=
πl 2πl
ou seja, Ac = π r l . (B.15)
Com isto, como veremos a seguir, podemos obter a area lateral de um tronco de cone AT
(veja a gura abaixo), onde
AC = l1 , AE = l2 , BC = r1 e DE = r2 . (B.16)
B.2. AREA DE SUPERFICIES 461
Para tanto, observemos que os tri^angulos ∆ABC e ∆ADE s~ao semelhantes (caso AAA -
gura abaixo) logo
DE BC
= ,
AE AC
r2 r1
de (B.16), teremos: =
l2 l1
ou seja, r2 l1 = −r2 l2 . (B.17)
Logo
(B.15)
AT = π r1 l1 − π r2 l2
(B.17)
= π (r1 + r2 ) (l1 − l2 ) u.a. , (B.18)
Encontre a area, que indicaremos por A, da superfcie de revoluc~ao S , obtida quando rota-
cionamos a representac~ao geometrica do graco da func~ao f em torno do eixo Ox.
Resolução:
462 ^
APENDICE B. OUTRAS APLICAC ~
OES DE INTEGRAL DEFINIDA
h πi
Como a func~ao f e continuamente diferenciavel em 0 , e, alem disso, temos
2
(B.19) d
f 0 (x) = [ sen(x)]
dx h πi
= cos(x) , para x ∈ 0 , . (B.20)
2
Logo, do Teorema da area de uma superfcie de revoluc~ao (ou seja, o Teorema B.2.1), segue que
Zb
(B.11)
q
2
f(x) 1 + f 0 (x) dx
A = 2π
a
Zπ
(B.18) e (B.19)
q
2
= 2π sen(x) 1 + [cos(x)]2 dx
0
aplicando o Teorema da substitui
c~a o para a integral denida (ou ainda, a Observa
c~a o 2.7.1)
.
se u = cos(x) , teremos: du = − sen(x) dx
se x = 0 , teremos: u = 1
se x = π , teremos: u = 0
2
Z0 p
= 1 + u2 (−du)
1
h√ √
Exerccio
i
= π 2 + ln 2 + 1 u.a. ,
ou seja, h√ √ i
A=π 2 + ln 2+1 u.a. ,
completando a resoluc~ao.
A superfcie S tem sua representac~ao geometrica dada pela gura abaixo:
2
Temos os seguinte exerccios resolvidos:
Exercı́cio B.2.1 Calcular a area lateral de um cone circular reto cujo raio da base mede r > 0
e a altura mede h > 0.
Resolução:
Geometricamente temos:
Observemos que a superfcie acima pode ser obtida como rotac~ao do graco da geratriz do cone
(veja a gura abaixo) em torno do eixo Ox.
B.2. AREA DE SUPERFICIES 463
Podemos descrever a geratriz como graco de uma func~ao de x, para x ∈ [0 , h], da seguinte forma:
Na gura abaixo os tri^angulos ∆ABE e ∆ACD s~ao semelhantes (caso AAA).
Logo
AB AC
=
BE CD
x h
ou, equivalentemente, = , (B.21)
f(x) r
Logo, pelo Teorema da area de uma superfcie de revoluc~ao (ou seja, o Teorema B.2.1), segue que
Zb
(B.11)
q
2
1 + f 0 (x) dx
A = 2π f(x)
a
Zh r
(B.22) e (B.23) r h r i2
= 2π x 1+ dx
0 h h
Exerccio
= π r l u.a. ,
ou seja,
A = π r l u.a. ,
completando a resoluc~ao.
2
Para nalizar temos o:
Exercı́cio B.2.2 Calcular a area da superfcie de revoluc~ao S , obtida da rotac~ao da repre-
sentac~ao geometrica do graco da func~ao f em torno do eixo Oy, onde a func~ao f : [0 , 1] → R
e dada por
.
f(y) = y3 , para y ∈ [0 , 1] . (B.24)
Resolução:
A representac~ao geometrica do graco da func~ao f e dada pela gura abaixo.
ou seja,
π √
A= 10 10 − 1 u.a. ,
27
completando a resoluc~ao.
A superfcie revoluc~ao S tem sua representac~ao geometrica dada pela gura abaixo:
2
466 ^
APENDICE B. OUTRAS APLICAC ~
OES DE INTEGRAL DEFINIDA
Apêndice C
= f 0 (a) − f 0 (a)
= 0.
467
468 ^
APENDICE C. DIFERENCIAIS
0 < δ ≤ 1, (C.4)
teremos
= |ϕ(h)| |h|
(C.3)
< ε |h|
C.5
< ε·δ
(C.4)
< ε. (C.6)
teremos
para h ∼ 0,
de (C.6), teremos: ∆f(a) − f 0 (a) h ∼ 0 ,
ou, equivalentemente ∆f(a) ∼ f 0 (a) h ,
ou ainda, f(a + h) ∼ f(a) + f 0 (a) h . (C.8)
para encontrar um valor aproxiamado de f(a + h), isto e, o valor da func~ao f em a + h.
f 0 (a) h
Observação C.1.2
1. Logo, da Denic~ao (C.1.1) acima, a express~ao (C.8) pode ser reescrita da seguinte forma:
.
f(x) = x , para x ∈ R , (C.12)
ent~ao a func~ao f sera diferenciavel em R e, alem disso, teremos
f 0 (x) = 1 , para x ∈ R , (C.13)
(C.10)
assim, df(x) = f 0 (x) h
(C.13)
= 1·h
= h. (C.14)
Logo, como f(x) = x , para x ∈ R ,
segue, de (C.14), que dx = df(x) ,
ou ainda, dx = h , (C.15)
ou seja, acrecimo h pode ser substitudo por dx.
Assim a express~ao (C.10) podera ser reescrita da seguinte forma:
.
df(a) = f 0 (a) h
(C.15)
= f 0 (a) dx , (C.16)
e portanto teremos a seguinte equival^encia:
df
(a) = f 0 (a) ,
dx
se, e somente se, df(a) = f 0 (a) dx . (C.17)
3. Se a func~ao
y = f(x)
e diferenciavel no conjunto A, poderemos denotar a diferencial da func~ao f no ponto x
(calculada para o acrescimo dx) como
dy = f 0 (x) dx . (C.18)
dy
Lembremos que uma outra notac~ao para a derivada f 0 (x) e , assim teremos
dx
dy
dy = dx . (C.19)
dx
3. a diferencial da diferenca de duas func~oes sera igual a diferenca das diferenciais das
respectivas func~oes, isto e,
d(f − g)(a) = df(a) − dg(a) ; (C.23)
4. temos que a diferencial do produto de duas func~oes sera dada pela seguinte express~ao:
d(f · g)(a) = df(a) g(a) + f(a) dg(a) . (C.24)
5. se g(a) 6= 0, ent~ao a diferencial do quociente da func~ao f pela func~ao g, sera dada pela
seguinte express~ao:
f df(a) g(a) − f(a) dg(a)
d (a) = ; (C.26)
g g2 (a)
Demonstração:
Do item 1.:
Como
d
f 0 (x) = [c]
dx
= 0 , para x ∈ A, (C.28)
segue que
(C.16)
df(a) = f 0 (a) dx
(C.28)
= 0 dx = 0 ,
como armamos.
Do item 2.:
Como as func~oes f e g s~ao diferenciaveis em a ∈ A, segue que a func~ao f + g sera diferenciavel em
x = a.
Alem disso temos:
(C.16)
d(f + g)(a) = (f + g) 0 (a) dx
propriedade da derivada 0
f (a) + g 0 (a) dx
=
= f 0 (a) dx + g 0 (a) dx
= df(a) + dg(a) ,
C.1. DEFINIC ~
OES E APLICAC ~
OES DE DIFERENCIAIS DE UMA FUNC ~
AO 471
como armamos.
Do item 3.:
Como as func~oes f e g s~ao diferenciaveis em a ∈ A, segue que a func~ao f − g sera diferenciavel em
x = a.
Alem disso temos:
(C.16)
d(f − g)(a) = (f − g) 0 (a) dx
propriedade da derivada
= [f 0 (a) − g 0 (a)] dx
= f 0 (a) dx − g 0 (a) dx
= df(a) − dg(a) ,
como armamos.
Do item 4.:
Como as funco~es f e g s~ao diferenciaveis em a ∈ A, segue que a func~ao f · g sera diferenciavel em
x = a.
Alem disso temos:
(C.16)
d(f · g)(a) = (f · g) 0 (a) dx
propriedade da derivada 0
f (a) g(a) − f(a) g 0 (a) dx
=
= g(a) f 0 (a) dx − f(a) g 0 (a) dx
= g(a) df(a) − f(a) dg(a) ,
como armamos.
Do item 5.:
f
Como as funco~es f e g s~ao diferenciaveis em a ∈ A e g(a) 6= 0, segue que a func~ao sera
g
diferenciavel em x = a.
Alem disso temos:
(C.16) f
f 0
d (a) = (a) dx
g g
f 0 (a) g(a) − f(a) g 0 (a)
propriedade da derivada
= dx
g2 (a)
g(a) f 0 (a) dx − f(a) g 0 (a) dx
=
g2 (a)
g(a) df(a) − f(a) dg(a)
= ,
g2 (a)
como armamos.
Do item 6.:
Se f : R → R e a func~ao dada por
.
f(x) = xn , para x ∈ R , (C.29)
472 ^
APENDICE C. DIFERENCIAIS
completando a resoluc~ao.
2
O proximo exerccio nos da uma aplicac~ao interessante de diferenciais de uma func~ao, a saber:
Exercı́cio C.1.2 Encontre um valor aproximado de
√
3
28 ,
Resolução:
Consideremos a func~ao f : (0 , ∞) → R, dada por:
. √
f(x) = 3 x , para x ∈ (0 , ∞) . (C.32)
Consideremos
. .
a = 27 e dx = 1 . (C.36)
Da express~ao (C.35) acima, levando em conta (C.36), teremos:
f(28) = f(27 + 1)
(C.35)
∼ f(27) + f 0 (27) · 1
√3 1 1
= 27 + p
3 3 272
1 1
= 3 + h √ i2
3 3
27
1
=3+ ,
27
√ 1
ou seja, 3
28 ∼ 3 + ,
27
completando a resoluc~ao.
2
474 ^
APENDICE C. DIFERENCIAIS
Apêndice D
Tendo-se a func~ao exponencial, podemos denir novas as funco~es, assim denominadas funções hiperbólicas,
o que sera feito na sec~ao a seguir:
. ex + e−x
cosh(x) = . (D.1)
2
Propriedades D.1.1
cosh(R) = [1 , ∞) ; (D.5)
475
476 ^
APENDICE D. FUNC ~
OES
HIPERBOLICAS
Demonstração:
As demonstraco~es dessas propriedades ser~ao deixadas como exerccio para o leitor.
2
A representac~ao geometrica do graco da func~ao cosseno-hiperbolico e dada pela gura abaixo.
Sera mostrado mais adiante que a representac~ao geometrica do graco da func~ao cosh, dada por
(D.1), e dada pela gura acima.
. ex − e−x
senh(x) = . (D.7)
2
Com isto podemos denir uma func~ao, denominada função seno-hiperbólico, da seguinte
forma: senh : R → R, dada por
. ex − e−x
senh(x) = , para x ∈ R . (D.8)
2
Propriedades D.1.2
senh(R) = R ; (D.10)
Demonstração:
As demonstraco~es dessas propriedades ser~ao deixadas como exerccio para o leitor.
2
A representac~ao geometrica do graco da func~ao seno-hiperbolico e dada pela gura abaixo.
Sera mostrado mais adiante que a representac~ao geometrica do graco da func~ao senh, dada por
(D.8), e dada pela gura acima.
17.3 A função tangente-hiperbólica
Propriedades D.1.3
Demonstração:
As demonstraco~es dessas propriedades ser~ao deixadas como exerccio para o leitor.
2
A representac~ao geometrica do graco da func~ao tangente-hiperbolica e dada pela gura abaixo.
Sera mostrado mais adiante que a representac~ao geometrica do graco da func~ao tgh e dada
pela gura acima.
. cosh(x)
cotgh(x) =
senh(x)
(D.7) ,(D.1) ex + e−x
= . (D.17)
ex − e−x
Propriedades D.1.4
Demonstração:
As demonstraco~es dessas propriedades ser~ao deixadas como exerccio para o leitor.
2
A representac~ao geometrica do graco da func~ao cotangente-hiperbolica e dada pela gura
abaixo.
Sera mostrado mais adiante que a representac~ao geometrica do graco da func~ao cotgh, dada
por (D.18), e dada pela gura acima.
17.5 A função secante-hiperbólica
Com isto podemos denir uma func~ao, denominada função secante-hiperbólica, da se-
guinte forma: sech : R → R, dada por
1
sech(x) =
cosh(x)
(D.1) 2
= , para x ∈ R . (D.23)
ex + e−x
Propriedades D.1.5
Demonstração:
As demonstraco~es dessas propriedades ser~ao deixadas como exerccio para o leitor.
2
A representac~ao geometrica do graco da func~ao secante-hiperbolica e dada pela gura abaixo.
Sera mostrado mais adiante que a representac~ao geometrica do graco da func~ao sech, dada por
(D.23), e dada pela gura acima.
17.6 A função cossecante-hiperbólica
Propriedades D.1.6
Demonstração:
As demonstraco~es dessas propriedades ser~ao deixadas como exerccio para o leitor.
2
A representac~ao geometrica do graco da func~ao cossecante-hiperbolica e dada pela gura abaixo.
Sera mostrado mais adiante que a representac~ao geometrica do graco da func~ao cosech, dada
por (D.28), e dada pela gura acima.
1. Temos que
cosh2 (x) − senh2 (x) = 1 , para x ∈ R ; (D.32)
3. temos
tgh2 (x) + sech2 (x) = 1 , para x ∈ R ; (D.34)
4. e
cotgh2 (x) − cosech2 (x) = 1 , para x ∈ R \ {0} . (D.35)
482 ^
APENDICE D. FUNC ~
OES
HIPERBOLICAS
Demonstração:
Faremos a demonstrac~ao do item 1. .
As demonstraco~es dos outros itens ser~ao deixados como exerccio para o leitor.
Observemos que, para cada x ∈ R, temos:
ex + e−x 2 e − e−x 2
x
(D.1) ,(D.7)
cosh (x) − senh (x)
2 2
= −
2 2
2x x −x −2 x
2x
− e − 2 ex e−x + e−2 x
e + 2e e + e
=
4
4
=
4
= 1,
Observação D.1.1 Pode-se mostrar que, dado a > 0, a representac~ao geometrica do graco da
func~ao f : R → R, dada por
. cosh(a x)
f(x) = , para x ∈ R ,
a
descreve a posic~ao de equilbrio de um o homog^eneo, cujas extremidades est~ao presas a uma
mesma altura, deixado sob a ac~ao da forca da gravidade.
Tal curva e denominada de catenária.
Apêndice E
2. ou
lim f(x) = −∞ , (E.2)
x→a+
3. ou
lim f(x) = ∞ , (E.3)
x→a−
4. ou
lim f(x) = −∞ . (E.4)
x→a−
483
484 ^
APENDICE
E. INTEGRAIS IMPROPRIAS
DE 2.A ESPECIE
Resolução:
De fato, pois
(E.5) 1
lim+ f(x) = lim+
x→0 x→0 xp
como p>0
= ∞,
logo, da Denic~ao (E.1.1) (vale (E.2)), segue que a func~ao f tem uma descontinuidade innita em
x = 0.
E.1. INTEGRAIS IMPROPRIAS
DE 2.A ESPECIE 485
completando a resoluc~ao.
2
Com a Denic~ao (E.1.1) acima, podemos introduzir a:
Definição E.1.2 Seja f : (a , b] → R uma func~ao que tem uma descontinuidade innita em
x=a
Definição E.1.3 Seja g : [a , b) → R uma func~ao que tem uma descontinuidade innita em
x=b
logo, pela Denic~ao (E.1.1) (veja (E.1)), temos a comprovac~ao da armac~ao acima.
Notemos tambem que a func~ao f, dada por (E.9), e contnua em (0 , 3] e, assim, do Teorema (2.3.1),
ela sera uma func~ao integravel em [c , 3], para cada c ∈ (0 , 3] xado.
Portanto, pela Denic~ao (E.1.2), temos que a integral
Zb Z
(E.9) b 1
f(x) dx = dx
a a x
E.1. INTEGRAIS IMPROPRIAS
DE 2.A ESPECIE 487
Observação E.1.2 Notemos que func~ao f, dada por (E.9), e n~ao negativa, ou seja,
(E.9) 1
f(x) = ≥ 0, para x ∈ (0 , 3] .
x
Logo a area, cujo valor denotaremos por A, da regi~ao R, contida no plano xOy, delimitada
pelas representac~oes geometricas do graco da func~ao f, das retas x = 0, x = 3 e do eixo Ox,
sera dada pela integral impropria, de 2.a especie (do tipo (E.6)), ou seja, por, (E.8), ou ainda:
Z3
A= f(x) dx
0
Z
(E.9) 3 1
= dx
0 x
(E.10)
= ∞.
Definição E.1.4Seja f : [a , b] \ {c} → R uma func~ao contnua [a , b] \ {c} e que tem uma descon-
tinuidade innita em
x = c.
forem convergentes. Zb
Caso contrario, diremos que integral impropria de 2.a especie (do tipo (E.11)) f(x) dx e
a
divergente.
A gura abaixo ilustra a representac~ao geometrica do graco de uma func~ao f que esta na
situac~ao acima.
E.1. INTEGRAIS IMPROPRIAS
DE 2.A ESPECIE 489
Observação E.1.3 Notemos que a func~ao f, dada por (E.13), e n~ao negativa, ou seja,
(E.13) 1
f(x) = 2 ≥ 0, para x ∈ [0 , 2] \ {1} .
(x − 1) 3
490 ^
APENDICE
E. INTEGRAIS IMPROPRIAS
DE 2.A ESPECIE
Deste modo, a area, cujo valor denotaremos por A, da regi~ao R, contida no plano xOy,
delimitada pelas representac~oes geometrica s do graco da func~ao f, das retas x = 0, x = 2 e do
eixo Ox, sera dada pela integral impropria de 2.a especie (do tipo (E.11)), ou seja, por (E.12),
ou ainda:
Z2
A= f(x) dx
0
Z2
(E.13) 1
= 2 dx
0 (x − 1) 3
(E.14)
= 2 u.a. .
Observação E.1.4 Podemos ter outros tipos de integrais improprias de 2.a especie, como por
exemplo:
1. Seja f : (a , b) → R uma func~ao e contnua em (a , b), que tem descontinuidades innitas
em
x = a e x = b.
Neste caso denimos a integral imprópria, de 2.a espécie, da função f em (a , b), indi-
E.1. INTEGRAIS IMPROPRIAS
DE 2.A ESPECIE 491
Zb
cada por f(x) dx, como sendo
a
Zb Zc Zb
.
f(x) dx = f(x) dx + f(x) dx , (E.15)
a
|a {z } |c {z }
int. impropria de 2.a especie do tipo (E.6) int. impropria 2.a especie do tipo (E.7)
x = a, x=b e x = c.
A gura abaixo ilustra a representac~ao geometrica do graco de uma func~ao f que esta na
situac~ao.
Zb Zc Zb
.
f(x) dx = f(x) dx + f(x) dx . (E.16)
a
|a {z } |c {z }
int. impr. de 2.a especie do tipo (E.15) int. impr. de 2.a especie do tipo (E.15)
492 ^
APENDICE
E. INTEGRAIS IMPROPRIAS
DE 2.A ESPECIE
Zb
A integral impropria de 2.a especie (do tipo (E.16)) f(x) dx ser
a dita convergente se
Zca Zb
as integrais improprias de 2.a especies (do tipo (E.15)) f(x) dx e f(x) dx, forem con-
a c
vergentes.
Zb
Caso contrario, a integral impropria de 2.a especie (do tipo (E.16)) f(x) dx sera dita
a
divergente.
3. Seja f : (a , ∞) → R uma func~ao e contnua em (a, ∞), que tem uma descontinuidade
innita em
x = a.
A gura abaixo ilustra a representac~ao geometrica do graco de uma func~ao f que esta na
situac~ao.
4. Seja f : (−∞ , b) → R uma func~ao e contnua em (−∞ , b), que tem uma descontinuidade
innita em
x = b.
E.1. INTEGRAIS IMPROPRIAS
DE 2.A ESPECIE 493
A gura abaixo ilustra a representac~ao geometrica do graco de uma func~ao f que esta na
situac~ao.
Neste caso denimos a integral imprópria de 1.a e 2.a espécies, da função f em (−∞ , b),
Zb
indicada por f(x) dx, como sendo
−∞
Zb Zc Zb
.
f(x) dx = f(x) dx + f(x) dx , (E.18)
−∞
|−∞
{z } | {z }
c
int. impropria 1.a especie do tipo (5.2) int. impropria 2.a especie do tipo (E.7)
5. Seja f : R \ {a} → R uma func~ao e contnua em R \ {a} mas tem uma descontinuidade
innita em
x = a.
A gura abaixo ilustra a representac~ao geometrica do graco de uma func~ao f que esta na
situac~ao.
Neste caso denimos
Z
a integral imprópria, de 1.a e 2.a espécie, da função f em R \ {a},
∞
indicada por f(x) dx, como sendo
−∞
Z∞ Za Z∞
.
f(x) dx = f(x) dx + f(x) dx , (E.19)
−∞
|−∞
{z } | a
{z }
int. impr. de 1.a e 2.a esp. do tipo (E.18) int. impr. de 1.a e 2.a esp. do tipo (E.17)
494 ^
APENDICE
E. INTEGRAIS IMPROPRIAS
DE 2.A ESPECIE
Z∞
A integral impropria de 1.a e 2.a especie f(x) dx ser
a dita convergente se as inte-
Za −∞ Z∞
grais improprias de 1.a e 2.a especies f(x) dx e f(x) dx (dos tipos (E.18) e (E.17),
−∞ a
respectivamente) forem convergentes.
Z∞
Caso contrario a integral impropria de 1.a e 2.a especie f(x) dx sera dita divergente.
−∞
6. Podemos ter outros tipos de integrais improprias que podem ser estudadas suas con-
verg^encias seguindo as ideias acima.
Demonstração:
Observemos que se a func~ao f : [a , c) → R e dada por
. 1
f(x) = , para cada x ∈ [a , c) , (E.21)
(x − c)p
teremos:
Zc Zc
1 (E.22) 1
=
a (x − c)p a x−c
Zt
(E.7) 1
= lim− dx
t→c a x−c
Teorema fundamental do Calculo em [a , t]
= lim lim [ln |t − c| − ln |a − c|]
t→c− t→c−
Exerccio
= −∞ .
Logo, da Denic~ao (E.1.3), segue que a integral impropria de 2.a especie (do tipo (E.7)) (E.21)
sera divergente para (E.22).
Se
p 6= 1 , (E.23)
teremos:
Zc Zt
1 (E.7) 1
p = lim− dx
a (x − c) t→c a (x − c)p
" x=t #
Teorema fundamental do Calculo em [a , t] 1
lim (x − c)1−p
=
t→c− 1−p x=a
(E.24)
1 h i
= lim− (t − c)1−p − (a − c)1−p
1 − p t→c
1 (a − c)1−p , se p ∈ (0 , 1) ,
= p−1 .
∞ , se p ∈ (1 , ∞)
Zb
2. Se a integral impropria de 2.a especie (do tipo (E.6)) f(x) dx e convergente, ent~ao a
Zb a
integral impropria de 2.a especie (do tipo (E.6)) (λ f)(x) dx tambem sera convergente.
a
Alem disso, Zb Zb
(λ f)(x) dx = λ f(x) dx . (E.26)
a a
Zb Zb
3. Se a integrais improprias de 2.a especie (do tipo (E.6)) f(x) dx, g(x) dx s~
ao con-
a Zb
a
vergentes, ent~ao as integrais improprias de 2.a especie (do tipo (E.6)) (f + g)(x) dx,
Zb a
Zb
4. Se, λ 6= 0, a integral impropria de 2.a especie (do tipo (E.6)) f(x) dx e convergente e a
Zb a
integral impropria de 2.a especie (do tipo (E.6)) g(x) dx e divergente ent~ao as integrais
a
improprias de 2.a especie (do tipo (E.6))
Zb Zb Zb
(f + g)(x) dx , (f − g)(x) dx e (λ g)(x) dx
a a a
ser~ao divergentes.
Demonstração:
As demonstraco~es seguem das propriedades basicas de limites no innito e ser~ao deixadas como
exerccio para o leitor.
2
Observação E.1.5 Vale um resultado analogo para cada uma das outras integrais improprias
introduzidas na Observac~ao (E.1.4).
Deixaremos a cargo do leitor os enunciados e as respectivas demonstrac~oes dos mesmos.
Temos o seguinte resultado importante para o estudo de integrais improprias de 2.a especie:
Teorema E.1.1 (da comparação para integrais impróprias de 2.a espécie) Sejam f , g :
(a , b] → R func~
oes contnuas em (a , b], com descontinuidades innitas em x = a e satisfazendo
Ent~ao:
E.1. INTEGRAIS IMPROPRIAS
DE 2.A ESPECIE 497
Zb
1. se a integral impropria de 2.a especie (do tipo (E.6)) g(x) dx for convergente, teremos
Z ba
que a integral impropria de 2.a especie (do tipo (E.6)) f(x) dx tambem sera convergente.
a
Alem disso, teremos
Zb Zb
0≤ f(x) dx ≤ g(x) dx ; (E.30)
a a
Zb
2. se a integral impropria de 2.a especie (do tipo (E.6)) f(x) dx for divergente, teremos que
Zb a
a integral impropria de 2.a especie (do tipo (E.6)) g(x) dx tambem sera divergente .
a
Demonstração:
A demonstrac~ao deste resultado e semelhante a do Teorema da comparac~ao para integrais improprias
de 1.a especie (ou seja, o Teorema (5.2.1)).
Devido a este fato deixaremos como exerccio para o leitor a sua demonstrac~ao.
2
Observação E.1.6 Valem os resultados analogos ao Teorema (E.1.1) acima para cada uma das
integrais improprias introduzidas na Observac~ao (E.1.4).
Deixaremos como exerccio para o leitor enuncia-los e demonstra-los.
Exemplo E.1.4 Estudar a converg^encia da integral impropria de 2.a especie (do tipo (E.6)
Z6
ln(x)
dx . (E.31)
3 (x − 3)4
Resolução:
Observemos que a func~ao g : (3 , 6] → R dada por
. ln(x)
g(x) = , para x ∈ (3 , 6] , (E.32)
(x − 3)4
e contnua em (3 , 6].
Logo, do Teorema (2.3.1), sera uma func~ao integravel em [c , 6], para cada c ∈ (3 , 6] xado.
Alem disso, tem uma descontinuidade innita em c = 3.
Deixaremos a vericac~ao deste fato como exerccio para o leitor.
Se considerarmos a func~ao f : (3 , 6] → R dada por
. 1
f(x) = , para x ∈ (3 , 6] , (E.33)
(x − 3)4
ent~ao ela sera contnua em (3 , 6], logo integravel em [c , 6] e tambem tera uma descontinuidade innita
em c = 3.
Deixaremos a vericac~ao deste fato como exerccio para o leitor.
498 ^
APENDICE
E. INTEGRAIS IMPROPRIAS
DE 2.A ESPECIE
3. em particular, se n ∈ N, temos
Γ (n) = (n − 1)! . (E.37)
Demonstração:
Do item 1.:
Para cada t ∈ (0 , ∞), consideremos a func~ao f : (0 , ∞) → R, dada por
.
f(x) = e−x xt−1 , para x ∈ (0 , ∞) . (E.38)
Observemos que
Z∞ Z1 Z∞
e−x xt−1 dx = e−x xt−1 dx + e−x xt−1 dx . (E.39)
0
|0 {z } |1 {z }
I II
Comecaremos analisando I :
E.1. INTEGRAIS IMPROPRIAS
DE 2.A ESPECIE 499
x t−1
x 7→ e x
0 ≤ f(x)
(E.38) −x t−1
= e x
e−x ≤1 , para x∈(0 ,∞)
≤ xt−1
1
= , para x ∈ (0 , 1] .
x1−t
Logo, da Proposic~ao (E.1.1), segue que a integral impropria de 2.a especie (do tipo (E.6))
Z1 Z1
1
xt−1
dx = dx sera convergente. (E.42)
0 0 x1−t
Logo, de (E.39), (E.41) e do item 1 . do Teorema da comparac~ao para integrais improprias de 2.a
especie (o tipo (E.6)) (ou seja,Z do item 1 . do Teorema (E.1.1)), segue que a integral impropria
1
de 2.a especie (do tipo (E.6)) e−x xt−1 dx tambem sera convergente.
0
Portanto, dos itens (i) e (ii) acima, segue que I e um numero real, para cada t ∈ (0, ∞) xado.
Analisemos II :
Notemos agora que, para cada t ∈ (0 , ∞), II e uma integral impropria de 1.a especie (do tipo
(5.1)) (pois o integrando e uma func~ao contnua em [1 , ∞)).
Observemos ainda, que
lim x2 f(x) = lim x2 e−x xt−1
x→∞ x→∞
= lim e−x xt+1
x→∞
Exerccio .
= 0 = A.
.
Assim, do item 1. Zdo Teorema (5.2.2) (com p = 2 e A = 0 ), segue a integral impropria de 1.a
∞
especie (do tipo (5.1)) e−x xt−1 dx sera convergente.
1
500 ^
APENDICE
E. INTEGRAIS IMPROPRIAS
DE 2.A ESPECIE
Mas, pelo Teorema de integrac~ao por partes para a integral denida (ou seja, o Teorema (2.6.1)),
teremos:
Zb Zb
e−x xt−1 dx = xt−1 |e−x{zdx}
|{z}
a a =u
=dv
. t−1
se u = x , teremos: du = (t − 1)x dx
t−2
.
= se dv = e−x dx , teremos: v = −e−x + C
tomando-se C = 0, segue que: v = −e−x
" x=b # Z b
= u v − v du
x=a a
h i x=b Z b
t−1 −x
= x (−e ) − (−e−x ) (t − 1) xt−2 dx
x=a a
h i Zb
= −b e + a e−a + (t − 1) e−x xt−2 dx .
t−1 −b t−1
(E.44)
a
e assim, por induic~ao sobre n ∈ N, pode-se mostrar validade da identidade (E.37), completando a
demonstrac~ao do resultado.
2
Podemos aplicar estas ideias ao:
Exercı́cio E.1.1 Estudar a converg^encia da integral impropria de 1.a especie
Z∞
e−x x3 dx . (E.48)
0
Resolução:
Observemos que
Z∞ Z∞
e−x x3 dx = e−x x(4−1) dx
0 0
.
(E.36) com t=3
= Γ (3)
.
(E.37) com n=3
= 3!
= 6,
Z∞
mostrando que a integral impropria de 1.a especie (do tipo (5.1)), e−x x3 dx sera convergente e seu
0
valor sera igual a 6.
2
502 ^
APENDICE
E. INTEGRAIS IMPROPRIAS
DE 2.A ESPECIE
Apêndice F
O espaço Rn
Nosso objetivo neste captulo sera apresentar o espaco euclidiano n-dimensional, que sera deno-
tado por Rn , introduzir uma noc~ao de dist^ancia entre dois pontos neste espaco e algumas de suas
consequ^encias.
Na disciplina de Calculo I estudamos algumas propriedades do conjunto formado pelos numeros
reais, que sera indicado por R.
No curso de Geometria Analtica foram introduzidos o conjunto dos vetores do plano, que sera in-
dicado por V 2 , e dos vetores do espaco, que sera indicado por V 3 , bem como uma serie de propriedades
dos mesmos.
Foi visto, por exemplo, que V 2 e V 3 podem ser identicados com
.
R2 = { pares ordenados formados por n umeros reais}
.
= {~x = (x1 , x2 ) ; onde x1 , x2 ∈ R}
3 .
e R = { ternas ordenadas formadas por n umeros reais}
.
= {~x = (x1 , x2 , x3 ) ; onde x1 , x2 , x3 ∈ R}
503
504 ^
APENDICE F. O ESPAC
O RN
e α ∈ R, denimos:
a adição dos elementos ~x , ~y em Rn , indicada por ~x +~y, como sendo o vetor do Rn , denido
por:
.
~x + ~y = (x1 + y1 , x2 + y2 , · · · , xn + yn ) . (F.3)
~ = ~x ,
~x + O para todo ~x ∈ Rn . (A4)
(A5) Elemento oposto da adic~ao de vetores do Rn : dado ~x ∈ Rn , existe −~x ∈ Rn , tal que
~.
~x + (−~x) = O (A5)
Demonstração:
As demonstraco~es das propriedades acima foram ou ser~ao mostradas na disciplina de Algebra
Linear e ser~ao deixadas como exerccio para o leitor.
S~ao semelhantes as demonstraco~es das respectivas propriedades para V 2 e V 3 , vistas na disciplina
de Geometria Analtica.
2
Observação F.1.1
1. Notemos que
.
~ =
O (0 , 0 , · · · , 0) ∈ Rn . (O)
3. Como sera visto na disciplina de Algebra Linear, isto pode ser resumido dizendo-se que
(Rn , + , ·) ,
denimos o produto interno (ou escalar) do vetor ~x pelo vetor ~y, indicado por ~x • ~y, como
sendo o numero real dado por:
.
~x • ~y = x1 y1 + x2 y2 + · · · + xn yn ∈ R , (F.6)
isto e, • : R × R → R.
n n
F.2. PRODUTO INTERNO 507
Observação F.2.1 Em alguns livros podemos encontrar outras notac~oes para o produto interno
introduzido acima (ou seja, dado por (F.6)) como, por exemplo, (· , ·) ou < · , · >, isto e,
.
( ~x , ~y ) = x1 y1 + x2 y2 + · · · + xn yn ,
.
h ~x , ~y i = x1 y1 + x2 y2 + · · · + xn yn .
(PI2) O produto interno de vetores de Rn e distributivo em relac~ao a adic~ao de vetores, isto e,
(~x + ~y) • ~z = ~x • ~z + ~y • ~z , para ~x , ~y , ~z ∈ Rn . (PI2)
(PI3) O produto interno de vetores de Rn e associativo (do produto de vetor por escalar pelo
produto interno de vetores), isto e,
(α · ~x) • ~y = α (~x • ~y) , para ~x , ~y ∈ Rn e α ∈ R . (PI-3)
e
~x • ~x = 0 , se, e somente se, ~.
~x = O (PI4)
Demonstração:
As demonstraco~es das propriedades acima foram, ou ser~ao, mostradas na disciplina de Algebra
Linear e ser~ao deixadas como exerccio para o leitor.
S~ao semelhantes as demonstraco~es das respectivas propriedades para V 2 e V 3 , vistas na disciplina
de Geometria Analtica.
2
Observação F.2.2
1. No espaco vetorial real (R , + , ·), temos como associar uma medida para o comprimento
de um elemento x ∈ R, denominado valor absoluto ou módulo de x e indicado por |x|,
dado por:
.
p
|x| = x2 . (F.7)
Tal valor determina o quanto este elemento x esta distante do elemento 0 ∈ R (a origem
de R).
2. De modo semelhante, no espaco vetorial real R2 , + , · , denimos o comprimento do vetor
.
~x = (x1 , x2 ) ∈ R2 ,
.
Tal valor determina a dist^ancia deste elemento ~x a origem O
~ = (0 , 0) ∈ R2 (veja gura
abaixo).
3. De modo similar, vimos na disciplina de Geometria Analtica, que no espaco vetorial real
R3 , + , · , temos denido o comprimento de um vetor
.
~x = (x1 , x2 , x3 ) ∈ R3 ,
.
Tal valor determina a dist^ancia deste elemento ~x a origem O
~ = (0 , 0 , 0) ∈ R3 (veja gura
abaixo).
Observação F.3.2
Demonstração:
Notemos que, para cada t ∈ R, teremos:
de (PI4) da Proposic~ao F.2.1
0 ≤ k~x + t · ~yk2
do item 3. da Observac~ao F.3.2
= (~x + t · ~y) • (~x + t · ~y)
de (PI2) da Proposic~ao F.2.1
= ~x • ~x + ~x • (t · ~y) + (t · ~y) • ~x + (t · ~y) • (t · ~y)
de (PI-3) da Proposic~ao F.2.1
= ~x • ~x + 2 t (~x • ~y) + t2 (~y • ~y) ,
isto e, ~x • ~x +2 t (~x • ~y) + t2 ~y • ~y ≥ 0 .
|{z} (F.17)
| {z }
(F.15) (F.15)
= k~xk2 = k~yk2
Observemos que esta inequac~ao do segundo grau na variavel t, garante que o discriminante da
equac~ao do 2.o grau associada a mesma, não podera ser positivo, isto e,
0≥∆
= b2 − 4 a c
= 4 (~x • ~y)2 − 4 k~xk2 k~yk2 ,
ou seja, (~x • ~y)2 ≤ k~xk2 k~yk2 ,
isto e, |~x • ~y| ≤ k~xk k~yk ,
(N1) temos √
k~xk = ~x • ~x ; (N1)
(N3) temos
kα · ~xk = |α| k~xk ; (N3)
Demonstração:
A demonstrac~ao da propriedade (N1) foi feita no item 3. da Observac~ao F.3.2.
As demonstraco~es da validade de (N2) e (N3) ser~ao deixadas como exerccio para o leitor.
Faremos a demonstrac~ao da validade de (N4).
Para isto observemos que:
(N1)
k~x + ~yk2 = (~x + ~y) • (~x + ~y)
de (PI2) da Proposic~ao F.2.1
= ~x • ~x + ~x • ~y + ~y • ~x +~y • ~y
| {z }
de (PI2) da Proposi
c~ao F.2.1
= ~x•~y
= ~x • ~x + 2 (~x • ~y) + ~y • ~y
(N1)
= k~xk2 + 2 (~x • ~y) + k~yk2 .
Logo
Demonstração:
Faremos a demonstrac~ao para o caso que
k~xk ≥ k~yk ,
ou seja, 0 ≤ k~xk − k~yk . (F.19)
Observação F.3.4 Suponhamos que os vetores ~x e ~y, s~ao dois vetores não nulos, do espaco
vetorial real (Rn , + , ·) ou, equivalentemente,
k~xk , k~yk =
6 0.
Como
k~xk , k~yk =
6 0,
isto sera equivalente a:
~x • ~y
−1 ≤ ≤ 1.
k~xk k~yk
F.3. NORMA 513
Tendo a noc~ao de ^angulo entre vetores do espaco vetorial com produto interno (Rn , + , ·), podemos
introduzir a noc~ao de "ortogonalidade" entre vetores de Rn , a saber:
Definição F.3.3 Dados os vetores ~x e ~y, n~
ao nulos, do espaco vetorial real (Rn , + , ·), diremos
que o vetor ~x é ortogonal ao vetor ~y, indicando por ~x ⊥ ~y , se
~x • ~y = 0 . (F.23)
Observação F.3.6
1. Observemos que se os vetores ~x e ~y s~ao vetores n~ao nulos, do espaco vetorial real (Rn , + , ·),
ent~ao,
~x ⊥ ~y
π
se, e somente se, o ^angulo entre eles for igual a . (F.24)
2
De fato, pois
~x ⊥ ~y
se, e somente se, 0 = ~x • ~y
(F.21)
= k~xk k~yk cos(θ) . (F.25)
Como
k~xk k~yk =
6 0,
514 ^
APENDICE F. O ESPAC
O RN
Teorema F.3.1 (de Pitágoras) Sejam ~x , ~y vetores do espaco vetorial real (Rn , + , ·).
Ent~ao, o vetor ~x e ortogonal ao vetor ~y se, e somente se, vale a seguinte identidade
~x ⊥ ~y
se, e somente se, ~x • ~y = 0 . (F.27)
Mas
(N1)
k~x + ~yk2 = (~x + ~y) • (~x + ~y)
item (PI2) da Proposic~ao F.2.1
= ~x • ~x + ~x • ~y + ~y • ~x +~y • ~y
| {z }
item (PI1) da Proposi
c~ao F.2.1
=~x•~y
item 3. da Observac~ao F.3.2
= k~xk2 + 2 (~x • ~y) + k~yk2 . (F.28)
~x • ~y = 0
se, e somente se, k~x + ~yk2 = k~xk2 + k~yk2 ,
e r > 0.
Denimos a bola aberta de centro em ~xo e raio r, indicada por Br (~xo ), como sendo o se-
guinte subconjunto de Rn :
.
Br (~xo ) = {~x ∈ Rn ; k~x − ~xo k < r} . (BA)
Observação F.4.1 Uma bola aberta de centro em ~xo ∈ Rn e raio r > 0 e o conjunto formado
por todos os elementos de Rn , que distam menos que r, do vetor ~xo .
= (xo − r , xo + r) , (F.29)
isto e, e o intervalo aberto de comprimento 2 r, cujo ponto medio e o ponto xo (veja a gura
abaixo).
isto e, e o conjunto formado por todos pontos pertencentes ao "interior" da circunfer^encia de
centro em ~xo =. (xo , yo ) ∈ R2 e raio r > 0 (veja a gura abaixo).
516 ^
APENDICE F. O ESPAC
O RN
isto e, e o conjunto formado por todos os pontos pertencentes ao "interior" da superfcie esferica
de centro em ~xo =. (xo , yo , zo ) ∈ R3 e raio r > 0 (veja a gura abaixo).
A partir da denic~ao de bola aberta em Rn (ou seja, da Denic~ao F.4.1), podemos introduzir as
seguintes noco~es:
Definição F.4.2 Seja A ⊆ Rn um subconjunto n~ao vazio.
1. Diremos que ~xo ∈ A e um ponto interior do conjunto A, se existir uma bola aberta de
centro em ~xo , inteiramente contida no conjunto A, ou seja, podemos encontrar r > 0, de
modo que
Br (~xo ) ⊆ A . (PI)
3. Diremos que ~xo ∈ Rn e um ponto exterior do conjunto A, se ele for ponto interior do
conjunto Ac .
4. Diremos que ~xo ∈ Rn e um ponto do conjunto acumulação do conjunto A, se toda bola
aberta de centro em ~xo , intercepta o conjunto A em, pelo menos, um ponto diferente do
ponto ~xo , isto e, para cada r > 0, temos que
[Br (~xo ) ∩ A] \ {~xo } 6= ∅ . (PA)
F.4. CONJUNTOS ABERTOS, FECHADOS E COMPACTOS 517
5. Diremos que ~xo ∈ A e um ponto isolado do conjunto A,, se o ponto ~xo n~ao e um ponto
de acumulac~ao do conjunto A.
Apliquemos os conceitos acima ao:
Exemplo F.4.4 Seja
.
A = (x , y) ∈ R2 ; −1 ≤ x ≤ 1 e − 1 ≤ y ≤ 1 ∪ {(2 , 2)}
= [−1 , 1] × [−1 , 1] ∪ {(2 , 2)} ⊆ R2 . (F.32)
Br (~xo ) ⊆ B .
Br (~xo ) ∩ A 6= ∅ e Br (~xo ) ∩ Ac 6= ∅ .
518 ^
APENDICE F. O ESPAC
O RN
Br (~xo ) ⊆ Ac .
Demonstração:
Como, por hipotese, ~xo e ponto de acumulac~ao do conjunto A, toda bola Br (~xo ) intercepta o
conjunto A em um ponto, diferente de ~xo , isto e,
Suponhamos que ~xo não e um ponto interior do conjunto A, isto e, que existe ro > 0, de modo
que Bro (~xo ) n~ao esta contida no conjunto A, ou ainda, para cada s ∈ (0 , ro ], temos que a bola Bs (~xo )
n~ao esta contida no conjunto A, ou seja,
Com isto, para cada s ∈ (0 , ro ], segue que a bola Bs (~xo ) contem pontos do conjunto A (pois xo e
ponto de acumulac~ao do conjunto A) e pontos que est~ao no conjunto Ac (pois devera conter pontos
que n~ao pertencem ao conjunto A), ou seja, ~xo e um ponto de fronteira do conjunto A, completando
a demonstrac~ao do resultado.
2
Temos tambem a:
Resolução:
De fato, pois o seu conjunto complementar, em R2 , e um subconjunto aberto de R2 .
Deixaremos a vericac~ao deste fato como exerccio para o leitor.
Resolução:
De fato, pois todo ponto do conjunto A e um ponto interior do conjunto A.
Deixaremos a vericac~ao deste fato como exerccio para o leitor.
2
2
Deixaremos para o leitor o:
Exercı́cio F.4.5 D^e exemplos de subconjuntos de R2 que não s~ao subconjunto abertos e nem
fechados em R2 .
Podemos agora introduzir os seguintes subconjuntos de Rn :
Definição F.4.4 Seja A ⊆ Rn .
1. Denimos o fecho do conjunto A em Rn , indicado por A, como sendo o conjunto formado
por todos os pontos do conjunto A, juntamente com os pontos de acumulac~ao do conjunto
A, em Rn .
Demonstração:
A demonstrac~ao dessas propriedades ser~ao deixadas como exerccios para o leitor.
2
Uma caracterizac~ao dos subconjuntos fechados em Rn e dada pela:
Proposição F.4.3 O conjunto A e um subconjunto fechado em Rn se, e somente, se
A = A.
Demonstração:
De fato, o conjunto A e um subconjunto fechado em Rn se, e somente se, o conjunto Ac e um
subconjunto aberto em Rn .
Mas, o conjunto Ac e um subconjunto aberto em Rn se, e somente se, todo ponto do conjunto Ac
e um ponto exterior do conjunto A, isto e, se, e somente se, todo ponto de acumulac~ao do conjunto A
pertence ao conjunto A, ou seja, se e somente se, A = A, completando a demonstrac~ao do resultado.
2
Finalizando, temos as seguintes denico~es:
Definição F.4.5 Seja A ⊆ Rn .
Se podemos encontrar r > 0, de modo que
~ ,
A ⊆ Br O (CL)
Demonstração:
A demonstrac~ao deste resultado sera omitida e pode ser encontrada em livros de Analise Ma-
tematica (veja, por exemplo, Teorema 2.37, pagina 38 de W. Rudin - Principles of Mathematical
Analysis).
2
524 ^
APENDICE F. O ESPAC
O RN
Apêndice G
G.1 Introdução
Neste captulo trataremos de uma classe importante de funco~es, a saber, as funco~es, de uma variavel
real, a valores vetoriais e as curvas parametrizadas.
Denotaremos a base can^onica do espaco vetorial (Rn , + , ·) por
.
β = {~e1 , ~e2 , · · · , ~en } ,
onde
~ek = (0 , 0 , · · · , 0 , 1
|{z} , 0 , · · · , 0 , 0) ∈ Rn . (G.1)
k-
esima posic~ao
Observação G.1.1
1. No caso n = 2, podemos tambem indicar o vetor ~e1 por ~i e o vetor ~e2 por ~j, isto e
. .
~i = ~e1 = (1 , 0) e ~j = ~e2 = (0 , 1) .
2. No caso n = 3, podemos tambem indicar o vetor ~e1 por ~i, o vetor ~e2 por ~j e o vetor ~e3 por
~k, onde
. . .
~i = ~e1 = (1 , 0 , 0), ~j = ~e2 = (0 , 1 , 0) e ~k = ~e3 = (0 , 0 , 1) .
.
3. Notemos que todo elemento de (Rn , + , ·) pode ser escrito como combinac~ao linear dos
elementos do conjunto β, dado por (G.1).
Comecaremos pela:
525
526 ^
APENDICE G. FUNC ~
OES VETORIAIS E CURVAS PARAMETRIZADAS
Tal func~ao sera dita função, de uma variável real, a valores vetoriais ou, simplesmente,
função vetorial.
Para cada i ∈ {1 , 2 , · · · , n}, a func~ao Fi : A → R sera denominada i-ésima função coordenada
(ou componente) associada à função vetorial ~F.
Observação G.2.1 As guras abaixo dizem respeito a uma func~ao vetorial ~F : A → R2 (caso
n = 2) e a uma func~
ao vetorial G
~ : A → R3 (caso n = 3).
Podemos operar com funco~es vetoriais operando com suas funco~es componentes, ou seja:
Definição G.2.2 Sejam A subconjunto aberto de R e ~F , G
~ : A → Rn func~
oes vetoriais tais que
.
~F(t) = (F1 (t) , F2 (t) , · · · , Fn (t))
.
= F1 (t) · ~e1 + F2 (t) · ~e2 + · · · + Fn (t) · ~en (G.3)
~ .
G(t) = (G1 (t) , G2 (t) , · · · , Gn (t))
.
= G1 (t) · ~e1 + G2 (t) · ~e2 + · · · + Gn (t) · ~en , para cada t ∈ A . (G.4)
1. Denimos a func~ao vetorial ~F + G
~ : A → Rn como sendo
. ~
~F + G
~ (t) = ~
F(t) + G(t) = (F1 (t) + G1 (t) , F2 (t) + G2 (t) , · · · , Fn (t) + Gn (t))
= [F1 (t) + G1 (t)] · ~e1 + [F2 (t) + G2 (t)] · ~e2 + · · · + [Fn (t) + Gn (t)] · ~en , (G.5)
para cada, t ∈ A, que sera dita função vetorial soma, da função vetorial ~F com a função
~.
vetorial G
2. De modo semelhante denimos a func~ao vetorial ~F − G
~ : A → Rn como sendo
. ~
~F − G
~ (t) = ~
F(t) − G(t) = (F1 (t) − G1 (t) , F2 (t) − G2 (t) , · · · , Fn (t) − Gn (t))
= [F1 (t) − G1 (t)] · ~e1 + [F2 (t) − G2 (t)] · ~e2 + · · · + [Fn (t) − Gn (t)] · ~en , (G.6)
G.2. FUNC ~
OES VETORIAIS 527
para cada, t ∈ A, que sera dita função vetorial, diferença da função vetorial ~F pela função
~.
vetorial G
3. Se α ∈ R denimos a func~ao α · ~F : A → Rn como sendo
.
α · ~F (t) = α · ~F(t) = (α F1 (t) , α F2 (t) , · · · , αFn (t))
= [α F1 (t)] · ~e1 + [α F2 (t)] · ~e2 + · · · + [α Fn (t)] · ~en , (G.7)
para cada t ∈ A, que sera dita função vetorial, produto da função vetorial ~F pelo número
real α.
4. Alem disso, podemos denir a func~ao ~F • G
~ : A → R como sendo
. ~
~F • G
~ (t) = ~
F(t) • G(t)
= F1 (t) G1 (t) + F2 (t) G2 (t) + · · · + Fn (t) Gn (t)) , (G.8)
para cada t ∈ A, que sera dita função produto escalar, da função vetorial ~F pela função
~ .
vetorial G
5. Se n = 3 podemos denir a func~ao ~F × G
~ : A → R3 como sendo
. ~
~F × G
~ (t) = ~
F(t) × G(t)
= (F1 (t) , F2 (t) , F3 (t)) × (G1 (t) , G2 (t) , G3 (t))
= (F2 (t) G3 (t) − F3 (t) G2 (t) , −(F1 (t) G3 (t) − F3 (t) G1 )) , F1 (t) G2 (t) − F2 (t) G1 (t))
~e1 ~e2 ~e3
(G.9)
= F1 (t) F2 (t) F3 (t) ,
G (t) G (t) G (t)
1 2 3
para cada t ∈ A, que sera dita função produto vetorial, da função vetorial ~F pela função
~.
vetorial G
Podemos estudar limites de funco~es introduzidas acima, estudando o limite de suas funco~es com-
ponentes, a saber, temos a:
Definição G.2.3 Sejam A um subconjunto n~ao vazio de R e ~F : A → Rn func~ao vetorial, tal que
.
~F(t) = (F1 (t) , F2 (t) , · · · , Fn (t))
.
= F1 (t) · ~e1 + F2 (t) · ~e2 + · · · + Fn (t) · ~en , para cada t ∈ A (G.10)
e to ∈ R ponto de acumulac~ao do conjunto A, em Rn .
Diremos que existe limite de ~F(t) quando t tende a to e da
.
L = (L1 , L2 , · · · , Ln ) ∈ Rn , (G.11)
se, e somente se,
lim Fi (t) = Li , para cada i ∈ {1 , 2 , · · · , n} . (G.12)
t→to
Neste caso escreveremos
.
lim ~F(t) = L = (L1 , L2 , · · · , Ln )
t→to
Observação G.2.2
1. A Denic~ao G.2.3 acima nos diz que, caso exista o limite lim ~F(t), deveremos ter:
t→to
lim ~F(t) = lim F1 (t) , lim F2 (t) , · · · , lim Fn (t) ,
t→to t→to t→to t→to
= lim F1 (t) · ~e1 + lim F2 (t) · ~e2 + · · · + lim Fn (t) · ~en . (G.14)
t→to t→to t→to
ou seja, para estudarmos limites de func~oes vetoriais, em um ponto to (um ponto de acu-
mulac~ao do conjunto A), basta sabermos estudar os limites de suas func~oes coordenadas
Fi : A → R , para cada i ∈ {1 , 2 , · · · , n} ,
no ponto to , isto e, de func~oes a valores reais, de uma variavel real, no ponto to (estudadas
no Calculo 1).
2. Rigorosamente, a denic~ao de limites para func~oes vetoriais NÃO e a que exibimos acima.
A Denic~ao G.2.3 acima e, na verdade, uma consequ^encia da denic~ao original, que e a
seguinte:
Diremos que
lim ~F(t) = L ∈ Rn , (G.15)
t→to
de modo que
se 0 < |t − to | < δ ,
teremos:
~
F(t) − L
< ε ,
(G.16)
onde |·| e k·k denotam, o modulo de numeros reais e a norma usual em Rn , respectivamente.
Deixaremos como exerccio para o leitor a vericac~ao que a denic~ao que demos anteri-
ormente e equivalente a essa introduzida agora.
Como consequ^encia da Denic~ao G.2.3 e das propriedades de limites de funco~es a valores reais, de
uma variavel real (estudas no Calculo 1) temos a:
Proposição G.2.1 Sejam ~F, G
~ : A⊆R → Rn func~
oes vetoriais, to ∈ R ponto de acumulac~ao do
conjunto A, em R, e α ∈ R.
Suponhamos que existam os limites:
lim ~F(t) = L e lim G(t)
~ = M. (G.17)
t→to t→to
Ent~ao:
1. existem lim ~F ± G
~ (t) e, al
em disso, teremos
t→to
lim ~F ± G
~ (t) = L ± M ,
t→to
isto e, lim ~F ± G
~ (t) = lim ~F(t) ± lim G(t)
~ . (G.18)
t→to t→to t→to
G.2. FUNC ~
OES VETORIAIS 529
2. existe lim α · ~F (t) e, alem disso, termos
t→to
lim α · ~F (t) = α · L ,
t→to
isto e, lim α · ~F (t) = α · lim ~F(t) . (G.19)
t→to t→to
3. existe lim ~F • G
~ (t) e, al
em disso, teremos
t→to
lim ~F • G
~ (t) = L • M ,
t→to
isto e, lim F • G (t) = lim F(t) • lim G(t) .
~ ~ ~ ~ (G.20)
t→to t→to t→to
4. para o caso n = 3, existe lim ~F × G
~ (t) e, al
em disso, teremos
t→to
lim ~F × G
~ (t) = L × M ,
t→to
isto e, lim F × G (t) = lim F(t) × lim G(t) .
~ ~ ~ ~ (G.21)
t→to t→to t→to
Demonstração:
As demonstraco~es dos itens acima s~ao consequ^encias da Denic~ao G.2.3 e das propriedades ele-
mentares de limites para funco~es a valores reais, de uma variavel real (estudadas no Calculo 1).
Os detalhes ser~ao deixados como exerccio para o leitor.
2
Apliquemos os resultados acima ao:
Calcule, se existir,
lim ~F + G
~ (t) , lim ~F − G
~ (t) , lim 2 · ~F (t) , lim ~F • G
~ (t) e lim ~F × G
~ (t) .
t→0 t→0 t→0 t→0 t→0
Resolução:
Notemos que, neste caso, temos que as respectivas funco~es componentes F1 , F2 , F3 , G1 , G2 , g3 :
R → R, ser~ao dadas por:
. . .
F1 (t) = sen(t) , F2 (t) = t2 + 1 , F3 (t) = t, (G.24)
. . .
G1 (t) = cos(t) , G2 (t) = t + 1 , G3 (t) = t3 , para t ∈ R . (G.25)
530 ^
APENDICE G. FUNC ~
OES VETORIAIS E CURVAS PARAMETRIZADAS
Assim
(G.22)
h i
lim ~F(t) = lim sen(t) · ~e1 + t2 + 1 · ~e2 + t · ~e3
t→0 t→0
Denic~ao G.2.3 (veja (G.13))
= lim sen(t) · ~e1 + lim(t + 1) · ~e2 + lim t · ~e3
2
t→0 t→0 t→0
visto na disciplina de Calculo 1
= 0 · ~e1 + 1 · ~e2 + 0 · ~k
= ~e2 ,
ou ainda,
(G.22)
lim ~F(t) = lim sen(t) , t2 + 1 , t
t→0 t→0
Denic~ao G.2.3 (veja (G.13))
= lim sen(t) , lim(t + 1) , lim t
2
t→0 t→0 t→0
visto na disciplina de Calculo 1
= (0 , 1 , 0) . (G.26)
(F.23)
h i
lim G(t)
~ = lim cos(t) · ~e1 + (t + 1) · ~e2 + t3 · ~e3
t→0 t→0
Denic~ao G.2.3 (veja (G.13))
= lim cos(t) · ~e1 + lim(t + 1) · ~e2 + lim t · ~e3
3
t→0 t→0 t→0
visto na disciplina deCalculo 1
= 1 · ~e1 + 1 · ~e2 + 0 · ~e3
= ~e1 + ~e2 ,
ou ainda,
(F.23)
lim G(t)
~ = lim cos(t) , t + 1 , t3
t→0 t→0
Denic~ao G.2.3 (veja (G.13))
= lim cos(t) , lim(t + 1) , lim t3
t→0 t→0 t→0
visto na disciplina deCalculo 1
= (1 , 1 , 0) . (G.27)
~ (t) (G.18)
lim ~F + G = lim ~F(t) + lim G(t)
~
t→0 t→0 t→to
(G.26) e (G.27)
= (0 , 1 , 0) + (1 , 1 , 0)
= (1 , 2 , 0) ,
~ (t) (G.18)
lim ~F − G = lim ~F(t) − lim G(t)
~
t→0 t→0 t→to
(G.26) e (G.27)
= (0 , 1 , 0) − (1 , 1 , 0)
= (−1 , 0 , 0) ,
G.2. FUNC ~
OES VETORIAIS 531
(G.19)
lim 2 · ~F (t) = 2 · lim ~F(t)
t→0 t→0
(G.26)
= 2 · (0 , 1 , 0)
= (0 , 2 , 0) ,
(G.20)
lim ~F • G
~ (t) = lim ~F(t) • lim G(t)
~
t→0 t→0 t→to
(G.26) e (G.27)
= (0 , 1 , 0) • (1 , 1 , 0)
=0·1+1·1+0·0
= 1,
~ (t) (G.21)
lim ~F × G = lim ~F(t) × lim G(t)
~
t→0 t→0 t→to
~e1 ~e2 ~e3
(G.26) e (G.27)
= (0 , 1 , 0) × (1 , 1 , 0) = 0 1 0
1 1 0
completando a resoluc~ao.
2
Tendo a noc~ao de limites para funco~es de uma variavel real a valores vetoriais podemos introduzir
o conceito de continuidade para tais funco~es, mais precisamente:
2. Diremos que a função vetorial ~F é contı́nua no conjunto A se ela for contnua em cada
um dos pontos do conjunto A (que forem de acumulac~ao do conjunto A).
Observação G.2.3
1. Na situaca~o da Denic~ao G.2.4 acima, temos que uma func~ao vetorial ~F e contnua em to
se, e somente, se:
(a) a func~ao vetorial ~F esta denida em to ;
(b) existe o limite lim ~F(t);
t→to
2. Segue das Denic~oes G.2.3 e G.2.4 que, uma func~ao vetorial ~F e contnua em to ∈ A
(ponto de acumulac~ao do conjunto A) se, e somente se, suas func~oes coordenadas, isto e,
as func~oes Fi : A → R, para cada i ∈ {1 , 2 , · · · , n}, forem func~oes contnuas em to , isto e,
a func~ao vetorial ~F e contnua em to ∈ A se, e somente se,
lim Fi (t) = Fi (to ) , (G.29)
t→to
e uma curva sem "saltos" , ou seja, uma curva cuja representac~ao geometrica do conjunto
acima pode ser obtido por meio de um unico traco, sem que haja necessidade de se tirar
o lapis do papel (veja a gura abaixo, para o caso n = 3).
s~ao funco~es a valores reais, de uma variavel real, que s~ao contnuas em R (visto no Calculo 1).
Logo, do item 2. da Observac~ao G.2.3, segue que a func~ao vetorial ~F e contnua em R, completando
a resoluc~ao.
2
Como consequ^encia da Proposic~ao G.2.1 temos o:
G.2. FUNC ~
OES VETORIAIS 533
. ~
~F ◦ f (s) = F [f(s)] , para cada s ∈ J ,
sera contnua em so .
Demonstração:
De fato, suponhamos que
.
~F(t) = (F1 (t) , F2 (t) , · · · , Fn (t)) , para t ∈ A . (G.32)
Ent~ao
~F ◦ f (s) = ~F(f(s))
Como a func~ao vetorial ~F e contnua em to = f(so ) segue, do item 2. da Observac~ao G.2.3, que as
funco~es componentes Fi , para cada i ∈ {1 , 2 , · · · , n}, ser~ao contnuas em to .
Assim, do Calculo 1, sabemos que a func~ao (Fi ◦ f) sera uma func~ao contnua em so ∈ B, para cada
i ∈ {1 , 2 , · · · , n}.
Portanto, da 2. da Observac~ao G.2.3), segue que a func~ao vetorial ~F ◦ f sera contnua em so ,
completando a demonstrac~ao do resultado.
2
Podemos tratar tambem da diferenciabilidade de funco~es vetoriais, a saber:
para cada t ∈ A.
534 ^
APENDICE G. FUNC ~
OES VETORIAIS E CURVAS PARAMETRIZADAS
Neste caso o limite acima sera denominado derivada da função vetorial ~F em to e indi-
cado por ~F 0 (to ), isto e,
. ~F(to + h) − ~F(to )
~F 0 (to ) = lim ∈ Rn . (G.34)
h→0 h
2. Diremos que a função vetorial ~F é diferenciável em A, se a func~ao vetorial ~F, for dife-
renciavel em cada um dos pontos do conjunto A.
aberto
Observação G.2.4 Seja ~F : A ⊆ R → Rn uma func~ao vetorial dada por
.
~F(t) = F1 (t) · ~e1 + F2 (t) · ~e2 + · · · + Fn (t) · ~en
= (F1 (t) , F2 (t) , · · · , Fn (t)) , (G.35)
para cada t ∈ A.
Notemos que do item 1. da Observac~ao G.2.2, segue que a func~ao vetorial ~F e diferenciavel
em to ∈ A se, e somente se, as func~oes coordenadas associadas a func~ao vetorial ~F, isto e, as
func~oes Fi : A → R, para cada i ∈ {1 , 2 , · · · , n}, forem func~oes a valores reais, de uma variavel
real, diferenciaveis em to (estudadas no Calculo I).
Neste caso, teremos
~F 0 (to ) = F1 0 (t) · ~e1 + F2 0 (t) · ~e2 + · · · + Fn 0 (t) · ~en
= F1 0 (to ) , F2 0 (to ) , · · · , Fn 0 (to ) , (G.36)
isto e, para estudarmos a diferenciabilidade de func~oes vetoriais, basta estudarmos a diferen-
ciabilidade de func~oes a valores reais, de uma variavel real (visto no Calculo I).
Mostre que a func~ao vetorial ~F e uma func~ao diferenciavel em R e encontre ~F 0 (t), para cada
t ∈ R.
Resolução:
Notemos que, neste caso, temos que as funco~es coordenadas associadas a func~ao vetorial ~F ser~ao
dadas por:
. . .
F1 (t) = sen(t), F2 (t) = t2 + 1, F3 (t) = t , para t ∈ R . (G.38)
Observemos que, do Calculo I, sabemos que a func~ao Fi e diferenciavel em R, para cada i ∈ {1 , 2 , 3}.
G.2. FUNC ~
OES VETORIAIS 535
(G.39)
= (cos(t) , 2t , 1) ,
0
~ (to ) = ~F 0 (to ) ± G
~F ± G ~ 0 (to ) . (G.40)
3. a func~ao ~F • G
~
e diferenciavel em to e, alem disso,
0
~ (to ) = ~F 0 (to ) • G(t
~F • G ~ 0 (to ) .
~ o ) + ~F(to ) • G (G.42)
4. se n = 3, a func~ao vetorial ~F × G
~
e diferenciavel em to e, alem disoo,
0
~ (to ) = ~F 0 (to ) × G(t
~F × G ~ 0 (to ) .
~ o ) + ~F(to ) × G (G.43)
Demonstração:
Exibiremos a demonstrac~ao do item 3. .
A demonstrac~ao dos outros itens s~ao consequ^encias da Observac~ao G.2.4 e das propriedades ele-
mentares de derivac~ao para funco~es a valores reais, de uma variavel real (estudadas na disciplina de
Calculo 1) e ser~ao deixados como exerccio para o leitor.
536 ^
APENDICE G. FUNC ~
OES VETORIAIS E CURVAS PARAMETRIZADAS
Observemos que
~ (to ) (G.8)
0
~F • G = (F1 G1 + F2 G2 + · · · + Fn Gn ) 0 (to )
Calculo 1
= (F1 G1 ) 0 (to ) + (F2 G2 ) 0 (to ) + · · · + (Fn Gn ) 0 (to )
Calculo 1 0
F1 (to ) G1 (to ) + F1 (to ) G1 0 (to ) + F2 0 (to ) G2 (to ) + F2 (to ) G2 0 (to )
=
+ · · · + Fn 0 (to ) Gn (to ) + Fn (to ) Gn 0 (to )
Observação G.2.5 Não vale a recproca do resultado acima, isto e, existem func~oes vetoriais
contnuas em um ponto que não s~ao diferenciaveis nesse ponto.
Por exemplo, a func~ao vetorial ~F : R → R2 dada por
.
~F(t) = (t , |t|) , para t ∈ R , (G.44)
e contnua em t = 0, mas não e diferenciavel em t = 0 (veja a gura abaixo).
A vericac~ao destes fatos ser~ao deixadas como exerccio para o leitor.
Temos um resultado que nos da condico~es sucientes para que a composta de uma func~ao vetorial
com uma func~ao a valores reais, de uma variavel real, seja uma func~ao vetorial diferenciavel, a saber:
Proposição G.2.4 Sejam A , B ⊆ R subconjunto abertos em R, f : B → R uma func~ ao dife-
renciavel em so ∈ B, tal que f(B) ⊆ A e F : A → R uma func~ao vetorial diferenciavel em
~ n
to = f(so ).
G.2. FUNC ~
OES VETORIAIS 537
Ent~ao a func~ao vetorial ~F ◦ f : B → Rn , onde
. ~
~F ◦ f (s) = F[f(s)] , para s ∈ J , (G.45)
Demonstração:
A demonstrac~ao deste resultado, segue da Observac~ao G.2.4 e da regra da cadeia para funco~es a
valores reais, de uma variavel real (visto na disciplina de Calculo I).
Deixaremos os detalhes como exerccio para o leitor.
2
Podemos integrar funco~es vetoriais, como diz a:
Diremos que a função vetorial ~F é integrável em [a , b] se, e somente se, cada uma das
suas func~oes componentes, isto e, as func~oes Fi : [a , b] → R, para cada i ∈ {1 , 2 , · · · , n}, for uma
func~ao integravel em [a , b].
Neste caso deniremos a integral definida da função vetorial ~F em [a , b] , que sera indi-
Zb
cada por ~F(t) dt, como sendo:
a
Zb Z b Zb Zb
.
~F(t) dt = F1 (t) dt , F2 (t) dt , · · · , Fn (t) dt
a a a a
Z b Z b Z b
= F1 (t) dt · ~e1 + F2 (t) dt · ~e2 + · · · + Fn (t) dt · ~en . (G.48)
a a a
Observação G.2.6 A denic~ao de integral denida, para func~oes vetoriais que exibimos acima,
n~ao e a denic~ao original.
Na verdade a Denic~ao G.2.6 acima e uma consequ^encia da denic~ao original.
A denic~ao original e semelhante a denic~ao de integral denida, para func~oes a valores
reais, de uma variavel real (que utiliza soma de Riemann), a saber:
538 ^
APENDICE G. FUNC ~
OES VETORIAIS E CURVAS PARAMETRIZADAS
que satisfaz
kPk < δ ,
deveremos ter
X
n
~F(ci ) · ∆xi − L
< ε,
i=1
Uma condic~ao suciente para que uma func~ao vetorial seja integravel em um intervalo [a , b] e
dado pela:
Proposição G.2.5 Seja ~F : [a , b] → Rn uma func~ao vetorial.
Se a func~ao vetorial ~F e contnua em [a , b], ent~ao a func~ao vetorial ~F sera uma func~ao
integravel em [a , b].
Demonstração:
Como a func~ao vetorial ~F e contnua em [a , b] ent~ao, do item 2. da Observac~ao G.2.3, segue que
as funco~es componentes Fi : [a , b] → R ser~ao contnua em [a , b], para cada i ∈ {1 , 2 , · · · , n}.
Mas, do Calculo I, sabemos que, sendo uma func~ao contnua em [a , b], a func~ao Fi sera integravel
em [a , b], para cada i ∈ {1 , 2 , · · · , n}.
Logo, da Denic~ao G.2.6, segue que a func~ao vetorial ~F, sera uma func~ao integravel em [a , b],
completando a demonstrac~ao.
2
Valem as propriedades basicas para a integral denida de funco~es vetoriais, a saber:
Proposição G.2.6 Sejam ~F , G : [a, b] → Rn func~oes vetoriais, que s~ao integraveis em [a , b].
Ent~ao:
1. a func~ao vetorial ~F ± G
~
e integravel em [a , b] e, alem disso, teremos
Zb Zb Zb
~F ± G
~ (t) dt = ~F(t) dt ± G(t)
~ dt . (G.49)
a a a
G.3. CURVAS PARAMETRIZADAS 539
Demonstração:
As demonstraco~es dos itens acima seguem da Denic~ao G.2.6 e das propriedades basicas de integrais
denidas de funco~es a valores reais, de uma variavel real (visto em Calculo I).
Deixaremos os detalhes da mesma como exerccio para o leitor.
2
Apliquemos as ideias acima ao:
Resolução:
Observemos que a func~ao vetorial ~F e contnua em [0 , 1] (pois, com visto no Calculo 1, as suas
funco~es componentes s~ao funco~es contnuas em [0 , 1]).
Logo, da Proposic~ao G.2.6 acima, segue que a func~ao vetorial ~F sera uma func~ao vetorial integravel
em [0 , 1].
Alem disso, da mesma Proposic~ao, segue que:
Z1 Z 1 Z 1 Z 1
~F(t) dt (G.51) =
e (G.49)
sen(t) dt · ~e1 + t2 + 1 dt · ~e2 + t dt · ~e3
0 0 0 0
" t=1 # "
3
t=1 # " t=1 #
Teorema fundamental Calculo t t2
− cos(t)
= · ~e1 + + t · ~e2 + · ~e3
t=0 3 t=0 2 t=0
4 1
= [1 − cos(1)] · ~e1 + · ~e2 + · ~e3
3 2
4 1
= 1 − cos(1) , , ,
3 2
completando a resoluc~ao.
2
Suponhamos que
γ(t) = (γ1 (t) , γ2 (t) , · · · , γn (t))
= γ1 (t) · ~e1 + γ2 (t) · ~e2 + · · · + γn (t) · ~en , para t ∈ [a , b] , (G.52)
Em particular, o traco de uma curva parametrizada fechada e simples, e uma curva fechada
e sem auto-intersecc~oes (retirando-se o "ponto inicial" que e igual ao "ponto nal" - veja
a gura abaixo).
6. Uma curva parametrizada e fechada se, e somente se, o "ponto nal" do seu traco, coincide
com o "ponto inicial" do mesmo (veja a gura abaixo).
7. Se a curva parametrizada e simples, ent~ao seu traco não possui pontos de autointercecc~ao
(retirando-se, eventualmente, o "ponto inicial" e o "ponto nal" da mesma, se os mesmos
coincidirem - veja as guras abaixo).
= 1, para t ∈ [0 , 2 π] ,
ou seja, para cada t ∈ [0 , 2 π], temos que
γ(t) ∈ S1 ,
.
onde S1 = (x , y) ∈ R2 ; x2 + y2 = 1 , (G.61)
.
ou seja, S1 denota a circunfer^encia de centro na origem O = (0 , 0) e raio igual a 1, do R2 .
Finalmente, podemos vericar que a curva plana
γ([a , b]) = S1
e percorrida no sentido anti-horario pela curva parametrizada γ (veja a gura abaixo).
A vericac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
2
Observação G.3.2 Observemos tambem que, no Exemplo G.3.1 acima, temos
(G.59) com t=0 (G.59) com t=2 π
γ(0) = (1 , 0) = γ(2 π)
e estes s~ao os unicos pontos onde isto ocorre, isto e,
se t , s ∈ (0 , 2 π) , com t 6= s , teremos γ(t) 6= γ(s) ,
ou seja, da Denic~ao G.3.1, a curva parametrizada γ e uma curva parametrizada fechada,
simples e plana.
Observemos tambem que, neste caso, as equac~oes parametricas associadas a curva parame-
trizada γ, ser~ao dadas por :
.
x(t) = cos(t)
. , para t ∈ [0 , 2 π] .
y(t) = sen(t)
G.3. CURVAS PARAMETRIZADAS 545
Temos tambem o:
Exemplo G.3.2 Consideremos a func~ao vetorial β : [0 , π] → R2 , dada por
.
β(t) = (cos(2 t) , sen(2 t))
= cos(2 t) · ~e1 + sen(2 t) · ~e1 , para t ∈ [0 , π] . (G.62)
Ent~ao β : [0 , π] → R2 e uma curva parametrizada, fechada e simples, cuja representac~ao
geometrica do seu traco e a circunfer^encia S1 , de centro na origem O =. (0 , 0) e raio igual a 1,
contida em R2 , percorrida no sentido anti-horario.
Resolução:
Segue do Calculo I, que as funco~es coordenadas associada a func~ao vetorial β : [0 , π] → R2 , a
saber, as funco~es β1 , β2 : [0 , π] → R2 , dadas por
. .
β1 (t) = cos(2 t) e β2 (t) = sen(2 t) , para t ∈ [0, π] , (G.63)
s~ao funco~es contnuas em [0 , π], ou seja, pela Denic~ao G.3.1, a func~ao vetorial β : [0 , π] → R2 e uma
curva parametrizada.
Notemos que
(G.62) com t=0 (G.62) com t=π
β(0) = (1 , 0) = β(π) ,
isto e, a curva parametrizada β : [0 , π] → R2 e fechada e
β(t) 6= β(s), se s , t ∈ [0 , π] , com t 6= s ,
ou seja, pela Denic~ao G.3.1, a curva parametrizada β : [0 , π] → R2 e simples.
Logo, pela Denic~ao G.3.1, β : [0 , π] → R2 e uma curva parametrizada fechada, simples e plana.
Alem disso, teremos
(F.8)
q
kβ(t)k = [β1 (t)]2 + [β2 (t)]2
(G.63)
q
= [cos(2 t)]2 + [ sen(2 t)]2
= 1, para t ∈ [0 , π] ,
ou seja, a representac~ao geometrica do seu traco esta contido na circunfer^encia S1 , de centro na origem
.
O = (0 , 0) e raio igual a 1, contida em R2 , percorrido no sentido anti-horario.
Na verdade, temos que (veja a gura abaixo)
β([0 , π] = S1 .
A vericac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
Neste caso as equaco~es parametricas associadas a curva parametrizada β ser~ao dadas por:
.
x(t) = cos(2 t)
. , para cada t ∈ [0 , π] .
y(t) = sen(2 t)
2
Observação G.3.3 Vale observar que as curvas parametrizadas dos Exemplos G.3.1 e G.3.2 s~ao
diferentes, mas t^em o mesmo traço, ou seja,
γ([0 , 2 π] = S1 = β([0 , π] .
Os respectivos tracos s~ao percorridos no mesmo sentido, mas com velocidades diferentes.
546 ^
APENDICE G. FUNC ~
OES VETORIAIS E CURVAS PARAMETRIZADAS
Temos tambem o:
Exemplo G.3.3 Seja δ : [0 , 2 π] → R2 , dada por
.
δ(t) = (cos(2 t) , sen(2 t))
= cos(2 t) · ~e1 + sen(2 t) · ~e2 , para t ∈ [0 , 2 π] , (G.64)
e uma curva parametrizada e seu traco e a circunfer^encia S1 , de centro na origem O =. (0 , 0) e
raio igual a 1, contida no R2 percorrida, duas vezes, no sentido anti-horario.
Resolução:
De fato, pois neste caso as funco~es componentes associadas a func~ao vetorial γ, dada por (G.64),
ser~ao dadas por
. .
δ1 (t) = cos(2 t) , δ2 (t) = sen(2 t) , para t ∈ [0 , 2π] , (G.65)
que s~ao func~oes contnuas em [0 , 2 π] (visto na disciplina de Calculo I).
Logo, pela Denic~ao (G.3.1), a func~ao vetorial γ e uma curva parametrizada plana.
Assim
q
kδ(t)k = [δ1 (t)]2 + [δ2 (t)]2
(G.65)
q
= [cos(2 t)]2 + [ sen(2 t)]2 = 1 , para t ∈ [0 , 2 π] ,
.
ou seja, seu traco esta contido na circunfer^encia S1 , de centro na origem O = (0 , 0) e raio igual a 1,
em R2 .
Notemos que esta curva parametrizada percorre duas vezes a circunfer^encia S1 , de centro na origem
.
O = (0 , 0) e raio igual a 1, no sentido anti-horario (veja a gura abaixo).
2
G.3. CURVAS PARAMETRIZADAS 547
Logo a func~ao vetorial δ e uma curva parametrizada e fechada, mas não e simples.
Neste caso as equaco~es parametricas associadas a curva parametrizada δ, ser~ao dadas por:
.
x(t) = cos(2 t)
. , para t ∈ [0 , 2π] .
y(t) = sen(2 t)
2
Observação G.3.4 Vale observar que as curvas parametrizadas dos Exemplos G.3.1, G.3.2 e
G.3.3 acima, s~ao diferentes e t^em o mesmo traço, ou seja,
γ([0 , 2 π] = β([0 , π]) = δ([0 , 2 , π]) .
Notemos que seus tracos s~ao percorridos no mesmo sentido, mas com velocidades diferentes.
Para nalizar, temos o:
Exemplo G.3.4 Consideremos a func~ao vetorial γ : [0 , 2 π] → R3 dada por
.
γ(t) = (cos(t) , sen(t) , t) , para t ∈ [0 , 2 π] . (G.66)
Ent~ao γ : [0 , 2 π] → R3 e uma curva parametrizada no espaco, cuja representac~ao geometrica
do seu traco esta contido no cilindro circular reto, que tem como base a circunfer^encia de centro
na origem O =. (0 , 0 , 0) e tem raio igual a 1, do plano xOy.
Resolução:
Segue, da disciplina de Calculo I, que suas func~oes coordenadas associadas a func~ao vetorial
γ : [0 , 2 π] → R3 , isto
e, as func~oes
. . .
γ1 (t) = cos(t) , γ2 (t) = sen(t) , γ3 (t) = t , para t ∈ [0 , 2 π] , (G.67)
s~ao func~oes contnuas em [0 , 2 π].
Logo, pela Denic~ao G.3.1, a func~ao vetorial γ e uma curva parametrizada espacial.
Notemos que,
q
kγ(t)k = [γ1 (t)]2 + [γ2 (t)]2
(G.67)
q
= [cos(t)]2 + [ sen(t)]2
= 1, para t ∈ [0 , 2 π] ,
isto e, a representac~ao geometrica do traco da curva parametrizada γ : [0 , 2 π] → R3 esta contido
no cilindro circular reto, que tem como base a circunfer^encia de centro na origem O =. (0 , 0 , 0)
e tem raio igual a 1, do plano xOy (veja a gura abaixo).
548 ^
APENDICE G. FUNC ~
OES VETORIAIS E CURVAS PARAMETRIZADAS
Observação G.3.5
Definição G.3.3
Temos a:
Observação G.3.7
γ(to + h) − γ(to )
h
aproxima-se da direc~ao tangente ao traco da curva parametrizada γ, no ponto γ(to ).
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
Devido a este fato, o vetor γ 0 (to ) sera denominado vetor tangente à curva parametriza-
da γ em to .
2. Vale observar que, o vetor acima sera dito vetor tangente a curva parametrizada γ em to
e NÃO vetor tangente, ao traco da curva parametrizada γ : [a , b] → Rn , no ponto γ(to ).
Isto ocorre para evitarmos situac~oes em que a curva tem auto-intersecc~ao, isto e, se a
curva parametrizada NÃO for uma curva parametrizada diferenciavel e simples.
Notemos que, no caso da curva parametrizada diferenciavel γ : [a , b] → Rn NÃO ser
uma curva parametrizada simples, o vetor tangente ao traco da curva parametrizada γ :
[a , b] → Rn em um ponto de auto-intersecc~ ao, NÃO caria bem denido.
Porem, pensando em vetor tangente ao traco da curva parametrizada γ : [a , b] → Rn no
instante to , este esta bem denido (veja a gura abaixo).
G.3. CURVAS PARAMETRIZADAS 551
3. Na gura acima, existem os vetores γ 0 (t1 ) e γ 0 (t2 ), eles s~ao vetores tangentes ao traco
da curva parametrizada γ : [a , b] → Rn , mas NÃO ca bem denido o vetor tangente ao
traco da curva parametrizada γ no ponto γ(t1 ), pois a curva tem auto-intersecc~ao nesse
ponto, ja que
γ(t1 ) = γ(t2 ) .
(G.76)
= (− sen(t), cos(t)) , para t ∈ [0 , 2 π] . (G.77)
Logo
0
q 0 2 0 2
γ (t)
= γ1 (t) + γ2 (t)
(G.77)
q
= [cos(t)]2 + [ sen(t)]2
= 1, para t ∈ [0 , 2 π] ,
(G.78)
552 ^
APENDICE G. FUNC ~
OES VETORIAIS E CURVAS PARAMETRIZADAS
ou seja, os vetores tangentes a curva parametrizada γ : [0 , 2 π] → R2 , para cada t ∈ [0 , 2 π], s~ao vetores
unitarios.
Alem disso, para cada t ∈ [0 , 2 π], notemos que
(G.76) e (G.77)
γ(t) • γ 0 (t) = (cos(t) , sen(t)) • (− sen(t), cos(t))
= cos(t)[− sen(t)] + sen(t) cos(t)
= 0,
isto e, os vetores γ(t) e γ 0 (t) s~ao ortogonais em R2 , para cada t ∈ [0 , 2 π] xado (veja a gura abaixo).
2
Outra situac~ao interessante e dada pelo:
.
γ(t) = (cos(t) , sen(t) , t)
= cos(t) · ~e1 + sen(t) · ~e2 + t · ~e3 , para t ∈ [0 , 2 π] (G.79)
pertence a classe C∞ [0 , 2 π] ; R3 .
Alem disso, o vetor tangente a mesma em qualquer instante, faz ^angulo constante com o
vetor ~e3 .
Resolução:
Notemos que γ ∈ C∞ [0 , 2 π] ; R3 , pois suas func~oes componentes, isto e, as funco~es γ1 , γ2 , γ3 :
[0 , 2 π] → R3 , dadas por
. . .
γ1 (t) = cos(t) , γ2 (t) = sen(t) e γ3 (t) = t , para t ∈ [0 , 2 π] (G.80)
Alem disso
γ 0 (t) • (0 , 0 , 1)
cos [θ(t)] =
γ 0 (t)
k(0 , 0 , 1)k
| {z } | {z }
(G.81)√ =1
= 2
1
=√
2
√
2
= ,
2
. π
isto e, θ(t) = , para t ∈ [0 , 2 π] , (G.83)
4
ou seja, o ^angulo sera constante (veja a gura abaixo).
554 ^
APENDICE G. FUNC ~
OES VETORIAIS E CURVAS PARAMETRIZADAS
2
Entre as curvas parametrizadas diferenciaveis destacaremos uma classe que sera importante no
decorrer destas notas, a saber:
Definição G.3.4 A curva parametrizada diferenci avel γ : [a , b] → Rn sera dita regular (ou suave)
em [a , b], se a func~
ao vetorial γ : [a , b] → Rn pertence a classe C1 ([a , b] ; Rn ) e se
γ 0 (t) 6= O
~, para t ∈ [a , b] . (G.84)
A curva parametrizada diferenciavel γ : [a , b] → Rn sera dita regular (ou suave) por partes
em [a , b] se existir uma partic~
ao, que indicaremos por
. . .
P = {xo = a , x1 , x2 , · · · , xn = b} , (G.85)
Observação G.3.8
Exercı́cio G.3.1 No Exemplo G.3.5, temos que a curva parametrizada diferenci avel γ : [0 , 2 π] →
R
2 e curva parametrizada fechada, simples, plana e tambem e regular em [0 , 2 π].
Exercı́cio G.3.2 No Exemplo G.3.6, temos que a curva parametrizada diferenci
avel γ : [0 , 2 π] →
R
3 e curva parametrizada simples e regular em [0 , 2 π].
Temos tambem o:
Exemplo G.3.7 A curva parametrizada diferenciavel γ : [−1 , 1] → R2 dada por
.
γ(t) = t3 , t2
= t3 · ~e1 + t2 · ~e2 , para t ∈ [−1 , 1] (G.86)
não e uma curva parametrizada regular em [−1 , 1].
Resolução:
De fato, notemos que ela pertence a classe
C∞ [−1 , 1] ; R2 ,
Observação G.3.9 Vale observar que no Exemplo G.3.7 acima, o vetor tangente a curva pa-
rametrizada γ : [−1 , 1] → R2 no instante t, isto e, o vetor γ 0 (t), so sera o vetor nulo quando
t = 0.
Assim a curva parametrizada γ : [−1 , 1] → R2 sera uma curva parametrizada regular por
partes em [−1 , 1].
Para mostrar isto, basta considerarmos a partic~ao P do intervalo [−1 , 1] formada, por exem-
plo, pelos pontos (veja a gura abaixo)
. . . .
P = {xo = −1 , x1 = 0 , x2 = 1} .
Resolução:
De fato, ela pertence a classe
C∞ [a , b] ; R2 ,
segue que a func~ao vetorial γ : [a , b] → R2 sera curva parametrizada que pertence a C1 ([a , b] ; R2 ).
Notemos tambem que
(G.89)
γ 0 (t) 1 , f 0 (t)
=
= 1 · ~e1 + f 0 (t) · ~e2
6= (0 , 0) , para t ∈ [a , b] ,
assim, pela Denic~ao G.3.4, a curva parametrizada diferenciavel γ : [a , b] → R2 sera uma curva
parametrizada regular em [a , b].
Notemos tambem que a representac~ao geometrica do traco da curva parametrizada γ : [a , b] → R2
coincide com a representac~ao geometrica do graco da func~ao f.
Lembremos que o graco da func~ao f, que sera indicado por G(f), e dado pelo conjunto
.
G(f) = {(x , f(x)) ; x ∈ [a , b]} . (G.90)
2
Para nalizar temos a:
558 ^
APENDICE G. FUNC ~
OES VETORIAIS E CURVAS PARAMETRIZADAS
Definição G.3.5 Seja γ : [a , b] → Rn uma curva parametrizada regular (ou regular por partes)
em [a , b].
Denimos o comprimento da curva parametrizada regular (ou regular por partes) γ,
que indicaremos por lγ , como sendo:
Zb
.
0
lγ =
γ (t)
dt
a
Zb q
2
γ10 (t) + [γ20 (t)]2 + · · · + [γn0 (t)]2 dt (G.92)
= u.c. ,
a
onde
.
γ(t) = (γ1 (t) , γ2 (t) , · · · , γn (t))
= γ1 (t) · ~e1 + γ2 (t) · ~e2 + · · · + γn (t) · ~en , , para cada t ∈ [a , b]
e u.c. denota, unidades de comprimento.
Observação G.3.10 Para obter uma motivac~ao para a formula (G.92) acima, vamos considerar
o caso em que a curva parametrizada regular (ou regular por partes) e uma curva plana (isto
e, n = 2).
Suponhamos que a curva parametrizada regular γ : [a , b] → R2 e dada por
.
γ(t) = (x(t) , y(t))
= x(t) · ~e1 + y(t) · ~e2 , para cada t ∈ [a , b] .
Consideremos uma partic~ao
.
P = {to = a , t1 , t2 , · · · , tn = b}
(G.93) e (G.94) X 0
n−1 q
2
= x (ξi ) (ti+1 − ti ) + [y 0 (ηi ) (ti+1 − ti )]2
i=0
X
n−1 q
= [x 0 (ξi )]2 + [y 0 (ηi )]2 (ti+1 − ti )
| {z }
i=0 >0
.
∆ti =ti+1 −ti X
n−1 q
= [x 0 (ξi )]2 + [y 0 (ηi )]2 ∆ti .
i=0
Observemos que o lado direito da express~ao acima e a soma de Riemann associada a func~ao
q
t 7→ [x 0 (t)]2 + [y 0 (t)]2 ,
.
γ(t) = (cos(t) , 0) , para cada t ∈ [0 , 2 π] .
Resolução:
Observamos que a func~ao vetorial γ : [0 , 2 π] → R2 e curva parametrizada diferenciavel em [0 , 2 π],
pois suas funco~es componentes, a saber, γ1 , γ2 : [0 , 2 π] → R2 , dadas por
. .
γ1 (t) = cos(t) e γ2 (t) = 0 , para cada t ∈ [0 , 2 π] , (G.95)
s~ao funco~es que pertecem a C∞ ([0 , 2 π] ; R), em particular pertecem a C1 ([0 , 2 π] ; R).
Notemos tambem que
(G.95)
γ 0 (t) = (− sen(t) , 0) , para cada t ∈ [0 , 2 π] . (G.96)
2
Finalizaremos este captulo com o seguinte exerccio resolvido:
Exercı́cio G.3.3 Calcule o comprimento da curva parametrizada regular γ : [0 , 2 π] → R3 , dada
por
.
γ(t) = (cos(t) , sen(t) , t)
= cos(t) · ~e1 + sen(t) · ~e2 + t · ~e3 , para cada t ∈ [0 , 2π] , (G.97)
Resolução:
Temos que a func~ao vetorial γ : [0 , 2 π] → R3 e uma curva parametrizada regular em [0 , 2 π], pois
a func~ao vetorial γ : [0 , 2 π] → R3 e continuamente diferenciavel em [0, 2 π] (na verdade pertence a
C∞ ([0 , 2 π] ; R3 )) e
(G.97)
γ 0 (t) = (− sen(t) , cos(t) , 1)
= − sen(t) · ~e1 + cos(t) · ~e2 + 1 · ~e3 6= O
~, (G.98)
562 ^
APENDICE G. FUNC ~
OES VETORIAIS E CURVAS PARAMETRIZADAS
completando a resoluc~ao.
2
Apêndice H
H.1 Motivação
Vimos na disciplina de Calculo I que para funco~es a valores reais, de uma variavel real, diferen-
ciabilidade de uma func~ao implicara na continuidade da mesma, ou seja, para que uma func~ao seja
diferenciavel em um ponto e necessário (mas n~ao suciente), em primeiro lugar, que ela seja contnua
naquele ponto.
O conceito de derivadas parciais introduzido no captulo precedente, não apresenta esta propri-
edade, ou seja, e possvel que uma func~ao a valores reais, de varias variaveis reais, tenha todas as
derivadas parciais em um ponto, mas não seja contnua nesse ponto.
O exemplo a seguir ilustra este fato.
Exercı́cio H.1.1 Seja f : R2 → R a func~ao dada por
xy
, para (x , y) 6= (0 , 0)
f(x, y) = x + y2
2
. (H.1)
0, para (x , y) = (0 , 0)
Ent~ao a func~ao f não e contnua em (0 , 0).
Alem disso, a func~ao f tem derivadas parciais de primeira ordem em (0 , 0).
Resolução:
De fato, a func~ao f não e contnua em (0 , 0), pois o limite lim f(x , y) n~ao existe, ja que o
(x ,y)→(0 ,0)
limite, quando t → 0, sobre a curva parametrizada γ1 : R → R2 , dada por
.
γ1 (t) = (t , 0) , para cada t ∈ R , (H.2)
nos fornecera:
(H.2)
lim f[γ1 (t)] = lim f[(t , 0)]
t→0 t→0
t6=0 e (H.1) t0
= lim
t→0 t2 + 02
= 0.
563
564 ^
APENDICE H. DIFERENCIABILIDADE DE FUNC ~
OES
DE VARIAS
VARIAVEIS
teremos:
(H.3)
lim f[γ2 (t)] = lim f[(t , t)]
t→0 t→0
t6=0 e (H.1) tt
= lim
t→0 t2 + t2
1
= .
2
Logo, do Teorema 7.1.1, segue que lim f(x , y) n~ao existe, logo a func~ao f não e contnua em
(x ,y)→(0 ,0)
(0 , 0).
No entanto, as derivadas parciais de 1.a ordem associadas a func~ao f existem em (0 , 0) e, alem
disso,
fx (0 , 0) = fy (0 , 0) = 0 .
De fato, pois se considerarmos as funco~es g, h : R → R dadas por
x6=0 e (H.1) x0
. f(x , 0) = = 0 , para x 6= 0
g(x) = x + 02
2
= 0, para cada x ∈ R ,
f(0 , 0) = 0 , para x = 0
y6=0 e (H.1) 0y
= 0 , para y 6= 0
. f(0 , y) =
h(y) = 0 + y2
2
= 0 , para cada y ∈ R ,
f(0 , 0) = 0 , se y = 0
fx (0 , 0) = g 0 (0) = 0 ,
fy (0 , 0) = h 0 (0) = 0 .
Portanto a func~ao f tem as derivadas parciais de primeira ordem no ponto (0 , 0), mas não e
diferenciavel nesse ponto.
2
Observação H.1.1
1. Logo, na denic~ao de diferencibilidade que daremos mais adiante (veja Denic~ao H.2.1),
n~ao sera suficiente considerarmos somente a exist^encia das derivadas parciais da func~ao
em quest~ao, no ponto estudado.
2. Procuraremos um conceito de diferenciabilidade para func~oes a valores reais, de varias
variaveis reais, que implique, em particular, que a representac~ao geometrica do graco
da func~ao n~ao possua "bicos" e, em particular, que n~ao possua "saltos" (ou seja, que a
func~ao seja contnua nesse ponto).
3. Vimos, na disciplina de Calculo 1, que uma func~ao a valores reais, de uma variavel real,
intervalo aberto
f:I ⊆ R → R,
e diferenciavel em xo ∈ I, se, e somente se,
f(xo + h) − f(xo )
lim (H.4)
h→0 h
H.2. DEFINIC ~ DE DIFERENCIBILIDADE
AO 565
existir.
Aquela denic~ao no entanto, não se adapta, imediatamente, para func~oes a valores reais,
de varias variaveis reais, ja que, neste ultimo caso, o acrescimo h sera um vetor do Rn
e o quociente acima (denominado, raz~ao incremental) n~ao fara sentido no ultimo caso
(dividir um numero real por um vetor h do Rn ?).
4. Uma outra maneira de interpretar (H.4) e vericarmos que para uma func~ao a valores
reais, de uma variavel real, temos que a func~ao f e diferenciavel em xo se, e somente se,
existe a ∈ R (que e denotado por f 0 (xo )) tal que
f(xo + h) − f(xo )
lim = a,
h→0 h
f(xo + h) − f(xo ) − a h
ou seja, lim = 0,
h→0 h
f(xo + h) − f(xo ) − a • h
isto e, lim = 0.
h→0 |h|
(a1 , a2 , · · · , an ) ∈ Rn ,
tal que
f(xo1 + h1 , · · · , xon + hn ) − f(xo1 , · · · , xon ) − (a1 , · · · , an ) • (h1 , · · · , hn )
lim = 0,
(h1 ,··· ,hn )→(0 ,··· ,0) k(h1 , · · · , hn )k
(H.5)
onde • denota o produto interno usual de Rn .
Diremos que a func~ao f e diferenciável em B ⊆ A, se a func~ao f for diferenciavel em cada
ponto do conjunto B.
Diremos, por simplicidade, que a func~ao f diferenciável, se a func~ao f e diferenciavel em
cada o ponto do seu domnio, a saber, o conjunto A.
Observação H.2.1
1. Se denirmos
. .
~ = (a1 , a2 , · · · , an ),
a ~xo = (xo1 , xo2 , · · · , xon ) e ~h =. (h1 , h2 · · · , hn ),
566 ^
APENDICE H. DIFERENCIABILIDADE DE FUNC ~
OES
DE VARIAS
VARIAVEIS
para ~h ∈ Rn \ {O}
~ .
O proximo resultado, nos mostra que a diferenciabilidade de uma func~ao em um ponto implicara
na continuidade da mesma nesse ponto, a saber:
Demonstração:
De fato, consideremos
.
~h = (h1 , h2 , · · · , hn ) ,
E ~h = E(h1 , h2 , · · · , hn )
.
= f(xo1 + h1 , xo2 + h2 , · · · , xon + hn ) − f(xo1 , · · · , xon )
− (a1 , a2 , · · · , an ) • (h1 , h2 , · · · , hn ) . (H.12)
H.2. DEFINIC ~ DE DIFERENCIBILIDADE
AO 567
Com a notac~ao acima, a func~ao f sera diferenciavel em ~xo = (xo1 , xo2 , · · · , xon ) ∈ A se, e somente
se,
E(h1 , h2 , · · · , hn )
lim = 0. (H.13)
(h1 ,h2 ,··· ,hn )→(0 ,0 ,··· ,0) k(h1 , h2 , · · · , hn )k
pois, como vimos anteriormente, a func~ao o produto interno e uma func~ao contnua no seu domnio.
Portanto passando o limite na express~ao (H.14), quando
(h1 , h2 , · · · , hn ) → (0 , 0 , · · · , 0) ,
obteremos:
(H.14)
lim f(xo1 + h1 , xo2 + h2 · · · , xon + hn ) = lim {f(xo1 , xo2 , · · · , xon )
(h1 ,h2 ,··· ,hn )→(0 ,0 ,··· ,0) (h1 ,h2 ,··· ,hn )→(0 ,0 ,··· ,0)
Demonstração:
Observemos que se o limite (H.5) existe, segue que o mesmo existira sobre, por exemplo, a curva
parametrizada γ1 : I → Rn dada por
.
γ1 (t) = (t , 0 , · · · , 0)
= t · ~e1 , para cada t ∈ I , (H.18)
onde, 0 ∈ I e I e uma intervalo aberto de R.
Notemos que, na parametrizac~ao (H.17) acima, consideremos
h2 = h3 = · · · = hn = 0
podem ser obtidas de forma completamente analoga a esta que apresentamos acima.
Para tanto basta, para cada k ∈ {1 , 2 , · · · , n}, considerar o limite (H.5) sobre a curva parametrizada
(cujo traco esta contido em uma reta do Rn ), que indicaremos por γk : I → Rn , dada por
.
γn (t) = (0 , 0 , · · · , t
|{z} , · · · , 0)
k-
esima posic~ao
= t · ~ek , para cada t ∈ I , (H.20)
onde, 0 ∈ I e I e intervalo aberto R.
Deixaremos os detalhes como exerccio para o leitor.
Deste modo, completamos a demonstrac~ao do resultado.
2
A seguir exibiremos algumas propriedades gerais de diferenciabilidade, mais precisamente:
Proposição H.2.2 Sejam A um subconjunto aberto, n~ ao vazio, de Rn , f , g : A → R func~oes
diferenciaveis em ~xo ∈ A e α ∈ R.
Ent~ao as func~oes (f + g), (f −g),(α f) ser~ao func~oes diferenciaveis no ponto ~xo .
f
Se g (~xo ) 6= 0, ent~ao a func~ao sera uma func~ao diferenciavel no ponto ~xo .
g
Demonstração:
As demonstraco~es ser~ao deixadas como exerccio para o leitor.
2
Agora vamos introduzir a:
Definição H.2.2 Sejam A um subconjunto aberto, n~ao vazio, de R2 e f : A → R uma func~ao e
diferenciavel em ~xo =. (xo , yo ) ∈ A.
A express~ao
fx (xo , yo ) (x − xo ) + fy (xo , yo ) (y − yo ) , para cada (x , y) ∈ A ,
daremos o nome de diferencial da função f no ponto ~xo = (xo , yo ), relativamente aos acrés-
. .
cimos ∆x = x − xo e ∆y = y − yo e ser
a indicada por df(xo , yo ), isto e,
.
df(xo , yo ) = fx (xo , yo ) ∆x + fy (xo , yo ) ∆y . (H.21)
Observação H.2.3
1. Denindo-se
.
∆f = f (xo + ∆x , yo + ∆y) − f(xo , yo ) , (H.22)
.
a condic~ao (H.9) para a diferenciabilidade da func~ao f no ponto ~xo = (xo , yo ) pode ser
reescrita da seguinte forma: a func~ao
f e diferenciavel em (xo , yo )
∆f − df(xo , yo )
se, e somente se, lim = 0. (H.23)
(∆x ,∆y)→(0 ,0) k(∆x , ∆y)k
2. Notemos que
∆f = df(xo , yo ) + α η ,
. ∆f − df(xo , yo )
onde η= e α =. k(∆x , ∆y)k . (H.24)
k(∆x , ∆y)k
570 ^
APENDICE H. DIFERENCIABILIDADE DE FUNC ~
OES
DE VARIAS
VARIAVEIS
Logo, se o numero real positivo α for "pequeno"(isto e, se os numeros reais positivos,
∆x e ∆y est~ ao "proximos" de zero) teremos que o valor df(xo , yo ) estara "proximo" do
valor ∆f, ou ainda, o numero real f(xo , yo ) + df(xo , yo ) estara "proximo" do numero real
f(xo + ∆x , yo + ∆y), ou seja,
Deste modo, podemos utilizar a diferencial de uma func~ao em um ponto, para obter valores
proximos de um valor conhecido da func~ao (no caso f(xo , yo )), como foi feito na disciplina
de Calculo 1, para o caso de func~oes a valores reais, de uma variavel real, utilizando-se
diferenciais.
3. Podemos denir, de modo semelhante, a diferencial para func~oes a valores reais, de tr^es,
quatro ou, em geral, n variaveis reais.
A formulac~ao destes casos sera deixada como exerccio para o leitor.
Na verdade a diferencial de uma func~ao e uma transformac~ao linear que, de uma certa
forma, e a melhor aproximac~ao linear da func~ao dada, perto do ponto considerado.
A noc~ao de transformac~ao linear sera estudada na disciplina de Algebra Linear.
Para nalizar temos o:
Exercı́cio H.2.1 Consideremos uma caixa que tem a forma de um cilindro circular reto, cujo
raio da base e 3 m e sua altura, relativa a base circular, e de 8 m, com um possvel erro na
aferic~ao das medidas de ± 0, 05 m.
Use diferenciais para estimar o volume do solido em quest~ao, devido ao erro cometido acima.
Resolução:
Lembremos que o volume, que denotaremos por V , de um cilindro circular reto e
V = π r2 h , (H.27)
onde r e o raio da base do cilindro (que e um crculo) e h sua altura, relativa a base circular.
Como a func~ao V = V(r , h) e diferenciavel em R2 , temos que
(H.21) ∂V ∂V
dV(ro , ho ) = (ro , ho ) ∆r + (ro , ho ) ∆h
∂r ∂h
(H.27)
= 2 π r h ∆r + π r2 ∆h . (H.28)
Tomando-se, na express~ao acima,
ro = 3 , ho = 8 e ∆r = ∆h = ± 0, 05 ,
obteremos
dV(ro , ho ) = dV(3 , 8)
(H.28)
= (48 π + 9 π) (± 0, 05)
= 57 π (± 0, 05). (H.29)
H.3. CRITERIO DE DIFERENCIABILIDADE 571
Assim
(72 ± 2, 85) π m3 .
Demonstração:
A demonstrac~ao desse resultado e uma consequ^encia imediata da Denic~ao H.2.1, de diferenciabi-
lidade.
2
1. Se a func~ao f não e uma func~ao contnua no ponto ~xo =. (xo , yo ), ent~ao a func~ao f não
sera diferenciavel no ponto ~xo =. (xo , yo ).
2. Se a func~ao f e contnua no ponto ~xo =. (xo , yo ) e, uma das suas derivadas parciais de
primeira ordem, não existir no ponto ~xo =. (xo , yo ), ent~ao a func~ao f não sera diferenciavel
no ponto ~xo =. (xo , yo ).
572 ^
APENDICE H. DIFERENCIABILIDADE DE FUNC ~
OES
DE VARIAS
VARIAVEIS
não existe, ou não for igual a zero, ent~ao a func~ao f não sera diferenciavel no ponto
.
~xo = (xo , yo ).
4. Vale os respectivos analogos das observac~oes acima para func~oes a valores reais, de n
variaveis reais, com n ≥ 3.
Podemos agora tratar do:
Exemplo H.3.1 Mostre que a func~ao f : R2 → R, dada por
.
f(x , y) = x2 y , para cada (x , y) ∈ R2 (H.32)
e uma func~ao diferenciavel em R2 .
Resolução:
Primeiramente notamos que a func~ao f e contnua em todo ponto de R2 (pois e uma func~ao
polinomial, nas variaveis x e y).
Em seguida, notamos que as derivadas parciais da func~ao f, relativamente a x e a y, existem em
cada ponto de R2 e que no ponto (xo , yo ) ∈ R2 , valem
fx (xo , yo ) = 2 xo yo (H.33)
e fy (xo , yo ) = xo2 . (H.34)
Em seguida, vericaremos que
E(h , k)
lim = 0.
(h ,k)→(0 ,0) k(h , k)k
Para isto observemos que
(H.31)
E(h , k) = f(xo + h , yo + k) − f(xo , yo ) − fx (xo , yo ) h − fy (xo , yo ) k
(H.32) e (H.33)
= (xo + h)2 (yo + k) − xo2 yo − 2 xo yo h − xo2 k
Exerccio
= h2 yo + 2 xo h k + h2 k . (H.35)
Logo
|E(h , k)|
0≤
k(h , k)k
2 2
(H.35) h y o + 2 xo h k + h k
= p
h2 + k2
|h2 yo +2 xo h k+h2 k|≤|h2 yo |+|2 xo h k|+|h2 k| h2 |yo | 2 |xo | |h| |k| h2 |k|
≤ p + p +p
h2 + k2 h2 + k2 h2 + k2
|h| |k| |h|
≤ |yo | |h| p + 2|xo | |h| p + |h| |k| p
h2 + k2 h2 + k2 h2 + k2
√
|h| = h2 q
2 2
0≤
√ ≤ h +k
|k| = k 2 p p p
h2 + k2 h2 + k2 h2 + k2
≤ |yo | |h| p + 2|xo | |h| p + |h| |k| p
h2 + k2 h2 + k2 h2 + k2
H.3. CRITERIO DE DIFERENCIABILIDADE 573
Notemos que
Exerccio
lim [|yo | |h| + 2 |xo | |h| + |h| |k|] = 0. (H.37)
(h,k)→(0,0)
Logo, de (H.36), (H.37) e do Teorema do sanduiche (ou seja, do item 7. do Teorema 7.1.1),
conlumos que
|E(h , k)|
lim = 0,
(h ,k)→(0 ,0) k(h , k)k
E(h , k)
que e equivalente a: lim = 0. (H.38)
(h ,k)→(0 ,0) k(h , k)k
Portanto, de (H.38) e da Denic~ao H.2.1 (para o caso n = 2), segue que a func~ao f e diferenciavel
em ~xo = (xo , yo ) ∈ R2 , completando a resoluc~ao.
2
Deixaremos para o leitor a resoluc~ao do seguinte exerccio:
Exercı́cio H.3.1
fx (x , y) = fy (x , y) = 0 , (H.40)
para cada (x , y) ∈ R2 .
2. Mostre que a func~ao f : R2 → R, dada por
.
f(x , y) = x , para cada (x , y) ∈ R2 (H.41)
fx (x , y) = 1 e fy (x , y) = 0 , (H.42)
fx (x , y) = 0 e fy (x , y) = 1 , (H.44)
para cada (x , y) ∈ R2 .
574 ^
APENDICE H. DIFERENCIABILIDADE DE FUNC ~
OES
DE VARIAS
VARIAVEIS
onde
~x = (x1 , x2 , · · · , xi , · · · , xn ) ∈ Rn
Observação H.3.2 Chamamos a atenc~ao para o fato que a vericac~ao se uma func~ao e dife-
renciavel em um ponto não é, em geral, tarefa facil, mesmo nos casos mais elementares (como,
por exemplo, nos Exemplos acima).
Isto nos faz pensar que deveramos procurar uma forma mais simples de tentar vericar a
diferenciabilidade de func~oes a valores reais, de varias variaveis reais.
n~ao existe.
De fato, para mostrar isto, calculemos o limite acima, sobre a curva parametrizada γ1 : R → R2 ,
dada por
.
γ1 (t) = (t , 0) , para cada t ∈ R. (H.49)
H.3. CRITERIO DE DIFERENCIABILIDADE 575
= 0.
Calculemos agora, o limite (H.48) acima, sobre a curva parametrizada γ2 : R → R2 , dada por
.
γ2 (t) = t2 , t , para cada t ∈ R. (H.50)
Portanto a func~ao f não e contnua no ponto (0 , 0) e, como consequ^encia do Teorema H.2.1, n~ao
sera uma func~ao diferenciavel no ponto (0 , 0), como pedido.
2
Consideremos agora o:
não e diferenciavel no ponto (0 , 0), embora seja uma func~ao contnua no ponto (0 , 0) e tenha
todas as derivadas parciais de primeira ordem no ponto (0 , 0).
Verique que as derivadas parciais de primeira ordem da func~ao f, em relac~ao a x e a y,
não s~ao func~oes contnuas no ponto (0 , 0).
Resolução:
Observemos que a func~ao f e contnua no ponto (0 , 0), pois:
!
(x ,y)6=(0 ,0) e (H.51) x2
lim f(x , y) = lim x 2
(x ,y)→(0 ,0) (x ,y)→(0 ,0) x + y2
innitesimo x limitada (veja (H.53))
= 0
(H.51)
= f(0 , 0) , (H.52)
576 ^
APENDICE H. DIFERENCIABILIDADE DE FUNC ~
OES
DE VARIAS
VARIAVEIS
pois,
lim x=0
(x,y)→(0,0)
x2 x2 ≤x2 +y2 x2 + y2
e
2 2
≤
x2 + y2
x + y
= 1, (H.53)
para (x , y) 6= (0 , 0).
Existem as derivadas parciais da func~ao f no ponto (0 , 0), pois:
.
(8.4) com xo =yo =0 f(0 + h , 0) − f(0 , 0)
fx (0 , 0) = lim
h→0 h
f(h , 0) − f(0 , 0)
= lim
h→0 h
h3
−0
h6=0 e (H.51) h 2
+ 02
= lim
h→0 h
h3
= lim 3
h→0 h
h6=0
= 1 (H.54)
e
.
(8.8) com xo =yo =0 f(0 , 0 + k) − f(0 , 0)
fy (0 , 0) = lim
k→0 k
f(0 , k) − f(0 , 0)
= lim
k→0 k
03
−0
k6=0 e (H.51) 2 2
= lim 0 + k
k→0 k
0
= lim 3
k→0 k
k6=0
= 0. (H.55)
Portanto, de (H.52), (H.54) e (H.55), a func~ao f e contnua no ponto (0 , 0) e tem derivadas parciais
de primeira ordem no ponto (0 , 0).
Vamos agora analisar a diferenciabilidade da func~ao f no ponto (0 , 0).
Para isso devemos analisar se o limite
E(h , k)
lim
(h ,k)→(0 ,0) k(h , k)k
.
γ1 (t) = (t , t) , para cada t ∈ R , (H.57)
1 t2 t
= − 3 lim 2
2 2 t→0 |t| |t|
t6=0 1 t
= − 3 lim ,
22 t→0 |t|
De fato, como
t3
Logo, de (H.58) e (H.59), segue que n~ao existe o limite lim .
t→0 |t|3
E[γ1 (t)]
Portanto, deste fato e (H.56), teremos que n~ao existira o limite lim .
t→0 kγ1 (t)k
Portanto, o limite
E(h , k)
lim
(h ,k)→(0 ,0) k(h , k)k
n~ao existira.
Portanto, da Denic~ao H.2.1, a func~ao f n~ao e diferenciavel no ponto (0 , 0).
Observemos que as funco~es fx , fy : R2 → R não s~ao contnuas no ponto (0 , 0).
De fato, das regras de derivac~ao basicas, de (H.54) e (H.55), segue que:
3 x2 2 x4
− 2 , para (x , y) 6= (0 , 0)
x 2 + y2 (H.60)
fx (x , y) = 2 2
x + y
1, para (x , y) = (0 , 0)
e
2 y x3
− 2 , para (x , y) 6= (0 , 0)
fy (x , y) = x2
+ y 2 . (H.61)
0, para (x , y) = (0 , 0)
lim fx (x , y) e lim fy (x , y) .
(x ,y)→(0 ,0) (x ,y)→(0 ,0)
temos que:
(H.62)
lim fx [β1 (t)] = lim fx [(0 , t)]
t→0 t→0
t6=0 e (H.60) 3 · 02 2 · 04
= lim −
0 2 + t2
2
t→0
0 2 + t2
=0 (H.63)
e
(H.62)
lim fy [β1 (t)] = lim fy [(0 , t)]
t→0 t→0
t6=0 e (H.61) 2 t · 03
= = lim − 2
t→0
0 2 + t2
= 0. (H.64)
Porem, sobre a curva parametrizada β2 : R → R2 , dada por
.
β2 (t) = (t , t) , para cada t ∈ R , (H.65)
temos que:
(H.65)
lim fx [β2 (t)] = lim fx [(t , t)]
t→0 t→0
4
t6=0 e (H.60) 3 t2 2t
= lim
2 2
−
2
t→0 t +t 2
t +t 2
3 1
= lim −
t→0 2 2
= 1, (H.66)
e
(H.65)
lim fy [β2 (t)] = lim fy [(t , t)]
t→0 t→0
t6=0 e (H.61) 2 t t3
= lim − 2
t→0
t2 + t2
2 t4
= lim −
t→0 4 t4
1
=− (H.67)
2
e portanto, de (H.63), (H.66) e (H.64), (H.67), respectivamente, segue que n~ao existem os limites
lim fx (x , y) e lim fy (x , y) ,
(x ,y)→(0 ,0) (x ,y)→(0 ,0)
mostrando, pela Denic~ao 7.2.1, que as funco~es fx e fy n~ao s~ao contnuas no ponto (0 , 0).
2
O resultado a seguir nos da uma condic~ao suficiente para que uma func~ao a valores reais, de duas
variaveis, f seja uma func~ao diferenciavel em um ponto (xo , yo ).
A import^ancia deste resultado se deve a facilidade na vericac~ao de suas hipoteses.
580 ^
APENDICE H. DIFERENCIABILIDADE DE FUNC ~
OES
DE VARIAS
VARIAVEIS
Demonstração:
.
Como o conjunto A e um subconjunto aberto de R2 e ~xo = (xo , yo ) ∈ A, podemos escolher numeros
reais positivos ho e ko , sucientemente pequenos, de forma que o ret^angulo
.
Q = (x , y) ∈ R2 ; xo ≤ x ≤ xo + h, yo ≤ y ≤ yo + k
= [xo , xo + h] × [yo , yo + k] ,
|h| ≤ ho e |k| ≤ ko .
Notemos que
= fx (xo , yo )
e
lim ) =
fy (xo , y lim )
fy (xo , y
(h ,k)→(0 ,0) ( )→(xo ,yo )
x ,y
= fy (xo , yo ) .
582 ^
APENDICE H. DIFERENCIABILIDADE DE FUNC ~
OES
DE VARIAS
VARIAVEIS
Logo, teremos
lim , yo + k) − fx (xo , yo )] = 0
[fx (x
(h ,k)→(0 ,0)
lim ) − fy (xo , yo )] = 0 .
[fy (xo , y (H.79)
(h ,k)→(0 ,0)
A vericac~ao desta ultima desigualdades sera deixada como exerccio para o leitor.
Portanto passando o limite, quando
(h , k) → (0 , 0) ,
em (H.78), segue de (H.79), (H.80) e (H.81) que (utilizando-se que innitesimo vezes limitada no
ponto tambem sera um innitesimo no ponto, ou seja, do item 3. da Proposic~ao 7.1.1):
E(h , k)
lim = 0,
(h ,k)→(0 ,0) k(h , k)k
que, pela Denic~ao H.2.1, a func~ao f e diferenciavel no ponto ~xo = (xo , yo ), como queramos demons-
trar.
2
Observação H.3.3 Vale o resultado analogo para func~oes a valores reais, de n variaveis reais.
O enunciado e a demonstrac~ao do mesmo ser~ao deixados como exerccio para o leitor.
Como consequ^encia imediata temos o:
Corolário H.3.3 Sejam A um subconjunto aberto, n~ao vazio, de Rn e f : A ⊆ Rn → R func~ao.
Se a func~ao f e de classe C1 em A, ent~ao a func~ao f e uma func~ao diferenciavel em A.
Demonstração:
De fato, se a func~ao f e de classe C1 em A, ent~ao ela e suas derivadas parciais de primeira ordem
ser~ao contnuas no conjunto A.
Assim, do Teorema H.3.1, segue que ela sera uma func~ao diferenciavel em A, completando a
demonstrac~ao.
2
Com isto ca facil tratar o:
Exemplo H.3.4 Consideremos a func~ao f : R2 → R dada por
.
f(x , y) = sen x2 + y2 , para cada (x , y) ∈ R2 . (H.82)
Resolução:
De fato, notemos que as derivadas parciais de primeira ordem da func~ao f s~ao dadas por
(H.82) ∂
h i
fx (x , y) = sen x2 + y2
∂x
Execcio
= 2 x cos x + y
2 2
(H.83)
e
(H.82) ∂
h i
fy (x , y) = sen x2 + y2
∂y
(H.82)
= 2 y cos x2 + y2 , para cada (x , y) ∈ R2 . (H.84)
Logo, pode-se vericar que, de (H.82), (H.83) e (H.84), a func~ao f e suas derivadas parciais de
primeira ordem s~ao funco~es contnuas em R2 .
A vericac~ao destes fatos sera deixada como exerccio para o leitor.
Logo, do Teorema H.3.1, segue que a func~ao f sera uma func~ao diferenciavel em R2 .
2
Observação H.3.4 Embora o Teorema H.3.1 acima, nos leve a achar que resolvemos todos os
problemas, no que se refere a mostrar que uma func~ao a valores reais, de varias variaveis reais,
e diferenciavel em um ponto, ha casos em que ele não se aplica porem a func~ao tratada e
diferenciavel no referido ponto, ou seja, existem func~oes a valores reais, de varias variaveis
reais, que s~ao diferenciaveis em um ponto e cujas derivadas parciais não s~ao contnuas neste
ponto.
Isto e o que mostra o exemplo a seguir.
Neste caso, a vericac~ao da diferenciabilidade deve ser feita pela Denic~ao H.2.1.
Para ilustrar a situac~ao acima temos o:
Exemplo H.3.5 Consideremos a func~ao f : R2 → R dada por:
y2 sen 1
, para (x , y) 6= (0 , 0)
.
f(x , y) = x2 + y2 . (H.85)
0, para (x , y) = (0 , 0)
Pede-se:
1. a func~ao f e contnua em R2 ;
2. determinar as func~oes fx e fy , onde elas existirem ;
3. mostrar que as func~oes fx e fy não s~ao contnuas no ponto (0 , 0) ;
4. mostrar que a func~ao f e diferenciavel no ponto (0 , 0) (na verdade, em todo R2 ).
Resolução:
De 1.:
Notemos que a diculdade de estudar a continuidade da func~ao f, dada por (H.85), e estudar a
continuidade da func~ao f no ponto em (0 , 0).
Deixaremos a vericac~ao da continuidade da func~ao f em R2 \ {(0 , 0)}, como exerccio para o leitor.
No caso da continuidade da func~ao f em (0 , 0), o limite em quest~ao, e do tipo innitesimo vezes
limitada no ponto (0 , 0).
584 ^
APENDICE H. DIFERENCIABILIDADE DE FUNC ~
OES
DE VARIAS
VARIAVEIS
(H.85) ∂
1
fy (x , y) = y sen
2
∂y x 2 + y2
(H.85) 2 y3
1 1
= 2 y sen − 2 cos . (H.87)
x 2 + y2 x 2 + y2 x2 + y2
Notemos tambem que, existem as derivadas parciais da func~ao f de primeira ordem no ponto (0 , 0).
De fato, pois
(H.85)
= 0
z }| {
.
(8.4) com xo =yo =0 f(0 + h , 0) − f(0 , 0)
fx (0 , 0) = lim
h→0 h
f(h , 0)
= lim
h→0 h
1
0 sen
2
h6=0 e (H.85) h2 + 02
= lim
h→0 h
= 0, (H.88)
(H.85)
= 0
z }| {
.
(8.4) com xo =yo =0 f(0 , 0 + k) − f(0 , 0)
fy (0 , 0) = lim
k→0 k
f(0 , k)
= lim
k→0 k
1
k sen
2
k6=0 e (H.85) 02 + k2
= lim
k
h→0
1
= lim k sen
h→0 k2
innitesimo x limitada
= 0, (H.89)
ou seja, de (H.86), (H.88) e (H.87), (H.89), segue que as funco~es fx , fy : R2 → R, ser~ao dadas por:
2 x y2
1
− 2 cos 2 2
, para (x , y) 6= (0 , 0)
fx (x , y) = 2
x +y 2 x + y (H.90)
0, para (x , y) = (0 , 0)
3
1 2y 1
2 y sen − cos , para (x , y) 6= (0 , 0)
x 2 + y2
2 2 2
(H.91)
fy (x , y) = 2
x +y 2 x + y .
0, para (x , y) = (0 , 0)
H.3. CRITERIO DE DIFERENCIABILIDADE 585
De 3.:
Notemos que as derivadas parciais fx e fy não s~ao funco~es contnuas no ponto (0 , 0).
De fato, sobre a curva parametrizada γ1 : R → R2 , dada por
.
γ1 (t) = (t , t) , para cada t ∈ R , (H.92)
teremos:
(H.92)
lim fx [γ1 (t)] = lim fx [(t , t)]
t→0 t→0
2
t6=0 e (H.90)
2·t·t 1
= lim
− 2 cos 2
2
t→0
t2 + t2 t +t
1 1
= lim − cos ,
t→0 2t 2 t2
que não existe.
A justicativa deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
De modo semelhante, teremos:
(H.92)
lim fy [γ1 (t)] = lim fy [(t , t)]
t→0 t→0
3
t6=0 e (H.91)
1 2t 1
= lim
2 t sen − 2 cos
t→0 t + t2
2
t +t 2 2
2
t +t 2
1 1 1
= lim 2 t sen 2
− cos ,
t→0 2t 2 t 2 t2
que tambem não existe.
A justicativa deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
Portanto as funco~es fx e fy não s~ao funco~es contnuas no ponto (0 , 0).
De 4.:
Veriquemos que a func~ao f e diferenciavel em (0 , 0).
Para isto observemos que, para (h, k) 6= (0, 0), teremos:
E(h , k)
0≤
k(h , k)k
|E(h , k)|
=
k(h , k)k
(H.85) (H.90) (H.91)
= 0 = 0 = 0
z }| { z }| { z }| {
(H.31) |f(0 + h , 0 + k) − f(0 , 0) − fx (0 , 0) h − fy (0 , 0) k|
=
k(h , k)k
|f(h , k)|
=
k(h , k)k
1
k sen
2
(h ,k)6=(0 ,0) e (H.85) h2 + k2
= p
h2 + k2
1
k2 ≤h2 +k2
h 2
+ k 2
sen
h2 + k2
≤ p
h2 + k2
586 ^
APENDICE H. DIFERENCIABILIDADE DE FUNC ~
OES
DE VARIAS
VARIAVEIS
p 1
= h + k sen
2 2
,
h + k2
2
ou seja,
E(h , k)
0 ≤
k(h , k)k
p 1
≤ h + k sen
2 2
, para cada (h , k) 6= (0 , 0). (H.93)
h + k2
2
Notemos que p
1
lim h + k sen
2 2
=0 (H.94)
(h ,k)→(0,0) h + k2
2
Observação H.3.5 Para nalizar esta sec~ao vale observarmos que tudo o que tratamos ate
agora esteve relacionado com funco~es a valores reais, de n variaveis reais, isto e, func~oes do
tipo
aberto
f : A ⊆ Rn → R .
Func~oes do tipo
aberto
f : A ⊆ Rn → Rm
(com m ≥ 2) s~ao tratadas no Ap^endice J.
Porem, vale chamar a atenc~ao que podemos tratar da diferenciabilidade deste tipo de func~oes,
bastando, para tanto, olhar as func~oes coordenadas que a denem.
Veremos mais adiante que se
f (~x) = (f1 (~x) , f2 (~x) , · · · , fn (~x)) , para cada ~x ∈ A,
ent~ao a func~ao f sera diferenciavel em ~xo ∈ A se, e somente se, cada uma das suas func~oes com-
ponentes, isto e, as func~oes fi : A ⊆ Rn → R, para i ∈ {1 , 2 , · · · , n}, forem func~oes diferenciaveis
em ~xo .
Apêndice I
Teorema I.1.1 (de Taylor) Seja g : [a , b] → R uma func~ao de classe Cn em [a , b] tal que g(n)
e diferenciavel em (a , b).
Ent~ao existe c ∈ (a, b) tal que
g(n) (a) g(n+1) (c)
g(b) = g(a) + g 0 (a) (b − a) + · · · + (b − a)n + (b − a)n+1 . (I.1)
n! (n + 1)!
Definição I.1.1 Dada uma func~ ao g : I → R denida num intervalo I que seja n-vezes derivavel
no ponto a ∈ I, o polinômio de Taylor de ordem n, associado à função g no ponto x = a ,
indicado por pn , e denido por:
. g 00 (a) g(n) (a)
pn (x) = g(a) + g 0 (a) (x − a) + (x − a)2 + · · · + (x − a)n . (I.2)
2! n!
Observação I.1.1
587
588 ^
APENDICE ^
I. POLINOMIO DE TAYLOR
2. Se
.
a=0 e b =. 1
em (I.1), ent~ao teremos:
g(n) (0) g(n+1) (c)
g(1) = g(0) + g 0 (0) + · · · + + , (I.7)
n! (n + 1)!
para algum c ∈ (0 , 1).
Temos tambem a:
umero real Rn+1 (h), dado por (I.5), sera
Definição I.1.2 O n denominado resto de Taylor de
ordem n, associado à função g, no ponto x = a, isto e,
. g(n+1) (c)hn+1
Rn+1 (h) = . (I.8)
(n + 1)!
Por outro lado, a parabola de equac~ao (I.10), tera concavidade voltada para baixo se
g 00 (0) < 0 .
Neste caso a func~ao g teria um maximo local (ou relativo) em xo = 0, dai a import^ancia do
sinal da derivada segunda da func~ao g no ponto xo = 0.
A gura abaixo ilustra o que ocorreu em cada um dos casos acima.
ou seja, a func~ao
.
g = f ◦ ϕ,
590 ^
APENDICE ^
I. POLINOMIO DE TAYLOR
ϕ(t)(x(t) , y(t))
.
= (xo + t h , yo + t k) , para t ∈ [0 , 1] . (I.12)
Notemos que imagem da func~ao ϕ e o segmento de reta que une o ponto (xo , yo ) ao ponto
(xo + h , yo + k)) (veja a gura acima).
Como a func~ao ϕ e de classe C∞ em [0 , 1], segue que a func~ao g sera uma func~ao de classe
Cn+1 em [0 , 1] (pois ela
e a composta da func~ao f com a func~ao ϕ).
Podemos assim aplicar o Teorema de Taylor visto na disciplina de Calculo I (isto e, o
Teorema I.1.1) para a func~ao g e obter a formula de Taylor para a func~ao g, com
.
a=0 e b = 1.
Notemos que
∂f dx ∂f dy
g 0 (t) =
[ϕ(t)] (t) + [ϕ(t)] (t)
∂x dt ∂y dt
∂f ∂f
= [(x(t), y(t))]h + [(x(t), y(t))]k, (I.14)
∂x ∂y
" # " #
00 ∂2 f dx ∂2 f dy ∂2 f dx ∂2 f dy
g (t) = [ϕ(t)] (t) + [ϕ(t)] (t) h + [ϕ(t)] (t) + 2 [ϕ(t)] (t) k
∂x2 dt ∂y ∂x dt ∂x ∂y dt ∂y dt
" # " #
∂2 f ∂2 f ∂2 f ∂2 f
= [ϕ(t)] h + [ϕ(t)] k h + [ϕ(t)] h + 2 [ϕ(t)] k k
∂x2 ∂y ∂x ∂x ∂y ∂y
fxy
Teorema de Schwarz
= fyx ∂2 f ∂2 f ∂2 f
= 2
[(x(t) , y(t))] h2
+ 2 (x(t) , y(t)] k h + 2
[(x(t) , y(t)] k2 (I.15)
∂x ∂y ∂x ∂y
I.2. FORMULA ^
E POLINOMIO DE TAYLOR PARA FUNC ~
OES
DE DUAS VARIAVEIS 591
" #
000 ∂3 f dx ∂3 f dy
g (t) = 3
[ϕ(t)] (t) + 2
[ϕ(t)] (t) h2
∂x dt ∂y ∂x dt
" #
∂3 f dx ∂3 f dy
+2 [ϕ(t)] (t) + 2 [ϕ(t)] (t) k h
∂x ∂y ∂x dt ∂y ∂x dt
" #
∂3 f dx ∂3 f dy
+ [ϕ(t)] (t) + 3 [ϕ(t)] (t) k2
∂x ∂y2 dt ∂y dt
" #
∂3 f ∂3 f
= [ϕ(t)] h + [ϕ(t)] k h2
∂x3 ∂y ∂x2
" #
∂3 f ∂3 f
+2 [ϕ(t)] h + 2 [ϕ(t)] k k h
∂x ∂y ∂x ∂y ∂x
" #
∂3 f ∂3 f
+ [ϕ(t)] h + 3 [ϕ(t)]k k2
∂x ∂y2 ∂y
fxyy
Teorema de Schwarz
= fyyx , fxyx = = ∂3 f
Teorema de Schwarz
xxy 3 ∂3 f
= [ϕ(t)] h + 3 [ϕ(t)] h2 k
∂x3 ∂y ∂x2
∂3 f ∂3 f
+ 3 2 [ϕ(t)] h k2 + 3 [ϕ(t)] k3 ,
∂y ∂x ∂y
..
.
gk (t) = · · · ,
para k ∈ {3 , 4 , · · · , n + 1}.
Fazendo-se t = 0 nas express~oes acima, obtemos (lembremos que ϕ(0) = Po ):
∂f ∂f
g 0 (0) = (Po ) h + (Po ) k ,
∂x ∂y
∂2 f ∂2 f ∂2 f
g 00 (0) = 2 (Po ) h2 + 2 (Po ) h k + 2 (Po ) k2 ,
∂x ∂x ∂y ∂y
3
∂ f 3
∂ f ∂3 f ∂3 f
g 000 (0) = 3 (Po ) h3 + 3 2 (Po ) h2 k + 3 2
(Po ) h k2
+ 3
(Po ) k3 , (I.16)
∂x ∂x ∂y ∂x ∂y ∂y
em geral teremos:
X
n
n ∂n f
g(n) (0) = (Po ) hn−j kj
j ∂xn−j ∂yj
j=0
X
n+1
n+1
∂n+1 f
g (n+1)
(c) = (xo + c h , yo + c k) hn+1−j kj , (I.17)
j ∂xn+1−j ∂yj
j=0
(I.11)
f(xo + h, yo + k) = g(1)
(I.9) g 00 (0) 2 g(n) (0) 3 g(n+1) (c) n+1
= g(0) + g 0 (0) · 1 + · 1 + ··· + ·1 + ·1
2! 3! (n + 1)!
(I.16) e (I.17)
∂f ∂f
= f(xo , yo ) + (xo , yo ) h + (xo , yo ) k +
∂x ∂y
!
1 ∂2 f ∂ 2
f ∂ 2
f
+ (xo , yo ) h2 + 2 (xo , yo ) h k + 2 (xo , yo ) k2
2! ∂x2 ∂x ∂y ∂y
1 X n
n
∂n f
+ ··· + (xo , yo ) hn−j kj + Rn+1 (h , k) (I.18)
n! j ∂xn−j ∂yj
j=0
onde
. 1 X
n+1
n+1
∂n+1 f
Rn+1 (h , k) = n+1−j
(x + c h , yo + c k) hn+1−j kj ,
j o
(I.19)
(n + 1)! j ∂x ∂y
j=0
∂n+1 f ∂n+1 f
lim (xo + c h , y o + c k) = (xo , yo ) , (I.20)
(h ,k)→(0 ,0) ∂xn+1−j ∂yj ∂xn+1−j ∂yj
∂n+1 f
pois a func~ao f e de classe Cn+1 no conjunto A (logo a func~ao sera uma func~ao
∂xn+1−j ∂yj
contnua em (xo , yo )) e c ∈ (0 , 1).
Alem do mais, para j ∈ {0 , 1 , · · · , n}, teremos
|hn+1−j kj | hn+1−j kj
= n
k(h , k)kn 2 2
h + k2
|h|n+1−j |k|j
= n−j j
2 2
h2 + k2 h2 + k2
h2 +k2 ≥h2 , k2 |h|n+1−j |k|j
≤ n−j j
2 2
h2 k2
|h|n+1−j |k|j
=
|h|n−j |k|j
= |h|. (I.21)
teremos:
|hn+1−j kj | hn+1−j kj
=
k(h , k)kn n
2 2
h + k2
n+1=j |k|n+1
= n
2
h2 + k2
h2 +k2 ≥k2 |k|n+1
≤ n
2
k2
= |k|. (I.22)
j ∈ {0, · · · , n + 1} ,
teremos:
hn+1−j kj
lim n = 0 . (I.23)
(h ,k)→(0 ,0) 2
h2 + k2
Combinando as identidades (I.20) e (I.23), teremos que Rn+1 (h , k), ira satisfazer
1 X
n+1
n+1
∂n+1 f
n+1−j
(x + ch, yo + ck) hn+1−j kj
j o
Rn+1 (h , k) (I.19) (n + 1)! j ∂x ∂y
j=0
lim = lim n
(h ,k)→(0 ,0) k(h , k)k
(h,k)→(0,0) 2
| {z } h2 + k2
n
=(h2 +k2 ) 2
X
n+1 " #
1 n+1 ∂n+1 f hn+1−j kj
= lim (xo + c h , y o + c k) lim n
(n + 1)! j (h ,k)→(0 ,0) ∂xn+1−j ∂yj (h,k)→(0,0) (h2 + k2 ) 2
j=0
| {z }| {z }
(I.20) (I.23)
∂n+1 f = 0
= (xo ,yo )
∂xn+1−j ∂yj
1 X
n+1
n+1
∂n+1 f
= (xo , yo ) · 0
(n + 1)! j
j=0
∂xn+1−j ∂yj
= 0.
Portanto
Rn+1 (h , k)
lim n = 0.
(h ,k)→(0 ,0) k(h , k)k
na express~ao (I.18), denimos o polinômio de Taylor de grau (no máximo) n, associado à função f no pont
como sendo o polin^omio pn (nas duas variaveis x e y)) dado por:
. ∂f ∂f
pn (x , y) = f(xo , yo ) + (xo , yo ) (x − xo ) + (xo , yo ) (y − yo )
∂x ∂y
!
1 ∂2 f ∂ 2
f ∂2
f
+ (xo , yo ) (x − xo )2 + 2 (xo , yo )(x − xo ) (y − yo ) + 2 (xo , yo ) (y − yo )2
2! ∂x2 ∂x ∂y ∂y
1 X n
n
∂n f
+ ··· + (xo , yo ) (x − xo )n−j (y − yo )j , (I.24)
n! j ∂xn−j ∂yj
j=0
. 1 X
n+1
n+1
∂n+1 f
Rn+1 (h , k) = (xo + c h , yo + c k) hn+1−j kj , (I.25)
(n + 1)!
j=0
j ∂xn+1−j ∂yj
2. Note que o polin^omio de Taylor de ordem um, associado a func~ao f, no ponto Po = (xo , yo ),
( (I.24) com n = 1) sera dado por:
∂f ∂f
p1 (x , y) = f(Po ) + (Po ) (x − xo ) + (Po ) (y − yo ) (I.26)
∂x ∂y
cuja representac~ao geometrica do graco e o plano tangente a representac~ao geometrica
do graco da func~ao f no ponto Po = (xo , yo ).
3. Ja o polin^omio de Taylor de ordem dois, associado a func~ao f, no ponto Po = (xo , yo ),
( (I.24) com n = 2) sera dado por:
∂f ∂f
p2 (x , y) = f(Po ) + (Po ) (x − xo ) + (Po ) (y − yo )
∂x ∂y
!
1 ∂2 f ∂2 f ∂2 f
+ (Po ) (x − xo )2
+ 2 (P o ) (x − x o ) (y − y o ) + (Po ) (y − yo )2 (I.27)
2! ∂x2 ∂x ∂y ∂y2
que sera uma quadrica, cuja representac~ao geometrica do seu graco, melhor aproxima
(entre todas as quadricas) a representac~ao geometica graco da func~ao f, perto do ponto
Po = (xo , yo ).
4. Nos exemplos que seguem, procuraremos identicar o comportamento da func~ao proximo
ao ponto Po = (xo , yo ), analisando a representac~ao geometrica do graco do seu polin^omio
de Taylor de ordem 2, associado a func~ao f, no ponto Po = (xo , yo ).
Comecaremos pelo:
I.2. FORMULA ^
E POLINOMIO DE TAYLOR PARA FUNC ~
OES
DE DUAS VARIAVEIS 595
p2 (x , y) ,
Resolução:
A func~ao acima e claramente de classe C∞ em R2 .
A vericac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
Logo podemos considerar o polin^omio de Taylor de qualquer ordem associado a func~ao f em
qualquer ponto de R2 .
Em particular, consideraremos o polin^omio de Taylor de ordem dois associado a func~ao f no ponto
Po = (xo , yo ) = (0 , 0) . (I.29)
Para isto precisaremos calcular todas as derivadas parciais da func~ao f, ate a segunda ordem, no
ponto (I.29) .
Podemos fazer isto olhando a tabela abaixo (veja (I.28)):
(x , y) calculado em Po
f x sen(y) 0
∂f
sen(y) 0
∂x
∂f
x cos (y) 0
∂y
∂2 f
0 0
∂x2
∂2 f
cos (y) 1
∂x ∂y
∂2 f
−x sen(y) 0
∂y2
596 ^
APENDICE ^
I. POLINOMIO DE TAYLOR
completando a resoluc~ao.
2
isto e, a func~ao polinomial p2 , dada por (I.27), onde a func~ao f : R2 → R e dada por
.
f(x , y) = x sen(x) + y sen(y) , para cada (x , y) ∈ R2 . (I.31)
Resolução:
Como no Exemplo I.2.1 acima, temos que a func~ao acima e de classe C∞ em R2 .
A vericac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
Logo podemos considerar o polin^omio de Taylor de qualquer ordem, associado a func~ao f, em
qualquer ponto de R2 .
I.2. FORMULA ^
E POLINOMIO DE TAYLOR PARA FUNC ~
OES
DE DUAS VARIAVEIS 597
(x , y) calculado em Po
f x sen(x) + y sen(y) 0
∂f
sen(x) + x cos(x) 0
∂x
∂f
sen(y) + y cos(y) 0
∂y
∂2 f
2 cos(x) − x sen(x) 2
∂x2
∂2 f
0 0
∂x ∂y
∂2 f
2 cos(y) − y sen(y) 2
∂y2
Assim,
(I.27) ∂f ∂f
p2 (x , y) = f(Po ) + (Po )(x − xo ) + (Po )(y − yo )
∂x ∂y
1 ∂2 f ∂2 f ∂2 f
2 2
+ (Po )(x − xo ) + 2 (Po )(x − xo )(y − yo ) + 2 (Po )(y − yo )
2! ∂x2 ∂x ∂y ∂y
tabela acima 1
= 2 x2 + 2 y2
2
= x2 + y2 , para cada (x , y) ∈ R2 , (I.33)
completando a resoluc~ao.
2
Observação I.2.4 Notemos que a representac~
ao geometrica do graco da func~ao polinomial
p2 (dada por (I.33))
e um paraboloide de revoluc~ao (como visto na disciplina de Geometria
Analtica).
As guras abaixo representam aa representac~oes geometricas dos gracos das func~oes f e
p2 , respectivamente.
598 ^
APENDICE ^
I. POLINOMIO DE TAYLOR
A seguir temos o:
Exercı́cio I.2.1 Encontre o polin^omio de Taylor de ordem dois (sto e, a func~ao polinomial p2 ,
dada por (I.27)), associado a func~ao f : R2 → R dada por
.
f(x , y) = sen x4 + y4 , para cada (x , y) ∈ R2 , (I.34)
.
Po = (xo , yo ) = (0 , 0) .
Resolução:
Notemos que a func~ao f, dada por (I.34), e de classe C∞ em R2 .
A vericac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
Logo podemos considerar o polin^omio de Taylor, de qualquer ordem, associado a func~ao f, em
qualquer ponto de R2 .
Em particular, consideraremos o polin^omio de Taylor de ordem dois associado a func~ao f no ponto
Po = (xo , yo ) = (0 , 0) . (I.35)
Para isto precisamos calcular todas as derivadas parciais da func~ao f, ate a segunda ordem, no
ponto Po (dado por (I.35)), que s~ao dadas na tabela abaixo:
I.2. FORMULA ^
E POLINOMIO DE TAYLOR PARA FUNC ~
OES
DE DUAS VARIAVEIS 599
(x , y) calculado em Po
f sen x4 + y4 0
∂f
4 x3 cos x4 + y4 0
∂x
∂f
4 y3 cos x4 + y4 0
∂y
∂2 f
12 x2 cos x4 + y4 − 16 x6 sen x4 + y4 0
∂x2
∂2 f
−16 x3 y3 sen x4 + y4 0
∂x ∂y
∂2 f
12 y2 cos x4 + y4 − 16 y6 sen x4 + y4 0
∂y2
Assim,
(I.27) ∂f ∂f
p2 (x , y) = f(Po ) + (Po )(x − xo ) + (Po )(y − yo )
∂x ∂y
1 ∂2 f ∂2 f ∂2 f
2 2
+ (Po )(x − xo ) + 2 (Po )(x − xo )(y − yo ) + 2 (Po )(y − yo )
2! ∂x2 ∂x ∂y ∂y
tabela acima
= 0, (I.36)
completando a resoluc~ao.
2
1. Notemos que existem func~oes de classe C∞ que não são identicamente nulas tais que
todos os polin^
omios de Taylor (de qualquer ordem) associados a func~ao, em um determi-
nado ponto (isto e, as func~oes polinomiais pn ) s~ao identicamente nulos.
Um exemplo da situac~ao acima e dado pela func~ao f : R2 → R dada por
1
− 2 2
f(x, y) = e x + y , para (x , y) 6= 0 . (I.37)
0, para (x , y) = 0
para cada m , n ∈ {0 , 1 , 2 , · · · }.
A vericaca~o deste fato sera deixada como exerccio para o leitor.
Deste modo o polin^omio de Taylor, associado a func~ao f no ponto (0 , 0), de qualquer
ordem, sera identicamente nulo , isto e,
pn (x , y) = 0 , para cada (x , y) ∈ R2 ,
mas a func~ao f, dada por (I.37), não e identicamente nula.
Na verdade ela so se anula em (0 , 0).
2. De modo semelhante ao desenvolvido acima podemos obter a formula de Taylor para uma
func~ao a valores reais, de n-variaveis reais e assim denirmos o polin^omio de Taylor e
o resto de Taylor da mesma.
Deixaremos como exerccio para o leitor este desenvolvimento.
Apêndice J
Tratamos, supercialmente, na Observac~ao H.3.5, quest~oes relacionados com funco~es a valores
vetoriais, de varias variaveis reais.
Neste captulo faremos um estudo mais aprofundado de tal situac~ao.
Observação J.1.1Notemos que, a Denic~ao J.1.1, nos diz que uma transformac~ao entre espacos
euclidianos nada mais e que uma func~ao de varias variaveis reais, a valores vetoriais.
Podemos denira a soma e multiplicac~ao por um escalar de transformaco~es, como nos diz a:
601
602 ^
APENDICE J. TRANSFORMAC ~
OES
Temos tambem a:
satisfazendo P 6= Q ,
teremos: T (P) 6= T (Q) , (J.5)
ou ainda, se T (P) = T (Q) ,
deveremos ter: P = Q. (J.6)
para cada Q ∈ Rm ,
podemos encontrar P ∈ A,
de modo que t(P) = Q , (J.7)
ou seja, t(A) = R , m
(J.8)
onde
.
T (A) = {S(P) ; PA} , (J.9)
ou seja, o conjunto imagem da transformac~ao t.
A transformac~ao T : A ⊆ Rn → Rm dita bijetora se for uma transformac~ao injetora e
sobrejetora.
T (A) ⊆ B . (J.10)
Como isto podemos denir a transformac~ao inversa (quando existir), isto e,
J.1. DEFINIC ~
OES E PROPRIEDADES 603
Proposição J.1.3 Uma transformac~ao e invertvel se, e somente se, for uma transformac~ao
bijetora, isto e, for injetora e sobrejetora.
Demonstração:
A demonstrac~ao sera deixada como exerccio para o leitor.
2
Podemos agora introduzir a:
se P∈A
satisfaz kP − Po kRn < δ ,
deveremos ter kT (P) − T (Po )kRm < ε . (J.17)
Vimos, na Proposic~ao 7.2.2, que, para cada j ∈ {1 , 2 , · · · , m}, a func~ao πj e uma func~ao contnua
em Rn .
Notemos que, para cada j ∈ {1 , 2 , · · · , m}, temos que
Tj = πj ◦ T
J.1. DEFINIC ~
OES E PROPRIEDADES 605
e portanto, pela Proposic~ao (J.1.5), segue-se que a transformac~ao Tj sera uma func~ao contnua no
ponto Po .
Reciprocamente, suponhamos agora que, para cada j ∈ {1 , 2 , · · · , m}, a func~ao Tj : A ⊆ Rn → R,
seja uma func~ao contnua no ponto Po .
Logo, dado ε > 0, podemos encontrar δj > 0, de modo
se p∈A
satisfaz kP − Po kRn < δj ,
ε
teremos kTj (P) − Tj (Po )kRm < √ ,
m
v
uX
um ε
ou seja, t [Tj (P) − Tj (Po )]2 < √ . (J.18)
m
j=1
Consideremos
.
δ = min{δ1 , δ2 , · · · , δm } . (J.19)
Logo, se P ∈ A, satisfaz
kP − Po kRn < δ
(J.19)
< δj , para cada j ∈ {1 , 2 , · · · , m} ,
teremos:
v
uX
um
kT (P) − T (Po )kRm = t [Tj (P) − Tj (Po )]2
j=1
v
(J.18) uX
u m 2
ε
< t √
m
j=1
uX
v
m
u ε2
=u
u j=1 m
u
t| {z }
m ε2
m
= ε,
T (A) ⊆ B e Po ∈ A .
Demonstração:
606 ^
APENDICE J. TRANSFORMAC ~
OES
Como a transformac~ao S e contnua no ponto T (Po ), dado ε > 0, podemos encontrar δ1 > 0, de
modo que
se Q∈B
satisfaz kQ − T (Po )kRm < δ1 ,
teremos: kS(Q) − S[T (Po )]kRp < ε . (J.20)
.
Como a transformac~ao T e contnua no ponto Po , podemos encontrar δ > 0 (tomando-se ε = δ1 na
Denic~ao da continuidade para a transformac~ao T no ponto Po ), de modo que
se P∈
satisfaz kP − Po kRn < δ ,
deveremos ter: kT (P) − T (Po )kRm < δ1 . (J.21)
kP − Po kRn < δ ,
teremos, por (J.21), que kT (P) − T (Po )kRm < δ1 .
Observação J.1.3
1. Observemos que ∂T
1 ∂T1
(Po ) ··· (Po )
∂x1 ∂xn
.. ... .. h1
. . ...
JT (Po ) ~h = (J.24)
,
hn
∂T ∂Tm
m
(Po ) · · · (Po )
∂x1 ∂xn
ou seja, o produto de duas matrizes, onde o vetor
.
~h = (h1 , h2 , · · · , hn ) ,
608 ^
APENDICE J. TRANSFORMAC ~
OES
esta sendo visto em termos da matriz de suas coordenadas em relac~ao a base can^onica
.
B = {~e1 , ~e2 , · · · , ~en } do Rn , ou seja, como
h1
..
h i
~h =
B
. .
hn
2. Se
m = 1,
isto e, se T : A ⊆ Rn → R e diferenciavel em Po ∈ A, ent~ao, de (J.23), teremos:
JT (Po ) = ∇T (Po ) , (J.25)
onde o vetor gradiente ∇T (Po ), esta sendo interpretado como a matriz linha
∂T ∂T
∇T (Po ) = (Po ) · · · (Po ) , (J.26)
∂x1 ∂xn
ou seja, identicamos o vetor gradiente ∇T (Po ) com a sua matriz das coordenadas em
relac~ao a base can^onica B, do Rn .
Com isto temos a:
Definição J.1.9 Na situac~ao acima, suponhamos que
m = n.
Demonstração:
A demonstrac~ao deste resultado sera deixada como exerccio para o leitor.
2
Temos tambem o:
Teorema J.1.1 (regra da cadeia para transformações) Sejam A, B subconjuntos aberto, n~ ao
vazio, de R e R , respectivamente e as transformac~oes T : A ⊆ R → R , S : B ⊆ R → Rp ,
n m n m m
Observação J.1.5
ou seja, a matriz JT (Po ) sera uma matriz inversvel e sua matriz inversa sera a matriz
JT −1 [T (Po )].
Portanto temos a seguinte relac~ao:
JT −1 [T (Po )] = [JT (Po )]−1 , (J.31)
S10 (to )
(J.23)
JS (to ) = S20 (to )
S30 (to )
1
(J.35)
= 1 ∈ M3×1 (R) (J.36)
eto
J.1. DEFINIC ~
OES E PROPRIEDADES 611
Como
(S ◦ T )(x , y) = S[T (x , y)]
(C.35)
= S x2 + y2
(C.35)
para cada (x , y) ∈ R2
2 2
= x2 + y2 , x2 + y2 , ex +y ,
para cada (x , y) ∈ R2 .
Logo a matriz jacobiana associada a transformac~ao (S ◦ T ), no ponto Po = (xo , yo ), sera dada por:
∂(S ◦ T )1 ∂(S ◦ T )1
∂x (xo , yo ) ∂y
(xo , yo )
(J.23) ∂(S ◦ T )2 ∂(S ◦ T )2
J(S◦T ) (xo , yo ) = (xo , yo ) (xo , yo )
∂x ∂y
∂(S ◦ T )3 ∂(S ◦ T )3
(xo , yo ) (xo , yo )
∂x ∂y
2 xo 2 yo
(J.39)
= 2 xo 2 yo ∈ M3×2 (R) .
(J.40)
x2 +y2 x2 +y2
2 xo e o o 2 yo e o o
que foi o mesmo obtido, por via direta (isto e, e igual a (J.40)), completando a resoluc~ao.
2
Para nalizar temos a:
612 ^
APENDICE J. TRANSFORMAC ~
OES
Resolução:
Geometricamente temos a seguinte situac~ao:
Observemos que cada uma das funco~es coordenadas associadas a transformac~ao T (dada por (J.45)),
a saber, as funco~es T1 , T2 : A → R, dadas por:
. .
T1 (r , θ) = r cos(θ) e T2 (r , θ) = r sen(θ) , para cada (r, θ) ∈ A , (J.46)
e assim teremos:
(J.50)
x2 + y2 = [ro cos(θ)]2 + [ro sen(θ)]2
h i
= ro2 cos2 (θ) + sen2 (θ)
| {z }
=1
= ro2 ,
pela transformac~ao T sera uma semi-reta com origem em (0 , 0) e direc~ao do vetor (n~ao
nulo)
.
~u = (cos(θo ) , sen(θo )) . (J.51)
De fato, pois
(J.45)
T (r , θo ) = (r cos(θo ) , r sen(θo ))
= r (cos(θo ) , sen(θo ))
(J.51)
= r · ~u , para cada r ∈ (0 , ∞),
onde
q
.
r= x2 + y2 , (J.53)
y
arctg , para x 6= 0,
x
π
.
θ= , para x = 0 e y > 0 . (J.54)
2
3π
, para x = 0 e y < 0
2
Deixaremos como exerccio para o leitor a vericac~ao que, de fato, a transformac~ao T −1 ,
dada por (J.52), e a transformac~ao inversa associada a transformac~ao T , isto e, que
para cada (r , θ) ∈ (0 , ∞) × [0 , 2 π)
T −1 [T (r , θ)] = (r , θ) ,
T [T (x , y)] = (x , y) , para cada (x , y) ∈ R2 \ {(0 , 0)} .
−1
6. Em resumo, com o Exemplo J.2.1 acima, podemos representar pontos do plano R2 de dois
modos diferentes, a saber:
A transformac~ao que relaciona esses dois modos de representar pontos de R2 \ {(0 , 0)} e
dada pela transformac~ao
T : A → B,
dada por (J.45), que no caso, leva as coordenadas polares de um ponto do plano menos
a origem, e leva nas suas respectivas coordenadas cartesianas.
Um outro exemplo importante e:
Exemplo J.2.2 (mudança de variáveis para coordenadas cilı́ndricas)
Sejam
.
A = {(r , θ , z) ; r ∈ (0 , ∞) , θ ∈ [0 , 2 π) e z ∈ R} ⊆ R3 (J.55)
.
B = R3 \ {(0 , 0 , z) ; z ∈ R} . (J.56)
e consideremos a transformac~ao T : A → B, dada por dada por:
.
T (r , θ , z) = (r cos(θ) , r sen(θ) , z) , para cada (r , θ , z) ∈ A . (J.57)
Mostre que a transformac~ao T e diferenciavel em A e bijetora.
Encontre a matriz jacobiana e o jacobiano da transformac~ao T em (r , θ , z) ∈ A.
Resolução:
Notemos que a transformac~ao T , dada por (J.57), e uma transformac~ao diferenciavel em A, pois
suas funco~es componentes, T1 , T2 , T3 : A → R, dadas por:
. . .
T1 (r , θ , z) = r cos(θ) , T2 (r , θ , z) = r sen(θ) , T3 (r , θ , z) = z , para cada (r, θ, z) ∈ A , (J.58)
s~ao funco~es diferenciaveis em A
Deixaremos a vericac~ao destes fatos como exerccio para o leitor.
Logo, da Proposic~ao J.1.7, segue que a transformac~ao T sera diferenciavel no conjunto A.
Alem disso, para cada (r , θ , z) ∈ A, teremos:
∂T1 (J.58) ∂T1 (J.58) ∂T1 (J.58)
(r , θ , z) = cos(θ) , (r , θ , z) = −r sen(θ) , (r , θ , z) = 0 ,
∂r ∂θ ∂z
∂T2 (J.58) ∂T2 (J.58) ∂T2 (J.58)
(r , θ , z) = sen(θ) , (r, θ, z) = r cos(θ) , (r , θ , z) = 0 ,
∂r ∂θ ∂z
∂T3 (J.58) ∂T3 (J.58) ∂T3 (J.58)
(r , θ , z) = 0 , (r , θ , z) = 0 , (r , θ , z) = 1 , (J.59)
∂r ∂θ ∂z
J.2. EXEMPLOS IMPORTANTES 617
cujo determinante, isto e, o jacobiano da transformac~ao T , no ponto (r , θ , z) ∈ A, sera dado por:
jT (r , θ , z) = |JT (r , θ , z)|
cos(θ) −r sen(θ) 0
= sen(θ) r cos(θ) 0
0 0 1
h i
= r cos2 (θ) + 0 + 0 − 0 − 0 − −r sen2 (θ)
= r,
isto e,
jT (r, θ, z) = det [JT (r, θ, z)]
=r
(J.55)
6= 0 , para cada (r , θ , z) ∈ A . (J.61)
Em particular, o jacobiano da transformac~ao T , dada por (J.57), no ponto (r , θ , z) ∈ A, não
depende de θ ∈ [0 , 2 π) ou de z ∈ R.
A vericac~ao que a transformac~ao T , dada por (J.57), e bijetora sera deixada como exerccio para
o leitor.
2
Temos as seguintes consideraco~es sobre a transformac~ao T , dada por (J.57), acima:
Observação J.2.2
1. Notemos que, para cada
ro ∈ (0 , , ∞)
xado, a transformac~ao T , dada por (J.57), leva a "fatia" ilimitada do R3 ,
{ro } × [0 , 2 π) × R ,
no cilindro
(x , y , z) ∈ R3 ; x2 + y2 = ro2 . (J.62)
(J.63)
x2 + y2 = [ro cos(θ)]2 + [ro sen(θ)]2
h i
= ro2 cos2 (θ) + sen2 (θ)
| {z }
=1
= ro2 ,
2. Para cada
θo ∈ [0 , 2 π)
xado, a transformac~ao T , dada por (J.57), leva a "fatia" do R3 ,
[0 , ∞) × {θo } × R ,
no semi-plano
(x , y , z) ∈ R3 ; sen(θo ) x − cos(θo ) y = 0 e x cos(θo ) + y sen(θo ) > 0 . (J.64)
Assim
(J.65)
sen(θo ) x − cos(θo ) y = sen(θo ) [r cos(θo )] − cos(θo ) [r sen(θo )]
= 0,
(J.65)
x cos(θo ) + y sen(θo ) = [r cos(θo )] cos(θo ) + [r sen(θo )] sen(θo )
h i
= r cos2 (θo ) + sen2 (θo )
= r > 0,
3. Para cada
zo ∈ R
xado, a transformac~ao T , dada por (J.57), leva a "faixa" do plano z = zo , menos o ponto
a r =. 0), isto e, o conjunto
(0 , 0 , zo ) (que corresponderia
Logo
(x , y) = (r cos(θ) , r sen(θ))
6= (0 , 0)
onde
q
.
r= x2 + y2 ,
y
arctg , x 6= 0,
x
π
.
θ= , x=0 e y>0 . (J.67)
2
3π
, x=0 e y<0
2
5. Em resumo, com o Exemplo J.2.2 acima, nos diz que podemos representar pontos do espaco
R3 de dois modos diferentes, a saber, utilizando coordenadas cilı́ndricas ou coorde-
nadas cartezianas.
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
6. A transformac~ao que relaciona esses dois modos de representar pontos de R3 \ {(0, 0, z)} e
dada pela transformac~ao T , dada por (J.57), que no caso, pega um ponto do espaco dado
em coordenadas carte- sianas e leva nas suas coordenadas cilı́ndricas.
J.2. EXEMPLOS IMPORTANTES 621
cujo determinante, isto e, o jacobiano da transformac~ao T , dada por (J.70), no ponto (ρ , θ , ϕ) ∈ A,
sera:
(J.73)
det [JT (ρ, θ, ϕ)] = sen(ϕ) cos(θ) ρ sen(ϕ) cos(θ) [−ρ sen(ϕ)]
− ρ sen(ϕ) sen(θ) ρ cos(ϕ) sen(θ) cos(ϕ)
− ρ sen(ϕ) (ρ sen2 (ϕ) cos2 (θ) + ρ sen2 (ϕ) sen2 (θ))
= −ρ2 cos2 (ϕ) sen(ϕ) − ρ2 sen3 (ϕ)
= −ρ2 sen(ϕ)
(J.68)
6= 0 , (J.74)
Ou seja, o jacobiano da transformac~ao T no ponto (ρ , θ , ϕ) ∈ A sera dado por
jT (ρ , θ , ϕ) = det [JT (ρ , θ , ϕ)]
= −ρ2 sen(ϕ) . (J.75)
Em particular, o jacobiano da transformac~ao T , dada por (J.70), no ponto (r , θ , θ) ∈ A, não
depende de θ ∈ [0 , 2 π).
A vericac~ao que a transformac~ao T , dada por (J.70), e bijetora sera deixada como exerccio para
o leitor.
2
Temos as seguintes consideraco~es sobre o Exemplo J.2.3:
Observação J.2.3 Vejamos agora como a transformac~ao T , dada por (J.70), age sobre certos
subconjuntos do espaco R3 .
1. Para isto usaremos a seguinte notac~ao para as func~oes coordenadas:
x = ρ cos(θ) sen(ϕ)
y = ρ sen(θ) sen(ϕ) (J.76)
z = ρ cos(ϕ).
Logo, de (J.76), segue que valem as relac~oes, cujas demonstrac~oes deixaremos como
exerccio para o leitor:
x2 + y2 + z2 = ρ2
. (J.77)
x2 + y2 = ρ2 sen2 ϕ
2. Para cada
ρo ∈ (0 , ∞)
xado, consideremos o conjunto
.
Aρo = {(ρ , θ , ϕ) ∈ A ; ρ = ρo } .
Neste caso a imagem deste conjunto pela transformac~ao T , dada por (J.70), sera o con-
junto:
(J.70)
T (Aρo ) = {(ρo cos(θ) sen(ϕ) , ρo sen(θ) sen(ϕ) , ρo cos(ϕ)) ; θ ∈ [0 , 2π] e ϕ ∈ [0 , π]} .
| {z } | {z } | {z }
.
=x
.
=y
.
=z
(J.78)
J.2. EXEMPLOS IMPORTANTES 623
sera levado, pela transformac~ao T , dada por (J.70), em uma esfera, centrada na origem e
de raio igual a ρo (veja (J.79)).
Na verdade, pode-se mostrar que a imagem e toda a esfera.
A vericac~ao deste fato sera deixada como exerccio para o leitor
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima.
3. Para cada
θo ∈ [0 , 2 π)
xado, consideremos
.
Aθo = {(ρ , θ , ϕ) ∈ A ; θ = θo } .
Neste caso, a imagem do conjunto acima pela aplicac~ao T , dada por (J.70), sera o seguinte
conjunto:
(J.70)
T (Aθo ) = {(ρ cos(θo ) sen(ϕ) , ρ sen(θo ) sen(ϕ) , ρ cos(ϕ)) ; ρ ∈ (0, ∞), ϕ ∈ [0, π]}. (J.80)
| {z } | {z } | {z }
.
=x
.
=y
.
=z
Notemos que
(J.80)
x sen(θo ) − y cos(θo ) = [ρ cos(θo ) sen(ϕ)] sen(θo ) − [ρ sen(θo ) sen(ϕ)] cos(θo )
= 0,
ou seja, sen(θo ) x − cos(θo ) y = 0 (J.81)
624 ^
APENDICE J. TRANSFORMAC ~
OES
que representa a equac~ao geral de um plano vertical (n~ao depende de z) e que contem o
eixo Oz.
Por outro lado, notemos que:
(J.80)
x cos(θo ) + y sen(θo ) = [ρ cos(θo ) sen(ϕ)] cos(θo ) + [ρ sen(θo ) sen(ϕ)] sen(θo )
= ρ cos2 (θo ) sen(ϕ) + ρ sen2 (θo ) sen(ϕ)
h i
= ρ cos2 (θo ) + sen2 (θo ) sen(ϕ)
| {z }
=1
= ρ sen(ϕ) ≥ 0 ,
pois
e ϕ ∈ [0 , π] ,
ρ ∈ (0 , ∞)
ou seja, a imagem de do conjunto Aθo , pela transformac~ao T , dada por (J.70), sera um
semi-plano, na verdade sera o semi-plano
T (Aθo ) = {(x , y , z) ; x sen(θo ) − y cos(θo ) = 0 e x cos(θo ) + y sen(θo ) ≥ 0} .
A gura abaixo ilustra a situac~ao descrita acima:
4. Para cada
ϕo ∈ [0 , π]
xado, consideremos
.
Aϕo = {(ρ , θ , ϕ) ∈ A ; ϕ = ϕo } .
Assim teremos:
(J.70)
T (Aϕo ) = {(ρ cos(θ) sen(ϕo ) , ρ sen(θ) sen(ϕo ) , ρ cos(ϕo )) ; ρ ∈ (0 , ∞) e θ ∈ [0 , 2 π]} .
| {z } | {z } | {z }
x =y =z
(J.82)
Neste caso teremos:
(J.82)
z2 = [ρ cos(ϕo )]2
= ρ2 cos2 (ϕo )
(J.77) x2 + y2
= cos2 (ϕo )
sen (ϕo )
2
= x + y2 cotg2 (ϕo ) .
2
(J.83)
J.2. EXEMPLOS IMPORTANTES 625
Logo, de (J.84), o sinal de z devera ser o mesmo de cos(ϕo ), que coincide com o sinal de
cotg(ϕo ), quando ϕo ∈ (0 , π) (pois neste caso teremos sen(ϕo ) > 0).
Logo a equac~ao (J.83), tornar-se-a
q
z = cotg(ϕo ) x2 + y2 , (J.85)
onde
. p 2
ρ =
x + y2 + z 2 ,
y
arctg , se x 6= 0,
x
π
, se x = 0 e y > 0
.
θ= 2 ,
3π , se x = 0 e y < 0 (J.86)
2
q
x 2
+ y 2
arctg , se z 6= 0 ,
.
ϕ = z
π , se
z=0
2
626 ^
APENDICE J. TRANSFORMAC ~
OES
A transformac~ao que relaciona esses dois modos de representar pontos de R3 \ {(0 , 0 , 0)} e
dada pela transformac~ao T , dada por (J.70), que no caso, pega um ponto do espaco dado
em coordenadas carte- sianas e leva nas suas coordenadas esféricas.
O exemplo a seguir nos mostrara como levar uma regi~ao do plano em um cilindro e este numa
esfera, preservando as correspondentes áreas.
Exemplo J.2.4 Consideremos os seguintes conjuntos:
.
A = {(x , y) ; x ∈ (0 , 2 π) e y ∈ (−1 , 1)}
= (0 , 2 π) × (−1 , 1) ⊆ R2 , (J.87)
.
B = (x , y , z) ; x2 + y2 = 1 , com z ∈ (−1 , 1) e (x , y) 6= (1 , 0) ⊆ R3 , (J.88)
.
C = (x , y , z) ; x2 + y2 + z2 = 1 , com z 6= −1 , z 6= 1 e x 6= 1 − z2 ⊆ R3 .
p
(J.89)
(veja a gura abaixo) e os dois polos norte e sul, que correspondem aos pontos
(0 , 0 , 1) e (0 , 0 , −1) ,
respectivamente.
Observação J.2.4
o segmento de reta
(0 , 2 π) × {yo } ,
o segmento de rata
{xo } × (−1 , 1) ,
Notemos que
R(u , v , w) ∈ B , para cada (u , v , w) ∈ C .
630 ^
APENDICE J. TRANSFORMAC ~
OES
De fato, pois
!2 !2
u v u2 + v2
+ =
1 − w2
p p
1 − w2 1 − w2
u2 +v2 =1−w2 1 − w2
=
1 − w2
=1
e − w ∈ [−1 , 1] ,
isto e, (veja (J.88)) R(u , v , w) ∈ B .
9. Baseado nestas observac~oes podemos concluir que regi~oes no globo terrestre C , "proximas"ao
polo norte (ou seja, o ponto (0 , 0 , 1) da esfera C ), ser~ao levadas pela transformac~ao G,
em regi~oes "proximas" a parte superior do mapa-mundi A, isto e, proximos do segmento
de reta
{(x , 1) ; x ∈ (0 , 2 π)} = (0 , 2 π) × {1} ,
J.2. EXEMPLOS IMPORTANTES 633
do conjunto A.
A gura abaixo ilustra situac~ao descrita acima.
10. E interessante notar a "distorc~ao" que ocorre neste caso, isto e, uma pequena calota ao
redor deste polo no globo terrestre C , corresponde, pela transformac~ao G, a uma faixa
extensa no mapa-mundi A.
Em particular, a transformac~ao H : A → C (e sua transformac~ao inversa G = H−1 : C → A)
não preserva comprimento.
A mesma analise e valida para o polo sul, isto e, perto do ponto (0 , 0 , 1) do globo terrestre
C.
Entretanto, a representac~ao e mais "el" (no sentido de preservar o tamanho entre regi~oes
correspondentes) quando as regi~oes, do globo terrestre C , encontram-se "mais proximas"
do equador do globo terrestre C .
11. Mais surpreendente ainda e o fato que em qualquer caso (regi~oes proximas aos polos, ou
ao equador no globo terrestre C ) as areas das regi~oes correspondentes, isto e, a area de
uma regi~ao
A1 ⊆ A
e a de sua imagem
G(A1 ) ⊆ C
s~ao iguais, ou seja, a transformac~ao H : A → C (e sua transformac~ao inversa G = H−1 :
C → A) preserva área.
Essa armac~ao, entretanto, so podera ser vericada quando estudarmos integrais de super-
rfı́cies (ser
a visto na disciplina de Calculo 3).
634 ^
APENDICE J. TRANSFORMAC ~
OES
12. Por ora, podemos vericar que a area do ret^angulo A e da esfera C , s~ao iguais a
4π.
Apêndice K
Neste ap^endice trataremos do problema de classicar os pontos crticos de uma func~ao f ∈
C2 (A ; R), onde A ⊆ Rn , para n ∈ {2 , 3 , 4 , · · · }.
635
636 ^
APENDICE
K. MAXIMOS E MINIMOS LOCAIS UTILIZANDO AUTOVALORES
Observação K.1.1
1. Observemos que λ ∈ C e autovalor da matriz A ∈ Mn (R) se, e somente se, existe uma
matriz coluna v ∈ Mn×1 (R), n~ao nula, tal que
Av = λv,
ou seja, Av − λv = 0,
ou ainda, (A − λ In ) v = 0 , (K.2)
pois matriz quadrada n~ao e inversvel se, e somente se, seu determinante e igual a zero.
Vale observar que pA , dada por (K.3), e um polin^omio de grau n.
Deixaremos a vericac~ao deste fato como exerccio para o leitor.
2. Logo
λo ∈ C e autovalor associado a matriz A
se, e somente se, λo ∈ C e raiz do polin^omio pA ,
isto e, pA (λo ) = 0 . (K.4)
Observação K.1.2
K.1. CASO GERAL: AUTOVALORES DA MATRIZ HESSIANA 637
Logo
λ=2
sera a (unica) soluc~ao da equac~ao caracterstica (K.8) (com multiplicidade algebrica igual a 2), ou
seja, a matriz quadrada A tem dois autovalores (reais) iguais, a saber,
.
λ1 = λ2 = 2 . (K.10)
A v = λ1 v .
λ1 = λ2 = 2 .
λ1 = λ2 = 2 .
nalizando a resoluc~ao.
2
Observação K.1.3
2. Neste caso temos que as matrizes colunas v1 e v2 , dados por (K.12) e (K.13), respectiva-
mente, s~ao dois auto-vetores associados a matriz A e eles s~ao L.I. no espaco vetorial real
M2×1 (R) (munido das operac~ oes usuais de soma de matrizes e multiplicac~ao de numero
real por matriz).
3. Da disciplina de Algebra Linear sabemos que a dimens~ao do espaco vetorial real M2×1 (R)
e igual a 2.
Logo, deste fato, e do fato que o conjunto
{v1 , v2 } (K.14)
e L.I. no espaco vetorial real M2×1 (R), segue que o conjunto (K.11) sera uma base para
no espaco vetorial real M2×1 (R).
4. Notemos tambem que a base (K.14) e uma base ortonormal do espaco vetorial real M2×1 (R),
munido do produto interno usual.
De fato, pois os vetores v1 e v2 s~ao ortogonais e unitarios, segundo o produto interno usual
do espaco vetorial real M2×1 (R).
5. Conclusão: no Exemplo (K.1.1) acima, obtivemos uma base de do espaco vetorial real
M2×1 (R), formada por auto-vetores associados
a matriz A, a saber,
{v1 , v2 }
e uma base do espaco vetorial real M2×1 (R), formada por auto-vetores associados a matriz
A.
7. Vale observar que os autovalores associados a matriz A do Exemplo (K.1.1) acima, a saber,
λ1 = λ2 = 2 ,
onde
aii ∈ R , para cada i ∈ {1 , 2 , · · · , n} .
Assim a polin^omio caracterstico associado a uma matriz do tipo D acima, tera a seguinte
forma:
(K.5)
pA (λ) = |A − λ In |
a − λ
11 0 ··· 0
0 a22 − λ ··· 0
=
··· ··· ··· ···
0 0 ··· ann − λ
= (a11 − λ) (a22 − λ) · · · (ann − λ) . (K.16)
Logo os seus autovalores (que s~ao as razes do polin^omio caracterstico pA ) ser~ao dados
por
. . .
λ1 = a11 , λ2 = a22 , ··· , λn = ann . (K.17)
Logo os seus autovalores (que s~ao as razes do polin^omio caracterstico pA ) ser~ao dados
por:
. . .
λ1 = a11 λ2 = a22 ··· , λn = ann , (K.20)
como armamos acima.
Em particular, todos ser~ao numeros reais.
9. A matriz do Exemplo K.1.1 e uma matriz simétrica, isto e,
At = A , (K.21)
onde At denota a matriz transposta da matriz A.
10. Vale observar que os autovalores da matriz quadrada A do Exemplo K.1.1 s~ao todos
numeros reais e, alem disso, o espaco vetorial real M2×1 (R) possui uma base ortonor-
mal formada por auto-vetores associados a matriz A (veja o item 5. desta Observac~ao).
Na verdade vale um resultado mais geral, a saber: quadrada de ordem n, A, e uma matriz
simetrica ent~ao todos autovalores associados matriz A s~ao reais e Mn×1 (R) possui uma
base ortonormal formada por auto-vetores associados a matriz A, que e a conclus~ao da
proposic~ao a seguir:
Teorema K.1.1 Seja A = (aij )n×n uma matriz com coecientes reais e simetrica, isto e
At = A .
e n matrizes colunas
v1 , v2 , · · · , vn ∈ Mn×1 (R) ,
tais que
A vj = λj · vj ,
1, se i = j
e vi • vj = para i , j ∈ {1 , 2 , · · · n} ,
0, se i =
6 j,
642 ^
APENDICE
K. MAXIMOS E MINIMOS LOCAIS UTILIZANDO AUTOVALORES
onde, para cada j ∈ {1 , 2 , · · · , n}, onde • denota o produto interno usual do espaco vetorial real
Mn×1 (R).
, a express~ao
A~vj
deve ser entendida como o produto da matriz A, pela matriz das coordenadas do vetor ~vj em
relac~ao a base can^onica de Rn , ou seja, identicamos os elementos de Rn com os elementos de
Mn×1 (R).
Demonstração:
Sera vista na disciplina de Algebra Linear.
2
Retornemos ao problema de classicar os pontos crticos de uma func~ao real de n-variaveis reais.
Resolução:
Notemos que a func~ao f tem um mnimo local (na verdade e um mnimo global) no ponto
.
Po = (0 , 0) .
∂f (K.22) ∂
(x , y) = 2 x2 + y2
∂x ∂x
= 4x, (K.23)
∂f (K.22) ∂
(x , y) = 2 x2 + y2
∂y ∂y
= 2y, (K.24)
2
∂ f ∂ ∂f
(x , y) = (x , y)
∂x2 ∂x ∂x
(K.23) ∂
= [4 x]
∂x
= 4, (K.25)
2
∂ f ∂ ∂f
(x , y) = (x , y)
∂y2 ∂y ∂y
(K.24) ∂
= [2 y]
∂y
=2 (K.26)
∂2 f (8.78) ∂2 f
(x , y) = (x , y)
∂y ∂x ∂x ∂y
∂ ∂f
= (x , y)
∂x ∂y
(K.24) ∂
= [2 y]
∂x
= 0. (K.27)
∂f ∂f
∇f(x , y) = (x , y) , (x, y)
∂x ∂y
(K.23) e (K.24)
= (4 x , 2 y), (K.28)
logo ∇f(x , y) = (0 , 0)
| {z }
(K.28)
= (4 x ,2 y)
ou seja, o ponto
Po = (0 , 0),
∂2 f ∂2 f
∂x2 (x , y) (x , y)
(11.27)
∂x ∂y
Hessf (x , y) =
∂2 f 2
∂ f
(x , y) (x , y)
∂y ∂x ∂y2
(K.25),(K.26) e (K.27) 4 0
= ,
0 2
4 0
em particular, Hessf (Po ) = . (K.29)
0 2
Como a matriz Hessf (Po ), dada por (K.29), e uma matriz diagonal, pelo item 7. da Observac~ao
K.1.3, temos que seus autovalores ser~ao o elementos de sua diagonal principal, ou seja:
. .
λ1 = 4 e λ2 = 2 .
Ou seja, todos os autovalores associados a matriz Hessf (Po ) s~ao numeros reais maiores que zero,
isto e:
λ1 , λ2 > 0 (K.30)
e a func~ao f tem um ponto de mnimo local (ou relativo) no ponto crtico Po , completando a resoluc~ao.
2
Vejamos agora o:
.
f(x , y) = x2 − y2 , para cada (x , y) ∈ R2 . (K.31)
Encontrar os pontos crticos associados a func~ao f e classica-los do ponto de vista dos
extremos locais.
Resolução:
Observemos tambem que a func~ao f e de classe C∞ em R2 .
K.1. CASO GERAL: AUTOVALORES DA MATRIZ HESSIANA 645
De fato, pois
(K.31), com y=0 2
f(x , 0) = x − 02
≥0
(K.31)
= f(0 , 0)
= f(Po ) , para x ∈ R ,
(K.31), com x=0 2
f(0 , y) = 0 − y2
≤0
(K.31)
= f(0 , 0)
= f(Po ) , para y ∈ R ,
ou seja, "perto" do ponto Po = (0 , 0), temos pontos nos quais o valor da func~ao f cas acima e cam
abaixo do valor da func~ao f no ponto Po = (0 , 0), mostrando que ele realmente e um ponto de sela da
func~ao f.
646 ^
APENDICE
K. MAXIMOS E MINIMOS LOCAIS UTILIZANDO AUTOVALORES
se, e somente se (x , y) = (0 , 0) ,
Em particular,
2 0
Hessf (Po ) = . (K.39)
0 −2
Como a matriz quadrada Hessf (Po ), dada por (K.39), e uma matriz diagonal, pelo item 7. da
Observac~ao K.1.3, seus autovalores ser~ao o elementos de sua diagonal principal, isto e:
. .
λ1 = 2 e λ2 = −2 .
Ou seja, tem um autovalor associado a matriz Hessf (Po ) que e positivo e outro que e negativo, ou
ainda,
λ1 > 0 e λ2 < 0 (K.40)
e a func~ao f tem um ponto de sela no ponto crtico Po , completando a resoluc~ao.
2
Os Exemplos K.1.2 e K.1.3 acima, nos motivam a enunciar o seguinte resultado geral para carac-
terizac~ao de pontos crticos de funco~es a valores reais, de n-variaveis reais, utilizando os autovalores
da matriz hessiana calculada em ponto crtico da func~ao envolvida, a saber:
Teorema K.1.2 (classificação de pontos crı́ticos por meio de autovalores)
Seja f : A ⊆ Rn → R uma func~ao de classe C2 , denida em um subconjunto aberto A ⊆ Rn .
Suponhamos que o ponto Po ∈ A e um ponto crtico da func~ao f, ou seja,
~.
∇f(Po ) = O (K.41)
Sejam
λ1 , λ2 , , · · · , λn ∈ R
os autovalores (o Teorema K.1.1 garante que s~ao todos numeros reais) associados a matriz
hessiana da func~ao f no ponto Po , ou seja, a matriz Hessf (Po ).
Ent~ao podemos conlcuir que:
K.1. CASO GERAL: AUTOVALORES DA MATRIZ HESSIANA 647
1. se
λj > 0 , para cada j ∈ {1 , 2 , · · · , n} , (K.42)
ent~ao o ponto crtico Po da func~ao f, sera um ponto de mnimo local (ou relativo) da
func~ao f.
2. se
λj < 0 , para cada j ∈ {1 , 2 , · · · , n} , (K.43)
o ponto crtico Po da func~ao f, sera um ponto de maximo local (ou relativo) da func~ao f.
3. se existirem dois autovalores λj1 e λj2 , para j1 , j2 ∈ {1 , 2 , · · · , n}, com sinais opostos, por
exemplo,
λj1 > 0 e λj2 < 0 , (K.44)
ent~ao o ponto crtico Po da func~ao f, sera um ponto de sela da func~ao f.
4. nos demais casos, isto e,
(a) se
λj ≥ 0 , para todo jin{1 , 2 , · · · , n}
e existe, pelo menos, um autovalor
λio = 0
ou
(b) se
λj ≤ 0 , para todo j ∈ {1 , 2 , · · · , n}
e existe, pelo menos um, um autovalor
λio = 0 ,
onde o vetor ~u ∈ R2 e um vetor n~ao nulo, com norma sucientemente pequena, para que o ponto
Po + t · ~u ∈ A , para cada t ∈ [0 , 1] .
648 ^
APENDICE
K. MAXIMOS E MINIMOS LOCAIS UTILIZANDO AUTOVALORES
~u = h1 v1 + h2 v2 + · · · + hn vn , (K.50)
teremos:
2 [f(P) − f(Po )] ∼ [Hessf (Po ) · u] · u
(K.50)
= [Hessf (Po ) · (h1 v1 + · · · + hn vn )] · (h1 v1 + · · · + hn vn )
= [h1 Hessf (Po ) · v1 + · · · + hn Hessf (Po ) · vn ] · (h1 v1 + · · · + hn vn )
(K.45)
Hessf (Po )vj = λj vj
= [(h1 λ1 ) v1 + · · · + (hn λn )~vn ] · (h1 ~v1 + · · · + hn ~vn )
X
n
= (λi hi hj ) (vi · vj )
i ,j=1
vi ·vj =δij X
n
= λi hi2
i=1
= 2
λ1 h1 + · · · + λn hn2 , (K.51)
pelo fato dos auto-vetores associados a matriz hessiana da func~ao f, no ponto crtico Po , formarem
uma base ortonormal do espaco vetorial real Mn×1 (R), munido do produto interno usual
Com isto podemos completar a demonstrac~ao do resultado, tratando cada um dos casos separada-
mente.
Mostremos que 1. ocorre, se vale (K.42), ou ainda, se
λj > 0 , para cada j ∈ {1 , 2 , · · · , n} . (K.52)
Ent~ao, de (K.52), segue que
λ1 h12 + · · · + λn hn2 > 0 , (K.53)
pois u = h1 v1 + · · · + hn vn 6= O .
K.1. CASO GERAL: AUTOVALORES DA MATRIZ HESSIANA 649
(K.51) X
n
2 [f(P) − f(Po )] ∼ λi hi2
i=1
(K.53)
> 0,
implicando que, f(P) > f(Po ) , para P ∼ Po ,
que nos diz que a func~ao f tem um ponto de mnimo local (ou relativo) no ponto crtico Po , completando
a demonstrac~ao do item 1. .
Mostremos que 2. ocorre , se vale (K.43), ou ainda, se
(K.51) X
n
2 [f(P) − f(Po )] ∼ λi hi2
i=1
(K.55)
< 0,
implicando que, f(P) < f(Po ) , para P ∼ Po ,
que nos diz que a func~ao f tem um ponto de maximo local (relativo) no ponto crtico Po , completando
a demonstrac~ao do item 2. .
Mostremos que 3. ocorre.
Suponhamos agora que existam
para io , jo ∈ {1 , 2 , · · · , n}.
Consideremos
.
P1 = Po + hio vio ∈ A , onde hio 6= 0 , (K.57)
.
P2 = Po + hjo vjo ∈ A , onde hjo 6= 0 . (K.58)
(K.51) e (K.58)
2 [f(P2 ) − f(Po )] ∼ [Hessf (Po )hjo vjo ] · (hjo vjo )
2
= hjo [Hessf (Po ) · vjo ] · vjo
Hessf (Po )·vjo =λjo vjo
= hjo 2 [λjo vjo · vjo ]
~vjo ·~vjo =1
= λjo hjo2
(K.56) e (K.58)
> 0. (K.60)
sera um ponto de mnimo local (que tambem sera ponto mnimo global) para a func~ao f, sera um
ponto maximo local (que tambem sera ponto de maximo global) para a func~ao g e tambem sera um
ponto sela para a func~ao h.
A vericac~ao destes fatos sera deixado como exerccio para o leitor.
Note que nos tr^es casos, os autovalores associados as respectivas matrizes hessianas das funco~es f,
g e h, no ponto crtico Po , ser~ao todos nulos.
Deixaremos como exerccio para o leitor a vericac~ao destes fatos.
2
1.o caso: Vamos supor que o item 1. do Teorema 11.2.1 seja valido, isto e,
A>0 e H > 0. (K.66)
Logo,
≥0
z}|{
√
(K.64) A + B + ∆
λ1 =
2
A+B (K.69)
≥ > 0.
2
652 ^
APENDICE
K. MAXIMOS E MINIMOS LOCAIS UTILIZANDO AUTOVALORES
(K.61) (K.66)
A B − C2 = H > 0,
ou seja, A B > C2 ,
ou ainda, 4 A B > 4 C2 ,
isto e, 2 A B > 4 C2 − 2 A B
ou seja, 2 2 2 2
4 C2 − 2 A B}
|A + B{z+ 2 A B} > |A + B + {z
=(A+B)2 =(A−B)2 +4 C2
λ1 , λ2 > 0 (K.73)
0 < λ1
√
(K.64) A + B + ∆
= ,
2√
implicando que: 0 < A + B + ∆,
√
ou seja, − A − B < ∆. (K.74)
0 < λ2
√
(K.64) A + B − ∆
= ,
2√
implicando que: 0 < A + B − ∆,
√
ou ainda, ∆ < A + B. (K.75)
√
Logo, (K.74) e (K.75), teremos: −A−B< ∆<A+B
√
ou seja, ∆ < |A + B| . (K.76)
K.1. CASO GERAL: AUTOVALORES DA MATRIZ HESSIANA 653
(K.65)
Alem disso, temos: (A + B)2 − 4 H = ∆
(K.76)
< (A + B)2 ,
isto e, − 4H < 0,
ou ainda H > 0.
(K.61) (A.179)
Logo, A B − C2 = H > 0, (K.77)
isto e A B > C2 ≥ 0 ,
se A < 0,
deveremos ter: B<0 (K.78)
λ1 , λ2 > 0 ,
deveremos ter
A>0 e H > 0,
B < 0. (K.80)
Assim
<0
z }|
√{
(K.64) A + B − ∆
λ2 =
2
A+B
≤
2
(K.79) e (K.80)
< 0,
654 ^
APENDICE
K. MAXIMOS E MINIMOS LOCAIS UTILIZANDO AUTOVALORES
3.o caso: Suponha agora que vale o item 3. do Teorema 11.2.1, ou seja,
H < 0. (K.86)
ou seja, os autovalores associados a matriz Hessf (Po ) t^em um sinais opostos, mostrando que
vale o item 3. do Teorema K.1.2 (para o caso n = 2)..
Reciprocamente, se vale o item 3. do Teorema K.1.2, ou seja, se os autovalores associados
a matriz Hessf (Po ) t^em um sinais opostos, ou ainda, se
λ2 < 0 < λ1
Exemplo K.1.4 Classique todos os pontos crticos da func~ao f : R3 → R, dada por
.
f(x , y , z) = x3 − 3 x + y2 + z2 − 2 z , para cada (x , y , z) ∈ R3 . (K.87)
Resolução:
Observemos que a func~ao f e de classe C∞ em R3 (pois e uma func~ao polinomial) e, para (x , y , z) ∈
R3 , teremos:
∂f (K.87)
(x , y , z) = 3 x2 − 3 , (K.88)
∂x
∂f (K.87)
(x , y , z) = 2 y , (K.89)
∂y
∂f (K.87)
(x , y , z) = 2 z − 2 , (K.90)
∂z
∂2 f (K.88)
2
(x , y , z) = 6 x , (K.91)
∂x
∂2 f (K.89)
2
(x , y , z) = 2 , (K.92)
∂y
∂2 f (K.90)
2
(x , y , z) = 2 , (K.93)
∂z
∂2 f (8.78) ∂2 f
(x , y , z) = (x , y , z)
∂y ∂x ∂x ∂y
(K.89)
= 0, (K.94)
2 2
∂ f (8.78) ∂ f
(x , y , z) = (x , y , z)
∂z ∂x ∂x ∂z
(K.90)
= 0, (K.95)
∂2 f (8.78) ∂2 f
(x , y , z) = (x , y , z)
∂y ∂z ∂z ∂y
(K.89)
= 0. (K.96)
(0 , 0 , 0) = ∇f(x , y , z)
(K.88) ,(K.89) e (K.90)
= 3 x2 − 3 , 2 y , 2 z − 2 ,
2
3 x − 3 = 0
isto e, 2y = 0 ,
2 z − 2 = 0
x = ±1
ou seja, y=0
z = 1
. .
ou, ainda, P1 = (1 , 0 , 1) e P2 = (−1 , 0 , 1) , (K.97)
Como a matriz quadrada (K.99) acima e uma matriz diagonal, do item 7. da Observac~ao K.1.3,
segue que seus autovalores s~ao os elementos da diagonal principal, isto e, deste fato e de (K.99),
teremos que os autovalores associados a matriz Hessf (P1 ), ser~ao dados por:
λ1 = 6 e λ2 = λ3 = 2 . (K.100)
Logo todos os autovalores associados a matriz hessiana de f, no seu ponto crtico P1 , s~ao positivos
(isto e, maiores que zero).
Portanto, do item 1. do Teorema K.1.2, segue que o ponto crtico
P1 = (1 , 0 , 1)
Como a matriz quadrada (K.101) acima e uma matriz diagonal, seus autovalores s~ao os elementos
da diagonal principal, do item 7. da Observac~ao K.1.3, segue que os autovalores associados a matriz
Hessf (P2 ), ser~ao dados por
λ1 = −6 e λ2 = λ3 = 2 . (K.102)
Logo, os autovalores da matriz hessiana de f no ponto crtico P2 ,
λ1 = −6 e λ2 = 2
∂f ∂f ∂f ∂f
(P) = 2 y , (P) = 2 x + 2 z − 2 y , (P) = 2 y + 2 z , (P) = −4 w , (K.104)
∂x ∂y ∂z ∂w
∂2 f ∂2 f ∂2 f ∂2 f
(P) = 0 , (P) = −2 , (P) = 2 , (P) = −4 , (K.105)
∂x2 ∂y2 ∂z2 ∂w2
∂2 f (K.90) ∂2 f
(P) = (P) = 2 , (K.106)
∂y ∂x ∂x ∂y
∂2 f (K.90) ∂2 f
(P) = (P) = 0 , (K.107)
∂z ∂x ∂x ∂z
∂2 f (K.90) ∂2 f
(P) = (P) = 2 , (K.108)
∂y∂z ∂z ∂y
∂2 f (K.90) ∂2 f
(P) = (P) = 0 , (K.109)
∂x ∂w ∂w ∂x
∂2 f (K.90) ∂2 f
(P) = (P) = 0 , (K.110)
∂y ∂w ∂w ∂y
∂2 f (K.90) ∂2 f
(P) = (P) = 0 . (K.111)
∂z ∂w ∂w ∂z
K.1. CASO GERAL: AUTOVALORES DA MATRIZ HESSIANA 659
(0 , 0 , 0 , 0) = ∇f(x , y , z , w)
(K.104)
= (2 y , 2 x + 2 y + 2 z , 2 y + 2 z , −4 w) ,
2y = 0
2 x + 2 y + 2 z = 0
que e equivalente ao sistema linear: ,
2 y + 2 z = 0
−4 w = 0
.
ou seja, Po = (0 , 0 , 0 , 0) (K.112)
Notemos que
.
λ1 = −4 < 0
λ1 = −4 . (K.116)
(K.115)
pA (0) = 32 > 0
(K.115)
e pA (2) = −48 < 0 ,
do Teorema do valor intermediario (ou do anulamento, visto na disciplina de Calculo I), segue que
existe
λ2 ∈ (0 , 2) ,
tal que pA (λ2 ) = 0 ,
ou seja, existe um autovalor λ2 associado a matriz hessiana da func~ao f no seu ponto crtico Po que e
positivo, ou seja,
λ2 > 0.
Portanto, do item 3. do Teorema K.1.2, (temos que λ1 < 0 e λ2 > 0), segue que o ponto crtico
Po = (0 , 0 , 0 , 0) e um ponto de sela da func~ao f, completando a resoluc~ao.
2
= 6, (K.121)
k=1 em (K.117)
m1 [A] = 1
= 1, (K.122)
completando a resoluc~ao.
2
Com isto temos o:
662 ^
APENDICE
K. MAXIMOS E MINIMOS LOCAIS UTILIZANDO AUTOVALORES
1. Todos os autovalores associados a matriz quadrada A s~ao maiores que zero se, e somente
se,
mk (A) > 0 , para todo k ∈ {1 , 2 , · · · n} . (K.123)
2. Todos os autovalores associados a matriz quadrada A s~ao menores que zero se, e somente
se,
ou seja,
Demonstração:
Sera vista na disciplina de Algebra Linear.
2
Observação K.2.1 A item 2. do Teorema K.2.1 acima, segue do item 1., trocando-se a matriz
quadrada A pela matriz quadrada −A e notando-se que
A demonstrac~ao da identidade acima sera deixada como exerccio para o leitor, bem como
da armac~ao, ser~ao deixadas como exerccio para o leitor.
Resolução:
K.2. SINAIS DOS AUTOVALORES DE UMA MATRIZ SIMETRICA 663
Observemos que
1 1 0 0
1 2 2 0
m4 [Hessf (Po )] =
0 2 5 0
0 0 0 4
Exerccio
= 4 > 0;
1 1 0
m3 [Hessf (Po )] = 1 2 2
0 2 5
Exerccio
= 1 > 0,
1 1
m2 [Hessf (Po )] =
1 2
= 1 > 0,
m1 [Hessf (Po )] = 1
= 1 > 0,
ou seja, mk [Hessf (Po )] > 0 , para todo k ∈ {1 , 2 , 3 , 4} .
Logo, do item 1. do Teorema K.2.1, segue que todos os autovalores da matriz Hessf (Po ) s~ao
maiores que zero.
Portanto, do item 1. do do Teorema K.1.2 , segue que a func~ao f tem um mnimo local (ou relativo)
no ponto crtico Po , completando a resoluc~ao.
2
Índice Remissivo
664
INDICE REMISSIVO 665
Z Z
p(x) 1
dx, 433 k dx , 423
Z q(x)
x2 + p x + q
f(x) dx , 61 Z
ax + b
Z∞ k dx, 428
2
f(x) dx, 141 x + px + q
Zb
a
vnculo, 355
valor
de maximo absoluto de uma func~ao em um
conjunto, 309
de maximo global de uma func~ao em um con-
junto, 309
de maximo local de uma func~ao em um con-
junto, 309
de maximo relativo de uma func~ao em um
conjunto, 309
de mnimo absoluto de uma func~ao em um
conjunto, 309
de mnimo global de uma func~ao em um con-
junto, 309
de mnimo local de uma func~ao em um con-
junto, 309
de mnimo relativo de uma func~ao em um con-
junto, 309
valor medio
de uma func~ao em um intervalo fechado e li-
mitado, 34
vetor
de Rn , 501
gradiente de uma func~ao no ponto (xo , yo ),
262
gradiente de uma func~ao no ponto ~xo , 262
tangente a uma superfcie parametrizada, 289
vetores
ortogonais, 511