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NOTAS PARA O ACOMPANHAMENTO DAS AULAS DE

CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL 2


( f : X  Rᵐ  R, f : X  R  Rⁿ E f : X  Rᵐ  Rⁿ )

EDSON AGUSTINI

LICENCIATURA E BACHARELADO EM MATEMÁTICA

IMPORTANTE:

ESTAS NOTAS DE AULAS NÃO DISPENSAM O ALUNO


DAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SUGERIDAS.

SE FOR IMPRIMIR ESTE MATERIAL EM PAPEL,


ENTÃO FAÇA NO MODO COLORIDO, POIS VÁRIOS
TEXTOS E FIGURAS FAZEM O USO DE CORES.
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Sumário

1 Funções Reais de Várias Variáveis Reais 5


1.1 Uma Rápida Apresentação dos Diversos Tipos de Funções. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.2 Funções Reais de Várias Variáveis Reais: domı́nio, contra-domı́nio, imagem e gráfico . . . . . . . . . . 7
1.3 Uma Brevı́ssima Revisão das Equações Reduzidas das principais Superfı́cies Quádricas . . . . . . . . . 9
1.4 Curvas de Contorno, Curvas de Nı́vel e Superfı́cies de Nı́vel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
Seção de Exercı́cios Propostos: Funções f : X ⊂ Rm → R . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

2 Limites e Continuidade de Funções Reais de Várias Variáveis Reais 21


2.1 Limites de Funções Reais de Várias Variáveis Reais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.2 Continuidade em Funções Reais de Várias Variáveis Reais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Seção de Exercı́cios Propostos: Limites de Funções f : X ⊂ Rm → R . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

3 Derivação de Funções Reais de Várias Variáveis Reais 27


3.1 Derivadas Parciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.2 Plano Tangente a Gráfico de Funções de Duas Variáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3.3 Derivadas Parciais de Ordem Superior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.4 Regra da Cadeia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
3.5 Derivação Parcial Implı́cita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.6 Incrementos e Diferenciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Seção de Exercı́cios Propostos: Derivação de Funções f : X ⊂ Rm → R . . . . . . . . . . . . . . . . 39

4 Aplicações de Derivadas de Funções Reais de Várias Variáveis Reais 43


4.1 Derivada Direcional e Vetor Gradiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4.2 Interpretação Geométrica do Vetor Gradiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
4.3 O Vetor Gradiente como Vetor Normal a Curva ou Superfı́cie . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
4.4 Máximos e Mı́nimos de Funções de Duas Variáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
4.5 O Teste da Derivada Segunda para Funções de Duas Variáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
4.6 Problemas de Otimização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
4.7 Multiplicadores de Lagrange . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
Seção de Exercı́cios Propostos: Aplicações de Derivadas de Funções f : X ⊂ Rm →R . . . . . . . 60

5 Integrais Múltiplas 63
5.1 Integrais Duplas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
5.2 Integrais Duplas Sobre Regiões mais Gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
5.3 Área por Integração Dupla . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
5.4 Integrais Duplas em Coordenadas Polares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
5.5 Integrais Triplas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
5.6 Integrais Triplas em Coordenadas Cilı́ndricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
5.7 Integrais Triplas em Coordenadas Esféricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
Seção de Exercı́cios Propostos: Integrais Múltiplas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83

6 Funções f : X ⊂ R → Rn com n > 2: Funções Vetoriais ou Caminhos no Rn 87


6.1 Definindo Funções Vetoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
6.2 Limites e Continuidade de Funções Vetoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
6.3 Derivadas de Funções Vetoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
6.4 Integrais de Funções Vetoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95

7 Funções f : X ⊂ Rm → Rn com m, n > 2: Funções Vetoriais de Várias Variáveis Reais 99

Referências Bibliográficas 101

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Capı́tulo 1

Funções Reais de Várias Variáveis Reais

Neste capı́tulo apresentamos as chamadas funções reais de várias variáveis reais, que são funções cujo domı́nio
está em Rm , com m > 2, e o contradomı́nio é R. Tais funções são, costumeiramente, indicadas por f : X ⊂ Rm → R e
ditas, de forma simplificada, funções de várias variáveis.
Embora a teoria envolvendo tais funções possa ser feita sempre com m ∈ N, m > 2, vamos trabalhar predominan-
temente com m = 2 e, em algumas situações, com m = 3. Essas restrições se devem ao grande número de aplicações
práticas que esses casos apresentam. Entretanto, o leitor não terá dificuldade alguma para generalizar os diversos
conceitos que serão estudados para uma dimensão m maior.
Além da apresentação das funções de várias variáveis, vamos introduzir neste capı́tulo os limites de tais funções, que
é o conceito essencial para a introdução das derivadas parciais e das derivadas direcionais (veremos isso no Capı́tulo
3). Além disso, associado ao conceito de limite de funções de várias variáveis temos, também, o importante conceito de
continuidade de tais funções. Diversos resultados matemáticos envolvendo otimização estão associados à continuidade,
daı́ a importância prática de tal conceito.
Antes de apresentarmos a definição formal de função f : X ⊂ Rm → R, vejamos na seção abaixo, sem muito com-
promisso com o rigor matemático, os diversos tipos de funções que costumam surgir nos textos de Cálculo Diferencial
e Integral.

1.1 Uma Rápida Apresentação dos Diversos Tipos de Funções.


(1) No Cálculo Diferencial e Integral 1 geralmente estudamos funções do tipo

f : X ⊂ R → R, y = f (x) ,

que são funções reais de uma variável real . Geralmente, os gráficos de funções dessa natureza são curvas no
plano cartesiano. Por exemplo, f (x) = x2 com x ∈ R, cujo gráfico é uma parábola.

X R R

x
f
y = f(x)

gráfico de f(x) = x2

(2) Funções do tipo


f : X ⊂ R → R2 , f (t) = (x (t) , y (t)) ,

são funções vetoriais reais no plano, de uma variável real . Não é costume analisar os gráficos de funções
desse tipo, mas sim, seus conjuntos imagens, que geralmente são curvas no plano cartesiano. Por exemplo, f (t) =
(cos (t) , sen (t)) com t ∈ [0, 2π], cuja imagem é um cı́rculo no plano cartesiano com centro na origem e raio 1.

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y y

R R2
X
1
t x
f y(t) f(t) = (x(t),y(t))

imagem de
x(t) x
f(t) = (cos(t),sen(t))

(3) Funções do tipo


f : X ⊂ R → R3 , f (t) = (x (t) , y (t) , z (t)) ,

são funções vetoriais reais no espaço, de uma variável real . Também não é costume analisar os gráficos de
funções desse tipo, mas sim, seus conjuntos imagens, que geralmente são curvas no espaço cartesiano. Por exemplo,
f (t) = (cos (t) , sen (t) , t) com t ∈ R, cuja imagem é uma hélice circular de raio 1 com eixo no eixo cartesiano z.

z
R R3
X z(t)
f(t) = (x(t),y(t),z(t))
t
f
y
y
x(t)
x y(t)
x

imagem de
f(t) = (cos(t),sen(t),t)

(4) Funções vetoriais reais de uma variável podem ser generalizadas para espaços de dimensões arbitrárias, ou seja,

f : X ⊂ R → Rn , f (t) = (x1 (t) , . . . , xn (t)) .

Essas funções são chamadas de funções vetoriais reais no espaço cartesiano Rn , de uma variável real .
Frequentemente, tais funções são também chamadas de caminhos (ou curvas) no espaço Rn .
(5) Funções do tipo
f : X ⊂ R2 → R, z = f (x, y) ,

são funções reais de duas variáveis


p reais. Geralmente, os gráficos de tais funções são superfı́cies no espaço
cartesiano. Por exemplo, f (x, y) = 25 − x2 − y2 , com (x, y) em um disco com centro na origem e raio 5 no plano
cartesiano, possui por gráfico uma semiesfera de raio 5 e centro na origem do espaço cartesiano.

z
R3 5
y X R
R2 f
(x,y) 5
z = f(x,y) y
x 5
x
gráfico de

f(x,y) = 25 - x2 - y2

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(6) Funções do tipo

f : X ⊂ R3 → R, w = f (x, y, z) ,

são funções reais de três variáveis reais. Não é costume analisar os gráficos de funções desse tipo, mas sim,
determinados subconjuntos de seu domı́nio, chamados de pré-imagem ou imagem inversa. Por exemplo, f (x, y, z) =
x2 + y2 + z2 com (x, y, z) ∈ R3 , possui como pré-imagem de 25 uma esfera de raio 5 com centro na origem do espaço
cartesiano. Essa análise é feita considerando os pontos (x, y, z) ∈ R3 tais que f (x, y, z) = 25.

z
R3 5
z X
R
R3 (x,y,z)
f 5
w = f(x,y,z) y
x 5
y
x pré-imagem de 25 pela função
dada por f(x,y,z) = x2 + y2 + z2

(7) Funções reais de duas ou três variáveis reais podem ser generalizadas para espaços de dimensões arbitrárias, ou
seja,
f : X ⊂ Rm → R, y = f (x1 , . . . , xm ) .

São as funções reais de várias variáveis reais, ditas, de forma simplificada, funções de várias variáveis.

(8) Por fim, podemos considerar as funções vetoriais reais de várias variáveis reais, ou seja, funções

f : X ⊂ Rm → Rn , f (t1 , . . . , tm ) = (x1 (t1 , . . . , tm ) , . . . , xn (t1 , . . . , tm )) .

O caso mais comum de funções dessa natureza ocorre quando m = 2 e n = 3. Neste caso, é comum escrevemos
f (u, v) = (x (u, v) , y (u, v) , z (u, v)) e o conjunto imagem de tais funções é geralmente uma superfı́cie, chamada de
superfı́cie parametrizada.

Como já dito, nosso objetivo é estudarmos as funções do Item (7). Notadamente nos casos particulares dos Itens
(5) e (6).

1.2 Funções Reais de Várias Variáveis Reais: domı́nio, contra-domı́nio,


imagem e gráfico
Abaixo seja a definição formal de funções de várias variáveis.

Uma função real f de várias variáveis reais é uma regra, geralmente dada por uma expressão analı́tica,
que associa cada elemento de um conjunto não vazio X ⊂ Rm , m ∈ N, m > 2, a um único número real. O conjunto
X é chamado de domı́nio de f, enquanto que R é contradomı́nio de f.
Indicamos a função f por f : X ⊂ Rm → R ou , de forma mais rigorosa:

f: X ⊂ Rm −→ R
(x1 , . . . , xm ) 7−→ f (x1 , . . . , xm )

O número real z = f (x1 , . . . , xm ) é chamado de imagem do elemento (x1 , . . . , xm ) ∈ X pela função f. Todos
os números reais que são imagens de algum elemento do domı́nio de f formam o chamado conjunto imagem
de f. 
O conjunto G (f) = (x1 , . . . , xm , z) ∈ Rm+1 : (x1 , . . . , xm ) ∈ X e z = f (x1 , . . . , xm ) é chamado de gráfico
de f.

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m =2 R: contradomínio de f z
R3
X (x,y,z)
y R
z
R2 f
(x,y) z = f(x,y) y
x y
z Î R: imagem x
x
de (x,y) por f
X Ì R2: domínio de f gráfico de f:
superfície z = f(x,y) em R3

Observações.

(1) O caso m = 2 é de especial interesse, pois o gráfico G (f) = (x, y, z) ∈ R3 : (x, y) ∈ X e z = f (x, y) de f é uma
superfı́cie no espaço cartesiano (veremos vários exemplos adiante). Tal superfı́cie é obtida da equação cartesiana nas
variáveis x, y e z dada por z = f (x, y). Além disso, no espaço cartesiano onde representamos o gráfico de f também
representamos o seu domı́nio X, no plano xy, e o seu contradomı́nio R, como sendo o eixo z.
z
z = f(x,y)
(x,y,f(x,y)) gráfico

contradomínio
G(f)

y
x (x,y) domínio
X

(2) Quando m = 3 temos G (f) = (x, y, z, w) ∈ R4 : (x, y, z) ∈ X e w = f (x, y, z) como subconjunto de R4 e não
temos como visualizá-lo no espaço tridimensional.
(3) Quando o domı́nio a ser considerado para uma função f for o maior possı́vel, indicamos a função apenas pela sua
expressão analı́tica. Por exemplo, f (x, y) = x2 + y2 significa que o domı́nio de f é todo o R2 . Tais domı́nios são
chamados de domı́nios máximos ou domı́nios maximais de f. Geralmente, quando nada é dito a respeito do domı́nio
de uma função, consideramos como sendo máximo.

Exemplo 1.1 Qual é o maior domı́nio possı́vel para f : X ⊂ R2 → R, dada por f (x, y) =
p
25 − x2 − y2 ?
Para que z = f (x, y) seja um número real devemos ter 25 − x2 − y2 > 0, ou seja, x2 + y2 6 52 que representa um
disco de raio 5 com centro na origem do plano cartesiano.
y
5
(x,y)
y
-5 5
x x

-5 domínio

Logo, o maior domı́nio X ⊂ R2 possı́vel para f é um disco de raio 5 com centro na origem do plano cartesiano.

Exemplo 1.2 Encontremos o maior domı́nio possı́vel da função f : X ⊂ R3 → R, dada por f (x, y, z) = √ x+y+z .
2 2 x +y +z2

Devemos ter x2 + y2 + z2 > 0 para que f (x, y, z) seja número real. Logo, devemos excluir de X ⊂ R3 pontos (x, y, z)
tais que x2 + y2 + z2 ≤ 0. Mas o único ponto de R3 que satisfaz x2 + y2 + z2 6 0 é (x, y, z) = (0, 0, 0). Logo,

X = (x, y, z) ∈ R3 : (x, , y, z) 6= (0, 0, 0) = R3 − {(0, 0, 0)}
é constituı́do pelo espaço cartesiano menos a origem.

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Exemplo 1.3 Encontremos o maior domı́nio possı́vel da função f : X ⊂ R2 → R, dada por f (x, y) = √ y
.
y−x2

Devemos ter y − x2 > 0, ou seja, y > x2 . Logo,



X = (x, y) ∈ R2 : y > x2
é constituı́do pelos pontos “interiores” à parábola de equação y = x2 no plano cartesiano.
y
(x,y)
y

x
x

Exemplo 1.4 Esbocemos o gráfico de f : X ⊂ R2 → R, dada por f (x, y) =


p
25 − x2 − y2 .
Vimos, no Exemplo 1.1 acima, que o maior domı́nio possı́vel para f é o disco de raio 5 com centro na origem do
plano cartesiano. p
De z = f (x, y) = 25 − x2 − y2 temos z2 = 25 − x2 − y2 , ou seja, x2 + y2 + z2 = 52 , que é a equação cartesiana
de uma esfera com centro na origem e raio 5.
Mas z = f (x, y) > 0. Logo, o gráfico de f é uma semiesfera de raio 5 com centro na origem localizada acima do
plano xy no espaço cartesiano.
z gráfico
R3 5 (semiesfera)

5
y
x 5
domínio
(disco)

Outra observação importante: Nem sempre utilizamos as tradicionais letras f, x e y para representar uma função
de duas variáveis. Por exemplo, o volume de um cone pode ser expresso em função de sua altura e do raio de sua base,
ou seja, V = 31 πr2 h pode ser escrito como função: V (r, h) = 31 πr2 h no lugar de f (x, y) = 13 πx2 y.

h
r

1.3 Uma Brevı́ssima Revisão das Equações Reduzidas das principais


Superfı́cies Quádricas
Para trabalharmos mais facilmente com alguns exemplos de gráficos de funções de duas variáveis, façamos uma
pequena revisão das principais equações reduzidas das superfı́cies quádricas vistas na disciplina Geometria Analitica.
(1) Elipsoide com centro na origem e eixos paralelos aos eixos coordenados.
Equação reduzida:
x2 y2 z2
a2
+ b2
+ c2
=1,
sendo a, b, e c constantes positivas.

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Observações:
(i) quando a = b, a = c ou b = c o elipsoide é circular, ou seja, uma superfı́cie de rotação.
(ii) quando a = b = c = r temos uma esfera com centro na origem e raio r cuja equação é dada por x2 + y2 + z2 = r2 .

(2) Hiperboloide de uma folha com eixo z e centro na origem.


Equação reduzida:
x2 y2 z2
a2
+ b2
− c2
=1,
sendo a, b, e c constantes positivas.

Observações:
(i) quando a = b o hiperboloide de uma folha é circular, ou seja, uma superfı́cie de rotação.
2 2 2
(ii) o hiperboloide de uma folha com eixo y e centro na origem possui equação ax 2 − y
b2
+ cz2 = 1, enquanto que o de
2
y2 z2
eixo x possui equação − ax 2 + b2
+ c2
= 1.

(3) Hiperboloide de duas folhas com eixo z e centro na origem.


Equação reduzida:
2
y2 z2
− ax 2 − b2
+ c2
=1,
sendo a, b, e c constantes positivas.

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Observações:
(i) quando a = b o hiperboloide de duas folhas é circular, ou seja, uma superfı́cie de rotação.
2 2
z2
(ii) o hiperboloide de duas folhas com eixo y e centro na origem possui equação − ax 2 + y
b2
− c2
= 1, enquanto que o
2
x2 y z2
de eixo x possui equação a2
− b2
− c2
= 1.

(4) Paraboloide elı́ptico com eixo z e vértice na origem.


Equação reduzida:
z x2 y2
c = a2
+ b2
,
sendo a e b constantes positivas e c 6= 0.

Observações:
(i) quando c > 0 temos a convavidade do paraboloide elı́ptico para cima e, quando c < 0, para baixo.
(ii) quando a = b o paraboloide elı́ptico é circular, ou seja, uma superfı́cie de rotação.
x2 z2
(iii) o paraboloide elı́ptico com eixo y e centro na origem possui equação y b = a2 + c2 , enquanto que o de eixo x
x y2 z2
possui equação a = b2
+ c2
.

(5) Paraboloide hiperbólico com eixo z e centro na origem.


Equação reduzida:
z x2 y2 z 2
y2
c = a2
− b2
ou c = − ax 2 + b2
,
sendo a e b constantes positivas e c 6= 0.

y x2 z2 y 2
z2
Observação: o paraboloide hiperbólico com eixo y e centro na origem possui equação b = a2
− c2
ou b = − ax 2 + c2
,
y2 z2
2
z2
enquanto que o de eixo x possui equação x
a = b2
− c2
ou x
a = −y
b2
+ c2
.

(6) Cone elı́ptico de eixo z e vértice na origem.


Equação reduzida:
x2 y2
z2 = a2
+ b2
,
sendo a e b constantes positivas.

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Observações:
(i) quando a = b o cone elı́ptico é circular, ou seja, uma superfı́cie de rotação.
2
z2
(ii) o cone elı́ptico com eixo y e vértice na origem possui equação y2 = ax 2 + c2
, enquanto que o de eixo x possui
2
2 y z2
equação x = b2
+ c2
.

(7) Cilindro elı́ptico de eixo z.


Equação reduzida:
x2 y2
a2
+ b2
=1,

sendo a e b constantes positivas.

Observações:
(i) quando a = b o cilindro elı́ptico é circular, ou seja, uma superfı́cie de rotação.
2 2
y2 z2
(ii) o cilindro elı́ptico com eixo y possui equação ax 2 + cz2 = 1, enquanto que o de eixo x possui equação b2
+ c2
= 1.

1.4 Curvas de Contorno, Curvas de Nı́vel e Superfı́cies de Nı́vel


Nesta secção trabalhamos exclusivamente com funções de duas e de três variáveis.
As curvas de contorno do gráfico de uma função de duas variáveis são ferramentas muito importantes para descre-
vermos o gráfico de uma tal função. Essas curvas podem ser vistas, grosso modo, como resultado de “fatiamentos”
que fazemos no gráfico da função. É como se estivéssemos submetendo o gráfico a uma “tomografia”. Abaixo seguem
as definições formais.

Seja f : X ⊂ R2 → R função de duas variáveis.


Chamamos a intersecção do plano z = k, k ∈ R, com o gráfico da função f de curva de contorno de altura
(ou cota) k do gráfico de f relativa ao eixo z.
A projeção ortogonal da curva de contorno de altura k no plano xy (plano z = 0) é chamada de curva de nı́vel
f (x, y) = k da função f relativa ao eixo z.

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z curva de contorno
de altura k
k plano z = k

G(f)
y curva de nível f(x,y) = k
(projeção no plano xy)
x
X

Observações.

(1) A equação cartesiana de uma curva de nı́vel de uma função f relativa ao eixo z é dada por f (x, y) = k.

(2) Intersectando o gráfico de f com os planos x = k ou y = k, podemos escrever definições análogas para curvas de
contorno de altura k do gráfico de f relativas aos eixos x ou y. Também segue de forma análoga as definições de curva
de nı́vel f (k, y) = z da função f relativa ao eixo x ou f (x, k) = z relativa ao eixo y.

Exemplo 1.5 Consideremos a função f : R2 → R, dada por f (x, y) = x2 +y2 . Esbocemos algumas curvas de contorno
no espaço cartesiano e algumas curvas de nı́vel no plano cartesiano da função f.

Curvas de nı́vel:

• (i) Façamos z = k, k constante, para encontrarmos as curvas de nı́vel f (x, y) = k de f relativas ao eixo z.
Temos x2 + y2 = k como equação de curvas de nı́vel.
Para k < 0 não há solução para a equação acima.
Para k = 0 temos apenas o ponto O = (0, 0) como solução da equação acima, que é uma curva de nı́vel degenerada
(em um ponto).
Ä√ ä2 √
Para k > 0 temos x2 + y2 = k que é equação de um cı́rculo de centro na origem e raio k no plano xy.
Na figura abaixo à esquerda temos o mapa das curvas de nı́vel f (x, y) = k de f, no plano xy, relativas ao eixo z.
y z z

x y

• (ii) Façamos y = k, k constante, para encontrarmos as curvas de nı́vel f (x, k) = z de f relativas ao eixo y.
Temos x2 + k2 = z como equação de curvas de nı́vel, ou seja, z = x2 + k2 são parábolas com concavidades para
cima no plano xz.
Na figura acima ao centro temos o mapa das curvas de nı́vel f (x, k) = z de f, no plano xz, relativas ao eixo y.

• (iii) Façamos x = k, k constante, para encontrarmos as curvas de nı́vel f (k, y) = z de f relativas ao eixo x.
Temos k2 + y2 = z como equação de curvas de nı́vel, ou seja, z = y2 + k2 são parábolas com concavidades para
cima no plano yz.
Na figura acima à direita temos o mapa das curvas de nı́vel f (k, y) = z de f, no plano yz, relativas ao eixo x.

Curvas de contorno:

• (i) A intersecção do plano z = k com o gráfico de f é cı́rculo de raio k, quando k > 0, e centro no ponto (0, 0, k),
contida no plano z = k. A figura abaixo à esquerda é o esboço de algumas dessas curvas de contorno.

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z z z

y y y
x x x

• (ii) A intersecção do plano y = k com o gráfico de f é uma parábola com vértice em 0, k, k2 , concavidade para

cima, contida no plano y = k. A figura acima ao centro é o esboço de algumas dessas curvas de contorno.

• (iii) A intersecção do plano x = k com o gráfico de f é uma parábola com vértice em k, 0, k2 , concavidade para

cima, contida no plano x = k. A figura acima à direita é o esboço de algumas dessas curvas de contorno.

Baseados nas curvas de nı́vel, ou curvas de contorno, podemos esboçar o gráfico de f. Neste caso é bastante fácil,
pois já sabemos que o gráfico de f é um parabolóide circular com vértice na origem e concavidade para cima, pois
z = f (x, y) é a equação z = x2 + y2 . Entretanto, o método de determinação de curvas de nı́vel ou curvas de contorno
pode ser aplicado para qualquer função.

Na figura abaixo à esquerda temos os três tipos de curvas de contorno de f esboçadas em um mesmo sistema de
coordenadas. No centro temos as curvas de contorno esboçadas junto com o gráfico de f e na direita apenas o gráfico
de f.

Na figura abaixo à esquerda temos as curvas de contorno de f relativas ao eixo z e respectivas curvas de nı́vel
esboçadas junto com o gráfico de f. Ao centro e à direita temos cada um dos outros dois tipos de curvas de contorno
esboçadas, separadamente, junto com o gráfico de f.

Na figura abaixo temos uma visão dos fatiamentos do gráfico de f por planos paralelos aos planos coordenados,
cujas intersecções dão origem às curvas de contorno.

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Observações.
(1) Conforme observado no exemplo acima, por meio das curvas de contorno ou das curvas de nı́vel de uma função
f : X ⊂ R2 → R é possı́vel ter uma ideia do esboço do gráfico da função.
(2) Quando f : X ⊂ R3 → R não temos como visualizar as “superfı́cies de contorno” (que são as análogas às curvas de
contorno), entretanto, as superfı́cies de nı́vel (que são as análogas às curvas de nı́vel) relativas ao eixo w (o eixo w
é o quarto eixo do sistema de coordenadas cartesianas no R4 ) estão contidas no domı́nio de f e são superfı́cies dadas
pelas equações cartesianas da forma f (x, y, z) = k. As superfı́cies de nı́vel também são chamadas de pré-imagens da
função de três variáveis. Assim, a superfı́cie de nı́vel de equação f (x, y, z) = k no domı́nio de f é a pré-imagem de
w = k por f.

Exemplo 1.6 Esbocemos o gráfico de f : R2 → R, dada por f (x, y) = y − x2 .


Curvas de nı́vel:
• (i) Façamos z = k, k constante, para encontrarmos as curvas de nı́vel f (x, y) = k de f relativas ao eixo z.
Temos y − x2 = k como equação de curvas de nı́vel, ou seja, y = x2 + k são parábolas com concavidades para cima
no plano xy.
Na figura abaixo à esquerda temos o mapa das curvas de nı́vel f (x, y) = k de f, no plano xy, relativas ao eixo z.

y z z

x x y

• (ii) Façamos y = k, k constante, para encontrarmos as curvas de nı́vel f (x, k) = z de f relativas ao eixo y.
Temos z = k − x2 como equação de curvas de nı́vel, ou seja, z = −x2 + k são parábolas com concavidades para
baixo no plano xz.
Na figura acima ao centro temos o mapa das curvas de nı́vel f (x, k) = z de f, no plano xz, relativas ao eixo y.
• (iii) Façamos x = k, k constante, para encontrarmos as curvas de nı́vel f (k, y) = z de f relativas ao eixo x.
Temos z = y − k2 como equação de curvas de nı́vel, ou seja, z = y − k2 são retas no plano yz.
Na figura acima à direita temos o mapa das curvas de nı́vel f (k, y) = z de f, no plano yz, relativas ao eixo x.
Curvas de contorno:
• (i) A intersecção do plano z = k com o gráfico de f é uma parábola com vértice em (0, k, k), concavidade voltada
para a parte positiva do eixo y, contida no plano z = k. A figura abaixo à esquerda é o esboço de algumas dessas
curvas de contorno.

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z z z

x y x y x y

• (ii) A intersecção do plano y = k com o gráfico de f é uma parábola com vértice em (0, k, k), concavidade para
baixo, contida no plano y = k. A figura acima ao centro é o esboço de algumas dessas curvas de contorno.
• (iii) A intersecção do plano x = k com o gráfico de f é uma reta, contida no plano x = k. A figura acima à direita
é o esboço de algumas dessas curvas de contorno.
Baseados nas curvas de nı́vel, ou curvas de contorno, podemos esboçar o gráfico de f (que é uma quádrica de
equação z = y − x2 ).
Na figura abaixo à esquerda temos os três tipos de curvas de contorno de f esboçadas em um mesmo sistema de
coordenadas. No centro temos as curvas de contorno esboçadas junto com o gráfico de f e na direita apenas o gráfico
de f.

Na figura abaixo à esquerda temos as curvas de contorno de f relativas ao eixo z e respectivas curvas de nı́vel
esboçadas junto com o gráfico de f. Ao centro e à direita temos cada um dos outros dois tipos de curvas de contorno
esboçadas, separadamente, junto com o gráfico de f.

Na figura abaixo temos uma visão dos fatiamentos do gráfico de f por planos paralelos aos eixos coordenados, cujas
intersecções dão origem às curvas de contorno.

O gráfico de f é uma quádrica cilı́ndrica em “formato de párabola”.

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Exemplo 1.7 Esbocemos algumas superfı́cies de nı́vel contidas no domı́nio de f : R3 → R, dada por f (x, y, z) =
x2 + y2 + z2 .
As superfı́cies de nı́vel são dadas pelas equações f (x, y, z) = k, sendo k constante real. No nosso caso,

x2 + y2 + z2 = k.

• Para k < 0 não temos superfı́cies de nı́vel, pois a equação acima não possui soluções.
• Para k = 0 temos uma única solução: (x, y, z) = (0, 0, 0), ou seja, nesse caso, a superfı́cie de nı́vel f (x, y, z) = 0 é
degenerada e constituı́da de apenas um único ponto: a origem do sistema de coordenadas cartesianas√ no espaço.
• Para k > 0 temos que a superfı́cie de nı́vel f (x, y, z) = k corresponde à esfera de raio r = k e centro na origem,
Ä√ ä2
dada pela equação x2 + y2 + z2 = k .
Abaixo seguem algumas superfı́cies de nı́vel de f.

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Seção de Exercı́cios Propostos: Funções f : X ⊂ Rm → R


Exercı́cio 1.1 Identifique e esboce o maior domı́nio X
 possı́vel da função:
(i) f : X ⊂ R2 → R dada por f (x, y) = ln x2 − y2 − 1 .
(ii) f : X ⊂ R3 → R dada por f (x, y, z) = √ 12 2 .
z−x −y

Respostas: 
(i) Domı́nio máximo: X = (x, y) ∈ R2 : x2 − y2 > 1 . Esboce o domı́nio (delimitado por dois ramos de hipérbole).
3 2 2
(ii) Domı́nio máximo: X = (x, y, z) ∈ R : z > x + y . Esboce o domı́nio (delimitado por um parabolóide circu-
lar).

Exercı́cio 1.2 Esboce algumas curvas (ou superfı́cies) de nı́vel tı́picas contidas no domı́nio da função:
(i) f : R2 → R, dada por f (x, y) = 1+x21+y2 .
(ii) f : R3 → R, dada por f (x, y, z) = z + x2 + y2 .
p

(iii) f : R3 → R, dada por f (x, y, z) = x2 + y2 − z2 .

Respostas:
(i) (análise feita apenas para a variável z). Para z = k = 1, a curva de contorno se reduz a um ponto: (0, 0, 1).
Para z = k tal » que 0 < k < 1, as curvas de contorno são circunferências (contidas nos planos z = k) de centros
(0, 0, k) e raios k1 − 1.
No plano xy, as curvas de nı́vel são circunferências concêntricas com centro na origem sendo que, à medida que os
raios das circunferências aumentam, os valores de z diminuem tendendo a 0.
(ii) As superfı́cies de nı́vel w = f (x, y, z) = k formam o conjunto dos cones de revolução com concavidade para
baixo e vértice no eixo z.
(iii). Divida em 3 casos: f (x, y, z) > 0, f (x, y, z) = 0 e f (x, y, z) < 0. Tratam-se de hiperbolóides de uma folha, um
cone duplo e hiperbolóides de duas folhas, respectivamente, todos com eixo z, centros ou vértice na origem.

Exercı́cio 1.3 Esboce o gráfico de:


(i) f : R2 → R dada por f (x, y) = x2 +py2 .
p

(ii) f : R2 → R dada por f (x, y) = 10 − x2 + y2 .


(iii) f : R2 → R dada por f (x, y) = y3 − x2 .

Respostas:
(i) Trata-se de um cone com vértice na origem e concavidade para cima.
(ii) O gráfico de f é um cone de revolução com concavidade para baixo e vértice no ponto (0, 0, 10).
(iii) No plano yz (que é o plano x = 0) considere a curva z = y3 . Para cada ponto P 0, k, k3 dessa curva, no

plano y = k, considere a parábola z = k3 − x2 , com concavidade para baixo e vértice no ponto P. A reunião de todas
essas parábolas formam o gráfico.

Exercı́cio 1.4 Associe gráficos e curvas de nı́vel.


Obs.: este exercı́cio é apenas visual, ou seja, não é necessário encontrar equações de curvas de nı́vel.

(ii)  ã (1 )
Å x
3 arctg
(i) 2
(x +y 2
) cos2 2
y
(iii)
Äp ä
f (x, y) = 1+x21+y2 f (x, y) = exp(x2 +y2 )
f (x, y) = cos x2 + y2

ρ2 cos2 ( 3θ
 
1 Esta 2 )
superfı́cie também pode ser parametrizada como X (ρ, θ) = ρ cos (θ) , ρ sen (θ) , 2

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(iv) (v) (vi)


xy
2
f (x, y) = 3xx2+9y
2
f (x, y) = x f (x, y) = √
e +y2 ex2 +y2 ex2 +y2

Curvas de nı́vel:

(a) (b) (c)

(d) (e) (f )

Respostas: (i) − (d); (ii) − (b); (iii) − (c); (iv) − (a); (v) − (f ); (vi) − (e).

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Capı́tulo 2

Limites e Continuidade de Funções Reais


de Várias Variáveis Reais

2.1 Limites de Funções Reais de Várias Variáveis Reais


Podemos estender o conceito de limite estudado no Cálculo 1 para funções de várias variáveis. Para tanto, re-
cordemos que se P (a1 , a2 , . . . , am ) e Q (x1 , x2 , . . . , xm ) são pontos em Rm , então a distância entre P e Q é dada
por
−→ »
2 2 2
d (P, Q) = kQ − Pk = kPQk = (x1 − a1 ) + (x2 − a2 ) + · · · + (xm − am ) .
Quando m = 2 ou 3 costumamos adotar a notação P (a, b) e Q (x, y), ou então P (a, b, c) e Q (x, y, z) e a expressão
da distância fica 

»
2 2
 d (P, Q) = (x − a) + (y − b) quando m = 2
ou .


»
2 2 2
d (P, Q) = (x − a) + (y − b) + (z − c) quando m = 3
z
y
Q z
y c
, Q) Q
d(P |y-b| P
b O
P |x-a| b y y
a
x x
0 a x x

A definição formal de limite de função real de várias variáveis é dada abaixo. Antes, porém, é preciso introduzir a
noção de ponto de acumulação.

Um ponto P ∈ Rm é dito ponto de acumulação de um conjunto X ⊂ Rm quando existem pontos de X, distintos


de P, arbitrariamente próximos de P.

Notemos que um ponto de acumulação de um conjunto não precisa pertencer, necessariamente, ao conjunto.

Um exemplo simples: P (0, 0) ∈ R2 é ponto de acumulação de X = (x, y) ∈ R2 : (x, y) 6= (0, 0) , pois há pontos de
X (distintos de P) arbitrariamente próximos de P.
Agora sim, a definição formal de limite de uma função de várias variáveis:

Sejam f : X ⊂ Rm → R e P (a1 , a2 , . . . , am ) ∈ Rm um ponto de acumulação de X. Indiquemos um ponto genérico


do domı́nio X por Q (x1 , x2 , . . . , xm ). Dizemos que f (Q) tem limite L ∈ R quando Q tende a P, e escrevemos

lim f (Q) = L ,
Q→P

sempre que: para ∀ε > 0, ∃δ > 0 tal que (1 )


0 < d (P, Q) < δ ⇒ |f (Q) − L| < ε.

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Desta forma, dizer que lim f (Q) = L significa que podemos fazer f (Q) arbitrariamente próximo de L, tomando
Q→P
Q suficientemente próximo de P, porém, diferente de P.
Observações.
(1) Quando m = 2 ou 3 costumamos escrever a notação de limite do seguinte modo:


 lim f (x, y) = L, quando m = 2
 (x,y)→(a,b)
ou .


 lim f (x, y, z) = L, quando m = 3
(x,y,z)→(a,b,c)

(2) Como X possui dimensão mı́nima igual a 2, lim f (Q) = L tem a seguinte implicação: não importa por qual
Q→P
“caminho” façamos Q tender a P no domı́nio X de f que f (Q) sempre se aproximará do número real L.
y
X
R2 R
(a,b)
(x2,y2) f(x2,y2)
f
(x1,y1) L

x f(x1,y1)

Por outro lado, se existirem pelo menos dois “caminhos” distintos em X tal que o limite acima assuma dois valores
distintos, dependendo do caminho adotado para fazer Q tender a P, então o limite não existe.
(3) Todas as propriedades operatórias relativas aos limites de funções reais de uma variável real são válidas para
funções de várias variáveis.

x2 −y2
Exemplo 2.1 Calculemos lim x+y .
(x,y)→(0,0)

2
−y2

O domı́nio de f (x, y) = xx+y é X = (x, y) ∈ R2 : y 6= −x . Entretanto, arbitrariamente próximo de (0, 0) há
pontos (x, y) ∈ X. Logo, podemos considerar o limite. Assim,

x2 −y2 (x−y)(x+y)
lim x+y = lim x+y = lim (x − y) = 0.
(x,y)→(0,0) (x,y)→(0,0) (x,y)→(0,0)

x2 −y2
Exemplo 2.2 Existe lim 2 2 ?
(x,y)→(0,0) x +y

2 2 
O domı́nio de f (x, y) = xx2 −y
+y2
é X = (x, y) ∈ R2 : (x, y) 6= (0, 0) . Entretanto, arbitrariamente próximo de (0, 0)
há pontos (x, y) ∈ X. Logo, podemos considerar o limite.
Se o limite existir, seu valor independerá do caminho escolhido para fazer (x, y) tender a (0, 0). Tomemos os
seguintes caminhos.
(i) A reta C1 de equação y = x passa por (0, 0), Façamos (x, y) tender a (0, 0) por ela.
Assim,
x2 −y2 x2 −x2 0
lim 2 2 = lim 2 2 = lim 2 = lim 0 = 0.
(x,y)→(0,0) x +y x→0 x +x x→0 2x x→0
(x,y)∈C1

(ii) A reta C2 de equação y = 2x passa por (0, 0), Façamos (x, y) tender a (0, 0) por ela.
Assim,
x2 −y2 x2 −(2x)2 −3x2 −3
lim 2 2 = lim 2 = lim 2 = lim = − 35 .
(x,y)→(0,0) x +y x→0 5x x→0 5
2
x→0 x +(2x)
(x,y)∈C2
1 0 < d (P, Q) significa P 6= Q.

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y y = 2x R
y=x
2
R f(x,x) = 0
(x,y)
f
(x,y) f(x,2x) = -3/5
x
(0,0)
x2 −y2
Conclusão: o limite depende do “caminho” escolhido para fazer (x, y) tender a (0, 0). Logo, não existe lim 2 2.
(x,y)→(0,0) x +y

Abaixo seguem algumas figuras do gráfico de f.

xy
Exemplo 2.3 Estudemos o comportamento do limite lim 2 2.
(x,y)→(0,0) x +y

O domı́nio de f (x, y) = x2xy
+y2
é X = (x, y) ∈ R2 : (x, y) 6= (0, 0) . Entretanto, arbitrariamente próximo de (0, 0)
há pontos (x, y) ∈ X. Logo, podemos considerar o limite.
Se o limite existir, seu valor independerá do caminho escolhido para fazer (x, y) tender a (0, 0). Tomemos os
seguintes caminhos.
(i) A reta C1 de equação y = x passa por (0, 0), Façamos (x, y) tender a (0, 0) por ela.
Assim,
xy x2
lim x2 +y2
= lim x2xx
+x2
= lim 2x 1
2 = lim 2 = 2 .
1
(x,y)→(0,0) x→0 x→0 x→0
(x,y)∈C1

(ii) A reta C2 de equação y = −x passa por (0, 0), Façamos (x, y) tender a (0, 0) por ela.
Assim,
2
lim xy
x2 +y2
= lim x2x(−x)
+(−x)2
= lim −x
2x2
= lim −1 2 = −2.
1
(x,y)→(0,0) x→0 x→0 x→0
(x,y)∈C2
xy
Conclusão: o limite depende do “caminho” escolhido para fazer (x, y) tender a (0, 0). Logo, não existe lim 2 2.
(x,y)→(0,0) x +y

x3 −y3
Exemplo 2.4 Estudemos o comportamento do limite lim 2 2.
(x,y)→(0,0) x +y
3 3 
O domı́nio de f (x, y) = xx2 −y
+y2
é X = (x, y) ∈ R2 : (x, y) 6= (0, 0) . Entretanto, arbitrariamente próximo de (0, 0)
há pontos (x, y) ∈ X. Logo, podemos considerar o limite.
Inspirados pelos exemplos anteriores, se considerarmos alguns caminhos particulares em X passando por (0, 0) e
fizermos (x, y) → (0, 0) por esses caminhos, constataremos que f (x, y) → 0. Isso é um sinal de que o limite pode
existir.

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Utilizemos o sistema de coordenadas polares, fazendo a seguinte mudança de variáveis:



x = r cos (θ)
,
y = r sen (θ)

sendo r > 0 e θ ∈ [0, 2π).

y R2
y = rsen(q) (x,y) º (r;q)
r

q x
0 x = rcos(q)

Assim, (x, y) → (0, 0) significa r → 0 com θ livre.


Logo,
3 3
x3 −y3 (θ)−r3 sen3 (θ)
= lim rr2 cos = lim r cos3 (θ) − sen3 (θ) = 0,

lim x2 +y2 cos2 (θ)+r2 sen2 (θ)
(x,y)→(0,0) r→0 r→0
(θ livre)

pois h (θ) = cos3 (θ) − sen3 (θ) é uma função limitada, enquanto que g (r) = r → 0 à medida que r → 0.

√ xy
Exemplo 2.5 Estudemos o comportamento do limite lim .
(x,y)→(0,0) x2 +y2

xy

O domı́nio de f (x, y) = √ é X = (x, y) ∈ R2 : (x, y) 6= (0, 0) . Entretanto, arbitrariamente próximo de
x2 +y2
(0, 0) há pontos (x, y) ∈ X. Logo, podemos considerar o limite.
Se considerarmos alguns caminhos particulares em X passando por (0, 0) e fizermos (x, y) → (0, 0) por esses
caminhos, constataremos que f (x, y) → 0. Isso é um sinal de que o limite pode existir.
Utilizemos o sistema de coordenadas polares, fazendo a seguinte mudança de variáveis:

x = r cos (θ)
y = r sen (θ)

sendo r > 0 e θ ∈ [0, 2π).


Assim, (x, y) → (0, 0) significa r → 0 com θ livre.
Logo,
r2 cos(θ) sen(θ)
lim √ xy
2 2
= lim √ (r2 cos(θ))(r
2
sen(θ))
2 2
= lim |r| .
(x,y)→(0,0) x +y r→0 r cos (θ)+r sen (θ) r→0
(θ livre)

Mas

 r2 cos(θ) sen(θ) r2 cos(θ) sen(θ)
 lim+
 r→0 |r| = lim+
r→0 r = lim+ r cos (θ) sen (θ) = 0
r→0



 lim r2 cos(θ) sen(θ)
= lim− r2 cos(θ) sen(θ)
= lim− (−r cos (θ) sen (θ)) = 0

r→0 |r| r→0 −r r→0
2
lim √ xy = lim r cos(θ)
|r|
sen(θ)
= 0,
(x,y)→(0,0) x2 +y2 r→0

pois h (θ) = cos (θ) sen (θ) é uma função limitada, enquanto que g (r) = r → 0 à medida que r → 0.

2.2 Continuidade em Funções Reais de Várias Variáveis Reais


Conforme o leitor perceberá na definição abaixo, a noção de continuidade para funções de várias variáveis é oriunda,
com as devidas adaptações, da mesma noção para funções reais de uma variável real.

Sejam f : X ⊂ Rm → R e P (a1 , . . . , am ) ∈ X. Denotemos de modo genérico um ponto de X por Q (x1 , . . . , xm ).


Dizemos que f é contı́nua em P quando existe lim f (Q) (como número real ) e
Q→P

lim f (Q) = f (P) .


Q→P

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Quando f for contı́nua em todos os pontos de seu domı́nio, dizemos que f é contı́nua em X, ou simplesmente
que f é contı́nua.
Quando f não for contı́nua em algum ponto P de seu domı́nio dizemos que f é descontı́nua em P. Neste caso
também dizemos simplesmente que f é descontı́nua.

As propriedades operatórias e teoremas relacionados a continuidade de funções uma variável podem ser devidamente
estendidos para funções de várias variáveis.

Exemplo 2.6 A função f : R2 → R, dada por f (x, y) = x2 + y2 é contı́nua em P (1, 1), pois

lim f (x, y) = 12 + 12 = 2 = f (1, 1) .


(x,y)→(1,1)

Generalizando,
lim f (x, y) = a2 + b2 = f (a, b) ,
(x,y)→(a,b)

ou seja, f é contı́nua em R2 .


1, se (x, y) 6= (0, 0)
Exemplo 2.7 A função f : R → R, dada por f (x, y) =
2
é descontı́nua em P (0, 0), pois
0, se (x, y) = (0, 0)

lim f (x, y) = lim 1 6= 0 = f (0, 0) .


(x,y)→(0,0) ↓ (x,y)→(0,0)
(x,y)6=(0,0)

ou seja, a definição não está satisfeita. Consequentemente, f é descontı́nua em R2 .

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Seção de Exercı́cios Propostos: Limites de Funções f : X ⊂ Rm → R


Exercı́cio 2.1 Calcule:
7 − x2 + 5xy .

(i) lim
(x,y)→(0,0)
x+y
(ii) lim .
(x,y)→(0,0) 1+xy

Respostas:
x+y
7 − x2 + 5xy = 7 e (ii)

(i) lim lim = 0.
(x,y)→(0,0) (x,y)→(0,0) 1+xy

f(x+h,y)−f(x,y) f(x,y+k)−f(x,y)
Exercı́cio 2.2 Calcule os limites lim h e lim k , sendo:
h→0 k→0
(i) f (x, y) = x + y.
(ii) f (x, y) = xy.
(iii) f (x, y) = xy2 − 2.

Respostas:
(i) lim f(x+h,y)−f(x,y)
h = 1 e lim f(x,y+k)−f(x,y)
k = 1.
h→0 k→0
f(x+h,y)−f(x,y) f(x,y+k)−f(x,y)
(ii) lim h = y e lim k = x.
h→0 k→0
f(x+h,y)−f(x,y) 2 f(x,y+k)−f(x,y)
(iii) lim h = y e lim k = 2xy.
h→0 k→0

Exercı́cio 2.3 Use coordenadas polares para calcular:


2x3 −5y3
(i) lim 3x2 +3y2
.
(x,y)→(0,0)
√ 8xy
(ii) lim .
(x,y)→(0,0) 2x2 +2y2

xyz
Exercı́cio 2.4 Utilize coordenadas esféricas para mostrar que lim 2 2 2 = 0.
(x,y,z)→(0,0,0) x +y +z
Obs.: Deve-se utilizar a seguinte mudança de coordenadas:

 x = ρ sen (φ) cos (θ)
y = ρ sen (φ) sen (θ) ,

z = ρ cos (φ)

sendo ρ > 0, φ ∈ [0, π] e θ ∈ [0, 2π).


2xy
Exercı́cio 2.5 Mostre que lim 2 2 não existe.
(x,y)→(0,0) 7x +5y

2
Exercı́cio 2.6 Seja f : R2 − {(0, 0)} −→ R dada por f (x, y) = x2x y
4 +y2 .

(i) Mostre que f (x, y) → 0 quando (x, y) → (0, 0) ao longo de qualquer reta que passe pela origem.
(ii) Mostre que f (x, y) → 1 quando (x, y) → (0, 0) ao longo da parábola y = x2 .
Conclua que o limite de f (x, y) quando (x, y) → (0, 0) não existe.

Exercı́cio 2.7 Mostre que f : R2 → R dada por


2
x + y2 + 2, se (x, y) 6= (0, 0)
f (x, y) =
0, se (x, y) = (0, 0)

é descontı́nua em (0, 0).

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Capı́tulo 3

Derivação de Funções Reais de Várias


Variáveis Reais

3.1 Derivadas Parciais


Podemos derivar funções reais de várias variáveis reais. A diferença em relação às derivadas de funções de uma
variável é que temos mais do que uma derivada. São as chamadas derivadas parciais e, de forma mais geral, as
chamadas derivadas direcionais, que serão vistas mais adiante.
Comecemos definindo derivadas parciais para funções de duas variáveis.

Sejam f : X ⊂ R2 → R e (a, b) ∈ X um ponto de acumulação de X.


∂f
Definimos a derivada parcial de f, em relação a x, no ponto (a, b), denotada por ∂x (a, b), como sendo

∂f f(a+h,b)−f(a,b)
∂x (a, b) = lim h
h→0

caso esse limite exista como número real.


∂f
Analogamente, definimos a derivada parcial de f, em relação a y, no ponto (a, b), denotada por ∂y (a, b),
como sendo
∂f f(a,b+h)−f(a,b)
∂y (a, b) = lim h→0 h

caso esse limite exista como número real.

Observações.
(i) Outras notações para as derivadas parciais:
 ∂f
∂x (a, b) = fx (a, b)
∂f
∂y (a, b) = fy (a, b)

(ii) Podemos considerar as derivadas parciais de f em todos os pontos do domı́nio de f (onde elas existem) e considerar
novas funções:  ∂f
 2
 ∂x : X ⊂ R −→ ∂f R



 (x, y) 7−→ ∂x (x, y)


e






∂f
∂y : X ⊂ R
2
−→ R

 (x, y) 7−→ ∂y ∂f
(x, y)

que são as funções derivadas parciais de f em relação a x e em relação a y, respectivamente. Naturalmente, X, X ⊂ X.


∂f ∂f
(iii) A definição de ∂x (a, b) permite que interpretemos ∂x (a, b) como sendo a “derivada de f restrita ao plano y = b,
∂f
no ponto de abscissa x = a”, o que significa que o número ∂x (a, b) pode ser interpretado como o coeficiente angular
da reta tangente à curva de contorno, que é intersecção do gráfico de f com o plano y = b, no ponto (a, b, f (a, b))
∂f
(veja figura abaixo). Observação análoga vale para ∂y (a, b).

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Interpretação geométrica da derivada parcial:

z
t curva de contorno z
t

f(a,b) P
P c plano y = b

gráfico de f c
q
y x
a b reta tangente
à curva de contorno
x q no ponto P

Na figura acima, o plano em azul é o plano de equação y = b, paralelo ao plano xz. A curva de contorno c, também
em azul, é a intersecção do plano y = b com o gráfico de f. A reta t, em vermelho, é tangente à curva de contorno
c no ponto P (a, b, f (a, b)). O coeficiente angular da reta t (no plano xz) no ponto P é tg (θ). Do Cálculo 1 temos
∂f
tg (θ) = ∂x (a, b).
(iv) A definição de derivada parcial, reforçada pela Observação (iii) acima, indica um método para derivar parcial-
∂f ∂f
mente: ∂x (x, y) é calculada mantendo y como “constante” e derivando em relação a x. Analogamente, ∂y (x, y) é
calculada mantendo x como “constante” e derivando em relação a y (veja os exemplos abaixo).
(v) Podemos generalizar as definições de derivadas parciais de funções de 2 variáveis para funções com 3 ou mais
variáveis. A quantidade de derivadas parciais é a quantidade de variáveis.

Exemplo 3.1 Calculemos as derivadas parciais de f : R2 → R, dada por f (x, y) = x2 + 2xy2 − y3 .


Temos:  ∂f
∂x (x, y) = 2x + 2y2
∂f
∂y (x, y) = 4xy − 3y2

Exemplo 3.2 Calculemos as derivadas parciais de f : R2 → R, dada por f (x, y) = x2 + y2 e−xy .




Temos, pela Regra do Produto:


 ∂f −xy
+ x2 + y2 e−xy (−y) = 2x − yx2 − y3 e−xy
 
∂x (x, y) = 2xe
∂f −xy
+ x2 + y2 e−xy (−x) = 2y − xy2 − x3 e−xy
 
∂y (x, y) = 2ye


ln( x)y2
Exemplo 3.3 Calculemos as derivadas parciais de f : X ⊂ R2 → R, dada por f (x, y) = , sendo X =
 x2 +1
(x, y) ∈ R2 : x > 0 .
Temos:
 Ä ä √  y2 (x2 +1) √ 
 √1 . √1 2
x2 + 1 − ln x y2 (2x)

y √

 x 2 x − 2xy2 ln x y2 x2 +y2 −4x2 y2 ln( x)


∂f
∂x (x, y) = = 2x
=

 (x2 + 1)
2
(x2 + 1)
2 2x(x2 +1)2

x2 +1−x2 ln(x2 ) 2

 = y (pela Regra do Quociente)

 2x(x2 +1)2



 ∂f

ln( x) ln(x)
∂y (x, y) = 2 x2 +1 y = x2 +1 y

de f : X ⊂ R2 → R, dada por f (x, y) = tg x2 + y2 + cos x2 , sendo


 
Exemplo
 3.4 Calculemos as derivadas parciais

X = (x, y) ∈ R2 : x2 + y2 6= π2 + kπ, k ∈ Z .
Temos:  ∂f
(x, y) = sec2 x2 + y2 2x − sen x2 2x = 2x sec2 x2 + y2 − sen x2
   
∂x
∂f 2
x2 + y2

∂y (x, y) = 2y sec

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3.2 Plano Tangente a Gráfico de Funções de Duas Variáveis


Sejam f : X ⊂ R2 → R e (a, b) ∈ X. Suponhamos que ∂x ∂f ∂f
e ∂y existam e sejam contı́nuas em uma vizinhança em
∂f
torno de (a, b) ∈ X. Vimos que ∂x (a, b) é coeficiente angular da reta tangente t1 à curva de contorno c1 , intersecção
do gráfico de f com o plano y = b, no ponto T (a, b, f (a, b)).
∂f
Analogamente, vimos que ∂y (a, b) é coeficiente angular da reta tangente t2 à curva de contorno c2 , intersecção
do gráfico de f com o plano x = a, no ponto T (a, b, f (a, b)).

z
t2 t1 c1 : z = f(x,b)
f(a,b) c2 T c1 c2 : z = f(a,y)
a t1 , t2 Ì a

y
a b
x

O plano α que contém t1 e t2 é definido como sendo o plano tangente ao gráfico de f no ponto T (a, b, f (a, b)).

Proposição 3.1 Sejam f : X ⊂ R2 → R e (a, b) ∈ X tais que ∂x ∂f ∂f


e ∂y existam e sejam contı́nuas em uma vizinhança
em torno de (a, b). Então, a equação do plano tangente ao gráfico de f no ponto T (a, b, f (a, b)) é dada por

∂f ∂f
z − f (a, b) = ∂x (a, b) (x − a) + ∂y (a, b) (y − b) .

Demonstração da Proposição 3.1


Para deduzir a equação do plano α, tangente ao gráfico de f no ponto T (a, b, f (a, b)), precisamos das coordenadas
dos vetores diretores ~u e ~v das retas t1 e t2 , tangentes às curvas de contorno c1 e c2 , intersecção do gráfico de f
com os planos

y= b e x = a, no ponto T (a, b, f (a, b)).
~ ~ ~
Sejam i, j, k base ortonormal canônica do espaço cartesiano, ~u vetor diretor de t1 que forma ângulo não
reto(1 ) de medida θ com ~i e tal que ~u = ~i + w
~ , sendo w~ paralelo a ~k (figura abaixo).

z z t1
u w
t1
q T q
f(a,b) i f(a,b)
T i
k w k
c1 u c1
q q
x x
i a i a

~ = (0, 0, z0 ).
Logo, w
Temos tg (π − θ) = kkwk kwk
~ ~
~ik = k~
wk = −z0 quando z0 < 0 (figura acima à esquerda) ou tg (θ) = k~ik
= k~
wk = z0
quando z0 > 0 (figura acima à direita).
∂f ∂f
Como tg (π − θ) = − tg (θ), e ∂x (a, b) = tg (θ), podemos escrever ∂x (a, b) = z0 em qualquer situação e,
~ = ∂x (a, b) ~k.
portanto, w ∂f

Assim, ~u = ~i + ∂x
∂f
(a, b) ~k, ou seja, ~u = 1, 0, ∂x
∂f

(a, b) .
Ä ä
∂f
Analogamente, ~v = 0, 1, ∂y (a, b) .
~ = ~u × ~v vetor normal ao plano tangente α (figura abaixo).
Seja n

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n v
T u
a

Sabemos que
~ ~ ~k 
i j
  Ä ä
∂f ∂f ~ ∂f
(a, b)~j + ~k ⇒ n ∂f ∂f
 
~ = det 
n 1 0 ∂x (a, b)
 = − ∂x (a, b) i − ∂y
~ = − ∂x (a, b) , − ∂y (a, b) , 1
 
∂f
0 1 ∂y (a, b)

Seja P = (x, y, z) ∈ α e tomemos o vetor m


~ = P − T = (x − a, y − b, z − f (a, b)) que é vetor paralelo ao plano
α (figura abaixo).

n P
T m a

~ é ortogonal a m
Logo, n ~ e, portanto, n ~ ·m~ = 0 (produto escalar usual). Assim,
Ä ä
∂f
− ∂x ∂f
(a, b) , − ∂y (a, b) , 1 · (x − a, y − b, z − f (a, b)) = 0 ⇒
∂f
− ∂x (a, b) (x − a) − ∂f
∂y (a, b) (y − b) + z − f (a, b) = 0 ⇒
∂f ∂f
z − f (a, b) = ∂x (a, b) (x − a) + ∂y (a, b) (y − b)

que é a equação geral do plano tangente α ao gráfico de f no ponto T (a, b, f (a, b)). 

Exemplo 3.5 Determinemos a equação do plano tangente ao paraboloide circular de equação z = x2 + y2 no ponto
T (1, 2, 5).
Esse paraboloide circular pode ser visto como gráfico de f : R2 → R, dada por f (x, y) = x2 + y2 .
Sendo T (1, 2, 5) ponto desse paraboloide temos T (a, b, f (a, b)) = (1, 2, 5) e, portanto, (a, b) = (1, 2) e f (a, b) = 5.
O plano tangente ao paraboloide no ponto T possui equação
∂f ∂f
z − f (1, 2) = ∂x (1, 2) (x − 1) + ∂y (1, 2) (y − 2) .

Logo, precisamos das derivadas parciais:


 ∂f
∂x (x, y) = 2x ⇒ ∂f
∂x (1, 2) = 2.1 = 2
.
∂f
∂y (x, y) = 2y ⇒ ∂f
∂y (1, 2) = 2.2 = 4

Assim,
z − 5 = 2 (x − 1) + 4 (y − 2) ⇒ 2x + 4y − z − 5 = 0
é a equação (geral) do plano tangente pedido. Abaixo seguem figuras com o paraboloide e o plano tangente encontrado.

1O ∂f
ângulo em questão não pode ser reto pois, caso contrário, não existiria ∂x
(a, b).

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2
−y2
Exemplo 3.6 Encontremos os pontos do gráfico de z = f (x, y) = xe−x nos quais os planos tangentes são
horizontais.

Sendo
∂f ∂f
z − f (a, b) = ∂x (a, b) (x − a) + ∂y (a, b) (y − b)
a equação do plano tangente ao gráfico de f no ponto T (a, b, f (a, b)), para que ele seja horizontal, é necessário que
∂f ∂f
∂x (a, b) = ∂y (a, b) = 0, ou seja, é necessário que a equação seja da forma z = k (neste caso, k = f (a, b)).
Assim, precisamos das derivadas parciais:

 ∂f (x, y) = e−x2 −y2 + xe−x2 −y2 (−2x) = e−x2 −y2 1 − 2x2

∂x
.
 ∂f (x, y) = xe−x2 −y2 (−2y) = −2xye−x2 −y2
∂y

Assim, 
 ∂f
(a, b) = 0 ⇒ e−a
2
−b2
1 − 2a2 = 0
 √
∂x 1 − 2a2 = 0
⇒ ⇒ a = ± 22 e b = 0.
 ∂f
(a, b) = 0 ⇒ −2abe−a
2
−b2
=0 −2ab = 0
∂y

Portanto, temos dois pontos do gráfico de f onde o plano tangente é horizontal:


√ »   √ » 
T1 22 , 0, 2e1
e T2 − 22 , 0, − 2e1
.

Abaixo seguem figuras com o paraboloide e o plano tangente encontrado.

3.3 Derivadas Parciais de Ordem Superior


É possı́vel derivar várias vezes uma função f : X ⊂ R2 → R em relação a x ou y.

∂f ∂f
As derivadas parciais ∂x e ∂y de f são as derivadas parciais de primeira ordem, ou derivadas parciais
de ordem 1, de f.
Caso seja possı́vel derivar as derivadas parciais de f, temos as chamadas derivadas parciais de segunda
ordem de f.
∂2 f ∂2 f
Ä ä
∂ ∂f ∂ ∂f

∂x2 (x, y) = ∂x ∂x (x, y) ∂x∂y (x, y) = ∂x ∂y (x, y)

∂2 f ∂2 f
Ä ä
∂ ∂f ∂ ∂f

∂y∂x (x, y) = ∂y ∂x (x, y) ∂y2
(x, y) = ∂y ∂y (x, y)
2 2
∂ f ∂ f
As derivadas parciais de segunda ordem ∂x∂y e ∂yx são chamadas de derivadas parciais mistas de f.
De modo análogo podemos obter derivadas parciais de n-ésima ordem de f, sendo n ∈ N.

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Observações.
(1) Na notação fx e fy as derivadas parciais de segunda ordem de f : X ⊂ R2 → R são escritas como

fxx (x, y) = (fx )x (x, y) fxy (x, y) = (fx )y (x, y)

fyx (x, y) = (fy )x (x, y) fyy (x, y) = (fy )y (x, y)

2
∂ f ∂2 f
Percebemos que ∂x∂y (x, y) = fyx (x, y) e ∂y∂x (x, y) = fxy (x, y), ou seja, a posição de x e y nas duas notações
estabelecidas são trocadas.
(2) De modo análogo ao que apresentamos acima, podemos definir derivadas parciais de ordem superior para funções
f : X ⊂ Rm → R com m ∈ N qualquer.

2 2
Proposição 3.2 Sejam f : X ⊂ R2 → R e (a, b) ∈ X. Se ∂x∂y
∂ f ∂ f
e ∂y∂x forem contı́nuas em uma vizinhança em torno
de (a, b) ∈ X, então
∂2 f ∂2 f
∂x∂y (a, b) = ∂y∂x (a, b) .

Exemplo 3.7 Calculemos as derivadas parciais de segunda ordem de f : R2 → R, dada por f (x, y) = x2 + 2xy2 − y3
∂f ∂f
Temos ∂x (x, y) = 2x + 2y2 e ∂y (x, y) = 4xy − 3y2 .
∂2 f ∂2 f ∂2 f ∂2 f
Logo, ∂x2
(x, y) = 2, ∂y2
(x, y) = 4x − 6y, ∂y∂x (x, y) = 4y e ∂x∂y (x, y) = 4y.

Observemos que do fato das derivadas mistas serem contı́nuas em R2 temos a igualdade entre elas, devido à
Proposição 3.2 acima.

3.4 Regra da Cadeia


Assim como no caso das funções reais de uma variável real, a chamada Regra da Cadeia para funções de várias
variáveis serve para derivarmos funções compostas.
Vamos enunciar a Regra da Cadeia em quatro casos apenas, mas o leitor não terá a menor dificuldade em generalizar
a regra para compostas envolvendo funções com quaisquer quantidades de variáveis.
No primeiro caso, por exemplo, temos z = f (x, y), x = x (t) e y = y (t) e a Regra da Cadeia fornece uma expressão
que permite calcular z0 (t) sem precisar substituir x = x (t) e y = y (t) em z = f (x, y) e colocar z explicitamente em
função de t apenas. E assim ocorre para os demais casos.

Proposição 3.3 (Regra de Cadeia para funções f : X ⊂ R2 → R e f : X ⊂ R3 → R composta com funções de


uma ou duas variáveis)
(1) Sejam z = f (x, y), x = x (t) e y = y (t) funções com derivadas contı́nuas definidas em domı́nios onde faça sentido
a composição. Então, z = z (t) é derivável e
z
dz ∂f dx ∂f dy
dt = ∂x dt + ∂y dt x y
t

(2) Sejam z = f (x, y), x = x (u, v) e y = y (u, v) funções com derivadas contı́nuas definidas em domı́nios onde faça
sentido a composição. Então, z = z (u, v) possui derivadas parciais contı́nuas e
 z z
 ∂z
∂u = ∂f ∂x
∂x ∂u + ∂f ∂y
∂y ∂u
x y x y
 ∂z
= ∂f ∂x
+ ∂f ∂y
∂v ∂x ∂v ∂y ∂v
u v u v
(3) Sejam w = f (x, y, z), x = x (t), y = y (t) e z = z (t) funções com derivadas contı́nuas definidas em domı́nios onde

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faça sentido a composição. Então, w = w (t) é derivável e


w
dw
= ∂f dx
+ ∂f dy
+ ∂f dz x y z
dt ∂x dt ∂y dt ∂z dt
t
(4) Sejam w = f (x, y, z), x = x (u, v), y = y (u, v) e z = z (u, v) funções com derivadas contı́nuas definidas em
domı́nios onde faça sentido a composição. Então, w = w (u, v) possui derivadas parciais contı́nuas e
 w w
 ∂w
∂u = ∂f ∂x
∂x ∂u + ∂f ∂y
∂y ∂u + ∂f ∂z
∂z ∂u
x y z x y z
 ∂w
= ∂f ∂x
+ ∂f ∂y
+ ∂f ∂z
∂v ∂x ∂v ∂y ∂v ∂z ∂v
u v u v

A utilização da Regra da Cadeia, no caso de funções de várias variáveis, apenas com a finalidade fazer cálculos não
é muito prática. Quando temos as expressões analı́ticas das funções que formam uma composição, é frequentemente
mais fácil substituirmos as funções e trabalharmos com a(s) variável(eis) da(s) função(ões) interna(s) da composta.
Abaixo seguem alguns exemplos desse procedimento.

Exemplo 3.8 Sejam z = f (x, y) = xy, x = x (t) = cos (t) e y = y (t) = sen (t). Calculemos dz dt de duas formas:
(1o .) utilizando a Regra da Cadeia (Proposição 3.3 acima) e (2o .) substituindo x = x (t) e y = y (t) em z = f (x, y) e
calculando a derivada em relação a t diretamente.
Utilizando a Regra da Cadeia:
dz
dt (t) = ∂f
∂x (x, y) dx
dt (t) +
∂f
∂y (x, y) dy
dt (t) = y (− sen (t)) + x cos (t) = sen (t) (− sen (t)) + cos (t) cos (t)

= cos2 (t) − sen2 (t) = cos (2t) .

Substituindo:
sen(2t)
z = f (x, y) = xy ⇒ z (t) = f (x (t) , y (t)) = x (t) y (t) = cos (t) sen (t) = 2 ⇒ z0 (t) = dz
dt (t) = cos (2t) .

∂z ∂f
Exemplo 3.9 Sejam z = f (x, y) = xy2 , x = x (u, v) = cos (u) v2 e y = y (u, v) = u3 v4 . Calculemos ∂u e ∂v de duas
o o
formas: (1 .) utilizando a Regra da Cadeia (Proposição 3.3 acima) e (2 .) substituindo x = x (u, v) e y = y (u, v) em
z = f (x, y) e calculando as derivadas parciais em relação a u e a v diretamente.
Utilizando a Regra da Cadeia:

 ∂u∂z
(u, v) = ∂f
∂x
∂x
(x, y) ∂u (u, v) + ∂f
∂y
∂y
(x, y) ∂u (u, v)

 ∂z ∂f
(u, v) = ∂x (x, y) ∂x ∂f ∂y
∂v ∂v (u, v) + ∂y (x, y) ∂v (u, v)

 ∂z
(u, v) = y2 − sen (u) v2 + 2xy3u2 v4 = −u6 v10 sen (u) + 6u5 v10 cos (u)

∂u
 ∂z
(u, v) = y2 2 cos (u) v + 2xy4u3 v3 = 2u6 v9 cos (u) + 8u6 v9 cos (u) = 10u6 v9 cos (u)
∂v

Substituindo:

z = f (x, y) = xy2 ⇒
2 2
z (u, v) = f (x (u, v) , y (u, v)) = x (u, v) (y (u, v)) = cos (u) v2 u3 v4 = u6 v10 cos (u) ⇒

 ∂z (u, v) = 6u5 v10 cos (u) + u6 v10 (− sen (u)) = −u6 v10 sen (u) + 6u5 v10 cos (u)
∂u
.
 ∂z (u, v) = 10u6 v9 cos (u)
∂v

Exemplo 3.10 (Envolvendo taxas de variação) Um ponto P (x, y, z) desloca-se no espaço cartesiano de tal modo
que z = x2 + y2 (ou seja, o ponto P está preso ao parabolóide circular de equação z = x2 + y2 ). Sabe-se que a abscissa
de P tem velocidade constante de 2 m/s e sua ordenada tem velocidade constante de 3 m/s. Qual é a velocidade da
cota (altura) de P quando P estiver na posição (2, 3, 13)? (2 )
2 Parametrizar a curva que a particula descreve sobre o paraboloide é um ótimo exercı́cio.

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As coordenadas de P dependem do tempo, ou seja, x = x (t), y = y (t) e z = z (t).


Pela Regra da Cadeia:
z0 (t) = ∂x
∂z
(x (t) , y (t)) x0 (t) + ∂y
∂z
(x (t) , y (t)) y0 (t) .

Temos x0 (t) e y0 (t) como sendo a velocidade da abscissa e da ordenada de P, respectivamente. Logo, x0 (t) = 2 m/s e
y0 (t) = 3 m/s para qualquer t ≥ 0. Já z0 (t) é a velocidade da cota de P (não necessariamente constante).No instante
t = t0 em que P está na posição (2, 3, 13) temos:

z0 (t0 ) = ∂z
∂x (2, 3) 2 + ∂z
∂y (2, 3) 3 ⇒ z0 (t0 ) = 8 + 18 = z0 (t0 ) = 26 m/s

é a velocidade da cota de P quando P estiver na posição (2, 3, 13).


A figura abaixo ilustra esse problema.
z
R3

z(t) 13
P

y(t) 3 m/s
x(t) 3 y
2
2 m/s
x

3.5 Derivação Parcial Implı́cita


Seja E (x, y, z) = 0 uma equação nas variáveis x, y e z. Dizemos que a função f : X ⊂ R2 → R, tal que z = f (x, y),
é dada implicitamente por tal equação quando (x, y, f (x, y)) for solução de E (x, y, z) = 0 para todo (x, y) ∈ X.
2 2 2 2 2 2
Por exemplo, E (x, y,pz) = 0 dada por E (x, y, z) = x + y + zp− 1 fornece a equação x + y + z = 1, e podemos
2 2 2 2 2 2
definir z = f (x, y) = 1 − x − y , ou então z = f (x, y) = − 1 − x − y , com −1 6 x + y 6 1, como sendo
funções dadas implicitamente por x2 + y2 + z2 = 1. Entretanto, nem sempre é possı́vel encontrar uma expressão
analı́tica para z = f (x, y) como no caso desse exemplo. Mesmo assim, podemos trabalhar com suas derivadas. Abaixo
veremos um exemplo de como fazer isso.
Antes porém, como derivar z = f (x, y) dada implicitamente em uma equação? Resposta: utilizando a Regra da
Cadeia.
No exemplo acima:
2
x2 + y2 + z2 = 1 ⇒ x2 + y2 + (f (x, y)) = 1 ⇒

 ∂x
Ä 2
ä

x2 + y2 + (f (x, y)) = ∂
∂x (1) ⇒ 2x + 2f (x, y) ∂x
∂f
(x, y) = 0 ⇒ ∂f
∂x
x
(x, y) = − f(x,y)
, sendo f (x, y) 6= 0.
 ∂ x2 + y2 + (f (x, y))2 =
Ä ä
∂y

∂y (1) ⇒ 2y + 2f (x, y) ∂y
∂f
(x, y) = 0 ⇒ ∂f
∂y
y
(x, y) = − f(x,y)

Esse procedimento está sintetizado na proposição abaixo.

Proposição 3.4 Seja E : X ⊂ R3 → R com derivadas parciais de primeira ordem contı́nuas e consideremos a equação
E (x, y, z) = 0. Suponhamos que z = f (x, y) está definida implicitamente como função de x e y por essa equação e
possua derivadas parciais de primeira ordem contı́nuas. Então,

∂z ∂f − ∂E
∂x ∂z ∂f
− ∂E
∂y
∂x = ∂x = ∂E
e ∂y = ∂y = ∂E
∂z ∂z

∂E
sempre que ∂z 6= 0.

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Demonstração da Proposição 3.4


A partir de E (x, y, z) = 0, podemos derivar em relação a x os dois lados da igualdade, aplicando a Regra da
Cadeia. Desta forma,

− ∂E
E (x, y, z) = 0 ⇒ ∂
∂x (E (x, y, f (x, y))) = ∂
∂x (0) ⇒ ∂E ∂x ∂E ∂y ∂E ∂f
∂x ∂x + ∂y ∂x + ∂z ∂x =0⇒ ∂E ∂E ∂E ∂f
∂x .1+ ∂y .0+ ∂z ∂x =0⇒ ∂f
∂x = ∂x
∂E
.
∂z

∂f
− ∂E
∂y
Analogamente, se derivarmos E (x, y, z) = 0 em relação a y, chegamos a ∂y = ∂E
. 
∂z

Observação: não é difı́cil generalizar a Proposição 3.4 para funções implı́citas com mais do que duas variáveis.

Exemplo 3.11 Determinar o plano tangente, no ponto (1, 3, 2), à superfı́cie de equação z3 + xz − y2 = 1.

Vimos que a equação do plano tangente à superfı́cie, que é gráfico de z = f (x, y), no ponto T (a, b, f (a, b)), é dada
por
∂f ∂f
z − f (a, b) = ∂x (a, b) (x − a) + ∂y (a, b) (y − b) .

Não podemos calcular as derivadas parciais de forma direta, pois não é possı́vel isolarmos z = f (x, y) na equação
z3 + xz − y2 = 1. Isto significa que devemos derivar f implicitamente, utilizando a Proposição 3.4 acima.

Temos T (a, b, f (a, b)) = (1, 3, 2) ⇒ a = 1, b = 3 e f (1, 3) = 2 (observemos que as coordenadas de T cumprem a
equação z3 + xz − y2 = 1). Temos também que E (x, y, z) = z3 + xz − y2 − 1 = 0.

∂E ∂E
− ∂x (x,y,z) − ∂y (x,y,z)
∂f ∂f
Como ∂x (x, y) = ∂E e ∂y (x, y) = ∂E segue que
∂z (x,y,z) ∂z (x,y,z)



∂f
(x, y) = −z
3z2 +x
⇒ ∂f
(a, b) = −f(a,b)
⇒ ∂f 2
(1, 3) = − 13
∂x ∂x 3(f(a,b))2 +a ∂x


 ∂f
∂y (x, y) = 2y
3z2 +x
⇒ ∂f
∂y (a, b) = 2b
3(f(a,b))2 +a
⇒ ∂f
∂y (1, 3) = 6
13

Assim,
2
z − 2 = − 13 (x − 1) + 6
13 (y − 3) ⇒ 2x − 6y + 13z − 10 = 0

é a equação pedida.

3.6 Incrementos e Diferenciais


Do Cálculo 1, com funções f : X ⊂ R → R deriváveis, sabemos que
f(x+∆x)−f(x)
f0 (x) = lim ∆x .
∆x→0

Fazendo
∆f = f (x + ∆x) − f (x)

temos f0 (x) = lim ∆f


, ∼
o que significa que, para valores pequenos de ∆x, temos f0 (x) = ∆f ∼ f0 (x) ∆x.
∆x→0 ∆x ∆x , ou seja ∆f =
Fazendo
dx = ∆x e df = f0 (x) dx

chegamos a
∼ df
∆f =

para valores pequenos de dx.


A figura abaixo sintetiza todo o raciocı́nio desenvolvido acima.

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y reta tangente
gráfico de f
f(x+Dx)
df = f¢(x)dx
Df Df @ df
T q
f(x)
f¢(x) = tg(q)
x
0 x x+dx
dx = Dx

O número ∆f é chamado de incremento de f em x (ou no ponto x).


O número df é chamado de diferencial de f em x (ou no ponto x).

Portanto, o que concluı́mos com o raciocı́nio acima é que o incremento de f pode ser aproximado pela diferencial
de f em x.

Observações.
∼ ∆f é uma aproximação (podendo
(i) Temos que dx = ∆x é uma igualdade (nunca aproximação), enquanto que df =
ser uma igualdade quando o gráfico de f for uma reta).

(ii) O comprimento f0 (x) dx do cateto vertical do triângulo retângulo da figura acima é denotado por df. Daı́ a
equação df = f0 (x) dx, que motiva a notação fracional de derivada: f0 (x) = dx
df
.

Quando f : X ⊂ R2 → R possui derivadas parciais:


O incremento de f em (x, y) (ou no ponto (x, y)) é definido por

∆f = f (x + ∆x, y + ∆y) − f (x, y) ,

enquanto que a diferencial de f em (x, y) (ou no ponto (x, y)) é definida por

∂f ∂f
df = ∂x (x, y) dx + ∂y (x, y) dy .

E continuamos tendo
∼ df ,
∆f =

para valores pequenos de dx e de dy (lembrando que dx = ∆x e dy = ∆y).

A justificativa para esta aproximação vem da equação do plano tangente ao gráfico de f no ponto (x, y), ou seja,

z − f (x, y) = ∂f
∂x (x, y) ((x + ∆x) − x) + ∂f
∂y (x, y) ((y + ∆y) − y) ⇒
z − f (x, y) = ∂f
∂x (x, y) dx + ∂f
∂y (x, y) dy ⇒
z − f (x, y) = df.

Mas os pontos (x + ∆x, y + ∆y, z) no plano e (x + ∆x, y + ∆y, f (x + ∆x, y + ∆y)) no gráfico de f estão próximos
quando ∆x e ∆y são pequenos, o que nos permite escrever

∼ f (x + ∆x, y + ∆y)
z=

para valores pequenos de ∆x e de ∆y. Desta forma,

∼ df ⇒ ∆f =
f (x + ∆x, y + ∆y) − f (x, y) = ∼ df.

A figura abaixo sintetiza o raciocı́nio.

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Assim, análogo ao caso de f com uma variável, concluı́mos com o raciocı́nio acima que o incremento de f pode ser
aproximado pela diferencial de f em (x, y).
Observações.
(i) Podemos pensar em incrementos e diferenciais parciais em x e em y para funções de duas variáveis. De
∂f
fato, fazendo ∆f[x] = f (x + ∆x, y) − f (x, y), de ∂x (x, y) = lim f(x+∆x,y)−f(x,y) ∂f
temos ∂x ∼ ∆f[x] para valores
(x, y) =
∆x→0 ∆x dx
pequenos de dx = ∆x. Assim ∆f[x] = ∼ ∂f (x, y) dx para valores pequenos de dx. Analogamente, ∆f[y] = ∼ ∂f (x, y) dy
∂x ∂x
para valores pequenos de dy. Por esse motivo, ∆f = f (x + ∆x, y + ∆y) − f (x, y) é, às vezes, chamado de incremento
∂f ∂f
total , enquanto que df = ∂x (x, y) dx + ∂x (x, y) dy é chamado de diferencial total de f em (x, y).
(ii) De modo análogo ao que fizemos para f : X ⊂ R2 → R podemos generalizar incremento e diferencial para
f : X ⊂ Rm → R com m ≥ 2. Em particular, se f : X ⊂ R3 → R possui derivadas parciais, então
∂f ∂f ∂f
df = ∂x (x, y, z) dx + ∂y (x, y, z) dy + ∂z (x, y, z) dz

∼ df.
é a diferencial total de f em (x, y, z) e ∆f =

As aproximações fornecidas pelas diferenciais podem ser úteis em cálculos trabalhosos, como podemos constatar
nos próximos exemplos.

Exemplo 3.12 Calculemos um valor aproximado para f (3, 2 ; 4, 9), sendo f (x, y) = x2 + 3xy − 2y2 , utilizando
diferenciais.
A diferencial de f em (x, y) é dada por

df = ∂f
∂x (x, y) dx + ∂f
∂y (x, y) dy ⇒ df = (2x + 3y) dx + (3x − 4y) dy .

Observemos que um ponto próximo de (3, 2 ; 4, 9) é (3, 5). Calculemos a diferencial de f em (3, 5):

df = ∂f
∂x (3, 5) dx + ∂f
∂y (3, 5) dy ⇒ df = (2.3 + 3.5) dx + (3.3 − 4.5) dy ⇒ df = 21dx − 11dy .

Fazendo ∆f = f (x + ∆x, y + ∆y) − f (x, y) = f (3, 2 ; 4, 9) − f (3, 5) temos ∆x = dx = 0, 2 e ∆y = dy = −0, 1. Logo,


df = 21 (0, 2) − 11 (−0, 1) = 4, 2 + 1, 1 = 5, 3.
Assim,
∼ df ⇒ f (3, 2 ; 4, 9) − f (3, 5) =
∆f = ∼ 5, 3 ⇒ f (3, 2 ; 4, 9) =
∼ 5, 3 + f (3, 5) ⇒
∼ 5, 3 + 4 ⇒ f (3, 2 ; 4, 9) =
f (3, 2 ; 4, 9) = ∼ 9, 3 .

Observações:
(i) No cálculo exato temos f (3, 2 ; 4, 9) = 9, 26.
(ii) Portanto, aproximando o incremento ∆f pela diferencial df em (3, 5) estamos cometendo um erro de 0, 04 no
cálculo de f (3, 2 ; 4, 9).
∼ df.
(iii) Por fim, observemos que ∆f = f (3, 2 ; 4, 9) − f (3, 5) = 9, 26 − 4 = 5, 26, enquanto que df = 5, 3, ou seja, ∆f =

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»
3 2
Exemplo 3.13 Estimemos uma aproximação para 2 (2, 02) + (2, 97) .
p
Consideremos f (x, y) = 2x3 + y2 e o ponto (2, 3). Logo, queremos uma aproximação para f (2, 02 ; 2, 97).
A diferencial de f em (x, y) é dada por

3x2
df = ∂f
∂x (x, y) dx + ∂f
∂y (x, y) dy ⇒ df = √ dx +√ y
dy .
2x3 +y2 2x3 +y2

No ponto (2, 3):


3(2)2
df = √ dx + √ 3
dy ⇒ df = 12
5 dx + 35 dy .
2(2)3 +32 2(2)3 +32

Fazendo ∆f = f (x + ∆x, y + ∆y) − f (x, y) = f (2, 02 ; 2, 97) − f (2, 3) temos ∆x = dx = 0, 02 e ∆y = dy = −0, 03.
Logo,
df = 12 3
5 (0, 02) + 5 (−0, 03) = 0, 03.

Assim,
∼ df ⇒ f (2, 02 ; 2, 97) − f (2, 3) =
∆f = ∼ 0, 03 ⇒ f (2, 02 ; 2, 97) =
∼ 0, 03 + f (2, 3) ⇒
∼ ∼
f (2, 02 ; 2, 97) = 0, 03 + 5 ⇒ f (2, 02 ; 2, 97) = 5, 03,

ou seja,
2 ∼
»
3
2 (2, 02) + (2, 97) = 5, 03 .
»
3 2
Observação: o valor efetivo com nove casas decimais de 2 (2, 02) + (2, 97) é 5, 030478705.

Exemplo 3.14 Construiu-se um cubo de metal que se supõe ter arestas medindo 100 mm. Mas a medição em cada
uma das três dimensões x, y, z pode ter erro máximo de 1 mm para mais ou para menos. Por meio de diferenciais,
estime o erro máximo resultante do cálculo do volume V = xyz.
Consideremos V (x, y, z) = xyz o volume do paralelepı́pedo de arestas medindo x, y e z.
No caso do nosso cubo temos que o erro E máximo ocorre quando todas arestas tiverem tamanho 101 mm e ele é
E = ∆V = V (101, 101, 101) − V (100, 100, 100).
A diferencial dV no ponto (x, y, z) é dada por
∂V ∂V ∂f
dV = ∂x (x, y, z) dx + ∂y (x, y, z) dy + ∂z (x, y, z) dz = yzdx + xzdy + xydz.

No ponto (100, 100, 100) temos


dV = 1002 dx + 1002 dy + 1002 dz.
De ∆V = V (x + ∆x, y + ∆y, z + ∆z) − V (x, y, z) = V (101, 101, 101) − V (100, 100, 100) temos ∆x = dx = 1, ∆y =
dy = 1 e ∆z = dz = 1.
Assim, no ponto (100, 100, 100) temos
2
dV = 3. (100) .
∼ dV temos
De E = ∆V =
∼ 3. (100)2 = 30000 mm3 = 30 cm3 = 30 ml,
E=
ou seja, uma estimativa para o erro é de 30 ml (em um cubo que tem volume 1003 mm3 = 1000000 mm3 = 1000
cm3 = 1000 ml = 1 l).
Observações:
(i) O erro exato é E = ∆V = V (101, 101, 101) − V (100, 100, 100) = 1013 − 1003 = 30301 mm3 = 30, 301 ml.
(ii) Se fizermos uma estimativa do erro considerando arestas de 99 mm no cubo, teremos dx = dy = dz = −1 e
dV = −30000 (ou seja, a estivativa do erro é de 30 ml para mais ou para menos). Entretanto, neste caso, E = ∆V =
V (99, 99, 99) − V (100, 100, 100) = 993 − 1003 = −29701, ou seja o erro é de 29, 701 ml para menos. Portanto, o erro
maior ocorre, de fato, quanto consideramos o cubo com arestas de 101 mm.

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Seção de Exercı́cios Propostos: Derivação de Funções f : X ⊂ Rm → R


Exercı́cio 3.1 Calcule as derivadas parciais de primeira ordem de:
(i) f (x, y) = x4 − x3 y + x2 y2 − xy3 + y4 (iv) f (x, y) = x2 + exy (vii) f (x, y, z) = x2 ey ln (z) ; z > 0

(ii) f (x, y) = ln x2 + y2 ; x2 + y2 6= 0 (v) f (x, y) = xy ; x > 0 (viii) f (u, v, w) = uev + vew + weu


x+y
(iii) f (x, y) = x−y ; x 6= y (vi) f (x, y, z) = x2 y3 z4 (ix) f (x, y, z) = x2 y2 z2 + xyz + ln (xyz) ; xyz > 0

Respostas:
∂f ∂f
(i) ∂x (x, y) = 4x3 − 3x2 y + 2xy2 − y3 e ∂y (x, y) = −x3 + 2x2 y − 3xy2 + 4y3 .
∂f 2x ∂f 2y
(ii) ∂x (x, y) = x2 +y2
e ∂y (x, y) = x2 +y2
.
∂f −2y ∂f 2x
(iii) ∂x (x, y) = (x−y)2
e ∂y (x, y) = (x−y)2
.
∂f ∂f
(iv) ∂x (x, y) = 2x + exy y e ∂y (x, y) = exy x.
∂f ∂f
(v) ∂x (x, y) = yxy−1 e ∂y (x, y) = xy ln (x).
∂f ∂f ∂f
(vi) ∂x (x, y, z) = 2xy3 z4 , ∂y (x, y, z) = 3x2 y2 z4 e ∂z (x, y, z) = 4x2 y3 z3 .
∂f ∂f ∂f x2 ey
(vii) ∂x (x, y, z) = 2xey ln (z), ∂y (x, y, z) = x2 ey ln (z) e ∂z (x, y, z) = z .
∂f ∂f ∂f
(viii) ∂u (u, v, w) = ev + weu , ∂v (u, v, w) = ew + uev e ∂w (u, v, w) = eu + vew .

∂2 z ∂2 z
Exercı́cio 3.2 Verifique que zxy = zyx (em notação fracional, ∂y∂x = ∂x∂y ) para:
2 2
(i) z = x2 e−y (iii) z = 2 cos x2 e−y

(ii) z = sen (xy) + arctg (xy)

Respostas:
∂2 z ∂2 z 2
(i) ∂y∂x (x, y) = ∂x∂y (x, y) = −4xye−y .
∂2 z ∂2 z 1−x2 y2
(ii) ∂y∂x (x, y) = ∂x∂y (x, y) = cos (xy) − xy sen (xy) + (1+x2 y2 )2
.

πxy

Exercı́cio 3.3 (i) Ache a equação do plano tangente à superfı́cie z = sen 2 no ponto T (3, 5, −1).
(ii) Ache a equação do plano tangente à superfı́cie z = xy no ponto T (1, −1, −1).

Respostas: (i) z = −1 e (ii) x − y + z = 1.

Exercı́cio 3.4 Determine todos os pontos das superfı́cies abaixo nos quais os planos tangentes são horizontais.
(i) z = x2 + 2xy + 2y2 − 6x + 8y
(ii) z = 3x2 + 12x + 4y3 − 6y2 + 5
1
(iii) z = 1−2x+2y+x2 +y2

(iv) z = 34 y2 + 1 3
24 y − 1 4
32 y − x2

Respostas:
(i) T (10, −7, −58)
(ii) T1 (−2, 0, −7) e T2 (−2, 1, −9)
(iii) T (1, −1, −1)
99
, T2 (0, 0, 0) e T3 0, 4, 20
 
(iv) T1 0, −3, 32 3

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Exercı́cio 3.5 Mostre que o plano tangente, no ponto (a, b, c), ao parabolóide circular z = x2 + y2 intersecta o plano
xy conforme a reta de equação 2ax + 2by = a2 + b2 . Mostre então, que esta reta é tangente ao cı́rculo de equação
4x2 + 4y2 = a2 + b2 .

Exercı́cio 3.6 Calcule dz o o


dt de duas formas: (1 .) utilizando a Regra da Cadeia e (2 .) substituindo x = x (t) e y = y (t)
em z = f (x, y) e calculando a derivada em relação a t diretamente nos casos abaixo:
(i) z = f (x, y) = x2 y3 , x = x (t) = cos (2t) e y = y (t) = sen (3t).
(ii) z = f (x, y) = exy , x = x (t) = t2 e y = y (t) = t3 .

5
dz
Resposta de (ii): dt (t) = 5t4 et .

∂z ∂z
Exercı́cio 3.7 Calcule ∂u e ∂v de duas formas: (1o .) utilizando a Regra da Cadeia e (2o .) substituindo x = x (u, v)
e y = y (u, v) em z = f (x, y) e calculando as derivadas parciais em relação a u e a v diretamente nos casos abaixo:
(i) z = f (x, y) = 5xy4 , x = x (u, v) = cos (2u) v5 e y = y (u, v) = uv3 .
(ii) z = f (x, y) = xy, x = x (u, v) = eu+v , y = y (u, v) = u2 + v2 .

∂z ∂z
(u, v) = u2 + v2 + 2u eu+v e (u, v) = u2 + v2 + 2v eu+v .
 
Resposta de (ii): ∂u ∂v

Exercı́cio 3.8 Enuncie a Regra da Cadeia para o caso z = f (x, y), x = x (t, u, v) e y = y (t, u, v).

∂z ∂z ∂x ∂z ∂y ∂z ∂z
Resposta parcial: ∂t = ∂x ∂t + ∂y ∂t (faça para ∂u e ∂v )

Exercı́cio 3.9 Determinar o plano tangente, no ponto (1, 3, 2), à superfı́cie de equação z5 − 3xz − y3 = −1.

Exercı́cio 3.10 Os exercı́cios abaixo ilustram situações práticas envolvendo equações com derivadas parciais (EDP -
Equações Diferenciais Parciais). Na prática, temos a EDP (que pode ser obtida por meio de experimentos) e buscamos
encontrar a função que a satisfaz (o que pode ser um problema bastante difı́cil!).
O objetivo nesses exercı́cios é apenas verificar que a função fornecida satisfaz a EDP.

Equação (i) Mostra-se em Fı́sica que a temperatura u = u (x, t) no instante t, no ponto x de uma haste longa, isolada
termicamente, disposta ao longo do eixo x, satisfaz a equação (EDP) unidimensional do calor:
2
∂u
∂t = k ∂∂xu2 ,

sendo k uma constante que depende do material da haste.


Mostre que a função
2
u = u (x, t) = e−n kt sen (nx)
satisfaz a equação unidimensional do calor qualquer que seja a constante n.

Equação (ii) A equação (EDP) bidimensional do calor, para uma placa plana isolada termicamente, é dada por:
Ä 2
∂2 u
ä
∂u ∂ u
∂t = k ∂x2 + ∂y2 ,

sendo k uma constante que depende do material da placa.


Mostre que a função
2 2
u = u (x, y, t) = e−(m +n )kt sen (mx) cos (ny)
satisfaz esta EDP quaisquer que sejam as constantes m e n.

Equação (iii) A lei dos gases ideais pV = nRT (n é o número de mols do gás, R é uma constante) determina cada
uma das três variáveis p, V e T (pressão, volume e temperatura) como funções das outras duas. Mostre que
∂p ∂V ∂T
∂V ∂T ∂p = −1.

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Equação (iv) Uma superfı́cie mı́nima é a que tem a menor área dentre todas as superfı́cies de mesmo contorno. A
superfı́cie mı́nima de Scherk tem equação

z = ln (cos (x)) − ln (cos (y)) .

(próximo à origem é semelhante a uma sela de cavalo)


Sabe-se que uma superfı́cie mı́nima deve satisfazer a EDP

1 + z2y zxx − zzx zy zxy + 1 + z2x zyy = 0.


 

 Ä ä2  2  
∂z ∂ z ∂z ∂z ∂2 z ∂z 2 ∂2 z

(em notação fracional: 1 + ∂y ∂x2
− z ∂x ∂y ∂y∂x + 1 + ∂x ∂y2
= 0)
Verifique-a, no caso da superfı́cie mı́nima de Scherk.

Respostas:

 ∂u
(x, t) = −n2 ke−n
2
kt
sen (nx)
∂t
(i)
 2
∂ u
(x, t) = −n2 e−n
2
kt
sen (nx) .
∂x2
 2 2
 ∂u
(x, y, t) = − m2 + n2 ke−(m +n )kt sen (mx) cos (ny)


 ∂t
 2
+n2 )kt
(ii) ∂2 u
(x, y, t) = −m2 e−(m sen (mx) cos (ny)


∂x2

 2
+n2 )kt
∂2 u
∂y2
(x, y, t) = −n2 e−(m sen (mx) cos (ny)
 ∂p
 (V, T ) = − nRT

 ∂V V2
∂V nR
(iii) (p, T ) =


∂T p
 ∂T V
∂p (p, V) = nR


 zy (x, y) = sen(y)

 cos(y)



 zx (x, y) = − sen(x)


 cos(x)

(iv) zxx (x, y) = − cos21(x)







 zxy (x, y) = 0




 z (x, y) = 1
yy cos2 (y)

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Capı́tulo 4

Aplicações de Derivadas de Funções


Reais de Várias Variáveis Reais

4.1 Derivada Direcional e Vetor Gradiente


Seja f : X ⊂ R2 → R. Vimos a interpretação geométrica de ∂x ∂f
(a, b) como sendo o coeficiente angular da reta
∂f
tangente à curva de contorno do gráfico de f contida no plano y = b no ponto (a, b, f (a, b)). Logo, ∂x (a, b), comporta-
∂f
se como derivada de uma variável no plano y = b e, portanto ∂x (a, b) também pode ser interpretada como taxa de
variação instantânea de f no ponto (a, b) no plano y = b.
Um ponto (a, b) e um vetor diretor unitário ~u no plano xy definem uma reta r neste plano coordenado. Por outro
lado, uma reta r no plano xy define um plano ortogonal σ a este plano coordenado de tal modo que r é intersecção de
σ com o plano xy (figura abaixo). Podemos dizer, assim, que um plano σ ortogonal ao plano coordenado xy pode ser
associado à direção determinada pelo vetor ~u, pois a intersecção de σ com o plano xy é uma reta que possui a direção
do vetor ~u.
z

b
y
a
(a,b)
r
x u

Por exemplo, o plano y = b pode ser associado ao vetor unitário ~u = (1, 0) que, aliás, determina a direção do eixo
cartesiano x.
Analogamente, o plano x = a pode ser associado ao vetor unitário ~u = (0, 1) que, também, determina a direção do
eixo y.
∂f
Com as considerações acima, podemos dizer que ∂x (a, b) pode ser interpretada como taxa de variação instantânea
de f no ponto (a, b) na direção do vetor ~u = (1, 0), ou na direção do eixo x.
∂f
Analogamente, ∂y (a, b) pode ser interpretada como taxa de variação instantânea de f no ponto (a, b) na direção
do vetor ~u = (0, 1), ou na direção do eixo y.
Estamos interessados em calcular a taxa de variação instantânea de f : X ⊂ R2 → R no ponto (a, b) ∈ X em uma
direção diferente das direções dos eixos x e y, ou seja, queremos a taxa de variação instantânea de f no ponto (a, b)
na direção de um vetor unitário ~u qualquer.

Matematicamente, dados f : X ⊂ R2 → R, (a, b) ∈ X ponto de acumulação do domı́nio X e ~u = (x0 , y0 ) vetor


unitário, a taxa de variação instantânea de f no ponto (a, b) na direção de ~u é definida por

∂f f((a,b)+h~
u)−f(a,b)
∂~
u (a, b) = lim h
h→0

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ou, equivalentemente,
∂f f(a+hx0 ,b+hy0 )−f(a,b)
∂~
u (a, b) = lim h
h→0

caso este limite exista como número real.


Este limite é chamado de derivada direcional de f no ponto (a, b) na direção do vetor unitário ~u e é indicado
∂f
por ∂~
u (a, b).

∂f
Observemos que a derivada direcional de f em (a, b) é a derivada parcial ∂x (a, b) quando ~u = (1, 0), pois nesse
caso,
f(a+hx0 ,b+hy0 )−f(a,b)
∂f
∂~u (a, b) = lim h = lim f(a+h,b)−f(a,b)
h
∂f
= ∂x (a, b) .
h→0 h→0
∂f
Analogamente, a derivada direcional de f em (a, b) é a derivada parcial ∂y (a, b) quando ~u = (0, 1), pois

∂f f(a+hx0 ,b+hy0 )−f(a,b) f(a,b+h)−f(a,b) ∂f


∂~
u (a, b) = lim h = lim h = ∂y (a, b) .
h→0 h→0

Sendo σ o plano ortogonal ao plano cartesiano xy, paralelo ao vetor unitário ~u = (x0 , y0 ) e passando pelo ponto
(a, b, f (a, b)), podemos interpretar geometricamente a derivada direcional de f no ponto (a, b) na direção de ~u como
sendo o coeficiente angular da reta tangente t à curva c que é intersecção do gráfico de f com o plano σ no ponto
∂f
T (a, b, f (a, b)). Isto significa que na figura abaixo, ∂~
u (a, b) = tg (θ).

z
plano s t
c: curva que é
intersecção do
plano s com
f(a,b) o gráfico de f
T c

gráfico de f
b t: reta tangente
y
a à curva c no ponto T
q (a,b) contida no plano s
u
x

Trabalhar com a definição original de derivada direcional, em termos do limite acima introduzido, não é muito
fácil. A proposição abaixo fornece uma expressão mais simples para a derivada direcional.
Antes porém uma definição.

Sejam f : X ⊂ R2 → R e (a, b) Ä∈ X ponto de acumulação


ä de X tal que existam as derivadas parciais de primeira
∂f ∂f
ordem de f. Dizemos que o vetor ∂x (a, b) , ∂y (a, b) é o vetor gradiente de f em (a, b) e indicamos por
Ä ä
∂f ∂f
∇f (a, b) = ∂x (a, b) , ∂y (a, b) .

Proposição 4.1 Sejam f : X ⊂ R2 → R, (a, b) ∈ X ponto de acumulação de X e ~u vetor unitário de tal modo que
∂f
exista a derivada direcional ∂~ ~
u (a, b) de f em (a, b) na direção de u. Então,

∂f
∂~
u (a, b) = ∇f (a, b) · ~u ,

sendo o produto do segundo membro um produto escalar (usual).

Demonstração da Proposição 4.1


Faremos a demonstração de duas maneiras possı́veis.
1 a . Demonstração.
Sejam f : X ⊂ R2 → R, (a, b) ∈ X ponto de acumulação de X e ~u = (x0 , y0 ) vetor unitário. Suponhamos que

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exista a derivada direcional de f em (a, b) na direção de ~u.


Definamos x = x (h) = a + hx0 e y = y (h) = b + hy0 . Deste modo, podemos construir uma composição:

g (h) = f (x (h) , y (h)) = f (a + hx0 , b + hy0 ) .

Pela Regra da Cadeia,


dg
dh = ∂f dx
∂x . dh + ∂f dy
∂y . dh ⇒ g0 (h) = ∂f
∂x (x (h) , y (h)) x0 (h) + ∂f
∂y (x (h) , y (h)) y0 (h) ⇒
0 ∂f ∂f
g (h) = ∂x (x (h) , y (h)) x0 + ∂y (x (h) , y (h)) y0

Para h = 0 temos
g0 (0) = ∂f
∂x (a, b) x0 + ∂f
∂y (a, b) y0 . (1)
Mas
f(a+hx0 ,b+hy0 )−f(a,b) g(h)−g(0)
∂f
∂~
u (a, b) = lim h = lim h = g0 (0) . (2)
h→0 h→0

De (1) e (2) temos


∂f
∂~
u (a, b) = ∂f ∂f
(a, b) x0 + ∂y
∂x (a, b) y0 ⇒
Ä ä
u (a, b) = ∂x (a, b) , ∂y (a, b) · (x0 , y0 ) ; (produto escalar) ⇒
∂f ∂f ∂f
∂~
∂f
∂~
u (a, b) = ∇f (a, b) · ~u ,

como querı́amos.
2 a . Demonstração.
Sejam f : X ⊂ R2 → R, (a, b) ∈ X ponto de acumulação de X e ~u = (x0 , y0 ) vetor unitário. Suponhamos que
exista a derivada direcional de f em P na direção de ~u.
Façamos ∆x = hx0 e ∆y = hy0 para h 6= 0. Assim,
(∆x,∆y)
h~u = h. (x0 , y0 ) = (hx0 , hy0 ) = (∆x, ∆y) e ~u = h .

Sendo ∆f = f (a + ∆x, b + ∆y) − f (a, b) incremento de f, lembremos, da seção de incrementos e diferenciais, que
∼ df =
∆f = ∂f
(a, b) ∆x + ∂f
(a, b) ∆y
∂x ∂y

sendo a aproximação tanto melhor quanto menores forem ∆x e ∆y.


Assim,
∂f f(a+hx0 ,b+hy0 )−f(a,b) f(a+∆x,b+∆y)−f(a,b)
∂~
u (a, b) = lim h = lim h
h→0 h,∆x,∆y→0
∂f ∂f
∆f df ∂x (a,b)∆x+ ∂y (a,b)∆y
= lim = lim = lim
h,∆x,∆y→0 h h,∆x,∆y→0 h h,∆x,∆y→0 h
Ä ä (∆x,∆y)
= lim ∂f ∂f
∂x (a, b) , ∂y (a, b) · h = lim ∇f (a, b) · ~u ⇒
h,∆x,∆y→0 h,∆x,∆y→0

∂f
∂~
u (a, b) = ∇f (a, b) · ~u ; (limite de constante!)

como querı́amos. 

Observações Importantes.
(1) Frequentemente, em problemas práticos, o vetor da derivada direcional não é necessariamente unitário, ou seja, a
direção da derivada direcional pode ser dada por um vetor não nulo ~v não necessariamente unitário. Neste caso, basta
tomar o versor de ~v como sendo ~u, ou seja ~u = k~~vvk e a fórmula do teorema acima fica
∂f ~
v
∂~
u (a, b) = ∇f (a, b) · vk .
k~

∂f f(a+hx0 ,b+hy0 )−f(a,b)


(2) Em ∂~
u (a, b) = lim h onde ~u = (x0 , y0 ) é vetor unitário, fazendo h > 0, P (a, b) e Q =
,
h→0
−→
(a + hx0 , b + hy0 ) temos h = kPQk e, portanto, podemos escrever
∂f f(Q)−f(P)
∂~
u (P) = −→
lim −→ ,
kPQk
kPQk→0

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−→ −→
que é uma forma interessante de escrever a derivada direcional de f em P na direção de PQ, sendo PQ paralelo a ~u.
(3) Dada f : X ⊂ R2 → R, assim como fizemos com derivadas parciais, podemos definir a função derivada direcional
u : X ⊂ R → R dada por ∂~
∂f 2 ∂f
de f na direção do vetor unitário ~u, ou seja, ∂~ u (x, y) = ∇f (x, y) · u, sendo X ⊂ X conjunto
~
dos pontos do domı́nio de f onde exista a derivada direcional em questão.
(4) Há outra notação muito frequente em livros de Cálculo para a derivada direcional de f em (a, b) na direção de ~u,
∂f
que é Du
~ f (x, y) = ∂~
u (x, y).

(5) Lembremos que a taxa de variação instantânea de f no ponto (a, b) na direção de ~u é a derivada direcional
∂f
∂~u (a, b).
∂f
(6) Também lembremos que ∂~ u (a, b) é o coeficiente angular da reta tangente à curva que é intersecção do plano σ
ortogonal ao plano coordenado xy com o gráfico de f no ponto (a, b, f (a, b)).

Ä funções f : X ⊂ R → R. Em particular
m
(7) O procedimento desenvolvido acima pode ser generalizado para ä o vetor
∂f ∂f ∂f
gradiente de f para m = 3 em (a, b, c) é dado por ∇f (a, b, c) = ∂x (a, b, c) , ∂y (a, b, c) , ∂z (a, b, c) .

Exemplo 4.1 Calculemos a derivada direcional de f : R2 → R, dada por f (x, y) = x2 + y − 2xy, no ponto P (1, 2) e
na direção do vetor ~v = (1, 1).
Temos
∂f ~
v
∂~
u (1, 2) = ∇f (1, 2) · k~
vk

~
v
sendo ~u = (versor de ~v).
k~
vk Ä ä
∂f ∂f
Mas ∇f (x, y) = ∂x (x, y) , ∂y (x, y) = (2x − 2y, 1 − 2x). No ponto P (1, 2) temos ∇f (1, 2) = (−2, −1).
Assim: Ä ä
∂f (1,1)
√1 , √1 = − √22 − √12 = − √32
u (1, 2) = (−2, −1) · = (−2, −1) ·

∂~ 2 2 2

é a derivada direcional de f no ponto P (1, 2) na direção de ~v.

4.2 Interpretação Geométrica do Vetor Gradiente


Dada f : X ⊂ R2 → R e (a, b) ∈ X, podemos adotar infinitas direções e sentidos para analisar o crescimento ou
decrescimento de f, ou seja, podemos escolher infinitos vetores unitários ~u para calcular a taxa de variação instantânea
de f.
Gostarı́amos de saber se há um vetor que indica qual direção e sentido devemos seguir, a partir de (a, b), de tal
modo que a taxa de variação instantânea de f seja máxima. De modo análogo para taxa mı́nima.
Se lembrarmos do cı́rculo trigonométrico, todo vetor unitário ~u no plano xy possui coordenadas dadas por

~u = (cos (α) , sen (α)) ,

sendo α a medida do ângulo orientado no sentido anti-horário, em radianos, do vetor ~u com o vetor ~i = (1, 0) que
define o eixo x.
y (sen)
u
a
x (cos)
i

Logo, a derivada direcional de f : X ⊂ R2 → R no ponto (a, b) na direção de ~u pode ser escrita como
∂f ∂f ∂f
∂~
u (a, b) = ∇f (a, b) · ~u = ∂x (a, b) cos (α) + ∂y (a, b) sen (α) .

Seja ϕ a medida do ângulo entre os vetores ∇f (a, b) e ~u.

u
Ñf(a,b)
j
(a,b)

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Da Geometria Analı́tica sabemos que


∇f(a,b)·~
u
cos (ϕ) = k∇f(a,b)k.k~
uk ⇒ ∇f (a, b) · ~u = k∇f (a, b)k cos (ϕ) ⇒ ∂f
∂~
u (a, b) = k∇f (a, b)k cos (ϕ) .

∂f
Observemos que o maior valor possı́vel para ∂~ u (a, b) ocorre quando cos (ϕ) = 1, ou seja, quando ϕ = 0 rad
∇f(a,b)
e, portanto, quando ~u e ∇f (a, b) são vetores paralelos e de mesmo sentido. Neste caso, temos ~u = k∇f(a,b)k e
∂f
∂~u (a, b) = k∇f (a, b)k.
∂f
De modo análogo, o menor valor possı́vel para ∂~u (a, b) ocorre quando cos (ϕ) = −1, ou seja, quando ϕ = π rad
∇f(a,b)
e, portanto, quando ~u e ∇f (a, b) são vetores paralelos e de sentidos opostos. Neste caso, temos ~u = − k∇f(a,b)k e
∂f
∂~u (a, b) = − k∇f (a, b)k.

Resumindo:
(1) A maior taxa de variação de f em (a, b) ocorre na direção e sentido do vetor gradiente de f em (a, b) e seu valor
é o comprimento deste vetor.
(2) A menor taxa de variação de f em (a, b) ocorre na direção e sentido oposto do vetor gradiente de f em (a, b) e seu
valor é o comprimento deste vetor multiplicado por −1.

Observação importante: A análise feita e conclusões obtidas acima para funções reais de duas variáveis podem ser
estendidas para funções reais com qualquer quantidade de variáveis.

Exemplo 4.2 Suponha que T : R3 → R, dada por T (x, y, z) = 10 + x2 + y2 − z2 , descreva a temperatura T (x, y, z)
em graus Celsius no ponto P (x, y, z) do espaço cartesiano cujas distâncias são medidas em km. Suponha que uma
abelha situada no ponto P (1, 1, 1) sempre alça voo na direção e sentido da maior taxa de crescimento da temperatura.
Calcule a direção e sentido e a taxa de variação máxima de temperatura a partir de P (1, 1, 1).
De acordo com a teoria desenvolvida acima, a taxa de variação máxima de temperatura T no ponto P ocorre na
∂T
direção e sentido do vetor gradiente ∇T (P) e seu valor é dado pelo comprimento desse vetor, ou seja, ∂~ u (1, 1, 1) =
∇T (1,1,1)
k∇T (1, 1, 1)k sendo ~u = k∇T (1,1,1)k .
Ä ä
Como ∇T (x, y, z) = ∂T ∂T ∂T
∂x (x, y, z) , ∂y (x, y, z) , ∂z (x, y, z) = (2x, 2y, −2z) temos que o vetor gradiente

∇T (1, 1, 1) = (2, 2, −2)

indica a direção e sentido de maior taxa de variação a partir do ponto P (1, 1, 1).
O valor dessa taxa é a derivada direcional de T neste ponto e nesta direção:
»
2

∂T
u (1, 1, 1) = k(2, 2, −2)k =
∂~ 22 + 22 + (−2) = 2 3 ◦ C/km

Fisicamente,√ significa que a partir do ponto P (1, 1, 1), na direção e sentido de ∇T (1, 1, 1), a temperatura está
aumentando 2 3 ◦ C para cada quilômetro percorrido na reta definida pelo vetor ∇T (1, 1, 1) passando por P (lembrando
que isso é taxa instantânea no ponto P apenas, não significa que a temperatura está aumentando a essa taxa em todos
os pontos da reta).

4.3 O Vetor Gradiente como Vetor Normal a Curva ou Superfı́cie

Proposição 4.2 (1) Sejam f : X ⊂ R2 → R e (a, b) ∈ X ponto de acumulação de X de tal modo que f (a, b) = 0 e
as derivadas parciais de primeira ordem de f em (a, b) sejam contı́nuas. Suponhamos ainda que ∇f (a, b) 6= ~0. Então,
∇f (a, b) é vetor normal à curva de equação f (x, y) = 0 no ponto (a, b).
(2) Sejam f : X ⊂ R3 → R e (a, b, c) ∈ X ponto de acumulação de X de tal modo que f (a, b, c) = 0 e as derivadas
parciais de primeira ordem de f em (a, b, c) sejam contı́nuas. Suponhamos ainda que ∇f (a, b, c) 6= ~0. Então, ∇f (a, b, c)
é vetor normal à superfı́cie de equação f (x, y, z) = 0 no ponto (a, b, c).

Observações.
(i) Do item (1) do teorema acima podemos obter a equação da reta tangente à curva de equação f (x, y) = 0 no ponto
−→
P (a, b) a partir de ∇f (a, b). De fato, se Q (x, y) é um ponto da reta tangente, então PQ ⊥ ∇f (a, b) o que significa
−→
PQ · ∇f (a, b) = 0, que fornece a equação procurada.

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y
t
Ñf(a,b)
b
P
f(x,y) = 0
y
Q
x
a x

(ii) Do item (2) do teorema acima podemos obter a equação do plano tangente à superfı́cie de equação f (x, y, z) = 0 no
−→
ponto P (a, b, c) a partir de ∇f (a, b, c). De fato, se Q (x, y, z) é um ponto do plano tangente, então PQ ⊥ ∇f (a, b, c)
−→
o que significa PQ · ∇f (a, b, c) = 0, que fornece a equação procurada.
z Ñf(a,b,c)

c
P Q

f(x,y,z) = 0
y
a b
x

Exemplo 4.3 Escrevamos a equação da reta tangente à curva de equação 2x3 + 2y3 − 9xy = 0 no ponto (1, 2).
(a curva em questão se chama Folium de Descartes)
Consideremos f (x, y) = 2x3 + 2y3 − 9xy e P (1, 2). Sendo R2 o domı́nio de f, P ponto de acumulação desse domı́nio,
∂f
∂x
∂f
(x, y) = 6x2 −9y e ∂y (x, y) = 6y2 −9x contı́nuas em R2 e, por fim, ∇f (P) = ∇f (1, 2) = (−12, 15) 6= ~0, a Proposição
4.2 acima garante que ∇f (1, 2) é um vetor normal à curva f (x, y) = 0 no ponto P = (1, 2).
Sendo Q (x, y) ponto da reta tangente à curva f (x, y) = 0 no ponto P, pela observação acima, a equação da reta
procurada é dada por
−→
PQ · ∇f (1, 2) = 0 ⇒ (x − 1, y − 2) · (−12, 15) = 0 ⇒ −12x + 12 + 15y − 30 = 0 ⇒ −4x + 5y − 6 = 0 .

∇f(1,2)
Abaixo temos a figura da curva em vermelho (Folium de Descartes) e da reta tangente em azul, sendo ~u = k∇f(1,2)k
−→
e ~v = PQ.

Exemplo 4.4 Escrevamos a equação do plano tangente ao elipsóide de equação 2x2 + 4y2 + z2 = 45 no ponto
(2, −3, −1).
Considere f (x, y, z) = 2x2 + 4y2 + z2 − 45 e P (2, −3, −1). Sendo R3 o domı́nio de f, P ponto de acumulação desse
∂f ∂f ∂f
domı́nio, ∂x (x, y, z) = 4x, ∂y (x, y, z) = 8y e ∂z (x, y, z) = 2z contı́nuas em R3 e, por fim, ∇f (P) = ∇f (2, −3, −1) =
(8, −24, −2) 6= ~0, a Proposição 4.2 acima garante que ∇f (2, −3, −1) é um vetor normal à superfı́cie f (x, y, z) = 0 no
ponto P (2, −3, −1).

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Sendo Q (x, y, z) ponto do plano tangente à superfı́cie f (x, y, z) = 0 no ponto P, pela observação acima, a equação
da reta procurada é dada por
−→
PQ · ∇f (2, −3, −1) = 0 ⇒ (x − 2, y + 3, z + 1) · (8, −24, −2) = 0 ⇒ 8x − 16 − 24y − 72 − 2z − 2 = 0 ⇒
8x − 24y − 2z − 90 = 0 ⇒ 4x − 12y − z − 45 = 0 .

4.4 Máximos e Mı́nimos de Funções de Duas Variáveis


Seja f : X ⊂ R2 → R. Dizemos que:
(i) f atinge valor mı́nimo local (ou valor mı́nimo relativo) no ponto (a, b) ∈ X quando existe uma vizinhança
V de (a, b) em X tal que f (a, b) 6 f (x, y) para todo (x, y) na vizinhança V. Também dizemos que (a, b) é ponto de
mı́nimo local de f.
(ii) f atinge valor máximo local (ou valor máximo relativo) no ponto (a, b) ∈ X quando existe uma vizinhança
V de (a, b) em X tal que f (a, b) > f (x, y) para todo (x, y) na vizinhança V. Também dizemos que (a, b) é ponto de
máximo local de f.
(iii) f atinge valor mı́nimo global (ou valor mı́nimo absoluto) no ponto (a, b) ∈ X quando f (a, b) 6 f (x, y)
para todo (x, y) no domı́nio X de f. Também dizemos que (a, b) é ponto de mı́nimo global de f.
(iv) f atinge valor máximo global (ou valor máximo absoluto) no ponto (a, b) ∈ X quando f (a, b) > f (x, y)
para todo (x, y) no domı́nio X de f. Também dizemos que (a, b) é ponto de máximo global de f.
Observação. De acordo com as definições acima, todo valor mı́nimo global de f é, também, valor mı́nimo local (neste
caso, a vizinhança V é todo o domı́nio X). Analogamente para valor máximo local.

Proposição 4.3 Seja f : X ⊂ R2 → R contı́nua, sendo X domı́nio constituı́do por uma curva fechada e pontos interiores
a esta curva. Então, existem pontos em X tais que f atinge valores mı́nimo e máximo globais.

Proposição 4.4 Suponha que f : X ⊂ R2 → R atinja valor máximo local ou mı́nimo local em (a, b) ∈ X e que existam
∂f ∂f
∂x (x, y) e ∂y (a, b). Então,
∂f ∂f
∂x (a, b) = ∂y (a, b) = 0.

Observações.
(i) A recı́proca da Proposição 4.3 acima é falsa, ou seja, existem funções que atingem valores máximo e mı́nimo
globais sem que o domı́nio seja da forma descrita no enunciado da proposição. Por exemplo, f : R2 → R tal que
f (x, y) = sen (x + y) atinge valor máximo 1 e valor mı́nimo −1 em diversos pontos sem que o domı́nio R2 seja da
forma enunciada.
(ii) A recı́proca da Proposição 4.4 também é falsa, ou seja, existem funções que possuem derivadas parciais que se
anulam em pontos onde f não atinge valor máximo ou mı́nimo (abaixo veremos um exemplo disso).
(iii) Do ponto de vista geométrico, a Proposição 4.4 diz que o plano tangente ao gráfico de f no ponto (a, b, f (a, b))
é horizontal, ou seja, sua equação é da forma z = f (a, b).

Exemplo 4.5 Consideremos os paraboloides circulares z = f (x, y) = x2 + y2 (concavidade para cima e vértice
na origem), z = g (x, y) = −x2 − y2 (concavidade para baixo e vértice na origem) e o paraboloide hiperbólico
z = h (x, y) = y2 − x2 (eixo z e centro na origem). Essas 3 superfı́cies podem ser vistas como gráficos de funções
contı́nuas e deriváveis f, g, h ⊂ R2 → R.

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Sabemos que (0, 0) é ponto no qual f atinge valor mı́nimo global (portanto, valor mı́nimo local também). De acordo
∂f ∂f ∂f ∂f
com a Proposição 4.4, ∂x (0, 0) = ∂y (0, 0) = 0. De fato, ∂x (x, y) = 2x e ∂y (x, y) = 2y e nossa conclusão se verifica.
Sabemos que (0, 0) é ponto no qual g atinge valor máximo global (portanto, valor máximo local também). De
acordo com a Proposição 4.4, ∂g ∂g ∂g ∂g
∂x (0, 0) = ∂y (0, 0) = 0. De fato, ∂x (x, y) = −2x e ∂y (x, y) = −2y e nossa conclusão
se verifica.
Já no caso do parabolóide hiperbólico, sabemos que (0, 0) não é ponto no qual f atinge valor máximo ou mı́nimo.
Entretanto, ∂h ∂h ∂h ∂h
∂x (x, y) = −2x e ∂y (x, y) = 2y e temos ∂x (0, 0) = ∂y (0, 0) = 0, confirmando que a recı́proca da
Proposição 4.4 é falsa. Além disso, esse exemplo confirma que planos tangentes horizontais não ocorrem exclusivamente
em pontos onde f atinge valor máximo ou mı́nimo.

Proposição 4.5 Seja f : X ⊂ R2 → R contı́nua, sendo X domı́nio contituı́do por uma curva fechada e pontos interiores
a esta curva. Se f atinge valor máximo ou mı́nimo global no ponto (a, b), então:
∂f ∂f
(i) (a, b) é um ponto interior do domı́nio X tal que ∂x (a, b) = ∂y (a, b) = 0.
ou
∂f ∂f
(ii) (a, b) é um ponto interior do domı́nio X tal que não existe ∂x (a, b) ou ∂y (a, b).
ou
(iii) (a, b) é um ponto da curva que delimita o domı́nio X (fronteira de X).

Seja f : X ⊂ R2 → R derivável. Quando ∂x ∂f ∂f


(a, b) = ∂y (a, b) = 0 dizemos que (a, b) é ponto crı́tico de f.
Um ponto crı́tico de f no qual a função não atinge valor máximo ou mı́nimo local é chamado de ponto de sela
de f.


Exemplo 4.6 Seja f : X ⊂ R2 → R, sendo X = (x, y) ∈ R2 : x2 + y2 6 1 , e f (x, y) = x2 + y2 . Encontremos os
p

pontos (a, b) ∈ X nos quais f atinge valores máximo e mı́nimo.


Observemos que o domı́nio X de f é um disco fechado de raio 1 (isto é, que contém a circunferência de raio 1 que o
delimita) com centro na origem (0, 0). Portanto, o domı́nio de f é do tipo enunciado nas Proposições 4.3 e 4.5 acima.
Além disso, f é contı́nua.
Pela Proposição 4.3 sabemos que existem pelo menos dois pontos em X nos quais f atinge valores mı́nimo e máximo
globais.
Pela Proposição 4.5 sabemos que esses pontos se enquadram em pelo menos um dos 3 itens apresentados.
Sendo assim, a estratégia que devemos adotar é encontrar todos os pontos dos itens (i), (ii) e (iii) da Proposição
4.5 e verificar em quais deles f atinge valores mı́nimo ou máximo globais.
• Quanto ao item (i) temos:
∂f x ∂f y
∂x (x, y) = √ e ∂y (x, y) = √
x2 +y2 x2 +y2

sendo que o domı́nio de ∂x ∂f ∂f


e ∂y é X = R2 − {(0, 0)}. Assim, não há pontos que anulam simultaneamente as derivadas
parciais de f, ou seja, não há pontos do item (i).
• Quanto ao item (ii), o único ponto no qual as derivadas parciais não existem é (0, 0) e este ponto é um dos pontos
candidatos a mı́nimo ou máximo globais.
• Quanto ao item (iii), os pontos da fronteira de X são os pontos (a, b) da circunferência de centro na origem
√ e raio 1
2 2
de
√ equação a + b = 1. Observemos que em qualquer um desses pontos f atinge valor 1, pois f (a, b) = a 2 + b2 =
1 = 1.
Assim, temos o seguinte quadro:

Item - Proposição 4.5 Pontos Valores de f Tipo de Ponto


(i) não tem não tem não tem
(ii) (0, 0) f (0, 0) = 0 mı́nimo global
(iii) (a, b) tais que a2 + b2 = 1 f (a, b) = 1 máximo global

Observemos que há infinitos pontos nos quais f atinge valor máximo global.
Abaixo, um esboço do gráfico de f.

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R3 z gráfico
1 (cone)

1 y
domínio
x 1 (a,b)
(disco)

Exemplo 4.7 Seja f : X ⊂ R2 → R sendo X região triangular de vértices (0, 0), (2, 0) e (0, 4) e f (x, y) = xy − x − y + 3.
Encontremos os pontos (a, b) ∈ X nos quais f atinge valores máximo e mı́nimo.
Observemos que o domı́nio X de f é composto por um triângulo e seus pontos interiores, portanto, é do tipo
enunciado nas Proposições 4.3 e 4.5. Além disso, f é contı́nua.

R2 y
(0,4)
domínio
(triângulo)

(2,0)
(0,0) x

Pela Proposição 4.3 sabemos que existem pelo menos dois pontos em X nos quais f atinge valores mı́nimo e máximo
globais.
Pela Proposição 4.5 sabemos que esses pontos se enquadram em pelo menos um dos 3 itens apresentados.
Sendo assim, a estratégia que devemos adotar é encontrar todos os pontos dos itens (i), (ii) e (iii) da Proposição 4.5
e verificar em quais deles f atinge valores mı́nimo ou máximo globais.
• Quanto ao item (i) temos:


∂f
∂x (x, y) = y − 1
y−1=0 y=1
⇒ ⇒
 ∂f x−1=0 x=1
∂y (x, y) = x − 1

ou seja, (1, 1) é o único candidato ponto crı́tico de f.


∂f ∂f
• Quanto ao item (ii) observemos que o domı́nio de ∂x e de ∂y é X (mesmo domı́nio de f). Logo, não há pontos nos
quais as derivadas parciais não existem.
• Quanto ao item (iii), devemos subdividı́-lo em três partes, uma para cada lado do triângulo que delimita do domı́nio
de f.
I (iii − 1) Lado do triângulo que liga os pontos (0, 0) e (2, 0).
Este segmento possui equação y = 0 com 0 6 x 6 2.
Substituindo y = 0 em f (x, y) temos g (x) = f (x, 0) = −x + 3 com 0 6 x 6 2.
Naturalmente, g atinge valor mı́nimo em x = 2 e valor máximo em x = 0, ou seja, (0, 0) e (2, 0) são candidatos a
mı́nimo e máximo de f.
I (iii − 2) Lado do triângulo que liga os pontos (0, 0) e (0, 4).
Este segmento possui equação x = 0 com 0 6 y 6 4.
Substituindo x = 0 em f (x, y) temos h (y) = f (0, y) = −y + 3 com 0 6 y 6 4.
Naturalmente, h atinge valor mı́nimo em y = 4 e valor máximo em y = 0, ou seja, (0, 0) e (0, 4) são candidatos a
mı́nimo e máximo de f.
I (iii − 3) Lado do triângulo que liga os pontos (2, 0) e (0, 4).
Este segmento possui equação y = − 24 (x − 2) = −2x + 4 com 0 6 x 6 2 (utilize y − y0 = m (x − x0 ) para achar a
equação).
Substituindo y = −2x + 4 em f (x, y) temos i (x) = f (x, −2x + 4) = x (−2x + 4) − x − (−2x + 4) + 3 = −2x2 + 5x − 1
com 0 6 x 6 2.
Para encontrar os pontos que otimizam i utilizamos Cálculo 1. Temos i0 (x) = −4x + 5, portanto, x = 45 é ponto
crı́tico de i. Logo, 54 , −2 54 + 4 = 54 , 32 é candidato a mı́nimo ou máximo de f, além dos pontos correspondentes aos
 
extremos do segmento, que são os pontos (2, 0) e (0, 4).

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Assim, temos o seguinte quadro:


Item - Proposição 4.5 Pontos Valores de f Tipo de Ponto
(i) (1, 1) f (1, 1) = 2 –
(ii) não tem não tem não tem
(0, 0) f (0, 0) = 3 máximo global
(2, 0) f (2, 0) = 1 –
(iii) (0, 4) f (0, 4) = −1 mı́nimo global
5 3
f 45 , 23 = 17
 
4, 2 8 = 2, 125 –
Observemos que neste exemplo os pontos que otimizam f são únicos. Além disso, pontos (0, 4, −1) e (0, 0, 3) são
os pontos mais baixo e mais alto no gráfico de f, respectivamente.

4.5 O Teste da Derivada Segunda para Funções de Duas Variáveis

Seja f : X ⊂ R2 → R derivável até segunda ordem, sendo as derivadas parciais contı́nuas em uma vizinhança de
(a, b) ∈ X, com (a, b) um ponto crı́tico de f. Definimos:
∂2 f ∂2 f ∂2 f
A (a, b) = ∂x2
(a, b) ; B (a, b) = ∂y∂x (a, b) e C (a, b) = ∂y2
(a, b)
2
∆ (a, b) = A (a, b) C (a, b) − B (a, b)

O número ∆ (a, b) é chamado de discriminante de f no ponto crı́tico (a, b).

Proposição 4.6 (Teste da Derivada Segunda) Seja f : X ⊂ R2 → R derivável até segunda ordem, sendo as derivadas
parciais contı́nuas em uma vizinhança de (a, b) ∈ X, com (a, b) um ponto crı́tico de f. Então:
(i) Se ∆ (a, b) > 0 e A (a, b) > 0, então f atinge valor mı́nimo local em (a, b).
(ii) Se ∆ (a, b) > 0 e A (a, b) < 0, então f atinge valor máximo local em (a, b).
(iii) Se ∆ (a, b) < 0, então (a, b) é ponto de sela de f.

Observação. Quando ∆ (a, b) = 0 não se conclui a respeito da natureza de (a, b) com o Teste da Derivada Segunda
(Proposição 4.6).

Exemplo 4.8 Classifiquemos os pontos crı́ticos de f : R2 → R tal que f (x, y) = 3x − x3 − 3xy2 .

Os pontos crı́ticos de f são obtidos igualando as derivadas parciais a zero:


 ∂f 2 2
∂x (x, y) = 3 − 3x − 3y 3 − 3x2 − 3y2 = 0 3 − 3x2 − 3y2 = 0
⇒ ⇒ .
∂f −6xy = 0 −6xy = 0
∂y (x, y) = −6xy

A segunda equação fornece x = 0 ou y = 0. Substituindo na primeira equação temos os seguintes pontos crı́ticos:
P1 (0, −1) , P2 (0, 1) , P3 (−1, 0) e P4 (1, 0) .
Derivadas segundas:
∂2 f ∂2 f ∂2 f
∂x2
(x, y) = −6x; ∂y∂x (x, y) = −6y; ∂y2
(x, y) = −6x.
Observemos que as derivadas parciais de segunda ordem são contı́nuas.

Pelo Teste da Derivada Segunda (Proposição 4.6) temos:


Ponto Crı́tico P (a, b) A (a, b) B (a, b) C (a, b) ∆ (a, b) Classificação
P1 (0, −1) 0 6 0 −36 ponto de sela

P2 (0, 1) 0 −6 0 −36 ponto de sela

P3 (−1, 0) 6 0 6 36 ponto de mı́nimo local

P4 (1, 0) −6 0 −6 36 ponto de máximo local

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Exemplo 4.9 Classifiquemos os pontos crı́ticos de f : R2 → R tal que f (x, y) = 6xy2 − 2x3 − 3y4 .

Os pontos crı́ticos de f são obtidos igualando as derivadas parciais a zero:


 ∂f
∂x (x, y) = 6y2 − 6x2 6y2 − 6x2 = 0 x2 = y2
⇒ ⇒ .
∂f
(x, y) = 12xy − 12y 3 12xy − 12y3 = 0 y3 = xy
∂y

Se y = 0 temos x = 0 e P1 (0, 0) é um ponto crı́tico.


6 0 temos o sistema
Se y =
2
x = y2
⇒ x2 = x ⇒ x (x − 1) = 0 ⇒ x = 0 ou x = 1.
y2 = x

Para x = 0 temos y = 0 (não serve neste subcaso). Para x = 1 temos y2 = 1 e, portanto, y = 1 ou y = −1. Logo,
P2 (1, 1) e P3 (1, −1) são os outros pontos crı́ticos de f.
Derivadas segundas:

∂2 f ∂2 f ∂2 f
∂x2
(x, y) = −12x; ∂y∂x (x, y) = 12y; ∂y2
(x, y) = 12x − 36y2 .

Observemos que as derivadas parciais de segunda ordem são contı́nuas.

Pelo Teste da Derivada Segunda (Proposição 4.6) temos:

Ponto Crı́tico P (a, b) A (a, b) B (a, b) C (a, b) ∆ (a, b) Classificação


P1 (0, 0) 0 0 0 0 inconclusivo com este teste

P2 (1, 1) −12 12 −24 144 ponto de máximo local

P3 (1, −1) −12 −12 −24 144 ponto de máximo local

Quanto ao ponto P1 (0, 0), observemos que f (0, 0) = 0 e pontos da forma (x, 0) podem ser tomados arbitrariamente
próximos de P1 . Entretanto, f (x, 0) = −2x3 , que é positivo para x < 0 e negativo para x > 0. Desta forma, 0 não
pode ser valor mı́nimo local e nem valor máximo local de f. Conclusão: P1 = (0, 0) é um ponto de sela de f.

Curiosidade: o gráfico de f é chamado de “sela de macaco” (tente esboçá-lo).

4.6 Problemas de Otimização


As Proposições 4.3 e 4.5 podem ser utilizadas para garantirmos a existência e encontrarmos máximos e mı́nimos
globais de diversas funções que modelam problemas práticos. Problemas nos quais queremos encontrar pontos e valores
que maximizam ou minimizam determinada função de forma global são chamados de problemas de otimização.
Nesta seção ilustraremos tais aplicações por meio de alguns exemplos.

Exemplo 4.10 Determinemos o custo mı́nimo de uma caixa em formato de bloco retangular, de 48 cm3 de volume,
sabendo que as partes dianteira e traseira custam R$ 1, 00 o cm2 , a tampa e a base custam R$ 2, 00 o cm2 e as laterais
custam R$ 3, 00 o cm2 .
Sejam x, y e z as dimensões da caixa. Logo, x, y, z > 0 e xyz = 48.
z
z

O
y y
x
x

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Criemos a função custo da caixa:

C (x, y, z) = 2 (1) yz + 2 (2) xy + 2 (3) xz = 2yz + 4xy + 6xz.


48
Substituindo z = xy na função acima criamos uma função custo de duas variáveis:

48 48 96 288
C (x, y) = 2y xy + 4xy + 6x xy = x + 4xy + y

cujo domı́nio é X = (x, y) ∈ R2 : x, y > 0 (primeiro quadrante).
Entretanto, para utilizarmos as Proposições 4.3 e 4.5 e encontrar mı́nimo e máximo globais, precisamos de um
domı́nio constituı́do por uma curva fechada e seus pontos interiores. Para contornar  esse problema façamos uma
restrição no domı́nio X tomando um quadrado de vértices (ε, ε), 1ε , ε , 1ε , 1ε e ε, 1ε , sendo ε > 0 muito pequeno


(portanto, 1ε muito grande). Encontramos os candidatos a mı́nimo e máximo de C utilizando a Proposição 4.5 e,
depois, tomamos limites fazendo ε → 0+ para cobrir todo o domı́nio X.
y
(e,1/e) (1/e,1/e)
1/e

R2
e ® 0+

(e,e) (1/e,e)
e
x
(0,0) e 1/e

• Quanto ao item (i) temos:


 ∂C 96  
∂x (x, y) = − x2 + 4y − x962 + 4y = 0 y= 24
x2 72 x4
⇒ ⇒ ⇒x= = 8 ⇒ x = 0 (não serve) ou x = 2.
∂C 288 288 72 24 2

∂y (x, y) = 4x − y2
4x − y2
=0 x= y2 x2

Substituindo em y = x242 temos y = 6.


Logo, (2, 6) é ponto crı́tico candidato a mı́nimo ou máximo de C.
• Quanto ao item (ii), o domı́nio da derivadas parciais de C é o mesmo domı́nio de C. Logo, não há pontos onde as
derivadas parciais não existem (observe que x = 0 ou y = 0 não ocorre no domı́nio de C).
• Quanto ao item (iii) temos quatro subitens, um para cada lado do quadrado.

I (iii − 1) Lado com vértices em (ε, ε) e 1ε , ε cuja equação é y = ε com ε 6 x 6 1ε .




Substituindo y = ε em C (x, y) temos f (x) = C (x, ε) = 96 288


x + 4εx + ε com ε 6 x 6 ε .
1
»
Otimizando f temos f0 (x) = − x962 + 4ε = 0 ⇔ x = 24 ε .
» 
24 1

Logo, ε , ε é candidato a mı́nimo ou máximo de C assim como os pontos (ε, ε) e ε, ε que são extremos do
lado do quadrado em questão.

I (iii − 2) Lado com vértices em 1ε , ε e 1ε , 1ε cuja equação é x = 1ε com ε 6 y 6 1ε .


 

Substituindo x = 1ε em C (x, y) temos g (y) = C 1ε , y = 96ε + 4y 288 1



√ ε + y com ε 6 y 6 ε .
Otimizando g temos g0 (y) = 4ε − 288
y2
= 0 ⇔ y = 72ε.
Ä √ ä
Logo, ε , 72ε é candidato a mı́nimo ou máximo de C assim como os pontos 1ε , ε e
1 1 1
 
ε, ε que são extremos
do lado do quadrado em questão.

I (iii − 3) Lado com vértices em 1ε , 1ε e ε, 1ε cuja equação é y = 1ε com ε 6 x 6 1ε .


 

Substituindo y = 1ε em C (x, y) temos h (x) = C x, 1ε = 96 4x 1



√ x + ε + 288ε com ε 6 x 6 ε .
Otimizando
Ä√ h temosä h (x) = − x2 + ε = 0 ⇔ x = 24ε.
0 96 4

24ε, ε é candidato a mı́nimo ou máximo de C assim como os pontos 1ε , 1ε e ε, 1ε que são extremos
1
 
Logo,
do lado do quadrado em questão.

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I (iii − 4) Lado com vértices em ε, 1ε e (ε, ε) cuja equação é x = ε com ε 6 y 6 1ε .




Substituindo x = ε em C (x, y) temos i (y) = C (ε, y) = 96 288


ε + 4εy + y com ε 6 y 6 ε .
1
»
Otimizando i temos i0 (y) = 4ε − 288y2
= 0 ⇔ y = 72 ε .
 » 
Logo, ε, 72 é candidato a mı́nimo ou máximo de C assim como os pontos ε, 1ε e (ε, ε) que são extremos do

ε
lado do quadrado em questão.
Assim temos o seguinte quadro:

Proposição 4.5 Pontos Valores de C Limites Tipo de Ponto


Item (i) (2, 6) C (2, 6) = 144 – mı́nimo global
Item (ii) não tem não tem – não tem
(ε, ε) C (ε, ε) = 384ε + 4ε
2
lim+ C (ε, ε) = +∞ –
ε→0
1
C 1ε , ε = 96ε + 4 + 288 lim+ C 1ε , ε = +∞
  
ε, ε ε –
ε→0
1 1 1 1 4
lim C 1ε , 1ε = +∞
  
ε, ε C ε , ε = 384ε + ε2 –
ε→0+
ε, 1ε C ε, 1ε = 96 lim C ε, 1ε = +∞
  
ε + 4 + 288ε –
ε→0+

24
 »
24
 p ε
√ 288

24

Item (iii) ε , ε C ε , ε = 96 24 + 4 24ε + ε lim+ C ε , ε = +∞ –
ε→0
Ä √ ä Ä √ ä » Ä √ ä
1
ε , 72ε C 1ε , 72ε = 96ε + 4 72 √288
ε + 72ε lim C 1ε , 72ε = +∞ –
ε→0+
Ä√ ä Ä√ ä » Ä√ ä
24ε, 1ε C 24ε, 1ε = √96 24ε
+ 4 24
ε + 288ε lim+ C 24ε, 1ε = +∞ –
ε→0
 »   »  √  » 
ε, 72 C ε, 72 = 96

ε ε ε + 4 72ε + 288 72 lim+ C ε, 72 ε = +∞ –
ε→0

Portanto, o menor custo possı́vel para construir a caixa é R$ 144, 00 e ocorre com dimensões x = 2, y = 6 e z = 4.

Uma observação importante: geometricamente são óbvias as conclusões que chegamos quando analisamos o item (iii).
Quando uma das dimensões (x ou y) diminui, para que que o volume da caixa permaneça fixo, as outras duas dimensões
devem aumentar, o que significa que o custo relacionado a elas aumenta. Neste caso, a caixa possui duas faces paralelas
extremamente grandes.

Exemplo 4.11 Uma caixa em formato de bloco retangular sem tampa deve ter volume 32 litros. Que dimensões deve
ter essa caixa para que a área total de sua superfı́cie seja mı́nima?

Sejam x, y e z as dimensões da caixa. Logo, x, y, z > 0 e xyz = 32 litros = 32000 cm3 .


z
z

O
y y
x
x
Criemos a função área da caixa sem a tampa:

A (x, y, z) = xy + 2xz + 2yz.


32000
Substituindo z = xy na função acima criamos uma função área de duas variáveis:

A (x, y) = xy + 2x 32000 32000


xy + 2y xy = xy +
64000
y + 64000
x

cujo domı́nio é X = (x, y) ∈ R2 : x, y > 0 (primeiro quadrante).
Entretanto, para utilizarmos as Proposições 4.3 e 4.5 e encontrar mı́nimo e máximo globais, precisamos de um
domı́nio constituı́do por uma curva fechada e seus pontos interiores. Para contornar  esse problema façamos uma
restrição no domı́nio X tomando um quadrado de vértices (ε, ε), 1ε , ε , 1ε , 1ε e ε, 1ε , sendo ε > 0 muito pequeno


(portanto, 1ε muito grande). Encontramos os candidatos a mı́nimo e máximo de A utilizando a Proposição 4.5 e depois
tomamos limites fazendo ε → 0+ para cobrir todo o domı́nio X.

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y
(e,1/e) (1/e,1/e)
1/e

R2
e ® 0+

(e,e) (1/e,e)
e
x
(0,0) e 1/e

• Quanto ao item (i) temos:


 ∂A 64000  64000  64000
∂x (x, y) = y − x2
y− x2
=0 y= x2
∂A 64000
⇒ 64000
⇒ 64000

∂y (x, y) = x − y2
x− y2
=0 x= y2
64000 x4
x=  = 64000 ⇒ x = 0 (não serve) ou x = 40.
64000 2
x2

Substituindo em y = 64000x2
temos y = 40.
Logo, (40, 40) é ponto crı́tico candidato a mı́nimo ou máximo de A.

• Quanto ao item (ii), o domı́nio da derivadas parciais de A é o mesmo domı́nio de A. Logo, não há pontos onde as
derivadas parciais não existem (observe que x = 0 ou y = 0 não ocorre no domı́nio de A).

• Quanto ao item (iii) temos quatro subitens, um para cada lado do quadrado.

I (iii − 1) Lado com vértices em (ε, ε) e 1ε , ε cuja equação é y = ε com ε 6 x 6 1ε .




Substituindo y = ε em A (x, y) temos f (x) = A (x, ε) = εx + 64000 ε + 64000


x com ε 6 x 6 1ε .
»
Otimizando f temos f0 (x) = ε − 64000
x2
= 0 ⇔ x = 64000 ε .
» 
64000 1

Logo, ε , ε é candidato a mı́nimo ou máximo de A assim como os pontos (ε, ε) e ε , ε que são extremos
do lado do quadrado em questão.

I (iii − 2) Lado com vértices em 1ε , ε e 1ε , 1ε cuja equação é x = 1ε com ε 6 y 6 1ε .


 

Substituindo x = 1ε em A (x, y) temos g (y) = A 1ε , y = yε + 64000 + 64000ε com ε 6 y 6 1ε .



y

Otimizando g temos g0 (y) = 1ε − 64000
y2
= 0 ⇔ y = 64000ε.
Ä √ ä
1
Logo, ε , 64000ε é candidato a mı́nimo ou máximo de C assim como os pontos 1ε , ε e 1ε , 1ε que são extremos
 

do lado do quadrado em questão.

I (iii − 3) Lado com vértices em 1ε , 1ε e ε, 1ε cuja equação é y = 1ε com ε 6 x 6 1ε .


 

Substituindo y = 1ε em A (x, y) temos h (x) = A x, 1ε = xε + 64000ε + 64000 com ε 6 x 6 1ε .



√ x
Otimizando h temos h0 (x) = ε − x2 = 0 ⇔ x = 64000ε.
1 64000
Ä√ ä
64000ε, 1ε é candidato a mı́nimo ou máximo de C assim como os pontos 1ε , 1ε e ε, 1ε que são extremos
 
Logo,
do lado do quadrado em questão.

I (iii − 4) Lado com vértices em ε, 1ε e (ε, ε) cuja equação é x = ε com ε 6 y 6 1ε .




Substituindo x = ε em A (x, y) temos i (y) = A (ε, y) = εy + 64000 y + 64000


ε com ε 6 y 6 1ε .
»
Otimizando i temos i0 (y) = ε − 64000
y2
= 0 ⇔ y = 64000 ε .
 » 
Logo, ε, 64000 é candidato a mı́nimo ou máximo de A assim como os pontos ε, 1ε e (ε, ε) que são extremos

ε
do lado do quadrado em questão.

Edson Agustini sites.google.com/site/edsonagustini agustini@ufu.br


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Assim, temos o seguinte quadro:

Prop. 4.5 Pontos Valores de A Limites Tipo de Pto.


Item (i) (40, 40) A (40, 40) = 48000 – mı́n. global
Item (ii) não tem não tem não tem
(ε, ε) A (ε, ε) = ε2 + 128000
ε lim A (ε, ε) = +∞ –
ε→0+
1 1 64000
lim A 1ε , ε = +∞
  
ε, ε A ε , ε = 1 + ε + 64000ε –
ε→0+
1 1
A 1ε , 1ε = ε12 + 128000ε lim A 1ε , 1ε = +∞
  
ε, ε –
ε→0+
ε, 1ε A ε, 1ε = 1 + 64000ε + 64000 lim+ A ε, 1ε = +∞
  
ε –
ε→0

64000
 »
64000
 √ 64000

64000

Item (iii) ε , ε A ε , ε = 2 64000ε + ε lim+ A ε , ε = +∞ –
ε→0
Ä √ ä Ä √ ä » Ä √ ä
1 1 64000
ε , 64000ε A ε , 64000ε = 2 ε + 64000ε lim A 1ε , 64000ε = +∞ –
ε→0+
Ä√ ä Ä√ ä » Ä√ ä
64000ε, 1ε A 64000ε, 1ε = 2 64000 ε + 64000ε lim+ A 64000ε, 1ε = +∞ –
ε→0
 »   »  √  » 
ε, 64000 ε A ε, 64000 ε = 2 64000ε + 64000 ε lim+ A ε, 64000 ε = +∞ –
ε→0

Portanto, a menor área possı́vel da caixa é 48000 cm2 e ocorre com dimensões x = 40, y = 40 e z = 20.
Uma observação importante: geometricamente são óbvias as conclusões que chegamos quando analisamos o item (iii).
Quando uma das dimensões (x ou y) diminui, para que que o volume da caixa permaneça fixo, as outras duas dimensões
devem aumentar, o que significa que a área relacionada a elas aumenta. Neste caso, a caixa possui duas faces paralelas
extremamente grandes.

4.7 Multiplicadores de Lagrange


Podemos restringir a procura de pontos nos quais f atinge máximo ou mı́nimo a certos subconjuntos do domı́nio
de f : X ⊂ Rm → R. Geralmente esses subconjuntos são expressos por equações do tipo g (x1 , . . . , xm ) = 0 e os valores
que otimizam f neste caso são chamados de máximos ou mı́nimos condicionados, restritos ou vinculados. A
quantidade de equações do tipo g (x1 , . . . , xm ) = 0 é chamada de número de condições, restrições ou vı́nculos
de f.
A proposição abaixo apresenta condições para otimização de f sujeita a um vı́nculo.

Proposição 4.7 Sejam f, g : X ⊂ Rm → R, m > 2, funções com derivadas parcias de primeira ordem contı́nuas. Se o
ponto (a1 , . . . , am ) ∈ X no qual f atinge valor máximo (ou mı́nimo) local sujeito à restrição g (x1 , . . . , xm ) = 0 é tal
que ∇g (a1 , . . . , am ) 6= ~0, então ∇f (a1 , . . . , am ) = λ∇g (a1 , . . . , am ) para alguma constante real λ.
y
Ñf(a,b)
R2
Ñg(a,b)

(a,b) domínio de f

Ñf(c,d) (a,b) ® ponto de máximo ou mínimo


(c,d) (c,d) ® não é ponto de máximo, nem mínimo
Ñg(c,d)
curva g(x,y) = 0
x
(0,0)

O número λ da proposição é chamado de multiplicador de Lagrange.


A proposição acima fornece um método para encontrar os pontos candidatos a máximos ou mı́nimos.


Exemplo 4.12 Qual é a área máxima de um retângulo inscrito em um cı́rculo de raio 2?

agustini@ufu.br sites.google.com/site/edsonagustini Edson Agustini


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y

y (x,y)

x
(0,0) x

Seja
√ f (x, y) = 2x2y = 4xy, com x, y > 0, a função área do retângulo de dimensões 2x e 2y inscrito no cı́rculo de
raio 2, conforme figura acima.
As coordenadas x e y do vértice superior direito do retângulo estão restritas pela equação do cı́rculo x2 + y2 = 2.
Logo, x2 + y2 − 2 = 0 e temos g (x, y) = x2 + y2 − 2, que é a função que fornece o vı́nculo.
Pela Proposição 4.7 acima, os pontos P (x, y) candidatos a máximo ou mı́nimo de f restritos à curva g (x, y) = 0
são tais que ∇f (P) = λ∇g (P). Portanto, vamos encontrá-los.
Temos ∇f (P) = (4y, 4x) e ∇g (P) = (2x, 2y). Logo,

2y = λx
(4y, 4x) = λ (2x, 2y) ⇒ ⇒ y = x
⇒ x2 = y2 ⇒ x = y
2x = λy λ6=0 x y

(λ 6= 0 pois x, y > 0)
Substituindo x = y em g (x, y) = 0 temos x2 + x2 − 2 = 0, ou seja, x = 1 (lembrando que x > 0). Logo, y = 1,
também.
Assim, P (1, 1) é candidato a ponto de máximo (ou mı́nimo) de f. Nesse caso, é fácil perceber que f (1, 1) = 4 é a
área máxima possı́vel para o retângulo (que na verdade é um quadrado).

Observação: P (1, 1) não pode ser ponto de mı́nimo, pois quando x → 2, a área do retângulo tendo a zero.

A proposição abaixo apresenta condições para otimização de f sujeita a dois vı́nculos.

Proposição 4.8 Sejam f, g, h : X ⊂ Rm → R, m > 3, funções com derivadas parcias de primeira ordem contı́nuas. Se
o ponto (a1 , . . . , am ) ∈ X no qual f atinge valor máximo (ou mı́nimo) local sujeito às restrições g (x1 , . . . , xm ) = 0 e
h (x1 , . . . , xm ) = 0 é tal que ∇g (a1 , . . . , am ) 6= ~0 e ∇h (a1 , . . . , am ) 6= ~0, sendo esses vetores não paralelos, então
∇f (a1 , . . . , am ) = λ1 ∇g (a1 , . . . , am ) + λ2 ∇h (a1 , . . . , am ) para constantes reais λ1 e λ2 .

Os números λ1 e λ2 da proposição acima são também chamados de multiplicadores de Lagrange.

Exemplo 4.13 O plano x + y + z = 12 intersecta o parabolóide z = x2 + y2 em uma elipse. Determinemos o ponto


mais alto e o ponto mais baixo dessa elipse.

A função a ser otimizada é a altura, ou seja f (x, y, z) = z restrita, simultaneamente, ao paraboloide z = x2 + y2


e ao plano x + y + z = 12, ou seja, queremos saber qual a maior cota e qual a menor cota dos pontos que estão
simultamente no paraboloide e no plano.
Desta forma, g (x, y, z) = x2 + y2 − z e h (x, y, z) = x + y + z − 12 são as funções que fornecem os vı́nculos, pois
g (x, y, z) = 0 e h (x, y, z) = 0.

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Pela Proposição 4.8 temos que os pontos candidatos a maximizar ou minimizar f restrita às superfı́cies devem
satisfazer ∇f (x, y, z) = λ1 ∇g (x, y, z) + λ2 ∇h (x, y, z). Assim:

 ∇f (x, y, z) = (0, 0, 1)
∇g (x, y, z) = (2x, 2y, −1) ,

∇h (x, y, z) = (1, 1, 1)

e, para que ∇g (x, y, z) e ∇h (x, y, z) não sejam paralelos, devemos ter (x, y) 6= 12 , 12 . Além disso, vemos que


∇g (x, y, z) 6= ~0 e ∇h (x, y, z) 6= ~0.


Logo,

 2xλ1 + λ2 = 0
(x − y) λ1 = 0
(0, 0, 1) = λ1 (2x, 2y, −1) + λ2 (1, 1, 1) ⇒ 2yλ1 + λ2 = 0 ⇒ ⇒ x=y.
 6 0
λ1 =
−λ1 + λ2 = 1

De g (x, y, z) = 0 temos z = 2x2 e de h (x, y, z) = 0 temos 2x + 2x2 = 12, ou seja, x = −3 ou x = 2.


Portanto, temos dois candidatos: P1 (−3, −3, 18) e P2 (2, 2, 8).
Portanto, P1 (−3, −3, 18) é o ponto mais alto da elipse e P2 (2, 2, 8) é o ponto mais baixo da elipse que é intersecção
do paraboloide com o plano.

Exemplo 4.14 Seja 2s = x + y + z o perı́metro de um triângulo com lados de comprimentos x, y e z. A área desse
triângulo é dada pela Fórmula de Heron:
»
A = s (s − x) (s − y) (s − z).

Utilizando multiplicadores de Lagrange, mostremos que, dado um perı́metro fixo 2s de triângulo, o triângulo
equilátero é o que maximiza a área.
p
A função a ser maximizada é A (x, y, z) = s (s − x) (s − y) (s − z), restrita à 2s = x + y + z. Entretanto, ao invés
de trabalharmos com a função A, vamos trabalhar com a função √ f (x, y, z) = s (s − x) (s − y) (s − z) (que é mais fácil
de derivar). Esta substituição é permitida, pois, sendo α (t) = t função crescente, pontos que otimizam f, otimizam
A (e vice-versa).
Assim, f (x, y, z) = s (s − x) (s − y) (s − z) é a função a ser maximizada e g (x, y, z) = x + y + z − 2s é a função de
vı́nculo, pois g (x, y, z) = 0.
Pela Proposição 4.7, os pontos P (x, y, z) candidatos a máximo de f restritos à superfı́cie g (x, y, z) = 0 são tais que
∇f (P) = λ∇g (P). Portanto, vamos encontrá-los.

 −s (s − y) (s − z) = 1
(−s (s − y) (s − z) , −s (s − x) (s − z) , −s (s − x) (s − y)) = λ (1, 1, 1) ⇒ −s (s − x) (s − z) = 1 .

−s (s − x) (s − y) = 1

Sendo x, y, z > 0 medidas dos lados de um triângulo, temos, pela desigualdade triangular:

x + y > z ⇒ x + y + z > 2z ⇒ 2s > 2z ⇒ s > z ⇒ s − z > 0.

Analogamente, s − y > 0 e s − x > 0. Logo:



 −s (s − y) (s − z) = 1
s−y=s−x y=x
−s (s − x) (s − z) = 1 ⇒ ⇒ ⇒ x=y=z.
 s−z=s−y z=y
−s (s − x) (s − y) = 1

Portanto, o triângulo é equilátero.

agustini@ufu.br sites.google.com/site/edsonagustini Edson Agustini


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Seção de Exercı́cios Propostos: Aplicações de Derivadas de Funções


f : X ⊂ Rm → R
Exercı́cio 4.1 Determine os vetores gradientes de:
2
−y2
(i) f (x, y) = e−x no ponto P (0, 0). (ii) f (x, y, z) = y2 − z2 no ponto P (17, 3, 2).

Respostas: (i) ∇f (0, 0) = (0, 0) e (ii) ∇f (17, 3, 2) = (0, 6, −4).

Exercı́cio 4.2 Determine as derivadas direcionais de:


(i) f (x, y) = ex sen (y) em P 0, π4 na direção e sentido de ~v = (1, −1).


(ii) f (x, y) = sen (x) cos (y) em P π3 , − 2π



3 na direção e sentido de ~v = (4, −3).

(iii) f (x, y, z) = xyz em P (2, −1, −2) na direção e sentido de ~v = (1, 2, −2).

Respostas: 
π π 2π ~
= − 13 1 v

~ f 0, 4 = 0, (ii) Du
(i) Du ~f 3,− 3 ~ f (2, −1, −2) = − 6 , sendo ~
20 e (iii) Du u= k~
vk em todos os casos.

Exercı́cio 4.3 Utilizando vetor gradiente:


(i) Escreva a equação do plano tangente à superfı́cie x3 + y3 + z3 = 5xyz no ponto T (2, 1, 1).
(ii) Escreva a equação do plano tangente à superfı́cie z3 + xz − y2 = 1 no ponto T (1, 3, 2).
(iii) Escreva a equação da reta tangente à curva x4 + yx + y2 = 19 no ponto T (2, −3).

Respostas: (ii) 13z + 2x − 6y = 10 e (iii) 29x − 4y = 70.

Exercı́cio 4.4 Suponha que a temperatura T (em graus Celsius) no ponto (x, y, z) no espaço seja dada pela fórmula
T (x, y, z) = 50 + xyz.
(i) Determine a taxa de variação da temperatura em relação à distância (em metros) no ponto P (3, 4, 1) e na direção
e sentido do vetor ~v = (1, 2, 2).
(ii) Ache a maior taxa de variação da temperatura no ponto P (3, 4, 1) e em qual direção e sentido que ela ocorre.

Respostas:
34 ◦ ~
v ◦ ∇T (3,4,1)
(i) Du
~ T (3, 4, 1) = 3 C/m, sendo ~u = k~
vk ~ T (3, 4, 1) = 13 C/m, sendo ~
e (ii) Du u= k∇T (3,4,1)k .

Exercı́cio 4.5 Suponha que a temperatura T (em graus Celsius) no ponto (x, y, z) no espaço seja dada pela fórmula
T (x, y, z) = 100 − x2 − y2 − z2 .
(i) Determine a taxa de variação da temperatura no ponto P (3, −4, 5) na direção e sentido do vetor ~v = (3, −4, 12) .
(ii) Em que direção e sentido T cresce mais rapidamente em P? Qual é o valor da derivada direcional máxima em P?

Respostas: √ ◦
170 ∼ ◦ ~
v ∇T (3,−4,5)
~ T (3, −4, 5) = − 13 = −13 C/m, sendo ~
(i) Du u= k~
vk ~ T (3, −4, 5) = 10 2 C/m, sendo ~
e (ii) Du u= k∇T (3,−4,5)k .

Exercı́cio 4.6 Você está no ponto (−100, −100, 430) em uma colina que tem a forma do parabolóide elı́ptico z =
500 − (0, 003) x2 − (0, 004) y2 , sendo as medidas em metros.
(i) Qual é a taxa de subida (subida em relação ao percurso1 ) ao se dirigir para noroeste? Nesse caso, qual será a
medida do ângulo de subida em relação ao plano horizontal?
(ii) Refaça a parte (i), supondo agora que você se dirija para nordeste.
(iii) Você está no ponto (−100, −100, 430) da colina. Em que direção e sentido você deve caminhar para fazer a subida
mais ı́ngreme? Nesse caso, qual será a medida do ângulo de subida em relação ao plano horizontal?

1 Projeção do caminho sobre a superfı́cie no plano horizontal.

Edson Agustini sites.google.com/site/edsonagustini agustini@ufu.br


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Respostas:
√ Ä √ √ ä
2
(i) Du u = − 22 , 22 . Medida do ângulo de subida:
~ f (−100, −100) = 10 (m de subida / m de percurso), sendo ~
Ä√ ä
α = arctg 102 radianos.
√ Ä√ √ ä
7 2
(ii) Du~ f (−100, −100) = 10 (m de subida / m de percurso), sendo ~u = 22 , 22 . Medida do ângulo de subida:
Ä √ ä
α = arctg 7102 radianos.
∇f(−100,−100)
~ f (−100, −100) = 1 (m de subida / m de percurso), sendo ~
(iii) Du u = k∇f(−100,−100)k . Medida do ângulo de
subida: α = 45◦ .

Exercı́cio 4.7 Esboce um número suficiente de curvas de nı́vel da função h (x, y) = y − x2 para mostrar que ela não
tem valores extremos - nem máximos nem mı́nimos, locais ou globais.

Respostas:
As curvas de nı́vel z = k são parábolas. Concluı́mos que h não possui valores extremos - nem máximos nem
mı́nimos, locais ou globais pois, uma condição necessária para a existência destes, são curvas de nı́vel fechadas em
torno dos pontos do domı́nio que correspondem a estes valores extremos. No nosso caso, não temos curvas de nı́vel
fechadas.

Exercı́cio 4.8 Determine os pontos mais altos ou os pontos mais baixos (globais) nas superfı́cies:
(i) z = f (x, y) = 2x2 + 8xy + y4 .
2 2
(ii) z = f (x, y) = 1 + x2 e−x −y .


Respostas:
(i) Há apenas pontos mais baixos na superfı́cie: P1 (−4, 2, −16) e P2 (4, −2, −16).
(ii) Há apenas um ponto mais alto na superfı́cie: P (0, 0, 1).

Exercı́cio 4.9 Determine os valores máximo e mı́nimo de


(i) f (x, y) = x2 + y2 − x − y na região triangular R de vértices (0, 0), (2, 0) e (0, 2).
(ii) f (x, y) = xy2 na região circular R dada por x2 + y2 6 3.

Respostas:
(i) O valor máximo de f na região R é 2 e o valor mı́nimo é −0, 5.
(ii) O valor máximo de f na região R é 2 e o valor mı́nimo é −2.

Exercı́cio 4.10 Uma caixa retangular sem tampa deve ter volume fixo de 4.000 cm3 (= 4.000 ml = 4 litros). Que
dimensões minimizam a área total de sua superfı́cie?

Resposta: As dimensões que minimizam a área da caixa sem a tampa são: 20 cm de largura por 20 cm de compri-
mento por 10 cm de altura.

Exercı́cio 4.11 Uma caixa retangular com sua base no plano xy tem seus quatro vértices superiores tocando o
paraboloide circular de equação z = 1 − x2 − y2 . Determine as dimensões da caixa de maior volume possı́vel nessas
condições.
Sugestão: para modelar matematicamente o problema, supor que os lados da base da caixa sejam paralelos aos
eixos x e y

1
Resposta: largura 1, comprimento 1 e altura 2.

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Exercı́cio 4.12 Considere uma função f : X ⊂ R3 → R não negativa. Temos

f (a, b, c) 6 f (x, y, z) para qualquer (x, y, z) ∈ R3 ⇐⇒ f2 (a, b, c) 6 f2 (x, y, z) para qualquer (x, y, z) ∈ R3

Isto significa que se um ponto (a, b, c) minimiza f, então (a, b, c) minimiza


p f2 e vice-versa.
Tendo em mente o resultado acima, encontre o ponto da superfı́cie z = x + y2 mais próximo do ponto P (−6, 4, 0).
2

Mais uma dica: dados dois pontos P1 (x1 , y1 , z1 ) e P2 (x2 , y2 , z2 ), a distância entre eles é dada por
»
2 2 2
(x1 − x2 ) + (y1 − y2 ) + (z1 − z2 ) .

Exercı́cio 4.13 Determine e classifique os pontos crı́ticos das funções


(i) f (x, y) = 10 + 12x − 12y − 3x2 − 2y2 .
(ii) f (x, y) = x2 + 4xy + 2y2 + 4x − 8y + 3.
(iii) f (x, y) = 3xy − x3 − y3 .
(iv) f (x, y) = 2x3 − 3x2 + y2 − 12x + 10.
4
−y4
(v) f (x, y) = e−x .

Respostas:
(i) Máximo local em P (2, −3).
(ii) Ponto de sela em P (6, −4).
(iii) Ponto de sela em P1 (0, 0). Máximo local em P2 (1, 1).
(iv) Ponto de sela em P1 (−1, 0). Mı́nimo local em P2 (2, 0).
(v) Máximo local em P (0, 0).

2
Exercı́cio 4.14 Mostre que ∆ = fxx fyy − (fxy ) é zero na origem para:
(i) f (x, y) = x3 + y3 ;
4
−y4
(ii) f (x, y) = e−x .
Logo, o teste da derivada segunda falha nesses casos. Que tipos de pontos são esses?

Respostas: (i) Ponto de sela em P (0, 0) e (ii) Máximo local em P (0, 0).

Exercı́cio 4.15 Denota-se por f (s, t) o quadrado da distância entre um ponto da reta x = t, y = t + 1, z = 2t, e um
ponto da reta x = 2s, y = s − 1, z = s + 1 (os parâmetros t e s variam em R). Mostre que o único ponto crı́tico de f é
um mı́nimo local. Determine os pontos mais próximos nessas duas retas reversas.

Exercı́cio 4.16 Mostre que a superfı́cie z = x2 + 2y2 exp 1 − x2 − y2 se assemelha a dois picos de montanha
 
unidos por dois cumes com um vale entre eles.

Exercı́cio 4.17 Corta-se um arame de 120 cm de comprimento em três pedaços de comprimento x, y e 120 − x − y,
e, com cada pedaço faz-se um quadrado. Seja f (x, y) a soma das áreas desses quadrados. Mostre que o único ponto
crı́tico de f é um mı́nimo local. Mas, sem dúvida, é possı́vel maximizar a soma das áreas. Explique.

Exercı́cio 4.18 Determine e classifique os pontos crı́ticos da função f : R2 → R dada por f (x, y) = sen πx πy
 
2 sen 2 .

Exercı́cio 4.19 Seja f : R2 → R dada por f (x, y) = x3 − 3xy2 .


(a) Mostre que seu único ponto crı́tico é (0, 0) e ∆ = 0 ali.
(b) Examinando o comportamento de f sobre retas pela origem, mostre que a superfı́cie z = x3 − 3xy2 é uma “sela
de macaco”.

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Capı́tulo 5

Integrais Múltiplas

5.1 Integrais Duplas


O procedimento para definirmos integrais duplas é análogo ao das integrais definidas de uma variável.
Seja f : X ⊂ R2 → R função contı́nua com domı́nio retangular

X = [a, b] × [c, d] = (x, y) ∈ R2 : a 6 x 6 b e c 6 y 6 d

y
Domínio Retangular
d

c
x
0 a b

Tomemos as partições de [a, b] e [c, d] dadas por:



P1 = {x0 , . . . , xm } ⊂ R tal que a = x0 < x1 < · · · < xn−1 < xm = b
P2 = {y0 , . . . , yn } ⊂ R tal que c = y0 < y1 < · · · < yn−1 < yn = d

Logo, P1 e P2 definem uma partição P do domı́nio X em subretângulos:



P = Rij ⊂ R2 : Rij = [xi−1 , xi ] × [yj−1 , yj ] com 1 6 i 6 m e 1 6 j 6 n

y
Domínio Retangular Particionado
d = y5
y4
y3
R33
y2 m =7
y1 n =5
c = y0
x
a = x0 x1 x2 x3 x4 x5 x6 b = x7

Indiquemos a área de cada subretângulo Rij de P por Aij .

Definimos a norma da partição P de X = [a, b] × [c, d] como sendo o maior comprimento possı́vel de diagonal
dentre os subretângulos Rij de P, ou seja:
»
2 2
|P| = max (xi−1 − xi ) + (yj−1 − yj ) : 1 6 i 6 m e 1 6 j 6 n

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Quando |P| → 0 temos, necessariamente, a quantidade de subretângulos em P tendendo a infinito (ou seja,
m → ∞ e n → ∞).
Definimos a soma de Riemann de f : X ⊂ R2 → R relativa à partição P de X = [a, b] × [c, d] como sendo:
P 
f xi , yj Aij
i,j

na qual o par ordenado xi , yj representa um ponto qualquer do subretânulo Rij da partição P de X.

Observemos a soma acima é sobre todos os possı́veis i e j. Logo, temos uma soma de mn termos.

Definimos a integral dupla de f : X ⊂ R2 → R,P


sobre o domı́nio X = [a, b] × [c, d], como sendo o limite, quando
existir como número real, das somas de Riemann f xi , yj Aij quando |P| → 0 (e, portanto, quando m → ∞ e

i,j
n → ∞), ou seja:
ZZ
P 
f (x, y) dA = lim f xi , yj Aij
X |P|→0 i,j

O termo dA é chamado de elemento de área de f em coordenadas cartesianas.



Observemos também que, quando f é não negativa, cada termo f xi , yj Aij de uma soma de Riemann pode ser

pensado como volume de um bloco retangular (paralelepı́pedo) de base com área Aij e altura f xi , yj .

P 
Desta forma, a soma de Riemann f xi , yj Aij representa, no espaço cartesiano, uma aproximação do volume V
i,j

 pelo domı́nio X ⊂ R . Quanto menor for a norma |P| da partição


2
do sólido delimitado acima pelo gráfico de
Pf e abaixo
P, melhor será a aproximação de V por f xi , yj Aij . Este raciocı́nio motiva a seguinte definição para o volume V:
i,j

O volume V do sólido, no espaço cartesiano, delimitado acima pelo gráfico de f : X ⊂ R2 → R e abaixo pelo
domı́nio X = [a, b] × [c, d] de f é dado por:
ZZ
V= f (x, y) dA .
X

Podemos calcular uma integral dupla por meio do cálculo de duas integrais simples. Esse é o conteúdo da proposição
abaixo.

Proposição 5.1 (Teorema de Fubini) Seja f : X ⊂ R2 → R contı́nua com X = [a, b] × [c, d]. Então:
ZZ Z d ÇZ b å Z b ÇZ d å
f (x, y) dA = f (x, y) dx dy = f (x, y) dy dx .
X c a a c

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RR Rd Rb Rb Rd
É costume escrever X f (x, y) dA = c a f (x, y) dxdy = a c f (x, y) dydx (sem os parênteses), sendo o elemento
de área dA produto de dois elementos de comprimento dx e dy, ou seja,

dA = dxdy.

RR
Exemplo 5.1 Calculemos X f (x, y) dA dos dois modos indicados no Teorema de Fubini (Proposição 5.1), sendo
f (x, y) = 4x3 + 6xy2 e X = [1, 3] × [−2, 1].

Temos
ZZ Z d ÇZ b å Z1 Z3 Z1 Å x=3 ã
4x3 + 6xy2 dxdy = x4 + 3x2 y2

f (x, y) dA = f (x, y) dx dy = dy

X c a −2 1 −2 x=1
Z1 Z1 y=1
34 + 3.32 y2 − 14 − 3.12 y2 dy = 80 + 24y2 dy = 80y + 8y3
 
=

−2 −2 y=−2
3 3
= 80.1 + 8.1 − 80 (−2) − 8 (−2)
= 312.

e
ZZ Z b ÇZ d å Z 3Z 1 Z3 Å y=1 ã
4x3 + 6xy2 dydx = 4x3 y + 2xy3

f (x, y) dA = f (x, y) dy dx = dx

X a c 1 −2 1 y=−2
Z3 Ä ä Z3 x=3
3
4x3 1 + 2x13 − 4x3 (−2) − 2x (−2) dx = 12x3 + 18x dx = 3x4 + 9x2

=

1 1 x=1
4 2 4 2
= 3.3 + 9.3 − 3.1 − 9.1
= 312.

RR
Exemplo 5.2 Calculemos X f (x, y)dA dos dois modos indicados no Teorema de Fubini (Proposição 5.1), sendo
f (x, y) = cos (x) cos (y) e X = [0, π] × 0, π2 .

Temos
ZZ Z d ÇZ b å Z π2 Z π Z π2
x=π 
f (x, y) dA = f (x, y) dx dy = cos (x) cos (y) dxdy = sen (x) cos (y)|x=0 dy
X c a 0 0 0
Z π2 Z π2
= (sen (π) cos (y) − sen (0) cos (y)) dy = 0dy
0 0
=0

e
ZZ Z b ÇZ d å Z π Z π2 Zπ Ä
y= π
ä
f (x, y) dA = f (x, y) dy dx = cos (x) cos (y) dydx = cos (x) sen (y)|y=02 dx
X a c 0 0 0
Zπ Zπ
π
  x=π
= cos (x) sen 2 − cos (x) sen (0) dx = cos (x) dx = sen (x)|x=0 = sen (π) − sen (0)
0 0
= 0.

5.2 Integrais Duplas Sobre Regiões mais Gerais


Podemos estender o conceito de integral dupla para funções contı́nuas f com domı́nio X diferente de retângulos.
Vamos trabalhar com domı́nio X ⊂ R2 limitado. Logo, é possı́vel considerar um retângulo R ⊂ R2 de tal modo que
X ⊂ R.
Tomemos uma partição P de R e somas de Riemann restritas a subretângulos de P que possuem alguma intersecção
com X (logo, a quantidade de termos da soma de Riemann não é, necessariamente, mn).

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y
Domínio não retangular
d = y5
y4
y3
R33
y2 m =7
y1 n =5
c = y0
x
a = x0 x1 x2 x3 x4 x5 x6 b = x7

A integral dupla sobre X é então definida como na seção anterior, ou seja, como limite dessas somas de Riemann
“restritas a X” quando |P| → 0. RR
De modo análogo, quando f é não negativa, X f (x, y) dA representa o volume do sólido delimitado acima pelo
gráfico de f e abaixo pelo domı́nio X.
z

gráfico de f não negativa

sólido delimitado
acima pelo gráfico
de f e abaixo pelo
y domínio X de f
x
domínio de f
X
Para o cálculo dessas integrais temos a versão estendida do Teorema de Fubini (Proposição 5.1).

Proposição 5.2 (Teorema de Fubini Estendido) Seja f : X ⊂ R2 → R contı́nua com X limitado.


(i) Suponhamos que 
X = (x, y) ∈ R2 : α (y) 6 x 6 β (y) e c 6 y 6 d
sendo x = α (y) e x = β (y) equações de curvas que delimitam X à esquerda e à direita, respectivamente. Então:

curva x = a(y) curva x = b(y)


(lado esquerdo) (lado direito)
y
ZZ Z d ÇZ β(y) å d
f (x, y) dA = f (x, y) dx dy y4
X c α(y) y3
y2
y1
c x

(ii) Suponhamos que 


X = (x, y) ∈ R2 : a 6 x 6 b e γ (x) 6 y 6 δ (x)
sendo y = γ (x) e y = δ (x) equações de curvas que delimitam X inferiormente e superiormente, respectivamente. Então:

y curva y = d(x)
(lado superior)
ZZ Z b ÇZ δ(x) å
f (x, y) dA = f (x, y) dy dx
X a γ(x) curva y = g(x)
(lado inferior)
x
a x1 x2 x3 x4 x5 x6 b

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Observemos que para a montagem e cálculo da integral dupla, é conveniente pensar na variável da integral interna
“variando entre curvas”, enquanto que a variável da integral externa está “variando entre números”. Lembre-se de
que o resultado final do cálculo da integral dupla é um número, logo, a integral externa deve ter sempre extremos
numéricos.

Exemplo 5.3 Seja X uma região plana em formato de elipse com centro na origem e vértices (1, 0), (−1, 0), (0, 2) e
(0, −2). Encontremos as equações das curvas α, β, γ e δ, bem como os números a, b, c e d tais que
 
 X = (x, y) ∈ R2 : α (y) 6 x 6 β (y) e c 6 y 6 d
e 

X = (x, y) ∈ R2 : a 6 x 6 b e γ (x) 6 y 6 δ (x)

y y
curva x = a(y) curva x = b(y)
2 2
(lado esquerdo) (lado direito)

curva y = d(x)
(lado superior)
x x
-1 1 -1 1
curva y = g(x)
(lado inferior)

-2 -2
y2
A elipse de vértices (1, 0), (−1, 0), (0, 2) e (0, −2) possui equação reduzida x2 + 4 = 1.
» » »
y2 y2 y2
Assim, x = ± 1 − 4 , o que nos conduz a x = α (y) = − 1 − 4 ou x = β (y) = 1− 4 .

√ √ √
Analogamente, y = ±2 1 − x2 , o que nos conduz a y = γ (x) = −2 1 − x2 ou y = δ (x) = 2 1 − x2 .

Além disso, a = −1, b = 1, c = −2 e d = 2 .

Desta forma: 


» »
y2 y2

 X = (x, y) ∈ R 2
: − 1 − 4 6 x 6 1 − 4 e − 2 6 y 6 2
e


 √ √
 X = (x, y) ∈ R2 : −1 6 x 6 1 e − 2 1 − x2 6 y 6 2 1 − x2

RR
Exemplo 5.4 Calculemos X f (x, y) dA dos dois modos indicados no Teorema de Fubini Estendido (Proposição 5.2),

sendo f (x, y) = xy2 e X a região delimitada pelas curvas y = x e y = x3 no primeiro quadrante.

A figura abaixo ilustra a região X:

y y = x3
y y
y = Öx
1 1 y = Öx 1 x = y2

X X 3
0 1 x y = x3 x = Öy

0 1 x 0 1 x

Assim, em
ZZ Z b ÇZ δ(x) å
f (x, y) dA = f (x, y) dy dx
X a γ(x)

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temos γ (x) = x3 , δ (x) = x, a = 0 e b = 1, ou seja,
ZZ Z 1 ÇZ √x å Z1 Å y=√x ã Z1 Å √ 3 3
ã
2 xy3 x( x) x(x3 )
f (x, y) dA = xy dy dx = 3 y=x3 dx = 3 − 3 dx
X 0 x3 0 0
Z1 Ä√ √ 1
x10 x11
ä
x5 2 x7 5
= 3 − 3 dx = 21 − 33 0 = 77 .
0

Em
ZZ Z d ÇZ β(y) å
f (x, y) dA = f (x, y) dx dy
X c α(y)

temos α (y) = y2 , β (y) = 3 y, c = 0 e d = 1, ou seja,
ZZ Z 1 ÇZ √
3 y
å Z1 Å x= √
3 y
ã Z1 Å √
3
ã
2 x 2 y2 y2 y2 y4 y2
f (x, y) dA = xy dx dy = 2 dy = 2 − 2 dy
X 0 y2 0 x=y2 0
Z1 Å √
3
ã √
3
1
y8 y6 3 y11 y7
5
= 2 − 2 dy = 22 − 14 = 77 .
0 0

5.3 Área por Integração Dupla


Recordemos que se f : RRX ⊂ R2 → R é tal que f (x, y) ≥ 0, então o volume do sólido abaixo do gráfico de f e acima
do domı́nio X é dado por X f (x, y) dA.
Quando f (x, y) = 1, o sólido em questão é delimitado superiormente pelo plano z = 1 e inferiormente pelo plano
z = 0. Logo, sua superfı́cie lateral é parte de uma superfı́cie cilı́ndrica delimitada por dois planos horizontais.
z

1
plano z = 1

x
X

O volume deste sólido cilı́ndrico é dado pelo produto da área da base X pela altura 1, ou seja, o volume coincide,
numericamente, com a área A (X) de X. Assim:

ZZ
A (X) = 1dA .
X

Exemplo 5.5 Calculemos a área da região delimitada pela reta y = x e pela parábola y = x2 − 2x.

A figura abaixo ilustra a região X em questão:

y
3
y=x

y = x2- 2x

0 2 3 x

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Lembremos que as coordenadas dos pontos que são intersecção entre as curvas y = x e y = x2 − 2x podem ser
obtidas resolvendo-se o sistema:
y=x
.
y = x2 − 2x
Neste caso, encontramos os pontos (0, 0) e (3, 3).
De acordo com o que vimos acima, sendo X a região que desejamos calcular a área:
ZZ Z 3 ÅZ x ã Z3 Ä Z3 3
3
3x2
y=x
ä
−x2 + 3x dx = − x3 + 27
= 92 .

A (X) = 1dA = 1dy dx = y|y=x2 −2x dx = 2 0 = −9 + 2
X 0 x2 −2x 0 0

5.4 Integrais Duplas em Coordenadas Polares


Recordemos o sistema de coordenadas polares no plano (como sugestão, veja o material da disciplina Geometria
Analı́tica).
Vamos considerar pontos em coordenadas polares P (r; θ) com r > 0 e 0 6 θ 6 2π e fixemos as equações de
passagem do sistema de coordenadas polares para coordenadas cartesianas (pólo na origem) e vice-versa:

x = r cos (θ)
.
y = r sen (θ)

Um retângulo polar R = [a, b] × [α, β] é a região do plano polar constituı́da pelos pontos P de coordenadas
polares P = (r; θ) tais que a 6 r 6 b e α 6 θ 6 β.
R = [a,b] ´ [a,b]

b eixo polar
a
O
a
b

Proposição 5.3 (Teorema de Fubini para Coordenadas Polares) Seja f : X ⊂ R2 → R, z = f (x, y), contı́nua no
retângulo polar X = R = [a, b] × [α, β]. Então:
ZZ Z βZ b Z bZ β
f (x, y) dA = f (r cos (θ) , r sen (θ)) rdrdθ = f (r cos (θ) , r sen (θ)) rdθdr .
X α a a α

Neste caso, o elemento de área dA, em coordenadas polares, é dado por


dA = rdrdθ.
Observemos que rdrdθ = rdθ.dr é, aproximadamente, a área de um retângulo polar com o arco interno medindo
rdθ e lados radiais medindo dr.

Exemplo 5.6 Calculemos o volume do sólido delimitado pelo parabolóide circular z = 25 − x2 − y2 e pelo plano xy.

Consideremos que o gráfico de f : X ⊂ R2 → R, dada por f (x, y) = 25 − x2 − y2 , com X retângulo polar


X = [0, 5] × [0, 2π] é a parte superior do sólido em questão. A parte inferior do sólido está no plano xy e é um disco
com centro na origem e raio 5 (para verificar isso: f (x, y) = 0 ⇒ x2 + y2 = 52 é a equação do bordo desse disco).
z
25
parabolóide fora de escala

-5
-5 0 5 y
x 5
X (disco de raio 5)

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Pelo Teorema de Fubini para Coordenadas Polares (Proposição 5.3) temos


ZZ Z βZ b Z 2π Z 5 Ä ä
2 2
f (x, y) dA = f (r cos (θ) , r sen (θ)) rdrdθ = 25 − (r cos (θ)) − (r sen (θ)) rdrdθ
X α a 0 0
Z 2π Z 5 Z 2π Z 5 Z 2π Å r=5 ã
2 3 25r2 r4
 
= 25 − r rdrdθ = 25r − r drdθ = 2 − 4 r=0 dθ
0 0 0 0 0
Z 2π Z 2π
625 625 625 625 2π 625

= 2 − 4 dθ = 4 dθ = 4 θ 0 = 2 π.
0 0

Proposição 5.4 (Teorema de Fubini para Coordenadas Polares Estendido) Seja f : X ⊂ R2 → R, z = f (x, y),
contı́nua com X limitado. Suponhamos que em coordenadas polares:

X = (r; θ) ∈ R2 : c1 (θ) 6 r 6 c2 (θ) e α 6 θ 6 β

sendo r = c1 (θ) e r = c2 (θ) equações de curvas que delimitam X radialmente abaixo e acima, respectivamente. Então:

curva r = c2(q)
(radialmente acima)
ZZ Z β Z c2 (θ) curva r = c1(q)
f (x, y) dA = f (r cos (θ) , r sen (θ)) rdrdθ (radialmente abaixo) R
X α c1 (θ)

b eixo polar
a
O

Exemplo 5.7 Calculemos a área da região entre as curvas polares r = 1 e r = 2 + cos (θ).

A curva polar r = 1 é um cı́rculo de raio 1 com centro na origem do plano polar.


A curva polar r = 2 + cos (θ) é um limaçon, sem bico(1 ) e sem laço, no plano polar.

As curvas, em coordenadas polares, e a área em questão estão esboçadas na figura abaixo:


y
2 r = 2 + cos(q)

(r;q)
r
q x
-1 0 1 3
r=1

X (região hachurada)
-2
Neste caso, r = c1 (θ) corresponde à curva r = 1 e r = c2 (θ) corresponde à curva r = 2 + cos (θ). A variável θ
percorre todo o intevalo de α = 0 a β = 2π.

Logo, a área em questão, de acordo com o Teorema de Fubini para Coordenadas Polares Estendido (Proposição
5.4) é dada por:
ZZ Z 2π Z 2+cos(θ) Z 2π Å r=2+cos(θ) ã Z 2π  
r2 (2+cos(θ))2 1
A (X) = 1dA = 1rdrdθ = 2 r=1
dθ = 2 − 2 dθ
X 0 1 0 0
Z 2π Ç Z 2π å
2π 2π cos(2θ)+1
= 12 3 + 4 cos (θ) + cos2 (θ) dθ = 12 3θ|0 + 4 sen (θ)|0 +

2 dθ
0 0
Å Å 2π ãã
1 2π
= 2 6π + 0 + sen(2θ)
1 1 7π

+ θ = (6π + 0 + (0 + π)) = 2 .

4 0 2 0 2
1 Limaçons com bicos também são chamados de cardioides.

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2
Exemplo 5.8 Determine o volume da região sólida interior à esfera x2 + y2 + z2 = 4 e ao cilindro (x − 1) + y2 = 1.
Abaixo seguem figuras que ilustram essas duas superfı́cies, bem como a intersecção entre elas.

O sólido S, interno à esfera e ao cilindro simultaneamente, é simétrico em relação ao plano coordenado xy. Logo,
seu volume é duas vezes o volume do sólido limitado superiormente pela esfera e inferiormente pelo plano xy no interior
da esfera e do cilindro. Isso significa que o volume V (S) do sólido original pode ser calculado pela integral
ZZ
V (S) = 2 f (x, y) dA,
X

sendo f : X ⊂ R2 → R, dada por z = f (x, y) = 4 − x2 − y2 , e X o disco com centro em (1, 0) e raio 1 no plano xy.
p

Vamos trabalhar com coordenadas polares. Logo, precisamos descrever X em termos de curvas polares. Como
2
o contorno de X é um cı́rculo de raio 1 com centro em (1, 0), sua equação é dada por (x − 1) + y2 = 1, que em
2 2
coordenada polares é (r cos (θ) − 1) + (r sen (θ)) = 1, ou seja, r = 2 cos (θ). Desta forma, em coordenadas polares,
a região X é demilitada pelas curvas polares r = c1 (θ) = 0 e r = c2 (θ) = 2 cos (θ), com a variável θ percorrendo o
intervalo de α = − π2 a β = π2 .
r = 2cos(q)

b = p/2
q r eixo polar
0 1 2
a = -p/2
X (região hachurada)

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Pelo Teorema de Fubini para Coordenadas Polares Estendido (Proposição 5.4) temos
ZZ Z π2 Z 2 cos(θ)
V (S) = 2 f (x, y) dA = 2 f (r cos (θ) , r sen (θ)) rdrdθ
X −π
2 0
Z π2 Z 2 cos(θ) » Z π2 Z 2 cos(θ) p
2 2
=2 4 − (r cos (θ)) − (r sen (θ)) rdrdθ = 2 4 − r2 rdrdθ
−π
2 0 −π
2 0
Z π2 Ç √ r=2 cos(θ) å Z π2 Å» √ ã
(4−r2 )3 2 3
=2 −3 dθ = − 3 (4 − 4 cos (θ)) − 43 dθ
2
−π
2 r=0 −π
2
Z π2  ÇZ π
2
å
π

3 3
= − 16 (θ) − 1 dθ = − 16
(θ) dθ − θ| 2

3 sen 3 sen −π 2
−π −π
Ç 2Z π å 2

2
= − 16 2 sen3 (θ) dθ − π ; (pois g (θ) = sen3 (θ) é par em um intervalo simétrico)

3
0
Ç Zπ å Ç Zπ å
2 2
16 2 16 2
 
=−3 2 1 − cos (θ) sen (θ) dθ − π = − 3 2 sen (θ) − cos (θ) sen (θ) dθ − π
0 0
Ç Zπ Z π2 å
2
16 2
= − 3 2 sen (θ) dθ − 2 cos (θ) sen (θ) dθ − π
0 0
Ç Z π2 å Ç Z0 å
Ä π ä
2 2
= − 16
3 2 − cos (θ)|0 2 16
+ 2 cos (θ) (− sen (θ)) dθ − π = − 3 2 + 2 u du − π ; (fazendo u = cos (θ) )
0 1
Å Å 0 ã ã
u3
16
= − 3 2 + 2 3 − π = − 16 1 16 4
  
3 2+2 0− 3 −π = 3 π− 3 .
1

Exemplo 5.9 Determinemos o volume do sólido delimitado acima por z = 8 − x2 − y2 e abaixo por z = x2 + y2 .
Abaixo seguem figuras que ilustram essas duas superfı́cies, que são paraboloides circulares, bem como a intersecção
entre elas.

A intersecção das duas superfı́cies é um cı́rculo de centro (0, 0, 4) e raio 2 no plano z = 4. Para comprovar isso,
basta resolver o sistema
z = x2 + y2 z=4
⇒ .
z = 8 − x2 − y2 x2 + y2 = 4
Desta forma, a projeção ortogonal do sólido S no plano coordenado xy é, portanto, um disco de centro na origem
e raio 2. Chamemos esse disco de X.

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y
2
r=2
(r;q)
r
q x
-2 0 2

X (região hachurada)
-2

O volume do sólido S em questão pode ser calculado como o volume do sólido S1 abaixo do paraboloide z = 8−x2 −y2
e acima de X menos o volume do sólido S2 abaixo do paraboloide z = x2 + y2 e acima de X.
Considerando-se os paraboloides como gráficos das funções f1 : X ⊂ R2 → R, dada por f1 (x, y) = 8 − x2 − y2 , e
f2 : X ⊂ R2 → R, dada por f2 (x, y) = x2 + y2 , o volume V (S) do sólido S em questão pode ser calculado por meio da
integral
ZZ
V (S) = (f1 (x, y) − f2 (x, y)) dA.
X

Utilizando o Teorema de Fubini para Coordenadas Polares Estendido (Proposição 5.4) temos
ZZ Z 2π Z 2 Ä ä
2 2 2 2
V (S) = (f1 (x, y) − f2 (x, y)) dA = 8 − (r cos (θ)) − (r sen (θ)) − (r cos (θ)) − (r sen (θ)) rdrdθ
X 0 0
Z 2π Z 2 Z 2π Z 2 Z 2π Å 2 ã Z 2π
r4 2π
8 − 2r2 rdrdθ = 8r − 2r3 drdθ = 4r2 −
 
= 2 0 dθ = (16 − 8) dθ = 8θ|0 = 16π.
0 0 0 0 0 0

R∞ 2

π
Exemplo 5.10 Mostre que 0
e−x dx = 2 .

2
Essa integral é muito interessante, pois f (x) = e−x não tem primitiva que possa ser escrita como expressão
analı́tica finita envolvendo funções simples.
Entretanto, por meio das coordenadas polares, podemos calcular a integral imprópria em questão. Vejamos como:
ÅZ ∞ ã2 ÅZ ∞ ã ÅZ ∞ ã ÅZ ∞ ã ÅZ ∞ ã Z∞ ÅZ ∞ ã
2 2 2 2 2 2 2
e−x dx = e−x dx e−x dx = e−x dx e−y dy = e−y e−x dx dy
0
Z ∞0ÅZ ∞ 0
ã Z ∞Z ∞
0 0
ZZ 0 0
2 2 2 2 2 2
= e−y e−x dx dy = e−x −y dxdy = e−x −y dA,
0 0 0 0 X

sendo X o primeiro quadrante do sistema de coordenadas cartesianas ortogonais.


Consideremos Y ⊂ R2 como sendo um quarto de disco de raio ρ e centro na origem no primeiro quadrante. Deste
modo, X = lim Y e, utilizando coordenadas polares e o Teorema de Fubini (Proposição 5.4) temos:
ρ→∞

ZZ Z π2 Z ρ Z π2 Z ρ
2
−y2 2
−(r sen(θ))2 2
e−x dA = lim e−(r cos(θ)) rdrdθ = lim e−r rdrdθ
X ρ→∞ 0 0 ρ→∞ 0 0
Z π2 Z −ρ2 Z π2 Z −ρ2 ! Ç Z π2   å
u=−ρ2
= lim eu du
−2 dθ = lim − 12 u
e dudθ = lim − 12 eu |u=0 dθ
ρ→∞ 0 0 ρ→∞ 0 0 ρ→∞ 0
Ç Z π2 Ä å
2
−ρ2 1−e−ρ
ä
= lim − 12 e − 1 dθ = lim 4 π= π
4.
ρ→∞ 0 ρ→∞

Conclusão:
ÅZ ∞ ã2 Z∞ √
−x2 2
e dx = π
4 ⇒ e−x dx = 2
π
,
0 0

2
lembrando que f (x) = e−x > 0 para qualquer x ∈ R.

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5.5 Integrais Triplas


O procedimento para definirmos integrais triplas de funções f : X ⊂ R3 → R é análogo ao das integrais duplas.
Enfatizamos que, neste caso, as partições P de X que surgem nas somas de Riemann de f relativas a P:
P 
f xi , yj , zk Vijk
i,j,k

são formadas por blocos retangulares (Vijk são os volumes desses pequenos blocos).

Definimos a integral tripla de f sobre o domı́nio X como sendo o limite das somas de Riemann quando a
norma de P tende a zero: ZZZ
P 
f (x, y, z) dV = lim f xi , yj , zk Vijk
X |P|→0 i,j,k

O termo dV é chamado de elemento de volume de f em coordenadas cartesianas.

RRR
Importante: quando f (x, y, z) = 1, a integral tripla X
1dV fornece o volume de X.

Podemos calcular uma integral tripla por meio do cálculo de três integrais simples. Esse é o conteúdo dos teoremas
de Fubini para integrais triplas enunciados abaixo.

Proposição 5.5 (Teorema de Fubini para Integrais Triplas) Seja f : X ⊂ R3 → R contı́nua com X = [a1 , b1 ] ×
[a2 , b2 ] × [a3 , b3 ]. Então:
ZZZ Z b ÇZ b ÇZ b å å
3 2 1

f (x, y, z) dV = f (x, y, z) dx dy dz .
X a3 a2 a1

RRR Rb Rb Rb
É costume escrever X
f (x, y, z) dV = a33 a22 a11 f (x, y, z) dxdydz (sem os parênteses), sendo o elemento de
volume dV produto de três elementos de comprimento dx, dy e dz, ou seja,

dV = dxdydz.

Proposição 5.6 (Teorema de Fubini para Integrais Triplas Estendido) Seja f : X ⊂ R3 → R contı́nua com X
limitado.
Suponhamos que

X = (x, y, z) ∈ R3 : r (x, y) 6 z 6 s (x, y) , α (x) 6 y 6 β (x) e a 6 x 6 b

sendo:
z = r (x, y) e z = s (x, y) equações de superfı́cies que delimitam X abaixo e acima no espaço;
y = α (x) e y = β (x) equações de curvas que delimitam X ∩ {plano xy} acima e abaixo no plano xy.
Então:
ZZZ Z b ÇZ β(x) ÇZ s(x,y) å å
f (x, y, z) dV = f (x, y, z) dz dy dx .
X a α(x) r(x,y)

RRR
Exemplo 5.11 Calcule X
(xy + yz) dV sendo X = [−1, 1] × [2, 3] × [0, 1].
Pelo Teorema de Fubini (Proposição 5.5) temos
ZZZ Z 1 ÇZ 3 ÇZ 1 å å Z 1 ÇZ 3 Å x=1 ã å
x2 y
(xy + yz) dV = (xy + yz) dx dy dz = 2 + yzx dy dz

X 0 2 −1 0 2 x=−1
Z 1 ÇZ 3 å Z 1 ÇZ 3 å Z1 Å y=3 ã
y y
y2 z

= + yz − + yz dy dz = 2yzdy dz = dz

2 2 y=2
0 2 0 2 0
Z1 Z1
2 z=1

= (9z − 4z) dz = 5zdz = 5z2 = 25 .
0 0 z=0

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Exemplo 5.12 Calcule o volume do sólido delimitado pela superfı́cie cilı́ndrica x = y2 e pelos planos z = 0 e x+z = 1.

Nas figuras abaixo temos as superfı́cies e o sólido em questão.

y
z 1 x = y2
1
z=1-x
x=1

-1 x
0 0 1
x 1 y
1
X (região hachurada)
X (segmento parabólico)
-1

O sólido S em questão é delimitado superiormente pelo plano de equação z = 1 − x e, inferiormente, pelo plano
z = 0.
O segmento parabólico X, no plano cartesiano xy, é delimitado à esquerda pela parábola de equação x = y2 e, à
direita, pela reta x = 1.
Desta forma, a variável y percorre o intervalo de −1 a 1.
Utilizando o Teorema de Fubini para Integrais Triplas Estendido (Proposição 5.6) e, adequando a ordem das
integrais ao nosso exemplo:
ZZZ Z b ÇZ β(y) ÇZ s(x,y) å å
V (S) = 1dV = 1dz dx dy,
S a α(y) r(x,y)

sendo r (y, r) = 0, s (x, y) = 1 − x, α (y) = y2 , β (y) = 1, a = −1 e b = 1, ou seja,


Z 1 ÇZ 1 ÇZ 1−x å å Z 1 ÇZ 1 Ä ä
å Z 1 ÇZ 1 å
z=1−x
V (S) = 1dz dx dy = z|z=0 dx dy = (1 − x) dx dy
−1 y2 0 −1 y2 −1 y2
Z1 Å x=1 ã Z1 Ä y=1
x2 y4 y3 y5
ä
y
= x− 2 x=y2 dy = 1
2 − y2 + 2 dy = 2 − 3 + 10 y=−1 =1− 2
3 + 1
5 = 8
15 .
−1 −1

5.6 Integrais Triplas em Coordenadas Cilı́ndricas


No espaço podemos utilizar outros sistemas de coordenadas diferentes do sistema de coordenadas cartesianas
ortogonais. Um deles é o chamado sistema de coordenadas cilı́ndricas, o qual, na verdade, é uma combinação do
sistema de coordenadas polares no plano xy com o próprio sistema de coordenas cartesianas no eixo z.
Para entender melhor, fixemos o sistema de coordenadas cartesianas ortogonais no espaço e, sobre o plano xy desse
sistema, fixemos o sistema de coordenadas polares, sendo o pólo na origem e o eixo polar sobre a parte positiva do
eixo x. Naturalmente, a unidade de medida deve ser a mesma em ambos os sistemas.
Desta forma, no sistema de coordenadas cilı́ndricas, um ponto P do espaço está associado a uma terna de números
reais P (r; θ; z), sendo que (r; θ) são as coordenadas polares da projeção ortogonal de P sobre o plano xy do sistema de
coordenadas cartesianas.

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As equações de mudança das coordenadas de P (x, y, z), no sistema de coordenadas cartesianas, para as coordenadas
do mesmo ponto P (r; θ; z), no sistema de coordenadas cilı́ndricas, são dadas por:

 x = r cos (θ)
y = r sen (θ) ;

z=z

sendo z ∈ R e, usualmente, r > 0 e θ ∈ [0, 2π[.


A motivação para se chamar o sistema (r; θ; z) de coordenadas “cilı́ndricas” vem do fato de que se fixarmos r e
permitirmos que θ e z variem, temos um cilindro circular reto no espaço. Deste modo, um ponto P (r; θ; z) está sempre
sobre um cilindro de raio r.
O procedimento para definirmos integrais triplas de funções f : X ⊂ R3 → R, dadas em coordenadas cilı́ndricas, é
análogo ao das integrais triplas em coordenadas cartesianas. Neste caso, adotando a notação

f (x, y, z) = f (r cos (θ) , r sen (θ) , z) = f (r; θ; z) ,

as partições P de X que surgem nas Somas de Riemann de f relativas a P:


P 
f ri ; θj ; zk Vijk
i,j,k

são formadas por blocos retangulares polares:

∼ r∆θ.∆r.∆z (seguindo a nomenclatura


Assim, Vijk são os volumes desses pequenos blocos e, portanto, Vijk =
sugerida na figura acima).

Definimos a integral tripla de f : X ⊂ R3 → R, dada em coordenadas cilı́ndricas, sobre o domı́nio X, como


sendo: ZZZ
P 
f (r; θ; z) dV = lim f ri ; θj ; zk Vijk
X |P|→0 i,j,k

O termo dV é chamado de elemento de volume de f em coordenadas cilı́ndricas.

Podemos calcular uma integral tripla, em coordenadas cilı́ndricas, por meio do cálculo de três integrais simples. Esse
é o conteúdo dos teoremas de Fubini para integrais triplas, em coordenadas cilı́ndricas, enunciados abaixo, lembrando
que f (x, y, z) = f (r cos (θ) , r sen (θ) , z) = f (r; θ; z).

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Proposição 5.7 (Teorema de Fubini para Integrais Triplas em Coordenadas Cilı́ndricas) Seja f : X ⊂ R3 → R,
dada em coordenadas cilı́ndricas, contı́nua no bloco retangular polar X = [a, b] × [α, β] × [c, d]. Então:
ZZZ Z d ÇZ β ÇZ b å å
f (r; θ; z) dV = f (r; θ; z) rdr dθ dz .
X c α a

RRR Rd Rβ Rb
É costume escrever X
f (r; θ; z) dV = c α a f (r; θ; z) rdrdθdz (sem os parênteses), sendo o elemento de volume
dV produto de três elementos de comprimento: rdθ, dr e dz, ou seja,

dV = rdrdθdz.

Observemos que rdrdθdz = (rdθ) .dr.dz é, aproximadamente, a área de um bloco retangular polar com os arcos
internos medindo rdθ, arestas radiais medindo dr e altura medindo dz.
Observemos, também, que em se tratando de integrais triplas de funções de três variáveis w = f (r; θ; z), dadas em
coordenadas cilı́ndricas, utilizamos o elemento de área dA em coordenadas polares, dado por dA = rdrdθ, no plano
rθ. Assim, é muito natural que o elemento de volume dV, em coordenadas cilı́ndricas, seja dado por dV = rdrdθdz,
ou seja, trocamos dxdy por rdrdθ.

Proposição 5.8 (Teorema de Fubini para Integrais Triplas em Coordenadas Cilı́ndricas Estendido) Seja f : X ⊂
R3 → R, dada em coordenadas cilı́ndricas, contı́nua, com X limitado.
Suponhamos que

X = (r; θ; z) ∈ R3 : s1 (r; θ) 6 z 6 s2 (r; θ) , r1 (θ) 6 r 6 r2 (θ) e α 6 θ 6 β

sendo:
z = s1 (r, θ) e z = s2 (r, θ) equações de superfı́cies que delimitam X abaixo e acima no espaço;
r = r1 (θ) e r = r2 (θ) equações de curvas que delimitam X ∩ {plano rθ} radialmente no plano rθ.
Então:
ZZZ Z β ÇZ r2 (θ) ÇZ s2 (r;θ) å å
f (r; θ; z) dV = f (r; θ; z) rdz dr dθ .
X α r1 (θ) s1 (r;θ)

2
Exemplo 5.13 Encontremos o volume do sólido S delimitado lateralmente pelo cilindro circular x2 + (y − 1) = 1,
superiormente pelo paraboloide circular z = x2 + y2 e inferiormente pelo plano z = 0.
Neste caso, devemos integrar a função f (x, y, z) = 1 sobre S. Vamos utilizar coordenadas cilı́ndricas.
Substituindo 
 x = r cos (θ)
y = r sen (θ)

z=z
2
na equação x2 + (y − 1) = 1 do cilindro temos:
2
r2 cos2 (θ) + (r sen (θ) − 1) = 1 ⇒ r2 cos2 (θ) + r2 sen2 (θ) − 2r sen (θ) + 1 = 1 ⇒
r (r − 2 sen (θ)) = 0 ⇒ r = 2 sen (θ)

pois r = 0, para qualquer θ, não representa equação (em coordenadas cilı́ndricas) de um cilindro no espaço.
Analogamente, na equação z = x2 + y2 do paraboloide circular:

z = r2 cos2 (θ) + r2 sen2 (θ) ⇒ z = r2 .

Temos, assim:
Superfı́cie Coordenadas Cartesianas Coordenadas Cilı́ndricas
2 2
Cilindro circular x + (y − 1) = 1 r = 2 sen (θ)
Paraboloide circular z = x 2 + y2 z = r2
Plano z=0 z=0
Neste caso, temos z variando do plano z = 0 ao paraboloide circular z = r2 , ou seja,

0 6 z 6 r2 .

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Temos r variando radialmente do pólo r = 0 até a curva r = 2 sen (θ) (faça uma figura), ou seja,

0 6 r 6 2 sen (θ) ,

e temos θ variando de 0 a π, ou seja,


0 6 θ 6 π.
Logo, o volume V do sólido S é dado por
ZZZ ZZZ Z π Z 2 sen(θ) Z r2 Z π Z 2 sen(θ)  
z=r2
V (S) = f (r; θ; z) dV = 1dV = 1rdzdrdθ = rz|z=0 drdθ
S S 0 0 0 0 0
Z π Z 2 sen(θ) Zπ Å r=2 sen(θ) ã Zπ Zπ
r4 16 sen4 (θ)
= r3 drdθ = 4 r=0 dθ = 4 dθ =4 sen4 (θ) dθ
0
Z π0Ä 0
Zπ 0 0
1−cos(2θ) 2
ä
2

=4 2dθ = 1 − 2 cos (2θ) + cos (2θ) dθ
0 0
Zπ Zπ Zπ  π  Z π
π
= 1dθ − 2 cos (2θ) dθ + cos2 (2θ) dθ = θ|0 − 2 sen(2θ) +
1+cos(4θ)


2 0 2
0 0 0 0
Zπ Zπ  π 
cos(4θ)
Ä π ä
1
dθ = π + 21 θ 0 + sen(4θ) = π + π2 = 3π

=π+ 2 dθ + 2 .

2 8 0
0 0

5.7 Integrais Triplas em Coordenadas Esféricas


Outro sistema de coordenadas no espaço é o chamado sistema de coordenadas esféricas, que é uma espécie
de “coordenadas polares no espaço”.
Tomando o sistema de coordenadas cartesianas ortogonais no espaço como referência, no sistema de coordenadas
esféricas, um ponto P do espaço está associado a uma terna de números reais P (ρ; θ; φ), sendo:

• ρ a distância de P à origem O do sistema de coordenadas;

• θ a medida do ângulo orientado no sentido anti-horário, a partir semieixo positivo do eixo x, ao segmento OP0 no
plano xy, sendo O a origem do sistema de coordenadas e P0 a projeção ortogonal de P sobre o plano xy. Se P estiver
no eixo z, então θ pode assumir qualquer valor.

• φ a medida do ângulo orientado a partir do semieixo positivo do eixo z, ao segmento OP. Se P = O, então φ pode
assumir qualquer valor.

As equações de mudança das coordenadas de P (x, y, z), no sistema de coordenadas cartesianas, para as coordenadas
do mesmo ponto P (ρ; θ; φ), no sistema de coordenadas esféricas, são dadas por:

 x = ρ sen (φ) cos (θ)
y = ρ sen (φ) sen (θ) .

z = ρ cos (φ)

É comum considerar ρ > 0; 0 6 θ < 2π e 0 6 φ 6 π.

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A motivação para se chamar o sistema (ρ; θ; φ) de coordenadas “esféricas” vem do fato de que se fixarmos ρ e
permitirmos que θ e φ variem, temos uma esfera no espaço. Deste modo, um ponto P (ρ; θ; φ) está sempre sobre uma
esfera de raio ρ.
O procedimento para definirmos integrais triplas de funções f : X ⊂ R3 → R, dadas em coordenadas esféricas, é
análogo ao das integrais triplas em coordenadas cartesianas. Neste caso, adotando a notação

f (x, y, z) = f (ρ sen (φ) cos (θ) , ρ sen (φ) sen (θ) , ρ cos (φ)) = f (ρ; θ; φ) ,

as partições P de X que surgem nas Somas de Riemann de f relativas a P:


P 
f ρi ; θj ; φk Vijk
i,j,k

são formadas por blocos esféricos:

∼ ρ sen (φ) ∆θ.ρ∆φ.∆ρ (seguindo a nomen-


Assim, Vijk são os volumes desses pequenos blocos e, portanto, Vijk =
clatura sugerida na figura acima).

Definimos a integral tripla de f : X ⊂ R3 → R, dada em coordenadas esféricas, sobre o domı́nio X, como


sendo: ZZZ
P 
f (ρ; θ; φ) dV = lim f ρi ; θj ; φk Vijk
X |P|→0 i,j,k

O termo dV é chamado de elemento de volume de f em coordenadas esféricas.

Podemos calcular uma integral tripla, em coordenadas esféricas, por meio do cálculo de três integrais simples. Esse
é o conteúdo dos teoremas de Fubini para integrais triplas, em coordenadas esféricas, enunciados abaixo, lembrando
que f (x, y, z) = f (ρ sen (φ) cos (θ) , ρ sen (φ) sen (θ) , ρ cos (φ)) = f (ρ; θ; φ).

Proposição 5.9 (Teorema de Fubini para Integrais Triplas em Coordenadas Esféricas) Seja f : X ⊂ R3 → R, dada
em coordenadas esféricas, contı́nua no bloco esférico X = [a, b] × [α, β] × [γ, δ]. Então:
ZZZ Z δ ÇZ β ÇZ b å å
f (ρ; θ; φ) dV = f (ρ; θ; φ) ρ2 sen (φ) dρ dθ dφ .
X γ α a

RRR Rδ Rβ Rb
É costume escrever X
f (ρ; θ; φ) dV = γ α a f (ρ; θ; φ) ρ2 sen (φ) dρdθdφ (sem os parênteses), sendo o elemento
de volume dV produto de três elementos de comprimento: ρ sen (φ) dθ, ρdφ e dρ, ou seja,

dV = ρ2 sen (φ) dρdθdφ.

Observemos que ρ2 sen (φ) dρdθdφ = (ρ sen (φ) dθ) . (ρdφ) .dρ é, aproximadamente, a área de um bloco esférico
com os arcos internos medindo ρ sen (φ) dθ e ρdφ, e arestas radiais medindo dρ.

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Proposição 5.10 (Teorema de Fubini para Integrais Triplas em Coordenadas Esféricas Estendido) Seja f : X ⊂
R3 → R, dada em coordenadas esféricas, contı́nua, com X limitado.
Suponhamos que 
X = (ρ; θ; φ) ∈ R3 : s1 (θ, φ) 6 ρ 6 s2 (θ, φ) , α 6 θ 6 β e γ 6 φ 6 δ
sendo ρ = s1 (θ, φ) e ρ = s2 (θ, φ) equações de superfı́cies que delimitam X radialmente no espaço;
Então:
ZZZ Z δ ÇZ β ÇZ s2 (θ,φ) å å
2
f (ρ; θ; φ) dV = f (ρ; θ; φ) ρ sen (φ) dρ dθ dφ .
X γ α s1 (θ,φ)

Exemplo 5.14 Encontremos, utilizando coordenadas esféricas, o volume do sólido S “cone largo de sorvete” delimi-
tado lateralmente pelo cone circular x2 + y2 = 3z2 , com z > 0, e superiormente pela esfera de raio 1 com centro na
origem.
Neste caso, devemos integrar a função f (x, y, z) = 1 sobre S. Vamos utilizar coordenadas esféricas.
Substituindo 
 x = ρ sen (φ) cos (θ)
y = ρ sen (φ) sen (θ)

z = ρ cos (φ)
na equação x2 + y2 = 3z2 do cone temos:
ρ2 sen2 (φ) cos2 (θ) + ρ2 sen2 (φ) sen2 (θ) = 3ρ2 cos2 (φ) ⇒ ρ2 sen2 (φ) = 3ρ2 cos2 (φ) ⇒
ρ2 3 cos2 (φ) − sen2 (φ) = 0 ⇒ 3 cos2 (φ) − sen2 (φ) = 0 ⇒ 3 cos2 (φ) = sen2 (φ) ⇒


3 cos2 (φ) = 1 − cos2 (φ) ⇒ 4 cos2 (φ) = 1 ⇒ cos (φ) = 1


2 ⇒φ= π
3

pois ρ = 0, para qualquer φ, não representa equação (em coordenadas esféricas) de um cone no espaço. Observemos,
também, que φ = 2π 1 π
3 é solução de cos (φ) = − 2 mas, neste caso, não é conveniente, pois z > 0 significa 0 6 φ 6 2 .
Analogamente, na equação x2 + y2 + z2 = 1, da esfera de centro na origem e raio 1:
ρ2 sen2 (φ) cos2 (θ) + ρ2 sen2 (φ) sen2 (θ) + ρ2 cos2 (φ) = 1 ⇒ ρ2 sen2 (φ) + ρ2 cos2 (φ) = 1 ⇒
ρ2 = 1 ⇒ ρ = 1,
pois ρ > 0. Temos, assim:
Superfı́cie Coordenadas Cartesianas Coordenadas Esféricas
Cone circular x2 + y2 = 3z2 , z > 0 φ = π3
Esfera x2 + y2 + z2 = 1 ρ=1
π
Neste caso, temos φ variando do ângulo de medida 0 radianos ao ângulo de medida φ = 3 radianos, ou seja,
π
06φ6 3;

temos θ variando de 0 a 2π (volta completa em torno do eixo z, ou seja,


0 6 θ 6 2π;
e temos ρ variando radialmente da origem ρ = 0 até a superfı́cie ρ = 1, ou seja,
0 6 ρ 6 1.

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Logo, o volume V do sólido S é dado por


ZZZ ZZZ Z π3 Z 2π Z 1 Z π3 Z 2π Å ρ=1 ã
ρ3
V (S) = f (ρ; θ; φ) dV = 1dV = 1ρ2 sen (φ) dρdθdφ = sen (φ) 3 ρ=0 dθdφ
S S 0 0 0 0 0
Z π3 Z 2π Z π3 ÇZ 2π å Zπ 3 Ä θ=2π ä
1 1 1
= 3 sen (φ) dθdφ = 3 sen (φ) dθ dφ = 3 sen (φ) θ|θ=0 dφ
0 0 0 0 0
Z π3
φ= π
Ä ä
2π 2π 2π
− 12 + 1 = 2π 1 π
 
= 3 sen (φ) dφ = 3 − cos (φ)|φ=0 3
= 3 3 2 = 3.
0

Exemplo 5.15 Encontremos, utilizando coordenadas esféricas, o volume do sólido S “cone de sorvete” delimitado
lateralmente pelo cone circular x2 + y2 = z2 , com z > 0, e superiormente pela esfera de raio 21 com centro no ponto
0, 0, 12 do eixo cartesiano z.

Neste caso, devemos integrar a função f (x, y, z) = 1 sobre S. Vamos utilizar coordenadas esféricas.
Substituindo 
 x = ρ sen (φ) cos (θ)
y = ρ sen (φ) sen (θ)

z = ρ cos (φ)
na equação x2 + y2 = z2 do cone temos:

ρ2 sen2 (φ) cos2 (θ) + ρ2 sen2 (φ) sen2 (θ) = ρ2 cos2 (φ) ⇒ ρ2 sen2 (φ) = ρ2 cos2 (φ) ⇒
ρ2 cos2 (φ) − sen2 (φ) = 0 ⇒ cos (2φ) = 0 ⇒ φ = π4


pois ρ = 0, para qualquer φ, não representa equação (em coordenadas esféricas) de um cone no espaço. Observemos,
também, que φ = 3π π
4 é solução de cos (2φ) = 0 mas, neste caso, não é conveniente, pois z > 0 significa 0 6 φ 6 2 .
2 2
Analogamente, na equação x2 + y2 + z − 12 = 12 , da esfera de centro na origem e raio 1:
 

1 2
ρ2 sen2 (φ) cos2 (θ) + ρ2 sen2 (φ) sen2 (θ) + ρ cos (φ) − 1
⇒ ρ2 sen2 (φ) + ρ2 cos2 (φ) − ρ cos (φ) + 1 1


2 = 4 4 = 4
ρ − ρ cos (φ) = 0 ⇒ ρ (ρ − cos (φ)) = 0 ⇒ ρ = cos (φ) ,
2

pois ρ = 0, para qualquer φ, não representa equação (em coordenadas esféricas) de um cone no espaço. Temos, assim:

Superfı́cie Coordenadas Cartesianas Coordenadas Esféricas


Cone circular x2 + y2 = z2 , z > 0 φ = π4
2 2
Esfera x2 + y2 + (z − 1) = 12 ρ = cos (φ)
π
Neste caso, temos φ variando do ângulo de medida 0 radianos ao ângulo de medida φ = 4 radianos, ou seja,
π
06φ6 4;

temos θ variando de 0 a 2π (volta completa em torno do eixo z, ou seja,

0 6 θ 6 2π;

e temos ρ variando radialmente da origem ρ = 0 até a superfı́cie ρ = cos (φ), ou seja,

0 6 ρ 6 cos (φ) .

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Logo, o volume V do sólido S é dado por


ZZZ ZZZ Z π4 Z 2π Z cos(φ) Z π4 Z 2π Å ρ=cos(φ) ã
ρ3
V (S) = f (ρ; θ; φ) dV = 1dV = 1ρ2 sen (φ) dρdθdφ = sen (φ) 3 ρ=0 dθdφ
S S 0 0 0 0 0
Z π4 Z 2π Z π4 ÇZ 2π å Z π4 Ä θ=2π ä
= 1
3 sen (φ) cos3 (φ) dθdφ = 1
3 sen (φ) cos3 (φ) dθ dφ = 1
3 sen (φ) cos3 (φ) θ|θ=0 dφ
0 0 0 0 0
Z π4 Å φ= π4 ã
4

sen (φ) cos3 (φ) dφ = 2π
− cos 4(φ) 2π 1 1 2π 3 π
 
= = − 16 + = = 8.

3 3 φ=0 3 4 3 16
0

Observação.
Se uma esfera S for utilizada como modelo da superfı́cie de nosso planeta, podemos considerar o conhecido sistema
de coordenadas geográficas “latitude-longitude” sobre S. Para entender esse sistema de coordenadas geográficas,
consideremos o sistema de coordenadas cartesianas usual no espaço de modo que a origem coincida com o centro de S
e o eixo z passe pelos pólos norte e sul (sentido positivo no norte e negativo no sul). A intersecção de S com o plano
xy é o equador de S, que são os pontos de latitude zero. Os pontos de longitude zero é convencionado como sendo o
Meridiano de Greenwich.
Meridiano de Greenwich

P
q longitude
N O f latitude
f
q 0o
W E
S Equador

Para simplificar cálculos e aplicar fórmulas, geralmente consideramos latitudes a◦ S e b◦ N como sendo −a e +b; e
longitudes c◦ W e d◦ E como sendo −c e +d, respectivamente, ou seja, consideramos uma orientação para a latitude e
para a longitude. Além disso, podemos considerar as medidas dos ângulos em radianos e não em graus, o que ajuda
bastante quando precisamos associar medida de ângulo e comprimento de arco. Chamando de S0 a esfera S menos
os pólos norte e sul, um ponto P ∈ S0 pode ser associado de forma unı́voca a um par ordenado quando fazemos as
restrições de latitude em − π2 , π2 e de longitude em [−π, π[.
Para facilitação e aproveitamento dos resultados matemáticos sobre coordenadas esféricas, é comum inverter a
ordem das coordenadas geográficas, tomando longitude como abscissa e latitude como ordenada, ou seja,  um ponto
P ∈ S0 é associado de forma unı́voca ao par ordenado (θ; φ) sendo θ ∈ [−π, π[ a longitude; e φ ∈ − π2 , π2 a latitude.
É interessante notar a similitude entre as coordenadas geográficas “latitude-longitude” e as coordenadas esféricas
usuais quando fixamos o raio da esfera, ou seja, um ponto da esfera S em coordenadas esféricas (ρ; θ; φ) tem ρ = ρ0
(fixo), ordenada θ e cota φ associadas à longitude θ e latitude φ, respectivamente. A diferença é que nas coodenadas
esféricas usuais θ varia em [0, 2π[ e φ varia em [0, π], conforme vimos na teoria dessa seção.
Lembremos que se S for usado como modelo para nosso planeta, seus pontos tais que θ = 0 (longitude zero) corres-
pondem ao Meridiano de Greenwich, que passa próximo a Londres, sobre o observatório astronômico de Greenwich.
Trata-se de uma convenção, uma vez que, devido à rotação do planeta, não há meridianos “naturalmente especiais”.
Quanto à latitude zero, φ = 0, é natural que seja o equador terrestre, que é um paralelo especial do globo devido à
rotação do planeta. Trata-se do único paralelo terrestre cujo raio coincide com o raio do planeta.

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Seção de Exercı́cios Propostos: Integrais Múltiplas


Exercı́cio 5.1 Calcule:
Z πZ π
2 2
(i) cos (x) sen (y) dydx.
0 0
Z 1Z 1
(ii) xey dydx.
0 0
Z π Ze
2 sen(y)
(iii) x dxdy.
0 1
Z 1Z 1 Ä ä
1 1
(iv) x+1 + y+1 dxdy.
0 0
RR
Exercı́cio 5.2 Calcule X
f (x, y) dA dos dois modos indicados no Teorema de Fubini (Proposição 5.1), sendo f (x, y) =
ey + sen (x) e X = 0, π2 × [0, 1].
 

R1 R1
Exercı́cio 5.3 Prove que lim 0 0 xn yn dxdy = 0.
n→+∞

Exercı́cio 5.4 Calcule:


Z 1 Z √x
(i) (2x − y) dydx;
0 x
Z 2 Z y+2
x + 2y2 dxdy.

(ii)
−1 −y
Z 2Z 1
3
(iii) yex dxdy.
y
0 2

Exercı́cio 5.5 Inversão da ordem de integração:


R3 R2x+3
(i) Esboce a região de integração de −1 x2 xdydx; em seguida inverta a ordem de integração e calcule a integral
resultante.
R2 R4x−x2
(ii) Idem para 0 2x 1dydx.
R1 R π4
(iii) Idem para 0 arctg(y) sec (x) dxdy.
RR
Exercı́cio 5.6 Calcule X f (x, y) dA dos dois modos indicados no Teorema de Fubini Estendido (Proposição 5.2),
sendo f (x, y) = 6x + 2y2 e X a região delimitada pelas curvas x = y2 e x + y = 2.
Exercı́cio 5.7 Calcule, por integração dupla, a área da região limitada por:
(i) y = 2x + 3 e y = 6x − x2 .
(ii) y = x2 + 1 e y = 9 − x2 .
Exercı́cio 5.8 Determine o volume do sólido:
(i) abaixo da superfı́cie z = 3 + cos (x) + cos (y) e acima da região do plano xy delimitada pelas curvas x = 0, x = π,
y = 0 e y = π.
(ii) abaixo da superfı́cie z = y2 e acima da região do plano xy delimitada pelas curvas x = y2 , x = 4.
Exercı́cio 5.9 Por integração dupla, calcule o volume do tetraedro no primeiro octante delimitado pelos planos
coordenados e pelo plano de equação ax + y z
b + c = 1. Os números a,b e c são constantes positivas.

Exercı́cio 5.10 Determine as áreas das duas regiões delimitadas pela parábola y = x2 e pela curva y (2x − 7) = −9
(uma hipérbole equilátera transladada).
[Sugestão: x = −1 é uma raiz da equação cúbica que deverá ser resolvida].
Exercı́cio 5.11 Ache a área:
(i) delimitada pelo cı́rculo r = 3 sen (θ) utilizando integração dupla em coordenadas polares.
(ii) delimitada pelo cardióide r = 1 + cos (θ) utilizando integração dupla em coordenadas polares.
(iii) interior ao cardióide r = 2 + cos (θ) e exterior ao cı́rculo r = 2.

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Exercı́cio 5.12 Ache o volume do sólido:


p
(i) delimitado acima pela superfı́cie z = x2 + y2 e abaixo pela região plana delimitada pela curva polar r = 2.
(ii) delimitado acima pela superfı́cie z = 10+2x+3y e abaixo pela região plana delimitada pela curva polar r = sen (θ).
(iii) delimitado pelos cilindros de equações x2 + y2 = 1 e x2 + z2 = 1 no primeiro octante.

Exercı́cio 5.13 Ache o volume o sólido que é intersecção de três cilindros de raio a com eixos nos eixos coordenados
do sistema de coordenadas cartesianas.

R1 R√1−y2 1
Exercı́cio 5.14 Calcule a integral 0 0 1+x2 +y2
dxdy utilizando coordenadas polares.

Exercı́cio 5.15 Ache o volume do sólido limitado inferiormente por z = 0, superiormente por z = 3 + x + y situado
acima da região plana delimitada pela curva polar r = 2 sen (θ).
p
Exercı́cio 5.16 Ache o volume do “cone de sorvete” delimitado pela esfera x2 +y2 +z2 = a2 e pelo cone z = x2 + y2 .
R∞ R∞
Exercı́cio 5.17 Mostre, que 0 0 (1+x21+y2 )2 dxdy = π4 .

Exercı́cio 5.18 Esboce o sólido delimitado:


(i) pelas superfı́cies z = x2 + y2 ; z = 0; x = 0; y = 0 e x + y = 1. Ache seu volume por integração tripla.
(ii) pelas superfı́cies z = 1 − y2 ; z = y2 − 1; x + z = 1 e x = 0. Ache seu volume por integração tripla.

Exercı́cio 5.19 Determine coordenadas cilı́ndricas


√ (r; θ; z) para o ponto cujas√coordenadas cartesianas (x, y, z) são:
(i) (2, 2, −1) (ii) (1, − 3, 7) (iii) (3, 3, 2) (iv) (3, 6, 5)

Exercı́cio
Ä√ 5.20
ä Determine as coordenadas
Ä√ cartesianas
ä (x, y, z) do ponto com coordenadas cilı́ndricas (r; θ; z).
2; π4 ; −2 3; 5π (iv) 2; π3 ; π

(i) (ii) 6 ; 11 (iii) (1; 1; 1)

Exercı́cio 5.21 Nos itens abaixo, determine uma equação, em coordenadas cilı́ndricas, para a superfı́cie cuja equação,
em coordenadas cartesianas, é dada. Esboce a superfı́cie.
(i) x2 + y2 + z2 = 16
(ii) x2 + y2 = 6z (iii) x2 + y2 = z2
(iv) x2 − y2 = 3 2 2
(v) x + y − 2y = 0 (vi) x2 + y2 − 4x = 0
(vii) x2 + y2 = 9

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Exercı́cio 5.22 Determine uma equação, em coordenadas cilı́ndricas, da superfı́cie cuja equação cartesiana é z2 (x2 −
y2 ) = 4xy.

Exercı́cio 5.23 Utilizando coordenadas cilı́ndricas:


(i) Deduza a fórmula do volume de uma esfera de raio a.
(ii) Ache o volume do sólido interior à esfera x2 + y2 + z2 = 4 e ao cilindro circular x2 + y2 = 1.
2 2
(iii) Ache o volume
p do sólido limitado superiormente pelo parabolóide circular z = 2 − x − y e inferiormente pelo
2
cone circular z = x + y . 2

(iv) Ache o volume do tronco de cilindro reto limitado inferiormente pelo disco de bordo r = 2 sen (θ) no plano rθ e
superiormente pelo plano z = 4 − y.

Exercı́cio 5.24 Converta a integral


Z 1 Z √1−y2 Z x
x2 + y2 dzdxdy

−1 0 0

para uma integral equivalente em coordenadas cilı́ndricas e calcule-a.

Exercı́cio√ 5.25 Determine coordenadas esféricas


√ (ρ; θ; φ) para o ponto cujas √ coordenadas cartesianas (x, y, z) são:

(i) (1, 1, 6) (ii) (1, −1, − 6) (iii) (1, 1, 2) (iv) (0, −1, 3)

Exercı́cio 5.26 Determine as coordenadas cartesianas (x, y, z) do ponto com coordenadas esféricas (ρ; θ; φ):
(i) 3; π2 ; π2 (ii) 4; π2 ; π (iii) 4; π3 ; π3 (iv) 4; 2π π
  
3 ; 3

Exercı́cio 5.27 Nos itens abaixo, determine uma equação, em coordenadas esféricas, de uma superfı́cie cuja equação
cartesiana é dada. Esboce a superfı́cie.
(i) x2 + y2 + z2 = 16 (ii) x2 + y2 + z2 + 4z = 0
2 2 (iii) x2 + y2 + z2 − 6z = 0
(iv) x + y = 9 (v) z = 4 − x2 − y2

RRR 2 2
3
2 2
Exercı́cio 5.28 Calcule B
e(x +y +z ) dV, sendo B a bola de raio 1 com centro na origem.

Exercı́cio 5.29 Utilizando coordenadas esféricas


(i) Deduza a fórmula do volume de uma esfera de raio a utilizando coordenadas esféricas.
2
Ache o volume do sólido limitado inferiormente pela esfera x2 + y2 + (z − 1) = 1 e superiormente pelo cone
(ii) p
z = x2 + y2 .
(iii) Ache o volume do sólido limitado inferiormente pelo plano xy, lateralmente pela esfera de raio 2 com centro na
origem e superiormente pelo cone x2 + y2 = 3z2 .
(iv) Ache o volume do sólido de revolução obtido pela rotação completa de um cardióide de equação polar ρ = 1−cos (φ)
em torno de seu eixo.

(v) Ache o volume do sólido de revolução obtido pela rotação completa de um cı́rculo de equação polar ρ = 2 sen (φ)
em torno do eixo z.

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R+∞ R+∞ R+∞ p 2 2 2


Exercı́cio 5.30 Mostre que −∞ −∞ −∞
x2 + y2 + z2 e−x −y −z dxdydz = 2π.

Exercı́cio 5.31 Área de superfı́cie (precisa desenvolver a parte teórica)


(i) Ache a área da parte do parabolóide z = 9 − x2 − y2 que está acima do plano z = 5.
(ii) Ache a área da superfı́cie sela z = xy interior ao cilindro x2 + y2 = 1.
(iii) Considere a parte do cilindro x2 + y2 =RRa2 entre os planos z = 0 e z = h parametrizada por x = a cos (θ),
y = a sen (θ), z = z. Aplique a equação “A = R |N (u, v)| dudv” para mostrar que a área dessa zona é A = 2πah.
(iv) A superfı́cie de revolução obtida ao revolver a curva x = f (z) , a 6 z 6 b, em torno do eixo z é parametrizada
em termos
RR de θ (0 6 θ 6 2π) e z (a 6 z 6 b) por x = f (z) cos θ, y = f (z) sen θ, z = z. Com auxı́lio da equação
“A = R |N (u, v)| dudv”, deduza a fórmula da área de superfı́cie
Z 2π Z b »
2
A= f (z) 1 + (f0 (z)) dzdθ.
0 a

(v) Aplique o resultado do problema anterior para verificar a fórmula A = 2πrh da área da superfı́cie lateral de um
cilindro circular reto de raio r e altura h.

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Capı́tulo 6

Funções f : X ⊂ R → Rn com n > 2:


Funções Vetoriais ou Caminhos no Rn

6.1 Definindo Funções Vetoriais


Uma função vetorial real f , no espaço cartesiano Rn , de uma variável real, é uma regra, geralmente
dada por expressões analı́ticas, que associa cada número real de um conjunto não vazio X ⊂ R a um único elemento
(ponto) do espaço vetorial real Rn , n > 2, com operações de adição e multiplicação por escalar usuais.
Para simplificar, chamaremos f apenas de função vetorial, ficando subestendidas as condições do parágrafo
acima.
O conjunto X é chamado de domı́nio de f , enquanto que Rn é o contradomı́nio de f .
A variável real t ∈ X é chamada de parâmetro da função vetorial f .
Indicamos a função vetorial f por f : X ⊂ R → Rn , com expressão analı́tica dada por f (t) = (x1 (t) , . . . , xn (t)),
ou, de forma mais rigorosa:
f : X ⊂ R −→ Rn
t 7−→ (x1 (t) , . . . , xn (t))
O ponto f (t) = (x1 (t) , . . . , xn (t)) é chamado de imagem de t ∈ X pela função f . Todos os pontos que são
imagens de algum t ∈ X formam o chamado conjunto imagem de f .

Observações.
(1) Os casos n = 2 e n = 3 são de especial interesse, pois quando X = I é um intervalo de R, o conjunto imagem
de f (t) = (x (t) , y (t)) ou f (t) = (x (t) , y (t) , z (t)), com t ∈ I, geralmente é uma curva no plano ou no espaço.
Indicando essa curva plana, ou espacial, por α, dizemos que a curva α está parametrizada por f , ou então, que f
é uma parametrização da curva α. Por esta razão, e de um modo mais geral, funções vetoriais de uma variável
também são chamadas de caminhos no Rn . As figuras abaixo ilustram exemplos de curvas parametrizadas no plano
e no espaço.

y y

R R2
X
1
t x
f y(t) f(t) = (x(t),y(t))

imagem de
x(t) x
f(t) = (cos(t),sen(t))

O cı́rculo do lado direito da figura acima pode ser parametrizado por f : R → R2 , dada por f (t) = (cos (t) , sen (t)).
Para evitar sobreposição de imagens, podemos fazer uma restrição e considerar I = [0, 2π[ como domı́nio de f , ou seja,
f : [0, 2π[ → R2 . Um cı́rculo de raio r > 0 com centro em (a, b) ∈ R2 pode ser parametrizado por f : [0, 2π[ → R2 ,
dada por f (t) = (a + r cos (t) , b + r sen (t)).
Já na figura abaixo, do lado direito, temos a parametrização de uma hélice circular (mola), sendo f : R → R,
dada por f (t) = (cos (t) , sen (t) , t).

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Página 88 de 101 páginas UFU Cálculo Diferencial e Integral 2

z
R R3
X z(t)
f(t) = (x(t),y(t),z(t))
t
f
y
y
x(t)
x y(t)
x

imagem de
f(t) = (cos(t),sen(t),t)

(2) As funções reais de uma variável real xi : X ⊂ R → R, i = 1, . . . , n, são chamadas de funções coordenadas ou
funções componentes da função vetorial f : X ⊂ R → Rn .
(3) É frequente interpretar o ponto f (t) ∈ Rn como vetor posição de uma partı́cula em Rn , que se desloca à medida
que o parâmetro t, associado ao tempo, varia. Neste caso é comum escrever f (t) = ~f (t), associando as coordenadas
do ponto f (t) às coordenadas do vetor ~f (t) (ou seja, ~f (t) é o vetor com origem em O ∈ Rn e extremo em f (t)).
Naturalmente, nesta situação, o tempo t varia em um intervalo I ⊂ R que não possui números negativos.

Exemplo 6.1 O gráfico de uma função g  : X ⊂ R → R pode ser parametrizado


por uma função vetorial. Neste caso,
o gráfico de g é dado pelo conjunto G = (x, y) ∈ R2 : (x, y) = (x, g (x)) . Fazendo

x = t e y = g (t) ,

com t ∈ X ⊂ R, temos a parametrização do gráfico de g dada por

f : X⊂R −→ R2
.
t 7−→ (t, g (t))

Por exemplo, o gráfico de g (x) = x2 , que é uma parábola com vértice na origem (0, 0) do sistema de coordenadas
e concavidade para cima, temos a parametrização

f (t) = t, t2 ,


com t ∈ R.
y

f(t) = (t,t2)
gráfico de g

Exemplo 6.2 Encontremos a parametrização da curva que é intersecção do cilindro x2 + y2 = 1 e do plano y + z = 2.


Observemos que a intersecção do cilindro com o plano xy é um cı́rculo de equação x2 + y2 = 1, que pode ser
pensado como o cı́rculo trigonométrico (centro na origem e raio 1 no plano xy). Assim, cada ponto (x, y) desse cı́rculo
está associado às funções trigonométricas seno e cosseno, ou seja,

x = cos (t) e y = sen (t) ,

com t ∈ [0, 2π[.


Da equação y + z = 2 do plano temos z = 2 − y, ou seja,

z = 2 − sen (t) .

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Assim, a curva de intersecção do cilindro com o plano fornecidos é parametrizada por


f : [0, 2π[ −→ R3
t 7−→ (cos (t) , sen (t) , 2 − sen (t))

Exemplo 6.3 Parametrizemos um segmento de reta ligando o ponto A (a1 , a2 , a3 ) ao ponto B (b1 , b2 , b3 ), sendo
A 6= B.
−→
Consideremos a reta r que passa por A e B. O vetor AB pode ser tomado como vetor diretor de r e sua equação
vetorial é dada por
−→
X = A + t.AB
com parâmetro t ∈ R.
−→
Quando t = 0, temos X = A e, quando t = 1, temos X = A + AB = B. Quando 0 6 t 6 1, temos os pontos de r
entre A e B. Em coordenadas:
(x, y, x) = (a1 , a2 , a3 ) + t (b1 − a1 , b2 − a2 , b3 − a3 ) .
Logo, f (t) : [0, 1] → R3 dada por
f (t) = (a1 + t (b1 − a1 ) , a2 + t (b2 − a2 ) , a3 + t (b3 − a3 ))
é uma parametrização do segmento que liga A a B.

6.2 Limites e Continuidade de Funções Vetoriais


Podemos estender o conceito de limite estudado no Cálculo 1 para funções vetoriais. Para tanto, recordemos que
se P (a1 , . . . , an ) e Q (x1 , . . . , xn ) são pontos em Rn , então a distância entre P e Q é dada por
−→ »
2 2
d (P, Q) = kQ − Pk = kPQk = (x1 − a1 ) + · · · + (xn − an ) .

Quando n = 2 ou 3 costumamos adotar a notação P (a, b) e Q (x, y), ou então P (a, b, c) e Q (x, y, z) e a expressão
da distância fica 

»
2 2
 d (P, Q) = (x − a) + (y − b) quando n = 2
ou .


»
2 2 2
d (P, Q) = (x − a) + (y − b) + (z − c) quando n = 3
z
y
Q z
y c
( P ,Q ) | y -b| Q
d P
b O
P |x-a| b y y
a
x x
0 a x x

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A definição formal de limite de função vetorial é dada abaixo. Antes, porém, é preciso introduzir a noção de ponto
de acumulação.

Considerando R como sendo a reta real, na qual cada ponto está associado a um número real, e vice-versa; um
ponto a ∈ R é dito ponto de acumulação de um conjunto X ⊂ R quando existirem pontos de X, distintos de a,
arbitrariamente próximos de a.

Notemos que um ponto de acumulação de um conjunto não precisa pertencer, necessariamente, ao conjunto.
Um exemplo simples: 0 ∈ R é ponto de acumulação de R∗ , pois há pontos de R∗ (portanto, distintos de 0)
arbitrariamente próximos de 0.
Agora sim, a definição formal de limite de uma função vetorial:

Sejam f : X ⊂ R → Rn , n > 2, e a ∈ R um ponto de acumulação de X. Indiquemos um ponto genérico do


domı́nio X por t. Dizemos que f (t) tem limite L ∈ Rn quando t tende a a, e escrevemos

lim f (t) = L ,
t→a

sempre que: para ∀ε > 0, ∃δ > 0 tal que (1 )

0 < |t − a| < δ ⇒ kf (t) − Lk < ε.

Desta forma, dizer que lim f (t) = L significa que podemos fazer f (t) arbitrariamente próximo de L, tomando t
t→a
suficientemente próximo de a, porém, diferente de a.
A proposição abaixo indica como calcular limites de funções vetoriais utilizando limites das funções coordenadas.

Proposição 6.1 Sejam f : X ⊂ R → Rn , n > 2, e a ∈ R um ponto de acumulação de X. Sendo f (t) =


(x1 (t) , . . . , xn (t)) e L = (l1 , . . . , ln ) temos:

lim f (t) = L ⇐⇒ lim xi (t) = li ; i = 1, . . . , n


t→a t→a

Observações.
(1) Todas as propriedades operatórias relativas aos limites de funções reais de uma variável real são válidas para
funções vetoriais.
(2) Podemos considerar limites laterais em funções vetoriais: lim− f (t) = L1 e lim+ f (t) = L2 . Naturalmente, quando
t→a t→a
existe lim f (t) = L temos L = L1 = L2 .
t→a

1 t
Ä  ä
Exemplo 6.4 Seja f : R+ → R2 dada por f (t) = sen(t) t , 1+ t . Temos que 0 é ponto de acumulação de R+ e
podemos considerar o limite de f quando t tende a 0 pela direita. Assim:
 1

lim+ f (t) = lim+ sen(t)
t , (1 + t) t
= (1, e) .
t→0 t→0

(limites fundamentais)

Poderı́amos definir limites no infinito para funções vetoriais aproveitando definições e propriedades que já estu-
damos em funções reais de uma variável. Não faremos isso nessas notas, entretanto, vamos considerar um exemplo
envolvendo esse tipo de limite.
Ä ä
Exemplo 6.5 Seja f : R+ → R3 dada por f (t) = arctg (t) , e−2t , ln(t)
t . Temos que R+ não é limitado superiormente.
Logo, podemos considerar o limite de f quando t tende a infinito (positivo). Assim:
Ä ä
lim f (t) = lim arctg (t) , e−2t , ln(t) = π2 , 0, 0 .

t→+∞ t→+∞ t

A noção de continuidade para funções vetoriais é oriunda, com as devidas adaptações, da mesma noção para funções
reais de uma variável real.

10 < |t − a| significa t 6= a.

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Sejam f : X ⊂ R → Rn e a ∈ X. Denotemos, de modo genérico, um ponto de X por t. Dizemos que f é contı́nua


em a quando existe lim f (t) (como número real) e
t→a

lim f (t) = f (a) .


t→a

Quando f for contı́nua em todos os pontos de seu domı́nio, dizemos que f é contı́nua em X, ou simplesmente
que f é contı́nua.
Quando f não for contı́nua em algum ponto a de seu domı́nio dizemos que f é descontı́nua em a. Neste caso
também dizemos simplesmente que f é descontı́nua.

As propriedades operatórias e teoremas relacionados a continuidade de funções reais de uma variável real podem
ser devidamente estendidos para funções vetoriais.

Exemplo 6.6 A função vetorial f : R → R2 dada por


 Ä
 t2 , sen(t) , se t 6= 0
ä
t
f (t) =
 (0, 1) , se t = 0

é contı́nua.
De fato, para a = 0 temos Ä ä
lim f (t) = lim t2 , sen(t)
t = (0, 1) = f (0) .
t→0 t→0

Para a 6= 0 temos Ä ä Ä ä
lim f (t) = lim t2 , sen(t)
t = a 2 sen(a)
, a = f (a) .
t→a t→a

Exemplo 6.7 Consideremos a função vetorial f : R → R3 dada por



sen (t) , cos (t) , 1t , se t 6= 0

f (t) = .
(a, b, c) , se t = 0

Será que existe (a, b, c) ∈ R3 que torne f contı́nua? Vejamos.


Chamando x1 (t) = sen (t), x2 (t) = cos (t) e x3 (t) = 1t temos

 t→0
lim x1 (t) = lim sen (t) = 0
t→0
,
 lim x2 (t) = lim cos (t) = 1
t→0 t→0

Portanto, olhando apenas as duas primeiras coordenadas de (a, b, c), poderı́amos tomar a = 0 e b = 1 para tornar
x1 e x2 funções componentes contı́nuas.
Mas, quanto a função componente x3 temos problemas:

lim− x3 (t) = lim− 1t = −∞
 t→0 t→0
,
 lim x3 (t) = lim 1 = +∞
+ t→0 + t t→0

ou seja, não existe lim x3 (t) e, portanto, não importa qual seja o valor de c, lim f (t) não existe. Portanto, f jamais
t→0 t→0
será contı́nua em R.
Observação: o problema de continuidade deste exemplo está apenas em a = 0. Nos demais pontos a 6= 0 a função f é
contı́nua, pois
lim f (t) = lim sen (t) , cos (t) , 1t = sen (a) , cos (a) , a1 = f (a) .
 
t→a t→a

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6.3 Derivadas de Funções Vetoriais


f (t)−f (a)
Seja a função vetorial f : X ⊂ R → Rn e a ∈ X um ponto de acumulação de X. Quando existe lim t−a ∈ Rn ,
t→a
dizemos que a função f é derivável em a e seu resultado é denotado por f 0 (a), ou seja,

f (t)−f (a) f (a+h)−f (a)


f 0 (a) = lim t−a = lim h
t→a ↓ h→0
h=t−a

é a derivada de f em a.
Seja X0 = {t ∈ X : ∃f 0 (t) ∈ Rn }. Definimos a função derivada de f como sendo f 0 : X0 ⊂ R → Rn dada por

f (t+h)−f (t)
f 0 (t) = lim h
h→0

e dizemos que f é derivável ou diferenciável em X0 .

A proposição abaixo indica como calcular derivadas de funções vetoriais utilizando derivadas das funções coorde-
nadas.

Proposição 6.2 Se f : X ⊂ R → Rn , n > 2, é dada por f (t) = (x1 (t) , . . . , xn (t)), então, nos pontos onde f é
derivável:
f 0 (t) = (x01 (t) , . . . , x0n (t)) .
Em particular, quando f (t) = (k1 , . . . , kn ) (função vetorial constante), então f 0 (t) = ~0.

Reta Tangente e Vetor Tangente

É possı́vel mostrar que se f (t) é parametrização de uma curva α no plano ou no espaço, então nos pontos de α
onde existe a derivada f 0 (t) 6= ~0, a curva α não possui “bicos” ou “rupturas”, ou seja, a curva é “suave”, no sentido
de que existem “retas tangentes” à curva α nesses pontos. Neste caso, a reta tangente à curva α no ponto f (t) é
definida como sendo a reta que passa por f (t) e possui vetor diretor f 0 (t) (daı́ a importância de f 0 (t) 6= ~0). Além
disso, é comum dizer que f 0 (t) é vetor tangente à curva α no ponto f (t).

Vetor Posição

É interessante notar que se pensarmos em f (t) como função posição de uma partı́cula que se desloca ao longo
de uma curva no plano R2 ou no espaço R3 no tempo t, a derivada da função vetorial posição f da partı́cula em
relação ao tempo t é uma “taxa de variação vetorial ”. Neste caso, a derivada f 0 da função posição f é definida como
sendo a função velocidade (vetorial) da partı́cula.

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Vetor Velocidade
A função posição f (t) é comumente chamada de vetor posição da partı́cula no instante t, enquanto que a função
velocidade f 0 (t) é chamada de vetor velocidade da partı́cula no instante t que, de acordo com o que escrevemos
acima, é sempre tangente à curva α, trajetória da partı́cula, no ponto f (t). Sendo assim, o vetor velocidade fornece
a direção e o sentido do movimento a cada instante e seu módulo é a velocidade escalar da partı́cula.

Vetor Aceleração
Quando derivamos novamente a função velocidade f 0 da partı́cula (nos pontos onde essa derivada existe), temos
00
f , que é a função aceleração (vetorial) da partı́cula, ou seja, a aceleração é uma “taxa de variação vetorial ” da
velocidade em relação ao tempo t. Geometricamente, o vetor f 00 (t), quando não nulo e representado com origem em
f (t), aponta “para dentro” da curva α. De forma análoga ao que dissemos no parágrafo acima, a função aceleração
f 00 (t) é chamada de vetor aceleração da partı́cula no instante t e fornece a direção e sentido com que a acelaração
atua sobre a mesma. O módulo do vetor aceleração é a aceleração escalar da partı́cula.

Exemplo 6.8 Calculemos o vetor


√ velocidade
 e o vetor aceleração de uma partı́cula que se desloca ao longo da curva
α parametrizada por f (t) = t, 2 − t , sendo t > 0.
Primeiramente, observemos que a curva α é metade de uma parábola no plano xy. De fato:

x= t
⇒ y = 2 − x2 ,
y=2−t

que, quando x > 0, é equação da metade direita de uma parábola com vértice no ponto (0, 2) e concavidade para
abaixo.
Quanto ao vetor velocidade: Ä ä
f 0 (t) = 2√ 1
t
, −1 ,
»
e a velocidade escalar da partı́cula é dada por v (t) = kf 0 (t)k = 1
4t + 1, o que permite que concluamos que a
velocidade escalar da partı́cula está diminuindo e se aproximando de 1 à medida que o tempo passa.
No instante t = 1, por exemplo, temos o vetor posição f (1) = (1, 1) da partı́cula e o vetor velocidade f 0 (1) = 12 , −1

dessa partı́cula, conforme ilustrado na figura abaixo.

Quanto ao vetor aceleração, este é dado por


Ä ä
f 00 (t) = − 1
√ ,0 .
4 t3

A acelaração escalar é dada por a (t) = kf 00 (t)k = 4t1√t . Percebemos que a aceleração escalar da partı́cula tendo a
zero à medida que o tempo passa.
No instante t = 1, temos f 00 (1) = − 14 , 0 , que é um vetor horizontal apontando para a esquerda.


Exemplo 6.9 Calculemos o vetor velocidade e o vetor aceleração de uma partı́cula que se desloca ao longo da curva
α parametrizada por f (t) = 2 cos (t) , 2 sen (t) , 5 cos2 (t) , sendo t > 0.


Neste caso, não dá para encontrarmos uma única equação cartesiana para a curva no espaço, conforme fizemos no
exemplo anterior.
Quanto ao vetor velocidade:

f 0 (t) = (−2 sen (t) , 2 cos (t) , −10 cos (t) sen (t)) = (−2 sen (t) , 2 cos (t) , −5 sen (2t))

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p
e a velocidade escalar é dada√por v (t) = kf 0 (t)k = 4 + 25 sen2 (2t) o que permite concluir que a velocidade escalar
da partı́cula oscila entre 2 e 29.
Quanto ao vetor aceleração:
f 00 (t) = (−2 cos (t) , −2 sen (t) , −10 cos (2t))
p
por a (t) = kf 00 (t)k = 4 + 100 cos2 (2t) o que permite concluir que a aceleração escalar
e a aceleração escalar é dada √
da partı́cula oscila entre 2 e 104. Ä√ √ 5ä
Quando t = 7π 7π
2, 2 , o vetor velocidade f 0 7π
 
4 , por exemplo, temos o vetor posição f 4 = 2, − 4 =
Ä√ √ ä Ä √ √ ä  √
00 7π 7π

2, 2, 5 e o vetor aceleração f 4 = − 2, 2, 0 . Neste caso, a velocidade escalar é v 4 = 29 (máxima!)


e a aceleração é a 4 = 2 (mı́nima!).

A proposição abaixo apresenta as regras de derivação de funções vetoriais.

Proposição 6.3 Sejam f , g : X ⊂ R → Rn , n > 2, duas funções vetoriais diferenciáveis e f : X ⊂ R → R função


diferenciável. Então:
0
(1) Derivada da soma ou diferença: (f ± g) (t) = f 0 (t) ± g0 (t);
0
(2) Derivada do produto de função escalar por função vetorial: (f (t) f (t)) = f0 (t) f (t) + f (t) f 0 (t).
0
Em particular, quando f (t) = k, constante real, para qualquer t ∈ X, então (kf (t)) = kf 0 (t);
0
(3) Derivada do produto escalar: (f (t) · g (t)) = f 0 (t) · g (t) + f (t) · g0 (t);
0
(4) Se n = 3: derivada do produto vetorial: (f (t) × g (t)) = f 0 (t) × g (t) + f (t) × g0 (t);
0
(5) Regra da Cadeia: quando Im f ⊂ X, temos (f (f (t))) = f0 (t) f 0 (f (t)).

Exemplo 6.10 Sejam f , g : R → R2 dadas por

f (t) = (cos (t) , sen (t)) e g (t) = t2 , t3 ,




f : R → R dada por
f (t) = e2t
e k = 7.
Temos:
0
(f + g) (t) = (− sen (t) , cos (t)) + 2t, 3t2 = 2t − sen (t) , 3t2 + cos (t)
 
0
(f − g) (t) = (− sen (t) , cos (t)) − 2t, 3t2 = −2t − sen (t) , −3t2 + cos (t)
 
0
(f (t) f (t)) = 2e2t (cos (t) , sen (t)) + e2t 2t, 3t2 = 2e2t cos (t) + 2te2t , 2e2t sen (t) + 3t2 e2t
 
0
(7f (t)) = 7 (− sen (t) , cos (t)) = (−7 sen (t) , 7 cos (t))
0
(f (t) · g (t)) = (− sen (t) , cos (t)) · t2 , t3 + (cos (t) , sen (t)) · 2t, 3t2
 

= − sen (t) t2 + cos (t) t3 + 2t cos (t) + 3t2 sen (t) = t3 + 2t cos (t) + 2t2 sen (t)

0
(f (f (t))) = 2e2t − sen e2t , cos e2t .
 

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Exemplo 6.11 Sejam f , g : R → R3 dadas por

f (t) = cos (t) , sen (t) , et e g (t) = 1, t, t2 .


 

Temos
0
(f (t) × g (t)) = − sen (t) , cos (t) , et × 1, t, t2 + cos (t) , sen (t) , et × (0, 1, 2t)
  

= t2 cos (t) − tet , t2 sen (t) − et , −t sen (t) − cos (t) + 2t sen (t) + et , −2t cos (t) , cos (t)
 

= t2 cos (t) + 2t sen (t) + (1 − t) et , t2 sen (t) − 2t cos (t) − et , −t sen (t) .


Exemplo 6.12 Seja f : X ⊂ R → Rn função vetorial tal que kf 0 (t)k = k para qualquer t ∈ X. Mostremos que f 0 (t) é
ortogonal a f 00 (t).
De fato:
2 0 0
kf 0 (t)k = k ⇒ kf 0 (t)k = k2 ⇒ f 0 (t) · f 0 (t) = k2 ⇒ (f 0 (t) · f 0 (t)) = k2 ⇒
f 00 (t) · f 0 (t) + f 0 (t) · f 00 (t) = 0 ⇒ 2 (f 00 (t) · f 0 (t)) = 0 ⇒ f 00 (t) · f 0 (t) = 0,

ou seja, f 0 (t) é ortogonal a f 00 (t).

6.4 Integrais de Funções Vetoriais


Integral Indefinida

Dada uma função vetorial f : X ⊂ R → Rn , n > 2, uma primitiva (ou antiderivada) de f em X é uma função
vetorial derivável F : X ⊂ R → Rn , n > 2, tal que

F0 (t) = f (t)

para qualquer t ∈ X.

Observemos que a definição acima não estabelece unicidade de primitiva para f .


Neste ponto é natural questionar a respeito da relação entre as primitivas de uma dada função. A proposição
abaixo esclarece a esse respeito.

Proposição 6.4 Se F1 , F2 : X ⊂ R → Rn , n ≥ 2, são primitivas de f : X ⊂ R → Rn , n > 2, então existe ~c ∈ Rn tal


que F1 (t) = F2 (t) + ~c para qualquer x ∈ X, ou seja, as primitivas de uma função vetorial diferem apenas por um vetor
constante.

O conjunto de todas as primitivas de f : X ⊂ R → Rn , n > 2, é chamado de integral indefinida de f e indicado


por Z
f (t) dt.

Além disso, dizemos que f é integrável e, também, que f é o integrando da integral indefinida.
Inspirados pela proposição acima, é comum escrever
Z
f (t) dt = F (t) + ~c,

sendo F uma primitiva de f e ~c vetor constante, chamado de vetor constante de integração.

Exemplo 6.13 Seja f : R → R2 dada por f (t) = t2 , sen (t) . Então,




Z Z Ä 3 ä
f (t) dt = t2 , sen (t) dt = t3 , − cos (t) + (a, b) ,


t3
Ä ä
ou seja, F (t) = 3 , − cos (t) é uma primitiva de f e o vetor constante de integração é ~c = (a, b).

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Exemplo 6.14 Um aeromodelo (pequeno avião motorizado) parte do ponto (3, 0, 0) com vetor velocidade inicial
(0, 3, 0). Suponha que o vetor aceleração do aeromodelo no instante t seja dado por a (t) = (−3 cos (t) , −3 sen (t) , 2).
Encontremos a curva no espaço descrita pelo aeromodelo.
Neste caso, sabemos que a derivada do vetor velocidade v = v (t) do aeromodelo no instante t é o vetor aceleração.
Assim, se integrarmos o vetor aceleração, achamos o vetor velocidade:
Z Z
v (t) = a (t) dt = (−3 cos (t) , −3 sen (t) , 2) dt = (−3 sen (t) , 3 cos (t) , 2t) + (a, b, c) .

Como v (0) = (0, 3, 0), temos (−3 sen (0) , 3 cos (0) , 2.0) + (a, b, c) = (0, 3, 0), ou seja, (a, b, c) = (0, 0, 0). Portanto,

v (t) = (−3 sen (t) , 3 cos (t) , 2t) .

sabemos que a derivada do vetor posição f = f (t) do aeromodelo no instante t é o vetor velocidade. Assim, se
integrarmos o vetor velocidade, achamos o vetor posição:
Z Z
f (t) = v (t) dt = (−3 sen (t) , 3 cos (t) , 2t) dt = 3 cos (t) , 3 sen (t) , t2 + (α, β, γ) .


Como f (0) = (3, 0, 0), temos 3 cos (0) , 3 sen (0) , 02 + (α, β, γ) = (3, 0, 0), ou seja, (α, β, γ) = (0, 0, 0). Portanto,


f (t) = 3 cos (t) , 3 sen (t) , t2 ,




com t > 0, é a parametrização da curva descrita pelo aeromodelo no espaço. A figura abaixo ilustra essa curva.

Integral Definida

Dada f : [a, b] ⊂ R → Rn , n > 2, função vetorial. Suponhamos que f (t) = (x1 (t) , . . . , xn (t)), com funções
componentes xi : [a, b] ⊂ R → R, sejam integráveis em [a, b]. A integral definida da função vetorial f em [a, b]
é dada por
Zb ÇZ b Zb å
f (t) dt = x1 (t) dt, . . . , xn (t) dt .
a a a

Proposição 6.5 (Teorema Fundamental do Cálculo - TFC - para funções vetoriais) Seja f : [a, b] ⊂ R → Rn ,
n > 2, função vetorial integrável e F : [a, b] ⊂ R → Rn , n > 2, uma primitiva de f . Então,
Zb
f (t) dt = F (b) − F (a) .
a

t=b b
É comum escrever F (b) − F (a) = F (t)|t=a ou, simplificadamente, F (b) − F (a) = F (t)|a . Desta forma,
Rb b
a
f (t) dt = F (t)|a .

Exemplo 6.15 Seja f : R → R2 dada por f (t) = t2 , sen (t) . Então,




Z π2 Z π2 Ä 3 ä t= π2 Ä 3 ä Ä 3 ä Ä 3 ä
t2 , sen (t) dt = t3 , − cos (t) = π24 , 0 − 03 , −1 = π24 , 1 .

f (t) dt =
0 0 t=0

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Exemplo 6.16 Suponha que uma partı́cula descreva uma curva no espaço, parametrizada por f = f (t). É possı́vel
provar que o comprimento da curva descrita pela partı́cula do ponto f (a) até o ponto f (b) é a integral da velocidade
escalar da partı́cula entre os instantes t = a e t = b, ou seja,
Zb
c= kf 0 (t)k dt.
a

Considerando esta integral, calculemos o comprimento da hélice parametrizada por f (t) = (cos (t) , sen (t) , t) entre os
pontos f (0) e f (2π).
Temos:
Z 2π Z 2π Z 2π »
0 2
c= kf (t)k dt = k(− sen (t) , cos (t) , 1)k dt = (− sen (t)) + cos2 (t) + 12 dt
0 0 0
Z 2π √ √ t=2π √
= 2dt = 2t = 2 2π.
0 t=0

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Capı́tulo 7

Funções f : X ⊂ Rm → Rn com m, n > 2:


Funções Vetoriais de Várias Variáveis
Reais

CAPÍTULO EM CONSTRUÇÃO
Roteiro primário

(1) Defina funções vetoriais de várias variáveis reais.


(2) Interprete, para o caso m = 2 e n = 3, a imagem de f como sendo uma superfı́cie (parametrizada) no espaço. Dê
dois exemplos e faça as ilustrações das imagens.
(3) Defina limite envolvendo funções vetoriais de várias variáveis (considere apenas a situação em que lim f (x̃) = b̃)
x̃→ã
e dê dois exemplos no caso m = 2 e n = 3.
(4) Defina função vetorial de várias variáveis contı́nua e dê dois exemplos no caso m = 2 e n = 3.
(5) Defina os vetores derivadas parciais de funções vetoriais de várias variáveis e dê dois exemplos no caso m = 2 e
n = 3.
(6) Enuncie o teorema que fornece área de uma superfı́cie parametrizada e dê dois exemplos de cálculo de área de
superfı́cie.

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