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DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA
ENGENHARIA MECÂNICA
Introdução 11
1 Conceitos Básicos 13
1.1 Função Real de Várias Variáveis Reais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.2 Função Real de Duas Variáveis Reais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.2.1 Definição de Função Real de Duas Variáveis Reais . . . . . . . . . . 14
1.2.2 Domı́nio de uma Função Real de Duas Variáveis Reais . . . . . . . 15
1.2.3 Exercı́cios Resolvidos e Propostos 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.2.4 Curvas de Nı́vel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.2.5 Gráfico de uma Função Real de Duas Variáveis Reais . . . . . . . . 28
1.2.6 Exercı́cios Resolvidos e Propostos 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
1.3 Função Real de Três Variáveis Reais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
1.3.1 Definição de Função Real de Três Variáveis Reais . . . . . . . . . . 38
1.3.2 Domı́nio de uma Função Real de Três Variáveis Reais . . . . . . . . 38
1.3.3 Exercı́cios Resolvidos e Propostos 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
1.3.4 Superfı́cie de Nı́vel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
1.3.5 Gráfico de uma Função Real de Três Variáveis Reais . . . . . . . . 43
1.3.6 Exercı́cios Resolvidos e Propostos 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
1.4 Função Real de n Variáveis Reais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
1.4.1 Definição de Função Real de n Variáveis Reais . . . . . . . . . . . . 48
1.4.2 Domı́nio de uma Função Real de n Variáveis Reais . . . . . . . . . 48
1.4.3 Superfı́cie de Nı́vel de uma Função Real de n Variáveis Reais . . . . 48
1.4.4 Gráfico de uma Função Real de n Variáveis Reais . . . . . . . . . . 49
1.5 Exercı́cios de Revisão e Aprofundamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
2 Limite e Continuidade 55
2.1 Algumas Noções de Topologia no R2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3
2.1.1 Exercı́cios Resolvidos e Propostos 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
2.2 Limite de Funções de Duas Variáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
2.3 Exercı́cios Resolvidos e Propostos 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
2.4 Uma Proposição Importante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
2.5 Exercı́cios Resolvidos e Propostos 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
2.6 Propriedades de Limite de Funções de Duas
Variáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
2.7 Exercı́cios Resolvidos e Propostos 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
2.8 Continuidade de Funções de Duas Variáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
2.9 Lista de Exercı́cios 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
2.10 Exercı́cios de Revisão e Aprofundamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
3 Derivadas Parciais 89
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
3.2 Derivadas Parciais de Funções de Duas Variáveis . . . . . . . . . . . . . . . 90
3.2.1 Definição de Derivada Parcial no Ponto . . . . . . . . . . . . . . . . 90
3.2.2 Exercı́cios Resolvidos e Propostos 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
3.2.3 Definição da Função Derivada Parcial . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
3.2.4 Exercı́cios Resolvidos e Propostos 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
3.3 Derivadas Parciais de Funções de Três Variáveis . . . . . . . . . . . . . . . 97
3.3.1 Definição de Derivada Parcial no Ponto . . . . . . . . . . . . . . . . 98
3.3.2 Exercı́cios Resolvidos e Propostos 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
3.3.3 Definição da Função Derivada Parcial . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
3.3.4 Exercı́cios Resolvidos e Propostos 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
3.4 Derivadas Parciais de Funções de n Variáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
3.4.1 Definição de Função Derivada Parcial . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
3.5 Derivadas Parciais de Ordem Superior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
3.6 Diferenciabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
3.6.1 Interpretação Geométrica das Derivadas Parciais . . . . . . . . . . . 104
3.6.2 Diferenciabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
3.6.3 Exercı́cios Resolvidos e Propostos 6 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
3.7 Proposições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
3.7.1 Enunciados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
3.7.2 Exercı́cios Resolvidos e Propostos 7 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
4
3.8 Exercı́cios de Revisão e Aprofundamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
5
6
Lista de Figuras
1.1 Retângulo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.2 Cone Circular Reto. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
p
1.3 Representação do domı́nio da função f (x, y) = 9 − x2 − y 2 . . . . . . . . 16
p
1.4 Representação do domı́nio da função f (x, y) = 25 − x2 − y 2 . . . . . . . . 20
√
x2 +y 2 −25
1.5 Representação do domı́nio da função g (x, y) = y
. . . . . . . . . . 21
p
1.6 Representação do domı́nio da função h (x, y) = y x2 + y 2 − 25. . . . . . . 23
y
1.7 Representação do domı́nio da função p (x, y) = √ . . . . . . . . . . 24
x2 +y 2 −25
1.8 Curvas de nı́vel da função f (x, y) = 3x + 4y . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
p
1.9 Curvas de nı́vel da função f (x, y) = 9 − x2 − y 2 . . . . . . . . . . . . . . 28
1.10 Plano paralelo ao plano Oxy passando pelo ponto (0, 0, 2) . . . . . . . . . 28
p
1.11 Gráfico da função f (x, y) = 9 − x2 − y 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
1.12 Curvas de nı́vel k = 12 e k = 24 da função f (x, y) = 1 + 2x + 3y. . . . . . 30
1.13 Curvas de nı́vel k = 1 e k = 2 da função g (x, y) = x2 + y 2 . . . . . . . . . . 31
p
1.14 Curvas de nı́vel k = 0 e k = 1 da função h (x, y) = x2 + y 2 . . . . . . . . . 32
1.15 Gráfico da função f (x, y) = 1 + 2x + 3y. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
1.16 Gráfico da função g (x, y) = x2 + y 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
1.17 Gráfico da função h (x, y) = cos (x + y). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
p
1.18 Gráfico da função f (x, y) = p25 − x2 − y 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
x2 + y 2 − 25
1.19 Gráfico da função g (x, y) = . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
p y
1.20 Gráfico da função h (x, y) = y x2 + y 2 − 25. . . . . . . . . . . . . . . . . 36
y
1.21 Gráfico da função p (x, y) = p . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
x2 + y 2 − 25 p
1.22 Representação do domı́nio da função f (x, y, z) = 9 − x2 − y 2 − z 2 . . . 39
1.23 Superfı́cies de nı́vel da função f (x, y, z) = x2 + y 2 + z 2 . . . . . . . . . . . 42
p
1.24 Superfı́cie de nı́vel k = 3 da função f (x, y, z) = x2 + y 2 + z 2 . . . . . . . 44
1 1
1.25 Superfı́cie de nı́vel k = da função f (x, y, z) = 2 . . . . . . . . 45
4 x + y2 + z2
1.26 Superfı́cie de nı́vel k = 12 da função f (x, y, z) = 3x + 2y + z − 6. . . . . . 46
7
1.27 Circuito Elétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
4 y4
4.1 Gráfico da função f : R2 → R definida por f (x, y) = − x4 − 4
+ x + y. . . 114
4.2 Gráfico da função f : R2 → R definida por f (x, y) = 4 − x2 − y 2 . . . . . . 115
4.3 Gráfico da função f : R2 → R definida por f (x, y) = x2 + y 2 − 2x + 1. . . 116
x5 y5
4.4 Gráfico da função f : R2 → R definida por f (x, y) = 5
+ 5
− x − y. . . . 117
y2
4.5 Gráfico da função f : R2 → R definida por f (x, y) = sen2 x + 2
. . . . . . . 117
4.6 Gráfico da função f : R2 → R definida por f (x, y) = x y. . . . . . . . . . . 119
4.7 Gráfico da função f : R2 → R definida por f (x, y) = 1 − x2 − y 2 . . . . . . 120
p
4.8 Gráfico da função f : R2 → R definida por f (x, y) = x2 + y 2 . . . . . . . 121
4.9 Gráfico da função f : R2 → R definida por f (x, y) = y 2 − x2 . . . . . . . . 121
4.10 Domı́nio D da função f : D → R dada por f (x, y) = (x − 2)2 y + y 2 − y. . 126
4.11 Hipérbole de equação x2 + 8xy + 7y 2 − 225 = 0. . . . . . . . . . . . . . . . 127
4.12 Curva C de equação (1 − x)3 + y 2 = 0. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
8
5.5 Domı́nio da função f uma região plana e limitada. . . . . . . . . . . . . . . 142
5.6 Região plana retangular R que contém a região plana D. . . . . . . . . . . 142
5.7 A região D. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144
9
10
Introdução
(i) Em um certo dia, já quase no final da aula, fomos surpreendido por um “branco”,
possivelmente provocado por cansaço mental, na hora de escrever o enunciado de
uma proposição. A partir daı́ resolvemos escrever as nossas aulas.
Um fraternal abraço,
Sérgio Barreto
1
No caso do Curso de Engenharia Civil utilizamos esta “Notas de Aula” na disciplina Cálculo Diferen-
cial e Integral 4 cujo o programa é o mesmo do Cálculo Diferencial e Integral 2 do Curso de Engenharia
Mecânica.
11
12
Capı́tulo 1
Conceitos Básicos
13
Conceitos Básicos
P (L, K) = b Lα K 1−α ,
14
Conceitos Básicos
Em sı́mbolos escrevemos,
f : D ⊂ R2 −→ R
(x, y) 7−→ z = f (x, y)
2(−1) + 3 −2 + 3 1
f (−1, 3) = = =
3 3 3
1
O número real 3
é chamado imagem do par (−1, 3) através da função f .
f : D ⊂ R2 −→ R
p .
(x, y) 7 → f (x, y) = 9 − x2 − y 2
−
15
Conceitos Básicos
⇔ 9 − x2 − y 2 ≥ 0
⇔ x2 + y 2 ≤ 9 .
p
Figura 1.3: Representação do domı́nio da função f (x, y) = 9 − x2 − y 2
Exercı́cios Resolvidos 1
Exercı́cio 1. Expresse como uma função real de duas variáveis reais as relações abaixo:
(a) A quantidade de rodapé, em metros linear, necessária para se colocar numa sala
retangular de largura x metros e de comprimento y metros.
16
Conceitos Básicos
f: D −→ R
(x, y) 7−→ f (x, y) = 2 (x + y) .
(b) O volume V de água necessário para encher uma piscina, em forma de um cilindro
circular reto, de x metros de raio da base e y metros de altura.
Solução: Inicialmente vamos lembrar que no cilindro circular reto a base é uma
circunferência. As medidas x e y são números reais positivos. Tomemos, então, o
conjunto D = {(x, y) ∈ R2 ; x > 0 e y > 0}.
f: D −→ R
(x, y) 7−→ f (x, y) = π x2 y .
√
Exercı́cio 2. Seja f (x, y) = arctg x y. Determine:
Solução: Vamos proceder como já foi feito tanto no Ensino Médio quanto na dis-
ciplina de Cálculo Diferencial e Integral I. Ou seja, vamos substituir os valores de x
e y na expressão da função. Assim,
√
f (1, 1) = arctg 1 × 1
√
= arctg 1
π
Portanto, f (1, 1) = .
4
17
Conceitos Básicos
Solução: Vamos proceder como já foi feito tanto no Ensino Médio quanto na dis-
ciplina de Cálculo Diferencial e Integral 1. Ou seja, vamos substituir os valores de
x e y na expressão da função. Assim,
√
f (1, 3) = arctg 1 × 3
√
= arctg 3 arco cuja a tangente
√
π vale 3 é o π3
= .
3
π
Portanto, f (1, 3) = .
3
1
(c) f 3
, 1 .
Solução: Vamos proceder como já foi feito tanto no Ensino Médio quanto na dis-
ciplina de Cálculo Diferencial e Integral 1. Ou seja, vamos substituir os valores de
x e y na expressão da função. Assim,
q
1
1 = arctg 13 × 1
f 3
,
q
= arctg 13
√
3
= arctg 3 arco cuja a tangente
√
π vale 3
é o π
= . 3 6
6
1
π
Portanto, f 3
, 1 = .
6
p
Exercı́cio 3. Seja f : D ⊂ R2 −→ R uma função tal que f (x, y) = 25 − x2 − y 2 .
Encontre:
(a) O domı́nio D de f .
p
25 − x2 − y 2 ∈ R ⇔ 25 − x2 − y 2 ≥ 0
⇔ x2 + y 2 ≤ 25 .
18
Conceitos Básicos
(b) A imagem Im de f .
p
f (x, y) = 25 − x2 − y 2
p
= 25 − (x2 + y 2 ) .
p
f (x, y) = 25 − (x2 + y 2 )
√
= 25 − 0
√
= 25
=5.
p
f (x, y) = 25 − (x2 + y 2 )
√
= 25 − 25
√
= 0
=0.
Para qualquer outro valor de x2 + y 2 entre 0 e 25, ou seja, 0 < x2 + y 2 < 25 o valor
de f (x, y) irá variar entre 0 e 5, ou seja, 0 < f (x, y) < 5.
19
Conceitos Básicos
p
Figura 1.4: Representação do domı́nio da função f (x, y) = 25 − x2 − y 2 .
√
2 x2 +y 2 −25
Exercı́cio 4. Seja g : D ⊂ R −→ R uma função tal que g (x, y) = y
. Encontre:
(a) O domı́nio D de g.
⇔ x2 + y 2 ≥ 25 .
No denominador, que não pode assumir o valor zero, temos o número real y. Segue
que, y 6= 0.
Para determinar o domı́nio da função g juntamos as duas condições encontradas.
Portanto, o domı́nio da função g é D = {(x, y) ∈ R2 ; x2 + y 2 ≥ 25 e y 6= 0}.
20
Conceitos Básicos
(b) A imagem Im de g.
√
x2 +y 2 −25
Figura 1.5: Representação do domı́nio da função g (x, y) = y
.
p
Exercı́cio 5. Seja h : D ⊂ R2 −→ R uma função tal que h (x, y) = y x2 + y 2 − 25.
Encontre:
(a) O domı́nio D de h.
21
Conceitos Básicos
O número real y que está multiplicando a raiz quadrada pode assumir qualquer valor
real.
A restrição será sobre a raiz quadrada. Assim,
p
x2 + y 2 − 25 ∈ R ⇔ x2 + y 2 − 25 ≥ 0
⇔ x2 + y 2 ≥ 25 .
(b) A imagem Im de h.
Solução: A raiz quadrada assume apenas valores reais positivos e como o fator y
pode assumir qualquer valor real segue que os valores da imagem pode ser qualquer
número real.
Portanto, o conjunto imagem da função h é Imh = R.
x2 + y 2 ≥ 25
y
Exercı́cio 6. Seja p : D ⊂ R2 −→ R uma função tal que p (x, y) = √ . Encontre:
x2 +y 2 −25
(a) O domı́nio D de p.
22
Conceitos Básicos
p
Figura 1.6: Representação do domı́nio da função h (x, y) = y x2 + y 2 − 25.
(b) A imagem Im de p.
Solução: Como vimos no item anterior o numerador da fração pode assumir qual-
quer valor real e o denominador assume apenas valores reais positivos.
x2 + y 2 > 25
23
Conceitos Básicos
y
Figura 1.7: Representação do domı́nio da função p (x, y) = √ .
x2 +y 2 −25
Exercı́cios Propostos 1
e do produto do fornecedor B é
x
Exercı́cio 2. Seja f : D ⊂ R2 −→ R uma função tal que f (x, y) = . Encontre:
x−y
(a) O domı́nio D da função f .
24
Conceitos Básicos
x+y
Exercı́cio 3. Considere a função da pela expressão f (x, y) = .
2x + y
(a) Encontre o domı́nio da função f .
p
Exercı́cio 4. Seja g : D ⊂ R2 −→ R uma função tal que f (x, y) = y 2 − x2 . Encontre:
Numa conversa com o Professor Nilson Machado, no começo dos anos 1990, ele
me relatou uma de suas aula na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo - USP.
Durante a aula os alunos traçaram as curvas de nı́vel de uma função em placas de vidro
de 1cm de espessura e em seguida colocaram uma placa em cima da outra conforme o
conjunto de nı́vel. Ao final obtiveram o gráfico em 3D da função estudada.
Nos dias de hoje, com o avanço da tecnologia, temos programas para gerar gráficos
de funções reais de uma e de duas variáveis. As curvas de nı́vel nos ajudam a ter uma
boa ideia de como é o gráfico de uma função real de duas variáveis reais.
Vamos a formalização deste conceito.
Consideremos a função f : D ⊂ R2 −→ R tal que z = f (x, y). Ao atribuirmos
a z um valor k obtemos um plano de equação z = k que intercepta o gráfico da função
f . O conjunto de pontos dessa interseção recebe o nome de conjunto de nı́vel , que
denotaremos por Ck . Assim,
Ck = (x, y, z) ∈ R3 ; (x, y) ∈ D .
25
Conceitos Básicos
Vejamos um exemplo.
Seja a função f : R2 → R definida por f (x, y) = 3x + 4y. O gráfico de f é um
plano não paralelo aos eixos coordenados.
Atribuindo a z o valor 12 obtemos o plano de equação z = 12 que intercepta o
gráfico de f . Essa interseção nos dá uma reta. A projeção dessa reta no plano xy é uma
reta e representa os pontos do domı́nio cuja a imagem é 12.
De fato,
f (x, y) = 12 ⇔
3x + 4y = 12 ⇔
3x + 4y − 12 = 0 .
26
Conceitos Básicos
Cada uma dessas retas é chamada de curva de nı́vel k, onde k é o valor da imagem.
Portanto, temos a definição abaixo.
Em sı́mbolos escrevemos,
Ck = {(x, y) ∈ D ; f (x, y) = k} .
f: D −→ R
p .
7 → f (x, y) = 9 − x2 − y 2
(x, y) −
√
A curva de nı́vel C√5 é o conjunto dos pontos do domı́nio D que tem imagem 5.
Temos que,
√
f (x, y) = 5 ⇔
p √
9 − x2 − y 2 = 5 ⇔
9 − x2 − y 2 = 5 ⇔
x2 + y 2 =4.
√
Note que o conjunto dos pontos (x, y) ∈ D que tem imagem 5 estão no plano
Oxy sobre a circunferência de centro O = (0, 0) e raio igual a 2.
√
De maneira análoga, o conjunto dos pontos (x, y) ∈ D que tem imagem 8 estão
no plano Oxy sobre a circunferência de centro O = (0, 0) e raio igual a 1 e o conjunto
dos pontos (x, y) ∈ D que tem imagem 0 estão no plano Oxy sobre a circunferência de
centro O = (0, 0) e raio igual a 3
Representando as curvas de nı́vel dessa função no valores de k indicados, temos:
27
Conceitos Básicos
p
Figura 1.9: Curvas de nı́vel da função f (x, y) = 9 − x2 − y 2
Figura 1.10: Plano paralelo ao plano Oxy passando pelo ponto (0, 0, 2)
28
Conceitos Básicos
Em sı́mbolo escrevemos,
f: D −→ R
p .
7 → f (x, y) = 9 − x2 − y 2
(x, y) −
p
Figura 1.11: Gráfico da função f (x, y) = 9 − x2 − y 2
29
Conceitos Básicos
Exercı́cios Resolvidos 2
f (x, y) = k ⇔
1 + 2x + 3y = k ⇔
2x + 3y = k − 1 .
2x + 3y = 11 e 2x + 3y = 23
30
Conceitos Básicos
x2 + y 2 = k, k > 0
√
representa geometricamente uma circunferência de centro na origem e raio k no
plano xy.
x2 + y 2 = 1 e x2 + y 2 = 4
p
(c) h (x, y) = x2 + y 2 nos nı́veis k = 0 e k = 1.
31
Conceitos Básicos
p
Figura 1.14: Curvas de nı́vel k = 0 e k = 1 da função h (x, y) = x2 + y 2 .
1 + 2x + 3y = k ⇔ 2x + 3y = k − 1
f (x, y) = 1 + 2x + 3y
z = 1 + 2x + 3y
2x + 3y − z = −1 .
32
Conceitos Básicos
(b) g (x, y) = x2 + y 2 .
x2 + y 2 = k
33
Conceitos Básicos
cos (x + y) = k
34
Conceitos Básicos
Solução: Para obter o gráfico desta função f vamos tomar como guia o exemplo
apresentado logo após a Definição 1.2.4. Assim,
p
Figura 1.18: Gráfico da função f (x, y) = 25 − x2 − y 2 .
p
x2 + y 2 − 25
(b) g (x, y) = .
y
Solução: Para obter o gráfico desta função g vamos utilizar o Geogebra 3D. Assim,
p
x2 + y 2 − 25
Figura 1.19: Gráfico da função g (x, y) = .
y
35
Conceitos Básicos
p
(c) h (x, y) = y x2 + y 2 − 25.
Solução: Para obter o gráfico desta função g vamos utilizar o Geogebra 3D. Assim,
p
Figura 1.20: Gráfico da função h (x, y) = y x2 + y 2 − 25.
y
(d) p (x, y) = p .
x2 + y 2 − 25
Solução: Para obter o gráfico desta função g vamos utilizar o Geogebra 3D. Assim,
y
Figura 1.21: Gráfico da função p (x, y) = p .
x2 + y 2 − 25
36
Conceitos Básicos
Exercı́cios Propostos 2
(B + b) × h
A= .
2
nRT
P = ,
V
37
Conceitos Básicos
Em sı́mbolos escrevemos,
f : D ⊂ R3 −→ R
(x, y, z) 7−→ w = f (x, y, z)
f: D −→ R
1 .
(x, y, z) 7−→ f (x, y, z) =
x2 + y 2 + z 2
1
=
1+9+0
1
= .
10
1
O número real 10
é chamado imagem do terno ordenado (−1, 3, 0) através da
função f .
38
Conceitos Básicos
f : D ⊂ R3 −→ R
p .
7 → f (x, y, z) = 9 − x2 − y 2 − z 2
(x, y, z) −
p
f (x, y, z) ∈ R ⇔ 9 − x2 − y 2 − z 2 ∈ R
⇔ 9 − x2 − y 2 − z 2 ≥ 0
⇔ x2 + y 2 + z 2 ≤ 9 .
p
Figura 1.22: Representação do domı́nio da função f (x, y, z) = 9 − x2 − y 2 − z 2
39
Conceitos Básicos
Exercı́cios Resolvidos 3
Exercı́cio 1. Expresse como uma função real de três variáveis reais a quantidade, em
metros quadrados, de papel de parede necessária para revestir as paredes laterais de um
quarto retangular de x metros de largura, y metros de comprimento, se a altura do quarto
é z metros.
Solução: Inicialmente observe que podemos “olhar” o quarto como sendo um parale-
lepı́pedo retângulo. E o que está sendo pedido é a área lateral desse paralelepı́pedo.
Como as dimensões x, y e z são números positivos vamos tomar o conjunto
f: D −→ R
.
(x, y, z) 7−→ w = 2z (x + y)
Exercı́cio 2. Determinar o domı́nio das seguintes funções reais de três variáveis reais
abaixo:
1
(a) f (x, y, z) = .
x2 + y2 + z2
Solução: Observe que a expressão da função f é uma fração. E como sabemos o
denominador de uma fração não pode ser igual a zero. Note também que a expressão
x2 + y 2 + z 2 só será igual a zero se, e somente se, x = y = z = 0. Assim,
1
(b) f (x, y, z) = p .
9 − x − y2 − z2
2
Solução: Como o denominador de uma fração não pode ser igual a zero e para
podemos extrair uma raiz quadrada no corpo dos números reais o radicando tem que
ser não negativo, segue que
p
9 − x2 − y 2 − z 2 > 0
9 − x2 − y 2 − z 2 > 0
x2 + y 2 + z 2 < 9 .
40
Conceitos Básicos
√ p √
(c) f (x, y, z) = 1 − x2 + 1 − y2 + 1 − z2.
x2 ≤ 1 ⇔
|x| ≤ 1 ⇔
−1 ≤ x ≤ 1 .
Exercı́cios Propostos 3
1 1
x2 + y 2 + z 2 = 1 ,
4 9
pergunta-se:
(b) Se uma partı́cula se afasta da origem, deslocando-se sobre o eixo positivo das abscis-
sas, sofrerá aumento ou diminuição de temperatura?
41
Conceitos Básicos
42
Conceitos Básicos
Em sı́mbolos escrevemos,
Sk = {(x, y, z) ∈ D ; f (x, y, z) = k} .
Em sı́mbolo escrevemos,
Exercı́cios Resolvidos 4
43
Conceitos Básicos
f (x, y, z) = 3
p
x2 + y 2 + z 2 = 3
x2 + y 2 + z 2 = 9 .
Logo, o conjunto dos pontos (x, y, z) ∈ R3 que tem imagem 3 estão localizados na
superfı́cie esférica de centro na origem do sistema de coordenadas e raio 3. A sua
representação geométrica está esboçada na figura abaixo.
p
Figura 1.24: Superfı́cie de nı́vel k = 3 da função f (x, y, z) = x2 + y 2 + z 2 .
1 1
(b) f (x, y, z) = ; k = .
x2 + y 2 + z 2 4
Solução: Note que o domı́nio da função f é o conjunto D = R3 \ {(0, 0, 0)}.
Estamos interessados nos pontos (x, y, z) ∈ D cuja a imagem é igual a 41 . Assim,
1
f (x, y, z) =
4
1 1
=
x2 + y 2 + z 2 4
x2 + y 2 + z 2 = 4 .
1
Logo, o conjunto dos pontos (x, y, z) ∈ D que tem imagem 4
estão localizados na
superfı́cie esférica de centro na origem do sistema de coordenadas e raio 2. A sua
representação geométrica está esboçada na figura abaixo.
44
Conceitos Básicos
1 1
Figura 1.25: Superfı́cie de nı́vel k = da função f (x, y, z) = 2 .
4 x + y2 + z2
f (x, y, z) = 12
3x + 2y + z − 6 = 12
3x + 2y + z = 18 .
Logo, o conjunto dos pontos (x, y, z) ∈ R3 que tem imagem 12 estão localizados no
plano de equação 3x + 2y + z = 18. A sua representação geométrica está esboçada
na figura abaixo.
45
Conceitos Básicos
f (x, y, z) = k
p
x2 + y 2 + z 2 = k
x2 + y 2 + z 2 = k 2 .
Observe que:
Os valores da função aumentam quanto mais nos afastamos da origem ao longo dessas
semi-retas.
46
Conceitos Básicos
Exercı́cios Propostos 4
A corrente do circuito pode ser representada por uma função de cinco variáveis
independentes que são as resistências R1 , R2 , R3 , R4 e R5 . Assim,
E
I= .
R1 + R2 + R3 + R4 + R5
47
Conceitos Básicos
Em sı́mbolos escrevemos,
f: D ⊂ Rn −→ R
(x1 , x2 , · · · , xn ) 7−→ w = f (x1 , x2 , · · · , xn )
Para as funções reais com mais de três variáveis reais não podemos fazer a repre-
sentação gráfica do domı́nio.
48
Conceitos Básicos
Em sı́mbolos escrevemos,
Sk = {(x1 , x2 , · · · , xn ) ∈ D ; f (x1 , x2 , · · · , xn ) = k} .
Em sı́mbolo escrevemos,
49
Conceitos Básicos
(b) Encontre a equação da curva ao longo da qual a temperatura tem um valor constante
e igual a 36 graus.
50
Conceitos Básicos
Exercı́cio 10. Para cada uma das funções abaixo, esboce as curvas de nı́vel.
(a) z = x y, D = R2 .
y
(b) z = 2 , D = {(x, y) ∈ R ; x 6= 0}.
x
1
(c) z = 2 , D = R2 \ {(0, 0)}.
x + y2
(d) z = x + 3y + 7, D = R2 .
2 −2y 2 +3z 2
Exercı́cio 11. A temperatura num ponto (x, y, z) é dada por T (x, y, z) = e−x
graus. Identifique a superfı́cie do R3 cujos pontos possuem temperatura igual à tempera-
tura do ponto (−1, −1, 1).
51
Conceitos Básicos
(b) Um ponto A ∈ D tal que f (A) ≥ f (X) para todo X ∈ D é chamado de ponto de
máximo de D e f (A) é o valor máximo. Determine o ponto de máximo e o valor
máximo de f (x, y) em D.
(c) Um ponto A ∈ D tal que f (A) ≤ f (X) para todo X ∈ D é chamado de ponto de
mı́nimo de D e f (A) é o valor mı́nimo. Determine o ponto de mı́nimo e o valor
mı́nimo de f (x, y) em D.
1
Exercı́cio 14. Dada a função f (x, y) = , pede-se:
x2 + y2
1
(a) As equações das curvas de nı́vel k = , k = 4 e k = 9.
4
(b) A equação e o esboço da curva de nı́vel que contém o ponto (0, 2).
Exercı́cio 16. Seja D uma região esférica de centro na origem no sistema de coordenadas
e raio igual a λ, λ > 0. A temperatura em cada ponto P de D é numericamente igual a
distância do ponto P até a superfı́cie esférica (superfı́cie da esfera). Encontre:
52
Conceitos Básicos
r
24 − 6x2 − 2y 2
Exercı́cio 20. Seja z = f (x, y) = .
3
(a) Determine o domı́nio da função f .
√ √ !
6 3 2
(b) Encontre a curva de nı́vel C da função f que contém o ponto P = , .
2 2
(c) Calcule o comprimento da reta tangente à curva C no ponto P compreendida entre
os eixos coordenados.
p
Exercı́cio 21. Seja f (x, y) = 10 − x − y 2 .
53
Conceitos Básicos
p
Exercı́cio 24. Seja S a superfı́cie definida por z = 2 + x2 + y 2 .
1p 2
Exercı́cio 25. Dada a função f (x, y) = 2 + x + 4y 2 . Pede-se:
2
(a) Os conjuntos domı́nio e imagem da função f .
(d) A equação da curva de nı́vel que passa pelo ponto (3, 2). Esboce a curva da equação
encontrada.
54
Capı́tulo 2
Limite e Continuidade
55
Limite e Continuidade
Porém, como é comum nos livros de Cálculo Diferencial e Integral, vamos adotar,
aqui, a métrica euclidiana toda vez que quisermos a distância entre dois pontos do R2 .
Em sı́mbolo escrevemos,
56
Limite e Continuidade
57
Limite e Continuidade
pontos (x, y) que tem a ordenada maior do que 1, y > 1, estão localizados no semiplano
acima da reta y = 1.
A representação geométrica do conjunto A é
Os pontos (x, y) que tem a abscissa menor do que 3, x < 3, estão localizados no
semiplano a esquerda da reta de equação cartesiana x = 3.
A representação geométrica de B é
58
Limite e Continuidade
Nos conjuntos A e B definidos acima tivemos uma diferença. Nem todos os pontos
do conjunto A são pontos interiores e todos os pontos do conjunto B são pontos interiores.
Isto nos motiva a uma nova definição para diferenciar esses dois tipos de conjuntos.
Vamos a essa definição.
O ponto (1, 1), que pertence ao conjunto A, não é um ponto interior e todos os
pontos da forma (x, 1), que pertencem ao conjunto A, também não são pontos interiores
do conjunto A. Os pontos de um conjunto D que não são pontos interiores são chamados
pontos de fronteira.
Vamos a esta nova definição. Para isso considere D um subconjunto não vazio
do R2 .
59
Limite e Continuidade
60
Limite e Continuidade
Considere o conjunto
q
2 2 2
D = (x, y) ∈ R ; 0 < (x − 2) + (y − 3) < 3 .
61
Limite e Continuidade
q
2 2 2
Figura 2.6: Representação de D = (x, y) ∈ R ; 0 < (x − 2) + (y − 3) < 3 .
(1) Todos os pontos do conjunto D são pontos de acumulação de D. Pois, qualquer bola
aberta que imaginarmos com centro em P ∈ D irá conter pontos de D distintos de
P.
(4) Os pontos exteriores ao cı́rculo de equação (x − 2)2 + (y − 3)2 ≤ 9 não são pontos de
acumulação de D. Pois, nem toda bola aberta com centro em pontos do exterior do
cı́rculo (x − 2)2 + (y − 3)2 ≤ 9 irá conter pontos de D.
62
Limite e Continuidade
Vejamos agora alguns exercı́cios resolvidos sobre a teoria que foi apresentada
nesta seção. Em seguida terão exercı́cios propostos para uma melhor compreensão desta
primeira seção.
Exercı́cios Resolvidos 1
(b) A fronteira de A.
f rt (A) = (x, y) ∈ R2 ; x = 2 .
63
Limite e Continuidade
x2 + y 2 − 2y <3 ⇔
x2 + y 2 − 2y + 1 < 3 + 1 ⇔
x2 + (y − 1)2 <4.
O ponto (0, 0) pertence ao conjunto C. Porém, este ponto não é um ponto interior
de C porque bolas abertas com centro em (0, 0) terão pontos P = (x, y) que não
pertencem ao conjunto C. Portanto, C não é um conjunto aberto.
64
Limite e Continuidade
Figura 2.9: Representação gráfica de D = {(x, y) ∈ R2 ; 2 < x < 5 e 1 < y < 4}.
Exercı́cios Propostos 1
65
Limite e Continuidade
Passamos agora a estudar limite de uma função real de duas variáveis reais. Este
estudo também pode ser feito para um número maior de variáveis independente. Porém,
para funções reais de mais de duas variáveis reais não podemos fazer um esboço do gráfico
da função.
Por causa desse apelo geométrico a maioria dos livros de Cálculo Diferencial e
Integral faz um estudo bem detalhado de limite e continuidade utilizando funções reais
de duas variáveis reais.
66
Limite e Continuidade
67
Limite e Continuidade
Tal como no estudo de limite de funções reais de uma variável real, para definir
o limite de uma função real de duas variáveis reais não é necessário que a função esteja
definida em P0 = (x0 , y0 ).
|f (x, y) − L| <
68
Limite e Continuidade
Exercı́cios Resolvidos 2
Exercı́cio 1. Seja f : R2 → R definida por f (x, y) = 3x + 2y. Calcule lim f (x, y).
x→1
y→2
Solução: Vamos calcular este limite como foi feito na disciplina Cálculo Diferencial e
Integral I. Assim,
=3×1+2×2
=3+4
=7.
q
|f (x, y) − 7| < sempre que 0 < (x − 1)2 + (y − 2)2 < δ .
Note que
q q
|x − 1| ≤ (x − 1)2 + (y − 2)2 < δ e |y − 2| ≤ (x − 1)2 + (y − 2)2 < δ .
69
Limite e Continuidade
Assim,
|f (x, y) − 7| = |(3x + 2y) − 7|
= |3x − 3 + 2y − 4|
= |3 (x − 1) + 2 (y − 2)|
≤ |3 (x − 1)| + |2 (y − 2)|
= |3| |x − 1| + |2| |y − 2|
= 3 |x − 1| + 2 |y − 2|
q q
≤ 3 (x − 1) + (y − 2) + 2 (x − 1)2 + (y − 2)2
2 2
< 3δ + 2δ
= 5δ .
q
Tomando 5 δ = ⇔ δ = , temos que se 0 < (x − 1)2 + (y − 2)2 < δ, então
5
= |3 (x − 1) + 2 (y − 2)|
≤ 3 |x − 1| + 2 |y − 2|
q q
≤ 3 (x − 1)2 + (y − 2)2 + 2 (x − 1)2 + (y − 2)2
q
= 5 (x − 1)2 + (y − 2)2
< 5δ
=.
!
2xy
Exercı́cio 3. Mostre que lim p = 0.
x→0
y→0 x2 + y 2
Solução: De acordo com a definição de limite devemos mostrar que, para todo > 0,
existe um δ > 0, tal que
2xy p
< sempre que 0< x2 + y 2 < δ .
p 2 2
x +y
70
Limite e Continuidade
p p
Note que |x| ≤ x2 + y 2 < δ e |y| ≤ x2 + y 2 < δ.
Assim,
2xy 2xy
− 0 = p
p 2
x + y2 x2 + y 2
2 |x| |y|
=p
x2 + y 2
p p
2 x2 + y 2 x2 + y 2
≤ p
x2 + y 2
p
= 2 x2 + y 2
< 2δ .
p
Tomando 2 δ = ⇔ δ = , temos que se 0 < x2 + y 2 < δ, então
2
2xy 2xy
− 0 = p
p 2
x + y2 x2 + y 2
2 |x| |y|
=p
x2 + y 2
p p
2 x2 + y 2 x2 + y 2
≤ p
x2 + y 2
p
= 2 x2 + y 2
< 2δ
=.
!
2xy
Portanto, lim p = 0.
x→0
y→0 x2 + y 2
Exercı́cios Propostos 2
71
Limite e Continuidade
lim f (x, y) = L
x→x0
y→y0
utilizando a definição de limite nos dá um certo trabalho e em algumas vezes não é muito
simples.
A situação contrária, ou seja, mostrar que o limite não existe é bem menos tra-
balhosa do que mostrar que o limite existe.
Vamos enunciar uma proposição que será a base para afirmarmos que o limite de
uma função f não existe.
Proposição 2.4.1. Se a função f (x, y) tem limites diferentes quando P = (x, y) tende
a P0 = (x0 , y0 ) através de pontos de D1 e de D2 , respectivamente, então x→x
lim f (x, y) não
0
y→y0
existe.
Demonstração. Observe que a hipótese é que a função f (x, y) tem limites diferentes
quando P = (x, y) tende a P0 = (x0 , y0 ) através de pontos de D1 e de D2 , respectivamente.
E a tese é que tal limite não existe.
Assim, vamos supor que existe um número real L tal que
lim f (x, y) = L .
x→x0
y→y0
Então, para todo número real > 0, existe um número real δ > 0 tal que, se P = (x, y)
q
pertence a D e 0 < (x − x0 )2 + (y − y0 )2 < δ acarreta |f (x, y) − L| < .
72
Limite e Continuidade
Assim, concluı́mos que a função f (x, y) tem o mesmo limite por pontos que
pertencem a D1 e D2 . O que contraria a hipótese da proposição. Essa contradição surge
do fato de supormos que o limite existe.
Portanto, se f (x, y) tem limites diferentes quando P = (x, y) se aproxima de
P0 = (x0 , y0 ) através de pontos de subconjuntos distintos do domı́nio da função, então
lim f (x, y).
não existe x→x
0
y→y0
Vale ressaltar que a Proposição 2.4.1 não serve para afirmarmos que o limite
existe caso f (x, y) tenha limites iguais quando P = (x, y) se aproxima de P0 = (x0 , y0 )
através de pontos de subconjuntos distintos do domı́nio da função.
Vamos aplicar a Proposição 2.4.1 nos exercı́cios resolvidos e propostos a seguir.
x2
= lim
x→0 x2
y=0
= lim 1
x→0
y=0
=1.
73
Limite e Continuidade
x2 − y 2 0 − y2
lim = lim
x→0 x2 + y 2 x=0 0 + y 2
y→0 y→0
−y 2
= lim
x=0 y 2
y→0
= lim −1
x=0
y→0
= −1 .
(iii) da reta y = x.
x2 − x2 0
Solução: Sobre a reta y = x, f (x, y) = f (x, x) = 2 2
= = 0, para
x +x 2x2
x 6= 0. Portanto,
x2 − y 2 x2 − x2
lim = lim
x→0 x2 + y 2 x→0 x2 + x2
y→0 y=x
0
= lim
x→0 2x2
y=x
= lim 0
x→0
y=x
=0.
(b) Existe lim f (x, y)? Em caso afirmativo, qual o seu valor?
x→0
y→0
Solução: Visto que os limites em (i), (ii) e (iii) não coincidem, concluı́mos,
baseado na Proposição 2.4.1, que lim f (x, y) não existe.
x→0
y→0
x2 y
Exercı́cio 2. Seja f : R2 \ {(0, 0)} → R definida por f (x, y) = .
x4 + y 2
(a) Calcule o limite de f (x, y) quando (x, y) tende a (0, 0) ao longo da reta y = m x.
74
Limite e Continuidade
x2 y x2 (m x)
lim = lim
x→0 x4 + y 2 x→0 x4 + (m x)2
y→0 y=m x
m x3
= lim
x→0 x4 + m2 x2
y=m x
para x 6= 0
m x3
= lim 2 2
x→0 x (x + m2 )
y=m x
para x 6= 0
mx
= lim 2
x→0 x + m2
y=m x
m·0
= lim
x→0
y=m x
02
+ m2
= lim 0
x→0
y=m x
=0.
(b) Calcule o limite de f (x, y) quando (x, y) tende a (0, 0) ao longo da parábola y = x2 .
x2 y x2 x2
lim = lim
x→0 x4 + y 2 x→0 x4 + (x2 )2
y→0 y=x2
x4
= lim
x→0 x4 + x4
y=x2
x4
= lim
x→0 2x4
y=x2
para x 6= 0
1
= lim
x→0 2
2
y=x
1
= .
2
Solução: Visto que os limites em (a) e (b) não coincidem, concluı́mos, baseado
na Proposição 2.4.1, que lim f (x, y) não existe.
x→0
y→0
2x2 y
Exercı́cio 3. Seja f : R2 \ {(0, 0)} → R definida por f (x, y) = .
3x2 + 3y 2
75
Limite e Continuidade
2x2 y 2 · 02 y
lim = lim
x→0 3x2 + 3y 2 x=0 3 · 02 + 3y 2
y→0 y→0
0
= lim
x=0 3y 2
y→0
y 6= 0
= lim 0
x=0
y→0
=0.
2x2 y 2 x2 (m x)
lim = lim
x→0 3x2 + 3y 2 x→0 3 x2 + 3 (m x)2
y→0 y=m x
2 m x3
= lim
x→0 3 x2 + 3 m2 x2
y=m x
x 6= 0
2 m x3
= lim
x→0 3x2 (1 + m2 )
y=m x
x 6= 0
2mx
= lim
x→0 3 (1 + m2 )
y=m x
2·m·0
=
3 (1 + m2 )
=0.
(ii) da parábola x = y 2 .
76
Limite e Continuidade
f (x, y) = f (y 2 , y)
2
2 (y 2 ) y
=
3 (y 2 )2 + 3y 2
2y 4 y
=
3y 4 + 3y 2
para y 6= 0
2y 5
= 2
y (3y 2 + 3)
para y 6= 0
2y 3
= 2 .
3y + 3
Assim,
2
2x2 y 2 (y 2 ) y
lim = lim 2
x→0 3x2 + 3y 2 x=y 2 3 (y 2 ) + 3y 2
y→0 y→0
2y 4 y
= lim2
x=y 3y 4 + 3y 2
y→0
2y 5
= lim2
x=y y 2 (3y 2 + 3)
y→0
2y 3
= lim2
x=y 3y 2 + 3
y→0
2 · 03
=
3 ·2 +3
=0.
(b) Existe lim f (x, y)? Em caso afirmativo, qual o seu valor?
x→0
y→0
Solução: Os limites pelos caminhos tomados nos casos acima são iguais a zero.
Isto nos leva a suspeitar que o limite seja igual a zero.
Porém, a Proposição 2.4.1 não nos dá a fundamentação teórica para afirmarmos
que o limite é zero. Então, devemos utilizar a definição Definição 2.2.1 para
comprovar que o limite é zero.
De acordo com a definição de limite devemos mostrar que, para todo > 0, existe
um δ > 0, tal que
q
|f (x, y) − 0| < sempre que 0 < (x − 0)2 + (y − 0)2 < δ .
77
Limite e Continuidade
Note que
p p
|x| ≤ x2 + y 2 < δ e |y| ≤ x2 + y 2 < δ .
Assim,
2x2 y
|f (x, y) − 0| = 2
3x + 3y 2
2x2 y
=
3 (x2 + y 2 )
|2| |x2 | |y|
=
|3| |x2 + y 2 |
2 x2 |y|
=
3 (x2 + y 2 )
p x2 ≤ x2 +y 2
2 (x2 + y 2 ) x2 + y 2
≤
3 (x2 + y 2 )
p
2 x2 + y 2
=
3
2δ
< .
3
2δ 3 2x2 y
Tomando = ⇔ δ = , segue a definição. Portanto, lim 2 = 0.
3 2 x→0 3x + 3y 2
y→0
Exercı́cios Propostos 3
2x
(b) lim p .
x→0
y→0 x2 + y 2
3xy
(c) lim .
x→0 4x2 + 5y 2
y→0
−x2 y
(b) lim p .
x→0
y→0 2x2 + 2y 2
x3 − y 3
(c) lim .
x→0 x2 + y 2
y→0
78
Limite e Continuidade
Proposição 2.6.1. Seja f : R2 → R uma função real de duas variáveis reais dada por
f (x, y) = ax + b, com a, b ∈ R. Então,
x→x0
lim f (x, y) = ax0 + b .
y→y0
Demonstração.
Proposição 2.6.2. Considere as funções reais de duas variáveis reais f e g tais que os
limites x→x
lim f (x, y) e x→x
lim g (x, y) existam. Então,
0 0
y→y0 y→y0
Demonstração.
Proposição 2.6.3. Considere a função real de duas variáveis reais f tal que o limite
lim f (x, y) exista e seja λ um número real qualquer. Então,
x→x0
y→y0
Demonstração.
Proposição 2.6.4. Considere as funções reais de duas variáveis reais f e g tais que os
limites x→x
lim f (x, y) e x→x
lim g (x, y) existam. Então,
0 0
y→y0 y→y0
Demonstração.
79
Limite e Continuidade
Proposição 2.6.5. Considere as funções reais de duas variáveis reais f e g tais que os
limites x→x lim g (x, y) existam. Então,
lim f (x, y) e x→x
0 0
y→y0 y→y0
lim f (x, y)
x→x 0
f (x, y) y→y0
lim
x→x0
= , se lim g (x, y) 6= 0 .
x→x0
y→y0
g (x, y) lim g (x, y)
x→x y→y0
0
y→y0
Demonstração.
Proposição 2.6.6. Considere a função real de duas variáveis reais f tal que o limite
lim f (x, y) exista. Então,
x→x0
y→y0
" #n
n
lim [f (x, y)] =
x→x0
lim f (x, y)
x→x0
, ∀n ∈ N \ {0} .
y→y0 y→y0
Demonstração.
Proposição 2.6.7. Considere a função reais de duas variáveis reais f tal que o limite
lim f (x, y) exista. Então,
x→x0
y→y0
p r
(i) x→x
lim n
f (x, y) = n lim f (x, y) ≥ 0 e n inteiro.
lim f (x, y), se x→x
x→x0
0 0
y→y0 y→y0 y→y0
Demonstração.
p r
(ii) x→x
lim n
f (x, y) = n lim f (x, y) ≤ 0 e n inteiro positivo ı́mpar.
lim f (x, y), se x→x
x→x0
0 0
y→y0 y→y0 y→y0
Demonstração.
Demonstração.
80
Limite e Continuidade
x2 y
Exercı́cio 2. Aplicando a Proposição 2.6.8, mostre que o limite lim x2 +y 2
= 0.
x→0
y→0
Exercı́cios Propostos 4
Exercı́cio 1.
f (1, 2) = 3 × 1 + 2 × 2 = 3 + 4 = 7 .
(ii) Como já mostramos nos anteriormente o limite da função f quando o ponto (x, y)
se aproxima do ponto (1, 2) é igual a 7. Ou seja,
81
Limite e Continuidade
Portanto,
lim f (x, y) = f (1, 2) .
x→1
y→2
Note que,
(i) pela definição da função g, a imagem do ponto (0, 0) é zero. Ou seja, g (0, 0) = 0.
√ 2xy
(ii) vamos mostrar que lim g (x, y) = lim 2 2
= 0.
x→0 x→0 x +y
y→0 y→0
De fato, para mostrar que o limite é igual a zero devemos utilizar a definição de
limite. Assim, de acordo com a definição de limite devemos mostrar que, para todo
> 0, existe um δ > 0, tal que |g (x, y) − 0| = |g(x, y)| < sempre que
q p
0 < (x − 0)2 + (y − 0)2 = x2 + y 2 < δ .
p p
Note que |x| ≤ x2 + y 2 < δ e |y| ≤ x2 + y 2 < δ. Assim,
2xy
|g (x, y) − 0| = p
x2 + y 2
|2xy|
= p
x 2 + y2
2 |x| × |y|
= p
x2 + y 2
p p
2 x2 + y 2 × x 2 + y 2
≤ p
x2 + y 2
p
= 2 x2 + y 2
< 2δ .
82
Limite e Continuidade
p
Tomando 2δ = ⇔ δ = 2 , temos que se 0 < x2 + y 2 < δ, então
2xy
|g (x, y) − 0| = p
x2 + y 2
|2xy|
= p
x2 + y 2
2 |x| × |y|
= p
x2 + y 2
p p
2 x2 + y 2 × x 2 + y 2
≤ p
x2 + y 2
p
= 2 x2 + y 2
< 2δ
= .
!
2xy
Logo, lim g (x, y) = lim p = 0.
x→0
y→0
x→0
y→0 x2 + y 2
83
Limite e Continuidade
Note que,
Calculando o limite de h (x, y) quando (x, y) tende a (0, 0) ao longo de cada reta
que passa pela origem.
Sobre cada reta que passa pela origem temos, y = m x e, desta forma,
2x2 (m x) 2m x3 2m x
h (x, y) = h (x, m x) = = = ,
3x2 + 3(m x)2 3x2 (1 + m2 ) 3(1 + m2 )
para x 6= 0.
Portanto,
2x2 y 2m x
lim 2 2
= lim = lim 0 = 0 .
x→0 3x + 3y x→0 3(1 + m2 ) x→0
y→0 y=m x y=m x
84
Limite e Continuidade
Com esse resultado já podemos afirmar que a função h não é contı́nua no ponto
(0, 0).
Porém, vamos calcular o limite de h (x, y) quando (x, y) tende a (0, 0) ao longo da
parábola x = y 2 .
2(y 2 )2 y 2y 5 2y 3
h (x, y) = h y 2 , y =
= = ,
3(y 2 )2 + 3y 2 3y 2 (y 2 + 1) 3(y 2 + 1)
para y 6= 0. Portanto,
2x2 y 2y 3
lim = lim = lim2 0 = 0 .
x→0 3x2 + 3y 2 x=y 2 3(y 2 + 1) x=y
y→0 y→0 y→0
Isto nos leva a suspeitar que o limite existe e é zero. Para confirmar a nossa suspeita
devemos utilizar a definição de limite.
p
Note que x2 ≤ x2 + y 2 e |y| ≤ x2 + y 2 < δ. Assim,
2x2 y
|h (x, y) − 0| = 2
3x + 3y 2
|2x2 y|
=
|3x2 + 3y 2 |
2 x2 × |y|
=
3(x2 + y 2 )
p
2(x2 + y 2 ) × x2 + y 2
≤
3(x2 + y 2 )
p
2 x2 + y 2
=
3
2δ
< .
3
2δ
Como foi feito em exercı́cios anteriores, tomando 3
= segue a definição. Logo,
2x2 y
lim =0.
x→0 3x2 + 3y 2
y→0
85
Limite e Continuidade
x3 x x2 x2
p (x, y) = = = x .
x2 + y 2 x2 + y 2 x2 + y 2
x2
Considerando as funções p1 (x, y) = x e p2 (x, y) = x2 +y 2
temos que:
x2
(ii) a função p2 (x, y) = x2 +y 2
é limitada. De fato, observe que a imagem da função p2
está contida no intervalo fechado [0, 1]. Podemos verificar no esboço do gráfico de
p2 abaixo.
86
Limite e Continuidade
x2
Figura 2.12: Esboço do gráfico da função p2 (x, y) = x2 +y 2
.
x3
lim p (x, y) = lim
x→0
y→0
x→0
y→0
x2 + y 2
x3
= lim
x→0
y→0
x2 + y 2
x x2
= lim
x→0
y→0
x2 + y 2
x2
= lim x 2
x→0
y→0
x + y2
x2
= lim (x) lim
x→0
y→0
x→0
y→0
x2 + y 2
= 0.
x3
Logo, lim p (x, y) = lim x2 +y 2
= 0.
x→0 x→0
y→0 y→0
Como queremos que a função p seja contı́nua no ponto (x, y), devemos ter por
definição
lim p (x, y) = p (0, 0) .
x→0
y→0
Portanto, o valor de λ para que a função p seja contı́nua no ponto (0, 0) é zero.
87
Limite e Continuidade
88
Capı́tulo 3
Derivadas Parciais
3.1 Introdução
Vamos recordar alguns fatos do Cálculo Diferencial de funções reais de uma
variável real. Tomemos então uma função f : D ⊂ R → R tal que y = f (x).
A derivada de f no ponto x0 do domı́nio D é o número real dado por
f (x) − f (x0 ) f (x0 + ∆ x) − f (x0 ) ∆y
f 0 (x0 ) = lim = lim = lim ,
x→x0 x − x0 ∆ x→0 ∆x ∆ x→0 ∆ x
89
Derivadas Parciais
Tudo o que foi descrito na seção anterior será feito para funções reais de duas ou
mais variáveis reais. Nesta seção apresentaremos as definições de derivada no ponto e de
função derivada para funções reais de duas variáveis reais.
Começamos pela definição de derivada no ponto (x0 , y0 ) e em seguida a definição
de função derivada. Vamos lá.
Definição 3.2.1 (Derivada no Ponto). Sejam z = f (x, y) uma função real de duas
variáveis reais e (x0 , y0 ) um ponto do domı́nio de f . As derivadas parciais de f em
relação às variáveis x e y no ponto (x0 , y0 ) são definidas por
e
∂f f (x0 , y0 + ∆y) − f (x0 , y0 )
(x0 , y0 ) = lim ,
∂y ∆y→0 ∆y
Exercı́cios Resolvidos 1
p
Exercı́cio 1. Considere a função f : R2 → R dada por f (x, y) = x2 + y 2 . Encontre
as derivadas parciais de f no ponto (0, 1), usando a Definição 3.2.1.
90
Derivadas Parciais
∂f f (0 + ∆x, 1) − f (0, 1)
(0, 1) = lim
∂x ∆x→0 ∆x
q √
(∆x)2 + 12 − 02 + 12
= lim
∆x→0 ∆x
q q
(∆x)2 + 1 − 1 (∆x)2 + 1 + 1
= lim ×q
∆x→0 ∆x
(∆x)2 + 1 + 1
(∆x)2 + 1 − 1
= lim q
∆x→0 2
∆x (∆x) + 1 + 1
∆x
= lim q
∆x→0
(∆x)2 + 1 + 1
0
=√
02 + 1 + 1
=0.
1 + 2∆y + (∆y)2 − 1
= lim q
∆y→0 2
∆y (1 + ∆y) + 1
2 + ∆y
= lim q
∆y→0
(1 + ∆y)2 + 1
2+0
=q
(1 + 0)2 + 1
=1.
91
Derivadas Parciais
∂f ∂f
(0, 1) = 0 e (0, 1) = 1 .
∂x ∂y
f (1 + ∆ x, 2) − f (1, 2)
fx (1, 2) = lim
∆x→0 ∆x
16 − (1 + ∆ x)2 − 22 − (16 − 12 − 22 )
= lim
∆x→0 ∆x
16 − 12 − 2 · 1 · ∆ x − (∆ x)2 − 16 + 12 + 22
= lim
∆x→0 ∆x
−2 ∆ x − (∆x)2
= lim
∆x→0 ∆x
∆ x (−2 − ∆ x)
= lim
∆x→0 ∆x
= lim (−2 − ∆ x)
∆x→0
= −2 .
f (1, 2 + ∆ y) − f (1, 2)
fy (1, 2) = lim
∆y→0 ∆y
16 − 12 − (2 + ∆ y)2 − (16 − 12 − 22 )
= lim
∆y→0 ∆y
16 − 12 − 22 − 2 · 2 · ∆ y − (∆ y)2 − 16 + 12 + 22
= lim
∆y→0 ∆y
−4 ∆ y − (∆ y)2
= lim
∆y→0 ∆y
∆ y (−4 − ∆ y)
= lim
∆y→0 ∆y
= lim (−4 − ∆ y)
∆y→0
= −4 .
92
Derivadas Parciais
fx (1, 2) = −2 e fy (1, 2) = −4 .
Exercı́cios Propostos 1
Exercı́cio 2.
Exercı́cios Resolvidos 2
93
Derivadas Parciais
f (x + ∆ x, y) − f (x, y)
fx (x, y) = lim
∆ x→0 ∆x
2 (x + ∆ x)2 y + 3 (x + ∆ x) y 2 − 4 (x + ∆ x) − [2x2 y + 3xy 2 − 4x]
= lim
∆ x→0 ∆x
4x ∆ x y + 2 (∆ x)2 y + 3∆ xy 2 − 4 ∆ x
= lim
∆ x→0 ∆x
∆ x (4xy + 2 ∆xy + 3y 2 − 4)
= lim
∆ x→0 ∆x
= 4xy + 3y 2 − 4 .
f (x, y + ∆ y) − f (x, y)
fy (x, y) = lim
∆ y→0 ∆y
2x (y + ∆ y) + 3x (y + ∆ y)2 − 4x − [2x2 y + 3xy 2 − 4x]
2
= lim
∆ y→0 ∆y
2x2 ∆ y + 6xy ∆ y + 3x (∆ y)2
= lim
∆ y→0 ∆y
∆ y (2x2 + 6xy + 3x ∆ y)
= lim
∆ y→0 ∆y
= 2x2 + 6xy .
94
Derivadas Parciais
Para encontrar fx (x, y), devemos considerar a variável y como uma constante e deri-
var f em relação a x. Assim, utilizando as regras de derivação aprendidas no Cálculo
Diferencial e Integral I temos
1 2x
fx (x, y) = · 2x = .
1 + (x2 + y 2 )2 1 + (x2 + y 2 )2
Para encontrar fy (x, y), devemos considerar a variável x como uma constante e derivar f
em relação a y. Assim, utilizando as regras de derivação aprendidas no Cálculo Diferencial
e Integral I temos
1 2y
fy (x, y) = · 2y = .
1 + (x2 + y 2 )2 1 + (x2 + y 2 )2
2x 2y
fx (x, y) = e fy (x, y) = .
1 + (x2 + y 2 )2 1 + (x2 + y 2 )2
Determine:
Solução:
95
Derivadas Parciais
= lim 1
∆ x→0
=1.
Portanto,
4 2 2 2
x + 3x y + 2xy , se (x, y) 6= (0, 0)
fx (x, y) = (x2 + y 2 )2 .
1 , se (x, y) = (0, 0)
Solução:
96
Derivadas Parciais
Como lim − ∆1y não existe, concluı́mos que fy (0, 0) não existe.
∆ y→0
2x2 y (1 + x)
Portanto, fy (x, y) = − , se (x, y) 6= (0, 0).
(x2 + y 2 )2
Exercı́cios Propostos 2
p
Exercı́cio 3. Considere uma função f : R2 → R. Mostre que se f (x, y) = ln x2 + y 2 ,
então
∂f ∂f
x· +y· =1.
∂x ∂y
97
Derivadas Parciais
Definição 3.3.1 (Derivada no Ponto). Sejam w = f (x, y, z) uma função real de três
variáveis reais e (x0 , y0 , z0 ) um ponto do domı́nio de f . As derivadas parciais de f em
relação às variáveis x, y e z no ponto (x0 , y0 , z0 ) são definidas por
Exercı́cios Resolvidos 3
f (1 + ∆x, 2, 3) − f (1, 2, 3)
fx (1, 2, 3) = lim
∆x→0 ∆x
(1 + ∆ x) · 2 · ln 3 − (1 · 2 · ln 3)
= lim
∆x→0 ∆x
ln 9 + ln 9 · ∆ x − ln 9
= lim
∆x→0 ∆x
ln 9 · ∆ x
= lim
∆x→0 ∆x
= lim ln 9
∆x→0
= ln 9 .
98
Derivadas Parciais
= lim ln 3
∆y→0
= ln 3 .
2 h 1
i
= · ln lim (1 + t) t
3 t→0
2
= · ln e
3
2
= .
3
Exercı́cio 2.
Exercı́cios Propostos 3
Exercı́cio 1.
99
Derivadas Parciais
∂f ∂f ∂f
tal que ∂x
(x, y, z), ∂y
(x, y, z) e ∂z
(x, y, z) existam.
∂f ∂f ∂f
Definição 3.3.2 (Função Derivada). As funções ,
∂x ∂y
e ∂z
definidas em A, que a cada
∂f ∂f ∂f
(x, y, z) ∈ A associa o número real ∂x
(x, y, z), ∂y
(x, y, z) e ∂z
(x, y, z), respectiva-
mente, onde
∂f f (x + ∆x, y, z) − f (x, y, z)
(x, y, z) = lim
∂x ∆x→0 ∆x
∂f f (x, y + ∆y, z) − f (x, y, z)
(x, y, z) = lim
∂y ∆y→0 ∆y
e
∂f f (x, y, z + ∆z) − f (x, y, z)
(x, y, z) = lim ,
∂z ∆z→0 ∆z
são chamadas funções derivadas parciais de 1ª ordem em relação a x, a y e a z (ou apenas,
derivadas parciais de f em relação a x, y e a z), respectivamente.
Exercı́cios Resolvidos 4
= ex−y+z + x · ex−y+z
= ex−y+z (1 + x) .
= −x ex−y+z .
fz (x, y, z) = x · ex−y+z · 1
= x ex−y+z .
100
Derivadas Parciais
Exercı́cio 2.
Exercı́cios Propostos 3
∂f
Exercı́cio 1. Encontre, usando a definição de derivada, as derivadas parciais ∂x
(x, y, z),
∂f ∂f
∂y
(x, y, z) e ∂z
(x, y, z) da função f : R3 → R dada por f (x, y, z) = x2 y − 3x y 2 + 2y z.
∂f ∂f ∂f
Exercı́cio 2. Encontre as derivadas parciais ∂x
(x, y, z), ∂y
(x, y, z) e ∂z
(x, y, z) das
funções abaixo.
p
(a) f (x, y, z) = 3
x2 + y 2 + z 2 .
(b) f (x, y, z) = √ 1
.
x2 +y 2 +z 2
(c) f (x, y, z) = ex y z − x y.
∂f ∂f ∂f
(x1 , x2 , . . . , xn ) , (x1 , x2 , . . . , xn ) , . . . , (x1 , x2 , . . . , xn ) ,
∂x1 ∂x2 ∂xn
respectivamente, onde
101
Derivadas Parciais
..
.
∂f f (x1 , x2 , . . . , xn + ∆xn ) − f (x1 , x2 , . . . , xn )
(x1 , x2 , . . . , xn ) = lim
∂xn ∆xn →0 ∆xn
são chamadas funções derivadas parciais de 1ª ordem em relação a xi , com i = 1, 2, . . . , n,
(ou apenas, derivadas parciais de f em relação a xi , com i = 1, 2, . . . , n), respectiva-
mente.
∂f 1
(x, y, z, w, t) = 1 × y z ln x2 + w2 + t2 + x y z × 2
× 2x
∂x x + w2 + t2
2x2 y z
= y z ln x2 + w2 + t2 + 2
.
x + w2 + t2
∂f
(x, y, z, w, t) = 1 × x z ln x2 + w2 + t2
∂y
= x z ln x2 + w2 + t2 .
∂f
(x, y, z, w, t) = 1 × x y ln x2 + w2 + t2
∂z
= x y ln x2 + w2 + t2 .
∂f 1
(x, y, z, w, t) = x y z 2 × 2w
∂w x + w 2 + t2
2x y z w
= 2 .
x + w2 + t2
∂f 1
(x, y, z, w, t) = x y z 2 × 2t
∂t x + w2 + t2
2x y z t
= 2 .
x + w2 + t2
102
Derivadas Parciais
Como deu para perceber no que foi exposto acima, quando aumentamos o número
de variáveis de duas para três o “trabalho”de encontrar as derivadas parciais teve o
acréscimo de uma derivada parcial em relação a terceira variável independente.
Assim, aumentando uma variável independente aumenta uma derivada parcial.
O procedimento adotado para encontrar as derivadas parciais das funções reais de duas
variáveis reais é naturalmente extensivo para as funções reais com mais de duas variáveis
reais.
Dessa forma, vamos nos ater as derivadas parciais de ordem superior de funções
reais de duas variáveis reais.
Considere a função real f : D ⊂ R2 → R tal que z = f (x, y). As derivadas
∂f ∂f
parciais das funções ∂x
e ∂y
são chamadas derivadas parciais de 2ª ordem de f em relação
as variáveis x e y.
∂f ∂f
Sendo ∂x
(x, y) e ∂y
(x, y) as derivadas parciais de 1ª ordem de f em relação as
variáveis x e y, denotaremos as derivadas parciais de 2ª ordem de f em relação as variáveis
x e y da seguinte forma
∂ ∂f ∂2 f
(1) ∂x ∂x
(x, y) = ∂ x2
(x, y), que é a derivada parcial em relação a x da derivada par-
cial de 1ª ordem de f em relação a x. Podemos representá-la também por fxx (x, y).
∂ ∂f ∂2 f
(2) ∂y ∂y
(x, y) = ∂ y2
(x, y), que é a derivada parcial em relação a y da derivada par-
cial de 1ª ordem de f em relação a y. Podemos representá-la também por fyy (x, y).
∂ ∂f ∂2 f
(3) ∂x ∂y
(x, y) = ∂ x∂ y
(x, y), que é a derivada parcial em relação a x da derivada par-
cial de 1ª ordem de f em relação a y. Podemos representá-la também por fyx (x, y).
∂ ∂f ∂2 f
(4) ∂y ∂x
(x, y) = ∂y∂x
(x, y), que é a derivada parcial em relação a y da derivada par-
cial de 1ª ordem de f em relação a x. Podemos representá-la também por fxy (x, y).
∂f ∂f
(x, y) = 2x + y + y 3 e (x, y) = x + 3xy 2 .
∂x ∂y
∂f
As derivadas parciais de ∂x
(x, y) = 2x + y + y 3 em relação as variáveis x e y são
∂2 f ∂2 f
(x, y) = 2 e (x, y) = 1 + 3y 2 .
∂ x2 ∂ y∂ x
103
Derivadas Parciais
∂f
As derivadas parciais de ∂y
(x, y) = x + 3xy 2 em relação as variáveis x e y são
∂2 f ∂2 f
(x, y) = 1 + 3y 2 e (x, y) = 6xy .
∂ x∂ y ∂ y2
3.6 Diferenciabilidade
Como já foi estudado no Cálculo Diferencial e Integral I, o gráfico de uma função
f real de uma variável real derivável é uma curva “suave”, ou seja, uma curva que não
apresenta pontos angulosos. Em cada ponto (x0 , f (x0 )) do gráfico da função f , a reta
tangente neste ponto é única.
Vamos aqui, de forma análoga, caracterizar uma função real g de duas variáveis
reais, derivável, pela “suavidade” da superfı́cie que representa o seu gráfico. Em cada
ponto (x0 , y0 , f (x0 , y0 )) do gráfico da função g deverá existir um único plano tangente à
superfı́cie que é o seu gráfico.
No caso da função real f de uma variável real a reta tangente ao gráfico no ponto
(x0 , f (x0 )) representa uma “boa aproximação” do gráfico da função quando o valor de
x está numa vizinhança de x0 . No caso da função real g de duas variáveis reais o plano
tangente deve ter a mesma interpretação.
104
Derivadas Parciais
105
Derivadas Parciais
3.6.2 Diferenciabilidade
Como foi visto no Cálculo Diferencial e Integral 1, a derivada de uma função real
de uma variável real está relacionada à reta tangente ao gráfico da função. Ou seja, a
derivada nos dá a declividade da reta tangente num ponto do gráfico.
Como vimos na seção anterior, no caso das funções reais de duas variáveis reais
temos duas reta tangentes ao gráfico da função. Isto significa que temos um plano tangente
à superfı́cie que representa o gráfico da função num certo ponto.
Então, vamos supor que exista tal plano. Assim, as retas tangentes às curvas C1
e C2 devem estar contidas nesse plano tangente à superfı́cie.
ϕ (x, y) = ax + by + c .
106
Derivadas Parciais
Segue que,
f (x0 , y0 ) = ϕ (x0 , y0 )
= ax0 + by0 + c
= fx (x0 , y0 ) x0 + fy (x0 , y0 ) y0 + c .
ϕ (x, y) = ax + by + c
De maneira intuitiva, dizemos que uma função real f de duas variáveis reais é
diferenciável no ponto (x0 , y0 ) do domı́nio se o plano dado pela equação
Definição 3.6.1 (Difenciabilidade). Dizemos que a função real f de duas variáveis reais
é diferenciável no ponto (x0 , y0 )
Para mostrar que uma função real de duas variáveis reais é diferenciável em ponto
(x0 , y0 ) do seu domı́nio utilizando a Definição 3.6.1 é necessário mostrar que os itens
(i) e (ii) da definição são verdadeiros.
Se um dos itens da Definição 3.6.1 não for verdadeiro, então a função não é
diferenciável no ponto (x0 , y0 ).
107
Derivadas Parciais
Exercı́cios Resolvidos 6
Solução: Vamos verificar se a função dada tem derivadas parciais no ponto (0, 0).
Para isso devemos verificar se
√
f (x, 0) − f (0, 0) x2
fx (0, 0) = lim = lim existe .
x→0
y=0
x x→0 x
y=0
√
x2
Logo, como os limites laterais são diferentes não existe o limite lim x
. Assim, não
x→0
y=0
existe fx (0, 0).
2y 3
, se (x, y) 6= (0, 0)
(b) h (x, y) = x2 + y 2 .
0 , se (x, y) = (0, 0)
Exercı́cios Propostos 6
Exercı́cio 1.
3.7 Proposições
108
Derivadas Parciais
3.7.1 Enunciados
Como, por hipótese, a função f é diferenciável no ponto (x0 , y0 ) segue pela De-
finição 3.6.1 que
0= 0 · 0
q
f (x, y)−[f (x0 , y0 )+fx (x0 , y0 )[x−x0 ]+fy (x0 , y0 )[y−y0 ]]
= x→x
lim √ lim (x − x0 )2 + (y − y0 )2
· x→x
0 (x−x0 )2 +(y−y0 )2 0
y→y0 y→y0
q
f (x, y)−[f (x0 , y0 )+fx (x0 , y0 )[x−x0 ]+fy (x0 , y0 )[y−y0 ]]
= x→x
lim √ · (x − x0 )2 + (y − y0 )2
0 (x−x0 )2 +(y−y0 )2
y→y0
Assim,
lim [x − x0 ] = 0 e x→x
Observe, também, que x→x lim [y − y0 ] = 0. Utilizando proprie-
0 0
y→y0 y→y0
dades de limites apresentadas no capı́tulo anterior, podemos escrever
109
Derivadas Parciais
Demonstração.
Exercı́cios Resolvidos 7
Exercı́cios Propostos 7
Exercı́cio 1.
110
Derivadas Parciais
∂f ∂f
Encontre as derivadas parciais de f em relação a x e a y, ∂x
(x, y) e ∂y
(x, y).
Exercı́cio 4.
111
Derivadas Parciais
112
Capı́tulo 4
4.1 Introdução
O cálculo do valor máximo e do valor mı́nimo de uma função de várias variáveis
é importante, na medida que contribui para a compreensão do comportamento de tais
funções. Uma outra aplicação desse estudo é nos problemas de otimização de funções.
Onde se entende por otimização a obtenção de pontos do domı́nio da função cuja a imagem
nos dará o valor máximo ou o valor mı́nimo da função.
Tais valores para uma função de duas variáveis pode ocorrer na fronteira ou no
interior de uma região do plano que representa o seu domı́nio.
Inicialmente, vamos analisar problemas em que os valores de máximo e mı́nimo
ocorrem em pontos do interior da região plana. Em seguida, desenvolveremos o estudo
para valores de máximo e mı́nimo que ocorrem em pontos da fronteira de um conjunto
do pontos do plano e também sobre uma curva.
Consideremos os seguintes exemplos:
Exemplo 1. Quais são as dimensões de uma caixa retangular sem tampa cujo volume é
V e que tenha a menor área de superfı́cie possı́vel?
113
Máximos e Mı́nimos de Funções de Várias Variáveis
Definição 4.2.1. Dizemos que P0 = (x0 , y0 ) é ponto de máximo absoluto (ou máximo
global) de f se f (x0 , y0 ) ≥ f (x, y), para todo P = (x, y) no domı́nio da função f .
4 y4
Figura 4.1: Gráfico da função f : R2 → R definida por f (x, y) = − x4 − 4
+ x + y.
114
Máximos e Mı́nimos de Funções de Várias Variáveis
14 14 1 1 1 3
f (1, 1) = − − +1+1=− − +1+1=− +2= .
4 4 4 4 2 2
Definição 4.2.2. Dizemos que (x0 , y0 ) é ponto de mı́nimo absoluto (ou mı́nimo global)
de f se f (x0 , y0 ) ≤ f (x, y), para todo (x, y) no domı́nio da função f .
115
Máximos e Mı́nimos de Funções de Várias Variáveis
Para as definições a seguir vamos considerar uma função real de duas variáveis
reais f : D ⊂ R2 → R, com D um conjunto aberto1 , e P0 = (x0 , y0 ) um ponto de D.
Definição 4.2.3. O ponto P0 = (x0 , y0 ) é um ponto de máximo relativo (ou máximo local)
se existe uma bola aberta B de centro P0 = (x0 , y0 ) e raio λ, tal que f (x, y) ≤ f (x0 , y0 )
para todo (x, y) ∈ B.
Definição 4.2.4. O ponto P0 = (x0 , y0 ) é um ponto de mı́nimo relativo (ou mı́nimo local)
se existe uma bola aberta B de centro em (x0 , y0 ) e raio λ, tal que f (x, y) ≥ f (x0 , y0 )
para todo (x, y) ∈ B.
1
Ver definições de Topologia no R2 apresentadas no Capı́tulo 2 dessas Notas de Aula.
116
Máximos e Mı́nimos de Funções de Várias Variáveis
x5 y5
Figura 4.4: Gráfico da função f : R2 → R definida por f (x, y) = 5
+ 5
− x − y.
y2
Figura 4.5: Gráfico da função f : R2 → R definida por f (x, y) = sen2 x + 2
.
y2
Note que f (x, y) ≥ 0 para todo (x, y) ∈ R2 . Pois, sen2 x ≥ 0, ∀x ∈ R, e 2
≥ 0,
y2
∀y ∈ R. Então, f (x, y) = sen2 x + 2
≥ 0, ∀ (x, y) ∈ R2 .
117
Máximos e Mı́nimos de Funções de Várias Variáveis
y2
(ii) 2
= 0, o que acarreta y = 0.
118
Máximos e Mı́nimos de Funções de Várias Variáveis
(i) para pontos da bola aberta B situados nos quadrantes ı́mpares tem-se f (x, y) = x y >
0, pois os números reais x e y tem o mesmo sinal. Assim, 0 < f (x, y).
(ii) para pontos da bola aberta B situados nos quadrantes pares tem-se f (x, y) = x y < 0,
pois os números reais x e y tem sinais contrários. Assim, f (x, y) < 0.
Logo, o ponto (0, 0) nem é ponto de máximo relativo e nem é ponto de mı́nimo
relativo.
Os pontos que anulam simultaneamente as derivas parciais de f , fx e fy , são
chamados pontos crı́ticos de f . Todo ponto crı́tico que não é ponto extremo relativo é
chamado ponto de sela.
Vamos definir formalmente.
119
Máximos e Mı́nimos de Funções de Várias Variáveis
p
Seja f : R2 → R definida por f (x, y) = x2 + y 2 .
y
As derivadas parciais de f são fx (x, y) = √ x
e fy (x, y) = √ , para todo
x2 +y 2 x2 +y 2
(x, y) 6= (0, 0) no R2 .
Note que não existem fx (0, 0) e fy (0, 0).
Assim, (0, 0) é o único ponto crı́tico de f . Como f (0, 0) = 0 e
p
f (x, y) = x2 + y 2 ≥ 0 = f (0, 0) , ∀ (x, y) ∈ R2 ,
120
Máximos e Mı́nimos de Funções de Várias Variáveis
p
Figura 4.8: Gráfico da função f : R2 → R definida por f (x, y) = x2 + y 2 .
121
Máximos e Mı́nimos de Funções de Várias Variáveis
(i) H (x0 , y0 ) > 0 e fxx (x0 , y0 ) > 0, então (x0 , y0 ) é ponto de mı́nimo local de f .
(ii) H (x0 , y0 ) > 0 e fxx (x0 , y0 ) < 0, então (x0 , y0 ) é ponto de máximo local de f .
2
A matriz hessiana foi desenvolvida no século XIX pelo matemático alemão Ludwig Otto Hesse
(Königsberg, 22 de abril de 1811 — Munique, 4 de agosto de 1874), razão porque mais tarde o ma-
temático inglês James Joseph Sylvester (Londres, 3 de setembro de 1814 — Oxford, 15 de março de 1897)
lhe deu este nome.
122
Máximos e Mı́nimos de Funções de Várias Variáveis
Logo, os pontos crı́ticos da função f são (1, 1), (1, −1), (−1, 1) e (−1, −1).
As derivadas parciais de 2ª ordem de f são fxx (x, y) = 4x3 , fxy (x, y) = 0,
fyx (x, y) = 0 e fyy (x, y) = 4y 3 .
O Hessiano de f no ponto (x0 , y0 ) é
fxx (x0 , y0 ) fxy (x0 , y0 )
H (x0 , y0 ) =
= fxx (x0 , y0 ) fyy (x0 , y0 ) − [fxy (x0 , y0 )]2 ,
fyx (x0 , y0 ) fyy (x0 , y0 )
Como fxx (1, 1) > 0 e H (1, 1) > 0, concluı́mos que (1, 1) é um ponto de mı́nimo
relativo de f .
(ii) H (1, −1) = fxx (1, −1) fyy (1, −1) = 4 (1)3 × 4 (−1)3 = 4 × (−4) = −16.
Como fxx (1, −1) > 0 e H (1, −1) < 0, concluı́mos que (1, −1) é um ponto de sela
de f .
(ii) H (−1, 1) = fxx (−1, 1) fyy (−1, 1) = 4 × (−1)3 × 4 (1)3 = (−4) × 4 = −16.
123
Máximos e Mı́nimos de Funções de Várias Variáveis
Como fxx (−1, 1) < 0 e H (−1, 1) < 0, concluı́mos que (−1, 1) é um ponto de sela
de f .
(ii) H (−1, −1) = fxx (−1, −1) fyy (−1, −1) = 4 (−1)3 × 4 (−1)3 = (−4) × (−4) =
16.
Como fxx (−1, −1) < 0 e H (−1, −1) > 0, concluı́mos que (−1, −1) é um ponto de
máximo relativo de f .
1
Exercı́cio 3. Mostre que a função f (x, y) = 2
− sen (x2 + y 2 ) admite um máximo local
na origem.
1
Exercı́cio 4. O gráfico da função f (x, y) = xy
é uma superfı́cie S no R3 . Encontre os
pontos de S mais próximos da origem.
124
Máximos e Mı́nimos de Funções de Várias Variáveis
Para resolver tal problema podemos, quando possı́vel, reduzi-lo, usando a res-
trição, ao cálculo dos máximos e mı́nimos de uma função real de uma variável real.
Nem sempre tal procedimento é uma tarefa fácil e, frequentemente, o método
descrito numa das proposição a seguir é mais conveniente de se aplicar.
Para atingir o nosso objetivo, que é encontrar um método para determinar os
pontos extremantes, vejamos uma proposição.
Demonstração.
3
Ver as definições de Topologia no R2 apresentadas no Capı́tulo 2 dessas Notas de Aula.
4
Ver as definições de Topologia no R2 apresentadas no Capı́tulo 2 dessas Notas de Aula.
125
Máximos e Mı́nimos de Funções de Várias Variáveis
f (x, y) = 0
x
2y (x − 2) = 0
∼ .
f (x, y) = 0 (x − 2)2 + 2y − 1 = 0
y
126
Máximos e Mı́nimos de Funções de Várias Variáveis
h0 (y) = 3y 2 − 6y + 3 = 3 y 2 − 2y + 1 = 3 (y − 1)2 .
x2 + 8xy + 7y 2 − 225 = 0 .
127
Máximos e Mı́nimos de Funções de Várias Variáveis
p
A distância de um ponto qualquer (x, y) à origem (0, 0) é dada por d = x2 + y 2 .
Assim, chamando de f (x, y) = x2 + y 2 , devemos encontrar o ponto (x, y) que minimiza
a função f com a restrição g (x, y) = x2 + 8xy + 7y 2 − 225 = 0.
Observe que tanto f quanto g possuem derivadas parciais de 1ª ordem contı́nuas
em R2 .
Os gradientes de f e g são ∇f (x, y) = (2x, 2y) e ∇g (x, y) = (2x + 8y, 8x + 14y),
respectivamente. Note que ∇g (x, y) se anula apenas em (0, 0), que não satisfaz à restrição
g (x, y) = 0.
Pela Proposição 4.2.2 devemos resolver a equação vetorial
Este sistema linear é homogêneo. Se ele for determinado a única solução é (0, 0),
que como já vimos, não satisfaz a equação x2 + 8xy + 7y 2 − 225 = 0.
Logo, o sistema linear homogêneo tem que ser indeterminado. Assim,
1 + λ +4λ
= 0 ⇔ (1 + λ) (1 + 7λ) − 16λ2 = 0 ⇔ −9λ2 + 8λ + 1 = 0 .
4λ 1 + 7λ
x = ±√5
2x − y = 0
∼ .
x2 + 8xy + 7y 2 − 225 = 0 y = ±2√5
√ √ √ √
As soluções do sistema são os pontos 5, 2 5 e − 5, −2 5 . Segue que
√ √ √ 2 √ 2 √ √ √ 2 √ 2
f 5, 2 5 = 5 + 2 5 = 25 e f − 5, −2 5 = − 5 + −2 5 = 25.
128
Máximos e Mı́nimos de Funções de Várias Variáveis
2 +y 2 +y
Exercı́cio 2. Determine o maior e o menor valor de f (x, y) = ex se (x, y) pertence
ao segmento de reta de equação y + x − 1 = 0, 0 ≤ x ≤ 1.
129
Máximos e Mı́nimos de Funções de Várias Variáveis
130
Capı́tulo 5
Integrais Múltiplas
As funções reais de várias variáveis reais, como já vimos, é uma extensão natural
das funções reais de uma variável real. Da mesma forma podemos dizer que as inte-
grais múltiplas, que estão relacionadas às funções reais de várias variáveis reais, são uma
extensão natural das integrais das funções reais de uma variável real.
As técnicas de integração que foram apresentadas na disciplina Cálculo Diferencial
e Integral I serão utilizadas para o cálculo das integrais múltiplas. Assim, vale a pena
uma boa revisão dessas técnicas por parte do estudante.
Apresentaremos aqui as chamadas integrais duplas, que são as integrais de funções
reais de duas variáveis reais, e as integrais triplas, que são as integrais de funções reais
de três variáveis reais. Perceberemos que os procedimentos utilizados para o cálculo da
primeira serão semelhantes para o cálculo da segunda.
Os procedimentos desenvolvidos para as integrais duplas serão estendidos para
as integrais triplas ou de uma quantidade de variáveis maior do que três. Começaremos,
então, com as integrais duplas.
131
Integrais Múltiplas
partição de um intervalo fechado e a Soma de Riemann para definir a integral dupla. Para
isso vamos relembrar a definição de partição de um intervalo.
P = {x0 , x1 , x2 , . . . , xn−1 , xn } ,
δ = máx {∆ x1 , ∆ x2 , . . . , ∆ xn−1 , ∆ xn } ,
132
Integrais Múltiplas
0 < ∆ xi ≤ δ, ∀i = 1, 2, . . . , (n − 1), n .
Outra coisa que é de fácil verificação é que “se δ se aproxima de zero, então ∆ xi
se aproxima de zero, para todo i = 1, 2, . . . , (n − 1), n”.
(i) Em [a, b] uma partição Px dada por Px = {x0 , x1 , . . . , xn−1 , xn }, com intervalo
genérico [xr−1 , xr ] de amplitude ∆xr = xr − xr−1 , onde r = 1, 2, . . . , n e com
amplitude máxima δx .
(ii) Em [c, d] uma partição Py dada por Py = {y0 , y1 , . . . , yn−1 , ym }, com intervalo
genérico [yi−1 , yi ] de amplitude ∆yi = yi − yi−1 , onde i = 1, 2, . . . , m e com ampli-
tude máxima δy .
1
Georg Friedrich Bernhard Riemann (Breselenz, Reino de Hanôver, 17 de setembro de 1826 — Selasca,
Verbania, 20 de julho de 1866) foi um matemático alemão, com contribuições fundamentais para a Análise
e a Geometria Diferencial.
133
Integrais Múltiplas
Rr i = [xr−1 , xr ] × [yi−1 , yi ] .
n m
!
X X
lim f (xr , y i ) ∆xr ∆yi
δ→0
r=1 i=1
134
Integrais Múltiplas
19 x2 1
= ·
3 2 0
19
= .
6
1 y 3 3
= ·
2 3 2
19
= .
6
135
Integrais Múltiplas
Exercı́cios Resolvidos 1
Z 2 Z 4
(a) 2xy dydx.
1 0
Z 2 Z 4 Z 2 Z 4
2xy dydx = 2xy dy dx
1 0 1 0 x é considerado
Z 2 Z 4
uma constante
= x 2y dy dx
1 0
Z 2 h i
2 4
= x y 0 dx
1
Z 2
x 42 − 02 dx
=
1
Z 2
= 16 x dx
1
16 = 8 × 2
Z 2
=8 2 x dx
1
2
= 8 x2 1
= 8 (22 − 12 )
=8×3
= 24 .
Z 3 Z 0
x2 y − 2xy dydx.
(b)
0 −2
136
Integrais Múltiplas
Z 3 Z 0 Z 3 Z 0
2 2
x y − 2xy dydx = x − 2x y dy dx
0 −2 0 −2 x2 − 2x é
Z 3 Z 0
2
constante
= x − 2x y dy dx
0 −2
Z 3 y 2 0
2
= x − 2x dx
2 −2
0
!
3
02 (−2)2
Z
2
= x − 2x − dx
0 2 2
Z 3
x2 − 2x dx
= (−2)
0
Z 3 Z 3
2
= (−2) x dx − 2x dx
0 0
3
3
x3
= (−2) 3 − x2
0 0
h i
33 0 3
2 2
= (−2) 3
− 3
− (3 − 0 )
= (−2) × 0
=0.
Z ln2 Z ln5
(c) e2x+y dydx.
0 1
137
Integrais Múltiplas
5 − e 2x ln2
= e 0
2
5 − e 2 ln2
= e − e2·0
2
5−e
= (4 − 1)
2
3 (5 − e)
= .
2
Z 1 Z 1
y
(d) dxdy.
0 0 1 + xy
138
Integrais Múltiplas
Z 1 Z 1 Z 1 Z 1
y y
dxdy = dx dy
0 0 1 + xy 0 0 1 + xy
Z 1h
1 i
= ln (1 + xy) 0 dy
0
Z 1
= [ln (1 + 1 · y) − ln (1 + 0 · y)] dy
0
Z 1
= ln (1 + y) dy
0
1
= (1 + y) [ln (1 + y) − 1] 0
= 2 ln 2 − 1 ln 1
= ln 4 .
Z Z −1 ≤ x ≤ 1
(b) x y cos y dA, R :
0≤y≤π
R
Z Z 0≤x≤2
2
(c) xyexy dA, R :
0≤y≤1
R
Z Z
y 0≤x≤1
(d) dA, R :
x2 y 2 + 1 0≤y≤1
R
Lista de Exercı́cios 1
139
Integrais Múltiplas
4 4
√
Z Z x
Z 2Z 1 (h) + y dxdy
(b) (x − y) dydx 1 0 2
0 −1
Z 0 Z 1 (i)
(c) (x + y + 1) dxdy Z 1 Z 2
−1 −1 (j) xyex dydx
0 1
1 1
x2 + y 2
Z Z
π
(d) 1− dxdy Z 2 Z
2
0 0 2 (k) ySen x dxdy
−1 0
Z 3Z 2
4 − y 2 dydx
(e) Z 2π Z π
0 0 (l) (Sen x + Cos y) x dxdy
π 0
Exercı́cio 2. Calcule a integral dupla sobre a região R dada.
(a) Z Z
0 ≤ x ≤ ln2
Z Z √
x−y
x 0≤x≤4 (e) e dA, R :
(b) dA, R : 0 ≤ y ≤ ln2
y2 1≤y≤2 R
R
(f )
(c)
0≤x≤1
Z Z 3
xy
Z Z −π ≤ x ≤ 0 (g) dA, R :
(d) ySen (x + y) dA, R : x2 + 1 0≤y≤2
0≤y≤π R
R
Tomemos, então, uma função real f de duas variáveis reais tal que z = f (x, y)
definida e contı́nua em um retângulo R contido no R2 ,
R = (x, y) ∈ R2 ; a ≤ x ≤ b e c ≤ y ≤ d .
140
Integrais Múltiplas
(h)
f : D ⊂ R2 −→ R
(x, y) 7−→ z = f (x, y)
141
Integrais Múltiplas
Como o domı́nio D da função f é uma região plana e limitada, existe uma região
plana retangular R, onde R = [a, b] × [c, d], tal que D ⊂ R. Esboçamos esta situação na
figura a seguir.
Vamos definir uma função real de duas variáveis reais g cujo domı́nio será o
retângulo plano R Assim,
g : R ⊂ R2 −→ R
(x, y) 7−→ z = g (x, y)
142
Integrais Múltiplas
essa integral dupla será, por definição, a integral dupla da função f , sobre o domı́nio D,
e representaremos essa integral por
ZZ
f (x, y) dx dy .
D
ZZ ZZ
f (x, y) dx dy = g (x, y) dx dy ,
D R
Exercı́cios Resolvidos 2
Z Z
Exercı́cio 1. Calcule (x + y) dy dx, onde D é o domı́nio plano limitado por y 3 = x,
D
y = 0 e x = 1.
√
Solução: Note que y 3 = x ⇔ y = 3 x. A região D é a região plana compreendida abaixo
√
da curva y = 3 x, acima da reta y = 0 e a esquerda da reta x = 1. A região D está
esboçada a seguir.
√
Observe que o x varia no intervalo [0, 1] e o y podemos dizer que varia de zero até 3
x.
Assim podemos escrever
√
3
Z 1 Z x
(x + y) dy dx .
0 0
143
Integrais Múltiplas
√
3
"Z √
3
#
Z 1 Z x Z 1 x
(x + y) dy dx = (x + y) dy dx
0 0 0 0
" Z √
3 √
3
#
Z 1 x Z x
= x dy + y dy dx
0 0 0
1 √ √
x y2 x
3 3
Z
= x y + dx
0 0 2 0
Z 1
4 1 2
= x 3 + x 3 dx
0 2
Z 1
1 1 2
Z
4
= x 3 dx + x 3 dx
0 2 0
7 5
3 x 3 1 3 x 3 1
= +
7 0 10 0
3 3
= +
7 10
51
= .
70
144
Integrais Múltiplas
área. Z ln 2 Z ex Z ln 2 Z ex
dy dx = dy dx
0 0 0 0
Z ln 2 x
e
= y dx
0 0
Z ln 2
= [ex − 0] dx
0
Z ln 2
= ex dx
0
ln 2
x
=e
0
= eln 2 − e0
=2−1
=1.
145
Integrais Múltiplas
146
Integrais Múltiplas
Exercı́cios Resolvidos 3
ZZZ
Exercı́cio 1. Calcule x y z dx dy dz, onde P = [0, 1] × [1, 2] × [0, 3].
P
Z 1 Z 2 Z 3 Z 1 Z 2 Z 3
x y z dz dy dx = x y z dz dy dx
0 1 0 0 1 0
Z 1 Z 2 Z 3
= xy z dz dy dx
0 1 0
1 2
z 2 3
Z Z
= x y dy dx
0 1 2 0
Z 1Z 2 2
02
3
= xy − dy dx
0 1 2 2
Z 1 Z 2
9
= x y dy dx
0 1 2
Z 1 Z 2
9
= x y dy dx
0 2 1
Z 1
9 y 2 2
= x dx
0 2 2 1
Z 1 2
12
9 2
= x − dx
0 2 2 2
Z 1
27
= x dx
0 4
27 1
Z
= x dx
4 0
27 x2 1
=
4 2 0
27 12 02
= −
4 2 2
27
= .
8
ZZZ
Exercı́cio 2. Calcule sen (x + y + z) dx dy dz, onde P = [0, π] × [0, π] × [0, π].
P
147
Integrais Múltiplas
Z π Z π Z π Z π Z π Z π
sen (x + y + z) dz dy dx = sen (x + y + z) dz dy dx
0 0 0 0 0 0
Z π Z π h π i
= −cos (x + y + z) dy dx
0 0 0
Z π Z π
= [cos (x + y) − cos (x + y + π)] dy dx
0 0
Z π Z π
= [cos (x + y) − cos (x + y + π)] dy dx
0 0
Z π h π π i
= sen (x + y) − sen (x + y + π) dx
0 0 0
Z π
= [ [sen (x + π) − sen (x + 0) ] −
0
−2 [cos (π + π) − cos (0 + π) ]
= −2 − 2 − 2 · 2
= −8 .
ZZZ
x2 + y 2 + z 2 + x y z dx dy dz, onde P é a “porção”do espaço
Exercı́cio 3. Calcule
P
dada por P = [0, 1] × [0, 1] × [0, 1].
148
Integrais Múltiplas
Z 1 Z 1 Z 1 Z 1 Z 1 Z 1
2 2 2 2 2 2
x + y + z + x y z dz dy dx = x + y + z + x y z dz dy dx
0 0 0 0 0 0
Z 1 Z 1 Z 1
x2 + y 2 dz +
=
0 0 0
Z 1 Z 1
2
+ z dz + x y z dz dy dx
0 0
Z 1 Z 1
1 z 3 1
= x2 + y 2 z + +
0 0 0 3 0
1
z2
+ xy 2
dy dx
0
Z 1 Z 1 Z 1
2 1
= x + dy + y 2 dy +
0 0 3 0
Z 1
1
+ x y dy dx
0 2
Z 1
1 y 3 1 1 y 2 1
2 1
= x + y + + x dx
0 3 0 3 0 2 2 0
Z 1 Z 1 Z 1
2 2 1
= x dx + dx + x dx
0 0 3 0 4
x3 1 2 1 1 x2 1
= + x + ·
3 0 3 0 4 2 0
1 2 1 1
= + ·1+ ·
3 3 4 2
1 2 1
= + +
3 3 8
9
= .
8
149