Você está na página 1de 19

Universidade Federal de Campina Grande - UFCG

Centro de Ciências e Tecnologia - CCT


Unidade Acadêmica de Matemática - UAMat
Disciplina: Cálculo Diferencial e Integral I
Notas de Aula - Derivadas e Aplicações

1 Derivada
Muitos problemas importantes de Cálculo envolvem a determinação da reta tangente a uma
curva dada, em um determinado ponto dela. Para uma circunferência, sabemos da Geometria
Plana que a reta tangente em um ponto seu é a reta que tem com ela um único ponto comum.
Essa definição entretanto não é válida para uma curva em geral, como veremos a seguir.

Determinação de uma reta tangente para o gráfico de uma


função
Para determinar uma reta tangente em uma curva arbitrária y = f (x) em um ponto P (x0 , f (x0 )),
calculamos o coeficiente angular da secante que passa por P (x0 , f (x0 )) e por um ponto próximo
Q(x0 + h, f (x0 + h)). Em seguida, investigamos o limite do coeficiente angular quando h → 0.
Se o limite existir, o chamamos de coeficiente angular da curva em P e definimos a tangente
em P como a reta que passa por P e que tem esse coeficiente angular.

Figura 1: Ilustração da função f da reta secante passando pelos pontos P e Q e da reta tangente
passando pelo ponto P . Fonte [?].

Definição 1. O coeficiente angular da curva y = f (x) no ponto P (x0 , f (x0 )) é o número


f (x0 + h) − f (x0 )
m = lim desde que o limite exista. (1)
h→0 h

1
A reta tangente à curva em P é a que passa por P com esse coeficiente angular.

Exemplo 1. Determine o coeficiente angular da curva y = 1/x em qualquer ponto x = a 6= 0.


1
a) Qual é o coeficiente angular no ponto x = −1? Seja a função f (x) = , primeiramente
  x
1
vamos determinar o coeficiente angular em a, .
a
1
f (a + h) − f (a) a+h
− a1 −h
lim = lim = lim
h→0 h h→0 h h→0 ha(a + h)
1 1
lim − = − 2.
h→0 a(a + h) a
1
Portanto, m = − . Para x = a = −1. Temos que, m = −1.
a2
1
b) Em que ponto o coeficiente angular é −1/4? O coeficiente angular de y = no ponto em
x
que x = a é −1/a2 . Será −1/4 se
1 1
− = −
a2 4
Essa equação é equivalente a a2 = 4, assim a = −2 e a = 2. Portanto, a curva tem
coeficiente angular −1/4 nos dois pontos (2, 1/2) e (−2, −1/2).

c) O que acontece com a tangente à curva no ponto (a, 1/a) à medida que a varia? O
coeficiente angular é −1/a2 será sempre negativo se a 6= 0. A medida que a → 0+ , o
coeficiente angular se aproxima de −∞ e a tangente se torna cada vez mais ı́ngreme. O
mesmo acontece quando a → 0− . Quando a se afasta da origem em qualquer direção, o
coeficiente angular se aproxima de 0 e a tangente fica nivelada para se tornar horizontal.

Figura 2: Ilustração da função f e das equações da reta tangente correspondentes a letra a) e


b). Fonte [?].

2
Exemplo 2. Ache a inclinação da reta tangente ao gráfico da função definida por y = x3 −3x+4
no ponto (2, 6).

Definição 2. A reta normal a um gráfico em um dado ponto é a reta perpendicular à reta


tangente naquele ponto.

Exemplo 3. Determine a reta normal ao gráfico do Exemplo 2 no ponto (2, 6).

Definição 3. A derivada de uma função f em um ponto x0 , denotada por f 0 (x0 ), é

f (x0 + h) − f (x0 )
f 0 (x0 ) = lim , (2)
h→0 h

desde que esse limite exista.

2 A derivada como função


Investigaremos a derivada como uma função deduzida de f , considerando o limite em cada
ponto x no domı́nio de f .

Definição 4. A derivada de uma função f (x) em relação à variável x é a função f 0 , cujo valor
em x é
f (x + h) − f (x)
f 0 (x) = lim , (3)
h→0 h
desde que o limites exista.

O domı́nio de f 0 é o conjunto de pontos no domı́nio de f para o qual o limites existe, o que


significa que o domı́nio pode ser o mesmo ou menor que o domı́nio de f . Se f 0 existe em um
determinado x, dizemos que f é derivável (tem derivada) em x. Se f 0 existe em
cada ponto do domı́nio de f , dizemos que f é derivável.
x
Exemplo 4. Usando a definição de derivada , determine a derivada de f (x) = .
x−1

x+h x
0 f (x + h) − f (x) x+h−1
− x−1
f (x) = lim = lim
h→0 h h→0 h
1 (x + h)(x − 1) − x(x + h − 1)
= lim ·
h→0 h (x + h − 1)(x − 1)
1 −h
= lim ·
h→0 h (x + h − 1)(x − 1)
−1
= .
(x − 1)2

3
Observação 1. Se fizermos a mudança de variável z = x + h em (3), então a definição de
derivada por limite pode ser reescrita como

f (z) − f (x)
f 0 (x) = lim . (4)
z→x z−x

Notações para derivada de y = f (x):

dy df d
f 0 (x) = y 0 = = = f (x) = D(f )(x) = Dx f (x) (5)
dx dx dx

3 Derivabilidade em um intervalo e Derivadas laterais


Uma função y = f (x) será derivável em um intervalo aberto (finito ou infinito) se tiver uma
derivada em cada ponto do intervalo. Será derivável em um intervalo fechado [a, b], se for
derivável no interior (a, b) e se os limites laterais existirem,

f (a + h) − f (a)
f+0 (a) = lim+ (derivada à direita em a)
h→0 h

e
f (b + h) − f (b)
f−0 (b) = lim− (derivada à esquerda em b).
h→0 h
Derivadas laterais podem existir em qualquer ponto do domı́nio da função, e podemos usar esse
conceito para caracterizar uma função que é derivável em um determinado ponto do domı́nio:

f é derivável em c ⇔ existem f+0 (c), f−0 (c) e f+0 (c) = f−0 (c) = f 0 (c).

Exemplo 5. Mostre que a função f (x) = |x| é derivável em (−∞, 0) e (0, ∞), mas não tem
derivada em x = 0.

f (a + h) − f (a) |0 + h| − |0| |h|


f+0 (0) = lim+ = lim+ = lim+ =1
h→0 h h→0 h h→0 h

f (a + h) − f (a) |0 + h| − |0| |h|


f−0 (0) = lim− = lim− = lim− = −1
h→0 h h→0 h h→0 h

Isso implica que a função é derivável lateralmente à direita e à esquerda. Mas não é derivável
em x = 0.

Exercı́cio 1. Verifique se a função f (x) = x é derivável em x = 0.

4
4 Quando uma função não apresenta derivada em um
ponto?
Derivabilidade tem a ver com uma ”suavidade“ da curva de f . Uma função pode não apresentar
derivada em determinado ponto por vários motivos, incluindo a existência de pontos em que o
gráfico apresenta: bico, cúspide,tangente vertical ou descontinuidade.

Figura 3: Ilustração de funções não deriváveis. Fonte [?].

Pergunta: As funções deriváveis são contı́nuas? Uma função é contı́nua em todos os


pontos em que tiver uma derivada.

Teorema 1. (Derivabilidade implica em continuidade) Se f tem derivada em x = c, então f é


contı́nua em x = c.
0 0
Exercı́cio 2. Seja função f (x) = x1/3 ache f (x). Mostre que f (0) não existe, mesmo que f
seja contı́nua nesse número. Faça um esboço o gráfico de f .

5
5 Regras de derivação
Neste tópico vamos apresentar algumas regras que permitem derivar funções constantes, funções
potências, polinômios, funções exponenciais entre outras e determinar combinações delas, sim-
ples e diretamente, sem ter que a cada vez aplicar limites.

5.1 Somas, diferenças e potências:


df d
Regra 1: Se f tem o valor constante f (x) = c, então = (c) = 0.
dx dx
Exemplo 6.

a) f (x) = 5, ∀x ∈ R;
π
b) f (x) = , ∀x ∈ R.
2
dxn
Regra 2: Se n for inteiro positivo, então = nxn−1 .
dx
Exemplo 7.

a) f (x) = x3 ;

b) f (x) = x4 .

Regra da Potenciação (Versão Geral): Se n ∈ R, então

d n
x = nxn−1 ,
dx
para todo x em que as potências xn e xn−1 forem definidas.
d df
Regra 3: Se f for uma função derivável e c uma constante, então (cf ) = c .
dx dx
Exemplo 8.

a) f (x) = 2x3 ;

b) f (x) = −x.

Regra 4: Se f e g são duas funções deriváveis, então f + g é derivável e


d df dg
(f + g) = + .
dx dx dx
Exemplo 9.
1
a) f (x) = x3 + 4x;
3
b) f (x) = an xn + an−1 xn−1 + · · · + a1 x + a0 , com an , an−1 , · · · a1 , a0 constantes reais.

c) f (x) = 4x3 − 2x2 − 3.

6
5.2 Derivada de funções exponenciais
d x
Considerando f (x) = ax e calculando (a ), após alguns cálculos obtemos
dx
ah − 1
 
d x
(a ) = lim ax .
dx h→0 h
Note que, considerando f (x) = ax temos
ah − a0 ah − 1
f 0 (0) = lim = lim ,
h→0 h h→0 h
então
d x
(a ) = f 0 (0)ax .
dx
No estudo das integrais, é possı́vel provar que

f 0 (0) = ln a.

Sendo assim,
d x
(a ) = ln(a)ax .
dx
Desta forma, fica claro que
d x
(e ) = ex .
dx

5.3 Produtos e Quocientes

Regra 5: Se f e g são duas funções deriváveis, então f g é derivável e


d df dg
(f g) = g +f .
dx dx dx
Exemplo 10.
1 2
a) f (x) = (x + ex );
x
b) f (x) = 3x (3x5 + 2x);
2 7
Exercı́cio 3. Se y = uv e u(2) = 3, u0 (2) = 1, v(2) = − e v 0 (2) = − . Determine y 0 (2).
3 2
f
Regra 6: Se f e g são duas funções deriváveis em x e g(x) 6= 0, então é derivável e
g

g df − f dg
 
d f
= dx 2 dx .
dx g g
Exemplo 11.
x2 − 1
a) f (x) = ;
x2 + 1
b) f (x) = e−x ;

7
Derivadas de Ordem Superior

Se y = f (x) é uma função derivável, então sua derivada f 0 (x) também é uma função. Se f 0
também for derivável, então podemos derivar f 0 para obtermos uma nova função denotada f ” =
(f 0 )0 . Repetindo esse raciocı́nio a terceira derivada de f , caso exista, denotamos f (3) = (f ”)0 , e
de forma geral f (n) = (f (n−1) )0 .

Exemplo 12. A função y = x3 − 3x2 + 2 possui derivadas de todas as ordens.

6 Derivada como taxa de variação


Taxas de variação
Suponha que y seja uma quantidade que depende de outra quantidade x. Assim, y é uma
função de x e escrevermos y = f (x). Se x variar de x1 a x2 , então a variação em x ( também
chamado de incremento de x) será
∆x = x2 − x1

e a variação correspondente em y será

∆y = f (x2 ) − f (x1 )

O quociente das diferenças


∆y f (x2 ) − f (x1 )
=
∆x x2 − x1
é denominado taxa média de variação de y em relação a x no intervalo [x1 , x2 ] e pode ser
interpretado como a inclinação da reta secante P Q na Figura 1 a seguir:

Figura 4: Fonte [?].

8
Definição 5. Seja uma função f a taxa de variação instantânea de f em relação a
x = x0 é a derivada
f (x0 + h) − f (x0 )
f 0 (x0 ) = lim ,
h→0 h
desde que esse limite exista.

Exemplo 13. A área de um cı́rculo se relaciona com seu diâmetro pela seguinte equação:
π 2
A= d.
4
Qual a taxa de variação da área do cı́rculo quando o diâmetro é de 10m?
Solução: a taxa de variação da área em relação ao diâmetro é de
dA π πD
= · 2D =
dD 4 2
π 
Quando D = 10m, a área varia com relação ao diâmetro a uma taxa de · 10 = 5πm2 /m.
2

6.1 Movimento retilı́neo

A derivada de uma função f no número x0 tem uma interpretação importantı́ssima como taxa
de variação instantânea de f em x0 . Começaremos considerando uma partı́cula movendo-se
ao longo de uma reta, que seria uma aplicação em Fı́sica. Tal movimento é chamado de
movimento retilı́neo.
Suponhamos que um corpo se move ao longo de um eixo coordenado, na horizontal ou
vertical, e que sua posição no decorrer do tempo é dada pela função

s = f (t).

O deslocamento do objeto no transcorrer do tempo t para t + ∆t é dado por

∆s = f (t + ∆t) − f (t).

A velocidade média do objeto no intervalo [t, t + ∆t] é dado por

deslocamento ∆s f (t + ∆t) − f (t)


vmed = = = .
tempo ∆t ∆t
Para determinar a velocidade do corpo no exato instante t, calculamos o limite da velocidade
média ao longo do intervalo [t, t + ∆t] com ∆t tendendo a zero.

Definição 6 (Velocidade Instantânea). A velocidade instantânea de um corpo que tem sua


posição ao longo do tempo dada pela função s = f (t) é dada pela derivada
ds f (t + ∆t) − f (t)
v(t) = = lim .
dt ∆t→0 ∆t

9
A velocidade escalar (ou rapidez) é definida por,

vesc = |v(t)|.

Definição 7 (Aceleração). Se a posição de um objeto é dado no tempo t por s = f (t),


definimos a aceleração no tempo t por

dv d2 s
a(t) = = 2.
dt dt

A sobreaceleração do objeto no tempo t é dada por

d3 s
j(t) = .
dt3

Exemplo 14. Considere a queda livre de uma bola pesada que parte do repouso no instante
t = 0.

a) Quantos metros a bola cai nos primeiro 2s? Lembre: a equação métrica da queda livre é
s(t) = 4, 9t2 .

Solução: Durante os dois primeiros segundos, a bola cai assim

s(2) = 4, 9(22 ) = 19, 6m.

b) Quais são a velocidade, módulo de velocidade e a aceleração da bola quando t = 2?

Solução: Em qualquer instante t, a velocidade é a derivada da posição

d
v(t) = s0 (t) = (4, 9t2 ) = 9, 8t
dt

Em t = 2, a velocidade é v(2) = 9, 8(2) = 19, 6m/s. Em qualquer instante t, a aceleração



a(t) = v 0 (t) = s00 (t) = 9, 8m/s2 .

7 Derivadas de funções trigonométricas


Muitos fenômenos da natureza são mais ou menos periódicos (campos eletromagnéticos, ritmos
cardı́aco, marés, previsão do tempo). As derivadas de senos e cossenos desempenham um papel

10
fundamental na descrição de variações periódicas. A seguir vamos mostrar como derivar as seis
funções trigonométricas básicas.
Para calcularmos as derivadas das funções seno e cosseno usaremos as seguintes relações
trigonométricas:
sen(a + b) = sen(a) cos(b) + sen(b) cos(a) (6)

e
cos(a + b) = cos(a) cos(b) − sen(a) sen(b) (7)

Vamos usar a definição de derivada por limite juntamente com a expressão (6) para mostrar
d(sen(x))
que = cos(x).
dx
d(sen(x)) f (x + h) − f (x) sen(x + h) − sen(x)
= lim = lim
dx h→0 h h→0 h
sen(x)cos(h) + cos(x)sen(h) − sen(x)
= lim
h→0 h
sen(x)[cos(h) − 1] + cos(x)sen(h)
= lim
h→0 h
cos(h) − 1 sen(h)
= sen(x) · lim + cos(x) · lim
h→0 h h→0 h
= sen(x) · 0 + cos(x) · 1

= cos(x)

Exemplo 15. Determine as derivadas a seguir:


dy d 2 d
a) y = x2 − sen(x) ⇒ = (x ) − [sen(x)] = 2x − cos(x)
dx dx dx
b) y = ex · sen(x) ⇒

dy d x d
= (e )sen(x) + ex [sen(x)]
dx dx dx
= ex cos(x) + ex sen(x)

= ex [cos(x) + sen(x)]

sen(x)
c) y = ⇒
x
d d
x · dx [sen(x)] − sen(x) ·
 
dy d sen(x) dx
(x)
= =
dx dx x x2
x · cos(x) − sen(x)
= .
x2

11
De forma análoga, mas agora usando a expressão a expressão (7) conseguimos mostrar que,

d(cos(x)) cos(x + h) − cos(x)


= lim = − sen x.
dx h→0 h

Exemplo 16. Determine as derivadas a seguir:

a) y = 5ex + cos(x) ⇒

dy d d
= (5ex ) + [cos(x)]
dx dx dx
= 5ex − sen(x).

b) y = sen(x) cos(x) ⇒

dy d d
= sen(x) [cos(x)] + [sen(x)] cos(x)
dx dx dx
= −sen2 (x) + cos2 (x)

cos x
c) y = (Exercı́cio)
1 − sen x
Exemplo 17. Determine as derivada das funções a seguir:

a) y = tg(x) ⇒
 
dy d d sen(x)
= [tg(x)] =
dx dx dx cos(x)
d d
cos(x) · dx (sen(x)) − sen(x) · dx (cos(x))
= 2
cos (x)
cos(x) cos(x) − sen(x)[−sen(x)]
=
cos2 (x)
cos (x) + sen2 (x)
2
=
cos2 (x)
1
=
cos2 (x)
= sec2 (x)

b) f (x) = sec(x)(Exercı́cio)

c) f (x) = cotg(x)(Exercı́cio)

12
A diferenciabilidade das funções trigonométricas em todas as partes de seus domı́nios dá a
prova de sua continuidade em qualquer ponto do seu domı́nio. Assim podemos calcular os limites
de combinações algébricas e composições de funções trigonométricas usando a propriedade de
substituição direta.

Exemplo 18. Podemos usar a propriedade de substituição direta em calculo de limites desde
que não haja divisão por zero, o que é algebricamente indefinido. Considere o limite a seguir:


p p
2 + sec(x) 2 + sec(0) 2+1
lim = = =− 3
x→0 cos(π − tg(x)) cos(π − tg(0)) cos(π − 0)

8 A Regra da Cadeia
Como podemos derivar F (x) = sen(x2 − 4)? Essa função é a composta f ◦ g de duas funções
y = f (u) e u = g(x) = x2 − 4, que sabemos como derivar. A resposta é dada pela Regra da
Cadeia, diz que a derivada é o produto das derivadas de f e g.

Teorema 2 (Regra da Cadeia). Se f é uma função diferenciável em um ponto u = g(x) e g é


diferenciável em x, então a função composta f ◦ g é diferenciável em x e

(f ◦ g)0 (x) = f 0 (g(x)) · g 0 (x).

Usando a notação de Leibniz, considerando y = f (u) com u = g(x) temos

dy dy du
= · .
dx du dx

Exemplo 19. Verifique a validade da Regra da Cadeia para a função y = (3x2 + 1)2 .
Solução: note que a função y é a composta de duas funções

y = f (u) = u2 e u = g(x) = 3x2 + 1

13
dy du du
Assim, = 2u e = 6x. Logo,
du dx dx
dy dy du du
= · = 2u = 2(3x2 + 1) · (6x) = 36x3 + 12x
dx du dx dx

Exemplo 20. Um objeto se desloca ao longo do eixo x, de modo que sua posição em qualquer
instante t ≥ 0 é dada por x(t) = cos(t2 + 1). Determine a velocidade do objeto em função do
tempo t.
dx
Solução: sabemos que a velocidade é calculada por . Note que x é uma função composta:
dt
x = cos(u) e u = t2 + 1.
dx dx du
Pela regra da cadeia = , temos que
dt du dt
dx d du d
= (cos(u)) = −sen(u) e = (t2 + 1) = 2t
du du dt dt

Assim,
dx
= −sen(u) · 2t = −2t · sen(t2 + 1).
dt

Muitas vezes a regra da cadeia é denominada da regra “ de fora para dentro”. Se y = f (g(x))
0 0 0
então y = f (g(x)) · g (x). A leitura que fazemos dessa expressão: deriva a função “ de fora”,
aplicada na função “ de dentro” e a seguir multiplique-a pela derivada da função “ de dentro”.
0
Exemplo 21. Use a regra da cadeia para determinar y nas funções a seguir:

a) y = sen(x2 + ex )
0
Solução: y = cos(x2 + ex ) · (2x + ex ).

b) y = ecos x
0
Solução: y = ecos x · (−sen(x)) = −sen(x) · ecos x .

c) y = sen5 (x)
0
Solução: y = 5sen4 (x) · cos(x).

d) y = x2 + 1
0 1 x
Solução: y = (x2 + 1)−1/2 · (2x) = p
2 (x2 + 1)

14
Observação 2. É do nosso conhecimento que a função y = |x| não é derivável em x = 0. No

entanto, tal função é derivável para todos os outros números reais. Uma vez que |x| = x2 ,
podemos deduzir a seguinte fórmula:

d|x| d √ 2 1 d 1 x
= ( x ) = √ · (x2 ) = · 2x = , x 6= 0.
dx dx 2 x2 dx 2|x| |x|
1
Exercı́cio 4. Mostre que o coeficiente angular de toda reta tangente à curva y = é
(1 − 2x)3
positivo.

9 Derivação implı́cita
Até aqui estudamos funções que são dadas explicitamente em função de x, y = f (x). Contudo
algumas vezes não conseguimos um expressão para representar y explicitamente em função de
x. Por exemplo,
x2 + y 2 = 1 e x3 + y 3 − 9xy = 0.
dy
No que segue descrevemos o processo para determinarmos quando y é dado implicitamente
dx
em relação a x.
dy
Exemplo 22. Determine se y 2 = x.
dx

dy 2 dy dy dy 1
(y ) = (x) ⇒ 2y =1⇒ =
dx dx dx dx 2y

Exemplo 23. Determine o coeficiente angular do cı́rculo x2 + y 2 = 25 no ponto (3, −4).


Derivando implicitamente em relação a x temos,

d 2 d d dx dy dy dy x
(x ) + (y 2 ) = (25) ⇒ 2x + 2y = 0 ⇒ 2x + 2y =0⇒ =−
dx dx dx dx dx dx dx y

dy 3
Para o ponto (3, −4) temos que =− .
dx 4

Derivando Implicitamente: Método

1. Derive os dois lados da equação em relação a x, considerando y como uma função derivável
de x.
dy dy
2. Agrupe os termos que contêm em um lado da equação e determine .
dx dx

15
16
dy
Exemplo 24. Determine para a equação 2x3 − 3y 2 = 8.
dx
dy
Exemplo 25. Determine para as equações:
dx
a) y 2 = x2 + sen(xy)

b) x2 y + xy 2 = 6
2y
c) ex = 2x + 2y

10 Derivadas de funções inversas e logaritmo

Função Inversa

Recordemos inicialmente as seguintes definições:

Definição 8 (Função Injetora). Uma função f : D ⊂ R → R é injetora quando f (x1 ) 6= f (x2 )


implicar que x1 6= x2 .

Definição 9 (Função Inversa). Suponha que f é uma função injetora num domı́nio D com
imagem R. A função inversa f −1 : R → D é definida por

f −1 (a) = b ⇔ f (b) = a.

A Regra da derivada para funções inversas

Teorema 3. Se f está definida em um intervalo I e f 0 (x) existe e nunca se anula, então f −1


é derivável em qualquer ponto de seu domı́nio e
1
(f −1 )0 (b) = .
f 0 (f −1 (b))
Exemplo 26. Determine a derivada das funções trigonométrica inversa a seguir:

a) f (x) = arcsen(x) = sen−1 (x)

b) f (x) = arccos(x)

c) f (x) = arctg(x)

Exemplo 27. A função f (x) = x2 , x ≥ 0, e sua inversa f −1 (x) = x possuem as derivadas
1
f 0 (x) = 2x e (f −1 )0 (x) = √ .
2 x
A Tabela 3.1 fornece as fórmulas para as derivadas sobre funções inversas trigonométricas.

17
18
Derivada da função logaritmo natural

Uma vez que sabemos que a função exponencial f (x) = ex é derivável em toda parte, podemos
aplicar o teorema para determinar a derivada de sua inversa f −1 (x) = ln x.

Exemplo 28.
d
a) ln(2x)
dx
d
b) ln(x2 + 3)
dx
d
c) ln |x|
dx
Exemplo 29. Uma reta cujo coeficiente angular m passa pela origem é tangente à curva
y = ln x. Qual é o valor de m?

Derivada da função logaritmo

Vejamos, para a > 0 e a 6= 1,


ln x
loga x =
ln a
desta forma,  
d d ln x 1 d 1
loga x = = ln x = .
dx dx ln a ln a dx x ln a
Portanto, para a > 0 e a 6= 1,
d 1
loga x = .
dx x ln a

Derivação Logarı́tmica

Passos na derivação logarı́tmica:

1. Tome o logaritmo natural em ambos os lados de uma equação y = f (x) e use as proprie-
dades do logaritmo para simplificar;

2. Derive implicitamente em relação a x;


dy
3. Isole na equação resultante.
dx
Podemos usar os logaritmos para facilitar o cálculo de algumas derivadas.
dy
Exemplos 1. Calcule .
dx
(x2 + 1)(x + 3)1/2
1. y = , x > 1;
x−1
r
3 x(x − 2)
2. y = .
x2 + 1

19

Você também pode gostar