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Prefácio x
Objetivos Didáticos do Autor com o Livro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xi
Para o Professor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xii
Sobre os Capítulos do Livro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xiii
A Visão do Autor sobre as Demonstrações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xiv
II Cálculo Diferencial 47
3 Noções de Limite e de Derivada 48
3.1 Introdução dos Conceitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
3.2 Noção Intuitiva de Limites e as suas Propriedades . . . . . . . . . . . 49
3.3 Limites Laterais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
3.4 Retas Assíntotas e Limites Infinitos e no Infinito . . . . . . . . . . . . 61
3.5 Derivada e as Primeiras Fórmulas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
3.6 Regra de L’Hospital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
4 Derivadas 80
4.1 Introdução sobre Derivadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
4.2 A Interpretação Geométrica de Derivada . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
4.3 Regras de Derivação e Derivada da Função Inversa . . . . . . . . . . 87
4.4 Gráficos de Funções e Pontos Críticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
4.5 Problemas de Otimização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
4.6 Taxas Relacionadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
4.7 A Segunda Derivada e a Concavidade do Gráfico . . . . . . . . . . . . 111
5 Funções Transcendentais 116
5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
5.2 Revisão de Trigonometria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
5.3 Derivada das Funções Trigonométricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
5.4 A Função Exponencial e o Número de Euler . . . . . . . . . . . . . . . 135
5.5 A Função Logaritmo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
5.6 Derivada das Funções Exponencial e Logaritmo . . . . . . . . . . . . 149
5.7 Regra de L’Hospital e Gráfico de Funções . . . . . . . . . . . . . . . . . 152
6 Discussão Qualitativa do Cálculo 160
6.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160
6.2 O Conceito de Continuidade e o Método de Newton . . . . . . . . . . 161
6.3 Teorema de Weierstrass e o Teorema do Valor Médio . . . . . . . . . . 170
6.4 Aplicação de Derivadas para Desigualdades . . . . . . . . . . . . . . . 177
6.5 Diferenciabilidade e o Polinômio de Taylor . . . . . . . . . . . . . . . . 183
O livro foi originalmente projetado para ser um e-book, em que é possível ter uma
leitura confortável em tablets, computadores e celulares. Mas com o tempo veio a ideia
da criação do QR code abaixo que encaminha para uma lista de vídeos no youtube:
Figura 1: QR code que direciona para todos os vídeos deste livro no Youtube.
Este livro conta com 221 videoaulas, produzidas pelo próprio autor, que complemen-
tam a explicação. Tais vídeos estão disponíveis no canal do youtube www.youtube.com/
c/MatematicaUniversitariaProfRenan. Este canal do Youtube contém mais de 1.100 ví-
deos de vários assuntos de matemática a nível universitário.
Quem baixou o e-book, sinta-se à vontade em imprimir o livro para uso próprio, mas
deixo claro que não está permitido a venda. Para aqueles que imprimiram, peço para
que, após o uso, repasse adiante para um estudante mais novo de graça ou repasse a um
preço simbólico de uns 5 reais. Sinta-se também à vontade em distribuir o e-book para
seus colegas ou a seus alunos.
É possível adquirir a versão impressa em https://clubedeautores.com.br/livros/
autores/renan-lima. Está disponível as versões colorida e preto e branco. Os recursos
obtidos por estas vendas serão utilizados para compra de equipamentos para aumento
de qualidade das videoaulas no canal do youtube. Quem adquiriu a versão impressa,
envia um email para matematicauniversitariarenan@gmail.com de título @LivrosRenan,
que envia automaticamente o link do drive dos meus e-books.
Sugiro dar uma olhada em sites como Amazon, Submarino e mercado livre para com-
pra do livro físico. Algumas vezes aparece uma boa promoção e, neste caso, recebo 20%
do valor da venda. Provavelmente, nestes sites, terão apenas a versão preto e branco.
Quem lida com a logística do livro físico é o Clube de Autores e eu apenas autorizo a
disponibilização do livro nestes sites.
Quem gostou do livro, peço que dê o máximo de estrelas e faça um elogio e/ou co-
mentário. Isso me ajuda muito no marketing.
Caso deseje ajudar financeiramente o projeto, abri a possibilidade de ser membro do
clube dos canais via uma assinatura mensal, cancelável a qualquer momento por parte do
usuário. No momento, temos a opção de R$ 5,00, R$ 7,00 e R$ 15,00 por mês. Pretendo,
para os membros básicos do canal, postar alguns vídeos exclusivos, soluções de exercícios
do(s) meu(s) livro(s). Os membros intermediário e avançados terão maior interatividade
comigo.
O motivo de construir um solucionário em uma área paga (e barata) é por achar im-
portante que o estudante tente resolver o exercício e, acredito que, deixar a solução dis-
ponível gratuitamente pode desestimular o estudante a tentar resolvê-los.
Por outro lado, há um grande número de bons estudantes que gostariam de ter um
solucionário para conferir um pouco a escrita e, quem sabe, ter alguma nova solução.
Neste sentido, acredito que R$ 5,00 em um mês ou dois meses é um valor razoavelmente
baixo e este valor é uma mensagem com mais ênfase de tentar resolver o exercício antes
de olhar a solução.
Tomei a decisão de colocar, em cada seção, poucos exercícios para que o estudante
não fique muito tempo preso em um determinado assunto. Acredito que, futuramente,
pode-se acrescentar exercícios por outras mídias, tais como um site específico ou pode-se
utilizar as listas de exercícios de uma faculdade. Pelo mesmo motivo, evitei colocar desa-
fios nos capítulos iniciais e preferi que os exercícios sejam um guia para que o estudante
desenvolva a lógica matemática esperada da seção.
Atualmente, a computação conseguiu mapear todo o conteúdo de cálculo diferencial.
Temos softwares que encontram as derivadas das funções, com o passo a passo da reso-
lução, fazem vários gráficos coloridos e encontram estimativas numéricas. É importante
que o estudante utilize estas ferramentas para o aprendizado, mas que não dependa to-
talmente delas, pois várias disciplinas de Engenharia, Economia, Física precisam que o
estudante detenha a lógica do cálculo para o entendimento de vários conceitos.
Ficar decorando fórmulas sem entender a lógica e o conceito das disciplinas basilares
é, na minha visão, um dos vários motivos de o estudante ter dificuldades em disciplinas
de semestres mais avançados. Além disso, no mundo, está havendo grandes transforma-
ções tecnológicas em que não é possível saber qual é o emprego do futuro e, portanto,
será necessário grande capacidade de adaptação e profissionalização. Quanto maior co-
nhecimento das disciplinas basilares, menor será o gasto de energia para aprendizado de
assuntos mais avançados.
Por outro lado, resolver tudo a mão não é a melhor estratégia. Lembre-se que em
várias áreas de pesquisa matemática, de física e de engenharia, o uso do computador é
praticamente indispensável. Além disso, no setor privado, espera-se domínio de softwa-
res e dificilmente as contas serão feitas na mão. Eu mesmo utilizo softwares para verificar
se não houve inconsistências nas contas.
Espero que este livro ajude o estudante a encontrar o equilíbrio entre o uso de softwa-
res e do desenvolvimento lógico do cálculo.
Renan Brito de Lima
Professor do Departamento de Matemática
Instituto Tecnológico da Aeronáutica
Para o Professor
O livro é dividido em quatro partes. A parte I é formada por dois capítulos que tem
como objetivo a motivação dos conceitos de cálculo e está bastante interdisciplinar com
os conceitos de física mecânica. Nestes dois capítulos, trabalhei apenas com polinômios
e, com o conceito de velocidade instantânea, encontramos a derivada de polinômios e
também a sua integração. Tomei a liberdade de adicionar um apêndice no capítulo 2
para demonstrar, com as ideias de Fermat, o cálculo de integrais de polinômios.
A parte II do livro é composta por 4 capítulos (capítulos 3 até capítulo 6) e é voltada
para o cálculo diferencial. O formato de escrita dos capítulos da parte II é um formato es-
tilo bumerangue. Em um primeiro capítulo, introduzimos o conceito que queremos apren-
der com uma linguagem informal. No capítulo seguinte, voltamos para o assunto na
parte inicial, em que falamos com mais formalidade e também com mais profundidade.
Seria o equivalente a cenas dos episódios anteriores de uma série de televisão, em que há
um pequeno compilado sobre o que é realmente importante para o capítulo e, no novo
capítulo, há um desenvolvimento da trama e, no final, aparece uma informação nova.
No capítulo 3, introduzimos o conceito de limites e trabalhamos apenas em funções
ditas algébricas, isto é, funções que, na prática, possuem algoritmos de divisão e de fa-
toração. Falamos da definição de derivada e calculamos algumas fórmulas e, na última
seção, aplicamos esse novo conceito falando da regra de L’Hospital.
Após o capítulo 3, o leitor pode escolher entre a leitura do capítulo 4 ou o início do
capítulo 5. No capítulo 4, são explicadas o significado geométrico de derivadas, algumas
aplicações na área de Otimização e alguns exercícios de modelagem com as taxas relaci-
onadas. Além disso, é explicado todas as regras de derivação, assim como o esboço de
gráficos com concavidade. Já no capítulo 5, aplicamos os conceitos aprendidos no cálculo
para funções trigonométricas, exponenciais e logarítmicas. Fazemos uma revisão de cada
uma das funções e explicamos quais os limites fundamentais desejamos calcular. Note
que aparecem demonstrações com mais frequência nesses dois capítulos.
No capítulo 6, introduzimos, finalmente, o conceito de continuidade, em que falamos
do teorema do valor intermediário e do método de Newton para encontrar as raízes de
uma função de uma variável. Enunciamos os teoremas de Weierstrass e o teorema do
valor médio com sua devida interpretação geométrica. Além disso, foram feitas diversas
aplicações, do ponto de vista teórico, do teorema do valor médio, tais como a demonstra-
ção de um dos casos da regra de L’Hospital e demonstramos também sobre os intervalos
de crescimento e decrescimento de uma função derivável. Além disso, introduzimos o
conceito de diferenciabilidade em que se demonstra todas as regras de derivação e de
polinômio de Taylor com aplicações numéricas tais como estimativas com várias casas
decimais para π e para o número de Euler. Como consequência destas estimativas, pro-
vamos que o número de Euler é irracional.
A parte III é composta por dois capítulos e é voltada para o cálculo integral. No capí-
tulo 7, estudamos a teoria de integração, agora supondo que o estudante tenha bagagem
do cálculo diferencial. Na seção 7.2, fazemos um pequeno compilado de cálculo diferen-
cial que iremos precisar para a integração. No capítulo 8, discutimos alguns tópicos mais
específicos de integração, como as técnicas de frações parciais e as substituições especi-
ais, tais como trigonométricas e a substituição universal. Discutimos funções definidas
xiv Matemática Universitária
por integrais e finalizamos o capítulo com uma seção voltada para o teorema de Liouville
para funções elementares.
A parte IV é um convite ao estudo da análise real. Ela é formada por um capítulo e o
apêndice.
No capítulo 9, definimos formalmente o conceito de limite. Provamos todas as pro-
priedades de limites e, na última seção, introduzimos as duas possíveis caracterizações
de R, a saber, a propriedade dos intervalos encaixantes e a propriedade da existência do
supremo de um conjunto limitado, também conhecida como o axioma do supremo . Estas
caracterizações nos permitem demonstrar os teoremas do valor intermediário e de Wei-
erstrass. As duas últimas seções deste capítulo são voltadas para a construção formal da
teoria de integração com os métodos de Darboux e o método de Riemann e, provamos,
para funções contínuas, a equivalência das duas definições. Um dos resultados técnicos
provado na última seção é a continuidade uniforme, que nos permite demonstrar que
toda função contínua é integrável.
Pela minha formação matemática, gosto muito de aprender e saber cada demonstra-
ção de cada resultado que utilizo na graduação. Apesar de ter todas as demonstrações
utilizadas no cálculo de cabeça, dedico uma boa parte do meu tempo em procurar de-
monstrações mais palatáveis e elegantes para os alunos de graduação.
Por outro lado, acredito que um número excessivo de demonstrações no meio de um
texto polui demais o objetivo principal do capítulo e, para fins didáticos, destaquei no
corpo principal do texto as demonstrações que julgo mais importantes para um estudante
de Cálculo em aprendizagem.
Pela minha observação como Professor, a grande maioria dos estudantes ingressantes
em uma faculdade de exatas não aprecia ainda uma demonstração no primeiro contato
com a matéria. Ele precisa entender a ideia do conteúdo, fazer alguns exercícios, acres-
centar algumas motivações e, finalmente, começa a se interessar em entender a demons-
tração.
Por exemplo, acredito que a demonstração da regra do produto da derivada não é
interessante para o estudante que está com o primeiro contato com a regra. Ele precisa
aprender a aplicar a fórmula diversas vezes, se convencer que vale esta regra da deriva-
ção e, por isso, a demonstração não se encontra na parte principal do texto. Por outro
lado, uma demonstração que acho valer a pena destacar, devido ao apelo geométrico da
função, é o limite fundamental das funções trigonométricas e, portanto, esta demonstra-
ção se encontra no corpo principal no texto.
É difícil escrever um livro de matemática que esteja rigorosamente correto e didati-
camente agradável para aprender e, por este motivo, tive a ideia de deixar as demons-
trações nas videoaulas e, para quem gosta de lê-las, deixei no apêndice do livro, com
a devida organização. No apêndice, priorizei a ordenação lógica dos resultados ao in-
vés de uma ordenação didática, podendo ser vista como uma pequena enciclopédia para
consultas.
Além disso, no final das demonstrações, encontra-se um link para voltar a uma pá-
gina. Para o leitor que esteja com dificuldades, mas deseja entender uma demonstração
específica, pode ser interessante ler em uma vizinhança da página sugerida do link.
Sobre as demonstrações do cálculo integral, a grande maioria dos resultados são bas-
tante técnicos e, acredito, que não se encaixaria bem no apêndice. Neste sentido, as seções
9.5 e 9.6 cumprem bem as demonstrações da parte do cálculo integral.
Parte I
1
C APÍTULO
1 Introdução ao Cálculo
O
s(30)
t2
s(t) = + 10t.
6
Esta equação nos informa que o movimento da partícula é uniformemente acelerado com
1
s0 = 0, v0 = 10 m/s e a = m/s2 . É conhecido na física que a equação da velocidade é
3
t
dada por v(t) = v0 + at = 10 + e, em particular, v(30) = 20 m/s.
3
Pela ideia de calcular a velocidade média com o intervalo de tempo ∆t ficando pe-
queno, temos
Note que, pela expressão acima, estamos proibidos de substituir ∆t por 0, mas, vale
∆t
∆t + 20
6 ∆t
vm (∆t) = = + 20, para ∆t 6= 0.
∆t 6
Derivar Derivar
Posição Velocidade Aceleração
Integrar Integrar
Seja D um subconjunto dos números reais. Uma função definida em D é uma fór-
mula, regra ou lei de correspondência que designa cada número real x ∈ D a um
único número real y. O conjunto D é chamado de domínio da função.
Exemplo 1.2.2:
1. A regra que para cada número real, dobramos o seu valor.
A regra do primeiro exemplo diz que para cada x ∈ R associamos o valor y = 2x.
Enquanto no segundo exemplo, associamos para cada raio x do círculo à sua área corres-
pondente πx2 ; aClém disso, devido à sua natureza geométrica, trabalhamos apenas com
o conjunto dos números positivos e é interessante usar a letra r ao invés de x. Uma no-
tação mais amigável seria para cada raio r, associamos à área do círculo correspondente
πr2 .
Usualmente, a função é denotada por uma letra, sendo a letra f a nossa preferida. Mas
podemos usar várias outras como g, h, z, inclusive letras gregas como θ ou Γ. Podemos
também usar mais de uma letra como é o caso de sen para a função seno.
Se f é uma função, então o número que f designa para o número real x dado é deno-
tado por f (x). As funções do exemplo acima serão denotadas por f, A, g e θ.
x f (x) = x2
0 0
1 1
-1
√ 1
2 2
−2 4
2 4
Para uma melhor visualização do que está ocorrendo e também para resolvermos o
problema da lista infinita de pares ordenados, marcamos os pontos da lista acima no
plano cartesiano (ver figura 1.3). Sugerimos que assista à nossa videoaula [Revisão] -
Plano Cartesiano.
y
b
4 b
2 b
b
1 b
b
√ x
−2 −1 1 2 2
−1
A lista completa seria o subconjunto do plano R2 dada por {(x, x2 )/x ∈ R}. Devido
à notação padrão do par ordenado ser (x, y), é comum também escrevermos y = x2 ao
invés de f (x) = x2 . Se marcarmos todos os pares ordenados gerados pela equação y = x2 ,
temos uma curva chamada de parábola (Ver figura 1.4).
6 Matemática Universitária
b
4 b
2 b
b
1 b
b
x
−2 −1 1 2
−1
Quando queremos ser específicos sobre os valores que x pode assumir numa equação
algébrica definida pela função f , explicitamos o domínio D ⊆ R. Utilizamos a notação
f : D → R.
1. Seja f : [0, 2] → R dada por f (x) = x2 , então x ∈ [0, 2] e seu gráfico é a figura 1.5.
2. Seja g : [−2, 1) → R dada por g(x) = x2 , daí x ∈ [−2, 1) e seu gráfico é a figura 1.6.
y y
4 b
4
3 3
2 2
1 1 b
x x
−2 −1 1 2 −2 −1 1 2
−1 −1
3. Seja h : (−2, 0) ∪ (1, 2] → R dada por h(x) = x2 , então seu gráfico é a figura 1.7.
4. Seja i : [−2, −1] ∪ {1} → R dada por h(x) = x2 , então seu gráfico é a figura 1.8.
y y
4 b b
4
3 3
2 2
1 b
1 b
x x
−2 −1 1 2 −2 −1 1 2
−1 −1
y
y
b b
x b x
−2 −1 1 2 x
Mas nem toda lista de pares ordenados é gerada por uma função: não pode aparecer,
na mesma lista, os pares (1, 2) e (1, 3), por exemplo. Para que uma lista de pares ordena-
dos tenha sido gerada por uma função é necessário e suficiente que o primeiro número
do par ordenado apareça uma única vez na lista. Geometricamente, este é o famoso teste
da reta vertical.
y
Exercícios
1 1
c) f (x) = d) f (x) = √
x2
− 5x + 6 x2 − 5x + 6
√ √
1−x x
e) f (x) = √ f) f (x) = √
5
2
x − 2x − 8 2
x −1
Respostas
Exercício 1
a) (−∞, 2] b) R
c) {x ∈ R/ x 6= 2 e x 6= 3} d) (−∞, 2) ∪ (3, +∞)
e) (−∞, −2) f) [0, 1) ∪ (1, +∞)
Exercício 2
√
`2 3 √
a) A(`) = `2 b) S(`) = c) c(h) = h2 − 1
4
x2 √
d) A(x) = e) D(a) = a 3 f) V (a) = a3
4π
Exercício 3
y y y
3 3 3
2 2 2
a) 1 b) 1 c) 1
x x x
−2 −1 1 2 3 −2 −1 1 2 3 −2 −1 1 2 3
−1 −1 −1
−2 −2 −2
y y y
3 3 3
2 2 2
d) 1 e) 1 f) 1
x x x
−2 −1 1 2 3 −2 −1 1 2 3 −2 −1 1 2 3
−1 −1 −1
−2 −2 −2
Exercício 4
a) São iguais.
c) São diferentes, pois f está definida em todos os reais e g apenas em [0, +∞).
e) São iguais.
f) São iguais.
g) São iguais.
10 Matemática Universitária
Exemplo 1.3.2: Considere a função constante y(x) = 1. Temos então os seguintes pares
ordenados:
1
(0, 1), , 1 , (1, 1), (−1, 1), (−2, 1), . . .
2
No plano cartesiano abaixo, marcamos todos os pares ordenados citados acima e tam-
bém traçamos o gráfico da função f .
y
b b
1 b b b
x
−2 −1 1 2
−1
Lembremos que o gráfico da função afim f (x) = ax + b é uma reta. Para esboçar o
seu gráfico, marcamos os dois pontos (x1 , f (x1 )) e (x2 , f (x2 )), com x1 < x2 , no plano
cartesiano e traçamos a única reta que passa por estes dois pontos. Sugerimos assistir à
videoaula Equação da Reta.
x
Exemplo 1.3.3: Considere a função afim f (x) = − 1. Temos então os seguintes pares
2
ordenados
3 1 3 1
−1, − , (0, −1), ,− , 1, − , (2, 0), . . .
2 2 4 2
No plano cartesiano abaixo, marcamos todos os pares ordenados citados acima e tam-
bém traçamos o gráfico da função f .
y
b
x
−2 −1 1
b 2
b
b
−1
b
−2
x
Figura 1.12: Gráfico de f (x) = − 1.
2
Renan Lima 11
b
2
1 b
b
x
−2 −1 1 2
b
−1
Note que a função h(x) se comporta igual a f no exemplo 1.3.3 quando x < −1 e
igual a g do exemplo 1.3.4 quando x ≥ −1. As figuras abaixo mostram o processo
para construir o gráfico da função h. A função h é a parte azul dos gráficos de f e g
esboçados abaixo. Quem não lembrar das convenções de bola aberta e bola fechada,
sugerimos assistir à nossa videoaula [Revisão] - Plano Cartesiano.
y y y
3 3 3
2 2 2
1 1 1
x x x
−3 −2 −1 1 2 3 −3 −2 −1 1 2 3 −3 −2 −1 1 2 3
−1 −1 −1
−2 −2 −2
−3 −3 −3
x
−4 −3 −2 −1 1 2 3
−1
−2
−3
À primeira vista, pode parecer que não é uma função, mas dado um x, temos como sa-
ber, a priori se x é racional ou irracional. Logo temos o valor de θ(x). Mas é impossível
esboçar o seu gráfico com precisão.
−4 −3 −2 −1 1 2 3
−1
√
Exemplo 1.3.8: Considere a função y = x. Temos que o seu domínio é [0, +∞). Note
√
que y = x é equivalente à equação y 2 = x, y ≥ 0. A equação y 2 = x define a parábola,
√
mas deitada ao longo do eixo x, e, portanto, o gráfico de y = x é a parábola y 2 = x,
restrito à y ≥ 0.
y y y
4 2 4
y = x2 y=x
3 1 3
2 x 2
1 2 3 4 √
y= x
1 −1 1
x −2 x
−2 −1 1 2 1 2 3 4
(a) A parábola y = x2 . (b) A parábola y 2 = x. (c) Simetria com y = x.
√
Figura 1.17: Gráfico da função y = x.
Renan Lima 13
1 1
Exemplo 1.3.9: Considere g1 (x) = e g2 (x) = 2 . Vemos que os domínios de g1 e de
x x
g2 são R − {0}. Quando x é positivo, g1 e g2 são positivo. Cada vez que x aumenta,
g1 (x) e g2 (x) diminuem. À medida que o valor de x fica muito grande, os valores de
g1 (x) e g2 (x) se aproximam de 0. Ficando tão próximo de 0 quanto se queira. Se x fica
muito próximo de 0 à direita, g1 (x) e g2 (x) fica tão grande quanto se queira. Quando
x < 0, temos que g1 (x) < 0, mas g2 (x) > 0. No caso, g1 (x) é função ímpar e g2 (x) é
função par. A figura 1.18 nos apresenta uma visão geométrica do que foi falado acima.
y y
1 1 1
4 b
,4 − ,4 4 b b
,4
4 2 2
3 3
2 b
2
1 b (1, 1) (−1, 1) b
1 b (1, 1)
1
1 1
4, 4,
b
b
4 −4,
16 b b 16
b b
b
x x
−4 −3 b
−2 −1 1 2 3 4 −4 −3 −2 −1 1 2 3 4
b
−1 −1
(−1, −1)
b
−2 −2
−3 −3
b
−4 −4
1 1
(a) Gráfico de g1 (x) = . (b) Gráfico de g2 (x) = .
x x2
Figura 1.18: Gráficos das funções gn (x) = x−n para n = 1 e n = 2.
3
1
2
1
f (x) = x2 + 1
x g(x) = x2
−2 −1 1 h(x) = x2 − 2
−1
−2
1−x
f (x) =
x
1 x
= −
x x
1
= − 1.
x
1
Devemos, portanto, transladar o gráfico de y = (ver exemplo 1.3.9) uma unidade
x
para baixo.
y
x
−4 −3 −2 −1 1 2 3 4
−1
−2
−3
−4
1−x
Figura 1.20: Gráfico de f (x) = .
x
Renan Lima 15
Exercícios
x2 − 1, se x ≤ 2
(
2x + 1, se x < 1
m) f (x) = n) f (x) = 2
x + 1, se x ≥ 1 − x + 5, se x > 2
2
( 1
−x2 , se x < 0 , se x ≤ −1
o) f (x) = p) f (x) = x
x2 , se x ≥ 0 x + 1, se x > −1
Respostas
Exercício 1
Verifique os seus esboços pelo aplicativo no Cálculadora Gráfica do Geogebra. Sugerimos
ter o aplicativo no celular e no PC. Colocaremos os 4 primeiros e os 4 últimos itens.
y y y y
a) x b) x c) x d)
y y
m) n)
x x
y
y
o) x p)
x
16 Matemática Universitária
g ◦ f : Df → R
x 7→ g(f (x)).
1
Exemplo 1.4.4: Sejam f (x) = x3 + 1, g(x) = − 1 e h(x) = 2x + 3. Vamos encontrar
x
(h ◦ g) ◦ f (x) e h ◦ (g ◦ f )(x) e verificaremos que ambas dão a mesma expressão. Para
a expressão (h ◦ g) ◦ f (x), façamos y = f (x). Daí
1 1 2 2
h ◦ g(y) = h −1 =2 − 1 + 3 = − 2 + 3 = + 1, logo
y y y y
2 2 x3 + 3
(h ◦ g) ◦ f (x) = (h ◦ g)(f (x)) = +1= 3 +1= 3 .
f (x) x +1 x +1
1 −x3
g ◦ f (x) = g(f (x)) = g(x3 + 1) = 3 −1= 3 , logo
x +1 x +1
−x3 −x3 x3 + 3
h ◦ (g ◦ f )(x) = h = 2 + 3 = .
x3 + 1 x3 + 1 x3 + 1
g◦f f (x) = y
h
g(y) = z
x y z w h(z) = w
f g h g ◦ f (x) = z
f h◦g h ◦ g(y) = w
Finalizamos esta seção com exemplos de construção de gráficos via translação hori-
zontal. Sugerimos assistir à videoaula Translação Horizontal de Gráficos.
Exemplo 1.4.5: Considere f (x) = (x − 1)2 = x2 − 2x + 1, g(x) = x2 e h(x) = (x + 2)2 . O
gráfico de f é obtida através de uma translação à direita de uma unidade da parábola
g(x) = x2 , enquanto o gráfico de h é obtido pela g por uma translação à esquerda em
duas unidades.
2 1
2 f (x) = (x − 1)2
g(x) = x2
1 h(x) = (x + 2)2
x
−4 −3 −2 −1 1 2 3
1
Exemplo 1.4.6: O gráfico da função g(x) = é obtida via translação horizontal de
x−2
1
duas unidades à direita do gráfico f (x) = .
x
y
x
−4 −3 −2 −1 1 2 3 4
−1
1
−2 f (x) =
x
1
−3 g(x) =
x−2
−4
1
Figura 1.22: Gráfico de g(x) = .
x−2
18 Matemática Universitária
x−1
Exemplo 1.4.7: Considere a função h(x) = . O truque é somar e subtrair 1 no
x−2
numerador.
x−1
h(x) =
x−2
x−2+1
=
x−2
x−2 1
= +
x−2 x−2
1
=1+ .
x−2
Caso o leitor considere isso uma mágica, sugerimos fazer a substituição x − 2 = u, isto
é, u = x + 2.
x−1 u+2−1
h(x) = =
x−2 u+2−2
u+1 u 1
= = +
u u u
1 1
=1+ =1+ .
u x−2
Logo o gráfico de h é obtido pelo gráfico da g do exemplo 1.4.6 transladando 1 unidade
para cima.
y
x
−2 −1 1 2 3 4 5 6
−1
1
−2 g(x) =
x−2
1
−3 h(x) = +1
x−2
−4
x−1
Figura 1.23: Gráfico de h(x) = .
x−2
Renan Lima 19
Exercícios
1
1. Considere f (x) = x2 + 1, g(x) = 2x − 3 e h(x) = . Encontre as expressões.
x
b 2 b2
2
b) Mostre a relação ax + bx = a x + − e conclua que
2a 4a
b 2 ∆
2
y = ax + bx + c = a x + − , onde ∆ = b2 − 4ac.
2a 4a
Respostas
Exercício 1
a) 4x2 − 12x + 10 b) 2x2 − 1 c) x4 + 2x2 + 2
1 4 − 12x + 10x2
d) x e) 2
f)
x +1 x2
1 x2
g) h) x2 + 1 i) 2
4x2 − 12x + 10 x +1
Exercício 2
Verifique os seus esboços pelo aplicativo no Cálculadora Gráfica do Geogebra. Sugerimos
ter o aplicativo no celular e no PC. Colocamos os esboços aqui.
y
y
a) b) c) x
d) x
e) f)
x
x
Renan Lima 21
f (1 + h) − f (1) (1 + h)2 − 1 1 + 2h + h2 − 1
vh (1) = = =
h h h
2h + h2 h(2 + h)
= = = 2 + h.
h h
Substituindo h por 0, encontramos a taxa de variação instantânea v(1) = 2.
Mais ainda, se quisermos encontrar vh (x), temos
Exemplo 1.5.3: Considere a função f (x) = x3 −3x+1. Para encontrar v(x) utilizaremos
o produto notável
(x + h)3 = x3 + 3x2 h + 3xh2 + h3 .
Daí,
Exemplo 1.5.6: Considere a função g(x) = x2 −2x+3. Perceba que g(x) = (x−1)2 +2 e
portanto o gráfico da g é obtido pelo gráfico da f (x) = x2 transladando 1 para a direita
e 2 para cima. Em outras palavras, o vértice da parábola se encontra no ponto (1, 2).
Façamos o gráfico de outra forma.
Vimos no Exemplo 1.5.2 que v(x) = 2x − 2.
Note que v(x) = 0 se e somente se x = 1 e o estudo do sinal de v(x) e seus respectivos
intervalos de crescimento e decrescimento da g se encontram nos diagramas abaixo.
+ v
1
g
1
Renan Lima 23
2 b
x
−2 −1 1 2
+ +
v
-1 1
f
-1 1
Note que a f (1) = −1 e f (−1) = 3 e pelo jogo de setas que fizemos acima, temos a
seguinte informação sobre o seu gráfico:
y
Máximo local
b
3
x
−2 −1 1 2
b
−1
Mı́nimo local
−2
E o termo dentro dos parênteses fica muito próximo de 1 quando x é muito grande,
logo o gráfico de f (x) é parecido com x3 quando x é muito grande. Coletando todas
as informações e, notando que f (0) = 1, o seu gráfico é
y
Máximo local
b
3
x
−2 −1 1 2
b
−1
Mı́nimo local
−2
1. vf +g = vf + vg .
2. vkf = kvf .
Demonstração:
A demonstração se encontra em Demonstração da Derivada da Soma e Demonstração da
Derivada de xn para n ∈ N, em que utilizamos a notação de derivada f 0 ao invés de vf .
Exercícios
a) f (x) = 2x − 3 b) f (x) = x2 + 3x − 2
c) f (x) = x3 − 2x + 1 d) f (x) = 3x2 − 5x + 2
e) f (x) = 3x3 − 4x2 − 5x + 1 f) f (x) = (x2 + 4)(x − 3)
2. Esboce o gráfico das funções abaixo utilizando as ideias introduzidas nesta seção.
Repostas
Exercício 1
a) v(x) = 2 b) v(x) = 2x + 3
c) v(x) = 3x2 − 2 d) v(x) = 6x − 5
e) v(x) = 9x2 − 8x − 5 f) v(x) = 3x2 − 6x + 4
Exercício 2
Verifique os seus esboços pelo aplicativo no Cálculadora Gráfica do Geogebra. Sugerimos
ter o aplicativo no celular e no PC.
y
a) b) x
y
y
x
c) x d)
C APÍTULO
O problema do cálculo das áreas foi objeto de estudo de grande interesse pelos Gregos
antigos. Eles sabiam trabalhar com o cálculo de área de polígonos e círculos, mas era
considerado insolúvel o cálculo de área de outras figuras, tais como regiões parabólicas.
y
Figura 2.1: Arquimedes foi capaz de cálcular esta área com o método da exaustão.
Com a técnica conhecida como método da exaustão, Arquimedes foi capaz de calcular
algumas regiões mais gerais, mas por quase 2000 anos, este método era um ato isolado
desse grande gênio. Uma das aplicações mais conhecidas é a estimativa do número π.
Arquimedes notou que o comprimento do círculo era um valor entre o perímetro do
polígono regular inscrito e do polígono regular circunscrito ao círculo e, quanto maior o
número de lados, melhor seria a estimativa de π.
Nesse caso acima, Arquimedes não trabalhou com áreas e, sim, com perímetros. Ele
utilizou fórmulas de perímetro conhecidas na época, calculou o perímetro dos polígonos
inscritos e circunscritos de 96 lados e chegou à notável aproximação
223 22
<π< .
71 7
Usando uma calculadora para efetuar as duas divisões, encontramos as duas primeiras
casas decimais de π, a saber π ' 3, 14. A princípio, pode parecer que teríamos uma
Renan Lima 27
aproximação com mais casas decimais, mas o nosso olho não consegue ver a diferença de
um centésimo da área. Por exemplo, na figura 2.2 letra (d), há 24 espaços em branco que,
quando somadas suas áreas, e supondo o raio 1 cm, nos fornece um valor de 0, 03 cm2 .
Pegue este valor e divida por 24 e é por isso que nosso olho não consegue perceber a
diferença. Ao leitor que estiver com a versão e-book, sugerimos dar um grande zoom
para ver o espaçamento.
Além da aproximação de π, Arquimedes encontrou a área da região delimitada pela
parábola e a reta secante (ver figura 2.1).
Em torno de 1630, com o surgimento da geometria analítica, a comunidade científica
europeia, com destaque para Fermat e Pascal, continuaram o desenvolvimento do mé-
todo da exaustão a partir de onde Arquimedes parou. Fermat encontrou um argumento
elegante para calcular a área da região delimitada pelo gráfico y = xn e as retas x = 0 e
x = b, com b arbitrário (ver figura 2.3). A forma com que Fermat calculou esta área é feita
no apêndice deste capítulo.
y
y = xn
x
b
Figura 2.3: Área calculada por Fermat com um método bastante elegante.
Houve, no período de 1630 até 1680, muitas ideias pontuais para o cálculo de área
das mais diversas figuras. Coube a Leibniz e a Newton a tarefa de recolher e unificar
estas ideias em uma teoria. O principal resultado é o que hoje chamamos de o teorema
fundamental do cálculo, que afirma que se uma área pode ser computada pelo método da
exaustão, então pode ser computada usando o processo de antiderivação ou, com o nome
mais conhecido, integração. Este teorema é um dos pilares da Teoria do Cálculo.
Houve, literalmente, uma guerra entre Newton e Leibniz sobre quem seria o grande
inventor do Cálculo, com graves acusações de plágio. Atualmente, após muita inves-
tigação dos manuscritos, é de consenso entre os historiadores que não houve plágio e,
portanto, o Cálculo tem dois pais. Newton foi quem descobriu o Cálculo primeiro, mas
Leibniz foi o primeiro a publicar os resultados.
28 Matemática Universitária
A letra grega Σ (sigma maiúsculo) corresponde à nossa letra S. A notação acima se lê: o
somatório de i = 1 até n de ai . A letra i é chamada de índice do somatório, mas é apenas
uma letra auxiliar e pode-se usar qualquer outra letra. Por exemplo, a soma 1 + 2 + 3 + 4
pode ser representada pela notação sigma nas seguintes formas:
4
X 4
X
i ou k.
i=1 k=1
30 ~v
s0 st f
b b
∆s
t(s)
30 60 Figura 2.5: O veículo anda para a direita.
t(60 − t)
Figura 2.4: Gráfico da função v(t) = .
30
Para resolvermos um problema dessa natureza, começamos com os casos mais sim-
ples e, aos poucos, complexificamos o problema. Suponha que o movimento do carro seja
uniforme, isto é, com velocidade instantânea constante v. A distância percorrida ∆st0 →tf
no intervalo de t0 a tf é dada por
s(tf ) − s(t0 ) = ∆st0 →tf = v(tf − t0 ) = v∆t.
Considere o referencial conforme a figura 2.5. Se v > 0, então s(tf ) se encontra à direita
de s(t0 ); se v < 0, então s(tf ) está à esquerda de s(t0 ). A expressão |v|∆t é a área do
retângulo de altura |v| e base de tamanho ∆t.
v(m/s) v(m/s)
v tf
t0
t(s)
t(s)
t0 tf
v
∆s > 0 ∆s < 0
(a) Caso v > 0. (b) Caso v < 0.
Figura 2.6: Estudo de casos pela fórmula ∆s = v∆t e a sua relação com a área sob o gráfico.
Supomos agora que o carro anda em movimento uniforme com velocidade v1 nos
instantes t0 até t1 e, no instante t1 , ganha um impulso, de modo que de t1 até tf , tenha
velocidade constante v2 . A distância percorrida é dada por
∆st0 →tf = ∆st0 →t1 + ∆st1 →tf = v1 ∆t1 + v2 ∆t2 ,
em que ∆t1 = t1 − t0 e ∆t2 = tf − t1 . Note que se v1 > 0 e v2 > 0, então ∆st0 →tf é a área
da região entre o gráfico da velocidade e o eixo t, com t0 ≤ t ≤ tf .
v(m/s)
v2
v1
t(s)
t0 t1 tf
v2
v1
v3
t(s)
t0 t1 t2 tf
v(m/s) v(m/s)
t(s) t(s)
t0 tf t0 t1 tf
(a) Gráfico genérico de v(t). (b) Caso tf = t2 .
v(m/s) v(m/s)
t(s) t(s)
t0 t1 t2 tf t0 t1 t2 t3 tf
(c) Caso tf = t3 . (d) Caso tf = t4 .
Figura 2.9: A soma das áreas do retângulo para o caso que escolhemos ci = ti .
Renan Lima 31
v(m/s) v(m/s)
t(s) t(s)
tf tf
(a) Divisão em 8 pedaços iguais. (b) Divisão em 16 pedaços iguais.
v(m/s) v(m/s)
t(s) t(s)
tf tf
(c) Divisão em 32 pedaços iguais. (d) Divisão em 64 pedaços iguais.
Figura 2.10: A soma das áreas dos retângulos se confunde com a área sob o gráfico se as medidas dos
subintervalos [ti−1 , ti ] forem "pequenas suficiente".
v(m/s) v(m/s)
t(s) t(s)
t0 t1 t2 60 t0 t1 t2 t3 60
c1 c2 c3 c1 c2 c3 c4
(a) Divisão em 3 pedaços iguais (b) Divisão em 4 pedaços iguais
v(m/s) v(m/s)
t(s) t(s)
t0 t1 t2 t3 t4 t5 t6 t7
60 60
c1 c2 c3 c4 c5 c6 c7 c8
(c) Divisão em 8 pedaços iguais (d) Divisão em 64 pedaço iguais
Uma pequena aplicação dessas ideias é resolver um exercício com movimento retilí-
neo uniformemente variado (sem aplicação de fórmula).
Renan Lima 33
Exemplo 2.2.1: Suponha que um carro, partindo do repouso, se desloca com aceleração
constante de 2 m/s2 no intervalo 0 a 10 segundos. Qual é o deslocamento total?
Lembremos que um veículo partir do repouso significa que v0 = 0. Lembremos a
fórmula aprendida no ensino médio de movimento retilíneo uniformemente acelerado
at2
s(t) = s0 + v0 t + = s0 + t2 .
2
Fazendo t = 10, temos que ∆s = s(10) − s0 = 100 metros. Vamos encontrar a mesma
resposta, mas aplicando as ideias desta seção.
Como a(t) > 0, temos que ∆v0→t é a área da região delimitada pelo gráfico de a(t) (em
relação ao tempo) e pelas retas "t = 0", "t = t" e o eixo t.
a(m/s2 )
t(s)
t 10
Figura 2.12: Gráfico da aceleração com o tempo.
20
t(s)
10
Figura 2.13: A reta v(t) = 2t.
b×h 10 × 20
Temos, portanto, que ∆s0→10 = = = 100 metros.
2 2
34 Matemática Universitária
Exercícios
5
X 6
X 100
X
2 j
a) i b) 2 c) 3
i=1 j=1 k=1
10
X 151
X 100
X
n
(−1)k 1 + (−1)k
d) (−1) e) f)
n=1 k=1 k=1
4
X 8
X 10
X
g) kk h) i2 i) (−2)n−2
k=1 i=3 n=5
a) 1 + 3 + 5 + 7 + 9 + 11 b) 1 − 3 + 5 − 7 + 9 − 11
c) 23 + 33 + 43 + 53 + . . . + 203 d) 24 + 25 + 26 + . . . + 215
1 1 1 1 1 3 5 7 9 11
e) + + + ... + f) + + + + +
2 3 4 10 1 2 3 4 5 6
1 1 1 1 1
g) − + − + h) 32 − 42 + 52 − 62 + 72 − 82
2 4 6 8 10
3. Suponha que um carro com velocidade de 10 m/s acelera por 5 segundos com ace-
leração constante de 3 m/s2 . Qual o deslocamento total neste intervalo?
4. Suponha que uma particula parte do repouso e com aceleração dada, no SI, pela
equação a(t) = 2t + 3. Encontre a velocidade da partícula no instante em que t = 5
segundos.
Renan Lima 35
Respostas
Exercício 1
a) 55 b) 126 c) 300
d) 0 e) −1 f) 100
Exercício 2
Nesta questão, há várias soluções possíveis. Vamos apresentar duas delas em cada item.
6
X 5
X
a) (2k − 1) ou (2k + 1)
k=1 k=0
6
X 5
X
b) (−1)k+1 (2k − 1) ou (−1)k (2k + 1)
k=1 k=0
19
X 20
X
3
c) (n + 1) ou n3
n=1 n=2
12
X 15
X
d) 2n+3 ou 2n
n=1 n=4
9 10
X 1 X1
e) ou
i+1 i
i=1 i=2
6 5
X 2i − 1 X 2i + 1
f) ou
i i+1
i=1 i=0
5 6
X (−1)j+1 X (−1)j
g) ou
2j (2j − 2)
j=1 j=2
5
X 6
X
h) (−1)j (j + 3)2 ou (−1)j+1 (j + 2)2
j=0 j=1
Exercício 3
∆s = 87, 5 m
Exercício 4
v(5) = 40 m/s
36 Matemática Universitária
Vimos na seção anterior uma motivação com a física para o cálculo de integrais e
Z b
introduzimos a notação de Leibniz f (t)dt. Neste caso, a variável t é apenas uma letra
a
auxiliar e pode ser mudada por qualquer outra letra:
Z b Z b Z b
f (t) dt = f (x) dx = f (u) du.
a a a
Z b
Z b Z b
1. f (x) + g(x) dx = f (x) dx + g(x) dx.
a a a
Z b
Z b Z b
2. f (x) − g(x) dx = f (x) dx − g(x) dx.
a a a
Z b Z b
3. kf (x) dx = k f (x) dx, em que k ∈ R.
a a
Z b
4. k dx = k(b − a).
a
b
bn+1 − an+1
Z
5. xn dx = , em que n ∈ N.
a n+1
Demonstração:
As provas dos itens 1, 2, 3 e 4 serão feitas com o devido rigor no capítulo 8. Para o leitor
se convencer da validade, verifique, por exemplo, para o item 3 que
n
X n
X
kf (ci )∆xi = k f (ci )∆xi .
i=1 i=1
b
b
xn+1 bn+1 an+1
Z
n .
Para organização, no item 5, escrevemos x dx = = −
a n+1 n+1 n+1
a
Z 2
Exemplo 2.3.2: Vamos calcular 2x2 dx.
1
2
2 2
x3 23 13
Z Z
7 14
2x2 dx = 2 x2 dx = 2 =2 − =2 = .
1 1 3 3 3 3 3
1
Renan Lima 37
Z 5
x2 − x dx.
Exemplo 2.3.3: Vamos calcular
0
Z 5 Z 5 Z 5
2 2
x − x dx = x dx − x dx
0 0 0
5 5
x3 x2 53 03 52 02
= − = − − −
3 2 3 3 2 2
0 0
125 25 175
= − = .
3 2 6
xn+1
Exemplo 2.3.5: O polinômio F (x) = é uma primitiva de f (x) = xn .
n+1
xn+1
O polinômio G(x) = +1 é também primitiva de f , pois G(b)−G(a) = F (b)−F (a).
n+1
xn+1
Mais geralmente, todo o polinômio da forma + C, com C ∈ R é primitiva de f .
n+1
Exemplo 2.3.7: A função F (x) = x3 é primitiva da função f (x) = 3x2 . Todo polinômio
da forma x3 + C, com C ∈ R é primitiva de f .
Demonstração:
Z b
1. Seja H(x) = F (x)+G(x), Queremos provar que f (x)+g(x) dx = H(b)−H(a).
a
Z b
Z b Z b
f (x) + g(x) dx = f (x) dx + g(x) dx
a a a
= F (b) − F (a) + G(b) − G(a) = H(b) − H(a).
x3 x2
Exemplo 2.3.9: Todo polinômio da forma F (x) = − + C, com C ∈ R, é primitiva
3 2
de f (x) = x2 − x, feita no exemplo 2.3.3 (verifique!).
Este resultado pode ser generalizado para um número finito de termos, isto é, dados
f , g e h, temos que
Z Z Z Z
f (x) + g(x) + h(x) dx = f (x) dx + g(x) dx + h(x) dx.
Z b
Chamamos f (x) dx de integral definida de f .
a
t3
Z Z
4u3 − 3u2 + 2 du = u4 − u3 + 2u + C,
2
2
1. t − 2t dt = − t + C, 2.
3
2v 5
Z
2v 4 − 6v 2 + 6v − 1 dv = − 2v 3 + 3v 2 − v + C.
3.
5
Renan Lima 39
Exemplo 2.3.12: Suponha que a velocidade do veículo no intervalo de [0, 60] seja dada
t(60 − t)
pela função v(t) = , em que t é medido em segundos e v é medida em m/s. O
30
deslocamento total é dado por
60 60 60
t(60 − t)
Z Z Z
1
∆s = v(t) dt = dt = (60t − t2 ) dt
0 0 30 30 0
60
t2 t3 602 603
1 1
= 60 · − = 60 · −
30 2 3 30 2 3
0
603
1 1 12
= − = 2 × 60 = 1200.
30 2 3 6
n
X
Vimos na seção 2.2 que dado f : [a, b] → R, trabalhamos com a soma f (ci )∆xi ,
i=1
onde {x0 = a, x1 , · · · , xn = b} é uma partição de [a, b] em n pedaços e ∆xi = xi − xi−1 .
Se para todo i, o tamanho ∆xi for cada vez menor, esperamos que o somatório convirja
Z b
para um valor real que denotamos por f (x) dx. Mais ainda, se f (x) ≥ 0 para todo
a
x ∈ [a, b], então f (ci )∆xi é a área do retângulo de base ∆xi e altura f (ci ) e a soma destas
áreas converge para a área da região delimitada pelo gráfico de f , o eixo x e as retas x = a
e x = b.
v(m/s) v(m/s) v(m/s)
O interessante da notação de Leibniz é que f (x) pode ser pensada como altura do
retângulo, enquanto dx como a medida da base, esta medida pode ser interpretada como
distância infinitesimal, que significa que é tão pequena quanto se queira.
Sugerimos a nossa videoaula Exemplos de Cálculo de Área. Avisamos que este vídeo
tem um pequeno erro no terceiro exemplo. Consegue encontrar o erro?
Exemplo 2.3.13: Vamos encontrar a área da região delimitada pela parábola y = x2 , o
eixo x e as retas x = 1 e x = 3.
y y
y = x2
x2
x x
1 3 1 dx 3
(a) Esboço da região. (b) Retângulo de "base infinitesimal".
y = x2 y = x2
x x
−2 2 −2 2
(a) Esboço da região. (b) O retângulo tem altura 4 − x2 .
Observe na figura que a altura do retângulo é sempre a parte de cima subtraída da parte
de baixo, então a altura é dada por 4 − x2 e a base é dx. Para encontrar os limites de
integração, precisamos encontrar os pontos de interseção da parábola y = x2 e a reta
y = 4 e, para isso, basta igualar as duas expressões: y = x2 = 4, e daí, x = ±2. Logo a
área da região é dada por
2
2
x3
−8
Z
2
8 32
4−x dx = 4x − = 8− − −8 − = .
−2 3 3 3 3
−2
Renan Lima 41
dx
x − x3
y=x
−1 y = x3 −1
x x
1 x 1
x3 − x = 0 ⇒ x(x2 − 1) = 0.
Exemplo 2.3.16: Vamos encontrar a área da região delimitada pelo eixo x e a parábola
y = x2 − 1.
y y
dx
x x
1 1
1 − x2
−1 −1
y = x2 − 1 y = x2 − 1
−1 −1
(a) Esboço da região. (b) O retângulo tem altura x2 − 1.
Pela figura, observe que o eixo x está acima da parábola e a equação desta reta é dada
por y = 0. Logo, a função de cima é y = 0, a função de baixo é y = x2 − 1 e x varia de
−1 até 1. Temos, portanto,
1 1 1
x3
Z Z
2 2
0 − (x − 1) dx = 1 − x dx = x −
−1 −1 3
−1
3
1 (−1) 2 2 4
= 1− − −1 − = + = .
3 3 3 3 3
42 Matemática Universitária
Exercícios
3. Uma partícula tem a equação da velocidade dada por v(t) = (t + 1)(t + 2)(t + 3),
em que t é dado em segundos e v em m/s.
a) Encontre o deslocamento total da partícula de t = 0 até t = 4 segundos.
b) Encontre o deslocamento total da partícula de t = 1 até t = 3 segundos.
c) Suponha que a posição inicial da partícula seja s0 = 5 m. Encontre a equação
geral do movimento da partícula.
4. Uma partícula tem a equação da aceleração dada por a(t) = 6t − 4. Sabendo que
v0 = 2 e s0 = 1, encontre a equação posição. Todas as unidades estão em SI (Sistema
Internacional - metros, segundos, etc).
Respostas
Sugerimos o Geogebra CAS Calculator, disponível para android, mas também pode ser
acessado em https://www.geogebra.org/cas?lang=pt.
Exercício 1
52 200
a) b) 5 c)
3 3
21
d) 48 e) f) 21
5
178 255
g) h) 0 i)
15 4
Exercício 2
5x3 7x2 x4 5x2
a) + +x+C b) − x3 − + 2x + C
3 2 4 2
t6 t5 t4 9t7
c) − + −t+C d) + 3t4 + 4t + C
6 5 2 7
u7 3u5 w4
e) − + u3 − u + C f) +w+C
7 5 4
Exercício 3
a) s0→4 = 304 m
b) s1→3 = 128 m
t4 11t2
c) s(t) = + 2t3 + + 6t + 5
4 2
Exercício 4
s(t) = 1 + 2t − 2t2 + t3
Exercício 5
9 8
a) 19 u.a. b) u.a. c) u.a.
4 3
32 5
d) u.a. e) 32 u.a. f) u.a.
3 4
Apêndice do Capítulo 2
44
Renan Lima 45
Esta seção pode ser melhor apreciada pelo leitor como uma segunda leitura e dei-
xamos como um apêndice do capítulo. Nesta seção, vamos mostrar que vale a fórmula
Z b
bk+1 ak+1
xk = − com as ideias de Fermat. Para termos uma visão histórica, Fermat
a k+1 k+1
nasceu em 1607 e faleceu em 1667, enquanto Newton nasceu em 1642 e criou o cálculo aos
24 anos de idade, em 1667.
O trabalho de Fermat foi tão impressionante, que muitos historiadores consideram
que Fermat foi o pai da Geometria Analítica (ao invés de Descartes) e também o verda-
deiro criador do cálculo. Apesar do incrível trabalho e de ter tido várias ideias fascinantes,
Fermat não percebeu o teorema fundamental do cálculo, que foi descoberto, independente-
mente por Leibniz e Newton.
A fórmula acima foi provada, historicamente, caso a caso com o valor de k especifi-
cado. O caso k = 1 é a conhecida área do triângulo, enquanto o caso k = 2 foi provado
por Arquimedes, com o método da exaustão. Cavalieri conseguiu demonstrá-la para os
casos k = 3 até k = 9, mas era um método geométrico extremamente trabalhoso que
falhou para o caso k = 10. Pascal demonstrou o caso geral.
Fermat conseguiu simplificar a demonstração desta fórmula, utilizando apenas pro-
gressões geométricas. Vamos a esta demonstração interessante em que começamos fa-
zendo o caso em que a = 0.
Fixe um valor r tal que 0 < r < 1 e divida o intervalo (0, b] em infinitos subintervalos
da forma [rb, b], [r2 b, rb], . . . , [rn b, rn−1 b], . . .. Em cada subintervalo In = [rn b, rn−1 b], seja
Rn a área do retângulo de base In e altura (rn b)k . As figuras abaixo mostram como a
serão feitas as aproximações da área por retângulos para vários valores da razão.
v(m/s) v(m/s)
t(s) t(s)
b R3R2 R1
b
(a) r = 0, 5 (b) r = 0, 7
v(m/s) v(m/s)
t(s) t(s)
b b
(c) r = 0, 9 (d) r = 0, 95
Figura 2.19: A soma das áreas dos retângulos se aproximam à medida que r se aproxima de 1.
46 Matemática Universitária
Temos, portanto,
k+1 1−r
R1 + R2 + . . . + Rn + . . . = b [1 + rk+1 + (rk+1 )2 + . . . + (rk+1 )n + . . .]
r
1
Lembrando a fórmula da soma infinita (1 + q + q 2 + . . . + q n + . . .) = , se −1 < q < 1
1−q
e substituindo q por rk+1 , temos
bk+1 (1 − r)
R1 + R2 + . . . + Rn + . . . =
r(1 − rk+1 )
rk+1 − 1 1 − rk+1
1 + r + r2 + . . . + rk = = ,
r−1 1−r
daí, temos que
bk+1
R1 + R2 + . . . + Rn + . . . = .
r + r2 + r3 + r4 + . . . + rk+1
À medida que r se aproxima de 1, a soma das áreas dos retângulos se aproxima me-
lhor da área da região abaixo do gráfico de f (x) = xk de x = 0 até x = b e, portanto, é
razoável esperar que se substituirmos r = 1 na expressão da soma da área, então
b
bk+1 bk+1
Z
xk dx = = .
0 1 + 12 + 13 + 14 + . . . + 1k+1 k+1
A fórmula do item 5 do teorema 2.3.8 pode ser deduzida por interpretação geomé-
trica. Por exemplo se 0 < a < b, temos que
b b a
bk+1 ak+1
Z Z Z
k k
x dx = x dx − xk dx = − .
a 0 0 k+1 k+1
O caso a < 0, deixamos como exercício ao leitor. Será necessário separar os casos em que
k é par e k é impar.
Cálculo Diferencial
47
C APÍTULO
f (x + h) − f (x)
h
para h suficientemente pequeno, mas sempre diferente de 0. Vimos ainda que para funções
polinomiais, após algumas manipulações algébricas, substituíamos h por 0.
Neste capítulo, introduziremos uma nova ferramenta matemática, conhecida como
Limite. Dados uma função f e um ponto p no domínio de f , a operação de limite em p
tem como objetivo entender o comportamento da função no ponto p, mas não olhando
para o ponto p em si, mas olhando para os valores de f (x) para x suficientemente próximos
de p. Mais precisamente, serão analisados os valores de f (x) e será visto se há alguma
estabilização nesses valores à medida que o x se aproxima de p. Caso o número se esta-
bilize, digamos para um número L, denotamos
lim f (x) = L.
x→p
f (x + h) − f (x)
lim .
h→0 h
Se os valores de f (x) ficam tão próximo quanto quisermos de L, desde que tomemos
valores de x0 suficientemente próximo de x0 , então escrevemos
lim f (x) = L.
x→x0
Para entendermos a sutileza deste conceito, vamos construir um exemplo onde o li-
mite não existe. Considere a função
1, se x > 0,
f (x) =
−1, se x < 0.
Façamos um esboço do gráfico e montemos uma tabela descrevendo o que acontece com
f (x) quando x se aproxima de 0.
y
x f (x) x f (x)
−1 −1 1 1
x −0, 1 −1 0, 1 1
−0, 1 −1 0, 1 1
−0, 01 −1 0, 01 1
−0, 001 −1 0, 001 1
x Tabela 3.1: Valores de f (x) próximos de x = 0.
Figura 3.1: Gráfico da função f (x) = .
|x|
Note que, pela tabela (ou pelo gráfico), quando x se aproxima de 0 mas com x < 0,
temos que f (x) = −1, enquanto se x aproxima de 0 mas com x > 0, temos que f (x) = 1.
Logo, temos dois candidatos para lim f (x). Como o limite, caso exista, é único, concluí-
x→0
mos que não existe o limite de f (x) quando x tende a 0. Em linguagem simbólica,
@ lim f (x).
x→0
50 Matemática Universitária
y y
x x
Voltaremos mais tarde para o caso em que a função vai para o infinito.
Antes de começarmos de fato a calcular alguns limites, precisamos de algumas pro-
priedades que facilitarão a nossa vida. Recomendamos assistir à nossa videoaula Propri-
edades Básicas de Limites.
1. lim f (x) + g(x) = L + M ; f (x) L
x→x0 4. lim = , caso M 6= 0;
x→x0 g(x) M
2. lim f (x) − g(x) = L − M ; 5. lim c = c;
x→x0 x→x0
Exemplo 3.2.4: Para calcular lim (x2 + 4), aplicamos o teorema 3.2.3 item 3:
x→3
x3 + 1
Exemplo 3.2.5: Vamos calcular lim .
x→2 x
A ideia é primeiro calcular lim (x3 + 1) = 9 e depois usar o item 4 do teorema 3.2.3,
x→2
Renan Lima 51
Daí,
lim (x3 + 1) = lim x3 + lim 1 = 8 + 1 = 9.
x→2 x→2 x→2
Finalmente,
x3 + 1 lim x3 + 1 9
x→2
lim = = .
x→2 x lim x 2
x→2
x3 + 1
Novamente, apenas substituímos x por 2 na expressão .
x
3
3
3. lim f (x) = lim f (x) .
x→x0 x→x0
n
n
4. lim g(x) = lim g(x) , para todo n natural.
x→x0 x→x0
5. lim xn = xn0 .
x→x0
Corolário 3.2.7
f (x) f (x0 )
2. lim = .
x→x0 g(x) g(x0 )
Demonstração:
Para o item (1), basta aplicar sucessivamente o teorema 3.2.3.
A demonstração do item (2) é consequência do item (4) do teorema 3.2.3 e do fato que
g(x0 ) 6= 0.
lim f (x)
f (x) x→x0 f (x0 )
lim = = .
x→x0 g(x) lim g(x) g(x0 )
x→x0
Faremos, agora, alguns limites que exigirão um pouco mais de trabalho para calcular.
Para tal, é importante saber o algoritmo da divisão de polinômios que pode ser encon-
trado na seguinte videoaula [Revisão] - Divisão de Polinômios. No final desta videoaula,
é enunciado o teorema de D’Alembert:
x2 − 1 (x + 1)(x − 1)
= = x + 1,
x−1 x−1
para todos os valores de x com x 6= 1. Como a operação de limites não se importa com
o que acontece com a f em x = 1, então
x2 − 1
lim = lim (x + 1).
x→1 x − 1 x→1
Concluímos que
x2 − 1
lim = 2.
x→1 x − 1
x3 − 8
Exemplo 3.2.9: Calculemos lim .
x→2 x2 − 4
0
Novamente, ao substituir por x = 2 aparece a expressão . Toda vez que aparece
0
esta expressão, dizemos que é uma indeterminação e precisamos, de alguma forma,
eliminá-la. Um dos caminhos é fazer algumas manipulações algébricas, mudando um
pouco a visão da função de modo que a indeterminação desapareça.
Como 2 é raiz do polinômio x3 − 8, pelo teorema de D’Alembert, existe um polinômio
Q(x) de grau 2 tal que x3 − 8 = (x − 2) · Q(x). Aplicando o algoritmo da divisão, vemos
que Q(x) = x2 + 2x + 4 e, daí, se x 6= 2, temos
x3 − 8 (x − 2)(x2 + 2x + 4) x2 + 2x + 4
= = .
x2 − 4 (x − 2)(x + 2) x+2
Daí,
x3 − 8 x2 + 2x + 4 22 + 2 · 2 + 4
lim = lim = = 3.
x→2 x2 − 4 x→2 x+2 2+2
Renan Lima 53
x2 − 4
Exemplo 3.2.11: Calculemos lim .
x→2 x − 2
x3 − 3x + 2
Exemplo 3.2.12: Calculemos lim .
x→1 x2 − 1
Façamos a mudança de variável u = x − 1, então temos que u → 0 e, daí,
p
Exemplo 3.2.14: Calculemos o lim x2 + 3.
x→−3
2
Como lim (x + 3) = 12, pelo teorema 3.2.13, temos
x→−3
p √ √
lim x2 + 3 = 12 = 2 3.
x→−3
√
x−1
Exemplo 3.2.15: Calculemos lim .
x→1 x−1
0
Fazendo a substituição x = 1, vemos que recaímos na indeterminação . Devemos,
0
portanto, manipular a expressão acima para podermos calcular o limite. A ideia é
transformar a expressão acima em polinômios, multiplicando pelo conjugado
√ √ √
x−1 ( x − 1)( x + 1) x−1 1
= √ = √ =√ .
x−1 (x − 1)( x + 1) (x − 1)( x + 1) x+1
Daí, √
x−1 1 1
lim = lim √ = .
x→1 x−1 x→1 x+1 2
Para mais exemplos, sugerimos assistir à nossa videoaula Exercícios de Limites - Di-
visão de Raízes de Polinômios.
Sobre a função módulo, sugerimos a nossa videoaula [Revisão] - Função Módulo.
Além disso, destacamos a seguinte fórmula que os estudantes costumam errar.
√
a2 = |a|, ∀a ∈ R.
Demonstração:
(f (x))2 , lim (f (x))2 = L2 , então, pelo teorema 3.2.13,
p
Como |f (x)| =
x→x0
p √
lim |f (x)| = lim (f (x))2 = L2 = |L|.
x→x0 x→x0
√
2
Exemplo 3.2.17: Se desejamos calcular lim |x − 5x + 1| + x + 2 , basta substituir
x→2
x por 2. Logo, tal limite é
√ √
lim |x2 − 5x + 1| + x + 2 = |22 − 10 + 1| + 4 = 7.
x→2
Renan Lima 55
Exercícios
x4 − 1
c) lim |x2 − 3x − 7| d) lim
x→2 x→1 x2 − 1
x3 + 8 (x + 2)2 − 4
e) lim f) lim
x→−2 x2 − 4 x→0 (x + 1)2 − 1
x3 − 4x2 + 2x + 4 p
g) lim h) lim x2 − 4x + 5
x→2 x3 − 2x − 4 x→−3
√ √ √
x−3 x2 − x + 1 − x
i) lim j) lim
x→9 x − 9 x→1 x−1
√ √
x− 5 t2 − 7t + 3
k) lim √ √ l) lim
x→5 x + 5 − 10 t→4 t+5
r
3
3 x − 27 u50 − 1
m) lim n) lim
x→3 x−3 u→1 u101 − 1
1 1 1
−1 −
o) lim 1 + h p) lim x + h x
h→0 h h→0 h
f (x) f (x) − 3
2. Seja f : R → R uma função real que satisfaz lim = 2 e lim 2 = 7.
x→0 x x→1 x − 1
Calcule, caso exista lim f (x) e lim f (x).
x→0 x→1
3. Encontre um exemplo em que lim (f (x) +g(x)) exista, embora não existam lim f (x)
x→0 x→0
e lim g(x).
x→0
4. Encontre um exemplo em que lim (f (x)g(x)) exista, embora não existam lim f (x) e
x→0 x→0
lim g(x).
x→0
Respostas
Exercício 1
a) −27 b) 8 c) 9 d) 2
1 √
e) −3 f) 2 g) − h) 26
5
1 √
i) j) 0 k) 2 l) −1
6
50 1
m) 3 n) o) −1 p) −
101 x2
Exercício 2
f (x)
lim f (x) = 0. Dica: Use que f (x) = ·x lim f (x) = 3.
x→0 x x→1
56 Matemática Universitária
Na seção anterior, vimos, via uma construção de tabela e também pela interpretação
do gráfico que não existe lim f (x), onde f é definida por
x→0
1, se x > 0,
f (x) =
−1, se x < 0.
Nem sempre, a priori, teremos em mãos uma tabela fácil de montar e nem o seu gráfico.
Precisamos, portanto, de ferramentas matemáticas mais efetivas para demonstrar que tal
limite não existe. O conceito é conhecido como limites laterais e para entender bem a
definição, recomendamos assistir à nossa videoaula Limites Laterais - Introdução. Nesta
seção, as abordagens ainda serão informais.
Se os valores de f (x) ficam tão próximo quanto quisermos de L, à medida que toma-
mos os valores de x suficientemente próximos de x0 , mas com x > x0 , escrevemos
lim f (x) = L.
x→x+
0
A notação acima significa que o limite de f (x) quando x tende a x0 pela direita tem
o valor L.
Se os valores de f (x) ficam tão próximo quanto quisermos de L, à medida que toma-
mos os valores de x suficientemente próximos de x0 , mas com x < x0 , escrevemos
lim f (x) = L.
x→x−
0
Pela definição intuitiva acima aplicada a f definida no início desta seção, temos que
lim f (x) = L.
x→x0
Corolário 3.3.3
@ lim f (x).
x→x0
@ lim f (x).
x→0
lim f (x) = lim (−x − 1), (x < −2) lim f (x) = lim (x2 + 2x − 1), (x > −2)
x→−2− x→−2− x→−2+ x→−2+
= 1. = −1.
58 Matemática Universitária
@ lim f (x).
x→−2
√
lim f (x) = lim (x2 + 2x − 1) pois x < 1 lim f (x) = lim (1 + x) pois x > 1
x→1− x→1− x→1+ x→1+
= 2. = 2.
lim f (x) = 2.
x→1
y y y
2 2 2
1 1 1
x x x
−3 −2 −1 1 2 −3 −2 −1 1 2 −3 −2 −1 1 2
−1 −1 −1
−2 −2 −2
√
Figura 3.3: y = −x − 1. Figura 3.4: y = x2 + 2x − 1. Figura 3.5: y = 1 + x.
Finalmente, unindo a parte azul dos gráficos acima e marcando a bola aberta e fechada,
temos
y
x
−3 −2 −1 1 2 3
−1
−2
Figura 3.6: Gráfico da f .
x
−4 −3 −2 −1 1 2 3
−1
−2
−3
Estudaremos o limite em dois pontos distintos. Um deles não inteiro e outro deles um
número inteiro.
3
lim f (x) = lim 1 = 1 pois f (x) = 1 para x próximo de .
3
x→ 4 3
x→ 4 4
lim f (x) = lim 1, pois x < 1 lim f (x) = lim 2, pois x > 1
x→1− x→1− x→1+ x→1+
= 1. = 2.
Exercícios
2. Calcule os seguintes limites, caso existam. Se não existir, justifique sua resposta.
x2 x2 − x − 6
a) lim b) lim
x→0 |x| x→3 |x − 3|
x2 − x − 6 4 − |x|
c) lim d) lim
x→1 |x − 3| x→−4 4 + x
3. Para cada x ∈ R considere [[x]] o maior inteiro n tal que n ≤ x. A função é conhecida
como Função maior inteiro ou Função piso. Por exemplo, [[4, 3]] = 4, [[3]] = 3,
[[−2, 1]] = −3.
a) Mostre que lim [[x]] não existe.
x→4
b) Calcule lim
√ [[x]].
x→ 2
√ (x − [[x]]).
c) Calcule lim
x→ 2
d) Seja f (x) = [[x]] + [[−x]]. Mostre que lim f (x) existe mas é diferente de f (1).
x→1
e) Seja f (x) a Função teto, definida no exemplo 3.3.6. Mostre que [[x]] = −f (−x).
Respostas
Exercício 1
Exercício 2
a) 0 b) Não existe c) −3 d) 1
Exercício 3
√
b) 1 c) 2−1
Renan Lima 61
e percebemos que a expressão dentro dos parênteses fica tão próximo de 1 à medida que
x fique suficientemente grande.
Nesta seção, introduziremos o símbolo do infinito ∞ e daremos um significado para
a seguinte escrita
3 1
lim 1 − 2 + 3 = 1.
x→+∞ x x
Para entender bem os conceitos, recomendamos assistir às nossas videoaulas Limites no
Infinito - Assíntotas Horizontais e Limites no Menos Infinto - Assíntotas Horizontais.
lim f (x) = L
x→+∞
se f (x) fica suficientemente próximo de L à medida que x fique tão grande quanto se
queira. A reta y = L é chamada de assíntota horizontal ao gráfico de f .
lim f (x) = M
x→−∞
se f (x) fica suficientemente próximo de M à medida que x fique tão negativo quanto
se queira. A reta y = M é chamada de assíntota horizontal ao gráfico de f .
Exemplo 3.4.3:
1 1 1
1. lim = lim · lim = 0.
x→+∞ x2 x→+∞ x x→+∞ x
1
2. lim = 0 para todo n ∈ N.
x→+∞ xn
1
3. lim = 0 para todo n ∈ N.
x→−∞ xn
1 1 1
lim = lim 3 · lim = 0.
x→+∞
3
3 1 x→+∞ x x→+∞ 3 1
x 1− 2 + 3 1− 2 + 3
x x x x
1
A reta y = 0 é (a única) assíntota horizontal ao gráfico de y = .
x3 − 3x + 1
x2 − 1
Exemplo 3.4.5: Calculemos lim .
x→−∞ x2 + 1
2 2 1 2 2 1
Como x − 1 = x 1 − 2 e x + 1 = x 1 + 2 , então
x x
2 1 1
x 1− 2 1−
x2 − 1 x x2 = 1.
lim 2 = lim = lim
1
x→−∞ x + 1 x→−∞ 2 1 x→−∞
x 1+ 2 1+
x x2
x2 − 1
A reta y = 1 é (a única) assíntota horizontal ao gráfico de y = .
x2 + 1
4. Se x → −∞, então tomamos valores de x negativo e, daí, lim |x| = lim −x.
x→−∞ x→−∞
Renan Lima 63
√ √
x2 + 1 x2 + 1
Exemplo 3.4.6: Calculemos lim e lim .
x→−∞ x x→+∞ x
s s
2
1 1
√ x 1+ 2 √ x2 1+ 2
x2 + 1 x x2 + 1 x
lim = lim lim = lim
x→−∞ x x→−∞ x x→+∞ x x→+∞ x
√ √
r r
1 1
x2 1+ x2 1+
= lim x2 = lim x2
x→−∞ x x→+∞ x
r r
1 1
|x| 1 + |x| 1+
= lim x2 = lim x2
x→−∞ x x→+∞ x
r r
1 1
−x 1+ x 1+
= lim x2 = lim x2
x→−∞ x x→+∞ x
r r
1 1
= lim − 1 + = lim 1+
x→−∞ x2 x→+∞ x2
= −1. = 1.
√
x2 + 1
Logo as retas y = −1 e y = 1 são assíntotas horizontais ao gráfico de y = .
x
1. Escrevemos lim f (x) = +∞, se f (x) fica tão grande quanto se queira à medida
x→x+
0
que x se aproxima de x0 , com x > x0 .
A reta x = x0 é chamada de assíntota vertical ao gráfico de f .
2. Escrevemos lim f (x) = −∞, se f (x) fica tão negativo quanto se queira à me-
x→x+
0
dida que x se aproxima de x0 , com x > x0 .
A reta x = x0 é chamada de assíntota vertical ao gráfico de f .
1 1
lim = +∞ e lim = −∞.
x→0+ x x→0− x
1 1
lim = +∞ e lim = +∞.
x→0+ x2 x→0− x2
64 Matemática Universitária
y y
x x
1 1
Figura 3.8: Gráficos da funções y = e y = 2.
x x
1. Escrevemos lim f (x) = +∞, se f (x) fica tão grande quanto se queira à me-
x→+∞
dida que x fique tão grande quanto se queira.
2. Escrevemos lim f (x) = −∞, se f (x) fica tão negativo quanto se queira à
x→+∞
medida que x fique tão grande quanto se queira.
então,
• lim f (x) + g(x) = +∞. • lim f (x) + h(x) = +∞.
x→x+
0 x→x+
0
h(x)
• lim − f (x) = −∞. • lim = 0.
x→x+
0 x→x+
0
f (x)
(
• lim
f (x)g(x) = +∞. +∞, se L > 0,
x→x+
• lim h(x)f (x) =
0 x→x+
0
−∞, se L < 0.
p p
3
• lim f (x) = +∞. • lim f (x) = +∞
x→x+
0 x→x+
0
−
Temos enunciados análogos se trocarmos x → x+
0 por x → x0 , x → +∞ ou x → −∞.
• +∞ + ∞ = +∞. • +∞ + L = +∞.
• −(+∞) = −∞. L
• = 0.
∞
• (+∞) · (+∞) = +∞.
(−∞) · (−∞) = +∞. • Se L > 0, então L · (+∞) = +∞.
(+∞) · (−∞) = −∞. Se L < 0, então L · (+∞) = −∞.
√ √
• +∞ = +∞. • 3 +∞ = +∞.
A igualdade (−∞) · (−∞) = +∞ se deve, na notação do teorema anterior, que
Exemplo 3.4.10: Os exemplos abaixo são parecidos com os exemplos 3.2.6, mas, desta
vez, utilizaremos o teorema 3.4.9.
6. lim x3 = +∞.
1. lim x = +∞. x→+∞
x→+∞
7. lim x3 = −∞.
2. lim x = −∞. x→−∞
x→−∞
√
3
2 8. lim x = −∞.
3. lim x = +∞. x→−∞
x→+∞
2 3 3 3 1
4. lim x = +∞. 9. lim x −3x+1 = lim x 1− 2 + 3 = +∞.
x→−∞ x→+∞ x→+∞ x x
√
5. lim x = +∞.
3 3 3 1
x→+∞ 10. lim x −3x+1 = lim x 1− 2 + 3 = −∞.
x→−∞ x→−∞ x x
Lista de Indeterminações
±∞ 0
• +∞ − ∞ • • 0 · (+∞) e 0 · (−∞) •
±∞ 0
x3 + 2x − 1
Exemplo 3.4.11: Calculemos lim .
x→+∞ 1 − x2
A técnica é colocar o termo de maior grau em evidência, tanto do numerador, quanto
do denominador, logo
3 2 1 2 1
x 1+ 2 − 3 x 1+ 2 − 3
x3 + 2x − 1 x x x x
lim = lim = lim
2 1
x→+∞ 1−x x→+∞ 1 x→+∞
x2 −1 2
−1
x 2 x
2 1
1+ 2 − 3
= lim x
x x = −∞,
x→+∞ 1
− 1
x2
2 1 1
pois lim 1 + 2 − 3 = 1 e lim − 1 = −1.
x→+∞ x x x→+∞ x2
66 Matemática Universitária
x3 + 2x − 1
Exemplo 3.4.12: Calculemos lim .
x→−∞ 1 − x2
É bem parecido com o exemplo anterior.
2 1
x3 + 2x − 1 1+ 2 − 3
lim = lim x
x x
= +∞,
x→−∞ 1−x 2 x→−∞
1
− 1
x2
2 1 1
pois lim 1 + 2 − 3 = 1 e lim − 1 = −1.
x→−∞ x x x→−∞ x2
Note que, pelos dois exemplos acima, devemos estar muito atentos ao sinal de posi-
tivo ou negativo. Para mais exemplos, sugerimos assistir às videoaulas.
Teorema 3.4.13
Sejam f, g : (x0 , b) → R tais que lim f (x) = 0 e lim g(x) = L, com L > 0, então
x→x+
0 x→x+
0
g(x)
lim = +∞.
x→x+
0
f (x)
g(x)
lim = −∞.
x→x+
0
f (x)
−
Temos enunciados análogos se trocarmos x → x+
0 por x → x0 , x → +∞ ou x → −∞.
1
Na prática, quando o limite for , devemos apenas estudar o sinal em uma vizinhança
0
do ponto em questão e, por isso, é importante trabalhar apenas com limites laterais. Su-
gerimos assistir à nossa videoaula, Exemplos de Limites Infinitos - Assíntotas Verticais.
1
Exemplo 3.4.14: Encontre as assíntotas horizontais e verticais de f (x) = .
x(x − 1)
Os pontos onde zeram o denominador são x = 0 e x = 1, então precisamos calcular os
seguintes limites.
• lim f (x) • lim f (x) • lim f (x)
x→−∞ x→0+ x→1−
Deixaremos a cargo do leitor verificar que lim f (x) = lim f (x) = 0, e, portanto,
x→+∞ x→−∞
y = 0 é a única assíntota horizontal ao gráfico da f .
1
Para o cálculo dos limites laterais de f em x = 0, observe que lim = −∞ e
x→0− x
1
lim = −1, portanto,
x→0− x − 1
1 1 1
lim = lim · = +∞.
x→0− x(x − 1) x→0− x x−1
1 1
Por outro lado, como lim = +∞ e lim = −1, então
x→0+ x x→0 + x − 1
1 1 1
lim = lim · = −∞.
x→0+ x(x − 1) x→0+ x x − 1
2. Embora, a rigor, o limite não exista, temos informações muito importantes sobre
o comportamento da função f e, portanto, é melhor escrever lim f (x) = +∞ ao
x→x+
0
invés de @ lim f (x).
x→x+
0
68 Matemática Universitária
Exercícios
x2 + 1 x x4 − 3x + 1
g) lim h) lim i) lim
x→+∞ x2 3
x→+∞ x + 1 x→−∞ x3 + 5
√ √
x−1 2x2 + 1 5x2 + x + 3
j) lim k) lim l) lim
x→−∞ x + 1 x→−∞ 3x2 − 1 x→−∞ x+1
√ √
x5 − x2 − 1 3
x4 + 5x + 1 3
x4 + 5x + 1
m) lim n) lim o) lim
x→−∞ x3 + x2 + 1 x→+∞ x+1 x→−∞ x+1
x−1 3x x2 − 1
a) lim b) lim c) lim
x→2+ 4 − x2 x→−1− x+1 x→0− x2
x3 + 1 x2 − 3x − 5 1
d) lim e) lim f) lim
x→−1+ x2 − 1 x→4+ (x − 4)3 x→1− x(x − 1)(x − 2)
x3 + 1 3x2 + 1
c) f (x) = d) f (x) =
x3 2x2 + 1
√
x2 3
x2 + 1
e) f (x) = f) f (x) =
(x − 1)(x − 2) x−1
x p
g) f (x) = √ h) f (x) = x − x2 + 1
2
x +1
p p
i) f (x) = 2x − x2 + 1 j) f (x) = x − x2 − 6x + 1
Renan Lima 69
Respostas
Exercício 1
a) +∞ b) +∞ c) +∞
d) −∞ e) −∞ f) +∞
g) 1 h) 0 i) −∞
√
j) 1 k) 0 l) − 5
m) +∞ n) +∞ o) −∞
Exercício 2
a) −∞ b) +∞ c) −∞
3
d) − e) −∞ f) +∞
2
Exercício 3
Horizontal: y = 0. Horizontal: y = 0.
a) b)
Vertical: x = 0. Verticais: x = 1 e x = −1.
3
Horizontal: y = 1. Horizontal: y = .
c) d) 2
Vertical: x = 0. Vertical: não tem.
Horizontal: y = 1. Horizontal: y = 0.
e) f)
Verticais: x = 1 e x = 2. Vertical: x = 1.
f (x) − f (x0 )
f 0 (x0 ) = lim .
x→x0 x − x0
Dizemos que f é uma função derivável se ela for derivável em todos os pontos do
seu domínio.
1 1
f (x + h) − f (x) −
lim = lim x + h x
h→0 h h→0 h
x − (x + h) 1
= lim ·
h→0 x(x + h) h
−h −1 1
= lim = lim = − 2.
h→0 x(x + h)h h→0 x(x + h) x
√
Exemplo 3.5.3: Para encontrarmos a derivada da função f (x) = x, devemos, primei-
ramente, analisar o domínio de f , que é [0, +∞). Portanto, devemos trabalhar sempre
com x ≥ 0.
Pela definição 3.5.1, trabalhamos apenas com intervalos abertos e, portanto, vamos se
restringir a x > 0. Então,
√ √ √ √
f (x + h) − f (x) x+h− x x+h+ x
lim = lim ·√ √
h→0 h h→0 h x+h+ x
x+h−x
= lim √ √
h→0 h x+h+ x
1 1
= lim √ √ = √ .
h→0 x+h+ x 2 x
Renan Lima 71
Teorema 3.5.4
Demonstração:
A demonstração se encontra na página 355.
Demonstração:
1. A demonstração se encontra na página 361.
9. Se f (x) = 4x5 − 5x4 + 10x2 − 20x + 5, então f 0 (x) = 20x4 − 20x3 + 20x − 20.
Demonstração:
A demonstração se encontra na página 356.
Exemplo 3.5.8: Vamos derivar a função g(x) = (x3 +1)2 . Para tanto, tome f (x) = x3 +1
e temos que g(x) = [f (x)]2 , logo
Exemplo 3.5.9: Para derivar a função g(x) = (x3 + 2x2 − x + 1)2 , considere a função
f (x) = x3 + 2x2 − x + 1 e, portanto, g(x) = [f (x)]2 . Daí,
1
Exemplo 3.5.10: Vamos derivar a função f (x) = do exemplo 3.4.14. Consi-
x(x − 1)
1
dere g(x) = x2 − x e f (x) = . Como g 0 (x) = 2x − 1, então
g(x)
g 0 (x) 1 − 2x
f 0 (x) = − 2
= .
(g(x)) (x(x − 1))2
Renan Lima 73
1
Para o próximo exemplo, precisaremos da identidade x−n = e da propriedade de
xn
n m
multiplicação de potências de mesma base x .x = x n+m . Para o leitor que precisa de
uma introdução do porquê desta propriedade, sugerimos a videoaula [Revisão] - Função
Exponencial - Definindo nos Inteiros.
1
Exemplo 3.5.11: Se f (x) = x−n = , com n ∈ N então
xn
(xn )0 nxn−1 n
f 0 (x) = − n 2
= − 2n
= −nxn−1−2n = −nx−n−1 = − n+1 .
(x ) x x
3 5
Exemplo 3.5.13: Considere a função f (x) = 8x2 + − 2 = 8x2 + 3x−1 − 5x−2 . A
x x
função f é derivável em todo x 6= 0 e, utilizando a regra do tombo, a sua derivada é
3 10
f 0 (x) = 16x − 3x−2 + 10x−3 = 16x − 2
+ 3.
x x
f 0 (x0 )
g 0 (x0 ) = p .
2 f (x0 )
Demonstração:
Dado x0 ∈ R com f (x0 ) > 0, então
p p p p
g(x0 + h) − g(x0 ) f (x0 + h) − f (x0 ) f (x0 + h) + f (x0 )
lim = lim ·p p
h→0 h h→0 h f (x0 + h) + f (x0 )
f (x0 + h) − f (x0 )
= lim p p
h→0
h f (x0 + h) + f (x0 )
!
f (x0 + h) − f (x0 ) 1
= lim ·p p
h→0 h f (x0 + h) + f (x0 )
f 0 (x0 )
= p .
2 f (x0 )
√ (x)0 1
Exemplo 3.5.15: Seja g(x) = x. Temos que g 0 (x) = √ = √ para todo x 6= 0.
2 x 2 x
74 Matemática Universitária
√
Exemplo 3.5.16: Se g(x) = x2 + 1, então
(x2 + 1)0 2x x
g 0 (x) = √ = √ =√ .
2 x2 + 1 2 x2 + 1 x2 + 1
√ p
Exemplo 3.5.17: Se f (x) = x− x3 − 2x + 1, então
1 3x2 − 2
f 0 (x) = √ − √ .
2 x 2 x3 − 2x + 1
1 1 1
g 0 (x) = f 0 (x) · p = √ · √ 4
2 f (x) 2 x 2 x
1 1 1
= x−1/2 · x−1/4 = x−3/4 = √ 4
.
4 4 4 x3
Exercícios
3. Se f é derivável, com f (x) > 0, encontre a fórmula das derivadas das funções
abaixo, utilizando o teorema 3.5.7.
1 1
a) g(x) = p b) g(x) = c) g(x) = (f (x))4
f (x) f (x)2
4. Seja f uma função derivável. Mostre que a função g(x) = (f (x))3 é derivável e vale
g 0 (x) = 3(f (x))2 .f 0 (x)
Respostas
Exercício 1
a) 2 b) 6x − 2
c) 3x2 − 2 d) 9x2 − 16x + 4
5 5x4
e) − f) −
x6 (x5 + 1)2
2(6x2 + 7) 21
g) h) −
(2x3 + 7x + 1)2 x8
i) 2(4x3 − 3x2 )(12x2 − 6x) j) 2(5x4 − 6x3 + 3x2 )(20x3 − 18x2 + 6x)
3x2 3x2 + 2 2x + 5
k) √ l) √ − √
2 x3 + 2 2 x + 2x − 1 2 x2 + 5x + 1
3
Exercício 2
1 3x + 2
a) f 0 (x) = 2x − 3 b) f 0 (x) = √ c) f 0 (x) = √
2 x+1 2 x+1
Exercício 3
f 0 (x) 2f 0 (x)
a) g 0 (x) = − b) g 0 (x) = − c) g 0 (x) = 4[f (x)]3 f 0 (x)
(f (x))3
p
2f (x) f (x)
76 Matemática Universitária
x2 − 4
Supomos que desejamos calcular lim . Mas, ao invés de fazermos contas, rein-
x→2 x − 2
terpretamos o problema da seguinte forma: considere f (x) = x2 −4, então, pela definição
de derivada, temos que
f (x) − f (2) x2 − 4
f 0 (2) = lim = lim .
x→2 x−2 x→2 x − 2
f (x) − f (1) x3 + 2x − 3
f 0 (1) = lim = lim .
x→1 x−1 x→1 x−1
Por outro lado, f 0 (x) = 3x2 + 2 e, portanto, f 0 (1) = 5. Analogamente, temos que
x4 − 5x + 4
g 0 (1) = lim
x→1 x−1
x3 − 3x + 2
Exemplo 3.6.3: Calculemos lim .
x→1 x3 − 4x2 + 5x − 2
0
Observe que é uma indeterminação do tipo , logo estamos em condições de aplicar a
0
primeira regra de L’Hospital. Derivando em cima e embaixo, devemos calcular
3x2 − 3
lim .
x→1 3x2 − 8x + 5
0
Observe que ainda temos a indeterminação do tipo . Aplicando novamente a regra
0
de L’Hospital, temos
6x 6
lim = = −3.
x→1 6x − 8 −2
Concluímos então que
x3 − 3x + 2
lim = −3.
x→1 x3 − 4x2 + 5x − 2
Mesmo quando o resultado final do limite vai para o infinito, estamos em condições
de aplicar a regra de L’Hospital.
x2 + 3x + 2
Exemplo 3.6.4: Calculemos lim .
x→−2+ x3 + 3x2 − 4
0
Como é uma indeterminação do tipo , podemos aplicar a regra de L’Hospital e deve-
0
mos calcular o seguinte limite:
2x + 3
lim .
x→−2+ 3x2 + 6x
−1
É limite do tipo . Para resolvê-lo, devemos fazer um estudo do sinal da f (ver
0
teorema 3.4.13).
Para x > −2 mas com x próximo de −2, temos que o numerador 2x + 3 é negativo e o
denominador 3x2 + 6x = 3x(x + 2) é negativo. Logo
2x + 3
>0
3x2 + 6x
para x > −2 mas com x próximo de −2. Daí,
2x + 3
lim = +∞
x→−2+ 3x2 + 6x
x2 + 3x + 2
lim = +∞.
x→−2+ x3 + 3x2 − 4
Outro ponto importante é que a regra de L’Hospital não trabalha apenas com indeter-
0 ∞
minação do tipo . Ela funciona também para indeterminações do tipo ± . Em alguns
0 ∞
lugares, é conhecido como 2ª regra de L’Hospital e vamos enunciar sem uma demons-
tração.
78 Matemática Universitária
Sejam f, g : (x0 , b) → R funções deriváveis, tais que lim |f (x)| = lim |g(x)| = +∞
x→x+
0 x→x+
0
f 0 (x)
e que g 0 (x) 6= 0 para x 6= x0 numa vizinhança de x0 . Se lim existe ou vai para
x→x+
0
g 0 (x)
o infinito, então
f (x) f 0 (x)
lim = lim 0 .
x→x+
0
g(x) x→x+ 0
g (x)
O mesmo resultado vale para o limite lateral à esquerda e também e substituirmos x0
por +∞ ou −∞.
x2 + 3x + 2 L’H 2x + 3 L’H 2 1
lim 2
= lim = lim =− .
x→−∞ −2x + 5x − 2 x→−∞ −4x + 5 x→−∞ −4 2
Exercícios
x5 − 32 x4 − 81
a) lim b) lim
x→2 x − 2 x→3 3x2 − 2x − 21
x101 + 1 x3 − 6x + 4
c) lim d) lim
x→−1 x49 + 1 x→2+ (x − 2)2
√ √ √
x + 5 − 10 x2 + 4x − 3 − x − 1
e) lim f) lim √
x→5 x−5 x→2 x+2−2
√
x4 − 4x3 + 5x2 − 4x + 4 x2 + 3 − 2
g) lim h) lim √
x→2 x3 − 3x2 + 4 x→1 x−1
√
x5 + 3x + 4 4x2 + 3
i) lim j) lim √
x→−∞ x3 − 5x + 6 x→−∞ x2 + 5
Respostas
Exercício 1
27 101 1
a) 80 b) c) d) +∞ e) √
4 49 2 10
4 5
f) g) h) 1 i) +∞ j) 2
3 3
C APÍTULO
4 Derivadas
As fórmulas acima estão bem definidas desde que a partícula não sofra alguma coli-
são ou ganhe um impulso.
O conceito de derivada é muito mais poderoso que meramente calcular velocidade e
aceleração de uma partícula. Falando de forma mais ampla, a derivada é um processo
de limite que compara a variação de duas grandezas escalares distintas. Por exemplo, a
velocidade de um movimento retilíneo é uma grandeza escalar que compara a variação
entre a posição e o tempo, enquanto a aceleração é uma grandeza escalar que compara a
variação entre a velocidade e o tempo.
Podemos comparar muito mais grandezas e obtermos resultados interessantes de
forma sistemática e estruturada. Por exemplo, para cada r positivo, temos que a área
do círculo de raio r é dada por A(r) = πr2 . Se compararmos a variação da área do círculo
com a variação do raio, isto é, se derivarmos a função A(r) com respeito ao raio r, temos
que A0 (r) = 2πr, que coincide com o comprimento do círculo de raio r. Para entender-
mos a razão geométrica desta coincidência, considere ∆r uma pequena variação do raio e
defina a variação da área por ∆A = A(r + ∆r) − A(r).
r
C(r)
r + ∆r
∆r
C(r + ∆r)
Temos que ∆A é a coroa circular hachurada na figura acima. Imagine que cortemos a
coroa, de forma radial, a desenrolamos e a transformamos em um trapézio em que a base
menor é o comprimento do círculo de raio r e a base maior é o comprimento do círculo
de raio r + ∆r, que denotamos por C(r) e C(r + ∆r), respectivamente.
Renan Lima 81
∆A
' C(r),
∆r
e, no caso limite, concluímos que
∆A
C(r) = lim .
∆r→0 ∆r
Um exemplo interessante na física é considerar uma barra linear não homogênea (isto
é, o material da barra é diferente em cada ponto). Sabemos que a densidade média d da
barra é a razão da massa m pelo seu comprimento L, isto é,
m
d= .
L
Até o momento, o conceito de derivada foi trabalhado com a interpretação via física
mecânica, em que reinterpretávamos a função como a equação de um movimento retilí-
neo e a derivada é uma ferramenta matemática para calcular a velocidade da partícula.
Nesta seção, vamos falar da interpretação geométrica da derivada, mais precisamente, ve-
rificaremos que a derivada é o coeficiente angular da reta tangente ao gráfico da função.
∆y
a= ,
∆x
y y
∆x
y1 y1
∆y ∆y
y0 y0
∆x
x x
x0 x1 x0 x1
Exemplo 4.2.1: A equação da reta que passa em (1, 2) e com coeficiente angular −3 é:
y = 2 + (−3)(x − 1) = 2 − 3x + 3 = −3x + 5.
Exemplo 4.2.2: Para encontrarmos a equação da reta que passa pelos pontos (1, 2) e
5
(5, 7), basta ver que ∆y = 5 e ∆x = 4, daí, a = (ver figura abaixo).
4
(5, 7)
(1, 2)
4
5 5 3
y = 2 + (x − 1) = x + .
4 4 4
É um bom exercício verificar que a escolha do ponto (1, 2) ou do ponto (5, 7) dá origem
a mesma equação da reta, mais precisamente,
5 5
y = 2 + (x − 1) = 7 + (x − 5).
4 4
Renan Lima 83
Há várias notações possíveis para a derivada da função y = f (x). Todas elas têm sua
importância dependendo do contexto.
dy d
, y 0 (x), f 0 (x), f, Df, Dx f, ẏ, f˙.
dx dx
Para o cálculo de uma variável, usamos a notação simplificada f 0 ou y 0 . Na física, apa-
recem com frequência as equações diferenciais ordinárias que dependem, normalmente,
da segunda derivada e, por conta disso, é usual utilizar a notação ÿ. Por exemplo, a
equação
mÿ + k ẏ − mg = 0
é a equação diferencial de um corpo em queda livre com resistência do ar e deve-se
achar a função y = y(t) que satisfaz a equação que depende das derivadas acima.
Veremos que a notação de Leibniz é muito boa para aplicar na regra da cadeia e facilita
muito em memorização de fórmulas. Veremos um pouco disso no curso de cálculo 1,
mas a notação de Leibniz é muito mais utilizada em cálculo de várias variáveis.
y0
x
x0
O método para encontrar a reta tangente é marcarmos o ponto (x0 + h, f (x0 + h)) e
achamos o coeficiente angular da reta que passa por (x0 , y0 ) e (x0 + h, f (x0 + h)). Nas
figuras abaixo, substituímos x0 + h por x.
y y
f (x)
f (x)
y0 y0
x x
x0 x x0 x
y y
f (x)
f (x)
y0 y0
x x
x0 x x0x
f (x0 + h) − f (x0 )
.
h
Fazendo h tender a 0, temos
f (x0 + h) − f (x0 )
lim = f 0 (x0 ).
h→0 h
Portanto, a interpretação geométrica da derivada é o coeficiente angular da reta tangente
ao gráfico de f e, juntando todas as informações adquiridas ao longo da seção, temos a
equação da reta tangente ao gráfico de f .
y = y0 + f 0 (x0 )(x − x0 ).
y = −9x + 6.
O exercício está pedindo para encontrar todas as retas tangentes ao gráfico de f cujo
coeficiente angular é −9. A derivada da f é f 0 (x) = 6x2 − 21x e devemos resolver a
equação f 0 (x) = −9. Daí,
6x2 − 21x = −9 ⇒
6x2 − 21x + 9 = 0 ⇒
2x2 − 7x + 3 = 0.
y y
x x
x0 x0
Exercícios
a) f (x) = x2 , x0 = 3 b) f (x) = x2 − 3x + 1, x0 = −1
1 1
c) f (x) = x7 − 3x4 − 3x + 1, x0 = 1 d) f (x) = , x0 =
x 2
1
2. Encontre o ponto de interseção da reta tangente ao gráfico de y = x − no ponto
x
(1,0) com o eixo y.
5. Encontre as retas tangentes à parábola y = x2 − 2x + 3 que passam pelo ponto (4, 7).
x2 − ax + 3,
se x > 1
6. Determine a ∈ R de modo que a função f (x) = 3 2 2
x − a x + 2x + 3, se x ≤ 1
seja derivável em x = 1.
Respostas
Exercício 1
a) y = 9 + 6(x − 3) b) y = 5 − 5(x + 1)
1
c) y = −4 − 8(x − 1) d) y = 2 − 4 x −
2
Exercício 2
(0, −2).
Exercício 3
1 22
(1, 0) e , .
3 27
Exercício 4
a = −3, b = 4 e c = 3.
Exercício 5
y = 3 + 2(x − 2) e y = 27 + 10(x − 6).
Exercício 6
a = −1.
3
Talvez o estudante encontre também o valor a = . Use a Cálculadora Gráfica do Geo-
2
gebra e tente descobrir o porquê de ter que descartar este valor.
Renan Lima 87
1. f · g é derivável em x0 e vale
f
2. Se g(x0 ) 6= 0, então é derivável em x0 e vale
g
0
f f 0 (x0 )g(x0 ) − f (x0 )g 0 (x0 )
(x0 ) = .
g (g(x0 ))2
Demonstração:
A demonstração se encontra na página 357.
x3 + 1
Exemplo 4.3.3: Vamos derivar a função y = √ .
x
√ 1
Tome f (x) = x3 + 1 e g(x) = x, então f 0 (x) = 3x2 e g 0 (x) = √ . Pela regra do
√ √ 2 x
quociente e, pelo fato que ( x)2 = x (Por que não ( x)2 = |x|?), temos
2√ x3 + 1
3x x − √
0 f 0 (x)g(x) − f (x)g 0 (x) 2 x
y (x) = =
(g(x))2 x
Demonstração:
A demonstração será feita na seção 6.5 do capítulo 6.
dz dz dy
= · .
dx dy dx
Exemplo 4.3.6: Seja g(x) função derivável e tome h(x) = (g(x))2 . Vamos mostrar que
a notação de Leibniz é mais intuitiva. Tome y = g(x) e h(y) = y 2 , então
dh
= 2y.
dy
dh dh dy
= · = 2yg 0 (x) = 2g(x)g 0 (x).
dx dy dx
1
Exemplo 4.3.7: Seja g função derivável com g(x) 6= 0 para todo x e seja h(x) = .
g(x)
1
Tomamos y = g(x) e h(y) = , pela regra do tombo, temos que
y
dh 1
= − 2.
dy y
dh dh dy g 0 (x) g 0 (x)
= · =− 2 =− .
dx dy dx y (g(x))2
Deixamos a cargo do leitor aplicar a regra da cadeia para deduzir que se g é derivável,
p dh g 0 (x)
g(x) 6= 0 e se h(x) = g(x), então = p .
dx 2 g(x)
df df dy
= · = 3y 2 (2x + 3) = 3(x2 + 3x + 1)2 (2x + 3).
dx dy dx
Exemplo 4.3.9: Considere a função f (x) = x2 (x2 − 5x + 1)6 . Para derivar, precisaremos
da regra do produto e da regra da cadeia. Façamos y(x) = x2 −5x+1, então f (x) = x2 y 6
e, portanto,
dy
f 0 (x) = 2xy 6 + x2 (y 6 )0 = 2xy 6 + x2 · 6y 5 ·
dx
= 2x(x2 − 5x + 1)6 + 6x2 (x2 − 5x + 1)5 (2x − 5).
Exemplo 4.3.10: Considere a função f (x) = (4x2 − 5x)3 (x2 + 3x + 2)2 . Façamos, então,
y(x) = 4x2 − 5x e z(x) = x2 + 3x + 2, então f (x) = y(x)3 z(x)2 e, portanto,
dy 2 dz
f 0 (x) = (y 3 )0 · z 2 + y 3 · (z 2 )0 = 3y 2 ·
· z + y 3 · 2z ·
dx dx
= 3y 2 (8x − 5)z 2 + 2y 3 z(2x + 3)
= 3(4x2 − 5x)2 (8x − 5)(x2 + 3x + 2)2 + 2(4x2 − 5x)3 (x2 + 3x + 2)(2x + 3).
Uma outra regra de derivação que vamos falar desta seção é a derivada da função in-
versa. Sugerimos assistir à nossa videoaula [Revisão] - Função Inversa.
Dado uma função f : (a, b) → (c, d) função bijetora e seja g : (c, d) → (a, b) a função
inversa da f . É conhecido que o gráfico de g e da f são simétricos em relação à reta y = x
90 Matemática Universitária
e, portanto, é esperado que se o gráfico da função f possui reta tangente, então o gráfico
da função g possui reta tangente.
y
g(x) y=x
f (x)
Exemplo 4.3.11: Seja f (x) = 2x + 3, a 6= 0. Sabemos que f é bijetora e seja g sua função
inversa. Uma forma para encontrar a expressão de g é substituir x por g(x), então
f ◦ g(x) = 2g(x) + 3.
x 3
g(x) = − .
2 2
1
O coeficiente angular da reta de f é 2, enquanto o coeficiente angular da g é .
2
x = ay + b.
1 b
y= x− .
a a
1
Se o coeficente angular da reta é a, então o coeficiente angular da sua inversa é .
a
Exemplo 4.3.13: Seja a função f : [0, +∞) → [0, +∞) definida por f (x) = x2 , então o
gráfico da f passa pelo par ordenado (3, 9) e vale f 0 (3) = 6.
√
Se considerarmos a sua função inversa g(x) = x, temos que o gráfico da g passa pelo
1
par ordenado (9, 3) e vale g 0 (9) = .
6
Por outro lado, o par ordenado (0, 0) está nos gráficos da f e g; vale f 0 (0) = 0, mas não
existe g 0 (0). Aqui estamos usando a noção de derivadas laterais, ver a página 71.
xp = ep ln x .
Demonstração:
A demonstração será feita na seção 6.5 do capítulo 6.
dx 1
= .
dy dy
dx
Exemplo 4.3.17: Para derivarmos a função y = x8/5 , basta utilizar a regra do tombo
8
com p = ,
5
8 8x3/5
y 0 (x) = x(8/5)−1 = .
5 5
(cf )0 = cf 0 , onde c ∈ R
(f · g)0 = f 0 · g + f · g 0
0
f f 0 · g − f · g0
=
g g2
(f ◦ g)0 = (f 0 ◦ g) · g 0
1
(f −1 )0 =
f0 ◦ f −1
Renan Lima 93
Exercícios
Respostas
Exercício 1
x2 + 2x − 1
a) 5x4 + 8x3 − 6x2 − 18x − 13 b)
(x + 1)2
−7 −3x2 + 12x + 15
c) d)
(5x + 4)2 (x2 + 5)2
5x2 + 4x 1−x
e) √ f) √
2 x+1 2 x(x + 1)2
Nesta seção, vamos aprender a esboçar gráficos utilizando apenas a primeira deri-
vada. Começaremos enunciando o resultado em que as derivadas nos fornecem a impor-
tantíssima informação dos intervalos de crescimento e decrescimento de f . Esse resultado
já foi utilizado na seção 1.5 e, como aplicação, esboçamos alguns gráficos de polinômios.
Sugerimos, portanto, além de reler a seção 1.5, assistir à nossa videoaula Intervalo de
Crescimento e Decrescimento.
Seja f : [a, b] → R derivável no intervalo (a, b) e suponha que lim f (x) = f (a) e
x→a+
lim f (x) = f (b).
x→b−
1. Se f 0 (x) > 0 para todo x ∈ (a, b), então f é estritamente crescente em [a, b].
2. Se f 0 (x) < 0 para todo x ∈ (a, b), então f é estritamente decrescente em [a, b].
Demonstração:
A prova deste teorema será postergada para o capítulo 6, pois é necessário um dos resul-
tados mais importante do cálculo que é o teorema do valor médio (TVM).
y y
x x
Figura 4.4: Concavidade para baixo. Figura 4.5: Concavidade para cima.
+ +
f′
0 2
f
0 2
2
Máximo local
1 b
x
−1 1 2 3 4
−1
−2
b
−3
Mı́nimo local
Note que as informações acima nos fornecem todos os pontos onde o gráfico da f troca
o crescimento pelo decrescimento e vice-versa. Basta, então, ligar as curvas e teremos
o gráfico da f .
y
2
Máximo local
1 b
x
−1 1 2 3 4
−1
−2
b
−3
Mı́nimo local
1. Encontre o domínio.
5. Esboce parte do gráfico nas partes importantes, tais como o gráfico se comporta
perto das assíntotas e também perto dos pontos críticos (lembrar do máximo
local e mínimo local).
1
Exemplo 4.4.4: Para esboçar o gráfico da função f (x) = , devemos encontrar
x(x − 1)
primeiramente as assíntotas horizontais e verticais de f (x).
Os pontos onde zeram o denominador são x = 0 e x = 1, então precisamos calcular os
seguintes limites.
• lim f (x) • lim f (x) • lim f (x)
x→−∞ x→0+ x→1−
Deixaremos a cargo do leitor verificar que lim f (x) = lim f (x) = 0, e, portanto,
x→+∞ x→−∞
y = 0 é a única assíntota horizontal ao gráfico da f .
1
Para o cálculo dos limites laterais de f em x = 0, observe que lim = −∞ e
x→0− x
1
lim = −1, portanto,
x→0− x − 1
1 1 1
lim = lim · = +∞.
x→0− x(x − 1) x→0 x x − 1
−
1 1
Por outro lado, como lim = +∞ e lim = −1, então
x→0+ x x→0+ x − 1
1 1 1
lim = lim · = −∞.
x→0+ x(x − 1) x→0 x x − 1
+
Renan Lima 97
1 1 1
Em x = 1, temos que lim = −∞, lim = +∞ e lim = 1. Daí,
x→1− x−1 x→1+ x − 1 x→1 x
1 1 1 1
lim = lim · = −∞ e lim = +∞.
x→1− x(x − 1) x→1 x − 1 x
− x→1+ x(x − 1)
1 − 2x
Como a derivada de f é dada por f 0 (x) = , temos o seguinte estudo do sinal
[x(x − 1)]2
(é importante marcar os pontos onde zeram no denominador para evitar confusão).
+ + f ′ (x)
0 1 1
2
f (x)
0 1 1
2
Como coletamos todos os intervalos onde f cresce e decresce, o que precisamos agora
é unir estes pedaços de curvas para esboçar o gráfico de f .
98 Matemática Universitária
Falaremos um pouco sobre classificação de pontos críticos. Veremos que o ponto crí-
tico nem sempre é máximo ou mínimo (local) da função. Neste último caso, será chamado
de ponto de inflexão.
Demonstração:
A demonstração se encontra na página 371.
Para classificar o ponto crítico, temos um teste bem eficaz, que é o estudo do sinal da
derivada.
Renan Lima 99
1. Se f 0 (x0 ) > 0 para todo x < x0 suficientemente próximo de x0 e f 0 (x0 ) < 0 para
todo x > x0 suficientemente próximo de x0 , então x0 é um ponto de máximo
local.
2. Se f 0 (x0 ) < 0 para todo x < x0 suficientemente próximo de x0 e f 0 (x0 ) > 0 para
todo x > x0 suficientemente próximo de x0 , então x0 é um ponto de mínimo
local.
Demonstração:
A demonstração se encontra na página 377.
+
f′
0 3
f
0 3
3
x
-27
100 Matemática Universitária
Exercícios
2. Encontre e classifique os pontos críticos entre máximo local, mínimo local e ponto
de inflexão.
a) f (x) = x4 + 3 b) f (x) = −x4 + 8x2 + 1
x−1
e) f (x) = (x + 1)3 (x − 1)2 f) f (x) =
(x + 1)3
Respostas
Exercício 1
Exercício 2
x = −2, máximo local,
a) x = 0, mínimo local. b) x = 0, mínimo local,
x = 2, máximo local.
x = 1, máximo local,
x = 0, ponto de inflexão,
c) d) 5
x = 3, mínimo local. x = , mínimo local.
3
x = −1, ponto de inflexão,
1
e) x = , máximo local, f) x = 2, máximo local.
5
x = 1, mínimo local.
Renan Lima 101
Dentre as aplicações do cálculo estão aquelas em que busca os valores máximos e mí-
nimos das funções. Elas aparecem em muitos problemas práticos tais como maximizar
lucros, minimizar custos, minimizar tempo de deslocamento entre dois lugares, maximi-
zar o rendimento de uma produção e assim em diante. Estes problemas são conhecidos
como problemas de otimização.
f (x0 ) ≥ f (x), ∀x ∈ D.
f (x0 ) ≤ f (x), ∀x ∈ D.
Um problema de otimização nada mais é que uma busca de máximos e mínimos glo-
bais de uma função modelada. Normalmente, a maior dificuldade é encontrar a função
que modele o problema e isto se aprende com interpretação, lógica e muitos exercícios.
Sugerimos assistir às videoaulas Problemas de Otimização - Exemplo 1 e Problemas de
Otimização - Exemplo 2.
3. Mostre que um dos pontos críticos é o ponto que otimiza o problema. Sugerimos
que faça o esboço do gráfico.
Exemplo 4.5.2: Vamos achar dois números positivos cuja soma é 6 e o produto seja o
máximo possível.
Sejam x e y dois números positivos cuja soma é 6, isto é,
x + y = 6.
P = xy.
P (x) = x(6 − x) = 6x − x2 .
102 Matemática Universitária
Note que, pelo enunciado do problema, devemos ter necessariamente 0 < x < 6.
Neste caso, sabemos de antemão o gráfico.
y
x
3
Exemplo 4.5.3: Uma lata cilíndrica fechada feita de alumínio deve conter 250cm3 de
líquido. Qual o raio e a altura da lata de modo que se gaste menos alumínio possível,
assumindo que a espessura do alumínio seja desprezível.
πr2 h = 250.
Daí,
250
h= .
πr2
Desejamos minimizar a área toda da lata. A área da base é dada por Ab = πr2 e a área
lateral é dada por AL = 2πrh. Como são duas bases (a parte de cima e a parte de baixo
da lata), então a área total é dada por:
Falta provar que as dimensões encontradas são os valores que minimizam o problema.
Para isso, vamos utilizar a expressão da derivada A0 (r) e estudar o seu sinal.
2πr3 − 250
0 250
A (r) = 2π − 2 + 2r = 2π ,
πr πr2
que é uma fração de dois polinômios. Como o denominador de A0 (r) é positivo, o sinal
5
está totalmente determinado pelo numerador que tem como raiz √ 3
. Logo temos o
π
seguinte estudo do sinal.
+ A′
5
√
3
π
A
5
√
3
π
Como lim A(r) = +∞ e lim A(r) = +∞, podemos esboçar o gráfico de A(r)
r→0+ r→+∞
5
√
3
π
5
E vemos que, de fato, o ponto r = √ 3
é ponto de mínimo global. Logo as dimensões
π
5 10
da lata são r = √
3
' 3, 4139 e h = √3
' 6, 8279 centímetros.
π π
Finalizamos a seção com um exemplo para deduzir a fórmula de distância entre ponto
e reta utilizando os conceitos de cálculo.
Exemplo 4.5.4: Fixado um ponto P = (0, 0) e a reta r dada pela equação y = 1 − 2x,
vamos calcular a distância entre este ponto e a reta r.
Fixado
p (x, y) na reta r, temos que a distância entre o ponto (x, y) e a reta r é dada por
x + y 2 . Como y = 1 − 2x, temos que a distância de P ao ponto (x, y) é dada por
2
p p p
D(x) = x2 + y 2 = x2 + (1 − 2x)2 = 5x2 − 4x + 1.
D(x) b (x, y)
10x − 4
Temos que D0 (x) = √ e, portanto, D0 (x) = 0 se e somente se 10x − 4 = 0
2
2 5x − 4x + 1
2 2
e, portanto, x = . Esboçando o gráfico de D, vemos que o ponto x = é o ponto de
5 5
mínimo de D(x).
D(x)
2
O 5
2 1
Portanto, o ponto da reta y = 1 − 2x que está mais próximo da origem é , ea
5 5
√
2 5
distância é dada por D = .
5 5
Renan Lima 105
Exercícios
3. Ache a maior área do retângulo com a base inferior sobre o eixo x e os vértices
superiores na parábola y = 12 − x2 .
4. Dentre todos os triângulos, contido no 1◦ quadrante, cujos três lados são formados
pelo eixo x, pela reta y = 2x e por uma reta que passa pelo ponto (2, 1), determine
os vértices daquele que tem a menor área.
6. Uma caixa retangular fechada com base quadrada e de volume 8 litros deve ser
feita de madeira. Qual deve ser as dimensões da caixa de modo que use a menor
quantidade de madeira possível?
7. Uma peça quadrada de papelão de 60 cm de lado deve ser transformada numa caixa
aberta em cima, retirando-se um pequeno quadrado de cada canto e dobrando-se
as abas para formar os lados. De que tamanho devemos cortar o quadrado de cada
canto para que o volume da caixa seja máximo?
x x
x x
09
B
80
Respostas
Exercício 1
Quadrado de lado 4 m.
Exercício 2
Quadrado de lado 4 m.
Exercício 3
O retângulo tem dimensões 4 e 8 e tem, portanto, área 32.
Exercício 4
(0, 0), (3, 0) e (1, 2).
Exercício 5
√
2
.
2
Exercício 6
Cubo de aresta 2 m.
Exercício 7
Deve-se cortar 10 cm.
Exercício 8
√ √
Ficará (40 3) m submerso
√ na água e (80 − 20 3) m sob a terra, sendo, portanto, necessá-
rio comprar (80 + 20 3) m de oleoduto.
Exercício 9
(2, 4).
Renan Lima 107
Primeiramente, façamos um esboço do cone com água conforme feito na figura abaixo.
r
6
h
Sejam V (t), r(t) e h(t) o volume da água, o raio da superfície e a altura da água no ins-
tante t, respectivamente, em que t representa o minuto. É importante ressaltar que taxa
de variação significa velocidade da variação e dizer que a água está sendo bombeada
a uma taxa de π m3 /min significa que
dV
= π.
dt
dh
Desejamos encontrar o valor de , quando h = 4. Vamos relacionar os parâmetros.
dt
Utilizando semelhança de triângulos, temos que
h 6
= = 2.
r 3
h
E como queremos escrever V em função de h, tome r = . Por outro lado, o volume
2
V é dado por
πr2 h
V = .
3
108 Matemática Universitária
Logo,
πh3 (t)
V (t) = .
12
Derivando a expressão acima em relação à t, temos
dV πh2 dh
= · .
dt 4 dt
dV
Substituindo h = 4 e = π na expressão acima, temos
dt
dh 4
= 2 = 0, 25.
dt 4
Logo, a taxa de variação da altura h é 0, 25 m/min.
Terminamos a seção fazendo uma lista de como proceder para a resolução de proble-
mas de taxas relacionadas.
2. Introduza notações, dando símbolos para todas as funções relevantes que vão
depender do tempo.
4. Após ter montado as equações chaves e eliminado algumas variáveis via substi-
tuição, derive com respeito a t, sempre usando a regra da cadeia.
5. Agora sim, faça a substituição numérica e encontre o valor desejado pelo pro-
blema.
Renan Lima 109
Exercícios
4. Uma bola de neve em formato esférico está derretendo a uma taxa constante de
10π cm3 /s. Qual a taxa de variação do raio da esfera no momento em que o raio é
5 cm?
5. Um tanque na forma de cone com o vértice para baixo mede 5 m de altura e tem no
topo um diâmetro de 20 m. Bombeia-se a água à taxa de 4 m3 por minuto. Ache a
taxa de variação com que o nível da água sobe quando tem 1 m de profundidade.
6. Um carro que viaja a 20 m/s numa estrada reta passa sob um balão de ar que está
subindo com velocidade constante de 10 m/s. Se o balão está a 300 m acima da
terra quando o carro está diretamente embaixo dele, com que velocidade a distância
entre o carro e o balão estará crescendo um minuto depois.
Respostas
Exercício 1
12 m2 /s.
Exercício 2
A área do retângulo está diminuindo a uma taxa de variação de 10 m2 /s no instante em
que a base é 8 e a altura é 15 metros.
Exercício 3
a) 24 m3 /s.
√
b) 2 3 m/s.
Exercício 4
0, 1 cm/s.
Exercício 5
1
m/min
π
Exercício 6
22 m/s. Dica: lembre de converter a unidade de minuto para segundo.
Exercício 7
2 Ω/s.
Renan Lima 111
y y
x x
Figura 4.9: Concavidade para baixo. Figura 4.10: Concavidade para cima.
Dizemos que o gráfico da função f : (a, b) → R tem concavidade para cima em (a, b)
se o gráfico de f fica acima das suas retas tangentes. Caso o gráfico da função fica
abaixo de suas retas tangentes, dizemos que f tem concavidade para baixo.
y y
x x
Figura 4.11: Gráfico abaixo da reta tangente. Figura 4.12: Gráfico acima da reta tangente.
Demonstração:
A demonstração se encontra na página 378. Deixamos o leitor ciente que é uma demons-
tração que exige atenção, mas é possível entendê-la após algumas revisões.
Demonstração:
A demonstração se encontra na página 378.
4. Esboce parte do gráfico nas vizinhanças das regiões importantes; mais precisa-
mente, esboce o gráfico perto das assíntotas horizontais e verticais, perto dos
pontos críticos e perto dos pontos de inflexão.
lim f (x) = 0, lim f (x) = −∞, lim f (x) = +∞, lim f (x) = 0.
x→−∞ x→−1− x→−1+ x→+∞
−3x2
Pela regra da cadeia, temos que f 0 (x) = . Fazendo o estudo do sinal da f 0 ,
(x3 + 1)2
vemos que o numerador −3x2 é sempre negativo e o denominador (x3 + 1)2 é sempre
positivo, logo f 0 (x) ≤ 0 para todo x no domínio de f .
f′
−1 0
f
−1 0
x
114 Matemática Universitária
+ +
r f ′′ (x)
−1 0 3 1
2
r f (x)
−1 0 3 1
2
1
Figura 4.14: Gráfico da função .
x3 + 1
Renan Lima 115
Exercícios
Respostas
Exercício 1
Verifique suas soluções em Cálculadora Gráfica do Geogebra. Sugerimos ter o aplicativo
no celular e no PC.
Note que o gráfico da função da letra f) possui um bico em (0, 0).
C APÍTULO
5 Funções Transcendentais
5.1 Introdução
Nos capítulos anteriores, aprendemos a fazer cálculos com limites e também as regras
de derivação de funções conhecidas como funções algébricas, isto é, funções que são
geradas por polinômios com as operações de soma, subtração, multiplicação, divisão,
composição e raízes enésimas. Por exemplo, todas as funções abaixo são algébricas:
√
p x2 + 3x − 2 2
p
3 x+1
2
f (x) = x + 1, f (x) = 4
3
, f (x) = x − 3 + x − 1, f (x) = √ 3
.
x +2 x3 + 2
A vantagem de estudar funções dessa natureza é que podemos deduzir as fórmulas de
derivadas via manipulação de produtos notáveis e fatoração, isto é, todas as fórmulas de
derivadas podem ser encontradas via manipulações algébricas.
As funções que não são algébricas são ditas funções transcendentais. Como exem-
plos de funções transcendentais, temos as funções trigonométricas, exponenciais e loga-
rítmicas. Para entendermos melhor o contexto que estamos agora, considere a função
f (x) = sen x e suponha que desejamos encontrar a f 0 (0), isto é, queremos calcular
Veremos que não há manipulação algébrica que funcione para o limite acima e, portanto,
precisamos resolver o problema de outra forma. Em casos específicos de funções trans-
cendentais, é comum resolvê-las usando estimativas com funções já conhecidas. Por
exemplo, para h > 0, vamos trabalhar com uma interpretação geométrica das funções
senos e cossenos de forma mais precisa e provaremos a seguinte desigualdade
sen h ≤ h ≤ tan h.
Dedicaremos uma seção para a revisão básica de funções trigonométricas. Uma intro-
dução inicial pode ser vista em [Revisão] - Trigonometria. Nesta videoaula trabalhamos
ainda o ângulo em graus e apenas no intervalo (0, 90◦ ). Para trabalharmos em radianos
e para todos os ângulos reais, uma boa introdução do assunto pode ser encontrada na
nossa videoaula [Revisão] - Introdução às Funções Senos e Cossenos.
Embora a unidade mais comum para medir ângulos seja o grau, a unidade de medida
de ângulo para o cálculo diferencial é o radiano. Um radiano é o ângulo central definido
em um círculo de raio 1 por um arco de circunferência de comprimento 1.
1 rad
Cateto oposto a
sen θ = = ,
Hipotenusa c
cos θ =
Cateto adjacente b
= ,
a c
Hipotenusa c
Cateto oposto a θ
tg θ = = .
Cateto adjacente b
b
a b a
Por semelhança de triângulo, vemos que as razões , e dependem apenas do ân-
c c b
gulo θ e é interessante trabalhar com a hipotenusa de tamanho 1. Com estas observações
118 Matemática Universitária
sen2 θ + cos2 θ = 1,
sen θ 1
sen θ
tg θ = .
cos θ
θ
cos θ
Para o cálculo diferencial, é importante que o domínio das funções seno e cosseno
sejam todos os reais e precisamos falar do círculo trigonométrico. Recomendamos, por-
tanto, assistir à nossa videoaula [Revisão] - O Círculo Trigonométrico.
Considere a circunferência de raio unitário com centro na origem do plano xy. Ori-
entamos esta circunferência no sentido anti-horário em que θ = 0 corresponde ao ponto
(1, 0). Deixamos várias figuras exemplificando o significado de θ > 0 e θ < 0.
π π
4 2 π
3π
2
7π
−
2π 4
π −π
−
2
Além do sinal, estamos permitidos a dar mais de uma volta completa na circunferên-
9π π
cia. Por exemplo, corresponde à 2π + e significa que damos uma volta completa
4 4
π
na circunferência e andamos mais (ver figura abaixo). O mesmo vale se invertemos o
4
15π 7π
sentido, no exemplo da figura abaixo, temos que − = −2π − .
4 4
Renan Lima 119
9π 15π
−
4 4
y y
b
P = (x, y) P b
1 1 y
cos θ = x, y
θ
θ b A x b A x
x x
sen θ = y.
Os sinais algébricos das funções seno e cosseno dependem do quadrante em que está
o ponto P . Além disso, os ângulos θ e θ + 2π definem o mesmo ponto P , logo
sen(θ + 2π) = sen θ e cos(θ + 2π) = cos θ.
Note, em particular, que
π 3π
sen 0 = 0, sen = 1, sen π = 0 e sen = −1.
2 2
Além disso, temos que
π 3π
cos 0 = 1, cos = 0, cos π = −1 e cos = 0.
2 2
h πi
Mais ainda, vemos pelo círculo trigonométrico que a função seno cresce em 0, ,
2
π 3π 3π
decresce em , e cresce novamente em , 2π .
2 2 2
y y y
θ θ
θ x x x
θ θ θ
x x x
y y y
θ θ θ
x x x
Figura 5.3: Função seno é decrescente no terceiro quadrante (fica mais negativo).
y y y
θ θ
x x θ x
Figura 5.4: Função seno é crescente no quarto quadrante (fica “menos” negativo).
y y
θ
θ
x x
−θ
−θ
Figura 5.5: Explicação geométrica que a função seno é ímpar e a função cosseno é par.
3π
−2π −3π
2 −π −π
2
π
2 π 2 2π
−1
3π
−2π −3π
2 −π −π
2
π
2 π 2 2π
−1
Uma das aplicações das ideias acima é a dedução da Lei dos cossenos para triângulos.
A Lei dos cossenos diz que vale a fórmula c2 = a2 + b2 − 2ab cos θ, em que a, b, c são os
comprimentos dos lados do triângulo e θ é o ângulo oposto ao lado de comprimento c.
B b
c
b
θ
b b
A
C a
Figura 5.7: Lei dos Cossenos: c2 = a2 + b2 − 2ab cos θ.
π
Uma consequência imediata é a possibilidade encontrar cos . Considere o triângulo
3
π
equilátero de lado 1. Temos que os ângulos internos são e, pela lei dos cossenos, temos
3
π B
12 = 12 + 12 − 2 cos b
3
e, portanto, 1 1
π 1 π
cos = . b
3 b
3 2
C 1 A
π
Utilizando o triângulo retângulo de hipotenusa 1 e um dos ângulos sendo , concluí-
3
mos que
√ π
π 3 π 1
sen = , sen = , 6
3 2 6 2
√
π 1 π 3 sen π3 1
cos = , cos = ,
3 2 6 2
√
π √ π 3 π
tg = 3, tg = .
3 6 3 3
1
cos π3 = 2
no ponto (1, 0). Para cada P = (x, y) no círculo trigonométrico e θ o ângulo definido por
P no círculo, então tg θ (tangente θ) é o valor da ordenada definida pela interseção da
reta que passa por (0, 0) e P com a reta x = 1. Ver as figuras abaixos nos primeiros e
segundos quadrante.
y y
b
P tg θ
b
P
θ
θ x
x
tg θ
π
Note que não está definido no círculo trigonométrico o valor de tg θ para θ = e
2
3π
θ= . Com semelhança de triângulo e uma simples análise de sinal, temos que
2
sen θ
tg θ = , ∀θ ∈ R e cos θ 6= 0.
cos θ
Além disso, vale que a função tangente é uma função ímpar, isto é,
tg(−θ) = − tg θ.
Utilizando algumas simetrias no círculo trigonométrico, é fácil ver que
tg(θ + π) = tg θ.
Seu gráfico é dado por
y
x
3π
−3π
2 −π −π
2
π
2 π 2
−1
−2
−3
−4
π
Repare que o gráfico da função tangente possui assíntotas verticais em x = (2k + 1) ,
2
k ∈ Z e é bastante instrutivo utilizar o teorema 3.4.13 para provar algebricamente que
lim tg θ = +∞, lim tg θ = −∞.
θ→ π2 − θ→ π2 +
Para os objetivos deste livro, não é preciso a interpretação geométrica das outras fun-
ções trigonométricas via o círculo trigonométrico. Mas as suas fórmulas são muito im-
portantes, principalmente a função secante.
Renan Lima 123
1
1. sec θ é chamada de secante do ângulo θ e é definida por sec θ = .
cos θ
1
2. cossec θ é chamada de cossecante do ângulo θ e é definido por cossec θ = .
sen θ
cos θ
3. cotg θ é chamada de cotangente do ângulo θ e é definida por cotg θ = .
sen θ
1 sec θ
Existem várias relações com as funções acima tais como cotg θ = , tg θ = ,
tg θ cossec θ
mas uma relação que merece destaque, que será visto com mais detalhes na parte de
integrais, é
sec2 θ = tg2 θ + 1.
Para deduzi-la, basta dividir por cos2 θ e utilizar a identidade 1 = sen2 θ + cos2 θ.
Além delas, há uma série de relações trigonométricas envolvendo somas de arcos.
Para um bom resumo, sugerimos assistir à nossa videoaula [Revisão] - Funções Trigono-
métricas. Deixamos claro que as fórmulas importantes são
sen(−θ) = − sen θ,
cos(−θ) = cos θ,
cos(α + β) = cos α cos β − sen α sen β, (1)
sen(α + β) = sen α cos β + sen β cos α. (2)
Todas as outras fórmulas são deduzidas, em poucas linhas, a partir das 4 acima. Por
exemplo,
Analogamente,
Somando, por exemplo, as expressões (2) e (4), obtemos uma fórmula que transforma
a soma de senos em uma multiplicação. Pode-se fazer o mesmo com a expressão (1) e
(3). Tais fórmulas são conhecidas como fórmulas de prostaférese ou fórmulas de adição
e subtração.
desde que todos os termos acima estejam bem definidos (α, β, e α + β tem que ser todos
π
diferente de , por exemplo).
2
A demonstração dessa fórmula é feita via expansão das fórmulas de sen(α + β) e de
cos(α+β), dividindo o numerador e denominador por um termo adequado de modo que
apareçam apenas os termos da tangente. Mais precisamente
tg α + tg β
= .
1 − tg α · tg β
Recordemos as 4 fórmulas
sen(−θ) = − sen θ,
cos(−θ) = cos θ,
cos(α + β) = cos α cos β − sen α sen β, (1)
sen(α + β) = sen α cos β + sen β cos α. (2)
Q = (cos β, sen β)
β
x
O −α
P = (cos α, −sen α)
Exercícios
Respostas
Exercício 1
π 2π 11π 16π 7π
a) b) c) d) e)
9 3 9 9 3
7π 5π 5π
f) g) 5π h) i) j) 4π
6 4 6
Exercício 2
a) 270◦ b) 10◦ c) 5◦ d) 75◦ e) 1200◦
Exercício 3
√ √
√
3π 2 4π 3
sen = sen =− π 3
4 2 3 2 sen − =−
3 2
√
3π 2 4π 1 π 1
a) cos =− b) cos =− c) cos − =
4 2 3 2 3 2
√
π √
3π 4π tg − =− 3
tg = −1 tg = 3 3
4 3
√ √ √
5π 2 π 2− 6
sen −
= sen − =
4 2 sen (15π) = 0 12 4
√ π √2 + √6
5π 2
d) cos − =− e) cos (15π) = −1 f) cos − =
4 2 12 4
tg (15π) = 0 π √
5π
tg − = −1 tg − = 3−2
4 12
√ √ √
6− 2
5π 3 11π
sen =− sen =
3 2 124
√ √
5π 1 11π 2+ 6
g) cos = h) cos =−
3 2 12 4
√ √
5π 11π
tg =− 3 tg = 3−2
3 12
√
7π 1
7π 3 sen =−
sen = 6 2
3 2
√
7π 1 7π 3
i) cos = j) cos =−
3 2 6 2
√
√
7π 7π 3
tg = 3 tg =
3 6 3
Exercício 6
Nesta seção, vamos deduzir as derivadas das funções trigonométricas. Mais precisa-
sen x
mente, vamos mostrar que lim = 1. Para tanto, precisaremos de uma técnica mais
x→0 x
sofisticada para o cálculo de limites, conhecida como o teorema do confronto. Sugerimos
o leitor a ter conhecimento dos resultados da seção 3.2 para poder avançar e, para uma
introdução deste teorema, sugerimos a videoaula Teorema do Confronto.
Sejam f, g, h : (a, b) − {x0 } → R funções satisfazendo f (x) ≤ g(x) ≤ h(x) para todo
x ∈ (a, b) − {x0 }. Se
lim f (x) = lim h(x) = L,
x→x0 x→x0
Enunciados análogos podem ser obtidos para limites laterais e também ao substituir
por x → ±∞.
Demonstração:
A demonstração será feita na seção 9.3 do capítulo 9.
Seja f uma função limitada, isto é, existe M ∈ R tal que |f (x)| ≤ M para todo x no
domínio de f .
Seja g uma função satisfazendo lim g(x) = 0, então
x→x0
lim f (x)g(x) = 0.
x→x0
Demonstração:
A demonstração se encontra na página 342 e também na videoaula Demonstração do
Teorema do Confronto - Função Limitada.
@ lim sen x.
x→+∞
Geometricamente, o limite acima não existe pois o gráfico da função seno não possui
assíntota horizontal. Neste caso, há uma oscilação que não amortece à medida que x
cresce. Ainda não temos ferramentas formais para provar que o limite acima não exista.
Faremos a demonstração na seção 9.2 do capítulo 9.
Renan Lima 129
É ERRADO escrever
sen x 1
lim = lim sen x · lim .
x→+∞ x x→+∞ x→+∞ x
sen x
Para esboçar o gráfico f (x) = , observe que −1 ≤ sen x ≤ 1 , então, para x > 0,
x
1 1 1
temos − ≤ f (x) ≤ . Além disso, o gráfico da f toca o gráfico de y = em todos os
x x x
1
pontos em que sen x = 1. Da mesma forma, o gráfico da f toca o gráfico de y = − em
x
1
todos os pontos em que sen x = −1. Portanto, o gráfico oscila entre os gráficos de y =
x
1
e y = − . Será provado nesta seção que lim f (x) = 1. então o gráfico é dado por
x x→0
sen x
Figura 5.8: Gráfico da função f (x) = .
x
1
Exemplo 5.3.3: Para calcular lim x sen , basta usar o teorema do confronto para a
x→0 x
1
função limitada, isto é, como lim x = 0 e a função sen é uma função limitada, pois
x→0 x
1
| sen u| ≤ 1 para todo u, inclusive para a função u = , pelo Corolário 5.3.2, temos
x
1
lim x sen = 0.
x→0 x
Um esboço do gráfico é
1
Figura 5.9: Gráfico da função f (x) = x sen .
x
130 Matemática Universitária
1
Veremos no exemplo 5.7.5 que lim x sen = 1. Para calcular a derivada das funções
x→+∞ x
trigonométricas, precisamos mostrar que
sen x
lim = 1.
x→0 x
sen x x tg x sen x
Logo ≤ ≤ . Dividindo por ,
x 2 2 2 2
x temos
O R x 1
1≤ ≤ .
1 sen x cos x
Na nossa videoaula, provamos que a função
cosseno é contínua. Logo lim cos x = 1.
x→0
Pelo teorema do confronto, temos que
x
lim = 1.
x→0+ sen x
Uma demonstração por escrito feita de forma mais detalhada do limite fundamental
se encontram nas páginas 352 e 362.
Demonstração:
As derivadas das funções tg, sec, cotg e cossec são feitas utilizando a regra da divisão
e podem ser encontrada na nossa videoaula Derivada das Funções Trigonométricas. A
demonstração também pode ser vista, por escrito, na página 364. Para encontrarmos a
derivada da função seno e cosseno, recomendamos a videoaula Demonstração da Deri-
vada do Seno e Cosseno. Também recomendamos a página 363.
Renan Lima 131
df dy
= (cos y)
dx dx
= [cos(x cos x)] · (2x cos x − x2 sen x)
2
df √ √
= 2x tg( x) + x2 (tg( x))0
dx 2 √
√ 2 sec ( x)
= 2x tg( x) + x √ .
2 x
√ !
x2 + 1
Exemplo 5.3.7: Considere a função f (x) = sec . Para derivarmos, devemos
x3 + 1
√
x2 + 1
usar a regra da cadeia e a regra da divisão. Vamos chamar de y = , então
x3 + 1
f (x) = sec y e, portanto,
dy
f 0 (x) = sec y tg y ·
dx x p
√ (x3 + 1) − 3x2 x2 + 1
x2 + 1
= sec y tg y
(x3 + 1)2
√ ! √ !
x2 + 1 x2 + 1 x(x3 + 1) − 3x2 (x2 + 1)
= sec · tg · √
x3 + 1 x3 + 1 (x3 + 1)2 x2 + 1
√ ! √ !
x2 + 1 x2 + 1 −2x4 − 3x2 + x
= sec · tg · √ .
x3 + 1 x3 + 1 (x3 + 1)2 x2 + 1
Demonstração:
A demonstração se encontra na página 360. Para a demonstração precisa, é necessário o
teorema 5.4.3, que será visto na seção seguinte.
Na prática, sugerimos que não aplique a fórmula, apenas utilize que é derivável e
inverta o papel de x e y, conforme feito na nossa videoaula Derivada das Funções Trigo-
nométricas Inversas. Por exemplo, no caso da função arco tangente
y = arctg x,
temos que a sua função inversa é tg y = x. Derivando tudo com respeito a x e aplicando
a regra da cadeia, temos
dy
sec2 y = 1.
dx
Utilizando a fórmula trigonométrica sec2 y = tg2 y + 1 e lembrando que tg y = x, temos
dy 1 1 1
= 2
= 2 = .
dx sec y 1 + tg y 1 + x2
1
Como faz sentido para todo x ∈ R, concluímos que y = arctg x é derivável em R
1 + x2
e temos a seguinte fórmula para sua derivada
1
(arctg x)0 = .
1 + x2
Demonstração:
A prova por escrito deste resultado se encontra na página 369.
Finalizamos a seção com dois exemplos com derivada de funções trigonométricas in-
versas mesclados com regras de derivação como do produto e da cadeia. O procedimento
é o mesmo.
Renan Lima 133
df df dy 1
= · = (3x2 )
dx dy dx 1 + y2
3x2 3x2
= 3 2
= .
1 + (x ) 1 + x6
A tabela abaixo nos fornece todas as fórmulas importantes que aprendemos até aqui.
Não sugerimos decorar a derivada da função cossecante e da função cotangente, pois não
aparecem com frequência.
Exercícios
π
2. Encontre a equação da reta tangente ao gráfico da função y = cos x em x0 = .
4
1
3. Para x ∈ (0, π), mostre que (arccos x)0 = − √ .
1 − x2
π 1
4. Mostre que, para x ∈ 0, , (arcsec x)0 = √ .
2 x x2 − 1
Respostas
Exercício 1
sec2 x
a) sen x + x cos x b) −2 sen x cos x c) √
2 tg x
√ √
sec x · tg x
d) sec2 (x + 1) e) 2 sec(2x) tg(2x) f) √
2 x
x cos x + cos x − sen x x sen 2x − sen2 x
g) h) i) 3(tg x − x)2 tg2 x
(x + 1)2 x2
Exercício 2
√ √
2 2 π
y= − x−
2 2 4
Exercício 5
x2 2 arcsen x 2x2
a) 2x arcsen x + √ b) √ c) arcsen x2 + √
1 − x2 1 − x2 1 − x4
√ √
x3 1 x − 2(1 + x) x arctg x
d) 3x2 arctg x + e) √ f) √
1 + x2 2 x − x2 2(1 + x)x x
Renan Lima 135
an+1 = a · an ,
para todo n ∈ N. Essa lógica diz que a cada incremento de uma unidade no valor de n, o
valor de an+1 é obtido via multiplicação por a pelo número anterior an .
Além disso, vemos que cada vez que o valor de n decai uma unidade, então o valor
1
cai por um fator . Mais precisamente, vale a fórmula
a
an
an−1 = .
a
1 1
Por conta disso, define-se a0 = 1, a−1 = , a−2 = 2 e assim sucessivamente. Temos,
a a
1
portanto, a fórmula a−n = n . para todo n ∈ Z.
a
p
Torna-se um pouco mais abstrato para definir ax para x racional. Se x = , com p ∈ Z
q
e q > 0, define-se
√
ap/q = q ap .
É necessário tomar um cuidado com esta definição. Um dos principais problemas é que
2 4
a representação por frações de um número racional não é única, por exemplo, = e
3 6
teríamos que provar, essencialmente, a lei do corte
√
3
√
6
a2 = a4 .
Para estender a função exponencial para toda reta real é ainda mais sutil. Recomenda-
mos assistir à nossa videoaula Função Exponencial - Definindo nos Reais. A ideia é apro-
ximar x por números racionais via expansão por casas decimais, isto é x = a0 , a1 a2 a3 . . .,
em que a0 ∈ Z, an ∈ {0, . . . , 9}, encontrar os valores de aa0 , aa0 ,a1 , aa0 ,a1 a2 e ver se √tal
sequência converge para algum número. Na videoaula, trabalhamos para calcular 2 2 .
136 Matemática Universitária
√
Aqui no texto, vamos fazer aproximações sucessivas para o número 3 5. Lembremos que
√
5 = 2, 23606797 . . ., então a0 = 2, a1 = 2, a2 = 3, a3 = 6 e etc... Daí,
32 = 9
32,2 = 11, 211578457 . . .
32,23 = 11, 587250557 . . .
32,236 = 11, 66388222 . . .
32,2360 = 11, 66388222 . . .
32,23606 = 11, 66465109 . . .
32,236067 = 11, 664740795 . . .
e assim sucessivamente. Não é fácil provar, mas é fácil de intuir, que a sequência de
números acima vai se estabilizando.
Para o caso geral, para cada x ∈ R, está unicamente bem definido ax via aproximações
sucessivas de números racionais. Veremos a demonstração desta construção da função
exponencial no capítulo 9.
Para trabalharmos a função exponencial a nível do cálculo, recomendamos a nossa
videoaula Propriedades da Função Exponencial.
Pela construção da função exponencial, note que vale ax > 0 para todo x ∈ R, mas há
uma grande diferença no gráfico entre o caso a > 1 e o caso 0 < a < 1.
y y
1 x
f (x) = 2
1 x
f (x) = 2x g(x) = 3
g(x) = 3x
x x
lim ax = +∞ e lim ax = 0.
x→−∞ x→+∞
As Leis da Exponenciação
1
• ax+y = ax · ay , • a−x = ,
ax
• axy = (ax )y = (ay )x , • (a · b)x = ax · bx .
Acreditamos que a motivação principal para o estudo das funções exponenciais veio
de juros compostos na área de Economia. Graças a esta área que surge o famoso número
de Euler. Vamos explicar as ideias.
Renan Lima 137
y(n + 1) = 2y(n).
y(0) = 100,
y(1) = 2y(0) = 200,
y(2) = 2y(1) = 4y(0) = 400,
y(3) = 2y(2) = 8y(0) = 800.
10 25
10% = = 0, 1 e 25% = = 0, 25.
100 100
O interessante da fórmula y(n) = 100 · (1 + ι)n é podermos substituir ι por qualquer taxa.
Por exemplo, se a taxa ι é de 10% ao ano e se o investimento inicial é de 100 reais, então
após 1 ano, será resgatado
Se investíssemos 110 com taxa de 10% ao ano, então após 1 ano, teríamos
Portanto, se investíssemos R$ 100, 00 com taxa a 10% ao ano, teríamos, após 2 anos,
Concluímos que
y(n) = 100 · (1 + 10%)n .
138 Matemática Universitária
Voltemos a taxa de 100% ao ano, mas com investimento inicial de R$ 1, 00. A função
que modela o capital investido é y(n) = 2n , em que n ∈ N. Suponha que aconteça uma
emergência e, após seis meses, o investidor queira resgatar o dinheiro investido. É natural
que, nas negociações, se devolva um valor entre 1 e 2.
A intuição inicial é trabalhar com uma regra de 3, isto é, se em 1 ano o rendimento
seria de 1 real, então em 6 meses, o rendimento tem de ser 50 centavos e espera-se que o
retorno fique então
y(0, 5) = 1, 5.
Lembrem-se que estamos trabalhando com dinheiro e o investidor verificará se é mais
vantajoso trabalhar com investimento de 100% ao ano ou 50% a cada 6 meses e resgatar
após 1 ano. Se o investimento é a cada 6 meses, a taxa de 50% = 1/2, então a função que
modela é
y(x) = (1 + 50%)x .
onde x representa a quantidade de semestre. O valor de resgate após 1 ano é
y(2) = (1 + 50%)2 = (1, 5)2 = R$ 2, 25.
A lógica por trás deste valor é o seguinte... Imagine que cada 1 real é um organismo vivo
que tem a capacidade de construir uma outro organismo igual a si após 1 ano.
A princípio parece que o número acima seria bem grande, mas o seu valor é
Pode-se subdividir o dia em horas, que podem ser subdivididas em minutos e assim
sucessivamente. Fica, portanto, interessante calcular
1 n
lim 1+ .
n→+∞ n
Se pensarmos o tempo como um ente contínuo, é natural nos perguntarmos o valor de
1 t
lim 1 + .
t→+∞ t
Matematicamente, é necessário provar que o limite acima existe.
1 t
Existe lim 1 + .
t→+∞ t
Demonstração:
A demonstração se encontra nas páginas 365 e 366. A demonstração é bem técnica.
1 x
e = lim 1+ .
x→+∞ x
Seja u : (a, b) → (c, d) uma função estritamente crescente (ou decrescente). Suponha
que lim u(x) = u0 .
x→x0
Seja f : (c, d) → R função tal que lim f (u) existe, então lim f (u(x)) existe e vale
u→u0 x→x0
Demonstração:
A demonstração será feita na seção 9.3 do capítulo 9.
O teorema diz que podemos fazer a mudança de variável de x por u. Sugerimos assis-
tir à nossa videoaula Mudança de Variáveis no Limite para uma introdução do assunto.
3 x
Exemplo 5.4.4: Desejamos calcular lim 1+ . Para tanto faça x = 3u e, por-
x→+∞ x
x
tanto, u = e quando x → +∞, temos u → +∞, daí
3
3
3 x 3 3u 1 u
lim 1+ = lim 1+ = lim 1+
x→+∞ x u→+∞ 3u u→+∞ u
u 3
1
= lim 1+ = e3 .
u→+∞ u
lim (1 + x)1/x = e.
x→0
Exemplo 5.4.6: Para mostramos que lim (1+x)1/x = e, se deve tomar bastante cuidado.
x→0
1
É natural pensarmos na mudança de variável x = e, quando x → 0, temos que
u
u → ±∞. Por este motivo, deve-se calcular os limites laterais x → 0+ e x → 0− .
1
Façamos o cálculo para x → 0+ . Então, fazendo u = , tem-se que u → +∞, daí,
x
utilizando a mudança de variáveis, temos
1 u
1/x
lim (1 + x) = lim 1+ = e.
x→0+ u→+∞ u
1
Analogamente, para x → 0− , façamos a mudança de variável u = . Temos que
x
u → −∞ daí, pelo exemplo anterior, temos
1 u
1/x
lim (1 + x) = lim 1+ = e.
x→0− u→−∞ u
lim (1 + x)1/x = e.
x→0
1
• ex+y = ex · ey , • e−x = ,
ex
• exy = (ex )y = (ey )x , • lim ex = ex0 para x0 ∈ R,
x→x0
x
• lim e = +∞,
x→+∞ • lim ex = 0.
x→−∞
A expressão lim ex = ex0 para todo x0 ∈ R nos diz que a função exponencial é
x→x0
contínua em R. Veremos melhor funções contínuas no capítulo 6.
142 Matemática Universitária
Exercícios
a) 1 b) 16 c) 2 d) 8
1 1 √
e) f) g) 3 16 h) 82/5
4 8
5 x 1 x
a) lim 1+ b) lim 1+
x→+∞ x x→+∞ 3x
3 2x x + 7 x+3
c) lim 1+ d) lim
x→+∞ x x→+∞ x + 5
Respostas
Exercício 1
1 1
a) 8 b) −8 c) d) −
8 8
16
e) 81 f) 81 g) −81 h)
81
1 1
i) 8 j) k) l) 32
8 3
Exercício 2
a) 40 b) 42 c) 41/2 d) 43/2
e) 4−1 f) 4−3/2 g) 42/3 h) 43/5
Exercício 3
√
a) e5 b) 3
e
c) e6 d) e2
e) 1 f) 1
g) +∞ h) 0
Renan Lima 143
α + β = 2, 5261871,
α − β = 0, 2592053.
a, a2 , a3 , . . . , an , . . .
em progressões aritméticas
1, 2, . . . , n, . . .
Não pretendemos entrar nos detalhes do desenvolvimento do trabalho de Napier. Foi
um extenso trabalho de 20 anos, em que ele não contava com a existência das funções
144 Matemática Universitária
loga x = y ⇐⇒ ay = x.
Para que toda a expressão não tenha ambiguidade e nem problemas com solução, preci-
samos da restrição a > 0 e a 6= 1 e que x > 0. Com as restrições de a, definimos portanto
a função logaritmo na base a.
Para a > 1, temos que a função logaritmo é crescente. Ela é a função inversa da função ex-
ponencial f (x) = ax . Para o leitor que não lembra da função inversa, sugerimos assistir à
nossa videoaula [Revisão] - Função Inversa. Além disso, será um excelente complemento
a nossa videoaula de revisão [Revisão] - Função Logaritmo.
Com a informação que o gráfico da função inversa é simétrico em relação à reta y = x,
fazemos o esboço para o caso a = 2.
y y=x
f (x) = log2 x
g(x) = 2x
1. aloga b = b;
Demonstração:
As demonstrações do item 1 e 2 foram feitas no vídeo de [Revisão] - Função Logaritmo.
Mas será refeito aqui no texto. Para fixarmos a notação, tome f (x) = loga x e g(x) = ax .
5. Destaco que a parte final da nossa videoaula [Revisão] - Função Logaritmo faz uma
demonstração relativamente complicada desta propriedade. Deixamos esta impre-
cisão para alertar o leitor que organizar as ideias é um processo fundamental para
simplificar alguns argumentos.
Escreva x = loga b. Então, b = ax . Aplicando logc na última igualdade e utilizando
a propriedade do item 4, temos
logc b
Como x = loga b e vale que x = , temos a demonstração do item 5.
loga c
146 Matemática Universitária
ln x = loge x.
f (x) = ln x
g(x) = ex
1. lim ln x = +∞.
x→+∞
2. lim ln x = −∞.
x→0+
5. Se f é uma função tal que lim f (x) = +∞, então lim ln f (x) = +∞.
x→x0 x→x0
Demonstração:
A demonstração destes resultados é feita no capítulo 9.
ln +∞ = +∞.
Exercícios
√
1 1
e) log4 f) log25 g) log3 1 h) ln e
32 5
Respostas
Exercício 1
3 2 5
a) 3 b) c) d)
2 3 4
5 1 1
e) − f) − g) 0 h)
2 2 2
Exercício 2
a) (−1, +∞) b) (−∞, −1) ∪ (1, +∞)
√ √
c) R − {−1, 1} d) (−∞, − 5] ∪ [ 5, +∞)
Exercício 3
a) −∞ b) −∞ c) +∞
d) ln 2 e) 0 f) 1
g) −∞ h) −∞ i) −∞
Renan Lima 149
Nas seções anteriores, criamos todos os alicerces necessários para encontrar as deriva-
das das funções exponenciais e logarítmicas. Ao contrário das funções trigonométricas,
as construções das funções exponenciais e logarítmicas são abstratas e, portanto, espera-
se que a dedução das derivadas seja apenas por conta. Foi muita sorte que estas funções
sejam deriváveis e com fórmulas bem razoáveis.
Demonstração:
A demonstração deste resultado pode ser encontrada na página 368.
Para os primeiros exemplos, sugerimos assistir à nossa videoaula Derivada das Fun-
ções Exponenciais e Logarítmicas.
Exemplo 5.6.2: A derivada da função f (x) = x ln x é, pela regra do produto, dada por
Exemplo 5.6.3: Para derivarmos f (x) = log5 x, troquemos para base e via fórmula
ln x
f (x) = .
ln 5
Como ln 5 é um número real (não depende de x), temos que
1
f 0 (x) = .
x ln 5
df df dz
= · = ez · ln 2 = 2x (ln 2).
dx dz dx
df df dz
= ·
dx dz dx
z 1
= e 1 · ln x + x · = xx (ln x + 1).
x
0 p ln x
p pxp
f (x) = e = = pxp−1 .
x x
Para maiores detalhes da função f (x) = xp , com x ≤ 0, sugerimos ver a página 370.
Exemplo 5.6.7: Considere a função f (x) = (sen x)cos x . Pela explicação do exemplo
anterior, trabalhamos apenas no domínio onde sen x é positivo. Daí
cos x
(sen x)cos x = eln[(sen x) ] = ecos x[ln(sen x)] .
df df dz cos x
= · = ez − sen x ln(sen x) + cos x
dx dz dx sen
x
2x
cos
= (sen x)cos x − sen x ln(sen x) + ·
sen x
(ex )0 = ex (f ◦ g)0 = (f 0 ◦ g) · g 0
1 1
(ln x)0 = (f −1 )0 =
x f 0 ◦ f −1
Renan Lima 151
Exercícios
Respostas
Exercício 1
2
a) 3e3x b) 2xex
e1/x · (x − ln x)
c) d) cos(x) · esen x
x2
1
e) f) tg x
x
xex + x2 ex
g) ln(1 − xex ) − h) 0
1 − xex
ex cos(ex ) 3 ln2 x
i) j)
sen(ex ) x
1
k) p l) ln2 (cos x) − 2x tg x · ln(cos x)
2(x + 1) ln(x + 1)
m) π x · ln π n) 3π 3x+1 · ln π
2x + 1
o) π tg x · sec2 x · ln π p) x 2x+1
2 ln x +
x
sen x
q) 0 r) (ln x)sen x · cos x · ln(ln x) +
x ln x
152 Matemática Universitária
Nesta seção, vamos aplicar as fórmulas de derivadas aprendidas neste capítulo com
os teoremas aprendidos no cálculo diferencial para esboçar gráficos de funções. Um
passo intermediário necessário é calcular alguns limites para encontrar retas assíntotas.
As duas regras de L’Hospital, vistas na seção 3.6, serão muito importantes.
Sejam f, g : (x0 , b) → R funções deriváveis, tais que lim |f (x)| = lim |g(x)| = +∞
x→x+
0 x→x+
0
f 0 (x)
e que g 0 (x) 6= 0 para x 6= x0 numa vizinhança de x0 . Se lim existe ou vai para
x→x+
0
g 0 (x)
o infinito, então
f (x) f 0 (x)
lim = lim 0 .
x→x+
0
g(x) x→x+ 0
g (x)
O mesmo resultado vale se substituirmos x0 por +∞ ou −∞.
1
A ideia simbólica acima é que = +∞ e ln 0+ = −∞, logo, temos que
0+
ln 0+ −∞
+
= + = −∞ · (+∞) = −∞.
0 0
Para exemplos que exigem algumas manipulações algébricas antes de aplicar a regra
de L’Hospital, sugerimos assistir à nossa videoaula Regra de L’Hospital - Exemplos Parte
2. Façamos alguns exemplos.
1
Exemplo 5.7.5: Para calcular lim x sen , observe que é uma indeterminação do
x→+∞ x
tipo ∞ · 0. Vamos resolver este limite por dois caminhos distintos.
0
1. Utilizando a ideia apresentada na videoaula logo acima, transformamos em ,
0
1
sen
1 x
lim x sen = lim
x→+∞ x x→+∞ 1
x
1 1
− 2 cos
L’H x x
= lim
x→+∞ 1
− 2
x
1
= lim cos = cos 0 = 1.
x→+∞ x
154 Matemática Universitária
1
2. Considere a mudança de variável u = e vemos que x → +∞ corresponde à
x
u → 0+ , logo
1 1
lim x sen = lim sen u = 1.
x→+∞ x u→0+ u
x 1
Exemplo 5.7.6: Vamos calcular lim − .
x→1 x − 1 ln x
x 1 x ln x − x + 1
lim − = lim
x→1 x − 1 ln x x→1 (x − 1) ln x
L’H ln x
= lim
x→1 x−1
ln x +
x
x ln x
= lim
x→1 x ln x + x − 1
L’H ln x + 1 1
= lim = .
x→1 ln x + 1 + 1 2
Para funções do tipo f (x)g(x) , onde pode aparecer indeterminações do tipo 00 , 1+∞
ou (+∞)0 , deve-se colocar tudo na base e, isto é, utilizamos a identidade.
ln(1 + ex )
x
(1 + ex )1/x =e .
ln(1 + ex )
Devemos calcular lim = L e lembrar no final que a resposta é eL .
x→+∞ x
ln(1 + ex ) L’H ex
lim = lim
x→+∞ x x→+∞ 1 + ex
L’H ex
= lim x = 1.
x→+∞ e
Apesar de ser uma ferramenta bem poderosa, nem sempre a regra L’Hospital é útil
para o cálculo de limites. Na nossa videoaula, Regra de L’Hospital - Quando Não Pode
Aplicar, exibimos um exemplo em que o limite existe, utilizando o teorema do confronto,
mas, se tentarmos resolver via regra de L’Hospital, diríamos que o limite não existe.
ex − e−x
Exemplo 5.7.8: Ao tentarmos calcular lim via regra de L’Hospital, teríamos
x→+∞ ex + e−x
1
Para resolver o problema, basta substituir e−x = na expressão acima, fazer as contas
ex
e concluir que
ex − e−x e2x − 1
x −x
= 2x .
e +e e +1
E, por uma aplicação direta da regra de L’Hospital, temos que o limite é 1.
Exemplo 5.7.9: Para calcular lim (x + sen x), deve-se levar em conta que
x→+∞
@ lim sen x,
x→+∞
e não podemos quebrar em limite da soma igual a soma dos limites. Devemos utilizar
o teorema do confronto. Vamos resolver de duas formas distintas.
Lista de Indeterminações
• +∞ − ∞;
• 0 · +∞ e 0 · (−∞);
+∞
• ;
+∞ 0
• ;
0
• 00 ;
• (∞)0 .
+∞
• 1 ;
Pelos exemplos anteriores, vimos que, com algumas manipulações algébricas, po-
0 ∞
demos transformá-las em indeterminações do tipo ou e depois resolvê-las com o
0 ∞
auxílio da regra de L’Hospital.
Conforme dito no início da seção, o cálculo dos limites acima é um passo interme-
diário para nos auxiliar no esboço do gráfico de funções. Esboço de gráficos com con-
cavidade foram estudadas na seção 4.7 do capítulo 4. Para relembrar de um exemplo
polinomial, sugerimos assistir à nossa videoaula Esboço de Gráficos com Concavidade -
Exemplo 1. Para um exemplo mais complicado, sugerimos relembrar a aula Esboço de
Gráficos com Concavidade - Exemplo 2.
156 Matemática Universitária
Para um exemplo mais próximo ao tema deste capítulo, a saber, f (x) = x ln2 x, suge-
rimos a nossa videoaula Esboço de Gráficos com Concavidade - Exemplo 3.
6. Esboce parte do gráfico nas vizinhanças das regiões importantes; mais precisa-
mente, esboce o gráfico perto das assíntotas horizontais e verticais, perto dos
pontos críticos e perto dos pontos de inflexão.
2
Exemplo 5.7.10: Para esboçar o gráfico da função f (x) = e−x , primeiramente, vemos
que o seu domínio é R. Precisamos apenas calcular os limites no infinito.
2
lim f (x) = “e−∞ ” = 0 e lim e−x = 0.
x→−∞ x→+∞
+ f′
0
f
0
2 2 2
Precisamos agora calcular f 00 . Temos que f 00 (x) = −2e−x + 4x2 e−x = (4x2 − 2)e−x
e, pelo mesmo argumento, o sinal de f 00 é o mesmo que 4x2 −√2. Note, então que,
2
f 00 (x) = 0 exatamente quando 4x2 − 2 = 0, isto é, quando x = ± .
2
+ +
√ √ f ′′
2 2
−
2 2
√ √ f
2 2
−
2 2
Renan Lima 157
√ √ x
2 2
− 2 2
√ √ x
2 2
− 2 2
2
Figura 5.15: Gráfico da função f (x) = e−x .
Exemplo 5.7.11: Para esboçarmos o gráfico da função f (x) = x + sen x, vemos que o
seu domínio é R e como x − 1 ≤ f (x) ≤ x + 1, temos, pelo teorema do confronto,
Além disso, f 0 (x) = 1 + cos x. Pela expressão da f 0 e pelo fato de cos x ≥ −1 , temos
que f 0 (x) ≥ 0 para todo x. Se quisermos seguir o procedimento mais à risca, temos
que f 0 (x) = 0 apenas quando cos x = −1 e, portanto, x = π + 2kπ, com k ∈ Z. A
função é estritamente crescente e todos os pontos críticos é de inflexão.
Continuando o procedimento, temos que f 00 (x) = − sen x e f 00 (x) = 0 apenas quando
x = kπ, k ∈ Z. Juntando tudo, podemos esboçar o gráfico da f .
y y=x
x
1
ln x + 1 = 0 ⇐⇒ ln x = −1 ⇐⇒ x = e−1 .
+ f′
1
e
f
1
e
1
Como (ln x + 1)2 ≥ 0 e > 0, por causa do domínio de f , temos que f 00 (x) > 0
x
para todo x. Logo o gráfico de f possui concavidade para cima. Juntando todas as
informações, podemos esboçar o gráfico de f (x) = xx .
y
f (x) = xx
Exercícios
ex ln(1 + x2 ) cos πx + 1
d) lim e) lim f) lim
x→+∞ x5 x→0 x arctg x x→1 sen2 (2πx)
ln x
j) lim (1 − x)− ln x k) lim l) lim (1 − cos x)1/ ln x
x→0+ x→1+ 2x −2 x→0+
Respostas
Exercício 1
a) −π b) 0 c) 3
1
d) +∞ e) 1 f)
8
g) 0 h) +∞ i) 1
1
j) 1 k) l) e2
2 ln 2
Exercício 2
6.1 Introdução
1 1 1 1
e=1+1+ + + + ... + + ··· .
2! 3! 4! n!
E com a fórmula acima, é possível mostrar que o número de Euler é irracional.
Além da função exponencial, pode-se trabalhar com as funções senos, cossenos e logarít-
micas de forma imediata.
Renan Lima 161
3. f · g é contínua.
1. f + g é contínua.
f
2. c · f é contínua, onde c ∈ R. 4. é contínua.
g
Demonstração:
A demonstração pode ser vista na página 345. Vamos reescreva-la aqui. Para os itens 1,
2 e 3 a prova é uma só. Dado x0 ∈ R no domínio de f e em g, então pelas propriedades
básicas de limites, temos
f (x)
O item 4 tem uma tecnicalidade. Seja x0 ∈ R um ponto no domínio de , então, em
g(x)
particular, g(x0 ) 6= 0. Podemos então aplicar que limite da divisão é a divisão dos limites
f (x) f (x0 )
lim = .
x→x0 g(x) g(x0 )
1
Exemplo 6.2.3: A função f (x) = é uma função contínua, pois divisão de funções
x
contínuas é contínua. Note que x0 = 0 não pertence ao domínio de f .
162 Matemática Universitária
Demonstração:
A demonstração rigorosa deste resultado será feita na seção 9.2 do capítulo 9.
2
Exemplo 6.2.6: A função f (x) = ex cos x é contínua pois é composição e multiplicação
de funções contínuas.
A função f (x) = ln3 (x + sen(x2 + 1)) é contínua pelo mesmo princípio acima.
É possível brincar um pouco com a notação para funções contínuas e com isso jus-
tificar informalmente que composta de funções contínuas é contínua. Dizemos que f é
contínua em x0 se as operações f e lim comutam, mais precisamente,
x→x0
lim f (x) = f lim x .
x→x0 x→x0
Demonstração:
A demonstração será feita na seção 9.4 do capítulo 9.
√
Exemplo 6.2.8: A função y = n
x é contínua pois ela é a inversa de f (x) = xn .
h π πi
A função arcsen x é contínua pois a função sen : − , → [−1, 1] é contínua.
2 2
Para uma discussão mais didática sobre a continuidade da composta e da inversa, reco-
mendamos a videoaula Continuidade da Função Inversa e Continuidade da Composta.
Para um resumo final, recomendamos o vídeo Reconhecendo funções contínuas. Reco-
mendamos a página 354 para verificar como funciona a demonstração da continuidade
das funções.
A importância do conceito de continuidade é o teorema de Bolzano. Recomendamos
a videoaula Teorema de Bolzano e o Teorema do Valor Intermediário.
Renan Lima 163
Seja f : [a, b] → R contínua tal que f (a) · f (b) < 0. Então existe c ∈ (a, b) tal que
f (c) = 0.
Demonstração:
Esta demonstração será feita na seção 9.4 do capítulo 9.
Corolário 6.2.12
Seja f : [a, +∞) → R função contínua tal que f (a) < 0 e lim f (x) = +∞, então
x→+∞
existe c ∈ (a, +∞) tal que f (c) = 0.
Demonstração:
Como lim f (x) = +∞, existe b ∈ (a, +∞) tal que f (b) > 0. Pelo teorema de Bolzano,
x→+∞
existe c ∈ (a, b) tal que f (c) = 0.
Corolário 6.2.13
Seja f : R → R função contínua tal que lim f (x) = −∞ e lim f (x) = +∞, então
x→−∞ x→+∞
existe c ∈ R tal que f (c) = 0.
Demonstração:
A demonstração é deixada como exercício ao leitor. Para possível auxílio, recomendamos
a videoaula Todo Polinômio de Grau Ímpar Possui Raiz Real.
Exemplo 6.2.14: Considere o polinômio de grau ímpar p(x) = x2n+1 +a2n x2n +. . .+a0 .
Como lim p(x) = +∞ e lim p(x) = −∞, então p(x) possui ao menos uma raiz real.
x→+∞ x→−∞
164 Matemática Universitária
Seja f : [a, b] → R contínua tal que f (a) < f (b). Seja d ∈ (f (a), f (b)), então existe um
c ∈ (a, b) tal que f (c) = d.
Demonstração:
A demonstração se encontra no nosso vídeo Demonstração do Teorema do Valor Inter-
mediário. Vamos reproduzi-la aqui.
Considere a função g(x) = f (x) − d. Temos que g é contínua, com g(a) = f (a) − d < 0 e
g(b) > 0. Pelo teorema de Bolzano, existe um c ∈ (a, b) tal que g(c) = 0. Isso mostra que
f (c) = d.
Agora que temos o resultado que garante a existência de uma raiz real, queremos
falar de um método numérico que ajuda muito no cálculo de raízes de funções e que tem
inúmeras aplicabilidades para calcular aproximações. O método é chamado de método
de Newton.
Considere f : (a, b) → R função derivável com f 0 (x) 6= 0 para todo x e supomos que
sabemos que existe c ∈ (a, b) tal que f (c) = 0. Queremos determinar este c com várias
casas decimais.
O método de Newton se procede da seguinte forma. Fixe x1 . Se f (x1 ) = 0, finaliza o
processo. Caso f (x1 ) 6= 0. Considere a reta tangente de f em x1 . Como f 0 (x1 ) 6= 0, esta
reta toca no eixo x em um ponto x2 . Se f (x2 ) = 0, finaliza o processo. Caso f (x2 ) 6= 0,
considere a reta tangente ao gráfico de f em x2 e seja x3 o corte desta reta com o eixo x.
Continuando o processo, podemos gerar uma sequência de valores x1 , x2 , . . . , xn , . . . que
geralmente converge para c.
y
x
x3 x2 x1
Método de Newton
f (xn )
xn+1 = xn − , n = 1, 2, 3, . . .
f 0 (xn )
√
Exemplo 6.2.16: Para encontrar o valor de 2, considere f (x) = x2 − 2 e queremos
encontrar o valor de x tal que f (x) = 0. Uma forma para deduzir a fórmula é chutar
um valor x1 , próximo do valor que desejamos, por exemplo, x1 = 2 e aplicamos a
fórmula do método de Newton. Sugerimos ao leitor o auxílio de uma calculadora
para as contas. Como f (xn ) = x2n − 2 e f 0 (xn ) = 2xn , temos
x2n − 2 x2 + 2
xn+1 = xn − = n .
2xn 2xn
Para n = 1, temos
x21 + 2 22 + 2
x2 = = = 1, 5.
2x1 4
Para n = 2, temos
x22 + 2 1, 52 + 2
x3 = = ' 1, 416666667.
2x2 3
Para n = 3, temos x4 ' 1, 4142156863 e, assim sucessivamente.
x1 = 1
x2 = 4
x3 = 2, 875
x4 = 2, 654891304
x5 = 2, 645767044
x6 = 2, 645751311
x7 = 2, 645751311
f (x)
Na prática, definimos a função auxiliar g(x) = x − , tomamos xn+1 = g(xn ) e
f 0 (x)
analisamos o comportamento numérico da sequência xn até começar a se estabilizar.
Note que no formato escrito na figura acima, basta trocar a função f e temos, auto-
maticamente, os termos x1 , x2 e assim sucessivamente. Apesar de muitos softwares
já terem a opção utilizar método de Newton, é interessante que algumas contas sejam
implementadas para entender o seu funcionamento.
166 Matemática Universitária
Exemplo 6.2.18: Vamos utilizar o método de Newton para calcular a solução real de
x3 − x − 2 = 0. Com o auxílio de uma calculadora gráfica, façamos o esboço do gráfico
de f (x) = x3 − x − 2.
y
Vemos que a solução está no intervalo (1, 2). Podemos utilizar o chute inicial x1 = 2.
Utilizando a fórmula do método de Newton, temos
x3n − xn − 2
xn+1 = xn − .
3x2n − 1
Daí
x2 = 1, 6363636364,
x3 = 1, 5303920521,
x4 = 1, 5214414651,
x5 = 1, 5213797097,
x6 = 1, 5213797068,
x7 = 1, 5213797068.
1
Exemplo 6.2.19: Dado um número a > 0, algumas calculadoras calculam o valor de
a
1
via método de Newton com a função auxiliar f (x) = − a.
x
f (xn )
Utilizando a fórmula xn+1 = xn − 0 , temos que
f (xn )
1
−a
xn
xn+1 = xn −
1
− 2
xn
2 1
= xn + xn − a = xn (2 − axn ).
xn
Renan Lima 167
O interessante desta fórmula é que podemos efetuar divisão via aproximações suces-
sivas com soma e multiplicação. Por exemplo, se tomarmos a = 17, a fórmula de
recorrência é dada por
xn+1 = xn (2 − 17xn ).
É importante destacar que para método de Newton funcionar, deve-se escolher x1
1
suficientemente próximo de . Por exemplo, se tomarmos x1 = 0, 5, então
17
x2 = −3, 25,
x3 = −186, 0625
x2 = 0, 03,
x3 = 0, 0447,
x4 = 0, 5543247,
x5 = 0, 0586280416,
x6 = 0, 0588228797,
x7 = 0, 0588228794,
x8 = 0, 0588235294.
Definição 6.2.20
Seja (xn )n∈N sequência de números reais. Dizemos que xn converge para uma valor
real L se xn fica suficientemente próximo de L à medida que n fique tão grande quanto
se queira. Usamos a seguinte notação
lim xn = L.
n→+∞
Exercícios
4. Mostre que a função f (x) = x − ln x − 2 possui uma raiz real em (e, 4).
8. Use o software para esboçar o gráfico das funções abaixo. Verifique que tem apenas
uma raiz real e encontre uma aproximação das 4 primeiras casas para a raiz real.
a) f (x) = x3 − 3x − 7 b) f (x) = x3 + 3x2 − 6 c) f (x) = x5 + 5x3 − 2
10. Seja f (x) contínua em [0, 1] e tal que 0 ≤ f (x) ≤ 1 para todo x ∈ [0, 1]. Mostre que
existe ao menos um c ∈ [0, 1] tal que f (c) = c.
Renan Lima 169
Respostas
Exercício 1
√ √
a) R b) R c) R − {−2, 4} d) (−∞, − 3 2] ∪ [ 3 2, +∞)
Exercício 2
L=2
Exercício 3
a = −6 e b = 2
Exercício 6
√3
2 ' 1, 25992105
Exercício 8
a) 2, 425988 b) 1, 195823 c) 0, 713380
Exercício 9
a) −3, 109772; 6, 109772
b) −1, 600485; 1, 600485
c) −2, 193271; −0, 768317; 2, 273791
170 Matemática Universitária
Demonstração:
A demonstração será feita na seção 9.4 do capítulo 9.
É importantíssimo que o intervalo onde f esteja definida seja fechado e limitado. Re-
comendamos assistir à nossa videoaula Teorema de Weierstrass. Nesta aula, apresenta-
mos um exemplo de como achar o máximo e mínimo global de uma função deste estilo.
Renan Lima 171
• Encontre todos os pontos críticos de f que estão em (a, b). Será um número finito.
• Verifique qual dos valores encontrados acima é maior e qual deles é o menor.
Em exemplos práticos, o teorema de Weierstrass não precisa ser utilizado, pois sem-
pre podemos esboçar o gráfico. Este teorema se torna valioso no campo teórico e ele nos
permite, dentre outros resultados, demonstrar o teorema do valor médio (TVM). Reco-
mendamos assistir à nossa videoaula Teorema do Valor Médio.
Nesta videoaula, explicamos o significado geométrico e o significado físico do TVM.
Antes de reproduzir esta videoaula no livro, vamos demonstrar este teorema. Começa-
remos provando um caso particular do TVM, conhecido como teorema de Rolle.
Seja f : [a, b] → R contínua em [a, b] e derivável em (a, b). Se f (a) = f (b), então existe
c ∈ (a, b) tal que f 0 (c) = 0.
Demonstração:
A ideia da demonstração é utilizar o teorema de Weierstrass para garantir que f admite
máximo e mínimo global e, como f (a) = f (b), então, necessariamente, um dos extreman-
tes globais está em (a, b). Neste ponto, a derivada é 0.
Um detalhamento da demonstração acima se encontra na nossa videoaula Demonstração
do Teorema do Valor Médio e também na na página 372.
y y
f (c)
f (a) = f (b) b b
c
x
a b
f (a) = f (b) b b
x f (c)
a c b
(a) Máximo global no interior. (b) c não é necessariamente único.
Seja f : [a, b] → R contínua em [a, b] e derivável em (a, b). Então existe c ∈ (a, b) tal
que
f (b) − f (a)
f 0 (c) = .
b−a
Demonstração:
A demonstração se encontra na página 372.
Como o coeficiente angular da reta que passa pelos pontos (a, f (a)) e (b, f (b)) é dado
f (b) − f (a)
por (ver a videoaula Equação da Reta) e f 0 (c) é o coeficiente angular da reta
b−a
tangente ao gráfico de f no ponto (c, f (c)), o teorema do valor médio diz que existe um
ponto c ∈ (a, b) tal que a reta tangente ao gráfico de f em x = c é paralela à reta secante
que liga os pontos (a, f (a)) e (b, f (b)).
y
f (a) b
f (b) b
x
a c b
1. Se f 0 (x) > 0 para todo x ∈ (a, b), então f é estritamente crescente em [a, b].
2. Se f 0 (x) < 0 para todo x ∈ (a, b), então f é estritamente decrescente em [a, b].
Demonstração:
A demonstração deste resultado se encontra em Demonstração do Intervalo de Cresci-
mento e Decrescimento e na página 373. Vamos reproduzi-la aqui.
1. Dados x0 , y0 ∈ [a, b], com x0 < y0 . Pelo teorema do valor médio, existe c ∈ (x0 , y0 )
tal que
f (y0 ) − f (x0 ) = f 0 (c)(y0 − x0 ).
Como, por hipótese f 0 (c) > 0 e y0 − x0 > 0, concluímos que f (y0 ) − f (x0 ) > 0.
Demonstração:
A demonstração se encontra na página 373. Vamos reproduzi-la aqui. Provamos primeiro
o caso em que f 0 (x) = 0 para todo x ∈ (a, b).
Fixe x ∈ (a, b]. Pelo teorema do valor médio, existe cx ∈ (a, x) tal que
Considere a função auxiliar h(x) = f (x) − g(x). Temos que h0 (x) = 0 para todo x ∈ (a, b)
e, pelo resultado anterior, existe c ∈ R tal que h(x) = c para todo x ∈ [a, b]. Concluímos
daí que f (x) = g(x) + c para todo x ∈ [a, b].
s(tf ) − s(t0 )
vm = .
tf − t0
O teorema do valor médio diz que existe tc ∈ (t0 , tf ) tal que vm = s0 (tc ). Em outras
palavras, em algum momento a velocidade instantânea é igual a velocidade média. Suge-
rimos assistir à nossa videoaula Teorema do Valor Médio - MRUV. Devido a importância
desta aula, reproduziremos, resumidamente, o exemplo abaixo.
Exemplo 6.3.7: Suponha que uma partícula esteja em movimento retilíneo com ace-
leração constante a, posição inicial s0 e velocidade inicial v0 . Para encontrarmos a
equação do movimento, primeiramente, encontramos a velocidade v(t).
Considere a função auxiliar g(t) = at. Temos, por hipótese, que v 0 (t) = g 0 (t) = a e,
pelo corolário 6.3.6, existe c ∈ R tal que v(t) = at + c. Como v(0) = v0 , concluímos que
v(t) = v0 + at.
at2
Para encontrarmos a equação de s(t), considere a função auxiliar g(t) = v0 t + .
0 0
2
Temos que s (t) = v(t) = g (t) e, novamente, pelo corolário 6.3.6, existe c ∈ R tal que
at2
s(t) = v0 t + + c.
2
Como s(0) = s0 , concluímos que
at2
s(t) = s0 + v0 t + .
2
174 Matemática Universitária
Exemplo 6.3.8: Vimos na seção 5.4, na introdução do número de Euler, que apareceu
a equação diferencial C 0 (t) = ιC(t) , em que ι é a taxa de juros. Mencionamos que a
solução desta equação é C(t) = C0 eιt . Vamos provar este resultado. Façamos
C 0 (t) − ιC(t) = 0.
Note que a parte esquerda da equação é (e−ιt C(t))0 . Pelo Corolário 6.3.6, concluímos
que existe k ∈ R tal que
e−ιt C(t) = k.
Logo C(t) = keιt e, como C(0) = C (custo inicial), concluímos, finalmente que
0
C(t) = C0 eιt .
Demonstração:
A demonstração se encontra na página 374. Vamos reproduzi-la aqui.
Considere a função auxiliar
Então, h é contínua em [a, b], derivável em (a, b) e vale h(a) = f (b)g(a) − g(b)f (a) = h(b).
Pelo teorema do valor médio 6.3.4, existe c ∈ (a, b) tal que h0 (c) = 0. Como
daí,
f (b) − f (a) f 0 (c)
= 0 .
g(b) − g(a) g (c)
Demonstração:
A demonstração pode ser vista no final da nossa videoaula Demonstração da 1ª Regra
de L’Hospital e também na página 375. Vamos reproduzi-la aqui.
Para cada x 6= x0 , temos, pelo teorema do quociente de Cauchy 6.3.9, que existe cx , com
0 < |cx − x0 | < |x − x0 | satisfazendo
f 0 (x)
Pelo teorema do confronto, como x → x0 , temos que cx → x0 . Como lim = L,
x→x0 g 0 (x)
temos,
f (x) f 0 (cx )
lim = lim 0 = L.
x→x0 g(x) x→x0 g (cx )
176 Matemática Universitária
Exercícios
4. Seja f (x) = tg x. Verifique que f (0) = f (π) = 0, mas não existe c ∈ (a, π) tal que
f 0 (c) = 0. Por que este exemplo não viola o teorema de Rolle?
ax3 + bx2 + cx + d = 0
6. Seja f função derivável satisfazendo f 0 (x) = af (x) + b com a 6= 0. Mostre que existe
b
C ∈ R tal que f (x) = Ceax − .
a
1 n
7. Seja an = 1 + . Vamos mostrar que a sequência (an )n∈N é crescente e que
n
an < 4 via o seguinte procedimento.
Respostas
Exercício 2
19 m3 /m
Renan Lima 177
Nesta seção, vamos falar de mais uma aplicação de derivadas que é a demonstração
de desigualdades que podem ser úteis para calcular algumas estimativas. Uma das apli-
cações desta seção é poder estimar numericamente valores das funções seno e cosseno
com quantas casas decimais desejar. O princípio da indução finita será importante.
Vimos na seção 5.3, uma demonstração geométrica da desigualdade sen x ≤ x para
todo x ≥ 0. Vamos fazer a demonstração utilizando derivadas. Considere a função
f (x) = sen x − x.
Temos que f (0) = 0 e f 0 (x) = cos x−1 ≤ 0. Pelo corolário 6.3.5, temos que f é decrescente
(na verdade, estritamente decrescente!) e, como f (0) = 0, temos que f (x) ≤ 0 para todo
x ≥ 0. Concluímos que sen x ≤ x para todo x ≥ 0.
Alguns leitores podem se sentir incomodados com o fato de que é necessário mostrar
a desigualdade para deduzir a derivada da função seno.
Sugerimos que não tenha este incômodo, pois é o mesmo que exigir que só pode uti-
lizar a regra de L’Hospital depois que saber a sua demonstração ou só poder utilizar
uma calculadora gráfica após saber programação.
+ g′
0
g
0
Concluímos que g(0) é ponto de mínimo global e, portanto, g(x) ≥ g(0) = 0 para todo
x ∈ R. Isso mostra que ex ≥ 1 + x para todo x ∈ R.
x2
Exemplo 6.4.2: Vamos mostrar que ex ≥ 1 + x + para todo x ≥ 0. Para tanto,
2
x2
considere a função auxiliar f (x) = ex − 1 − x − . Temos que f (0) = 0 e vale que
0 x
2 0
f (x) = e − 1 − x. Vimos, no exemplo anterior que f (x) ≥ 0 para todo x ≥ 0. Logo,
f é crescente. Concluímos que f (x) ≥ f (0) = 0, para todo x ≥ 0.
178 Matemática Universitária
x2 x3
Exemplo 6.4.3: Vamos mostrar que ex ≥ 1 + x + + para todo x ≥ 0. Para tanto,
2 6
x2 x3
considere a função h(x) = ex − 1 − x −− . Temos que h(0) = 0 e h0 (x) = f (x) do
2 6
exemplo anterior. Como f ≥ 0 para x ≥ 0, temos que h é crescente. Como h(0) = 0,
temos que h(x) ≥ 0 para todo x ≥ 0.
x2 x3 xn
É possível mostrar que ex ≥ 1+x+ + +. . .+ , onde n! = 1·2·3·. . .·(n−1)·n, mas,
2 6 n!
para uma escrita mais formalizada, precisamos entender um pouco sobre argumento de
indução.
Seja P(n) um enunciado que descreve uma propriedade sobre um número natural n.
Supomos que o enunciado P(n) satisfaz duas propriedades.
A ideia do PIF, sobretudo do item 2, é que , se P(n0 ) é verdade, então P(n0 +1) é verdade.
Como P(n0 + 1) é verdade, então P(n0 + 2) é verdade. Como P(n0 + 2) é verdade,
então P(n0 + 3) é verdade e assim sucessivamente (sem parar!). E concluímos que P(n)
é verdade para todo n ≥ n0 .
n(n + 1)
Exemplo 6.4.4: Vamos provar que vale 1 + 2 + 3 + . . . + n = para todo n ≥ 1.
2
n(n + 1)
Seja P(n) a propriedade que satisfaz a igualdade 1 + 2 + 3 + . . . + n = e
2
queremos provar que P(n) é uma verdade para todo n. Claramente P(1) é verdade,
1.(1 + 1)
pois, substituindo n por 1 na equação acima, temos 1 = . Supomos que P(k)
2
k(k + 1)
é verdade, isto é, 1 + 2 + 3 + . . . + k = , queremos provar que P(k + 1) é
2
(k + 1)((k + 1) + 1)
verdade, isto é, 1 + 2 + 3 + . . . + k + (k + 1) = . Vamos então fazer
2
as contas.
k(k + 1)
[1 + 2 + 3 + . . . + k] + (k + 1) = + (k + 1)
2
k 2 + k + 2k + 2
=
2
(k + 1)(k + 2)
= .
2
Pelo princípio da indução finita, temos que P(n) é verdadeiro para todo n ≥ 1.
n(n + 1)(2n + 1)
Exemplo 6.4.5: Vamos provar que 12 + 22 + . . . + n2 = .
6
Seja P(n) a propriedade acima. Temos por verificação direta que P(1) é verdade. Su-
Renan Lima 179
x2 xn
Exemplo 6.4.7: Vamos provar que ex ≥ 1 + x + ...+ para todo x ≥ 0 e para todo
2! n!
n ∈ N.
x2 xn
Seja P(n) a propriedade que diz que ex ≥ 1 + x + ... + para todo x ≥ 0. Por
x
2! n!
exemplo, P(1) significa que e ≥ 1 + x para todo x ≥ 0. Vemos que P(1) é verdadeiro
pelo exemplo 6.4.1. Supomos por indução que P(k) é verdadeiro, vamos provar que
P(k + 1) é verdadeiro. Considere a função auxiliar
x2 xk xk+1
x
f (x) = e − 1 + x + + ... + + .
2! k! (k + 1)!
x2 xk
0 x
Temos que f (0) = 0 e que f (x) = e − 1 + x + + ... + . Por hipótese de
2! k!
indução, temos que f 0 (x) ≥ 0 para todo x ≥ 0. Logo f é crescente e como f (0) = 0,
temos que f (x) ≥ 0 para todo x ≥ 0. Logo P(k + 1) é verdadeiro.
x2 x4
f (x) = cos x − 1 − + .
2! 4!
180 Matemática Universitária
x3
Temos que f (0) = 0 e f 0 (x) = − sen x + x − ≤ 0 pelo resultado mostrado na
3!
videoaula. Logo f é decrescente e, portanto, f (x) ≤ 0.
x3 x5
Exemplo 6.4.9: Vamos provar que sen x ≤ x − + . Novamente, considere
3! 5!
x3 x5
f (x) = sen x − x − + .
3! 5!
x2 x4
0
Temos que f (x) = cos x− 1 − + . Pelo exemplo anterior, temos que f 0 (x) ≤ 0
2! 4!
e como f (0) = 0 e f é decrescente, então f (x) ≤ 0 para todo x ≥ 0.
x2 x4 x6
Exemplo 6.4.10: Vamos provar que cos x ≥ 1 − + − . Novamente, considere
2 4! 6!
x2 x4 x6
f (x) = cos x − 1 − + − .
2! 4! 6!
x3 x5
0
Temos que f (x) = − sen x + x − + . Pelo exemplo anterior, temos f 0 (x) ≥ 0
3! 5!
e como f (0) = 0 e f é crescente, então f (x) ≥ 0 para todo x ≥ 0.
x2
sen x ≤ x 1− ≤ cos x
2!
x3 x2 x4
x− ≤ sen x cos x ≤ 1 − +
3! 2! 4!
x3 x5 x2 x4 x6
sen x ≤ x − + 1− + − ≤ cos x
3! 5! 2! 4! 6!
x3 x5 x7 x2 x4 x6 x8
x− + − ≤ sen x cos x ≤ 1 − + − +
3! 5! 7! 2! 4! 6! 8!
Deixamos como exercício o argumento por indução. Com a ideia de fazer n → +∞, é
possível concluir que
x3 x5 x2n+1
sen x = x − + − . . . + (−1)n + ...
3! 5! (2n + 1)!
x2 x4 x2n
cos x = 1 − + − . . . + (−1)n + ...
2! 4! (2n)!
Para a formalização da fórmula acima, é preciso de noções de séries numéricas que, infe-
lizmente, não é o escopo do livro. A ideia por trás da igualdade acima é que cada vez que
aumentamos o grau do polinômio, mais próximo da função original vamos estar. Como
as funções seno e cosseno são periódicas, é interessante nos restringirmos a [−π, π].
Renan Lima 181
y y
x x
x x
Figura 6.3: Comparando o gráfico do seno (em azul) com os polinômios encontrados nos exemplos.
f (xn ) cos x
xn+1 = xn − = xn + .
f 0 (xn ) sen x
Façamos a aproximação
x2 x4 x6 x8 x10
cos x ' 1 − + − + − ,
2! 4! 6! 8! 10!
x3 x5 x7 x9
sen x ' x − + − + .
3! 5! 7! 9!
π
Sabemos que ' 1, 57. Vamos então começar com x1 = 1, 5 e aplicarmos as fórmulas
2
acima. Temos, portanto,
x1 = 1, 5,
x2 = 1, 57214029,
x3 = 1, 57076343,
x4 = 1, 57079663,
x5 = 1, 57079584,
x6 = 1, 57079586.
π
Temos que ' 1, 57079586 e, portanto, π ' 3, 14159172. Verificando o resultado em
2
uma calculadora, temos que π ' 3, 14159265359. O que nos forneceu as 5 primeiras
casas decimais de π.
π
Era possível ter escolhido também o ângulo de e teríamos uma aproximação melhor.
4
Outra possibilidade é aumentar o grau do polinômio que foi aproximado as funções
seno e cosseno.
182 Matemática Universitária
Exercícios
2. Dado dois números naturais a e b. Definimos max(a, b) o maior valor entre a e b. Por
exemplo, max(2, 4) = 4, max(7, 3) = 7, max(5, 5) = 5. Encontre o erro do seguinte
argumentação por indução.
P(n): Se a e b são dois números naturais tais que max(a, b) = n, então a = b.
x2n+1
gn (x) ≤ f (x) ≤ gn (x) + para todo x ≥ 0.
2n + 1
Renan Lima 183
f (x) − f (x0 )
Note que, pela definição acima, temos que lim −a = 0 e, portanto,
x→x0 x − x0
podemos concluir que a = f 0 (x0 ). Em particular, f é derivável em x0 .
Demonstração:
A demonstração se encontra na videoaula Demonstração que Diferenciável é Equivalente
a Derivável e a parte escrita na página 358.
Dizer que f é diferenciável em x0 significa que f (x) ' f (x0 ) + f 0 (x0 )(x − x0 ) e, por-
tanto, o gráfico de f se confunde com o gráfico da sua reta y = f (x0 ) + f 0 (x0 )(x − x0 ) em
uma vizinhança suficientemente pequena de x0 . Por se tratar de aproximação, significa
que existe um erro E(x) e a definição de diferenciabilidade diz que
E(x)
f (x) = f (x0 ) + f 0 (x0 )(x − x0 ) + E(x), com lim = 0.
x→x0 x − x0
184 Matemática Universitária
E(x) ,
se x 6= x0 ,
σ(x) = x − x0
0, se x = x0 .
df = f 0 (x) dx.
Avisamos que o que está escrito acima não é uma demonstração matemática. Ela é
apenas um caminho para ganharmos intuição e prever uma fórmula. Para a demonstra-
ção formal, é necessário fazer as estimativas dos erros.
Demonstração:
A demonstração se encontra na videoaula Demonstração da Regra da Cadeia e também
na página 359.
Renan Lima 185
Demonstração:
A demonstração se encontra na videoaula Demonstração da Derivada da Função Inversa
e na página 360. Vamos dar uma demonstração alternativa aqui.
Escreva y = f (x) e y0 = f (x0 ). Então, temos que ∆y = y − y0 = f 0 (x0 )∆x + σ(x)∆x. Daí,
g(y) − g(y0 ) 1 1
lim = lim 0 = 0 .
y→y0 y − y0 y→y 0 f (x0 ) + σ(x) f (x0 )
Demonstração:
A demonstração clássica se encontra na videoaula Demonstração da Regra do Produto.
Na página 357 temos uma outra demonstração. Faremos uma terceira demonstração.
Como f e g são diferenciáveis em x0 , podemos escrever
Pela expressão de σ(x), concluímos que σ é uma função contínua e satisfaz σ(x0 ) = 0.
Isso mostra que f · g é diferenciável e vale
1
x2 sen , se x 6= 0,
Exemplo 6.5.10: Considere a função f (x) = x
0, se x = 0.
0 1 1
Para x 6= 0 temos que f (x) = 2x sen − cos . Note que não existe lim f 0 (x).
x x x→0
A última igualdade ocorre pelo teorema do confronto. Concluímos que f é uma função
diferenciável com f 0 (0) = 0, mas não é de classe C 1 .
A ideia da definição acima é que f (x) ' Pk (x) e, quanto maior o valor de k, melhor
é a sua aproximação. Sugerimos a videoaula Polinômio de Taylor e o Resto de Lagrange.
Na prática, quando devemos encontrar o polinômio de Taylor de ordem k de f (x) cen-
trado em x0 , costuma-se, para não sobrecarregar a notação, encontrar o polinômio de
Maclaurin de ordem k da função auxiliar f (x + x0 ).
Renan Lima 187
x2 xk
Pk (x) = 1 + x + + ... + .
2! k!
Temos que
f (0) = f 00 (0) = f (4) (0) = f (6) (0) = 0
f 0 (0) = f (5) (0) = 1 e f 000 (0) = f (7) (0) = −1.
Concluímos portanto que
x3 x5 x7
P7 (x) = x − + − .
3! 5! 7!
f (k+1) (cx )
f (x) = Pk (x) + (x − x0 )k+1 ,
(k + 1)!
Demonstração:
A demonstração se encontra na página 379. Avisamos que a demonstração feita por es-
crito usa a hipótese, um pouco mais fraca, que f é (k+1)-vezes diferenciável.
Note que, como caso particular para k = 0, temos que P0 (k) = f (x0 ) e o teorema de
Lagrange se reduz ao teorema do valor médio 6.3.4, em que x0 = a e x = b.
Na prática, nunca encontramos o valor de cx , apenas colocamos um limitador. Por
exemplo, como f (k+1) é contínua em [x0 , x], então, pelo teorema de Weierstrass, existe M
tal que |f (k+1) (t)| ≤ M para todo t ∈ [x0 , x]. Para entendermos sobre o cálculo do erro,
recomendamos a nossa videoaula Resto de Lagrange de uma Aproximação Linear.
Uma das aplicações do polinômio de Taylor com o resto de Lagrange é fornecer um
algoritmo para encontrarmos a expansão por casas decimais do número de Euler. Esta
aplicação é feita na videoaula Estimando o Número de Euler com Polinômio de Taylor.
Vamos reproduzi-la aqui no próximo exemplo. Sugerimos estar com uma calculadora em
mãos.
188 Matemática Universitária
Exemplo 6.5.15: Considere f (x) = ex . Vimos no exemplo 6.5.12 que o seu polinômio
x2 xk
de Maclaurin é Pk (x) = 1 + x + + . . . + . Como f (k+1) (x) = ex , pelo teorema do
2! k!
resto de Lagrange, existe c ∈ (0, 1) tal que
ec
f (1) = Pk (1) + .
(k + 1)!
Como ec < e < 3 (e < 3 é demonstrado de forma direta, com binômio de Newton da
sequência an , ver página 365), temos que
3
0 < f (1) − Pk (1) < .
(k + 1)!
Façamos uma tabela, onde calculamos Pk (1) para cada k e uma estimativa do erro.
3
k Pk (1)
(k + 1)!
0 1 3
1 2 1, 5
2 2, 5 0, 5
3 2, 6666666667 0, 125
4 2, 7083333333 0, 025
5 2, 7166666667 0, 0041666667
6 2, 7180555556 0, 0005952381
7 2, 7182539683 0, 00007440
3
Como Pk (1) < f (1) < Pk (1) + para todo k ∈ N e como f (1) = e, olhando a
(k + 1)!
tabela para k = 1, temos que 2 < e < 2 + 1, 5 = 3, 5. Vamos desenvolver a tabela para
entendermos quantas casas decimais do número e foram encontradas.
3
k Pk (1) < e < Pk (1) +
(k + 1)!
0 1<e<4
1 2 < e < 3, 5
2 2, 5 < e < 3
3 2, 666667 < e < 2, 791667
4 2, 708333 < e < 2, 733333
5 2, 716667 < e < 2, 720833
6 2, 718056 < e < 2, 718651
7 2, 718254 < e < 2, 718328
x2 x3 xn
Com pequenas adaptações, provamos que ex = 1 + x + + + ... + + ...
2! 3! n!
Para mais um exemplo, sugerimos a nossa videoaula Exemplo 2 com Resto de La-
grange. Uma aplicação da estimativa do exemplo acima é a demonstração que o número
de Euler é irracional.
Renan Lima 189
Demonstração:
p
Supomos que e fosse racional, então existe p, k ∈ N tal que e = . Como 2 < e < 3, temos
k
que k 6= 1. Por outro lado,
3
e − Pk (1) < .
(k + 1)!
1 1 1 p
Como Pk (1) = 1 + + + . . . + e e = , temos que k!(e − Pk (1)) ∈ N. Por outro lado,
2! 3! k! k
temos a seguinte desigualdade
3
0 < k!(e − Pk (1)) < ≤ 1.
k+1
O que nos leva a um absurdo, pois não existe número natural n satisfazendo 0 < n < 1.
Logo e não pode ser racional.
Seja f função de classe C k+1 e seja P (x) um polinômio de grau k tal que
f (x) − P (x)
lim = 0.
x→x0 (x − x0 )k
Demonstração:
Faremos a demonstração para x0 = 0. Seja Pk (x) o polinômio de Maclaurin de ordem k
de f . Então, pelo teorema do resto de Lagrange 6.5.14, temos que
f (x) − Pk (x)
lim = 0.
x→0 xk
Daí, temos que
Corolário 6.5.18
Demonstração:
f (x) − Pk (x)
Pelo teorema do resto de Lagrange, temos que lim = 0.
x→0 xk
x2 x3 x4
P (x) = 1 + x + + + ,
2 6 24
2
então o polinômio de Taylor de ordem 8 de ex é dada por
x4 x6 x8
Q(x) = P (x2 ) = 1 + x2 + + + .
2 6 24
Renan Lima 191
Exercícios
Respostas
Exercício 2
x2 x3 x4 x5 x2 x3 x4 x5
a) x − + − + b) −x − − − −
2 3 4 5 2 3 4 5
2x 3 2x 5 x 4
c) 2x + + d) −x2 −
3 5 2
x2 x3 x4 x5 4x3 2x4 4x5
e) 1 − x + − + − f) 1 + 2x + 2x2 + + +
2 3! 4! 5! 3 3 15
Exercício 3
(x − 1)2 (x − 1)3 (x − 1)4
(x − 1) − + −
2 3 4
Exercício 4
0,6427
Exercício 5
x4 x5 x5 5x3 19x5
a) x2 + x3 + + b) x3 − x4 + c) x + −
2 6 2 6 120
x3 x5
d) 1 − x2 + x4 e) 1 + x2 + x4 f) x − +
3 5
3x3 3x5
g) x − 2x3 + 2x5 h) −3x2 − − x4 − i) x3
2 4
Exercício 7
x3
x + x2 +
3
Parte III
Cálculo Integral
193
C APÍTULO
7 Integrais
7.1 Introdução
Vimos no capítulo 2 que se tivermos o gráfico da função velocidade pelo tempo, en-
tão o cálculo da posição pode ser feita, essencialmente, por cálculo de áreas da região
delimitada entre o eixo t e o gráfico da função v. Devemos apenas tomar cuidado com
o sinal, dependendo se v(t) < 0 ou v(t) ≥ 0. Por outro lado, se uma partícula tem a
equação do movimento dada pela função s(t), então a equação da velocidade v(t) é dada
pela derivada de s(t). Mais precisamente, vale a fórmula
ds
v(t) = .
dt
ds
O interessante da notação de Leibniz é a possibilidade de pensar, informalmente,
dt
como fração e, portanto, a distância infinitesimal é dada por
ds = v(t) dt.
Por conta deste raciocínio, fica bastante intuitivo que áreas podem ser calculadas via
processo de antiderivação. Este é o teorema fundamental do cálculo, percebido por Leibniz
e Newton, independentemente!
Quando aprendemos a calcular derivadas, vimos as regras de derivação, tais como a
regra do produto e a regra da cadeia. No cálculo integral, essas regras se transformam
em técnicas de integração. Por conta disso, na seção 7.2, faremos uma revisão do cálculo di-
ferencial, destacando as ideias e os resultados principais que utilizaremos para o cálculo
integral.
Na seção 7.3, veremos com detalhe o teorema fundamental do cálculo. A intuição
dada pela física é muito importante, mas também é importante entendermos quais são as
hipóteses exigidas da função a ser integrada.
Nas seções 7.4 e 7.5 , aprenderemos a calcular diversas integrais, começando com as
primitivas elementares, seguindo para as técnicas de substituição e de integração por
partes. A seção 7.6 é dedicada à integração, utilizando as duas técnicas.
Nas seções 7.7 e 7.8, faremos algumas aplicações de integrais tais como cálculo de
comprimento de arco, volume de sólido de revolução, cálculo de trabalho, massa e centro
de massa. Finalmente, na seção 7.9, estenderemos o conceito de integral e estudaremos
as chamadas integrais impróprias.
Renan Lima 195
3. f ◦ g é contínua.
1. f + g é contínua.
f
2. f · g é contínua. 4. é contínua.
g
2
Exemplo 7.2.3: A função h(x) = e−x é contínua pois é a composição das funções
f (x) = ex e g(x) = −x2 .
2
A função f (x) = ex cos x é contínua pois é composição e multiplicação de funções
contínuas.
1
Exemplo 7.2.4: A função f (x) = é uma função contínua, pois divisão de funções
x
contínuas é contínua. Note que x0 = 0 não pertence ao domínio de f .
2. (Weierstrass) f admite pontos de máximo e mínimo global em [a, b]. Mais pre-
cisamente, existem xm , xM ∈ [a, b] tais que
Agora que sabemos que todas as funções elementares são contínuas, vamos trabalhar
com as funções derivadas. Dizemos que a função f é derivável em x0 se existe o limite
f (x0 + h) − f (x0 )
lim e, caso o limite exista, denotamos por f 0 (x0 ). Dizemos que f é
h→0 h
derivável se ela for derivável em todos os pontos do seu domínio.
Geometricamente, f : (a, b) → R é derivável se cada ponto (x0 , f (x0 )) do seu gráfico
possui reta tangente. Destacamos dois casos possíveis para que uma função não seja
derivável em x0 ∈ (a, b).
y y
x x
x0 x0
df
Dada uma função derivável f , a função derivada é denotada por . Esta notação foi
dx
introduzida por Leibniz por causa da seguinte expressão.
Com a tabela acima, podemos encontrar a derivada das mais diversas funções.
Exemplo 7.2.6: A primeira fórmula de derivação é a regra do tombo, (xp )0 = pxp−1 .
Recomendamos a videoaula Derivada da Soma e a Derivada de Polinômios.
3x(3/2)−1 3x1/2
4. Se f (x) = x3/2 , então f 0 (x) = = .
2 2
√ 1 x−1/2 1
5. Se f (x) = x = x1/2 , então f 0 (x) = x(1/2)−1 = = √ .
2 2 2 x
!
1 5x2/3
6. Se f (x) = 5 − 3x5/3 = x−5 − 3x5/3 , então f 0 (x) = −5x−6 − 3 . Temos,
x 3
−5
portanto, f 0 (x) = 6 − 5x2/3 .
x
7. Se f (x) = xπ , então f 0 (x) = πxπ−1 .
1 √ √ √
8. Se f (x) = √ = x− 2, então f 0 (x) = − 2 x− 2−1 .
x 2
df
= (x3 )0 ln x + x3 · (ln x)0
dx
1
= 3x2 · ln x + x3 · = 3x2 ln x + x2 .
x
df
= (ex )0 sen x + ex · (sen x)0
dx
= ex sen x + ex cos x.
198 Matemática Universitária
Para mais exemplos com a regra do produto, sugerimos assistir às nossas videoaulas
Exemplos de Derivação com Funções Trigonométricas e também Derivada das Funções
Exponenciais e Logarítmicas.
A regra do quociente não será necessária para a integração. A regra da cadeia costuma
ser a regra de derivação mais complicada para aprender, por isso, sugerimos a videoaula
Regra da Cadeia - Enunciado e Exemplos. Para exemplos que misturam regra da cadeia
e regra do produto, sugerimos a aula Exemplos utilizando a Regra da Cadeia e também
a aula Exemplos de Derivação com Funções Trigonométricas Inversas. Vamos fazer mais
alguns exemplos.
Exemplo 7.2.9: Considere a função f (x) = (x2 + 3x + 1)3 e tome y = x2 + 3x + 1, então
f (x) = y 3 e pela regra da cadeia
df df dy
= · = 3y 2 (2x + 3) = 3(x2 + 3x + 1)2 (2x + 3).
dx dy dx
df df dy 1 2 3x2 3x2
= · = · (3x ) = = .
dx dy dx 1 + y2 1 + (x3 )2 1 + x6
3
Exemplo 7.2.11: Para derivarmos a função f (x) = xe−x , vamos trabalhar com a regra
do produto e a regra da cadeia.
df 3 3 3 3
= (x)0 · e−x + x · (e−x )0 = e−x + x · (−3x2 e−x )
dx
3 3 3
= e−x − 3x3 e−x = (1 − 3x3 )e−x .
Seja f : [a, b] → R contínua em [a, b] e derivável em (a, b). Então existe c ∈ R tal que
f (b) − f (a)
f 0 (c) = .
b−a
O teorema do valor médio diz que existe tc ∈ (t0 , tf ) tal que vm = s0 (tc ). Em outras
palavras, em algum momento a velocidade instantânea é igual à velocidade média.
Geometricamente, f 0 (c) é o coeficiente angular da reta tangente ao gráfico de f no
ponto (c, f (c)) e, conforme demonstrado pela videoaula Equação da Reta, o coeficiente
f (b) − f (a)
angular da reta que passa pelos pontos (a, f (a)) e (b, f (b)) é dado por . O
b−a
teorema do valor médio diz que existe um ponto c ∈ (a, b) tal que a reta tangente ao
gráfico de f em x = c é paralela à reta secante que liga os pontos (a, f (a)) e (b, f (b)).
Renan Lima 199
f (a) b
f (b) b
x
a c b
Finalizamos a seção com uma consequência do teorema do valor médio que vamos
precisar para a integração.
Demonstração:
Considere a função auxiliar h(x) = f (x) − g(x). Temos que h é contínua em [a, b] e
h0 (x) = 0 para todo x ∈ (a, b).
Fixe x ∈ (a, b]. Pelo teorema do valor médio, existe cx ∈ (a, x) tal que
portanto, h(x) = h(a). Se escrevermos h(a) = C, provamos que h(x) = C para todo
x ∈ [a, b] e, portanto, f (x) = g(x) + C.
200 Matemática Universitária
Exercícios
4 5
c) f (x) = −√ d) f (x) = tg x · ln x
x x
√
q p
3
o) f (x) = x + x p) f (x) = x3 + 1
√
q) f (x) = arctg(x2 ) r) f (x) = arctg( x)
Respostas
Exercício 1
1
a) 2x sen x + x2 cos x b) √
3
+ 6x2
x2
4 5 tg x
c) − + √ d) sec2 x · ln x +
x2 2x x x
e) ex sec x(1 + tg x) f) ex (sen x + x sen x + x cos x)
t t t
a x1 b a x2 b a b
Figura 7.4: O valor de A(x) coincide coma área sob a curva de y = f (t) se f (t) ≥ 0 para todo t.
y y y
y = f (t)
y = f (t) y = f (t)
área=B área=A2
t x2 t t
a x1 b a b a b
área=A3
Figura 7.5: O valor de A(x) é a área acima do eixo x menos a área de baixo.
Fixe x ∈ (a, b). A ideia pensada por Leibniz foi considerar dx como incremento infini-
tesimal e considerar o retângulo cuja base é o intervalo [x, x + dx] e altura f (x).
y y
y = f (t) y = f (t)
f (x)
A(x)
dA
t t
a x b a xdx b
Figura 7.6: Interpretação geométrica que Leibniz teve para o teorema fundamental do cálculo.
Demonstração:
A demonstração deste resultado pode ser encontrada em Demonstração do Teorema Fun-
damental do Cálculo. Avisamos que a demonstração acima utiliza um resultado técnico
que pode ser vista na nossa videoaula Teorema do Valor Médio para Integrais.
Seja f uma função contínua. Dizemos que F é primitiva de f , se F 0 (x) = f (x) para
todo x no domínio de f .
Demonstração:
Z x
Seja A(x) = f (t) dt. Pelo 1º teorema fundamental do cálculo, temos que A(x) é primi-
a
tiva de f . Como F também é primitiva de f , temos que F 0 (x) = A0 (x) para todo x ∈ (a, b)
e, pelo corolário 7.2.13, existe C ∈ R tal que F (x) = A(x) + C. Logo
Z b
F (b) − F (a) = (A(b) + C) − (A(a) + C) = A(b) = f (t) dt.
a
dF dy 2 2 2
A0 (x) = · = e−y .2x = e−(x ) 2x.
dy dx
4
Arrumando as contas, temos que A0 (x) = 2xe−x .
p Z x3 √
Exemplo 7.3.7: Seja A(x) = 1 − t2 dt e seja F (x) a primitiva de 1 − x2 , isto é,
√ x2
F 0 (x) = 1 − x2 . Pelo 2º teorema fundamental do cálculo,
dF dy dF dz p p
A0 (x) = · − · = 1 − y 2 .2x − 1 − z 2 .3x2
dy dx dz dx
p p
= 2x 1 − x4 − 3x2 1 − x6 .
204 Matemática Universitária
Exercícios
Respostas
Exercício 1
Na seção 7.3, vimos o teorema fundamental do cálculo, que estabelece uma conexão
entre o processo de antiderivação e o processo de cálculo de área. A função resultante da
antiderivação é chamada de primitiva. Mais ainda, fixada uma função f contínua e se F
é uma primitiva de f , então todas primitivas são da forma F (x) + C com C ∈ R.
Z
Escrevemos f (x) dx para representar todas as primitivas de f e recomendamos a
videoaula Primitivas Imediatas para introdução do assunto.
x2
Z
Exemplo 7.4.1: Temos que x dx = + C.
2
Z
Como (e ) = e , temos que ex dx = ex + C.
x 0 x
xp+1
Z Z
p 1
x dx = + C, se p ∈ R e p 6= −1 dx = ln |x| + C
p+1 x
Z Z
1
dx = arctg x + C ex dx = ex + C
1 + x2
Z Z
sen x dx = − cos x + C cos x dx = sen x + C
Z Z
2
sec x dx = tg x + C sec x tg x dx = sec x + C
Z Z Z
1. f (x) + g(x) dx = f (x) dx + g(x) dx.
Z Z
2. kf (x) dx = k f (x) dx, em que k ∈ R.
x2 + 1
Z
Exemplo 7.4.4: Vamos calcular dx. Note que o integrando não está na tabela
x
acima e, portanto, precisamos modificar a expressão. O truque é separar o numerador,
isto é,
x2 + 1 x2 1 1
= + =x+ .
x x x x
1
Note que as funções f (x) = x e g(x) = estão na tabela acima e, portanto,
x
Z 2
x2
Z
x +1 1
dx = x+ dx = + ln |x| + C.
x x 2
Z
1
O leitor pode está se perguntando o porquê dx = ln |x| + C ao invés de ln x + C.
x
1
O motivo é que o domínio de ln x é (0, +∞), enquanto o domínio de é R − {0}. Por
x
exemplo, se o resultado da integral fosse ln x, teríamos
−1
Z −1
1
dx = ln x = ln(−1) − ln(−2).
−2 x
−2
Isso é um absurdo!
d ln(−x) 1 1
Note que para x < 0, temos, pela regra da cadeia, = · (−1) = .
dx −x x
Z
Exemplo 7.4.5: Vamos calcular a integral tg2 x dx. Para tanto, precisamos aplicar a
fórmula tg2 x = sec2 x − 1. Esta fórmula é específica e pode ser interessante pensar na
seguinte lógica
sen2 x 1 − cos2 x 1 cos2 x
tg2 x = = = − .
cos2 x cos2 x cos2 x cos2 x
1
Como sec2 x = , temos que tg2 x = sec2 x − 1 e, portanto,
cos2 x
Z Z Z Z
tg2 x dx = (sec2 x − 1) dx = sec2 x dx − 1 dx = tg x − x + C.
Vimos na seção 7.2 a regra da cadeia (f ◦ g(x))0 = f 0 (g(x)) · g 0 (x), e temos, portanto, a
seguinte fórmula
Z Z
0 0
f (g(x)).g (x) dx = (f ◦ g(x))0 dx = f ◦ g(x) + C.
Renan Lima 207
dg
Suponha que f e g 0 (x) = sejam contínuas, então
dx
Z b Z g(b)
0
f (g(x))g (x) dx = f (u) du.
a g(a)
Demonstração:
Seja F a primitiva de f , então F (g(x)) é a primitiva de f (g(x)).g 0 (x), daí, pelo 2º teorema
fundamental do cálculo, temos
b g(b)
Z b Z g(b)
0
f (g(x))g (x) dx = F (g(x)) = F (g(b)) − F (g(a)) = F (u) = f (u) du.
a g(a)
a g(a)
Z 5√
Exemplo 7.4.12: Vamos calcular 3x + 1 dx.
0
1
Façamos u = 3x + 1, então du = 3 dx e dx = du. Note que, quando x = 0, temos que
3
u = 1 e, quando x = 5, temos que u = 16. Daí,
Z 5√ Z 16 √ Z 16
1 1
3x + 1 dx = u · du = u1/2 du
0 1 3 3 1
16 16
1 u3/2 2
= · = u3/2
3 3 9
1 1
2
2 2
= 163/2 − 13/2 = · 63 = 14.
9 9
5√ Z
Exemplo 7.4.13: No exemplo anterior, 3x + 1 dx é possível resolver primeira-
0
√
Z
mente a integral indefinida 3x + 1 dx e, depois colocamos os limites de integração.
1 u3/2 2 2
= · = u3/2 = (3x + 1)3/2 .
3 3 9 9
2
Daí, temos que
5
Z 5√
2
3x + 1 dx = (3x + 1)3/2
0 9
0
2 3/2 3/2
2
= 16 − 1 = · 63 = 14.
9 9
Renan Lima 209
Exercícios
x2 + 3x − 1 1 + cos2 t
Z Z
e) dx f) dt
x3 cos2 t
2. Calcule cada uma das integrais definidas.
Z 5 Z −2
1 1
a) dx b) dx
4 x −3 x
4 π/4
1 + cos2 t
Z Z
1+x
c) √ d) dt
1 x 0 cos2 t
π/4 π/4
1 + cos2 x 1 + sen2 t
Z Z
e) dx f) dt
0 cos2 x 0 cos2 t
3. Determine as integrais indefinidas. Use a técnica da substituição se achar necessá-
rio.
ln2 x
Z Z
a) dx b) cos(2x) dx
x
Z Z p
3x+1
c) e dx d) x 1 − x2 dx
Z √ Z
sen x
e) √ dx f) x(1 + x)100 dx
x
Z Z
1 x
g) dx h) dx
4 + x2 1 + x2
Z Z
x 1
i) dx j) dx
1 + x4 x2 + 2x + 2
Z Z
k) 3x dx l) 3x ex dx
ex
Z Z
2
m) x tg(x ) dx n) dx
1 + e2x
210 Matemática Universitária
Respostas
Exercício 1
√
3√
7
7 x10 3
a) +C b) x2 + C
10 2
√ √
2 x3 1 2x x(3x + 5)
c) − +C d) +C
3 x 15
3 1
e) ln |x| − + 2 +C f) tg t + t + C
x 2x
Exercício 2
5 2
a) ln b) ln
4 3
20 4+π
c) d)
3 4
4+π 8−π
e) f)
4 4
Exercício 3
(ln x)3 sen(2x)
a) +C b) +C
3 2
p
e3x+1 (1 − x2 )3
c) +C d) − +C
3 3
√ (x + 1)102 (x + 1)101
e) −2 cos( x) + C f) − +C
102 101
1 x ln(1 + x2 )
g) · arctg +C h) +C
2 2 2
arctg(x2 )
i) +C j) arctg(x + 1) + C
2
3x 3x ex
k) +C l) +C
ln 3 1 + ln 3
ln | sec(x2 )|
m) +C n) arctg(ex ) + C
2
Renan Lima 211
Z
Exemplo 7.5.2: Para integrar xex dx, devemos utilizar integração por partes. Faça-
mos u = x e dv = ex , temos que
Z u dv u v Z v du
u = x ⇒ du = dx, Daí, x ex dx = x ex − ex dx
v = ex ⇒ dv = ex dx.
= xex − ex + C.
Ao aplicar a integração por partes, deve-se checar que a nova integral seja mais fácil de
resolver que o primeiro caso. No exemplo anterior, se escolhêssemos u = ex e dv = x,
teríamos
v v
u dv u du
u= ex ⇒ du = ex dx, x2 x2 x
Z Z
x x
x2 e x dx = e − e dx.
v= ⇒ dv = xdx. 2 2
2
Neste caso, a nova integral é mais complicada de calcular que a primeira.
212 Matemática Universitária
Z
Exemplo 7.5.3: Vamos calcular x2 cos x dx. Vamos utilizar integração por partes.
Z u dv u v v du
u = x2 ⇒ du = 2x dx,
Z
2 2
x cos x dx = x sen x − sen x · 2x dx.
v = sen x ⇒ dv = cos x dx.
Z
Note que 2x sen x dx não é primitiva elementar, mas aparenta ser uma integral mais
fácil de resolver. Vamos utilizar integração por partes de novo.
Z u dv u v Z v du
u = 2x ⇒ du = 2 dx,
2x sen x dx = 2x (− cos x ) − (− cos x) · 2 dx.
v = − cos x ⇒ dv = sen x dx.
Organizando as contas, temos
Z Z
2x sen x dx = −2x cos x + 2 cos x dx = −2x cos x + 2 sen x + C.
A resposta acima está correta, mas, para manter o padrão, pode-se trocar −C por +C.
Z
x2 cos x dx = x2 sen x + 2x cos x − 2 sen x + C.
Z
Exemplo 7.5.4: Para calcular x2 ln x dx, vamos utilizar integração por partes.
1 v v du
u = ln x ⇒ du = dx, u dv u
x3 x3
Z Z
x 1
ln x x2 dx = ln x · − · dx.
x3 3 3 x
v= ⇒ dv = x2 dx.
3
x3 x2 x3 ln x x3
Z Z
Logo x2 ln x dx = ln x − dx = − + C.
3 3 3 9
ln(1 + x2 )
Z Z
x
arctg x dx = x arctg x − dx = x arctg x − − C.
1 + x2 2
A resposta acima está correta, mas é comum colocar como resposta final
ln(1 + x2 )
Z
arctg x dx = x arctg x − + C.
2
u dv u v v du
u = e2x ⇒ du = 2e2x dx, Z Z
2x 2x 2x
e sen x dx = e · (− cos x) − (− cos x) · 2e dx.
v = − cos x ⇒ dv = sen x dx.
Z Z
2x 2x
Melhorando a expressão acima, temos e sen x dx = −e cos x + 2 e2x cos x dx.
Vamos utilizar integração por partes de novo.
u dv u v v du
u = e2x ⇒ du = 2e2x dx, Z Z
2x 2x 2x
e cos x dx = e · sen x − sen x · 2e dx.
v = sen x ⇒ dv = cos x dx.
Z
Para facilitar a visualização, denote I = e2x sen x dx. Temos então
Z Z
2x 2x 2x
I= e sen x dx = −e cos x + 2 cos x dx e
ln2 x
Z
ln x
dx = I = + C.
x 2
214 Matemática Universitária
Exercícios
√
Z Z
x
k) cos(ln x) dx l) e dx
2
1 e Z π
4 cos √x dx
Z Z
a) xe−x dx b) ln x dx c)
0 1 0
Z 1 Z π Z e2
d) x2 arctg x dx e) 3 cos(3x) · cos(4x) dx f) (ln x)3 dx
0 0 1
Respostas
Exercício 1
Exercício 2
e−2
a) b) 1 c) π − 2
e
√
π − 2 + 2 ln 2 2 3
d) e) f) 6 + 2e2
12 7
Renan Lima 215
sen(α ± β) = sen α cos β ± sen β cos α cos(α ± β) = cos α cos β ∓ sen α sen β
Sugerimos que as fórmulas de prostaférese sempre sejam deduzidas, pois são fórmu-
las fáceis de se errar o sinal. Por exemplo, no primeiro quadro, temos duas fórmulas
compactadas, a saber
Escreva cos3 x = cos2 x · cos x = (1 − sen2 ) · cos x e faça a substituição u = sen x, então
du = cos x dx. Daí,
Z Z Z
cos x dx = (1 − sen x) cos x dx = (1 − u2 ) du
3 2
u3 sen3 x
=u− + C = sen x − + C.
3 3
216 Matemática Universitária
Avisamos que é possível calcular a integral acima por partes. Mais precisamente,
Z u dv u v Z v du
2 2
cos x cos xdx = cos x · sen x − sen x · (−2 sen x cos x) dx
Z
= cos2 x · sen x + 2 sen2 x cos x dx.
Z u dv u v Z v du
n−1 n−1
sen x sen x dx = sen x · (− cos x) −(− cos x) · (n − 1)(sen x)n−2 cos x dx
Z
n−1
= −(sen x) · cos x + (n − 1) (sen x)n−2 cos2 x dx.
Z
Daí, utilizando que cos2 x =1− sen2 x e escrevendo In = senn x dx, temos
Concluímos que
Z
Exemplo 7.6.3: Para calcular a integral de sen2 x dx, basta utilizar a fórmula acima
para n = 2. Temos, portanto,
− sen x cos x 1
Z Z
2
sen x dx = + 1 dx
2 2
− sen x cos x + x
= + C.
2
Também é possívelZ resolvermos a integral acima utilizando partes, nos mesmos mol-
des que a integral e2x sen x dx, vista no exemplo 7.5.6.
Outras integrais com bastante simetrias são do tipo tg x e sec x. Sugerimos decorar as
seguintes fórmulas:
sec2 x = 1 + tg2 x,
Z
sec2 x dx = tg x + C,
Z
sec x dx = ln | sec x + tg x| + C.
Z
Exemplo 7.6.6: Considere secn x dx com n > 2. Temos que
v = tg x ⇒ dv = sec2 x dx.
Z u dv u v Z v du
n−2 2 n−2
sec x sec x dx = sec tg x · (n − 2)(sec x)n−2 · tg x dx
x · tg x −
Z
= (sec x)n−2 · tg x − (n − 2) (sec x)n−2 · tg2 x dx.
Z
Daí, utilizando que tg2 x = sec2 x − 1 e escrevendo In = secn x dx, temos
Concluímos que
(sec x)n−2 · tg x n − 2
Z
In = + (sec x)n−2 dx.
n−1 n−1
Z
Exemplo 7.6.7: Para resolvermos sec3 x dx, vamos utilizar fórmula de recorrência
acima para n = 3,
sec x · tg x 1
Z Z
sec3 x dx = + sec x dx
2 2
sec x · tg x 1
= + ln | sec x + tg x| + C.
2 2
Z
Exemplo 7.6.8: Vamos resolver sec4 x dx de duas formas distintas; a primeira forma
é utilizarmos a fórmula de recorrência acima para n = 4,
sec2 x · tg x 2
Z Z
4
sec x dx = + sec2 x dx
3 3
sec2 x · tg x 2 tg x
= + + C.
3 3
A segunda resolução é utilizar a igualdade sec2 x = tg2 x + 1 e fazer a substituição
u = tg x, daí, du = sec2 x dx e, portanto,
Z Z Z
sec4 x dx = sec2 x sec2 xdx = (tg2 x + 1) · sec2 x dx
u3 tg3 x
Z
u2 + 1 du =
= +u+C = + tg x + C.
3 3
Z Z
Exemplo 7.6.9: No exemplo 7.4.10, fizemos tg x dx. Vamos agora fazer tg3 x dx.
sen3 x sen2 x
Z Z Z
3
tg x dx = dx = sen x dx
cos3 x cos3 x
1 − cos2 x
Z
= · sen x dx.
cos3 x
Façamos a substituição u = cos x e, portanto, du = − sen x dx. Daí,
1 − u2
Z 2
u −1
Z Z
3
tg x dx = 3
(−du) = du
u u3
Z
1 1 1
= − 3 du = ln |u| + 2 + C
u u 2u
1 sec2 x
= ln | cos x| + + C = ln | cos x| + + C.
2 cos2 x 2
Z
A dedução da fórmula de recorrência de tgn x dx é um pouco mais simples quando
comparada com as fórmulas de recorrência das potências de seno e das potências de
secante.
Z
Exemplo 7.6.10: Seja In = tgn x dx, em que n ≥ 2. Temos, portanto,
Z Z Z
n n−2 2
In = tg x dx = tg x · tg x d = tgn−2 x · (sec2 x − 1) dx
Z Z
n−2 2
= tg x sec x dx − tgn−2 x dx
Z
= tgn−2 x sec2 x dx − In−2 .
Para resolvermos a integral que falta, façamos u = tg x, então du = sec2 x dx. Daí,
un−1
Z Z
tgn−2 x sec2 x dx = un−2 du = +C
n−1
tgn−1 x
= + C.
n−1
Concluimos, portanto, a fórmula de recorrência
tgn−1 x
Z Z
n
tg x dx = − tgn−2 x dx.
n−1
220 Matemática Universitária
Exercícios
cosn−1 x · sen x n − 1
Z Z
cosn x dx = + cosn−2 x dx.
n n
Respostas
Exercício 1
x sen(6x) 3x sen(2x) sen(4x)
a) − +C b) + + +C
2 12 8 4 32
(sen x)3 x sen(4x)
c) +C d) − +C
3 8 32
−x sen(2x) sen(4x) (cos x)9 2(cos x)7 (cos x)5
e) + − +C f) − + − +C
4 4 16 9 7 5
(sec x) tg x − ln | sec x + tg x| (tg x)2
g) +C h) +C
2 2
(tg x)4
i) +C j) − cossec(x) + C
4
Renan Lima 221
P = {x0 = a, x1 , x2 , · · · , xn−1 , xn = b}
i
de n + 1 pontos, com xi = a + (b − a) para i = 0, 1, 2, . . . , n. Para cada i, escolha
n
ci ∈ [xi−1 , xi ] e tome ∆xi = xi+1 − xi . Finalmente, considere a soma
n
X (f (c1 ) + . . . + f (cn ))(b − a)
f (ci )∆xi = f (c1 )∆x1 + f (c2 )∆x2 + . . . + f (cn )∆xn = .
n
i=1
em que c é um ponto qualquer do intervalo (a, b). Lembremos que precisamos desse
resultado para o teorema fundamental do cálculo. Em contrapartida, com a flexibiliza-
ção do tamanho dos intervalos, a definição de soma de Riemann fica um pouco mais
sobrecarregada.
222 Matemática Universitária
y y y
x x x
(a) Área que queremos calcular. (b) Subdivisão em 4 retângulos. (c) Subdivisão em 8 retângulos.
y y
y = f (x) y = f (x)
f (x)
x x
dx
(d) Subdivisão em 64 retângulos. (e) O retângulo infinitesimal.
B B B B
A A A A
B B B
A A A
Figura 7.8: O retângulo ao ser rotacionado gera o cilindro de altura igual o segmento AB.
Renan Lima 223
y = f (x) y = f (x)
x x
y = f (x) y = f (x)
f (x)
f (x)
x x
dx
dx
Como o volume de um cilindro de altura h e raio r é dada por πr2 h, então o volume
do cilindro da figura acima é dada por πf (x)2 dx. A mesma ideia de soma de área de
retângulos para encontrar a área sob o gráfico funciona para a soma dos volumes dos
cilindros para encontrarmos o volume do sólido de revolução e não é difícil de concluir
Z b
que o volume do sólido de revolução é dado por π [f (x)]2 dx.
a
y y y
x x x
x x
−R R −R R
Exemplo 7.7.4: O volume V do cone reto de altura h e raio da base r pode ser encon-
trado pela rotação da reta f (x) = ax com 0 ≤ x ≤ h, com um parâmetro a adequado,
de modo que o sólido obtido pela revolução do gráfico de f em torno do eixo x seja
um cone de altura h e base r.
y y
f (x) = ax f (x) = ax
ah = r ah = r
x x
h h
r
Deve-se exigir que f (h) = ah = r e, portanto, a = . O volume V do cone é dado por
h
h
h
r 2 x3 r 2 h3 πr2 h
Z
rx 2
V =π dx = π =π = .
0 h 3h2 3h2 3
0
y y b
y
b
P2
b b b
b
b b
P0 P0 b
P0 b
b
P2 P3
b
P2 b P5 P7
b P3
b
P7 P10
b
P1 P6 b
b P4 b b
P4 P5 P8
P3 b
P6 b
P9
x x x
x0 x1 x2 x3 x0 x1 x2 x3 x4 x5 x6 x 7 x0 x1 x2 x3 x4 x5 x6 x7 x8 x9 x10
(a) 3 segmentos. (b) 7 segmentos. (c) 10 segmentos.
y y
b b
b
b
y = f (x) y = f (x)
b
b
b
b b
b
b
b b
b
b
b b
b
b b
x x
Figura 7.14: Em geral, softwares de plotagem de gráficos utilizam entre 50 a 500 segmentos.
226 Matemática Universitária
L
R
r̄
r
A dedução desta fórmula de área lateral pode ser encontrada no final da videoaula
r+R
Área Lateral de Sólido de Revolução. O motivo de escrevermos r̄ = é que o seg-
2
mento r̄ é o raio do círculo do meio do tronco.
Seja f : [a, b] → R uma função de classe C 1 e seja S a superfície de revolução obtida
pelo rotação do gráfico de f em torno do eixo x. Desejamos encontrar a fórmula de área
lateral dessa superfície.
Faremos a aproximação do gráfico de f por segmentos Pi−1 Pi , conforme feito no com-
primento de arco e rotacionamos Pi−1 Pi , obtendo vários troncos circulares retos. Calcu-
laremos a soma das áreas laterais desses troncos.
y y
y = f (x)
b
b
P0 b P3
b
P2
P1
x x
P0 b P7
b
P2 b P5
P4 b
P3
P6
x x x
Figura 7.16: Quanto mais segmentos traçados, melhor é a aproximação para a área lateral.
Apesar de a soma acima não ser uma soma de Riemann (pois há ci e di na soma
Z b p
acima), é razoável esperar que a soma acima convirja para 2π f (x) 1 + [f 0 (x)]2 dx.
a
228 Matemática Universitária
Se f for uma função de classe C 1 e não-negativa em [a, b], então a área da superfície
de revolução gerada pela rotação do gráfico de f entre x = a e x = b em torno do
eixo x é dada por
Z b p
S = 2π f (x) 1 + [f 0 (x)]2 dx.
a
x x2
Como f 0 (x) = − √ , temos que (f 0 (x))2 = 2 e, portanto,
R 2 − x2 R − x2
x2 R2 R2
1 + (f 0 (x))2 = 1 + = = .
R 2 − x2 R 2 − x2 f (x)2
n
X p
É possível mostrar que a soma 2π f (di ) 1 + [f 0 (ci )]2 ∆xi converge para o mesmo
i=1
valor independentemente das escolhas de ci , di ∈ (xi−1 , xi ). Este resultado é demons-
trado no teorema 9.6.9. Mesmo mostrando este resultado, ainda sim, não é possível
deduzir com o devido rigor o conceito de área lateral e devemos se contentar com a
expressão é razoável.
Em cursos mais avançados de integral, é possível expor a área lateral de uma superfície
de revolução de forma rigorosa com o conceito de integral de superfície.
Finalizamos a seção recomendando dois vídeos Volume de Sólido - Método das Cas-
cas Cilíndricas e também Exemplos de Volumes de Sólidos de Revolução com Cascas
Cilíndricas.
Renan Lima 229
Exercícios
ex + e−x
3. Calcule o comprimento de arco do gráfico de cosh x = com 0 ≤ x ≤ 2.
2
4. Calcule, utilizandos as fórmulas de integral desta seção, a área lateral do cone cir-
cular reto de raio r e altura h.
5. Calcule a área lateral do sólido de revolução obtido pela rotação em torno do eixo
x da região abaixo do gráfico de y = x3 , com 0 ≤ x ≤ 1.
Respostas
Exercício 1
√ 4
a) 2−1 b)
3
Exercício 2
31π π2 256π π
a) b) c) d) 2π e)
5 2 5 2
Exercício 3
e2 − e−2
2
Exercício 4
p
πr h2 + r2
Exercício 5
√
(10 10 − 1)π
27
230 Matemática Universitária
Na seção 2.2, vimos uma aplicação de integral para descrever a equação do movi-
mento retilíneo e, em particular, vimos no exemplo 2.3.11 da seção 2.3 que a equação
at2
geral do movimento retilíneo uniformemente acelerado é dada por s(t) = s0 + v0 t + .
2
Veremos, nesta seção, outras aplicações e a importância em visualizar as somas infi-
nitesimais. Um dos conceitos bastante utilizado na física é o conceito de trabalho.
F~ F~
x̂
O
F~ x̂
O
x>0
x̂
F~
O
x<0
Figura 7.18: A força que a mola exerce sobre o bloco sempre aponta para o centro.
Renan Lima 231
Exemplo 7.8.3: No nosso exemplo da figura de massa mola, o trabalho realizado pela
força F (x) = −kx · x̂ para deslocar de b até 0 é dado por
0
0
x2 kb2
Z
Wb→0 = −kx dx = −k · = .
b 2 2
b
O trabalho realizado por esta mesma força para deslocar de x = 0 até x = b é dado por
b
kb2
Z
W0→b = −kx dx = − .
0 2
Exemplo 7.8.4: Pela 3ª Lei de Newton, temos que F~Res = m · ~a(t). No caso do movi-
mento unidimensional, que tem apenas a componente horizontal, temos que F~Res =
FRes · x̂.
Vamos calcular o trabalho realizado pela força resultante de uma partícula se movendo
em linha reta com equação do movimento s(t), s(t0 ) = a e s(tf ) = b e na integral
232 Matemática Universitária
abaixo, faremos a mudança de variável x = s(t), então dx = s0 (t) dt = v(t) dt. Daí,
Z b Z s(tf ) Z tf
0
W = FRes (x) dx = mv (t) dx = mv 0 (t)v(t) dt
a s(t0 ) t0
tf
v 2 (t) mvf2 mv02
=m = − .
2 2 2
t0
mv 2
Por causa da fórmula acima, definimos a energia cinética do trabalho por K = .
2
Sugerimos a videoaula Aplicação na Física - Trabalho e Energia.
Se a força for conservativa, o teorema fundamental do cálculo diz que F (x) possui
primitiva e, portanto, existe uma função U (x) tal que
dU (x)
= −F (x).
dx
Uma das forças conhecidas é a força que a gravidade exerce sobre o nosso corpo
mvf2
Kf = , Uf = U (b) = U (s(tf )),
2
mv02
K0 = , U0 = U (a) = U (s(t0 ))
2
Temos,
Z b Z b
Kf − K0 = FRes dx = F (x) dx = −(Uf − U0 ).
a a
Isto mostra que
Kf + Uf = K0 + U0 .
Definimos, portanto, a energia mecânica do movimento como a soma da energia cinética
com a energia potencial, isto é, E = K + U e o resultado acima diz que, se a força é
conservativa, então a energia mecânica no movimento unidimensional se conserva.
Uma outra aplicação interessante é o cálculo de massa e centro de massa de um sis-
tema de objetos. Sugerimos a nossa videoaula Massa e Centro de Massa.
Considere um fio bem fino não homogêneo de comprimento L, isto é, suponha que a
massa não está equitativamente distribuída ao longo do fio. Crie eixos de coordenadas,
de modo que o fio se encontre na posição horizontal e fique no intervalo [0, L], conforme
a figura abaixo.
x
0 L
Seja m(x) a massa do fio de [0, x]. A densidade linear do fio ρ(x) no ponto x é, por
definição,
m(x + ∆x) − m(x)
ρ(x) = lim .
∆x→0 ∆x
dm
Em notação de Leibniz, ρ = . Dizemos que o fio é homogêneo se a densidade linear
dx
for constante. Se a densidade linear do fio é ρ(x), a massa total M é dada pela fórmula
Z L
M= ρ(x) dx.
0
d1
d2
m1
m2
Figura 7.19: Alavanca em equilíbrio com dois blocos de massa em cada extremidade.
Supondo que o suporte seja móvel, queremos encontrar o ponto exato em que a ala-
vanca fique em equilíbrio na horizontal. É conhecido do ensino médio que o suporte tem
que ser colocado em um ponto em que se deve satisfazer a fórmula
m1 d1 = m2 d2 .
d1
d3
d2
m1
m2 m3
Suponha que temos uma distribuição contínua de massa. Por exemplo, suponha que
a barra da alavanca não tenha massa desprezível e desejamos encontrar o seu centro de
massa.
xG
c1 c2 c3 c4 c5
dm
Seja m(x) a massa da alavanca do início da alavanca até o ponto x e seja ρ(x) =
dx
a densidade linear. Dividimos a alavanca em n pedaços iguais e cada pedaço tem massa
∆mi = ρ(ci )∆xi . Pelo que foi provado na parte anterior do texto, temos que
n
X n
X
ci ∆mi ci ρ(ci )∆xi
i=1 i=1
xG ' n = n
,
X X
∆mi ρ(ci )∆xi
i=1 i=1
daí, fazendo mais um processo de limite em que podemos supor que cada ∆xi fique
suficientemente pequeno, concluímos, portanto,
Z L
xρ(x) dx
0 .
xG = Z L
ρ(x) dx
0
x1 m1 + x2 m2 + x3 m3
xG = .
M1 + m3
Temos que o centro de massa do sistema M1 , m3 é dado por
x1 m1 + x2 m2
· M1 + x3 m3
CG M1 + x3 m3 M1
=
M1 + m3 M1 + m3
x1 m1 + x2 m2 + x3 m3
= = xG .
m1 + m2 + m3
y y
y = g(x) y = g(x)
g(ci )
X b
f (ci )
y = f (x) y = f (x)
x x
xi−1 xi
(a) Região X. (b) Centroide do retângulo Ri .
x
−1 1
Os pontos de interseção da parábola e reta são (−1, 1) e (1, 1). A área é dada por
1
1
x3
Z
2 4
(1 − x ) dx = x − = .
−1 3 3
−1
Logo,
4/5 4 3 3
yG = = · = .
4/3 5 4 5
3
Logo, o centroide é 0, .
5
Renan Lima 239
Exercícios
1. Sabendo que uma força é dada por f (x) · x̂, calcule o trabalho realizado por essa
força, sabendo que a partícula se desloca de x = a até x = b dados em cada um dos
itens abaixo (considere as unidades no sistema internacional de medida).
a) f (x) = 2, a = 1, b = 3 b) f (x) = x2 , a = 6, b = 3
1
c) f (x) = ln x, a = 1, b = e d) f (x) = − , a = 2, b = 1
x2
3. Suponha que um fio esteja sobre o eixo x com 0 ≤ x ≤ 4 e que sua densidade linear
seja ρ(x) = x3 . Encontre a coordenada do centro de massa.
a) X = {(x, y) ∈ R2 / 1 ≤ x ≤ 2 e 0 ≤ y ≤ x2 }
b) X = {(x, y) ∈ R2 / − 1 ≤ x ≤ 1, y ≥ 0 e x2 + y 2 ≤ 1}
c) X = {(x, y) ∈ R2 / 0 ≤ x ≤ 1, y ≥ 0 e x2 + y 2 ≤ 1}
d) X = {(x, y) ∈ R2 / x2 + y 2 ≤ 1}
7. Sejam f, g : [a, b] → R contínuas e tais que f (x) ≤ g(x) para todo x ∈ [a, b]. Con-
sidere X = {(x, y) ∈ R2 / a ≤ x ≤ b, f (x) ≤ y ≤ g(x)}. O teorema de Pappus
afirma que o volume do sólido de revolução obtido pela rotação em torno do eixo x
do conjunto X é igual o produto da área de X pelo comprimento da circunferência
descrita pelo centro de massa de X. Demonstre o teorema de Pappus!
Respostas
Exercício 1
a) 4J ( J = Joule, que corresponde o trabalho realizado por uma força de 1 Newton no
deslocamento de 1 metro.)
1
b) −63J c) 1J d) J
2
Exercício 2
(v(0))2
b)
2g
Exercício 3
16
a) xG =
5
Exercício 4
45 93 4 2 2
a) , b) 0, c) , d) (0, 0)
28 70 3π 3π 3π
Exercício 8
4π 2
Renan Lima 241
A integral imprópria é uma extensão natural das integrais próprias e aparece natu-
ralmente na física e no estudo de probabilidade e estatística. Um exemplo na física é se
considerarmos a Lei da Gravitação Universal
mM
F~ = −G 2 · r̂.
r
Vimos na seção 7.7 que o comprimento de arco do gráfico de uma função f : [a, b] → R
de classe C 1 é dado por
Z bp
1 + [f 0 (x)]2 dx.
a
1
f (x) = √
1 − x2
x
−1 1
Seja f : [a, +∞) → R função integrável em [a, b] para todo b > a. Definimos
Z +∞ Z b
f (x) dx = lim f (x) dx.
a b→+∞ a
Caso a função f : [a, +∞) → R seja positiva, então temos a interpretação geométrica
de área de uma região ilimitada. Apesar da região ser ilimitada, a área pode ser finita.
Vamos resolver alguns exemplos para entendermos a ideia.
Z +∞
dx
Exemplo 7.9.2: Vamos analisar . Temos que
1 x
Z +∞ Z b
1 dx
dx = lim
1 x b→+∞ 1 x
1
f (x) =
x
x
1
Z +∞
1
Exemplo 7.9.3: Vamos analisar dx. Temos que
1 x2
Z +∞ Z b
dx dx
= lim
1 x2 b→+∞ x2
1
−1
= lim + 1 = 1.
b→+∞ b
Z +∞
1
Em particular, dx converge para o valor 1.
1 x2
y
1
f (x) =
x2
x
1
Z 0
Exemplo 7.9.4: Vamos analisar cos x dx. Temos que
−∞
Z 0 Z 0
cos x dx = lim cos x dx = lim − sen a.
−∞ a→−∞ a a→−∞
Z 0
Como não existe lim − sen a, concluímos que cos x dx diverge.
a→−∞ −∞
Z +∞
1
Exemplo 7.9.5: Vamos analisar a convergência de dx para todo p ∈ R. Mais
1 xp
precisamente, vamos mostrar que
1
Z +∞
1 , se p > 1,
dx = p−1
1 xp
se p ≤ 1.
+∞,
1
Finalmente, note que se p − 1 > 0, então lim = 0 e, portanto,
b→+∞ bp−1
1 1 1
lim − = .
b→+∞ p − 1 (p − 1)bp−1 p−1
1
Se p < 1, então lim = lim b1−p = +∞. Isso mostra que se p < 1, então
b→+∞ bp−1 b→+∞
1 1
lim − = +∞.
b→+∞ p − 1 (p − 1)bp−1
244 Matemática Universitária
Z +∞
A nomenclatura de integral imprópria se deve ao fato de que f (x) dx pode não
a
estar bem definida, necessitando de uma análise cuidadosa para discutir a sua existên-
cia ou, equivalentemente, a sua convergência.
Z 1
1
Exemplo 7.9.7: Vamos analisar dx. Temos que
0 x
Z 1 Z 1
1 1
dx = lim dx = lim ln 1 − ln ε = +∞.
0 x ε→0+ ε x ε→0+
Z 1
1
Logo dx diverge.
0 x
Z 1
1
Exemplo 7.9.8: Vamos analisar √ dx. Temos que
0 x
1
Z 1 Z 1 √ √
1 1
√ dx = lim √ dx = lim 2 x = lim (2 − 2 ε) = 2.
0 x ε→0+ ε x ε→0+ ε→0+
ε
Z 1
1
Logo √ dx converge para 2.
0 x
y y
1
1 f (x) = √
f (x) = x
x
x x
1 1
(a) A área da região é infinita. (b) A área da região é finita.
Z +∞
1
Exemplo 7.9.10: Vamos analisar dx. Escolha c > 0, então
0 x2
Z +∞ Z c Z +∞
1 1 1
2
dx = 2
dx + dx.
0 x 0 x c x2
Temos que
c
c c
−1
Z Z
1 1 1 1
dx = lim dx = lim = lim − = +∞.
0 x2 ε→0+ ε x2 ε→0 + x ε→0+ ε c
ε
Z +∞
1
Logo dx diverge.
0 x2
Z ∞
Exemplo 7.9.11: Vamos analisar x dx. Temos
−∞
Z +∞ Z 0 Z +∞
x dx = x dx + x dx.
−∞ −∞ 0
Z +∞ Z +∞
Como x dx = +∞, que diverge, concluímos que x dx diverge.
0 −∞
246 Matemática Universitária
Sejam f, g : [a, +∞) → R funções positivas, integráveis em [a, b] para todo b > a e
com f (x) ≤ g(x) para todo x ∈ [a, +∞).
Z +∞ Z +∞
• Se f (x) dx diverge, então g(x) dx diverge.
a a
Z +∞ Z +∞
• Se g(x) dx converge, então f (x) dx converge.
a a
Demonstração:
A demonstração pode ser vista na nossa videoaula Demonstração do Critério da Compa-
ração para Integrais Impróprias.
g(x)
f (x)
x
a
Figura 7.25: Se a área da região pintada for finita, então a área da região tracejada é finita.
Se a área da região tracejada é infinita, então a área da região pintada é infinita.
Devemos verificar que as funções f e g são positivas. A parte complicada desse resul-
tado é encontrar a função que faz a comparação. Sugerimos a videoaula Introdução ao
Critério da Comparação para Integrais Impróprias. Para exemplos mais complicados, su-
gerimos a videoaula Exemplos para Critério de Comparação para Integrais Impróprias.
Z +∞
2 + sen x
Exemplo 7.9.13: Vamos analisar a convergência da integral dx. Lem-
1 x2
bremos que −1 ≤ sen x ≤ 1 e, portanto, 1 ≤ 2 + sen x ≤ 3 e, dividindo tudo por x2 ,
concluímos
1 2 + sen x 3
2
≤ 2
≤ 2.
x x x
Z +∞
3
Sabendo que 2
dx converge, então, para utilizar o critério da comparação, de-
1 x Z +∞
2 + sen x 3 2 + sen x
vemos tomar f (x) = 2
e g(x) = 2 e, portanto, converge.
x x 1 x2
Renan Lima 247
Z +∞
2 + cos x
Exemplo 7.9.14: Vamos analisar a convergência da integral dx. Lem-
1 x
bremos que −1 ≤ cos x ≤ 1 e, portanto, 1 ≤ 2 + cos x ≤ 3 e, dividindo tudo por x,
concluímos
1 2 + cos x 3
≤ ≤ .
x x x
Z +∞
1
Sabendo que dx diverge, então, para utilizar o critério da comparação, deve-
1 x Z +∞
1 2 + cos x 2 + cos x
mos tomar f (x) = e g(x) = e, portanto, diverge.
x x 1 x
Z +∞
2
Exemplo 7.9.15: Considere a integral f (x) = e−x dx. Como eu ≥ 1 + u > u para
0
1 1
todo u ≥ 0. Portanto, e−u = u ≤ para todo u ≥ 0 e, daí, fazendo u = x2 , temos,
e 1+u
2 1
e−x ≤ .
1 + x2
Sabemos que
Z +∞
1 π
2
dx = lim arctg(b) − arctg(0) = .
0 1+x b→+∞ 2
Seja f : [a, +∞) → R integrável e suponha que lim f (x) = L tal que L 6= 0 ou
x→+∞
Z +∞
L = ±∞, então f (x) dx diverge.
a
Demonstração:
A demonstração pode ser vista na videoaula Demonstração do Teste da Divergência.
Vamos escrever o caso em que lim f (x) = +∞. Como f cresce indefinidamente, existe
x→+∞
Z +∞
um ponto c tal que f (x) > 1 para todo x ∈ [c, +∞). Como 1 dx = +∞, então, pelo
Z +∞ c
+∞
x−1 x−1
Z
Exemplo 7.9.17: A integral dx diverge pois lim = 1.
1 x−6 x→+∞ x − 6
Z +∞
1 1
A integral dx diverge, apesar de termos lim = 0.
1 x x→+∞ x
Para funções gerais, em que há uma oscilação do sinal, existe um teste muito útil que
é o teste do módulo. Sugerimos a videoaula Teste do Módulo para Integrais Impróprias.
248 Matemática Universitária
Demonstração:
A demonstração se encontra na videoaula Demonstração do Teste do Módulo. Vamos
reproduzi-la aqui.
Z +∞
Como 0 ≤ f (x) + |f (x)| ≤ 2|f (x)| e 2 f (x) dx converge, então, pelo critério da
Z +∞ a
comparação, f (x) + |f (x)| dx converge. Daí,
a
Z +∞ Z +∞
Z +∞
f (x) dx = f (x) + |f (x)| dx − f (x) dx
a a a
Observações
Z +∞
• Tomando f (x) = sen(x2 ), é possível demonstrar que f (x) dx converge, em-
0
bora não exista lim f (x). Observe que, nas hipóteses do teorema 7.9.16, é exi-
x→+∞
gido que lim f (x) = L, podendo L ser finito ou infinito.
x→+∞
Z +∞
sen x
• É possível mostrar que se f (x) = , então f (x) dx é convergente, mas
x 1
Z +∞
f (x) dx é divergente. Logo, não existe uma espécie de recíproca do teo-
1
rema 7.9.18.
Exercícios
2. Seja f : [a, +∞) → R uma função contínua. O valor médio de f em [a, +∞) é
Z t
1
definido por lim f (x) dx.
t→+∞ t − a a
Z +∞
d) Se f (x) dx diverge e lim f (x) = L, mostre que o valor médio de f é L.
a x→+∞
1
4. O trompete de Gabriel é formado pela rotação ao redor do eixo x do gráfico y = ,
x
com x ∈ [1, +∞). Mostre que a região delimitada pelo trompete tem volume finito,
mas área lateral infinita.
Conclusão: É fácil pintar a parte interna do trompete, basta encher de tinta, mas é
difícil pensar em um mecanismo para pintar a parte externa do trompete.
k
a) Mostre que F (s) = é a transformada de Laplace da função constante f (x) = k.
s
Respostas
Exercício 1
1
a) b) 6 c) Diverge
3e3
1
d) 1 e) f) Diverge
2
Exercício 2
π
a) 0 b)
2
Exercício 3
a) Converge b) Converge
c) Converge d) Diverge
Exercício 4
1 1 1
b) F (s) = , G(s) = 2 e H(s) =
s−3 s 1 + s2
C APÍTULO
8.1 Introdução
No capítulo 7, houve uma discussão mais ampla de integração, que costumam ser
utilizadas com bastante frequência em cursos de engenharia, especialmente em discipli-
nas de física. As únicas exceções, com direito a uma boa discussão, seriam as aplicações
geométricas tais como volume de sólido de revolução e também o critério de comparação
para integrais impróprias.
O critério da comparação é mais polêmico pelo fato de que é possível encontrar uma
família de funções que admite Transformada de Laplace via uma exposição de uns 20
a 30 minutos, com a função comparadora específica. Na parte de séries numéricas, o
estudante é convidado a refletir assintotaticamente de forma bastante natural. Por esta
razão, o critério da comparação foi colocado, propositalmente, como o último assunto do
capítulo 7.
Nas seções 8.3 e 8.4, estudaremos técnicas específicas de integração, a saber, frações
parciais e algumas substituições especiais, tais como a substituição trigonométrica, a
substituição universal e a substituição por hiperbólicas. Essas técnicas aumentam a quan-
tidade de funções que conseguimos integrar, mas são muito mais específicas e, em geral,
menos utilizadas que a substituição (geral) e a integração por partes.
252 Matemática Universitária
Devido a esta fórmula, Saint-Vincent nomeou tal função como logaritmo hiperbólico.
Apenas por curiosidade, Saint-Vincent resolveu o paradoxo de Zenão sobre a corrida
entre Aquiles e a Tartaruga, mostrando que os intervalos temporais formavam uma pro-
gressão geométrica de razão menor que 1 e, portanto, tinha soma finita.
Para situarmos historicamente o leitor, estamos em 1649 e a criação do cálculo por
Newton ocorreu em 1667, sendo que o grande divulgador, que popularizou o cálculo, foi
Leibniz em torno de 1680.
1
Em 1668, Mercator percebeu que pode ser visto como a soma limite de uma pro-
x
gressão geométrica com primeiro termo sendo 1 e razão −(x − 1), em outras palavras,
1 1
= = 1 − (x − 1) + (x − 1)2 − (x − 1)3 + . . . + (−1)n (x − 1)n + . . .
x 1 + (x − 1)
e o cálculo da área funciona bem no intervalo (0, 2), pois |x − 1| < 1. Com essa ideia,
ele utilizou a fórmula da área sob a curva de y = xn , já conhecida e deduzida de forma
brilhante por Fermat (ver seção 2.A) e concluiu que a área centrada a partir de t = 1 é
dada por uma série infinita
Z t
1
Em notação atual, eles estudaram a função A(t) = dx. Euler estudou a função
1 x
e percebeu que o número e = 2, 71828... é o ponto que faz a área ser 1. Ele chamou o
logaritmo com esta base de logaritmo natural.
Um dos objetivos desta seção é, a partir da definição acima, provar todas as pro-
priedades básicas do logaritmo natural. Vamos também aceitar o fato que xr está bem
definida para todo x > 0 e r ∈ Q. Mais ainda, vamos considerar que sabemos derivar
tais funções. Para convencer o leitor que não é um grande pedido, recomendamos a vi-
deoaula [Revisão] - Funções Exponenciais - Parte 1 - Definindo nos Inteiros, a videoaula
[Revisão] - Funções Exponenciais - Parte 2 - Definindo nos Racionais e também Demons-
tração da Derivada de xρ , com ρ Racional.
1
Como a função f (x) = é contínua em (0, +∞), então, pelo teorema fundamental do
x
1
cálculo, ln x é derivável e vale (ln x)0 = . Mais ainda, como (ln x)0 > 0, então ln x é uma
x
função estritamente crescente e, em particular, f é injetiva.
Z 1
1
Como ln 1 = dt = 0 e ln x é uma função crescente, então, em particular, ln x < 0
1 t
se 0 < x < 1 e ln x > 0 se x > 1.
1. ln(a · b) = ln a + ln b,
b
2. ln = ln b − ln a,
a
3. ln ar = r ln a.
Demonstração:
1. Fixe a > 0 e considere a função f (x) = ln(ax), então, pela regra da cadeia, temos
que
1 1
f 0 (x) = ·a= .
ax x
1
Como f (x) e ln x são primitivas de , então existe C ∈ R tal que f (x) = ln x + C.
x
Daí, ln a = f (1) = ln 1 + C = C e, portanto, f (x) = ln x + ln a. Substituindo x por b,
temos a demonstração da propriedade.
Renan Lima 255
2. Pelo item 1, temos que ln(ax) − ln a = ln x para todo x ∈ (0, +∞). Basta, portanto,
b
substituir x = .
a
3. Considere f (x) = ln xr , então, pela regra da cadeia, temos
1 r
f 0 (x) = · rxr−1 = = r(ln x)0 .
xr x
Logo existe C > 0 tal que f (x) = r ln x + C. Como f (1) = ln 1r = 0, temos que
C = 0. O resultado segue substituindo x por a.
1. lim ln x = +∞,
x→+∞
2. lim ln x = −∞,
x→0+
3. A imagem de ln x é R.
Demonstração:
1. Como ln é crescente, basta mostrar que ln não é uma função limitada, isto é, para
todo M > 0, exibir um x > 0 tal que ln x > M .
Como ln 2 > 0, existe N ∈ N suficientemente grande tal que N · ln 2 > M . Tome
x = 2N , temos, portanto,
ln x = ln 2N = N · ln 2 > M.
O teorema 8.2.3 diz que a função ln : (0, +∞) → R é bijetiva. Considere, portanto, a
sua inversa exp : R → (0, +∞), que chamamos de função exponencial. Logo, vale que
ln(exp x) = x para todo x. Por conta disso, é natural escrever exp x = ex , pois
ln ex = x ln e = x · 1 = x.
256 Matemática Universitária
1
Como (ln x)0 = > 0, então, pelo teorema da função inversa, a função ex é derivável e,
x
pela regra da cadeia, temos
1 x 0
1 = (x)0 = (ln ex )0 = (e ) .
ex
Daí (ex )0 = ex .
Como ex é a inversa de ln x, temos também que eln x = x e, como temos a fórmula
ln ar = r ln a para todo r ∈ Q, temos que ar = er ln a . Podemos, finalmente, definir a
exponenciação de número real.
ar = er ln a .
Para o leitor que estiver com dificuldades em demonstrar tais resultados, acreditamos
que a aula [Revisão] - Função Logaritmo possa ajudar. Nessa aula, provamos, por exem-
plo, a identidade ln(a.b) = ln a + ln b baseada na fórmula ea+b = ea · eb . Só pensar de
forma inversa.
Em particular, para todo r ∈ R, temos que a função f (x) = xr é derivável e vale
r r
(xr )0 = (er ln x )0 = er ln x · = xr · = rxr−1 .
x x
Finalmente, pelo mesmo argumento, a função ax é injetiva e tem imagem (0, +∞)
e, portanto, é inversível. Definimos, então, loga x como a função inversa de ax . Em
particular, temos que loge x = ln x.
Esperamos que, com esta breve exposição, convencemos o leitor de que é possível
extrair propriedades e ter uma boa descrição de funções definidas por integrais. Para
encontrarmos valores, são necessários métodos numéricos com auxílio de softwares.
Uma função bastante utilizada em Probabilidade e Estatística é a função erro, deno-
tado por erf(x). Ela é definida por
Z x
2 2
erf(x) = √ e−t dt.
π 0
Ela é uma função crescente e limitada (ver exemplo 7.9.15). A parte mais complicada é
demonstrar que lim erf(x) = 1.
x→+∞
Renan Lima 257
−1
y y
S(x) C(x)
0.5 0.5
x x
−0.5 −0.5
y
1.0
0.5
x
−28 −24 −20 −16 −12 −8 −4 4 8 12 16 20 24
−0.5
Figura 8.3: Função de Bessel de ordem 0. A escala dos eixos estão diferentes.
A função gama é definida via uma integral imprópria e, portanto, devemos tomar
muito cuidado com a sua análise. Recomendamos a videoaula Função Gama e a Exten-
são do Fatorial. Começamos encontrando uma região em que Γ está bem definida.
Demonstração:
Fixemos t > 0. Observe que se t < 1, então a função xt−1 e−x não é limitada próximo de
0 e, portanto, é interessante separarmos em duas integrais.
Z 1 Z +∞
Escrevemos Γ(t) = xt−1 e−x dx + xt−1 e−x dx. Para a primeira integral, observe
0 1
que e−x ≤ 1 para todo x ∈ [0, 1] e, portanto, xt−1 e−x ≤ xt−1 para x ∈ [0, 1]. Como,
1
1
xt
Z
t−1 1 1 1
x dx = lim = − lim εt = .
0 ε→0+ t t t ε→0+ t
ε
note que lim εt = 0, pois t > 0, então, pelo critério da comparação (ver teorema 7.9.12),
ε→0+
Z 1 Z 1
t−1 −x
x e dx converge. Note que se t ≥ 1, a integral xt−1 e−x dx é própria e, por-
0 0
tanto, um número real, não haveria necessidade de ter feito esta análise.
Para a segunda integral imprópria, não precisamos analisar o caso seja n ∈ N tal que
xn xt+1
n ≥ t + 1. Temos que xn ≥ xt+1 para todo x ≥ 0. Como ex ≥ ≥ , então
n! n!
1 n!
e−x = x ≤ t+1 . Daí,
e x
n!xt−1 n!
xt−1 e−x ≤ t+1 = 2 .
x x
Z +∞ Z +∞
n!
Como dx converge, então, pelo critério da comparação, xt−1 e−x dx con-
1 x2 1
verge. Como t > 0 é arbitrário, isso mostra que Γ(t) converge para t > 0.
Teorema 8.2.8
Demonstração:
Z +∞ Z b
1. Observe que Γ(t + 1) = xt e−x dx = lim xt e−x . Integrando por partes,
0 b→+∞ 0
fazendo f (x) = xt , então f 0 (x) = txt−1 e g(x) = −e−x , com g 0 (x) = e−x , temos
b
Z b Z b Z b
t −x t −x
xe dx = −x e + txt−1 e−x dx = bt e−b + t · xt−1 e−x dx.
0 0 0
0
Z b Z b
Γ(t + 1) = lim xt e−x dx = lim t xt−1 e−x dx = t · Γ(t).
b→+∞ 0 b→+∞ 0
Z +∞
2. Temos que Γ(1) = e−x dx = 1 = 0! e, utilizando a propriedade do item 1),
0
temos que Γ(n + 1) = n.Γ(n). Supomos, por indução que Γ(k + 1) = k!, temos que
Γ(k + 2) = (k + 1)Γ(k + 1) = (k + 1).k! = (k + 1)! e o item 3 está provado.
Teorema 8.2.9
Z +∞
1 2
Vale a seguinte igualdade: Γ =2 e−x dx.
2 0
Demonstração:
Z +∞ −x
√
1 e 1
Como Γ = √ dx, basta fazer a substituição u = x, então du = √ dx.
2 0 x 2 x
Quando x → 0, temos que u → 0 e quando x → +∞, temos que u → +∞ e, daí,
Z +∞ Z +∞
1 −x dx 2
Γ = 2e √ =2 e−u du.
2 0 2 x 0
√
1
Aceitando o fato de que lim erf(x) = 1, temos que Γ = π.
x→+∞ 2
Uma outra aplicação de Integral imprópria é a Transformada de Laplace. Dado uma fun-
ção f : [0, +∞) → R contínua e com mais algumas restrições, definimos a Transformada
de Laplace de f , denotado por L(f (t)) por
Z +∞
L(f (t))(s) = e−st f (t) dt.
0
Essa transformada é muito utilizado pela Engenharia para resolver um bom leque de
sistemas de equações diferenciais. Para o leitor que gostaria de ver como funciona o
procedimento, sugerimos a videoaula Aplicação de Integral Imprópria - Transformada
de Laplace.
260 Matemática Universitária
Exercícios
ln x
1. Mostre que para todo a > 0, a 6= 1 e x ∈ (0, +∞), temos que loga x = .
ln a
Z π Z π
3. Mostre que vale a igualdade cos(x sen θ) dx = cos(x cos θ) dx.
0 0
Z 1
4. Mostre que Γ(t) = (− ln x)t−1 dx.
0
√
1 3 7
5. Utilizando que Γ = π, encontre o valor de Γ eΓ .
2 2 2
6. Seja A : (0, +∞) → R função derivável satisfazendo A(st) = A(s) + A(t) para todo
s, t > 0. Se A(x) não é a função nula, mostre que A(x) = loga x, para algum a > 0.
Respostas
Exercício 5
√ √
3 π 7 15 π
Γ = eΓ =
2 2 2 8
Exercício 6
Dica: Derive em relação à t, encontrando uma nova equação entre s, t e A0 . Faça uma
escolha adequada para s.
Renan Lima 261
Para os dois polinômios serem iguais, todos os coeficientes deve ser iguais e, portanto,
3A + 2B = 0,
−2A − 3B = 1.
Para quem tiver dificuldades em resolver sistemas lineares, recomendamos as vídeo-
aulas Sistema Linear 2x2 e também Fórmula da Inversa de Matriz 2x2. Resolvendo o
2 3
sistema, temos A = e B = − e, portanto,
5 5
1 2 3
= − .
(2x − 3)(3x − 2) 5(2x − 3) 5(3x − 2)
Concluímos que
Z Z
dx 2 3
= − dx
(2x − 3)(3x − 2) 5(2x − 3) 5(3x − 2)
ln |2x − 3| − ln |3x − 2|
= + C.
5
Para as duas últimas integrais, é necessário fazer a substituição u = 2x − 3 e também
v = 3x − 2, deixamos os detalhes para o leitor.
Para uma introdução do assunto, sugerimos a nossa videoaula Introdução a Frações
Parciais. Alem dela, sugerimos a videoaula Frações Parciais - Fazendo as Contas mais
Rápidas, que será o tema desta seção. Dividiremos a técnica de frações parciais em 3
casos.
262 Matemática Universitária
P (x) A1 A2 An
= + + ... + .
(x − α1 ) · (x − α2 ) · . . . · (x − αn ) x − α1 x − α2 x − αn
− ln |3x − 2| + ln |2x − 3|
= + C.
5
x2 − 3x + 1
Z
Exemplo 8.3.3: Considere dx. Como 2 = grau(P ) e 3 = grau(Q),
x(x − 1)(x − 2)
podemos aplicar o teorema 7.3.2, que diz que existem A, B, C ∈ R tais que
x2 − 3x + 1 A B C
= + + .
x(x − 1)(x − 2) x x−1 x−2
Temos que
x2 − 3x + 1 1
A = lim = ,
x→0 (x − 1)(x − 2) 2
x2 − 3x + 1
B = lim = 1,
x→1 x(x − 2)
x2 − 3x + 1 1
C = lim =− .
x→2 x(x − 1) 2
x2 − 3x + 1
Z Z
1 1 1
dx = + − dx
x(x − 1)(x − 2) 2x x − 1 2(x − 2)
ln |x| ln |x − 2|
= + ln |x − 1| − + C.
2 2
Sejam α ∈ R e m > 0 inteiro. Suponha que Q(x) = (x − α)m .Q1 (x) com Q1 (α) 6= 0
e grau(P ) < grau(Q), então existem A1 , . . . , Am ∈ R e um polinômio P1 (x) com
grau(P1 ) < grau(Q1 ) tais que
2x + 3 A B P1 (x)
2 2
= + 2
+ .
(x − 1) (x − 2) x − 1 (x − 1) (x − 2)2
P1 (x) C D
2
= + .
(x − 2) x − 2 (x − 2)2
2x + 3 A B C D
2 2
= + 2
+ + .
(x − 1) (x − 2) x − 1 (x − 1) x − 2 (x − 2)2
(x − 1)2 (2x + 3) 2x + 3
B = lim 2 2
= lim = 5,
x→1 (x − 1) (x − 2) x→1 (x − 2)2
(x − 2)2 (2x + 3) 2x + 3
D = lim 2 2
= lim = 7.
x→2 (x − 1) (x − 2) x→2 (x − 1)2
A C 2x + 3 5 7
+ = 2 2
− 2
−
x−1 x−2 (x − 1) (x − 2) (x − 1) (x − 2)2
2x + 3 − 5(x − 2)2 − 7(x − 1)2
=
(x − 1)2 (x − 2)2
2
−12x + 36x − 24
=
(x − 1)2 (x − 2)2
−12(x − 1)(x − 2) −12
= = .
(x − 1)2 (x − 2)2 (x − 1)(x − 2)
−12 −12
A = lim = 12, C = lim = −12.
x→1 x−2 x→2 x−1
Daí,
2x + 3 12 5 12 7
2 2
= + 2
− + .
(x − 1) (x − 2) x − 1 (x − 1) x − 2 (x − 2)2
Finalmente, temos que
Z
2x + 3 5 7
2 2
dx = 12 ln |x − 1| − − 12 ln |x − 2| − + C.
(x − 1) (x − 2) x−1 x−2
Seja Q(x) = (x2 + ax + b)m · Q1 (x) em que as raízes de Q1 (x) são diferentes das raízes
de x2 + ax + b. Então existem A1 , B1 , A2 , B2 , · · · , Am , Bm ∈ R e um polinômio P1 (x)
com grau(P1 ) < grau(Q1 ) tais que
P (x) A1 x + B1 A2 x + B 2 Am x + Bm P1 (x)
= 2 + 2 +. . .+ 2 + .
(x2 m
+ ax + b) Q1 (x) x + ax + b (x + ax + b) 2 (x + ax + b)m Q1 (x)
1 A Bx + C
= + 2 ,
x(x2 − 4x + 8) x x − 4x + 8
x 1
em que A = lim = . Daí, temos
x→0 x(x2 − 4x + 8) 8
Bx + C 1 1 8 − (x2 − 4x + 8)
= − =
x2 − 4x + 8 2
x(x − 4x + 8) 8x 8x(x2 − 4x + 8)
−x2 + 4x −x + 4
= = .
8x(x2 − 4x + 8) 8(x2 − 4x + 8)
Renan Lima 265
8Bx + 8C = −x + 4.
1 4
Logo, B = − e C = . Temos, portanto, que
8 8
1 1 1 −x + 4
= + .
x(x2 − 4x + 8) 8 x x2 − 4x + 8
Daí,
Z
−x + 4
Z Z
dx 1 dx
= + dx
x(x2 − 4x + 8) 8 x x2 − 4x + 8
−x + 4
Z
1
= ln |x| + dx .
8 x2 − 4x + 8
Para a última integral, observe que o vértice da parábola é o ponto (2, 4) e, façamos a
substituição u = x − 2 e du = dx. Temos que
−x + 4 −u + 2
Z Z Z Z
u du 2 du
2
dx = 2
du = − 2 + .
x − 4x + 8 u +4 u +4 u2 + 4
ln |y| ln(u2 + 4)
Z Z
u du dy
− 2 =− =− + C1 = − + C1 .
u +4 2y 2 2
Ax + B
O caso para m 6= 1 é ainda mais complicado, mas é possível resolver
(x2
+ ax + b)m
com uma fórmula de recorrência ou também via substituição trigonométrica que será um
dos temas da seção 8.4. A fórmula e os passos da fórmula serão deixados como exercício
desta seção.
O último caso que falta é quando o grau do numerador é maior que o grau do deno-
minador.
Se grau(P ) ≥ Q(x), existem polinômios S(x) e r(x), com grau(r) < grau(Q) tais que
P (x) r(x)
= S(x) + .
Q(x) Q(x)
266 Matemática Universitária
Apesar de o livro ter relatado como teorema, é apenas uma consequência direta da
divisão Euclidiana para polinômios. Recomendamos a videoaula [Revisão] - Divisão de
dois Polinômios para lembrarmos como fazemos a divisão e também a nossa videoaula
Frações Parciais - Caso grau do Numerador é maior ou igual ao do Denominador.
O algoritmo de divisão diz que é possível encontrar, de forma única, polinômios S(x)
e r(x) com grau(r) < grau(Q) tais que
Chamamos de r(x) de resto da divisão. Dividimos a equação acima por Q(x), temos que
x3 7x − 6
Logo 2
= x+3+ 2 . Utilizando a técnica de frações parciais, temos
x − 3x + 2 x − 3x + 2
7x − 6 7x − 6 A B
= = + ,
x2 − 3x + 2 (x − 1)(x − 2) x−1 x−2
7x − 6 7x − 6
em que A = lim = −1 e B = lim = 8 e, portanto,
x→1 x − 2 x→2 x − 1
x3
Z
−1
Z Z
8
dx = (x + 3) dx + + dx
(x − 1)(x − 2) x−1 x−2
x2
= + 3x − ln |x − 1| + 8 ln |x − 2| + C.
2
Exercícios
1. Calcule as integrais.
Z Z
dx x
a) 2
b) dx
x −x x2 − 5x + 6
Z 2
x − 3x + 1
Z
1
c) dx d) dx
x3 − x x3 − x2
Z Z
1 1
e) dx f) dx
x3 (x − 1) x2 (x − 1)2
Z Z
1 4x
g) dx h) dx
x(x − 1)2 (x − 2)2 (x + 1)(x2 + 1)
Z Z
4x 2x + 3
i) dx j) dx
(x + 1)2 (x2 + 1) x4 + x2
Z Z
x x
k) dx l) dx
(x + 1)(x2 + 4) (x + 1)(x2− 4x + 5)
x3
Z Z
1
m) dx n) dx
(x2 + 1)(x2 − 4x + 5) (x − 1)(x + 3)
x4 + 1 x4 + 1
Z Z
o) dx p) dx
x(x2 + 1) x4 + x2
Z
Ax + B
2. O objetivo deste exercício é integrarmos funções da forma dx
(x2 + bx + c)m
para m ≥ 2 em que ∆ = b2 − 4c < 0.
a) Fazendo
Z uma substituição linear,
Z conforme feito no exemplo 8.3.7, transforme a
Ax + B Eu + F
integral dx em du, com E, F ∈ R.
(x2 + ax + b)m (u2 + 1)m
Z
x
b) Integre, com uma substituição simples, a função dx.
(x + 1)m
2
1 (1 + x2 ) − x2 1 x2
c) Considere = = − .
(x2 + 1)m (x2 + 1)m (x2 + 1)m−1 (x2 + 1)m
x2 dx
Z
x
Integre 2 m
por partes, considerando f (x) = x e g 0 (x) = 2 .
(x + 1) (x + 1)m
Z
dx
Se Im = , conclua a fórmula de recorrência
(x2 + 1)m
x 2m − 3
Im = 2 m−1
+ · Im−1 .
2(m − 1)(x + 1) 2m − 2
Respostas
Exercício 1
a) ln |x − 1| − ln |x| + C
b) 3 ln |x − 3| − 2 ln |x − 2| + C
5 ln |x + 1| ln |x − 1|
c) − − ln |x| + C
2 2
1
d) ln |x − 1| − ln |x| + +C
x
1 1
e) ln |x − 1| − ln |x| + + 2 +C
x 2x
1 1
f) 2 ln |x| − 2 ln |x − 1| − − +C
x x−1
ln |x| 5 ln |x − 2| 1 1
g) + ln |x − 1| − − − +C
4 4 x − 1 2(x − 2)
Exercício 3
3x3 + 5x − 2 3 arctg x
a) + +C
8(x2 + 1)2 8
1 ln |x − 1| ln(x2 − 2x + 5)
b) + − +C
8(x2 − 2x + 5) 16 32
Renan Lima 269
Temos uma pequena Z sutileza no processo acima, por exemplo, se, por algum motivo,
p
desejamos calcular x R2 − x2 dx, faríamos a substituição u = R2 − x2 e, portanto,
Z p Z √
2 2
u
du = −2x dx. Daí, x R − x dx = − du.
2
Note a diferença da substituição u = R2 − x2 (u = u(x)) e x = R sen θ (x = x(θ)). Em
geral, é possível fazer uma substituição da forma x = g(t), desde que g seja uma função
bijetiva e faremos a substituição inversa
Z Z
f (x) dx = f (g(t))g 0 (t) dt.
sec2 θ dθ sec2 θ dθ
Z Z Z Z
dx
= = = dθ = θ + C.
1 + x2 1 + tg2 θ sec2 θ
Como x = tg θ, temos que θ = arctg x e, portanto,
Z
dx
= arctg x + C.
1 + x2
270 Matemática Universitária
É possível melhorar (e muito!) a expressão √ sen(2 arcsen√x) = sen 2θ. Para isso, observe
que sen 2θ = 2 sen θ cos θ e que cos θ = 1 − sen 2θ = 1 − x2 , pois cos θ ≥ 0. Logo,
√
sen 2θ = 2x 1 − x2 e, portanto,
√
2 x 1 − x2 + arcsen x
R
Z p
2 2
R − x dx = + C.
2
√ √
x R x R 2 + x2 x2 − R 2 x
θ θ θ
√
R 2 − x2 R R
(a) x = R sen θ. (b) x = R tg θ. (c) x = R sec θ.
Z
1
Exemplo 8.4.3: Vamos calcular √
dx. Para tanto, faremos a substituição
x2
4 + x2
trigonométrica x = 2 tg θ e, portanto, dx = 2 sec2 θ dθ. Daí,
Z Z
1 1
√ dx = p · (2 sec2 θ) dθ
2
x 4+x 2 2
4 tg θ 4 + 4 tg θ 2
sec2 θ
Z Z Z
sec θ cos θ
= 2 dθ = 2 dθ = dθ.
4 tg θ sec θ 4 tg θ 4 sen2 θ
Z
Utilizando a igualdade tg2 θ = sec2 θ − 1 e a fórmula encontrada para sec3 x dx no
exemplo 7.6.7, temos que
Z Z Z Z
2 3 3
sec θ tg θ dθ = (sec θ − sec θ) dθ = sec θ dθ − sec θ dθ
sec θ · tg θ 1
Z Z
= + sec θ dθ − sec θ dθ
2 2
sec θ · tg θ ln | sec θ + tg θ|
= − + C.
2 2
Passando para a variável u e utilizando o triângulo auxiliar, temos que
sec θ · tg θ ln | sec θ + tg θ|
Z p
u2 − 1 du = − +C
2 2
√
u2 − 1 u
√ √
u u2 − 1 ln |u + u2 − 1|
= − + C. θ
2 2
1
Lembrando que u = x − 3, temos, finalmente que
√ √
− 2 − 6x + 8 ln x − 3 + x2 − 6x + 8
Z p
(x 3) x
x2 − 6x + 8 dx = − + C.
2 2
Z
sen x
dx. Um método, bastante engenhoso, descoberto por Weierstrass é
3 cos x + 4 sen x x
fazer a substituição u = tg .
2
A ideia é notar que
x x x x
cos x = cos2 − sen2 = cos2 1 − tg2
2 2 x 2 2
2 x 2
1 − tg 1 − tg 2
= x 2 = 2 = 1 − u .
x
sec2 1 + tg2 1 + u2
2 2
Analogamente, temos que
x
x x x x 2 tg 2u
sen x = 2 sen cos = 2 tg cos2 = 2x = .
2 2 2 2 sec2 1 + u2
2
Além disso, note que
x
sec2 1 + u2 2 du
du = 2 dx = dx ⇒ dx = .
2 2 1 + u2
x
A substituição u = tg é também conhecida como substituição universal.
2
Z
2
Exemplo 8.4.5: Vamos calcular dx. Para isso, usaremos a substi-
x 2 − cos x + 2 sen x
tuição u = tg . Temos que
2
Z Z
1 1 2du
dx = · 2
2 − cos x + 2 sen x 1 − u2 2u u +1
2− 2 +2· 2
u +1 u +1
Z Z
2 du 2 du
= =
2u2 + 2 − 1 + u2 + 4u 3u2 + 4u + 1
Z
2 du
=
(3u + 1)(u + 1)
Z
3 1
= − du (por frações parciais)
3u + 1 u + 1
= ln |3u + 1| − ln |u + 1| + C
x x
= ln 3 tg + 1 − ln tg + 1 + C.
2 2
A última substituição especial que pretendemos falar nesta seção é a que chamamos
substituição hiperbólica. A ideia dessa substituição é transformar frações de polinômios
em funções exponenciais e, de certa forma, imita bastante as integrações de funções tri-
gonométricas.
Sugerimos a videoaula Funções Hiperbólicas - Por que o Nome Hiperbólicas? para o
leitor interessado na nomenclatura de funções hiperbólicas.
Renan Lima 273
y y y
x x x
−1
As fórmulas algébricas das funções hiperbólicas são bem parecidas com as fórmulas
das funções trigonométricas. Vamos citar algumas delas.
Demonstração:
É deixada como exercício para o leitor.
Z
Exemplo 8.4.8: Vamos calcular tanh x dx. A resolução é bem parecida com a de
Z
tan x dx do exemplo 7.4.10. Basta fazer u = cosh x e, portanto, du = senh x dx, daí,
Z Z Z
senh x du
tanh x dx = dx = = ln |u| + C
cosh x u
= ln | cosh x| + C = ln(cosh x) + C. (pois cosh x ≥ 0, ∀x ∈ R.)
274 Matemática Universitária
Como a função cosh : [0, +∞) → [1, +∞) é bijetora, então possui inversa, que deno-
tamos por arccosh x. Vamos organizar tudo em uma definição.
Demonstração:
Vamos provar apenas a fórmula do arcsenh x e deixamos o restante como exercício.
ey − e−y
Seja y = arcsenh x, então x = senh y = . Daí,
2
ey − 2x − e−y = 0.
e2y − 2xey − 1 = 0.
u2 − 2xu − 1 = 0.
sec2 θ dθ
Z Z Z
1
√ dx = = sec θ dθ
1 + x2 sec θ
p
= ln | sec θ + tan θ| + C = ln x + 1 + x2 + C.
Outra forma
p é utilizando x = senh u e, portanto, dx = cosh u du e, lembrando que
cosh u = 1 + senh2 u, temos
Z Z
1 cosh u du p
√ dx = = u + C = arcsenh x + C = ln x + 1 + x2 + C.
1 + x2 cosh u
Z p
Exemplo 8.4.12: Considere a integral x2 − 1 dx com restrição para x ≥ 1.
Com a substituição trigonométrica, vimos a sua resolução no exemplo 8.4.4, após mu-
dar para a variável u. Temos que
Z p
xp 2 1 p
x2 − 1 dx = x − 1 − ln |x + x2 − 1| + C
2 2
x p 1 p
= x2 − 1 − ln x + x2 − 1 + C. (pois x ≥ 1)
2 2
1 2u 1
(e − 4u − e−2u ) = (senh u + cosh u)2 − 4u − (cosh u − senh u)2
8 8
1 senh u cosh u u
= 4 senh u cosh u − 4u = − .
8 2 2
Concluímos que
√
x x2 − 1 1
Z p
2
x −1= − arccosh x + C
2 2
√
2
x x −1 1 p
= − ln(x + x2 − 1) + C.
2 2
276 Matemática Universitária
Exercícios
Respostas
Exercício 1
√
p x arcsen x − x 1 − x2
a) ln(x + x2 + 1) − √ +C b) +C
2
x +1 2
x
1 2x x
c) + arctg +C d) − √ +C
16 x2 + 4 2 x2 − 1
p 1 3x
e) ln |x + x2 − 9| + C f) arcsenh +C
3 2
ln |x| ln(x2 + 4)
p
2
x−1
g) x − 2x + 5 + arcsenh +C h) − +C
2 4 8
√ √ √
(x − 2) x2 − 4x + 8
x−2 2 x
i) + 2 arcsenh +C j) · arctg 2 tg +C
2 2 2 2
x
x x tg +1
k) ln 1 + 2 tg − ln tg −2 +C l) ln 2
x +C
2 2 tg −1
2
Exercício 2
3x2/3 √ √
a) − 3 3 x + 3 ln | 3 x + 1| + C
2
√ √ √
b) 2 x − 4 4 x + 4 ln( 4 x + 1) + C
√ √6
6x 6 x 6 x5 √ √ √
c) − + 2 x − 6 6 x + 6 arctg( 6 x) + C
7 5
Renan Lima 277
Com as técnicas de integração desenvolvidas nas seções anteriores, o leitor deve ter
reparado alguns pequenos padrões na resposta final, tais como, se integrarmos uma fun-
ção do tipo P (x)ex , com P polinômio, então espera-se que a resposta final deve ser da
forma Q(x).ex + C, em que Q(x) é outro polinômio. Da mesma forma, se integrarmos
funções que aparecem senos e cossenos, espera-se que a integral também tenha senos e
cossenos na sua expressão. Vimos no exemplo 7.5.6 que
−e2x cos x + 2e2x sen x
Z
e2x sen x dx = + C.
5
Vamos fazer mais um exemplo e de certa forma verificar que temos algum padrão na
fórmula de integral.
Z
Exemplo 8.5.1: Vamos calcular x sen(ln x) dx. Considere a substituição u = ln x,
1
então du = dx e, portanto, dx = x du = eu du. Daí,
x
Z Z Z
x sen(ln x) dx = eu (sen u) eu du = e2u sen u du
Sabemos que se f (x) admite expressão algébrica, então a sua derivada f 0 (x) possui
expressão algébrica, mas não vale a recíproca. Por exemplo,
ln(x2 + 1)
Z
x
dx = + C.
x2 + 1 2
Uma função é dita ter expressão elementar se ela pode ser obtida via adição, multi-
plicação, divisão e composição de funções algébricas, trigonométricas e suas inversas,
exponenciais e logarítmicas. São exemplos de funções com expressão elementar
√
ln x 4
x cos xesen x
f (x) = arctg(ln x), f (x) = , f (x) = √ .
sen2 (ex ) 3
x2 + 1
Seja f (x) = P (x)eQ(x) , em que P e Q são funções racionais. Se f (x) é uma função que
possui primitiva elementar, então existe R(x) função racional tal que
Z
P (x)eQ(x) dx = R(x)eQ(x) + C.
Teorema de D’Alembert
Mais ainda, pelo algoritmo de divisão, temos que Q(x) tem coeficientes reais.
Seja α ∈ C raiz de P (x). Dizemos que α é raiz de multiplicidade r se existe um
polinômio Q(x), com Q(α) 6= 0 tal que P (x) = (x − α)r Q(x). O teorema fundamental da
álgebra diz que se P (x) tem grau n, então P (x) admite exatamente n raízes complexas,
contadas com multiplicidade. Vamos precisar de alguns resultados básicos.
Renan Lima 279
Sejam P (x) e Q(x) polinômios com coeficientes reais e α ∈ C uma raiz de multiplici-
dade r do polinômio P (x), então
1. grau P (x) · Q(x) = grau P (x) + grau Q(x) .
3. Existem R(x) e S(x) polinômios com coeficientes reais, sem raízes em comum,
P (x) R(x)
com S(x) mônico, tais que = .
Q(x) S(x)
Demonstração:
1. Escreva P (x) = an xn +an−1 xn−1 +. . .+a1 x+a0 e Q(x) = bm xm +bm−1 xm−1 +· · ·+b0
com an , bm 6= 0. Multiplicando os dois polinômios, temos que
Como an bm 6= 0, temos que grau P (x) · Q(x) = n + m = grau P (x) + grau Q(x) .
2. Seja α raiz de multiplicidade r de P (x). Então, por definição, existe R(x) polinômio
com R(α) 6= 0 tal que P (x) = (x − α)r R(x). Derivando, utilizando a regra do
produto, temos
= (x − α)r−1 S(x),
onde S(x) = rR(x) + (x − α)R0 (x). Note que S(α) = rR(α) 6= 0 e isso mostra que
P 0 (x) possui α com raiz de multiplicidade r − 1.
3. Suponha que P (x) e Q(x) possuem uma raiz em comum α. Se α é real, podemos
P (x) P1 (x)
escrever P (x) = (x − α)P1 (x) e Q(x) = (x − α)Q1 (x). Logo = . Se α for
Q(x) Q1 (x)
complexa não real, então P (x) = (x − α)(x − α)P1 (x), Q(x) = (x − α)(x − α)Q1 (x)
P (x) P1 (x)
e temos que = . Em ambos os casos, construímos polinômios P1 e Q1
Q(x) Q1 (x)
P (x) P1 (x)
com coeficientes reais e com grau menor que P e Q tais que = .
Q(x) Q1 (x)
Se P1 (x) e Q1 (x) não possuem raiz em comum, então finalizamos o algoritmo. Caso
contrário, repetimos o argumento do parágrafo anterior e encontramos polinômios
P2 (x) e Q2 (x) de graus menores que P1 e Q1 , respectivamente, e com coeficientes
P1 (x) P2 (x)
reais tais que = . Como o número de raízes em comum dos polinômios
Q1 (x) Q2 (x)
é finito, em algum momento o algoritmo termina e encontramos polinômios R1 (x)
P (x) R1 (x)
e S1 (x) tais que = .
Q(x) S1 (x)
Escolha um número real k tal que S(x) = kS1 (x) seja um polinômio mônico e con-
P (x) R(x)
sidere R(x) = kR1 (x). Temos, portanto, = .
Q(x) S(x)
280 Matemática Universitária
O objetivo do próximo exemplo é para que o leitor verifique que a solução da inte-
gral se torna praticamente um algoritmo. Fazer as devidas comparações com grau de
polinômio costuma ser uma tarefa tediosa e é fácil errar alguma conta.
Z
x−1 x
Exemplo 8.5.4: Vamos calcular e dx. Pelo teorema de Liouville, caso a
x2
integral possua primitiva elementar, então, pelo teorema 8.5.3, existem P (x) e Q(x)
polinômios sem raízes em comum, com Q(x) mônico, tais que
0
P 0 (x)Q(x) − P (x)Q0 (x) x P (x) x
x−1 x P (x) x
e = e = ·e + ·e
x2 Q(x) (Q(x))2 Q(x)
Passando as expressões com Q(x) para o lado esquerdo da equação acima, obtemos
Suponha que Q(x) admita uma raiz α ∈ C tal que α 6= 0 e seja r sua multiplicidade.
Então α é raiz com multiplicidade pelo menos r do polinômio do lado esquerdo da
equação 8.1. Pelo item 2 do teorema 8.5.3 e, pelo fato de P (α) 6= 0, temos que α é raiz
de multiplicidade r−1 de −x2 P (x)Q0 (x), que é o lado direito da equação 8.1. Absurdo!
Isto mostra que α = 0 é o único candidato a raiz de Q(x). Pelo fato de Q(x) ser mônico,
temos que Q(x) = xn para algum n ≥ 0. Substituindo na equação 8.1, temos
Portanto,
(x − 1)xn − x2 P 0 (x) − x2 P (x) = −nxP (x). (8.2)
Daí,
P (x)(x − 1) = x − 1 − xP 0 (x). (8.3)
Suponha que grau(P (x)) = n ≥ 1, então o lado esquerdo da equação 8.3 tem grau
n + 1 e o lado direito tem grau n. Um absurdo.
Logo P (x) tem grau 0 e, portanto, é constante igual a k. Substituindo P (x) = k na
equação 8.3, temos k(x − 1) = x − 1 e, portanto, k = 1. Provamos que P (x) = 1,
Q(x) = x e, daí,
ex
Z
x−1 x
e dx = + C.
x2 x
Sugerimos o leitor utilizar softwares para o cálculo da integral acima e, caso o soft-
ware permita, solicite a solução passo a passo.
Renan Lima 281
Teorema 8.5.5
Z
Seja p(x) um polinômio de grau ≥ 2, então ep(x) dx não possui expressão elementar.
Demonstração:
Z
Suponha que ep(x) dx possua expressão elementar, então, pelo teorema de Liouville,
existem polinômios R(x) e S(x), sem raízes em comum e S(x) mônico tais que
0
p(x) R(x) p(x)
e = e .
S(x)
Suponha que grau(S(x)) > 0, então, pelo teorema fundamental da álgebra, S(x) possui
raiz α ∈ C de multiplicidade r > 0. Por outro lado, α não é raiz R(x) e α é raiz de S 0 (x)
de multiplicidade r − 1. Analisando a equação 8.4, concluímos que α é raiz do polinômio
à direita da igualdade com multiplicidade r − 1 e α é raiz com multiplicidade pelo menos
r do lado esquerdo da igualdade.
Isso mostra que grau (S(x)) = 0 e, portanto, S(x) é uma função constante. Como S(x) é
mônico, então S(x) = 1 para todo x. Substituindo na equação 8.4, temos que
Na última desigualdade, precisamos utilizar que grau p0 (x) ≥ 1 para evitar o caso em
que Z
R(x) é constante. Temos, portanto, uma contradição. Logo, a única possibilidade é
que ep(x) dx não é uma função com expressão elementar!
Z x
2
Em particular, não existe expressão elementar para a Integral Gaussiana e−t dt.
0
A função Integral Gaussiana está bem definida! Ela é a função área sob a curva da fun-
2
ção f (t) = e−t . O que foi provado é que esta função não possui expressão elementar.
Em outras palavras, é uma nova fórmula!
282 Matemática Universitária
eix − e−ix
eix = sen x + i cos x, sen x = ,
2i
eix + e−ix
1 1 + ix
cos x = , arctg x = ln .
2 2i 1 − ix
1 1 1
Note que 2
= + , e, portanto, a fórmula abaixo nos fornece algum
1+x 2(1 + ix) 2(1 − ix)
padrão que não pode ser visto se olharmos apenas para o conjunto dos números reais.
ln(1 + x2 )
Z
arctg x dx = x arctg x − + C.
2
√
Z Z
Pensando em i = −1 como constante, temos if (x) dx = i f (x) dx.
Z
Exemplo 8.5.6: Vamos calcular e2x sen x dx com as fórmulas de Euler. Temos
eix − e−ix
Z Z Z
2x 2x 1
e(2+i)x − e(2−i)x dx
e sen x dx = e · dx =
2i 2i
!
1 e(2+i)x e(2−i)x e2x (2 − i)eix − (2 + i)e−ix
= − +C = +C
2i 2+i 2−i 2i 5
e2x ix
· 2(e − e−ix ) − i(eix + e−ix ) + C
=
10i
e2x 2e2x sen x − e2x cos x
= · [4i sen x − 2i cos x] + C = + C.
10i 5
P (x) A1 Am P1 (x)
m
= + ··· + m
+ . (8.5)
(x − α) Q1 (x) x−α (x − α) Q1 (x)
Demonstração:
A demonstração do resultado geral se encontra na videoaula Demonstração das Frações
P (α)
Parciais. Vamos fazer uma demonstração alternativa. Seja Am = e defina
Q1 (α)
Temos que F (α) = 0 e pelo teorema de D’Alembert, existe um polinômio Pm (x) tal que
F (x) = Pm (x).(x − α). Daí,
Daí,
Daí,
P (x) Am−1 Am Pm−1 (x)
= + + .
(x − α)m Q1 (x) (x − α)m−1 (x − α)m (x − α)m−2 Q1 (x)
Novamente, se tudo estiver no domínio dos reais, então Am−1 ∈ R e Pm−1 (x) possui coe-
ficientes reais. Argumentando, indutivamente, encontramos A1 , · · · , Am e um polinômio
P1 (x) tais que
P (x) A1 Am P1 (x)
= + ··· + + .
(x − α)m Q1 (x) x−α (x − α)m Q1 (x)
Corolário 8.5.8
Na notação do teorema 8.5.7, suponha que grau(P (x)) < m + grau(Q1 (x)), então
grau(P1 (x)) < grau(Q1 (x)).
284 Matemática Universitária
Demonstração:
Se grau(P1 (x)) ≥ grau(Q1 (x)), então multiplicando a equação 8.5 por (x − α)m · Q1 (x),
temos que
P (x) = A1 (x − α)m−1 Q1 (x) + A2 (x − α)m−2 Q1 (x) + . . . + Am .Q1 (x) + (x − α)m P1 (x).
Como grau((x − α)m P1 (x)) ≥ m + grau(Q(x)) e como os outros polinômios que apare-
cem no lado direito do somatório acima tem grau, no máximo, (m − 1) + grau(Q1 (x)),
concluimos que
grau(P (x)) ≥ m + grau(Q1 (x)).
Uma contradição. Logo grau(P1 (x)) < grau(Q1 (x)).
Corolário 8.5.9
Na notação do teorema 8.5.7, se P (x) e Q1 (x) são polinômios com coeficientes reais
e suponha que as duas raízes de x2 + ax + b, com a, b ∈ R sejam raízes complexas e
não reais. Então existem A, B ∈ R e polinômio P1 (x) com coeficientes reais tais que
P (x) Ax + B P1 (x)
= 2 + .
(x2 + ax + b)Q1 (x) (x + ax + b) Q1 (x)
Demonstração:
Escreva x2 + ax + b = (x − α)(x − α), em que α ∈ C − R. Aplicando duas vezes o teorema
8.5.7, existem C, D ∈ C e um polinômio P1 (x) com coeficientes complexos tais que
P (x) C D P1 (x)
= + +
(x2 + ax + b)Q1 (x) (x − α) (x − α) Q1 (x)
C(x − α) + D(x − α) P1 (x)
= 2
+ .
x + ax + b Q1 (x)
Multiplicando a equação acima por (x2 + ax + b)Q1 (x) = (x − α).(x − α)Q1 (x), temos a
seguinte igualdade entre polinômios,
P (x) = C(x − α)Q1 (x) + D(x − α)Q1 (x) + (x2 + ax + b)P1 (x).
P (α) P (α)
Fazendo x = α, temos que C = e, analogamente, D = = C.
(α − α)Q1 (α) (α − α)Q1 (α)
A última igualdade decorre do fato de os polinômios P (x) e Q1 (x) possuírem coeficientes
reais.
Finalmente, tome A = C +C e B = −C ·α−C ·α. Utilizando as propriedades de números
complexos, temos que A = A e B = B. Logo A, B ∈ R e, portanto,
P (x) Ax + B P1 (x)
= 2 + .
(x2 + ax + b)Q1 (x) x + ax + b Q1 (x)
O caso geral, em que o denominador é da forma (x2 + ax + b)m Q1 (x), não é uma
consequência direta do teorema 8.5.7, mas é possível também adaptar a argumentação
da demostração do teorema e provar este caso. Outro jeito é utilizar o resultado da
videoaula Demonstração das Frações Parciais e utilizar a divisão Euclidiana.
Renan Lima 285
Exercícios
(x − k)ex
Z
2. Se k 6= 1, mostre que dx não possui primitiva elementar.
x2
Z
3. Se P (x) e Q(x) são polinômios e se P (x)eQ(x) dx possui expressão elementar, en-
tão ela é da forma R(x)eQ(x) , em que R(x) é polinômio. Conclua que se grau (Q) ≥
grau (P ), então P (x)eQ(x) dx não possui expressão elementar elementar.
ex
Z
4. Se P (x) é um polinômio não constante, mostre que dx não possui primitiva
p(x)
elementar.
Z Z Z
ex dx
5. Mostre que as integrais e dx, e ex ln x dx não possuem primitivas ele-
ln x
mentares.
P (x) A1 x + B1 A2 x + B2 Am x + B m
= 2 + + ... + 2 ,
(x2 + ax + b)m x + ax + b (x2 + ax + b)2 (x + ax + b)m
em que a, b ∈ R e P (x) é polinômio com coeficientes reais e grau P (x) < 2m.
P (x) Ax + B P1 (x)
= 2 + .
(x2 + ax + b)m Q(x) (x + ax + b)m (x2 + ax + b)m−1 Q(x)
Conclua que se grau P (x) < grau Q(x) + 2m, então
grau P1 (x) < grau Q(x) + (2m − 2).
Respostas
286
C APÍTULO
9.1 Introdução
Neste capítulo, o objetivo é fornecer uma introdução à análise real. Antes de come-
çarmos a parte matemática, falaremos, nesta introdução, um pouco sobre a história da
matemática voltada para a definição de limites. Esperamos que o relato abaixo justifique
a decisão de colocar a definição formal de limites no último capítulo do livro e também
motive o leitor a pesquisar um pouco sobre a história do cálculo e a contribuição dos
cientistas da época para o seu desenvolvimento.
Na segunda metade do século XVII, Leibniz publicou os primeiros artigos sobre a sua
descoberta do cálculo diferencial e passou a ser usada em larga escala no mundo todo.
Devido ao sucesso do cálculo de Leibniz, Newton se arrependera de não ter publicado
a sua descoberta, que foi feita 10 anos antes, e reivindicou a paternidade do cálculo,
abrindo uma verdadeira batalha política e científica que só foi completamente resolvida
250 anos depois.
Para Berkeley, Leibniz estaria cometendo o mesmo tipo de falácia de Newton, porque,
ao supor uma quantidade infinitamente pequena no cálculo, ela estaria sendo conside-
rada como possuindo alguma magnitude. Porém, ao rejeitá-la, ela passa a ser tratada
como não possuindo tal magnitude. Portanto, eis novamente uma injustificada mudança
de hipótese. Aparentemente, Berkeley acreditava nos resultados do cálculo diferencial,
mas era crítico com a falta de embasamento lógico necessário para justificar as passagens
de algumas contas.
No século XVIII, D’Alembert era o único cientista da época que reconheceu explicita-
mente a centralidade do limite no cálculo. Em sua famosa Encyclopédie, ele afirmou que
a definição apropriada ao conceito de derivada requer a compreensão de limite primeira-
mente e formulou, em 1765, a seguinte definição: uma grandeza é o limite de outra grandeza
quando a segunda pode se aproximar da primeira dentro de algum valor dado, tão pequena quanto
podemos supor, sem que a grandeza aproximada exceda para o que está sendo aproximado, tal que
a diferença entre as grandezas e seu limite seja absolutamente indistinguível.
288 Matemática Universitária
Nesta seção, faremos, com o devido rigor, a definição do conceito de limite, as suas
propriedades básicas e as suas demonstrações. Sugerimos assistir à nossa videoaula De-
finição Formal de Limites.
lim f (x) = L
x→x0
x0
L+ε
L
2. Fixe, arbitrariamente, ε > 0 e analise a faixa
{(x, y) / L − ε < y < L + ε}. L−ε
x0
L+ε
3. Encontre um intervalo (c, d) contendo x0 e
L
considere a faixa {(x, y) / c < x0 < d} e olhe
a interseção desta faixa e com a faixa do item L−ε
anterior.
c x0 d
L+ε
x0
x0 − δ
x0 + δ
x0 x
x0 − δ
x0 + δ
290 Matemática Universitária
L+ε
x0
x0 − δ
x0 + δ
L + ε/2
7. A mesma lógica funciona se diminuirmos o ε. L
L − ε/2
Só temos que fazer um ajuste fino do δ.
x0
x0 − δ
x0 + δ
Teorema 9.2.2: Unicidade do Limite e Propriedade Local do Limite
Demonstração:
A demonstração se encontra na página 332. A demonstração do item 1 pode ser encon-
trado na nossa videoaula Demonstração da Unicidade do Limite. Provemos o item 2.
Dado ε > 0. Por hipótese, existe δ > 0 tal que
Exemplo 9.2.3: Considere a função constante f (x) = c. Vamos calcular pela definição
que lim f (x) = c. Dado ε > 0. Tome δ = 1. Se 0 < |x − x0 | < δ, então
x→x0
|f (x) − c| = |c − c| = 0 < ε.
c+ε
c−ε
x
x0
x0 − 1
x0 + 1
Exemplo 9.2.4: Seja f (x) = 2x − 1. Vamos calcular na definição que lim f (x) = 3.
x→2
A sugestão é fazer de trás para frente para poder fazer uma boa escolha do δ. Temos
que |f (x) − 3| = |2x − 4| = 2|x − 2|. Queremos que escolher δ > 0 (dependendo de ε)
tal que se |x − 2| < δ então 2|x − 3| < ε. Pensando um pouco, uma escolha apropriada
ε
é tomar δ = . Vamos agora escrever formalmente estas ideias.
2
ε
Dado ε > 0, tome δ = . Então para x satisfazendo 0 < |x − 2| < δ, temos
2
|f (x) − 3| = |2x − 4| = 2|x − 2| < 2δ = ε.
3+ε
3−ε
x
x0
2
2
ε
ε
x0 −
x0 +
Para entendermos as contas com uma escolha de um ε > 0 numérico específico, su-
gerimos a nossa videoaula Pré-aula para Explicar Graficamente um Limite na Definição.
Depois dela, sugerimos a nossa videoaula Calculando Limite de uma Função Quadrática
na Definição.
Demonstração:
1. A demonstração se encontra no item 1 da página 334.
ε
0 < |x − x0 | < δ2 ⇒ |g(x) − M | < .
2
292 Matemática Universitária
3. Se c = 0, temos que a função cf (x) é constante e foi feita no exemplo 9.2.3. Supo-
mos, portanto, que c 6= 0. Dado ε > 0, então, por hipótese, existe δ > 0 tal que
ε
se 0 < |x − x0 | < δ então |f (x) − L| < .
|c|
Daí, temos
ε
|cf (x) − cL| = |c|.|f (x) − L| < |c|. = ε.
|c|
lim f (x) = L
x→x+
0
se, dado ε > 0, existe δ > 0 tal que, se 0 < x − x0 < δ, então |f (x) − L| < ε.
lim f (x) = L
x→x−
0
se, dado ε > 0, existe δ > 0 tal que, se −δ < x − x0 < 0, então |f (x) − L| < ε.
√
Exemplo 9.2.7: Vamos provar que lim x = 0. Para isso dado ε > 0, queremos
x→0+ √
encontrar δ > 0 tal que se 0 < x − 0 < δ, então | x − 0| < ε. Elevando ao quadrado,
temos que x < ε2 .
Organizando a escrita, tome δ = ε2 , então se 0 < x < δ, temos que
√ √ √ √
| x − 0| = x < δ = ε2 = ε.
√
n
√
Exemplo 9.2.8: Dado n ∈ N e x0 ∈ [0, +∞), vamos provar que lim x = n
x0 . O
x→x+
0
argumento é bem parecido com a segunda parte da videoaula Calculando Limite de
uma Função Quadrática na Definição.
Renan Lima 293
√
> 0 e tome b = ( n x0 + ε)n . Como a função f (x) = xn é crescente e vale
Dado ε √
√ √
n x < n b = n x + ε, temos que x < b Tome δ = b − x > 0, então se 0 < x − x < δ,
0 0 0 0 0
temos que x0 < x < b e, portanto
√ √ √ √ √
n √
| n x − n x0 | = n x − n x0 < b − n x0 = ε.
√
n
√
Exemplo 9.2.9: Dado n ∈ N e x0 ∈ (0, +∞), vamos provar que lim x= n
x0 .
x→x−
0
√
Dado ε > 0. Se n x0 − ε ≤ 0, tome δ = x0 . Daí, se −δ < x − x0 < 0, temos que
0 = x0 − δ < x < x0 e, portanto,
√ √ √ √ √ √ √
| n x − n x0 | = n x0 − n x = ( n x0 − ε) + (ε − n x) ≤ ε − n x < ε.
√ √
Se n x0 − ε > 0, tome a = ( n x0 − ε)n . Como a função f (x) = xn é crescente e vale
√ √ √
n
a = n x0 −ε < n x0 , temos que a < x0 . Tome δ = x0 −a > 0, então se −δ < x−x0 < 0,
temos que a < x < x0 e, portanto
√ √ √ √ √ √
| n x − n x0 | = n x0 − n x < n x0 − n a = ε.
√
n
Deixamos como exercício mostrar que para n impar, vale lim x = 0.
x→0−
Exemplo 9.2.10: Os resultados do teorema 9.2.5 são válidos também para limites late-
rais. No caso do limite da subtração, se lim f (x) = L e lim g(x) = M , então dado
x→x+
0 x→x+
0
ε > 0, existem, por hipótese, δ1 > 0 e δ2 > 0 tais que
ε
0 < x − x0 < δ1 ⇒ |f (x) − L| < ,
2
ε
0 < x − x0 < δ2 ⇒ |g(x) − M | < .
2
Tome δ = min{δ1 , δ2 }. Se 0 < x − x0 < δ, então, pela desigualdade triangular
Demonstração:
A demonstração se encontra na nossa videoaula Definição Formal de Limites Laterais e
a demonstração por escrito se encontra na página 337.
294 Matemática Universitária
√
n
√
Exemplo 9.2.12: Pelos exemplos 9.2.8 e 9.2.9, se x0 > 0, temos que lim x= n
x0 ; Se
x→x0
√ √
n é impar, vale lim n x = 0 e se n é par vale lim n x = 0.
x→0 x→0+
Exemplo 9.2.14: As funções constantes e lineares são contínuas. Além disso, por um
simples argumento de indução, todas as funções polinomiais são contínuas. Para o
leitor que deseja ver a escrita detalhada do argumento de indução, ver a página 351.
Como divisão de funções contínuas é contínua, então frações de polinômios são contí-
nuas em todo o seu domínio. Em particular, a função f (x) = xm é contínua para todo
m ∈ Z. Note que se m < 0, então x = 0 não está no domínio de f .
Demonstração:
A demonstração se encontra na página 346 e também na videoaula Demonstração da
Continuidade da Composta. Fixe x0 no domínio de f ◦ g. Escreva y = g(x), z = f (y) e
g(x0 ) = y0 .
Dado ε > 0. Pela continuidade da f em y0 , existe δ1 > 0, tal que
Exemplo 9.2.16: Pelo exemplo 9.2.12, a função f : [0, +∞) → R é √ contínua. Para
n
n ímpar, considere a função g : (−∞, 0] → R definida por g(x) = x. Temos que
√
g(x) = −f (−x) e, portanto, g é contínua. Concluímos que a função n x é contínua.
Renan Lima 295
m
Exemplo 9.2.17: Dado p ∈ Q racional e escreva p = , com m ∈ Z e n ∈ N. Tome
√ p
n
m
f (x) = x e g(x) = x. Temos que g ◦ f (x) = x é contínua.
n
√
Exemplo 9.2.18:
√ Considere as funções contínuas f (x) = x e g(x) = x2 , então a função
f ◦ g(x) = x2 = |x| é contínua.
Demonstração:
Considere a função auxiliar
f (x), se x 6= x0 ,
F (x) =
L, se x = x0 .
p
n
p
Como vale f (x) = n F (x) para todo x 6= x0 , então, pelo teorema 9.2.2 item 2,
p p √n
lim n f (x) = lim n F (x) = L.
x→x0 x→x0
lim f (x) = L
x→+∞
se para todo ε > 0 existe K > 0 tal que se x > K, então |f (x) − L| < ε.
lim f (x) = L
x→−∞
se para todo ε > 0 existe K > 0 tal que se x < −K, então |f (x) − L| < ε.
296 Matemática Universitária
1
Exemplo 9.2.21: Vamos calcular, na definição, lim = 0. Dado ε > 0. Queremos
x→+∞ x
1
encontrar K > 0 tal que se x > K, então < ε. A ultima desigualdade ocorre se e
x
1 1
somente se |x| > . Um bom candidato para a escolha de K é (ver figura abaixo).
ε ε
y
ε
x
−ε K
1 1 1
Vamos formalizar esta escrita. Tome K = . Se x > K > 0, então 0 < < = ε.
ε x K
1 1
Concluímos daí que − 0 = < ε.
x x
Exemplo 9.2.22: Os resultados do teorema 9.2.5 são válidos também para limites no
infinito. Suponha que lim f (x) = L e lim g(x) = M .
x→−∞ x→−∞
1. Dizemos que lim f (x) = +∞ se para todo M > 0, existe δ > 0 tal que se
x→x+
0
0 < x − x0 < δ, então f (x) > M .
2. Dizemos que lim f (x) = −∞ se para todo M > 0, existe δ > 0 tal que se
x→x+
0
0 < x − x0 < δ, então f (x) < −M .
As definições são análogas para limites laterais à esquerda que vai para o infinito.
Renan Lima 297
1
Exemplo 9.2.24: Vamos mostrar que lim = +∞.
x→0+ x
1 1 1
Dado M > 0. Tomando δ = , temos que se 0 < x < δ, então > = M.
M x δ
Para as definições formais dos casos limites restantes, tal como lim f (x) = +∞,
x→+∞
recomendamos a nossa videoaula Definição Formal de Limites Infinitos e no Infinito.
Exemplo 9.2.25: Vamos mostrar que lim x2 = +∞.
x→+∞
√
Dado M > 0. Tomando K = M , temos que se x > K, então x2 > M .
Sejam f, g, h : (x0 , b) → R funções tais que lim f (x) = +∞, lim g(x) = +∞ e
x→x+
0 x→x+
0
lim h(x) = L. Então,
x→x+
0
(
p
3. lim n f (x) = +∞. +∞, se L > 0,
x→x+
6. lim h(x)f (x) =
0 x→x+
0
−∞, se L < 0.
−
Temos enunciados análogos se trocarmos x → x+
0 por x → x0 , x → +∞ ou x → −∞.
Demonstração:
A demonstração se encontra na página 339. A demonstração está mais enxuta, pois acre-
ditamos que o leitor, após ler esta seção com cuidado, consiga entender a demonstração.
Sejam f, g : (x0 , b) → R tais que lim f (x) = 0 e lim g(x) = +∞, então
x→x+
0 x→x+
0
1
1. lim = 0.
x→x+
0
g(x)
1
2. Se f (x) > 0 quando x > x0 , então lim = +∞.
x→x+
0
f (x)
1
3. Se f (x) < 0 quando x > x0 , então lim = −∞.
x→x+
0
f (x)
−
Temos enunciados análogos se trocarmos x → x+
0 por x → x0 , x → +∞ ou x → −∞.
Demonstração:
A demonstração se encontra no vídeo Demonstração de Propriedades com o Infinito e o
Zero. A demonstração por escrito se encontra na página 340.
298 Matemática Universitária
Finalizamos a seção indicando uma demonstração precisa que não existe lim sen x.
x→+∞
π 3π
O truque é escolher os pontos an = 2nπ + e bn = 2nπ + para n suficientemente
2 2
1
grande, observar que sen an = 1 e sen bn = −1 para qualquer n e escolher ε = .
2
1
Exemplo 9.2.28: Vamos supor que lim sen x = L para algum L. Dado ε = , temos,
x→+∞ 2
por hipótese, que existe K > 0 tal que para todo x ∈ R satisfazendo x > K, então
1 1
L− < sen x < L + .
2 2
π 3π
Seja n ∈ N tal que n > K e considere an = 2nπ + e bn = 2nπ + . Pela escolha do
2 2
n, temos que an > K e bn > K. Para fixar as ideias, vamos supor que L ≥ 0. A figura
abaixo mostra como vamos proceder para chegarmos a uma contradição.
y
1
L+
2
L
b1 b2 b3 b4 b5
a1 a2 a3 a4 a5 x
1 K
L−
2
1 1 1
− ≤ L − < sen x < L + .
2 2 2
1
Em particular, para x = bn , temos que − < sen bn = −1. Uma contradição.
2
Analogamente, se L < 0, temos que, para todo x > K,
1 1
sen x < L + < .
2 2
1
Tomando x = an , temos que 1 = sen an < . Uma contradição.
2
Em resumo, o que fizemos no exemplo acima é supor que existe lim sen x e denota-
x→+∞
1
mos tal limite por L. Se L ≥ 0, chegamos à contradição − < −1. Se L < 0, chegamos
2
1
à contradição > 1. Então, o erro lógico foi supor que existe lim sen x.
2 x→+∞
Deixamos como exercício ao leitor provar que L não pode ser +∞ ou −∞.
Renan Lima 299
Exercícios
1
5. Mostre que não existe lim cos .
x→0 + x
1, se x ∈ Q,
6. Seja f (x) = Mostre que f é descontínua em todos os pontos.
−1, se x ∈
/ Q.
x, se x ∈ Q,
7. Seja f (x) = Mostre que f é contínua apenas em x = 0.
−x, se x ∈
/ Q.
Mostre que h é contínua em todos os pontos x0 tais que f (x0 ) = g(x0 ). Mostre
também que se f (x1 ) 6= g(x1 ), então h é descontínua em x1 .
Nesta seção, vamos nos dedicar a dois resultados extremamente importantes e muito
usados em análise, principalmente para cálculo de limites.
Sejam f, g, h : (a, b) − {x0 } → R funções satisfazendo f (x) ≤ g(x) ≤ h(x) para todo
x ∈ (a, b) − {x0 }.
1. Se lim f (x) = lim h(x) = L, então, lim g(x) existe e vale lim g(x) = L.
x→x0 x→x0 x→x0 x→x0
Demonstração:
A demonstração deste teorema se encontra na página 341. Demonstraremos apenas o
item 1, que pode ser encontrada na videoaula Demonstração do Teorema do Confronto.
Dado ε > 0. Por hipótese, existem δ1 > 0 e δ2 > 0 tais que
Tome δ = min {δ1 , δ2 }. Reescrevendo a condição |f (x) − L| < ε por L − ε < f (x) < L + ε,
temos para cada x ∈ R satisfazendo 0 < |x − x0 | < δ, então
h(x)
L+ε
L−ε
f (x)
x
x0
Seja u : (a, b) → (c, d) uma função estritamente crescente (ou decrescente). Supo-
nha que lim u(x) = u0 . Seja f : (c, d) → R função tal que lim f (u) existe, então
x→x0 u→u0
lim f (u(x)) existe e vale lim f (u(x)) = lim f (u).
x→x0 x→x0 u→u0
Demonstração:
A demonstração se encontra na página 344.
1
(1 + h)n ≤ 1 + h ≤ 1 para − < h < 0.
2
√
n
Para mostrar que x é contínua em x0 > 0, façamos a mudança de variáveis x = x0 +h
e, temos que r
√ p
n √ n h
n
x= x0 + h = n
x0 1+ .
x0
h
Fazendo a mudança de variáveis s = e utilizando o resultado acima, temos
x0
p √ √ √
lim n x0 + h = n x0 lim n 1 + s = n x0 .
h→0 s→0
Exemplo 9.3.4: Para cada x ∈ R considere [[x]] o maior inteiro n tal que n ≤ x. A função
é conhecida como Função maior inteiro ou Função piso. Por exemplo, [[4, 3]] = 4,
[[3]] = 3, [[−2, 1]] = −3. Temos que para todo x ∈ R, vale x − 1 ≤ [[x]] ≤ x ≤ [[x + 1]].
Então vale
1 1 1 1
≤ ≤ ≤ .
[[x + 1]] x [[x]] x−1
1 1 1
Como lim = lim = 0. Pelo teorema do confronto, vale lim = 0.
x→+∞ x x→+∞ x − 1 x→+∞ [[x]]
Exemplo 9.3.5: Vamos provar que a função ln x é contínua em todos os pontos x0 > 0.
Para x0 = 1. Considere x = 1 + h e calculamos, inicialmente, lim ln(1 + h).
h→0+
1 1 1
Seja n = . Temos que n ≤ e, portanto, h ≤ . Daí,
h h n
1 1
0 ≤ ln(1 + h) ≤ ln 1 + ≤ .
n n
h
Considere a mudança de variáveis s = , então se h → 0+ , tem-se s → 0+ , daí
1−h
lim x = lim ln(1 − h) = lim − ln(1 + s) = 0.
x→1− h→0+ s→0+
Teorema 9.3.6
Suponha que lim f (x) = L, então existe uma vizinhança (a, b) de x0 tal que f é uma
x→x0
função limitada em (a, b).
Demonstração:
Tome ε = 1. Por definição de limite, existe δ > 0 tal que se 0 < |x − x0 | < δ, temos que
|f (x) − L| < 1. Tomemos M = max{|L| + 1, |f (x0 )|} e (a, b) = (x0 − δ, x0 + δ). Afirmamos
que |f (x)| ≤ M para todo x ∈ (a, b).
Dado x ∈ (a, b), então |x − x0 | < δ. Se x = x0 , temos que |f (x)| = |f (x0 )| ≤ M . Se x 6= x0 ,
então 0 < |x − x0 | < δ e, portanto, pela desigualdade triangular
Seja g uma função limitada, isto é, existe M ∈ R tal que |g(x)| ≤ M para todo
x no
domínio de g. Seja f função satisfazendo lim f (x) = 0, então lim f (x)g(x) = 0.
x→x0 x→x0
Demonstração:
A demonstração se encontra na videoaula Demonstração do Teorema do Confronto -
Função Limitada. A parte escrita da prova se encontra na página 342.
Demonstração:
A demonstração padrão de Limite do produto se encontra na página 334. Faremos uma
outra demonstração. Seja (a, b) vizinhança de x0 tal que a função f (x) é limitada. Como
lim (g(x) − M ) = 0, então, pelo Corolário 9.3.7,
x→x0
lim [f (x)(g(x) − M )] = 0.
x→x0
Pelo teorema 9.2.5 item 3, temos que lim (M f (x)) = L · M . Daí, pela propriedade do
x→x0
limite da soma, temos
Sejam f, g : (x0 , b) → R funções deriváveis, tais que lim |f (x)| = lim |g(x)| = +∞
x→x+
0 x→x+
0
f 0 (x)
e que g 0 (x) 6= 0 para x 6= x0 numa vizinhança de x0 . Se lim existe ou vai para
x→x+
0
g 0 (x)
o infinito, então
f (x) f 0 (x)
lim = lim 0 .
x→x+
0
g(x) x→x+ 0
g (x)
O mesmo resultado vale se substituirmos x0 por +∞ ou −∞.
Demonstração:
A demonstração se encontra na videoaula Demonstração da 2ª Regra de L’Hospital e
também se encontra na página 376. Pode ser interessante para o leitor assistir antes a
demonstração feita em Demonstração da 1ª Regra de L’Hospital.
304 Matemática Universitária
Exercícios
1. Sejam f, g, h : (a, +∞) → R funções satisfazendo f (x) ≤ g(x) ≤ h(x) para todo x.
Se lim f (x) = lim h(x) = L, mostre que lim g(x) = L.
x→+∞ x→+∞ x→+∞
2. Seja f uma função real. Mostre que vale a desigualdade. −|f (x)| ≤ f (x) ≤ |f (x)|
para todo x. Conclua então que se lim |f (x)| = 0, então lim f (x) = 0.
x→x0 x→x0
Nesta seção, discutiremos a diferença entre o conjunto dos reais e o conjunto dos
racionais. Para entendermos um pouco o quão fina é esta discussão, vamos listar as
propriedades em comum entre os dois. Nos tópicos abaixo, K pode significar Q ou R.
• Dados x, y ∈ K, então x ± y ∈ K e x · y ∈ K.
x
• Se x, y ∈ K e y 6= 0, então ∈ K.
y
• Se x, y ∈ K e x < y, então existe z ∈ K tal que x < z < y.
Se f : [a, b] → R é contínua com f (a) < 0 e f (b) > 0. Existe c ∈ (a, b) tal que f (c) = 0.
O leitor já deve ter escutado que a reta real não possui buracos. Mas como justificamos
o trecho, R não possui buracos, então vale o teorema de Bolzano? Para respondermos
a esta pergunta, vamos nos basear em um axioma da geometria euclidiana que diz que
fixado a unidade de medida, todo segmento de reta é medível. Mais precisamente, dados
dois pontos A e B, existe um único d ∈ R tal que o segmento de reta AB possui medida d.
Com este axioma em mente, sugerimos assistir à nossa videoaula Propriedade dos Inter-
valos Encaixantes. Nele, praticamente mostramos que todo número √real possui expansão
por casas decimais, apenas especializamos o argumento para x = 2.
Será necessário a definição de limite de uma sequência (xn ). Para uma introdução de
sequências a nível análise, sugerimos à nossa videoaula Definição de Sequências.
Seja (xn )n∈N sequência de números reais. Dizemos que a sequência converge para
um determinado valor L se, para todo ε > 0, existe n0 ∈ N tal que para todo n > n0 ,
tem-se |xn − L| < ε.
Caso xn converge para L, denotamos por lim xn = L.
n→+∞
306 Matemática Universitária
I0 ⊇ I1 ⊇ . . . ⊇ In ⊇ . . .
1. b é cota superior de X;
Demonstração:
A demonstração se encontra na página 329.
Para o leitor se convencer que o axioma do supremo caracteriza o conjunto dos nú-
meros reais, recomendamos a nossa videoaula Todo Número Real Possui Expansão por
Casas Decimais.
Seja (an )n∈N sequência crescente e limitada. Seja X = {an /n ∈ N} conjunto limitado
e L o supremo de X, então an converge e vale
lim an = L.
n→+∞
Demonstração:
A demonstração se encontra na videoaula Sequências Crescentes e Limitadas Convergem
e também na página 330.
1 n
Na página 365, encontra-se uma demonstração que a sequência an = 1 + é
n
crescente e limitada. Portanto, pelo teorema 9.4.7, tal sequência converge. E definimos o
número de Euler como o limiteda sequência. Em um argumento padrão visto na seção,
x
1
9.3, prova-se que lim 1+ converge para o número de Euler (ver página 366).
x→+∞ x
Se formos bem
técnico com a lógica matemática, não provamos ainda no livro que
1 x
f (x) = 1 + faz sentido nos reais positivos. Provamos apenas que faz sentido no
x
1
x ln 1 +
conjunto dos racionais. Note que f (x) = e x e a condição da função f estar
definida nos reais positivos é consequência de a função ex estar definida nos reais e, como
ex = 2x log2 e , basta mostrar que 2x está bem definida nos reais.
Demonstração:
A demonstração da existência da F se encontra na página 331 e a demonstração da con-
tinuidade da F se encontra na página 353. Sem utilizar o teorema da função inversa,
provamos no exemplo 9.3.5 a continuidade da função logarítmica.
308 Matemática Universitária
Sejam f : (a, b) → R função e x0 ∈ (a, b) tais que lim f (x) = L > 0. Então, existe
x→x0
δ > 0 tal que f (x) > 0 para todo x satisfazendo 0 < |x − x0 | < δ.
Demonstração:
A demonstração se encontra na página 333.
1. (teorema de Bolzano). Se f (a) · f (b) < 0, então existe c ∈ (a, b) tal que f (c) = 0.
2. (teorema do valor intermediário). Se f (a) < f (b) e d ∈ (f (a), f (b)), então existe
um c ∈ (a, b) tal que f (c) = d. Analogamente, se f (a) > f (b) e d ∈ (f (b), f (a)),
então existe c ∈ (a, b) tal que f (c) = d.
Demonstração:
A demonstração se encontra na página 347. Note que há duas demonstrações distintas
do teorema de Bolzano, uma com o conceito de intervalos encaixantes (no vídeo) e outra
com o conceito do axioma do supremo.
Demonstração:
A demonstração se encontra na nossa videoaula Demonstração que Funções Contínuas
Bijetoras São Monótonas e também na página 348.
Renan Lima 309
Seja f : (a, b) → (c, d) função contínua e bijetora, então f −1 : (c, d) → (a, b) é contínua.
Demonstração:
A demonstração se encontra na videoaula Demonstração da Continuidade da Inversa e
também na página 349. As principais ideias utilizadas na demonstração deste resultados
foram feitas na seção 9.2. Mais especificamente nos exemplos 9.2.8 e 9.2.9.
Demonstração:
A demonstração se encontra na nossa videoaula Demonstração do Teorema de Weiers-
trass. A demonstração por escrito se encontra na página 350.
Exercícios
1. Em cada um dos itens abaixo, determine o sup X e demonstre que, de fato, tal
elemento é o supremo.
a) X = (3, 6) b) X = (−2, 3] c) X = (1, 2) ∪ {3}
1
d) X = (0, π) ∩ Q e) X = (0, π] ∩ Z f) X = − / n ∈ N
n
2. Sejam X e Y subconjuntos não vazios e limitados de R.
a) Mostre sup(X ∩ Y ) ≤ sup X.
b) Mostre que X ∪ Y é um conjunto limitado. Mais ainda, se sup X ≤ sup Y , mostre
que sup(X ∪ Y ) = sup Y .
3. Seja f : [0, 1] → [0, 1] função contínua. Mostre que existe c ∈ [0, 1] tal que f (c) = c.
6. Seja f : R → R função contínua e bijetora. Mostre que se lim f (x) = +∞, então
x→+∞
−1
lim f (x) = +∞.
x→+∞
Respostas
Exercício 1
a) sup X = 6 b) sup X = 3 c) sup X = 3
d) sup X = π e) sup X = 3 f) sup X = 0
Renan Lima 311
Nesta seção, será exposto, de forma a rigorosa, a definição de integral como o limite
de um somatório. Vimos na seção 7.7 uma definição simplificada de Soma de Riemann
em que subdividimos os intervalos em pedaços iguais. É possível desenvolver a teoria
de integração via soma de Riemann, mas vamos abordar um método mais simplificado,
devido a Darboux, sobre a definição de integral. A motivação do método de Darboux
pode ser encontrada na aula Introdução com Física ao Conceito de Integral.
Apesar disso, é bastante provável que o excesso de notação traga bastante dificulda-
des a alunos em primeiro contato com a versão rigorosa de integral e não há problema
algum em entender apenas as duas primeiras páginas e aceitar os resultados básicos desta
seção (por exemplo, integral da soma é a soma da integral). Pode ser interessante também
estudar a seção seguinte, que acreditamos ser mais amigável.
Para evitarmos algumas tecnicalidades, vamos supor que f : [a, b] → R é contínua,
mas deixamos claro que toda parte básica da definição pode ser obtida supondo que f é
uma função limitada e não necessariamente contínua.
fica bem mais simples de ser demonstrada a ponto de valer a pena esse esforço inicial.
Teorema 9.5.3
Demonstração:
Vamos provar que s(f, P) ≤ s(f, Q). A outra desigualdade é análoga. Faremos, inicial-
mente, o caso em que Q contém apenas um ponto a mais e tal ponto esteja entre xk−1 e
xk , isto é,
P = {x0 = a, x1 , · · · , xn },
Q = {x0 = a, x1 , · · · , xk−1 , t, xk , · · · , xn }.
Para a desigualdade S(f, Q) − s(f, Q) ≤ S(f, P) − s(f, P), basta ver que
S(f, P) − s(f, P) − S(f, Q) − s(f, Q) = S(f, P) − S(f, Q) + s(f, Q) − s(f, P) ≥ 0.
A última desigualdade se deve ao fato de os termos dentro dos colchetes serem positivos.
Corolário 9.5.4
Demonstração:
Seja Q = P ∪ R. Como P ⊆ Q e R ⊆ Q, então, pelo teorema 9.5.3, temos que
Teorema 9.5.5
Sejam f : [a, b] → R função e m, M ∈ R tais que m ≤ f (x) ≤ M para todo x ∈ [a, b].
Se P = {x0 = a, x1 , · · · , xn = b} é uma partição de [a, b], então
Demonstração:
n
X
Escreva s(f, P) = mi ∆xi , onde mi é o menor valor de f em [xi−1 , xi ] e ∆xi = xi −xi−1 .
i=1
Temos, por hipótese que m ≤ mi para todo i e, portanto,
n
X n
X n
X
m(b − a) = m · ∆xi = m∆xi ≤ mi ∆xi = s(f, P).
i=1 i=1 i=1
Ao leitor que entendeu a construção, esperamos que fique claro que toda construção
do método de Darboux pode ser feita supondo que f : [a, b] → R seja apenas uma
Xn n
X
função limitada, com S(f, P) = Mi ∆xi e s(f, P) = mi ∆xi , em que
i=1 i−1
Z b
f (x) dx = inf{S(f, P) / P partição de [a, b]}
a
Z b Z b
Dizemos que f é integrável se f (x) dx = f (x) dx. Neste caso, denotamos
a a
Z b Z b Z b
f (x) dx = f (x) dx = f (x) dx.
a a a
314 Matemática Universitária
Teorema 9.5.7
Sejam X, Y ⊆ R conjuntos limitados não vazios tais que para todo x ∈ X e para todo
y ∈ Y , tem-se x ≤ y, então sup X ≤ inf Y .
Demonstração:
Se provarmos que b = inf Y é uma cota superior do conjunto X, então como sup X é a
menor cota superior, temos que sup X ≤ inf Y .
Supomos que b não é cota superior de X. Então existe x ∈ X tal que b < x. Como
b = inf Y é a maior cota inferior, então x não é conta inferior de Y e, portanto, existe
y ∈ Y tal que y < x. Contrariando a hipótese dos conjuntos X e Y .
Corolário 9.5.8
Z b Z b
Se f : [a, b] → R função limitada, então f (x) dx ≤ f (x) dx.
a a
Demonstração:
Tome X = {s(f, P) / P partição de [a, b]} e Y = {S(f, P) / P partição de [a, b]}, temos
que X e Y são não vazios, o corolário 9.5.4 diz que para todo x ∈ X e y ∈ Y , tem-se x ≤ y
e pelo teorema 9.5.7, temos
Z b Z b
f (x) dx = sup X ≤ inf Y = f (x) dx.
a a
Teorema 9.5.9
Sejam X, Y ⊆ R limitados e não vazios tais que para todo x ∈ X e todo y ∈ Y , tem-se
x ≤ y. São equivalentes
1. sup X = inf Y .
Demonstração:
ε
(1. ⇒ 2.) Supomos que sup X = inf Y = b. Dado ε > 0, então b − não é cota superior
2
ε
de X e, portanto, existe x ∈ X tal que b − < x.
2
ε ε
Analogamente, b + não é cota inferior de X e, portanto, existe y ∈ Y tal que y < b + .
2 2
Logo temos que
ε ε
b− <x≤y <b+ .
2 2
Daí, ε ε
y−x< b+ − b− = ε.
2 2
(2. ⇒ 1.) Pelo teorema 9.5.7, tem-se sup X ≤ inf Y . Supomos que sup X < inf Y e tome
ε = inf Y − sup X > 0. Então dados x ∈ X e y ∈ Y , temos que x ≤ sup X < inf Y ≤ y.
Daí,
y − x ≥ inf Y − sup X = ε,
contrariando a hipótese de 2). Isso mostra que sup X = inf Y .
Demonstração:
Sejam X = {s(f, P) / P partição de [a, b]} e Y = {S(f, P) / P partição de [a, b]}.
Suponha que f é integrável em [a, b]. Então sup X = inf Y e como x ≤ y para todo x ∈ X
e y ∈ Y , dado ε > 0, então pelo teorema 9.5.9, existem partições Q e R de [a, b] tais que
x = s(f, Q) ∈ X e y = S(f, R) ∈ Y satisfazendo que y − x < ε. Tome P = Q ∪ R, então
Q ⊆ P e R ⊆ P. Pelo teorema 9.5.3, temos que
Daí,
S(f, P) − s(f, P) ≤ S(f, R) − s(f, Q) < ε.
Teorema 9.5.11
Se A ⊆ X são conjuntos não vazios e limitados, então inf X ≤ inf A ≤ sup A ≤ sup X.
Além disso, suponha que para todo x ∈ X, exista a ∈ A tal que a ≥ x. Então
sup A = sup X.
Analogamente, se para todo x ∈ x, existe a ∈ A tal que a ≤ x, então inf X = inf Y .
316 Matemática Universitária
Demonstração:
Para demonstrar que inf X ≤ inf A, basta mostrar que β = inf X é cota inferior de A.
Dado a ∈ A. Como A ⊆ X, temos que a ∈ X. Como β é cota inferior de X, temos que
β ≤ a e isso mostra que β é cota inferior de A.
Analogamente, é possível mostrar que sup X é cota superior de A.
Suponha que, além de A ⊆ X, tem-se também que para todo x ∈ X, existe a ∈ A tal que
a ≤ x. Seja β = inf X e dado ε > 0, vamos demonstrar que β + ε não é cota inferior de A.
Como β + ε não é cota inferior de X, existe x ∈ X tal que x < β + ε. Por hipótese, existe
a ∈ A tal que a ≤ x e, portanto, β + ε não é cota inferior de A. Utilizando que β é cota
inferior de A, concluímos, por definição de ínfimo, que β = inf A.
Corolário 9.5.12
Sejam f : [a, b] → R função limitada e c ∈ (a, b). Se X = {s(f, P) /P partição de [a, b]}
e A = {s(f, P) / P partição de [a, b] com c ∈ P}. Então sup A = sup X.
O enunciado é análogo para as somas superiores.
Demonstração:
Claramente temos que A ⊆ X. Além disso, dado x = s(f, P) ∈ X, considere Q = P ∪ {c}
e a = s(f, Q) ∈ A, então, pelo teorema 9.5.3, temos que x < a e, pelo teorema 9.5.11,
concluímos que sup A = sup X.
Teorema 9.5.13
Demonstração:
A demonstração pode ser encontrada em Exercício 1 envolvendo o Supremo. Vamos
reproduzi-la aqui.
Seja a = sup X e b = sup Y . Dado z ∈ X + Y , então, pela definção de X + Y , existem
x ∈ X e y ∈ Y tais que z = x + y. Como x ≤ a e y ≤ b, temos que z ≤ a + b e isso mostra
que a + b é cota superior de X + Y . Precisamos provar que a + b é a menor cota superior
ε ε
de X + Y . Dado ε > 0, então a − e b − não são, respectivamente, cotas superios de X
2 2
e Y e, portanto, existem x ∈ X e y ∈ Y tais que
ε
a− < x ≤ a,
2
ε
b − < y ≤ b.
2
Somando as duas, temos que a+b−ε < x+y e, como x+y ∈ X +Y , temos que a+b−ε não
é cota superior. Isso mostra que a+b é o supremo de X +Y , como queríamos demonstrar.
A demonstração que inf(X + Y ) = inf X + inf Y é deixada como exercício.
Renan Lima 317
Corolário 9.5.14
Demonstração:
Note que se P1 e P2 são partições de [a, c] e [c, b] respectivamente, então P = P1 ∪ P2 é
partição de [a, b] e vale
s(f, P) = s(f, P1 ) + s(f, P2 )
S(f, P) = S(f, P1 ) + S(f, P2 ).
Suponha que f é integrável em [a, b]. Então, pelas igualdades acimas, temos
Z b Z c Z b Z c Z b
f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx.
a a c a c
Z c Z c Z b Z b
Como f (x) dx ≤ f (x) dx e f (x) dx ≤ f (x) dx, a igualdade acima só é possível
a a c c
se f é integrável em [a, c] e em [c, b], simultaneamente e vale, portanto, a fórmula.
Z b Z c Z b
f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx.
a a c
Z b Z c Z b
Com esta definição, vale a fórmula f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx, mesmo
a a c
para c > b ou c < a, desde que f seja integrável em todos os intervalos considerados.
Teorema 9.5.15
Demonstração:
Vamos demonstrar apenas o caso que inf kX = k sup X se k < 0 e deixaremos os outros
como exercício. Seja b = sup X. Vamos mostrar, primeiramente, que kb é cota inferior do
conjunto kX.
Dado y ∈ kX, então existe x ∈ X tal que y = kx. Como b é cota superior de X, tem-se
x ≤ b. Além disso, como k < 0, então y = kx ≥ kb e, portanto, kb é cota inferior de kX.
Dado ε > 0. Vamos mostrar que kb + ε não é cota inferior de kX. Como k < 0, temos
ε ε
que b + < b não é cota superior de X e, portanto, existe x ∈ X tal que b + < x. Daí,
k k
kb + ε > kx e kx ∈ kX.
Corolário 9.5.16
Demonstração:
Faremos apenas o caso k < 0 e deixaremos o caso k ≥ 0 como exercício.
Seja P = {x0 = a, x1 , · · · , xn−1 , xn = b} partição de [a, b] e mi = inf{f (x) /x ∈ [xi−1 , xi ]}.
Então pelo teorema 9.5.15, temos que kmi = sup{kf (x) / x ∈ [xi−1 , xi ]}. Logo
Como esta igualdade é válida para qualquer partição P, concluímos, pelo teorema 9.5.15
Z b Z b Z b
kf (x) dx = k f (x) dx = k f (x) dx.
a a a
Z b Z b Z b
Analogamente, temos kf (x) dx = k f (x) dx = k f (x) dx. Logo
a a a
Z b Z b Z b
kf (x) dx = kf (x) dx = k f (x) dx.
a a a
Renan Lima 319
Demonstração:
Seja P = {x0 = a, x1 , · · · , xn = b} partição de [a, b] e defina
O motivo de não valer necessariamente a igualdade é porque não temos garantia que o
mínimo da f e o da g ocorrem exatamente no mesmo ponto x. Portanto, temos que
Foi provado que para cada a ∈ X + Y , existe um z ∈ Z tal que a ≤ z. É fácil concluir que
sup(X + Y ) ≤ sup Z.
Z b
Z b Z b
Analogamente, prova-se que f (x) + g(x) dx ≤ f (x) dx + g(x) dx.
a a a
Como f e g são funções integráveis, provamos que
Z b Z b Z b
Z b
Z b Z b
f (x) dx + g(x) dx ≤ f (x) + g(x) dx ≤ f (x) + g(x) dx ≤ f (x) dx + g(x) dx.
a a a a a a
Logo,
Z b
Z b
Z b Z b
f (x) + g(x) dx = f (x) + g(x) dx = f (x) dx + g(x) dx.
a a a a
320 Matemática Universitária
Exercícios
Seja f : [a, b] → R função contínua. Então para todo ε > 0, existe δ > 0 tal que para
todo x, y ∈ [a, b], com |x − y| < δ, tem-se |f (x) − f (y)| < ε.
Demonstração:
Dado ε > 0. Para fixar as ideias, façamos a seguinde definição. Dizemos que f é ε-
admissível no intervalo I, se existe δ > 0 tal que para todo x, y ∈ I,
δ1
Isso mostra que f é ε-admissível em [a, β + δ1 ) e, em particular, β + ∈ X, o que é
2
absurdo, pois β = sup X.
Falta provar que β = b. Supomos que β < b, então repetindo o argumento anterior, existe
δ
δ > 0, tal que β + δ < b e que f é ε-admissível em [a, β + δ). Em particular, β + ∈ X e
2
contradiz que β é uma cota superior de X.
Demonstração:
Dado ε > 0. Construiremos uma partição P tal que, na notação da seção anterior, tem-
se S(f, P) − s(f, P) < ε e a integrabilidade é uma consequência direta do critério de
Darboux para integrabilidade, ver corolário 9.5.10.
Pelo teorema 9.6.1, f é uniformemente contínua em [a, b] e, portanto, existe δ > 0 tal
que para todo x, y ∈ [a, b], tem-se
ε
se |x − y| < δ, então |f (x) − f (y)| < .
b−a
1
Seja n ∈ N tal que < δ e considere P = {x0 = a, x1 , · · · , xn } uma partição regular de n
n
pedaços. Pelo teorema de Weierstrass, temos, para cada i, existem αi , βi ∈ [xi−1 , xi ] tais
que f (αi ) = mi e f (βi ) = Mi , em que mi e Mi são, respectivamente, o mínimo e máximo
1
global de f em [xi−1 , xi ]. Note que como xi −xi−1 = < δ, então |αi −βi | < δ e, portanto,
n
n
X n
X
S(f, P) − s(f, P) = (Mi − mi )∆xi = (f (βi ) − f (αi ))∆xi
i=1 i=1
n n
X ε ε X
< ∆xi = ∆xi = ε.
b−a b−a
i=1 i=1
Corolário 9.6.3
Demonstração:
Como f é limitada, existem m, M tais que m ≤ f (x) ≤ M para todo x ∈ [a, b]. Dado
ε > 0, suficientemente pequeno, seja P = {x0 = a, x1 , · · · , xn−1 , xn = b} de [a, b]. A ideia
ε
é escolher xn−1 suficientemente próximo de b de modo que (M − m)∆xn < e utilizar o
2
fato de que f é contínua em [a, xn−1 ] e, portanto, integrável em [a, xn−1 ].
Renan Lima 323
ε
Defina, portanto, c = b − e exija que ε é pequeno suficiente de modo que
2(M − m)
c > a. Como f é contínua em [a, c], então pelo teorema 9.6.2, existe uma partição Q =
ε
{x0 = a, x1 , · · · , xn−1 = c} tal que S(f, Q) − s(f, Q) < . Defina P = Q ∪ {b}, então P é
2
partição de [a, b] e vale
Corolário 9.6.4
Demonstração:
Sejam ci , com i = 1, · · · , n e ci−1 < ci , os pontos de descontinuidade da f . Pelo corolário
9.6.3, temos que f é integrável em [a, c1 ], [c1 , c2 ], · · · , [cn , b]. Aplicando o corolário 9.5.14
diversas vezes, temos que f é integrável em [a, b].
Demonstração:
Seja x0 ∈ (a, b). Devemos provar que lim F (x) − F (x0 ) = 0.
x→x0
Como f é limitada, existem m, M ∈ R tais que m ≤ f (x) ≤ M para todo x ∈ [a, b].
Utilizando a observação após o corolário 9.5.14, temos que
Z x Z x0 Z x
F (x) − F (x0 ) = f (x) dx − f (x) dx = f (x) dx.
a a x0
Demonstração:
Fixemos x ∈ [a, b) e seja h > 0, suficientemente pequeno. Vamos estimar o valor de
F (x + h) − F (x)
. Temos que
h
Z x+h Z x
1 x+h
F (x + h) − F (x)
Z
1
= f (t) dt − f (t) dt = f (t) dt.
h h a a h x
Daí,
F (x + h) − F (x)
f (ch ) ≤ ≤ f (Ch ).
h
Como f é contínua, temos que lim ch = lim f (Ch ) = f (x) e, pelo teorema do con-
h→0+ h→0+
fronto, concluímos que
x+h
F (x + h) − F (x)
Z
1
lim = lim f (t) dt = f (x).
h→0 + h h→0 + h x
Seja f : [a, b] → R função contínua. Então para todo ε > 0, existe um δ > 0 tal que
para toda partição P = {x0 , x1 , · · · , xn } de [a, b] com P| < δ, tem-se
n
X Z b
f (ci )∆xi − f (x) dx < ε,
i=1 a
Demonstração:
A demonstração é bem semelhante com a do teorema 9.6.2 que diz que toda função con-
tínua é integrável. Dado ε > 0. Pela continuidade uniforme de f em [a, b], existe δ > 0 tal
que para todo x, y ∈ [a, b], temos
ε
se |x − y| < δ, então |f (x) − f (y)| < .
b−a
Considere P = {x0 , x1 , · · · , xn } partição de [a, b] com |P| < δ e seja ci ∈ [xi−1 , xi ]. Pelo
teorema de Weierstrass, temos, para cada i, pontos αi , βi ∈ [xi−1 , xi ] tais que f (αi ) = mi
e f (βi ) = Mi , em que mi e Mi são o mínimo e máximo global, respectivamente, de f em
[xi−1 , xi ]. Como xi − xi−1 < δ, então |αi − βi | < δ e, portanto,
n
X n
X
S(f, P) − s(f, P) = (Mi − mi )∆xi = (f (βi ) − f (αi ))∆xi
i=1 i=1
n n
X ε ε X
< ∆xi = ∆xi = ε.
b−a b−a
i=1 i=1
em que ci , di ∈ [xi−1 , xi ] para todo i e fizemos a observação que o somatório acima con-
Z b p
verge, independentemente das escolhas de ci e di , para 2π f (x) 1 + [f 0 (x)]2 dx.
a
Teorema 9.6.9
Sejam f, g : [a, b] → R funções contínuas. Então para todo ε > 0, existe δ > 0 tal que
para toda partição P = {x0 = a, x1 , · · · , xn = b} de [a, b] com |P| < δ e para qualquer
conjuntos de pontos ci , di ∈ [xi−1 , xi ], tem-se
n
X Z b
f (ci )g(di )∆xi − f (x)g(x) dx < ε.
i=1 a
Demonstração:
Dado ε > 0. Como f é contínua, então existe M > 0 tal que |f (x)| ≤ M para todo
x ∈ [a, b]. Como g é uniformemente contínua em [a, b], existe δ1 > 0 tal que para todo
x, y ∈ [a, b], temos que
ε
se |x − y| < δ1 , então |g(x) − g(y)| < .
2M (b − a)
Como f · g é contínua, então pelo teorema 9.6.8, existe δ2 > 0 tal que para toda partição
P = {x0 = a, x1 , · · · , xn = b} com |P| < δ2 e para qualquer escolha de ci ∈ [xi−1 , xi ],
n Z b
X ε
tem-se f (ci )g(ci )∆xi − f (x)g(x) dx < . Tome δ = min{δ1 , δ2 }.
a 2
i=1
n
X n
X Z b
Sejam A = f (ci )g(di ) ∆xi , B = f (ci )g(ci ) ∆xi e C = f (x)g(x)dx. Temos, pela
i=1 i=1 a
desigualdade triangular,
ε ε
|A − C| = |(A − B) + (B − C)| ≤ |A − B| + |B − C| < + = ε.
2 2
Renan Lima 327
Exercícios
1. Seja f : [a, b] → R função limitada integrável e dado c ∈ [a, b]. Suponha que g e
uma função definida em [a, b] tal que f (x) = g(x) se x 6= c. Mostre que g é limitada
e integrável em [a, b] e vale
Z b Z b
f (x) dx = g(x) dx.
a a
Z x
3. Seja f : [a, b] → R função integrável e seja F (x) = f (t) dt. Mostre que existe
a
k > 0 tal que para todo x, y ∈ [a, b], tem-se
6. Se f, g : [a, b] → R integráveis com f (x) ≤ g(x) para todo x ∈ [a, b]. Mostre que
Z b Z b
f (x) dx ≤ g(x) dx.
a a
7. Se f : [a, b] → R é contínua em [a, b) e limitada em [a, b]. Mostre que para todo
ε > 0, existe δ > 0 tal que para toda partição P = {x0 , x1 , · · · , xn } de [a, b] com
P| < δ, tem-se
n
X Z b
f (ci )∆xi − f (x) dx < ε,
i=1 a
As Demonstrações do Cálculo
Diferencial
Como dito no prefácio deste livro, o apêndice tem como objetivo formar uma espécie
de enciclopédia de demonstrações dos resultados do cálculo em que o leitor encontre,
com alguma facilidade, as demonstrações dos resultados.
Tomei o cuidado para que a demonstração de cada teorema ficasse em uma única
página, priorizando a ordenação lógica dos resultados. Por exemplo, na demonstração
do teorema da página 374, só posso utilizar os resultados da página 328 até a página 373.
Na maioria dos teoremas, há também um link de vídeos para ajudar na compreensão da
demonstração.
O problema de priorizar a ordenação lógica é que as primeiras demonstrações es-
tão entre as mais difíceis do cálculo e, provavelmente, demandarão muito tempo para
entendê-las completamente. Para o leitor que está começando o curso e possui a curio-
sidade natural em aprender as demonstrações, não desanime se tiver com dificuldades e
comece pela parte principal do texto.
No final da maioria das demonstrações, existe um botão escrito Voltar para a página.
Este botão tem dois objetivos: o primeiro é que existiam, nos capítulos principais do livro,
demonstrações que omiti e apenas direcionei para a página e, por conforto, coloquei um
link para voltar. O segundo objetivo é voltado para o leitor que esteja lendo o apêndice
e esteja com dificuldades em entender a demonstração. Este botão pode ser um recurso
interessante para direcionar o leitor ao corpo principal do texto e aumentar a base mate-
mática para que ajude no entendimento da demonstração do resultado.
Há páginas que não têm o botão Voltar para página e nem um link direcionando para
vídeos. Aviso que não foi esquecimento do autor. Foram resultados que não utilizei no
corpo principal do texto e também não vi necessidade de produzir um vídeo específico.
Dividi este apêndice em algumas seções e, caso deseje ler alguma demonstração de
um teorema específico, acredito que fique fácil folhear e encontrar a demonstração. Torço
que esta organização instigue o estudante a apreciar uma demonstração matemática.
Renan Lima 329
1. x ≤ b para todo x ∈ X.
Demonstração:
A demonstração pode ser encontrada em Demonstração da Existência do Supremo. Va-
mos reproduzi-la aqui.
Em ambos os casos, temos que a1 não é cota superior de X, b1 é cota superior de X e que
o tamanho do intervalo I1 é a metade de tamanho do intervalo I0 .
Suponha que construimos o intervalo In = [an , bn ] em que an não é cota superior de X,
bn é cota superior de X e que o tamanho do intervalo de In é a metade do tamanho do
intervalo In−1 . Seja y o ponto médio de In . Temos duas possibilidades:
Em ambos os casos, temos que an+1 não é cota superior de X, bn+1 é cota superior de X
e que o tamanho do intervalo In+1 é a metade de tamanho do intervalo In .
Pela propriedade dos intervalos encaixantes, existe um único b ∈ R tal que b ∈ In para
todo n natural. Afirmamos que b é o supremo do conjunto X.
b é cota superior de X pois, caso contrário, existe x ∈ X tal que b < x. Como b é o único
elemento em todos In , existe n ∈ N tal que x ∈ / In = [an , bn ]. Como bn é cota superior de
X, então x ≤ bn e, como x ∈/ [an , bn ], temos que x < an . Como b < x e x < an , concluímos
que b ∈/ In . Um absurdo. Logo b é cota superior de X.
Suponha que exista y ∈ R tal que y é cota superior de X e y < b. Como y 6= b, existe
n ∈ N tal que y ∈
/ In = [an , bn ]. Como an não é cota superior de X, temos que y > an .
Logo y > bn . Como b > y, concluímos que b > bn e, portanto, b ∈
/ In . O que é absurdo.
Provamos então que se y é cota superior de X, então b ≤ y.
Seja (an )n∈N sequência crescente e limitada. Seja X = {an /n ∈ N} conjunto limitado
e L o supremo de X, então an converge e vale
lim an = L.
n→+∞
Demonstração:
A demonstração se encontra na videoaula Sequências Crescentes e Limitadas Conver-
gem. Vamos reproduzir sua demonstração.
Dado ε > 0. Temos, pela propriedade 2 do teorema A.2.1, que L − ε não é cota superior
de X. Logo existe n0 ∈ N tal que
L − ε < an0 .
Como an ≤ L para todo n ∈ N e a sequência (an )n∈N é crescente, então, se n > n0 , temos
Provamos que
−ε < an − L < ε para todo n > n0 .
Juntando todas as informações, provamos que dado ε > 0, existe n0 ∈ N tal que para
todo n > n0 , tem-se |an − L| < ε, como queríamos demonstrar.
Demonstração:
A demonstração se encontra no vídeo Demonstração da Existência da Função Exponen-
cial. Vamos reproduzi-la aqui.
Seja x ∈ R − Q. Se x > 0, considere a sua expansão por casas decimais,
x = x0 , x1 x2 . . . xn . . . .
an = 2cn e bn = 2dn .
Como a função f (x) = 2x é crescente, temos que an < an+1 < bn+1 < bn para todo n ≥ 0.
Seja In = [an , bn ]. Pelo que foi dito acima, temos que In é uma sequência de intervalos
encaixantes, isto é, In ⊆ In+1 para todo n ≥ 0. Vamos provar que bn − an → 0.
n0 ε
Dado ε > 0. Seja n0 ∈ N tal que 2 < 1 + . Utilizando binômio de Newton, observe
b0
n0
ε n0 ε 10
n0 ε
que 1 + ≤ 1+ < 1+ e, portanto, para todo n ≥ n0 , temos
b0 b0 b0
−n −n0
dn cn
bn − an = 2 − 2 = 2 .(2 cn dn −cn cn
− 1) = 2 . 2 10 d0
−1 <2 . 2 10 −1
−n0
10−n0 10n0 !10
n0 ε ε
< b0 1 + − 1 < b0 1+ − 1
b0 b0
ε
= b0 1+ −1 = ε.
b0
Demonstração:
A demonstração do item 1. se encontra em Demonstração da Unicidade do Limite. Va-
mos apenas transcrevê-la aqui.
1. Suponha que não é único, isto é, existem dois valores L e M , com L 6= M , tal que
|L − M |
lim f (x) = L e lim f (x) = M . Tome ε = .
x→x0 x→x0 2
Pela definição de limite, existem δ1 > 0 e δ2 > 0 tais que
|L − M |
0 < |x − x0 | < δ1 ⇒ |f (x) − L| < ,
2
|L − M |
0 < |x − x0 | < δ2 ⇒ |f (x) − M | < .
2
Tome δ = min{δ1 , δ2 } e fixe um valor X satisfazendo 0 < |X − x0 | < δ. Então, como
0 < |X − x0 | < δ ≤ δ1 e 0 < |X − x0 | < δ ≤ δ2 temos que
|L − M | |L − M |
|f (X) − L| < e |f (X) − M | < .
2 2
Pela desigualdade triangular, temos
|L − M | = |L − f (X) + f (X) − M |
≤ |L − f (X)| + |f (X) − M |
= |f (X) − L| + |f (X) − M |
|L − M | |L − M |
< +
2 2
= |L − M |.
Sejam f : (a, b) → R função e x0 ∈ (a, b) tais que lim f (x) = L > 0. Então, existe
x→x0
δ > 0 tal que f (x) > 0 para todo x satisfazendo 0 < |x − x0 | < δ.
Demonstração:
Uma demonstração pode ser encontrada na nossa videoaula Demonstração do Teorema
da Conservação de Sinal. Na videoaula, é especializado o resultado para funções con-
tínuas, mas a demonstração é igual se substituirmos f (x0 ) por L. Vamos reproduzi-la
aqui.
Para fixar as ideias, suponha que L > 0 e tome ε = L. Por hipótese, existe δ > 0 tal que
Demonstração:
1. A demonstração se encontra no vídeo Demonstração do Limite da Soma. Vamos
reproduzi-la aqui. Dado ε > 0. Por hipótese, existem δ1 > 0 e δ2 > 0 tais que
ε
0 < |x − x0 | < δ1 ⇒ |f (x) − L| < ,
2
ε
0 < |x − x0 | < δ2 ⇒ |g(x) − M | < .
2
Tome δ = min{δ1 , δ2 }. Se 0 < |x − x0 | < δ, então, pela desigualdade triangular
f (x) L
lim = .
x→x0 g(x) M
Demonstração:
A demonstração se encontra na videoaula Demonstração do Limite da Divisão. Vamos
reproduzi-la aqui.
1 1
Começamos com o caso particular que se lim g(x) = M , M 6= 0, então lim = .
x→x0 x→x0 g(x) M
Dado ε > 0. Por hipótese, existem δ1 > 0 e δ2 > 0 tais que
|M |2 ε
0 < |x − x0 | < δ1 ⇒ |g(x) − M | < ,
2
|M |
0 < |x − x0 | < δ2 ⇒ |g(x) − M | < .
2
Utilizando a desigualdade triangular |a − b| ≥ |a| − |b|, temos que se 0 < |x − x0 | < δ2 ,
então
|g(x)| = |M + (g(x) − M )|
|M |
≥ |M | − |g(x) − M | > .
2
Daí,
1 2
< .
|g(x)| |M |
Tome δ = min{δ1 , δ2 }. Se 0 < |x − x0 | < δ, temos
1 1 M − g(x) |g(x) − M |
− = =
g(x) M M g(x) |M ||g(x)|
|M |2 ε
2 ε|M | 1
< = · < ε.
|M ||g(x)| 2 |g(x)|
f (x) 1 1 L
lim = lim f (x) · =L· = .
x→x0 g(x) x→x0 g(x) M M
Demonstração:
Basta usar a definição de limites e o fato de que |f (x)| = |f (x)|.
lim f (x) = 0 ⇐⇒
x→x0
Para todo ε > 0, existe δ > 0, tal que se 0 < |x − x0 | < δ, então |f (x) − 0| < ε ⇐⇒
Para todo ε > 0, existe δ > 0, tal que se 0 < |x − x0 | < δ, então ||f (x)| − 0| < ε ⇐⇒
lim |f (x)| = 0.
x→x0
Renan Lima 337
Demonstração:
A demonstração se encontra na nossa videoaula Definição Formal de Limites Laterais.
Vamos reproduzi-la aqui.
Dado ε > 0. Por hipótese, existe δ > 0 tais que 0 < |x − x0 | < δ, temos
|f (x) − L| < ε.
Tome δ = min{δ1 , δ2 } e x tal que 0 < |x − x0 | < δ. Vamos provar que |f (x) − L| < ε.
2. lim
f (x) − g(x) = L − M. f (x) L
x→+∞
4. lim = , caso M 6= 0.
x→+∞ g(x) M
O mesmo vale se substituirmos +∞ por −∞.
Demonstração:
1. As demonstrações são parecidas com as das propriedades básicas de limites. No
caso, a demonstração do Limite da Soma é feita na videoaula Demonstração das
Propriedades do Limite no Infinito.
4. A demonstração é bem parecida com A.3.4 e é deixada como exercício para o leitor.
Sejam f, g, h : (x0 , b) → R funções tais que lim f (x) = +∞, lim g(x) = +∞ e
x→x+
0 x→x+
0
lim h(x) = L. Então,
x→x+
0
1. lim
f (x) + g(x) = +∞. 4. lim − f (x) = −∞.
x→x+
x→x+
0
0
2. lim
f (x) · g(x) = +∞. 5. lim f (x) + h(x) = +∞.
x→x+
x→x+
0
0
(
p
3. lim n f (x) = +∞. +∞, se L > 0,
x→x+
6. lim h(x) · f (x) =
0 x→x+
0
−∞, se L < 0.
−
Temos enunciados análogos se trocarmos x → x+
0 por x → x0 , x → +∞ ou x → −∞.
Demonstração:
As demonstrações são feitas nas videoaulas Demonstração das Operações com o Infinito
(Parte 1) e Demonstração das Operações com o Infinito (Parte 2). Vamos fazê-las aqui.
Dado M > 0. Temos, por hipótese, que existem δ1 > 0, δ2 > 0 e δ3 > 0 tais que
M √
n
0 < x − x0 < δ1 ⇒ f (x) > max M, , M , M , M − L + 1 ,
2
√
M
0 < x − x0 < δ2 ⇒ g(x) > max , M ,
2
M M
Tome δ = min{δ1 , δ2 }, daí se 0 < x−x0 < δ, tem-se f (x)+g(x) > + = M e também
√ √ 2 2
que f (x) · g(x) > M · M = M . Isso prova os itens 1 e 2.
p √ p
Tome δ = δ1 , temos que n f (x) > n M n = M e isso prova que lim n f (x) = +∞. Além
x→x+
0
disso, temos que −f (x) < −M e, portanto, lim − f (x)) = −∞.
x→x+
0
2M
0 < x − x0 < δ4 ⇒ f (x) > ,
L
L 3L
0 < x − x0 < δ5 ⇒ < h(x) < .
2 2
L 2M
Tome δ = min{δ4 , δ5 }, daí, se 0 < x − x0 < δ, tem-se h(x) · f (x) >
· > M.
2 L
Se L < 0, temos que lim (−h(x))f (x) = +∞ e, pelo item 4, lim h(x)f (x) = −∞.
x→x+
0 x→x+
0
Sejam f, g : (x0 , b) → R tais que lim f (x) = 0 e lim g(x) = +∞, então
x→x+
0 x→x+
0
1
1. lim = 0.
x→x+
0
g(x)
1
2. Se f (x) > 0 quando x > x0 , então lim = +∞.
x→x+
0
f (x)
1
3. Se f (x) < 0 quando x > x0 , então lim = −∞.
x→x+
0
f (x)
−
Temos enunciados análogos se trocarmos x → x+
0 por x → x0 , x → +∞ ou x → −∞.
Demonstração:
A demonstração se encontra na videoaula Demonstração de Propriedades com o Infinito
e o Zero. Vamos demonstrá-lo aqui.
1
0 < x − x0 < δ ⇒ g(x) > .
ε
1 1
Daí, = < ε.
g(x) g(x)
2. Dado M > 0. Temos, por hipótese, que existe δ > 0 tal que
1
0 < x − x0 < δ ⇒ |f (x)| < .
M
1 1
Como f (x) > 0 em (x0 , b), temos que 0 < f (x) < e, portanto, > M.
M f (x)
3. Considere a função h(x) = −f (x). Temos que lim h(x) = 0 e que h(x) > 0 quando
x→x+
0
x > x0 . Pelo item anterior, temos
1
lim = +∞.
x→x+
0
h(x)
Sejam f, g, h : (a, b) − {x0 } → R funções satisfazendo f (x) ≤ g(x) ≤ h(x) para todo
x ∈ (a, b) − {x0 }.
1. Se lim f (x) = lim h(x) = L, então, lim g(x) existe e vale lim g(x) = L.
x→x0 x→x0 x→x0 x→x0
Demonstração:
A demonstração do item pode ser encontrada na videoaula Demonstração do Teorema
do Confronto. Reproduziremos a demonstração aqui.
Para o item 1, dado ε > 0. Por hipótese, existem δ1 > 0 e δ2 > 0 tais que
Tome δ = min {δ1 , δ2 }. Reescrevendo a condição |f (x) − L| < ε por L − ε < f (x) < L + ε
e a condição |h(x) − L| < ε por L − ε < h(x) < L + ε, então para cada x ∈ R satisfazendo
0 < |x − x0 | < δ, temos
Para o item 2, dado M > 0, então, por hipótese, existe δ > 0 tal que
Daí, se 0 < |x − x0 | < δ, então g(x) > f (x) > M e, portanto, lim g(x) = +∞.
x→x0
Para o item 3, dado M > 0, então, por hipótese, existe δ > 0 tal que
Daí, se 0 < |x − x0 | < δ, então g(x) < h(x) < −M e, portanto, lim g(x) = −∞.
x→x0
Seja g uma função limitada, isto é, existe M ∈ R tal que |g(x)| ≤ M para todo x no
domínio de f .
Seja f função satisfazendo lim f (x) = 0, então
x→x0
lim f (x)g(x) = 0.
x→x0
Demonstração:
A demonstração se encontra na videoaula Demonstração do Teorema do Confronto -
Função Limitada. Façamos a demonstração aqui.
Como 0 ≤ |f (x)g(x)| = |g(x)| · |f (x)| ≤ M |f (x)| e pelo teorema A.3.5, temos que
lim |f (x)| = 0. Logo, pelo teorema do confronto,
x→x0
lim |f (x)g(x)| = 0.
x→x0
Seja f : (a, b) → R e x0 ∈ (a, b) tal que lim f (x) = L. Seja c : (a, b) − {x0 } → R
x→x0
satisfazendo 0 < |c(x) − x0 | < |x − x0 |. Então
lim f (c(x)) = L.
x→x0
Demonstração:
Dado ε > 0. Como lim f (x) = L, existe δ > 0 tal que
x→x0
Fixe x ∈ (a, b) satisfazendo 0 < |x − x0 | < δ e tome y = c(x). Por hipótese, temos que
0 < |y − x0 | < δ e, portanto,
|f (y) − L| < ε.
Provamos que 0 < |x − x0 | < δ, então 0 < |f (c(x)) − L| < ε. Logo
lim f (c(x)) = L.
x→x0
Seja u : (a, b) → (c, d) uma função estritamente crescente (ou decrescente). Suponha
que lim u(x) = u0 .
x→x0
Seja f : (c, d) → R função tal que lim f (u) existe, então lim f (u(x)) existe e vale
u→u0 x→x0
Demonstração:
A prova pode ser encontrada na videoaula Demonstração da Mudança de Variáveis no
Limites. Vamos reproduzi-la aqui.
Dado ε > 0. Suponha, para fixarmos as ideias, que u é estritamente crescente e que
lim f (u) = L. Então existe ε1 > 0 tal que
u→u0
3. f · g é contínua.
1. f + g é contínua.
f
2. c · f é contínua, em que c ∈ R. 4. é contínua.
g
Demonstração:
Para os itens 1, 2 e 3 a prova é uma só. Dado x0 ∈ R no domínio de f e em g, então pelas
propriedades básicas de limites (ver teoremas A.3.3 e A.3.4), temos
f (x)
O item 4 tem uma tecnicalidade. Seja x0 ∈ R um ponto no domínio de , então, em
g(x)
6 0. Podemos então aplicar que o limite da divisão é a divisão dos
particular, g(x0 ) =
limites
f (x) f (x0 )
lim = .
x→x0 g(x) g(x0 )
Demonstração:
A demonstração é encontrada na nossa videoaula Demonstração da Continuidade da
Composta. Vamos reproduzi-la aqui.
Fixe x0 no domínio de f ◦ g. Escreva y = g(x), z = f (y) e g(x0 ) = y0 .
Dado ε > 0. Pela continuidade da f em y0 , existe δ1 > 0, tal que
Compondo as duas relações acima, utilizando que y = g(x) e y0 = g(x0 ), temos que
1. (teorema de Bolzano). Se f (a) · f (b) < 0. Então existe c ∈ (a, b) tal que f (c) = 0.
2. (teorema do valor intermediário). Se f (a) < f (b) e d ∈ (f (a), f (b)), então existe
um c ∈ (a, b) tal que f (c) = d. Analogamente, se f (a) > f (b) e d ∈ (f (b), f (a)),
então existe c ∈ (a, b) tal que f (c) = d.
Demonstração:
Para a demonstração em vídeos, recomendamos a nossa videoaula Demonstração do Te-
orema de Bolzano e Demonstração do Teorema do Valor Intermediário.
Faremos aqui uma demonstração alternativa para o teorema de Bolzano. Para fixarmos
as ideias, supomos que f (a) < 0 e f (b) > 0.
Seja X = {t ∈ [a, b]/f (x) ≤ 0 para todo x ∈ [a, t]}.
Supomos, por absurdo, que f (c) < 0. Pelo teorema da conservação de sinal A.3.2, existe
δ > 0 tal que f (x) < 0 para todo x satisfazendo c − δ < x < c + δ e x ∈ [a, b]. Lembrando
que f (b) > 0, então c < b e escolhemos δ suficientemente pequeno de modo que c + δ < b.
Como c − δ < c, então c − δ não é cota superior de X e, portanto, existe t ∈ X tal que
c − δ < t < c. Pela definição do conjunto X, temos que f (x) ≤ 0 para todo x ∈ [a, t].
Como f (x) < 0 para todo x ∈ (c − δ, c + δ), temos que f (x) ≤ 0 para todo x ∈ [a, c + δ).
δ
Em particular, c + ∈ X, contradizendo que c é cota superior de X. Logo, f (c) ≥ 0.
2
Supomos, por absurdo, que f (c) > 0. Pelo teorema da conservação de sinal , existe δ > 0
tal que f (x) > 0 para todo x satisfazendo c − δ < x < c + δ e x ∈ [a, b]. Como f (a) < 0 e
f (c) > 0, temos que a < c e podemos escolher δ > 0 suficientemente pequeno de modo
δ
que a < c − δ. Tome x0 = c − . Temos que f (x0 ) > 0 e, portanto, x0 ∈ / X.
2
Por outro lado, como x0 < c, temos que x0 não é cota superior de X e, portanto, existe
t ∈ X tal que x0 < t < c. Logo f (x) ≤ 0 para todo x ∈ [a, t] e, como x0 < t, temos que
f (x) ≤ 0 para todo x ∈ [a, x0 ]. Em outras palavras, temos que
x0 ∈ X.
Contradizendo que x0 ∈
/ X e isso mostra que f (c) ≤ 0.
Juntando as informações que f (c) ≤ 0 e f (c) ≥ 0, concluímos que f (c) = 0 e c ∈ (a, b).
Para o teorema do valor intermediário, considere g(x) = f (x)−d. Temos que g é contínua,
com g(a) · g(b) < 0. Pelo teorema de Bolzano, existe c ∈ (a, b) tal que g(c) = 0. Isso mostra
que f (c) = d.
Demonstração:
A demonstração pode ser encontrada na nossa videoaula Demonstração que Funções
Contínuas Bijetoras São Monótonas. Vamos escrever de outra forma aqui.
Supomos, para fixar as ideias, que f (a) < f (b). Vamos provar que f é estritamente
crescente.
O primeiro passo é provar que f (a) < f (x) para todo x ∈ (a, b]. Supomos, por absurdo,
que isso não acontece. Então existe x0 ∈ (a, b) tal que f (a) > f (x0 ) (lembremos que se
f (a) = f (x0 ), então a = x0 pela injetividade da f ).
Considere a função f restrita ao intervalo [x0 , b]. Mais precisamente, seja g : [x0 , b] → R
definida por g(x) = f (x) e seja d = f (a). Por hipótese, temos que g(x0 ) < d < g(b).
Pelo teorema do valor intermedário, existe c ∈ (x0 , b) tal que g(c) = d. Provamos que
f (a) = f (c) = d e a < x0 < c e, em particular, f não é injetivo. Um absurdo.
Isso mostra que f (a) < f (x) para todo x ∈ (a, b].
Supomos que f não é estritamente crescente. Então existem x0 , x1 ∈ (a, b] tais que x0 < x1
e satisfaz f (x0 ) > f (x1 ). Considere
f (x0 ) + f (x1 )
d= .
2
Temos que d ∈ (f (x1 ), f (x0 )). Como f (a) < f (x1 ), temos que d ∈ (f (a), f (x0 )).
Pelo teorema do valor intermediário, existem c1 ∈ (a, x0 ) e c2 ∈ (x0 , x1 ) satisfazendo
f (c1 ) = d = f (c2 ),
contrariando a injetividade de f .
Isso mostra que f é estritamente crescente.
Seja f : (a, b) → (c, d) função contínua e bijetora, então f −1 : (c, d) → (a, b) é contínua.
Demonstração:
A demonstração se encontra na videoaula Demonstração da Continuidade da Inversa.
Vamos reproduzi-la aqui.
Pelo teorema A.4.4, f é monótona. Para fixarmos as ideias, supomos que f é estritamente
crescente e denotamos g = f −1 .
Seja x0 ∈ (c, d)e y0 = g(x 0 ). Dado ε > 0 satisfazendo (y0 − ε, y0 + ε) ⊆ (a, b). Sejam
ε ε
x 1 = f y0 − e x 2 = f y0 + .
2 2
Como f é uma função crescente, temos x1 < x0 < x2 . Tome δ = min{x0 − x1 , x2 − x0 }.
Afirmamos que se |x − x0 | < δ, então |g(x) − g(x0 )| < ε.
Dado x satisfazendo |x − x0 | < δ. Como x1 ≤ x0 − δ < x < x0 + δ ≤ x2 e sabendo que
inversa de uma função crescente é crescente, temos que g(x1 ) < g(x) < g(x2 ). Note que
ε ε
g(x1 ) = g f y0 − = y0 − ,
2 2
ε ε
g(x2 ) = g f y0 + = y0 + .
2 2
ε ε
Portanto, y0 − < g(x) < y0 + . Lembrando que y0 = g(x0 ), temos que
2 2
ε
|g(x) − g(x0 )| < < ε.
2
Demonstração:
A demonstração se encontra na nossa videoaula Demonstração do Teorema de Weiers-
trass. Vamos reproduzi-la aqui.
Primeiramente, vamos mostrar que toda função contínua h : [a, b] → R é limitada. Su-
ponha que não acontece, então h é ilimitada em [a, b]. Seja y ponto médio de I0 = [a, b].
Temos então duas possibilidades:
Como h é ilimitada em [a, b], então h não pode ser limitada simultaneamente nos inter-
valos [a, y] e [y, b]. Temos, portanto, em ambas possibilidades, que h é ilimitada em I1 e
que o tamanho do intervalo I1 é a metade de tamanho do intervalo I0 .
Supomos que construimos o intervalo In = [an , bn ] em que h é ilimitada em In e que o
tamanho do intervalo de In é a metade do tamanho do intervalo In−1 . Seja y o ponto
médio de In . Temos duas possibilidades:
1. Se h é ilimitada em [an , y], tome an+1 = an e bn+1 = y e defina In+1 = [an+1 , bn+1 ].
2. Se h é limitada em [an , y], tome an+1 = y e bn+1 = bn e defina In+1 = [an+1 , bn+1 ].
Em ambos os casos, temos que h é ilimitada em In+1 e que o tamanho do intervalo In+1 é
a metade de tamanho do intervalo In . Pela propriedade dos intervalos encaixantes, existe
um único c ∈ R tal que c ∈ In para todo n.
Como h é contínua em c, existe δ > 0 tal que se |x − c| < δ, então |h(x) − h(c)| < 1. Em
particular, a função h é limitada em (c − δ, c + δ). Por outro lado, existe n ∈ N tal que
δ δ
c− ∈ / In e c + ∈ / In e, portanto, In ⊆ (c − δ, c + δ).
2 2
Chegamos a uma contradição, pois h é ilimitada em In , mas é limitada em (c − δ, c + δ).
Logo toda função contínua h : [a, b] → R é limitada.
Estamos em condições de mostrar que f admite ponto de máximo global. Como Im(f ) é
limitado superiormente, então, pelo teorema A.2.1, Im(f ) admite supremo, que denota-
remos por M . Suponha que não existe xM ∈ [a, b] tal que f (xM ) = M .
1 1
Defina h : [a, b] → R por h(x) = . Dado n ∈ N, temos que M − não é cota su-
M − f (x) n
1
perior de Im f . Logo existe xn ∈ [a, b] satisfazendo M − < f (xn ) < M . Daí, h(xn ) > n.
n
Temos que h é contínua e ilimitada. Uma contradição.
Existe, portanto, xM ∈ [a, b] tal que f (xM ) = M e xM é ponto de máximo global da f .
Para a existência do mínimo global, considere a função h(x) = −f (x). Seja xm ponto de
máximo global de h. Então, xm é ponto de mínimo global da f .
Demonstração:
Devemos provar, primeiramente, que a função constante f (x) = c e a função g(x) =
x são contínuas e, depois, argumentamos por indução sobre o grau do polinômio. A
demonstração que função constante é contínua é feita no final da nossa videoaula Defi-
nição Formal de Limites. Vamos demonstrar tudo aqui.
Comecemos demonstrando que f (x) = c é contínua. Dado x0 ∈ R e dado ε > 0. Tome-
mos δ = 1. Daí,
|x − x0 | < δ ⇒ |f (x) − f (x0 )| = |c − c| < ε.
Para demonstramos que a função linear g(x) = x é contínua, façamos pela definição.
Dado x0 ∈ R e dado ε > 0, tome δ = ε. Então
Pelo teorema A.4.1, temos que as funções afim f (x) = ax + b são contínuas.
Demonstração:
Para as funções seno e cosseno, sugerimos a nossa videoaula Demonstração da Continui-
dade das Funções Seno e Cosseno. Vamos reescrevê-la aqui.
Vamos provar primeiramente que a função seno é contínua. Para isso, temos que mostrar
π
que | sen x−sen x0 | ≤ |x−x0 |. Começaremos provando para x0 = 0. Para cada x ∈ 0, ,
2
y
P
sen x
x
x
O R
1
sen x
temos, pela figura acima, que a área do triângulo OP R é e a área do setor circular
2
x sen x x π π
OP R é . Logo, ≤ para todo x ∈ 0, . Por outro lado, para x ∈ − , 0 ,
2 2 2 2 2
temos que
| sen x| = | − sen(−x)| = | sen(−x)| ≤ | − x| = |x|.
π π
Concluímos que | sen x| ≤ |x| para todo x ∈ − , .
2 2
π π
Fixemos x0 ∈ R, então, para x ∈ x0 − , x0 + , temos pela fórmula de prostaférese,
2 2
x − x0 x + x0
| sen x − sen x0 | = 2 sen cos
2 2
x − x0 x − x0
≤ 2 sen ≤2 = |x − x0 |.
2 2
Pela continuidade de polinômios e pelo teorema A.3.5, temos que lim |x−x0 | = 0. Como
x→x0
0 ≤ | sen x − sen x0 | ≤ |x − x0 |, pelo teorema do confronto, vale lim | sen x − sen x0 | = 0.
x→x0
Pelo teorema A.3.5, temos que lim (sen x − sen x0 ) = 0. Daí,
x→x0
lim sen x = lim (sen x − sen x0 + sen x0 ) = lim (sen x − sen x0 ) + lim sen x0 = sen x0 .
x→x0 x→x0 x→x0 x→x0
Para todo a ∈ (0, +∞), a 6= 1, as funções f (x) = ax e g(x) = loga x são contínuas.
Demonstração:
A demonstração se encontra na nossa videoaula Demonstração da Continuidade da Fun-
ção Exponencial. Vamos reproduzi-la aqui, com algumas pequenas mudanças.
Comecemos provando que a função F (x) = 2x é contínua. Vamos provar, primeiramente,
que lim 21/n = 1. Para isso, dado ε > 0, existe n0 ∈ N tal que 2 < 1 + n0 ε, daí, para
n→+∞
todo n ≥ n0 e pela desigualdade (1 + nε) ≤ (1 + ε)n , temos
O próximo passo é mostrar que lim 2x = 1. Dado ε > 0, então, como lim 21/n = 1,
x→0+ n→+∞
1 1
existe n ∈ N tal que 21/n− 1 < ε. Tome δ = . Se 0 < x < , então como a função
n n
F (x) = 2x é crescente (ver teorema A.2.3), temos
1
lim 2x = lim 2−u = lim = 1.
x→0− u→0+ u→0+ 2u
Logo F (x) = 2x é contínua em x = 0. Para x0 arbitrário, façamos a mudança de variável
u = x − x0 , daí
Para mostrar que a função f (x) = ax é contínua, escreva k = log2 a. Temos que k é
constante (não depende de x) e vale ax = 2kx e pelo teorema A.4.2, temos que f (x) = ax
é contínua.
Finalmente, como a função g(x) = loga x é a inversa da função f (x) = ax , então, pelo
teorema A.4.5, a função g(x) = loga x é contínua.
Demonstração:
1. A demonstração que as funções trigonométricas inversas são contínuas é uma con-
sequência direta do fato de Funções Trigonométricas serem contínuas (ver teorema
A.5.2) e do teorema A.4.5, que diz que inversas de funções contínuas são contínuas.
2. Para x0 > 0, basta utilizar a identidade xp = 2p log2 x e usar que a continuidade das
funções exponenciais e logarítmicas (ver teorema A.5.3) e o teorema A.4.2 que diz
que composição de funções contínuas é contínua.
Se quisermos provar a continuidade para x0 < 0, primeiramente, deve-se ter que a
parte negativa esteja no domínio de f (x) = xp e isso só acontece para alguns valores
1 1
racionais de p, por exemplo, isso não ocorre para p = , mas ocorre para p = .
2 3
Caso a parte negativa esteja no domínio, usamos a relação xp = (−1)p (−x)p e, to-
mando g : (−∞, 0) → R definida por g(x) = −x. Temos que g é contínua e g(x) > 0
para todo x < 0. Como (−x)p = g(x)p , então (−x)p é contínua pelo fato de compo-
sição de funções contínuas serem contínuas. Como a função constante h(x) = (−1)p
é contínua, temos que xp = (−1)p (−x)p é uma multiplicação de funções contínuas
e, portanto, é contínua.
Finalmente, para mostrar a continuidade em x0 = 0, deve-se ter, necessariamente,
p > 0 e, portanto, a função f (x) = xp é crescente para x > 0. Provaremos a conti-
nuidade em x0 = 0 na definição.
Dado ε > 0 e tome δ = ε1/p . Daí,
Demonstração:
1. É provado com precisão no vídeo Demonstração da Derivada da Soma.
Demonstração:
1. É apenas uma manipulação algébrica,
f (x0 + h) − f (x0 )
lim (f (x0 + h) − f (x0 )) = lim ·h
h→0 h→0 h
f (x0 + h) − f (x0 )
= lim · lim h = 0.
h→0 h h→0
Daí,
lim f (x0 + h) = lim f (x0 + h) − f (x0 ) + f (x0 ) = 0 + lim f (x0 ) = f (x0 ).
h→0 h→0 h→0
2. Dado x0 ∈ R, então
1. f · g é derivável em x0 e vale
f
2. Se g(x0 ) 6= 0, então é derivável em x0 e vale
g
0
f f 0 (x0 )g(x0 ) − f (x0 )g 0 (x0 )
= .
g (g(x0 ))2
Demonstração:
As demonstrações se encontram nas videoaulas Demonstração da Regra do Produto e
Demonstração da Regra do Quociente. Vamos fazer uma demonstração alternativa destes
resultados. Para o item 1, o truque é utilizar a igualdade
1 (f (x))2 (g(x))2
f · g(x) = (f (x) + g(x))2 − − .
2 2 2
Como a expressão à direita é derivável (Ver teorema A.6.2 e usar que derivada da soma é
a soma das derivadas diversas vezes), logo f · g é derivável em x0 e vale
(f · g)0 (x0 ) =[f (x0 ) + g(x0 )][f 0 (x0 ) + g 0 (x0 )] − f (x0 )f 0 (x0 ) − g(x)g 0 (x0 )
Demonstração:
A demonstração se encontra no vídeo Demonstração que Diferenciável é Equivalente a
Derivável. Vamos reproduzir a demonstração aqui.
Suponha que f é derivável em x0 . Então
= f 0 (x0 ) − f 0 (x0 ) = 0.
Demonstração:
A demonstração pode ser encontrada na videoaula Demonstração da Regra da Cadeia.
Vamos transcrevê-la aqui.
Como g é diferenciável em x0 , temos que
∆H = f ◦ g(x0 + h) − f ◦ g(x0 )
= f (y0 + k) − f (y0 )
= f 0 (y0 )k+ σ2 (k) · k
0
= f (g(x0 ))[g(x0 + h) − g(x0 )]+ σ2 (k) (g(x0 + h) − g(x0 ))
0 0
σ2 (k) g 0 (x0 )h + σ1 (h) · h
= f (g(x0 ))[g (x0 )h + σ1 (h) · h]+
= f 0 (g(x0 ))g 0 (x0 )h+ σ2 (k) g 0 (x0 ) + σ1 (h) + f 0 (g(x0 ))σ1 (h) · h
onde
Demonstração:
A demonstração se encontra na videoaula Demonstração da Derivada da Função Inversa.
Vamos reproduzi-la aqui.
Basta utilizar a definição de limite e fazer a mudança de variáveis. Mais precisamente,
g(y0 + k) − g(y0 )
lim .
k→0 k
Escreva g(y0 ) = x0 e g(y0 + k) − g(y0 ) = h, isto é, g(y0 + k) = x0 + h. Note que, pela
continuidade da g temos que se k → 0, então h → 0, logo, podemos aplicar a mudança
de variáveis de limite, observando que f (x0 ) + k = y0 + k = f ◦ g(y0 + k) = f (x0 + h),
g(y0 + k) − g(y0 ) h
lim = lim
k→0 k h→0 f (x0 + h) − f (x0 )
1
= lim
h→0 f (x0 + h) − f (x0 )
h
1
= .
f 0 (x0 )
Esta última igualdade decorre do fato de f 0 (x0 ) 6= 0 e que limite da divisão é igual a
divisão de limites.
Demonstração:
1. É provado na videoaula Demonstração da Derivada de xn para n ∈ N. Nesta vi-
deoaula, há duas demonstrações distintas deste resultado. A primeira delas utiliza
fórmula de binômio de Newton e segunda demonstração utiliza a regra do produto
e argumento de indução.
O caso em que n = 0, temos que f ≡ 1. Basta aplicar a definição
f (x + h) − f (x) 1−1
lim = lim = 0.
h→0 h h→0 h
O caso em que n = 1, temos que f (x) = x e utilizamos a definição de derivada.
f (x + h) − f (x) (x + h) − x h
lim = lim = lim = 1.
h→0 h h→0 h h→0 h
Supomos que n ≥ 2. A fórmula do Binômio de Newton diz que para cada x fixado,
n n n 0 n n−1 1 n n−k k n 0 n
(x + h) = x h + x h + ... + x h + ... + x h
0 1 k n
Demonstração:
A demonstração deste resultado se encontra na nossa videoaula Demonstração do Limite
Fundamental. Vamos reproduzi-la aqui.
y T
P
tg x
sen x
x
x
O R
1
π sen x
Para 0 < x < , temos que a área do triângulo OP R é , a área do setor circular OP R
2 2
x tg x
é e a área do triângulo ORT é . Logo,
2 2
sen x x tg x
≤ ≤ .
2 2 2
Dividindo por sen x, temos
x 1 π
1≤ ≤ , se 0 < x < .
sen x cos x 2
π
Pela desigualdade acima, se − < x < 0, temos
2
−x 1
1≤ ≤ ,
sen(−x) cos(−x)
(−x) x 1 1
Como = e também = , então
sen(−x) sen x cos(−x) cos x
x 1 π
1≤ ≤ , se − < x < 0.
sen x cos x 2
Organizando as contas, concluímos que ‘
sen x π
cos x ≤ ≤ 1 , se x 6= 0 e |x| < .
x 2
Como a função cosseno é contínua (ver teorema A.5.2), lim cos x = 1 e, pelo teorema do
x→0
confronto, temos que
sen x
lim = 1.
x→0 x
Demonstração:
A demonstração pode ser encontrada na nossa videoaula Demonstração da Derivada do
Seno e Cosseno. Reproduziremos ela aqui.
Para encontrarmos a derivada da função seno, faremos pela definição de derivada
− sen2 h
= lim sen x
h→0 h(cos h + 1)
sen h − sen h
= lim · sen x = 0,
h→0 h cos h + 1
concluímos que
sen(x + h) − sen x
lim = cos x.
h→0 h
π
Para a derivada da função cosseno, basta utilizar a fórmula cos x = sen − x e a regra
2
da cadeia. π
(cos x)0 = − cos − x = − sen x.
2
Demonstração:
As derivadas das funções tg, sec, cotg e cossec são deduzidas utilizando a regra da divi-
são e podem ser encontradas na nossa videoaula Derivada das Funções Trigonométricas.
Vamos refazê-las aqui.
Para a função a tangente:
sen x 0 cos x.(cos x) − sen x.(− sen x)
(tg x)0 = =
cos x cos2 x
cos2 x + sen2 x 1
= = = sec2 x.
cos2 x cos2 x
1 n
A sequência an = 1 + é crescente e limitada.
n
Demonstração:
A demonstração se encontra na nossa videoaula Número de Euler - Limite nos Naturais.
Vamos reproduzi-la aqui. Pelo binômio de Newton, temos
n
1 n
X n! 1
an = 1 + =1+
n (n − k)!k! nk
k=1
n
X n(n − 1)(n − 2) . . . (n − k + 1)
=1+
k!nk
k=1
n
X 1 n n−1 n−2 n − (k − 1)
=1+ ...
k! n n n n
k=1
n
X 1 1 2 k−1
=1+ 1− 1− ... 1 − .
k! n n n
k=1
n
k−1 X 1
Como 1 − ≤ 1 para todo k inteiro com k ≥ 1, concluímos que an ≤ 1 + .
n k!
k=1
Como k! ≥ 2k−1 para todo k ≥ 1, concluímos que
n +∞
X 1 X 1
an ≤ 1 + ≤1+
2k−1 2k−1
k=1 k=1
1 1 1
1 + 1 + + + + . . . = 3.
2 4 8
Isso mostra que an é uma sequência limitada. Vamos mostrar que an é crescente.
n
X 1 1 2 k−1
an = 1 + 1− 1− ... 1 −
k! n n n
k=1
n
X 1 1 2 k−1
≤1+ 1− 1− ... 1 −
k! n+1 n+1 n+1
k=1
n n+1
X 1 1 2 k−1 1
<1+ 1− 1− ... 1 − +
k! n+1 n+1 n+1 n+1
k=1
n
X n(n − 1) . . . (n − k + 2) 1
=1+ +
(n + 1)k−1 k! (n + 1)n+1
k=1
n+1
X (n + 1)! n+1
1 1
=1+ (n + 1 − k)!k! = 1+ = an+1 .
· (n + 1)k n+1
k=1
Vale que
1 x
lim 1+ = e.
x→+∞ x
Demonstração:
A demonstração pode ser encontrada na nossa videoaula Número de Euler - Parte 2.
Vamos reproduzi-la aqui. É importante notar que
os resultados dos teoremas A.7.5 e de
1 n
A.2.2 garantem que o limite da sequência an = 1 + acima existe e, por definição,
n
o limite desta sequência converge para o numero e. Agora,vamos supor que x cresce
indefinidamente e que x ∈ R.
Considere a função maior inteiro [[x]], definida por
1 1 1
Como [[x]] ≤ x < [[x]] + 1, temos que < ≤ . Daí,
[[x]] + 1 x [[x]]
[[x]]
1 [[x]] 1 x 1 x 1 [[x]]+1
1
1+ ≤ 1+ ≤ 1+ ≤ 1+ ≤ 1+
[[x]] + 1 x x [[x]] [[x]]
e, portanto,
[[x]]+1 " [[x]] #
1 1 1
lim 1+ = lim 1+ · 1+ = e · 1 = e,
x→+∞ [[x]] x→+∞ [[x]] [[x]]
1 x
lim 1+ = e.
x→+∞ x
Demonstração:
Mostraremos inicialmente que lim (1 + h)1/h = e.
h→0+
1
Considere a mudança de variável u = . Daí, h → 0+ significa que u → +∞ e, pelo
h
teorema da mudança de variáveis no limite A.3.13, temos
1 u
1/h
lim (1 + h) = lim 1+ = e.
h→0+ u→+∞ u
1
Mostraremos que lim (1 + h)1/h = e. Façamos a mudança de variável u = − − 1, então
h→0 − h
u → +∞ e,
−u−1 −u−1
1/h 1 u
lim (1 + h) = lim 1− = lim
h→0− u→+∞ u+1 u→+∞ u + 1
u+1
1 u+1
u+1
= lim = lim 1+
u→+∞ u u→+∞ u
u
1 1
= lim 1+ · 1+ = e · 1 = e.
u→+∞ u u
lim (1 + h)1/h = e.
h→0
Demonstração:
A demonstração deste resultado pode ser encontrada na videoaula Demonstração da De-
rivada da Função Exponencial e Logarítmica. Vamos reescrevê-la aqui.
1. Para cada x ∈ (0, +∞) fixado, temos, pela definição de derivada e pela continui-
dade da função logarítmica (ver teorema A.5.3) que
ln(x + h) − ln x 1 x+h 1 h
lim = lim ln = lim ln 1 +
h→0 h h→0 h x h→0 h x
1/h " #
h 1/h
h
= lim ln 1 + = ln lim 1 + .
h→0 x h→0 x
h
Fazendo a mudança de variáveis u = , então h → 0 tem-se u → 0 e lembrando,
x
pelo teorema A.7.7, que lim (1 + h)1/h = e, temos
h→0
ln(x + h) − ln x h i
lim = ln lim (1 + u)1/xu
h→0 h
u→0
1/x h i 1
1/u
= ln lim (1 + u) = ln e1/x = .
u→0 x
2. Como a função f (x) = ln x é derivável e f 0 (x) 6= 0 para todo x, então a sua inversa
g(x) = ex é, pelo teorema da função inversa, derivável. Como x = ln g(x), então,
derivando a equação toda e aplicando a regra da cadeia, temos
g 0 (x)
1= .
g(x)
Portanto,
g 0 (x) = g(x) = ex .
Demonstração:
A demonstração se encontra na nossa videoaula Derivada das Funções Trigonométricas
Inversas. Vamos reproduzi-la aqui, começando com a função arco tangente.
πComo a função f (x) = tg x é derivável e f 0 (x) = sec2 x não se anula para todo x ∈
π
− , , temos que a sua inversa y = arctg x é derivável. Escreva tg y = x e derivamos
2 2
tudo com respeito a x. Pela regra da cadeia,
dy
sec2 y · = 1.
dx
Utilizando a fórmula trigonométrica sec2 y = tg2 y + 1 e lembrando que tg y = x, temos
dy 1 1 1
= 2
= 2 = .
dx sec y 1 + tg y 1 + x2
Para a função arco seno, procedemos da mesmaforma. Como f (x) = sen x é derivável
π π
e vale f 0 (x) = cos x, que não se anula em x ∈ − , , a sua inversa y = arcsen x é
2 2
derivável em (−1, 1). Escreva sen y = x e derivamos tudo com respeito a x. Pela regra da
cadeia,
dy
cos y · = 1.
dx
π π
Utilizando a fórmula trigonométrica cos2 y = 1 − sen2 y e como y ∈ − , , temos que
2 2
cos y > 0 e, portanto,
dy 1 1 1
= =p =√ .
dx cos y 1 − sen2 y 1 − x2
Demonstração:
A demonstração do item 1 é feita construtivamente nas videoaulas.
Vamos fazer uma outra demonstração deste fato, um pouco mais curta.
Para x ∈ (0, +∞), temos que f (x) = ep ln x e isso mostra que f é derivável. Pela regra da
cadeia, temos
p pxp
f 0 (x) = ep ln x · = = pxp−1 .
x x
Para x ∈ (−∞, 0), é necessário que x esteja no domínio de f e isso é válido apenas para
1
alguns valores de p ∈ Q. Por exemplo, x < 0 está no domínio de f se p = , mas não
3
1
estaria se p = No caso que x < 0 esteja no domínio de f , temos que f (x) = (−1)p (−x)p .
.
2
Como −x > 0, pela fórmula anterior e pela regra da cadeia, temos
Concluímos que a fórmula f 0 (x) = pxp−1 vale para x = 0 (com alguma discussão de
00 = 1, mas está fora do escopo do livro detalhar esta discussão).
√
Para o item 2, escreva g(x) = x2 . Pelo item anterior e pela regra da cadeia, temos que
2x x
g 0 (x) = √ = .
2 x 2 |x|
Demonstração:
A demonstração se encontra na nossa videoaula Demonstração que Extremante Local Im-
plica Ponto Crítico. Na demonstração, utilizamos um resultado que pode ser encontrado
na videoaula Demonstração dos Intervalos de Crescimentos - Parte Local. Vamos fazer
uma demonstração um pouco mais enxuta aqui.
Para fixar as ideias, supomos que x0 é mínimo local de f , então f (x) − f (x0 ) ≥ 0 para
f (x) − f (x0 )
todo x suficientemente próximo de x0 . Logo, se x > x0 , temos que ≥ 0, daí
x − x0
f (x) − f (x0 ) f (x) − f (x0 )
f 0 (x0 ) = lim = lim ≥ 0.
x→x0 x − x0 x→x0+ x − x0
Esta última desigualdade ocorre pelo teorema da conservação de sinal A.3.2, basta supor,
f (x) − f (x0 )
por absurdo, que < 0.
x − x0
f (x) − f (x0 )
Analogamente, se x < x0 , temos que ≤ 0, daí,
x − x0
f (x) − f (x0 ) f (x) − f (x0 )
f 0 (x0 ) = lim = lim ≤ 0.
x→x0 x − x0 x→x0− x − x0
f (b) − f (a)
f 0 (c) = .
b−a
Demonstração:
A demonstração dois dois resultados se encontra na nossa videoaula Demonstração do
Teorema do Valor Médio. Vamos reproduzi-la aqui.
Se f (xm ) = f (xM ), então, pela desigualdade acima, f (x) = f (xM ) = f (xm ) para
todo x ∈ [a, b]. Logo f é função constante e sua derivada é nula.
Se f (xm ) 6= f (xM ), então, como f (a) = f (b), vale um dos dois casos: f (xm ) 6= f (a)
ou f (xM ) 6= f (a).
Digamos que f (xM ) 6= f (a). Então, xM ∈ (a, b). Temos que xM é um ponto máximo
local e, pelo teorema A.8.1, vale f 0 (xM ) = 0.
f (b) − f (a)
2. Considere a função auxiliar g(x) = f (x) − (x − a). Temos que
b−a
f (b) − f (a)
g(b) − g(a) = f (b) − (b − a) − f (a)
b−a
= f (b) − (f (b) − f (a)) − f (a)
= 0.
1. Se f 0 (x) > 0 para todo x ∈ (a, b), então f é estritamente crescente em [a, b].
2. Se f 0 (x) < 0 para todo x ∈ (a, b), então f é estritamente decrescente em [a, b].
3. Se f 0 (x) = g 0 (x) para todo x ∈ (a, b), então existe c ∈ R tal que f (x) = g(x) + c
para todo x ∈ [a, b].
Demonstração:
A demonstração deste resultado se encontra em Demonstração do Intervalo de Cresci-
mento e Decrescimento. Vamos reproduzi-la aqui.
1. Dados x0 , y0 ∈ [a, b], com x0 < y0 . Pelo teorema do valor médio, existe c ∈ (x0 , y0 )
tal que
f (y0 ) − f (x0 ) = f 0 (c)(y0 − x0 ).
Como, por hipótese f 0 (c) > 0 e y0 − x0 > 0, concluímos que f (y0 ) − f (x0 ) > 0.
Considere a função auxiliar h(x) = f (x) − g(x). Temos que h0 (x) = 0 para todo
x ∈ (a, b) e, pelo resultado anterior, existe c ∈ R tal que h(x) = c para todo x ∈ [a, b].
Concluímos daí que f (x) = g(x) + c para todo x ∈ [a, b].
Sejam f, g : [a, b] → R são funções contínuas em [a, b] e deriváveis em (a, b) tal que
g 0 (x) 6= 0 para todo x ∈ (a, b). Então existe c ∈ (a, b) tal que
Demonstração:
A demonstração pode ser vista no final da nossa videoaula Demonstração da 1ª Regra
de L’Hospital. Foi provado na mesma videoaula, o teorema de quociente de Cauchy e a
1ª regra de L’Hospital. Mas vamos deixar separado no texto.
Considere a função auxiliar
Então, h é contínua em [a, b], derivável em (a, b) e vale h(a) = f (b)g(a) − g(b)f (a) = h(b).
Pelo teorema do valor médio A.8.2, existe c ∈ (a, b) tal que h0 (c) = 0. Como
daí,
f (b) − f (a) f 0 (c)
= 0 .
g(b) − g(a) g (c)
Demonstração:
A demonstração pode ser encontrada na nossa videoaula Demonstração da 1ª Regra de
L’Hospital. Vamos reproduzi-la aqui.
Para cada x 6= x0 , temos, pelo teorema do quociente de Cauchy A.8.4, que existe c(x),
com 0 < |c(x) − x0 | < |x − x0 | satisfazendo
f 0 (x)
Supomos que lim = L (o caso que vai para o infinito é análogo), então pelo resul-
x→x0 g 0 (x)
tado técnico que provamos no teorema A.3.12, temos
f (x) f 0 (c(x))
lim = lim 0 = L.
x→x0 g(x) x→x0 g (c(x))
Sejam f, g : (x0 , b) → R funções deriváveis, tais que lim |f (x)| = lim |g(x)| = +∞
x→x+
0 x→x+
0
f 0 (x)
e g 0 (x) 6= 0 para x 6= x0 numa vizinhança de x0 . Se lim existe ou vai para o
x→x+
0
g 0 (x)
infinito, então
f (x) f 0 (x)
lim = lim 0 .
x→x+
0
g(x) x→x+ 0
g (x)
Demonstração:
A demonstração se encontra na videoaula Demonstração da 2ª Regra de L’Hospital. Va-
f 0 (x)
mos reproduzi-la aqui, mas agora supondo que lim 0 = +∞.
x→x+0
g (x)
Dado M > 0. Por hipótese, existe δ1 > 0 tal que se 0 < x − x0 < δ1 , então
f 0 (x)
> 2M.
g 0 (x)
δ1
Tome p = x0 + . Para cada x ∈ (x0 , p), pelo teorema do quociente de Cauchy A.8.4,
2
existe c(x) ∈ (x, p) tal que
f (x) f (p)
−
g(x) g(x) f (x) − f (p) f 0 (c(x))
= = 0 > 2M.
g(p) g(x) − g(p) g (c(x))
1−
g(x)
f (x)
Por construção, temos que > H(x). Como lim (H(x) − M ) = M , pelo teorema da
g(x) x→+∞
conservação de sinal A.3.2, existe δ > 0, com δ < δ2 , satisfazendo (H(x) − M ) > 0 para
todo x ∈ (x0 , x0 + δ).
Mostramos que dado M > 0, existe δ > 0 tal que
f (x)
0 < x − x0 < δ ⇒ > H(x) > M.
g(x)
f (x)
Isso mostra que lim = +∞.
x→x+
0
g(x)
1. Se f 0 (x0 ) > 0 para todo x < x0 suficientemente próximo de x0 e f 0 (x0 ) < 0 para
todo x > x0 suficientemente próximo de x0 , então x0 é um ponto de máximo
local.
2. Se f 0 (x0 ) < 0 para todo x < x0 suficientemente próximo de x0 e f 0 (x0 ) > 0 para
todo x > x0 suficientemente próximo de x0 , então x0 é um ponto de mínimo
local.
Demonstração:
1. Seja (a, b) intervalo tal que f 0 (x) < 0 para x ∈ (a, x0 ) e f 0 (x) > 0 para x ∈ (x0 , b).
Então, f é decrescente em (a, x0 ] e, portanto, f (x0 ) < f (x) para todo x ∈ (a, x0 ).
Analogamente, f é crescente em [x0 , b) e, portanto, f (x0 ) < f (x) para todo x ∈
(x0 , b).
Juntando as duas informações, concluímos que f (x0 ) ≤ f (x) para todo x ∈ (a, b).
Isso prova que x0 é ponto de mínimo local de f .
2. Análogo ao item 1.
3. Como f 0 (x0 ) = 0, temos que a reta tangente é dada por y = f (x0 ). Para mostrar
que x0 é ponto de inflexão ao gráfico de f , precisamos mostrar que existem pontos
x e y suficientemente próximos de x0 tais que f (x) < f (x0 ) < f (y).
Supomos, sem perda de generalidade, que f 0 (x) ≥ 0 em (a, b) com x0 ∈ (a, b).
Então, f é crescente e, portanto, se x < x0 , temos que f (x) < f (x0 ) e para y > x0
vale que f (y) > f (x0 ). Isso mostra que x0 é ponto de inflexão de f .
Demonstração:
A demonstração se encontra na nossa videoaula Demonstração da Relação entre Conca-
vidade e a Segunda Derivada. Mas a reproduziremos aqui.
1. Fixe x0 em (a, b) e considere a função auxiliar G(x) = f (x) − f (x0 ) − f 0 (x0 )(x − x0 ).
Temos que G é duas vezes derivável e vale G0 (x) = f 0 (x) − f 0 (x0 ) e G00 (x) = f 00 (x).
Como f 00 (x) > 0 em (a, b), temos que G0 (x) é crescente em (a, b).
Como G0 (x0 ) = 0, temos que G0 (x) < 0 em (a, x0 ) e G0 (x) > 0 para x ∈ (x0 , b).
+ G′
x0
x0
G
3. A prova será por duplo absurdo. Supomos que f 00 (x0 ) > 0. Pelo teorema A.8.7,
existe uma vizinhança de x0 tal que o gráfico de f possui concavidade para cima.
Logo a reta tangente está abaixo do gráfico de f em uma vizinhança de x0 . Uma
contradição, pois supomos que x0 é ponto de inflexão ao gráfico de f .
Se f 00 (x0 ) < 0 então, por um argumento análogo ao parágrafo anterior, provaríamos
que f possui concavidade para baixo em uma vizinhança de x0 , o que contraria a
hipótese de x0 ser ponto de inflexão ao gráfico de f .
Concluímos então que f 00 (x0 ) = 0.
f (k+1) (cx )
f (x) = Pk (x) + (x − x0 )k+1 ,
(k + 1)!
Demonstração:
Tem-se uma demonstração, utilizando integração, na nossa videoaula Demonstração do
Resto de Lagrange. A demonstração do vídeo é mais intuitiva. Aqui, vamos fazer a
demonstração direta, sugerindo ao leitor, após aprender integração, retornar ao vídeo.
Supomos que x > x0 . Definimos as funções F, G : [x0 , x] → R por
(x − t)2
0 0 00 0 000 00
F (t) = −f (t) − [f (t)(x − t) − f (t)] − f (t) − f (t)(x − t) − . . . −
2!
(x − t)k−1 (x − t)k−2 (x − t)k (x − t)k−1
(k) (k−1) (k+1) (k)
− f (t) −f (t) − f (t) − f (t)
(k − 1)! (k − 2)! k! (k − 1)!
(x − t)k
= −f (k+1) (t) .
k!
(x − x0 )k+1
Note que F (x) = 0 = G(x), G(x0 ) = e que F (x0 ) = f (x) − Pk (x). Daí,
(k + 1)!
F (x) − F (x0 ) (k + 1)![f (x) − Pk (x)]
= . Como F e G são contínuas em [x0 , x] e deriváveis
G(x) − G(x0 ) (x − x0 )k+1
em (x0 , x), então pelo teorema do quociente de Cauchy A.8.4, existe cx ∈ (x0 , x) tal que
f (k+1) (cx )
E, portanto, f (x) = Pk (x) + (x − x0 )k+1 .
(k + 1)!