Você está na página 1de 142

Universidade Federal do Rio Grande - FURG

Instituto de Matemática, Estatística e Física - IMEF

Séries Numéricas e de Funções

an Cos n )( x + bn Sen n )( x
( ) ( )
))

))
L L

NOTAS DE AULA - CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL II

André Meneghetti
Cinthya Meneghetti (revisão)
(última atualização: 9 de Fevereiro de 2021)
ii
Conteúdo
1 Sequências numéricas 1
1.1 Definição de sequências numéricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Sequências vistas como funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.3 Convergência de sequências numéricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.4 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

2 Séries numéricas 9
2.1 Definição de séries numéricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.2 Convergência de séries . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.3 Séries especiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.3.1 Série Geométricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.3.2 Série Harmônica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.4 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

3 Testes para séries numéricas 26


3.1 Teste da divergência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.2 Teste da comparação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.3 Teste da integral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.4 Teste da p-série . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.5 Teste da razão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3.6 Teste da raiz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.7 Teste da comparação dos limites . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3.8 Teste da série alternada (teste de leibniz) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.9 Convergência absoluta e condicional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
3.10 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

4 Série de potências 57
4.1 Definição de série de potências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
4.2 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
4.3 Série de Maclaurin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
4.4 Polinômios de Maclaurin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
4.5 Interpretação gráfica dos polinômios de Maclaurin . . . . . . . . . . . . . . 80
4.6 Derivando e integrando séries de potências . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
4.7 Séries de Taylor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
4.8 Polinômios de Taylor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
4.9 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93

5 Breve revisão de algumas funções 101


5.1 Função ímpar e função par . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
5.2 Função periódica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105

iii
6 Série de Fourier 109
6.1 Séries de Fourier vistas informalmente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
6.2 Teorema de Fourier . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
6.3 Exemplos de Séries de Fourier . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
6.4 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133

iv
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 1 SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS

1 Sequências numéricas
1.1 Definição de sequências numéricas
Uma sequência numérica, ou simplesmente, uma sequência é uma sucessão interminável
de números, chamados termos, em uma ordem determinada.

São exemplos de sequências numéricas:

a) 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, . . .

b) 2, 4, 6, 8, 10, 12, 14, 16, . . .


1 1 1 1 1 1 1
c) 1, , , , , , , , . . .
2 3 4 5 6 7 8
d) 1, −1, 1, −1, 1, −1, 1, −1, . . .

Qualquer lista infinita de números constitui uma sequência numérica, porém estaremos
interessados em estudar aquelas que seus termos estão relacionados. Se n ∈ N, temos:

a) 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, . . . , n, . . .

b) 2, 4, 6, 8, 10, 12, 14, 16, . . . , 2n, . . .


1 1 1 1 1 1 1 1
c) 1, , , , , , , , . . . , , . . .
2 3 4 5 6 7 8 n
d) 1, −1, 1, −1, 1, −1, 1, −1, . . . , (−1)n+1 , . . .

Note que em cada sequência existe uma relação entre os termos. Dizemos que os ter-
mos estão relacionados pelo termo geral. Os exemplos acima justificam a nomenclatura.

Notação: Muitas vezes é usada uma notação especial, envolvendo o termo geral, para
tornar a notação mais compacta. Vejamos como ficam os exemplos já citados:

a) 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, . . . , n, . . . = {n}∞
n=1

b) 2, 4, 6, 8, 10, 12, 14, 16, . . . , 2n, . . . = {2n}∞


n=1
 ∞
1 1 1 1 1 1 1 1 1
c) 1, , , , , , , , . . . , , . . . =
2 3 4 5 6 7 8 n n n=1

d) 1, −1, 1, −1, 1, −1, 1, −1, . . . , (−1)n , . . . = (−1)n+1

n=1

1
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 1 SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS

1.2 Sequências vistas como funções


Uma maneira interessante de entender sequência é defini-las com funções, cujo o domínio
é N = {1, 2, 3, ....} e o valor da função é dado pelo termo geral da série. Assim definida,
a sequência passa a ser a imagem da função.

Exemplo 1.2.1. A sequência 1, 2, 3, 4, . . . , n, . . . = {n}∞


n=1
pode ser associada a função f (n) = n no qual n ∈ N.
n
20

15

10

n
5 10 15 20

Exemplo 1.2.2. A sequência 2, 4, 6, 8, . . . , 2n, . . . = {2n}∞


n=1
pode ser associada a função f (n) = 2n no qual n ∈ N.
2n
40

30

20

10

n
5 10 15 20

2
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 1 SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS

 ∞
1 1 1 1 1
Exemplo 1.2.3. A sequência 1, , , , . . . , , . . . =
2 3 4 n n n=1
1
pode ser associada a função f (n) = no qual n ∈ N.
n
1

0.5

0.4

0.3

0.2

0.1

n
5 10 15 20


Exemplo 1.2.4. A sequência 1, −1, 1, −1, . . . , (−1)n , . . . = (−1)n+1

n=1
pode ser associada a função f (n) = (−1)n+1 no qual n ∈ N.

H-1Ln+1
1.0

0.5

n
2 4 6 8 10 12 14

-0.5

-1.0

3
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 1 SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS

1.3 Convergência de sequências numéricas


Considere a sequêcia

a1 , a2 , a3 , a4 , a5 , . . .

e o limite do termo geral lim an . Se


n→∞

• lim an = número então dizemos que a sequência {an }∞


n=1 converge;
n→∞

• lim an 6= número então dizemos que a sequência {an }∞


n=1 diverge.
n→∞

Exemplo 1.3.1. Considere a sequência


 ∞
1 1 1 1 1
= 1, , , , . . . , , . . .
n n=1 2 3 4 n

Como o limite do termo geral tende a zero, isso é, como


1
=0 lim
n→∞ n

então a sequência de números converge para zero, ou simplesmente, a sequêcia converge.


1

n
0.25

0.20

0.15

0.10

0.05

n
10 20 30 40 50

4
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 1 SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS

Exemplo 1.3.2. Veja agora a sequência

1, −1, 1, −1, . . . , (−1)n , . . . = {(−1)n }∞


n=0

Note que o limite limn→∞ (−1)n simplesmente não existe. Logo dizemos que essa
sequência de números diverge, ou simplesmente, a sequência diverge.

Isso é,

@ lim (−1)n =⇒ {(−1)n }∞


n=0 diverge
n→∞

H-1Ln+1
1.0

0.5

n
2 4 6 8 10 12 14

-0.5

-1.0

Exemplo 1.3.3. Analogamente ao exemplo anterior, a sequência

2, 4, 6, 8, 10, . . . , 2n, . . . = {2n}∞


n=1

também diverge, pois @ lim (2n).


n→∞

2n
40

30

20

10

n
5 10 15 20

5
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 1 SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS

 ∞
n
Exemplo 1.3.4. Verifique se a sequência converge ou diverge.
2n + 1 n=1

Resolução:
n 1
lim = , portanto a sequência converge.
n→∞ 2n + 1 2
n

2 n+1
1.0

0.8

0.6

0.4

0.2

n
5 10 15 20 25 30

∞
(−1)n n

Exemplo 1.3.5. Verifique se a sequêcia converge ou diverge.
2n + 1 n=1

Resolução:
(−1)n n
lim não existe, portanto a sequência diverge.
n→∞ 2n + 1

H-1Ln n

2 n+1

0.4

0.2

n
5 10 15 20 25 30

-0.2

-0.4

6
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 1 SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS

1.4 Exercícios
◦ Exercício 1. Em cada parte, ache a fórmula para o termo geral da sequência, come-
çando com n = 1.
1 1 1 1 3 5 7
a) 1, , , , . . . c) , , , ,...
3 9 27 2 4 6 8
1 1 1 1 4 9 16
b) 1, − , , − , . . . d) √ , √
3
,√
4
, √ ,...
3 9 27 π π π 5π

◦ Exercício 2. Em cada item encontre o termo geral da sequência e escreva a sequência


na forma compacta com índice começando em n = 0.

a) 1, −r, r2 , −r3 , . . . b) r, −r2 , r3 , −r4 , . . .

◦ Exercício 3. Em cada item reescreva a sequência exibindo os cinco primeiros termos.


Logo após verifique se a sequência é convergente ou diverge, caso seja convergente calcule
qual é o valor para o qual ela converge.
∞
(n + 1)(n + 2) ∞
  
n
a) f)
n + 2 n=1 2n2 n=1

b) {2}∞n=1
  ∞
3
g) cos
ln n ∞
 
n
c) n=1
n n=1

h) n2 e−n

d) {1 + (−1)n }∞
n=1
n=1
 3
∞   n ∞
n 2n n+3
e) (−1) 3 i)
n + 1 n=1 n+1 n=1

◦ Exercício 4. Dadas as sequências abaixo as reescreva em formato compacto começando


com n = 1.
1 3 5 7
       
1 1 1 1 1 1 1
a) , , , , . . . c) 1 − , − , − , − ,...
2 4 6 8 2 2 3 3 4 4 5
1 1 1 1 √ √  √ √  √ √ 
b) , , , , . . . d) 2− 3 , 3− 4 , 4 − 5 ,...
3 9 27 81

7
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 1 SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS

RESPOSTAS

Exercício 1)
1 (−1)n+1 2n − 1 n2
a) b) c) d)
3n−1 3n−1 2n π 1/(n+1)
Exercício 2)
o∞
a) {(−r)n }∞
n
n=0 b) (−1)n (r)n+1
n=0

Exercício 3)

1 2 3 4 5 n
a) , , , , , . . .; converge, lim =1
3 4 5 6 7 n→∞ n + 2

b) 2, 2, 2, 2, 2, . . .; converge, lim 2 = 2
n→∞

ln(1) ln(2) ln(3) ln(4) ln(5) ln(n)


c) , , , , , . . .; converge, lim =0
1 2 3 4 5 n→∞ n

d) 0, 2, 0, 2, 0 . . .; diverge
16 54 128 250
e) −1, ,− , ,− , . . .; diverge
9 28 65 126
  
6 12 20 30 42 1 1 2 1
f) , , , , , . . .; converge, lim 1+ 1+ =
2 8 18 32 50 n→∞ 2 n n 2
           
3 3 3 3 3 3
g) cos , cos , cos , cos , cos , . . .; converge, lim cos =1
1 2 3 4 5 n→∞ n

h) e−1 , 4e−2 , 9e−3 , 16e−4 , 25e−5 , . . .; converge, lim n2 e−n = 0


n→∞
 2  3  4  5
n+3 n
 
5 6 7 8
i) 2, , , , , . . .; converge, lim = e2
3 4 5 6 n→∞ n + 1

Exercício 4)

2n − 1 ∞
   ∞
1 1
a) c) −
2n n=1 n n+1 n=1
 ∞
1 √
b) d)
√
n+1− n+2

3n n=1 n=1

8
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 2 SÉRIES NUMÉRICAS

2 Séries numéricas
2.1 Definição de séries numéricas
Uma série numérica, ou simplesmente série, é uma soma que envolve infinitos termos.

São exemplos de séries:


1 1 1
a) 1 + + + + ···
2 4 8
b) 1 + 2 + 3 + 4 + · · ·

c) 1 − 1 + 1 − 1 + 1 − · · ·
1 1 1
d) 1 + + + + ···
2 3 4

Assim como nas sequências, estaremos interessados nas séries em que os termos possuem
alguma relação, isso é, aqueles que possuem termo geral.


1 1 1 X 1
a) 1 + + + ··· + n + ··· =
2 4 2 2n
n=0

X
b) 1 + 2 + 3 + · · · + n + · · · = n
n=1

X
c) 1 − 1 + 1 + · · · + (−1)n+1 + · · · = (−1)n+1
n=1

1 1 1 X 1
d) 1 + + + ··· + + ··· =
2 3 n n
n=1

P∞
Definição 2.1. A notação n=1 an significa o limite das somas parciais. Mais precisa-
mente

X N
X
an = lim an , (1)
N →∞
n=1 n=1
PN
onde n=1 an = sN é dita a N -ésima soma parcial da série.

9
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 2 SÉRIES NUMÉRICAS

2.2 Convergência de séries


Definição 2.2. Dada a série numérica

X
an = a1 + a2 + a3 + · · ·
n=1

dizemos que:
N
X
• a série converge se o limite lim an existe;
N →∞
n=1

N
X
• a série diverge se o limite lim an não existe.
N →∞
n=1

Exemplo 2.2.1. Afirmamos que a série



X
n2 = 1 + 4 + 9 + 16 + · · ·
n=1

diverge. Podemos argumentar da seguinte maneira: primeiro lembramos que o valor da


série é o limite das somas parciais, isto é

X N
X
n2 = lim n2 = lim 12 + 22 + 32 + 42 + · · · + N 2 .
N →∞ N →∞
n=1 n=1

Podemos imaginar qualquer número positivo, que chamaremos de M . Uma vez fi-
xado, basta aumentar a soma parcial até que N > M . Se N > M , então certamente
limN →∞ 12 + 22 + 32 + 42 + · · · + N 2 > M . Podemos repetir este procedimento para
qualquer valor positivo M . Isso indica que
N
X
lim n2 = lim 12 + 22 + 32 + 42 + · · · + N 2 = ∞
N →∞ N →∞
n=1

Logo,

X
n2 diverge.
n=1

10
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 2 SÉRIES NUMÉRICAS

Exemplo 2.2.2. A série



X N
X
n+1
(−1) = lim (−1)n+1 = lim 1 − 1 + 1 − 1 + · · · + (−1)N +1
N →∞ N →∞
n=1 n=1

também diverge. A justificativa aqui é a mesma, pois podemos verificar que não existe
XN
o limite lim (−1)n+1 . As somas parciais ficam oscilando entre 1 e 0, logo não
N →∞
n=1
convergem para nenhum valor.

11
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 2 SÉRIES NUMÉRICAS

Exemplo 2.2.3. Agora, série



X 1 1 1 1 1
=1+ + + + + ···
2n 2 4 8 16
n=0

é convergente. Observe as primeiras somas parciais:


0
X 1
= 1
2n
n=0
1
X 1 1
= 1+ = 1.5
2n 2
n=0
2
X 1 1 1
= 1+ + = 1.75
2n 2 4
n=0
4
X 1 1 1 1
= 1+ + + = 1.875
2n 2 4 8
n=0
5
X 1 1 1 1 1
= 1+ + + + = 1.9375
2n 2 4 8 16
n=0

Vemos que as somas parciais estão cada vez mais próximas de 2, mais precisamente,
quanto maior o número de termos somados melhor é a aproximação.

Isto é, somando os N + 1 termos iniciais temos

N
X 1 1 1 1 1
sN = n
= 1 + + + + · · · + N ≈ 2.
2 2 4 8 2
n=0

Isso indica (e é possível verificar formalmente) que


∞ N
X 1 X 1 1 1 1
n
= lim n
= 1 + + + + ··· = 2
2 N →∞ 2 2 4 8
n=0 n=0
N ∞
X 1 X 1
Como sabemos que lim n
existe (já que é igual a 2) podemos concluir que
N →∞ 2 2n
n=0 n=0
converge.

12
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 2 SÉRIES NUMÉRICAS

∞  
X 1 1
Exemplo 2.2.4. Verifique se a série − converge ou diverge.
n n+1
n=1

Resolução:

Note que

N  
X 1 1 1 1 1 1 1
sN = − =1− + − + ··· + − .
n n+1 2 2 3 N N +1
n=1

Simplificando temos:

N  
X 1 1 1 1 1 1 1
sN = − = 1−+− + · · · + −
n n+1  2 2 3 N N +1
n=1

logo,

N  
X 1 1 1
sN = − =1− .
n n+1 N +1
n=1

Portanto

∞  
X 1 1
− = lim sN = 1,
n n+1 N →∞
n=1

ou seja,

∞  
X 1 1
− =1
n n+1
n=1

A série converge.

13
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 2 SÉRIES NUMÉRICAS


X
Exemplo 2.2.5. Verifique se a série n20 − (n + 1)20 converge ou diverge.

n=1

Resolução:

Analogamente ao exemplo anterior, temos

N
X
−220
n20 − (n + 1)20 = 120 +220
−320
+320
−420 + · · ·  20 − (N + 1)20 .

sN = +N
         
n=1

Isto é,
N
X
n20 − (n + 1)20 = 1 − (N + 1)20 .

sN =
n=1

Como


X N
X
20 20
n20 − (n + 1)20 = lim 1 − (N + 1)20 = −∞,
 
n − (n + 1) = lim
N →∞ N →∞
n=1 n=1

então


X
n20 − (n + 1)20 = −∞.

n=1

Portanto, a série diverge.

14
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 2 SÉRIES NUMÉRICAS

2.3 Séries especiais


No estudo de séries numéricas existem duas séries que merecem destaque:

• Séries Geométricas

• Séries Harmônicas

2.3.1 Série Geométricas


São aqueles que cada termo é obtido multiplicando o termo anterior por um número r,
chamado de razão.

X
2 3
a + ar + ar + ar + · · · = arn
n=0

Convergência da Série Geométrica

Se r é razão de uma série geométrica, então temos a seguinte propriedade:

• se |r| ≥ 1 a série diverge;

• se |r| < 1 a série converge e sua soma é dada pela fórmula 2.

Além disso, quando |r| < 1, temos que


X a
a.rn = (2)
1−r
n=0

15
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 2 SÉRIES NUMÉRICAS

Provando a Fórmula (2)


Prova:

Uma série numérica, em particular uma série geométrica, converge se


X N
X
arn = lim arn = L,
N →∞
n=0 n=0

no qual L ∈ R.

Considere as seguintes relações


N
X
arn = a + ar + ar2 + · · · + arN −1 + arN (3)
n=0

Multiplicando ambos os lados da igualdade por r, obtemos


N
X
r arn = ar + ar2 + · · · + arN + arN +1 (4)
n=0

Agora, subtraindo (3)- (4) obtemos

N
X N
X
arn − r arn = a − arN +1 =⇒
n=0 n=0

N
X
(1 − r) arn = a − arN +1 =⇒
n=0

N
X a − arN +1
arn =
n=0
1−r

Portanto,
∞ N
X X a − arN +1
arn = lim arn = lim
n=0
N →∞
n=0
N →∞ 1−r
Agora é fácil ver que se |r| > 1

X a − arN +1
arn = lim = ±∞
n=0
N →∞ 1−r
e que se |r| < 1

X a − arN +1 a
arn = lim = .
n=0
N →∞ 1−r 1−r

16
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 2 SÉRIES NUMÉRICAS

Exemplo 2.3.1. A série


∞ 
−2 n 2 22 23
X 
=1− + − + ···
5 5 52 53
n=0

é uma série geométrica de razão r = − 25 .

Como |r| = 2
5 < 1 a série converge e sabemos qual é a soma:

∞ 
−2 n

X 1 5
= 2 = 7

5 1 − −5
n=0

Exemplo 2.3.2. A série


∞  n  2  3
X 3 3 3 3
= + + + ···
2 2 2 2
n=1

é uma série geométrica de razão r = 32 .

Como |r| = 3
2 ≥ 1 a série diverge.

2.3.2 Série Harmônica


A série harmônica é definida por


X 1 1 1 1
= 1 + + + + ··· (5)
n 2 3 4
n=1

17
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 2 SÉRIES NUMÉRICAS

Proposição 2.1. A série Harmônica (5) diverge.

Prova:


X 1 1 1 1
= 1 + + + + ··· =
n=1
n 2 3 4
     
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
1+ + + + + + + + + + + ··· >
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
     
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
1+ + + + + + + + + + + ··· =
2 4 4 8 8 8 8 16 16 16

1 1 1 1
1+ + + + + ···
2 2 2 2

isso é

X 1 1 1 1 1
> 1 + + + + + ··· = ∞
n=1
n 2 2 2 2
Logo a série harmônica diverge.


X 4n+2
Exemplo 2.3.3. Verifique se a série converge ou diverge.
7n−1
n=1

Resolução:

Essa série é geométrica. Vamos reescrevê-la para melhor identificá-la

∞ ∞  2  n ∞  n
X 4n+2 X 4 4 2
X 4
= −1
= (4 )(7) .
7n−1 7 7n 7
n=1 n=1 n=1

A série geométrica possui razão r = 74 . Como |r| = 4


7 < 1, então a série converge e, além
disso, sabemos que a soma é

∞  n 4 4
  
2
X 4 2 2 4 448
(4 )(7) = (4 )(7) 7
4 = (4 )(7) 7
3 = (42 )(7) = .
7 1− 7 7
3 3
n=1

18
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 2 SÉRIES NUMÉRICAS

A seguir alguns exemplos que ajudarão na resolução dos exercícios propostos.


X 1
Exemplo 2.3.4. Verifique se a série converge ou diverge.
(n + 2) (n + 3)
n=1

Resolução:

Lembre que

∞ N
X 1 X 1
= lim .
(n + 2) (n + 3) N →∞ (n + 2) (n + 3)
n=1 n=1

Usando frações parciais temos que

 
1 1 1
= − .
(n + 2) (n + 3) n+2 n+3

Isso é

∞ N  
X 1 X 1 1
= lim −
(n + 2) (n + 3) N →∞ n+2 n+3
n=1 n=1

Logo

∞  
X 1 1 1 1 1 1 1 1 1
= lim −  +  −  +  −  + ··· +  −
(n + 2) (n + 3) N →∞ 3 4 4 5 5 6 N + 2 N +3
n=1 

∞  
X 1 1 1 1
= lim − = .
(n + 2) (n + 3) N →∞ 3 N +3 3
n=1

Logo a série converge.

19
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 2 SÉRIES NUMÉRICAS

Definição 2.3. Quando a N -ésima soma parcial de uma série numérica resulta no can-
celamento da maioria dos termos restando apenas finitas parcelas, a série numérica é
denominada Série Telescópica.

Exemplo 2.3.5. Reescreva 5, 373737 . . . na forma de fração.

Resolução:

5, 373737 . . . = 5 + 0, 37 + 0, 0037 + 0, 000037 + . . .

37 37 37
5, 373737 . . . = 5 + + 2
+ + ···
100 (100) (100)3
 
37 1 1 1
5, 373737 . . . = 5 + 1+ + + + ···
100 100 (100)2 (100)3
!
37 1
5, 373737 . . . = 5 + 1
100 1 − 100

37  100

5, 373737 . . . = 5 + .
100
 99

37 532
5, 373737 . . . = 5 + =
99 99

20
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 2 SÉRIES NUMÉRICAS

Exemplo 2.3.6. Para que valores de x a série


1 2 4 8
+ + + + ···
x2 x3 x4 x5
converge?

Resolução:

1 2 4 8
2
+ 3 + 4 + 5 + ··· =
x x x x

20 21 22 23
+ + + + ··· =
x2 x3 x4 x5

1 22 23 24
 
+ + + ··· =
22 x2 x3 x4

1 22 22 23
 
2
. 1 + + 2 + 3 + ··· =
4 x2 x x x
"    2  3 #
1 2 2 2
1+ + + + ···
x2 x x x

Note que temos uma série geométrica de razão r = x2 . Portanto a série converge quando
2
|r| = |x| < 1, ou equivalentemente, quando

x ∈ (−∞, −2) ∪ (2, ∞).

21
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 2 SÉRIES NUMÉRICAS

1 1 1
Exemplo 2.3.7. Calcule o valor da série + + + ···
1.3 2.4 3.5
Resolução:

1 1 1
+ + + ··· =
1.3 2.4 3.5
∞  
X 1 1
+ =
(2n − 1) (2n + 1) 2n(2n + 2)
n=1

N  
X 1 1
lim + =
N →∞ (2n − 1) (2n + 1) 2n(2n + 2)
n=1

N
!
1
X
2 − 21 1
− 12
lim + + 2 + =
N →∞ 2n − 1 2n + 1 2n 2n + 2
n=1
 
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 3
lim −  + −  +  −  +  −  + · · · +  − + − =
N →∞ 2 6
 4 8
 6
 10
 8
 12
 4N
 − 2 4N + 2 4N
 4N + 4 4

Portanto,
1 1 1 3
+ + + ··· = .
1.3 2.4 3.5 4

1 1 1 X 1
Outra possibilidade é escrever + + +· · · = . naturalmente o valor
1.3 2.4 3.5 n(n + 2)
n=1
sa moma deverá ser o mesmo. Repita o processo descrito no exemplo como exercício.

22
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 2 SÉRIES NUMÉRICAS

2.4 Exercícios
◦ Exercício 5. Encontre a forma fechada de cada uma das séries. (Isso é, com a notação
de somatório)
2 2 2 1 1 1 1
a) 2 + + + + ··· c) + + + + ···
5 52 53 2.3 3.4 4.5 5.6
1 2 22 23 1 1 1 1
b) + + + + ··· d) − + − + + ···
4 4 4 4 2.3 3.4 4.5 5.6

◦ Exercício 6. Para cada item determine se a série converge ou diverge. Determine o


valor da soma daquelas que convergem.
∞  ∞
3 n−1

X X 1
a) − d)
4 9n2 + 3n − 2
n=1 n=1
Dica: Fatore o denominador.
∞ ∞
7 X 1
e)
X
b) (−1) n−1
6n−1 n−2
n=1 n=3
Dica: Escreve os primeiros termos da série.

∞ ∞
X 1 X 4n+2
c) f)
(n + 2)(n + 3) 7n−1
n=1 n=1
Dica: Use frações parciais. Dica: Ajuste os expoentes.

◦ Exercício 7. Expresse as seguintes dízimas periódicas como frações.

a) 0, 444444444444 . . . c) 0, 782178217821 . . .

b) 5, 373737373737 . . . d) 0, 232323232323 . . .

Dica: Reescreva as dízimas de maneira que formem progressões geométricas. Exemplo:

0, 23232323 . . . = 0, 23 + 0, 0023 + 0, 000023 + 0, 00000023 + · · ·

23 23 23 23
= + 2
+ 3
+ + ···
100 100 100 1004
 
23 1 1 1
= 1+ + + + ···
100 100 1002 1003
!  
23 1 23 100 23
= 1 = =
100 1 − 100 100 99 99

23
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 2 SÉRIES NUMÉRICAS

◦ Exercício 8. Para cada série abaixo encontre a forma fechada e verifique se a série
converge ou diverge. Se converge, determine qual é o valor da soma.
       
1 2 3 n
a) ln + ln + ln + · · · + ln + ···
2 3 4 n+1
       
1 1 1 1
b) ln 1 − + ln 1 − + ln 1 − + · · · + ln 1 − + ···
4 9 16 (n + 1)2

X N
X
Dica: Nesse exercício é necessário usar a definição an = lim an . Isso é, pri-
N →∞
n=1 n=1
meiro determine a soma parcial até o n-ésimo termo e depois faça o limite.

a) Lembre da propriedade do logaritmo: ln(x) + ln(y) = ln(xy).

∞     
X n−1 n
b) Verifique que essa série pode ser reescrita como sendo ln − ln
n n+1
n=2

◦ Exercício 9. As séries abaixo são séries geométricas. Encontre a forma fechada de


cada uma delas e determine, para cada uma, quais são os valores de x que a série converge.

a) x − x3 + x5 − x7 + · · ·
1 2 4 8
b) 2
+ 3 + 4 + 5 + ···
x x x x
c) e−x + e−2x + e−3x + e−4x + · · ·

Dica: Lembre que uma série geométrica converge se sua razão r, em módulo, é menor
que 1. Isso é, em cada item determine a razão e estude quais são os valores de x que
satisfazem a desigualdade |r| < 1.

◦ Exercício 10. Mostre que:


∞  
X 1 1 3
a) − =
n n+2 2
n=1

1 1 1 1 3
b) + + + + ··· =
1.3 2.4 3.5 4.6 4
1 1 1 1 1
c) + + + + ··· =
1.3 3.5 5.7 7.9 2
1 1 1 2 sen(x)
d) sen(x) − sen2 (x) + sen3 (x) − sen4 (x) + · · · = ∀x ∈ R.
2 4 8 2 + sen(x)

24
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 2 SÉRIES NUMÉRICAS

RESPOSTAS

Exercício 5)
∞ ∞
X 1 X 1
a) 2 c)
5n n(n + 1)
n=0 n=2
∞ ∞
1X n X (−1)n−1
b) 2 d)
4 n(n + 1)
n=0 n=2

Exercício 6)
4 1 e) diverge
a) converge; c) converge;
7 3
1 448
b) converge; 6 d) converge; f) converge;
6 3
Exercício 7)
4 7821
a) c)
9 9999
532 23
b) d)
99 99
Exercício 8)
N  
X n
a) ln = − ln(n + 1). Portanto
n+1
n=1
∞   N  
X n X n
ln = lim ln = lim (− ln(n + 1)) = −∞. Logo diverge.
n+1 N →∞ n+1 N →∞
n=1 n=1

∞   N  
X 1 X 1
b) ln 1 − = lim ln 1 −
(n + 1)2 N →∞ (n + 1)2
n=2 n=2
N     
X n−1 n
= lim ln − ln = − ln(2). Logo converge.
N →∞ n n+1
n=2

Exercício 9)
x
a) e converge se x ∈ (−1, 1)
1 + x2
1
b) e converge se x ∈ (−∞, −2) ∪ (2, ∞)
x2 − 2x
1
c) e converge se x ∈ (0, ∞)
ex − 1

25
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 3 TESTES PARA SÉRIES NUMÉRICAS

3 Testes para séries numéricas


A seguir veremos alguns testes que são usados para verificar se uma série numérica
converge ou diverge. Antes disso apresentamos dois resultados que serão úteis no decorrer
da seção.

Axioma 3.1. (Axioma da Completude) Se um conjunto não vazio S de números reais


tiver uma cota superior, então ele terá uma cota superior mínima (chamada de supremo)
e se um conjunto não vazio S de números reais tiver uma cota inferior, então ele terá
uma cota inferior máxima (chamada de ínfimo).

Exemplo 3.0.1. No conjunto S = (0, 1) qualquer valor entre [1, ∞) é cota superior de
S, no qual o supremo é 1.

Observação 3.1. O supremo (ou ínfimo) podem ou não pertencer ao conjunto S.

Resultado 3.1. Seja {an }∞


n=1 uma sequência de números positivos, crescentes e limitados
superiormente. Então a sequência {an }∞
n=1 converge.

Prova:
Como a sequência é limitada, existe M ∈ R+ tal que an ≤ M . O conjunto S = {an |∀n ∈ N} certamente
é limitado superiormente, pois S ⊆ (0, M ). Pelo axioma (3.1) S possui supremo. Seja a = sup S. Vamos
mostrar que limn→∞ an = a.

Pela definição de supremo, dado ε > 0 existe n0 tal que a − ε < an0 < a. Como a sequência é crescente
para todos n > n0 temos que

a − ε < an0 < an < a < a + ε =⇒

a − ε < an < a + ε =⇒ |a − an | < ε =⇒

an −→ a.

Resultado 3.2. Seja {an }∞n=1 uma sequência de números positivos, decrescentes e limi-
tados inferiormente. Então a sequência {an }∞
n=1 converge.

Prova:
Análogo ao anterior. Fica de exercício.

26
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 3 TESTES PARA SÉRIES NUMÉRICAS


X
Resultado 3.3. Se an uma série de termos positivos que é limitada superiormente,
n=1

X
então an converge .
n=1

Prova:

Observe que definindo SN = N n=1 an temos que a sequência {Sn } é positiva e crescente. Como estamos
P
supondo que a série é limitada superiormente, então existe M ∈ R+ tal que
N
X ∞
X
0< an < an < M =⇒ 0 < SN < M.
n=1 n=1
| {z }
SN

Pelo resultado (3.1) a sequência converge. Existe L ∈ R tal que


N
X ∞
X
lim SN = L =⇒ lim an = L =⇒ an = L.
n→∞ n→∞
n=1 n=1



X
Observação 3.2. Se uma série de termos positivos an diverge, então necessariamente
n=1

X
an = ∞. Você sabe explicar porque?
n=1


X
Resultado 3.4. Seja an uma série de termos negativos que é limitada inferiormente.
n=1

X
Então an converge .
n=1

27
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 3 TESTES PARA SÉRIES NUMÉRICAS

3.1 Teste da divergência


X
i) Se lim an 6= 0, então an diverge;
n→∞
n=1

X
ii) Se lim an = 0, então an pode convergir ou diverge (ou seja, é inconclusivo).
n→∞
n=1

Prova:
Para provar (i) façamamos a seguinte afirmação:

X
Se an converge, então lim an = 0.
n→∞
n=1

X N
X
De fato, como an converge, então lim an = L ∈ R.
N →∞
n=1 n=1

Observe que
N
X N
X −1
an − an = aN
n=1 n=1

Aplicando limite
N
X N
X −1
lim an − lim an = lim aN
N →∞ N →∞ N →∞
n=1 n=1
| {z } | {z }
L L

0 = lim aN
N →∞

X
Note que agora já não faz mais sentido supor que existe uma série tal que lim an 6= 0 e an converge.
n→∞
n=1
Nesse caso teríamos uma contradição, pois acabamos de provar que toda série convergente possui termo
geral tentendo a zero. Ou seja teríamos que ao mesmo tempo

limn→∞ an 6= 0 e limn→∞ an = 0
contrariando a unicidade do limite.

Para provar (ii), basta citarmos dois exemplos mostrando assim que o teste é inconclusivo. Duas séries
já conhecidas são:

X 1
• , série harmônica que sabemos ser divergente;
n=1
n

X 1
• n
, série geométrica com razão r = 1/2 < 1, que sabemos ser convergente.
n=0
2

1 1
Observe que em ambos os casos o limite do termo geral é zero, ou seja, lim = 0 e lim n = 0.
n→∞ n n→∞ 2

28
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 3 TESTES PARA SÉRIES NUMÉRICAS


X n n
Exemplo 3.1.1. A série diverge, pois lim = 1 6= 0
n+1 n→∞ n + 1
n=1


X
Exemplo 3.1.2. A série n diverge, pois lim n = ∞
n→∞
n=1

Exemplo 3.1.3. Na série Harmônica



X 1 1 1 1 1
= + + + + ···
n 1 2 3 4
n=1
1
temos que lim = 0. Pelo teste da divergência isso não significa que a série converge
n→∞ n
e nem que ela diverge. Nesse caso será necessário usar outro teste.

29
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 3 TESTES PARA SÉRIES NUMÉRICAS

3.2 Teste da comparação


X ∞
X
Sejam an e bn séries com termos não negativos. Suponha que para algum inteiro
n=1 n=1

X ∞
X
n0 an ≤ bn para todo n ≥ n0 , (isto é, an ≤ bn ).
n=n0 n=n0
Então,

X ∞
X
i) se an diverge, então bn diverge;
n=1 n=1

X ∞
X
ii) se bn converge, então an converge.
n=1 n=1

Prova:

Para provar o item (ii), sejam an e bn , tais que an ≤ bn para todo n ≥ n0 . Isto é,

an0 ≤ b n0
an0 +1 ≤ bn0 +1
an0 +2 ≤ bn0 +2
an0 +3 ≤ bn0 +3
...
aN ≤ bN
Somando temos

an0 + an0 +1 + an0 +2 + an0 +3 + · · · + aN ≤ bn0 + bn0 +1 + bn0 +2 + bn0 +3 + · · · + bN

N
X N
X
an ≤ bn
n=n0 n=n0

Apliando limite em N
N
X N
X
lim an ≤ lim bn
N →∞ N →∞
n=n0 n=n0


X ∞
X
an ≤ bn
n=n0 n=n0

X ∞
X
Pelo resultado (3.3), comcluímos que an converge, logo an também converge.
n=n0 n=1

30
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 3 TESTES PARA SÉRIES NUMÉRICAS


X
Para provar o item (i) suponhamos que an diverge. Como os termos são positivos, então se essa série
n=1

X
diverge é por que an = ∞.
n=1

Logo,

X ∞
X
0≤ an ≤ bn = ∞.
n=1 n=1
| {z }
=∞

X
Para provar o item (ii) suponhamos que bn converge. Isto significa que existe um número real L tal
n=1

X
que bn = L. Observe que L deve ser positivo, pois todos os termos da série são positivos.
n=1

Portanto,

X ∞
X ∞
X
0≤ an ≤ bn =⇒ 0 ≤ an ≤ L.
n=1 n=1 n=1
| {z }
=L

X
Pelo resultado (3.3) a série an converge.
n=1

31
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 3 TESTES PARA SÉRIES NUMÉRICAS


X 1
Exemplo 3.2.1. Verifique se a série converge ou diverge.
n2 +n
n=1

Resolução:

X 1
Vamos comprar a série acima com a p-série .
n2
n=1

Note que todos os termos, de ambas as séries, são não negativas.



X 1
Como é uma p-série com p maior que 1, então essa série converge (veja ii). Além
n2
n=1
disso,

∞ ∞
X 1 X 1
0≤ ≤
n2 + n n2
n=1 n=1


X 1
logo, pelo teste da comparação, também converge.
n2 + n
n=1

32
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 3 TESTES PARA SÉRIES NUMÉRICAS

3.3 Teste da integral


X
Seja an uma série com termos positivos. Suponha que an = f (n), onde f é uma
n=1
função contínua, positiva e decrescente no intervalo [n0 , ∞) sendo n0 é um inteiro positivo.
Então,

X Z ∞
an e f (x)dx,
n=n0 n0

possuem mesmo comportamento, ou seja, ou ambas convergem, ou ambas divergem.

Prova:

X
Do enunciado vamos supor sem perda de generalidade que n0 = 1. Sejam an uma série com termos
n=1
positivos e decrescentes e f (x) uma função decrescente, contínua e integrável num certo intervalo [1, ∞)
tal que f (n) = an para todo n.
Observe a relação geométrica que existe entre a série e a função:

f(x)

a2 a3
a4 a5 a6 a
7 a8
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 ...

f(x)

a1 a2
a3 a
4 a5 a6 a7 a8
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 ...

Pela ilustração acima fica fácil ver que

33
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 3 TESTES PARA SÉRIES NUMÉRICAS

Z 2
a2 ≤ f (x)dx ≤ a1
1

Z 3
a2 + a3 ≤ f (x)dx ≤ a1 + a2
1

Z 4
a2 + a3 + a4 ≤ f (x)dx ≤ a1 + a2 + a3
1

...
Z N
a2 + a3 + a4 + · · · + aN ≤ f (x)dx ≤ a1 + a2 + a3 + · · · + aN −1
1

N
X Z N N
X −1
an ≤ f (x)dx ≤ an
n=2 1 n=1

Aplicando limite em N
N
X Z N N
X −1
lim an ≤ lim f (x)dx ≤ lim an
n→∞ n→∞ 1 n→∞
n=2 n=1


X Z ∞ ∞
X
an ≤ f (x)dx ≤ an
n=2 1 n=1

Z ∞
Se supormos que f (x)dx = ∞, pela desigualdade
1
Z ∞ ∞
X
f (x)dx ≤ an
|1 {z } n=1

P∞
temos que n=1 an = ∞.
Z ∞
Se supormos que f (x)dx = L (isso é, converge), pela desigualdade
1

X Z ∞
an ≤ f (x)dx
n=2 |1 {z }
L

X
0≤ an ≤ L.
n=2

X
Novamente aplicamos o resultado (3.3) e concluímos que an converge.
n=2

34
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 3 TESTES PARA SÉRIES NUMÉRICAS


X 1
Exemplo 3.3.1. Verifique se a série converge ou diverge.
n=1 (4 + 2n)3/2

Resolução:
1
Note que f (x) = é decrescente e contínua em [1, ∞). Além disso,
(4 + 2x)3/2
Z ∞ Z b
1 1
dx = lim dx =
1 (4 + 2x)3/2 b→∞ 1 (4 + 2x)3/2
" #x=b
1
Z x=b
1 u−1/2
lim u−3/2 du = lim =
b→∞ 2 x=1 b→∞ 2 − 12
x=1

 x=b "  1/2  1/2 #


1 1 1 1
lim − = lim − + =√
b→∞ 4 + 2x1/2 x=1 b→∞ 4 + 2b 4+2 6

Ou seja, Z ∞
1 1
3/2
dx = √ ,
1 (4 + 2x) 6
logo a integral indefinida converge. Pelo teste da integral a série

X 1
n=1 (4 + 2n)3/2

também converge.
Obs: O teste não afirma que o valor dessa série é √1 . Apenas que a série também converge.
6

35
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 3 TESTES PARA SÉRIES NUMÉRICAS

3.4 Teste da p-série

Uma p-série é uma série que tem a forma


X 1 1 1 1
= 1 + p + p + p + ···
np 2 3 4
n=1

onde p ∈ R+ . Em uma p-série temos que:

i) p ∈ [0, 1], a série diverge;

ii) p ∈ (1, ∞), a série converge.

Prova:
Para demostrar o “teste da p-série” podemos usar o “teste da integral”.

Antes de iniciar observe que uma p-série satisfaz as hipóteses do teste da integral para qualquer valor
de p positivo.


X 1
1°) p
possui termos positivos X
n=1
n

1
2°) f (x) := é contínua, integrável e decrescente em [1, ∞) X
xp
1
3°) f (n) = X
np
Z ∞
1
Então, usaremos o teste da integral para verificar para quais valores de p a integral p
dx converge
1 x
e para quais valores de p a mesma integral diverge. Lembre que essa integral possui o mesmo compor-
tamento da série, logo quando a integral converge a série converge e quando a integral diverge a série
diverge.
Z ∞ Z b
1 1
dx = lim dx
1 xp b→∞ 1 xp
Se p 6= 1
Z b  −p+1 b
1 x 1 b
lim x−p+1 1 =

lim dx = lim =
b→∞ 1 xp b→∞ −p + 1 −p + 1 b→∞
1

1  −p+1 −p+1  1  
lim b −1 = −1 + lim b−p+1
−p + 1 b→∞ −p + 1 b→∞

Isso é, se p 6= 1
Z ∞
1 1  
p
dx = −1 + lim b−p+1
1 x −p + 1 b→∞

36
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 3 TESTES PARA SÉRIES NUMÉRICAS

A integral existe quando o limite existe. Note que

• Se −p + 1 < 0 o limite existe, logo a integral existe, logo a série converge;


• Se −p + 1 > 0 o limite não existe, logo a integral não existe, logo a série diverge.

Se p = 1
∞ ∞
X 1 X 1
p
=
n=1
n n=1
n
| {z }
série Harmônica
Z ∞ ∞
1 X 1
Portanto, p
dx e p
comvergem para p ∈ (1, ∞) e divergem para p ∈ (0, 1].
1 x n=1
n

Exemplo 3.4.1. A série



X 1 1 1 1
3
= 1 + 3 + 3 + 3 + ···
n 2 3 4
n=1
converge, pois é uma p-série com p = 3.

Exemplo 3.4.2. A série Harmônica



X 1 1 1 1
= 1 + + + + ···
n 2 3 4
n=1

diverge, pois é uma p-série com p = 1.

Exemplo 3.4.3. A série



X 1 1 1 1
√ = 1 + √ + √ + √ + ···
n=1
n 2 3 4

diverge, pois é uma p-série com p = 12 .

37
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 3 TESTES PARA SÉRIES NUMÉRICAS

3.5 Teste da razão


X an+1
Seja an uma série de termos positivos e suponha que lim = L.
n→∞ an
n=1
Então:

i) se L < 1 a série converge;

ii) se L > 1 ou L = ∞, a série diverge;

iii) se L = 1, o teste é inconclusivo.

Prova:
an+1
Para provar (ii) suponha que lim = L e L > 1.
n→∞ an
an+1
Nesse caso, existe n0 ∈ N tal que para todo n > n0 temos que > 1. Ou seja, a partir de n0 a
an
sequência de elementos formados pelo termo geral da série obedece a desigualdade an < an+1 , o que
significa uma sequência crescente. Como o termo geral não tende a zero pelo teste da divergência a série
diverge.
an+1
Para provar (i) suponha que lim = L e L < 1.
n→∞ an
an+1
Fixemos r ∈ (L, 1). Existe n0 ∈ N tal que para todo n ≥ n0 temos que < r. Ou seja,
an
an+1 < ran
Então teremos que

an0 +1 < ran0

an0 +2 < ran0 +1 < r2 an0

an0 +3 < ran0 +2 < r3 an0

...
Somando obtemos

0 < an0 +1 + an0 +2 + an0 +3 + · · · < ran0 + r2 an0 + r3 an0 + . . .

0 < an0 +1 + an0 +2 + an0 +3 + . . . < an0 (r + r2 + r3 + . . . )


| {z } | {z }
P ∞ an r
n=n0 1−r


X ran0
0< an <
n=n0
1−r

X
Aplicando o resultado (3.3) concluímos que an converge.
n=n0

38
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 3 TESTES PARA SÉRIES NUMÉRICAS

an+1
Para provar (iii) suponha que lim = 1.
n→∞ an
Vamos citar dois exemplos, isso será suficiente para provar que nesse caso o teste é inconclusivo.
∞ 1
X 1
1°) diverge e lim n+1
1 =1
n=1
n n→∞
n

∞ 1
X 1 (n+1)2
2°) 2
converge e lim 1 =1
n=1
n n→∞
n2


X n2
Exemplo 3.5.1. Verifique se a série converge ou diverge.
n!
n=1

Resolução:

Observe que todos os termos da série são positivos, portanto é possível aplicar o teste da
razão. Então, aplicando o teste da razão,
(n+1)2
an + 1 (n+1)! (n + 1)2 n!
lim = lim n2
= lim
n→∞ an n→∞ n→∞ (n + 1)! n2
n!

+1)2
(n n
! n+1


= lim = lim =0

n→∞ n2 (n
 + 1)
n
! n→∞ n2


X n2
Logo a série converge.
n!
n=1

39
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 3 TESTES PARA SÉRIES NUMÉRICAS


X (2n)!
Exemplo 3.5.2. : Verifique se a série converge ou diverge.
4n
n=1

Resolução:

Observe que todos os termos da série são positivos, portanto é possível aplicar o teste da
razão.Então, aplicando o teste da razão
(2(n+1))!
an+1 4n+1 (2n + 2)! 4n
lim = lim = lim
n→∞ an n→∞ (2n)! n→∞ 4n 4 (2n)!
4n

(2n + 2)(2n + 1)(2n)!


 n
4 (2n + 1)(2n + 1)
= lim n = lim =∞
n→∞ 44
 (2n)!
 n→∞ 4

Portanto a série diverge.

40
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 3 TESTES PARA SÉRIES NUMÉRICAS


X 1
Exemplo 3.5.3. Verifique converge ou diverge.
2n − 1
n=1

Resolução:

Usando o teste da razão,

1   
an + 1 2(n+1)−1 1 2n − 1 2n − 1 2n
lim = lim 1 = lim = lim = lim =1
n→∞ an n→∞
2n−1
n→∞ 2n + 1 1 n→∞ 2n + 1 n→∞ 2n

Logo o teste é inconclusivo para essa série.

Vamos usar outro teste: usaremos o teste da integral.


1
Seja f (x) = . Note que essa função é decrescente em todo seu domínio de definição
2x − 1
e em particular essa função é decrescente e contínua em (2, ∞).
1
Além disso, f (n) = para todo n ∈ N. Portanto satisfaz as condições do teste da
2n − 1
integral.

Como,
Z ∞
1
dx = ∞
2 2x − 1
então a série

X 1
2n − 1
n=1

diverge.

41
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 3 TESTES PARA SÉRIES NUMÉRICAS

3.6 Teste da raiz


X
Seja an séries com termos positivos e
n=1
√ 1
L = lim n
an = lim (an ) n .
n→∞ n→∞

O teste garante que

i) se L < 1, a série converge;

ii) se L > 1 ou L = ∞, a série diverge;

iii) se L = 1, o teste é inconclusivo.

Prova:
Para provar (i) suponha que L < 1. Seja ε > 0 pequeno o suficiente de maneira que L + ε < 1. Note que
existe um n0 ∈ N tal que ∀n > n0

n
an < (L + ε) ⇐⇒ an < (L + ε)n .
Assim,
N
X N
X
an < (L + ε)n
n=n0 n=n0

Aplicando limite em N

X ∞
X
an ≤ (L + ε)n .
n=n0 n=n0
| {z }
série geométrica
A razão dessa série geométrica é (L + ε) < 1, portanto a série geométrica converge. Além disso an é
positivo para qualquer n. Consequentemente,

X (L + ε)n0
0< an ≤ .
n=n0
1 − (L + ε)

X ∞
X
Pelo teste da comparação, a série an converge, logo an também converge.
n=n0 n=1

Para provar (ii) suponnha que L > 1.


1
Observe que existe n0 ∈ N tal que ∀n > n0 ocorre (an ) n > 1, ou seja, an > 1 ∀n > n0 .

X
Assim sendo, limn→∞ an 6= 0. Aplicando o teste da divergência, a série an diverge.
n=1

42
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 3 TESTES PARA SÉRIES NUMÉRICAS

3.7 Teste da comparação dos limites

∞ ∞
X X an
Sejam an e bn séries com termos positivos. Se lim
= L ∈ (0, ∞)
n→∞ bn
n=1 n=1
então as duas séries convergem ou as duas séries divergem.

Prova:
an
Se lim = L ∈ (0, ∞) então dado ε > 0 existe n0 ∈ N tal que para todo n > n0
n→∞ bn
an
L−ε< < L + ε.
bn
L
Escolhendo ε = temos
2
L an L L an 3L
L− < < L + =⇒ < < .
2 bn 2 2 bn 2
Portanto,

L 3L
bn < a n < bn
2 2
somando até N
N N N
L X X 3L X
bn < an < bn
2 n=n n=n
2 n=n
0 0 0

aplicando limite
N N N
L X X 3L X
lim bn < lim an < lim bn
2 N →∞ n=n N →∞
n=n
2 N →∞ n=n
0 0 0
∞ ∞ ∞
L X X 3L X
bn < an < bn .
2 n=n n=n
2 n=n
0 0 0

X
Se supormos que an = ∞ (diverge), então pela desigualdade
n=n0
∞ ∞ ∞
X 3L X 3L X
an < bn =⇒ ∞ < bn
n=n0
2 n=n 2 n=n
0 0
| {z }
=∞

X
bn diverge.
n=n0

X
Se supormos que an = M (converge), então pela desigualdade
n=n0
∞ ∞ ∞
L X X X 2M
bn < an =⇒ 0 ≤ bn < .
2 n=n n=n n=n
L
0 0 0

X
Pelo resultado (3.3) temos que bn converge.
n=n0

43
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 3 TESTES PARA SÉRIES NUMÉRICAS


X 3n3 + 2n2 + 4
Exemplo 3.7.1. Verifique que se a série converge ou diverge.
n7 + n3 + 2
n=1

Resolução:

Vamos utilizar o teste da compração dos limites para verificar a convergência desta série.
Comparando com a série

∞ ∞
X 3n3 X 3
= .
n7 n4
n=1 n=1

que é uma p-série com p > 1, logo convergente.

Observe que os termos de ambas as séries são todos positivos. Isso implica que é possível
utilizar o teste da comparação dos limites entre essas duas séries.

3

n4 3n7 + 3n3 + 6 3n7
lim = lim = lim = 1 ∈ (0, ∞).
n→∞ 3n7 + 2n6 + 4n4 n→∞ 3n7
 
n→∞ 3n3 +2n2 +4
n7 +n3 +2

Como o resultado do limite acima é um número


P real positivo, o teste afirma que as séries
possuem o mesmo comportamento. Como ∞ 3
n=1 n4 converge, então

X 3n3 + 2n2 + 4
,
n7 + n3 + 2
n=1

também converge.

44
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 3 TESTES PARA SÉRIES NUMÉRICAS


X 1
Exemplo 3.7.2. Verifique se a série 1 converge ou diverge.
n=2
n− n

Resolução:

Essa série lembra a série harmônica. É razoável esperar que elas possuem o mesmo
comportamento. A série harmônica é conhecida e sabemos que diverge. Observe
que tanto a série descrita acima quanto a série harmônica possuem todos os termos
positivos, logo é possível aplicar o teste da comparação dos limites entre essas duas séries.

Aplicando o limite
1 1
    2 
1 n −1
lim  n = lim  n  = lim = 1 ∈ (0, ∞).
n→∞ 1 n→∞ n n→∞ n n
1 n2 −1
n− n

Como o resultado do limite acima é um número real positivo, o teste afirma que as séries
possuem o mesmo comportamento. A série harmônica diverge, então


X 1
1
n=2
n− n

também diverge.

45
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 3 TESTES PARA SÉRIES NUMÉRICAS

3.8 Teste da série alternada (teste de leibniz)

A série alternada

X
(−1)n+1 an = a1 − a2 + a3 − a4 + a5 − a6 − . . .
n=1

converge se todas as seguintes condições forem satisfeitas:

i) Os an forem todos positivos;

ii) Os termos forem decrescentes a partir de algum inteiro n0 , isto é an ≥ an+1 para
todo n ≥ n0 ;

iii) O limite do termo geral ser zero, isto é, lim an = 0.


n→∞

Prova:

Suponha que a1 , a2 , a3 , a4 , a5 , a6 , . . . todos não negativos, a1 ≥ a2 ≥ a3 ≥ a4 ≥ a5 ≥ a6 ≥ . . . e


lim an = 0.
n→∞

Inicialmente observamos as somas parciais


N
X
SN = (−1)n+1 an .
n=1

Observe que mesmo sendo uma série alternada, todas as somas parciais são positivas. Isso se deve ao
fato da sequência ter os termos, em módulo, decrescentes.

S1 = a1 > 0
S2 = a1 − a2 > 0
S3 = a1 − a2 + a3 > 0
S4 = a1 − a2 + a3 − a4 > 0
...
Outro fato de grande interesse pode ser detectado no seguinte diagrama que mostras as somas parciais:

46
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 3 TESTES PARA SÉRIES NUMÉRICAS

0 S1
a1
S2
a2
S3
a3
S4
a4
S5
a5
S6
a6
S7
a7
S8
a8

...

0 S2 S4 S6 S8 ... S 2n S2n-1 ... S


7 S5 S3 S1

É fácil ver que as subsequência

S2 , S4 , S6 , S8 , . . . , S2n , · · · = {S2n }∞
n=1

é uma sequência crescente, de termos positivos e limitada. Pelo teorema (3.1) essa sequência converge
para um número real Lpar ∈ [0, S1 ].

A subsequência

S2 , S4 , S6 , S8 , . . . , S2n , · · · = {S2n }∞
n=1

é uma sequência decrescente, de termos positivos e limitada. Pelo teorema (3.2) essa sequência converge
para um número real Limpar ∈ [0, S1 ].

Observe também que

S2n+1 − S2n = −a2n+1 .


Ao aplicar o limite em n

lim S2n+1 − lim S2n = lim a2n+1


n→∞ n→∞ n→∞
| {z } | {z } | {z }
=Lpar =Limpar =0

Lpar − Limpar = 0 =⇒ Lpar = Limpar

Chamando Lpar = Limpar simplesmente de L, temos que a sequência {Sn }∞


n=1 = L, ou seja,

lim Sn = L
n→∞

N
X
lim (−1)n+1 an = L
N →∞
n=1

X
(−1)n+1 an = L
n=1

47
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 3 TESTES PARA SÉRIES NUMÉRICAS

1 1 1 1 1
Exemplo 3.8.1. Verifique se a série 1 − + − + − + · · · converge ou diverge.
2 3 4 5 6
Resolução:

A série acima é alternada. As duas condições do teste da série alternada são satisfeitas.
Isso é,

1 1 1 1 1
i) 1 ≥ ≥ ≥ ≥ ≥ ≥ ...
2 3 4 5 6
1
ii) lim =0
n→∞ n

Sendo assim, o teste da série alternada garante que esta série converge.


X ln(n)
Exemplo 3.8.2. Verifique se a série (−1)n converge ou diverge.
n
n=1

Resolução:

A série acima é alternada. Vamos verificar se as condições do teste da série alternada


são satisfeitas.
ln(x) d ln(x)
Para quais valores de x a função x é decrescente? Ou seja, quando dx x < 0?

d ln(x) 1 − ln(x)
<0⇒ < 0.
dx x x2
Essa função é negativa quando 1 − ln(x) < 0, ou seja, quando 1 < ln(x) que é o mesmo
que e < x. Isso é, ln(x)
x é decrescente quando x ∈ (e, ∞).

Descartando os três primeiros termos, que não fará diferença alguma na convergência da
série, temos que

ln(4) ln(5) ln(6) ln(7) ln(8)


i) ≥ ≥ ≥ ≥ ...
4 5 6 7 8
ln(n) 1
ii) lim = lim = 0.
n→∞ n n→∞ n

X ln(n)
O teste da série alternada garante que a série (−1)n converge. Incluindo os
n
n=4

X ln(n)
termos desprezados, concluímos que a série (−1)n também converge.
n
n=1

48
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 3 TESTES PARA SÉRIES NUMÉRICAS

3.9 Convergência absoluta e condicional


Agora iremos definir os conceitos de convergência absoluta e condicional.

X
Definição 3.1. Dizemos que uma série an converge absolutamente se a série
n=1

X
correspondente em valores absolutos, |an |, convergir
n=1

Exemplo 3.9.1. A série



X (−1)n
n+1
n=0

converge, mas não converge absolutamente. (Verifique!)

Exemplo 3.9.2. A série



X (−1)n
n!
n=0

converge e converge absolutamente. (Verifique!)

Definição 3.2. Uma série que converge, mas não converge absolutamente, converge
condicionalmente.

Exemplo 3.9.3. A série do exemplo (3.9.1) possui convergência condicional.

49
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 3 TESTES PARA SÉRIES NUMÉRICAS


X
Proposição 3.1. Considere a série numérica an .
n=0


X ∞
X
i) Se |an | converge, então an também converge;
n=0 n=0

X ∞
X
ii) se an diverge, então |an | também diverge.
n=0 n=0

Prova:

X
Para prova o item (i), iniciamos supondo que |an | converge. Para cada n, é válida a seguinte
n=0
desigualdade: −|an | ≤ an ≤ |an |. Somando |an | em cada parcela, obtemos que 0 ≤ an + |an | ≤ 2|an |.
Daqui, obtemos que

X ∞
X
0≤ (an + |an |) ≤ 2|an | (6)
n=1 n=1

X ∞
X P∞
Como |an | converge, então 2|an | também converge. A série n=1 (an + |an |) é não negativa e
n=1 n=1
pelo teste da comparação ela também converge. Agora basta observar que an = an + |an | − |an |, pois a
soma das séries convergentes

X ∞
X ∞
X ∞
X
(an + |an |) − |an | = (an + |an | − |an |) = an (7)
n=1 n=1 n=1 n=1

também é convergente.


X
Para prova o item (ii), suponha que an diverge (essa será nossa hipótese). Vamos supor, por absurdo,
n=0

X ∞
X ∞
X
que |an | converge. Mas se |an | converge, pelo item anterior, temos que an converge. Porém
n=0 n=0 n=0

X
isso irá contrariar a hipótese. Sendo assim, concluímos que quando an diverge, obrigatoriamente
n=0

X
|an | também diverge.
n=0

50
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 3 TESTES PARA SÉRIES NUMÉRICAS

3.10 Exercícios
◦ Exercício 11. Use o teste da p-série para determinar se as séries convergem ou
divergem.
∞ ∞ ∞
X 1 X
−1
X
a) c) n e) n−4/3
n3
n=1 n=1 n=1
∞ ∞ ∞
X 1 X X 1
b) √ d) n−2/3 f) √
4
n=1
n n=1 n=1
n

◦ Exercício 12. Use o teste da divergência nas seguintes séries.


(Obs: Caso o teste seja inconclusivo utilize outro teste para verificar seu comporta-
mento.)
∞ ∞
X n2 + n + 3 X
a) c) cos(nπ)
2n2 + 1
n=1 n=1
∞  ∞
1 n

X X 1
b) 1+ d)
n nπ
n=1 n=1

◦ Exercício 13. Use o teste da integral para determinar se as séries convergem ou


divergem.
∞ ∞
X 1 X 1
a) b)
5n + 2 1 + 9n2
n=1 n=1

◦ Exercício 14. Use o teste da comparação para determinar se as séries convergem ou


divergem.
∞ ∞
X 1 X 2
a) 2
d)
5n − n n4 +n
n=1 n=1
∞ ∞
X 3 X 1
b) 1 e)
n− 4
3n +5
n=1 n=1
∞ ∞
X n+1 X 5 sen2 (n)
c) f)
n2 − n n!
n=2 n=1

51
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 3 TESTES PARA SÉRIES NUMÉRICAS

◦ Exercício 15. Use o teste da comparação dos limites para determinar se as séries
convergem ou divergem.
(Obs: Caso o teste seja inconclusivo utilize outro teste para verificar seu comporta-
mento.)
∞ ∞
X 4n2 − 2n + 6 X 1
a) c) √
8n7 +n−8 3
8n2 − 3n
n=1 n=1
∞ ∞
X 5 X 1
b) n
d)
3 +1 (2n + 3)17
n=1 n=1

◦ Exercício 16. Use o teste da razão para determinar se as séries convergem ou diver-
gem.
(Obs: Caso o teste seja inconclusivo utilize outro teste para verificar seu comporta-
mento.)
∞ ∞
X 3n X 1
a) c)
n! 5n
n=1 n=1
∞ ∞
X n! X n
b) d)
n3 n2 +1
n=1 n=1

◦ Exercício 17. Encontre o termo geral da série e use o teste da razão para mostrar
que a série converge.

1.2 1.2.3 1.2.3.4 1.2.3.4.5


a) 1 + + + + + ···
1.3 1.3.5 1.3.5.7 1.3.5.7.9

◦ Exercício 18. Use o teste da raiz para determinar se as séries convergem ou divergem.
(Obs: Caso o teste seja inconclusivo utilize outro teste para verificar seu comporta-
mento.)
∞  ∞
3n + 2 n

X X n
a) c)
2n − 1 5n
n=1 n=1
∞  ∞  n
X n n X 1
b) d) 1−
100 en
n=1 n=1

52
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 3 TESTES PARA SÉRIES NUMÉRICAS

◦ Exercício 19. Usando o teste da série alternada ou o teste da divergência para


determinar se as séries convergem ou divergem, respectivamente.
∞ ∞
X n+1 X
a) (−1)n+1 c) (−1)n+1 e−n
3n + 1
n=1 n=1
∞ ∞
X n+1 X ln(n)
b) (−1) n+1
√ d) (−1)n
n+1 n
n=1 n=1

◦ Exercício 20. Classifique a convergência das séries abaixo, ou seja, para cada série
verifique se absolutamente convergentes, apenas converge ou se diverge.
∞ ∞
X (−1)n+1 X (−1)n
a) f)
3n n ln(n)
n=1 n=2

X (−4)n
b) ∞  n
n2 X 1
n=1 g) −
ln(n)
∞ n=2
X cos(nπ)
c)
n
n=1 ∞
X (−1)n (n2 + 1)
∞ h)
X n+2 n3 + 2
d) (−1)n+1 n=2
n2 + 3n
n=1
∞ ∞
X  nπ  X (−1)n+1 n!
e) sen i)
2 (2n − 1)!
n=1 n=1

◦ Exercício 21. Seja {an }∞


n=1 uma sequência de números reais positivos, decrescentes
tais que lim an = 0. Além disso, considere:
n→∞

X
a) S = (−1)n+1 an
n=1

N
X
b) SN = (−1)n+1 an
n=1

Mostre que:
a) SN < S < SN +1 ou SN +1 < S < SN , dependendo da escolha de N
b) |S − SN | < aN +1

53
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 3 TESTES PARA SÉRIES NUMÉRICAS

◦ Exercício 22. Escolha os métodos para determinar se as seguintes série convergem ou


divergem. Indique o teste utilizado em cada item.
∞ ∞ √
X 7n X 2+ n
a) f)
n! (n + 1)3 − 1
n=0 n=1
∞ ∞
X n2 X 1
b) g) √
5n 1+ n
n=1 n=1
∞ ∞
X n50 X ln(n)
c) h)
e−n en
n=1 n=1
∞ √ ∞
X n X (n + 4)!
d) 3
i)
n +1 4!n!4n
n=1 n=1
∞ ∞
X 1 X 1
e) j)
4 + 2−n
p
n=1 n(n + 2) n=1

54
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 3 TESTES PARA SÉRIES NUMÉRICAS

RESPOSTAS

Questão 11)

a) converge c) diverge e) converge

b) diverge d) diverge f) diverge

Questão 12)

a) diverge c) diverge
b) diverge d) teste inconclusivo

Questão 13)

a) diverge b) converge

Questão 14)

a) converge c) diverge e) converge

b) diverge d) converge f) converge

Questão 15)

a) converge c) diverge
b) converge d) converge

Questão 16)

a) converge c) diverge
b) diverge d) diverge

Questão 18)

a) diverge c) converge
b) diverge d) inconclusivo

Questão 19)

a) diverge c) converge
b) diverge d) converge

55
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 3 TESTES PARA SÉRIES NUMÉRICAS

Questão 20)

a) apenas converge d) apenas converge g) converge absolutamente

b) diverge e) diverge h) apenas converge

c) apenas converge f) apenas converge i) converge absolutamente

Questão 22)

a) Converge e) Diverge i) Converge


b) Converge f) Converge j) Diverge
c) Diverge g) Diverge
d) Converge h) Converge

56
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

4 Série de potências
4.1 Definição de série de potências
Uma série de potências centrada em x = 0 uma série da forma

X
an xn = a0 + a1 x + a2 x2 + a3 x3 + . . . (8)
n=0
Uma série de potências centrada em x = a uma série da forma

X
an (x − a)n = a0 + a1 (x − a) + a2 (x − a)2 + a3 (x − a)3 + . . . (9)
n=0
nos quais a e an são constantes, para todo inteiro n.

São exemplos de séries de potência:



X
a) xn = 1 + x + x2 + x3 + · · ·
n=0

X xn x2 x3
b) =1+x+ + + ···
n! 2 6
n=0

X x2n x2 x4 x6
c) (−1)n =1− + − + ···
(2n)! 2! 4! 6!
n=0

X
d) (x − 2)n = 1 + (x − 2) + (x − 2)2 + (x − 2)3 + · · ·
n=0

X (x + 3)n (x + 3)2 (x + 3)3
e) = 1 + (x + 3) + + + ···
n! 2 6
n=0

X (x + π)2n (x + π)2 (x + π)4 (x + π)6
f) (−1)n =1− + − + ···
(2n)! 2! 4! 6!
n=0

Em séries de funções e em particular em séries de potências, temos interesse em descobrir


para quais valores de x a série converge. Observe que sempre que fixamos um valor de x,
obtemos uma série numérica. Como estudamos anteriormente, uma série numérica pode
convergir ou divergir.
Definição 4.1. Dada uma série como em (9). Vamos considerar o conjunto formado
por todos os números reais que quando substituídos no lugar x transformam a série

57
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

de potências em uma série numérica convergente. A esse conjunto damos o nome de


Intervalo de Convergência.

O teorema (4.1) e o corolário (4.1) nos indicarão a forma de obter o intervalo de conver-
gência de uma série de potências.
Teorema 4.1. Teorema de convergência para séries de potências

Se a série de potências ∞ n=1 an (x − a) = a0 + a1 (x − a) + a2 (x − a) + . . . converge em


n 2
P
x − a = c 6= 0, então ela converge absolutamente para todo x com |x − a| < |c| . Se a
série diverge em x − a = d, então ela diverge para todo x com |x − a| > |d|.

Corolário 4.1. O intervalo de convergência de uma série de potências como definida em


(9) é descrita por exatamente um dos seguintes casos:

i) Existe um número real R tal que para x − a < −R ou x − a > R a série diverge e
para x − a > −R e x − a < R a série converge. Nos extremos x − a = −R e x − a = R
a série pode ou não convergir, sendo assim necessário verificar caso a caso;

ii) A série converge para todo x ∈ R (caso em que R = ∞);

iii) A série converge apenas para x = a (caso em que R = 0).

Definição 4.2. A partir do corolário (4.1), definimos por Raio de Convergência o


valor obtido para R.

Para encontrar o intervalo de convergência de uma série de potências, podemos utilizar


o Teste da Razão, estudado na subseção 3.5. Vamos determinar onde a série converge
absolutamente e pelo teorema (4.1) vamos concluir que o intervalo de convergência abso-
luta obtido é também o intervalo de convergência. Será necessário verificar os extremos
do intervalo caso o problema recaia no item (i) do (4.1).

58
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS


X
Exemplo 4.1.1. Determine o intervalo de convergência da série n!xn .
n=0

Resolução:

Aplicando o teste da razão para verificar a convergência absoluta

(n + 1)!xn+1
lim = lim |(n + 1)x| = ∞,
n→∞ n!xn n→∞

a menos quando “x” é igual a zero. Portanto, o intervalo de convergência é {0}.


X 1 n
Exemplo 4.1.2. Determine o intervalo de convergência da série x .
n!
n=0

Resolução:

Aplicando o teste da razão para convência absoluta, temos

1 xn+1
(n+1)! 1 n! xn+1 x
lim 1 n = lim n
= lim =0
n→∞
n! x
n→∞ (n + 1)! x n→∞ n + 1

para qualquer valor real de “x”. Logo o intervalo de convergência é R.

59
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS


X (−1)n n
Exemplo 4.1.3. Determine o intervalo de convergência da série x .
3n (n + 1)
n=0

Resolução:

Aplicando o teste da razão para verificar a convergência absoluta

(−1)n+1
3n+1 (n+2)
xn+1 3

n (n + 1) x
x
n |x| (n + 1) |x|
lim (−1)n
= lim n n = lim =
n→∞ n 3 3(n + 2) 
n→∞  x 3 n→∞ (n + 2) 3
3n (n+1) x
 

|x|
Portanto se < 1 a série converge absolutamente. Ou seja, quando
3
|x|
< 1 =⇒ |x| < 3 =⇒ x ∈ (−3, 3).
3
Portanto, já sabemos que a série converge absolutamente para x ∈ (−3, 3) e que diverge
para x ∈ (−∞, −3) ∪ (3, ∞)

Vamos verificar agora a convergência nos extremos x = −3 e x = 3.

• Se x = −3
∞ ∞ ∞
X (−1)n (−3)n X 3n X 1 1 1 1
= = = 1 + + + + ···
3n (n + 1) n
3 (n + 1) n+1 2 3 4
n=0 n=0 n=0
diverge (série harmônica);

• Se x = 3
∞ ∞
X (−1)nn
3 X (−1)n 1 1 1
n = = 1 − + − + ···
3 (n + 1)

 (n + 1) 2 3 4
n=0 n=0
converge (use o teste da série alternada).

Conclusão:

X (−1)n n
A série x converge em x ∈ (−3, 3]
3n (n + 1)
n=0
e diverge para x ∈ (−∞, −3] ∪ (3, ∞). O intervalo de convergência é (−3, 3].

60
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

Exemplo 4.1.4. Determine o raio e o intervalo de convergência da série



X
n! (x − 2)n .
n=0

Resolução:

Fazendo x − 2 = u, temos

X
n!un .
n=0

Pelos exemplos vistos anteriormente essa série converge somente se u = 0, ou seja, x−2 =
0, logo x = 2.
Intervalo de convergência é {2} e o raio é R = 0.

Exemplo 4.1.5. Determine o raio e o intervalo de convergência da série



X 1
(x + 8)n .
n!
n=0

Resolução:

Fazendo x + 8 = u, temos

X 1 n
u .
n!
n=0

Pelos exemplos vistos anteriormente essa série converge somente se

u x+8
lim = 0 ⇐⇒ lim =0
n→∞ n+1 n+1

o que acontece para qualquer valor real atribuindo a x.


Portanto o intervalo de convergência é R = (−∞, ∞) e o raio é R = ∞.

61
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

Exemplo 4.1.6. Determine o raio e o intervalo de convergência da série



X (−1)n
(x − 3)n .
3n (n + 1)
n=0

Resolução:

Fazendo x − 3 = u, temos

X (−1)n un
.
3n (n + 1)
n=0

Pelo exemplo vistos anteriormente essa série converge absolutamente se u ∈ (−3, 3), ou
seja, se x − 3 ∈ (−3, 3). Então x ∈ (0, 6).

Além disso converge também para u = 3, ou seja, x − 3 = 3. Logo, x = 6.


Portanto o intervalo de convergência é (0, 6] e o raio é R = 3.

Exemplo 4.1.7. Determine o raio e o intervalo de convergência da série



X π n (x − 1)2n
.
(2n + 1)!
n=0

Resolução:

Fazendo x − 1 = u, temos

X π n u2n
(2n + 1)!
n=0

Pelo teste da razão para convergência absoluta,

π n+1 u2n+2 (2n + 1)! πu2


lim = lim =0
n→∞ (2n + 3)! π n u2n n→∞ (2n + 3)(2n + 2)

para qualquer valor real de u. Como x = u + 1, então a série converge para qualquer
valor real de x.

Portanto a série converge no intervalo (−∞, ∞) e seu raio de convergência é R = ∞.

62
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

Exemplo 4.1.8. Determine o raio e o intervalo de convergência da série


∞  n
X 3
(x + 5)n .
4
n=0

Resolução:

Fazendo x + 5 = u, temos que


∞  n ∞  n ∞ 
3 n

X 3 n
X 3 n
X
(x + 5) = u = u
4 4 4
n=0 n=0 n=0

Observe que essa série é geométrica (a expressão à direita não deixa dúvidas), portanto
essa série converge quando sua razão for menor que 1. Ou seja, se

3
u < 1.
4

Dessa desigualdade temos

3 3 4 4 4
u < 1 ⇐⇒ |u| < 1 ⇐⇒ |u| < ⇐⇒< − < u <
4 4 3 3 3
ou ainda,
 
4 4
u∈ − , .
3 3
Como u = x + 5, segue que

     
4 4 4 4 19 11
x+5∈ − , ⇐⇒ x ∈ − − 5, − 5 ⇐⇒ x ∈ − , − .
3 3 3 3 3 3

Portanto o intervalo de convergência é − 19


3 , − 3 e o raio é R = 3 .
11 4


63
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

Exemplo 4.1.9. Determine o raio e o intervalo de convergência da série



X 5n
xn .
n2
n=1

Resolução:

Usando teste da razão para convergência absoluta

5n+1 xn+1 n2 5.x.n2


lim = lim = 5|x|
n→∞ (n + 1)2 5n .xn n→∞ (n + 1)2

Para convergir 5|x| < 1, o que é equivalente a dizer que x ∈ − 15 , 15 .




Agora vamos analisar os extremos desse intervalo.

1
• Se x = −
5
∞  n X ∞
X 5n 1 (−1)n
− =
n2 5 n2
n=1 n=1

Essa é uma série alternada com o termo geral indo para zero, logo converge.
1
• Se x =
5
∞  n X ∞
X 5n 1 1
2
− =
n 5 n2
n=1 n=1

Essa série é uma p-série com p > 1, logo também converge.

Portanto a série original converge no intervalo − 15 , 51 e o raio de convergência é R = 51 .


 

64
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

Exemplo 4.1.10. Determine o raio e o intervalo de convergência da série



X xn
(−1)n−1 √ .
n=1
n

Resolução:

Usando teste da razão para convergência absoluta

√ √
xn+1 n x n
lim √ = lim √ = |x|
n→∞ n + 1 xn n→∞ n+1

Para convergir |x| < 1, logo x ∈ (−1, 1).

Agora vamos analisar os extremos desse intervalo.

• Se x = −1
∞ ∞ ∞
xn
 
X
n−1
X −1 X 1
(−1) √ = √ =− 1
n=1
n n=1 n n=1 n2
Essa é uma p-série com p < 1, logo diverge.

• Se x = 1

X 1
(−1)n−1 √
n=1
n
Essa é uma série alternada com o termo geral indo a zero, logo converge.

Portanto a série converge para no intervalo (−1, 1] e seu raio de convergência é R = 1.

65
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

4.2 Exercícios
◦ Exercício 23. Para cada série de potências determine o raio e o intervalo de conver-
gência.
∞ ∞
X xn X 3n xn
a) g)
n+1 n!
n=0 n=0
∞ ∞
X (−1)n xn X xn
b) h)
n! 1 + n2
n=0 n=0
∞ ∞
X 5n xn X (−1)n+1 (x + 1)n
c) i)
n2 n
n=1 n=1
∞ ∞  n
X xn X 3
d) j) (x + 5)n
n(n + 1) 4
n=1 n=0
∞ ∞
X (−1)n+1 xn X (−1)n (x + 1)2n+1
e) √ k)
n n2 + 4
n=1 n=1
∞ ∞
X (−1)n x2n+1 X π n (x − 1)2n
f) l)
(2n + 1)! (2n + 1)!
n=0 n=0

• Funções representadas por série de potências


Se uma função f for expressa por uma série de potências em algum intervalo, então
dizemos que f está representada por uma série de potências naquele intervalo. Por
exemplo, é facil ver que a série

X
xn = 1 + x + x2 + x3 + x4 + x5 + · · ·
n=0

1
representa a função para todo x ∈ (−1, 1).
1−x
(Uma série geométrica com primeiro termo é 1 e razão x, logo converge se |x| < 1 .)

◦ Exercício 24. Encontre o intervalo de convergência e a uma função que cada série
geométrica abaixo representa.

a) 1 − x + x2 − x3 + x4 − x5 + x6 − x7 + · · ·

b) 1 + x + x2 + x3 + x4 + x5 + x6 + x7 + · · ·

c) 1 + (x − 2) + (x − 2)2 + (x − 2)3 + (x − 2)4 + (x − 2)5 + (x − 2)6 + (x − 2)7 + · · ·

d) 1 − (x + 3) + (x + 3)2 − (x + 3)3 + (x + 3)4 − (x + 3)5 + (x + 3)6 − (x + 3)7 + · · ·

66
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

◦ Exercício 25. Suponha que a função f esteja representada pela série de potência

x x2 x3 x4 x5 x6 x7
f (x) = 1 − + − + − + − + ···
2 4 8 16 32 64 128
a) Encontre o domínio de f ;

b) Determine f (0) e f (1).

◦ Exercício 26. (*) Mostre que se “p” for um inteiro positivo, então a série de potências

X (pn)! n 1
x tem raio de convergência p .
(n!)p p
n=0


X
◦ Exercício 27. (*) Mostre que se a série de potências cn xn tem raio de convergência
n=0

X √
R, então a série cn x2n tem raio de convergência R.
n=0


X
◦ Exercício 28. (*) Mostre que se o intervalo de convergência da série cn (x − a)n
n=0
for (a − R, a + R] então a série converge em a + R, mas não converge absolutamente (isso
é, em a + R a série possui uma convergência condicional).


X n
◦ Exercício 29. (Desafio) Determine a soma da série .
2n
n=1

67
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

RESPOSTAS

Exercício 23

a) R = 1; I = [−1, 1) g) R = ∞; I = (−∞, ∞)

b) R = ∞; I = (−∞, ∞) h) R = 1; I = [−1, 1]

c) R = 1/5; I = [−1/5, 1/5] i) R = 1; I = (−2, 0]

d) R = 1; I = [−1, 1] j) R = 4/3; I = (−19/3, −11/3)

e) R = 1; I = (−1, 1] k) R = 1; I = [−2, 0]

f) R = ∞; I = (−∞, ∞) l) R = ∞; I = (−∞, ∞)

Exercício 24
1
a) Intervalo: x ∈ (−1, 1); função f (x) =
1+x
1
b) Intervalo: x ∈ (−1, 1); função f (x) =
1−x
1
c) Intervalo: x ∈ (1, 3); função f (x) =
3−x
1
d) Intervalo: x ∈ (−4, −2); função f (x) =
x+4

Exercício 25

a) Intervalo: x ∈ (−2, 2)
2
b) f (0) = 1 e f (1) =
3

Exercício 29 2

68
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

4.3 Série de Maclaurin


Séries de Maclaurin são associadas a funções. Mais precisamente, são séries de potências
que representam uma função em uma certo intervalo.

Exemplo 4.3.1. Veremos que

x3 x5 x7
sen(x) = x − + − + ··· ∀x ∈ R
3! 5! 7!

x2 x3 x4
ln(1 + x) = x − + − + · · · ∀x ∈ (−1, 1]
2 3 4

Construção de uma série de Maclaurin

Dada uma função f (x), que seja diferenciável infinitas vezes, precisamos de uma série de
potências tal que

f (x) = a0 + a1 x + a2 x2 + a3 x3 + · · ·

Escrita na forma de somatório (forma compacta)



X
f (x) = an xn
n=0

Observação 4.1. Note que o objetivo é determinar os coeficientes a0 , a1 , a2 , a3 , . . .

Observação 4.2. Vamos usar uma função generica f (x), porém o procedimento para
determinar a série de Maclaurin de uma função qualquer, por exemplo f (x) = sen(x),
será o mesmo.

Determinando os coeficientes:

• Para determinar o coeficiente a0 faremos x = 0:


f (0) = a0 + a1 (0) + a2 (0)2 + a3 (0)3 + . . .

f (0) = a0

69
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

f (0)
Logo, a0 = f (0), ou ainda a0 = .
0!
• Para determinar o coeficiente a1 , primeiro derivamos f (x) e depois faremos x = 0:

f (x) = f (0) + a1 x + a2 x2 + a3 x3 + a4 x4 + a5 x5 + . . .

f 0 (x) = a1 + 2a2 x + 3a3 x2 + 4a4 x3 + 5a5 x4 + . . .

f 0 (0) = a1 + 2a2 (0) + 3a3 (0)2 + 4a4 (0)3 + 5a5 (0)4 + . . .

f 0 (0) = a1

f 0 (0)
Logo, a1 = f 0 (0), ou ainda a1 = .
1!
• Para determinar o coeficiente a2 , primeiro derivamos f 0 (x) e depois faremos x = 0:

f 0 (x) = f 0 (0) + 2a2 x + 3a3 x2 + 4a4 x3 + 5a5 x4 + . . .

f 00 (x) = 2a2 + (3)(2)a3 x + (4)(3)a4 x2 + (5)(4)a5 x3 + . . .

f 00 (0) = 2a2 + (3)(2)a3 (0) + (4)(3)a4 (0)2 + (5)(4)a5 (0)3 + . . .

f 00 (0) = 2a2

f 00 (0)
Logo, 2a2 = f 00 (0), ou ainda a2 = .
2!
• Para determinar o coeficiente a3 , primeiro derivamos f 00 (x) e depois faremos x = 0:
00
f 00 (x) = 2 f 2!(0) + (3)(2)a3 x + (4)(3)a4 x2 + (5)(4)a5 x3 + . . .

f 000 (x) = (3)(2)a3 + (4)(3)(2)a4 x + (5)(4)(3)a5 x2 + . . .

f 000 (0) = (3)(2)a3 + (4)(3)(2)a4 (0) + (5)(4)(3)a5 (0)2 + . . .

f 000 (0) = (3)(2)a3

f 000 (0)
Logo, (3)(2)a3 = f 000 (0), ou ainda a3 = .
3!

···

70
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

Seguindo o mesmo procedimento é possível ver que o coeficiente an da série de Maclaurin

f (x) = a0 + a1 x + a2 x2 + a3 x3 + · · · + an xn + · · ·

será dado por

f (n) (0)
an =
n!

Assim, definimos a série de Maclaurin de uma função f (x) pela fórmula

f (0) f 0 (0) f 00 (0) 2 f 000 (0) 3 f (4) (0) 4 f (5) (0) 5


f (x) = + x+ x + x + x + x + ··· (10)
0! 1! 2! 3! 4! 5!

que pode ser escrita na forma de somatório


X f (n) (0)
f (x) = xn (11)
n!
n=0

71
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

Exemplo 4.3.2. Determine a série de Maclaurin da função f (x) = sen(x).

Resolução:

Queremos determinar a0 , a1 , a2 , a3 , a4 , . . . tais que



X
sen(x) = a0 + a1 x + a2 x2 + a3 x3 + · · · ⇐⇒ sen(x) = an xn
n=0

f (n) (0)
Como vimos, os coeficientes an são dados por an = , logo
n!

f (0) sen(0)
a0 = =⇒ a0 = =⇒ a0 = 0
0! 0!

f 0 (0) cos(0)
a1 = =⇒ a1 = =⇒ a1 = 1
1! 1!

f 00 (0) − sen(0)
a2 = =⇒ a2 = =⇒ a2 = 0
2! 2!

f 000 (0) − cos(0) 1


a3 = =⇒ a3 = =⇒ a3 = −
3! 3! 3!

f (4) (0) sen(0)


a4 = =⇒ a4 = =⇒ a4 = 0
4! 4!

f (5) (0) cos(0) 1


a5 = =⇒ a5 = =⇒ a5 =
5! 5! 5!

f (6) (0) − sen(0)


a6 = =⇒ a6 = =⇒ a6 = 0
6! 6!

f (7) (0) − cos(0) 1


a7 = =⇒ a7 = =⇒ a7 = −
7! 7! 7!

···

72
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

De forma geral,

a2n = 0 para n ∈ {1, 2, 3, 4, 5, . . . }

(−1)n+1
a2n−1 = para n ∈ {1, 2, 3, 4, 5, . . . }.
(2n − 1)!

Portanto,

x3 x5 x7
sen(x) = x − + − + ···
3! 5! 7!

ou ainda na forma e somatório


X x2n−1
sen(x) = (−1)n+1
(2n − 1)!
n=1

Agora vamos determinar o intervalo de convergência dessa série de Maclaurin:

Usando o teste da razão para convergência absoluta


 
x2n+1
x2n−1
 x2 −
(2n 1)!
  
(2n+1)! 
lim   = lim 
 2n−1 =
n→∞ x2n−1 n→∞ (2n + 1) (2n) 
(2n −
1)! x
2n−1 !


x2 1
lim = x2 lim =0<1 ∀x ∈ R.
n→∞ (2n + 1) (2n) n→∞ (2n + 1) (2n)

Portanto o intervalo de convergência da série de Maclaurin é R.

73
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

Exemplo 4.3.3. Determine a série de Maclaurin da função f (x) = ln(x + 1).

Resolução:

Queremos determinar a0 , a1 , a2 , a3 , a4 , . . . tais que

ln(x + 1) = a0 + a1 x + a2 x2 a3 x3 + . . . .
Usando o procedimento visto anteriormente, temos que

ln(x + 1)
a0 = |x=0 = 0 = 0
0!

(ln(x + 1))0
 
1
a1 = |x=0 = |x=0 = 1
1! x+1

(ln(x + 1))00
 
1 −1 1
a2 = |x=0 = |x=0 = −
2! 2! (x + 1)2 2

(ln(x + 1))000
 
1 2 1
a3 = |x=0 = |x=0 =
3! 3! (x + 1)3 3

(ln(x + 1))(4)
 
1 −(2)(3) 1
a4 = |x=0 = |x=0 = −
4! 4! (x + 1)4 4

(ln(x + 1))(5)
 
1 (2)(3)(4) 1
a5 = |x=0 = |x=0 =
5! 5! (x + 1)5 5

···
(−1)n+1
an = para n ∈ {1, 2, 3, 4, 5, 6, . . .}. Portanto,
n
1 1 1 1
ln(x + 1) = 0 + 1x − x2 + x3 − x4 + x5 − · · ·
2 3 4 5

x2 x3 x 4 x5
ln(x + 1) = x − + − + − ···
2 3 4 5

X xn
ln(x + 1) = (−1)n+1
n
n=1

74
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

Agora vamos determinar o intervalo de convergência dessa série de Maclaurin:

Usando o teste da razão para convergência absoluta


 
xn+1
n+1 nx
x (n) n
lim = lim = |x| lim = |x|

xn n

n→∞
n
n→∞ (n + 1) 
x n→∞ n + 1

Logo a série converge se |x| < 1, logo se x ∈ (−1, 1).

Mas se x = −1 e x = 1 ?

• Se x = −1
∞ ∞ ∞
X (−1)n+1 (−1)n X (−1)2n+1 X −1
= = = −∞
n n n
n=1 n=1 n=1

Série harmônica, logo diverge.

• Se x = 1

X (−1)n+1 1 1 1
=1− + − + ···
n 2 3 4
n=1

Converge pelo teste da série alternada.

Portanto,

X (−1)n+1
ln(x + 1) = xn
n
n=1

para todo x ∈ (−1, 1]. O intervalo de convergência é (−1, 1].

75
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

Teorema 4.2. Se uma função f (x) possui uma representação em série de potências,
então essa representação é única.

Observação 4.3. Lembre-se que séries de Maclaurin são séries de potências, logo só
existe uma representação.

Exemplo 4.3.4. Determine a série de Maclaurin da função f (x) = cos(x2 ) .

Resolução:

Sabemos que a função cos(x) pode ser representada pela série

x2 x4 x6 x8
cos(x) = 1 − + − + + ···
2! 4! 6! 8!

Portanto, substituindo “x” por “x2 ” temos

(x2 )2 (x2 )4 (x2 )6 (x2 )8


cos(x2 ) = 1 − + − + + ···
2! 4! 6! 8!

x4 x8 x12 x16
cos(x2 ) = 1 − + − + + ···
2! 4! 6! 8!

Como a representação em uma série de potências é unica (teorema 4.2), então essa é uma
série de Maclaurin.

Observação 4.4. Para usar essa resolução é fundamental que ao mudar a variável “x ”
recairmos em uma série de potências, caso contrário a igualdade não resulta na série de
Maclaurin.

76
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

 
Exemplo 4.3.5. Determine a série de Maclaurin da função f (x) = cos 1
x+1 .

Resolução:

Tentando usar a mesma estratégia do exemplo da anteriro, teríamos que

x2 x4 x6
cos(x) = 1 − + − + ···
2! 4! 6!

Substituindo “x” por “ x+1


1
= (x + 1)−1 ” teremos

(x + 1)−1 (x + 1)−4 (x + 1)−6


cos((x + 1)−1 ) = 1 − + − + ···
2! 4! 6!

Note que a representação à direita não é uma série de potências, logo não temos nenhuma
garantia quanto a veracidade dessa igualdade.

4.4 Polinômios de Maclaurin


Seja f (x) uma função que possui representação em séries de Maclaurin.


X f (n) (0)
f (x) = xn
n!
n=0

f 00 (0) 2 f 00 (0) 3
f (x) = f (0) + f 0 (0)x + x + x + ···
2! 3!

Ao truncar uma série de Maclaurin no termo de grau n obtemos um polinômio de grau


n. A esse polinômio damos o nome de polinômio de Maclaurin de grau n.

f 00 (0) 2 f (n) (0) n


Pn (x) = f (0) + f 0 (0)x + x + ··· + x
2! n!

77
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

Exemplo 4.4.1. Vimos que a Série de Maclaurin da função ex é dado por

x2 x3 x4
ex = 1 + x + + + + ···
2! 3! 4!

A seguir é ilustrado alguns dos Polinômios de Maclaurin dessa função.

P0 (x) = 1

P1 (x) = 1 + x

x2
P2 (x) = 1 + x +
2!

x2 x3
P3 (x) = 1 + x + +
2! 3!

···

x2 x3 xn
Pn (x) = 1 + x + + + ··· +
2! 3! n!

Observação 4.5. De fato o polinômio de Maclaurin de grau n de uma função f (x) nada
mais é que truncar a série de Maclaurin dessa função exatamente no termo que possui
grau n.

Cuidado! É comum confundir “truncar a série de Maclaurin dessa função exatamente


no termo que possui grau n” com “truncar a série de Maclaurin dessa função n-ésimo
termo”.

O exemplo a seguir ilustra um caso no qual essa dúvida surge.

78
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

Exemplo 4.4.2. Vimos que a série de Maclaurin da função f (x) = cos(x) é

x2 x4 x6 x8 x10
cos(x) = 1 − + − + − + ···
2! 4! 6! 8! 10!

Note que na verdade omitimos os coeficientes que são nulos, ou seja, como

x2 x4 x6 x8 x10
cos(x) = 1 + 0x − + 0x3 + + 0x5 − + 0x7 + + 0x9 − + ···
2! 4! 6! 8! 10!

Logo,

P0 (x) = 1

P1 (x) = 1 + 0x

x2
P2 (x) = 1 −
2!

x2
P3 (x) = 1 + 0x − + 0x3
2!

x2 x4
P4 (x) = 1 − +
2! 4!

x2 x4
P5 (x) = 1 + 0x − + 0x3 + + 0x5
2! 4!

x2 x4 x6
P6 (x) = 1 − + −
2! 4! 6!

x2 x4 x6
P7 (x) = 1 + 0x − + 0x3 + + 0x5 − + 0x7
2! 4! 6!

x2 x4 x6 x8
P8 (x) = 1 − + − +
2! 4! 6! 8!

···
Observe que alguns polinômios são iguais e isso pode gerar confusão.

79
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

4.5 Interpretação gráfica dos polinômios de Maclaurin


Vamos usar a função f (x) = sen(x) para exemplificar, mas o mesmo acontece para as
demais funções que possuem representação por séries de Maclaurin.

O gráfico da série de Maclaurin da função f (x) = sen(x), naturalmente, é o mesmo da


função f (x) = sen(x) que está representado abaixo.

sinHxL

x
-Π Π

-1

Os polinômios de Maclaurin são aproximações da função. Essas aproximações são locais


e a partir da origem, ou seja, em um certo intervalo, no qual a origem é o centro, os
polinômios aproximam a função . Quanto maior o grau do polinômio maior é o intervalo
da aproximação.

O gráfico abaixo ilustra de forma clara o que acontece.

PH2 n-1L HxL

P1 HxL P5 HxL
P13 HxL
P9 HxL
1

x
Π
...

-1

P15 HxL
P11 HxL
P7 HxL
P3 HxL

80
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

Exemplo 4.5.1.Z Usando os polinômios de Maclaurin, determine aproximadamente o


1
valor da integral cos(x2 )dx.
0

Resolução:

Vimos anteriormente que

x4 x8 x12 x16
cos(x2 ) = 1 − + − + + ···
2! 4! 6! 8!

4 8
Note que o polinômio de Maclaurin P8 (x) = 1 − x2! + x4! da função cos(x2 ) já é uma
ótima aproximação para a função no intervalo x ∈ [0, 1]. Veja o gráfico:

cosIx2 M

P8 HxL

x
1

-1

1 1
x4 x8
Z Z 
Logo 2
cos(x )dx ≈ 1− + dx = 0, 90462963
0 0 2! 4!

81
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

4.6 Derivando e integrando séries de potências

Teorema 4.3. Seja f (x) uma função representada por uma série de potências de centro
zero em um certo intervalo simétrico, isto é,

X f (n) (0)
f (x) = xn ∀x ∈ (−R, R)
n!
n=0

Então:
∞ ∞  (n)
!
f (n) (0) n

d d X X f (0) d n
a) f (x) = x = (x ) , ∀x ∈ (−R, R)
dx dx n=0
n! n=0
n! dx

∞ ∞  (n)
!
f (n) (0) n
Z Z Z 
X X f (0)
b) f (x)dx = x dx = xn dx , ∀x ∈ (−R, R)
n=0
n! n=0
n!

∞ ∞
! !
β β β
f (n) (0) n f (n) (0)
Z Z X X Z
n
c) f (x)dx = x dx = x dx , ∀α, β ∈ (−R, R)
α α n=0
n! n=0
n! α
(12)

Observação 4.6. Os extremos devem ser estudados.

Exemplo 4.6.1. Vimos que para ∀x ∈ R

x3 x5 x7
sen(x) = x −
+ − + ···
3! 5! 7!
Segundo o teorema acima (teorema 4.3) podemos derivar termo a termo. A nova série
terá mesmo raio de convergência.

x3 x5 x7
 
d d
sen(x) = x− + − + ···
dx dx 3! 5! 7!
para ∀x ∈ R, logo

x2 x4 x6
cos(x) = 1 − + − + ··· X
2! 4! 6!

para ∀x ∈ R.

Observe que derivando a série de Maclaurin da função Seno obtivemos a série de Ma-
claurin da função Cosseno.

82
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

1
(1 − cos(x))
Z
Exemplo 4.6.2. Use P6 (x) de cos(x) para aproximar dx.
0 x

Resolução:

 
x2 x4 x6
Z 1
1 − cos(x)
Z 1 1− 1− 2 + 4! − 6!
dx ≈ dx =
0 x 0 x

1 1
x x3 x5 x2 x4 x6
Z   
1 1 1
− + dx = − + = − + ≈ 0, 2398
0 2 4! 6! 2(2!) 4(4!) 6(6!) 0 2(2!) 4(4!) 6(6!)

1
1 − cos(x)
Z
Logo, dx ≈ 0, 239815
0 x

Exemplo 4.6.3. Determine a série de Maclaurin da função f (x) = arctan(x) e seu


respectivo intervalo de convergência.

Resolução:

Para resolver esse problema ao invés de calcular diretamente a série de Maclaurin vamos
usar séries geométricas (SG) e o teorema (4.3). Para isso, lembre que
Z
0 0 1 1
f (x) = (arctan(x)) = 2
⇐⇒ arctan(x) = dx.
1+x 1 + x2
Note que 1+x
1
2 pode ser vista como a soma de infinitos termos de uma SG, de razão

(−x ). Mais precisamente,


2

1 1
2
= = 1 − x2 + x4 − x6 + x8 + · · · (13)
1+x 1 − (−x2 )
Observe que o intervalo de convergência dessa série é | − x2 | < 1 ou simplesmente x ∈
(−1, 1).

83
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

Portanto,
Z Z
1
1 − x2 + x4 − x6 + x8 + · · · dx

arctan(x) = =
1 + x2
x3 x5 x7 x9
arctan(x) = x − + − + + ··· + C
3 5 7 9
Fazendo x = 0

03 05 07 09
arctan(0) = 0 − + − + + · · · + C =⇒ C = 0.
| {z } 3 5 7 9
=0

Logo,

X x2n−1
arctan(x) = (−1)n+1
2n − 1
n=1

Segundo o teorema (4.3) a igualdade acima está garantida no intervalo de convergência


da série (13), ou seja, para x ∈ (−1, 1), falatando apenas analisar os extremos.

• Se x = −1
∞ ∞
X (−1)2n−1 X (−1)3n 1 1 1
(−1)n+1 = = −1 + − + . . .
2n − 1 2n − 1 3 5 7
n=1 n=1

converge. (Por quê?)

• Se x = 1

X 1 1 1 1
(−1)n+1 = 1 − + − ...
2n − 1 3 5 7
n=1

converge. (Por quê?)

Portanto,

X x2n−1
arctan(x) = (−1)n+1
2n − 1
n=1

para todo x ∈ [−1, 1].

84
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

4.7 Séries de Taylor

Uma série de Taylor é a representação de uma função com uma série de potências com
centro “ a ”. Nem toda função admite representação em séries de Taylor, mas quando
existe a representação é da forma

f (x) = a0 + a1 (x − a) + a2 (x − a)2 + a3 (x − a)3 + · · ·

nos quais a0 , a1 , a2 , a3 , . . . ∈ R.

Note que a série de Maclaurin é apenas um caso particular da série de Taylor, no qual o
centro é zero (a = 0).

Construção de uma série de Taylor

Dada uma função f (x), que seja diferenciável infinitas vezes, precisamos de uma série de
potências tal que

f (x) = a0 + a1 (x − a) + a2 (x − a)2 + a3 (x − a)3 + · · ·

que também pode ser escrita na forma de somatório



X
f (x) = an (x − a)n
n=0

Determinando os coeficientes (análogo à série de Maclaurin):

• Para determinar o coeficiente a0 faremos x = a:

f (a) = a0 + a1 (0) + a2 (0)2 + a3 (0)3 + . . .

f (a) = a0

f (a)
Logo, a0 = f (a), ou ainda a0 = .
0!

85
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

• Para determinar o coeficiente a1 , derivamos f (x) e depois faremos x = a:

f (x) = f (a) + a1 (x − a) + a2 (x − a)2 + a3 (x − a)3 + a4 (x − a)4 + a5 (x − a)5 + . . .

f 0 (x) = a1 + 2a2 (x − a) + 3a3 (x − a)2 + 4a4 (x − a)3 + 5a5 (x − a)4 + . . .

f 0 (a) = a1 + 2a2 (0) + 3a3 (0)2 + 4a4 (0)3 + 5a5 (0)4 + . . .

f 0 (a) = a1

f 0 (a)
Logo, a1 = f 0 (a), ou ainda a1 = .
1!
• Para determinar o coeficiente a2 , derivamos f 0 (x) e depois faremos x = a:

f 0 (x) = f 0 (0) + 2a2 (x − a) + 3a3 (x − a)2 + 4a4 (x − a)3 + 5a5 (x − a)4 + . . .

f 00 (x) = 2a2 + (3)(2)a3 (x − a) + (4)(3)a4 (x − a)2 + (5)(4)a5 (x − a)3 + . . .

f 00 (a) = 2a2 + (3)(2)a3 (0) + (4)(3)a4 (0)2 + (5)(4)a5 (0)3 + . . .

f 00 (a) = 2a2

f 00 (a)
Logo, 2a2 = f 00 (a), ou ainda a2 = .
2!
• Para determinar o coeficiente a3 , derivamos f 00 (x) e depois faremos x = a:
00
f 00 (x) = 2 f 2!(0) + (3)(2)a3 (x − a) + (4)(3)a4 (x − a)2 + (5)(4)a5 (x − a)3 + . . .

f 000 (x) = (3)(2)a3 + (4)(3)(2)a4 (x − a) + (5)(4)(3)a5 (x − a)2 + . . .

f 000 (a) = (3)(2)a3 + (4)(3)(2)a4 (0) + (5)(4)(3)a5 (0)2 + . . .

f 000 (a) = (3)(2)a3

f 000 (a)
Logo, (3)(2)a3 = f 000 (a), ou ainda a3 = .
3!

···

Seguindo o mesmo procedimento é possível ver que o coeficiente an da série de Maclaurin

f (x) = a0 + a1 (x − a) + a2 (x − a)2 + a3 (x − a)3 + . . .

86
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

será dado por

f (n) (a)
an =
n!

Assim, definimos a série de Taylor de uma função f (x) pela fórmula

f (a) f 0 (a) f 00 (a) f 000 (a)


f (x) = + (x − a) + (x − a)2 + (x − a)3 + · · · (14)
0! 1! 2! 3!

que pode ser escrita na forma de somatório



X f (n) (a)
f (x) = (x − a)n (15)
n!
n=0

Observação 4.7. Assim como estudado na série de Maclaurin, a representação de uma


função f (x) por uma série de Taylor pode não ocorrer em todo domínio da função f (x). A
representação é determinada verificando o intervalo de convergência da série de potências.

87
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

Exemplo 4.7.1. Determine a série de Taylor de f (x) = ex em torno de a = 3.

Resolução:

Pela fórmula (14) sabemos que

f (a) f 0 (a) f 00 (a) f 000 (a) f (4) (a)


f (x) = + (x − a) + (x − a)2 + (x − a)3 + (x − a)4 + · · ·
0! 1! 2! 3! 4!

como f (x) = ex e a = 3, então

(x − 3)2 (x − 3)3 (x − 3)4 (x − 3)5


ex = e3 + e3 (x − 3) + e3 + e3 + e3 + e3 + ···
2! 3! 4! 5!


X (x − 3)n
ex = e3
n!
n=0

Agora vamos verificar o intervalo de convergência dessa série.

Usando o teste da razão para convergência absoluta,

 
(x−3)n+1
(n+1)! −3)
(x n (x − 3) n
! 1

lim   = lim  n = |x − 3| lim <1
n→∞ n
(x−3) n→∞ (n + 1)n
!  − 3)
(x  

n+1
n!

∀x ∈ R.

Portanto,


X (x − 3)n
ex = e3 , ∀x ∈ R.
n!
n=0

88
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

Exemplo 4.7.2. Determine a série de Taylor de f (x) = ln(x) em torno de “a = 2”.

Resolução:

Novamente pela fórmula (14) sabemos que

f (a) f 0 (a) f 00 (a) f 000 (a) f (4) (a)


f (x) = + (x − a) + (x − a)2 + (x − a)3 + (x − a)4 + · · ·
0! 1! 2! 3! 4!
Como f (x) = ln(x) e a = 2, então

1 1 (x − 2)2 1 (x − 2)3 1 (x − 2)4


ln(x) = ln(2) + (x − 2) − 2 + 3 − 4 + ···
2 2 2 2 3 2 4
(Verifique!)

Na forma compacta

∞ 
(−1)n+1 (x − 2)n
X 
ln(x) = ln(2) +
2n n
n=1

Agora vamos verificar o intervalo de convergência.

Pelo teste da razão para convergência absoluta


 
(x−2)n+1
(n+1)2n+1 (x − 2)n 2n n (x − 2)n
lim  n
 = lim n+1
= lim =
n→∞ (x−2) n→∞ 2 (n + 1) 2(n + 1) n→∞ 2(n + 1)
nn2

x−2 n |x − 2|
lim = <1
2 n→∞ n + 1 2

Portanto,

|x − 2| < 2 ⇐⇒ −2 < x − 2 < 2 ⇐⇒ 0 < x < 4 ⇐⇒ x ∈ (0, 4)

Logo a série converge se x ∈ (0, 4).

89
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

• Se x = 0
∞  ∞ ∞
(−1)n+1 (−2)n −2n

X X X 1
= =− =∞
2n n 2n n n
n=1 n=1 n=1

diverge, pois é a série harmônica.

• Se x = 4
∞  ∞
(−1)n+1 2n (−1)n+1
X  X
=
2n n n
n=1 n=1

converge pelo teste da série alternada.


X (−1)n+1 (x − 2)n
Portanto, a igualdade ln(x) = ln(2) + é válida para ∀x ∈ (0, 4].
2n n
n=1

4.8 Polinômios de Taylor


Seja f (x) uma função que possui representação em séries de Taylor.


X f (n) (a)
f (x) = (x − a)n
n!
n=0

f 00 (a) f 00 (a)
f (x) = f (a) + f 0 (a)(x − a) + (x − a)2 + (x − a)3 + · · ·
2! 3!

Ao truncar uma série de Taylor no termo de grau n obtemos um polinômio de grau n. A


esse polinômio damos o nome de polinômio de Taylor de grau n.

f 00 (a) f (n) (a)


Pn (x) = f (a) + f 0 (a)(x − a) + (x − a)2 + · · · + (x − a)n
2! n!

90
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

Exemplo 4.8.1. Vejamos como ficam alguns dos polinômios de Taylor da função sen(x)
de centro a = π/2.

Série de Taylor:

(x − π2 )2 (x − π2 )4 (x − π2 )6 (x − π2 )8
sen(x) = 1 − + − + + ···
2! 4! 6! 8!

Polinômio de grau 0:

P0 (x) = 1

Polinômio de grau 2:

(x − π2 )2
P2 (x) = 1 −
2!

Polinômio de grau 4:

(x − π2 )2 (x − π2 )4
P4 (x) = 1 − +
2! 4!

Polinômio de grau 6:

(x − π2 )2 (x − π2 )4 (x − π2 )6
P6 (x) = 1 − + −
2! 4! 6!

Polinômio de grau 8:

(x − π2 )2 (x − π2 )4 (x − π2 )6 (x − π2 )8
P8 (x) = 1 − + − +
2! 4! 6! 8!

91
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

centro a.
Prof. André Meneghetti

-2

-5
5

92
P0 HxL

P2 HxL
P4 HxL

P6 HxL
P8 HxL

8
senHxL
4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

Observação 4.8. Nos polinômios de Taylor a aproximação local da função se inicia no


- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

4.9 Exercícios

◦ Exercício 30. Encontre a série de Maclaurin das seguintes funções e determine em


cada caso qual o intervalo de convergência.

a) f (x) = ex d) f (x) = sen(x)


b) f (x) = cos(x)
1
c) f (x) = ln(1 + x) e) f (x) =
1−x

◦ Exercício 31. Usando as séries de Maclaurin da questão (30), determine uma série
de potências que representa as seguintes funções:

a) f (x) = e−x
(Dica: Encontre a série de ex e troque x por −x )

b) f (x) = cos(πx)
(Dica: Encontre a série de cos(x) e troque x por πx )

c) f (x) = x sen(x)
(Dica: Encontre a série de sen(x) e multiplique a série por x)

d) f (x) = x2 ex
(Dica: Encontre a série de ex e multiplique a série por x2 )

◦ Exercício 32. Usando as série de Maclaurin mostre que eix = cos(x)+i sen(x) ∀x ∈ R
. Conclua que eiπ + 1 = 0.
◦ Exercício 33. No exercício (30) item (e), você deve ter determinado que

1 X
= xn ,
1−x
n=0
portanto, concluí-se que
1 ∞
I) f (x) =
X
1−x II) f (x) = xn
n=0

Usando as igualdades obtidas nos itens I) e II), determine:

a) O valor de f (1/4). Os resultados são iguais? Por quê?

b) O valor de f (3). Os resultados são iguais? Por quê?

93
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

• DEFINIÇÃO:
Vimos que a série de Maclaurin de uma função f (x) é definada por


X f (n) (0) f 0 (0) 1 f 00 (0) 2 f 000 (0) 3 f (4) 4
f (x) = xn ⇐⇒ f (x) = f (0) + x + x + x + x +· · ·
n! 1! 2! 3! 4!
n=0

Se truncarmos a série no n-ésimo termo, teremos um polinômio de grau n que é uma


aproximação da função. A esse polinômio damos o nome de polinômio de Maclaurin de
grau n.
Exemplo: Vimos (no exercício (1) ) que a série de Maclaurin da função f (x) = cos(x)
é

x2 x4 x6 x8 x10
cos(x) = 1 −
+ − + − + ···
2! 4! 6! 8! 10!
Então o polinômio de Maclaurin de grau 2n dessa série é

x2 x4 x6 x8 (−1)n x2n
P2n (x) = cos(x) = 1 − + − + + ··· +
2! 4! 6! 8! (2n)!
Em particular,

a) P0 (x) = 1 x2 x2
c) P4 (x) = 1 − + d) P6 (x) = 1 − +
2! 2!
x2 x4 x4 x6
b) P2 (x) = 1 − −
2! 4! 4! 6!

Obsevação: Note que o polinômio de Maclaurin é uma aproximação local da função.

Veja como fica o gráfico da função cos(x) juntamente com as aproximações P0 (x), P2 (x),
P4 (x), P6 (x) e P8 (x).

Obsevação: Note também que os polinômios vão cada vez mais se aproximando da
função, sempre do centro (no caso x = 0) para fora de forma simétrica.

94
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

◦ Exercício 34. Considere a função f (x) = sen(x) cos(x) :

a) Determine a série de Maclaurin da função f (x);

b) Determine o intervalo de convergência dessa série;

c) Determine o polinômio de Maclaurin de grau 5 da função f (x);

d) Encontre, usando o item (c), um valor aproximado para f (0.5).

Dica: Reescreva a função f (x). Para isso, lembre que sen(a + b) = sen(a) cos(b) +
sen(b) cos(a) e faça a = b = x.

◦ Exercício 35. Considere a função f (x) = x2 sen(πx) :

a) Determine a série de Maclaurin da função f (x);

b) Determine o intervalo de convergência dessa série;

c) Determine o polinômio de Maclaurin de grau 9 da função f (x);

d) Encontre, usando o item (c), um valor aproximado para f (1).

95
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

◦ Exercício
Z 1 36. O objetivo desse exercício é calcular aproximadamente o valor da inte-
2
gral ex dx.
0
Para isso, podemos proceder da seguinte maneira:
2
a) Determine a série de Maclaurin da função f (x) = ex ;

b) Determine o intervalo de convergência dessa série;

c) Determine os polinômios de Maclaurin de ordem 6, 8 e 10, isso é, P6 (x), P8 (x) e


P10 (x)
(aqueles com 4, 5 e 6 termos);
Z 1 Z 1 Z 1
d) Calcule P6 (x)dx, P8 (x)dx e P10 (x)dx;
0 0 0

e) Verifique as aproximações sabendo que, com 5 casas decimais de precisão, a integral


Z 1
2
ex dx ≈ 1.46265
0

Z 1
sen(x)
◦ Exercício 37. Usando séries de Maclaurin, mostre que dx ≈ 0, 45298.
0,5 x

96
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

Teorema 4.4. Seja f (x) uma função representada por uma série de potências com centro
zero em um certo intervalo, isso é,

X f n (0)
f (x) = xn ∀x ∈ (−R, R)
n!
n=0

Então

∞ ∞ 
!
f n (0) n
 n 
d d X X d f (0) n
• f (x) = x = x ∀x ∈ (−R, R)
dx dx n=0
n! n=0
dx n!

∞ ∞
! !
f (n) (0) n f (n) (0) n
Z Z X X Z
• f (x)dx = x dx = x dx ∀x ∈ (−R, R)
n=0
n! n=0
n!

∞ ∞
! !
Z β Z β X f (n) (0) n X Z β f (n) (0) n
• f (x)dx = x dx = x dx p/(α, β) ⊆ (−R, R)
α α n=0
n! n=0 α n!

◦ Exercício 38. (*) Usando uma série de potências adequada aproxime, com precisão
de três casas decimais, o valor da integral:
Z 0,5
1
a) dx.
0 1 + x3
Z 0,5
b) arctg(x2 )dx.
0

◦ Exercício 39. (*) Em cada item determine a soma da série numérica, associando-a
com alguma série de Maclaurin.

4 8 16
a) 2 + + + + ···
2! 3! 4!
π3 π5 π7
b) π − + − + ···
3! 5! 7!
e2 e4 e6
c) 1 − + − + ···
2! 4! 6!
(ln(3))2 (ln(3))3
d) 1 − ln(3) + − + ···
2! 3!

97
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

◦ Exercício 40. Encontre a série de Taylor da função f (x) com centro x0 , onde:

a) f (x) = ex e x0 = 1
1
b) f (x) = e x0 = −1
x
1
c) f (x) = sen(πx) e x0 =
2
d) f (x) = ln(x) e x0 = 1

◦ Exercício 41. Determine o intervalo de convergência para cada uma das séries de
Taylor obtidas no exercício anterior

◦ Exercício 42. (*) Mostre que a série de Taylor da função f (x) = senh(x) em torno
de x0 = ln(4) é


X 16 − (−1)n
(x − ln(4))n
8(n!)
n=0

ex − e−x
Obs.: senh(x) = (lê-se seno hiperbólico de x)
2

98
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

RESPOSTAS

Exercício 30
∞ ∞
X 1 n X (−1)n 2n+1
a) x ; ∀x ∈ R d) x ; ∀x ∈ R
n! (2n + 1)!
n=0 n=0
∞ ∞
X (−1)n
b) x2n ;
X
∀x ∈ R e) xn ; ∀x ∈ (−1, 1)
(2n)!
n=0 n=0

X (−1)n+1
c) xn ; ∀x ∈ (−1, 1)
n
n=1

Exercício 31
∞ ∞
X (−1)n X (−1)n 2n+2
a) xn c) x
n! (2n + 1)!
n=0 n=0
∞ ∞
X (−1)n π 2n X xn+2
b) x2n d)
(2n)! n!
n=0 n=0

Exercício 34
(2x)3 (2x)5 (2x)7 (2x)9
a) sen(x) cos(x) = x − + − + + ···
2.3! 2.5! 2.7! 2.9!
b) ∀x ∈ R
(2x)3 (2x)5
c) P5 (x) = x − +
2.3! 2.5!
d) sen(x) cos(x) ≈ P5 (0.5) = 0.420833
x=0.5

Exercício 35
π 3 x5 π 5 x7 π 7 x9 π 9 x11
a) x2 sen(πx) = πx3 − + − + + ···
3! 5! 7! 9!
b) ∀x ∈ R
π 3 x5 π 5 x7 π 7 x9
c) P9 (x) = πx3 − + −
3! 5! 7!
d) π sen(x) ≈ P9 (1) = −0, 0752206
x=1

e) Compare P9 (1), determinado no item (d), com f (1).

99
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 4 SÉRIE DE POTÊNCIAS

Exercício 36
2 x4 x6 x8 x10
a) ex = 1 + x2 + + + + + ···
2! 3! 4! 5!
b) ∀x ∈ R

c)
x4 x6
1) P6 (x) = 1 + x2 + +
2! 3!
x 4 x 6 x8
2) P8 (x) = 1 + x2 + + +
2! 3! 4!
x 4 x 6 x8 x10
3) P10 (x) = 1 + x2 + + + +
2! 3! 4! 5!
d)
Z 1
1) P6 (x)dx ≈ 1, 4571
0
Z 1
2) P8 (x)dx ≈ 1, 4561
0
Z 1
3) P10 (x)dx ≈ 1, 4625
0

Exercício 38

a) 0, 485. b) 0, 041.

Exercício 40
∞ ∞
X e X (−1)n π 2n
a) (x − 1)n c) (x − 1/2)2n
n! (2n)!
n=0 n=0
∞ ∞
X X (−1)n−1
b) − (x + 1)n d) (x − 1)n
n
n=0 n=1

Exercício 41

a) R b) (−2, 0) c) R d) (0, 2]

100
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 5 BREVE REVISÃO DE ALGUMAS FUNÇÕES

5 Breve revisão de algumas funções


5.1 Função ímpar e função par

Definição 5.1. Uma função f : I ⊆ R → R é dita par se para todo x ∈ I

f (x) = f (−x) (16)

Definição 5.2. Uma função f : I ⊆ R → R é dita ímpar se para todo x ∈ I

f (x) = −f (−x) (17)

Observação 5.1. Observe que pelas definições vistas, funções par e ímpar assumem
domínios simétricos, ou seja, o intervalo I é simétrico com relação a origem.

101
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 5 BREVE REVISÃO DE ALGUMAS FUNÇÕES

Exemplo 5.1.1. São exemplos de funções par.


1.0

0.8

0.6 f HxL = x2

0.4

0.2

-1.0 -0.5 0.5 1.0

1.0

f HxL = cosHxL
0.5

-5 5

-0.5

-1.0

f HxL = x
4

-5 5

1.0

0.8

0.6 f HxL = 1 - x2

x Ε @-1, 1D
0.4

0.2

-1.0 -0.5 0.5 1.0

(Verifique a propriedade da definição!)

Observação 5.2. Note que os gráficos de funções pares são simétricos com relação ao
eixo das ordenadas.

102
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 5 BREVE REVISÃO DE ALGUMAS FUNÇÕES

Exemplo 5.1.2. São exemplos de funções ímpar.


1.0

f HxL = x3
0.5

-1.0 -0.5 0.5 1.0

-0.5

-1.0

1.0
f HxL = sinHxL

0.5

-5 5

-0.5

-1.0

1.0
x
f HxL =
x
0.5
x Ε H-¥, 0L Ü H0, ¥L

-5 5

-0.5

-1.0

1.5

1.0 f HxL = arctanHxL

0.5

-5 5
-0.5

-1.0

-1.5

Observação 5.3. Note que os gráficos de funções ímpares podem ser obtidos refletindo
o lado direito sobre o eixo das ordenadas e logo após refletindo sobre o eixo das abscissas.

103
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 5 BREVE REVISÃO DE ALGUMAS FUNÇÕES

Teorema 5.1. Sejam f : I ⊆ R → R uma função par e g : I ⊆ R → R uma função


ímpar, ambas integraveis no intervalo simétrico I.
(I = (−L, L) ou I = [−L, L) ou I = (−L, L] ou I = [−L, L])

Então,
Z L Z L
i) f (x)dx = 2 f (x)dx
−L 0
Z L
ii) g(x)dx = 0
−L

Z π Z π
2 2
Exemplo 5.1.3. cos(x)dx = 2 cos(x)dx = 2.
− π2 0

1.0

0.5

-6 -4 -2 2 4 6

-0.5

-1.0

Z π
2
Exemplo 5.1.4. sen(x)dx = 0.
− π2

1.0

0.5

-6 -4 -2 2 4 6

-0.5

-1.0

104
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 5 BREVE REVISÃO DE ALGUMAS FUNÇÕES

5.2 Função periódica


Definição 5.3. Seja f : R → R. Dizemos que f (x) é uma função periódica de período
P se existe um número real P tal que

f (x + nP ) = f (x) (18)
para todo x ∈ R e todo n ∈ Z.

Definição 5.4. Uma função periódica f (x) possui infinitos períodos. O menor período
possível é chamado período fundamental.

Exemplo 5.2.1. A função f (x) = sen(x) é periódica de período fundamental P = 2π.


1.0

0.5


-5 5 10

-0.5

-1.0

Observação 5.4. Note que 4π, 6π, 8π, . . . também são períodos dessa função.

Exemplo 5.2.2. Uma certa função f (x) possui o seguinte gráfico:

1.5
f HxL

1.0

0.5

-4 -2 2 4

É fácil ver que essa função possui período P = 2.

105
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 5 BREVE REVISÃO DE ALGUMAS FUNÇÕES

Para nossos propósitos futuros vamos estudar uma classe bastante restrita das funções
periódicas, porém que são de grande interesse.

Vamos estudar as funções

  πx          
2πx 3πx  πx  2πx 3πx
1, sen , sen , sen , . . . , cos , cos , cos ,...
L L L L L L

no qual L é um número real positivo (L ∈ R+ ).

 nπx 
Afirmação 5.1. Se n é um número inteiro positivo (n ∈ Z+ ), então as funções sen
 nπx  L
2L
e cos são periódicas e ambas possuem período fundamental .
L n

Afirmação 5.2. Sejam m, n números inteiros positivos (m, n ∈ Z+ ), suponha m < n,


L um número real positivo (L ∈ R+ ), α, β números reais não negativos (α, β ∈ R∗ ).

Então as somas
 mπx   nπx 
a) α sen + β cos
L L
 mπx   nπx 
b) α sen + β sen
L L
 mπx   nπx 
c) α cos + β cos
L L
2L
são periódicas e possuem período fundamental .
m

106
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 5 BREVE REVISÃO DE ALGUMAS FUNÇÕES

Exemplo 5.2.3. Considere as funções sen(x), sen(2x), sen(3x). Os períodos fundamen-


tais são 2π, 2π/2, 2π/3 respectivamente.
Compare o gráfico dessas funções com a função soma, ou seja, f (x) = sen(x) + sen(2x) +
sen(3x).
1.0 senHxL senH2 xL
senH3 xL

0.5

1 2 3 4 5 6

-0.5

-1.0

2
f HxL = senHxL + senH2 xL + senH3 xL

1 2 3 4 5 6

-1

-2

f HxL = senHxL + senH2 xL + senH3 xL


2

-2 Π 4Π
-5 5 2Π 10

-1

-2

É fácil ver que a função f (x) é periódica e seu peíodo fundamental é 2π, que o maior
entre os períodos fundamentais dos termos da soma.

107
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

A função
Prof. André Meneghetti

fN (x) =
2
+
N

n=1
a0 X 
an cos

é períodica e seu período fundamental é 2L.

108
L
 nπx 
Afirmação 5.3. Sejam a0 , a1 , a2 , . . . , b1 , b2 , · · · ∈ R.

+ bn sen
L
 nπx 
(19)
5 BREVE REVISÃO DE ALGUMAS FUNÇÕES
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 6 SÉRIE DE FOURIER

6 Série de Fourier
6.1 Séries de Fourier vistas informalmente
As séries de Fourier nascem de uma tentativa relativamente simples, porém depois de
devidamente estudadas e analisadas alguns detalhes são impostos. Muitas vezes esses
detalhes impedem a compreenção do problema. Nessa seção vamos simplesmente ignorar
os detalhes e supor que tudo funciona maravilhosamente bem.

Vimos que uma classe de funções admite expansão ou representação em séries de Potência,
ou seja, dado uma função f (x) conseguimos determinar coeficientes reais a0 , a1 , a2 , a3 , a3 , . . .
tais que

f (x) = a0 + a1 x + a2 x2 + a3 x3 + a4 x4 + . . .

Esta representação 
fornece uma boa aproximação de f (x) em torno de x = 0. Observe
que a base usada é 1, x, x2 , x3 , . . . .

Imagine agora que queremos fazer a mesma coisa, porém com outra base. Usaremos
agora a base

      
1  πx  2πx 3πx 4πx
, cos , cos , cos , cos ,...,
2 L L L L
 πx        
2πx 3πx 4πx
sen , sen , sen , sen ,...
L L L L
(20)

ou seja, queremos determinar coeficientes reais a0 , a1 , a2 , a3 , . . . , b1 , b2 , b3 , . . . tais que

     
a0  πx  2πx 3πx 4πx
f (x) = + a1 cos + a2 cos + a3 cos + a4 cos + ...
2 L L L L
 πx       
2πx 3πx 4πx
+ b1 sen + b2 sen + b3 sen + b4 sen + . . . (21)
L L L L

Essa representação para f (x) será mais geral, uma vez que x não precisa estar próximo
de zero. O leitor nesse momento deve estar se perguntando se essa igualdade é válida.

109
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 6 SÉRIE DE FOURIER

A resposta é não para a grande maioria dos casos. Não em todo o domínio. Em geral
essa igualdade não será válida apenas em um conjunto pequeno de pontos do domínio.
Mas isso veremos depois. No momento, vamos ignorar tudo e imaginar que a igualdade
é válida sempre.

Como determinar esses coeficientes?


A escolha da base é pensada de forma que a igualdade seja válida em um intervalo simé-
trico (−L, L). Pensando dessa forma, considere a seguinte afirmação.

Afirmação 6.1. Os coeficientes podem ser calculados pelas fórmulas


Z L
1
i) a0 = f (x)dx
L −L
Z L
1  nπx 
ii) an = f (x) cos dx n = 1, 2, 3, . . .
L −L L
Z L
1  nπx 
iii) bn = f (x) sen dx n = 1, 2, 3, . . .
L −L L

Prova:

Vamos agora verificar a veracidade das fórmulas acima. Para isso, inicialmente vamos verificar as se-
guintes relações:

sejam L ∈ R+ , n, m ∈ Z+ tais que n 6= m, então


Z L  nπx 
i) sen dx = 0
−L L
Z L  nπx 
ii) cos dx = 0
−L L
Z L  nπx   mπx 
iii) cos cos dx = 0
−L L L
Z L  nπx   nπx 
iv) cos cos dx = L
−L L L
Z L  nπx   mπx 
v) sen sen dx = 0
−L L L
Z L  nπx   nπx 
vi) sen sen dx = L
−L L L
Z L  nπx   mπx 
vii) sen cos dx = 0
−L L L

110
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 6 SÉRIE DE FOURIER

Z L  nπx   nπx 
viii) sen cos dx = 0
−L L L
Observe que em cada um dos itens (i), (vii) e (viii) o integrando é uma função ímpar. Como o intervalo
de integração é simétrico, de −L à L, então pelo teorema (ii) o resultado dessas integrais é nulo.

Já a integral do item (ii) é bastante simples e não haverá maiores complicações para resolver.
Z L  nπx   L
L  nπx  L   − sen(−nπ)
cos dx = sen = sen(nπ)
  = 0
−L L nπ L −L nπ  
Agora vamos atacar o item (iii). O item (v) é feito de maneira análoga e será deixado como exercício ao
leitor.

Da trigonometria sabe-se que

cos(a + b) = cos(a) cos(b) − sen(a) sen(b) (22)


cos(a − b) = cos(a) cos(b) + sen(a) sen(b) (23)
Fazendo (22)+(23)
1
cos(a) cos(b) = (cos(a + b) + cos(a − b)) (24)
2
Fazendo (23)-(22)
1
sen(a) sen(b) = (cos(a − b) − cos(a + b)) (25)
2

nπx mπx
Substituindo a = eb= em (24)
L L
    
 nπx   mπx  1 (n + m)πx (n − m)πx
cos cos = cos + cos
L L 2 L L

Integrando,

Z L  nπx   mπx 
cos cos dx =
−L L L
Z L     
1 (n + m)πx (n − m)πx
cos + cos dx ⇒
−L 2 L L

Z L  nπx   mπx 
cos cos dx =
−L L L
    L
1 L (n + m)πx L (n − m)πx
sen + sen ⇒
2 (n + m)π L (n − m)π L −L

Z L  nπx   mπx 
cos cos dx =
−L L L
"  L  L #
1 L (n + m)πx L (n − m)πx
sen + sen ⇒
2 (n + m)π L −L (n − m)π L −L

111
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 6 SÉRIE DE FOURIER

Z L  nπx   mπx 
cos cos dx = 0
−L L L

Analogamente, usando (25)

Z L  nπx   mπx 
sen sen dx = 0
−L L L

Para resolver as integrais dos itens (iv) e (vi) vamos usar as seguintes relações trigonométricas:

cos(2a) = cos2 (a) − sen2 (a) (26)


2
1 = cos (a) + sen (a) 2
(27)

fazendo (26)+(27) obtemos

1 + cos(2a)
cos2 (a) = (28)
2
e fazendo (27)-(26) obtemos

1 − cos(2a)
sen2 (a) = (29)
2
nπx
Substituindo a por obtemos,
L
2nπx

1 + cos
 nπx 
cos2 = L
(30)
L 2
2nπx

2 nπx
  1 − cos
sen = L
(31)
L 2

Substituindo (30) em (iv) temos

1 + cos 2nπx
Z L  nπx  Z L
cos2 = L
dx =
−L L −L 2
h x iL   L
L 2nπx  L (−L)
+ sen   = − =L
2 −L 4nπ  L −L 2 2
Logo,

Z L  nπx   nπx 
cos cos dx = L
−L L L

Para obter (vi) basta proceder de forma análoga usando a relação (31).

112
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 6 SÉRIE DE FOURIER

Agora vamos estudar os coeficientes da afirmação (6.1).

i) Determinando a0 :

Integramos de −L à L a equação (21). Supondo que a série converge, integramos


termo a termo.

Z L
f (x)dx =
−L
Z L Z L Z L   Z L  
a0  πx 
  2πx
 3πx
dx + a1  cos
 dx + a2 cos
   dx + a3  cos   dx + . . .
2 −L −L L 
−L L −L L
Z L  πx  Z L   Z L  
  2πx
 3πx

+ b1  sen
  
dx + b2 sen
   dx + b3 sen   dx + . . . (32)
−L L −L L  L
−L

Os cancelamentos ocorrem devido as integrais (i) e (ii). Logo,


Z L
La0 = f (x)dx =⇒
−L

Z L
1
a0 = f (x)dx
L −L

ii) Determinando an :
 nπx 
Multiplicamos a equação (21) por cos e depois integramos de −L à L .
L
Supondo que a série converge, integramos termo a termo.

113
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 6 SÉRIE DE FOURIER

L
a0 L
Z  nπx  Z  nπx  
f (x) cos dx = cos
  dx+
−L L 2 −L L
Z L   Z L   (
 πx   nπx
 2πx ((( (nπx
(( (

a1 cos  cos
  dx + a2 cos ( ( cos dx+
 L L (((( L L
−L Z L  
(−L
(
3πx ((( (nπx
(( (
a3 cos ( ( cos dx + ...
((( L L
(
(−L
Z L   ( ( Z L
(n − 1)πx (( (((
 nπx  nπx 
an−1 cos ((((( cos dx + an cos2 dx+
( (
(−L
((( L L −L L
Z L   ( (
(n + 1)πx ( ( (((
 nπx
an+1 cos (((( cos dx+
( (
(−L(((( L L

Z L  πx   
nπx  Z L  
2πx ((( (nπx
((( (

+ b1 sen cos  dx + b2 sen ( ( cos dx+
 L L (((( L
(
L
−L
 Z L −L   (
3πx ((( (nπx
(( (
b3 sen ( ( cos dx + . . . (33)
(−L(((( L L

Os cancelamentos são efetuados pois são integrais dos tipos (ii), (iii) e (v). Da
integral (iv) resulta que
Z L  nπx 
Lan = f (x) cos dx =⇒
−L L

Z L
1  nπx 
an = f (x) cos dx
L −L L

para n = 1, 2, 3, . . .

iii) Determinando bn :
 nπx 
Multiplicamos a equação (21) por sen e depois integramos de −L à L .
L
Supondo que a série converge, integramos termo a termo.

114
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 6 SÉRIE DE FOURIER

L
a0 L
Z  nπx  Z  nπx

f (x) sen dx = sen
 dx+
−L L 2 −L  L

Z L  πx   
nπx  Z L  
2πx ((( nπx
( (( ((

a1 cos sen  dx + a2 cos ( ( sen dx+
 L Z
−L
L (((( L
(−L L
L   (
3πx (((( nπx
 ( ( (
a3 cos ((( sen dx + . . .
(−L
( ( ( L L

Z L  πx   
nπx  Z L  
2πx (((( nπx
((( (

+ b1 sen sen  dx + b2 sen ( ( sen dx+
−L L Z L (((( L
(−L L
L   (
3πx (((  nπx
( ( (
b3 sen ((((sen dx + . . .
(−L
( ( ( L L
Z L   ( ( Z L
(n − 1)πx ((( ((
nπx  nπx 
bn−1 cos (((( sen dx + bn sen2 dx+
( ( (
(−L((( L L −L L
Z L   ((( (
(n + 1)πx (( (nπx
bn+1 cos ((( sen dx+ (34)
( ( (
(−L(((( L L

Os cancelamentos são efetuados pois são integrais dos tipos (ii), (iii) e (v). Da
integral (vi) resulta que
Z L  nπx 
Lbn = f (x) sen dx =⇒
−L L

Z L
1  nπx 
bn = f (x) sen dx
L −L L

para n = 1, 2, 3, . . .

Uma vez feito esses cálculos e desprezando tudo que pode dar errado, temos que a igual-
dade (21) é válida no intervalo (−L, L).

Agora note que a expressão


N
a0 X h  nπx   nπx i
fN (x) = + an cos + bn sen
2 L L
n=1

é apenas um polinômio trigonométrico, que é periódico, e cujo o período fundamental é


2L (estudado em (5.3)). Logo, o limite

115
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 6 SÉRIE DE FOURIER

N
!
a0 X h  nπx   nπx i
f (x) = lim + an cos + bn sen = lim fN (x),
N →∞ 2 L L N →∞
n=1

quando existir será uma função peródica de período fundamental 2L. Note ainda que o
limite dessa soma é a série de Fourier da função f (x).

Definição informal

A série de Fourier da função f (x) é uma função periódica de período 2L, a qual restrita
ao intervalo (−L, L) a série de Fourier coincide com a função f (x).

Restrições sobre as funções que possuem séries de Fourier

Da maneira que foram calculados os coeficientes na afirmação (6.1) é fácil ver que para
uma função ter representação por séries de Fourier é necessário que seja integrável no
intervalo (−L, L). Muitas vezes usa-se condições da forma “f (x) não possui descontinui-
dades de segunda ordem” ou ainda “f (x) é suave por partes”.

Pontos de descontinuidade

A seguir será enunciado o Teorema de Fourier que garante a seguinte relação: se


f (x) é uma função que admite representação por séries de Fourier e f (x) é sua série de
Fourier, então

lim f (x) + lim f (x)


x→a+ x→a−
f (a) =
2
Isso significa que nos pontos onde f (x) é contínua o valor de f (x) é exatamente o mesmo,
enquanto que nos pontos nos quais f (x) é descontínua, então f (x) possui o valor médio
entre os limites laterais no ponto.

Maneiras de enunciar uma série de Fourier

Existem duas maneiras de enunciar uma séries de Fourier. A primeira é da forma que
contruimos informalmente a série, ou seja, pensar que a função f (x) está definida em
um intervalo simétrico I e a série de Fourier f (x) é a expansão da função de forma 2L
periódica. A outra maneira é pensar que f (x) é uma função 2L periódica e que a f (x) é
apenas uma representação dessa função em séries.

Apesar de particularmente preferir a primeira, nesse texto irei adotar a segunda maneira
pois penso ser mais simples de entender.

116
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 6 SÉRIE DE FOURIER

6.2 Teorema de Fourier

Definição 6.1. Seja f : R → R uma função 2L-periódica suave por partes. Denotaremos
por f (x) a série de Fourier da função f (x) e a definimos sendo


a0 X h  nπx   nπx i
f (x) = + an cos + bn sen
2 L L
n=1

nos quais a0 , a1 , a2 , a3 , . . . , b1 , b2 , b3 , . . . são definidos como na afirmação (6.1).


Z L
1
i) a0 = f (x)dx
L −L
Z L
1  nπx 
ii) an = f (x) cos dx n = 1, 2, 3, . . .
L −L L
Z L
1  nπx 
iii) bn = f (x) sen dx n = 1, 2, 3, . . .
L −L L

Teorema 6.1. (Teorema de Fourier)

Sejam f (x) e f (x) da definição (6.1).


Então,

se f é contínua em x ∈ (−L, L)


 f (x)



f (x− ) + f (x+ )



se f é descontínua em x ∈ (−L, L)





 2
f (x) =
f (L− ) + f (−L+ )
se x = L



2






+ −

 f (−L ) + f (L )

se x = −L


2

e f (x) é 2L-periódica.

117
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 6 SÉRIE DE FOURIER

6.3 Exemplos de Séries de Fourier

Exemplo 6.3.1. Seja f : R → R uma função 2π-periódica, na qual

f (x) = x2 se x ∈ (−π, π].

i) Encontre a série de Fourier da função f (x);



π2 X 1
ii) Determine um valor apropriado para “x”tal que = .
6 n2
n=1

Resolução:

Gráfico da função f (x):

Π2

-2 Π -Π Π 2Π

Usando a notação aplicada na definição 6.1, o período da função é 2L = 2π, logo temos
que L = π. Agora vamos determinar os coeficientes da série de Fourier.

π π π
2 x3
Z Z 
1 2 2 2 2 2
a0 = x dx = x dx = = π 2 =⇒ ao = π 2
π −π π 0 π 3 0 3 3

1 π 2 2 π 2
Z Z
an = x cos(nx)dx = x cos(nx)dx =⇒
π −π π 0
 2 x=π
2 x sen(nx) − cos(nx) − sen(nx)
an = − 2x +2 =⇒
π n n2 n3 x=0
h n
i 4(−1)n
an = π2 2π(−1)
n2 =⇒ a n =
n2
Z π
1
bn = x2 sen(nx)dx = 0 =⇒ bn = 0
π −π

118
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 6 SÉRIE DE FOURIER

Logo,

X 4(−1)n
1
f (x) = π 2 + cos(nx)
3 n2
n=1

Seja
n
X 4(−1)n
1
Sn (x) = π 2 + cos(nx)
3 n2
n=1

a sequência de soma parcial da série de Fourier.

Vejamos agora alguns gráficos que ilustram a Sn (x) juntamente com o gráfico da função
f (x).

Π2

-2 Π -Π Π 2Π

1 2 4(−1)1
S1 (x) = π + cos(x)
3 12

Π2

-2 Π -Π Π 2Π

1 2 4(−1)1 4(−1)2 4(−1)3 4(−1)4 4(−1)5


S5 (x) = π + cos(x) + cos(2x) + cos(3x) + cos(4x) + cos(5x)
3 12 22 32 42 52

119
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 6 SÉRIE DE FOURIER

Π2

-2 Π -Π Π 2Π

20
1 2 X 4(−1)n
S20 (x) = π + cos(nx)
3 n=1 n2

Se x = π
f (π − ) + f (−π + )
f (π) =
2

π 2 X 4(−1)n π2 + π2
+ cos(nx) =
3 n2 2
n=1


π2 X (−1)n
+4 (−1)n = π 2
3 n2
n=1


X 1 π2
4 = π2 −
n2 3
n=1


X 1 2π 2
4 =
n2 3
n=1


X 1 π2
=
n2 6
n=1

Isso, é

1 1 1 1 π2
1+ + + + + · · · =
22 32 42 52 6
Note que, através da Série de Fourier obtemos um valor para a soma da p-série (p = 2)
convergente.

120
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 6 SÉRIE DE FOURIER

Exemplo 6.3.2. Seja f : R → R uma função 2π-periódica , no qual



0, x ∈ [0, π]
f (x) =
x + π, x ∈ (−π, 0)

a) Determine a f (x) dessa função;


π2 1 1
b) mostre que = 1 + 2 + 2 + ··· ;
8 3 5
π 1 1 1
c) mostre que = 1 − + − + ··· ;
4 3 5 7
d) determine f (0) e f (0).

Resolução:

Gráfico de f (x)
Π

-2 Π -Π Π 2Π

Analogamente ao exercício anterior, concluímos que L = π. Agora vamos calcular os


coeficientes:

1 π 1 0 1 π
Z Z Z
a0 = f (x)dx = (x + π)dx + 0dx =⇒
π −π π −π π 0
1 2 0 π
a0 = π + πx −π =⇒ a0 =
π 2

121
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 6 SÉRIE DE FOURIER

1 π 1 0
Z Z
an = f (x) cos(nx)dx = (x + π) cos(nx)dx =⇒
π −π π −π
 [− cos(nx)] 0 1 1 − (−1)n
   
1 sen(nx)

an = (x + π)   − =⇒ an =
π  n n2 −π π n2

π
1 0
Z Z
1
bn = f (x) sen(nx)dx = (x + π) sen(nx)dx =⇒
π π −π
"−π  0
#  
1 [− cos(nx)] [− sen(nx)]
 1 −π 1
bn = (x + π) − 2  = =⇒ bn = −
π n  n π n n
−π

Portanto,
∞  
π X 1 1 − (−1)n
   
−1
f (x) = + cos(nx) + sen(nx)
4 π n2 n
n=1

Seja
N  
π X 1 1 − (−1)n
   
−1
SN (x) = + cos(nx) + sen(nx)
4 π n2 n
n=1

a sequência de soma parcial da série de Fourier.

122
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 6 SÉRIE DE FOURIER

Vejamos agora alguns gráficos que ilustram a Sn (x) juntamente com o gráfico da função
f (x).

-2 Π -Π Π 2Π

2
1 − (−1)n
" ! #
π 1 −1
X  
S2 (x) = + cos(nx) + sen(nx)
4 n=1 π n2 n

-2 Π -Π Π 2Π

5
1 − (−1)n
" ! #
π 1 −1
X  
S5 (x) = + cos(nx) + sen(nx)
4 n=1 π n2 n

-2 Π -Π Π 2Π

20
1 − (−1)n
" ! #
π 1 −1
X  
S20 (x) = + cos(nx) + sen(nx)
4 n=1 π n2 n

123
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 6 SÉRIE DE FOURIER

Agora o gráfico da série f (x)

Π
2

-2 Π -Π Π 2Π


1 − (−1)n
" ! #
π 1 −1
X  
f (x) = + cos(nx) + sen(nx)
4 n=1 π n2 n

Se x = π

f (π − ) + f (−π + )
f (π) =
2
∞  
π X 1 1 − (−1)n
   
−1
+ cos(nπ) + sen(nπ)
 
= 0
4 π n2 n 
n=1
 
π 1 2 2
+ −2 + 0 − 2 + 0 − 2 + · · · = 0
4 π 3 5
 
2 1 1 1 π
− 1 + 2 + 2 + 2 + ··· = −
π 3 5 7 4

1 1 1 π2
1+ 2
+ 2 + 2 + ··· =
3 5 7 8
Logo,

π2 1 1 1
= 1 + 2 + 2 + 2 + ···
8 3 5 7

124
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 6 SÉRIE DE FOURIER

π
Se x = −
2  π  π
f − = f −
2 2

" #
π X 1 1 − (−1)n
       
−nπ −1 −nπ
  π
+ cos + sen  = f −
4 π n2 2 n  2 
2
n=1
 
π 1 1 1 π
+ +1 + 0 − + 0 − + 0 − + 0 + · · · = − + π
4 3 5 7 2
 
1 1 1 π π
1− + − + ··· = − +π−
3 5 7 2 4

1 1 1 π
1− + − + ··· =
3 5 7 4
Logo,

π 1 1 1
= 1 − + − + ···
4 3 5 7
f (0) = 0 (Basta ver a definição da função)

f (0+ ) + f (0− ) 0+π π


f (0) = = =
2 2 2

125
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 6 SÉRIE DE FOURIER

Exemplo 6.3.3. Seja f : R → R uma função 2π-periódica , no qual

f (x) = |sen(x)| em (−π, π].

Encontre a série de Fourier da função f (x).

Obs.: Note que f (x) = |sen(x)| em [−π, π] significa



sen(x), x ∈ [−π, 0)
f (x) =
− sen(x), x ∈ [0, π]

Resolução:

Gráfico de f (x)
1

-2 Π -Π Π 2Π

Z π Z π
1 2 2
a0 = |sen(x)| dx = sen(x)dx = [− cos(x)]π0 =⇒ a0 = 4
π
π −π π 0 π
Z π Z π
1 2
an = |sen(x)| cos(nx)dx = sen(x) cos(nx)dx
π −π π 0

Usando integração por partes


Z Z
sen(nx) sen(nx)
sen(x) cos(nx)dx = sen(x) − cos(x) dx =
n n

Usando novamente integração por partes somente na integral em destaque


 
− cos(nx)
Z Z Z
sen(nx) cos(nx)
sen(x) cos(nx)dx = sen(x) − − cos(x) − [− sen(x)] dx
n n2 n2

126
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 6 SÉRIE DE FOURIER

Logo,
Z Z
sen(nx) cos(nx) 1
sen(x) cos(nx)dx = sen(x) + cos(x) + 2 sen(x) cos(nx)dx
n n2 n

Note que as integrais em vermelho são iguais, além disso essa é exatamente a integral
que queremos calcular. Por esse motivo vamos por em evidência essa integral.
 Z
1 sen(nx) cos(nx)
1− 2 sen(x) cos(nx)dx = sen(x) + cos(x)
n n n2

n2 − 1
 Z
sen(nx) cos(nx)
sen(x) cos(nx)dx = sen(x) + cos(x)
n2 n n2

i) Se n 6= 1
 π cos(nx) π
Z π
n2 n2
   
sen(nx)
sen(x) cos(nx)dx = sen(x) 
+ 2 cos(x)
0 n2 − 1 n 0 n −1 n2 0

π
n2 (−1)n n2 (−1)n+1 − 1
Z    
1
sen(x) cos(nx)dx = 2 (−1) 2 − 2 = 2
0 n −1 n n n −1 n2

π
(−1)n+1 − 1
Z
sen(x) cos(nx)dx =
0 n2 − 1

Portanto, para n = 2, 3, 4, 5, . . .
2 π 2 (−1)n+1 − 1
Z
an = sen(x) cos(nx)dx =
π 0 π n2 − 1

logo,
2 (−1)n+1 − 1
an =
π n2 − 1

ii) Se n = 1
2 π 1 π
Z Z
a1 = sen(x) cos(x)dx = sen(2x)dx = 0 =⇒ a1 = 0
π 0 2 0

127
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 6 SÉRIE DE FOURIER

1 π
Z
bn = |sen(x)| sen(nx)dx
π −π
Como o integrando é uma função ímpar e o intervalo de integração é simétrico a integral
é nula.

bn = 0

para n = 1, 2, 3, 4, . . .

Portanto,

2 X 2 (−1)n+1 − 1
 
f (x) = + cos(nx)
π π n2 − 1
n=2

Seja
n
2 X 2 (−1)n+1 − 1
 
Sn (x) = + cos(nx)
π π n2 − 1
n=2

a sequência de soma parcial da série de Fourier.

Vejamos agora alguns gráficos que ilustram a Sn (x) juntamente com o gráfico da função
f (x).

-2 Π -Π Π 2Π

2
(−1)n+1 − 1
" #
2 X 2
S2 (x) = + cos(nx)
π n=2 π n2 − 1

128
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 6 SÉRIE DE FOURIER

-2 Π -Π Π 2Π

5
(−1)n+1 − 1
" #
2 X 2
S5 (x) = + cos(nx)
π n=2 π n2 − 1

-2 Π -Π Π 2Π

20
(−1)n+1 − 1
" #
2 X 2
S20 (x) = + cos(nx)
π n=2 π n2 −1

Observação 6.1. No somatório note que quando n é ímpar o coeficiente se anula.


Portanto podemos excluir do somatório todos esses termos nulos. Para isso vamos deixar
apenas os pares trocando n por 2n.

2 X 2 (−1)2n+1 − 1
 
f (x) = + cos(2nx)
π π (2n)2 − 1
n=2


2 4X 1
f (x) = + cos(2nx)
π π 1 − 4n2
n=2

129
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 6 SÉRIE DE FOURIER

Exemplo 6.3.4. Seja f : R → R uma função 4-periódica, na qual f (x) = x para


x ∈ (−2, 2].
Encontre a série de Fourier da função f (x).

Resolução:

Gráfico de f (x):
2

-4 -2 2 4

-2

Verifique que
Z 2
1
a0 = xdx = 0
2 −2

Z 2
1  nπx 
an = x cos dx = 0
2 −2 2

2
−4(−1)n
Z
1  nπx 
bn = x sen dx =
2 −2 2 nπ

Logo,

4 X (−1)n+1  nπx 
f (x) = sen
π n 2
n=1

Seja
n
4 X (−1)n+1  nπx 
Sn (x) = sen
π n 2
n=1

a sequência de soma parcial da série de Fourier.

130
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 6 SÉRIE DE FOURIER

Vejamos alguns gráficos que ilustram a Sn (x) juntamente com o gráfico da função f (x).
2

-4 -2 2 4

-2

2
4 X (−1)n+1 nπx
 
S2 (x) = sen
π n=1 n 2

-4 -2 2 4

-2

5
4 X (−1)n+1 nπx
 
S5 (x) = sen
π n=1 n 2

-4 -2 2 4

-2

20
4 X (−1)n+1 nπx
 
S20 (x) = sen
π n=1 n 2

131
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti

Agora o gráfico da série f (x)

-4

f (x) =
-2


4 X
π n=1
-2
2

132
n
(−1)n+1
2

sen


2
nπx

4
6 SÉRIE DE FOURIER
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 6 SÉRIE DE FOURIER

6.4 Exercícios
Observação: Vamos usar as seguintes notações:

• A série de Fourier da função f (x) será denotada por f (x), isto é



a0 X h  nπx   nπx i
a) f (x) = + an cos + bn sen
2 L L
n=1

onde
Z L
1
a) a0 = f (x)dx
L −L
Z L
1  nπx 
b) an = f (x) cos dx n ∈ {1, 2, 3, . . .}
L −L L
Z L
1  nπx 
c) bn = f (x) sen dx n ∈ {1, 2, 3, . . .}.
L −L L


X  nπx 
• Se f (x) é uma função ímpar então f (x) = , que é a “parte ímpar”da
bn sen
L
n=1
 nπx 
Série de Fourier genérica. De fato, termos que o produto f (x) sen é par (produto
L
de funções ímpares) e, portanto:

Z L Z L
1  nπx  2  nπx 
bn = f (x) sen dx = f (x) sen dx n ∈ {1, 2, 3, . . .}
L −L L L 0 L

Note que, na verdade só é necessário conhecer a definição de f (x) no intervalo (0, L). Por
isso, é possível estender de maneira ímpar para o intervalo (−L, L) uma função qualquer
que só esteja definida em (0, L). Esta extensão é chamada de série de Fourier Seno f S .


a0 X  nπx 
• Se f (x) é uma função par então f (x) = + an cos , que é a “parte par” da
2 L
n=1  nπx 
Série de Fourier genérica. De fato, termos que o produto f (x) cos é par (produto
L
de funções pares) e, portanto:
Z L Z L
1 2
a) a0 = f (x)dx = f (x)dx
L −L L 0

133
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 6 SÉRIE DE FOURIER

Z L Z L
1  nπx  2  nπx 
b) an = f (x) cos dx = f (x) cos dx n ∈ {1, 2, 3, . . .}
L −L L L 0 L

Note que, novamente só é necessário conhecer a definição de f (x) no intervalo (0, L). Por
isso, é possível estender de maneira par para o intervalo (−L, L) uma função qualquer
que só esteja definida em (0, L). Esta extensão é chamada de série de Fourier Cosseno
fC.

134
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 6 SÉRIE DE FOURIER

◦ Exercício 43. Encontre a série de Fourier e faça o gráfico das seguintes funções:

a) f (x) = x, para −π < x < π

b) f (x) = x2 , para −π < x < π

x − π, se x ∈ (−π, 0)

c) f (x) =
0, se x ∈ [0, π)

Dando um valor adequado para “x” mostre que


π2 1 1 1 π 1 1 1
= 2 + 2 + 2 + ... e = − + + ...
8 1 3 5 4 1 3 5

d) f (x) = | sen(x)|, para x ∈ (− π2 , π2 )

◦ Exercício 44. Determine a f (x) de uma função f (x) que


 πx  seja periódica de período 2
e que no intervalo (−1, 1) essa função seja f (x) = cos .
2

2, se x ∈ (−1, 0)

◦ Exercício 45. Encontre a série de Fourier da função f (x) =
−2, se x ∈ [0, 1)

Verifique que f (1/2) = −2, f (3/2) = 2 e f (0) = 0.

◦ Exercício 46. Encontre a série de Fourier Seno e faça o gráfico das seguintes funções:

a) f (x) = x, para 0 < x < π

b) f (x) = x2 , para 0 < x < 1

135
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 6 SÉRIE DE FOURIER

◦ Exercício 47. Encontre a série de Fourier Cosseno e faça o gráfico das seguintes
funções:

a) f (x) = x2 , para 0 < x < π

b) f (x) = −x + 1, para 0 < x < 1

1, se x ∈ (0, 1)

c) f (x) =
0, se x ∈ [1, 2)

◦ Exercício 48. Supondo que m, n ∈ {1, 2, 3, 4, . . .}, mostre que:


L
0, se n 6= m
Z  nπx   mπx  
a) cos cos dx =
−L L L L, se n = m
L
0, se n 6= m
Z  nπx   mπx  
b) cos cos dx =
2 , se n = m
L
0 L L
L
0, se n 6= m
Z  nπx   mπx  
c) sen sen dx =
2 , se n = m
L
0 L L
Z L  nπx   mπx 
d) sen cos dx 6= 0.
0 L L

136
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 6 SÉRIE DE FOURIER

RESPOSTAS

Exercício 43
 
sen(x) sen(2x) sen(3x)
a) f (x) = 2 − + + ...
1 2 3

π2
 
cos(x) cos(2x) cos(3x)
b) f (x) = −4 − + + ...
3 12 22 32
 
−3π 2 cos(x) cos(3x) cos(5x)
c) f (x) = + + + + ... +
 4 π 12 32 52 
3 sen(x) sen(2x) 3 sen(3x) sen(4x) 3 sen(5x)
− + − + + ...
1 2 3 4 5

2 4 X cos(2nx)
d) f (x) = −
π π 4n2 − 1
n=1


!
4 1 X (−1)n+1
Exercício 44 f (x) = + n cos(nπx)
π 2 4n2 − 1
n=1


4 X −1 + (−1)n
Exercício 45 f (x) = sen(nπx)
π n
n=1
ou retirando os termos pares que são nulos (trocando n por 2n − 1)

8X 1
f (x) = − sen((2n − 1)πx)
π 2n − 1
n=1

Exercício 46

X (−1)n+1
a) f S (x) = 2 sen(nx)
n
n=1

2 X −2 + (−2 + n2 π 2 )(−1)n+1
b) f S (x) = 3 sen(nπx)
π n3
n=1

137
- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I

- IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - IMEF - FURG - I
Prof. André Meneghetti 6 SÉRIE DE FOURIER

Exercício 47

π2 X (−1)n
a) f C (x) = +4 cos(nx)
3 n2
n=1

1 X 1 − (−1)n
b) f C (x) = + cos(nπx)
2 n2 π 2
n=1
ou retirando os termos pares que são nulos (trocando n por 2n − 1)

1 X 1
f C (x) = − 2 cos((2n − 1)πx)
2 (2n − 1)2 π 2
n=1

sen nπ

1 X  nπx 
c) f C (x) = + 2 2
cos
2 nπ 2
n=1
ou retirando os termos pares que são nulos (trocando n por 2n − 1)

1 X (−1)n+1 (2n − 1)πx
f C (x) = + 2 cos( )
2 (2n − 1)π 2
n=1

138

Você também pode gostar