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Sumário 1
1 Introdução 5
2 Sequências e séries 15
2.1 Limite de Sequências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Propriedades do limite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Sequências e funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Sequência de Fibonacci . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
Sequências monótonas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
2.2 Séries . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Teste da divergência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Série harmônica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
Séries telescópicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Séries geométricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
Operações com séries . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Séries de potências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
Operações com séries de potências . . . . . . . . . . . . 59
2.3 Testes de convergência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
Teste da cauda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
Teste da comparação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
Teste da convergência absoluta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
Teste da série alternada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
Teste da raiz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
Teste da razão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
Teste da integral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
3 Séries de potências 87
1
2 Sumário
A Apêndice 295
A.1 Sequência monótonas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 295
A.2 Integral imprópria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 297
A.3 Exponencial complexa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 299
Funções com valores complexos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 301
A.4 Continuidade de séries de potências . . . . . . . . . . . . . . . . 306
A.5 Derivada de séries de potências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 310
A.6 Soluções por séries de potências . . . . . . . . . . . . . . . . . . 312
A.7 Regra de Cramer . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 319
A.8 EDO linear de ordem superior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 322
Solução da homogênea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 323
Solução da não-homogênea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 332
Problema de Valores Iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 335
Coeficientes constantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 336
CAPÍTULO
1
I NTRODUÇÃO
Exemplo
Aquiles aposta corrida com uma tartaruga e, para lhe dar uma van-
tagem, deixa a tartaruga sair 1 metro na sua frente. Andando o do-
bro da velocidade em que a tartaruga anda, Aquiles ultrapassa a
tartaruga na marca dos 2 metros. Mas largando atrás da tartaruga,
6 Capítulo 1. Introdução
0 2
Para percorrer o 1 metro seguinte, Aquiles deve primeiro chegar em
sua metade: na marca do 1 + 21 metro.
1 1
+
2
0 2
Para percorrer o 12 metro seguinte, Aquiles deve primeiro chegar em
sua metade: na marca do 1 + 21 + 14 metro.
1 1
+
2 1
+
4
0 2
E assim em diante, antes de percorrer os 2 metros, Aquiles deve pri-
meiro percorrer a distância
µ ¶n
1 1 1
1+ + +...+ <2
2 4 2
que é sempre menor que 2. Sendo assim, parece que Aquiles nunca
chega na marca dos 2 metros.
É claro que Zenão não está negando que Aquiles ultrapassa
a tartaruga na marca dos 2 metros, ele está procurando explicar
7
Observe que o limite que apareceu acima, de uma soma com cada vez
mais parcelas, é bem diferente dos limites considerados no Cálculo 1 pois a
variável n que tende ao infinito só assume valores inteiros e o número de par-
celas da soma cresce com n. Para tal soma infinita, cujo número de parcelas
cresce indefinidamente, não podemos aplicar a regra que o limite da soma é
a soma dos limites, que só é válida para um número fixo de parcelas. Assim,
precisamos desenvolver novas regras de limite para lidar com essas somas in-
finitas.
No exemplo anterior somamos todos os termos da progressão geométrica
de razão 12
µ ¶2 µ ¶3 µ ¶4
1 1 1 1
1+ + + + +···
2 2 2 2
Podemos fazer o mesmo com uma razão qualquer.
Exemplo
1
+x
+x 2
···
0
Se x é um número entre 0 e 1, a potência x n fica cada vez menor
à medida que n cresce. Podemos então obter uma expressão sim-
ples para essa soma infinita à partir da semelhança dos seguintes
triângulos retângulos
1
+x
+x 2
A ··· B
x2
x
x − x2
1
1−x
C
Observe que a hipotenusa do primeiro e do segundo triângulo
verde têm a mesma inclinação pois
1 − x x − x2
=
1 x
e, como elas têm um ponto em comum, essas duas hipotenusas
formam uma reta. Repetindo esse raciocínio obtemos uma reta de
C até B e, portanto, um triângulo retângulo ABC tal que AC = 1 e
AB = 1 + x + x 2 + x 3 + x 4 + · · ·
9
1 1 1 1 1
1+ + + + +··· = =2
2 4 8 16 1 − 12
1 1
+
2 1
+
4
···
0 2
como já sabíamos do exemplo anterior.
1 + x + x2 + x3 + x4 + · · ·
É esse tipo de função que vai ampliar o nosso repertório de funções. Uma de
suas vantagens é que elas se assemelham às funções mais simples de calcu-
lar, derivar e integrar no Cálculo 1: os polinômios. Uma de suas desvantagens
é que para lidar com elas de forma rigorosa teremos que primeiro saber li-
dar com somas infinitas: porém, nesse primeiro momento, vamos manipular
somas infinitas de forma não-rigorosa como se fossem somas finitas para per-
ceber como elas podem ser úteis. Será que podemos derivar esse polinômio
infinito usando as mesmas regras que usamos para derivar um polinômio fi-
nito usual?
Exemplo
10 Capítulo 1. Introdução
(1 + x + x 2 + x 3 + x 4 + · · · )0 = 0 + 1 + 2x + 3x 2 + 4x 3 + · · ·
1 + 2x + 3x 2 + 4x 3 + · · · = 1 + x + x2 + x3 + · · ·
+x + x 2 + x 3 + · · ·
+x 2 + x 3 + · · ·
+x 3 + · · ·
+···
= 1 + x + x2 + x3 + · · ·
+x (1 + x + x 2 + · · · )
+x 2 (1 + x + · · · )
+x 3 (1 + · · · )
+···
= (1 + x + x 2 + x 3 + · · · ) ×
(1 + x + x 2 + x 3 + · · · )
1 2
µ ¶
=
1−x
1 0
µ ¶
(1 + x + x 2 + x 3 + x 4 + · · · )0 =
1−x
1
=
(1 − x)2
= 0 + 1 + 2x + 3x 2 + 4x 3 + · · ·
como queríamos.
tos.
Cada vez que derivamos um polinômio finito, seu grau diminui por um.
Assim, depois de derivar n + 1 vezes um polinômio de grau n temos que o
polinômio se anula. Por outro lado temos que
(e x )0 = e x
Exemplos
1 2 1 3 1 4
ex = 1 + x + x + x + x +···
2! 3! 4!
uma vez que
1 2 1 3 1 4
e0 = 1 + 0 + 0 + 0 + 0 +···
2! 3! 4!
= 1
e também que
µ ¶0
x 0 1 2 1 3 1 4
(e ) = 1+ x + x + x + x +···
2! 3! 4!
1 1 2 1 3
= 0 + 1 + 2x + 3x + 4x + · · ·
2! 3! 4!
1 2 1 3
= 1+ x + x + x +···
2! 3!
= ex
1
1+x
12 Capítulo 1. Introdução
1 2
x
1+x +
2!
1 1
1 + x + x2 + x3
2! 3!
1 2 1 3 1 4
1+x + x + x + x
2! 3! 4!
..
.
2
e −x
a b
usando Cálculo 1, precisamos primeiro calcular a integral indefi-
2
nida obtendo uma primitiva de e −x (isto é, uma função cuja deri-
2
vada é e −x ). Porém essa primitiva não é nenhuma das funções do
Cálculo 1, e nem mesmo nenhuma combinação delas!
Porém, podemos obter o polinômio infinito para o integrando
−x 2
e substituindo x por −x 2 no polinômio infinito da exponencial,
13
de modo que
2 1 1 1
e −x = 1 + (−x 2 ) + (−x 2 )2 + (−x 2 )3 + (−x 2 )4 + · · ·
2! 3! 4!
1 1 1
= 1 − x2 + x4 − x6 + x8 − · · ·
2! 3! 4!
Integrando essa expressão, obtemos que
Z µ ¶
1 4 1 6 1 8
Z
−x 2 2
e dx = 1− x + x − x + x −··· dx
2! 3! 4!
3 5 7
x 1x 1x 1 x9
= x− + − + − · · · +C
3 2! 5 3! 7 4! 9
2
são as primitivas e −x . Isso nos dá tanto as primitivas como tam-
bém uma receita para aproximá-las por aproximações sucessivas.
CAPÍTULO
2
S EQUÊNCIAS E SÉRIES
a3 a2 a0 a1 an
0
an
a
...
...
2 3 4
Exemplos
1/2
1/3
1/4
1/5
1/6
1/7
1
an =
n
Claramente, temos
1
lim=0
n→∞ n
0, 1, 2, 3, . . . , n, . . .
0, 2, 4, 6, . . . , 2n, . . .
1, 3, 5, 7, . . . , 2n + 1, . . .
Claramente, temos
−1 1
Observe que
a 2n = 1 e a 2n+1 = −1
Temos que limn→∞ a n não existe, uma vez que a sequência alter-
nada não se aproxima de nenhum valor à medida que n cresce para
o infinito.
2π
n
π
n
cos(π/n) sen(π/n)
a n = n cos(π/n) sen(π/n)
lim a n = π
n→∞
p
2
1
1
Vamos tentar aproximar sucessivamente o comprimento dessa hi-
potenusa com o comprimento c n de “escadas” que vão do começo
ao fim da hipotenusa, com cada vez mais degraus
c0 c1 c2 c3 c4
an → a
Observe que, para o limite de uma sequência, não importa onde a sequên-
cia começa mas sim onde a sequência “termina”: os valores de a n quando n
tende ao infinito. Em particular, se lim a n = a então
P ROPRIEDADES DO LIMITE
Todas as propriedades válidas para limite no infinito de funções reais também
são válidas para limite de sequências. Em particular, valem as regras do limite
da soma, produto e quociente.
Proposição 2.1
Proposição 2.2
Temos que
Proposição 2.3
Temos que
an
(A) Se a n é limitada e lim b n = ∞, então lim = 0.
bn
1
(B) Se lim a n = 0 e a n > 0, então lim = ∞.
an
(C) Se lim a n = ∞ e a n ≤ b n , então lim b n = ∞.
Exemplo
10n
Vamos considerar a sequência a n = e perceber que, para obter
n!
seu limite, só importa o que acontece para n grande. Temos que
100 1000
a 0 = 1 < a 1 = 10 < a 2 = = 50 < a 3 = = 166, 6 . . .
2! 3!
Por outro lado, para n > 10 temos que
S EQUÊNCIAS E FUNÇÕES
Vimos que que podemos considerar uma sequência a n como uma função de-
finida nos naturais n = 0, 1, 2, 3, . . .. No Cálculo 1 estudamos funções f (x) de-
finidas para x num intervalo. Veremos que em algumas situações podemos
usar limite de funções do Cálculo 1 para calcular limite de sequências.
Dizemos que L é o limite de f (x) quando x tende para a e denotamos
lim f (x) = L
x→a
lim f (x n ) = L
f (x 3 ) L
f
f (x 2 )
f (x 1 )
x1 x2 x3 a
Proposição 2.4
lim f (x n ) = f (lim x n )
Prova:
O item (A) é consequência da definição de limite de funções.
Para o item (B), se f é contínua em a, temos que
Proposição 2.5
an f (x) f 0 (x)
lim = lim = lim 0
b n x→∞ g (x) x→∞ g (x)
Prova:
O item (A) é consequência da definição de limite de funções, uma vez que
2.1. Limite de Sequências 25
Exemplos
a n = cos(2πn) = 1
lim a n = 1
?
lim cos(2πn) = lim cos(2πx)
x→∞
Não, pois o limite à direita não existe! Só podemos usar uma fun-
ção real f (x) para calcular o limite de uma sequência a n quando o
limite da função real existe: se o limite da função real não existe,
nada podemos dizer sobre a sequência.
a n = n cos(π/n) sen(π/n)
26 Capítulo 2. Sequências e séries
Temos que
3) Escrevendo
e x = exp(x)
temos que
p
µ ¶
n
1 1
e = e n = exp
n
de modo que
p
µ ¶ µ ¶
n 1 1
lim e = lim exp = exp lim = exp(0) = 1
n n
4) Temos que
n (n)0 1
lim n
= lim n 0
= lim n = 0,
e (e ) e
uma vez que
lim n = ∞ = lim e n .
2.1. Limite de Sequências 27
5) Temos que
³ n ´ ³ n ´
lim log = log lim = log (1) = 0
n +1 n +1
onde passamos o limite para dentro de log(x) pois essa é uma fun-
ção contínua e usamos que
n (n)0 1
lim = lim 0
= lim = 1.
n +1 (n + 1) 1
pois
lim n = ∞ = lim n + 1.
Observe que não demos uma fórmula fechada que define a n para
cada n: para calcular o termo a n recorremos ao termo anterior
a n−1 . Sequências definidas dessa forma são chamadas de recorrên-
cias e são uma família importante de sequências do Cálculo 2.
Supondo que a n → a sabemos também que a n−1 → a. Pela con-
p
tinuidade da função x, segue que
p
lim a n = lim 2 + a n−1
p
a = 2 + lim a n−1
p
a = 2+a
a2 = 2 + a
28 Capítulo 2. Sequências e séries
a2 − a − 2 = 0
S EQUÊNCIA DE F IBONACCI
Agora consideramos um exemplo bastante curioso, a denominada sequência
de Fibonacci dada por a n da seguinte maneira: seus dois primeiros passos são
iguais a um, ou seja, a 1 = a 2 = 1. Para obtermos os demais passos, utilizamos
a seguinte recorrência
a n+2 = a n+1 + a n
an
= 1+
a n+1
1
= 1+ a
n+1
an
1
= 1+ ,
rn
1
r n+1 = 1 +
rn
1
lim r n+1 = 1 +
lim r n
e então
1
φ = 1+
φ
Multiplicando a igualdade acima por φ, temos que esse limite é solução da
seguinte equação quadrática
φ2 − φ − 1 = 0
0 1 φ
A razão áurea φ é então qualquer uma destas duas proporções idênticas e sa-
tisfaz
φ 1
=
1 φ−1
r1 = 1
1
r2 = 1 +
1
1
r3 = 1 +
1
1+
1
1
r4 = 1 +
1
1+
1
1+
1
↓
1
φ = 1+
1
1+
1
1+
1
1+
..
.
S EQUÊNCIAS MONÓTONAS
Intuitivamente um a sequência é monótona se ela vai sempre para a direita
ou sempre para a esquerda. Mais precisamente, a n é monótona quando é
crescente
a 1 ≤ a 2 ≤ a 3 ≤ · · · ≤ a n ≤ a n+1 ≤ · · ·
2.1. Limite de Sequências 31
a1 a2 a3 an
ou quando é decrescente
· · · ≤ a n+1 ≤ a n ≤ · · · ≤ a 3 ≤ a 2 ≤ a 1
an a3 a2 a1
Exemplos
a1 a2 a3 an R
−R an a3 a2 a1
32 Capítulo 2. Sequências e séries
Exemplos
Proposição 2.6
Exemplo
para todo n.
Crescente: afirmamos que a n < a n+1 para todo n. Temos
p
2 ≤ 2+ 2
p
e como x é crescente, segue que
p p
q
a1 = 2 < a2 = 2+ 2
em seguida temos
p p
q
2+ 2 < 2+ 2+ 2
34 Capítulo 2. Sequências e séries
de modo que
r
p p
q q
a2 = 2 + 2 < a3 = 2+ 2+ 2
para todo n.
Possui limite: Uma vez que a n é crescente e limitada, segue que
a n possui limite, como queríamos.
2.2 S ÉRIES
As séries expressam a ideia de somas com infinitas parcelas, que é uma das
ideias fundamentais do Cálculo 2. Por exemplo, uma maneira de aproximar
a área de uma circunferência de raio 1 usando apenas a área de triângulos é
começar com a área a 0 do triângulo inscrito, a essa área somar a área a 1 de três
triângulos apoiados nos lados do triângulo anterior, a essas duas áreas somar
a área a 2 de seis triângulos apoiados nos lados dos triângulos anteriores, e
assim em diante.
2.2. Séries 35
a0 a1 a2
a0 a0 + a1 a0 + a1 + a2
a0 , a1 , a2 , . . . , an , . . .
s0 = a0
s1 = a0 + a1
s2 = a0 + a1 + a2
..
.
sm = a0 + a1 + a2 + · · · + am
..
.
a0 +a 1 +a 2 ··· +a m
0 s0 s1 s2 ··· s m−1 s m
lim s m = a 0 + a 1 + a 2 + · · · + a n + · · ·
m→∞
Observe que fazemos essa soma infinita de modo seriado: somando primeiro
a 0 , depois somando a 1 , depois somando a 2 e assim em diante, por isso damos
a essa soma infinita o nome de série. Muitas vezes, será conveniente utilizar-
mos a seguinte notação de somatório.
Notação
a0
a1
a5
2 3 a4 ... an ...
a3
Definições
Exemplos
1) A série
X∞ 1 1 1 1
n
= 1+ + +···+ n +···
n=0 2 2 4 2
1
é a soma de todos os termos da progressão geométrica de razão .
2
1 1
+
2 1
+
4
···
0
A sequência das suas parcelas é dada por
1 1 1
1, , , · · · , n , · · ·
2 4 2
enquanto a sequência das suas somas parciais é dada por
s0 = 1
1
s1 = 1 +
2
1 1
s2 = 1+ +
2 4
..
.
1 1 1
sm = 1+ + +···+ m
2 4 2
..
.
1
sm = 2 −
2m
2.2. Séries 39
1 1
+
2 1
+
4
···
0 2
1
−
4
o que será provado mais adiante. Segue que
lim s m = 2
X∞ 1 1 1 1
n
= 1 + + + + · · · = 2.
n=0 2 2 4 8
converge.
2) Considere a série
∞
X
1 = 1+1+1+···+1+···
n=1
1, 1, 1, · · · , 1, · · ·
s1 = 1
s2 = 1 + 1
s3 = 1 + 1 + 1
..
.
m vezes
z }| {
sm = 1 + 1 + 1 + · · · + 1
..
.
40 Capítulo 2. Sequências e séries
Segue que
lim s m = lim m = ∞
de modo que a série
∞
X
1 = 1 + 1 + 1 + · · · + 1 + · · · = ∞.
n=1
diverge para ∞.
3) Considere a série
∞
(−1)n = 1 − 1 + 1 − 1 + · · · + (−1)n + · · ·
X
n=0
s0 = 1
s1 = 1−1 = 0
s2 = 1−1+1 = 1
s2 = 1−1+1−1 = 0
..
.
½
1, m par
sm =
0, m ímpar
..
.
apenas diverge.
2.2. Séries 41
Se a série ∞
P
n=0 a n converge, é intuitivo que as parcelas a n da soma se tor-
nam cada vez menores. De fato, temos o seguinte resultado.
Proposição 2.7
∞
X
a n converge =⇒ lim a n = 0
n=0
Prova:
Como a série converge, temos que lim s m = s ∈ R. Temos que as somas
parciais são dadas por
s n−1 = a 0 + a 1 + a 2 + · · · + a n−1
sn = a 0 + a 1 + a 2 + · · · + a n−1 + a n
T ESTE DA DIVERGÊNCIA
Lendo o resultado anterior anterior de uma outra maneira temos o seguinte
critério para divergência de uma série numérica.
∞
X
a n diverge
6= 0 =⇒
lim a n n=0
=0 =⇒ inconclusivo
Prova:
Se a série convergisse, pelo resultado anterior, deveríamos ter lim a n = 0.
Logo, se lim a n 6= 0, a série não pode convergir e portanto a série diverge.
Quando lim a n = 0, tanto a série pode convergir, como no caso da série
geométrica de razão 21 , quanto a série pode divergir, como no caso da série
harmônica, que será analisada na próxima seção.
Exemplos
∞
X
1) 1 = 1+1+1+1+··· diverge, pelo Teste da Divergência, pois
n=1
o limite de suas parcelas é lim 1 6= 0.
∞
(−1)n = 1 − 1 + 1 − 1 + · · ·
X
2) diverge, pelo Teste da Divergência,
n=0
pois o limite de suas parcelas é lim(−1)n 6= 0.
S ÉRIE HARMÔNICA
A série harmônica é dada pela soma dos termos da sequência harmônica
X∞ 1 1 1 1 1 1
= 1+ + + + +···+ +···
n=1 n 2 3 4 5 n
...
1 2 3 4 5 6 7 8 ...
s1 = 1
1
s2 = 1 +
2
1 1
s3 = 1+ +
2 3
..
.
1 1 1
sm = 1+ + +···+
2 3 m
..
.
Proposição 2.9
X∞ 1
=∞
n=1 n
Prova:
Vamos dar uma idéia da demonstração: uma maneira mais rigorosa de
provar isso será vista mais adiante. A idéia é organizar os termos da soma
infinita da série da seguinte maneira (veja figura abaixo)
∞ 1
≥ 21
X
= 1
n=1 n
1
+ ≥ 21
2
1 1
+ + ≥ 14 + 14 = 21
3 4
1 1 1 1
+ + + + ≥ 81 + 18 + 81 + 18 = 21
5 6 7 8
1 1 1 1 1 1 1 1
+ + + +···+ ≥ 16 + 16 + 16 + · · · + 16 = 21
9 10 11 16
+···
1 1
2 2
1 1
4 4 1 1 1 1 ...
8 8 8 8
1 2 3 4 5 6 7 8 ...
S ÉRIES TELESCÓPICAS
∞
X
Uma série a n é denominada telescópica quando seu termo geral é da forma
n=0
a n = r n − r n+1
A sequência das suas parcelas é dada por
r0 − r1, r1 − r2, r 2 − r 3 , · · · , r n − r n+1 , · · ·
Nesse tipo de série, há o cancelamento da segunda parte de cada termo
com a primeira parte do termo seguinte, de modo que nas somas parciais so-
bram apenas a primeira parte do primeiro termo e a segunda parte do último
termo.
s0 = r 0 − r 1
s 1 = (r 0 −
r r
1 ) + ( 1 − r2) = r0 − r2
s 2 = (r 0 −
r
1 ) + (r
1 −r r
2 ) + (2 − r3) = r0 − r3
..
.
s m = (r 0 −
r r
1 ) + ( r
1 − r
2 ) + ( r
2 − r
3 ) + · · · + (m − r m+1 ) = r 0 − r m+1
..
.
Temos então que
∞
X
a n = r 0 − lim r m+1
n=0
46 Capítulo 2. Sequências e séries
quando esse limite existe. As séries telescópicas são um dos raros casos onde
conseguimos determinar o valor da série, quando ela converge.
Exemplos
1) A série
∞
X 1 1 1 1 1
= + + + +···
n=2 n(n − 1) 2·1 3·2 4·3 5·4
converge ou diverge?
Temos que
1
lim =0
n(n − 1)
de modo que o Teste da Divergência é inconclusivo. Suas m-ésima
soma parcial é dada por
1 1 1
sm = + +···+
2 6 m(m − 1)
1 1 1
= −
n(n − 1) n − 1 n
1
= 1−
m
sobram apenas a primeira parte do primeiro termo e a segunda
parte do último termo. Segue que
1
lim s m = lim 1 − =1
m
2.2. Séries 47
2) A série
∞
X ³ n ´ µ ¶
1
µ ¶
2
µ ¶
3
µ ¶
4
log = log + log + log + log +···
n=1 n +1 2 3 4 5
converge ou diverge?
Temos que ³ n ´
lim log =0
n +1
de modo que o Teste da Divergência é inconclusivo. Suas m-ésima
soma parcial é dada por
µ ¶
1
µ ¶
2 ³ m ´
s m = log + log + · · · + log
2 3 m +1
= − log(m + 1)
de modo que
∞
X ³ n ´
log = −∞
n=1 n +1
S ÉRIES GEOMÉTRICAS
A soma de todos os termos da progressão geométrica de razão x fornece a série
∞
xn = 1 + x + x2 + · · · + xn + · · ·
X
n=0
s0 = 1
s1 = 1 + x
s2 = 1 + x + x 2
..
.
sm = 1 + x + x 2 + · · · + x m
..
.
Proposição 2.10
Temos que
|x| < 1 =⇒ lim x n = 0
n→∞
|x| ≥ 1 =⇒ lim x n 6= 0
n→∞
2.2. Séries 49
Prova:
Se x = 0 então x n = 0 para todo n e então lim x n = 0. Logo, podemos supor
que x 6= 0. Temos que
|x n | = |x|n
n
= e log |x|
= e n log |x|
Segue que
0, |x| < 1
n n log |x|
lim |x | = lim e = 1, |x| = 1
n→∞ n→∞
∞, |x| > 1
Proposição 2.11
50 Capítulo 2. Sequências e séries
Temos que
∞ 1
xn =
X
|x| < 1 =⇒
n=0 1−x
∞
x n diverge
X
|x| ≥ 1 =⇒
n=0
Prova:
Se |x| ≥ 1, temos que lim x n 6= 0, de modo que ∞ n
P
n=0 x diverge, pelo Teste
da Divergência.
Se |x| < 1, temos que lim x n = 0, de modo que o Teste da Divergência é
inconclusivo. Consideramos então as somas parciais
sm = 1 + x + x 2 + · · · + x m
e observamos que
xs m = x + x 2 + x 3 + · · · + x m+1
(1 − x)s m = 1 − x m+1
1 − x m+1
sm =
1−x
Pelas regras de limite, segue que
1
lim s m = .
1−x
2.2. Séries 51
∞ 1
xn =
X
n=0 1−x
As séries geométricas são mais um dos raros casos onde conseguimos de-
terminar o valor da série, quando ela converge.
Exemplos
1) Temos que
X∞ 1 1 1 1 1
n
= 1+ + + +···+ n +···
n=0 2 2 4 8 2
X∞ 1 X∞ µ 1 ¶n 1
n
= = =2
n=0 2 n=0 2 1 − 12
1 1
+
2 1
+
4
···
0 2
2) Temos que
X∞ (−1)n 1 1 1 (−1)n
n
= 1 − + − + · · · + +···
n=0 3 3 9 27 3n
52 Capítulo 2. Sequências e séries
X∞ (−1)n X∞ µ −1 ¶n 1 3
n
= = =
1 − − 31
¡ ¢
n=0 3 n=0 3 4
1
+
9
···
0 3
4
1
−
3
3) Temos que
∞
2n = 1 + 2 + 4 + 8 + · · · + 2n + · · ·
X
n=0
4) Temos que
∞
(−1)n = 1 − 1 + 1 − 1 + · · · + (−1)n + · · ·
X
n=0
Proposição 2.12
∞
X ∞
X
Se an e b n convergem, então
n=0 n=0
∞
X
(S) (a n ± b n ) converge e
n=0
∞
X ∞
X ∞
X
(a n ± b n ) = an ± bn
n=0 n=0 n=0
∞
X
(C) c a n converge e
n=0
∞
X
µ ∞
X
¶
c an = c an
n=0 n=0
Prova:
∞
X ∞
X
Como an e b n convergem, temos que
n=0 n=0
m
X ∞
X
lim an = an
m→∞
n=0 n=0
m
X ∞
X
lim bn = bn
m→∞
n=0 n=0
são números reais.
54 Capítulo 2. Sequências e séries
∞
X
Para (a n − b n ), a prova é a mesma.
n=0
Exemplos
3 5
= 2− =
4 4
1
2) A seguinte série se parece com uma geométrica de razão 2
∞
X 1 1 1 1
= + + +···
n=0 2n+1 2 4 8
µ ¶
(C ) 1 1 1
= 1+ + +···
2 2 4
1
= 2=1
2
logo ela converge para 1. De outro modo
∞
X 1 X∞ 1 1
n+1
= n
n=0 2 n=0 2 2
µ∞ ¶
(C ) 1 X 1
= =
2 n=0 2n
1
= 2=1
2
56 Capítulo 2. Sequências e séries
X∞ 1 1 1 1
n
= + + +···
n=2 3 9 27 81
µ ¶
(C ) 1 1 1
= 1+ + +···
9 3 9
13 1
= =
92 6
X∞ 1 ∞
X 1
n
=
n=2 3 n=0 3n+2
X∞ 1 1
= 2 n
n=0 3 3
µ∞ ¶
(C ) 1 X 1
= =
32 n=0 3n
13 1
= =
92 6
S ÉRIES DE POTÊNCIAS
Agora podemos definir rigorosamente um polinômio infinito como a série de
potências
c0 + c1 x + c2 x 2 + · · · + cn x n + · · ·
Mais precisamente, fixando um valor para x, consideramos as parcelas
c 0 , c 1 x, c 2 x 2 , . . . , c n x n , . . .
2.2. Séries 57
e as somas parciais
s0 = c0
s1 = c0 + c1 x
s2 = c0 + c1 x + c2 x 2
..
.
sm = c0 + c1 x + c2 x 2 + · · · + cm x m
..
.
Assim, uma série de potências é o somatório infinito de potências
∞
cn x n = c0 + c1 x + c2 x 2 + · · · + cn x n + · · ·
X
n=0
Exemplos
b0 + b1 x + · · · + bk x k
58 Capítulo 2. Sequências e séries
P∞ n
de grau k é uma série de potências n=0 a n x , com coeficientes
dados por
com coeficientes
1, 1, 1, . . . , 1, . . .
Já vimos que a série geométrica converge se, e só se, x ∈ (−1, 1).
com coeficientes
1 1 1
0, 1, , , . . . , , . . .
2 3 n
Note que o termo constante é nulo e por isso c 0 = 0. Para que valo-
res de x ela converge?
Por exemplo, para x = 1 obtemos a série harmônica
X∞ 1 1 1 1
= 1+ + +···+ +···
n=1 n 2 3 n
que diverge.
com coeficientes
1 1 1
1, 1, , , . . . , , . . .
2 6 n!
Para que valores de x ela converge?
Por exemplo, para x = 1 obtemos a série numérica
X∞ 1 1 1 1
= 1+1+ + +···+ +···
n=0 n! 2 6 n!
ela converge?
Proposição 2.13
∞ ∞
cn x n e d n x n convergem, então
X X
Se, para x, a séries
n=0 n=0
(S)
∞ ∞ ∞
cn x n + dn x n = (c n + d n )x n
X X X
n=0 n=0 n=0
(P)
∞ ∞
xk cn x n = c n x n+k
X X
n=0 n=0
60 Capítulo 2. Sequências e séries
Prova:
Temos que
∞ ∞ ∞ ∞
cn x n + dn x n = (c n x n + d n x n ) = (c n + d n )x n
X X X X
n=0 n=0 n=0 n=0
e também que
∞ ∞ ∞
xk cn x n = x k cn x n = c n x n+k
X X X
n=0 n=0 n=0
de modo que o fator x n+3 seja substituido pelo o fator x n . Isso pode ser feito
através de uma substituição no índice do somatório. Definimos m = n + 3, de
modo n = m −3. Quando n = 1, temos que m = 4, e quando n → ∞, temos que
m → ∞. Efetuando essa substituição na série acima obtemos que
∞ 1 ∞ 1
x n+3 = xm
X X
(2.2)
n=1 n! m=4 (m − 3)!
O segundo obstáculo é que os limites dos somatórios não são os mesmos. Para
isso, podemos separar as primeiras parcelas da série cujo limite inferiror co-
meça antes, nesse caso a segunda série na expressão acima, de modo que
∞ 1 1 1 ∞ 1
xn + x + x2 + x3 + xn
X X
n=4 (n − 3)! 2 3 n=4 n
1 2 1 3 X ∞ µ 1
¶
1 n
x+ x + x + + x
2 3 n=4 (n − 3)! n
1 1 1 1
c 0 = 0, c 1 = 1, c2 = , c3 = , cn = +
2 3 (n − 3)! n
para n ≥ 4.
62 Capítulo 2. Sequências e séries
Exemplo
Temos que
∞ 1 ∞ 1
x3 xn = x3xn
X X
n=0 n! n=0 n!
∞ 1
x n+3
X
=
n=0 n!
∞ 1
xm
X
=
m=3 (m − 3)!
∞ 1
xn
X
=
n=3 (n − 3)!
T ESTE DA CAUDA
Temos que
∞
X
an = a0 + a1 + · · · + an + · · ·
n=0
2.3. Testes de convergência 63
= (a 0 + a 1 + · · · + a k−1 ) + (a k + a k+1 + · · · + a n + · · · )
∞
X
= (a 0 + a 1 + · · · + a k−1 ) + an
n=k
onde a primeira soma é finita e a segunda soma é infinita. Essa segunda soma
∞
X
é a k-ésima cauda da série a n , dada por
n=0
∞
X
a n = a k + a k+1 + · · · + a n + · · ·
n=k
a1
... a k−1 a k+1
0 ak ... an ...
a0
∞
X ∞
X
A cauda a n converge ⇐⇒ a série a n converge
n=k n=0
∞
X ∞
X
A cauda a n diverge ⇐⇒ a série a n diverge
n=k n=0
Prova:
64 Capítulo 2. Sequências e séries
∞
X
Para m ≥ k, temos que a soma parcial da série a n fica
n=0
m
X
an = a0 + a1 + a2 + · · · + am
n=0
= (a 0 + a 1 + a 2 + · · · + a k−1 ) + (a k + a k+1 + · · · + a m )
k−1
X Xm
= an + an
n=0 n=k
T ESTE DA COMPARAÇÃO
∞
X
Temos que a série |a n | é tal que suas somas parciais s m formam uma
n=0
sequência crescente
s 0 = |a 0 |
s 1 = |a 0 | + |a 1 |
s 2 = |a 0 | + |a 1 | + |a 2 |
..
.
s m = |a 0 | + |a 1 | + |a 2 | + · · · + |a m |
s m+1 = |a 0 | + |a 1 | + |a 2 | + · · · + |a m | + |a m+1 |
..
.
Neste caso, o limite lim s m sempre existe e temos então apenas duas possibi-
lidades
Propriedades
2.3. Testes de convergência 65
A mesma análise acima também vale para as caudas, de modo que sempre
podemos escrever
∞
X
|a n | ≤ ∞.
n=k
Se
0 ≤ |a n | ≤ |b n | para n ≥ k
então
∞
X ∞
X
|a n | ≤ |b n |
n=k n=k
de modo que
∞
X ∞
X
|a n | = ∞ =⇒ |b n | = ∞
n=k n=k
∞
X ∞
X
|b n | < ∞ =⇒ |a n | < ∞
n=k n=k
66 Capítulo 2. Sequências e séries
|b 0 |
|b 1 |
|b 2 |
|a 0 |
|a 2 | ... |b n |
|a 1 |
|a n | ...
Prova:
Se
0 ≤ |a n | ≤ |b n | para n ≥ k
então
m
X m
X
|a n | ≤ |b n |
n=k n=k
∞
X
Se |a n | = ∞ então a desigualdade acima “empurra” a outra cauda
n=k
∞
X
para que |b n | = ∞.
n=k
∞
X
Se |b n | < ∞ então a desigualdade acima “empurra” a outra cauda
n=k
∞
X
para que |a n | < ∞.
n=k
2.3. Testes de convergência 67
Exemplo
X∞ 1 1 1 1 1 1
2
= 1+ + + + ···+ 2 +···
n=1 n 4 9 16 25 n
X∞ 1 X∞ 1
2
≤ 2
=1<∞
n=2 n n=2 n − n
X∞ 1
Pelo Teste da cauda, segue que a série 2
converge.
n=1 n
X∞ 1
Assim, enquanto a série harmônica diverge, a série 2-
n=1 n
∞ 1
X
harmônica 2
converge.
n=1 n
Proposição 2.16
68 Capítulo 2. Sequências e séries
Se
∞
X
|a n | = |a 0 | + |a 1 | + |a 2 | + · · · < ∞
n=0
então
∞
X
an = a0 + a1 + a2 + · · ·
n=0
converge.
a0
a1 a5
|a 3 | |a 4 |
|a 2 | ...
a2 a4 ...
a3
Prova:
Separamos as partes positiva e negativa de a n , escrevendo
an = bn + cn
onde ½
an , an ≥ 0
bn =
0, a n < 0
2.3. Testes de convergência 69
b0
b1 b5
...
e ½
0, a n ≥ 0
cn =
an , an < 0
c2 c4 ...
c3
Temos que
0 ≤ b n = |b n | ≤ |a n |
e também que
0 ≤ −c n = |c n | ≤ |a n |.
Pelo teste da comparação, segue que
∞
X ∞
X
bn ≤ |a n | < ∞
n=0 n=0
e também que
∞
X ∞
X
−c n ≤ |a n | < ∞.
n=0 n=0
70 Capítulo 2. Sequências e séries
converge.
Quando a série dos valores absolutos converge, dizemos que a série ori-
ginal converge absolutamente. O resultado acima mostra que toda série que
converge absolutamente de fato converge. Mas existem séries que conver-
gem, mas não convergem absolutamente.
Exemplos
1) Temos que
X∞ (−1)n
2
n=1 n
X∞ (−1)n
n=1 n
que
∞ ¯ (−1)n ¯
¯ ¯ ∞
X X 1
¯ n ¯= = ∞.
¯ ¯
n=1 n=1 n
Proposição 2.17
∞
(−1)n a n = a 0 − a 1 + a 2 − a 3 + · · ·
X
n=0
converge.
Prova:
Considere
Como a n > 0 e a n − a n+1 > 0 para todo n, temos que s 2k > 0. Temos tam-
bém que
s 2k = s 2k−2 − a 2k−1 + a 2k < s 2k−2
72 Capítulo 2. Sequências e séries
de modo que
0 < s 2k < s 2k−2 < · · · < s 2 < s 0
Segue que s 2k é uma sequência decrescente e limitada, de modo que
existe s tal que
lim s 2k = s.
Além disso, temos que
s 2k+1 = s 2k − a 2k+1
de modo que
lim s 2k+1 = lim s 2k − lim a 2k+1 = s
uma vez que, pelo teorema do sanduíche, lim a 2k+1 = 0, já que 0 < a 2k+1 <
a k . Como a sequência dos s m com m par e com m ímpar convergem para
o mesmo s, não é difícil mostrar que a lim s m = s, mostrando que a série
converge.
Exemplos
decresce para zero. Mas não converge absolutamente, uma vez que
∞ ¯
¯ ¯ ∞
¯(−1)n 1 ¯ =
X ¯ X 1
=∞
n=1
¯ n ¯ n=1 n
1 1 1 X∞ 1
+ +···+ +··· =
2 4 2n n=1 2n
1
Como podemos colocar o fator 2 em evidência, segue que
1 1 1 1X ∞ 1
+ +···+ +··· = =∞
2 4 2n 2 n=1 n
3) Temos que
∞ 1
(−1)n
X
n=2 n log(n)
converge, uma vez que é uma série alternada e que
¯ ¯
¯(−1)n
¯ 1 ¯
¯= 1
¯ n log(n) ¯ n log(n)
decresce para zero. Mas não converge absolutamente, uma vez que
∞ ¯
¯ ¯ ∞
X
¯(−1)n 1 ¯ X
¯= 1
=∞
n=2
¯ n log(n) ¯
n=2 n log(n)
4) Temos que
∞ n +1
(−1)n
X
n=1 n
74 Capítulo 2. Sequências e séries
ser decrescente, este não decresce pra zero, portanto o Teste da sé-
rie alternada não se aplica. Porém, como o termo geral não tende a
zero, a série diverge pelo Teste da divergência.
T ESTE DA RAIZ
Se tomamos o termo geral x n de uma série geométrica com razão x e extraí-
mos a raiz n-ésima do seu módulo, obtemos de volta o módulo da razão
p
n
|x n | = |x|
Temos que
∞
X
<1 =⇒ a n converge
n=0
∞
p
n
lim |a n | X
>1 =⇒ a n diverge
n=0
=1 =⇒ inconclusivo
2.3. Testes de convergência 75
Prova:
A idéia é comparar a série dos módulos com uma série geométrica.
p p
1) Se lim n |a n | < 1, então n |a n | fica abaixo de 1 para n grande e, por-
tanto, abaixo de algum x < 1 positivo para n maior que algum k, isto
é pn
|a n | < x < 1 para n ≥ k
Elevando ambos os lados a n-ésima potência temos
|a n | < x n para n ≥ k
onde a série geométrica converge pois sua razão satisfaz 0 < x < 1. Pelo
X∞
Teste da cauda, segue que |a n | < ∞. Pelo Teste da convergência
n=0
∞
X
absoluta, segue que a n converge.
n=0
p
n
2) Se lim |a n | > 1, então, existe k, tal que
pn
|a n | > 1 para n ≥ k
|a n | > 1 para n ≥ k
76 Capítulo 2. Sequências e séries
X∞ 1
A série 2-harmônica 2
converge e é tal que
n=1 n
s¯ ¯
n
¯ 1 ¯ 1
lim ¯¯ 2 ¯¯ = lim p =1
n ( n)2
n
Exemplos
X∞ n2
1) n
converge?
n=0 2
Pelo Teste da raiz
s¯ ¯ p
¯ 2 ¯ (lim n n)2 1
n ¯n ¯
lim ¯ n ¯ = = <1
2 2 2
X∞ (−3)n
2) 3
converge?
n=1 n
2.3. Testes de convergência 77
∞ 1
x n converge?
X
3) Para quais valores de x a série de potências
n=1 n
O Teste da raiz permite que testemos diversos valores de x ao
mesmo tempo: pelo Teste da raiz
s¯ ¯
n ¯ 1 n¯
¯ ¯ |x|
lim ¯ x ¯ = p
n
= |x|
n n
segue então que a série converge se |x| < 1, e diverge se |x| > 1. Para
|x| = 1, isto é, para x = 1 ou x = −1 o teste da raiz não se aplica e te-
mos que substituir esses valores diretamente na série de potências.
Para x = 1 a série de potências fica
∞ 1 ∞ 1
(1)n =
X X
n=1 n n=1 n
X∞ (−1)n
n=1 n
T ESTE DA RAZÃO
Se tomamos o termo geral x n de uma série geométrica com razão x e extraí-
mos a raiz n-ésima do seu módulo, obtemos de volta o módulo da razão
¯ n+1 ¯
¯x ¯
¯ x n ¯ = |x|
¯ ¯
Temos que
∞
X
<1 =⇒ a n converge
n=0
¯ ¯
¯ a n+1 ¯
∞
lim ¯
¯ ¯ X
an ¯
>1 =⇒ a n diverge
n=0
=1 =⇒ inconclusivo
Prova:
A idéia é, novamente, comparar a série dos módulos com uma série geo-
métrica.
¯ ¯ ¯ ¯
¯ a n+1 ¯ ¯ a n+1 ¯
1) Se lim ¯¯ ¯ < 1, então ¯
¯ ¯ fica abaixo de 1 para n grande e, por-
an ¯ an ¯
tanto, abaixo de algum x < 1 positivo para n maior que algum k, isto
2.3. Testes de convergência 79
é ¯ ¯
¯ a n+1 ¯
¯ a ¯<x <1 para n ≥ k
¯ ¯
n
Segue que
¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯
¯ a k+1 ¯ ¯ a k+2 ¯ ¯ a n−1 ¯ ¯ a n ¯
¯ ¯,¯ ¯, ··· , ¯ ¯,¯ ¯<x
¯ a ¯ ¯a ¯ ¯a ¯ ¯a ¯
k k+1 n−2 n−1
Escrevendo
¯ ¯¯ ¯ ¯ ¯¯ ¯
¯ a k+1 ¯ ¯ a k+2 ¯ ¯ a n−1 ¯ ¯ a n ¯
|a n | = |a k | ¯
¯ ¯ ¯ ¯ ··· ¯ ¯ ¯ ¯
a k ¯ ¯ a k+1 ¯ ¯ a n−2 ¯ ¯ a n−1 ¯
Logo
∞ ∞
x n−k
X X
|a n | < |a k |
n=k n=k
= |a k | 1 + x + x 2 + x 3 + · · ·
¡ ¢
1
= |a k | <∞
1−x
onde a série geométrica converge pois sua razão satisfaz 0 < x < 1. Pelo
X∞
Teste da cauda, segue que |a n | < ∞. Pelo Teste da convergência
n=0
∞
X
absoluta, segue que a n converge.
n=0
¯ ¯
¯ a n+1 ¯
2) Se lim ¯¯ ¯ > 1 então, existe k, tal que
an ¯
¯ ¯
¯ a n+1 ¯
¯ a ¯>1
¯ ¯ para n ≥ k
n
80 Capítulo 2. Sequências e séries
de modo que
|a n+1 | > |a n | para n ≥ k
Isso mostra que |a n | é positiva e cresecente para n ≥ k, de modo que
lim |a n | 6= 0 e, portanto, que lim a n 6= 0. Pelo Teste da divergência, segue
X∞
que a n diverge.
n=0
¯ ¯
¯ a n+1 ¯
3) Para mostrar que o caso lim ¯
¯ ¯ = 1 é inconclusivo, vamos dar um
an ¯
exemplo em que essa conta é satisfeita mas a série diverge e dar um
outro exemplo em que essa conta é satisfeita mas a série converge.
X∞ 1
A série harmônica diverge e é tal que
n=1 n
¯ 1 ¯
¯ ¯ n
lim ¯ n+1 ¯ = lim =1
¯ ¯
¯ 1 ¯ n +1
n
X∞ 1
A série 2-harmônica 2
converge é tal que
n=1 n
¯ 1 ¯
¯ (n+1)2 ¯
¯ ¯ n2
lim ¯ 1 ¯ = lim =1
¯ 2 ¯ (n + 1)2
n
Exemplos
para qualquer x fixado. Pelo Teste da razão segue que a série con-
verge para todo x fixado.
para qualquer x fixado. Pelo Teste da razão segue que a série con-
verge, quando |x| < 1 e diverge quando |x| > 1. O Teste da razão não
nos diz nada quando |x| = 1. Para saber da convergência da série
nesse caso, temos que substituir diretamente x = 1, obtendo
∞ 1 ∞ 1
(1)n =
X X
=∞
n=1 n n=1 n
que converge, pelo Teste da série alternada. Segue que a série con-
verge se e só se x ∈ [−1, 1). Se utilizarmos o teste da raiz, chegare-
mos aos mesmos resultados, uma vez que
s¯ ¯
n ¯ 1 n¯ 1
¯ ¯
lim ¯ x ¯ = lim p
n
|x| = |x|
n n
82 Capítulo 2. Sequências e séries
T ESTE DA INTEGRAL
A integral imprópria pode ser usada para determinar a convergência ou a di-
vergência de algumas séries com termos não negativos e decrescentes.
Proposição 2.20
e
Z ∞ ∞
X
a n d n = ∞ =⇒ an = ∞
k n=k
Prova:
Como a(x) é decrescente e como a n = a(n), considerando retângulos de
base 1 que vão de k a k + 1,..., de n a n + 1,..., temos que
2.3. Testes de convergência 83
ak
...
a k+1
an ...
ak
...
a k+1
an ...
R∞
Se a integral imprópria k a(x) d x diverge segue da última desigual-
P∞
R ∞ sem sinal n=k a n diverge.
dade acima que a série de termos R∞
Se a integral imprópria k a(x) d x converge, então k−1 a(x) d x tam-
bém converge, uma vez que
Z ∞ Z k Z ∞
a(x) d x = a(x) d x + a(x) d x
k−1 k−1 k
Exemplos
1) Temos que Z ∞ 1 £ ¤∞
d n = log(n) 1 = ∞,
1 n
de modo que
X∞ 1
= ∞.
n=1 n
Xm 1
log(2) − log(m + 1) ≥ − ≥ − log(m)
n=1 n
Xm 1
log(2) − log(m + 1) + log(m) ≥ log(m) − ≥0
n=1 n
Segue que
Xm 1
0 ≤ log(m) − ≤ log(m) − log(m + 1) + log(2) ≤ log(2)
n=1 n
2) Temos que
∞ 1 ∞
· ¸
1
Z
dn = − = 1 < ∞,
1 n2 n 1
de modo que
X∞ 1
2
< ∞.
n=1 n
Observe que
X∞ 1 1
2
= 1 + + · · · > 1.
n=1 n 4
· 1−p ¸∞ 1
Z ∞
1 n se p > 1
p
d n = = p − 1
1 n 1−p 1
∞ se p < 1
de modo que
X∞ 1
p
< ∞,
n=1 n
86 Capítulo 2. Sequências e séries
quando p > 1 e
X∞ 1
p
= ∞,
n=1 n
quando p < 1.
Uma vez que já analisamos separademente o caso p = 1, temos
que a série p-harmônica é tal que
∞ 1 ½
X < ∞ se p > 1
p = ∞ se p ≤ 1
n=1 n
e que
1 p
r µ ¶
n 1
lim = lim p = 1.
np n
n
4) Temos que
Z ∞ 1 £ ¤∞
d n = log(log(n)) 2 = ∞,
2 n log(n)
de modo que
∞
X 1
= ∞.
n=2 n log(n)
CAPÍTULO
3
S ÉRIES DE POTÊNCIAS
Como
(x + h)2 − x 2 x 2 + 2xh + h 2 − x 2
= = 2x + h
h h
temos que
f 0 (x) = lim 2x + h = 2x
h→0
m
xn
X
f (x) = lim
m→∞
n=0
Como
m 1 − x m+1
xn = 1 + x + x2 · · · + xm =
X
n=0 1−x
temos que
1 − x m+1 1
f (x) = lim =
m→∞ 1 − x 1−x
para todo x tal que |x| < 1. Quando x é tal que |x| ≥ 1, esse limite é infinito ou
não existe.
O domínio da função
f (x) = c 0 + c 1 x + c 2 x 2 + · · · + c n x n + · · ·
∞
cn x n
X
=
n=0
3.1. Domínio de séries de potências 89
são os valores de x para os quais o limite que define f (x) existe e é um número
real, ou seja, é o conjunto
½ ∞ ¾
n
x ∈R:
X
a série numérica cn x converge
n=0
Observe que 0 sempre está no domínio de uma serié de potências, uma vez
que para x = 0 temos a série
f (0) = c 0 + c 1 · 0 + c 2 · 02 + · · · + c n · 0n + · · ·
= c0
converge.
Exemplos
f (x) = 1 + x + x 2 + x 3 + · · ·
∞
xn
X
=
n=0
com domínio
½ ∞ ¾
x ∈R: xn converge = {x ∈ R :
X
|x| < 1} = (−1, 1)
n=1
−1 0 1
uma vez que a série geométrica converge apenas para esses valores
de x.
Já vimos que
∞ 1
xn =
X
f (x) =
n=0 1−x
para todo x ∈ (−1, 1).
90 Capítulo 3. Séries de potências
2) A série de potências
1 1 1
f (x) = x − x 2 + x 3 − x 4 + · · ·
2 3 4
∞ (−1)n−1
xn
X
=
n=1 n
(−1) n−1 n
x
n
Pelo teste da raiz
s¯
n−1 ¯ r
n ¯ (−1) n
¯ n 1 n
lim ¯¯ x ¯¯ = lim |x|
n→∞ n n→∞ n
|x|
= lim p
n
n→∞ n
= |x|
de modo que
∞ (−1) n−1
xn
X
|x| < 1 =⇒ converge
n=1 n
∞ (−1) n−1
xn
X
|x| > 1 =⇒ diverge
n=1 n
O Teste da raiz não nos diz o que ocorre quando |x| = 1, isto é,
quando x = ±1. Analisamos esses casos diretamente substituindo
esses valores de x na série de potências
X∞ (−1) n−1
x =1 =⇒ converge
n=1 n
3.1. Domínio de séries de potências 91
1
pelo Teste da série alternada, pois n decresce para 0.
∞ (−1) n−1
(−1)n =
X
x = −1 =⇒
n=1 n
∞ 1
(−1)2n−1
X
=
n=1 n
∞
X 1
= − diverge
n=1 n
(−1)2n−1 = −1
−1 0 1
Mais à frente, veremos que
∞ (−1)n−1
x n = log(1 + x)
X
f (x) =
n=1 n
3) A série de potências
1 1 1
f (x) = x + x3 + x4 + · · ·
2 8 24
X∞ 1 n
= n
x
n=1 n2
92 Capítulo 3. Séries de potências
1 n
x
n2n
Pelo teste da raiz
s¯ ¯
n ¯ 1 |x|
¯ ¯
n
lim ¯ n x ¯¯ = lim p
n
n→∞ n2 n→∞ n2
|x|
=
2
de modo que
|x| X∞ 1 n
< 1 =⇒ n
x converge
2 n=1 n2
|x| X∞ 1 n
> 1 =⇒ n
x diverge
2 n=1 n2
o que é equivalente a
X∞ 1 n
|x| < 2 =⇒ n
x converge
n=1 n2
X∞ 1 n
|x| > 2 =⇒ n
x diverge
n=1 n2
O Teste da raiz não nos diz o que ocorre quando |x| = 2, isto é,
quando x = ±2. Analisamos esses casos diretamente substituindo
esses valores de x na série de potências
X∞ 1 n X ∞ 1
x =2 =⇒ n
2 = diverge
n=1 n2 n=1 n
3.1. Domínio de séries de potências 93
∞ 1
(−1)n 2n
X
= n
n=1 n2
∞ 1
(−1)n
X
= converge
n=1 n
1 1 1
f (x) = 1 + x + x 2 + x 3 + x 4 + · · ·
2 6 24
∞ 1
xn
X
=
n=0 n!
0
Mais à frente, veremos que
∞ 1
xn = ex
X
f (x) =
n=0 n!
94 Capítulo 3. Séries de potências
para todo x.
5) A série de potências
n!x n
= lim (n + 1)|x|
n→∞
= ∞
Veremos que o domínio de qualquer série de potências tem essa mesma cara.
Primeiro, uma versão do teste da raiz e da razão para séries de potências.
Proposição 3.1
Temos que
∞
c n x n converge
X
< 1 =⇒
³ ´
n=0
p
n
lim |c n | |x|
n→∞
ou ∞
c n x n diverge
X
µ ¯ ¯¶
¯ c n+1 ¯ > 1 =⇒
lim ¯ |x|
n=0
¯
n→∞ ¯ c n ¯
= 1 =⇒ inconclusivo
96 Capítulo 3. Séries de potências
Prova:
Fixado x, temos uma série numérica com termo geral
cn x n
onde
|c n x n | = |c n ||x|n
de modo que
p ³p ´ ³ p ´
n n n n
lim |c n x | = lim |c n ||x| = lim |c n | |x|
n→∞ n→∞ n→∞
e
|c n+1 x n+1 |
¯ ¯ ¯ ¯¶
¯ c n+1 ¯ ¯ c n+1 ¯
µ
lim = lim ¯
¯ ¯ |x| = lim ¯
¯ ¯ |x|
n→∞ |c n x n | n→∞ c n ¯ n→∞ c n ¯
Proposição 3.2
Prova:
Para simplificar a prova vamos supor que existe o limite
p
lim n |c n | = L
n→∞
3.1. Domínio de séries de potências 97
∞
c n x n diverge
X
L|x| > 1 =⇒
n=0
logo
1
|x| < =⇒ a série de potências converge
L
1
|x| > =⇒ a série de potências diverge
L
Segue que o domínio da série de potências é um intervalo centrado na
origem com raio R = 1/L (veja Figura ?).
têm todos o mesmo raio R. Assim, o raio de convergência R nos diz apenas o
tamanho do domínio da série de potências pois não diz qual desses intervalos
o domínio é (veja os Exemplos mais acima). Observe também que podemos
ter R = 0, e nesse caso o domínio da série de potências contém apenas o ponto
x = 0, e também podemos ter R = ∞, e nesse caso o domínio da série de po-
tências é a reta todo.
Proposição 3.3
∞
c n x n com raio de convergência R > 0. Temos que
X
Seja
n=0
µ ∞ ¶0 ∞
n
c n nx n−1
X X
cn x =
n=0 n=1
∞
c n+1 (n + 1)x n
X
=
n=0
Prova:
Primeiro vamos provar que
∞ ∞
cn x n c n+1 (n + 1)x n
X X
f (x) = e g (x) =
n=0 n=0
temos que
1 ∞
cn x n
X
|x| < =⇒ converge
Lf n=0
1 ∞
cn x n
X
|x| > =⇒ diverge
Lf n=0
3.1. Domínio de séries de potências 99
∞
c n+1 (n + 1)x n , cujos coeficientes
X
Pelo Teste da razão aplicado a g (x) =
n=0
são
c n+1 (n + 1)
denotando ¯ ¯
¯ c n+2 (n + 2) ¯
L g = lim ¯¯ ¯
n→∞ c n+1 (n + 1) ¯
temos que
1 ∞
c n+1 (n + 1)x n
X
|x| < =⇒ converge
Lg n=0
1 ∞
c n+1 (n + 1)x n
X
|x| > =⇒ diverge
Lg n=0
¯ ¯
¯ c n+1 ¯
= lim ¯¯ ¯·1 = Lf
n→∞ c n ¯
Agora vamos mostrar que f 0 (x) = g (x). Para isso, usamos a definição
de derivada
f (x + h) − f (x)
f 0 (x) = lim
h→0 µ h
1 X ∞ ∞ ¶
n n
X
= lim c n (x + h) − cn x
h→0 h n=0 n=1
∞ (x + h)n − x n
µ ¶
X
= lim cn
h→0 n=0 h
∞
c n n(x + h n )n−1
X
= lim
h→0 n=0
100 Capítulo 3. Séries de potências
(x + h)n − x n
= n(x + h n )n−1 ,
h
para algum h n tal que |h n | < |h|. Quando |x| < R, as séries convergem
absolutamente e podemos provar (o que é feito no apêndice) que
∞ ∞
c n n(x + h n )n−1 = c n nx n−1
X X
lim
h→0 n=1 n=1
de modo que
∞
c n nx n−1
X
f 0 (x) =
n=1
∞
c n+1 (n + 1)x n
X
=
n=0
= g (x)
Exemplo
Vimos que
∞ 1 x2 x3 x4
xn = 1 + x +
X
+ + +···
n=0 n! 2! 3! 4!
3.1. Domínio de séries de potências 101
∞ 1
nx n−1
X
=
n=1 n!
∞ 1
x n−1
X
=
n=1 (n − 1)!
∞ 1
xn
X
=
n=0 n!
x2 x3
= 1+x + + +···
2! 3!
∞ 1
x n = e x para x ∈ (−∞, ∞).
X
Mais adiante veremos que
n=0 n!
Proposição 3.4
∞
c n x n com raio de convergência R > 0. Temos que
X
Seja
n=0
∞ ∞ x n+1
Z µX ¶
n
X
cn x dx = cn + C
n=0 n=0 n +1
∞ c
n−1
xn
X
= + C
n=1 n
Prova:
Primeiro vamos provar que
∞ ∞ c
n−1 n
cn x n
X X
f (x) = e F (x) = x
n=0 n=1 n
temos que
1 ∞
cn x n
X
|x| < =⇒ converge
Lf n=0
1 ∞
cn x n
X
|x| > =⇒ diverge
Lf n=0
3.1. Domínio de séries de potências 103
∞ c
X n−1 n
Pelo Teste da razão aplicado a F (x) = x , cujos coeficientes são
n=1 n
c n−1
n
denotando ¯ c ¯
¯ n ¯
L F = lim ¯ cn+1
¯ ¯
n→∞ ¯ n−1 ¯
¯
n
temos que
1 ∞ c
X n−1 n
|x| < =⇒ x converge
LF n=1 n
1 ∞ c
X n−1 n
|x| > =⇒ x diverge
LF n=1 n
¯ ¯
¯ c n+1 ¯
= lim ¯
¯ ¯·1 = Lf
n→∞ c n ¯
104 Capítulo 3. Séries de potências
∞ ³c ´0
X n−1 n
= x
n=0 n
∞ c
n−1
nx n−1
X
=
n=1 n
∞
c n−1 x n−1
X
=
n=1
∞
cn x n
X
=
n=0
∞
c n x n em
X
vale para (−R, R). Isso mostra que F (x) é uma primitiva para
n=0
(−R, R). Segue que
∞
Z µX ¶
c n x n d x = F (x) +C
n=0
vale para (−R, R), onde F (x) é dada pela série de potências que queríamos.
Exemplos
1) Vimos que
1 1 ∞
(−x)n
X
= =
1 + x 1 − (−x) n=0
∞
(−1)n x n
X
=
n=0
3.1. Domínio de séries de potências 105
∞ x n+1
(−1)n
X
= + C
n=0 n +1
∞ (−1)n−1
xn
X
= + C
n=1 n
x2 x3 x4
= x− + − + · · · +C
2 3 4
vale para x ∈ (−1, 1). Substituindo x = 0 em ambos lados, obtemos
que
02 03 04
0 = log(1) = 0 − + − + · · · + C
2 3 4
de modo que C = 0. Segue então que
∞ (−1)n−1
xn
X
log(x + 1) =
n=1 n
x2 x3 x4
= x− + − +···
2 3 4
vale para x ∈ (−1, 1).
É possível mostrar que a igualdade acima também vale para x =
1, o que é feito nos Apêndices, de onde segue o curioso fato que
X∞ (−1)n−1
log(2) =
n=1 n
1 1 1
= 1− + − +···
2 3 4
é a soma da série harmônica-alternada.
A igualdade acima pode valer para x = −1?
106 Capítulo 3. Séries de potências
2)
Vimos que
1 1 ∞
(−x 2 )n
X
= =
1 + x 2 1 − (−x 2 ) n=0
∞
(−1)n x 2n
X
=
n=0
∞ x 2n+1
(−1)n
X
= + C
n=0 2n + 1
x3 x5 x7
= x− + − + · · · +C
3 5 7
vale para x ∈ (−1, 1). Substituindo x = 0 em ambos lados, obtemos
que
03 05 07
0 = atg(0) = 0 − + − + · · · + C
3 5 7
de modo que C = 0. Segue então que
∞ (−1)n
x 2n+1
X
atg(x) =
n=0 2n + 1
x3 x5 x7
= x− + − +···
3 5 7
vale para x ∈ (−1, 1).
É possível mostrar que a igualdade acima também vale para x =
3.1. Domínio de séries de potências 107
1 1 1
= 1− + − +···
3 5 7
A igualdade acima pode valer para x = −1?
Proposição 3.5
Se
∞
cn x n
X
f (x) =
n=0
f (n) (0)
cn =
n!
para todo n.
108 Capítulo 3. Séries de potências
Prova:
Temos que
f (x) = c 0 + c 1 x + c 2 x 2 + c 3 x 3 + c 4 x 4 + · · · ,
de modo que f (0) = c 0 e
f (0) (0)
c0 =
0!
Calculando a derivada primeira, temos que
f 0 (x) = c 1 + c 2 2x + c 3 3x 2 + c 4 4x 3 + · · · ,
f (3) (0)
c3 =
3!
Para os outros valores de n, podemos proceder de forma análoga.
Corolário 3.6
3.2. Série de Taylor 109
Se
∞ ∞
cn x n = dn x n
X X
n=0 n=0
cn = dn
para todo n.
Prova:
Definindo
∞ ∞
cn x n = dn x n
X X
f (x) =
n=0 n=0
segue que
f (n) (0)
cn = = dn
n!
para todo n.
Taylor de algumas funções, começando por uma função que possui todas as
derivadas definidas na reta toda, mas que não é igual à sua série de Taylor.
Exemplos
1) Considere a função
0, x ≤0
f (x) =
e − x1 , x > 0
0
Podemos mostrar que
0, x <0
(n)
f (x) =
e − x1 p ¡ 1 ¢ , x > 0
n x
1 ¡1¢
= lim e − x p n x
x↓0
= lim e −y p n (y)
y→∞
p n (y)
= lim
y→∞ e y
= 0
f (n) (0)
=0
n!
para todo n ≥ 0. Logo
∞ f (n) (0) ∞
xn = 0x n
X X
n=0 n! n=0
= 0 + 0x + 0x 2 + 0x 3 + · · ·
= 0
6= f (x)
f (n) (x) = e x
de modo que
f (2k) (x) = (−1)k sen(x)
para todo k ≥ 0. Por outro lado, as primeiras derivadas ímpares são
dadas por
de modo que
f (2k+1) (x) = (−1)k cos(x)
para todo k ≥ 0. Segue então que
0, n = 2k
f (n) (0)
= (−1)k
n! , n = 2k + 1
(2k + 1)!
3.2. Série de Taylor 113
de modo que
f (2k) (x) = (−1)k cos(x)
para todo k ≥ 0. Por outro lado, as primeiras derivadas ímpares são
dadas por
de modo que
f (2k+1) (x) = (−1)k+1 sen(x)
para todo k ≥ 0. Segue então que
(−1)k
f (n) (0) , n = 2k
= (2k)!
n!
0, n = 2k + 1
114 Capítulo 3. Séries de potências
S ÉRIE BINOMIAL
Nessa seção, vamos determinar a série de Taylor da função binomial f (x) =
(1+ x)a . Quando a é um número natural, essa série se transforma numa soma
e obtemos a famosa fórmula do binômio de Newton. Aliás, foi assim que o
próprio Newton procedeu a mais de três séculos atrás.
Exemplos
de modo que
restando mostrar que (1+x)a é igual à sua série de Taylor, o que será
feito apenas no próximo capítulo. Denotando
à ! à !
a a a(a − 1)(a − 2) · · · (a − (n − 1))
=1 e =
0 n n!
temos que
¯¡ a ¢
n+1 ¯
¯
¯ n+1 x
¯ ¯a −n ¯
lim ¯ ¡a ¢ n ¯ = lim ¯ x¯
¯ ¯ ¯
n→∞ ¯ x ¯ n→∞ n + 1
n
¯ a − n ¯¯
= ¯ lim ¯ |x|
¯
n→∞ n + 1
116 Capítulo 3. Séries de potências
= | − 1||x|
= |x|
v
L
T0
L0
v2
−1 < − <1
c2
podemos utilizar a série binomial para calcular o comprimento e o
período em movimento. Segue então que
¶1
v2 2
µ
L = L0 1 − 2
c
à !µ
∞ 1 ¶n
X
2 v2
= L0 − 2
n=0 n c
2
1v 1 v4
µ ¶
= L0 1 − − +···
2 c2 8 c4
118 Capítulo 3. Séries de potências
e também que
¶− 1
v2 2
µ
T = T0 1 − 2
c
à !µ ¶n
X −1
∞ v2
= T0 2 − 2
n=0 n c
1 v2 3 v4
µ ¶
= T0 1 + + +···
2 c2 8 c4
P OLINÔMIO DE TAYLOR
Para investigarmos melhor em que condições uma dada f é igual à sua série
de Taylor, consideramos
∞ f (n) (0)
xn
X
lim p m (x) =
m→∞
n=0 n!
Para que f seja igua à sua série de Taylor em x, basta então mostrarmos que
p1 p5
x x
f f
¯ ¯
onde ¯ f (x) − p m (x)¯ é denominado erro da aproximação de Taylor em x.
Exemplos
1 1 m
p m (x) = 1 + x + x 2 + · · · + x
2 m!
x3 x5 x7 xm
p m (x) = x − + − +···±
3! 5! 7! m!
x2 x4 x6 xm
p m (x) = 1 − + − +···±
2! 4! 6! m!
Proposição 3.7
Se
¯ (n) ¯
¯ f (x)¯ ≤ M n
n
¯ f (x) − p n−1 (x)¯ ≤ M n c
¯ ¯
n!
Prova:
Vamos considerar apenas o caso em x ∈ [0, c], sendo que o caso em que
3.2. Série de Taylor 121
−M n ≤ f (n) (x) ≤ M n ,
de modo que
−M n t ≤ f (n−1) (t ) − f (n−1) (0) ≤ M n t .
Trocando t por x, segue que
de modo que
t2 t2
−M n ≤ f (n−2) (t ) − f (n−2) (0) − f (n−1) (0)t ≤ M n .
2 2
Trocando t por x, segue que
de modo que
t3 t2 t3
−M n ≤ f (n−3) (t ) − f (n−3) (0) − f (n−2) (0)t − f (n−1) (0) ≤ M n .
3! 2 3!
Trocando t por x, segue que
x3 x2 x3
−M n ≤ f (n−3) (x) − f (n−3) (0) − f (n−2) (0)x − f (n−1) (0) ≤ M n .
3! 2 3!
para todo x ∈ [0, c].
Depois de repetir n vezes esse procedimento de integrar a desigual-
dade anterior de 0 até t ∈ [0, c] e depois substituir t por x, obtemos a se-
guinte desigualdade
xn x2 x n−1 xn
−M n ≤ f (x) − f (0) − f 0 (0)x − f 00 (0) − · · · − f (n−1) (0) ≤ Mn .
n! 2 (n − 1)! n!
xn x2 x n−1 xn
µ ¶
0 00 (n−1)
−M n ≤ f (x)− f (0) + f (0)x + f (0) + · · · + f (0) ≤ Mn .
n! 2 (n − 1)! n!
de modo que
cn cn
−M n ≤ f (x) − p n−1 (x) ≤ M n .
n! n!
para todo x ∈ [0, c].
Proposição 3.8
Se
¯ (n) ¯
¯ f (x)¯ ≤ M n
3.2. Série de Taylor 123
cn
lim M n =0
n→∞ n!
então
∞ f (n) (0)
xn
X
f (x) =
n=0 n!
Prova:
Basta utilizar o Teorema do Sanduíche na estimativa para o erro da apro-
ximação polinomial.
Exemplos
f (n) (x) = e x
de modo que
¯ f (x)¯ ≤ e c
¯ (n) ¯
cn cn
lim e c = e c lim =0
n! n!
segue que
∞ 1
ex = xn
X
n=0 n!
para todo x ∈ [−c, c]. Como c é arbitrário, segue que e x é igual à sua
série de Taylor para todo x ∈ R.
124 Capítulo 3. Séries de potências
cn cn
lim 1 = lim =0
n! n!
segue que
∞ (−1)k
x 2k+1
X
sen(x) =
k=0 (2k + 1)!
para todo x ∈ [−c, c]. Como c é arbitrário, segue que sen(x) é igual
à sua série de Taylor para todo x ∈ R.
3)
No caso da função f (x) = cos(x), temos que
cn cn
lim 1 = lim =0
n! n!
segue que
∞ (−1)k
x 2k
X
cos(x) =
k=0 (2k)!
para todo x ∈ [−c, c]. Como c é arbitrário, segue que cos(x) é igual
à sua série de Taylor para todo x ∈ R.
3.2. Série de Taylor 125
C ALCULADORA CIENTÍFICA
Nessa seção, vamos entender como funciona sua calculadora científica. Va-
mos mostrar que todas as funções que ela apresenta, podem ser calculadas
através da combinação das operações de soma, produto e quociente. Nosso
procedimento será o seguinte:
Passos
Já sabemos que
∞ 1
ex = xn
X
n=0 n!
∞ (−1)n−1
yn
X
log(1 + y) =
n=1 n
X∞ (−y)n
= −
n=1 n
para todo −1 < y ≤ 1. Para todo x > 0 e todo l natural, temos que
x
µ ¶
l
log(x) = log 2
2l
x
µ ¶ ³ ´
= log l l + log 2l
2
x
µ µ ¶¶
= log 1 + l − 1 + l log (1 + 1)
2
obter
³ ´n
∞
X 1 − 2xl X∞ (−1)n
log(x) = − −l
n=1 n n=1 n
10x = e x log(10)
para todo x > 0. Segue então que essas funções podem ser calculadas pela
calculadora.
p
Com relação a x y e a y x, temos que
x y = e y log(x)
para todo x > 0 e todo y ∈ R. Segue então que essas funções e também as
p
funções x 2 e x podem ser calculadas pela calculadora.
e t + e −t
x = cosh(t ) =
2
e t − e −t
y = senh(t ) =
2
senh(t )
z = tgh(t ) =
cosh(t )
128 Capítulo 3. Séries de potências
para todo t ∈ R, de modo que essas funções podem ser calculadas pela calcu-
ladora.
Em relação as inversas trigonométricas hiperbólicas, temos que
x + y = et
de modo que
t = log(x + y)
Utilizando a identidade trigonométrica hiperbólica fundamental
x2 − y 2 = 1
podemos escrever x + y como função de x, de y ou de z, de modo que
³ p ´
acosh(x) = t = log x + x − 1 2
³p ´
asenh(y) = t = log y2 + 1 + y
1+z
µ ¶
atgh(z) = t = log p
1 − z2
Segue então que essas funções podem ser calculadas pela calculadora.
Já sabemos que
∞ (−1)k
x 2k
X
x = cos(t ) =
k=0 (2k)!
∞ (−1)k
x 2k+1
X
y = sen(t ) =
k=0 (2k + 1)!
para todo t ∈ R, de modo que cos(x) e sen(x) podem ser calculadas pela
calculadora. Temos também que
sen(t )
z = tg(t ) =
cos(t )
3.2. Série de Taylor 129
para todo t 6= π2 + l π, de modo que ela também pode ser calculada pela calcu-
ladora.
Em relação as inversas trigonométricas, temos que
1
asen0 (y) = p
1 − y2
¢− 1
= 1 − y2 2
¡
à !
∞ −1 ¡
2 −y 2 n
X ¢
=
n=0 n
à !
∞ −1
2 (−1)n y 2n
X
=
n=0 n
0 = asen(0) = 0 +C
Segue então que essas função pode ser calculada pela calculadora. Pela Fi-
gura ??, temos que
π
s = asen(x), t = acos(x), s+t =
2
de modo que
π
acos(x) = − asen(x)
2
130 Capítulo 3. Séries de potências
Segue então que essas função também pode ser calculada pela calculadora.
Finalmente, utilizando a identidade trigonométrica fundamental
x2 + y 2 = 1
z
µ ¶
atg(z) = t = asen p
1 + z2
Segue então que essas função também pode ser calculada pela calculadora.
CAPÍTULO
4
E QUAÇÕES DIFERENCIAIS
F = ma
= mv 0 (t )
= mx 00 (t )
Exemplos
132 Capítulo 4. Equações diferenciais
F = −mg
−mg
Nesse caso a 2ª Lei de Newton é dada pela EDO
mv 0 (t ) = −mg
e, portanto,
v 0 (t ) = −g
onde a incógnita é a função velocidade vertical v(t ). Uma vez que a
força é constante, a função incógnita pode ser encontrada simples-
mente integrando os dois lados da EDO
Z Z
0
v (t ) d t = −g d t
v(t ) + A = −g t + B
v(0) = C
F ar = −bv
−mg
Nesse caso a 2ª Lei de Newton é dada pela EDO
mv 0 (t ) = −mg − bv(t )
e, portanto,
b
v 0 (t ) = −g − v(t )
m
onde a incógnita é a função velocidade vertical v(t ), definida para
t ≥ 0, isto é, a partir do instante t = 0 em que o corpo começa a
queda-livre e daí em diante.
Nesse caso a força não é constante e depende da própria fun-
ção incógnita, por isso não é possível obter v(t ) integrando os dois
lados.
F = −kx
0 x
Nesse caso a 2ª Lei de Newton é dada pela EDO
mx 00 (t ) = −kx(t )
0 x
Nesse caso a 2ª Lei de Newton é dada por
1
mx 00 (t ) = −G M m
x(t )2
grande novidade das EDOs é que nelas as incógnitas são funções, enquanto
nas equações algébricas as incógnitas são números. Ainda assim, existem al-
gumas semelhanças entre EDOs e equações algébricas.
Uma solução de uma EDO é uma função que y(t ) que satisfaz a EDO. O
tipo mais simples de solução é uma solução constante y(t ) = c. No contexto
do movimento uma solução constante também é chamada de solução de equi-
líbrio, pois corresponde à ausência de movimento.
Assim como no estudo do movimento, onde queremos descrever todos
os movimentos possíveis, não estamos interessados em apenas uma solução,
mas em todas as soluções de uma EDO. A solução geral de uma EDO é o con-
junto de todas as suas soluções e resolver uma EDO é encontrar sua solução
geral.
Quando se resolve uma EDO em geral encontramos infinitas soluções.
Muitas vezes queremos obter, dentre essas infinitas soluções, as soluções tais
que ela e suas derivadas têm um valor inicial pré-determinado em t = 0. Por
exemplo, ao descrever a posição x(t ) de um movimento, podemos querer sa-
ber quais dentre os movimentos possíveis têm posição inicial e velocidade ini-
cial dadas por
x(0) = x 0 x 0 (0) = v 0
Linear Não-linear
ax + b y = c x y = 1, x 2 + y 2 = 1, etc
coeficientes: a, b
Do mesmo modo, veremos que a EDO mais simples de resolver é a EDO linear,
na qual as funções incógnitas e suas derivadas aparecem apenas multiplica-
136 Capítulo 4. Equações diferenciais
Linear Não-linear
com coeficientes dados por funções conhecidas a(t ), b(t ), c(t ) e forçamento
conhecido f (t ).
Vamos voltar aos exemplos anteriores para explorar todas essas definições.
Exemplos
mv 0 (t ) = −mg
v(t ) = C − g t
v(0) = v 0
C = v0
logo
v(t ) = v 0 − g t
é a única solução que satisfaz a condição inicial dada.
v 0 (t ) = −g − c v(t )
v 0 (t ) + c v(t ) = −g
(v eq )0 + c v eq = −g
0 + c v eq = −g
g
v eq = −
c
Portanto temos apenas uma solução de equilíbrio
g mg
v(t ) = − =−
c b
138 Capítulo 4. Equações diferenciais
mx 00 (t ) = −kx(t )
m(x eq )00 + kx eq = 0
0 + kx eq = 0
x eq = 0
x 00 (t ) + x(t ) = 0
x(t ) = c 1 x 1 (t ) + c 2 x 2 (t )
= c 1 cos(t ) + c 2 sen(t )
x0 = c1
v 0 = c2
Logo
x(t ) = x 0 cos(t ) + v 0 sen(t )
é a única solução que satisfaz as condições iniciais dadas.
1
mx 00 (t ) = −G M m
x(t )2
Veremos que EDOs aparecem e têm aplicações fora da Física, sendo uma
das principais ferramentas para se estudar o movimento de quantidades que
variam em função de outras quantidades. Veremos também que fenômenos
diferentes podem ser modelados pela mesma EDO. Assim, resolvendo a EDO
matematicamente teremos resolvido simultaneamente todas os fenômenos
modelados por ela.
Notação
1
m y 00 (t ) = −G M m
y(t )2
fica
1
m y 00 = −G M m
y2
onde no lado direito t e y estão separadas num produto de duas funções co-
nhecidas.
Exemplos
1) A EDO
y 0 (t ) − t 3 y(t )2 = 0
é separável, pois pode ser escrita como
y 0 (t ) = t 3 y(t )2
onde F (t ) = t 3 e G(y) = y 2 .
2) A EDO
y 0 (t ) − t 3 y(t )2 = t 3
é separável, pois escrevendo ela na forma
y0 − t3y2 = t3
y 0 = t 3 (1 + y 2 )
3) A EDO
y 0 (t ) − t 3 y(t )2 = t 2
não é separável, pois o lado direito de
y 0 = t 2 (1 + t y 2 )
F ar = −bv
−mg
Nesse caso a 2ª Lei de Newton é dada pela EDO
mv 0 (t ) = −mg − bv(t )
e, portanto,
v 0 (t ) = −g − cv(t )
b
onde c = m e a incógnita é a função velocidade vertical v(t ), defi-
nida para t ≥ 0, isto é, a partir do instante t = 0 em que o corpo
começa a queda-livre e daí em diante.
Escrevendo a EDO na forma
v 0 = −g − cv
F ar = bv 2
144 Capítulo 4. Equações diferenciais
−mg
Nesse caso a 2ª Lei de Newton é dada pela EDO não-linear
mv 0 (t ) = −mg + bv 2 (t )
e, portanto,
v 0 (t ) = c v 2 (t ) − g
b
onde c = m é arraste por unidade de massa.
Escrevendo a EDO na forma
v0 = cv2 − g
são da forma
y(t ) = c onde G(c) = 0
Passos
4.2. EDO separável 145
G(c) = 0
y 0 (t )
= F (t )
G(y(t ))
y 0 (t )
Z Z
dt = F (t ) d t
G(y(t ))
y = y(t ), d y = y 0 (t )d t
Vamos aplicar os passos acima para obter a solução geral das EDOs sepa-
ráveis vistas acima.
146 Capítulo 4. Equações diferenciais
Exemplos
y0 = t3y2
y2 = 0 ⇐⇒ y =0
y(t ) = 0
Separar: Pelo que vimos acima, essa EDO pode ser separada
1 0
2
y = t3
y
1
Z Z
y 0
(t ) d t = t3 dt
y(t )2
substituindo y = y(t ), d y = y 0 (t )d t
µZ ¶
1
Z
2
dy = t3 dt
y y=y(t )
onde
1 1
Z
d y = − +A
y2 y
e
t4
Z
t3 dt = +B
4
4.2. EDO separável 147
1 t4
− = +C
y 4
4
y(t ) = −
t4 +D
onde D = 4C é uma constante arbitrária. A solução geral da EDO é
dada pela expressão acima e pela solução de equilíbrio y(t ) = 0.
y 0 = t 3 (1 + y 2 )
1 + y2 = 0
1
Z Z
2
y 0
(t ) d t = t3 dt
1 + y(t )
148 Capítulo 4. Equações diferenciais
onde
1
Z
d y = atg(y) + A
1 + y2
e
t4
Z
t3 dt = +B
4
Isolar: Obtemos a equação
t4
atg(y) = +C
4
onde C = B − A é uma constante arbitrária. Podemos isolar y = y(t )
nessa equação algébrica aplicando a função tangente em ambos os
lados, de modo que
µ 4
t
¶
y(t ) = tg +C
4
A solução geral da EDO é dada pela expressão acima, uma vez que
não existem soluções de equilíbrio.
−g − c v = 0 ⇐⇒ v = −g /c
Separar: Pelo que vimos acima, essa EDO pode ser separada
1
v0 = 1
−g − c v
4.2. EDO separável 149
1
Z Z
0
v (t ) d t = 1 d t
−g − c v(t )
substituindo u = −g − cv(t ), d u = −c v 0 (t )d t
1 du
µZ ¶ Z
= 1dt
u −c v=v(t )
onde
1 du
µZ ¶
1
= log | − g − c v(t )| + A
u −c v=v(t ) −c
e Z
1dt = t +B
log | − g − c v(t )| = −c t +C
| − g − cv(t )| = e −ct +C
= e C e −ct
= De −ct
−g − c v(t ) = E e −ct
−g − c v 0 = E
Assim
g ³g ´
v(t ) = − + + v 0 e −ct
c c
150 Capítulo 4. Equações diferenciais
v0 = v2 − 1
v2 − 1 = 0 ⇐⇒ v = ±1
v(t ) = −1
Separar: Pelo que vimos acima, essa EDO pode ser separada
1
v0 = 1
v2 − 1
Integrar: Integrando a equação acima
1
Z Z
0
v (t ) d t = 1dt
v(t )2 − 1
substituindo v = v(t ), d v = v 0 (t )d t
µZ ¶
1
Z
dv = 1dt
v2 − 1 v=v(t )
4.2. EDO separável 151
1 1
Z Z
2
dv = dv
v −1 (v − 1)(v + 1)
1/2 1/2
Z
= − dv
v −1 v +1
1 1
= log |v − 1| − log |v + 1| + A
2 µ ¶2
1 |v − 1|
= log +A
2 |v + 1|
s
à ¯ ¯!
¯v −1¯
= log ¯v +1¯ + A
¯ ¯
e Z
1dt = t +B
= eC e t
= De t
= D 2 e 2t
152 Capítulo 4. Equações diferenciais
v −1
= ±D 2 e 2t
v +1
= E e 2t
v − 1 = E e 2t (v + 1)
= E e 2t v + E e 2t
logo
(1 − E e 2t )v = E e 2t + 1
E e 2t + 1
v(t ) =
1 − E e 2t
A solução geral da EDO é dada pela expressão acima com E 6= 0 e
pela solução de equilíbrio v(t ) = −1.
Observe que, por L’Hospital
E e 2t + 1
lim v(t ) = lim
t →∞ t →∞ 1 − E e 2t
2E e 2t
= lim
t →∞ −2E e 2t
= −1
v(0) = v 0
4.2. EDO separável 153
v 0 = v(0)
E +1
=
1−E
Isolando E , temos que
(1 − E )v 0 = E + 1
v0 − 1 = E + E v0
v 0 − 1 = E (1 + v 0 )
e, portanto,
v0 − 1
E=
1 + v0
Assim, a solução geral com esse valor de E fixado satisfaz a condi-
ção inicial.
C ATENÁRIA
e t + e −t
cosh(t ) =
2
e t − e −t
senh(t ) =
2
de modo que
cosh0 (t ) = senh(t )
cosh2 (t ) − senh2 (t ) = 1
α
y(x)
A
H
O x
T sen(α) = P
T cos(α) = H
P = g ρL
e que Z xq
L= 1 + y 0 (t )2 d t
0
Substituindo essas informações na equação de equlíbrio acima, obtemos que
gρ x
Z q
0
y (x) = 1 + y 0 (t )2 d t
H 0
gρ
q
y 00 (x) = 1 + y 0 (x)2
H
Fazendo z(x) = y 0 (x) e substituindo na EDO acima, obtemos
gρp
z 0 (x) = 1 + z(x)2
H
que é uma EDO separável. Vamos então aplicar os passos para obter a solução
z(x) que satisfaz a condição inicial
z(0) = y 0 (0) = 0
Passos
1 gρ
p z 0 (x) =
1 + z(x)2 H
4.2. EDO separável 157
1 gρ
Z Z
0
p z (x) d x = dx
1 + z(x) 2 H
gρ
µZ ¶
1
Z
p dz = dx
1 + z2 z=z(x) H
onde
gρ gρ
Z
dx = x+A
H H
A determinação da integral
1
Z
p dz
1 + z2
se dá através da substituição trigonométrica hiperbólica
z = senh(t )
de modo que
d z = cosh(t ) d t
e que
1 + z 2 = 1 + senh2 (t ) = cosh2 (t )
uma vez que
cosh2 (t ) − senh2 (t ) = 1
Segue então que
1 1
Z Z
p dz = cosh(t ) d t
1 + z2 cosh(t )
Z
= 1dt
= t +B
158 Capítulo 4. Equações diferenciais
H ³gρ ´
y(x) = cosh x +C
gρ H
H
0 = y(0) = cosh (0) +C
gρ
de modo que
H
C =−
gρ
Isso mostra que
H ³ ³gρ ´ ´
y(x) = cosh x −1
gρ H
a 1 (t )y 0 (t ) + a 0 (t )y(t ) = f (t )
Exemplos
mv 0 (t ) = −mg − bv(t )
mv 0 (t ) = −mg + bv 2 (t )
Uma EDO linear de 1ª-ordem e sua homôgenea associada são dadas por
a 1 (t )y 0 + a 0 (t )y = f (t )
0
a 1 (t )y + a 0 (t )y = 0
160 Capítulo 4. Equações diferenciais
Para encontrar sua solução geral, dividimos por a 1 (t ) para colocar as equações
na forma
y 0 + p(t )y = g (t )
y 0 + p(t )y = 0
onde
a 0 (t )
p(t ) =
a 1 (t )
f (t )
g (t ) =
a 1 (t )
estão definidas para todo t tal que a 1 (t ) 6= 0.
Proposição 4.1
y 0 + p(t )y = g (t )
é dada por
y(t ) = c(t )e −P (t )
onde Z
c(t ) = g (t )e P (t ) d t
e Z
p(t ) d t = P (t ) +C
Prova:
Multiplicando a EDO não-homogênea pelo denominado fator integrante
e P (t ) , obtemos que
e P (t ) y 0 (t ) + p(t )e P (t ) y(t ) = g (t )e P (t )
4.3. EDO linear de 1ª-ordem 161
de modo que
y(t ) = c(t )e −P (t )
onde Z
c(t ) = g (t )e P (t ) d t
Proposição 4.2
y 0 + p(t )y = 0
é dada por
y(t ) = ce −P (t )
onde c ∈ R.
Prova:
162 Capítulo 4. Equações diferenciais
Exemplos
1) A EDO
y 0 (t ) − 2t y(t ) = 0
é linear homogênea, sendo igual à sua homogênea associada. Te-
mos que p(t ) = −2t , de modo que
Z Z
p(t ) d t = −2t d t = −t 2 +C
2) A EDO
t y 0 (t ) − y(t ) = t 2
é linear não-homogênea e sua homogênea associada é dada por
t y 0 (t ) − y(t ) = 0
1
y 0 (t ) − y(t ) = t
t
e sua homogênea associada pode ser escrita como
1
y 0 (t ) − y(t ) = 0
t
4.3. EDO linear de 1ª-ordem 163
1
Z Z
p(t ) d t = − d t = − log(t ) +C
t
y(t ) = c(t )e −P (t )
= (t + c)e log(t )
= (t + c)t
onde c ∈ R.
mv 0 (t ) + bv(t ) = −mg
v 0 (t ) + c v(t ) = −g
164 Capítulo 4. Equações diferenciais
onde
Z
c(t ) = −g e ct d t
e ct
= −g +D
c
e, portanto
e ct
µ ¶
v(t ) = −g + D e −ct
c
g
= − + De −ct
c
é a solução geral da queda-livre com atrito.
A solução com velocidade inicial dada por
v(0) = v 0
Temos que
g
lim v(t ) = −
t →∞ c
E portanto, a longo prazo e independentemente da velocidade ini-
cial, a velocidade da queda-livre com atrito sempre tende para a
velocidade de equilíbrio −g /c, conhecida como velocidade termi-
nal.
Também podemos comparar a velocidade da queda-livre com e
sem atrito em cada instante t mantendo t fixo e fazendo o coefici-
ente de arraste c tender a zero
g ³ g ´ −ct
lim v(t ) = lim − + v 0 + e
c→0 c→0 c c
g
= lim v 0 e −ct + (e −ct − 1)
c→0 c
−ct
e −1
= v 0 + g lim
c→0 c
= v0 − g t
Proposição 4.3
y(0) = y 0
Prova:
Fixando P (t ) uma primitiva de p(t ) e F (t ) uma primitiva de e P (t ) g (t ), te-
mos que a solução geral da EDO é dada por
y(t ) = c(t )e −P (t )
onde
Z
c(t ) = e P (t ) g (t ) d t
= F (t ) +C
y(t ) = (F (t ) +C )e −P (t )
y 0 = y(0)
= (F (0) +C )e −P (0)
Exemplo
y(0) = 1
Onde a é uma constante real. Para x > −1, a EDO pode ser escrita
como
a
y 0 (x) − y(x) = 0
1+x
a
Temos que p(x) = − 1+x , de modo que
a
Z Z
p(x) d x = − dx
1+x
= −a log(1 + x) +C
= − log(1 + x)a +C
y(x) = ce −P (x)
a
= ce log(1+x)
= c(1 + x)a
1 = y(0)
= c(1 + 0)a
= c
168 Capítulo 4. Equações diferenciais
Segue que
y(x) = (1 + x)a
é a solução do PVI.
Vamos verificar que a série binomial
à ! à ! à ! à !
a a a 2 a 3
y(x) = + x+ x + x +···
0 1 2 3
à !
∞ a
xn
X
=
n=0 n
Já sabemos que à !
a
y(0) = =1
0
e que o raio de convergência da série binomial é R = 1, de modo
que a derivada dessa série em x ∈ (−1, 1) é dada por
à !
∞ a
y 0 (x) = nx n−1
X
n=0 n
à !
∞ a
(n + 1)x n
X
=
n=0 n + 1
Usando que à ! à !
a a a −n
=
n +1 n n +1
segue que à !
∞ a
y 0 (x) = (a − n)x n
X
n=0 n
4.4. EDO linear de 2ª ordem 169
a 2 (t )y 00 (t ) + a 1 (t )y 0 (t ) + a 0 (t )y(t ) = f (t )
Exemplos
170 Capítulo 4. Equações diferenciais
0 x
Pela Lei de Hooke, a força da mola é proporcional à posição e dada
por
F M = −kx(t )
onde k é a constante de Hooke da mola. Já força de amortecimento
é proporcional à velocidade e dada por
F A = −bx 0 (t )
F E = f (t )
mx 00 (t ) = −bx 0 (t ) − kx(t ) + f (t )
de modo que
mx 00 (t ) + bx 0 (t ) + kx(t ) = f (t )
4.4. EDO linear de 2ª ordem 171
E L
q(t )
C
A queda de tensão nas extremidades do capacitor é proporcional à
carga q(t ) armazenada por ele e dada por
VC = C q(t )
VR = R q 0 (t )
VL = Lq 00 (t )
S OLUÇÃO GERAL
Uma EDO linear de 2ª-ordem e sua homôgenea associada são dadas por
a 2 (t )y 00 + a 1 (t )y 0 + a 0 (t )y = f (t )
a 2 (t )y 00 + a 1 (t )y 0 + a 0 (t )y = 0
Para encontrar sua solução geral, dividimos por a 2 (t ) para colocar as equações
na forma
y 00 + q(t )y 0 + p(t )y = g (t )
y 00 + q(t )y 0 + p(t )y = 0
4.4. EDO linear de 2ª ordem 173
onde
a 1 (t ) a 0 (t ) f (t )
q(t ) = p(t ) = g (t ) =
a 2 (t ) a 2 (t ) a 2 (t )
estão definidas para todo t tal que a 2 (t ) 6= 0.
Exemplo
t 2 y 00 (t ) + 2t y 0 (t ) − 2y(t ) = t 5
t 2 y 00 (t ) + 2t y 0 (t ) − 2y(t ) = 0
2 2
y 00 (t ) + y 0 (t ) − 2 y(t ) = t 3
t t
2 2
y 00 (t ) + y 0 (t ) − 2 y(t ) = 0
t t
de modo que
2
q(t ) =
t
−2
p(t ) =
t2
g (t ) = t 3
estão definidas no intervalo t > 0.
Proposição 4.4
é dada por
y(t ) = y p (t ) + y h (t )
Prova:
Primeiro vamos mostrar que, se z(t ) é solução da homogênea associada,
então y(t ) = y p (t )+z(t ) é solução da não-homogênea. De fato, temos que
= g (t ) + 0
= g (t )
y(t ) = y p (t ) + z(t )
S OLUÇÃO DA HOMOGÊNEA
Vamos mostrar que a solução geral de uma EDO linear de 2ª ordem homogê-
nea
y 00 + q(t )y 0 + p(t )y = 0
y h (t ) = c 1 y 1 (t ) + c 2 y 2 (t )
Exemplo
Temos que
y 1 (t ) = t e y 2 (t ) = t −2
são soluções fundamentais (não-proporcionais) da Equação de Eu-
ler
t 2 y 00 (t ) + 2t y 0 (t ) − 2y(t ) = 0
Vamos ver que a solução geral dessa EDO é dada por
y(t ) = c 1 t + c 2 t −2
onde c 1 , c 2 ∈ R.
176 Capítulo 4. Equações diferenciais
y 2 (t )
y 1 (t )
não é constante, de modo que sua derivada é não nula e dada por
¶0
y 2 (t ) W (y 1 (t ), y 2 (t ))
µ
=
y 1 (t ) y 1 (t )2
onde
W (y 1 (t ), y 2 (t )) = y 20 (t )y 1 (t ) − y 10 (t )y 2 (t )
é denominado o Wronskiano de y 1 (t ) e y 2 (t ). Note que o Wronskiano é dado
pelo seguinte determinante
¯ ¯
¯ y 1 (t ) y 2 (t ) ¯
W (y 1 (t ), y 2 (t )) = ¯¯ 0 ¯
y 1 (t ) y 20 (t ) ¯
Exemplo
y 1 (t ) = t e y 2 (t ) = t −2
da Equação de Euler
t 2 y 00 (t ) + 2t y 0 (t ) − 2y(t ) = 0
é dado por
t −2
¯ ¯
−2
¯ t ¯
W (t , t ) = ¯¯ ¯
(t )0 (t −2 )0 ¯
4.4. EDO linear de 2ª ordem 177
t −2
¯ ¯
¯ t ¯
= ¯¯ ¯
1 −2t −3 ¯
= t (−2x −3 ) − t −2 (1)
= −3t −2
Então
W (y 1 (t ), y 2 (t )) = ce −Q(t )
onde c ∈ R e Z
q(t ) d x = Q(t ) +C
Prova:
Por simplicidade, vamos denotar W (y 1 (t ), y 2 (t )) por
W (t ) = y 20 (t )y 1 (t ) − y 10 (t )y 2 (t )
de modo que
W 0 (t ) = (y 20 (t )y 1 (t ) − y 10 (t )y 2 (t ))0
= y 200 (t )y 1 (t ) + y 10 (t )y 20 (t )
−y 100 (t )y 2 (t ) − y 20 (t )y 10 (t )
= y 200 (t )y 1 (t ) − y 100 (t )y 2 (t )
178 Capítulo 4. Equações diferenciais
W 0 (t ) + q(t )W (t ) = 0
Exemplo
A Equação de Euler
t 2 y 00 (t ) + 2t y 0 (t ) − 2y(t ) = 0
2 2
y 00 (t ) + y 0 (t ) − 2 y(t ) = 0
t t
de modo que
2
q(t ) =
t
4.4. EDO linear de 2ª ordem 179
Segue que
Q(t ) = 2 log(t )
de modo que, pela Fórmula de Abel, temos que
W (t ) = ce −Q(t ) = c t −2
Proposição 4.6
Prova:
Vamos mostrar que (A) é equivalente a (B) e, depois, que (B) é equivalente
a (C).
Para mostrar que (A) e (B) são equivalentes, primeiro lembramos que
W (y 1 (t ), y 2 (t )) = ce −Q(t )
180 Capítulo 4. Equações diferenciais
W (y 1 (t 0 ), y 2 (t 0 )) 6= 0
W (y 1 (t ), y 2 (t )) 6= 0
para todo t .
Para mostrar que (B) e (C) são equivalentes, primeiro lembramos que
¶0
y 2 (t ) W (y 1 (t ), y 2 (t ))
µ
=
y 1 (t ) y 1 (t )2
para todo t , que, por sua vez, é equivalente a y 1 (t ) e y 2 (t ) não serem pro-
porcionais, que, por sua vez, é equivalente a
y 1 (t ) e y 2 (t ) serem fundamentais
Proposição 4.7
onde c 1 , c 2 ∈ R.
Prova:
Como y 1 (t ) e y 2 (t ) são soluções fundamentais, temos que
W (y 1 (t ), y 2 (t )) = y 20 (t )y 1 (t ) − y 10 (t )y 2 (t ) 6= 0
z(t ) a y 2 (t )
= + c1
y 1 (t ) b y 1 (t )
Exemplos
1) Temos que
y 1 (t ) = t e y 2 (t ) = t −2
são soluções fundamentais (não-proporcionais) da Equação de Eu-
ler
t 2 y 00 (t ) + 2t y 0 (t ) − 2y(t ) = 0
que é equivalente à EDO
2 2
y 00 (t ) + y 0 (t ) − 2 y(t ) = 0
t t
para t > 0. Temos então a solução geral dessas duas EDO para t > 0
é dada por
y(t ) = c 1 t + c 2 t −2
onde c 1 , c 2 ∈ R.
4.4. EDO linear de 2ª ordem 183
mx 00 (t ) = −kx(t )
k
x 00 (t ) + x(t ) = 0
m
k
tal que p(t ) = m e q(t ) = 0. Temos que
µq ¶ µq ¶
k k
x 1 (t ) = cos mt e x 2 (t ) = sen mt
onde c 1 , c 2 ∈ R.
y 00 + q(t )y 0 + p(t )y = g (t )
será dada a partir da solução geral da sua homogêna associada através do mé-
todo denominado de Variação dos Parâmetros.
Passos
y 0 (t ) = y 10 (t )c 1 (t ) + y 20 (t )c 2 (t ) +
+ c 10 (t )y 1 (t ) + c 20 (t )y 2 (t )
Impondo que
c 10 (t )y 1 (t ) + c 20 (t )y 2 (t ) = 0
obtemos que
y 0 (t ) = y 10 (t )c 1 (t ) + y 20 (t )c 2 (t )
de modo que
y 00 (t ) = y 100 (t )c 1 (t ) + y 200 (t )c 2 (t ) +
+ c 10 (t )y 10 (t ) + c 20 (t )y 20 (t )
y 00 (t ) = y 100 (t )c 1 (t ) + y 200 (t )c 2 (t )
+ c 10 (t )y 10 (t ) + c 20 (t )y 20 (t )
g (t ) = c 10 (t )y 10 (t ) + c 20 (t )y 20 (t )
4.4. EDO linear de 2ª ordem 185
y 10 (t )c 10 (t ) + y 20 (t )c 20 (t ) = g (t )
Proposição 4.8
é dada por
y(t ) = c 1 (t )y 1 (t ) + c 2 (t )y 2 (t )
onde
g (t )y 2 (t )
Z
c 1 (t ) = − dt
W (t )
g (t )y 1 (t )
Z
c 2 (t ) = dt
W (t )
Prova:
Basta notar que c 1 (t ) = C 1 (t ) + c 1 e também que c 2 (t ) = C 2 (t ) + c 2 , onde
c 1 , c 2 ∈ R. A solução dada pelo método da Variação dos Parâmetros pode
então ser escrita como
y(t ) = (C 1 (t ) + c 1 ) y 1 (t ) + (C 2 (t ) + c 2 ) y 2 (t )
¡ ¢ ¡ ¢
= C 1 (t )y 1 (t ) +C 2 (t )y 2 (t ) + c 1 y 1 (t ) + c 2 y 2 (t )
y p (t ) = C 1 (t )y 1 (t ) +C 2 (t )y 2 (t )
y h (t ) = c 1 y 1 (t ) + c 2 y 2 (t )
4.4. EDO linear de 2ª ordem 187
Exemplo
Vimos que
y 1 (t ) = t e y 2 (t ) = t −2
são soluções fundamentais da EDO
2 2
y 00 (t ) + y 0 (t ) − 2 y(t ) = 0
t t
que é a homogênea associada à EDO não-homogênea
2 2
y 00 (t ) + y 0 (t ) − 2 y(t ) = t 3
t t
Vimos também que o Wronskiano dessas duas soluções fundamen-
tais é dado por
W (t ) = −3t −2
Temos então que
y(t ) = c 1 (t )y 1 (t ) + c 2 (t )y 2 (t )
g (t )y 2 (t )
Z
c 1 (t ) = − dt
W (t )
t 3 t −2
Z
= − dt
−3t −2
Z 3
t
= dt
3
t4
= + c1
12
188 Capítulo 4. Equações diferenciais
e
g (t )y 1 (t )
Z
c 2 (t ) = dt
W (t )
t 3t
Z
= dt
−3t −2
t6
Z
= − dt
3
7
t
= − + c2
21
A solução geral da EDO não-homogênea é então dada por
t4
µ 7
t
µ ¶ ¶
y(t ) = + c 1 t + − + c 2 t −2
12 21
5 5
t t
= − + c 1 t + c 2 t −2
12 21
t5
= + c 1 t + c 2 t −2
28
Observe que
t5
y p (t ) =
28
é uma solução particular da EDO não-homogênea, enquanto
y h (t ) = c 1 t + c 2 t −2
y(t ) = y p (t ) + y h (t )
Exemplo
x(0) = x 0 x 0 (0) = v 0
onde c 1 , c 2 ∈ R e s
k
ω=
m
é a frequência natural de vibração desse sistema massa-mola. Te-
mos então
x 0 (t ) = −c 1 ω sen(ωt ) + c 2 ω cos(ωt )
Usando os valores iniciais temos que
x 0 = x(0) = c 1
v 0 = x 0 (0) = c 2 ω
Proposição 4.9
y(0) = y 0 y 0 (0) = y 00
Prova:
Fixando y 1 (t ) e y 2 (t ) soluções fundamentais e y p (t ) é uma solução parti-
cular, temos que a solução geral da EDO é da forma
y(t ) = c 1 y 1 (t ) + c 2 y 2 (t ) + y p (t )
Segue que
y 0 (t ) = c 1 y 10 (t ) + c 2 y 20 (t ) + y p0 (t )
Usando as condições iniciais, temos que
y 0 = y(0)
= c 1 y 1 (0) + c 2 y 2 (0) + y p (0)
y 00 = y 0 (0)
= c 1 y 10 (0) + c 2 y 20 (0) + y p0 (0)
a 2 y 00 (t ) + a 1 y 0 (t ) + a 0 y(t ) = f (t )
E QUAÇÃO CARACTERÍSTICA
Vamos procurar soluções da forma exponencial y(t ) = e r t , de modo que
¡ ¢00 ¡ ¢0
a 2 y 00 (t ) + a 1 y 0 (t ) + a 0 y(t ) = a 2 e r t + a 1 e r t + a 0 e r t
¡ ¢
= a2 r 2 e r t + a1 r e r t + a0 e r t
¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢
192 Capítulo 4. Equações diferenciais
a2 r 2 + a1 r + a0 e r t
¡ ¢
=
= 0
o que ocorre se e só se
a2 r 2 + a1 r + a0 = 0
e r1 t
e r2 t
raízes características: r 1 , r 2 ∈ R, r 1 6= r 2
soluções fundamentais: e r 1 t , e r2 t
Exemplo
y 00 (t ) − y 0 (t ) − 2y(t ) = 0
equação característica: r 2 − r − 2 = 0
soluções fundamentais: e −t , e 2t
que
¶0
y(t ) W (t )
µ
= ¡ ¢2
er t er t
onde
W (t ) = c 1 e −Q(t )
com
a1
Q 0 (t ) = q(t ) = = −2r
a2
Segue então que
Q(t ) = −2r t
de modo que
¶0
y(t ) c 1 e −Q(t ) c 1 e 2r t
µ
= = 2r t = c 1
er t e 2r t e
t er t
er t
0
4.5. Coeficientes constantes 195
raiz característica: r ∈ R
soluções fundamentais: t e r t , er t
Exemplo
y 00 (t ) + 2y 0 (t ) + y(t ) = 0
equação característica: r 2 + 2r + 1 = 0
raízes características: r = −1
soluções fundamentais: t e −t , e −t
R AÍZES COMPLEXAS
b
a
p z}|{ zp}| {
−a 1 ± ∆ −a 1 |∆|
r1, r2 = = ±i = a ±ib
2a 2 2a 2 2a 2
196 Capítulo 4. Equações diferenciais
e at cos(bt )
e at sen(bt )
raiz característica: r 1 , r 2 = a ± i b
Exemplo
y 00 (t ) + 2y 0 (t ) + 5y(t ) = 0
equação característica: r 2 + 2r + 5 = 0
raízes características: r 1 , r 2 = −1 ± 2i
M ECÂNICA QUÂNTICA
Agora vamos apresentar algumas equações diferenciais lineares com coefici-
entes variáveis que surgem na Mecânica Quântica e vamos ter uma ideia de
como, de suas soluções, surgem os orbitais atômicos dos quais ouvimos falar
no ensino médio.
A descrição quântica dos fenômenos subatômicos é probabilística. Por
exemplo, ao invés de descrevermos a posição de uma partícula subatômica,
descrevemos qual a probabilidade de encontrá-la em uma certa região. Essa
probabilidade é dada pela equação de Schroedinger, que é o análogo quân-
tico da Segunda Lei de Newton. Vamos ver como é essa descrição em algumas
situações e perceber que as EDOs lineares de coeficientes variáveis têm fun-
damental importância.
198 Capítulo 4. Equações diferenciais
O SCILADOR HARMÔNICO
x1 x2 x
mω2 2
V (x) = x ,
2
que é o potencial do sistema massa-mola com frequência ω. A probabilidade
da partícula estar no intervalo [x 1 , x 2 ] é proporcional à integral
Z x2
X (x)2 d x
x1
ħ2 00 mω2 2
− X (x) + x X (x) = E X (x)
2m 2
que é uma EDO linear de coeficientes variáveis, onde ħ é a constante de Planck
dividida por 2π. Vamos supor, por simplicidade, que m = 1 e ω = ħ2 , de modo
que a equação pode ser reescrita como se segue
µ ¶
2E
X 00 (x) + − x 2 X (x) = 0.
ħω
2
Se procurarmos solução na forma X (x) = e −x /2 y(x), um cálculo direto
mostra que
2
X 00 (x) = e −x /2 y 00 (x) − 2x y 0 (x) + (x 2 − 1)y(x) .
¡ ¢
z2
y
z1 y2
y1
x1
x2 x
mω2 2
V (x, y, z) = (x + y 2 + z 2 )
2
e a probabilidade da partícula estar no ponto (x, y, z) com x ∈ [x 1 , x 2 ], y ∈
[y 1 , y 2 ] e z ∈ [z 1 , z 2 ], é proporcional à
Z x2 Z y2 Z z2
2 2
X (x) d x Y (y) d y Z (z)2 d z
x1 y1 z1
onde cada uma das funções X , Y e Z satisfaz uma equação do oscilador uni-
dimensional dada por
ħ2 00 kx 2
− X (x) + X (x) = E x X (x)
2m 2
ħ2 00 k y2
− Y (y) + Y (y) = E y Y (y)
2m 2
ħ2 00 kz 2
− Z (z) + Z (z) = E z Z (z)
2m 2
com E x + E y + E z = E .
200 Capítulo 4. Equações diferenciais
ÁTOMO DE HIDROGÊNEO
r
y
φ
1 ¡ 2 0 ¢0 2mr 2 e2 1
µ ¶
r R (r ) − − − E = λ(λ + 1)
R(r ) ħ2 4π²0 r
1 ³ ¢0 ´
sen θ sen θ · Θ0 (θ) + λ(λ + 1) sen2 θ = µ2
¡
Θ(θ)
4.6. Coeficientes variáveis 201
Escrevendo
R(r ) = x λ e −x y (2λ+1) (2x)
onde p
−2mE me 2
x = κr, κ= , ν=
ħ 4π²0 ħ2 κ
é um exercício desafio da nossa Lista mostrar que y(x) satisfaz a denominada
equação de Laguerre
onde x = cos θ, é um exercício desafio da nossa Lista mostrar que y(x) satisfaz
a denominada equação de Legendre
R(r ) = c
cuja solução é o raio r ser constante, mostrando que o orbital s é uma esfera.
z
segue então que Θ(θ) é um múltiplo de cos(θ). Por outro lado, a equação de
Laguerre fica igual a
r e −r cos(θ) = c
y(x) = c 0 + c 1 x + c 2 x 2 + c 3 x 3 + · · ·
Lembramos que
y 0 (x) = c1 + c 2 2x + c 3 3x 2 + c 4 4x 3 + · · ·
y 00 (x) = c 2 2 + c 3 3 · 2x + c 4 4 · 3x 2 + c 5 5 · 4x 3 + · · ·
De outro modo
∞
cn x n
X
y(x) =
n=0
∞
c n nx n−1
X
y 0 (x) =
n=0
∞
c n+1 (n + 1)x n
X
=
n=0
∞
c n n(n − 1)x n−2
X
y 00 (x) =
n=0
∞
c n+1 (n + 1)nx n−1
X
=
n=0
∞
c n+2 (n + 2)(n + 1)x n
X
=
n=0
204 Capítulo 4. Equações diferenciais
Proposição 4.10
Prova:
Basta mostrarmos que o Wronskiano de y 1 (x) e y 2 (x) é diferente de zero
em algum ponto x 0 , o que é verdade, uma vez que
¯ ¯ ¯ ¯
¯ y 1 (0) y 2 (0) ¯ ¯ 1 0 ¯
W (y 1 (0), y 2 (0)) = ¯¯ 0 ¯=¯ ¯ = 1 6= 0
y 1 (0) y 20 (0) ¯ ¯ 0 1 ¯
Exemplos
4.6. Coeficientes variáveis 205
y 00 (x) + y(x) = 0
Temos que
q(x) = 0 e p(x) = 1
são séries de potências com R = ∞, uma vez que são polinômios,
de modo que existe uma solução dada por
∞
cn x n
X
y(x) =
n=0
c n+2 (n + 2)(n + 1) + c n = 0
−1
c n+2 = cn
(n + 2)(n + 1)
206 Capítulo 4. Equações diferenciais
−1 −1
c2 = c0 = c0
(0 + 2)(0 + 1) 2!
−1 −1 −1 (−1)2
c4 = c2 = c0 = c0
(2 + 2)(2 + 1) 4 · 3 2! 4!
−1 −1 (−1)2 (−1)3
c6 = c2 = c0 = c0
(4 + 2)(4 + 1) 6 · 5 4! 6!
.. ..
. .
(−1)k
c 2k = c0
(2k)!
−1 −1
c3 = c1 = c1
(1 + 2)(1 + 1) 3!
−1 −1 −1 (−1)2
c5 = c3 = c1 = c1
(3 + 2)(3 + 1) 5 · 4 3! 5!
−1 −1 (−1)2 (−1)3
c7 = c5 = c1 = c1
(5 + 2)(5 + 1) 7 · 6 5! 7!
.. ..
. .
(−1)k
c 2k+1 = c1
(2k + 1)!
4.6. Coeficientes variáveis 207
(−1)k
c0 , n = 2k
cn = (2k)!
(−1)k
c1 , n = 2k + 1
(2k + 1)!
de modo que
(−1)k
, n = 2k
cn =
(2k)!
0, n = 2k + 1
Segue então que
∞
cn x n
X
y 1 (x) =
n=0
∞ (−1)k
x 2k
X
=
k=0 (2k)!
= cos(x)
de modo que
0, n = 2k
cn = k
(−1)
, n = 2k + 1
(2k + 1)!
208 Capítulo 4. Equações diferenciais
x 2 y 00 + (3x − 1)y 0 + y = 0
Temos que
∞
x 2 y 00 = x 2 n(n − 1)c n x n−2
X
n=0
∞
n(n − 1)c n x n
X
=
n=0
∞ ∞
(3x − 1)y 0 = 3x nc n x n−1 − (n + 1)c n+1 x n
X X
n=0 n=0
∞
[3nc n − (n + 1)c n+1 ]x n
X
=
n=0
4.6. Coeficientes variáveis 209
de modo que
∞
[n(n − 1)c n + 3nc n + c n − (n + 1)c n+1 ]x n = 0
X
n=0
Uma vez que todos os coeficientes da série acima têm que se anular,
temos que
c n+1 = (n + 1)c n
x ≤0
0,
y(x) = −1
e x , x >0
x
é uma solução da equação acima. Essa função pode ser escrita
como y(x) = x f 0 (x), onde f (x) é a função do primeiro exemplo da
seção sobre série de Taylor no terceiro capítulo. Como f (x) possui
todas as derivadas em todos os pontos da reta, o mesmo vale para
essa solução y(x), que no entanto não pode ser escrita como uma
série de potências.
de modo que
∞
[(n + 2)(n + 1)c n+2 + 2(λ − n)c n ]x n = 0.
X
n=0
Uma vez que todos os coeficientes da série acima têm que se anular,
obtemos a seguinte equação de recorrência
2(n − λ)
c n+2 = cn ,
(n + 2)(n + 1)
c0 = 1
2(0 − λ) 2(0 − λ)
c2 = c0 =
2·1 2!
2(2 − λ) 4(2 − λ)(0 − λ)
c4 = c2 =
4·3 4!
212 Capítulo 4. Equações diferenciais
c 2k+2 2(2k − λ)
lim = lim =0
k→∞ c 2k k→∞ (2k + 2)(2k + 1)
2(λ − λ)
c λ+2 = = 0.
(λ + 4)(λ + 3)
y 1 (x) = 1 + c 2 x 2 + c 4 x 4 + · · · + c λ x λ .
y 1 (x) y 2 (x)
Nesse capítulo vamos estudar métodos alternativos para resolver EDOs e sis-
temas de EDOs de coeficientes constantes. Esses métodos são inspirados no
método das raízes características mas têm um alcance maior: eles se aplicam
a EDOs homogêneas com coeficientes constantes de ordem mais alta, a EDOs
não-homogêneas com certos tipos de forçamento e a sistemas de EDOs com
coeficientes constantes.
a n r n + a n−1 r n−1 + · · · + a 1 r + a 0 = 0
D y = y0
de modo que
D 2 y = DD y = D y 0 = y 00
e, de modo mais geral, que
D n y = y (n)
Denotando
p(D) = a n D n + a n−1 D n−1 + · · · + a 1 D + a 0
podemos definir
a n D n + a n−1 D n−1 + · · · + a 1 D + a 0 y
¡ ¢
p(D)y =
= a n y (n) + a n−1 y (n−1) + · · · + a 1 y 0 + a 0 y
p(D)y = 0
Proposição 5.1
(p(D)q(D))y = p(D)(q(D)y)
Além disso, se
p(D)y = 0
q(D)z = 0
5.1. Raízes características 217
então
p(D)q(D)(y + z) = 0
Exemplo
(D 2 − 1)y = 0
r 2 − 1 = (r + 1)(r − 1)
Afirmamos que
D 2 − 1 = (D + 1)(D − 1)
De fato,
(D 2 − 1)y = (D + 1) (D − 1)y
| {z }
=0
= (D + 1)0
= 0
(D 2 − 1)y = (D − 1) (D + 1)y
| {z }
=0
= (D − 1)0
= 0
Pela Proposição A.21, temos que a soma das soluções das equações
(D − r 1 )m1 y = 0
(D − r 2 )m2 y = 0
..
.
(D − r k )mk y = 0
é solução da EDO original. Como uma dada raiz r pode ser complexa, vamos
primeiramente determinar a solução geral complexa dessas EDOs. Posterior-
mente vamos utilizar a Proposição A.5 para obter a solução geral real da EDO
original como sendo a parte real da solução geral complexa da EDO original.
Proposição 5.2
Escrevendo
y(t ) = e r t z(t )
temos que
(D − r )m y = e r t D m z
(D − r )m y = 0
é dada por
y(t ) = P (t )e r t
Prova:
220 Capítulo 5. Ordem superior e sistemas
(D − r )e r t z = (e r t z)0 − r ze r t = e r t z 0 = e r t D z
Supondo que a fórmula vale para m − 1, vamos mostrar que vale para m.
De fato, temos que
(D − r )m e r t z = (D − r )[(D − r )m−1 e r t z]
= (D − r )e r t D m−1 z
= e r t DD m−1 z
= er t Dm z
(D − r )m y = 0
(D − r )m y = e r t D m z = 0
que é equivalente a
Dm z = 0
A solução geral dessa última EDO é obtida por m integrações, de modo
que
z(t ) = P (t ) = C 1 +C 2 t + · · · +C m t m−1
onde C 1 ,C 2 , . . . ,C m são constantes complexas arbitrárias.
Proposição 5.3
Prova:
Vamos demonstrar essa proposição por indução no grau de P (t ). Se P (t )
tem grau zero, então P (t ) = P , constante, de modo que
er t
Z
P (t )e r t d t = P +C = Q(t )e r t +C
r
er t er t
Z Z
rt 0
P (t )e d t = P (t ) − P (t ) dt
r r
er t
Z
P 0 (t ) d t = R(t )e r t + A
r
222 Capítulo 5. Ordem superior e sistemas
er t
Z
P (t )e r t d t = P (t ) − R(t )e r t − A = Q(t )e r t +C
r
Teorema 5.4
Prova:
Pelo que observamos acima, resta apenas mostrar que toda solução pos-
sui essa forma. Vamos demonstrar essa resultado por indução no número
de raízes distintas. Quando temos apenas uma raiz distinta, o resultado
segue da Proposição 5.2. Supondo que já demonstramos o resultado para
k raízes distintas, vamos mostrar que também é válido para k + 1 raízes
5.1. Raízes características 223
Escrevendo
u = (D − r k+1 )mk+1 y
temos que u satisfaz a EDO
u(t ) = P 1 (t )e r 1 t + P 2 (t )e r 2 t + · · · + P k (t )e r k t
e r k+1 t D mk+1 z = P 1 (t )e r 1 t + P 2 (t )e r 2 t + · · · + P k (t )e r k t
de modo que
Agora podemos obter a solução geral real de uma EDO linear com coefi-
cientes constantes. Lembramos que, como os coeficientes são reais, as even-
tuais raízes complexas sempre aparecem aos pares conjugados com a mesma
multiplicidade.
Teorema 5.5
p(t )e r t
Prova:
Pela Proposição A.5, a solução geral real da EDO original é dada pela parte
real da solução geral complexa da EDO original. Além disso, a parte real
de uma soma é a soma das partes reais.
Se r é uma raiz real com multiplicidade m, ela determina a parcela
P (t )e r t na solução geral complexa, com P (t ) = p(t ) + i q(t ), onde p(t ) e
q(t ) são polinômios em t com coeficientes reais quaisquer e com grau
m − 1. Segue que a parte real de P (t )e r t é dada por p(t )e r t .
Se a ± i b é um par de raízes complexas conjugadas com multiplici-
dade m, elas determinam as parcelas R(t )e (a+i b)t + U (t )e (a−i b)t na solu-
ção geral complexa, com R(t ) = r (t ) + i s(t ) e U (t ) = u(t ) + i v(t ), onde
r (t ), s(t ), u(t ), v(t ) são polinômios em t com coeficientes reais quaisquer
e com grau m − 1. Como
segue que a parte real de R(t )e (a+i b)t +U (t )e (a−i b)t é dada por
onde p(t ) = r (t ) + u(t ) e q(t ) = −s(t ) + v(t ) são polinômios em t com coe-
ficientes reais quaisquer e com grau m − 1.
Exemplos
1) A EDO de 3a ordem
(D − 2)3 y = 0
tem apenas uma raiz característica 2 com multiplicidade 3, logo
tem solução geral
y(t ) = (c 1 + c 2 t + c 3 t 2 )e 2t
226 Capítulo 5. Ordem superior e sistemas
2) A EDO de 3a ordem
(D − 2)2 (D + 5)y = 0
y(t ) = (c 1 + c 2 )t e 2t + c 3 e −5t
3) A EDO de 2ª-ordem
(D 2 − 4D + 13)y = 0
4) A EDO de 4a ordem
(D 2 − 4D + 13)2 y = 0
Exemplos
(D − 2)y = 3e −5t
A homogênea associada é
(D − 2)y = 0
(D + 5)y = 0
(D − 2)y = 3e −5t
=⇒ (D + 5)(D − 2)y = (D + 5)(3e −5t )
=⇒ (D + 5)(D − 2)y = 0
y(t ) = c 1 e 2t + Ae −5t
228 Capítulo 5. Ordem superior e sistemas
y p (t ) = Ae −5t
3
y(t ) = c 1 e 2t − e −5t
7
(D − 2)y = 4e 2t
(D − 2)y = 4e 2t
=⇒ (D − 2)(D − 2)y = (D − 2)(4e 2t )
5.2. Coeficientes a determinar 229
=⇒ (D − 2)2 y = 0
y(t ) = c 1 e 2t + At e 2t
y p (t ) = At e 2t
y(t ) = c 1 e 2t + 4t e 2t
cientes que o acompanham. Por conta disso, esse método é conhecido por
método dos coeficientes à determinar. Seus passos são os seguintes.
Passos
Observe que usar a tabela acima é como resolver uma EDO ao contrário:
dado um forçamento no lado esquerdo, devemos descobrir qual raiz caracte-
rística r com qual multiplicidade m devemos ter numa EDO para que o for-
çamento seja uma de suas soluções, usando essa raiz com multiplicidade e o
operador derivada D obtemos, no lado direito, o anulador desse forçamento.
Esse método se aplica apenas para EDOs de coeficientes constantes com
forçamento da forma dada na tabela acima ou uma combinação linear de for-
çamentos da forma acima: caso contrário deve-se recorrer ao método da va-
riação dos parâmetros.
O SCILAÇÕES FORÇADAS
Vimos que o movimento sem força-externa de um sistema massa-mola sem
amortecimento, de um circuito LC sem resistência, e de um pêndulo com os-
cilações pequenas são modelados pela mesma EDO homogênea
y 00 + ω2 y = 0
(D − i ω)(D + i ω)y = 0
y h (t ) = c 1 cos(ωt ) + c 2 sen(ωt )
y 00 + ω2 y = L cos(w 0 t )
(D − i ω0 )(D + i ω0 )
232 Capítulo 5. Ordem superior e sistemas
Segue que
(D − i ω)(D + i ω)y = L cos(w 0 t )
=⇒ (D − i ω0 )(D + i ω0 )(D − i ω)(D + i ω)y = (D − i ω0 )(D + i ω0 )L cos(w 0 t )
=⇒ (D − i ω0 )(D + i ω0 )(D − i ω)(D + i ω)y = 0
Exemplo
Z0 ∞
= e (a−s)t d t
0
· (a−s)t ¸∞
e
=
a−s 0
e (a−s)t e (a−s)0
µ ¶
= lim −
t →∞ a − s a−s
1
=
s−a
para todo s > a, que é o domínio dessa transformada, uma vez que
a integral imprópria é infinita para todo s ≤ a.
234 Capítulo 5. Ordem superior e sistemas
L INEARIDADE DA TRANSFORMADA
Uma das propriedade mais simples da transformada é que a transformada da
combinação linear de duas funções é a combinação linear das transformadas
dessas duas funções.
Proposição 5.6
Prova:
Temos que
Z ∞
e −st (a y(t ) + bz(t )) d t
£ ¤
L a y + bz =
0
Z ∞
= ae −st y(t ) + be −st z(t ) d t
0
Z ∞ Z ∞
= a e −st y(t ) d t + b e −st z(t ) d t
0 0
5.3. Transformada de Laplace 235
£ ¤
= aL y + bL [z]
Exemplos
1) Temos que
L 3e 2t − 2e −3t = 3L e 2t − 2L e −3t
£ ¤ £ ¤ £ ¤
1 1
= 3 −2
s −2 s +3
2) Temos que
e at − e −at
· ¸
L [senh(at )] = L
2
µ ¶
1 1 1
= −
2 s−a s+a
µ ¶
1 2a
=
2 (s − a)(s + a)
a
=
s − a2
2
T RANSFORMADA DA DERIVADA
A mais importante propriedade da transformada é que ela transforma derivar
em relação à variável t em multiplicar pela variável s. Essa é a propriedade
que a torna útil na resolução de PVIs como veremos mais adiante.
Proposição 5.7
236 Capítulo 5. Ordem superior e sistemas
Temos que
L y 0 = sL y − y(0)
£ ¤ £ ¤
Prova:
A demonstração se baseia na regra da integração por partes e no fato de
que ¡ −st ¢0
e = −se −st
Segue então que
Z ∞
L y0 = e −st y 0 (t ) d t
£ ¤
0
Z ∞
£ −st ¤∞
= e y(t ) 0 − −se −st y(t ) d t
0
Z ∞
= −y(0) + s e −st y(t ) d t
0
£ ¤
= sL y − y(0)
Exemplos
de modo que
sL e at − 1 = aL e at
£ ¤ £ ¤
de modo que
1
L e at =
£ ¤
s−a
Observe que, quando a = 0, obtemos que
L [1] = L e 0
£ ¤
1
=
s −0
1
=
s
de modo que
sL t n = nL t n−1
£ ¤ £ ¤
de modo que
1 1!
L [t ] = L [1] =
s s2
2 2!
L t2 =
£ ¤
L [t ] =
s s3
3 £ 2¤ 3!
L t3 =
£ ¤
L t =
s s4
4 £ 3¤ 4!
L t4 =
£ ¤
L t =
s s5
..
.
n!
L [t n ] =
s n+1
Proposição 5.8
Temos que
L y 00 = s 2 L y − s y(0) − y 0 (0)
£ ¤ £ ¤
Prova:
Temos que
L y 00 = L (y 0 )0
£ ¤ £ ¤
= sL y 0 − y 0 (0)
£ ¤
= s sL y − y(0) − y 0 (0)
¡ £ ¤ ¢
5.3. Transformada de Laplace 239
= s 2 L y − s y(0) − y 0 (0)
£ ¤
Exemplos
de modo que
s 2 L [ sen] − 1 = −L [ sen]
Segue então que
(s 2 + 1)L [ sen] = 1
de modo que
1
L [ sen] =
s2 + 1
de modo que
s 2 L [ cos] − s = −L [ cos]
Segue então que
(s 2 + 1)L [ cos] = s
240 Capítulo 5. Ordem superior e sistemas
de modo que
s
L [ cos] =
s2 + 1
Exemplo
Considere o PVI
00 0
y + 3y + 2y = 0
y(0) = 1, y 0 (0) = −2
L y 00 + 3y 0 + 2y = L [0] = 0
£ ¤
L y 00 + 3L y 0 + 2L y = 0
£ ¤ £ ¤ £ ¤
s 2 L y −¡ s y(0) 0
¡ £ ¤ ¢
£ ¤ − y (0) ¢+
+3 sL y − y(0)£ +¤
+2L y = 0
e as condições iniciais
s 2 L y −£(s ¤− 2) +
£ ¤
+3sL y −£3+¤
+2L y = 0
5.3. Transformada de Laplace 241
s 2 + 3s + 2 L y = (s − 2) + 3 = s + 1
¡ ¢ £ ¤
obtemos que
£ ¤ s +1
L y =
s 2 + 3s + 2
Uma vez que
s 2 + 3s + 2 = (s + 1)(s + 2)
segue que
1
= L e −2t
£ ¤ £ ¤
L y =
s +2
Vamos ver mais adiante que isso de fato implica que
y(t ) = e −2t
D ESLOCAMENTO
O efeito sobre a transformada de multiplicarmos uma função y(t ) pela função
e at é deslocarmos a variável s para a variável s − a.
Proposição 5.9
Temos que
L y(t )e at (s) = L y(t ) (s − a)
£ ¤ £ ¤
Prova:
242 Capítulo 5. Ordem superior e sistemas
Temos que
Z ∞
at
e −st y(t )e at d t
£ ¤
L y(t )e (s) =
0
Z ∞
= e (a−s)t y(t ) d t
Z0 ∞
= e −(s−a)t y(t ) d t
0
£ ¤
= L y(t ) (s − a)
Exemplo
L t n e at (s) = L t n (s − a)
£ ¤ £ ¤
n!
=
(s − a)n+1
Por exemplo
1
L t e −t =
£ ¤
(s + 1)2
Exemplo
5.3. Transformada de Laplace 243
Considere o PVI
00 0
y + 2y + y = 0
y(0) = 0, y 0 (0) = 1
L y 00 + 2y 0 + y = L [0] = 0
£ ¤
L y 00 + 2L y 0 + L y = 0
£ ¤ £ ¤ £ ¤
s 2 L y −¡ s y(0) 0
¡ £ ¤ ¢
£ ¤ − y (0) ¢+
+2 sL y − y(0)£ +¤
+L y = 0
e as condições iniciais
s 2 L y £− 1+
£ ¤
¤
+2sL y£ +¤
+L y = 0
s 2 + 2s + 1 L y = 1
¡ ¢ £ ¤
obtemos que
£ ¤ 1
L y =
s 2 + 2s + 1
Uma vez que
s 2 + 2s + 1 = (s + 1)2
244 Capítulo 5. Ordem superior e sistemas
segue que
1
= L t e −t
£ ¤ £ ¤
L y = 2
(s + 1)
Vamos ver mais adiante que isso de fato implica que
y(t ) = t e −t
M UDANÇA DE ESCALA
O efeito sobre a transformada de multiplicamos a variável t por uma cons-
tante positiva b é dividirmos tanto a transformada quanto a variável s por b.
Proposição 5.10
Temos que
£ ¤ 1 £ ¤³ s ´
L y(bt ) (s) = L y(t )
b b
Prova:
Temos que Z ∞
e −st y(bt ) d t
£ ¤
L y(bt ) (s) =
0
1 ∞ −¡ s ¢t
Z
£ ¤
L y(bt ) (s) = e b y(t ) d t
b 0
1 £ ¤³ s ´
= L y(t )
b b
Exemplos
1 ³s´
L [ sen(bt )] (s) = L [ sen(t )]
b b
1 1
=
b s 2 +1
¡ ¢
b
1 b
=
b2 s2
+1
b2
b
=
s2 + b2
Utilizando a regra do deslocamento, obtemos que
b
=
(s − a)2 + b 2
Por exemplo
2
L e −t sen(2t ) =
£ ¤
(s + 1)2 + 4
246 Capítulo 5. Ordem superior e sistemas
1 ³s´
L [ cos(bt )] (s) = L [ cos(t )]
b b
s
1 b
=
b s 2 +1
¡ ¢
b
1 s
=
b2 s2
+1
b2
s
=
s2 + b2
Utilizando a regra do deslocamento, obtemos que
s−a
=
(s − a)2 + b 2
Por exemplo
s +1
L e −t cos(2t ) =
£ ¤
(s + 1)2 + 4
Exemplo
Considere o PVI
00 0
y + 2y + 5y = 0
y(0) = 0, y 0 (0) = 2
5.3. Transformada de Laplace 247
L y 00 + 2y 0 + 5y = L [0] = 0
£ ¤
L y 00 + 2L y 0 + 5L y = 0
£ ¤ £ ¤ £ ¤
s 2 L y −¡ s y(0) 0
¡ £ ¤ ¢
£ ¤− y (0)¢ +
+2 sL y − y(0)£ +¤
+5L y = 0
e as condições iniciais
s 2 L y £− 2+
£ ¤
¤
+2sL y£ +¤
+5L y = 0
s 2 + 2s + 5 L y = 2
¡ ¢ £ ¤
obtemos que
£ ¤ 2
L y =
s 2 + 2s + 5
Uma vez que
s 2 + 2s + 1 = (s + 1)2 + 4
segue que
2
= L e −t sen(2t )
£ ¤ £ ¤
L y = 2
(s + 1) + 4
Vamos ver mais adiante que isso de fato implica que
y(t ) = e −t sen(2t )
248 Capítulo 5. Ordem superior e sistemas
D ERIVADA DA TRANSFORMADA
£ ¤
Enquanto a transformada da derivada está relacionada com multiplicar L y
pela variável s, a derivada da transformada está relacionada com£ multiplicar
¤
y pela variável −t . Primeiro vamos mostrar que a transformada L y (s) é uma
função contínua em relação à variável s.
Proposição 5.11
Temos que
£ ¤ £ ¤
lim L y (s + h) = L y (s)
h→0
Prova:
Temos que
Z ∞ Z ∞
−(s+h)t
e −st y(t ) d t
£ ¤ £ ¤
L y (s + h) − L y (s) = e y(t ) d t −
0 0
Z ∞³ ´
= e −(s+h)t − e −st y(t ) d t
Z0 ∞
= −xhe −(s+c)t y(t ) d t
0
e −(s+h)t − e −st
= −t e −(s+c)t ,
h
para algum c tal que |c| < |h| < 1. Usando que o módulo da integral é
menor ou igual à integral do módulo, segue que
¯Z ∞ ¯
−(s+c)t
¯ £ ¤ £ ¤ ¯ ¯ ¡ ¢ ¯
¯L y (s + h) − L y (s)¯ = |h| ¯ e −x y(t ) d t ¯¯
¯
0
5.3. Transformada de Laplace 249
Z ∞
e −(s+c)t ¯−x y(t )¯ d t
¯ ¯
≤ |h|
Z0 ∞
e −(s−1)t ¯−x y(t )¯ d t
¯ ¯
≤ |h|
0 ¯¤
£¯
= |h|L ¯−x y ¯ (s − 1)
onde utilizamos que e −(s+c)t < e −(s−1)t . Por sanduíche, segue que
£ ¤ £ ¤
lim L y (s + h) = L y (s)
h→0
£ ¤
Agora vamos determinar a derivada de L y (s) em relação à variável s.
Proposição 5.12
Temos que
£ ¤0 £ ¤
L y (s) = L −t y (s)
Prova:
Temos que
£ ¤ £ ¤
£ ¤0 L y (s + h) − L y (s)
L y (s) = lim
h→0 h
Z ∞ µ −(s+h)t
e − e −st
¶
= lim y(t ) d t
h→0 0 h
Z ∞
= lim −t e −(s+c)t y(t ) d t
h→0 0
£ ¤
= lim L −x y (s + c)
h→0
£ ¤
= L −x y (s)
Exemplos
1) Temos que
L t e at = −L −t e at
£ ¤ £ ¤
£ ¤0
= −L e at
1 0
µ ¶
= −
s−a
1
=
(s − a)2
2) Temos que
I NJETIVIDADE DA TRANSFORMADA
Quando obtemos que a tranformada da solução de um PVI é igual à transfor-
mada de uma dada função, precisamos saber se isso implica que a solução do
PVI é igual a essa dada função. Primeiro precisamos do seguinte lema.
Lema 5.13
Se
∞
cn t n
X
y(t ) =
n=0
então
∞
cn L t n
£ ¤ X £ ¤
L y =
n=0
Prova:
Usando a linearidade da transformada, obtemos que
" #
£ ¤ k−1 £ n¤ ∞
cn t n
X X
L y = cn L t + L
n=0 n=k
à !
Z ∞ ∞
−st n
X
≤ e |c n |t dt
0 n=k
de modo que
∞
cn L t n
£ ¤ X £ ¤
L y =
n=0
Proposição 5.14
Se
L [w] = L [z]
5.3. Transformada de Laplace 253
então
w =z
Prova:
Se
L [w] = L [z]
pela linearidade da transformada, temos que
L [w − z] = L [w] − L [z] = 0
Definindo
y = w −z
basta então mostrarmos que
y =0
Vamos supor que
∞
cn t n
X
y(t ) =
n=0
onde x = 1/s ∈ (0, R), para algum R > 0. Segue então que c n n! = 0, para
todo n ≥ 0, de modo que c n = 0, para todo n ≥ 0, mostrando que y = 0.
254 Capítulo 5. Ordem superior e sistemas
L −1 [Y (s)] = y(t )
£ ¤
se Y (s) = L y(t )
que está bem definida, uma vez que y(t ) é única pela injetividade da transfor-
mada. As transformadas das funções já consideradas até aqui, denominadas
funções elementares, são apresentadas na tabela abaixo.
£ ¤
y(t ) L y(t )
n!
t ner t
(s − r )n+1
b
e at sen(bt )
(s − a)2 + b 2
s−a
e at cos(bt )
(s − a)2 + b 2
As transformadas das funções elementares são denominadas frações parciais
e suas transformadas inversas são as respectivas funções elementares, o que é
apresentado na tabela abaixo, obtida da tabela acima simplesmente trocando
suas colunas.
Y (s) L −1 [Y (s)]
n!
t ner t
(s − r )n+1
b
e at sen(bt )
(s − a)2 + b 2
s−a
e at cos(bt )
(s − a)2 + b 2
Em geral, não é tão fácil calcular a transformada inversa de uma dada função
Y (s).
5.4. Transformada inversa 255
F UNÇÕES RACIONAIS
Nos PVIs considerados por nós até agora, a transformada da solução é em ge-
ral o que é denominado de função racional em s, dada por
P (s)
Y (s) =
Q(s)
onde P (s) e Q(s) são polinômios tais que o grau de P (s) é menor do que o grau
de Q(s). Nesse caso, podemos escrever a transformada inversa de Y (s) como
uma combinação linear de funções elementares.
Proposição 5.15
Considere P (s) e Q(s) polinômios tais que o grau de P (s) é menor do que
o grau de Q(s) e suponha que Q(s) possui raízes reais r com multiplici-
dade m e raízes complexas conjugadas simples a ± i b. Segue então que
−1 P (s)
· ¸
L = · · · + A 1 e r t + A 2 t e r t + A 3 t 2 e r t + · · · + A m t m−1 e r t + · · ·
Q(s)
· · · + Ae at sen(bt ) + B e at cos(bt ) + · · ·
Prova:
Temos que
Q(s) = a n s n + · · · + a 1 s + a 0
e que
P (s) = b n−1 s n−1 + · · · + b 1 s + b 0
onde a n 6= 0. Considere agora o PVI homogêneo
(n) 0
an y + · · · + a1 y + a0 y = 0
£ ¤ R(s)
L y =
Q(s)
onde
an y 0 b n−1
=
a n−1 y 0 + a n y 1 = b n−2
.. .. ..
. . .
a y + · · · + a n−1 y n−3 + a n y n−2 = b1
2 0
a 1 y 0 + · · · + a n−2 y n−3 + a n−1 y n−2 + a n y n−1 = b0
Passos
y(t ) = · · · + A 1 e r t + A 2 t e r t + A 3 t 2 e r t + · · · + A m t m−1 e r t + · · ·
· · · + Ae at sen(bt ) + B e at cos(bt ) + · · ·
P (s) 1 1
= · · · + A1 + A2 +
· · · (s − r )m · · · ((s − a)2 + b 2 ) · · · s −r (s − r )2
2 (m − 1)!
+A 3 + · · · + Am +···
(s − r )3 (s − r )m
b
···+ A +
(s − a)2 + b 2
s−a
+B +···
(s − a)2 + b 2
Exemplos
1) Considere o PVI
00 0 −3t
y + 6y + 9y = e
y(0) = 1, y 0 (0) = 2
1
L y 00 + 6y 0 + 9y = L e −3t =
£ ¤ £ ¤
s +3
Podemos então utilizar a linearidade da transformada
1
L y 00 + 6L y 0 + 9L y =
£ ¤ £ ¤ £ ¤
s +3
as regras da transformada das derivadas
s 2 L y −¡ s y(0) 0
¡ £ ¤ ¢
£ ¤− y (0)¢ +
+6 sL y − y(0) +
£ ¤ 1
+9L y =
s +3
5.4. Transformada inversa 259
e as condições iniciais
s 2 L y −£(s ¤+ 2) +
£ ¤
+6sL y − 6+
£ ¤ 1
+9L y =
s +3
Colocando a transformada da solução do PVI em evidência
1 (s + 8)(s + 3) + 1
s 2 + 6s + 9 L y = s + 8 +
¡ ¢ £ ¤
=
s +3 s +3
obtemos que
£ ¤ (s + 8)(s + 3) + 1 s 2 + 11s + 25
L y = =
(s + 3)(s 2 + 6s + 9) (s + 3)(s 2 + 6s + 9)
(s + 3)(s 2 + 6s + 9) = (s + 3)3
s 2 + 11s + 25 1 1 2
3
=A +B 2
+C
(s + 3) s +3 (s + 3) (s + 3)3
= A(s 2 + 6s + 9) + B (s + 3) + 2C
= As 2 + (6A + B )s + 9A + 3B + 2C
1
A = 1, B = 5, C=
2
Solução do PVI: Segue que
1
y(t ) = e −3t + 5t e −3t + t 2 e −3t
2
é a solução do PVI.
2) Considere o PVI
00 0 t
y − 4y + 4y = e
y(0) = 0, y 0 (0) = 0
1
L y 00 − 4y 0 + 4y = L e t =
£ ¤ £ ¤
s −1
Podemos então utilizar a linearidade da transformada
1
L y 00 − 4L y 0 + 4L y =
£ ¤ £ ¤ £ ¤
s −1
5.4. Transformada inversa 261
s 2 L y −¡ s y(0) 0
¡ £ ¤ ¢
£ ¤ − y (0) ¢+
−4 sL y − y(0) +
£ ¤ 1
+4L y =
s −1
e as condições iniciais
s 2L £y ¤ +
£ ¤
−4sL y +
£ ¤ 1
+4L y =
s −1
Colocando a transformada da solução do PVI em evidência
1
s 2 − 4s + 4 L y =
¡ ¢ £ ¤
s −1
obtemos que
£ ¤ 1
L y =
(s − 1)(s 2 − 4s + 4)
Raízes do denominador: Temos que r = 1 é raiz simples de s −1
e r = 2 é raiz dupla de s 2 −4s +4, de modo que o denominador pode
ser escrito como
1 1 1 1
2
=A +B +C
(s − 1)(s − 2) s −1 s −2 (s − 2)2
262 Capítulo 5. Ordem superior e sistemas
A = 1, B = −1, C =1
y(t ) = e t − e 2t + t e 2t
é a solução do PVI.
3) Considere o PVI
00 0
y − 5y + 6y = 0
y(0) = 2, y 0 (0) = 0
L y 00 − 5y 0 + 6y = L [0] = 0
£ ¤
L y 00 − 5L y 0 + 6L y = 0
£ ¤ £ ¤ £ ¤
5.4. Transformada inversa 263
s 2 L y −¡ s y(0) 0
¡ £ ¤ ¢
£ ¤ − y (0) ¢+
−5 sL y − y(0)£ +¤
+6L y = 0
e as condições iniciais
s 2 L £ y ¤ − 2s+
£ ¤
−5sL y + 10+ £ ¤
+6L y = 0
s 2 − 5s + 6 L y = 2s − 10
¡ ¢ £ ¤
obtemos que
£ ¤ 2s − 10
L y = 2
s − 5s + 6
Raízes do denominador: Temos que r = 2 e r = 3 são raízes
simples de s 2 −5s +6, de modo que o denominador pode ser escrito
como
s 2 − 5s + 6 = (s − 2)(s − 3)
Combinação de funções elementares: Podemos então escrever
a solução como
y(t ) = Ae 2t + B e 3t
onde A, B são contantes a serem determinadas.
Combinação de frações parciais: Aplicando a transformada em
ambos os lados, obtemos que
2s − 10 1 1
=A +B
(s − 2)(s − 3) s −2 s −3
2s − 10 = A(s − 3) + B (s − 2)
= (A + B )s − 3A − 2B
264 Capítulo 5. Ordem superior e sistemas
A = 6, B = −4
y(t ) = 6e 2t − 4e 3t
é a solução do PVI.
4) Considere o PVI
00 0
y + 4y + 13y = 2
y(0) = 0, y 0 (0) = 0
2
L y 00 + 4y 0 + 13y = L [2] =
£ ¤
s
Podemos então utilizar a linearidade da transformada
£ ¤ 2
L y 00 + 4L y 0 + 13L y =
£ ¤ £ ¤
s
as regras da transformada das derivadas
s 2 L y −¡ s y(0) 0
¡ £ ¤ ¢
£ ¤ − y (0) ¢+
+4 sL y − y(0) +
£ ¤ 2
+13L y =
s
5.4. Transformada inversa 265
e as condições iniciais
s 2L £y ¤ +
£ ¤
+4sL y +
£ ¤ 2
+13L y =
s
Colocando a transformada da solução do PVI em evidência
¢ £ ¤ 2
s 2 + 4s + 13 L y =
¡
s
obtemos que
£ ¤ 2
L y =
s(s 2 + 4s + 13)
Raízes do denominador: Temos que r = 0 é raiz simples de s e
a ±b = −2±3i são raízes complexas conjugadas simples de s 2 +4s +
13, de modo que o denominador pode ser escrito como
2 1 3 s +2
2 2
= A +B 2 2
+C
s((s + 2) + 3 ) s (s + 2) + 3 (s + 2)2 + 32
2 4 2
A= , B =− , C =−
13 39 13
Solução do PVI: Segue que
2 4 2
y(t ) = − e −2t sen(3t ) − e −2t cos(3t )
13 39 13
é a solução do PVI.
5) Considere o PVI
00 0
y − 2y + 2y = cos(t )
y(0) = 1, y 0 (0) = 0
s 2 L y −¡ s y(0) 0
¡ £ ¤ ¢
£ ¤− y (0)¢ +
−2 sL y − y(0) +
£ ¤ s
+2L y =
s2 + 1
5.4. Transformada inversa 267
e as condições iniciais
s 2 L y£ −
£ ¤
¤ s+
−2sL y + 2
£ ¤ s
+2L y =
s2 + 1
Colocando a transformada da solução do PVI em evidência
s (s − 2)(s 2 + 1) + s
s 2 − 2s + 2 L y = s − 2 +
¡ ¢ £ ¤
=
s2 + 1 s2 + 1
obtemos que
£ ¤ s 3 − 2s 2 + 2s − 2
L y =
(s 2 + 1)(s 2 − 2s + 2)
Raízes do denominador: Temos que a±b = 0±i são raízes com-
plexas conjugadas simples de s 2 + 1 e que a ± b = 1 ± i são raízes
complexas conjugadas simples de s 2 − 2s + 2, de modo que o deno-
minador pode ser escrito como
s 3 − 2s 2 + 2s − 2 1 s 1 s −1
2 2
=A 2 +B 2 +C 2
+D
(s + 1)((s − 1) + 1) s +1 s +1 (s − 1) + 1 (s − 1)2 + 1
s 3 − 2s 2 + 2s − 2 =
= A((s − 1)2 + 1) + B s((s − 1)2 + 1) +C (s 2 + 1) + D(s − 1)(s 2 + 1)
268 Capítulo 5. Ordem superior e sistemas
B +D 1
=
A − 2B +C − D = −2
−2A + 2B + D = 2
2A +C − D = −2
2 1 2 4
A=− , B= , C =− , D=
5 5 5 5
Solução do PVI: Segue que
2 1 2 4
y(t ) = − sen(t ) + cos(t ) − e t sen(t ) + e t cos(t )
5 5 5 5
é a solução do PVI.
c t
Definida por
½
0 se t < c
u c (t ) =
1 se t ≥ c
c t
c d t
Proposição 5.16
y 1 (t ) se t < c 1
y 2 (t ) se c 1 ≤ t < c 2
.
y(t ) = ..
y n (t ) se c n−1 ≤ t < c n
y n+1 (t ) se t ≥ c n
5.5. Funções definidas por partes 271
y2 y n+1
yn
y1
c1 c2 c n−1 cn t
Então
¡ ¢ ¡ ¢
y(t ) = y 1 (t ) 1 − u¡c1 (t ) + y 2 (t ) u c1¢(t ) − u c2 (t ) + · · ·
· · · + y n (t ) u cn−1 (t ) − u cn (t ) + y n+1 (t )u cn (t )
Exemplo
Proposição 5.17
272 Capítulo 5. Ordem superior e sistemas
Temos que
L u c (t )y(t ) = e −cs L y(t + c)
£ ¤ £ ¤
Prova:
Pela definição
Z ∞
e −st u c (t )y(t )d t
£ ¤
L u c (t )y(t ) = (5.1)
0
Z ∞
= e −st y(t )d t (5.2)
c
Exemplo
5.5. Funções definidas por partes 273
1
L [u c (t )] = e −cs L [1] = e −cs
s
Observe que se y(t ) é uma função elementar, então y(t +c) pode ser escrita
como uma combinação de funções elementares.
Exemplos
1) Se y(t ) = t n e r t , então
Corolário 5.18
Temos que
Y (s) L −1 [Y (s)]
Prova:
O resultado segue da proposição anterior, uma vez que
Passos
como
L y = e −c1 s Y1 (s) + e −c2 s Y2 (s) + · · · + e −cn s Yn (s)
£ ¤
y(t ) = u c1 (t )y 1 (t − c 1 ) + u c2 (t )y 2 (t − c 2 ) + · · · + u cn (t )y n (t − c n )
Exemplo
L q 00 + 4L q 0 + 3L q = 12L [u 5 (t )] − 12L [u 7 (t )]
£ ¤ £ ¤ £ ¤
276 Capítulo 5. Ordem superior e sistemas
s 2 L ¡q −£ 2s¤ + 2¢ +
¡ £ ¤ ¢
+4 sL q − 2 +
12 12
+3L q = e −5s − e −7s
£ ¤
s s
Colocando a transformada da solução do PVI em evidência
12 12
s 2 + 4s + 3 L q = 2s + 6 + e −5s − e −7s
¡ ¢ £ ¤
s s
obtemos que
£ ¤ 2s + 6 −5s 12 −7s 12
L q = + e − e
s 2 + 4s + 3 s(s 2 + 4s + 3) s(s 2 + 4s + 3)
−5s −7s
= Q 1 (s) + e Q 2 (s) − e Q 2 (s)
onde
2s + 6 12
Q 1 (s) = Q 2 (s) =
s 2 + 4s + 3 s(s 2 + 4s + 3)
Aplicando o método das frações parciais apresentado na seção an-
terior, obtemos
2 4 6 2
Q 1 (s) = Q 2 (s) = − +
s +1 s s +1 s +3
de onde obtemos as respectivas transformadas inversas
q 1 (t ) = 2e −t q 2 (t ) = 4 − 6e −t + 2e −3t
q(t ) = q 1 (t ) + u 5 (t )q 2 (t − 5) − u 7 (t )q 2 (t − 7)
= 2e −t +
+u 5 (t ) 4 − 6e −(t −5) + 2e −3(t −5) −
¡ ¢
é a solução do PVI.
5.6. Sistema de EDOs 277
Exemplos
Fy m
y
Fx
F
α
M
α
0 x
módulo
1
GMm
d2
e, portanto, componentes x e y dados por
1 1
F x = −G M m cos(α) F y = −G M m sen(α)
d2 d2
onde G é a constante da gravitação universal. A Segunda Lei de
Newton nesse caso é
mx 00 = F x
½
m y 00 = F y
Usando que
x y
cos(α) = sen(α) = d = (x 2 + y 2 )1/2
d d
a Segunda Lei de Newton fornece o seguinte sistema não-linear de
2a ordem e duas incógnitas
x
mx 00 = −G M m 2
(x + y 2 )3/2
y
m y 00 = −G M m
(x 2 + y 2 )3/2
GM
x 00 = − 3 x
R
y 00 = − G M y
R3
ou seja, duas EDOs desacopladas do tipo massa-mola. Um par de
soluções que satisfaz x 2 + y 2 = R 2 é dada pela trajetória circular
x(t ) = R cos(ωt )
y(t ) = R sen(ωt )
4π2 4π2 3
T2 = = R
ω2 GM
e, portanto, proporcional ao cubo da distância entre o planeta e a
estrela. Isso mostra como a terceira Lei de Kepler para órbitas cir-
culares é consequência do sistema de EDOs da gravitação de dois
corpos.
O problema da gravitação de dois corpos, é clássico e suas so-
luções são bem conhecidas desde Kepler e bem fundamentadas
desde Newton. Introduza a terceira dimensão no espaço e um ter-
ceiro corpo –uma lua orbitando ao redor do planeta, ou dois pla-
netas orbitando ao redor da estrela, ou ainda um planeta orbitando
uma estrela binária (ou seja, um par de estrelas)– e o problema já
fica bastante mais difícil. É um sistema de 2a ordem e nove in-
cógnitas (três para a posição de cada corpo celeste) chamado de
problema dos três corpos. Esse problema, relacionado com a ques-
tão ainda não respondida da estabilidade do Sistema Solar é tema
280 Capítulo 5. Ordem superior e sistemas
α β
X −→ Y −
→Z
X 0 = −αX
Y 0 = αX − βY
Exemplos
i3
C R L
Ri 10 + Ri 20 +C i 1 = 0
½
Li 20 + Ri 1 + Ri 2 = 0
y1 y2
Pela Lei de Hooke, a força de uma mola é proporcional à sua dis-
torção. Observe que a distorção da primeira mola é y 1 uma vez que
essa mola está fixada na parede, enquanto a distorção da segunda
mola é y 2 − y 1 uma vez que essa mola está fixada no primeiro corpo.
A Segunda Lei de Newton aplicada ao primeiro corpo nos dá
m 1 y 100 = −k 1 y 1 + k 2 (y 2 − y 1 )
m 2 y 200 = −k 2 (y 2 − y 1 )
uma vez que apenas a segunda mola atua nele, com força na dire-
ção oposta à distorção da mola. Segue que as posições satisfazem
m 1 y 100 = −(k 1 + k 2 )y 1 + k 2 y 2
½
m 2 y 200 = k2 y 1 − k2 y 2
Exemplo
o seguinte PVI
0
i + i 0 + 2i 1 = 0
10 2
i2 + i1 + i2 = 0
i 1 (0) = 1
i 2 (0) = 1
Aplicando a transformada no PVI, obtemos
de modo que
½
sL[i 1 ] − i 1 (0) + sL[i 2 ] − i 2 (0) + 2L[i 1 ] = 0
sL[i 2 ] − i 2 (0) + L[i 1 ] + L[i 2 ] = 0
¯ ¯
¯ (s + 2) 2 ¯
¯ ¯
¯ 1 1 ¯ (s + 2) − 2 s
L[i 2 ] = ¯ ¯= =
¯ (s + 2) s ¯ (s + 2)(s + 1) − s s 2 + 2s + 2
¯ ¯
¯ 1 (s + 1) ¯
−2 ± 2i
∆ = 4 − 8 = −4, = −1 ± i .
2
286 Capítulo 5. Ordem superior e sistemas
s 2 + 2s + 2 = (s + 1)2 + 1,
de modo que
s +2
L[i 1 ] =
(s + 1)2 + 1
s
L[i 2 ] =
(s + 1)2 + 1
Determinando i 1 (t ) e i 2 (t ) como nas seções anteriores, é facil obter
i 1 (t ) = e −t cos(t ) + e −t sen(t )
i 2 (t ) = e −t cos(t ) − e −t sen(t )
i 3 (t ) = 2e −t cos(t )
Isso mostra que dois circuitos que sozinhos não oscilam podem os-
cilar quando são acoplados, mesmo sem nenhuma força eletromo-
triz externa.
S ISTEMAS DE 1 a ORDEM
Um estudo sistemático de sistemas de EDOs pode ser feito estudando os sis-
temas de 1a ordem uma vez que todo sistema de EDOs pode ser transformado
num sistema de 1a ordem. Isso é bem ilustrado pela a Segunda Lei de Newton,
que é de 2a ordem na posição mas de 1a ordem na velocidade. Por exemplo,
considere um sistema massa-mola-amortecedor, sua a posição y(t ) é solução
da EDO
m y 00 = −k y − b y 0
5.6. Sistema de EDOs 287
y0 = v
que é um sistema de 1a ordem na posição e velocidade.
Podemos usar essa mesma ideia para transformar qualquer EDO ou sis-
tema de EDOs de ordem 2, 3 ou maior num sistema de EDOs de 1a ordem
com mais funções incógnitas: basta ir introduzindo as derivadas como novas
funções incógnitas. Assim EDOs de todas as ordens e os sistemas de EDOs de
todas as ordens podem ser reduzidos a sistemas de EDOs de 1a ordem (com
mais funções incógnitas).
Exemplos
az 000 + bz 00 + c z 0 + d z = 0
Introduzindo y = z 0 obtemos
a y 00 + b y 0 + c y + d z = 0
introduzindo x = y 0 obtemos
ax 0 + bx + c y + d z = 0
m 1 v 10 = −(k 1 + k 2 )y 1 + k 2 y 2
½
m 2 v 20 = k 2 y 1 − k 2 y 2
m 1 v 10 −(k 1 + k 2 )y 1 + k 2 y 2
=
m 2 v 20
= k2 y 1 − k2 y 2
y 10 = v1
y 20
= v2
x 0 = ax + b y
½
y0 = cx + d y
com mais incógnitas e mais equações lineares, caso haja necessidade. No caso
de sistemas com coeficientes constantes podemos falar de raízes característi-
cas do sistema da seguinte maneira. Escrevendo o sistema com o operador de
derivação D
½
D x = ax + b y
D y = cx + d y
temos que
½
(a − D)x + by = 0
c x + (d − D)y = 0
Podemos enxergar esse último sistema como um sistema linear onde D apa-
rece nos coeificientes. Imitando o método de Cramer, podemos isolar x apli-
cando (d − D) na primeira equação, aplicando multiplicação por −b na se-
5.6. Sistema de EDOs 289
Exemplo
y 00 = −y
1
Para quem já viu esse conceito em IAL.
290 Capítulo 5. Ordem superior e sistemas
Por exemplo, para encontrar as correntes numa rede elétrica de circuitos aco-
plados obtemos o sistema de EDOs de 1a ordem que modela essa rede elétrica
e encontramos os autovalores da matriz dos coeficientes desse sistema. Esse
é um dos motivos porque autovalores são importantes nas aplicações.
E XPONENCIAL DE MATRIZES
Podemos escrever um sistema de coeficientes constantes na forma matricial
µ 0¶ µ ¶
x ax + b y
=
y0 cx + d y
µ ¶µ ¶
a b x
=
c d y
Colocando
x 0 (t )
µ ¶ µ ¶ µ ¶
0 a b x(t )
X (t ) = 0 A= X (t ) =
y (t ) c d y(t )
5.6. Sistema de EDOs 291
Exemplo
x 0 (t ) = ax(t )
½
x(0) = c
x(t ) = e at c
Isso sugere que a solução do PVI para o sistema de EDOs lineares de 1a ordem
X 0 (t ) = AX (t )
½
X (0) = C
¡a b ¢
onde A = c d é matriz constante, seja dada pela exponencial de matrizes
X (t ) = e At C
³ ´
onde a condição inicial é X (0) = x(0)
y(0) = C . O que seria a exponencial de uma
matriz e At ? Nada mais natural que definir isso usando a série de potências da
exponencial e x trocando x por At
t2 t3
e At = I + At + A 2 + A3 + · · ·
2! 3!
292 Capítulo 5. Ordem superior e sistemas
Exemplo
A0 = I A 2 = −I A4 = A2 A2 = I ...
A1 = A A 3 = A 2 A = −A A5 = A4 A = A ...
5.6. Sistema de EDOs 293
Portanto e t A é
µ ¶ µ 2 ¶ µ 4 ¶
1 0 −t /2! 0 t /4! 0
+ 2 + + ...
0 1 0 −t /2! 0 t 4 /4!
t 3 /3! −t 5 /5!
µ ¶ µ ¶ µ ¶
0 −1 0 0
+ + + + ...
1 0 −t 3 /3! 0 5
t /5! 0
µ ¶
cos(t ) − sen(t )
=
sen(t ) cos(t )
¡ c1 ¢
e a solução do sistema com condição inicial C = c2 é dada por
µ ¶µ ¶ µ ¶
tAcos(t ) − sen(t ) c 1 c 1 cos(t ) − c 2 sen(t )
e C= =
sen(t ) cos(t ) c 2 c 1 sen(t ) + c 2 cos(t )
Proposição A.1
Prova:
Para o item A, vamos supor que a n é não-crescente. Definimos o conjunto
C = {a n : n ∈ N}
296 Apêndice A. Apêndice
e o conjunto
B = {b : b ≤ a n para todo n ∈ N},
ilustrados pela figura abaixo.
a n(ε) < a + ε.
Portanto
n ≥ n (ε) =⇒ 0 ≤ a n − a < ε,
mostrando que a n → a. O caso em que a n é não-decrescente pode ser
reduzido ao caso demonstrado acima, o que é deixado como exercício.
Para o item B, vamos supor que a n é não-decrescente. Como a n não é
limitada, para todo R > 0, existe um m tal que R < a m . Portanto, definindo
n(R) = m, segue que
n ≥ n (R) =⇒ R < am ≤ an
e pode ser interpretada como a área da região ilimitada ilustrada pela Figura
??. Se a integral indefinida de f é dada por
Z
f (x) d x = F (x) +C
segue que
Z ∞
f (x) d x = lim [F (x)]ta = [F (x)]∞
a
a t →∞
Para funções positivas, esse limite sempre existe, podendo ser finito ou infi-
nito.
Exemplos
1) Temos que Z ∞
cos(x) d x
0
não existe, uma vez que
Z
cos(x) d x = sen(x) +C
e que o limite
[ sen(x)]∞
0 = lim ( sen(t ) − sen(0)) = lim sen(t )
t →∞ t →∞
não existe.
2) Temos que Z ∞ 1
d x = ∞,
1 x
298 Apêndice A. Apêndice
3) Temos que Z ∞ 1
d x = 1,
1 x2
uma vez que
1 1
Z
d x = − +C
x2 x
e que o limite
1 ∞
· ¸ µ ¶
1 1
− = lim − + = 1.
x 1 t →∞ t 1
Proposição A.2
Temos que
Z ∞ ¤∞
Z ∞
0
g 0 (x) f (x) d x
£
f (x)g (x) d x = f (x)g (x) a −
a a
e também que
Z ∞ 1
Z ∞
f (bx) d x = f (x) d x
a b ab
Prova:
Temos que Z Z
0
f (x)g (x) d x = f (x)g (x) − g 0 (x) f (x) d x
e que Z t ¤t
Z t
0
g 0 (x) f (x) d x.
£
f (x)g (x) d x = f (x)g (x) a −
a a
Fazendo t → ∞, segue que
Z ∞ Z ∞
¤∞
f 0 (x)g (x) d x = f (x)g (x) a − g 0 (x) f (x) d x.
£
a a
1
Z Z
f (bx) d x = f (t ) d t .
b
Temos então que Z ∞ 1
Z ∞
f (bx) d x = f (t ) d t ,
a b ab
uma vez que t = ab, quando x = a, e que t → ∞, quando x → ∞. Como
1 ∞ 1 ∞
Z Z
f (t ) d t = f (x) d x,
b ab b ab
segue que Z ∞ 1
Z ∞
f (bx) d x = f (x) d x.
a b ab
x2 x3 x4 x5
ex = 1 + x + + + + +···
2! 3! 4! 5!
300 Apêndice A. Apêndice
de modo que
x2 x4 x3 x5
µ ¶ µ ¶
ix
e = 1− + +··· +i x − + +···
2! 4! 3! 5!
x2 x4
cos(x) = 1 − + +···
2! 4!
e por
x3 x5
sen(x) = x − + +···
3! 5!
segue que
e i x = cos(x) + i sen(x)
e (a+i b)x = e ax e i bx
de modo que
Exemplos
A.3. Exponencial complexa 301
1) Temos que
2) Temos que
3) Temos que
onde x ∈ R e f e g são funções com valores reais. A derivada dessa função com
valores complexos é definida como
Exemplo
302 Apêndice A. Apêndice
Temos que
³ ´0
ei x = ( cos(x) + i sen(x))0
= − sen(x) + i cos(x)
= i ( cos(x) + i sen(x))
= i ei x
Proposição A.3
Prova:
(1) Por comodidade, vamos suprimir a variável independente da notação.
Considere
y = f +ig, z = u +iv
de modo que
y 0 = f 0 + i g 0, z0 = u0 + i v 0
Temos então que
y z = f u − g v + i ( f v + g u)
A.3. Exponencial complexa 303
de modo que
(y z)0 = f 0 u + u 0 f − (g 0 v + v 0 g ) + i ( f 0 v + v 0 f + g 0 u + u 0 g )
y 0 z = f 0 u − g 0 v + i ( f 0 v + g 0 u)
e que
y z 0 = f u0 − g v 0 + i ( f v 0 + g u0)
Somando essas duas equações, obtemos que
y 0 z + y z 0 = (y z)0
Exemplo
Temos que
³ ´00 ³ ´0
ei x = i ei x
³ ´0
= i ei x
= i (i e i x )
= −e i x
y 00 (x) + y(x) = 0
304 Apêndice A. Apêndice
Proposição A.4
Temos que
³ ´0
e (a+i b)x = (a + i b)e (a+i b)x
Prova:
Uma vez que
e (a+i b)x = e ax e i bx
pela regra da derivada do produto, obtemos que
³ ´0 ¡ ¢0 ³ ´0
e (a+i b)x = e ax e i bx + e i bx e ax
de modo que
³ ´0 ³ ´
e (a+i b)x = ae ax e i bx + i be i bx e ax
¡ ¢
= (a + i b)e ax e i bx
A.3. Exponencial complexa 305
Proposição A.5
Se
y(x) = f (x) + i g (x)
f (x) e g (x)
Prova:
Temos que
y(x) = f (x) + i g (x)
y 0 (x) = f 0 (x) + i g 0 (x)
y 00 (x) = f 00 (x) + i g 00 (x)
Multiplicando a primeira linha por a 0 , a segunda por a 1 e a terceira por
a 2 , obtemos que
Lema A.6
2 P∞ 2
Se ∞
P P∞
n=0 a n < ∞ e n=0 b n < ∞, então n=0 a n b n converge absoluta-
mente e µ∞ ¶2 µ ∞ ¶µ ∞ ¶
X X 2 X 2
an bn ≤ an bn
n=0 n=0 n=0
Prova:
Como |a n b n | ≤ a n2 + b n2 , por comparação, segue que ∞
P
n=0 a n b n converge
absolutamente. Dado x ∈ R, considere a seguinte desigualdade
∞ µ ∞ ¶ µ ∞ ¶ ∞
2
a n2 2
b n2
X X X X
0≤ (a n x + b n ) = x + 2 an bn x +
n=0 n=0 n=0 n=0
Denotando
∞ ∞ ∞
a n2 , b n2
X X X
a= b=2 an bn , c=
n=0 n=0 n=0
modo que
µ ∞ ¶2 µ ∞ ¶µ ∞ ¶
a n2 b n2
X X X
4 an bn ≤4
n=0 n=0 n=0
Proposição A.7
Prova:
n
Como s n → s, temos que s n é limitada e portanto ∞
P
n=0 s n x converge para
|x| < 1. Logo
∞ ∞ ∞
sn x n = s n x n+1 = s n−1 x n
X X X
x
n=0 n=0 n=1
de modo que
∞ ∞
sn x n = a0 + (s n − s n−1 )x n
X X
(1 − x)
n=0 n=1
∞
an x n
X
=
n=0
de modo que
∞ ∞
a n x n = (1 − x) (s − s n )x n
X X
s−
n=0 n=0
Segue então que
µ ∞ ¶2 µ ∞ ¶2
n 2 n
X X
s− an x = (1 − x) (s − s n )x
n=0 n=0
µ∞ ¶µ ∞ ¶
2 2 2n
X X
≤ (1 − x) (s − s n ) x
n=0 n=0
µ∞ ¶
2
X 2 1
= (1 − x) (s − s n )
n=0 1 − x2
µ ∞ ¶
1−x
2
X
= (s − s n )
n=0 1+x
1−x
lim =0
x→1 1 + x
Corolário A.8
n n
Se ∞
P
n=0 (−1) aP
n x possui raio de convergência R = 1, com a n decres-
cente e tal que n=0 a n2 < ∞, então
∞
∞ ∞
(−1)n a n x n = (−1)n a n
X X
lim
x↑1 n=0 n=0
Prova:
n
a n converge e que (s − s n )2 ≤ a n2 .
P∞
Temos que a série alternada n=0 (−1)
A.4. Continuidade de séries de potências 309
Exemplos
possui raio R = 1 e
X∞ 1
2
<∞
n=0 n
Segue então que
∞ 1 ∞ 1
(−1)n x n = (−1)n
X X
lim
x↑1 n=0 n n=0 n
possui raio R = 1 e
∞
X 1
2
<∞
n=0 (2n + 1)
Segue então que
∞ 1 ∞ 1
(−1)n x 2n+1 = (−1)n
X X
lim
x↑1 n=0 2n + 1 n=0 2n + 1
310 Apêndice A. Apêndice
π X∞ 1
= (−1)n
4 n=0 2n + 1
de modo que
∞ 1
π=4 (−1)n
X
n=0 2n + 1
Lema A.9
|s m − t m | ≤ |s − t |nr m−1
Prova:
É fácil verificar que
como desejavamos.
Proposição A.10
P∞ n
Seja n=0 a n x uma série de potências com raio R > 0. Se |c n | < |h|, então
∞ ∞
a n n(x + c n )n−1 = a n nx n−1
X X
lim
h→0 n=1 n=1
Prova:
Temos que
¯∞ ∞
¯ ¯∞ ¯
n−1 n−1 ¯ n−1 n−1 ¯
¯X X ¯ ¯X ¯
¯
¯ a n n(x + c n ) − a n nx ¯ = ¯
¯ a n n((x + c n ) −x )¯
n=1 n=1 n=1
∞
|a n |n ¯(x + c n )n−1 − x n−1 ¯
X ¯ ¯
≤
n=0
312 Apêndice A. Apêndice
Como x ∈ (−R, R), temos que |x| < r , para algum r < R. Para h suficiente-
mente pequeno, temos que |x + c n | < r , uma vez que |c n | < |h|. Usando o
lema, com s = x + c n , com t = x e com m = n − 1, segue que
de modo que
¯∞ ∞
¯ ∞
n−1 n−1 ¯
|a n |n|c n |(n − 1)r n−2
¯X X ¯ X
¯
¯ a n n(x + c n ) − a n nx ¯ ≤
n=1 n=0 n=1
Logo
¯∞ ∞
¯
n−1 n−1
¯X X ¯
¯
¯ a n n(x + c n ) − a n nx ¯ ≤ |h|L
¯
n=1 n=0
n−2
onde L = ∞
P
n=1 |a n |n(n − 1)r não depende de h. O resultado segue en-
tão por sanduíche.
Proposição A.11
P∞ P∞
Sejam n=0 a n e n=0 b n duas séries que convergem absolutamente. En-
A.6. Soluções por séries de potências 313
tão µ ∞
X
¶µ ∞
X
¶ ∞
X
an bn = cn
n=0 n=0 n=0
onde
n
X
cn = a n−k b k .
k=0
Prova:
Vamos primeiro mostrar que
µ ∞
X
¶µ ∞
X
¶ ∞
X
|a n | |b n | = dn ,
n=0 n=0 n=0
onde
n
X
dn = |a n−k ||b k |
k=0
onde [x] denota a parte inteira de x. Essa desigualdade pode ser visua-
lizada através da seguite matriz. O primeiro termo da desigualdade é a
soma das entradas da submatriz [m/2] por [m/2]. O termo intermediário
é a soma das entradas do triângulo de vértices |a 0 ||b 0 |, |a 0 ||b m | e |a m ||b 0 |.
Já o terceiro termo da desigualdade é a soma de todas as entradas da ma-
triz m por m.
|a 0 ||b 0 | ··· |a 0 ||b [m/2] | ···
|a 0 ||b m |
.. .. ..
. ··· . ··· .
|a [m/2] ||b 0 | ··· |a [m/2] ||b [m/2] | · · · |a [m/2] ||b m |
.. .. ..
. ··· . ··· .
|a m ||b 0 | ··· |a m ||b [m/2] | ··· |a m ||b m |
314 Apêndice A. Apêndice
de modo que
¯µ m ¶µ m ¶ m ¯ µm ¶µ m ¶ m
¯ X X X ¯ X X X
¯
¯ a n b n − c n
¯
¯ ≤ |a n | |b n | − dn
n=0 n=0 n=0 n=0 n=0 n=0
Corolário A.12
n n
Sejam ∞ e ∞
P P
n=0 a n x n=0 b n x duas séries que convergem absoluta-
mente. Então µ∞ ¶µ ∞ ¶ ∞
n n
cn x n
X X X
an x bn x =
n=0 n=0 n=0
onde
n
X
cn = a n−k b k
k=0
Prova:
Segue da proposição anterior e do fato de que
à !
n n
n−k k
a n−k b k x n
X X
a n−k x bk x =
k=0 k=0
y(0) = y 0 , y 0 (0) = y 1
Proposição A.13
Prova:
316 Apêndice A. Apêndice
Escrevendo
∞ ∞
pn xn qn x n
X X
p(x) = e q(x) =
n=0 n=0
e que
µ ∞ ¶µ ∞ ¶
0 n n
X X
y (x)q(x) = a n+1 (n + 1)x qn x
n=0 n=0
à !
∞ X n
a k+1 (k + 1)q n−k x n
X
=
n=0 k=0
para que y(x) seja solução do PVI, somando as equações acimas, obtemos
que
à !
∞ n
a k+1 (k + 1)q n−k + a k p n−k x n
X X
0= a n+2 (n + 2)(n + 1) +
n=0 k=0
A.6. Soluções por séries de potências 317
a 0 = y(0) = y 0 e a 1 = y 0 (0) = y 1
A 0 = |a 0 | e A 1 = |a 1 |
A n+1
lim =1
An
Proposição A.14
Se p(x) e q(x) são séries de potências, então todo PVI possui uma solu-
A.7. Regra de Cramer 319
ção y(x) dada por uma série de potências que converge pelo menos em
(−R, R), onde R é o menor dos raios de converência de p(x) e q(x).
Prova:
Considere 0 < r < R arbitrário. Temos que y(x) é solução do PVI
00 0
y (x) + q(x)y (x) + p(x)y(x) = 0
y(0) = y 0 , y 0 (0) = y 1
z(0) = y 0 , z 0 (0) = y 1
Proposição A.15
Se ¯ ¯
¯ a b ¯
¯ ¯ 6= 0
¯ c d ¯
320 Apêndice A. Apêndice
cx + d y = f
Prova:
Para obtermos x, primeiro multiplicamos a primeira linha do sistema por
d e a segunda linha do sistema por b, de modo que
ad x + bd y = ed
bc x + bd y = fb
(ad − bc)x = ed − f b
de modo que ¯ ¯
¯
¯ e b ¯¯
ed − f b ¯ f d ¯
x= =¯ ¯
ad − bc ¯¯ a b ¯¯
¯ c d ¯
Para obtermos y, primeiro multiplicamos a primeira linha do sistema por
c e a segunda linha do sistema por a, de modo que
ac x + bc y = ce
ac x + ad y = a f
A.7. Regra de Cramer 321
(ad − bc)y = a f − ce
de modo que ¯ ¯
¯
¯ a e ¯¯
a f − ce ¯ c f ¯
y= =¯ ¯
ad − bc ¯¯ a b ¯¯
¯ c d ¯
Proposição A.16
Se ¯ ¯
¯ a 11 a 12 · · · a 1n ¯
¯ ¯
¯ a 21 a 22 · · · a 2n ¯
¯ 6= 0
¯ ¯
¯ .. .. ..
¯ . . ··· . ¯
¯ ¯
¯ a
n1 a n2 · · · a nn ¯
.. .. .. .
= ..
. + . + ··· + .
a n1 x 1 + a n2 x 2 + · · · + a nn x n = b n
322 Apêndice A. Apêndice
a n (x)y (n) (x) + a n−1 (x)y (n−1) (x) + · · · + a 1 (x)y 0 (x) + a 0 (x)y(x) = f (x)
a n (x)y (n) (x) + a n−1 (x)y (n−1) (x) + · · · + a 1 (x)y 0 (x) + a 0 (x)y(x) = 0
y (n) (x) + p n−1 (x)y (n−1) (x) + · · · + p 1 (x)y 0 (x) + p 0 (x)y(x) = g (x)
onde
a k (x)
p k (x) =
a n (x)
f (x)
g (x) =
a n (x)
são funções contínuas, para todo x tal que a n (x) 6= 0.
A.8. EDO linear de ordem superior 323
S OLUÇÃO DA HOMOGÊNEA
Vamos mostrar que, assim como no caso de uma EDO linear homogênea de
2ª ordem, a solução geral de uma EDO linear homogênea de ordem superior
é dada pela combinação linear
c 1 y 1 (x) + c 2 y 2 (x) = 0
Então
W (y 1 (x), y 2 (x), . . . , y n (x)) = ce −P n−1 (x)
onde c ∈ R e Z
p n−1 (x) d x = P n−1 (x) +C
Prova:
Por comodidade, vamos denotar o Wronskiano W (y 1 (x), y 2 (x), . . . , y n (x))
apenas por W (x). Basta então provarmos que o Wronskianos satisfaz a
seguinte EDO
W 0 (x) + p n−1W (x) = 0
Vamos então calcular a derivada do Wronskiano
W (x + h) − W (x)
W 0 (x) = lim
h→0 h
W (x + h) − W (x) =
¯ y (x+h) y 2 (x+h) ··· y n (x+h)
¯ ¯ y 1 (x) y 2 (x) ··· y n (x) ¯
¯ 10 ¯ ¯ 0 ¯
¯ y 1 (x+h) y 20 (x+h) ··· y n0 (x+h) ¯ ¯ y 1 (x) y 20 (x) ··· y n0 (x) ¯
.. .. .. ¯ ¯ .. .. .. ¯
¯ ¯ ¯ ¯
=¯ ¯−¯ .
¯
¯ y (n−2).(x+h) . . ¯ ¯ (n−2) (x) . . ¯¯
¯ 1 y 2(n−2) (x+h) ··· yn(n−2)
(x+h) ¯ ¯ y 1 y 2(n−2) (x) ··· y n(n−2) (x) ¯
¯ y (n−1) (x+h) y 2(n−1) (x+h) ··· y (n−1) (x+h)
¯ ¯ y (n−1) (x) y 2(n−1) (x) ··· y (n−1) (x)
¯
1 n 1 n
W (x + h) − W (x) =
¯ y (x+h) y 2 (x+h) ··· y n (x+h)
¯ ¯ y 1 (x) y 2 (x) ··· y n (x) ¯
¯ 10 ¯ ¯ 0 ¯
¯ y 1 (x+h) y 20 (x+h) ··· y n0 (x+h) ¯ ¯ y 1 (x+h) y 20 (x+h) ··· y n0 (x+h) ¯
.. .. .. .. .. ..
¯ ¯ ¯ ¯
=¯ ¯−¯ ¯+
¯ ¯ ¯ ¯
¯ y (n−2).(x+h) . . . . .
(n−2)
y 2(n−2) (x+h) ··· y n(n−2) (x+h) ¯ ¯ y 1 (x+h) y 2(n−2) (x+h) ··· yn(n−2)
(x+h) ¯
¯ ¯ ¯
¯ 1
(n−1)
y 2(n−1) (x+h) y (n−1) (x+h)
¯ y (n−1) (x+h) y 2(n−1) (x+h) ··· y (n−1)
(x+h)
¯ ¯ y (x+h) ···
¯
1 n 1 n
..
.
¯ y (x+h) y 2 (x+h) ··· y n (x+h)
¯ ¯ y 1 (x) y 2 (x) ··· y n (x) ¯
¯ 10 ¯ ¯ 0 ¯
¯ y 1 (x+h) y 20 (x+h) ··· y n0 (x+h) ¯ ¯ y 1 (x) y 20 (x) ··· y n0 (x) ¯
.. .. .. ¯ ¯ .. .. .. ¯
¯ ¯ ¯ ¯
+¯ ¯−¯ .
¯
. . . ¯ ¯ (n−2) (x) . . ¯¯
y 2(n−2) (x) ··· y n(n−2) (x) ¯
¯ y (n−2) y 2(n−2) (x) y n(n−2) (x) ¯ ¯ y 1
¯ 1 (x) ···
¯ y (n−1) (x+h) (n−1)
y2 (x+h) ··· y (n−1) (x+h)
¯ ¯ y (n−1) (x) y 2(n−1) (x) ··· y (n−1) (x)
¯
1 n 1 n
Para analisar essas diferenças vamos utilizar o fato de que se dois determi-
nates diferem apenas numa única linha, sua diferença é o determinante
onde as linha coincidentes são repetidas e na linha que difere aparece a
diferença das linhas originais. Temos então que
326 Apêndice A. Apêndice
W (x + h) − W (x) =
¯ y (x+h)−y (x) y 2 (x+h)−y 2 (x) ··· y n (x+h)−y n (x) ¯
¯
¯ 1 0 1
¯ y 1 (x+h) y 20 (x+h) ··· y n0 (x+h) ¯
.. .. ..
¯ ¯
=¯ ¯+
¯ ¯
¯ y (n−2).(x+h) .
y 2(n−2) (x+h) ···
.
y n(n−2) (x+h)
¯
¯ 1 ¯
¯ y (n−1) (x+h) y 2(n−1) (x+h) ··· y n(n−1) (x+h)
¯
1
..
.
W (x + h) − W (x)
=
h
¯ y (x+h)−y (x) y (x+h)−y (x) y n (x+h)−y n (x)
¯ ¯ y (x) y 2 (x) ··· y n (x)
¯
¯ 1 h 1 2
h
2 ··· h
¯ ¯ 0 1 0 ¯
¯ 0 0
¯ ¯ y1 (x+h)−y1 (x) y 0 (x+h)−y 0 (x) 0 (x+h)−y 0 (x)
yn
y n0 (x+h) n
2 2
¯
¯ y 1 (x+h) y 2 (x+h) ··· ¯ ¯ h h ··· h
¯
. .. .. .. .. ..
¯ ¯ ¯ ¯
=¯
¯ .. . .
¯+¯ ¯+
¯ ¯ y (n−2).(x+h) . .
¯ ¯ ¯
¯ y (n−2) (x+h) y (n−2) (x+h) ··· y n(n−2) (x+h) y 2(n−2) (x+h) ··· y n(n−2) (x+h)
¯
¯ 1 2 ¯ ¯ 1 ¯
¯ y (n−1) (x+h) y (n−1) (x+h) ··· y n(n−1) (x+h)
¯ ¯ y (n−1) (x+h) y 2(n−1) (x+h) ··· y n(n−1) (x+h)
¯
1 2 1
..
.
W (x + h) − W (x)
W 0 (x) = lim =
h→0 h
¯ 0 ¯ ¯
y 20 ··· y n0 ¯ ¯ y 1 y2 yn
¯ y1 ··· ¯ ¯ y1 y2 ··· yn ¯
00
y 200 y n00
¯ 0
y 20 y n0
¯ ¯
y 20 ··· y n0 ¯ ¯ y 1 ¯ y1
¯ 0 ··· ···
¯ y1
¯ ¯ ¯
.. ¯¯ + ¯¯ .. .. .. ¯ ¯ . .. .. ¯
¯ ¯ ¯ ¯
= ¯¯ ... ..
. ¯ + · · · + ¯ ..
¯
. . ¯ ¯ (n−2) . . . . ¯
(n−2) (n−2) ¯ ¯ y (n−2)
¯ y (n−2) y 2(n−2) ··· y n(n−2) ¯¯ ¯ y 1 y2 ··· yn y 2(n−2) ··· y n(n−2) ¯
¯
¯ 1 ¯ ¯ 1
¯ y (n−1) ¯ y (n−1) y (n−1) y (n−1)
¯ y (n) y 2(n) y (n)
y (n−1) ··· y n(n−1) ¯ ··· ···
¯ ¯
1 2 1 2 n 1 n
¯ y1 ··· yn ¯
y 10 y n0
¯ ¯
¯ ··· ¯
.. ..
¯ ¯
+¯ . .
¯ ¯
¯
y 1(n−2) ··· y n(n−2)
¯ ¯
¯ ¯
(n−2) (n−2)
n−2 y 1 −···−p 1 y 10 −p 0 y 1 −p n−2 y n −···−p 1 y n0 −p 0 y n
¯ −p ···
¯
Vamos mostrar agora que a mesma relação entre as soluções serem funda-
mentais e seu Wronskiano não se anular, válida no caso de EDOs de 2ª ordem,
A.8. EDO linear de ordem superior 329
Proposição A.18
Prova:
Vamos mostrar que (A) é equivalente a (B) e, depois, que (B) é equivalente
a (C).
Para mostrar que (A) e (B) são equivalentes, primeiro lembramos que
W (y 1 (x 0 ), y 2 (x 0 ), . . . , y n (x 0 )) 6= 0
c 6= 0
para todo x.
Para mostrar que (B) e (C) são equivalentes, basta lembrar que um de-
terminante é não nulo se e só se suas colunas são linearmente indepen-
dentes.
Finalmente vamos mostrar que a solução geral de uma EDO linear de or-
dem n é dada pela combinação linear de soluções fundamentais.
Proposição A.19
onde c 1 , c 2 , . . . , c n ∈ R.
Prova:
Seja z(x) uma solução qualquer da EDO. Temos que
obtemos que
a −P n−1 (x)
W (z(x), y 2 (x), . . . , y n (x)) = be = c 1W (y 1 (x), y 2 (x), . . . , y n (x))
b
onde c 1 = a/b. Segue também que
.. .. ..
. . .
z (n−2) (x) − c 1 y 1(n−2) (x) = c 2 (x)y 2(n−2) (x) + · · · + c n (x)y n(n−2) (x)
z (n−1) (x) − c 1 y 1(n−1) (x) = c 2 (x)y 2(n−1) (x) + · · · + c n (x)y n(n−1) (x)
332 Apêndice A. Apêndice
.. .. ..
. . .
c 20 (x) = · · · = c n0 (x) = 0
para todo x, de modo que c 2 (x), . . . , c n (x) são funções constantes. Segue
então que
z(x) = c 1 y 1 (x) + c 2 y 2 (x) + · · · + c n y n (x)
como queríamos demonstrar.
Passos
A.8. EDO linear de ordem superior 333
Impondo que
obtemos que
Impondo que
obtemos que
.. .. ..
. . .
.. .. ..
. . .
.. .. ..
. . .
que é não nulo, uma vez que y 1 (x), y 2 (x), . . . , y n (x) são solu-
ções fundamentais. Utilizando a regra de Cramer, determinamos
c 10 (x), . . . , c n0 (x) e, integrando, obtemos c 1 (x), . . . , c n (x).
Proposição A.20
C OEFICIENTES CONSTANTES
Proposição A.21
(p(D)q(D))y = p(D)(q(D)y)
Além disso, se
p(D)y = 0
q(D)z = 0
então
p(D)q(D)(y + z) = 0
A.8. EDO linear de ordem superior 337
Prova:
Se
p(D) = a n D n + · · · + a 1 D + a 0
q(D) = b m D m + · · · + b 1 D + b 0
segue que
q(D)y = b m y (m) + · · · + b 1 y 0 + b 0 y
Como a derivada separa soma e comuta com o produto por escalar, segue
que
(p(D)q(D))y = p(D)(q(D)y)