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Lista 1

1
Exercı́cio 1.1

Vamos provar que cada um dos axiomas d1-d4 valem para tal função d.

d1) ∀x ∈ M , d(x, x) = 0 :

Como x = x, segue da propriedade a) que d(x, x) = 0.

d2) ∀x, y ∈ M , x ̸= y =⇒ d(x, y) > 0 :

Sejam x, y ∈ M quaisquer tais que x ̸= y. Pela propriedade b) temos

d(x, x) ≤ d(x, y) + d(x, y)

=⇒ 0 ≤ 2d(x, y)

=⇒ d(x, y) ≥ 0 .

Como x ̸= y, segue da propriedade a) que d(x, y) ̸= 0, então d(x, y) > 0, como querı́amos.

d3) ∀x, y ∈ M , d(x, y) = d(y, x) :

Sejam x, y ∈ M quaisquer, pela propriedade b) temos

d(x, y) ≤ d(x, x) + d(y, x)

=⇒ d(x, y) ≤ d(y, x) .

Similarmente, d(y, x) ≤ d(x, y), então só podemos ter d(x, y) = d(y, x).

d4) ∀x, y, z ∈ M , d(x, z) ≤ d(x, y) + d(y, z) :

Para quaisquer x, y, z ∈ M , segue da propriedade b) que

d(x, z) ≤ d(x, y) + d(z, y) ,

como sabemos que d(z, y) = d(y, z), temos o que querı́amos.

2
Exercı́cio 1.2

De fato, a desigualdade triangular não é satisfeita, temos, por exemplo, d(0, 1) + d(1, 2) = 2 < 4 = d(0, 2) .

Exercı́cio 1.3

Seja M = (X, d) um espaço métrico com X finito.

Como X é finito, o conjunto S = {(x, y) ∈ X × X : x ̸= y} é finito, daonde d|S possui um valor


mı́nimo m.

Pela definição de S junto com a propriedade d2), segue que m > 0. Em particular, para quaisquer x, y ∈ X
distintos, vale d(x, y) ≥ m > m2 > 0.

Daı́, se p ∈ X é qualquer, temos B(p, m


2 ) = {p}, mostrando que p é isolado.

Como p era arbitrário, M é discreto.

Exercı́cio 1.4

Vamos começar mostrando que d : P n → R está bem definida como função.

Considere a, b, b′ ∈ S n com [b] = [b′ ], vamos mostrar que d([a], [b]) = d([a], [b′ ]).

Como [b] = [b′ ], temos b′ = b ou b′ = −b. Se b′ = b o que querı́amos fica claro, e se b′ = −b, temos

d([a], [b]) = min{|a − b|, |a + b|} = min{|a + b′ |, |a − b′ |} = min{|a − b′ |, |a + b′ |} = d([a], [b′ ]) .

Similarmente, d([b], [a]) = d([b′ ], [a]), o que mostra a boa definição de d.

Agora mostremos que d é uma métrica em P n . Para faciltar a notação, podemos considerar elementos
arbitrários de S n e trabalhar com o elemento em P n associado.

d1) ∀x ∈ S n , d([x], [x]) = 0 :

De fato, d([x], [x]) = min{|x − x|, |x + x|} = min{0, 2} = 0.

d2) ∀x, y ∈ S n , [x] ̸= [y] =⇒ d([x], [y]) > 0 :

Sejam x, y ∈ S n quaisquer, vamos provar a contrapositiva, isto é: d([x], [y]) ≤ 0 =⇒ [x] = [y] .

Comece observando que d é o mı́nimo de dois valores não-negativos, sendo, portanto, não negativo. As-
sim, temos por hipótese que d([x], [y]) = 0.

Então |x − y| = 0 ou |x + y| = 0. Ou teremos x = y ou x = −y, em ambos casos [x] = [y], como


querı́amos.

3
d3) ∀x, y ∈ S n , d([x], [y]) = d([y], [x]) :

Basta observar que, para x, y ∈ S n quaisquer, vale |x − y| = |y − x| e |x + y| = |y + x| .

d4) ∀x, y, z ∈ S n , d([x], [z]) ≤ d([x], [y]) + d([y], [z]) :

Tome x, y, z ∈ S n quaisquer.

Se necessário, substitua x por −x e/ou z por −z de modo a termos |x − y| ≤ |x + y| e |y − z| ≤ |y + z|. Não


perdemos generalidade, pois essa substituição não afeta [x] nem [z].

Assim temos d([x], [y]) = d(x, y) e d([y], [z]) = d(y, z), onde d se refere a norma euclidiana em S n onde
apropriado.

Além disso, note que d([x], [z]) = min{d(x, z), d(x, −z)} ≤ d(x, z). Então, usando a desigualdade trian-
gular em S n , temos

d([x], [z]) ≤ d(x, z) ≤ d(x, y) + d(y, z) = d([x], [y]) + d([y], [z]) .

Logo, d é métrica em P n .

Repetindo parte do argumento usado na última propriedade, temos

d(π(x), π(y)) = d([x], [y]) = min{|x − y|, |x + y|} ≤ |x − y| = d(x, y) ,

como querı́amos.


Por fim, vamos provar que se x, y ∈ S n com d(x, y) ≤ 2, então |x − y| ≤ |x − (−y)|. Daı́ segue que
para quaisquer x, y ∈ X vale d(π(x), π(y)) = d(x, y).

Note que |x − y| ≤ |x − (−y)| equivale a θx,y ≤ θx,−y , onde θx,y e θx,−y são os ângulos (no intervalo
[0, π]) entre x e y e entre x e −y respectivamente. Esta equivalência vale, pois todos vetores de S n tem a
mesma norma.
π
Como θx,y + θx,−y = θy,−y = π, segue que θx,y ≤ θx,−y , por sua vez, equivale a θx,y ≤ .
2
p p
Pela lei dos cossenos, temos d(x, y) = 12 + 12 − 2 · 1 · 1 cos(θx,y ) = 2(1 − cos(θx,y )). Assim, obtemos

d(x, y) ≤ 2

=⇒ d(x, y)2 ≤ 2

=⇒ 1 − cos(θx,y ) ≤ 1

=⇒ cos(θx,y ) ≥ 0
h πi
=⇒ θx,y ∈ 0, ,
2
o que completa a demonstração.

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Exercı́cio 1.5.a)

Suponha, sem perda de generalidade, que d(a, X) ≥ d(b, X), assim queremos provar que
d(a, X) ≤ d(a, b) + d(b, X).

Usando a definição, podemos reescrever essa desigualdade como

inf d(a, x) ≤ inf d(a, b) + d(b, x) .


x∈X x∈X

Assim, basta observar que, para qualquer x ∈ X, pela desigualdade triangular, d(a, x) ≤ d(a, b) + d(b, x).

Exercı́cio 1.5.b)

Suponha o contrário, isto é, toda bola B centrada em a contém um ponto p tal que d(f (p), Y ) = 0.

Seja ϵ > 0 qualquer.

Como f é contı́nua, existe δ > 0 tal que d(a, x) < δ implica d(f (a), f (x)) < ϵ. Considere o ponto p ∈ B(a, δ)
tal que d(f (p), Y ) = 0, temos

d(f (a), Y ) ≤ d(f (a), f (p)) + d(f (p), Y ) = d(f (a), f (p)) + 0 = d(f (a), f (p)) < ϵ ,

assim d(f (a), Y ) = 0.

Exercı́cio 1.6

Sejam a ∈ (0, +∞) e ϵ > 0 qualquer, vamos mostrar que existe m tal que d(a, x) < m implica δ(a, x) < ϵ,
daonde segue que d é mais fina que δ.
2m
Tome m ∈ (0, a) pequeno suficiente para que < ϵ [∗]. Assim, para x ∈ (0, +∞), temos
a2 − m2
|a − x| < m

=⇒ x ∈ (a − m, a + m)

 
1 1 1
=⇒ ∈ , [∗∗]
x a+m a−m

1 1 1 1 2m
=⇒ − <
− = 2 <ϵ,
a x a−m a+m a − m2

como querı́amos.

5
 
1 2µ
Por outro lado, podemos tomar µ ∈ 0, tal que < ϵ [∗ ∗ ∗]. Assim, temos
a 1 2
− µ
a2
1
− 1 < µ

a x

 
1 1 1
=⇒ ∈ −µ , +µ
x a a
 
1 1
=⇒ x ∈  , [∗ ∗ ∗∗]
 
1 1 
+µ −µ
a a

1 1 2µ
=⇒ |a − x| < − = <ϵ.
1 1 1 2
−µ +µ − µ
a a a2

Então δ é mais fina que d, daonde concluı́mos que as métricas são equivalentes.

x
[∗], [∗∗] : m e µ como descritos existem, pois, fixado k > 0, temos → 0 quando x → 0.
k − x2

1
[∗∗], [∗ ∗ ∗∗] : Aqui estamos usando que f (x) := é decrescente em (0, +∞). Dada f nessas condições,
x
vale: x ∈ (a, b) ⇐⇒ f (x) ∈ (f (b), f (a)) .

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Lista 2

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Exercı́cio 2.1

Vamos mostrar que se f não é limitada, então não é contı́nua.

Suponha f ilimitada. Assim, existe umas sequência {xn } em [a, b] com |f (xn )| → ∞.

Como [a, b] é compacto, considere que a sequência mencionada é convergente em [a, b], tomando uma sub-
sequência se necessário, e seja x o limite dessa sequência.

Assim |f (xn )| → ∞ e xn → x, em particular f (xn ) ̸→ f (x), mostrando que f é descontı́nua em x.

Exercı́cio 2.2

Seja I um intervalo fechado e limitado e f : I → R contı́nua. Pelo exercı́cio anterior, f (I) é limitado.

Considere uma sequência {yn } com cada yk ∈ f (I) e yn → y, queremos mostrar que y ∈ f (I).

De fato, podemos reescrever essa sequência por {f (xn )} com cada xn ∈ I. Como I é compacto, tomando
uma subsequência se necessário, podemos considerar xn → x com x ∈ I. Por f ser contı́nua, segue que
f (x) = y, como querı́amos.

Por fim, qualquer outra combinação de fechado/não-fechado e limitado/ilimitado pode ter uma imagem
de tipo completamente diferente por uma função contı́nua:

i) fechado + ilimitado → não-fechado + limitado :


x
f (x) := é contı́nua em [0, +∞), mas f ( [0, +∞) ) = [0, 1) .
x+1

ii) não-fechado + ilimitado → fechado + limitado :

f (x) := sin(x) é contı́nua em toda reta, mas f ( R \ {0} ) = [−1, 1] .

iii) não-fechado + limitado → fechado + ilimitado :



1
1 −
 , −1<x≤0
f (x) := 1+x é contı́nua em (−1, 1), mas f ( (−1, 1) ) = R .
1

 −1 , 0<x<1
1−x

Exercı́cio 2.3

Ver exercı́cio 1.5.b) .

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Exercı́cio 2.4

Sejam d1 e d2 métricas equivalentes em E e δ1 e δ2 métricas equivalentes em F todas induzidas por normas,


e f : E → F uma aplicação Lipschitz em relação às métricas d1 e δ1 .

Como δ1 ∼ δ2 , existe α > 0 tal que: ∀y1 , y2 ∈ F , δ2 (y1 , y2 ) ≤ α · δ1 (y1 , y2 ) .

Como f é Lipschitz, existe β > 0 tal que: ∀x1 , x2 ∈ E , δ1 (f (x1 ), f (x2 )) ≤ β · d1 (x1 , x2 ) .

Por fim, como d1 ∼ d2 , existe γ > 0 tal que: ∀x1 , x2 ∈ E , d1 (x1 , x2 ) ≤ γ · d2 (x1 , x2 ) .

Então, para quaisquer x1 , x2 ∈ E temos :

δ2 (f (x1 ), f (x2 )) ≤ α · δ1 (f (x1 ), f (x2 ))

≤ α · β · d1 (x1 , x2 )

≤ α · β · γ · d2 (x1 , x2 ) ,

mostrando que f é Lipschitz em relação às métricas d2 e δ2 .

Esse resultado não vale em geral, pois a existência de α e γ depende das métricas serem induzidas por
normas.

Como um contraexemplo do caso geral, considere d1 = δ1 = δ2 uma métrica ilimitada em um espaço


métrico M , f : M → M a identidade e d2 uma métrica limitada equivalente (como min{1, d1 }, por exemplo).

Claramente, f : (M, d1 ) → (M, δ1 ) é Lipschitz (pois é a identidade e d1 = δ1 ), δ1 ∼ δ2 e, por construção,


d1 ∼ d2 .

Mas como d2 é limitada enquanto δ2 é ilimitada e f é sobrejetiva, f : (M, d2 ) → (M, δ2 ) não pode ser
Lipschitz.

Exercı́cio 2.5

Considere X ⊂ M tal que int(X) = int(X c ) = ∅.

Seja B uma bola aberta. Como int(X) é vazio, há um ponto de X c em B. Similarmente, int(X c ) é
vazio, então há um ponto de (X c )c = X em B. Ou seja, toda bola aberta contem tanto pontos de X quanto
de X c , mostrando que ∂X = M .

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Exercı́cio 2.6

Se F = ∅, temos int(F ) ⊆ F = ∅, daonde int(F ) = ∅.

Agora considere ∅ ⊊ F ⊊ E. Assim existe w ∈ E \ F . Normalizando se necessário, podemos


considerar |w| = 1.

Sejam v ∈ F e ϵ > 0 quaisquer. Como v ∈ F e w ∈ / F , segue que v + ϵ · w ∈


/ F , além disso d(v, v + ϵ · w) = ϵ.
Como ϵ era arbitrário, v ∈
/ int(F ). E como v era arbitráio, int(F ) = ∅.

Por fim, toda variedade afim a + F tem interior vazio. De fato, se existisse B ⊆ a + F bola aberta,
B − a seria uma bola aberta contida em F , o que é um absurdo.

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Lista 3

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Exercı́cio 3.1

Vamos mostrar que se f é contı́nua em algum ponto, então é contı́nua em todos. Daı́ segue por contra-
positiva o resultado para descontinuidade.

Se f é contı́nua em 0E , sabemos que segue que f é contı́nua em todo ponto. Vamos mostrar que con-
tinuidade em um ponto qualquer implica continuidade em 0E .

Suponha que f é contı́nua em x ∈ E e seja {ϵn } ⊂ E tal que ϵn → 0E . Queremos mostrar que
f (ϵn ) → f (0E ) = 0F .

Por continuidade em x, temos: f (x + ϵn ) → f (x)

E da linearidade de f : f (x) + f (ϵn ) → f (x)

Ou seja, f (ϵn ) → 0F , como querı́amos.

Exercı́cio 3.2

Seja f : M → N com c > 0 e α > 0 como no enunciado. Dado ϵ > 0, tome δ > 0 tal que c · δ α < ϵ.

Assim para qualquer x ∈ M vale:

∀y ∈ M , d(x, y) < δ =⇒ d(f (x), f (y)) ≤ c · d(x, y)α < c · δ α < ϵ ,

mostrando não só que f é contı́nua, mas uniformemente contı́nua.

Agora considere f : I → R e α > 1. Vamos mostrar que f é diferenciável e possui derivada identica-
mente nula, ou seja, é constante.

De fato, escreva α = 1 + ϵ, com ϵ > 0. Assim, para x, x + t ∈ I, da condição de Hölder, temos



f (x + t) − f (x)
≤ c · |t|ϵ → 0 quando t→0.
t

Note que poderı́amos considerar um aberto conexo U ⊂ Rn no lugar de I e este argumento ainda fun-
cionaria para cada derivada parcial.

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Exercı́cio 3.3

Considere x ∈ ∂A qualquer.

Pela definição de fronteira, toda vizinhança de x possui um ponto x+ ∈ A e um ponto x− ∈ Ac .

Pela definição de A, f (x+ ) > 0 e f (x− ) ≤ 0. Como f é contı́nua, só podemos ter f (x) = 0.

Como exemplo de que f (x) = 0 não implica x ∈ ∂A, considere uma função g : M → R contı́nua e definina
f (x) = max(0, g(x)), assim f ainda é contı́nua e é nula em M \ A.

Note que A = {x ∈ M : f (x) > 0} = {x ∈ M : g(x) > 0}. Então escolhendo g tal que M \ A
possua pontos fora de ∂A, temos o exemplo.

Exercı́cio 3.4

(=⇒)

Suponha que x ∈ f −1 (int Y ). Então f (x) ∈ int Y , isto é, existe uma bola aberta B ′ = B(f (x), ϵ) tal
que f (x) ∈ B ′ ⊂ Y .

Como f é contı́nua, existe uma bola aberta B = B(x, δ) tal que f (B) ⊂ B ′ ⊂ Y . Como f (B) ⊂ Y ,
temos B ⊂ f −1 (Y ), mas x ∈ int B , então x ∈ int f −1 (Y ).

(⇐=)

Seja x ∈ M qualquer, vamos mostrar que f é contı́nua em x.

Dado ϵ > 0, considere a bola aberta B ′ = B(f (x), ϵ) ⊂ N .

Como x ∈ f −1 (int B ′ ), aplicando a hipótese, segue que x ∈ int f −1 (B ′ ). Então existe uma bola aberta
B = B(x, δ) tal que B ⊂ f −1 (B ′ ) , isto é, tal que f (B) ⊂ B ′ , mostrando que f é contı́nua em x.

Exercı́cio 3.5

De fato, para qualquer n ∈ N vale x ∈ B(x, 1/n). Além disso, se A ∋ x é um conjunto aberto, existe
ϵ > 0 tal que B(x, ϵ) ⊂ A. Tomando k ∈ N tal que 1/k < ϵ, temos B(x, 1/k) ⊂ B(x, ϵ) ⊂ A.

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Exercı́cio 3.6

i)

De fato, começamos observando que, trivialmente, ∅ e W(R) são abertos.

[
Agora, suponha que Ai ⊂ W(R) é aberto para qualquer i ∈ I e seja A = Ai . Se x ∈ A, existe
i∈I
i ∈ I tal que x ∈ Ai . Como Ai é aberto, existe ϵ : R → R+ contı́nua tal que B(x, ϵ) ⊂ Ai ⊂ A, mostrando
que A é aberto.

E se A1 , ..., An são abertos, seja A = A1 ∩ ... ∩ An . Se x ∈ A, então x ∈ Ak para cada k = 1, ..., n .


Como todo Ak é aberto, para cada k existe ϵk : R → R+ contı́nua tal que B(x, ϵk ) ⊂ Ak .

Defina ϵ(t) = min(ϵ1 (t), ..., ϵn (t)) para cada t ∈ R. Como cada ϵk é contı́nua, segue que ϵ é contı́nua.

Além disso, para cada k, vale B(x, ϵ) ⊂ B(x, ϵk ) ⊂ Ak , daonde temos B(x, ϵ) ⊂ A, mostrando que A é
aberto.

Assim concluı́mos que W(R) é uma topologia.

ii)

Um corolário do exercı́cio 3.5 é que toda topologia induzida por uma métrica possui SFVA de cardinali-
dade contável para cada um de seus elementos. Vamos mostrar que a função identicamente nula não possui
SFVA contável na topologia em questão.

Vamos começar lembrando que dados {yn }n∈N , existe f : R → R contı́nua tal que f (n) = yn . De fato,
bastaria “ligar os pontos por retas”. Além disso, se para cada n vale yn > 0 , f é positiva.

Seja V = {Vn }n∈N um conjunto contável de abertos todos contendo a função nula. Para cada n ∈ N
existe ϵn : R → R+ tal que B(0, ϵn ) ⊂ Vn .

ϵn (n)
Seja ϵ : R → R+ uma função contı́nua tal que ϵ(n) = para cada n ∈ N.
3
Considere o aberto B(0, ϵ). Claramente, a função nula pertence a esse aberto. Mas, para qualquer n,
ϵn ϵn
temos ∈ B(0, ϵn ) enquanto ∈
/ B(0, ϵ), mostrando que V não é um SFVA para a função nula.
2 2

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Exercı́cio 3.7

No que segue, considere expressões da forma B(x, r) e B ′ (x, r) bolas em relação as métricas d e d′ respec-
tivamente.

(=⇒)

Suponha que d seja mais fina que d′ e A ∈ τ ′ . Vamos mostrar que A ∈ τ , isto é, A é aberto em relação a
métrica d.

Seja x ∈ A arbitrário. Como A é aberto em relação a d′ , existe ϵ′ > 0 tal que B ′ (x, ϵ′ ) ⊂ A. Mas d é
mais fina que d′ , então existe ϵ > 0 tal que B(x, ϵ) ⊂ B ′ (x, ϵ′ ) ⊂ A, mostrando x está no interior de A em
relação a d. Como x era qualquer, A ∈ τ .

(⇐=)

Suponha agora que τ ′ ⊂ τ . Sejam x ∈ M e ϵ′ > 0 quaisquer. Sabemos que B ′ (x, ϵ′ ) é aberto em relação a d′ ,
então também é aberto em relação a d. Por ser aberto em relação a d, existe ϵ > 0 tal que B(x, ϵ) ⊂ B ′ (x, ϵ′ ).

Como x e ϵ′ eram quaisquer, segue que d é mais fina que d′ .

Exercı́cio 3.8

Sejam n ∈ N e ϵ > 0 quaisquer, queremos mostrar que existe x ∈ X tal que f (x) ∈ B(n, ϵ).

Como f é sobrejetiva, existe m ∈ M tal que f (m) = n. E por f ser contı́nua, existe δ > 0 tal que
f (B(m, δ)) ⊂ B(n, ϵ). Por fim, como X é denso, podemos tomar x ∈ X ∩ B(m, δ), tal x satisfaz o que
querı́amos.

Exercı́cio 3.9

Vamos provar a contrapositiva, isto é, se A é um aberto com A ∩ S ̸= ∅, então A ∩ S ̸= ∅.

De fato, tome a ∈ A ∩ S. Como A é aberto e a ∈ A, existe ϵ > 0 tal que B(a, ϵ) ⊂ A. E como a ∈ S, existe
x ∈ B(a, ϵ) tal que x ∈ S. Assim, temos x ∈ A ∩ S, daonde segue o que querı́amos.

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Exercı́cio 3.10

(=⇒)

Se F = E, basta considerar a função nula, então podemos supor F ⊊ E.

Tomando y ∈ E \ F , vamos começar observando que F ⊕ ⟨y⟩ = E.

De fato, F e ⟨y⟩ são disjuntos por construção. Além disso, dado x ∈ E, sabemos que existem α, β ∈ R
1 β
não ambos nulos tais que αx + βy = v ∈ F . Como y ∈ / F , temos α ̸= 0, então x = v − y, mostrando
α α
que x ∈ F + ⟨y⟩.

Assim, dada uma base {bi }i∈I de F , basta considerar um homomorfismo f : E → R tal que f (bi ) = 0
para cada i ∈ I e f (y) ̸= 0.

(⇐=)

Suponha agora que exista um homomorfismo f : E → R tal que F = f −1 (0) e sejam x, y ∈ R quais-
quer.

Tome α, β ∈ R não triviais tais que α · f (x) + β · f (y) = 0. Por linearidade, temos f (α · x + β · y) = 0,
mostrando que α · x + β · y ∈ F , como querı́amos

Por fim, vamos mostrar que se F ⊂ E tem codimensão ≤ 1, então F é fechado ou denso em E. Va-
mos supor que F de codimensão ≤ 1 não seja fechado, e mostrar que F é denso.

Como F não é fechado, existe {vn }n∈N tal que vn → v com vn ∈ F para cada n ∈ N e v ∈
/ F.

Como v ∈/ F , segue, como visto no começo da demonstração, que E = F ⊕ ⟨v⟩, assim estamos prontos
para mostrar que F é denso.

De fato, seja x ∈ E qualquer, podemos escrever x = f + α · v com f ∈ F e α ∈ R. Então, tomando


xn = f + α · vn , temos xn ∈ F para cada n ∈ N e xn → x. Como x é qualquer, F é denso.

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Lista 4

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Exercı́cio 4.1

Seja B uma bola aberta arbitrária, vamos mostrar que B ∩ X ̸= ∅.

Como X1 é aberto e denso, A1 := B ∩ X1 é um aberto não vazio. Como A1 é aberto, existe uma bola
aberta B1 ⊂ A1 tal que diam(B1 ) < 1 e B1 ⊂ A1 .

De forma análoga, para n > 1, An := Bn−1 ∩ Xn é aberto não vazio, daonde existe Bn bola aberta com
1
diam(Bn ) < e Bn ⊂ An .
n
Note que, por construção, temos Bn ⊂ An ⊂ Bn−1 . Assim, a sequência

B1 ⊃ B2 ⊃ B3 ⊃ ...

é uma sequência de fechados encaixantes.


1 \
Como diam(Bn ) < , existe x ∈ M tal que Bn = {x}.
n
n∈N

Para cada n ∈ N temos Bn ⊂ B, daonde x ∈ B, mas também temos Bn ⊂ Xn , daonde x ∈ X. Então


x ∈ B ∩ X, daonde segue o que querı́amos.

Exercı́cio 4.2
n
X 1 1 1 1
Temos xn = e fn (p) = d(xn , xn+p ) = − ≤ .
k n n+p n
k=1

1
De fato, fn → 0 simplesmente, pois dado ϵ > 0, podemos tomar n0 tal que < ϵ. Assim, para n > n0 e p
n0
1 1
qualquer, temos fn (p) ≤ < < ϵ, ou seja, ||fn || < ϵ. Mas xn não é de Cauchy, pois não é limitada.
n n0

Exercı́cio 4.3
X
Vamos começar provando que ||x|| := |xn | é, de fato, uma norma:

Se x ̸= 0, existe k tal que xk ̸= 0, então ||x|| ≥ |xk | > 0.


X X X
Se x ∈ S e a ∈ R são quaisquer, temos ||ax|| = |axn | = a|xn | = a |xn | = a||x|| .
X X
Por fim, para quaisquer x, y ∈ S, temos ||x + y|| = |xn + yn | ≤ |xn | + |yn | = ||x|| + ||y|| .

X
Assim concluı́mos que |xn | é uma norma em S.

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Agora resta mostrar que S é completo.

Seja {xk }k∈N uma sequência de Cauchy em S. Para cada k, podemos escrever xk = (xk1 , xk2 , ...) com
xkj ∈ E para cada j ∈ N.

Note que, fixado j, as sequências {xkj }k∈N são de Cauchy em E, pois a sequência {xk }k∈N é de Cauchy
em S e para qualquer m, n ∈ N temos |xmj − xnj | ≤ ||xm − xn ||.

Então, por E ser completo, cada sequência {xkj }k∈N é convergente. Defina yj = lim xkj e y = (y1 , y2 , ...),
k→∞
vamos mostrar que y ∈ S e xk → y.


X
Se y não fosse normalmente convergente, terı́amos |yn | → ∞ . Assim, para qualquer M ∈ R have-
n=1
m
X m
X
ria m ∈ N tal que |yn | > M . Tomando k grande o suficiente, terı́amos |xkj | > M , pois, para cada j,
n=1 j=1
sabemos que lim xkj = yj . Isto contradiz que a sequência {xk }k∈N é de Cauchy, pois não seria limitada,
k→∞
logo y ∈ S.

E para mostrarmos que xk → y, considere ϵ > 0 qualquer.


ϵ
Como a sequência {xk }k∈N é de Cauchy, existe k1 ∈ N tal que ||xm − xn || < para todos n, m ≥ k1 .
4

X ϵ
Como xk1 é normalmente convergente, existe j1 ∈ N tal que |xk1j | < . Para n > k1 sabemos que
j=j1
4
ϵ
||xk1 − xn || < , segue que, nesta condição, vale:
4
∞ ∞ ∞ ∞
X X X X ϵ ϵ ϵ
|xnj | ≤ ( |xk1 j | + |xnj − xk1j | ) = |xk1j | + |xnj − xk1j | < + = .
j=j j=j j=j j=j
4 4 2
1 1 1 1


X ϵ
Já vimos que y também é normalmente convergente, então existe j2 ∈ N tal que |yn | < .
n=j2
4

Seja j0 = max{j1 , j2 }. Como para cada j ∈ {1, 2, ..., j0 } a sequência {xkj }k∈N converge a yj , existe k2 ∈ N
j0
X ϵ
tal que para todo k > k2 tenhamos |yj − xkj | < .
j=1
4

Tome k0 = max{k1 , k2 }. Assim, para n > k0 , temos



X j0
X ∞
X
|yj − xnj | = |yj − xnj | + |yj − xnj |
j=1 j=1 j=j0 +1

j0
X ∞
X ∞
X
≤ |yj − xnj | + |yj | + |xnj |
j=1 j=j0 +1 j=j0 +1

ϵ ϵ ϵ
< + + = ϵ , como querı́amos.
4 4 2

19
Exercı́cio 4.4

Sejam S ⊂ B(N ; M ) o conjunto das sequências convergentes em M , com a norma || · || do supremo.


Considere também d a métrica em M .

Para mostrar que S é fechado, considere y um ponto de acumulação de S, queremos mostrar que y ∈ S.
Podemos escrever y = (y1 , y2 , ...) com cada yj ∈ M . Como M é completo, basta mostrar que y é de Cauchy:

Seja ϵ > 0 qualquer.


ϵ ϵ
Como y é ponto de acumulação, existe x = (x1 , x2 , ...) ∈ S tal que ||y − x|| < , isto é, tal que |yj − xj | <
3 3
para todo j ∈ N.
ϵ
E, como x ∈ S, segue que x é convergente e, portanto, de Cauchy. Assim existe j0 ∈ N tal que d(xj , xj ′ ) <
3
para todo j, j ′ > j0 .

Então, para j, j ′ > j0 , temos


ϵ ϵ ϵ
d(yj , yj ′ ) ≤ d(yj , xj ) + d(xj , xj ′ ) + d(xj ′ , yj ′ ) < + + =ϵ,
3 3 3
mostrando que y é de Cauchy, como querı́amos.

Agora resta mostrar que o interior de S é vazio:

Seja x = {xn } ∈ S e ϵ > 0 quaisquer. Queremos mostrar que existe uma sequência x′ = {x′n } não
convergente tal que ||x − x′ || < ϵ.

Por definição de S, x é convergente, então podemos considerar y = lim xn . Tome n0 tal que para n > n0
n→∞
ϵ
tenhamos d(y, xn ) < .
2
ϵ
Como M não possui pontos isolados, existe y ′ ∈ M tal que d(y, y ′ ) < .
2
Defina x′ = (x1 , x2 , ..., xn0 , y, y ′ , y, y ′ , y, ...). Claramente, x′ não é convergente. Além disso:

Se n ≤ n0 , temos xn = x′n .
ϵ ϵ ϵ
E, se n > n0 , temos d(xn , y) < e d(xn , y ′ ) ≤ d(xn , y) + d(y, y ′ ) < + =ϵ.
2 2 2

Então ||x − x′ || < ϵ e x′ ∈


/ S. Como x e ϵ eram quaisquer, S possui interior vazio.

20
Exercı́cio 4.5

Sejam A ∈ U e ϵ > 0 quaisquer.

Vamos mostrar que existe δ tal que se ||A − B|| < δ , então ||A−1 − B −1 || < ϵ.

Tome X = I − BA−1 . Note que

||X|| = ||I − BA−1 || = ||(I − BA−1 )AA−1 || = ||(A − B)A−1 || ≤ ||A−1 || · ||A − B|| < ||A−1 || · δ .

Considerando δ pequeno o suficiente para que ||A−1 || · δ < 1 , segue que ||X|| < 1 . Assim podemos
escrever (I − X)−1 = I + X + X 2 + ... .

Daı́, temos a seguinte igualdade:

B −1 = A−1 · (AB −1 )

= A−1 · (BA−1 )−1

= A−1 · (I − (I − BA−1 ))−1

= A−1 · (I − X)−1

= A−1 · (I + X + X 2 + ...)

= A−1 + A−1 · (X + X 2 + X 3 + ...)

= A−1 + A−1 · X · (I + X + X 2 + ...) .

Subtraindo A−1 em ambos lado obtemos:

B −1 − A−1 = A−1 · X · (I + X + X 2 + ...) .

Então,

||B −1 − A−1 || ≤ ||A−1 || · ||X|| · ||(I + X + X 2 + ...)||


1
≤ ||A−1 || · ||X|| ·
1 − ||X||
1
< ||A−1 || · ||A−1 || · δ ·
1 − ||A−1 || · δ
||A−1 ||2 · δ
= .
1 − ||A−1 || · δ

||A−1 ||2 · δ
Como ||A−1 ||2 ·δ → 0 e 1−||A−1 ||·δ → 1 quando δ → 0, existe δ tal que ||B −1 −A−1 || < <ϵ
1 − (||A−1 || · δ)
para todo B que satisfaça ||A − B|| < δ, como querı́amos.

21
Exercı́cio 4.6

Vamos começar mostrando que se x ̸= 0, então Ex tem codimensão 1:

Como x ̸= 0, segue que ⟨x, x⟩ > 0. Então x ∈


/ Ex .
 
⟨x, y⟩ ⟨x, y⟩
Além disso, dado y ∈ H qualquer, podemos escrever y = x+ y− x .
⟨x, x⟩ ⟨x, x⟩
 
⟨x, y⟩
Note que y− x ∈ Ex , pois temos :
⟨x, x⟩
    
⟨x, y⟩ ⟨x, y⟩ ⟨x, y⟩
y− x , x = ⟨y , x⟩ − x, x = ⟨y , x⟩ − ⟨x , x⟩ = ⟨y , x⟩ − ⟨x , y⟩ = 0
⟨x, x⟩ ⟨x, x⟩ ⟨x, x⟩

⟨x, y⟩
E, claramente, x é múltiplos de x.
⟨x, x⟩
Então H = ⟨x⟩ ⊕ Ex , mostrando que Ex tem codimensão 1.

(=⇒)

Vamos provar a contrapositiva, isto é: Se x e y não são múltiplos, então Ex ̸= Ey .

⟨x, y⟩ ⟨x, y⟩
Sabemos que y − x ∈ Ex . Vamos mostrar que y − x∈
/ Ey .
⟨x, x⟩ ⟨x, x⟩

Como x e y não são múltiplos, pela desigualdade de Cauchy-Schwartz, temos |⟨x , y⟩| < ||x|| · ||y||. Con-
⟨x , y⟩2
siderando o quadrado de ambos lados temos ⟨x , y⟩2 < ⟨x , x⟩⟨y , y⟩, daı́ obtemos ⟨y , y⟩ − > 0.
⟨x , x⟩
⟨x, y⟩
Então y − x∈
/ Ey pois:
⟨x, x⟩

⟨x , y⟩2
 
⟨x , y⟩ ⟨x , y⟩
y− x, y = ⟨y , y⟩ − ⟨x , y⟩ = ⟨y , y⟩ − .
⟨x , x⟩ ⟨x , x⟩ ⟨x , x⟩

(⇐=)

Suponha que x = αy com α ∈ R.

Então, para todo h ∈ H, temos ⟨y , h⟩ = α · ⟨x , h⟩. Em particular,

⟨x , h⟩ = 0 ⇐⇒ ⟨y , h⟩ = 0 .

Daı́ segue que Ex = Ey .

22

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