Você está na página 1de 9

TOPOLOGIA

Resumo

Sumário
1 Espaços topológicos. 1
1.1 Espaços métricos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1.1 Abertos em espaços métricos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 Espaços topológicos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.3 Vizinhanças. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

1 Espaços topológicos.
1.1 Espaços métricos.
Definição 1.1. Um espaço métrico é um par (M , ρ) em que M é um conjunto não-
vazio e uma função ρ : M × M −→ R chamada métrica ou distância , tal que, para
quaisquer x, y, z ∈ M ,

1. ρ(x, y) ≥ 0

2. ρ(x, y) = 0 ⇐⇒ x = y

3. ρ(x, y) = ρ(y, x)

4. ρ(x, z) ≤ ρ(z, y) + ρ(y, z)

Se a segunda condição não é satisfeita pro ρ ela é dita uma pseudométrica.

Exemplo 1.1. Rn com as seguintes métricas:

ρ 1 = |x 1 − y 1 | + · · · |x n − y n |
q
ρ2 = (x 1 − y 1 )2 + · · · + (x n − y n )2
ρ ∞ = max{|x i − y i |, i = 1, · · · , n}

Exemplo 1.2. Métrica discreta : ρ : M × M −→ R tal que:

ρ(x, x) = 0
ρ(x, y) = 1, x 6= y

Métrica trivial : ρ : M × M −→ R tal que ρ(x, y) = 0, ∀x, y Nesse último caso, ρ será
uma métrica se, e somente se, x = y, ∀x, y, de modo que X tem que ser unitário.

1
Definição 1.2. Se (M , ρ) e (N , σ) são espaços métricos, uma função

f : M −→ N

é contínua se, e somente se, para todo ε e δ > 0 tal que

ρ(x, y) < δ ⇒ σ( f (x), f (y)) < ε

Definição 1.3. Bola aberta de centro p e raio r > 0:

B (p, r ) := {x ∈ M : ρ(x, p) < r }

Bola aberta de fechada p e raio r > 0:

B [p, r ] := {x ∈ M : ρ(x, p) ≤ r }

Definição 1.4. Distância entre conjuntos num espaço métrico : se E , F ⊆ M então a


distância entre E e F é definida como

ρ(E , F ) := inf{ρ(x, y) : x ∈ E , y ∈ F }

Observação 1. Reformulação da continuidade de função entre espaços métricos:


f : (M , ρ) −→ (N , σ) é contínua ⇐⇒ ∀ε > 0∃δ > 0 tal que f [B (x, δ)] ⊆ B ( f (x), ε).

1.1.1 Abertos em espaços métricos.

Definição 1.5. Se (M , ρ) é um espaço métrico, A ⊆ M é aberto se para todo x ∈ A existe


ε > 0 tal que
B (x, ε) ⊆ A
F ⊆ M é fechado se M \ F é aberto.
Teorema 1.1. Seja (M , ρ) um espaço topológico, então:
1. ∅, X são abertos em M .
S
2. (A λ )λ∈Λ é uma sequência de abertos em M então λ∈Λ A λ é aberto em M .

3. A 1 , . . . , A n são abertos em M então nk=1 A k é aberto em M .


T

D EMONSTRAÇÃO.
1. ∅ é trivialmente aberto e M o é pois para r < sup{ρ(x, y) : x, y ∈ M }, B (p, r ) ⊆
M , para todo p em M .
S
2. Dada a sequência (A λ )λ∈Λ de abertos em M , se x ∈ λ∈Λ A λ então x ∈ A l ambd a 0
para algum λ ∈ Λ de modo que existe r > 0 tal que
0

[
x ∈ B (x, r ) ⊆ A λ0 ⊆ Aλ
λ∈Λ

e assim união é aberta.

3. Se x ∈ A 1 ∩. . .∩ A n então x ∈ A 1 , · · · , A n de modo que existem r 1 , . . . , r n tais que


se r = min{r 1 , . . . , r n } então

x ∈ B (x, r ) ⊆ B (x, r 1 ) ∩ . . . ∩ B (x, t n ) ⊆ A 1 ∩ . . . ∩ A n

de modo que A 1 ∩ . . . ∩ A n é aberto.

2
Exemplo 1.3. Toda bola aberta é ela própria um aberto: tome y ∈ B (x, ε) e defina
r := ε − ρ(x, y). Se z ∈ B (y, r ) então

ρ(z, x) ≤ ρ(z, y) + ρ(y, x) < ε − ρ(x, y) + ρ(y, x) < ε

de maneira que z ∈ B (x, ε), ou seja, B (y, r ) ⊆ B (x, ε).

r
b

x ε

Teorema 1.2 (página 19, Willard). Se (M , ρ) e (N , σ) são espaços métricos, uma fun-
ção f : M −→ N é contínua em x 0 ∈ M se, e somente, para todo aberto V contendo
f (x 0 ) ∈ N existe um aberto U em M contendo x 0 tal que f [U ] ⊆ V .

D EMONSTRAÇÃO.

⇒ Se f é contínua em x 0 , para ε > 0 existe δ > 0 tal que f [B (x, δ)] ⊆ B ( f (x), ε).
Estas bolas podem ser consideradas os abertos que queremos.

⇐ Se para todo aberto V contendo f (x 0 ) ∈ N existe um aberto U em M contendo


x 0 tal que f [U ] ⊆ V . Como V é aberto, existe ε : tal que B ( f (x 0 ), ε) ⊆ V . Como
tal bola é um aberto, existirá U em torno de x 0 tal que f [U ] ⊆ B ( f (x 0 ), ε).
Como U é aberto, existirá δ > 0 tal que B (x 0 , δ) ⊆ U . Portanto

f [B (x 0 , δ)] ⊆ f [U ] ⊆ B ( f (x 0 ), ε)

e assim, conclui-se que f é contínua.

1.2 Espaços topológicos.


Definição 1.6. Seja X um conjunto não-vazio e τ ⊆ ℘(X ), τ é uma topologia sobre X
se:

1. ∅, X ∈ τ

2. {A λ : λ ∈ Λ} ⊆ τ ⇒ Aλ ∈ τ
[
λ∈Λ

n
3. A 1 , . . . , A n ∈ τ ⇒ Ak ∈ τ
\
k=1

3
Nesse caso, (X , τ) é chamado de espaço topológico e aos elementos de τ são chamados
de abertos.
Um conjunto F ⊆ X é fechado se, e somente se, X \ F é aberto.

Definição 1.7. Se τ1 e τ2 são duas topologias sobre o mesmo conjunto e τ1 ⊆ τ2 , τ2 é


dita mais fina ou mais forte que τ1 . Por outro lado, τ1 é mais grosseira ou mais fraca
que τ2 .

Exemplo 1.4. 1. Se (M , ρ) é um espaço métrico e τ é a coleção dos abertos desse


espaço métrico ou mesmo a coleção das bolas abertas de M então (M , τ) é um
espaço topológico. Quando um espaço topológico surge desta maneira, dizemos
que a topologia é gerada pela métrica ρ

2. Topologia usual da reta: o conjunto R com a topolgia

τ := {U ⊆ R : ∀x ∈ U , ∃ε, x ∈]x − ε, x + ε[⊆ U }

3. Reta de Sorgenfrey: é o conjunto dos reais R com a topologia

τ := {U ⊆ R : ∀x ∈ U , ∃ε, x ∈ [x − ε, x + ε[⊆ U }

4. Se X é um conjunto, τ = {∅, X } é chamada de topologia trivial ou indiscreta.

5. Se X é um conjunto, τ = ℘(X ) é chamada de topologia discreta.

6. Toda métrica gera um espaço topológico mas nem todo espaço topológico ad-
vém de uma métrica. O espaço de Sierpinski é um exemplo. Esse espaço consiste
do conjunto X = {a, b} e da topologia τ := {∅, {a}, X }.
Vamos supor que exista uma métrica ρ que gera essa topologia. {a} é aberto
de mod que existe ε > 0 tal que B (a, ε) ⊆ {a} de modo que ρ(y, a) < ε ⇒ y = a.
Daí, ρ(a, b) ≥ ε e B (b, ε) = {b} que seria um aberto pela métrica mas não pela
definição de maneira que tal métrica não existe.

7. Seja X um conjunto infinito. Definamos

A ∈ τ ⇐⇒ A = ∅ ou X \ A é finito.

Esta é a topologia cofinita ou de Zariski.

8. Seja X um conjunto não-vazio. Definamos

A ∈ τ ⇐⇒ A = ∅ ou X \ A é contável.

Esta é a topologia cocontável. Ela é a topologia discreta se, e somente se, X é


contável.

Utilizando a definição de aberto e as Leis de De Morgan podemos provar o se-


guinte e útil resultado:

Teorema 1.3. Seja F a coleção de fechados de um espaço toplógico X > Então:

1. ∅, X ∈ F

2. A intersecção de qualquer subcoleção de F pertence a F .

4
3. A união finita de elementos de F pertence a F .

D EMONSTRAÇÃO. Como X \ ∅ = X que é aberto e X \X = ∅ que também é aberto,


X e ∅ são fechados.
Se (F α ) é uma coleção de fechados de F então
\ [
X\ Fα = X \ Fα
α α
T
que é uma união qualquer de abertos e, portanto, um aberto. Assim α Fα é um
fechado.
Se F 1 , . . . , R n são fechados então

X \ (F 1 ∪ · · · ∪ F n ) = X \ F 1 ∩ · · · ∩ X \ F 1

que é um a intersecção finita de abertos logo, um aberto. Assim, F 1 ∪ · · · ∪ F n é fe-


chado.

Definição 1.8. Se X é um espaço topológico e E ⊆ X então o fecho de E é o conjunto


\
E = C l (E ) := {K ⊆ X : K é fechado e E ⊆ K }

Lema 1.1. Se A ⊆ B então A ⊆ B

D EMONSTRAÇÃO. B ⊆ B , sempre, de modo que A ⊆ B . Como este é fechado,


então A ⊆ B .

Teorema 1.4. A operação fecho A → A tem as seguintes propriedades:

(a) E ⊆ E

(b) E = E

(c) A ∪ B = A ∪ B

(d) ∅ = ∅

(e) E é fechado ⇐⇒ E = E

Além disso, dado um conjunto X e a aplicação

℘(X ) → ℘(X )
A 7→ A

satisfazendo (a), (b), (c) e (d)ao definirmos por (e) o que é conjunto fechado, obtemos
uma topolagia em X em que o fecho é justamente dado pela operação com a qual
iniciamos.

D EMOSNTRAÇÃO.

(a) Vem da definição: E é o menor fechado que contém E

5
(b) A inclusão ⊇ vem de (a). A outra vem do fato de que

x ∈ E ⇒ x ∈ K , ∀K fechado, E ⊆ K

∴ x ∈ E , já que este é fechado e contém a si mesmo

(c) A ∪ B é fechado e contém A ∪ B . Assim, A ∪ B ⊆ A ∪ B . Por ouro lado

A, B ⊆ A ∪ B ⇒ A, B ⊆ A ∪ B ⇒ A ∪ B ⊆ A ∪ B

(d) O conjunto vazio é o menos fechado contendo a si próprio.

(e) (⇒) Se E é fechado, então é o menor fechado que contém a si próprio de ma-
neira que a intersecção dos fecahdos que o contém será ele próprio.
(⇐) E é sempre fechado e modo que se ⇐⇒ E = E , E é fechado.

Vamos para a segunda parte: dado um conjunto X e a aplicação

℘(X ) → ℘(X )
A 7→ A

satisfazendo (a), (b), (c) e (d) definimos um conjunto A como fechado se, e somente
se, E = A.
Notemos que A ⊆ B , então por (c), B = A ∪ B \ A, de maneira que A ⊆ B .
Agora, seja {F λ : λ ∈ Λ} uma coleção de fechados de X . Como F λ ⊆ F λ então
T

F λ ⊆ F λ , para cada λ, de modo que


T

\
Fλ ⊆ Fλ = Fλ

A inclusão reversa é dada por (a) de modo que


\
Fλ = Fλ

e a intersecção arbitrária é um fechado.


Tome uma sequência finita F 1 , . . . , F n de fechados. Usando induçãoe (c) concluí-
mos que
F1 ∪ . . . ∪ Fn = F1 ∪ . . . ∪ Fn = F1 ∪ . . . ∪ Fn
e modo que a intersecção finita de fechados o é.
E ∅ e X são fechado por (a) e (d). Assim concluímos que a coleção dos conjuntos
que são iguais ao seu fecho coincide, de fato, com os fechados em X .
Mostremos que a operação fecho A 7→ A de fato coincide com a qual começamos
a trabalhar, isto é, que A coincide com o menor fechado que contém A. Como A = A
por (c), sabemos que A é fechado e de (a) que A ⊆ A. Se K é um fecahdo qualquer
contenso A, então A ⊆ K = K e de fato, A será o menor fechado contendo A.

Definição 1.9. Se X é um espaço topológico e E ⊆ X , o interior de E em X é o conjunto


[
E̊ = I nt (E ) := {G ⊆ X : G é aberto e G ⊆ X }

6
Observação 2. Fecho e inetrior são noções duais e podemos observar que:
X \ E̊ = X \ E
X \ E = (X ˚\ E )
Lema 1.2. A ⊆ B ⇒ Å ⊆ B̊
Å é aberto
D EMONSTRAÇÃO. Å ⊆ A ⊆ B ⇒ Å ⊆ B̊

Teorema 1.5. A operação interior A 7→ Å num espaço topológico X tem as seguintes
porpriedades:
(a) A ⊆ Å

(b) Å˚ = Å
˚ B = Å ∩ B̊
(c) A ∩

(d) X̊ = X

(e) G é aberto ⇐⇒ G = G̊
Além disso, dado um conjunto X e a aplicação
℘(X ) → ℘(X )
A 7→ Å
satisfazendo (a), (b), (c) e (d) ao definirmos por (e) o que é conjunto aberto, obtemos
uma topologia em X em que o interior é justamente dado pela operação com a qual
iniciamos.
D EMONSTRAÇÃO. Traduza o teroema 1.4 (dual deste).

˚ B ) 6= Å ∪ B̊ mas sempre vale
Observação 3. Em geral A ∩ B 6= A ∩ B e (A ∪
A ∩B ⊆ A ∩B
˚ B ) ⊆ Å ∪ B̊ .
(A ∪
Definição 1.10. A fronteira de E num espaço topológico X é o conjunto
F r (E ) := E ∩ X \ E
Teorema 1.6. Para todo subconjunto E de ume espaço topológoco X
1. E = E ∪ F r (E )

2. E̊ = E \ F r (E )

3. X = E̊ ∪ F r (E ) ∪ (X ˚\ E )
D EMOSNTRAÇÃO.
1. E ∪ F r (E ) = E ∪ (E ∩ X \ E ) = (E ∪ E ) ∩ (E ∪ X \ E ) = E ∩ X = E

2. E \ F r (E ) = E \ (E ∩ X \ E ) = (E \ E ) ∪ [E \ (X \ E )] = E \ (X \ E ) = E̊

3. F r (E ) ∪ (X \ E ) = X \ E , X \ E̊ = X \ E ⇒ X = E̊ ∪ X \ E = E̊ ∪ F r E ∪ (X ˚\ E ).

7
1.3 Vizinhanças.
Definição 1.11. Se X é um epsço topológico e x ∈ X , uma vizinhança de x é uma
conjunto U que contém um aberto V contendo x. Evidentemente

U é vizinhança de x ⇐⇒ x ∈ Ů .

A coleção das vizinhanças U x em x é chamado de sistema de vizinhanças de x .

Teorema 1.7. O sistema de vizinhanças U x em x num espaço topológico X tem as


seguintes propriedades:

1. U ∈ U x ⇒ x ∈ U

2. U ,V ∈ U x ⇒ U ∩ V ∈ U x

3. U ∈ U x ⇒ ∃V ∈ U x : U ∈ U y , ∀y ∈ V

4. U ∈ U x ,U ⊆ V ⇒ V ∈ U x

5. G ⊆ X aberto ⇐⇒ G contém uma vizinhança de cada ponto

8
Índice Remissivo
aberto vizinhança, 8
em epaços métricos, 2
abertos, 4 Zariski
topologia de, 4
bola
aberta, 2
fechada, 2

distância, 1
distância
entre conjuntos num espaço métrico,
2

espaço métrico, 1
espaço topológico, 4

fechado, 4
fechado
em espaços métricos, 2
fecho, 5
fronteira, 7
função contínua
emespaços métricos, 2

interior, 6

métrica, 1
métrica
discreta, 1
trivial, 1

pseudométrica, 1

Sierpinski
espaço de , 4
sistema de vizinhanças, 8
Sorgenfrey
reta de , 4

topolgia
mais fina, 4
mais forte, 4
topologia, 3
topologia
usual da reta, 4
cocontável, 4
discreta, 4
trivial ou indiscreta, 4

Você também pode gostar