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Tema#1: Ferramentas matemáticas para o estudo de

Fı́sica

Universidade Eduardo Mondlane


Faculdade de Ciências - Departamento de Fı́sica

(Aulas preparadas para estudantes da Faculdade de Engenharia - UEM)

21/03/2022

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Conteúdos
1 Noção de integral de uma função
Integral como operação inversa da diferenciação
Relação diferencial entre primitiva e sua função
Integral como soma especial
Propriedades de integração
Tabela de integrais básicas

2 Grandezas fı́sicas (escalares e vectoriais)


Grandezas vectoriais
Operações sobre vectores

3 Operador diferencial vectorial (Operador nabla)


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Noção de integral de uma função

Definidas as funções f (x) e F (x) no intevalo x ∈ [a, b] e F (x)


dF (x)
diferenciável em todos os pontos [ab], se para ∀x ∈ [a, b], = f (x),
dx
diz-se que F (x) é primitiva de f (x).
Para a função f dependente de x, define-se diferencial de f, a expressão:
df
df = dx (1)
dx

Para ∀ duas funções f = f (x) e y = y(x) diferenciáveis, é válida a


seguinte relação:
df df dy
= (2)
dx dy dx

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Noção de integral de uma função - Cont.

Exemplo 1
velocidade v = v(t) e a posição x = x(t). Entre as duas variáveis podemos
escrever:

dv dv dy
dx = dy dx

dv dx
Por definição, dt = aceleração e dt = velocidade

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Integral como operação inversa da diferenciação

Integrar uma função f(x) é realizar a operação inversa da diferenciação


(derivada) de F(x), ou seja, procurar uma função F(x), tal que a sua
derivada é igual a função a integrar.

Procuremos as primitivas das seguintes funções: f (x) = cos(x) e


f (x) = x2

dF (x)
= cos(x) ⇒ F (x) = sen(x)
dx
dF (x) 1
= x2 ⇒ F (x) = x3
dx 3

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Relação diferencial entre primitiva e sua função

Para a função F(x), primitiva de f(x) é válida a seguinte relação diferencial:

dF (x) = f (x)dx (3)


Se F(x) é primitiva da função f(x), para ∀ constante C, a soma desta
constante com F(x), é também primitiva de f(x);
∀ primitiva de f(x), chama-se de integral indefinida de f(x), e representa-se
por:
Z
f (x)dx = F (x) + C (4)

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Integral como soma especial
Espectro discreto (Ai) : Existindo várias entidades semelhantes, para
calcular
Po número
P total dessas entidades (por exemplo áreas), procede-se a
soma Ai ou N i=0 Ai ;

Espectro contı́nuo (dA): para função Rcontı́nua f(x)num determinado


segmento [a,b], dA = f (x)dx e A = f (x)dx.
Integral definida

Nalguns casos são colocadas as condições iniciais do problema de tal


maneira que a constante C fica conhecida. Nestes casos, utiliza-se a
integral definida (fórmula Newton-Leibniz):
Zb
f (x)dx = F (x)|ba (5)
a

Nota: Veja exemplos adiante (Exs: 5,6 e 7)! 7/28


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Propriedades de integração

R R
1 kf (x)dx = k f (x)dx; k = constante

R R R
2 [f (x) ± g(x)]dx = f (x)dx ± g(x)dx

3 dxn = nxn−1 dx

4 d(x ± k) = dx; k = const.

5 d(kx) = kdx ⇒ dx = k1 d(kx)

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Tabela de integrais básicas
xn+1
xn dx =
R
1 + C; n 6= −1
n+1
1
R
x dx = ln|x| + C;
2

ax
ax dx =
R
3 +C
lna
x x
R
4
R e dx = e + C;
5
R sinxdx = −cosx + C;
6 cosxdx = sinx + C;
R 1
7 dx = tanx + C;
cos2 x
R 1
8 dx = −cotanx + C;
sin2 x
R 1
9 dx = arctanx + C;
1 + x2
R 1
10 √ dx = arcsinx + 1 + C;
1 − x2
R 1 p
11 p dx = ln|x + x2 + q| + C, q=const.
x2 + q 9/28
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Exemplos de cálculos de integrais

Exemplo 2
3 x2
(3x2 + x)dx = 3 x3 +
R
2 +C

Exemplo 3
R 1 R d(x + 5)
dx = dx = ln|x + 5| + C
x+5 x+5

Exemplo 4
cos(3x) 31 d(3x) = 13 sin3x + C
R R
cos(3x)dx =

Exemplo 5
2x R d(x2 + 1)
= ln|x2 + 1| + C
R
dx =
x2 + 1 x2 + 1
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Exemplos de aplicação de integrais
Exemplo 6
Uma partı́cula move-se ao longo de uma linha recta com aceleração que
varia com o tempo de acordo com a expressão a = 4 − t2 , onde a é a
aceleração expressa em m/s2 e t, o tempo expresso em segundos.
Obtenha as expressões para a velocidade e a posição, sabendo que no
instante t = 3s, a velocidade é v = 2 m/s e x = 9 m.

x3 t4 3
Resp: v(t) = − + 4t − 1 m/s e x(t) = − + 2t2 − t + 4 m
3 12

Exemplo 7
A aceleração de um corpo em movimento rectilı́neo é dada por a = −kv,
onde k = constante. Para o instante t = 0 s, v = v0 . Obtenha a expressão
da velocidade em função do tempo.

Resp: v(t) = v0 e−kt


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Exemplos de aplicação de integrais - Cont.

Exemplo 8
Um corpo move-se ao longo de uma recta. A sua aceleração é dada no S.I.
por a = −2x , onde x está em metros e a em m/s2 . Obter a relação entre
a velocidade e a distância sabendo que para x = 0 m , a velocidade é
v = 4 m/s.

Resp: v(x) = 16 − 2x2

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GRANDEZAS FÍSICAS. OPERAÇÕES
SOBRE VECTORES

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Grandezas fı́sicas escalares e vectoriais

Escalares: grandezas cuja informação fica completa quando dado o valor


numérico e a respectiva unidade (massa, tempo, distância percorrida, área,
volume, pressão, etc).

Vectoriais: grandezas cuja informação fica completa, quando para além do


valor numérico e unidade, é indicada a direcção e sentido (velocidade,
força, quantidade de movimento, etc). Vectores caracterizam-se por ter
origem e extremidade, módulo, direcção e sentido.

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Grandezas vectoriais
Componentes de um vector

As componentes de vector são as suas projecções ao longo dos eixos do


sistema de coordenadas.

2D 3D
ax = |~a|sinθcosφ
bx = |~b|cosθ
ay = |~a|sinθsinφ
by = |~b|sinθ
q az = |~a|cosθ
|~b| = b2x + b2y
q
|~a| = a2x + a2y + a2z
~b = bx~i + by~j ~a = ax~i + ay~j + az~k

~i, ~j e ~k são vectores unitários e |~a| chama-se módulo do ~a.


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Grandezas vectoriais
Componentes de um vector

Importa referir que para um mesmo vector, mudando o sistema de


referência, variam os valores das componentes, mas o módulo do vector
mantêm-se igual em ambos os sistemas (veja o caso do plano, para
simplificar a complexidade):

q q
|~a| = a2x + a2y = a0x2 + a0y2
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Grandezas vectoriais
Versor

Para qualquer vector podemos expressar o vector unitário (versor)


relacionado com aquele vector:

~a
~u = (6)
|~a|

Exemplo 9
Determine o versor do vector ~a; ~a = 3~i + 2~j − ~k

14  ~ 
Resp: ~u = 3i + 2~j − ~k
14

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Grandezas vectoriais
Operações sobre vectores

1 Soma de vectores (método analı́tico e geométrico)

2 Multiplicação de vector por escalar

3 Multiplição de vector por vector (produto escalar e produto vectorial)

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Grandezas vectoriais
Operações sobre vectores: Soma (Método analı́tico)

A soma ou a diferença de dois vectores ~a e ~b é um terceiro vector ~c


expressa, respectivamente por:

~c = ~a ± ~b
(7)
~c = (ax ± bx )~i ± (ay + by )~j ± (az + bz )~k

O módulo do vector resultante (~c) é:

q
|~c| = (ax ± bx )2 + (ay ± by )2 + (az ± bz )2 (8)

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Grandezas vectoriais
Operações sobre vectores: Soma (Método geométrico)

Sejam dados dois vectores ~a e ~b, o vector soma ~c e o vector diferença d~


são expressos conforme se ilustra nos diagramas ii) e iii) respectivamente.

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Grandezas vectoriais
Operações sobre vectores: Multiplicação do vector por um escalar

Multiplicando vector com escalar (~aZ), obtém-se um vector (~b) paralelo ao


vector originário e que obedece as seguintes condições:

|~b| > |~a| se |Z| > 1


|~b| < |~a| se |Z| < 1

~a e ~b tem sentidos opostos se Z < 0.

~aZ = (Zax )~i + (Zay )~j + (Zaz )~k (9)

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Grandezas vectoriais
Operações sobre vectores: Multiplicação (Produto escalar)

Produto escalar

O produto escalar de ~a e ~b, (~a · ~b), é um número definido por:

~a · ~b = |~a||~b|cosθ (10a)

~a · ~b = ax bx + ay by + az bz (10b)

~i · ~i = ~j · ~j = ~k · ~k = 1
~i · ~j = ~j · ~k = ~k · ~i = 0

~a · ~b = 0 - condição de perpendicularidade

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Grandezas vectoriais
Operações sobre vectores: Multiplicação (Produto vectorial)

Produto vectorial

O produto vectorial de ~a e ~b, (~a × ~b), é um terceiro vector ~c definido por:


~c = ~a × ~b = |~a| · |~b|sinφ · n̂ (11)

Onde, n̂- vector unitário ⊥ ao plano formado por ~a e ~b; φ– é o menor


ângulo entre ~a e ~b.

~a × ~b = 0 - condição de paralelismo

~a × ~b = −~b × ~a

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Grandezas vectoriais
Operações sobre vectores: Multiplicação (Produto vectorial)

Analiticamente, o produto vectorial corresponde à:

~a × ~b = (ay bz − az by )~i + (az bx − ax bz )~j + (ax by − ay bx )~k (12)

ou
~i ~j ~k

~a × ~b = ax ay az

bx by bz

~i × ~j = ~k ; ~j × ~i = −~k
~j × ~k = ~i ; ~k × ~j = −~i
~k × ~i = ~j ; ~i × ~k = −~j

~i × ~i = ~j × ~j = ~k × ~k = 0 24/28
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Grandezas vectoriais
Operações sobre vectores: Multiplicação (Produto Misto)

Geometricamente, o módulo do produto vectorial equivale à área do


paralelogramo formado na base dos dois vectores.

Escalar-vectorial

O produto misto (escalar-vectorial) é um escalar cujo módulo equivale ao


volume do paralelepı́pedo formado na base dos três vectores:

~a · (~b × ~c) = ~b · (~c × ~a) = ~c · (~a × ~b) (13)

Vectorial duplo

~a × (~b × ~c) = ~b · (~a · ~c) − ~c · (~a · ~b) (14)


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OPERADOR DIFERENCIAL
VECTORIAL (OPERADOR NABLA)

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Operador diferencial vectorial (Operador nabla)
Suponhamos que temos uma função escalar dependente de três variáveis,
isto é, f = f (x, y, z). A sua derivada total é:
∂f ∂f ∂f
df = dx + dy + dz (15)
∂x ∂y ∂z

Sabe-se que o vector posição de uma partı́cula no espaço é:


~r = x~i + y~j + z~k, pelo que:
d~r = dx~i + dy~j + dz~k (16)

Conjugando as Eqs. 16 e 15, e tendo em consideração a expressão do


produto escalar (Eq.10b), a derivada total da função f é:
df = ∇f · d~r (17)
onde
∂~ ∂~ ∂~
∇≡ i+ j+ k é operador nabla em coordenadas rectangulares
∂x ∂y ∂z
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Operador diferencial vectorial (Operador nabla)

∇f gradiente de f (gradf) (18a)


∂ax ∂ay ∂az
∇ · ~a ≡ + + divergência de ~a (div~a) (18b)
∂x ∂y ∂z
∇ × ~a rotacional de ~a (rot~a) (18c)

Fim do Tema#1

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