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i
ii SUMÁRIO
Capítulo 1
(ii) ϕ é uma imersão de classe C k , isto é, ϕ é uma aplicação de classe C k tal que
dϕ(p) : Rm → Rn é injetiva para todo p ∈ U .
1
2 CAPÍTULO 1. SUBVARIEDADES DO ESPAÇO EUCLIDIANO
e
dada por ψ(A, B, C) = CA−1 B. Portanto ψ : U → W , dada por ψ(A, B, C) =
A B
C ψ(A,B,C) , é uma parametrização de W ∩ S.
Seja X ∈ S uma matriz arbitrária. Sabemos que existe um difeomorfismo de
classe C ∞ h : Mn (R) → Mn (R) que deixa S invariante e tal que h(X) ∈ W (basta fazer
uma conveniente troca de linhas e de colunas). Tomando V = h−1 (W ) então X ∈ V .
Além disso, a função ϕ = h−1 ◦ ψ : U → Mn (R) é uma parametrização C ∞ tal que
ϕ(U ) = h−1 ψ(U ) = h−1 (W ∩ S) = V ∩ S.
f (X + H) = XX t + XH t + HX t + HH t
|HH t |
e ≤ |H| → 0 quando |H| → 0, a diferencial df (X) : Mn (R) → Sn (R) é dada por
|H|
df (X)H = XH t + HX t . (1.1)
Provemos agora que df (X) é sobrejetiva para cada X ∈ O(n). De fato, dada Y ∈
Sn (R), vemos que H = Y2X ∈ Mn (R) satisfaz XH t + HX t = Y . Assim, O(n) é uma
n(n + 1) n(n − 1)
subvariedade de classe C ∞ e dimensão n2 − = .
2 2
1.3. CARACTERIZAÇÕES DE SUBVARIEDADES REGULARES DE RN 7
df (x, y)(0, −v) = v, logo df (x, y) é sobrejetora para todo (x, y) ∈ W , ou seja, f é uma
submersão.
(vi) ⇒ (vii):
Como df (p) é sobrejetiva, {df (p)e1 , · · · , df (p)en } gera Rn−m , logo podemos esco-
lher eii , · · · , ein−m de modo que {df (p)ei1 , · · · , df (p)ein−m } seja uma base de Rn−m . Seja
Rn = Rm ⊕ Rn−m a decomposição em soma direta de Rn tal que Rn−m é gerado por
eii , · · · , ein−m e Rm pelos demais vetores da base canônica. Então df (p)|Rn−m : Rn−m →
Rn−m é um isomorfismo. Portanto ϕ : W → Rn ≈ Rm ⊕ Rn−m dada por ϕ(x, y) =
(x, f (x, y)) é de classe C k e dϕ(p)(h, k) = (h, df (p)(h, k)), donde dϕ(p) é um isomor-
fismo. Pelo Teorema da Função Inversa, restringindo W , se necessário, temos que ϕ
é um difeomorfismo sobre um subconjunto aberto Z de Rn , o qual podemos supor
que seja um produto U × V no qual U ⊂ Rm e V ⊂ Rn−m é um subconjunto aberto
contendo 0. Dado (x, y) ∈ W , temos que (x, y) ∈ M se, e somente se, f (x, y) = 0, ou
seja, se, e somente se, ϕ(x, y) = (x, 0). Portanto ϕ(W ∩ M ) = ϕ(W ) ∩ Rm .
(vii) ⇒ (i):
Se ϕ : W → ϕ(W ) é um difeomorfismo de classe C k como em (vii), é imediato
verificar que ψ = ϕ−1 |ϕ(W )∩Rm : ϕ(W ) ∩ Rm → W ∩ M define uma parametrização de
classe C k de W ∩ M .
Prova: Dado x ∈ Z, seja q ∈ V tal que f (x) = ϕ(q). Pelo Lema 1.6, existem
uma projeção π : Rn → Rm e um aberto Ve , com q ∈ Ve ⊂ V , tais que π ◦ ϕ é um
difeomorfismo de classe C k sobre um aberto U ⊂ Rm . Portanto, em uma vizinhança Ze
e ⊂ ϕ(Ve ), temos:
de x tal que f (Z)
ϕ−1 ◦ f = (π ◦ ϕ)−1 ◦ π ◦ f,
Prova: Pela parte (vii) do Teorema 1.3, para cada p ∈ M existem subconjuntos
abertos W contendo p e Z de Rn , que podemos supor que seja da forma U × V , com
10 CAPÍTULO 1. SUBVARIEDADES DO ESPAÇO EUCLIDIANO
Prova: Basta provar que Tp M ⊂ N (dF (p)), pois ambos são subespaços vetoriais de
dimensão m de Rn . Dado v ∈ Tp M , seja λ : I → U ⊂ Rn diferenciável em 0 ∈ I
tal que λ(0) = p, λ(I) ⊂ M m e λ0 (0) = v. Então F (λ(t)) = 0 para todo t ∈ I, logo
dF (p)v = dF (λ(0))λ0 (0) = (F ◦ λ)0 (0) = 0.
Exemplo 1.11 Seja O(n) o grupo ortogonal. Sabemos que O(n) = F −1 (I) em que
F : Mn (R) → Sn (R) é dada por F (X) = XX t . Vimos no Exemplo 1.1 que I é um
valor regular de F . Decorre da Proposição 1.12 e da expressão (1.1) para dF (X) que
n o
TI O(n) = N (dF (I)) = H ∈ Mn (R)| H + H t = 0 ,
logo Tp M = dϕ(q)(Rm ), uma vez que ambos são subespaços vetoriais de dimensão m
de Rn .
1.6 A diferencial
Definimos agora o conceito de diferencial de uma aplicação diferenciável f : M m →
N n entre subvariedades de classe C k de espaços Euclidianos em um ponto p ∈ M n , a
qual representa intuitivamente a “aproximação linear"’ de f em uma vizinhaça de p.
O fato de que o segundo membro da igualdade acima não depende da curva λ es-
colhida e, além disso, que a aplicação df (p) : Tp M → Tf (p) N é linear, são consequências
da proposição abaixo.
12 CAPÍTULO 1. SUBVARIEDADES DO ESPAÇO EUCLIDIANO
ou equivalentemente,
w = (dϕ(q))−1 (v).
Portanto, de
f ◦ λ = (f ◦ ϕ) ◦ β
obtemos
(f ◦ λ)0 (0) = ((f ◦ ϕ) ◦ β)0 (0) = d(f ◦ ϕ)(q)(w) = d(f ◦ ϕ)(q)((dϕ(q))−1 (v)).
É agora uma tarefa fácil estender para o contexto das subvariedades regulares os
resultados locais do cálculo diferencial.
Exercícios:
3. Seja SL(Rn ) = { X ∈ Gl(Rn )| det X = 1}. Mostre que SL(Rn ) é uma hiper-
2
superfície de Rn de classe C ∞ .
14 CAPÍTULO 1. SUBVARIEDADES DO ESPAÇO EUCLIDIANO
13. a) Mostre que, se todas as retas normais a uma superfície conexa S ⊂ R3 cortam
perpendicularmente uma reta `, então S é um subconjunto aberto de um cilindro
circular reto cujo eixo é a reta `.
b) Caracterize um cilindro C n−1 em Rn cujo "eixo" é um subespaço afim de
dimensão m por uma propriedade análoga à do ítem a).
c) Mostre que C n−1 é difeomorfo a S n−m−1 × Rm .
1.6. A DIFERENCIAL 15
14. Seja M = ϕ−1 (c) a imagem inversa do valor regular c pela aplicação ϕ =
(ϕ1 , . . . , ϕn ) : U → Rn de classe C k . Mostre que ∇ϕ1 (x), . . . , ∇ϕn (x) formam
uma base do complemento ortogonal (Tx M )⊥ em cada ponto x ∈ M .
hAX, Y i = hX, AY i
f (X) = hAX, Xi .
por ϕ(x, y) = |x|2 , |y|2 . Considere o ponto (u1 , v1 ) ∈ S m−1 × S n−1 em que f
assume seu valor máximo λ1 . Mostre que Au1 = λ1 v1 e A∗ v1 = λ1 u1 . Prossiga
por indução.)
para todo j = 1, 2, . . . , m.
Dizemos que E e F definem a mesma orientação em E se det AF
E > 0.
Lembramos que, se G é uma terceira base de E, então
AGE = AF G
E AF .
Desta propriedade decorre imediatamente que isto define uma relação de equivalência
no conjunto das bases de E, e que existem precisamente duas classes de equivalência
segundo essa relação. Cada uma dessas classes chama-se uma orientação em E.
Escolhida uma orientação O no espaço vetorial E, a outra possível orientação
de E será chamada a orientação oposta de O e será representada por −O. Num
espaço vetorial orientado (E, O) as bases pertencentes a O são chamadas positivas e
as demais negativas.
Um isomorfismo T : (E, O) → (F, O0 ) entre espaços vetoriais orientados é positivo
se β = {v1 , . . . , vm } ∈ O implica T β = {T v1 , . . . , T vm } ∈ O0 . Dizemos também que T
preserva orientação.
O espaço Euclidiano IRn será sempre orientado pela base canônica. Assim, um
isomorfismo T : IRn → IRn é positivo se, e somente se, sua matriz em relação à base
canônica de IRn tem determinante positivo.
Exemplo 1.12 O espaço euclidiano IRn é orientável. De fato, o atlas de IRn determi-
nado pela aplicação identidade é obviamente coerente. A orientação definida por tal
atlas será chamada de orientação canônica.
1.7. SUBVARIEDADES REGULARES ORIENTÁVEIS 17
é aberto em M .
Prova: Seja A o atlas que define a orientação em M e seja B o atlas que define a
orientação em N . Se (ϕ, U ) ∈ A e (ψ, V ) ∈ B, com x ∈ ϕ(U ) e f (ϕ(U )) ⊂ ψ(V ), então
df (x) : Tx M → Tf (x) N é positivo se, e somente se det[d(ψ −1 ◦ f ◦ ϕ)(ϕ−1 (x))] é positivo.
Assim, um ponto x0 ∈ M pertence a A se, e somente se, det[d(ψ −1 ◦f ◦ϕ)(ϕ−1 (x0 ))] > 0.
A conclusão segue então da continuidade da função determinante.
Prova: (i) Oriente Tx M exigindo que f 0 (x) : Tx M → Tf (x) N seja positivo. Para obter
uma parametrização positiva ϕ : U → ϕ(U ), com x ∈ ϕ(U ), tome uma parametrização
positiva ψ : V → ψ(V ) ⊂ N , com y = f (x) ∈ ψ(V ), um aberto U contendo x em
M que seja aplicado difeomorficamente por f num subconjunto aberto de V , e defina
ϕ = f −1 ◦ ψ.
(ii) Para cada b ∈ N , escolha x ∈ f −1 (b) e oriente Tb N exigindo que f 0 (x) : Tx M → Tb N
seja positivo. A hipótese de que f 0 (y) ◦ (f 0 (x))−1 é positivo para quaisquer x, y ∈ M
com f (x) = f (y) implica que a orientação assim definida em Tb N não depende da
escolha do ponto x em f −1 (b).
Além disso, se ϕ : U → ϕ(U ) ⊂ M é uma parametrização positiva em M , com
x ∈ ϕ(U ), tal que f |U é um difeomorfismo sobre V = f (U ), então a composta ψ =
f ◦ ϕ : V → ψ(V ) ⊂ N é uma parametrização positiva em N com b ∈ ψ(V ) . Portanto
N é orientável.
Suponha agora M e N orientadas. Como M é conexa, segue do Corolário 1.22
que f 0 (x) ou é positivo em todo ponto x ∈ M ou é negativo em todo ponto x ∈ M .
Em qualquer caso, obtemos que f 0 (y) ◦ (f 0 (x))−1 é positivo para quaisquer x, y ∈ M
com f (x) = f (y).
Prova: Pela Proposição 1.28, f é um difeomorfismo entre ∂A e ∂B. Logo, para cada
x ∈ ∂A, df (x) : Rn+1 → Rn+1 transforma ∂H n+1 isomorficamente sobre si mesmo.
Assim, dado v ∈ Rn+1 , tem-se que
df0 (x) · w ≥ 0,
Proposição 1.30 Seja M uma subvariedade regular com bordo, n orientadaopelo atlas
coerente maximal A = {(Uα , ϕα )}α∈Λ de classe C k . Então Ae = U f,ϕ
α fα , em que
f = ∂U e ϕ
U α α fα = ϕα | f , é um atlas coerente em ∂M , logo ∂M é orientável. A orien-
Uα
tação em ∂M definida por Ae é chamada a orientação em ∂M induzida pela orientação
de M .
Como e0 = (1, 0, · · · , 0) aponta para fora de H n segue do Teorema 1.29 que Ae0 =
(a00 , a10 , · · · , an0 ) também aponta para fora de H n , logo a00 > 0. Assim, a matriz de
A tem a forma
a00 0 0 ··· 0
a10 a11 a12 · · · a1n
a20 a21 a22 · · · a2n
. . . . .
an0 an1 an2 · · · ann
com a00 > 0. Logo det A = a00 · det A0 , onde A0 é a matriz jacobiana de ξ˜ no ponto
u ∈ ϕ̃(Ũ ∩ Ṽ ). Assim det A0 > 0 e, portanto Ae é coerente. Isto mostra que ∂M é
orientável.
Exercícios.
1) Sejam M e N subvariedades regulares orientáveis, f : M → N uma aplicação de
classe C 1 e y ∈ N um valor regular de f . Prove que S = f −1 (y) é uma subvariedade
regular orientável.
4) Defina f : R3 → R por
M = {(x, y, z) ∈ R3 : f (x, y, z) ≤ c}
é uma subvariedade regular com bordo de dimensão dois de classe C ∞ cujo bordo ∂M
é um toro de dimensão dois.