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Séries de Fourier e Equações


Diferenciais Parciais - 2a parte

Notas de aula - Cálculo IV

Cristiane A. Pendeza Martinez

Coordenação do Curso de Licenciatura em Matemática - COMAT

20 de agosto de 2014
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Sumário
1 Introdução
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Sumário
1 Introdução
2 Nota histórica
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Sumário
1 Introdução
2 Nota histórica
3 Funções Periódicas
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Sumário
1 Introdução
2 Nota histórica
3 Funções Periódicas
4 Simetrias
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Sumário
1 Introdução
2 Nota histórica
3 Funções Periódicas
4 Simetrias
5 Propriedades: Série de Funções
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Sumário
1 Introdução
2 Nota histórica
3 Funções Periódicas
4 Simetrias
5 Propriedades: Série de Funções
6 Séries trigonométricas
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Sumário
1 Introdução
2 Nota histórica
3 Funções Periódicas
4 Simetrias
5 Propriedades: Série de Funções
6 Séries trigonométricas
7 Coeficientes de Fourier
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Sumário
1 Introdução
2 Nota histórica
3 Funções Periódicas
4 Simetrias
5 Propriedades: Série de Funções
6 Séries trigonométricas
7 Coeficientes de Fourier
8 Série de Fourier
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Sumário
1 Introdução
2 Nota histórica
3 Funções Periódicas
4 Simetrias
5 Propriedades: Série de Funções
6 Séries trigonométricas
7 Coeficientes de Fourier
8 Série de Fourier
9 Convergência
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Introdução

Introdução

Para concluir a resolução da EDP do Calor precisamos saber


quando uma função real f (x ) em um intervalo [0, L], pode ser
expressa como


X nπx
f (x ) = Bn sen ,
n=1 L

com coeficientes Bn escolhidos adequadamente.


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Introdução

Introdução
Para resolver este problema consideraremos um caso mais
geral, ou seja, determinar funções f : R → R que podem ser
expressas como


a0 X nπx nπx
    
+ an cos + bn sen ,
2 n=1 L L
e caso encontremos as "funções"precisamos determinar as
sequências an e bn .
Existe uma enorme diferença entre estudar séries de Fourier e
séries de potências, pois uma série de Fourier funciona como
um processo global enquanto que uma série de potências é
local.
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Nota histórica

Nota histórica

Jean B. Fourier (1768-1830) foi pioneiro na investigação


destes problemas.

No livro "Théorie Analytique de la Chaleur", escrito em 1822,


ele introduziu o conceito conhecido atualmente como Série de
Fourier, que é muito utilizado nas ciências em geral,
principalmente nas áreas envolvidas com: Matemática,
Engenharia, Computação, Música, Ondulatória, Sinais Digitais,
Processamento de Imagens, entre outros.
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Funções Periódicas

Funções periódicas

Uma função f : R → R é periódica, se existe um número


p ∈ R∗ tal que para todo x ∈ R:

f (x + p) = f (x )

O número p é um dos períodos de f .


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Funções Periódicas

Funções periódicas

Observação
Se p é um período para a função f , então 2p também é um
período, pois

f (x + 2p) = f (x + p) = f (x )

Em geral, kp é um período, onde k é um inteiro. O menor


período p positivo é chamado período fundamental.
Entretanto é praxe usar apenas a expressão período para
designar o período fundamental.
Em alguns casos é vantajoso considerar o período p = 2L e
definir a função no intervalo real simétrico [−L, L], com o
objetivo de simplificar as operações.
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Funções Periódicas

Exemplos de funções periódicas


Exemplo 1
A função real definida por f (x ) = sen(x ), é periódica de
período fundamental 2π

Figura: Gráfico da função periódica seno


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Funções Periódicas

Exemplos de funções periódicas


Exemplo 2
A função real definida por f (x ) = cos(x ), é periódica de
período fundamental 2π

Figura: Gráfico da função periódica cosseno


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Funções Periódicas

Exemplos de funções periódicas


Exemplo 3
(
|x |, se − 2 < x ≤ 2
A função real definida por l(x ) = é
l(x + 4) = l(x )
periódica de período 2.

Figura: Gráfico da função l


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Simetrias

Tipos importantes de simetria


Uma função f : R → R, possui:
Simetria Par
Simetria par, se para todo t ∈ R, f (−t) = f (t). As funções
pares são simétricas em relação ao eixo vertical t = 0.

Figura: Gráfico da função par cosseno.


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Simetrias

Tipos importantes de simetria


Simetria Ímpar
Simetria ímpar, se para todo t ∈ R, f (−t) = −f (t). As
funções ímpares são simétricas em relação à origem (0, 0).

Figura: Gráfico da função ímpar seno.


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Simetrias

Tipos importantes de simetria

Proposição
1 A soma de duas funções pares é uma função par.
A soma de duas funções ímpares é ímpar.
2 O produto de duas funções pares é uma função par.
3 O produto de duas funções ímpares pe uma função par.
4 O produto de uma função par por uma função ímpar é
uma função ímpar.
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Simetrias

Tipos importantes de simetria

Proposição
1 Seja f : R → R uma função par que é integrável em
qualquer intervalo limitado. Então
Z L Z L
f (x )dx = 2 f (x )dx .
−L 0

2 Seja f : R → R uma função ímpar que é integrável em


qualquer intervalo limitado. Então
Z L
f (x )dx = 0.
−L
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Propriedades: Série de Funções

Sequências numéricas

Dada uma sequência (an ) de números reais, a partir dela


formaremos uma nova sequência (sn ) onde
s 1 = a1 ,
s 2 = a1 + a2 ,
..
.
sn = a1 + a2 + ... + an , etc.
Os números sn chamam-se reduzidas ou somas parciais da série
P
an . A parcela an é o n-ésimo termo ou termo geral da série.
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Propriedades: Série de Funções

Sequências numéricas

P
Se existir o limite s = n−→∞
lim sn , diremos que a série an é
X ∞
X
convergente e s = an = an + a1 + a2 + ... + an + ... será
n=1
chamado a soma da série. Se o limite não existir diremos que
a série é divergente.


X
Às vezes é conveniente considerar séries do tipo an que
n=0
começam com a0 em vez de a1 .
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Propriedades: Série de Funções

Sequências numéricas

Exemplo
Quando |a| < 1 a série geométrica 1 + a + a2 + ... + an + ... é
convergente, logo
n
1 − an+1
ak = 1 + a + a2 + .. + an =
X
sn =
k=0 1−a

1 − an+1 1
lim sn = n→∞
lim =
n→∞ 1−a 1−a
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Propriedades: Série de Funções

Sequências numéricas

Exemplo
A série 1 − 1 + 1 − 1 + ... de termo geral (−1)n+1 é divergente
pois a soma parcial sn é igual a zero quando n é par e igual a 1
quando n é ímpar. Portanto não existe lim sn .

Exemplo
P 1
(A série harmônica) A série = n
é divergente (Verifique!).
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Propriedades: Série de Funções

Sequências de Funções

Uma sequência de funções em um domínio D, é definida com


um conjunto {fn }, n = 1, 2, . . . de funções fn : D → R.
Observe que para cada ponto fixo no domínio x0 , uma
sequência de funções define um sequência numérica fn (x0 ).
Exemplo
Para cada n ≥ 0 seja fn = x n , x ∈ [0, 1] é uma sequência de
funções e fn → f onde
(
1, se x = 1
f (x ) =
0, se 0 ≤ x < 1
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Propriedades: Série de Funções

Convergência pontual

Convergência Pontual
Diz-se que uma sequência de funções
fn : X → R, (n = 1, 2, . . .) converge pontualmente para a
função f : X → R quando, ∀x ∈ X , a sequência de números
f1 (x ), f2 (x ), . . . converge para f (x ). Assim fn (x ) → f (x )
pontualmente em X quando, dado ε > 0 e x ∈ X , existe
n0 ∈ N(dependendo de ε e de x ) tal que
n > n0 =⇒ |fn (x ) − f (x )| < ε.
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Propriedades: Série de Funções

Convergência pontual

Graficamente, em cada reta vertical que passa por um ponto


x ∈ X fica determinada uma sequência de pontos
(x , f1 (x ), . . . , fn (x ), . . .) interseções dessa reta com os gráficos
de f1 , . . . , fn , . . ..

Esses pontos convergem para (x , f (x )), interseção da reta


vertical com o gráfico de f .
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Propriedades: Série de Funções

Convergência Pontual

Exemplo
Consideremos novamente a sequência que para cada n ≥ 0
define fn = x n , x ∈ [0, 1], converge pontualmente para a
função (
1, se x = 1
f (x ) =
0, se 0 ≤ x < 1

Vamos analisar a velocidade de convergência.


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Propriedades: Série de Funções

Analise da convergência pontual


Gráfico de fn para n = 1,

Figura: Aproximação considerando n = 1.


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Propriedades: Série de Funções

Analise da convergência pontual


Gráfico de fn para n = 3,

Figura: Aproximação considerando n = 3.


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Propriedades: Série de Funções

Analise da convergência pontual


Gráfico de fn para n = 10,

Figura: Aproximação considerando n = 10.


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Propriedades: Série de Funções

Analise da convergência pontual


Gráfico de fn para n = 100,

Figura: Aproximação considerando n = 100.


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Propriedades: Série de Funções

Convergência Pontual

Exemplo
A sequência de funções fn : R → R, onde fn (x ) = xn , converge
simplesmente para a função f : R → R que é identicamente
nula. Com efeito ∀x ∈ R fixado, tem-se
x
 
lim = 0.
n→∞ n
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Propriedades: Série de Funções

Convergência Uniforme

Um tipo de convergência de funções mais restrito do que a


convergência simples é a convergência uniforme que
definiremos agora.
Convergência Uniforme
Uma sequência de funções fn : X → R) converge
uniformemente para a função f : X → R quando, ∀ε > 0
dado, existe n > n0 =⇒ |fn (x ) − f (x )| < ε seja qual for
x ∈ X . No plano R2 , dado ε > 0, a faixa de raio ε em torno
do gráfico de f é o conjunto

F (f , ε) = {(x , y ) ∈ R 2 ; x ∈ X , f (x ) − ε < y < f (x ) + ε}.


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Propriedades: Série de Funções

Convergência Uniforme
Dizer que fn → f uniformemente em X significa que
∀ε > 0, ∃n0 ∈ N tal que o gráfico de fn , para n > n0 , está
contido na faixa de raio ε em torno do gráfico de f .

Figura: O gráfico de fn está contido na faixa F (f ; ε)


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Propriedades: Série de Funções

Convergência Uniforme

Exemplo
sen(x )
Seja fn (x ) = . Esta converge uniformemente em R pois
n2
!
sen(x )
lim = 0.
n→∞ n2

Vamos analisar a velocidade de convergência deste exemplo.


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Propriedades: Série de Funções

Analise da convergência uniforme

Figura: Gráfico de fn para n = 1.


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Propriedades: Série de Funções

Analise da convergência uniforme

Figura: Gráfico de fn para n = 3.


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Propriedades: Série de Funções

Analise da convergência uniforme

Figura: Gráfico de fn para n = 5.


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Propriedades: Série de Funções

Analise da convergência uniforme

Figura: Gráfico de fn para n = 10.


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Propriedades: Série de Funções

Analise da convergência uniforme

Figura: Gráfico de fn para n = 20.


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Propriedades: Série de Funções

Analise da convergência uniforme

Figura: Gráfico de fn para n = 50.


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Propriedades: Série de Funções

Analise da convergência uniforme


Gráfico de fn para n = 1, 3, 10 e 50,

Figura: Aproximação considerando n = 1, 3, 10 e 50.


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Propriedades: Série de Funções

Séries de Funções

Seja fn (x ) uma sequência de funções. Uma série de funções é


expressa por

X
fn (x ) = f1 (x ) + f2 (x ) + . . . + fn (x ) + . . . .
n=1

Dizemos que a série acima é convergente se a sequência sn (x )


dada por sn (x ) = f1 (x ) + f2 (x ) + . . . + fn (x ) é convergente, ou
seja,
lim sn (x ) = s(x )
n→∞
n
X
onde sn (x ) = fk (x ).
k=1
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Propriedades: Série de Funções

Propriedades da Convergência uniforme

Proposição
Suponhamos que as funções fn sejam contínuas e que a série

X
fn (x ) convirja uniformemente. Então a soma da série
n=1

X
f (x ) = fn (x ) é também uma função contínua.
n=1
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Propriedades: Série de Funções

Propriedades da Convergência uniforme

Proposição
Se fn (x ) é contínua em [a, b], ∀n, e a série é uniformemente
convergente para f (x ) em [a, b], então a série pode ser
integrada termo a temo, isto é,
∞ ∞
Z b ! Z b !
X X
fn (x ) dx = fn (x )dx .
a n=1 n=1 a
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Propriedades: Série de Funções

Propriedades da Convergência uniforme

Proposição
Se fn (x ) é contínua com derivada contínua em [a, b] e se
∞ ∞
X X 0
fn (x ) converge para f (x ) e se fn (x ) converge
n=1 n=1
uniformemente em [a, b], então a série pode ser diferenciada
termo a temo, isto é,
∞ ∞
! !
d X X d
fn (x ) dx = fn (x )dx .
dx n=1 n=1 dx
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Propriedades: Série de Funções

Propriedades da Convergência uniforme

Teste de Weierstrass
Se existe sequência Mn tal que ∀x em um intervalo
|fn (x )| ≤ Mn e Mn < ∞ então fn (x ) converge
P P

uniformemente e absolutamente.
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Propriedades: Série de Funções

Séries de Funções

Observação
P
Dizer que fn (x ) converge absolutamente significa que
|fn (x )| < ∞.
P

Exemplo
cos(nx )
Seja fn (x ) = . Esta converge uniformemente e
n2
absolutamente pois

cos(nx ) 1 cos(nx )
≤ , logo <∞
n2 n2 n2
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Séries trigonométricas

Série trigonométrica

Um polinômio trigonométrico pn = pn (x ) de ordem n é uma


função 2π-periódica da forma:

N
a0 X
pn (x ) = + [ak cos(kx ) + bk sen(kx )].
2 k=1
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Séries trigonométricas

Série trigonométrica
Uma série trigonométrica é uma série de funções
trigonométricas da forma:

a0 X
+ [an cos(nx ) + bn sen(nx )]
2 n=1
ou ∞
a0 X nπx nπx
    
+ an cos + bn sen (1)
2 n=1 L L
para cada n termos temos um harmônico onde a0 , an e bn são
os coeficientes da série, onde a0 é constante e an e bn
sequências infinitas.
Podemos observar que as parciais da série (1) são periódicas
de período 2L.
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Séries trigonométricas

Série trigonométrica

A série trigonométrica (1) também pode ser escrita na forma


a0 X nπx
 
+ An sen + φn (2)
2 n=1 L

Deixamos como exercício a demonstração desta propriedade.


nπx
 
Em (2), o termo An sen + φn é chamado harmônico de
L
ordem n e pode ser caracterizado somente pela amplitude An e
pelo ângulo de fase φn .
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Séries trigonométricas

Séries trigonométricas

Dada uma função f (x ), 2L-periódica, quais as condições que


f (x ) deve satisfazer para que exista uma série trigonométrica
convergente para ela?

Esta resposta só teremos mais adiante.


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Séries trigonométricas

Relações de Ortogonalidade

Relações de Ortogonalidade
Para m, n ∈ Z, mostre que:
Z L
nπx
 
1 cos dx = 0, n 6= 0;
−L L
Z L
nπx
 
2 sen dx = 0;
−L L (
Z L 
mπx
 
nπx 0, se m 6= ±n
3 sen sen dx =
−L L L L, se m = n, n 6= 0

1
Dica: Use sen(u)sen(v ) = [cos(u − v ) − cos(u + v )]
2
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Séries trigonométricas

Relações de Ortogonalidade

Relações de Ortogonalidade
Z L (
mπx nπx 0, se m 6= n
   
1 cos cos dx =
−L L L L, se m = n 6= 0
1
(Dica: Use cos(u) cos(v ) = [cos(u + v ) + cos(u − v )].
2
Z L
mπx nπx
   
2 sen cos dx = 0
−L L L
1
Dica: Use sen(u) cos(v ) = [sen(u + v ) + sen(u − v )]
2
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Coeficientes de Fourier

Coeficientes de Fourier e Séries de Fourier

Seja f uma função expressa como uma série trigonométrica,


ou seja,


a0 X nπx nπx
    
f (x ) = + an cos + bn sen (3)
2 n=1 L L

é de se esperar que os coeficientes an e bn estejam


intimamente ligados à função f .

Que expressões têm eles em termos da função f ?


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Coeficientes de Fourier

Coeficientes de Fourier e Séries de Fourier

Para determinar os coeficientes vamos supor que a igualdade



a0 X nπx nπx
    
f (x ) = + an cos + bn sen
2 n=1 L L

se verifique, e mais, que a série convirja uniformemente.

Observe que, da convergência uniforme da série a função f


deve ser contínua (e, portanto, pode ser integrada) e deve ser
periódica de período 2L, pois o período(fundamental) de
cos πx
L
é 2L, e 2L é o período para as demais funções seno e
cosseno que aparecem na série.
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Coeficientes de Fourier

Coeficientes de Fourier: a0
Integrando f no intervalo [−L, L]

Z L Z L ( ∞  )
a0 nπx nπx
X   
f (x )dx = + an cos + bn sen dx
−L −L 2 n=1 L L
Z L Z L ∞ 
a0 nπx
X  
= dx + an cos +
−L 2 −L n=1 L
nπx
 
bn sen dx
L

Z L " Z L
a0 nπx
X  
= dx + an cos dx +
−L 2 n=1 −L L
Z L #
nπx
 
bn sen dx
−L L
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Coeficientes de Fourier

Coeficientes de Fourier: a0

Como foi visto:


Z L Z L
nπx nπx
   
cos dx = sen dx = 0.
−L L −L L

Portanto,
1ZL
a0 = f (x )dx , (4)
L −L
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Coeficientes de Fourier

Coeficientes de Fourier: an e bn

 
mπx
Agora multiplicando (3) por cos L
, para m ≥ 1 fixado, e
integrando, obtemos
1ZL nπx
 
an = f (x ) cos dx . (5)
L −L L
De modo semelhante, obtemos
1ZL nπx
 
bn = f (x )sen dx . (6)
L −L L
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Coeficientes de Fourier

Coeficientes de Fourier e Séries de Fourier

Agora estamos em condições de dar uma boa definição.


Definição: Coeficientes de Fourier
Seja f : R → R uma função periódica de período 2L,
integrável e absolutamente integrável no intervalo [−L, L] (ou
Z L
seja, |f (x )|dx < ∞). Os números an , para n ≥ 0 e bn ,
−L
para n ≥ 1 vistos anteriormente são definidos como
coeficientes de Fourier de f .
A exigência da integrabilidade absoluta de f é necessária para
que as expressões que definem an e bn façam sentido.
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Série de Fourier

Coeficientes de Fourier e Séries de Fourier

Definição
Seja f uma função definida no intervalo [−L, L] e fora desse
intervalo definida como f (x ) = f (x + 2L), ou seja, f (x ) é
2L−periódica. A série de Fourier de f é a série trigonométrica:

a0 X nπx nπx
    
+ an cos + bn sen (7)
2 n=1 L L
onde a0 , an e bn são os coeficientes de Fourier de f .
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Convergência

Coeficientes de Fourier e Séries de Fourier

Uma questão natural surge imediatamente: Que relação há


entre f e sua série de Fourier?

Seria bom se fosse igualdade! Infelizmente isso não ocorre


sempre. E algo mais grave pode acontecer: a série de Fourier
pode até divergir.
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Convergência

Exemplos: Coeficientes de Fourier e Séries de


Fourier
Exemplo 1
Determine a série de Fourier da função

0, 
 se − π ≤ x < 0
f (x ) = π, se 0 ≤ x < π


f (x + 2π) = f (x )
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Convergência

Exemplos: Coeficientes de Fourier e Séries de


Fourier

A série de Fourier é dada por



π X sen[(2n − 1)x ]
+2 ,
2 n=1 2n − 1

ou seja,
!
π sen(3x ) sen(5x )
+ 2 sen(x ) + + + ...
2 3 5
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Convergência

Analise de convergência
k
π X sen[(2n − 1)x ]
Gráfico para k = 1, + 2 ,
2 n=1 2n − 1

Figura: Aproximação considerando k = 1.


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Convergência

Analise de convergência
k
π X sen[(2n − 1)x ]
Gráfico para k = 5, + 2 ,
2 n=1 2n − 1

Figura: Aproximação considerando k = 5.


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Convergência

Analise de convergência
k
π X sen[(2n − 1)x ]
Gráfico para k = 10, + 2 ,
2 n=1 2n − 1

Figura: Aproximação considerando k = 10.


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Convergência

Analise de convergência
k
π X sen[(2n − 1)x ]
Gráfico para k = 30, + 2 ,
2 n=1 2n − 1

Figura: Aproximação considerando k = 30.


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Convergência

Exemplos: Coeficientes de Fourier e Séries de


Fourier
Exemplo 2
Determine a série de Fourier da função
f (x ) = |x |, −2 < x < 2, de período p = 4, em uma série de
Fourier

Figura: Gráfico função onda quadrada


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Convergência

Exemplos: Coeficientes de Fourier e Séries de


Fourier

A série de Fourier é dada por



" #
8 X 1 (2n − 1)πx
1− 2 2
cos ,
π n=1 (2n − 1) 2
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Convergência

Analise de convergência
k
" #
8 X 1 (2n − 1)πx
Gráfico para k = 1, 1 − 2 2
cos ,
π n=1 (2n − 1) 2

Figura: Aproximação considerando k = 1.


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Convergência

Analise de convergência
k
" #
8 X 1 (2n − 1)πx
Gráfico para k = 3, 1 − 2 2
cos ,
π n=1 (2n − 1) 2

Figura: Aproximação considerando k = 3.


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Convergência

Analise de convergência
k
" #
8 X 1 (2n − 1)πx
Gráfico para k = 5, 1 − 2 2
cos ,
π n=1 (2n − 1) 2

Figura: Aproximação considerando k = 5.


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Convergência

Analise de convergência
k
" #
8 X 1 (2n − 1)πx
Gráfico para k = 10, 1 − 2 2
cos ,
π n=1 (2n − 1) 2

Figura: Aproximação considerando k = 10.


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Convergência

Questões × Conclusões
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Convergência

Questões × Conclusões

Em qual exemplo a série de Fourier parece convergir


‘melhor’?
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Convergência

Questões × Conclusões

Em qual exemplo a série de Fourier parece convergir


‘melhor’?

Por que isto ocorre?


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Convergência

Questões × Conclusões

Em qual exemplo a série de Fourier parece convergir


‘melhor’?

Por que isto ocorre?

O que podemos concluir então?


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Definição
(Descontinuidade de primeira espécie) Uma função real
f : A → R possui descontinuidade de primeira espécie (ou de
salto finito) em x = p, se satisfaz às condições:
1 Existe intervalo aberto I ⊂ R, com p ∈ I, no qual f é
contínua, exceto no ponto p;
2 Os limites laterais f (p+ ) e f (p− ) existem e são finitos.
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Exemplo
A função sinal f : [−2, 4] → R definida por


 −1, se x < 0
f (x ) = 0, se x = 0


1, se x > 0.

Figura: Função sinal em um intervalo não simétrico


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Definição
(Descontinuidade de segunda espécie)
Uma função real f : A → R possui descontinuidade de
segunda espécie (ou de salto infinito) em x = p, se satisfaz às
condições:
1 Existe intervalo aberto I ⊂ R, com p ∈ I, no qual f é
contínua, exceto no ponto p;
2 Pelo menos um dos limites laterais f (p+ ) e f (p− ) é
infinito.
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Exemplo
A função f : R − {0} → R − {0} definida por f (x ) = 1/x
possui uma descontinuidade de segunda espécie.

Figura: Função hiperbólica


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Definição: Função seccionalmente contínua
Uma função f : R → R é dita seccionalmente contínua se ela
tiver apenas um número finito de descontinuidades (todas de
primeira espécie) em qualquer intervalo limitado. Em outras
palavras, dados a < b, existem a ≤ a1 < a2 < . . . < an ≤ b,
tais que f é contínua em cada intervalo aberto (aj , aj+1 ),
j = 1, . . . , n − 1, e existem os limites

f (aj +) = lim+ f (x )
x →aj

e
f (aj −) = lim− f (x )
x →aj

É claro que toda função contínua é seccionalmente contínua.


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Exemplo

Exemplo: Função não seccionalmente contínua


A função f (x ) = 1/x , x 6= 0, não é seccionalmente contínua
em x = 0, pois sua descontinuidade em x = 0 é de segunda
espécie.

Figura: Gráfico f (x ) = 1/x


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Exemplo

Exemplo: Função seccionalmente contínua

Figura: Gráfico de uma função seccionalmente contínua


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Definição: Função seccionalmente diferenciável


Uma função f : R → R é dita seccionalmente diferenciável se
ela for seccionalmente contínua e se a função derivada f 0 for
também seccionalmente contínua
Observe que a derivada f 0 não está definida em todos os
pontos: com certeza f 0 (x ) não existe nos pontos x onde f é
descontínua; e mais, f 0 (x ) pode não existir, mesmo em alguns
pontos onde f é contínua.
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Exemplo

Exemplo: Função não seccionalmente diferenciável



Consideremos a função f (x ) = 1 − x 2 , |x | ≤ 1 e
f (x + 2) = f (x ).

Figura: Gráfico de uma função não seccionalmente diferenciável


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Convergência Série de Fourier

Teorema de Fourier
Seja f : R → R uma função seccionalmente diferenciável e de
período 2L. Então a série de Fourier da função f , dada

a0 X nπx nπx
    
+ an cos + bn sen
2 n=1 L L

f (x +) + f (x −)
converge, em cada ponto x , para , ou seja,
2

f (x +) + f (x −) a0 X nπx nπx
    
= + an cos + bn sen
2 2 n=1 L L
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Convergência Série de Fourier

Observação
Nos intervalos fechados onde f é contínua a convergência da
série de Fourier é uniforme.
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Convergência da série de Fourier

Exercícios
1 Determine a série de Fourier da função f definida por


 1, se 0 ≤ x < π
0, se − π ≤ x < 0


e periódica de período 2π.

2 Utilize os resultados do exercício anterior para obter uma


expressão em série para o número π.
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Convergência da série de Fourier

Teorema da unicidade
Sejam f1 (x ) e f2 (x ) funções seccionalmente contínuas no
intervalo −L ≤ x ≤ L, de modo que ambas tenham os
mesmos coeficientes de Fourier. Então, f1 (x ) = f2 (x ) exceto
possivelmente nos pontos de descontinuidade.
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Convergência da série de Fourier

Exemplo
Consideremos a função definida por

0,
 se − L < x < 0
f (x ) = L, se 0 < x < L


f (x + 2L) = f (x ), para todo x.
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Convergência da série de Fourier

Figura: Gráfico da função f

Vamos deixar em aberto a definição de f nos pontos


x = 0, ±L.
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Convergência da série de Fourier

Exercício
Encontre a série de Fourier dessa função e determine onde ela
converge.
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Convergência da série de Fourier



L 2L X sen(2n − 1)
A série de Fourier de f é dada por + πx
2 π n=1 (2n − 1)L

Figura: Gráfico da série de Fourier da função f


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Convergência da série de Fourier



L 2L X sen(2n − 1)
A série de Fourier de f é dada por + πx
2 π n=1 (2n − 1)L

Figura: Gráfico da série de Fourier da função f

Observação
Independentemente dos valores que f venha a assumir nos
pontos 0, ±L á série de Fourier de f é a mesma.
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Referências

FIGUEIREDO, Djairo G. Análise de Fourier e Equações


Diferenciais Parciais. Rio de Janeiro: IMPA/CNPq, 2007.

BOYCE, William E.; DiPrima Richard C. Equações


Diferenciais Elementares e Problemas de Valores de
Contorno. 9a ed. Rio de Janeiro: LTC, 2010.

ZILL, Dennis G.; Cullen, Michael R. Matemática


Avançada para Engenharia. Porto Alegre: Bookman,
2009.

IÓRIO, Valéria. EDP Um Curso de Graduação, Rio de


Janeiro 2007. IMPA.

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