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UTFPR - Campus Cornélio Procópio

Transformada de Fourier - 1a parte


Notas de aula

André L. M. Martinez
Cristiane A. Pendeza Martinez

Coordenação do Curso de Licenciatura em Matemática - COMAT

25 de setembro de 2014
UTFPR - Campus Cornélio Procópio

Sumário

1 Transformadas integrais
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Sumário

1 Transformadas integrais

2 Motivação - Transformada de Fourier


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Sumário

1 Transformadas integrais

2 Motivação - Transformada de Fourier

3 A integral de Fourier
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Transformadas integrais

Transformadas integrais

Estudaremos as chamadas transformações integrais as quais


têm grande aplicação na resolução de equações lineares.
Dada uma função f (x ) definida em um intervalo I da reta,
uma transformação integral tem a forma geral
Z
I{f (x )} = F (y ) = k(x , y )f (x )dx (1)
I

onde F (y ) é denominada a transformada da função f (x ),


sendo k(x , y ) o núcleo da transformação.
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Transformadas integrais

Transformadas integrais

O valor de uma transformação integral, para a determinação


da solução f (x ) de um problema está no fato de que muitas
vezes o chamado problema transformado, isto é, o problema
corresponde ao original para a qual a solução é a transformada
F (y ) de f (x ), tem solução acessível.
Surge um novo problema: determinar a transformada inversa.
Tem-se, então, um chamado par de transformações:
(
F (y ) = I{f (x )},
f (x ) = I−1 {F (y )}.
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Transformadas integrais

Transformadas integrais:LINEARIDADE

A transformada de uma combinação linear de duas funções é a


mesma combinação linear das respectivas transformadas:

I{αf (x ) + βg(x )} = αI{f (x )} + βI{g(x )}

onde α e β são constantes.


Vale o princípio da superposição onde
( n ) n
X X
I αi fi (x ) = αi I{fi (x )}.
i=1 i=1
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Transformadas integrais

Transformadas Finitas

As transformadas finitas estão associadas a problemas de


Sturm-Lioville regulares
" #
d dy (x ) dy (x )
p(x ) + q(x ) + λs(x )y (x ) = 0,
dx dx dx

para a < x < b com condições de contorno separadas


(
α1 y (a) + β1 y 0 (a) = 0,
α2 y (b) + β2 y 0 (b) = 0.

onde αi2 + βi2 6= 0, para i = 1, 2.


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Transformadas integrais

Transformadas Finitas

A transformada finita de uma função seccionalmente contínua


em [a, b] é dada por
Z b
F (n) + F {f (x )} = f (x )φn (x )s(x )dx , n = 1, 2, 3, . . .
a


F (n)
f (x ) = F −1 {F (x )} =
X
φn (x ), para a ≤ x ≤ b
n=1 (φn , φn )
Z b
(φn , φn ) = φn (x )φn (x )s(x )dx .
a

onde s(x ) é chamado peso e é tal que (φn , φm ) = 0, n 6= m


onde φn são autofunções do problema de Sturm-Lioville.
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Motivação - Transformada de Fourier

Motivação - Transformada de Fourier

Quando consideramos equações diferenciais podemos a grosso


modo dizer que a presença das derivadas da função incógnita
atrapalham na resolução!
Por exemplo consideremos a equação diferencial ordinária

3y ” + 5y 0 + 2y = f (x ),
a qual vamos escrever assim:

3D 2 y + 5Dy + 2y = f (x ),
com D = d/dx .
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Motivação - Transformada de Fourier

Motivação - Transformada de Fourier

Podemos observar que seria ótimo se pudéssemos resolver essa


equação, como se ela fosse uma equação algébrica, e escrever

f (x )
y (x ) = .
3D 2 + 5D + 2
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Motivação - Transformada de Fourier

Motivação - Transformada de Fourier

Podemos observar que seria ótimo se pudéssemos resolver essa


equação, como se ela fosse uma equação algébrica, e escrever

f (x )
y (x ) = .
3D 2 + 5D + 2

Mas isso não faz sentido!


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Motivação - Transformada de Fourier

Motivação - Transformada de Fourier


Entretanto, na simplicidade desse raciocínio, deve haver algo.
Na tentativa nosso esforço deve ser algebrizar a equação
diferencial de algum modo. E aí que entra a ideia da
Transformada de Fourier. Usando a terminologia de sistema, a
Transformada de Fourier pode ser entendida como uma caixa
como nos mostra na figura:

Figura: Esquema original


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Motivação - Transformada de Fourier

Motivação - Transformada de Fourier


Usamos a notação F (α) = I{f (x )}. Este sistema tem três
propriedades extremamente importantes:
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Motivação - Transformada de Fourier

Motivação - Transformada de Fourier


Usamos a notação F (α) = I{f (x )}. Este sistema tem três
propriedades extremamente importantes:
1) O sistema é linear, o que quer dizer que ele é aditivo e
homogêneo. Aditividade significa que, se temos duas funções
de entrada f (x ) e g(x ), tanto faz somá-las antes e, a seguir,
passar pela caixa, como passá-las pela caixa e somar as
funções de saída F (α) e G(α), depois que o resultado é o
mesmo. Homogeneidade significa que, tanto faz multiplicar a
função de entrada f (x ) por uma constante β e, a seguir,
passar pela caixa, como passá-la pela caixa e depois
multiplicar a função de saída F (α) por β:

I{βf (x )} = βI{f (x )}.


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Motivação - Transformada de Fourier

Motivação - Transformada de Fourier


O esquema é o da figura abaixo

Figura: Esquema

Nota: Em termos da Álgebra Linear, o que se tem é que I é


uma transformação ou operador liner.
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Motivação - Transformada de Fourier

Motivação - Transformada de Fourier

0
2) O sistema “destrói"derivadas, isto é,
√ se f (x ) entra na
caixa, ela sai como iαF (α), onde i = −1. O esquema é o da
figura abaixo.

Figura: Esquema
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Motivação - Transformada de Fourier

Motivação - Transformada de Fourier

3) O sistema é inversível, isto é, existe outra caixa,


denominada I−1 (figura abaixo), que, se atravessada pela
função de saída F (α) da caixa I, fornece f (x ), de volta.
Assim F (α) = I{f (x )}, temos f (x ) = I−1 {F (α)}.

Figura: Esquema
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Motivação - Transformada de Fourier

Motivação - Transformada de Fourier

Bem, de volta então à equação diferencial, a ideia agora é usar


as três propriedades acima para resolver a equação diferencial.
Primeiro, fazemos a equação diferencial passar pela caixa,
como esta mostrado na figura:

Figura: Equação diferencial “passando pela caixa"


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Motivação - Transformada de Fourier

Motivação - Transformada de Fourier

Podemos imaginar a existência de dois universos, um de cada


lado da caixa: o universo −x e o universo −α. O nosso
problema, no universo −x é uma equação diferencial. Mas ele
é levado num problema algébrico equivalente no universo −α.

Então, neste universo −α, o problema é algébrico e é resolvido


trivialmente:

F (α)
Y (α) = .
−3α2 + 5iα + 2
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Motivação - Transformada de Fourier

Motivação - Transformada de Fourier

Finalmente, a ideia é passar Y pela caixa I−1 para obter a


solução y (x ) do problema diferencial. No que diz respeito a
nossa ideia, isto é tudo. Nosso problema será estudar bem a
caixa = nas seções seguintes. Que tipo de funções podem ser
entradas na caixa I? Isto deverá ser analisado
cuidadosamente.
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A integral de Fourier

A integral de Fourier

Usamos a série de Fourier para representar uma função em um


intervalo [−L, L] ou [0, L], quando f e f 0 são seccionalmente
contínuas.
Representaremos funções não periódicas definidas em um
intervalo infinito (−∞, ∞) ou em um intervalo semi-infinito
[0, ∞).
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A integral de Fourier

A integral de Fourier
Seja f definida
R∞
no intervalo [−L, L], f e f 0 seccionalmente
contínuas e −∞ |f (x )|dx < ∞ dada por

a0 X nπx nπx
    
f (x ) = + an cos + bn sen .
2 n=1 L L
Logo


("Z #
1ZL 1X L nπu nπx
   
f (x ) = f (u)du+ f (u) cos du cos
2L −L L n=1 −L L L
"Z # )
L 
nπu

nπx

+ f (u)sen du sen
−L L L
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A integral de Fourier

A integral de Fourier
considerando  
(n+1)π
αn = nπ
L
= n πL = n4α, ∆α = αn+1 − αn = L
− nπ
L
= π
L
obtemos


" # ("Z #
1 ZL 1X L
f (x ) = f (u)du 4α+ f (u)cos(αn u)du cos(αn u)
2π −L π n=1 −L
"Z # )
L
+ f (u)sen(αn u)du sen(αn u) ∆α
−L

Fazendo L crescer, quando L → ∞ ⇒ ∆α → 0, assim


" #
1 ZL
lim f (u)du ∆α = 0.
∆α→0 2π −L
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A integral de Fourier

A integral de Fourier
Assim,

X ∞
X
f (x ) = lim F (αn )∆α = lim F (n∆α)∆α
∆α→0 ∆α→0
n=1 n=1

é uma soma de Riemann que nos leva a integral

1Z∞
Z ∞ 
f (x ) = f (u) cos(αu)du cos(αx )
πZ 0 −∞
∞  
+ f (u)sen(αu)du sen(αx ) dα
−∞
Z ∞ Z ∞
1

= f (u) cos[(u − x )α]du dα.
π 0 −∞
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A integral de Fourier

A integral de Fourier

A integral de Fourier de uma função f definida no intervalo


(−∞, ∞) é dada por
1Z∞
f (x ) = [A(α) cos(αx ) + B(α)sen(αx )]dα (2)
π 0
onde
Z ∞
A(α) = f (x ) cos(αx )dx
−∞
e
Z ∞
B(α) = f (x )sen(αx )dx .
−∞
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A integral de Fourier

A integral de Fourier

Quando a integral (2) converge? Para analisar este fato


verificaremos a seguinte definição:
Definição
Temos que
Z ∞
f (x )dx
a

se a∞ |f (x )|dx convergir.
R
é dita
R∞
absolutamente convergente
R∞
Se
R∞ a
f (x )dx convergir mas a |f (x )|dx divergir, então
a f (x )dx é dita condicionalmente convergente.
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A integral de Fourier

A integral de Fourier

Exemplo
R∞ 1
Seja 1 x2
dx . Temos que a integral é convergente pois
R∞ 1 Rk 1 h ik
1 x2
dx = limk→∞ 1 x2
dx = limk→∞ − x1 =
h i 1
limk→∞ − k1 + 1 = 1
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A integral de Fourier

A integral de Fourier:CONDIÇÃO DE
CONVERGÊNCIA DA INTEGRAL DE
FOURIER

Temos as seguintes condições para convergência da integral de


Fourier: Se
1 f e f 0 forem seccionalmente contínuas em qualquer
intervalo finito;
R∞
2 Se −∞ |f (x )|dx converge, isto é, absolutamente
integrável em (−∞, ∞).
então a integral de Fourier converge para f (x ) nos pontos
f (x+ ) + f (x− )
onde f é contínua e converge para nos pontos
2
de descontinuidade.
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A integral de Fourier

A integral de Fourier:CONDIÇÃO DE
CONVERGÊNCIA DA INTEGRAL DE
FOURIER

Exemplos
1) Seja 

 0, se x < 0
f (x ) = 1, se 0 < x < 2


0, se x > 2.
Pede-se:
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A integral de Fourier

A integral de Fourier:CONDIÇÃO DE
CONVERGÊNCIA DA INTEGRAL DE
FOURIER
(a)Determine a integral de Fourier de f (x ).
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A integral de Fourier

A integral de Fourier:CONDIÇÃO DE
CONVERGÊNCIA DA INTEGRAL DE
FOURIER
(a)Determine a integral de Fourier de f (x ).
Solução: Temos
1Z∞
f (x ) = [A(α) cos(αx ) + B(α)sen(αx )]dx .
π 0
Então
Z ∞
sen(2α)
A(α) = f (x ) cos(αx )dx = (Verifique!)
−∞ α
e Z ∞
1 − cos(2α)
B(α) = f (x )sen(αx )dx = .
−∞ α
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A integral de Fourier

A integral de Fourier:CONDIÇÃO DE
CONVERGÊNCIA DA INTEGRAL DE
FOURIER

Então
! ! !
1 Z ∞ sen(2α) 1 − cos(2α)
f (x ) = cos(αx ) + sen(αx ) dα
π 0 α α

e um simples cálculo nos dá que


2 Z π senα
f (x ) = cos(αx − α)dα.
π 0 α
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A integral de Fourier

A integral de Fourier:CONDIÇÃO DE
CONVERGÊNCIA DA INTEGRAL DE
FOURIER

(b) Para quanto converge a integral de Fourier em x = 0 e


x = 2?
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A integral de Fourier

A integral de Fourier:CONDIÇÃO DE
CONVERGÊNCIA DA INTEGRAL DE
FOURIER

(b) Para quanto converge a integral de Fourier em x = 0 e


x = 2?
Solução: Temos Para
x = 1 ⇒ 1+0 = π2 0∞ sen(α) αcos(−α) dα ⇔ 21 = π2 0∞ senααcos α dx
R R
2
Para x = 2 ⇒ 0+1
2
= f (2+ )+f
2
(2− )
.
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A integral de Fourier

A integral de Fourier:CONDIÇÃO DE
CONVERGÊNCIA DA INTEGRAL DE
FOURIER

R ∞ senα
(c) Prove que 0 α
dα = π2 .
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A integral de Fourier

A integral de Fourier:CONDIÇÃO DE
CONVERGÊNCIA DA INTEGRAL DE
FOURIER

(c) Prove que 0∞ senα


= π2 .
R
α

Solução: Temos

2 Z ∞ sen(α)cos0 Z ∞
sen(α) π
Para x = 1 ⇒ f (1) = dα ⇔ dα = .
π 0 α 0 α 2
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A integral de Fourier

A integral cosseno de Fourier e a integral seno


de Fourier

Seja a integral (2) onde


Z ∞
A(α) = f (x ) cos(αx )dx
−∞
e
Z ∞
B(α) = f (x )sen(αx )dx .
−∞
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A integral de Fourier

A integral cosseno de Fourier e a integral seno


de Fourier

Seja a integral (2) onde


Z ∞
A(α) = f (x ) cos(αx )dx
−∞
e
Z ∞
B(α) = f (x )sen(αx )dx .
−∞
R∞
♣ Se f éR uma função par, então A(α)=2 0 f (x ) cos(αx )dx e

B(α) = −∞ f (x )sen(αx )dx = 0.
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A integral de Fourier

A integral cosseno de Fourier e a integral seno


de Fourier

Logo a integral cosseno de Fourier é da forma


1Z∞
f (x ) = A(α) cos(αx )dα. (3)
π 0
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A integral de Fourier

A integral cosseno de Fourier e a integral seno


de Fourier

Logo a integral cosseno de Fourier é da forma


1Z∞
f (x ) = A(α) cos(αx )dα. (3)
π 0
♣ Se f éR uma função ímpar, então

A(α) = R−∞ f (x ) cos(αx )dx = 0 Re
B(α) = −∞ f (x )sen(αx )dx = 2 0∞ f (x )sen(αx )dx .

Logo a integral seno de Fourier é da forma


1Z∞
f (x ) = B(α)sen(αx )dα. (4)
π 0
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A integral de Fourier

A integral cosseno de Fourier e a integral seno


de Fourier

2) Determine a integral de Fourier que representa a função


pulso (
1, se |x | < a
f (x ) =
0, se |x | > a.
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A integral de Fourier

A integral cosseno de Fourier e a integral seno


de Fourier

Solução: A função é par, então para obter a integral de


cosseno de Fourier devemos calcular A(α). Logo
Z ∞ Z a
sen(αa)
A(α) = 2 f (x ) cos(αx )dx = 1 cos(αx )dx =
0 0 α
então
2 Z ∞ sen(aα) cos(αx )
f (x ) = dx .
π 0 α

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