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é um espaço
vetorial de dimensão 2m (soma dos coeficientes bino-
m
miais r quando r varia de 0 a m), ao qual o produto ω ∧ ω̄, acima
definido, pode ser obviamente estendido, de modo a dotar Λ(E ∗ ) de
uma multiplicação associativa (não-comutativa). Com essa operação,
Λ(E ∗ ) torna-se uma álgebra, conhecida como a Álgebra de Grassmann
do espaço vetorial E ∗ .
2 Formas diferenciais
As formas diferenciais de grau r, que estudaremos agora, serão os
integrandos das integrais de superfı́cie. Elas generalizam as formas dife-
renciais de grau 1, consideradas no Capı́tulo IV, não apenas por serem
as suas análogas de dimensão superior, como por estarem definidas em
superfı́cies, em vez de somente abertos do espaço euclidiano.
Encerrado o prelúdio algébrico feito no parágrafo 1, voltaremos a
usar a notação {dx1 , . . . , dxm } para indicar a base canônica de (Rm )∗ ,
dual da base {e1 , . . . , em } ⊂ Rm , onde e1 = (1, 0, . . . , 0), etc.
Para cada conjunto I = {i1 < · · · < ir } ⊂ {1, 2, . . . , m}, escrevere-
mos
dx1 = dxi1 ∧ · · · ∧ dxir .
As formas r-lineares alternadas dxI constituem a base canônica do espaço
vetorial Ar (Rm ). Dada uma lista de r vetores v1 , . . . , vr ∈ Rm , obtemos
uma matriz a = (aij ), com m linhas e r colunas, na qual a j-ésima
coluna é o vetor vj = (a1j , . . . , amj . Neste caso,
análogas. Note que {dx ∧ dy, dy ∧ dz, dz ∧ dx}, por exemplo, também é
uma base de A2 (R3 ) mas estamos chamando canônica a base anterior,
pois em dxI = dxi1 ∧ · · · ∧ dxir os ı́ndices i1 < · · · < ir são sempre
tomados na ordem crescente. Finalmente, a base canônica de A3 (R3 ) é
formada pelo único elemento dx ∧ dy ∧ dz. Dados u, v, w ∈ R3 , (dx ∧
dy ∧ dz)(u, v, w) é o valor do determinante da matriz 3 × 3 cujas colunas
são os vetores u, v, w.
Uma forma diferencial de grau r num aberto U ⊂ Rm é uma aplicação
ω : U → Ar (Rm ). A cadaPponto x ∈ U , ω faz corresponder a forma
r-linear alternada ω(x) = aI (x)dxI . Assim, a forma diferencial ω de-
I
termina (e é determinada por) funções aI : U → R, chamadas as coorde-
nadas de ω. Para cada subconjunto I = {i1 < · · · < ir } ⊂ {1, 2, . . . , m},
e cada ponto x ∈ U , temos aI (x) = ω(x) · (ei1 , . . . , eir ).
M ⊂ Rn é uma aplicação
ω : x ∈ M 7→ ω(x) ∈ Ar (Tx M ),
X
∂vI
(*) aJ (u) = det bI (v),
∂uJ
I
∂vi
onde (∂vI /∂uJ ) é a matriz r × r formada pelos elementos (v) tais
∂uj
que i ∈ I e j ∈ J.
Nos termos do Cálculo Tensorial clássico, uma forma diferencial de
grau r numa superfı́cie M seria uma aplicação que a cada parametrização
ϕ : U0 → U em M associaria m r funções aJ : U0 → R, chamadas as
coordenadas da forma relativamente a ϕ, de tal modo que se à parame-
trização ψ : V0 → V correspondem as funções bI : V0 → R e ϕ(u) = ψ(v),
então valem as igualdades (*), chamadas as “fórmulas de mudança de
coordenadas”.
Convém destacar o importante caso particular em que r = m, ou
seja, o grau da forma é igual à dimensão da superfı́cie. Neste caso, a
forma tem apenas uma coordenada em cada parametrização. Assim,
para todo ponto x = ϕ(u) = ψ(v) ∈ U ∩ V , temos
Evidentemente, a escolha
R do conjunto K nas condições acima não
afeta o valor da integral K a(u)du. R
Resta entretanto mostrar que M ω, definida da maneira acima, não
depende da escolha da parametrização positiva ϕ.
Com efeito, seja ψ : V0 → V outra parametrização positiva em M ,
com supp. ω ⊂ V e ω(x) = b(v)dv1 ∧ · · · ∧ dvm para todo x = ψ(v) ∈ v.
A função b : V0 → R é contı́nua, seu suporte é igual a ψ −1 (supp. ω) e,
para todo u ∈ ϕ−1 (U ∩ V ), tem-se a(u) = J(u) · b(v), onde J(u) é o
valor do determinante jacobiano de ψ −1 ◦ ϕ no ponto u e v = ψ −1 ϕ(u).R
Observemos que J(u) > 0 para todo u ∈ ϕ−1 (U ∩V ). Para calcular M ω
em termos da parametrização ϕ, usemos um compacto J-mensurável
R K,
−1 −1
com ϕ (supp. ω) ⊂ K ⊂ ϕ (U ∩ V ) e, para calcular M ω em termos
de ψ, usemos o compacto J-mensurável L = ψ −1 ϕ(K). Pelo Teorema
de Mudança de Variáveis,
Z Z Z
b(v)dv = b(ψ −1 ϕ(u)) · J(u)du = a(u)du.
L K K
R
Isto mostra que a integral de superfı́cie M ω está bem definida, sem-
pre que ω seja uma forma diferencial contı́nua de grau m, com suporte
compacto, contido numa vizinhança parametrizada em uma superfı́cie
orientada m-dimensional M . R
No parágrafo 6 definiremos a integral M ω sob condições mais gerais
para a forma ω.
Mostraremos agora que toda aplicação diferenciável f : M → N in-
duz uma transformação linear ω 7→ f ∗ ω, a qual leva formas de grau
r na superfı́cie N em formas de grau r na superfı́cie M . Essa trans-
formação é uma das coisas que tornam úteis as formas diferenciais como
instrumentos para o estudo das aplicações de uma superfı́cie noutra.
Seja, então, f : M → N de classe C k (k ≥ 1). Dada a forma ω, de
grau r sobre N , definiremos a forma f ∗ ω, de grau r sobre M , pondo
para cada x ∈ M e cada r-lista de vetores w1 , . . . , wr ∈ Tx M ,
X
∂vI
(*) aJ (u) = det (u) bI (v),
∂uJ
I
Isto mostra que ϕ∗ dui = dxi . Mais geralmente, se I={i1<· · · < ir }, vale:
∗ ∂ϕ ∂ϕ
[(ϕ ω)(u)](ei1 , . . . , eir ) = ω(x) (u), . . . , (u) = aI (u).
∂ui1 ∂uir
418 [CAP. VII: INTEGRAIS DE SUPERFÍCIE
Σ aI dxI = ϕ∗ ω = ξ ∗ ψ ∗ ω = ξ ∗ (Σ bJ dxJ ).
ω(x)(w1 , . . . , wm ) = det(v(x), w1 , . . . , wm ),
Por conseguinte
ω(x) · (w1 , . . . , wm ) =
"m+1 #
X
= ci ∧ · · · ∧ dxm+1 (w1 , . . . , wm ).
(−1)i+1 vi (x)dx1 ∧ · · · ∧ dx
i=1
∂ϕ
(u), pois este produto vetorial é perpendicular ao espaço tangente
∂um
Tx M e tem o sentido de v(x). Em termos dos parâmetros u1 , . . . , um ,
temos, na realidade,
∂ϕ ∂ϕ
ω(x) = (u) × · · · × (u) du1 ∧ · · · ∧ dum , x = ϕ(u),
∂u1 ∂um
m+1
X xi − ai ci ∧ · · · ∧ dxm+1 .
ω= (−1)i+1 dx1 ∧ · · · ∧ dx
r
i=1
restrita a M .
Finalmente, a superfı́cie M pode ser o gráfico de uma função g : U →
R, definida no aberto U ⊂ Rm . Então M = f −1 (0), onde f : U × R → R,
definida f (x, t) = t − g(x) tem 0 como valor regular. Neste caso, para
m = 2, por exemplo, vemos que o elemento de área da superfı́cie M ,
gráfico da função z = g(x, y) é dado pela forma de grau 2
∂g ∂g
dz ∧ dy + dx ∧ dz + dx ∧ dy
∂x ∂y
ω= s 2
∂g 2 ∂g
+ +1
∂x ∂y
∂g ∂g
pois grad f = − , − , 1 .
∂x ∂y
Uma forma ω de grau m numa superfı́cie orientada m-dimensional
M diz-se positiva quando, para todo ponto x ∈ M e toda base positiva
{w1 , . . . , wm } ⊂ Tx M , tem-se ω(x)(v1 , . . . , vm ) > 0.
Neste caso, dada qualquer parametrização positiva ϕ : U0 → U em
M , tem-se ω(x) = a(u)du1 ∧ · · · ∧ du m , com a(u) > 0 para todo
∂ϕ ∂ϕ
u = ϕ−1 (x) ∈ U0 , pois a(u) = ω(x) · (u), . . . , (u) e a base
∂u 1 ∂u m
∂ϕ
(u) é positiva. Reciprocamene, se a(u) > 0 para toda parame-
∂ui
trização positiva ϕ, então, dada arbitrariamente uma base positiva de
P ∂ϕ
vetores wj = αij ∈ Tx M , tem-se
i ∂u i
∂ϕ ∂ϕ
ω(w)(w1 , . . . , wm ) = det(αij ) · ω(x) ,..., =
∂u1 ∂um
= det(αij ) · a(u) > 0,
λ′ (0) w0 w−c·x
f ′ (x) · w = f ′ (x) · w0 = (f ◦ λ)′ (0) = = = ·
|x| |x| |x|
m+1
X
1 ci ∧ · · · ∧ dxm+1 .
α(x) = (−1)i+1 xi dx1 ∧ · · · ∧ dx
|x|m+1
i=1
xdy − ydx
Em particular, para m = 1, obtemos α(x, y) = , que é a forma
x2 + y 2
elemento de ângulo R2 − {0}, já conhecida desde o Capı́tulo 4.
Com exceção do fator 1/|x|m+1 , a forma α coincide com a forma ω
do Exemplo 16, a qual, restrita a S m , dá o elemento de volume da esfera.
Mas a semelhança acaba aı́. As propriedades de α, como veremos no que
se segue, são bem diferentes das de ω.
3 A diferencial exterior
Há três teoremas clássicos em AnáliseR que generalizam o Teorema
b
Fundamental do Cálculo, segundo o qual a df = f (b) − f (a). Eles são
os seguintes: