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Subespaços
A definição a seguir isola o objeto de interesse nesta seção.
Definição 1. Se V é um espaço vetorial sobre K, um subespaço vetorial,
ou simplesmente um subespaço, de V é um subconjunto não vazio de V que
é fechado para as operações de espaço vetorial de V . Mais precisamente, um
subconjunto não vazio W de V é um subespaço de V se as duas condições a
seguir forem satisfeitas:
(a) u, v ∈ W ⇒ u + v ∈ W .
(b) u ∈ W, α ∈ K ⇒ αu ∈ W .
O resultado a seguir deixa clara a importância do conceito de subespaço
de um espaço vetorial.
Proposição 2. Se V é um espaço vetorial sobre K e W é um subespaço de
V , então W , munido com as operações herdadas de V , também é um espaço
vetorial sobre K.
Prova. Como W é fechado para as operações de espaço vetorial de V , pode-
mos considerá-las como operações em W , isto é, podemos ver + : W × W →
W e · : K × W → W . Resta provarmos que tais operações satisfazem os
axiomas impostos pela definição de espaço vetorial sobre K:
(vi) Por fim, 1u = u para todo u ∈ W , uma vez que 1u = u para todo
u∈V.
A seguir, colecionamos alguns exemplos de subespaços de espaços veto-
riais já conhecidos. Graças à proposição anterior, tais exemplos aumentam
nossa lista de exemplos de espaços vetoriais.
Exemplo 3. Se V é um espaço vetorial sobre K, então {0} e o próprio V
são subespaços de V , denominados seus subespaços triviais. Observe que
o fechamento de {0} em relação às operações de espaço vetorial de V segue
das propriedades (3) e (5) da seção anterior.
Exemplo 4. Dado n ∈ N, temos que Rn é subespaço de Cn , considerado
como espaço vetorial real (verifique!). Entretanto, Rn não é subespaço de
Cn , quando consideramos Cn como espaço vetorial complexo. Para verificar
essa última afirmação, basta observar que, sendo i ∈ C a unidade imaginária
e u = e1 = (1, 0, . . . , 0) ∈ Rn , temos que iu = (i, 0, . . . , 0) ∈
/ Rn . Logo, Rn
não é fechado para a multiplicação por escalares complexos.
Exemplo 5. Se S ⊂ Rn e S ⊥ = {u ∈ Rn ; u · v = 0, ∀ v ∈ S}, então S ⊥ é
um subespaço vetorial de Rn , denominado o complemento ortogonal de
S. Realmente, é claro que 0 ∈ S ⊥ , de forma que S ⊥ 6= ∅. Por outro lado, se
u, u1 , u2 ∈ S ⊥ e α ∈ R, as propriedades do produto escalar de vetores em Rn
fornecem, para v ∈ S, as igualdades
(u1 + u2 ) · v = u1 · v + u2 · v = 0 e (αu) · v = α(u · v) = α0 = 0.
Antonio Caminha M. Neto 3
Exemplo 7. Denote por K[x] o conjunto das funções polinomiais sobre (isto
é, com coeficientes em) K, de sorte que um elemento tı́pico de K[x] é uma
função f : K → K da forma
A Proposição 8 garante que a definição anterior tem sentido, uma vez que
sempre há pelo menos um subespaço de V que contêm S, qual seja, o próprio
V . Uma vez que 1 · u = u para todo u ∈ V , temos u = 1 · u ∈ hSi, para
todo u ∈ S; assim, S ⊂ hSi. Como hSi é um subespaço, temos também que
0 ∈ hSi. Por outro lado, se S = ∅, então todo subespaço de V contém S;
como {0} é um subespaço de V , temos hSi = {0}.
Ainda nas notações da definição anterior, dado um subespaço W de V ,
dizemos que S é um conjunto de geradores para W se W = hSi.