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Espaço Vetorial

Valéria Saldanha Motta

1 Espaço Vetorial
Definição
Considere V um conjunto não vazio e K um corpo, sejam u, v, w ∈ V ,
α, β ∈ K, definimos uma operação de adição e de multiplicação por escalar
em V . O conjunto V é dito um espaço vetorial se atende aos axiomas abaixo:
Em relação à adição:

(F1) u ⊕ v ∈ V (fechamento);

(A1) u ⊕ v = v ⊕ u (comutativa);

(A2) (u ⊕ v) ⊕ w = u ⊕ (v ⊕ w) (associativa);

(A3) ∃0 ∈ V tal que ∀u ∈ V, 0 ⊕ u = u ⊕ 0 = u (elemento neutro);

(A4) ∃(−u) ∈ V tal que para u ∈ V, (−u) ⊕ u = u ⊕ (−u) = 0 (elemento


simétrico).

Em relação à multiplicação por escalar:

(F2) α u ∈ V (fechamento);

(M1) α (β u) = (αβ) u (associativa);

(M2) (α + β) u = α u ⊕ β u (distributiva);

(M3) α (u ⊕ v) = α u ⊕ α v (distributiva);

(M4) 1 u = u

Exercı́cio de fixação
Considere o conjunto V = {(x, x2 ) : x ∈ R}, onde u = (x, x2 ), v = (y, y 2 ) ∈
V , α ∈ R, munido das seguintes operações:

u ⊕ v = (x, x2 ) ⊕ (y, y 2 ) = (x + y, (x + y)2 );

α u = α (x, x2 ) = (αx, α2 x2 ).

Verifique se V , com as operações definidas acima, é um espaço vetorial.

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2 Subespaço Vetorial
Definição
Seja V um espaço vetorial e S ⊂ V , S 6= ∅, S é um subespaço vetorial de
V se munido das operações de soma e produto por escalar definidas em V é
um espaço vetorial.

Teorema
Sejam V um espaço vetorial e o conjunto S ⊂ V , S 6= ∅. S é um subespaço
vetorial de V se e somente se dois axiomas de fechamento se verificam, ou
seja,

(F1) u ⊕ v ∈ V (fechamento);

(F2) α u ∈ V (fechamento);

são atendidos.

Exemplos
1) Sejam V = R2 e S = {(x, 2x) : x ∈ R},
Temos que S 6= ∅, pois (0, 0) ∈ S e, para u = (x, 2x), v = (y, 2y) ∈ S, a ∈ R,
temos que:
I) u + v = (x, 2x) + (y, 2y) = (x + y, 2x + 2y) = (x + y, 2(x + y)) ∈ S;
II) a.u = a.(x, 2x) = (ax, a2x) = (ax, 2(ax)) ∈ S.
Logo S é subespaço vetorial de V .

2) V = R2 e S = {(x, 4 − 2x) : x ∈ R},


Sejam u = (x, 4 − 2x), v = (y, 4 − 2y) ∈ S, a ∈ R, temos que:
I) u+v = (x, 4−2x)+(y, 4−2y) = (x+y, 8−2(x+y)) 6= (x+y, 4−2(x+y)),
assim u + v ∈/ S;
II) a.u = a.(x, 4 − 2x) = (ax, 4a − a2x) = (ax, 4a − 2(ax)) 6= (ax, 4 − 2(ax)),
assim a.u ∈/S
Logo S não é subespaço vetorial de V .

2.1 Interseção de subespaços vetoriais


Definição
Sejam S1 e S2 dois subespaços vetoriais do espaço vetorial V . A interseção
S de S1 e S2 , S = S1 ∩ S2 , é o conjunto de todos os vetores de V tais que
v ∈ S1 e v ∈ S2 .

Teorema
Sejam S1 e S2 dois subespaços vetoriais do espaço vetorial V . A interseção
S de S1 e S2 , S = S1 ∩ S2 , é subespaço vetorial de V .

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Prova
Podemos observar que S 6= ∅ pois 0 ∈ S1 e 0 ∈ S2 .
Sejam u, v ∈ S e a ∈ R,
(F1) Fechamento em relação à adição:
u, v ∈ S = S1 ∩ S2 → u, v ∈ S1 ∧ u, v ∈ S2 , como S1 e S2 são subespaços
vetoriais de V → u+v ∈ S1 ∧u+v ∈ S2 → u+v ∈ S1 ∩S2 , assim u+v ∈ S.
(F2) Fechamento em relação à multiplicação por escalar:
u ∈ S = S1 ∩ S2 → u ∈ S1 ∧ u ∈ S2 , como S1 e S2 são subespaços vetoriais
de V , dado a ∈ R → a.u ∈ S1 ∧ a.u ∈ S2 → a.u ∈ S1 ∩ S2 , assim a.u ∈ S.
Logo, como (F1) e (F2) foram verificados, podemos concluir que S = S1 ∩S2
é subeapaço vetorial de V .

2.2 Soma de subespaços vetoriais


Definição Sejam S1 e S2 dois subespaços vetoriais do espaço vetorial V .
Sendo S = S1 + S2 , ou seja, o conjunto soma, podemos definir:
S = S1 + S2 = {u + v ∈ V : u ∈ S1 ∧ v ∈ S2 }.

Teorema
Sejam S1 e S2 dois subespaços vetoriais do espaço vetorial V . Então a soma
S = S1 + S2 é um subespaço vetorial de V .
Prova
Demonstre o teorema como exercı́cio de fixação

2.3 Soma direta de subespaços vetoriais


Definição
Sejam S1 e S2 dois subespaços vetoriais do espaço vetorial V . Dizemos que
S é a soma direta de S1 e S2 , denotamos por S = S1 ⊕ S2 , se S = S1 + S2 e
S1 ∩ S2 = {0}.

Teorema
Sejam S1 e S2 dois subespaços vetoriais do espaço vetorial V . Se S é a soma
direta de S1 e S2 , então cada vetor w ∈ S se escreve de forma única como
w = u + v onde u ∈ S1 e v ∈ S2 .
Prova
Suponhamos que existam u1 , u2 ∈ S1 e v1 , v2 ∈ S2 , tais que:
w = u1 + v1 e w = u2 + v2 ,
mas S = S1 ⊕ S2 , com S1 ∩ S2 = {0}, assim
u1 + v1 = u2 + v2 → u1 − u2 = v2 − v1 ,
sabemos que u1 − u2 ∈ S1 e v2 − v1 ∈ S2 , pois S1 e S2 são subespaços
vetoriais de V , logo,
u1 − u2 ∧ v2 − v1 ∈ S1 ∩ S2 ,

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pela definição temos que S1 ∩ S2 = {0}, segue que:
u1 − u2 = 0 ∧ v2 − v1 = 0 → u1 = u2 ∧ v1 = v2 Conluindo a demonstração
do teorema.

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