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Vetores no plano
Se fixarmos uma unidade de comprimento, um ponto P do plano cartesiano pode ser
identificado com o par (a, b) de números reais, que são suas coordenadas (figura 1).
Para qualquer segmento orientado no plano existe outro equivalente a este cujo ponto inicial
é a origem (figura 2). Os segmentos orientados com ponto inicial na origem são
denominados vetores no plano.
Vetores no plano são determinados exclusivamente pelo seu ponto final, pois o ponto inicial
é fixo na origem. Assim, para cada ponto do plano P(a, b), está associado um único vetor
v = OP e, reciprocamente, dado um vetor, associamos um único ponto do plano, que é o
seu ponto final. Isto é, a correspondência entre pontos do plano e vetores é biunívoca.
Vetores no espaço
Cada ponto P do espaço está identificado com a terna de números reais (x, y, z), que dá
suas coordenadas. No espaço os vetores são dados por segmentos orientados, com ponto
inicial na origem e existe uma correspondência biunívoca entre vetores e pontos do espaço
que a cada vetor OP associa seu ponto final P(a, b, c). O vetor v = OP costuma ser
a
denotado pelas coordenadas de P: v = b ou v = (a, b, c). A origem do sistema de
c
coordenadas representará o vetor nulo 0 = (0, 0, 0).
2
Estas propriedades caracterizarão outros conjuntos que, apesar de terem natureza diferente
dos vetores no espaço, "comportam-se" como eles. Estes conjuntos receberão o nome de
espaços vetoriais.
ESPAÇOS VETORIAIS
Definição: Um espaço vetorial real é um conjunto V, não vazio, com duas operações:
soma, V V V, e multiplicação por escalar, R V V,
tais que, para quaisquer u, v, w V e a, b R, as propriedades de i) a viii) sejam
satisfeitas.
EXERCÍCIOS – 1ª lista
1. Verifique que o conjunto dos vetores do espaço é um espaço vetorial real.
2. Verifique que o conjunto das matrizes reais 2 2 com a soma e produto por escalar usuais é um
espaço vetorial real.
3. No conjunto V = {(x, y) | x, y R} definamos "adição" assim: (x1, y1) (x2, y2) = (x1 x2, 0) e
multiplicação por escalares como no R2, ou seja, para cada a R, a(x, y) = (ax, ay). Nestas
condições V é um espaço vetorial sobre R? Por quê?
5. Seja V o conjunto dos pares ordenados de números reais. V não é um espaço vetorial em relação
a nenhum dos dois seguintes pares de operações sobre V:
a) (x1, y1) (x2, y2) = (x1 x2, y1 y2) e a(x, y) = (x, ay), e
b) (x1, y1) (x2, y2) = (x1, y1) e a(x, y) = (ax, ay).
Diga em cada caso quais dos 8 axiomas não se verificam.
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SUBESPAÇOS VETORIAIS
Dentro de um espaço vetorial V, podem existir subconjuntos W que sejam eles próprios
espaços vetoriais. Tais conjuntos serão chamados subespaços de V. Isto acontece, por
exemplo, em V = R2, o plano, onde W é uma reta deste plano, que passa pela origem.
Note que:
a) Qualquer subespaço W de V precisa necessariamente possuir o vetor nulo (por causa da
condição (ii) quando a = 0);
b) Todo espaço vetorial admite pelo menos dois subespaços (que são chamados
subespaços triviais), o conjunto formado somente pelo vetor nulo e o próprio espaço
vetorial.
EXERCÍCIOS – 2ª lista
1. O conjunto W = {(x, y) R2 | y = x2} é subespaço de R2?
ax by 0
2. Seja S o conjunto solução do sistema homogêneo , com a, b, c, d R. Será S um
cx dy 0
subespaço vetorial de R2?
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d) W = {(x, y, z) R3 | x 3z = 0 e y = 0}
e) W = {(x, y, z) R3 | ax by cz = 0, com a, b, c R}
COMBINAÇÃO LINEAR
Uma das características mais importantes de um espaço vetorial é a obtenção de novos
vetores a partir de vetores dados.
Definição: Sejam V um espaço vetorial real, v1, v2, ... vn V e a1, a2, ..., an números reais.
Então, o vetor v = a1v1 a2v2 ... anvn é um elemento de V ao que chamamos combinação
linear de v1, v2, ... vn.
Uma vez fixados vetores v1, v2, ... vn em V, o conjunto W de todos os vetores de V que são
combinação linear destes, é um subespaço vetorial. W é chamado subespaço gerado por
v1, v2, ... vn e usamos a notação W = [v1, v2, ... vn]. Também dizemos que v1, v2, ... vn são
geradores do subespaço W.
Teorema: {v1, v2,... vn} é LD se, e somente se, um destes vetores for uma combinação linear
dos outros.
BASE
Definição: Um conjunto {v1, v2,... vn} de vetores de um espaço vetorial V será uma base de
V se:
i) {v1, v2,... vn} é LI
ii) [v1, v2,... vn] = V
Teorema: Sejam v1, v2,... vn vetores não nulos que geram um espaço vetorial V. Então,
dentre estes vetores podemos extrair uma base de V.
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Seja V um espaço vetorial. Se V possui uma base com n vetores, então V tem dimensão n e
denota-se dim V = n.
Teorema: Seja V espaço vetorial gerado por um conjunto finito de vetores v1, v2,... vn. Então
qualquer conjunto com mais de n vetores é LD. (Portanto, qualquer conjunto LI tem no
máximo n vetores)
Exemplo 1: Seja V = [(2, 1, 1, 0), (1, 0, 1, 2), (0, 1, 1, 4)] um subespaço de R4. Formemos
com esses vetores as linhas de uma matriz
2 1 1 0 2 1 1 0 1 0 1 2
1 0 1 2 e a escalonemos: 1 0 1 2
0 1 1 4 . Como as operações
0 1 1 4 0 1 1 4 0 0 0 0
nos levam a soluções equivalentes temos: V = [(2, 1, 1, 0), (1, 0, 1, 2), (0, 1, 1, 4)] =
[(1, 0, 1, 2), (0, 1, 1, 4), (0, 0, 0, 0)], ou seja, V = [(1, 0, 1, 2), (0, 1, 1, 4)] e dim V = 2.
Exemplo 2: Sejam os vetores v1 = (1, 2, 3), v2 = (0, 1, 2) e v3 = (0, 0, 1), mostre que
B = {v1, v2, v3} é uma base do R3.
1 2 3
Como 0 1 2 já está na forma escalonada, isto significa que {v1, v2, v3} é LI. Para
0 0 1
mostrar que B gera o R3, devemos mostrar que qualquer vetor v = (x, y, z) R3 pode ser
expresso como uma combinação linear dos vetores de B. Assim, se v = av1+bv2+cv3,
encontremos a, b e c em função de x, y e z:
x a a x
(x, y, z) = a(1, 2, 3) +b(0,1, 2) +c(0, 0, 1) y 2a b b 2x y isto é,
z 3a 2b c c x 2y z
(x, y, z) = x(1, 2, 3) +(2x+y)(0,1, 2) +(x2y+z)(0, 0, 1), o que significa que qualquer vetor do
espaço R3 pode ser escrito como combinação linear dos vetores (1, 2, 3), (0, 1, 2), (0, 0, 1).
EXERCÍCIOS – 3ª lista
1. Responda se os conjuntos abaixo são subespaços de M(2,2). E, caso afirmativo exiba geradores.
a b
a) V = com a, b, c, d R e b c
c d
a b
b) W = com a, b, c, d R e b c 1
c d
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2. Dados os subespaços vetoriais de R3:
U = {(x, y, z) R3 | x 2y = y 2z = 0} e W = {(x, y, z) R3 | x = y = 0},
determine os subespaços U W e U W e exiba seus geradores.
3. Dados os subespaços vetoriais de R3:
V = {(x, y, z) R3 | x 2z = y z = 0} e W = {(x, y, z) R3 | x = y},
determine os subespaços V W e V W e exiba seus geradores.
7. Verificar quais dos seguintes conjuntos de vetores do espaço vetorial R3, são linearmente
independentes.
a) {(1, 1, 0), (1, 4, 5), (3, 6, 5)}
b) {(1, 2, 3), (1, 4, 9), (1, 8, 27)}
c) {(1, 2, 1), (2, 4, 2), (5, 10, 5)}
d) {(1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1), (2, 3, 5)}
e) {(1, 1, 1), (1, 0, 1), (1, 0, 2)}
f) {(0, 0, 0), (1, 2, 3), (4, 1, 2)}
g) {(1, 1, 1), (1, 2, 1), (3, 2, 1)}
h) {(1, 2, 3), (–2, 1, 0), (0, 1, 2)}
i) {(0, 0, 3), (3, 1, 2), (–1, 2, 0)}
j) {(1, –1, 1), (2, 0, 1), (4, –2, 3)}
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12. Dados os seguintes subespaços de R4
U = {(x, y, z, t) R4 | x 2z = 0 e y t = 0}
V = [(1, 1, 1, 0), (1, 1, 0, 0), (2, 0, 1, 0), (1, 0, 0, 0)]
Determine:
a) uma base e a dimensão de U e V, respectivamente;
b) uma base e a dimensão de U V e U V, respectivamente;
16. Considere o subespaço de R4 gerado pelos vetores v1 = (1, 1, 0, 0), v2 = (0, 0, 1, 1),
v3 = (2, 2, 1, 1) e v4 = (1, 0, 0, 0).
a) O vetor (2, 3, 2, 2) [v1, v2, v3, v4]? Justifique.
b) Exiba uma base para [v1, v2, v3, v4]. Qual é a dimensão?
c) [v1, v2, v3, v4] = R4? Por quê?
1 5
17. Seja V o espaço das matrizes 2 2 sobre R, e seja W o subespaço gerado por ,
4 2
1 1 2 4 1 7
, , . Encontre uma base, e a dimensão de W.
1 5 5 7 5 1
8
20. Considere o subespaço de R3 gerado pelos vetores v1 = (1, 1, 0), v2 = (0, 1, 1), v3 = (1, 1, 1).
Verifique se [v1, v2, v3] = R3.
21. Dado o subespaço vetorial de R3: V = {(x, y, z) R3 | 3x y z = 0}, determine seus geradores,
exiba uma base para V e determine sua dimensão.
24. Seja W o subespaço do R4 gerado pelos vetores (1, –2, 5, –3), (2, 3, 1, –4) e (3, 8, –3, –5).
a) Encontre uma base e a dimensão de W;
b) Estenda a base de W a uma base do espaço todo R4.
25. Determinar uma base do R4 que contenha os vetores (1, 1, 1, 1), (0, 1, –1, 0), e (0, 2, 0, 2).
COORDENADAS
Um espaço vetorial V possui bases ordenadas, isto é, bases na qual fixamos quem é o
primeiro vetor, quem é o segundo vetor, etc.
Seja V um espaço vetorial de dimensão finita. Seja B = {v1, v2,... vn} uma base ordenada de
V. Tomemos v V sendo: v = a1v1+a2v2+ ... + anvn, os escalares a1, a2,..., an são chamados
componentes ou coordenadas de v em relação à base B. Utiliza-se uma das seguintes
notações:
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Exemplo: No R2, consideremos as bases: A = {(1, 0), (0, 1)}, B = {(2, 0), (1, 3)} e
C = {(1, 3), (2, 4)}. Dado o vetor v = (8, 6), tem-se:
(8, 6) = 8(1, 0) + 6(0,1)
(8, 6) = 3(2, 0) + 2(1,3)
(8, 6) = 2(1, 3) + 3(2, 4)
Com a notação de vetor-coordenada escrevemos: vA = (8, 6), vB = (3, 2) e vC = (2, 3).
w1=a11u1+a21u2+...+an1un
w2=a12u1+a22u2+...+an2un
wn=a1nu1+a2nu2+...+annun
a 11 a1n
A matriz é chamada matriz de mudança da base B’ para a base B.
a n1 a nn
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EXERCÍCIOS – 4ª lista
1. Determinar o vetor-coordenada de v = (6, 2) em relação às seguintes bases:
= {(3, 0), (0, 2)}
= {(1, 2), (2, 1)}
= {(1, 0), (0, 1)}
= {(0, 1), (1, 0)}
2. No espaço R3, tome a base B = {(1, 0, 0), (0, 1, 0), (1, 1, 1)}. Determine o vetor-coordenada de
v R3 em relação à base B se v = (2, 3, 4) v = (3, 5, 6) v = (1, 1, 1)
3. Consideremos a seguinte base do R2: {(2,1), (1, –1)}. Encontre o vetor coordenada de v R2 em
relação à base acima onde:
a) v = (2, 3); b) v = (4, –1) c) v = (3, –3) d) v = (a, b)
4. Encontre o vetor coordenada de v em relação à base: {(1, 1, 1), (1, 1, 0), (1, 0, 0)} do R3, onde:
a) v = (4, –3, 2) b) v = (a, b, c)
5. Considere as bases B = {e1, e2, e3} e C = {g1, g2, g3} de R3 assim relacionadas:
g1 e1 e 2 e 3
g2 2e 2 3e3 .
g3 3e1 e3
Determine:
a) a matriz de mudança de B para C;
b) a matriz de mudança de C para B.
6. Determine as coordenadas do vetor (1, 0, 1) do R3, em relação à base {(1, 1, 1), (0, 0, 1),
(1, 1, 0)}.
8. Considere as bases B = {e1, e2, e3} e C = {g1, g2, g3} de R3 assim relacionadas:
g1 2e 2 e3
g2 e1 4e 2 2e3 .
g3 e1 7e 2 3 e3
Determine:
a) a matriz de mudança de B para C;
b) a matriz de mudança de C para B.
9. No espaço R3 consideremos as bases B = {e1, e2, e3} e C = {g1, g2, g3} relacionadas da seguinte
maneira:
g1 e1 e3
g2 2e1 e2 e3
g3 e1 2e2 e3
Determine:
a) a matriz de mudança de B para C;
b) a matriz de mudança de C para B.
c) se as coordenadas de um vetor u em relação à base B é (1, 1, 2), quais são as coordenadas
desse vetor em relação à base C?
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BIBLIOGRAFIA
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1986.
2) CALLIOLI, Carlos A. Álgebra linear e aplicações. 6.ed. São Paulo : Atual, 1992.
3) LEON, Steven J. Leon. Álgebra Linear com Aplicações. 4.ed. Rio de Janeiro : LTC,
1999.
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- Instituto de Matemática Pura e Aplicada, CNPq, 1995.
5) LIPSCHUTZ, Seymour. Álgebra Linear. São Paulo : Coleção Shaum, Editora
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6) SILVA, Valdir Vilmar da. Álgebra Linear. 2.ed. Goiânia : Editora da UFG, 1999.
7) STEINBRUCH, A. Álgebra Linear. 2.ed. São Paulo : Editora McGraw-Hill. 2000.
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