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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

COORDENAÇÃO DE PESQUISA

A EQUIVALÊNCIA ENTRE O TEOREMA DA


FUNÇÃO INVERSA E O TEOREMA DA FUNÇÃO
IMPLÍCITA

Área do conhecimento: Análise

Subárea do conhecimento: Análise

Relatório Final

Período da bolsa: de 08/2017 a 07/2018

PIBIC/ COPES

1
Conteúdo

1 Introdução 3

2 Objetivos 4

3 Metodologia 6

4 Resultados e Discussões 7

4.1 O espaço vetorial Rn . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

4.1.1 Produto Interno e Norma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

4.1.2 Bolas e conjuntos limitados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

4.2 Preliminares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

4.2.1 Sequências Convergentes e de Cauchy . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

4.2.2 Conjuntos Abertos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

4.2.3 Conjuntos fechados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

4.2.4 Limites de Funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

4.2.5 Continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

4.2.6 Continuidade Uniforme . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

4.2.7 Funções de Lipschitz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

4.2.8 Derivadas Parciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

4.2.9 Derivadas Direcionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

4.2.10 Diferenciabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

2
4.2.11 Matriz jacobiana e Vetor Gradiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

4.2.12 Derivada como Aplicação Linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

4.2.13 Teorema do Valor Médio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

4.2.14 Desigualdade do Valor Médio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

4.2.15 Resultados Básicos de Álgebra Linear . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

4.3 Resultados Importantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

4.3.1 Difeomorsmo e Difeomorsmo Local . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

4.3.2 Contração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

4.3.3 Ponto Fixo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

4.3.4 Aproximações Sucessivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

4.3.5 Pertubação da Identidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

4.3.6 Pertubação de um Isomorsmo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59

4.3.7 Diferenciabilidade do Homeomorsmo Inverso . . . . . . . . . . . . . 60

5 Conclusões 63

5.1 Teorema da Função Inversa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

5.2 Teorema da Função Implícita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

5.3 Equivalência entre o Teorema da Função Inversa e a Função Implícita . . . . 67

6 Perspectivas 71

7 Referências 72

8 Outras Atividades 73

3
1 Introdução

A matemática é uma área do conhecimento que estuda as possíveis relações e

interdependências entre grandezas quantitativas e assim com as demais áreas, é subdividida

em especialidades, as quais podemos elencar a Álgebra,a Geometria, a Teoria dos Números,

entre outras.

No decorrer da graduação no Curso de matemática temos contato com cursos como

Análise na Reta, Cálculo I e Cálculo III que nos proporciona conhecer diversos conteúdos

matemáticos como derivadas, integrais e ainda os Teoremas da Função Inversa e da

Função Implícita. Tais disciplinas embasaram-se nestas subáreas para compreender o

desenvolvimento da matemática, bem como a matemática aplicada que trata a aplicação

do conhecimento em outros domínios, porém nem sempre compreendemos a aplicabilidade

imediata dos muitos teoremas que estudamos nas disciplinas cursadas. Por isso, optamos

por realizar essa investigação acerca da relação entre os Teoremas mencionados sob a luz de

n variáveis e assim estabelecer a equivalência dos teoremas.

Este trabalho está estruturado em três subseções que fazem referência a aspectos

importantes acerca do tema tratado.No primeiro estágio apresentaremos alguns resultados

preliminares que contribuirão para um melhor entendimento a cerca de certos conceitos

fundamentais. Em seguida, focalizaremos os resultados que darão subsídios para a

demonstração da equivalência entre os Teoremas. Por m estabeleceremos a equivalência

entre os teoremas acima citados e mostraremos alguns exemplos que retomem a equivalência.

O Teorema da Função inversa é um importante resultado que trata da possibilidade de

inverter uma função, mesmo que localmente e faz uso das propriedades de diferenciabilidade

da inversa.E, por isso, também trataremos a respeito do Teorema da Função Inversa , que

diz basicamente que se Df (x0 ) é invertível, então f é invertível numa vizinhança de x0 . Este

critério usa o determinante da matriz jacobiana da função. Já o Teorema da função Implícita

determina condições sob as quais uma relação com F (x, y) = 0 dene como função de x ou

x como função de y. A solução é local no sentido que o tamanho do intervalo I pode ser

menor do que o domínio da aplicação F.

4
2 Objetivos

Este plano de trabalho, faz referência a equivalência entre os Teoremas da Função

Implícita e Inversa. Visando alcançar os objetivos do projeto, foi proposto pelo orientador,

que o mesmo fosse executado em duas etapas: a primeira objetiva uma revisão dos

principais conceitos básicos alguns resultados preliminares que contribuirão para um melhor

entendimento a cerca de certos conceitos fundamentais e a segunda busca estabelecer uma

formação mais aprofundada em que focalizaremos os resultados que darão subsídios para a

demonstração da equivalência entre os Teoremas e permita a elaboração de material sobre o

tema de estudo do projeto. Por m estabeleceremos a equivalência entre os teoremas acima

citados e mostraremos alguns exemplos que retomem a equivalência.

Salientemos que o outro aluno cadastrado no mesmo projeto, realizou


semanalmente exposições sobre os temas abordados, por isso, neste primeiro
momento do plano de trabalho, a fundamentação teórica foi a mesma. Mas a
partir da segunda etapa, os tópicos serão de acordo com a nalidade de cada
plano proposto.

Logo abaixo, detalhamos os conteúdos estudados desde a etapa inicial.

Etapa 1: Agosto de 2017 - Dezembro de 2018.

1. Espaço Euclidiano n-dimensional;

2. Normas e produto interno do espaço euclidiano;

3. Bolas e conjuntos limitados;

4. Sequências convergentes e de Cauchy;

5. Conexidade;

6. Caminhos no espaço euclidiano;

7. Derivadas parciais e direcionais;

8. Derivada com aplicação linear;

5
Etapa 2: Janeiro de 2018 - Março.

1. Difeomorsmo e difeomorsmo local;

2. Difeomorsmo do homeomorsmo;

3. Difeomorsmo do homeomorsmo inverso;

4. Aproximações sucessivas;

Etapa 3: Abril - Julho.

1. Teorema da função implícita ;

2. Teorema da função inversa;

3. Equivalência entre os teoremas;

6
3 Metodologia

O âmago desse plano de trabalho é adquirir familiaridade com os teoremas da Função

Inversa e Implícita, bem como algumas de suas aplicações. Nosso trabalho está dividido em

três estágios, com mencionado anteriormente.

Para cumprir cada etapa do projeto, são realizados estudos dirigidos com exposições

semanais pelo aluno na presença do orientador, sobre os temas dos estudos dirigidos sugerido

pelo orientador, discussões e resoluções de exercícios propostos a m de xar os conceitos

e resultados introduzidos, para ampliar os conhecimentos e dá suporte ao andamento do

projeto.

7
4 Resultados e Discussões

Inicialmente faremos breves denições sobre a topologia do Rn que contribuirão para

o nosso objetivo nal, isto é, demonstrar a equivalência entre os Teoremas da Função Inversa

e da Função Implícita.

4.1 O espaço vetorial Rn

Seja n ∈ N. O espaço euclidiano n-dimensional é o produto cartesiano de n fatores

iguais a R:

Rn = R × R × · · · × Rn .

Os pontos de Rn são as n-listas x = (x1 , ..., xn ) cujas coordenadas x1 , ..., xn são números

reais.

Dados x = (x1 , ..., xn ), y = (y1 , ..., yn ) em Rn e um número real λ, denimos a soma x + y


e o produto λ · x pondo

x + y = (x1 + y1 , ..., xn + yn ),

λ · x = (λx1 , ..., λxn ).

Com estas operações, o Rn é um espaço vetorial de dimensão n sobre R, no qual o elemento


neutro para a adição 0 = (0, ..., 0) e o simétrico de x = (x1 , ..., xn ) é −x = (−x1 , ..., −xn ).

Os elementos de Rn serão às vezes chamamos de pontos e às vezes de vetores, destaca-se

a base canônica {e1 , ..., en }, formada pelos vetores

e1 = (1, 0, ..., 0), e2 = (0, 1, ..., 0), ..., en = (0, 0, ..., 1),

8
que tem uma coordenada igual a 1 e as outras nulas. Para todo x = (x1 , ..., x2 ) em Rn ,
temos:

x = x1 e1 + ... + xn en .

• Sejam L(Rm ; Rn ) o conjunto das aplicações lineares T : Rm −→ Rn e o conjunto

M (n × m) das matrizes reais (aij ) com n linhas e m colunas.

• Existe uma bijeção natural entre os conjuntos L(Rm ; Rn ) e M (n × m).

De fato, dada T ∈ L(Rm ; Rn ), seja AT = (aij ) a matriz cuja j-ésima coluna é o vetor

coluna (T ej )t , onde {e1 , ..., en } é a base canônica de Rm ,ou seja, a matriz AT é denida pelas

igualdades

n
X
T (ej ) = aij e∗i (j = 1, ..., m).
i=1
∗ ∗ n
onde {e1 , ..., en } é base canônica de R .

Reciprocamente, dada A ∈ M (n × m), seja TA ∈ L(Rm ; Rn ) denida por

n n
!
X X
TA (x) = aij xj , · · · , anj xj
j=1 j=1

Como TA (ej ) = (aij , · · · , anj ), temos que a aplicação

φ : L(Rm ; Rn ) −→ M (n × m)

T 7−→ AT

é sobrejetora.

Além disso, φ é injetora, pois se φ(T ) = φ(L), então T (ej ) = L(ej ) , j = 1, · · · , m e,

portanto,

T (x) = x1 · T (e1 ) + · · · + xm · T (em )

9
.

Escrevendo as colunas de uma matriz A ∈ M (n × m) uma após a outra linha , podemos

identicar A como um ponto do espaço euclidiano Rmn.

Assim, M (n × m) torna-se um espaço vetorial real de dimensão nm, no qual as matrizes

Akl = (akl
ij ), 1 6 k 6 n, 1 6 m,

onde 
1, (i, j) = (k, l)
(akl
ij ) =
0, (i, j) 6= (k, l)

formam uma base natural.

Além disso, como φ é uma bijeção, podemos induzir em L(Rm ; Rn ) uma estrutura de

espaço vetorial, para a qual T lk , 1 6 k 6 ne 1 6 m, onde T lk (el ) = e∗k e T lk (ej ) = 0 se j 6= l


é uma base natural.

Podemos, assim, sempre que for conveniente, substituir L(Rm ; Rn ) ora por M (n × m) ora
por Rmn .

• No caso particular em que n = 1 , L(Rm ; R) é o espaço vetorial de dimensão n formado


pelos funcionais lineares Rm em R, para o qual {π1 , · · · , πm } é uma base, onde


1, i = j
πi =
0, i 6= j

ou seja,
n
X
πi = (x1 , ..., xm ) = xi πi ej = xi
i=1

é a projeção de Rm sobre o seu i-ésimo fator.

O espaço L(Rm ; R) = Rm é chamado espaço dual do Rm e, a base {π1 , ..., πm } constituem


a base dual da base canônica de Rm .

Denição 1. Sejam E, F, G espaços vetoriais reais. Uma aplicação ϕ : E × F −→ G


chama-se bilinear quando é linear em relação a cada uma da suas variáveis. Ou seja:

10
ϕ(λx + x0 , y) = λϕ(x, y) + ϕ(x0 , y);

Denição 2. Uma aplicação bilinear ϕ : E × E −→ G é simétrica quando

ϕ(x, y) = ϕ(y, x)

4.1.1 Produto Interno e Norma

Denição 3. Seja E um espaço vetorial real. O produto interno em E é uma aplicação

h, i : E × E −→ R que satisfaz as seguintes propriedades:

1. hx, yi = hy, xi,

2. hx + x0 , yi = hx, yi + hx0 , yi,

3. hαx, yi = αhx, yi = hx, αyi,

4. ∀x 6= 0, hx, xi > 0.

para quaisquer x, x0 , y ∈ E e λ ∈R.

Ou seja, o produto interno sobre E é uma função bilinear, simétrica e positiva denida.

Exemplo 1. O produto interno canônico do espaço euclidiano Rn , o qual é dado por

hx, yi = x1 y1 + · · · xn yn ,

onde x = (x1 , ..., xn ) e y = (y1 , ..., yn ).

Observação 1. Dois vetores x, y ∈ Rn dizem-se ortogonais quando hx, yi = 0.

Observação 2. O vetor nulo é ortogonal a todos os vetores do espaço.

11
Proposição 1 (Desigualdade de Cauchy -Schwarz). Seja E um espaço vetorial com produto

interno h, i . Então

hx, yi ≤ kxkkyk, ∀x, y ∈ E,


p p
e a igualdade é valida se, e somente se, x e y são LD, onde kxk = hx, xi e,kyk = hy, yi

Demonstração. Suponhamos y 6= 0 e seja λ ∈ R.Como

hx + λy, x + λyi = kxk2 + 2λhx, yi + λ2 kyk2 > 0, ∀λ ∈ R

temos que o discriminante

4 = hx, yi2 − 4kxk2 kyk2 6 0

Ou seja,

khx, yik ≤ kxkkyk

Além disso, khx, yik = kxkkyk, se e somente se,4 =0 , ou seja, se e somente se, existe

λ0 ∈ Rtal que x + λ0 y = 0.

Logo, khx, yik = kxkkyk se , e somente se, x e y são LD.

Denição 4. Uma norma num espaço vetorial real E é uma função real kk : E −→ R que

satisfaz as seguintes condições:

1. kλxk = |λ|kxk;

2. kλx + yk 6 kxk + kyk

3. x 6= 0 =⇒ kxk > 0

para quaisquer x, y ∈ E e λ∈R

Observação 3. |kxk − kyk 6 kx − yk

12
Demonstração. De fato, como

kxk = k(x − y) + yk 6 kx − yk + kyk

e,

kyk = k(x − y) + xk 6 kx − yk + kxk

Temos que

−k(x − y) + yk 6 kxk − kyk 6 k(x − y) + yk

Ou seja,

|kxk − kyk| 6 k(x − y) + yk

Observação 4. Seh, i : E × E −→ R é um produto interno em E, entãok : E −→ R, kxk =


p
hx, xi é uma norma em E.

Exemplo 2. Se h, i é produto interno em Rn ,

p q
|xk = hx, xi = x21 + · · · + x2n

é chamada de norma euclidiana do vetor x ∈ Rn

Observação 5. Há uma innidade de normas que podem ser denidas no espaço euclidiano

mathbbRn . Dentre elas, temos:

1. A norma do máximo :|xkm = max|x1 |, · · · , |xn |

2. A norma da soma : |xks = |x1 | + · · · + |xn |

Além disso, para todo x em Rn ,

|xkm 6 |xk 6 |xks 6 nkxkm

onde kxk é a norma euclidiana.

13
Demonstração.
p
De fato, como kxkm = x21 + · · · + x2n > |xi |, ∀i = 1, · · · , n , temos que

kxkm 6 |xk.

E se kxkm = |xk, então

|xks = |x1 | + · · · + |xn | 6 n|xi | = nkxkm

Finalmente,
n
X
kxk2s = (|x1 | + · · · + |xn |)2 = |x1 |2 + · · · + |xn |2 + 2 |xi ||yi | > |x1 |2 + · · · + |xn |2 = kxk2
i,j=1

ou seja, |xk 6 |xks .

Observação 6. As desigualdades na observação 5 servirão para mostrar que as três normas

são equivalentes.

Observação 7. Uma norma pode não provir de um produto interno, ou seja, nem sempre

existe um produto interno h, i em E tal que

p
kxk = hx, xi

Com efeito, se a norma kxk provém de um produto interno h, i, então vale a identidade

do paralelogramo:

kx + yk2 − kx − yk2 = 2(k(xk2 + kyk2 )

que diz que a soma dos quadrados das diagonais de um paralelogramo é igual à soma dos

quadrados de seus quatro lados.

De fato,

kx + yk2 = hx + y, x + yi = kxk+ kyk2 + 2hx, yi

kx − yk2 = hx − y, x − yi = kxk+ kyk2 − 2hx, yi

=⇒ kx + yk2 + kx − yk2 = 2(kxk+ kyk2 )

Com isso, podemos mostrar que as normas kkm e kks em Rn não provém de um produto

interno.

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Demonstração. Sejam e1 e e2 vetores da base canônica do Rn , temos que

ke1 + e2 k2m + ke1 − e2 k2m = 1 + 1 = 2 6= 4 = 2(ke1 k2m + ke2 k2m )

ke1 + e2 k2s + ke1 − e2 k2s = 4 + 4 = 8 6= 4 = 2(ke1 k2s + ke2 k2s )

4.1.2 Bolas e conjuntos limitados

Denição 5. Num espaço normado, denimos os seguintes conjuntos

1. Bola aberta de centro a em M e raio r > 0 :B(a, r) = {x ∈ E/kx − ak < r}

2. Bola fechada de centro a em M e raio r > 0 :B[a, r] = {x ∈ E/kx − ak 6 r}

3. Esfera de centro a em M e raio r > 0 :S[a, r] = {x ∈ E/kx − ak = r}

Segue-se que B[a, r] = S[a, r] ∪ B(a, r)

Exemplo 3. No espaço euclidiano Rde dimensão 1, as três normas, denidas anteriormente,


coincidem e B[a, r] = S[a, r] = B(a, r), tal que B[a, r] = [a − r, a + r], S[a, r] = {a − r, a +
r}, B(a, r) = (a − r, a + r).

Observação 8. A forma geométrica das bolas e esferas, em geral, dependem da norma que

se usa.

Por exemplo, se considerarmos o plano R2 , com a métrica euclidiana, teremos:

1. B((a, b), r) = {(x, y) ∈ R2 /(x − a)2 = (y − b)2 < r} (disco aberto de centro (a,b) e raio
r > 0.)

2. B[(a, b), r] = {(x, y) ∈ R2 /(x − a)2 = (y − b)2 6 r} (disco fechado de centro (a,b) e

raio r > 0.)

3. S[(a, b), r] = {(x, y) ∈ R2 /(x−a)2 = (y −b)2 = r} (círculo de centro (a,b) e raio r > 0.)

15
Figura 1: Bolas com a métrica Euclidiana.

E se considerarmos, R2 com a métrica do máximo, teremos:

1. Bm ((a, b), r) = {(x, y) ∈ R2 /|x − a| < re|y − b| < r} = (a − r, a + r) × (b − r, b + r)

2. Bm [(a, b), r] = {(x, y) ∈ R2 /|x − a| 6 re|y − b| 6 r} = [a − r, a + r] × [b − r, b + r]

3. Sm [(a, b), r] = {(x, y) ∈ R2 /|x−a| 6 re|y−b| = r}∩{(x, y) ∈ R2 /|x−a| = re|y−b| 6 r}

Figura 2: Bola aberta, esfera e bola fechada no plano, em relação à norma do máximo.

Finalmente, se tomarmos R2 com a métrica da soma, teremos:

1. B((a, b), r) = {(x, y) ∈ R2 /(x − a)2 = (y − b)2 < r} (disco aberto de centro (a,b) e raio
r > 0.)

2. B[(a, b), r] = {(x, y) ∈ R2 /(x − a)2 = (y − b)2 6 r} (disco fechado de centro (a,b) e

raio r > 0.)

3. S[(a, b), r] = {(x, y) ∈ R2 /(x−a)2 = (y −b)2 = r} (círculo de centro (a,b) e raio r > 0.)

16
Figura 3: Bola fechada, esfera e bola aberta com relação à métrica da soma.

Observação 9. De um modo geral, a bola aberta Bm (a, r) ⊂ Rn denida pela norma

|xkm = max|x1 |, · · · , |xn |, é o produto cartesiano (a1 − r, a1 + r) × · · · × (an − r, an + r) onde


a = (a1 , · · · , an )

Demonstração. De fato,

x = (x1 , · · · , xn ) ∈ Bm (a, r) ⇐⇒ |x1 − a1 | < r, · · · , |xn − an | < r

⇐⇒ x1 ∈ (a1 − r, a1 + r), · · · , xn ∈ (an − r, an + r)

⇐⇒ (x1 , · · · , xn ) ∈ a1 − r, a1 + r) × · · · × (an − r, an + r)

Denição 6. Um conjunto X ⊂ Rn é convexo quando contém qualquer segmento da reta

cujos extremos pertencem a X, ou seja,

x, y ∈ X =⇒ [x, y] ⊂ X.

Exemplo 4. Todo espaço vetorial E ⊂ Rn é convexo.

Teorema 1. Toda bola aberta ou fechada de Rn , com respeito a qualquer norma, é um

conjunto convexo.

Demonstração. Sejam x, y ∈ B(a, r). Então, kx − ak < r e ky − ak < r. Logo,

k(1 − t)x + ty − ak = k(1 − t)x + ty − (1 − t)y − (1 − t)a − tak 6 k(1 − t)(x − a)k + kt(y − a)k = r

para todo t ∈ [0, 1], pois 1−t>0 ou 1−t>0 e t > 0.

De modo análogo, podemos provar que a bola fechada é convexa.

17
Denição 7. Um subconjunto X ⊂ Rn é limitado com respeito a uma norma em Rn quando
existe c > 0 tal que kx|| 6 c para todo x em X, ou seja, quando existe c > 0 tal que

X ⊂ B[o, c].

4.2 Preliminares

Esta seção nos conduzirá a alguns resultados importantes que nos auxiliarão na

demonstração da equivalência mencionada. Destacamos as denições de sequências

convergentes e de Cauchy, conjuntos abertos e fechados, continuidade, continuidade uniforme

e diferenciabilidade em Rn .

4.2.1 Sequências Convergentes e de Cauchy

Nesta seção, estudaremos quando uma sequência de pontos em Rn é convergente ou de

Cauchy. Tais sequências serão úteis para obtermos informações que serão estudadas na teoria

das aproximações sucessivas.

Denição 8. Uma aplicação x : N → Rn é chamada sequência em Rn . Uma sequência em

Rn será denotada por

(xm ) ou (xm )m∈N ou(x1 , x2 , · · · , xm , · · · )

Observação 10. Observe que xm ∈ Rn , então xm = (xm m m


1 , x2 , · · · , xn , ∀ m ∈ N.
 
1
Exemplo 5. Consideremos xm = , sin(m) ∀ m ∈ N. Assim, (xm ) é uma sequência em
m
R2

Denição 9. Dizemos que (xm )é limitada se ∃ r>0 tal que kxm k < r ∀ m ∈ N.

Mostraremos uma outra maneira de denirmos uma sequência limitada através das

coordenadas de seus valores.

Teorema 2. (xm )m∈N é limitada em Rn ⇔ (xm


i )m∈N é limitada em R∀ i = 1, 2, · · · , n, onde

xm = (xm m m
1 , x2 , · · · , xn , ∀ m ∈ N.

18
Demonstração.

⇒) Se (xm )m∈N é limitada Rn , então ∃ r > 0 tal que kxm k < r , ∀ m ∈ N. Logo, pela

denição de norma euclidiana,

(xm 2 m 2 2
1 ) + · · · + (xn ) ≤ r .

Assim,

(xm 2 2
i ) ≤ r ∀ i = 1, 2, · · · , n e ∀ m ∈ N.

Portanto,

|xm 2
i | ≤ r∀ m ∈ N e i = 1, 2, · · · , n.

Ou seja, (xm
i )m∈N é limitada em R, ∀ i = 1, 2, · · · , n.

⇐) Suponha que (xm


i )m∈N . Daí, ∃ ri > 0 tal que |xm
i | ≤ ri , ∀ i = 1, 2, · · · , n. e ∀ m ∈ N.
logo,

(xm 2 m 2 2 2
1 ) + · · · + (xn ) ≤ r1 + · · · + rn , ∀ m ∈ N.
p
Portanto, kxm k ≤ r12 + · · · + rn2 = r ∀ m ∈ N.

Exemplo 6. A sequência (xm ) ⊆ R, denida por xm = m ∀ m ∈ N, não é limitada.

m
Exemplo 7. Um exemplo de sequência limitada é (xm ), onde xm = ∀ m ∈ N, pois,
m+1
|xm | < 1 para todo m ∈ N.
 
1
Exemplo 8. A sequência xm = , sin(m) ∀ m ∈ N é uma sequência limitada em R2 .
m
De fato,

1
≤1 e sin(m) ≤ 1, ∀ m ∈ N
m
Logo, pelo Teorema 4.2.1, (xm )m ∈ N é limitada.

Exemplo 9. Seja xm = (1, m) ∈ R2 ∀ m ∈ Numa sequência. Usando o Teorema 4.2.1,

temos que (xm ) não é limitada, já que a segunda coordenada do n-ésimo termo desta

sequência não forma uma sequência limitada em R.

19
Denição 10. Dizemos que uma sequência, em Rn , (xm ) é convergente e converge para

x ∈ Rn se dado qualquer número  > 0, é sempre possível encontrar um número n0 tal que

kxm − xk < , sempre que m ≥ n0 .

Neste caso, escrevemos lim xm = x. (xm ) é dita divergente.


Caso contrário,
 
1
Exemplo 10. A sequência (xm ), denida por xm = , 2 ∈ R2 , é convergente e converge
m
1
para (0, 2). De fato, dado  > 0, seja n0 ∈ N tal que n0 > . Logo, ∀ m > n0 , tem-se

1 1
≥ . portanto,
n0 m
   
1 1
= 1 ≥ 1 <

kxm − (0, 2)k =
m , 2 − (0, 2) =
m , 0 m n0

Daí, lim xm = (0, 2).

Podemos caracterizar a convergência de uma sequência em Rn através da coordenadas

dos valores desta sequência.

Teorema 3. Sejam (xm ) ⊆ Rn uma sequência e x ∈ Rn . Então,

lim xn = x ⇔ lim xm
i = xi , ∀ i = 1, · · · , n,

onde x = (x1 , x2 , · · · , xn ) e xm = (xm m m


1 , x2 · · · , xn ).

Demonstração.

⇒) Dado  > 0, ∃ n0 ∈ N tal que ∀ m ≥ n0 , tem-se

|xm
i − xi | ≤ kxm − xk < , ∀ i = 1, · · · , n,

Logo,

lim xm
i = xi , ∀ i = 1, · · · , n,

⇐) Suponha que lim xm


i = xi , ∀ i = 1, · · · , n. Assim, dado  > 0, ∃ k0i ∈ N tal que ∀ m ≥ k0i ,
tem-se

|xm
i − xi | < √ , ∀ i = 1, · · · , n.
n

20
Logo, para k0 = max{k01 , · · · , k0n } e m ≥ k0 , encontramos

n
2
X n2
kxm − xk |xm 2
i − xi | < .
i=1
n

Portanto,

kxm − xk < , ∀ m ≥ k0 .

Denição 11 (Sequência de Cuachy) . Dizemos que uma sequência (xm ) ⊆Rn é de uma

sequência de Cauchy se ado ε > 0, existe um k0 ∈ N; ∀ k, l ≥ k0 , tem-se que:

k xk − xl k< ε

1
Exemplo 11. A sequência (xm ) = ((1, ))m∈N .
m
2
De fato, dado  > 0, ∃n0 ∈ Ntal que n0 > 
. Com isso, ∀m, k > n0 , obtemos

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
kxm − xk k <  = hk(1, ) − (1, 1 )ik = k(0, − )k = | − | ≤ + ≤ − <
m k m k m k m k n0 n0

+ df rac2 = 
2
Portanto, kxm − xk k <  sempre que m, k > n0 . Por conseguinte, (xm ) é uma sequência

de Cauchy.

Exemplo 12. A sequência ((0, m)) ⊂ R2 não pe de Cauchy. De fato, ∃ = 1


2
>0 tal que

∀n0 ∈ N, encontra-se n0 , n0 + 1 > n0 que satisfazem

1
k(o, n0 ) − (0, n− 0 + 1)k = k(0, −1)k = 1 >
2

Portanto, (xm ) não é de Cauchy.

Mostraremos que podemos vericar se uma sequência avaliando os valores de suas

coordenadas.

Teorema 4. Seja (xm ) ⊆ Rn uma sequência. Então, (xm ) é de Cauchy ⇔ (xm


i ) pe de

Cauchy, ∀i = 1, · · · , n .

21
Demonstração. ⇒) Suponhamos que (xm ) é de Cauchy, então dado  > 0 ∃ ∈ Ntal que ∀
m, k > no tem-se

kxm − xk k < .

Consequentemente, ∀ m, k > k0 , obtemos

|xm k
i − xi | 6 kxm − xk k < , ∀i = 1, · · · , n.

Logo, (xm
i )m∈N é de Cauchy EM R, ∀i = 1, · · · , n

⇒ Suponhamos que , (xm


i )m∈N é de Cauchy, ∀i = 1, · · · , n . Assim, dado  > 0 , ∃ni0 ∈
Ntal que ∀ m, k > nio , tem -se


|xm k
i − xi | < √ ∀i = 1, · · · , n
n

Logo, para n − 0 = max ni0 : i = 1, · · · , n ∈ Ne m, k > no , obtemos

n
2
X 2
kxm − xk k = |xm k 2
i − xi | < n = 2
i=1
n

Ou seja, kxm − xk <  , ∀ m, n > n0 . Portanto, (xm ) ⊆ Rn é de Cauchy.

Exemplo 13. A sequência ((1 − cos m, m))m∈N ⊆ R2 não é de Cauchy, pois (m ⊆⊂ Rnão o

é.

Vejamos, agora, que p concenceito de sequência de Cauchy é equivalente a ser convergente

em Rn .

Teorema 5. Uma sequência (xk )k∈N é de Cauchy em Rn ⇔ (xk ) for convergente.

Demonstração. Se (xk ) é um sequência de Cauchy em , então pelo teorema anterior, (xki )k∈N
( ∀ i=1, ..., n) é uma sequência de Cauchy em R.

Como Ré um conjunto completo, toda sequência de Cauchy é convergente, ou seja,

lim xki = ai ; i=1, ..., n. Então segue pelo teorema ??, lim xk = a.
k→∞ k→∞

A recíproca é imediata.

22
Exemplo 14. A sequência ((0, m))m∈N ⊆ R2 é divergente , pois como foi mostrado

anteriormente esta sequência não é de Cauchy.

4.2.2 Conjuntos Abertos

Estabeleceremos a denição de conjunto aberto no Rn , bem como alguns exemplos e

algumas propriedades que os caracterizam. Pretendemos ilustrar tal trabalho para que o

leitor possa ter uma melhor compreensão de alguns resultados que estão por vir. Porém,para

denirmos o que signica um conjunto ser aberto, precisamos aber que tipo de conjunto

podemos chamar de bola aberta.

Denição 12. Sejam x ∈ Rn e r > 0. O conjunto

Br (x) = {y ∈ Rn : ky − xk} < r ⊆ Rn

é chamado bola aberta de centro x e raio r. Analogamente, denimos a bola fechada de

centro x e raio r como sendo o conjunto

Br [x] = {y ∈ Rn : ky − xk} < r

Já o conjunto

Sr [x] = {y ∈ Rn : ky − xk} = r

é denominado esfera de centro x e raio r.

Denição 13. Seja X ⊆ Rn . Um ponto x∈X é chamado ponto interior a X, e escrevemos

x ∈ intX , se ∃ >0 tal que

B (x) ⊆ X

O conjunto intX = {x ∈ Rn : x é interior a X}. É chamado conjunto interior de X.

Observação 11. É importante destacarmos que intX ⊆ X , já que se x ∈ intX , então

∃ >0 tal que x ∈ B (x) ⊆ X . Consequentemente, x ∈ X.

Denição 14. Dizemos que X ⊆ Rn é aberto se X = intX .

Observação 12. Sabemos que intX ⊆ X . Portanto, para provarmos que X é aberto é

necessário e suciente demonstrar que X ⊆ intX .

23
Exemplo 15. O intervalo aberto (a, b) ⊆ R é aberto. Pelo que foi destacado anteriormente

temos que int(a, b) ⊆ (a, b). Seja c ∈ (a, b). Desejamos encontrar >0 tal que

c+<b⇒<b−c

c−>a⇒<c−a

Basta tomar  = minb − c, c − a, daí temos que B (c) = (c − , c + ) ⊆ (a, b). Logo,

c ∈ int(a, b). Assim sendo, (a, b) ⊆ int(a, b). Portanto (a, b) = int(a, b), isto é, (a, b) é

aberto.

Exemplo 16. Considerando o conjunto [a, b), vemos que ele não é aberto, pois a ∈ [a, b),
mas a∈
/ [a, b), já que (a−, a) ⊆ (a−, a+) contém pontos que não estão em [a, b), ∀  > 0.

Exemplo 17. A = {0, 1}x{0} = {(x, 0) ∈ R2 : x ∈ (0, 1)}não é aberto


O conjunto
 em R .
2

−
De fato, seja (x, 0) ∈ A, para todo  > 0 temos que B ((x, 0)) * A, pois x, ∈ B ((x, 0))
  2
−
e x, ∈/ A.
2
Exemplo 18. O conjunto X = {(x, y) ∈ R2 : x > 0} é um conjunto aberto

em R2 . Com efeito, para (x, y) ∈ X, concluímos que x > 0. Portanto,


x
Br ((x, y)) ⊆ X , onde r = > 0. Para provar esta inclusão escolha (a, b) ∈ Br ((x, y)) e
2
encontre

|a − x| 6 k(a, b) − (x, y)k < r.

Isto é,
x
a − x > −r = − .
2
Por m,
x x
a>x− = > 0.
2 2
Isto nos diz que (a, b) ∈ X. O próximo resultado nos diz que a união (respectivamente

interseção) qualquer (respectivamente nita) de conjuntos abertos é um conjunto aberto em

Rn .

Teorema 6. são verdadeiras as seguintes armações:

Tm
i) Se A1 , A2 , · · · , Am são abertos, então i=1 Ai é aberto;

24
S
ii)Se (Aλ )λ∈L é uma família de conjuntos abertos, então λ∈L Aλ é aberto.

Demonstração.

Tm
i)Seja x∈ i=1 Ai , então x ∈ Ai , ∀ i = 1, 2, · · · , m. Com isso, existem r1 , r2 , · · · , rm > 0
tais que

Bri (x) ⊆ Ai , ∀ i = 1, 2, · · · , m,

pois Ai é aberto. Seja r = min{r1 , r2 , · · · , rm } > 0. Então

Br (x) ⊆ Bri (x) ⊆ Ai ∀ i = 1, 2, · · · , m,


Tm
x ∈ int ( m
T Tm
Daí,Br (x) ⊆ i=1 Ai . Ou seja, i=1 Ai ). com isso, i=1 Ai é aberto.

S
item ii)Seja x∈ λ∈L Aλ , então ∃λ0 ∈ L tal que x ∈ A λ0 é aberto, então ∃r > 0 tal que,

[
Br (x) ⊆ Aλ0 ⊆ Aλ
λ∈L
S  S
Portanto, x ∈ int λ∈L Aλ . Por m, λ∈L Aλ é aberto.

Vejamos um contraexemplo para a seguinte armação: Uma interseção qualquer de

conjuntos abertos é aberto.


 
−1 1
Exemplo 19. Seja An = , , ∀ n ∈ N.Os A0n s são abertos (ver exemplo 15). Note
T n n
que n∈N An = {0}, mas {0} não é aberto, pois,0 ∈
/ int{0}, já que o intervalo (−, ) contém
números diferentes de 0, ∀  > 0. Concluímos que uma interseção qualquer de abertos não

necessariamente é aberto.

4.2.3 Conjuntos fechados

Retomamos a importância sobre alguns conteúdos topológicos de Rn , pois, os mesmos

tem uma relação fundamental com o Teorema do ponto xo para contrações ou ainda

com o Método das aproximações sucessivas, um desses resultados é a ideia de conjunto

fechado. Assim sendo, nesta seção, mostraremos tal denição como também outros aspectos

importantes que estão ligados a esse assunto e ainda algumas propriedades importantes que

regem os conjuntos que satisfazem esta denominação.

25
Denição 15. Seja X ⊆ Rn . Dizemos que x ∈ Rn é ponto aderente a X se ∃(Xm ) ⊆ X tal

que lim xm = x.
1 1
Exemplo 20. Seja X={ : n ∈ N}. É fácil ver que lim = 0. Daí, 0 é ponto aderente a
n n
X. Observe que 0∈
/ X.

Denição 16. O conjunto de todos os pontos aderentes a X será chamado fecho de X.


Denotaremos este por X = {x ∈ Rn : x é aderente a X}.

Observação 13. Veja que X ⊆ X, ∀ X ⊆ Rn . De fato, seja x ∈ X, denida por

xm = x∀ m ∈ N, é uma sequência constante e lim xm = x. Ou seja, x ∈ X. Dessa

forma, X ⊆ X. Todavia pode ocorrer X * X (ver exemplo a seguir).

1
Exemplo 21. Seja X={ : n ∈ N} vimos que o ∈ X, mas 0∈
/ X. Logo X ( X.
n
Exemplo 22. Seja kxk = r  x não
então
 pertence à bola aberta B = Br (0) porém é aderente
1
a ela. Com efeito, pondo xk = 1 − x, para todo k ∈ N. Assim sendo
k
xk ∈ Br (0), ∀ k ∈ N, e lim xk = x. Logo x ∈
Br (0).Reciprocamente,x ∈ Br (0), então x = lim xk com kxk k < r, ∀ k ∈ N. Portanto

kxk = limkxk k ≤ r. Concluí-se então que x ∈ Br (0) ⇔ kxk < r, ou seja, Br (0) = Br [0]. O

mesmo argumento mostra que fecho de toda bola aberta Br (a) é bola fechada Br [a].

Denição 17. Dizemos que X ⊆ Rn é fechado se X = X.


1
Exemplo 23. O conjunto X={ : n ∈ N}, não é fechado, pois, 0 ∈ X, mas, 0∈
/ X, isto
n
é, X 6= X .

Exemplo 24. Vamos provar que Br (x). Seja y ∈= Sr [x], então ky − xk = r. Vamos provar

que y ∈ Br (x). De fato, seja (Xm ) ⊆ Rn ; denida por


 
1
xm = x + 1 − (y − x), ∀ m ∈ N.
m

Assim,

     
1 1 1
kxm − xk = k 1 − (y − x)k = 1 − k(y − x)k = 1 − r < r, ∀m ∈ N
m m m

26
Ou seja, (xm ) ⊆ Br (x). Além disso,

lim xm = x = (y − x) = y
m−→∞

Ou seja, y ∈Br (x). Com isso, Br (x) ⊆Br (x).Agora, seja z ∈ Br (x), então ∈(xm ) ⊂
Br (x)tal tal que lim = .Assim,
m−→∞

r > lim kxm − xk = kz − xk,

pois kxm − xk, r. Por m, kz − xk 6 r. Isto é, z ∈ Br (x)= Br (x) .

Analogamente , prova-se que Sr [x] = sr [X].

Teorema 7. Seja X ⊆ Rn . então x ∈ X ⇔ ∀  > 0, tem-se que B (x) ∩ X 6= ∅.

Demonstração.

⇒)Seja x ∈ X ,então existe (xn ) ⊆ X tal que lim xn = x. Assim sendo,dado  > 0,

∃ n0 ∈ Ntal que ∀ n > n0 , tem-se xm ∈ B (x). Consequentemente,

xn0 ∈ B (x) ∩ X.

Isto nos diz que

B (x) ∩ X 6= ∅.

⇐)Suponha que

B (x) ∩ X 6= ∅, ∀  > 0

Assim sendo, temos que

B 1 (x) ∩ X 6= ∅, ∀ n ∈ N.
n

1
Logo, ∃ B 1 (x) ∩ X, ∀ n ∈ N. Portanto, kxn − xk < , passando o limite, quando n −→ ∞,
n n
obtemos 0 ≤ lim kxn − xk ≤ 0. Dessa forma, lim xn = x. Isto nos diz que x ∈ X.

Exemplo 25. Vamos mostrar que Z(o conjunto dos números inteiros )é fechado, isto é,

Z ⊆ Z. Suponha, que x∈
/ Z, então, ∃  > 0 tal que (x − , x + ) ∩ Z = ∅. Daí pelo Teorema

(falta referencia), x∈
/ Z. Ou seja CZ ⊆ CZ. Logo, Z ⊆ Z. Por m, Z é fechado em R.
Agora, relacionaremos as denições de conjunto fechado e aberto em Rn .

27
Teorema 8. X ⊆ Rn é fechado ⇔ X c = Rn X é aberto.

Demonstração. ⇒ Se X é fechado, então X = X . Seja x ∈ Xc , daí, x não pertence X=X


, então ∃  > 0 tal que B (x) ∩ X = . Daí, pelo Teorema anterior , concluímos que

B (x) ⊆ X c , ou seja, Xc é aberto.

⇐= Suponha que Xc é aberto. Seja x ∈ X , como Xc é aberto, então X c = intX c .


Suponha agora que x não pertence X . Daí, X ∈ X c, logo ∃ > 0 tal que B (x) ⊆ X c .
Portanto, B (x) ⊆ X = . Com isso, pelo teorema anterior, que x não pertence a X . dessa

forma, x ∈ X. Consequentemente, x = X v, isto é, X é fechado.

Vamos agora provar que um união nita ( respectivamente um interseção qualquer ) de

conjuntos fechados pe fechado em Rn .

Teorema 9. As armações a seguir são verdadeiras:

m
1. Se X1 , · · · , Xm são fechados, então∪i=1 Xi é fechado

2. Se(Xλ ) é uma família de conjuntos fechados, então ∩λ∈L Xλ é fechado

Demonstração. 1. Sejam X1 , X2 , · · · , Xm fechados. Então, X1c , · · · , Xnc são abertos, logo

C ∪m m
i=1 Xi = ∪i=1 CXi é aberto. Assim, ∪m
i=1 Xi é fechado.

2. (Xλ ) uma família qualquer de fechados, então C (∩λ Xλ ) = ∩λ CXi é aberto. Logo, ∩λ
pe fechado.

Não é verdade que união qualquer de fechados é fechada. Vejamos um exemplo:

Exemplo 26. Sabemos que B1 (0) = ∪x∈B1 x. Assim, n so é verdade que uma união qualquer

de fechados é fechada, pois {x} é fechado,∀x ∈ Rn , eB1 (0) = B1 [x]

28
4.2.4 Limites de Funções

Trataremos sobre alguns resultados importantes acerca de Limites de funções cujo

domínio é qualquer conjunto constituído de números reais .

Denição 18. Sejam f : X ⊆Rm −→ Rn e a ∈ X'. Dizemos que o limite de f (x) q, quando

x tende para a , é l ∈ Rn se dado  > 0, ∃ δ > 0 tal que

∀x ∈ X com 0, kx − ak < δ tem-se quekf (x)k <

E denota-se lim f (x) = f (a).


x−→a

Exemplo 27. Utilizando a denição acima, vamos mostrar que lim (x + 5) = 8.


x−→3

Com efeito, devemos provar que dado um >0 arbitrário, podemos encontrar um δ>0
tal que , para kx − 3k < δ , se tenha k(x + 5) − 8k <  pe equivalente a kx − 3k <  . Portanto,

basta considerar que δ = . Concluiremos então que o limite da função (x+5) quando x

tende a 3 é 8.

4.2.5 Continuidade

É de fundamental importância termos noção sobre continuidade, já que ao deniremos

contração aparecerá a ideia de continuidade uniforme e ambas tem uma relação importante.

Denição 19. Sejam X ⊆ Rm , y ∈ X e f : X → Rn uma função. Diremos que f é contínua

em y ∈ X, se dado  > 0, ∃δ = δ(, y) > 0 tal que

∀x ∈ Bδ (y) ∩ X tem-se que f (x) ∈ B f ((y)).

Observação 14. Veja que se x ∈ X ∩ X 0, então f é contínua em y se, e somente

se, lim f (x) = f (y).


x−→y

Exemplo 28. Todo polinômio p : R → R é uma função contínua, pois x−→y


lim p(x) = p(y), ∀y ∈
R.

Exemplo 29. As funções f : R2 → R2 , denida por f (x, y) = (x sin(y), yex ) e g : R3 → R2


dada por g(x, y, z) = (x2 + y, z 2 ), são funções contínuas.

29
Exemplo 30. Seja f :R→R uma aplicação denida por:
  
 sin 1

, se x 6= 0;
f (x) = x

 0 , se x = 0.

 
0 1
Veja que 0 ∈ R ∩ R = R. Temos ainda que lim sin não existe. Daí, segue que
  x−→0
  x
1 1
lim sin 6= 0 = f (0). Logo temos que lim sin 6= f (0). Ou seja, f não é contínua
x−→0 x x−→0 x
em 0.

Agora, veremos uma outra maneira de denir uma função ser contínua em um ponto.

Teorema 10. Seja X ⊆ Rm , y ∈ X . Então f : X → Rn é contínua em y ∈ X ⇔ toda

sequência (xm ) ⊆ X com lim xm = y satisfaz lim f (xm ) = f (y)


m−→∞ m−→∞

Demonstração. ⇒) Suponha que f seja contínua em y ∈ X. Seja (xm ) ⊆ X tal que

lim xm = y . Assim, dado  > 0, ∃δ > 0 tal que

∀x ∈ X com kx − yk < δ ⇒ kf (x) − f (y)k < .

Como lim xm = y , então ∃ n0 ∈ N tal que

kxm − yk < δ.∀m ≥ n0 .

Logo,

kf (xm ) − f (y)k < .∀m ≥ n0 .

Ou seja, lim f (xm ) = f (y).

⇐) Considere que f não seja contínua em y, então ∃ > 0 tal que para todo δ > 0,
podemos encontrar xδ ∈ X com kxδ − yk < δ e kf (xδ ) − f (y)k ≥ .. Assim. ∃(xm ) ⊆ X com

1
kxm − yk < e kf (xm ) − f (y)k ≥ .
m
Logo,lim kxm − yk = 0. Por outro lado, lim f (xm ) 6= f (y).

30
4.2.6 Continuidade Uniforme

Como foi citado anteriormente, é preciso compreendermos um pouco do conceito que

estabelece o que é uma função uniformemente contínua, pois, relacionaremos tal denição

com o estudo das contrações.

Denição 20. Seja f : X → Rn uma função, onde X ⊆ Rm . Dizemos que f é uniformemente

contínua se dado  > 0, ∃ δ = δ() > 0 tal que, ∀x, y ∈ X com

kx − yk < δ , tem-se kf (x) − f (y)k < .

Exemplo 31. Seja f : R2 → R dada por f (x) = x + y . Então f é uniformemente contínua.

De fato, dado  > 0. Observe que ∀(x, y), (a, b) ∈ R2 , temos as seguintes equivalências:

k(x, y) − (a, b)ks < δ ⇔ k(x − a, y − b)ks < δ ⇔ |x − a| + |y − b| < δ = ,

onde k.ks é a norma da soma. Com isso, concluímos que

|f (x, y) − f (a, b)| = |(x + y) − (a + b)| = |(x − a) + (y − b)| < ,

ou seja f é uniformemente contínua.

Vejamos outra maneira de denir continuidade uniforme.

Teorema 11. Seja X ⊆ Rm . Então f : X → Rn é uniformemente contínua ⇔ ∀(xm ), (ym ) ⊆


X com lim kxm − ym k = 0, tem-se que lim kf (xm ) − f (ym )k = 0.
m−→∞ m−→∞

Demonstração. ⇒)Suponha que f é uniformemente contínua. Sejam ∀(xm ), (ym ) ⊆ X tais

que lim kxm − ym k = 0. Então, dado  > 0, ∃δ > 0 tal que


m−→∞

kx − yk < δ com x, y ∈ X , tem-se quekf (x) − f (y)k < .

Mas, lim kxm − ym k = 0. Logo, para δ > 0∃ n0 ∈ N tal que


m−→∞

kxm − ym k < δ.∀m ≥ n0 .

Daí,kf (xm ) − f (y)k < .∀m ≥ n0 .. Ou seja, lim kf (xm ) − f (ym )k = 0.

31
⇐) Suponhamos válida a recíproca estabelecida no teorema. Se f não fosse

uniformemente contínua , então ∃ > 0 com a seguinte propriedade:∀m ∈ N poderíamos

achar pontos xm , ym em X tais que

1
kxm − ym k < e kf (xm ) − f (y)k ≥ .
m
Então teríamos

lim kxm − ym k = 0
m−→∞

Sem que fosse lim kf (xm ) − f (ym )k = 0. Esta condição conclui a a prova do teorema.

Exemplo 32. A funçãof : R → R dada por f (x) = x2 , não é uniformemente contínua.


1
Com efeito, tomando xm = m + e ym = m temos que
m
 
1 1
lim (xm − ym ) = lim m + − m = lim =0
m−→∞ m−→∞ m m−→∞ m

mas,
1 1
f (xm ) − f (ym ) = m2 + 2 + 2
− m2 = 2 + 2 > 2.
m m
Logo, não se tem lim[f (xm ) − f (ym )] = 0

Exemplo 33. Seja p : R2 → R dada por p(x, y)


 = x.y, temos que p não é uniformemente
1
contínua. Com efeito, sejam xm = (m, 0) , ym = m, ⊆ R2 , então
m

   
1 1 = lim 1 = 0

lim kxm − ym k = lim (m, 0) − m, = lim 0, −
m−→∞ m−→∞ m m−→∞ m m−→∞ m

Mas,
 
1
lim |p(xm ) − p(ym )| = lim p(m, 0) − p m, = 1 6= 0
m−→∞ m−→∞ m
. Logo, pelo Teorema anterior, p não é uniformemente contínua.

Observação 15. É fácil ver que toda função uniformemente contínua é contínua. Porém, a

recíproca não é verdadeira. No exemplo acima vimos que p não é uniformemente continua,

mas p é claramente contínua.

32
4.2.7 Funções de Lipschitz

Para podermos demonstrar o Teorema das aproximações sucessivas através do conceito

de ponto xo, é essencial apresentarmos alguns resultados envolvendo funções Lipschitziana.

Portanto, esta aqui faremos um breve apanhado sobre tal tema.

Denição 21. Seja f : X → Rn , onde X ⊆ Rm . Dizemos que f é Lipschitziana, com

constante de Lipschitz c > 0, se

kf (x) − f (y)k ≤ ckx − yk, ∀x, y ∈ X

Exemplo 34. Seja f : Rm → Mn , denida por f (x) = ax + b com a 6= 0. Temos que f é

Lipschitziana com constante de Lipschitz |a| > 0. De fato,

kf (x) − f (y)k = kax + b − (ay + b)k = ka(x − y)k = |a|kx − yk, ∀x, y ∈ R

Proposição 2. Toda função Lipschitziana é uniformemente contínua.

Demonstração. Seja uma f : X ⊆ Rm → Mn função Lipschitziana. Então ∃c > 0 tal que

kf (x) − f (y)k ≤ ckx − yk, ∀x, y ∈ X


Logo, dado  > 0, ∃ δ = >0 tal que ∀x, y ∈ X com kx − yk < δ , tem-se
c

kf (x) − f (y)k ≤ ckx − yk < c.δ = c. = 
c

ou seja, f é uniformemente contínua.

Exemplo 35. A recíproca da proposição não é verdadeira. Seja f : [0, 1] → R, dada por

f (x) = x, é uniformemente contínua, mas



√ x−y |x − y|
|f (x) − f (y)| = | x − y| = √ √ = √ √
x− y x+ y
1
Veja que, para xm = e ym = 0∀ ∈ N, tem-se que
m2
1 1 1
√ √ =r = = m −→ ∞
xm + y m 1 1
m2 m

33
1
Logo,∀c > 0, ∃ ko ∈ N tal que √ √ > c. Logo,
xm + y m

|xm0 − ym0 |
|f (xm0 ) − f (ym0 )| = √ √ > c|xm0 − ym0 |
xm0 + ym0

ou seja, f não é Lipschitziana.

4.2.8 Derivadas Parciais

Nesta subsubseção, trataremos das derivadas parciais que estão inclusas na denição

de matriz jacobiana e, consequentemente em diferenciabilidade. Esta última tem papel

imprescindível na equivalência entre os teoremas da Função Inversa e Função Implícita.

Denição 22. Seja f: U ⊂ Rn −→ Ruma função denida no aberto U. Dizemos que a

i-ésima derivada parcial de f em a = (a1 , a2 , · · · , an )existe se o limite


f (a + tei ) − f (a)
lim
t−→0 t

existe i= 1, ··· , n

∂f f (a + tei ) − f (a)
Neste caso, escrevemos (a) = lim para a derivada de f em relação a
∂xi t−→0 t
i-ésima variável.

Outras notações: ∂f
∂xi
(a) = ∂i f (a) = Di f (a) = fxi (a).
xy
Exemplo 36. Seja f : R2 −→ R2 dada por f (x, y) = se (x, y) 6= (0, 0) e f (0, 0) = 0.
xy + y2
Então,

∂f f ((0, 0) + t(0, 1)) − f (0, 0) f (t, 0) t.0


(0, 0) = lim = lim = lim 2 = lim 0 = 0
∂xi t−→0 t t−→0 t t−→0 t + 02 t−→0

∂f
Analogamente,
∂xi
(0, 0) = 0.

Observação 16. É importante ressaltar que as derivadas parciais existirem não garante que
a função seja contínua, olhemos para o exemplo anterior, as derivadas parciais existem mas

f é descontínua em (0,0). De fato, existe = 1


2
> 0tal que

∀δ > 0 podemos encontrar (xδ , yδ ) ∈ R2 com k(xδ , yδ )k < δ .

34
Porém,
1
kf (xδ , yδ )k = epsilon =
2
Observação 17. Para cada a ∈ U, onde f: U −→ Rn possui uma i-ésima derivada em a,

temos que
∂f f (a + tei ) − f (a)
(a) = lim
∂xi t−→0 t
(∈ Rn ), caso o limite exista.

Exemplo 37. Seja f : R2 −→ R2 dada por f (x, y) = (x cos y, ex sin y). Temos que fé
diferenciável em (x, y) ∈ R2 . Veja que

f1 (x, y) = x cos yef2 (x, y) = ex sin y

Logo,

∂f1 f ((x, y) + t(1, 0)) − f (x, y)


(x, y) = lim
∂x t−→0 t
f ((x + t, y)) − f (x, y)
= lim
t−→0 t
(x, y) cos y − x cos y
= lim
t−→0 t
t cos y
= lim
t−→0 t
= cos y

Seguindo o mesmo processo, obtemos

∂f1 ∂f1 ∂f2 ∂f2


(x, y) = cos y, (x, y) = x sin y, (x, y) = ex sin y, (x, y) = ex cos y
∂x ∂y ∂x ∂y

4.2.9 Derivadas Direcionais

Aqui, falaremos sobre a derivada direcional e mostraremos um exemplo sobre tal.

Denição 23. Seja U ⊆ Rn aberto. Sejam f: U −→ Rn uma função real e v ∈ Rn .


Chamamos e denotamos o limite

∂f f (a + tv) − f (a)
(a) = lim
∂v t−→0 t
de derivada direcional de f em a ∈ U, caso este limite exista. Caso contrário, diremos que a

derivada direcional de f não existe no ponto a.

35
Exemplo 38. Seja f : R2 −→ R2 denida por

x3 y

f:
x4 + y 2

Logo, para v = (x, y) , obtemos

∂f f ((0, 0) + t(x, y)) − f (0, 0) f (tx, ty)


(0, 0) = lim = lim =
∂v t−→0 t t−→0 t

t3 x3 ty t4 x3 y tx3 y
lim = lim 3 2 4 = lim 2 4 =0
t−→0 t(t4 x4 + t2 y 2 ) t−→0 t (t x + y 2 ) t−→0 (t x + y 2 )

∂f
Portanto,
∂v
(0, 0) =0

4.2.10 Diferenciabilidade

Será feita a denição de diferenciabilidade e apresentado exemplos que reforçam este

conceito.

Denição 24. Seja f: U −→ Rn uma função real denida no aberto U ⊆ Rn . Dizemos que

f é diferenciável em a ∈ U se

∂f ∂f ∂f
1.
∂x1
(a), ∂x 2
(a), · · · , ∂x n
(a) existem

2. ∀ v = (v1 , v2 , · · · , vn ) tal que a+v ∈U tem -se

n
X ∂f
f (a + v) − f (a) = (a) · vi + r(v)
i=1
∂x i

r(v)
Onde lim =0
v−→0 kvk
Dizemos que f é diferenciável em U se f é diferenciável em todo a ∈ U.

Exemplo 39. Seja f : R2 −→ Rdenida por f (x,y) = 2x + 3y f é diferenciável em (−1, 1),


pois

∂f ∂f
1.
∂x
(−1, 1) =2 e
∂y
(−1, 1) = 3;

36
∂f ∂f
2. Note que, para r(x, y) = ∂x
(−1, 1) ·x+ ∂y
(−1, 1) ·y obtemos

r(x, y) = 2x + 3y − (2 − 3) − 2(x − 1) − 3(y + 1) = 2x + 3y + 1 − 2x + 2 − 3y = 0

Portanto, lim r(x,y)


k(x,y)k
= 0. Assim, pela denição acima temos que fé diferenciável em
(x,y)−→0
(−1, 1).

Denição 25. Seja U ⊆ Rm um conjunto aberto. Seja f: U −→ Rn uma função. Dizemos

que fé diferenciável em a ∈ U se fi é diferenciável em a ∈U , ∀ i = 1, 2, · · · , n, onde

f = (f1 , · · · , fn ).

Oc conceitos de diferenciabilidade e derivabilidade em Rcoincidem. Vejamos a prova

deste fato na seguinte proposição. ]

Proposição 3. f : R−→ Ré diferenciável em a ∈ R⇔ f é derivável em a ∈ R.

f (a + v) − f (a)
Demonstração. f é diferenciável em a ∈ R⇔ f '(a) existe ⇔ lim = f 0 (a) ⇔
v−→0 v
f (a + v) − f (a) − f 0 (a) |f (a + v) − f (a) − f 0 (a)|
lim ⇔ lim = 0 ⇔ f é diferenciável em a
v−→0 v v−→0 |v|
∈ R.

Exemplo 40. Considere a função f : R−→ Rdada por f (x) = x . Veja que f não é

diferenciável no ponto 0, pois, f não é derivável em 0. Com efeito,


f (x) − f (0) x−0 1
lim = lim = lim √ .
v−→0 x−0 v−→0 x v−→0 x

Este limite não existe

Proposição 4. Seja f ; U ⊆ Rn diferenciável em a ∈U, então f é contínua em a.

r(v)
Demonstração. Se f for diferenciável em a ∈U, então lim = 0. Daí,
v−→0 kvk

r(v)
lim r(v) = lim · kvk = 0
v−→0 v−→0 kvk

pois, lim kvk = 0.


v−→0

37
Logo,
" n # n
X ∂f X ∂f
lim [f (a + v) − f (a)] = lim = = 0,
v−→0 v−→0
i=1
∂xi (a) · vi + r(v) i=1
∂xi (a) lim vi + lim r(v)
v−→0 v−→0

onde v = (v1 , · · · , vn ). Ou seja, f é contínua em a.

4.2.11 Matriz jacobiana e Vetor Gradiente

Nesta subsubseção, deniremos matriz jacobiana, vetor gradiente e ainda mostraremos

alguns exemplos para que haja uma melhor compreensão acerca das denições.

Denição 26. Seja U ⊆ Rm aberto. Seja f:


−→ Rn diferenciável
U em a ∈ U. A matriz
 
∂fi
Jf (a) = (a) ∈ Mn×m (R)
∂xj

é chamada matriz jacobiana de f no ponto a.

Exemplo 41. Seja f : R2 −→ R2 dada por f (x,y)= (x cos y, ex sin y). Temos que fé
diferenciável em (x,y) ∈ R2 . Veja que

f1 (x, y) = x cos y, f2 = ex sin y

Logo,

∂f1 ∂f1 ∂f2 ∂f2


(x, y) = cos y, (x, y) = −x sin y, (x, y) = ex sin y, (x, y) = ex cos y
∂x ∂y ∂x ∂y
Daí, a matriz jacobiana de f em (x,y) é dada por
 
cos y −x sin y
Jf (x, y) =  
ex sin y ex cos y

Denição 27. Seja U ⊆ Rm aberto. Seja f: U −→ Rn uma função diferenciável em a ∈ U.

O vetor denido

 
∂f ∂f
5f (a) = (a), · · · , (a)
∂x1 ∂x2
é chamado gradiente de f em a.

38
Outra notação : gradf (a)

Exemplo 42. Seja f : R2 −→ R2 dada por f (x,y)= xey , então


 
∂f ∂f
5f = (x, y), (x, y) = (ey , xey )
∂x ∂y

4.2.12 Derivada como Aplicação Linear

Os principais resultados deste trabalho fazem referencia ao conceito de derivada entre

espaços reais de dimensão maior ou igual a um. Com isso, precisamos estabelecer,

precisamente, como estender a conhecida derivada vista em Análise na Reta. Esta nova

teoria está associada à denição de aplicação linear em Álgebra linear.

Denição 28. Seja U ⊆ Rm diferenciável em a ∈ U. A derivada de f em a ∈ U é transformação


linear f 0 (a) : Rm −→ Rm tal que

|f 0 (a)| = Jf (a),

matriz de f '(a) em relação as bases canônicas de Rm e Rn .

Exemplo 43. Vimos que para f (x,y) = xey , a matriz jacobiana no ponto (x,y) é dada por
 
cos y −x sin y
Jf (x, y) =  
ex sin y ex cos y

Daí, f '(x,y): R2 −→ R2 dada por

f 0 (x, y) · (a, b) = aJf (x, y) · e1 + bJf (x, y) · e2

= a(cos y, ex sin y) + b(−x sin y, ex cos y)

= (a cos y − xb sin y, aex sin y + bex cos y)

Por m,

f 0 (x, y) · (a, b) = (a cos y − xb sin y, aex sin y + bex cos y)

Vejamos uma maneira de provar que a derivada é única.

39
Teorema 12. Seja f: U −→ Rm uma aplicação diferenciável em a ∈ U denida no aberto

U ⊆ Rm . Se uma transformação linear T : Rm −→ Rm é tal que para a, a+v ∈U tem-se

f (a + v) − f (a) = T · v + r(v)

com lim r(v) = 0. Então T = f 0 (a).


v−→0 kvk

Demonstração. De fato, tomando tv no lugar de v segue que

f (a + tv) − f (a) r(tv)


=T ·v± · ktvk.
t ktvk

Logo,
f (a + tv) − f (a) ∂f
T · v = lim = (a) = f 0 (a) · v
v−→0 t ∂v
Portanto, segue que T = f '(a)

Exemplo 44. Seja f : Mn (R) −→ Mn (R) uma aplicação diferenciável denida por f (X) =
X2 onde Mn (R) é o conjunto das matrizes reais n × n. Vamos utilizar o teorema acima para

mostrar que Df (X) · H = XH + HX . Com efeito, temos que

f (X + H) =f (X) + XH + HX + r(H)

(X + H)2 =X 2 + XH + HX + r(H)

X 2 + XH + HX + H 2 =X 2 + XH + HX + r(H)

H 2 =r(H)

Passando a norma em ambos os lados da igualdade temos que

kr(H)k = kH 2 k

Consequentemente,
kr(H)k kH 2 k
= = kH
kHk kHk
Portanto,
kr(H)k
lim = lim kHk = 0
H−→0 kHk H−→0

Ou seja, Df (X) · H = XH + HX .

40
Exemplo 45. Seja f: U −→ Rm e g: U −→ Rp diferenciáveis em z ∈ U ⊆ Rn aberto.

Dena(f, g) : U −→ Rm × Rp por (f, g)(x) = (f (x), g(x)).Então (f, g) é diferenciável em a

∈ U e

(f, g)0 (a) · v = (f 0 (a) · v, g 0 (a) · v).

De fato,

r(v) =(f (a + v), g(a + v)) − (f (a), g(a)) − (f 0 (a) · v, g 0 (a) · v)

=(f (a + v) − f (a) − f 0 (a) · v, g(a + v) − g(a) − g 0 (a) · v)

Como fe g são diferenciáveis em a então

r1 (v) = f (a + v) − f (a) − f 0 (a) · v e r2 (v) = g(a + v) − g(a) − g 0 (a) · v

satisfazem,
r1 (v) r2 (v)
lim = lim =0
v−→0 kvk v−→0 kvk

Daí, r(v) = (r1 (v), r2 (v). Com isso,


 
r(v) r1 (v) r2 (v)
lim = lim , lim = (0, 0)
v−→0 kvk v−→0 kvk v−→0 kvk

Ou seja, (f, g) é diferenciável e a ∈ U e (f, g)0 (a) · v = (f 0 (a) · v, g 0 (a) · v), ∀v in Rn .

4.2.13 Teorema do Valor Médio

Este teorema nos ajudará na demonstração do Teorema da função Inversa. Por isso,

faremos sua demonstração.

Teorema 13. Dada f : U −→ Rdiferenciável no aberto U ⊆ Rn , se o segmento de reta

[a, a + v] estiver contido em U, então existe θ ∈ (0, 1) tal que

n
∂f X ∂f
f (a + v) − f (a) = (a + θv) = h5f (a + θv), vi = (a + θv) · vi
∂v i+1
∂x i

onde v = (v1 , ·, vn )

Demonstração. Seja λ : [0, 1] −→ U dado por

λ(t) = a + tv

41
Pelo Teorema do Valor Médio para funções em que temos que ∃ θ ∈ (0, 1) tal que

f (a + v) − f (a) = f (λ(1)) − f (λ(0)) = (f ◦ λ)0 (θ)(1 − 0) = (f ◦ λ)0 (θ)

Portanto,

f ◦ (θ + t) − f ◦ λ(θ) f (a + (θ + t)v) − f (a + θv)


f (a + v) − f a(a) = lim = lim
t−→0 t t−→0 t
n
∂f X ∂f
= (a + θv) = h5f (a + θv), vi = (a + θv)
∂v i=1
∂x i

4.2.14 Desigualdade do Valor Médio

O seguinte resultado é útil a demonstração do Teorema da Função Inversa e faz associação

à ideia de contração.

Denição 29. Seja f : [a, b] −→ Rn uma aplicação contínua em [a, b]e derivável em t ∈ (a, b).
Considere que kf (t)k ≤ c = constante , ∀t ∈ (a, b). Então

kf (b) − f (a)k 6 c(b − a)

Demonstração. Dena g : [a, b] −→ R por g(t) = hf (t), f (b) − f (a)i. Daí,

g 0 (t) = hf 0 (t), f (a) + f (t), 0i = hf 0 (t), f (b) − f (a)i, ∀t ∈ (a, b)

Note que g é contínua, pois f o é. Daí, ∃ θ ∈ (a, b) tal que

g(b) − g(a) = g 0 (θ)(b − a)

Consequentemente,

hf (b), f (b) − f (a)i − hf (a), f (b) − f (a)i = hf 0 (θ), f (b) − f (a)i(b − a)

Logo,

kf (b) − f (a)k2 ± c(b − a)

42
Teorema 14. (Desigualdade do Valor Médio). Sejam U ⊆ Rm aberto e f : U −→ Rm uma

função diferenciável tal que

kf 0 (x)k 6 M, ∀x ∈ U,

então, se o segmento [a, a + v] ⊆ U , temos que

kf (a + v) − f (a)k 6 M kvk.

Demonstração. Seja λ : [0, 1] −→ Rm uma função contínua em [0, 1] dada por

λ(t) = f (a + tv), ∀t ∈ [0, 1]

Assim sendo,

kf (a + v) − f (a)k = kλ(1) − λ(0)k

e λ0 (a + tv) · v .

Daí, usando o Teorema anterior,

kf (a + v) − f (a)k 6kλ0 (t)k(1 − 0)

6kλ0 (a + tv) · vk

6kλ0 (a + tv)kkvk

6M kvk

Corolário 1. Sejam U aberto e convexo do Rn uma aplicação diferenciável tal que

kf 0 (x)k 6 M kb − ak, ∀a, b ∈ U

Demonstração. Seja, a, b ∈ U. Como U é convexo então

a + t(b − a) = (1 − t)a + tb ∈ U, ∀t ∈ [0, 1].

Usando a desigualdade do Valor Médio, obtemos

kf (b) − f (a)k 6 kf 0 (a + t(b − a))kk(b − a)k 6 M kb − ak

43
4.2.15 Resultados Básicos de Álgebra Linear

Apresentaremos uma breve noção sobre transformações lineares entre espaços vetoriais e

demonstraremos o teorema do núcleo e da imagem, o qual será utilizado na demonstração

do Teorema da Função Inversa.

Denição 30. Sejam V1 e V2 subespaços vetoriais do espaço vetorial V. Se todo v ∈ V pode


ser escrito como uma única soma do tipo

v = v1 + v2

onde v1 ∈ V1 E v2 ∈ V2 , diremos que V é soma direta dos subespaços V1 e V2 e escrevemos

V = V1 ⊕ V2

Neste caso, V1 e V2 são denominados complementares.

Exemplo 46. O espaço R3 é uma soma direta dos espaços U = {(x, 0, 0); x ∈ R} e

V = {(0, y, zy, z ∈ R)} É imediato que U ∩ V = {(0, 0, 0)}. Por outro lado, para cada

(x, y, z) ∈ R3 , temos

(x, y, z) = (x, 0, 0) + (0, y, z) ∈ U + V

Esta soma é única.

Vejamos uma outra maneira de denir soma direta entre subespaços .

Teorema 15. Sejam V1 e V2 subespaços vetoriais de um espaço vetorial V, tais que

V = V1 + V2 , então V = V1 ⊕ V2 ⇔ V1 ∩ V2 = {0}

Demonstração. Suponha que V = V1 ⊕ V2 . Seja v um vetor de V na interseção de V1 E V2 ,


então

v =v+0=0+v

Como a decomposição é única, então v = 0. Portanto, V1 ∩ V2 = {0}

44
Reciprocamente, considere queV1 ∩ V2 = {0}. Como V = V1 + V2 , então todo v ∈ V

pode ser decomposto numa soma v = v1 + v2 com v1 ∈ V1 e v2 ∈ V2 . Se houvesse outra

decomposição v = w1 + w2 com w1 ∈ V 1 e w2 ∈ V2 , então

v1 + v2 = w1 + w2

Assim,

v1 − w1 = v2 − w2

Sendo v1 − w1 ∈ V1 e v2 − w2 ∈ V2 então v1 − w1 está na interseção de V1 com V2 . Por

conseguinte,

v1 − w1 = 0 ⇒ v1 = w1

Com este resultado obtemos

v2 − w2 = 0v2 = w2

Isto prova que a decomposição de v numa soma de um elemento V1 com um elemento de V2


é única e assim, V = V1 ⊕ V2 .

Denição 31. Sejam U e V espaços vetoriais sobre um corpo K. Uma aplicação T : U −→ V


é uma transformação linear se,

i) T (u1 + u2 ) = T (u1 ) + T (u2 ), ∀u1 , u2 ∈ U ;

ii) T (λu) = λT (u) ∀λ ∈K, ∀u ∈ U.

Ou de forma equivalente

T (αu + v) = αT (u) + T (v), ∀u, v ∈ U eα ∈ R

Quando U =V, dizemos que T é um Operador Linear.

Observação 18. Dada uma transformação linear, temos que T (0) = 0. De fato, onde

T (0) = T (0 + 0)

Assim,

T (0) = 0

45
Exemplo 47. A transformação identidade I : U −→ U dada porI(u) = u ∀u ∈ U. é uma

transformação linear.

Com efeito,

I(u + v) = u + v = I(u) + I(v), ∀u, v ∈ U.

I(λu) = λ.u = λI(u), ∀λ ∈K, u ∈ U.

Exemplo 48. Observemos que a aplicação T : R3 −→ R2 , denida por

T (x, y, z) = (x + 1, y + z)

não é um a transformação linear. De fato, dado u = (1, 0, 0) ∈ R3 , temos que T (1, 0, 0) =


(2, 0). Com isso, T [3(1, 0, 0)] = T (3, 0, 0) = (4, 0) e 3T (1, 0, 0) = (6, 0). Portanto,

T [3(1, 0, 0)] 6= 3T (1, 0, 0)

Denição 32. O núcleo de uma transformação linear T : U −→ W é o conjunto de todos

os vetores v ∈ V que são transformados em O ∈ W. Indica-se por ker T . Ou seja,

ker T = {v ∈ V ; T (v) = 0}

Exemplo 49. Considerando a transformação linear T : R2 −→ R2 dada por

T (x, y) = (x + y, 2x − y), ∀(x, y) ∈ R2

temos que

(x, y) ∈ ker T = {(x, y) ∈ R2 ; T (x, y) = (0, 0)}

se,

(x + y, 2x − y) = (0, 0)

ou seja, 
x+y = 0
2x − y = 0

Temos um sistema cuja solução é

x=y=0

Logo ker t = {(0, 0)}.

46
Proposição 5. O núcleo de uma transformação linear T : U −→ W é um subespaço vetorial

de V.

Demonstração. Note que 0v pertence ao núcleo de T, pois T (0v ) = 0w já que Té uma

transformação linear. Logo, KerT 6= ∅

Agora sejam u,v ∈ KerT e λ ∈ R. Daí,

T (u) = T (v) = 0 Assim,

T(λu + v) = T(λu) + T(v) = λT (u) + T (v) = λ0 + 0 = 0 =⇒ λu + v ∈ KerT

Portanto, KerT é um subespaço de V.

Proposição 6. Uma transformação linear T : V −→ W é injetiva ⇔ ker T = {0}

Demonstração. (=⇒) Suponha que T é injetiva. Logo,

ker T = {0} = 0 = T (0) =⇒ v = 0

Portanto, ker T = 0

(⇐=) Suponha que Ker T = {0}. Logo, dados u, v ∈ V, tais que,

T (u) = T (v) =⇒ T (u − v) = 0 =⇒ u − v ∈ KerT

u − v = 0 =⇒ u = v

Portanto, T é injetiva.

Denição 33. A imagem de uma transformação linear T : V −→ W é o conjunto dado por

ImT = {w ∈ W ; T (v) = w para algumv ∈V}

Proposição 7. A imagem de uma transformação linear T : V −→ W é um subespaço de

W.

47
Demonstração. Note que 0 pertence a imagem T , pois 0 = T(0) .

Logo, ImT 6= ∅.

Sendo assim, considere T(u), T(v) ∈ ImT e λ∈ K , tal que u, v ∈ V. Daí, λu + v ∈ V ,


pois V é um espaço vetorial. Logo, λT(u) + T(v) = T(λu + v) =⇒ T(λu + v) ∈ V

Portanto, ImT é subespaço.

Exemplo 50. A imagem da transformação identidade I : V −→ V denida por I(v) =


v, ∀v ∈ V é todo o espaço V.

Teorema 16 (Teorema do Núcleo e da Imagem ). Seja T : U −→Vuma transformação linear


tal que dim(V ) = < ∞. Então,

dim(ker T ) + dim(ImT ) = dim V

Demonstração. Seja {v1 , v2 , · · · , vn } uma base do KerT ⊆ V. Podemos completar tal base

a uma base de V. Ou seja, podemos β = {v1 , v2 , · · · , vn , u1 , u2 , · · · uk } base de V.

Mostraremos que β1 = {T (u1 ), T (u2 ), · · · , T (uk )} é base de ImT .

1) β1 é L.I. Sejam ai j ∈ R,

a1 T (u1 ) + · · · + ak T (uk ) = 0 =⇒ T (a1 u1 + · · · + ak uk ) = 0

=⇒ a1 u1 + · · · + ak uk ∈ Ker

=⇒ a1 u1 + · · · + ak uk = x1 v1 + · · · + xn vn

=⇒ a1 u1 + · · · + ak uk − x1 v1 − · · · − xn vn = 0

Note que a igualdade acima representa uma combinação linear da base de V. Logo,

a1 = · · · = ak = x 1 · · · = x n = 0

Segue que β1 é L.I.

48
2) hβ1 i gera ImT

De fato, seja w ∈ ImT, então ∃ v ∈ V, tal que w = T(v).

Como v ∈ V, então,

v = λ1 v1 + · · · + λn vn + λj u1 + · · · + λk uk

onde λi ∈ K, ∀{1, · · · , n}. Daí,

w =T (v)

=T (λ1 v1 + · · · + λn vn λj u1 + · · · + λk uk )

=λ1 T (v1 ) + · · · + λn T (vn ) + λj T (u1 ) + · · · + λk T (uk )

Observe que vi ∈ KerT. Logo,

w = λj T (u1 ) + · · · + λk T (uk )

E, segue que β1 é base de ImT

Portanto,

dim (V) = n + k = dim (KerT) + k = dim (KerT) + dim (ImT)

4.3 Resultados Importantes

Nesta seção trabalharemos o método das aproximações sucessivas do qual faremos uso

para alcançar nosso objetivo principal. Para tal, recorreremos as denições de difeomorsmo,

difeomorsmo local e alguns teoremas importantes.

4.3.1 Difeomorsmo e Difeomorsmo Local

Aqui, apresentaremos as denições de difeomorsmo e difeomorsmo local

49
Denição 34. Um homeomorsmo do conjunto U ⊂ Rn sobre o conjunto V ⊂ Rn é uma

bijeção contínua, cuja inversa é contínua.

Denição 35 (Difeomorsmo) . Sejam U,V ⊂ ∈ Rn conjuntos abertos. Um difeomorsmo

f : U −→ V é uma bijeção diferenciável cuja inversa também é diferenciável.

Exemplo 51. Considere a aplicação f : R −→ R, dada por f (x) = x3 . Sabemos que f é



diferenciável. Lembre que f −1 (x) = 3 x. Temos que f é um homeomorsmo diferenciável ,
mas não é um difeomorsmo, pois sua inversa não é diferenciável no ponto 0, já que o limite

√ √
f (x) − f (0) 3
x−0 3
x 1
lim = lim = lim = lim √
x−→0 x−0 x−→0 x − 0 x−→0 x x−→0 3
x2

não existe.

Observação 19. Pela denição 4.3.1 temos que todo difeomorsmo é um homeomorsmo,

já que toda função diferenciável é contínua. A recíproca não é verdadeira, pois o fato de ser

contínua em um ponto não garante ser diferenciável neste ponto.

Denição 36. Seja uma f: U −→ Ruma função denida no aberto U⊆ Rm . Dizemos que

k
f é de classeC e escrevemos f ∈ CK em que, 1 6 k 6 ∞, se em cada ponto de U, f possui

todas as derivadas parciais de ordem K e estas são contínuas em U. Dizemos que f ∈ C∞ se

f ∈ CK, ∀ K ∈ N.

Exemplo 52. Seja f ; R2 −→ Ruma aplicação dada por f (x, y) = exy , temos que

∂f ∂ 2f ∂ 2f
(x, y) = yexy , (x, y) = y 2 exy , (x, y) = exy + xyexy = exy (1 + xy)
∂x ∂x∂x ∂x∂x

∂f ∂ 2f ∂ 2f
(x, y) = xexy , (x, y) = x2 exy , (x, y) = exy + +xyexy = exy (1 + xy)
∂y ∂y∂y ∂x∂y

Logo, f ∈ C 2. Fazendo essas derivadas de maneira sucessiva, temos e forma clara que

f ∈ C∞

Denição 37 (Difeomorsmo Local) . Dizemos que uma aplicação diferenciável f : U −→


Rm , denida no aberto U ⊂ Rm é um difeomorsmo local se para cada x∈U existir um

50
aberto Vx , e que x ∈ vx ⊂ U e a restrição de f a Vx é um difeomorsmo sobre um aberto Wx
( que contém f (x)). Quando f é de classe Ck, dizemos que f é um difeomorsmo local de

classe Ck.

Observação 20. É importante sabermos que todo difeomorsmo é um difeomorsmo local.

Porém, a recíproca não é válida. Este fato será justicado pelo Teorema da Função Inversa.

Vejamos, agora, como derivar uma composta de funções diferenciáveis.

Teorema 17 (Regra da Cadeia) . Sejam U ⊆ Rn , V ⊆Rm conjuntos abertos. Sejam

f : U −→ Rm e g :−→ Rp diferenciáveis em a ∈ U e b = f (a) ∈ V , respectivamente,

onde f (U ) ⊆ V . Então

(g ◦ f )0 (a) = g 0 (f (a)) ◦ f 0 (a) :Rn −→ Rp

Demonstração. Sabemos que

f (a + v) = f (a) + f 0 (a).v + r(v)

e,

g(b + w) = g(b) + g 0 (b).w + s(w),

s(w) r(v)
onde lim =0 e lim = 0. Com isso,
w−→0 kwk v−→0 kvk

g(f (a + V )) = g(f (a) + f 0 (a).v + r(v))

Consideremos w = f 0 (a).v + r(v). Logo,

g ◦ f (a + v) = g(f (a + v))

= g(f (a) + w)

= g(b + w)

= g(b) + g 0 (b).w + s(w)

= g(b) + g 0 (b)[f 0 (a).v + r(v)] + s(w)

= g(b) + g 0 (b) ◦ f 0 (a).v + g 0 (b).r(v) + s(w)

51
p(v)
Seja p(v).r(v) + s(w). Devemos provar que lim = 0. Mas
v−→0 kvk

p(v) r(v) s(w) kwk


= g 0 (f (a)). +
kvk kvk kwk kvk

kwk
Além disso, é limitado quando v é sucientemente pequeno. De dato, primeiramente
kvk
observe que
r(v)
v −→ 0 ⇒ w = f 0 (a)v + r(v) = f 0 (a)v + kvk −→ 0
kvk

r(v)
Pois f 0 (a) é contínua e lim = 0. Logo,
v−→0 kvk

kwk kf 0 (a)v + r.(v)k


=
kvk kvk
v r(v)
= kf 0 (a). + k
kvk kvk
kr(v)k
6 kf 0 (a) + k
kvk

r(v) kwk
Como lim = 0, então é limitado para v sucientemente pequeno. Por m,
v−→0 kvk kvk
p(v) r(v) s(w) kwk
= g 0 (b). + . −→ 0
kvk kvk kwk kvk
quando v −→ 0.

Portanto, g◦f é diferenciável em a∈U e (g ◦ f )0 (a) = g 0 (b) ◦ f 0 (a) = g 0 (f (a) ◦ f 0 (a)).

Exemplo 53. Se f : R−→ R2 é dada por f (x) = (cos x, sin x) e g : R−→ Rpor g(x) = x2 ,
temos que f ◦ g : R−→ R2 é dada por

f (g(x)) = f (x2 ) = (cos(x2 ), sin(x2 )).

Daí,

(f ◦ g)0 (x) = f 0 (g(x)).g 0 (x)

= (− sin(x2 ), cos(x2 ))2x

= (−2x sin(x2 , 2x cos(x2 ))

52
Corolário 2. Se f : U −→ Rn , g : V −→ Rp , onde V ⊆ Rn e V ⊆ Rn são abertos e

f (U ) ⊆ V , são ambas classe Ck , então g ◦ f : U −→ Rn também é de classe Ck.

Demonstração. Sabemos que g◦f é k vezes diferenciável e que

(g ◦ f )0 ≡ (g 0 ◦ f ) ◦ f 0 : U −→ L(Rn , Rp )

Se f, g ∈ C 1 , então

(g ◦ f )0 = (g 0 ◦ f ).f 0 ∈ C 0

Logo, f, g ∈ C 1 . Se f, g ∈ C 2 , obtemos

(g ◦ f )0 = (g 0 ◦ f ).f 0 ∈ C 1

Portanto, g ◦ f ∈ C 2. Por indução, supondo que f, g ∈ C k , a igualdade acima garante

(g ◦ f )0 ∈ C k−1 . Portanto, (g ◦ f )0 ∈ C k .

Teorema 18. Seja U ⊆ Rm um difeomorsmo local de classe Ck , k > 1 de U sobre

V = f (U ). Então para cada x∈U , a derivada Df (x) : Rm ⊆ Rm é um isomorsmo.

Demonstração. Pelo enunciado do Teorema, temos que f : U −→ Rm é um difeomorsmo

local de U sobre V = f (U ), logo para cada x∈U aberto Vx contendo x e um aberto Wx ,


contendo f (x), tais que, Vx ⊆ U e g = f |Vx : Vx −→ Wx pe um difeomorsmo. Com g é um

difeomorsmo, temos que

g −1 ◦ g = IdVx

Derivando , obtemos

D(g −1 ◦ g) = D(IdVx )

Usando o Teorema da Regar da Cadeia, segue que

D(g −1 )(g(x)) ◦ D(g(X)) = Idm


R

53
pois IdVx é linear. Portanto, se v ∈ ker D(g(x)), onde Dg(x) : Rm −→ Rm é linear, temos

que

−1
v = Idm
R (v) = D(g )(g(x)) ◦ D(g(X)) · v.

Como v ∈ ker Dg(x), então Dg(x) · v = 0. Logo

v = D(g −1 )(g(x)) · (D((g(x) · v)) = D(g −1 )(g(x)) · 0 = 0,

já que, D(g −1 )(g(x)) é linear. Logo, temos que v = 0 e , pelo Teorema do Núcleo e da

Imagem, segue que D((g(x)) = D(f |Vx )(x) = Df (x) : Rm −→ Rm é um isomorsmo.

Faremos agora um exemplo que ilustra o Teorema acima.

Exemplo 54. Dada a aplicação f : R−→ (0,∞), denida por f (x) = ex , temos que f
é um difeomorsmo de classe C∞ . Logo fé um difeomorsmo local de classe C ∞, em

queDf (x) : R −→ Ré f
dada por D (x)·λ = λf '(X) = λex . f
Sabemos que D (x) é linear,mas

mostraremos este fato na prática. Veja que

Df (x)(λ1 + λ2 ) = (λ1 + λ2 )ex = λ1 ex + λ2 ex = Df (x) · λ1 + Df (x) · λ2

Além disso,

Df (x) · αλ = (αλ)ex = αDf (x) · λ

Agora, vamos provar que Df (x) é um isomorsmo.

Com efeito, se λ ∈ ker Df (x), então Df (x) · λ = 0, isto é, λex = 0. Como ex 6= 0, segue

que λ = 0. Utilizando o Teorema do Núcleo e da Imagem, temos que Df (x) : R−→ Ré um

isomorsmo.

Teorema 19. Todo Difeomorsmo local f : U −→ Rm é um aplicação aberta, isto é,

transforma cada abeto V ⊆U num aberto f (U ) ⊆ Rm .

Demonstração. Seja V ⊆ V um aberto. Fixe x ∈U. Se V ⊆ Vx , onde Vx ⊆ U é um aberto

contendo x e f |V: Vx −→ f (Vx ) é um difeomorsmo =, então f (Vx ) é aberto, pois fé um

54
homeomorsmo sobre Vx . Em geral

V = Ux∈U (Vx ∩ V )

Portanto, f (V ) = Ux∈U . Mas Vx ∩ V ⊆ Vx é um aberto, logo, pelo que foi feito

anteriormente f (Vx ∩ V ) é aberto em Rm . Portanto f (V ) é aberto em Rm como união

arbitrária de abertos.

4.3.2 Contração

É importante denirmos contrações, pois esse resultado é primordial para demonstrarmos

alguns resultados que estão inteiramente relacionados com o Teorema da Função Inversa.

Denição 38. Seja X ⊆ Rm . Uma aplicação f : X →Rn chama-se uma λ-contração quando
existe 0≤λ<1 tal que

kf (x) − f (y)kRn ≤ λkx − ykRm , ∀x, y ∈ X

Observação 21. Quando não houver possibilidade de confusão, escreveremos k.k para

representar k.kRm e k.kRn


1 √
Exemplo 55. Considere uma aplicação f :Rm →Rm denida por f (x) = x + 2.É fácil
2
1
ver que essa função é uma -contração .Com efeito,
2

√ √
 
1 1
kf (x) − f (y)k =
2x + 2 − 2y + 2


1
= (x − y)

2
1
= kx − yk, ∀x, y ∈ Rm .
2

Observação 22. É fácil ver que toda λ-contração é uma função função Lipschitziana.

Como toda função Lipschitziana é uniformemente contínua, segue que toda λ-contração
é uniformemente contínua.

55
4.3.3 Ponto Fixo

Nesta subsubseção, daremos nome aos pontos que são mantidos pela lei de transformação

de uma função. Estes serão denominados pontos xos. Mais precisamente,

Denição 39. Um ponto xo de uma aplicação f : X ⊆ Rm →Rm é um ponto x∈X tal

que f (x) = x.

Exemplo 56. Seja f :R2 →R2 uma aplicação denida por f (x, y) = (x, y) o ponto (1, 2) ∈
R2 é um ponto xo pois f (1, 2) = (1, 2).

Exemplo 57. Seja f :R2 →R2 uma aplicação denida por

 π 
f (x, y) = sin(x), − cos(y)
2
 π
O ponto 0, é um ponto xo de f, pois,
2
 π  π  π   π   π
f 0, = sin(0), − cos = 0, − 0 = 0,
2 2 2 2 2

Por outro lado, é fácil ver que (0, π) não é ponto xo de f, já que,

 
 π   π  π+2
f (0, π) = sin(0), − cos (π) = 0, + 1 = 0,
2 2 2

4.3.4 Aproximações Sucessivas

A seguir demonstraremos o Teorema do Ponto Fixo para Contrações que tem uma

importância signicativa para o Teorema da Função Inversa. O método que apresentaremos

a seguir é conhecido como Método das Aproximações Sucessivas.

Teorema 20. (Teorema do Ponto Fixo para Contrações): Sejam F ⊆ Rm um conjunto

fechado e f :F →F uma λ-contração. Dado x0 ∈ F , a sequência

x1 = f (x1 ), · · · , xk+1 = f (xk ), · · · ,

converge para um ponto a ∈ F, e este é o único ponto xo e f.

56
Demonstração. Como f :F →F é uma λ-contração, então existe λ ∈ [0, 1) tal que

kf (x) − f (y)k ≤ λkx − yk, ∀x, y ∈ F.

Portanto,

kxk+1 − xk k = kf (xk ) − f (xk−1 )k

≤ λkxk − xk−1 k

= λkf (xk−1 ) − f (xk−2 )k

≤ λ2 kxk−1 − xk−2 k

= λ2 kf (xk−2 ) − f (xk−3 )k.

Prosseguindo este processo,chegamos a

kxk+1 − xk )k ≤ λk kx1 − x0 k.

Assim segue, da desigualdade triangular,que

kxk+p − xk )k = kxk+p − xk+p−1 + xk+p−1 − xk+p−2 + xk+p−2 − xk+1 + xk+1 − xk k

≤ kxk+p − xk+p−1 k + kxk+p−1 − xk+p−2 k + · · · + kxk+1 − xk k

≤ λk+p−1 kx1 − x0 k + λk+p−2 kx1 − x0 k + · · · + λk kx1 − x0 k


p−1
X
= λk+i kx1 − x0 k
i=0
p−1
X
= kx1 − x0 k λk+i
i=0
k
λ
≤ kx1 − x0 k
1−λ

pois,
p−1 p−1 p−1 ∞
X
k+i
X
k i k
X
i k
X 1 λk
λ = λ .λ = λ λ ≤λ λi = λk =
i=0 i=0 i=0 i=0
1−λ 1−λ
P∞
É importante destacar que 1−λ > 0 e i=0 λi é uma série geométrica. Como λ ∈ [0, 1),
então kxk+p − xk k −→ 0,quando p −→ ∞. Assim (xk ) é uma sequência de Cauchy em Rm .

57
Como Rm é completo, então existe a ∈Rm tal que lim xk = a. Mas F é fechado e (xk ) ⊆ F ,
então a ∈ F. Vamos provar agora que a é o ponto xo de f. Como f é uma λ-contração
então f é uniformemente contínua, logo

a = lim xk+1 = lim f (xk ) = f (a)

ou seja, f (a) = a, daí a é ponto xo de f. Vamos provar que a é o único ponto xo de f.
Seja b um ponto xo de f, então b = f (b), logo

kb − ak = kf (b) − f (a)k ≤ λkb − ak

pois f é uma λ-contração. Desse modo,

kb − ak − λkb − ak ≤ 0 =⇒ kb − ak(1 − λ) ≤ 0.

Como (1 − λ) > 0, temos que kb − ak = 0 =⇒ a = b. Ou seja, a é o único ponto xo de

f.

Lema 1. Seja f : X →Rm uma λ-contração. Se X contém a bola fechada Br [a] tal que
kf (a) − ak ≤ (1 − λ)r, então f admite um ponto xo em Br [a].

Demonstração. Vamos provar que f (Br [a]) ⊆ Br [a]. De fato, seja y ∈ f (Br [a]) então

y = f (x), onde x ∈ Br [a]. Daí,

ky − ak = kf (x) − ak

= kf (x) − f (a) + f (a) − ak

≤ kf /(x) − f (a)k + kf (a) − ak

≤ λkx − ak + (1 − λ)r.

pois f é umaλ-contração e kf (a) − ak ≤ (1 − λ)r. Portanto ky − ak ≤ r, daí y ∈ f (Br [a]),


logo f (Br [a]) ⊆ Br [a]. Segue que f |Br [a] : Br [a] −→ Br [a]. Como Br [a] é fechado segue pelo

Teorema do Ponto Fixo para Contrações que f admite um ponto xo em Br [a].

4.3.5 Pertubação da Identidade

Demonstraremos, nessa subseção, o Teorema da Pertubação da Identidade,e para que

tal fato seja nalizado utilizaremos o Lema 1 juntamente com as denições de λ-contração,

58
homeomorsmo e conjuntos abertos.

Teorema 21. Seja ϕ : U ⊆ Rm →Rm uma λ-contração denida no aberto U. A aplicação

f : U →Rm dada por f (x) = x + ϕ(x) é um homeomorsmo de U sobre o conjunto aberto

f (U ) ⊆ Rm . Além disso, se U =Rm , tem-se que f (U )=Rm .

Demonstração. Primeiramente provaremos que f é bijetiva sobre f (U ). De fato,

kf (x) − f (y)k = kx + ϕ(x) − (y + ϕ(y))k

= kx − y + ϕ(x) − ϕ(y)k

≥ kx − yk + kϕ(x) − ϕ(y)k

Como ϕ é uma λ-contração, segue que

kf (x) − f (y)k ≥ kx − yk − λkx − yk = (1 − λ)kx − yk, ∀x, y ∈ U.

Assim se x 6= y temos que,

kf (x) − f (y)k ≥ (1 − λ)kx − yk > 0.

Logo f (x) 6= f (y). Portanto f é injetiva. Ou seja, f é uma bijeção sobre f (U ). Agora vamos

vericar que f é um homeomorsmo. Veja que,

1
kf −1 (w) − f −1 (z)k ≤ kw − zk, ∀w, z ∈ f (U ).
1−λ

Por conseguinte f −1 : f (U ) −→ U é contínua. Como ϕ é uma λ-contração (logo,

uniformemente contínua), então f : U −→ f (U ) é uma aplicação contínua, pois, f é a

soma de funções contínuas. Portanto como f é uma bijeção contínua e sua inversa, f −1 ,
também é contínua, segue que f é um homeomorsmo. Vamos provar agora que f (U ) é

aberto. Tomemos b ∈ f (U ), devemos mostrar que ∃s > 0 tal que Bs (b) ⊆ f (U ). Mas,

∃a ∈ U tal que b = f (a) = a + ϕ(a).Como U é aberto, então ∃r > 0 tal que Br [a] ⊆ U .
Vamos denir ξy : Br [a] →Rm , onde y ∈Rm é xo, por ξy (x) = y − ϕ(x), ∀x ∈ Br [a]. Então

ξy (x) = x ⇔ x = y − ϕ(x) ⇔ x + ϕ(x) = y ⇔ f (x) = y, x ∈ Br [a].

59
É fácil ver que ξy é λ-contração. De fato,

kξy (x) − ξy (x0 )k = ky − ϕ(x) − (y − ϕ(x0 ))k

= kϕ(x) − ϕ(x0 )k

≤ λkx − x0 k, ∀x ∈ Br [a],

pois ϕ é uma λ-contração. Seja y ∈ B(1−λ)r [b], então

kξy (a) − ak = ky − ϕ(a) − ak

= ky − (ϕ(a) + a)

= ky − bk

≤ (1 − λ)r,

pois, y ∈ B(1−λ)r [b]. Logo, pelo Lema1 ,ξy tem um ponto xo em Br [a]. Ou seja,ξy (x) =x⇔
f (x) = y, x ∈ Br [a].. Daí B(1−λ)r [b] ⊆ f (Br [a]) ⊆ f (U ), pois, Br [a] ⊆ U . Seja

r
s = (1 − λ) ,entãoBs (b) ⊆ f (U ).
2
Ou seja, f (U ) é aberto. Agora provaremos que se U =Rm , então f (U ) =Rm . Sabemos

que f (U ) é aberto, então basta mostrar que f (U ) é fechado. Seja (yk ) ⊆ f (U ) uma sequência
tal que yk −→ y ∈Rm , então ∃(xk ) ⊆ U =Rm tal que f (xk ) = yk e vimos que

kyk − ym k = kf (xk ) − f (xm )k ≥ (1 − λ)kxk − xm k,

com (1 − λ) > 0. Como (yk ) é convergente, (logo, de Cauchy) então (xk ) é de Cauchy em

U =Rm , que é um conjunto completo. Logo ∃x ∈ U =Rm tal que xk −→ x. Como f é

contínua em U =Rm , então yk = f (xk ) −→ f (x). Logo y = f (x) ∈ f (U ). Portanto f (U ) é

fechado. Dessa forma f (U ) =Rm , já que Rm é conexo e f (U ) 6= ∅.

4.3.6 Pertubação de um Isomorsmo

Utilizaremos o Teorema da Pertubação da Identidade bem como as denições de aplicação

linear e λ-contração para demonstrarmos o Teorema da Pertubação de um Isomorsmo.

60
Corolário 3. Sejam U ⊆Rm um aberto e f : U →Rm uma aplicação denida por

f (x) = T x + ϕ(x), onde T :Rm →Rm é uma aplicação linear invertível e ϕ : U →Rm satisfaz

kϕ(x) − ϕ(y)k ≤ λkx − yk, ∀x, y ∈ U,

com λkT −1 k < 1. Então f é um homeomorsmo de U sobre o conjunto aberto f (U ) ⊆Rm .


Se U =Rm , tem-se f (U ) =Rm .

Demonstração. Dena g : U →Rm por g(x) = T −1 ◦ ϕ(x), ∀x ∈ U . Armamos que g é uma

λkT −1 k-contração. De fato,

kg(x) − g(y)k = kT −1 ◦ ϕ(x) − T −1 ◦ ϕ(y)k

= kT −1 (ϕ(x) − ϕ(y))k

≤ kT −1 kkϕ(x) − ϕ(y)k

≤ λkT −1 kkx − yk, ∀x, y ∈ U,

pois, ϕ é uma λ-contração e T é linear invertível.Por outro lado, obtemos

T −1 ◦ f (x) = T −1 (T x + ϕ(x)) = T −1 ◦ T x + T −1 ◦ ϕ(x) = x + g(x), ∀x ∈ U.

assim pelo Teorema da Pertubação de Identidade T −1 ◦ f é um homeomorsmo de U sobre

T −1 f (U ). Logo f = T ◦ (T −1 f ) : U →Rm é um homeomorsmo de U sobre f (U ). pois T é

um homeomorsmo (já que T é linear). Se U =Rm , então pelo Teorema da Pertubação da

Identidade T −1 ◦ U =Rm . Logo f (U ) = T ◦ T −1 ◦ f (U ) = T (Rm )=Rm .

4.3.7 Diferenciabilidade do Homeomorsmo Inverso

Estudaremos quando um homeomorsmo diferenciável tem inversa diferenciável. Neste

caso, existe uma relação entre derivadas da função e sua inversa.

Lema 2. Seja f : U → V um homeomorsmo entre abertos U, V ⊆Rm . Se f é diferenciável


num ponto a ∈ U e a derivada Df (a) :Rm →Rm é um isomorsmo, então um homeomorsmo
inverso f −1 : V → U é diferenciável no ponto b = f (a).

61
Demonstração. Denotaremos por g a aplicação f −1 . O único candidato para Dg(b) é

Df (a)−1 . Assim, tomemos

g(b + w) − g(b) = Df (a)−1 .w + s(w), w ∈ Rm

s(w)
Vamos mostrar que lim = 0. Seja v = g(b = w) − g(b). Então,
w−→0 kwk

f (a + v) − f (a) = f (a + g(b + w) − g(b)) − b = f (g(b = w)) − b = b + w − b = w,

onde f (a) = b e g(b) = a. Como f é um homeomorsmo, então, w = [f (a+v)−f (a)] −→ 0 se


v −→ 0. Reciprocamente, v = [g(b + w) − g(b)] −→ 0 se w −→ 0. Assim v −→ 0 ⇔ w −→ 0.
Como f é diferenciável em a, então

r(v)
w = f (a + v) − f (a) = Df (a).v + r(v), onde lim = 0.
v−→0 kvk

Logo,

v = g(b + w) − g(b)

= Df (a)−1 .w + s(w)

= Df (a)−1 .(Df (a).v + r(v)) + s(w)

= v + Df (a)−1 .r(v) + s(w)

s(w) s(w)
Daí, s(w) = −Df (a)−1 .r(v) ⇒ = −Df (a)−1 . . Como Df (a) é isomorsmo, então
kwk kwk

kvk = kDf (a)−1 ◦ Df (a).vk ≤ kDf (a)−1 kkDf (a).vk∀v ∈ Rm .

1 r(v)
Seja c = , então,kDf (a).vk ≥ 2ckvk, ∀v ∈ Rm . Como lim = 0, então
2kDf (a)−1 k v−→0 kvk

62
∃δ > 0 tal que kvk < δ ⇒ kr(v)k < ckvk. Logo,

kwk = kf (a + v) − f (a)k

= kDf (a).v + r(v)k

≥ kDf (a).vk − kr(v)k

≥ 2ckvk − ckvk

= ckvk, sekvk < δ.

kvk 1 r(v) kvk r(v) kvk


Ou seja, ≤ , se kvk < δ . Daí, lim . = 0, pois, −→ 0 e é limitado.
kwk c w−→0 kvk kwk kvk kwk
Portanto,



s(w) r(v)
lim = − lim Df (a)−1
w−→0 kwk w−→0 kwk
  
−1 r(v) kvk
= − lim Df (a)
w−→0 kvk kwk
=0

Ou seja, g = f −1 é diferenciável em b = f (a) e D(f −1 (b)) = Df (a)−1 .

63
5 Conclusões

Agora, apresentaremos os Teoremas da Função Inversa e da função implícita, bem como

algumas aplicações que os acompanham. Estabeleceremos a equivalência dos teoremas

mencionados anteriormente e para tal objetivo faremos o uso de todos os resultados que

foram apresentados no trabalho.

5.1 Teorema da Função Inversa

Este teorema trata da possibilidade de inverter uma função, mesmo que localmente. Além

disso, fala sobre a perturbação do isomorsmo e da diferenciabilidade de um homeomorsmo

inverso. A seguir, enunciaremos e demonstraremos esse Teorema para que através do mesmo,

possamos estabelecer uma relação com o teorema da Função Implícita.

Teorema 22. Sejam U ∩ Rm um aberto e f : U −→ Rm de classe C K (K ≥ 1) tal que

Df (x0 ): Rm −→ é um isomorsmo, onde x0 ∈ U =. Então f é um difeomorsmo de classe

Ck de uma vizinhança V de x0 sobre uma vizinhança W de f (x0 ).

Demonstração. Para simplicar a notação, suponhamos x0 = f (x0 ) = 0 ( o resultado geral

se obtém por translação). Como f ∈ C k (k ≥ 1), então

f (x) = f (x) − f (0) = Df (0).x + r(x),


r(x)
onde limx→0 kxk
= 0.

Portanto, r(x) = f (x) − Df (0)x é de classe Ck, pois f é de classe Ck e Df (0) é linear.

Além disso,

Dr(0) = Df (0) − Df (0) = 0

1
Seja λ tal que 0<λ< (Df (0) é um isomorsmo). Como r ∈ Ck , então
kDf (0)[ − 1]k
m
Dr : U −→ L(R ) é contínua e assim,

lim Dr(x) = Dr(0) = 0


x→0

64
com isso, ∃δ > 0 tal que kxk < δ ⇒ kDr(x)k < λ. Isto é, existe V = Bδ (0) vizinhança

de x0 = 0 tal que

kDr(x)k < λ, ∀x ∈ V

Pela Desigualdade do Valor médio, temos que

kr(x) − r(y)k 6 λkx − yk, ∀x, y ∈ V (convexo)

Pelo Corolário da perturbação do Isomorsmo, f |V é um homeomorsmo de V sobre um

aberto W que contém f (x0 ). Como f ∈ C k , então Df : U −→ L(Rm ) é contínua. Além disso,

Df (x0 ) é um isomorsmo, isto é [Df (x0 )]é ma matriz invertível. Portanto, diminuindo V se

necessário, [Df (x)] é invertível (basta usar a continuidade do determinante), ou seja, Df (x)
é um isomorsmo, ∀x ∈ V . Pelo lema da Diferenciabilidade do Homeomorsmo Inverso,

segue que g = f −1 : W −→ V é diferenciável em y = f (x) e Dg(y) = Df −1 . Em particular,

f |V : V −→ W é um difeomorsmo.

Vamos agora mostrar que g ∈ Ck. Note queDg = i ◦ Df ◦ g , onde i(x) = x−1 é de classe

C ∞. Como f ∈ C1 e i,Df, g são contínuas, então Dg é contínua, isto é, g ∈ C 1. Se f ∈ C1


então i, Df, g ∈ C 1 , logo Dg ∈ C 1 , isto é, g ∈ C 2. Logo o resultado segue.

Exemplo 58. Seja f : R2 −→ R2 dada por f (x, y) = (ex cos y, ex sin y . Daí, a matriz

Jacobiana é dada por


 
x x
e cos y −e sin y
[Df (x, y)] =  
x x
e sin y e cos y
.

Portanto, det[Df (x, y)] = e2x 6= 0, ∀(x, y) ∈ R2 . Logo, Df (x, y) é um isomorsmo para

cada (x, y) ∈ R2 . Pelo Teorema da função Inversa, f é um difeomorsmo local, em particular,

vimos que f não é um difeomorsmo. Isso justica que nem sempre um difeomorsmo local

é um difeomorsmo.

Exemplo 59. Lembre que uma matriz X é uma raiz quadrada de uma matriz Y quando

X 2 = y. Vamos utilizar o Teorema da função Inversa para provar que próximo da identidade

65
toda matriz tem uma raiz quadrada. Seja f : Mn (R) −→ Mn (R) dada por f (X) = x2 , onde
Mn (R) é o conjunto das matrizes reais n × n. Assim,

f (I) = I 2 = I, f ∈ C 2 e Df (X)H = XH + HX

Em particular,

Df (I)H = 2H, ∀H ∈ Mn (R)

Logo, Df (I) = 2I é um isomorsmo. Portanto, pelo Teorema da função Inversa, existe

uma vizinhança V de I tal que f : V −→ f (V ) é um difeomorsmo de classe C 1. Logo,

∀I ∈ f (V ), ∃!x ∈ V ; f (X) = Y

Isto é, X2 = Y . Portanto, X é uma raiz quadrada de Y ∈ f (V ) (aberto contendo

I = f (I)).

A seguir, provaremos que o Teorema da Função Inversa implica o Teorema da Função

Implícita.

5.2 Teorema da Função Implícita

Teorema 23. Sejam U ⊆ Rm+n um aberto e f : U −→ Rn uma aplicação de classe Ck


(K > 1). Suponha que Rm+n = E⊕F é uma decomposição em soma direta tal que

∂2 f (z0 ) : f −→ Rn é um isomorsmo, onde z0 = (x0 , y0 ) ∈ U . Seja c = f (z0 ) ∈ Rn . Então,

existem abertos V ⊂E contendo x0 e Z⊂U contendo y0 com a seguinte propriedade: Para

cada x∈V há um único ξ(x) ∈ F tal que (x, ξ(x)) ∈ Z e (F (x), ξ(x)) = c. A aplicação

ξ : V −→ F assim denida é de classe Ck e sua derivada é dada por

Dξ(x) = −[∂2 f (x, ξ(x))]−1 ◦ ∂1 f (x, ξ(x), ∀x ∈ V

Demonstração. Dena φ : U −→ E× Rn por φ(x, y) = (x, f (x, y)). Note que φ ∈ Ck, pois f

∈ Ck. Logo, φ é diferenciável e

66
Dξ(z0 )(h, k) = (h, ∂1 f (x0 , y0 )h + ∂2 f (x0 , y0 )k), ∀(h, k) ∈ Rm+n

Como∂2 f (z0 ) : F −→ Rn é um isomorsmo, então a dim F = n. Mas Rm+n = E ⊕ F,


logo, dim E = m. Daí, Dφ(z0 ) : Rm+n é um isomorsmo se

ker Dφ(z0 ) = {0}

Se Dφ(z0 )(h, k) = (0, 0), então

(h, ∂1 f (z0 )h + ∂2 f (z0 )k) = (0, 0).

Logo, h=0 e ∂2 f (z0 )k = 0 Como ∂2 f (z0 ) é um isomorsmo, então k = 0. Portanto,

(h, k) = (0, 0) , isto é, ∂2 f (z0 ) é um isomorsmo. Pelo Teorema da função Inversa, φ é um

difeomorsmo de classe Ck de uma vizinhança z0 em uma vizinhança de (x0 , c). Esta última

pode ser escolhida da forma V × W , onde V é um aberto contendo E, contendo x0 e W é um

aberto de Rn contendo f (z0 ) = c. Sejam Z = φ−1 (V × W ) e h = φ−1 : ×W −→ Z . Observe

que z0 ∈ Z é um aberto contendo U. Armamos que,

f ◦ h(x, w) = w, ∀(x, w) ∈ V × W,

Ou seja, f é localmente projeção. De fato,

φ(x, y) = (x, f (x, y))

Portanto, h(x, w) = (x, h2 (x, w)). Logo,

(x, w) =φ ◦ h(x, w)

=φ(x, h2 (x, w))

=(x, f (x, h2 (x, w)))

=(x, f ◦ h(x, w)), ∀ ∈ V × W.

Daí segue que,

67
f ◦ h(x, w)), ∀ ∈ V × W.

Além disso, ξ = h2 (., c) : V −→ F . Como h = φ−1 é de classe Ck, então ξ ∈ Ck. Além

disso,

(x, ξ(x)) = f (x, h2 (x, c)) = f ◦ h(x, c) = c, ∀x ∈ V

Agora vamos provar a unicidade de ξ(x). Seja (x, y) ∈ Z tal que f (x, y) = c, então

(x, y) =h ◦ ξ(x, y)

=h(x, f (x, y))

=(x, h2 (x, f (x, y)))

=(x, h2 (x, c))

=(x, ξ(x)), ∀xi ∈ V

Assim, y = ξ(x). Derivando f (x, ξ(x)) = c, obtemos

∂1 f (x, ξ(x)) + ∂2 f (x, ξ(x)) ◦ Dξ(x) = 0 ⇒ Dξ(x) = −[∂2 f (x, ξ(x))]−1 ◦ ∂1 f (x, ξ(x))

5.3 Equivalência entre o Teorema da Função Inversa e a Função

Implícita

Suponhamos que o Teorema de Função implícita seja válido, vamos provar, a partir deste,

que o Teorema da Função Inversa é verdadeiro. Assim, como já provamos a recíproca, estes

dois Teoremas são equivalentes.

Demonstração. De fato, suponhamos que f ∈ U ⊂ Rm −→ Rm seja uma aplicação de classe

C k (k > 1) onde U ⊆ Rm é um aberto e seja Df (x0 ) :Rm −→ Rm um isomorsmo, para

algum x0 em U. Dena F : Rm ×U −→ Rm , por

68
F (x, y) = f (y) − x

Logo, F é de classe Ck, pois, f ∈ Ck . Note que, se F (x0 ) = y0 , então

F (x0 , y0 ) = f (x0 ) − y0 = y0 − y0 = 0

Além disso, ∂2 F (y0 , x0 ) = Df (x0 ) : Rm −→ Rm é um isomorsmo. Assim, pelo Teorema da

Função Implícita existe uma vizinhança V de y0 tal que para cada x ∈ V, ∃!ξ : V −→ Rm
∈ Ck tal que

ξ(y0 ) = x0 eF (x, ξ(x)) = F (x0 , y0 ) = 0

Além disso,

Dξ(x) = −[∂2 f (x, ξ(x))]−1 ◦ ∂1 f (x, ξ(x), ∀x ∈ V

Portanto,

f (ξ(x)) − x = F (x, ξ(x)) = 0∀x ∈ V

Também temos que

Dξ(x) = −[∂2 f (x, ξ(x))]−1 ◦ Idv = [Df (x, ξ(x)) ]−1 ◦ Idv , ∀x ∈ V

Em particular,

Dξ(y0 ) = [Df (ξ(y0 ))]−1 ◦ Idv = Df (x0 )−1 ◦ Idv

Por conseguinte, Dξ(x) é um isomorsmo pois Df (x0 ) o é . Analogamente, aplicando o

processo para ξ , e temos que existe ϕ ∈ Ck tal que

ξ ◦ ϕ(x) = x, ∀x ∈ W

Onde W é uma vizinhança de ξ(y0 ) = x0 . Mas,

ϕ = Idv ◦ ϕ = (f ◦ ξ) ◦ ϕ = f ◦ (ξ ◦ ϕ) = f ◦ Idv = f sobreW

69
Logo,

ξ ◦ f = Idw ef ◦ ξ = Idv .

Portanto, f é um difeomorsmo de uma vizinhança W de x0 a uma vizinhança V de

y0 = f (x0 ).

Exemplo 60. Seja f : Mn (R) × Mn (R) −→ Mn (R) dada por

f (X, Y ) = X 2 − Y, ∀(X, Y ) ∈ Mn (R) × Mn (R)

Assim, com esta aplicação, podemos provar que próximo a identidade qualquer matriz

tem uma raiz quadrada, desta vez utilizaremos o Teorema da Função Implícita . Com efeito

f ∈ C 1 , f (1, 1) = I 2 − I = 0e∂1 f (X, Y )H = XH + HX

Logo,

∂1 f (I, I)H = 2H, ∀H ∈ Mn (R)

Daí, ∂1 f (I, I) é um isomorsmo. Assim, pelo Teorema da Função Implícita , ∃ uma

vizinhança V de I tal que para cada Y ∈ V, ∃! φ: V −→ Mn (R) ∈ C 1 satisfazendo

φ(I) = Ief (φ(Y ), Y ) = f (I, I) = 0

Com isso,

φ(Y )2 − Y = 0, ∀Y ∈ V

Portanto,

φ(Y )2 = Y, ∀Y ∈ V

70
Ou seja, Y possui uma raiz quadrada em V.

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6 Perspectivas

Espera-se que a pesquisa contribua de modo que possamos interagir com as mais variadas

técnicas impostas para o entendimento do assunto e tal conhecimento possa desencadear no

melhor desempenho no curso acadêmico. Nossa meta está pautada, que todos participantes

envolvidos desenvolvam o interesse pela pesquisa e mostrem-se interessados em continuar os

estudos em um novo projeto, aprofundando ainda mais na teoria, de maneira mais geral.

O projeto culminará numa contribuição importante à formação de jovens pesquisadores da

UFS, tanto para a pós-graduação em Matemática como também, áreas ans.

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7 Referências

Referências

[1] HOFFMAN, K., KUNZE, R., Linear Algebra. Second Edition. New Jersey: Prentice-

Hall, Inc., 1971;

[2] LIMA, E. L., Álgebra Linear. 8ª Edição. Rio de Janeiro: Coleção Matemática

Universitária, 2012;

[3] RUDIN, W. Functional Analysis. Macgraw Hill, 1991;

[4] LANG, SERGE, Real Analysis, Yale University, New Haven, 1969.

[5] LIMA, E. L. Análise Real, Vol. 1, Rio de Janeiro, IMPA. Coleção Matemática

Universitária, 1999.

[6] LIMA, E. L. Análise Real, Vol. 2, Rio de Janeiro, IMPA. Coleção Matemática

Universitária, 2015.

[7] LIMA, ELON LAGES, Espaços Métricos. Rio de Janeiro: IMPA,2005,299p.;(Projeto

Euclides).

[8] MITRINOVIC, D. S., PECARIC J. E., FINK, A. M., Classical and New Inequalities in
Analysis. Springer, 1st ed., 1993;

[9] LIMA, E. L. Espaços Métricos, Rio de Janeiro, IMPA, 1977, Projeto Euclides.

[10] KÜHLKAMP, N. Introdução à Topologia Geral, 2.ed. Florianópolis,2002.320p.

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8 Outras Atividades

A aluna assistiu à um dos minicursos - PIBIC (27º Encontro de Iniciação Cientíca), da

V SEMAC (2017). E, apresentará este trabalho no 28º Encontro de Iniciação Cientíca.

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