Você está na página 1de 16

PÁGINA 1

CAPÍTULO II
VETORES NO R2 E NO R3
INTRODUÇÃO
Neste capítulo estudaremos as nomenclaturas e operações nos Espaços Vetoriais R2 e R3
procurando, sempre que possível, unir a teoria e a prática.

ESPAÇOS VETORIAIS R, R2 E R3
Espaço vetorial é um conjunto de elementos chamados vetores. A caracterização de um
vetor é feita através do seu número de coordenadas no espaço vetorial.
Dizemos que o espaço vetorial é R se apenas uma coordenada real define um vetor.
Exemplo:
Posicionar no espaço R o vetor 3 unidades na direção x.

Já um vetor no espaço R2 necessita de duas coordenadas reais ortogonais (perpendiculares)


para ser posicionado.
Exemplo:
Posicionar no espaço R2 o vetor 3 unidades na direção x e 3 unidades na direção y.

Um vetor no espaço R3 necessita de três coordenadas reais ortogonais (perpendiculares) para


ser posicionado.
Exemplo:
Posicionar no espaço R3 o vetor 3 unidades na direção x, 3 unidades na direção y e 3
unidades na direção z.

PROF. RUBENS VILHENA FONSECA


PÁGINA 2

OBS.:
Um ponto no espaço R2 é conhecido por dupla ou par ordenado. Já no R3 um ponto é
conhecido por tripla ou terno ordenado. O R do espaço vetorial significa que cada uma das
coordenadas é um número real.

Embora não possamos representar geometricamente, existem espaços vetoriais com mais de
três dimensões onde os vetores são caracterizados pelo seu conjunto de coordenadas.
Exemplo:
Se estivermos tratando com o espaço vetorial R5, cada ponto ou vetor é definido por:
(x 1 , x 2 , x 3 , x 4 , x 5 )

VETORES DA BASE
O posicionamento de um vetor num espaço vetorial precisa da definição dos vetores básicos
em cada uma das direções existentes.
No R2, como posicionamos qualquer ponto através de duas coordenadas, devemos definir
 
dois vetores básicos que chamaremos de i e de j . O vetor i possui comprimento igual a 1 na

direção x e o vetor j possui comprimento igual a 1 na direção y.

Esses vetores são a referência básica de contagem de posições nas direções x e y.


Exemplo:

O vetor u que está posicionado com 2 unidades no eixo x e 3 unidades no eixo y pode ser
representado na seguinte forma:
  
u = 2i + 3j
 
Os vetores i e j podem ser representados através das suas coordenadas:

i = (1,0)

j = (0,1)
3
No R , como posicionamos qualquer ponto através de três coordenadas, devemos definir três
   
vetores básicos que chamaremos de i , j e k . O vetor i possui comprimento igual a 1 na direção
 
x, o vetor j possui comprimento igual a 1 na direção y e o vetor k possui comprimento igual a 1
na direção z.

PROF. RUBENS VILHENA FONSECA


PÁGINA 3

Esses vetores são a referência básica de contagem de posições nas direções x, y e z.


Exemplo:

O vetor u que está posicionado com 2 unidades no eixo x, 3 unidades no eixo y e 4
unidades no eixo z pode ser representado na seguinte forma:
   
u = 2 i + 3 j + 4k
  
Os vetores i , j e k podem ser representados através das suas coordenadas:

i = (1,0,0)

j = (0,1,0)

k = (0,0,1)

OBS.:      
Alguns autores representam os vetores i , j e k como e1 , e 2 e e 3 respectivamente.
 
Ao conjunto dos vetores unitários i e j chamamos de base canônica (natural) do espaço R2.
  
Ao conjunto dos vetores unitários i , j e k chamamos de base canônica do espaço R3.

REPRESENTAÇÃO VETORIAL
Um vetor pode ser representado de várias formas:

• Forma entre parênteses:



v = ( x , y) no R2

v = ( x , y, z) no R3

• Forma matricial:

v = [ x y] no R2

v = [x y z] no R3
Ou:
 x 
v =   no R2
 y
x 
  
v =  y  no R3
 z 

• Forma vetorial:
  
v = x i + yj no R2
   
v = x i + yj + zk no R3
Ou:
  
v = xe1 + ye 2 no R2
   
v = xe1 + ye 2 + ze 3 no R3

PROF. RUBENS VILHENA FONSECA


PÁGINA 4

OPERAÇÕES COM VETORES


Para podermos prosseguir, precisamos definir quais são as operações básicas sobre vetores.
Essas operações no R2 ou no R3 são conhecidas como operações usuais (ou operações padrão) do
espaço vetorial. São operações básicas a adição de dois vetores e a multiplicação de vetor por
escalar.

ADIÇÃO DE VETORES
 
Sejam u e v dois vetores do espaço vetorial R2 com as seguintes duplas:

u = (u 1 , u 2 )

v = (v1 , v 2 )
 
A soma u + v é definida por:
 
u + v = (u1 , u 2 ) + (v1 , v 2 ) = (u1 + v1 , u 2 + v 2 )
A soma de dois vetores no R3 é igual a:
 
u + v = ( u 1 , u 2 , u 3 ) + ( v1 , v 2 , v 3 ) = ( u 1 + v1 , u 2 + v 2 , u 3 + v 3 )
Geometricamente falando, a soma de dois vetores produz um outro vetor que é a diagonal do
 
quadrilátero (quadrado, retângulo ou paralelogramo) formado pelos vetores u e v . Na Física, a
soma vetorial significa encontrar a força resultante entre os dois vetores.

MULTIPLICAÇÃO DE VETOR POR ESCALAR



Definimos a multiplicação de um escalar  por um vetor v como sendo:

v = (v1 , v 2 )

v = (v1 , v 2 )
No R3, essa operação é dada por:

v = (v1 , v 2 , v 3 )
A interpretação gráfica no R2 é a ampliação do vetor original se ||>1 e a contração do vetor
original se 0<||<1. Caso o valor de  seja negativo, ocorre a inversão do sentido do vetor original.

PROF. RUBENS VILHENA FONSECA


PÁGINA 5

Exemplo:
Suponha que a produção de uma lata de refrigerante envolva os seguintes custos:
Alumínio = $0,10/lata
Tinta = $0,05/lata
Mão-de-obra = $0,20/lata
Qual seria o custo para a produção de 100.000 latas de refrigerante?
Primeiramente, podemos definir um vetor custo por lata igual a:
Custo por lata de refrigerante = (0,10 , 0,05 , 0,20)
O custo total de produção de 100.000 latas é a operação de multiplicação do escalar 100.000
pelo vetor custo por lata:
Custo total = 100.000 x (0,10 , 0,05 , 0,20) = ($10.000 , $5.000 , $20.000)

IGUALDADE ENTRE VETORES


 
Dois vetores u e v são iguais se suas componentes são iguais uma a uma. Definindo no
 
espaço vetorial R3 os vetores u e v :

u = (u 1 , u 2 , u 3 )

v = ( v1 , v 2 , v 3 )
 
Se u = v  (u 1 , u 2 , u 3 ) = ( v1 , v 2 , v 3 )
Então u 1 = v1 , u 2 = v 2 , u 3 = v 3

VETORES ESPECIAIS
Existem dois vetores especiais que são necessários para definirmos as operações em espaços
vetoriais. São eles: o vetor nulo e o vetor simétrico (ou oposto).
O vetor nulo no R3 é definido por:

0 = (0,0,0)
Esse vetor tem a finalidade de ser o elemento neutro da soma vetorial e possui direção e
sentido arbitrário.

Agora, no R3 ,consideremos o vetor u :

u = (u 1 , u 2 , u 3 )

O vetor simétrico a u é o vetor definido por:

− u = ( − u 1 ,− u 2 ,− u 3 )
 
Esse vetor é útil, pois a soma dos vetores u e − u é igual ao vetor nulo.

PROPRIEDADES DOS VETORES NO R2 E R3


  
Sejam u , v, w vetores no R2 ou R3 e  e  escalares. Então:
   
(1) u + v = v + u
     
(2) u + ( v + w ) = (u + v) + w
  
(3) u + 0 = u
  
(4) u + (−u) = 0
 
(5) ( u ) = ()u
   
(6) (u + v) = u + v
  
(7) ( + )u = u +  u
 
(8) 1u = u
Todas essas propriedades são demonstradas através das operações usuais do R2 ou R3 e das
definições dos vetores nulo, simétrico e iguais.

PROF. RUBENS VILHENA FONSECA


PÁGINA 6

Exemplo:
Provar a propriedade
  (7): 
( + )u = u +  u
Primeiro, vamos considerar que:

u = (u 1 , u 2 , u 3 )

( + )u = (( + )u 1 , ( + )u 2 , ( + )u 3 )

( + )u = (u 1 + u 1 , u 2 + u 2 , u 3 + u 3 )
Pela definição de soma de dois vetores:

( + )u = (u 1 , u 2 , u 3 ) + (u 1 , u 2 , u 3 )
Pela definição de multiplicação de vetor por escalar:

( + )u = (u 1 , u 2 , u 3 ) + (u 1 , u 2 , u 3 )
Então:   
( + )u = u +  u

PRODUTO ESCALAR
O produto escalar é uma operação entre dois vetores que produz um escalar. A sua
utilidade está relacionada ao cálculo de projeções.
   
Suponha dois vetores u e v . A projeção de u sobre v é igual a zero somente se os dois
vetores são perpendiculares (=90o) ou um dos vetores é nulo:

 
Note que i e j sendo perpendiculares, a projeção de um vetor sobre o outro é zero.
São relações fundamentais do produto escalar:
     
i  i = j  j = k k =1
     
i  j = j k = k  i = 0
     
j  i = k  j = i k = 0
 
É importante definir o produto escalar em termo das coordenadas de dois vetores u e v
quaisquer:
   
u = (u 1 , u 2 , u 3 ) = u 1 i + u 2 j + u 3k
   
v = ( v1 , v 2 , v 3 ) = v1 i + v 2 j + v 3k
O produto escalar é definido por:
       
u  v = (u1 i + u 2 j + u 3k)  ( v1 i + v 2 j + v 3k)
             
u  v = u1 v1 i  i + u1 v 2 i  j + u1 v 3 i  k + u 2 v1 j  i + u 2 v 2 j  j + u 2 v 3 j  k +
     
+ u 3 v1k  i + u 3 v 2 k  j + u 3 v 3k  k
Pelas relações fundamentais, concluímos que:
 
u  v = u 1 v1 + u 2 v 2 + u 3 v 3

PROF. RUBENS VILHENA FONSECA


PÁGINA 7

OBS.:
Essa operação é conhecida como produto interno usual.

Exemplo:
Encontrar
 o produto escalar dos vetores:
u = (1,0,5)

v = (3,8,2)
Pela definição:
 
u  v = u 1 v1 + u 2 v 2 + u 3 v 3
 
u  v = 1 3 + 0  8 + 5  2 = 13

PROPRIEDADES DO PRODUTO ESCALAR


  
Sejam u , v, w vetores no R2 ou R3 e  um escalar. Então:
   
(1) u  v = v  u
      
(2) (u + v)  w = u  w + v  w
   
(3) (u )  v = (u  v)
 
(4) u  u  0
   
(4.1) u  u = 0 se e somente se u = 0

GENERALIZAÇÃO DO CONCEITO DE PRODUTO ESCALAR


O produto escalar pode assumir formas mais gerais, como por exemplo:
 
u  v = k 1 u 1 v1 + k 2 u 2 v 2 + k 3 u 3 v 3
Onde k1, k2 e k3 são escalares. Esse tipo de produto escalar é conhecido como produto
interno com pesos.

NORMA OU MÓDULO DE UM VETOR



Seja v um vetor no espaço R2 ou R3, denominamos norma, módulo ou comprimento do
vetor v por:
  
v = v  v = v12 + v 22 + v 32

  
Caso a norma do vetor v seja igual a 1, então dizemos que o vetor v é unitário ou que v é
um versor. Podemos normalizar qualquer vetor não-nulo, ou seja, tornar o seu módulo igual a 1.
Para isso, basta dividirmos o vetor pelo seu próprio módulo.

Exemplo:
Normalizar
 o vetor:
v = (3,2,−4)
Primeiro, calculamos o seu módulo:

v = 3 2 + 2 2 + (−4) 2 = 29
 
Agora vamos chamar de u o vetor v pelo seu módulo:

 v (3,2,−4)  3 2 4 
u=  = =  , ,− 
v 29  29 29 29 


Calculando o módulo de u :

PROF. RUBENS VILHENA FONSECA


PÁGINA 8

2 2 2
  3   2   4  9 + 4 + 16 29
u =   +   +  −  = = =1
 29   29   29  29 29

PROPRIEDADES DA NORMA DE UM VETOR


 
Sejam u e v vetores no espaço vetorial R2 ou R3 e  um escalar. Então:

(1) v  0
  
(1.1) v = 0 se e somente se v = 0
 
(2) v =  v

VETORES ORTOGONAIS
Dois vetores  são ditos ortogonais se o produto interno desses vetores é igual a zero, ou seja:
uv = 0

Para provarmos essa afirmação, primeiramente vamos definir dois vetores u = (u1 , u 2 ) e

v = (v1 , v 2 ) . Verifique a situação no gráfico:

Nesse caso, o produto interno usual é igual a:


 
u  v = u1v1 + u 2 v 2
Da geometria analítica, a distância entre os pontos A e B é dada por:
d(A, B) = (v1 − u1 ) 2 + (v 2 − u 2 ) 2 = ( v12 − 2v1u1 + u12 ) + (v 22 − 2v 2 u 2 + u 22 )
d(A, B) 2 = (v12 − 2v1u1 + u12 ) + (v 22 − 2v 2 u 2 + u 22 )
d(A, B) 2 = (u12 + u 22 ) + (v12 + v 22 ) − 2v1u1 − 2v 2 u 2
A distância da origem ao ponto A é dada por:
d(0, A) = (u 1 − 0) 2 + (u 2 − 0) 2 = u 12 + u 22
d(0, A) 2 = u 12 + u 22
A distância da origem ao ponto B é dada por:
d(0, B) = (v1 − 0) 2 + (v 2 − 0) 2 = v12 + v 22
d(0, B) 2 = v12 + v 22
Aplicando a lei dos cossenos:
d(A, B) 2 = d(0, A) 2 + d(0, B) 2 − 2  d(0, A) d(0, B) cos
Substituindo as equações anteriores encontramos:
u1v1 + u 2 v 2 = u12 + u 22 u12 + u 22 cos 
De onde tiramos:
   
u  v = u v cos 

 
Se os vetores u e v são ortogonais, então =90o. Isso torna a equação igual a:

PROF. RUBENS VILHENA FONSECA


PÁGINA 9
 
uv = 0
Esse conceito pode ser generalizado para o espaço R3.

DESIGUALDADE TRIANGULAR
Uma das propriedades da norma de um vetor é o que se conhece por desigualdade triangular.
Essa propriedade afirma que o maior lado de um triângulo é sempre menor que a soma dos seus
dois outros lados.
Primeiro, vamos considerar o seguinte cálculo:
 2  
u = uu
Então:
  2    
u+v = ( u + v)  ( u + v)
Aplicando as propriedades de produto interno:
  2      
u + v = u  u + 2(u  v) + v  v
  2  2    2
u + v = u + 2(u  v) + v
Sabemos que o produto escalar é dado por:
   
u  v = u v cos 
   
u  v  u v , já que − 1  cos  1
Aplicando esse conhecimento na equação temos:
 2 2   2
u+v  u +2u v + v
Finalmente, agrupando os termos:
u+v (u + v )
 2   2

Extraindo a raiz quadrada:


   
u+v  u + v
Essa inequação é conhecida como desigualdade triangular. Graficamente, isso quer dizer:

 
Note que a igualdade só se verifica quando os vetores u e v são colineares (estão sob a
mesma direção):
   
u+v = u + v
Nesse caso, não conseguimos formar um triângulo. Por outro lado, o requisito necessário
para formarmos um triângulo é que:
   
u+v  u + v

PROF. RUBENS VILHENA FONSECA


PÁGINA 10

VETORES PARALELOS
Considerando a equação do produto escalar:
   
u  v = u v cos 
Sabemos que dois vetores são paralelos se o ângulo entre eles é 0o ou 180o. No primeiro
caso, os dois vetores tem a mesma direção e mesmo sentido. No segundo caso, os dois vetores tem
mesma direção e sentidos contrários.
A expressão do produto escalar se reduz então a:
   
uv = u v
Outra observação importante é que dois vetores paralelos são proporcionais. Nesse caso:
    
Se u // v e u = ( x , y, z ) , então v = mu = (mx, my, mz) .

DISTÂNCIA ENTRE VETORES


Considere a situação abaixo:

   
A subtração entre os vetores v e u produz o vetor v − u . Conforme a definição de soma
vetorial, temos:

v = ( v1 , v 2 , v 3 )

− u = ( − u 1 ,− u 2 ,− u 3 )
 
v + ( − u ) = ( v1 , v 2 , v 3 ) + ( − u 1 , − u 2 , − u 3 ) = ( v1 − u 1 , v 2 − u 2 , v 3 − u 3 )
 
É importante notar que − u é o vetor com a mesma direção e módulo do vetor u , mas com
sentido contrário.
 
A propriedade desse vetor é que o seu módulo fornece a distância entre os vetores v e u :
 
v − u = ( v1 − u 1 , v 2 − u 2 , v 3 − u 3 )
 2
v − u = ( v1 − u1 ) 2 + ( v 2 − u 2 ) 2 + ( v3 − u 3 ) 2
Note a semelhança da fórmula acima com a fórmula da distância entre dois pontos da
geometria analítica no R2.
   
Finalmente, O vetor u − v possui a mesma direção e módulo do vetor v − u mas tem
sentido contrário.

PROPRIEDADES DA DISTÂNCIA ENTRE VETORES


 
Sejam u e v vetores e  um escalar no espaço vetorial R2 ou R3. Então:
     
(1) d ( u , v)  0 e d ( u , v) = 0 se e somente se u = v
   
(2) d (u , v) = d ( v, u )
     
(3) d (u , v)  d (u , w ) + d ( w , v) (desigualdade triangular)

PROF. RUBENS VILHENA FONSECA


PÁGINA 11

Exemplo:
Provar a propriedade (3):
     
d(u, v) = u − v + w − w
     
d ( u , v ) = ( u − w ) + ( w − v)
Sabemos que a desigualdade triangular é dada por:
   
u+v  u + v
Aplicando na equação:
     
d ( u , v)  u − w + w − v
     
d ( u , v)  d ( u , w ) + d ( w , v)

PRODUTO ESCALAR E PROJEÇÕES


O produto escalar está intimamente relacionado ao cálculo de projeções. Voltando à sua
definição:
   
u  v = u v cos 

Note que o produto escalar depende de três fatores: os módulos (tamanhos) dos vetores u e

v e do ângulo entre eles.

Pela figura, podemos afirmar que:



Pr ojuv = u cos 
Substituindo a definição de produto escalar:
 
uv
Pr ojv = 
u
v
 
Podemos também fazer a projeção do vetor v sobre o vetor u :

Pr ojuv = v cos 
 
uv
Pr oju = 
v
u
Se definirmos os versores:
 
 v  u
e v =  e eu = 
v u
   
Então, o módulo da projeção de u sobre v e de v sobre u podem ser dados por:
   
Pr ojuv = u  e v e Pr ojuv = v  e u
  
É importante verificar que a projeção de u sobre v possui a mesma direção do vetor v , ou
 
seja, sabendo qual é o tamanho da projeção e o versor na direção v ( e v ), sabemos qual é o vetor
projeção:

PROF. RUBENS VILHENA FONSECA


PÁGINA 12


Pr ojuv = Pr ojuv e v

Pr ojuv = Pr ojuv eu

Exemplo:
 
Calcular o tamanho da projeção do vetor u = (1,1,2) sobre o vetor v = (2,2,1) . Encontrar
também a expressão do vetor projeção.

Primeiro calculamos o módulo do vetor v :

v = v12 + v 22 + v 32

v = 2 2 + 2 2 + 12 = 9 = 3
 
Agora, calculamos o produto escalar entre u e v :
 
u  v = u 1 v1 + u 2 v 2 + u 3 v 3
 
u  v = 1 2 + 1 2 + 2 1 = 6
 
O tamanho da projeção do vetor u sobre v é dado por:
 
uv
Pr ojuv = 
v
6
Pr ojuv = = 2
3

Precisamos encontrar então o vetor unitário na direção v :

 v
ev = 
v
 (2,2,1)  2 2 1 
ev = = , , 
3  3 3 3
O vetor projeção é dado por:

Pr ojuv = Pr ojuv e v

 2 2 1  4 4 2
Pr ojuv = 2  , ,  =  , , 
 3 3 3  3 3 3

PRODUTO VETORIAL
O produto vetorial é uma operação entre vetores que produz um outro vetor. O
resultado do produto vetorial é sempre um vetor perpendicular aos vetores multiplicados. Essa
operação está relacionada ao cálculo de áreas e volumes.
O produto vetorial é aplicado a vetores no espaço R3 e atende à regra da mão direita.

São relações fundamentais:


     
ij=k j  i = −k
     
jk = i k  j = −i
     
ki = j i k = −j
  
ii =0
  
j j = 0
  
k k = 0

PROF. RUBENS VILHENA FONSECA


PÁGINA 13
 
É importante definir o produto vetorial em termo das coordenadas de dois vetores u e v
quaisquer:
   
u = (u 1 , u 2 , u 3 ) = u 1 i + u 2 j + u 3k
   
v = ( v1 , v 2 , v 3 ) = v1 i + v 2 j + v 3k
O produto vetorial é definido por:
       
u  v = (u1 i + u 2 j + u 3k)  ( v1 i + v 2 j + v 3k)
             
u  v = u1 v1 i  i + u1 v 2 i  j + u1 v 3 i  k + u 2 v1 j  i + u 2 v 2 j  j + u 2 v 3 j  k +
     
+ u 3 v1k  i + u 3 v 2 k  j + u 3 v 3k  k
Pelas relações fundamentais, concluímos que:
    
u  v = (u 2 v 3 − u 3 v 2 ) i + (u 3 v1 − u1 v 3 ) j + (u1 v 2 − u 2 v1 )k
A reorganização da expressão do produto vetorial nos mostra uma relação interessante:
    
u  v = (u 2 v 3 − u 3 v 2 ) i − (u1 v 3 − u 3 v1 ) j + (u1 v 2 − u 2 v1 )k
As expressões entre parênteses são os seguintes determinantes:
  u u 3  u1 u 3  u1 u 2 
uv = 2 i− j+ k
v 2 v3 v1 v 3 v1 v 2
Pelo Teorema de Laplace, podemos transformar os três determinantes em apenas um:
  
i j k
 
u  v = u1 u 2 u 3
v1 v 2 v 3
Note que, conforme a teoria de determinantes, se trocarmos duas linhas de posição então o
determinante troca de sinal:
  
i j k
   
v  u = v1 v 2 v 3 = − u  v
u1 u 2 u 3

MÓDULO DO PRODUTO VETORIAL


Sendo o produto vetorial um vetor, o seu módulo é dado pela fórmula:
    
u  v = (u 2 v 3 − u 3 v 2 ) i + (u 3 v1 − u1 v 3 ) j + (u1 v 2 − u 2 v1 )k
 2
u  v = ( u 2 v 3 − u 3 v 2 ) 2 + ( u 3 v1 − u 1 v 3 ) 2 + ( u 1 v 2 − u 2 v1 ) 2
Existe ainda uma outra expressão para o módulo do produto vetorial. A partir da definição
de produto escalar isolamos o cosseno:
   
u  v = u v cos 
 
uv
cos  =  
u v
A identidade trigonométrica fundamental fornece:
sen 2  + cos 2  = 1
sen 2  = 1 − cos 2 
Substituindo a expressão do cosseno, temos:
 u  v 
2

sen  = 1 −    
2

 u v 

PROF. RUBENS VILHENA FONSECA


PÁGINA 14
 2 2  
u v − ( u  v) 2
sen  =
2
2 2
u v
Sabemos que:
 2
u = u 12 + u 22 + u 32
2
v = v12 + v 22 + v 32
 
u  v = u 1 v1 + u 2 v 2 + u 3 v 3
Realizando toda a álgebra, teremos como resultado:
(u v − u 3 v 2 ) 2 + (u 3 v1 − u1v 3 ) 2 + (u1 v 2 − u 2 v1 ) 2
sen 2  = 2 3 2 2
u v
O numerador da fórmula anterior é o quadrado do módulo do produto vetorial. A expressão
então fica:
 2
uv
sen  =  2  2
2

u v
 
uv
sen =  
u v
Finalmente, a expressão do módulo do produto vetorial é igual a:
   
u  v = u v sen

PRODUTO VETORIAL E ÁREAS


Demonstramos no item anterior que:
   
u  v = u v sen
Analisando a expressão do módulo do produto vetorial, podemos perceber uma aplicação
interessante no cálculo de áreas.

  
O tamanho (módulo) da decomposição do vetor v na direção perpendicular a u ( = v sen )

faz o papel da altura e o tamanho do vetor u faz o papel da base do paralelogramo formado pelos
 
vetores u e v . Multiplicando os dois valores obteremos a área dessa figura geométrica.
 
Caso os vetores u e v sejam perpendiculares, então o módulo do produto vetorial fornecerá
a área do quadrado ou retângulo, dependendo se os módulos dos vetores são iguais ou diferentes.
Exemplo:
Calcular a área da figura formada pelos vetores:
 
u = (2,2,0) e v = (1,2,0)
Dizer se a figura formada pelos vetores é um quadrado, retângulo ou paralelogramo.

PROF. RUBENS VILHENA FONSECA


PÁGINA 15
 
Primeiro, calculamos o produto vetorial entre u e v :
  
i j k
  
u  v = 2 2 0 = 2k
1 2 0
 
O módulo do produto vetorial fornece a área da figura formada pelos vetores u e v :
 2
u  v = 02 + 02 + 22
  2
uv = 2
 
Para sabermos que figura é formada pelos vetores u e v , devemos analisar quais são os
 
valores dos módulos dos vetores u e v e o ângulo entre eles:

u = u 12 + u 22 + u 32 = 2 2 + 2 2 + 0 2 = 8

v = v12 + v 22 + v 32 = 12 + 2 2 + 0 2 = 5
 
uv 2
sen =   =
u v 8 5
Os dois vetores não são perpendiculares já que o seno do ângulo entre eles não é igual a 1
o
(=90 ). Nesse caso, os dois vetores não formam um quadrado nem um retângulo. A figura formada
é um paralelogramo.
Caso o seno tivesse sido igual a 1, então a figura seria um quadrado ou retângulo
 
dependendo se valor dos módulos dos vetores u e v fossem iguais ou diferentes.

PRODUTO MISTO
Definimos o produto misto como sendo:
     
A  (B  C) = A  B  C
Aplicando a definição de produto escalar:
        
A  (B  C) = A B  C cos  = B  C A cos
Onde:
 
B  C é a área da base da figura.

A cos é a altura da figura.
Geometricamente podemos verificar o significado do produto misto:

PROF. RUBENS VILHENA FONSECA


PÁGINA 16

OBS.:
Note que não precisamos definir parênteses no produto misto já que a operação não pode ser
 
feita da esquerda para a direita, ou seja, não podemos fazer primeiro A  B e o resultado fazer o
  
produto vetorial com C (lembre que o produto vetorial necessita de dois vetores e A  B é um
  
escalar). É correto então fazer primeiro B  C e o resultado fazer o produto escalar com o vetor A .

A fórmula do produto misto tem a propriedade de mostrar se os três vetores são coplanares

(estão no mesmo plano). Se o produto misto é igual a zero, então o vetor A (que representa a altura
 
da figura) está no mesmo plano (região cinza) que os vetores B e C e o volume da figura é igual a
zero, ou seja:
  
A  B  C = 0 se os três vetores estão no mesmo plano.

PRODUTO MISTO EM FORMA DE DETERMINANTES


Realizar um produto misto pode ser tornar tedioso, pois primeiro devemos calcular um
determinante (produto vetorial) seguido de um produto interno.
 
Sabemos que o produto vetorial entre os vetores B e C é dado por:
  B B 3  B1 B 3  B1 B 2 
B C = 2 i− j+ k
C 2 C3 C1 C 3 C1 C 2

Considerando o vetor A como sendo:
   
A = A1 i + A 2 j + A 3 k
Fazendo o produto escalar entre os vetores anteriores:
   B B3   B B3   B B2  
A  B  C = A1 2 (i  i ) − A2 1 ( j  j) + A 3 1 (k  k )
C 2 C3 C1 C 3 C1 C 2

OBS.:
Já que são todos iguais a zero, por questão de simplicidade, não foram mostrados os
produtos escalares em que os vetores unitários são diferentes.

Pelas relações fundamentais do produto escalar:


   B B3 B B3 B B2
A  B  C = A1 2 − A2 1 + A3 1
C 2 C3 C1 C 3 C1 C2
Através do Teorema de Laplace, o produto misto é então dado pelo seguinte determinante:
A1 A 2 A 3
  
A  B  C = B1 B 2 B3
C1 C2 C3

PROF. RUBENS VILHENA FONSECA

Você também pode gostar