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6.

1 Integral indefinida
Dada uma função f (x), chamamos primitiva dessa função a qualquer fun-
ção f (x) cuja derivada dá f (x). Assim:
F (x) é uma primitiva de f (x) se F´(x) = f (x)

Por exemplo, uma primitiva da função f (x) = 2x é F(x) = x2 pois


F´(x) = 2x. Observemos que F(x) = x2 não é a única primitiva de f (x) = 2x,
pois se tomarmos por exemplo a função F1(x) = x2 + 5, ela também será uma
primitiva, pois F1´(x) = 2x. É fácil perceber que qualquer função do tipo
F1(x) = x2 + c é uma primitiva de f (x) = 2x, em que c é uma constante qual-
quer, pois F1´(x) = 2x.
Chamamos integral indefinida de f (x), e indicamos pelo símbolo
∫f (x) dx, a uma primitiva qualquer de f (x) adicionada a uma constante arbi-
trária c. Assim:
∫ f (x) dx = F(x) + c

em que F(x) é uma primitiva de f (x), ou seja, F´(x) = f (x).


Dessa forma, para o exemplo dado, temos:
∫2xdx = x2 + c

O procedimento de determinação da integral indefinida é chamado


integração.
171
Exemplo 6.1
∫3x2dx = x3 + c, pois (x3)´ = 3x2

∫5dx = 5x + c, pois (5x)´ = 5

∫exdx = ex + c, pois (ex)´ = ex

Usando os resultados do Capítulo 4, podemos obter as integrais indefinidas das


principais funções, que decorrem imediatamente das respectivas regras de derivação.
n x n +1 x n+1
I) ∫ x dx = + c , para n ≠ –1, pois a derivada de é xn .
n +1 n +1


1 1
II) ∫ dx = ln x + c , para x > 0, pois a derivada de 1nx é .
x x


1
Observemos que se x < 0, ∫ dx = ln( − x ) + c . Assim, de um modo geral, podemos
escrever: x


1
∫ x dx = ln x +c c
ln x+

III) ∫exdx = ex + c, pois a derivada de ex é ex.

6.2 Propriedades operatórias


As integrais indefinidas apresentam as seguintes propriedades:

(P1) ∫ [ f1(x) + f2(x)]dx = ∫ f1 (x)dx + ∫ f2 (x)dx.

(P2) ∫ [ f1(x) – f2(x)]dx = ∫ f1 (x)dx – ∫ f2 (x)dx.

(P3) ∫c . f(x)dx = c . ∫ f (x)dx.

A propriedade (P1) decorre do fato de que:

d d d
{ ∫ f1 ( x)dx + ∫ f 2 ( x)dx} = ∫ f1 ( x)dx + ∫ f 2 ( x)dx = f1 ( x) + f 2 ( x)
dx dx dx

A propriedade (P2) tem demonstração análoga à da (P1).


A propriedade (P3) decorre do fato de que:
d d dd
[f (x)
c .∫[c[c.∫ x)]dx=]c=. c . ∫ f∫ (fx()xdx
f.∫( xff (x)dx]
)(dx ) dx==c c. .f f( (xx).).
dx dx dxdx ∫
Capítulo 6 Integrais 173

Exemplo 6.2
2 2 x3 x2
a) ∫ ( x − 2 x + 5) dx = ∫ x dx − 2∫ xdx + 5∫ dx = 3 − 2 2 + 5 x + c;

∫ ∫
xx33 ++88 22 11 xx33
b) ∫∫ xx  dx
dx =
= ∫∫ x
x dx
dx ++88∫∫ xx dx
dx =
= ++88ln
ln xx ++cc c.
lnx+
  33

PROBLEMAS

1. Obtenha as integrais indefinidas a seguir:


a) ∫2x3dx b) ∫(x2 + 3x)dx
c) ∫(x2 – 3x)dx d) ∫(5 – x)dx
e) ∫5dx f) ∫(3x3 – 2x2 + 8x – 6)dx
g) ∫5 dxdx h) ∫(x2 2 + 6 ) dx
∫x ∫ ( x + x ) dx
i) 1 ∫(x–3 + x2 –5x)dx
∫ (∫(x
x 2 ++ 2 ))dx j)
2
dx
x
3
k) ∫ xdx l) ∫ 5 xdx
2
n) ∫( x − 3 x + 5)dx
3
m) ∫ ( x + x ) dx ∫( ) dx
x2
o) ∫5exdx p) ∫ 2exdx
q) ∫(3ex + x3)dx

2x
2. Mostre que ∫ 2 x dx = +c
ln 2
3. Mostre que ∫ 2 x dx = 1n(x22 + 3) + c
∫ x 2 + 3 dx = ln( x + 3) + c
4. Mostre que∫ ∫e 1
e 33xx dx
dx == ee33xx ++ cc
3
10

y) = 0,8

pmg
C
( y)
y ) = 0,8

6.3 Integral definida


Seja f (x) uma função contínua em [a,b] e F (x) uma de suas primitivas. Portanto,
∫ f (x)dx = F(x) +c

Definimos a integral definida de f (x) entre os limites a e b, como sendo a dife-


rença F(b) – F(a), e indicamos simbolicamente:
b
f ( x)dx = =F(b)
∫  f (x)dx F (b– )F(a)
− F (a)
a

A diferença F(b) – F(a) também costuma ser indicada pelo símbolo[F x)]a .
b
[F((x)]
Essa definição não depende da primitiva considerada, pois, se G(x) for outra pri-
mitiva de f(x), então a diferença entre G(x) e F(x) é uma constante; conseqüentemente
F(b) – F(a) = G(b) – G(a).
5
Exemplo 6.3 Vamos calcular a integral definida ∫ x 2 dx
2
x3
dx == ++ cc, uma das primitivas da função dada é x , assim:
3
2
Como ∫∫xx dx
2
3 3
5
5 5
 x3  5 3 2 3 117
∫ x∫2 xdxdx ==  3  = 3 − 3 = 3
2
2

2 2

Observemos que o resultado não se altera se tomarmos qualquer outra primitiva,


pois a constante irá se cancelar.
176 Introdução ao cálculo para administração, economia e contabilidade

2 1
Exemplo 6.4 Calculemos a integral definida ∫ dx. Temos,
1 x
2 1
dx==[ln
[lnx]|x| ]
2 2
∫ x dx = ln=2ln
1 1
2 –1 =lnln12= ln 2.
− ln
1
O significado geométrico da integral definida é dado a seguir.
Seja f(x) uma função contínua e não negativa definida em um intervalo [a, b]. A inte-
b
gral definida ∫ f (x)dx representa a área da região compreendida entre o gráfico de f(x),
f ( x) dx
a
o eixo x e as verticais que passam por a e b (Figura 6.1).

Figura 6.1 A área destacada representa a


integral definida de f (x) entre a e b

Assim, indicando por A a área destacada da Figura 6.1, teremos:


b
AA == ∫  f(x)dx
f ( x)dx
a
A justificativa intuitiva para esse fato é dada a seguir (Figura 6.2).

Figura 6.2 Justificativa da integral definida


Capítulo 6 Integrais 177

Para cada x  [a, b] consideremos uma função g(x) que é igual a área sob f(x)
desde a até x; nessas condições, g(a) = 0 e g (b) = A.
Consideremos agora um acréscimo ∆x dado a x e seja ∆g o acréscimo sofrido pela
área g(x). Sejam os retângulos de base ∆x e alturas h1 e h2 dados na Figura 6.2. Então
temos,
h1 . ∆x < ∆g < h­2. ∆x

ou

h1h. << ∆g <<hh­2


1
∆x 2

∆x → 00, tanto h1 como h­2 têm por limite o valor de f no ponto x. Por-
Quando ∆x
tanto,
∆g
lim == ff (x),
( x)
∆x →0 ∆x

ou seja, g´(x) = f (x).


Logo, g(x) é uma primitiva de f(x) e
b

∫   f (x)dx
( x)dx ==g(b)
g (b–) g(a)
− g (a)
a

Como g(a) = 0 e g(b) = A, segue-se que:


b
∫   f (x)
( x)dx
dx==AA
a

Exemplo 6.5 Calculemos a área destacada abaixo.

Temos, 3
3
2x3  33 13 26
A = ∫ x dx =   = − =
1  3 1 3 3 3

Caso f (x) seja negativa no intervalo [a, b], a área A da região delimitada pelo grá-
fico de f (x), eixo x e as verticais que passam por a e por b, é dada por:
b
AA== –− ∫ ff (dx)
(dx )
a
178

Ver Figura 6.3.

Figura 6.3 A área destacada


é o oposto da integral definida

De fato, se considerarmos a função h(x) = –f (x) definida no intervalo [a, b], tere-
mos o gráfico da Figura 6.4

Figura 6.4 Gráfico de f (x) e – f (x)

Como os gráficos de f (x) e h (x) são simétricos em relação ao eixo x, a área com-
preendida entre h (x), eixo x e as verticais que passam por a e b, é igual à área compreen­
dida entre f (x), eixo x e as verticais que passam por a e b.
Logo, indicando por A a referida área, teremos:

b bb b bb bb b

()dx)dx==A∫=–=−−∫f∫hf (x)dx
( x)dxA== ∫ −h–(fxf (x)dx
AA== ∫ hh(x)dx (f(x(x)x)dxd)xdx ==−∫∫−f f( x( )xdx)dx = − ∫ f ( x)dx
a aa a aa aa a
Capítulo 6 Integrais 179

Exemplo 6.6 Calculemos a área destacada abaixo.

Temos,
3 3
33  x3 x 3 3 x 23x 2  33 33.3
3 2
3.3 92 9
(xx222–−−3x)dx
∫∫ ((x 33xx))dx== −
dx = 3 −2   3 = 2− = − = − =−
  2
0
0
3 20  0 3 2 2
Logo, a área destacada A vale:
9 9
A ==− (− ) =
2 2

Exemplo 6.7 Calculemos a área destacada abaixo.

Chamando A1 a área destacada quando f (x) é negativa e A2 quando f (x) é positiva,


teremos, 3
3
3
 x 3 x 33x 23x3 2  9 9
A
AA111 == (xx −–−33x)dx
= −–−∫∫((x 22
2
x3)xdx)d
x=
= −=−  − −  = = ,
00  3 3 2 20  02 2
4 4
44
222
x3 x 33 x 2 3 x 2 11
 1
AA ==
A222 = ∫ (
(xx – 3 x
3x)dx) dx
− 3 x)dx =  − −  =  =
− ==
33
3 2
  3  32  3 6 6

Logo, a área destacada vale,


9 11 19
AA1 1++ A22 == + =
2 6 3
PROBLEMAS

21. Calcule as seguintes integrais definidas:


4 3
2xdx
a) ∫2xdx (2 x++1)dx
b) ∫ (2x 1) dx
1 0
4 2

d) ∫ xx2dx
dx
2
c) ∫ −– 3xdx
3xdx
0
1

8 5
2
e) ∫ ((xx2 –−6x)dx
6 x) dx ( x22–−5x)dx
f) ∫ (x 5 x) dx
6 0
4 4 1
g) ∫ ((xx22–−3x
3 x++2)dx
2) dx h) ∫ ( x + ) dx
1 1 x
2 x3 − x 2 + 2 3
i) ∫ ( ) dx j) dx
x
∫ exdx
1 x2 0

22. Obtenha as áreas destacadas:


Capítulo 6 Integrais 181

23. Calcule a área delimitada pelos gráficos das funções nos seguintes casos:
a) f (x) = x e g (x) = x3 (com x > 0) b) f (x) = 3x e g (x) = x2
c) f (x) = x2 egg (x)
( x) = x

6.4 Integrais impróprias



f ( x)dx
Suponhamos que um dos extremos de integração seja + ∞ . Por exemplo, ∫ f (x)dx.
Nesse caso, por definição: a
∞ ∞ k
(f x()xdx
∫ ∫f f (x)dx)dx == lim ∫ f (x)dx
f ( x) dx
k →∞
a a a

desde que o limite exista e seja finito.


1
Suponhamos, por exemplo,f f (x)( x ) = 2 . Então:
x
∞ 1 k 1
∫ x2 dx = lim ∫ x 2 dx
k →∞
2 2

k
1
= lim − 
k →∞  x 
2

1 1 1
= lim − +  =
k →∞  k 2 2

O significado dessa integral é a área sob o gráfico de f (x) de 2 em diante (Figu­-


ra 6.5).

Figura 6.5 A área destacada representa


∞ 1
a integral ∫ 2 dx
2 x
182

Analogamente, definem-se,
bb b b
f((xx) )dxdx
∫∫ ff (x)dx == =lim f∫( xf )(dx
lim∫  f (x)dx x)  dx
k →−∞
k →−∞
−∞
−∞ k k
(desde que o limite seja finito)

∞∞ ∞ cc c ∞∞ ∞
∫ ∫ f∫f(f (x)dx
x(fx)()dx
xdx===∫=∫ f∫ff (x)dx
) dx ( x(fx)()dx
xdx
)+dx f∫( x(fx)()dx
+∫ +∫ff (x)dx xdx
 ) dx
−∞−∞−∞ −∞−∞−∞ cc c
(desde que existam as integrais do segundo membro para o valor c considerado).

Esse conceito é bastante utilizado em Estatística, em que as probabilidades são cal-


culadas como áreas sob o gráfico de uma função chamada densidade de probabilidade.
Dada uma variável contínua, as probabilidades a ela associadas são obtidas a partir
de uma função f (x) chamada função densidade de probabilidade, cujas característi-
cas são:
i) f (x) ≥ 0 para todo x.

ii) f ( x) dx
∫ f (x)dx ==1.1
−∞

Por exemplo, pode-se verificar que a função


e − x , se x ≥ 0
ff (x)
( x) == 
0, se x < 0
é uma função densidade de probabilidade.
A probabilidade de uma variável contínua estar entre dois valores a e b, com a < b,
b
f ( x)dx Assim, no exemplo dado, a probabilidade da variável estar
é dada pela integral ∫  f (x)dx.
a
entre 1 e 3 é dada por,
3
−x −x −3 3
−1 1 1
∫ e dx = −e 1 = −e + e = e − e3 .
1

PROBLEMAS

24. Calcule as integrais impróprias:


a) 1 dx

b)
−1 1
dx
∫ x 2 dx ∫ 2 dx
3 −∞ x

1
x
c) ∫ eexdxdx
−∞
Capítulo 6 Integrais 183

6.5 A integral como limite de uma soma


Consideremos a região destacada da Figura 6.6; a área ∆A desta região pode ser apro-
ximada de três maneiras:

Figura 6.6 Área de uma região

a) pela área do retângulo ACDE:

∆A ≈ f (x) . ∆x

b) pela área do retângulo MCDB:

∆A ≈ f (x + ∆x) . ∆x

c) pela área do retângulo de base CD e altura f (x0), em que x0 é um ponto interior ao


intervalo [x, x + ∆x ]:

∆A ≈ f (x0). ∆x

Vimos também que a área sob o gráfico de f (x), desde a até x, é dado por
x
AA(x)
( x ) == ∫ ff(x)dx
( x )dx
a

Podemos calcular a área da região limitada pelo gráfico de f (x) e o eixo x, desde
a até b, da seguinte forma: dividimos o intervalo [a,b] em um certo número de subin-
tervalos de amplitude ∆x e obtemos a área desejada, aproximadamente, pela soma das
áreas dos retângulos determinados. Para tanto, podemos usar o método descrito em (a).
Consideremos, por exemplo, a região da Figura 6.7.
184 Introdução ao cálculo para administração, economia e contabilidade

b
Figura 6.7 Aproximação de ∫ f (x)dx
a

Temos,
A ≈ f (x0)∆x + f (x1) ∆x + f (x2) ∆x + f (x3) ∆x,

ou seja,
n −1
A ≈≈ ∑ f (x
A f ( xi)i ∆x
)∆x
i =0
b−a .
em que consideramos intervalos de amplitudes iguais, isto é, ∆x∆x ==
4
Genericamente, podemos tomar n pontos x0, x1, x2 ... xn-1 com ∆x b − a , de
∆x =
=
modo que a área A é dada por n
n −1
A ≈≈ ∑ f (x
A f ( xi)i ∆x
)∆x
i =0

Se, à medida que n cresce (isto é, ∆x tende a zero), existir o limite


n −1
lim ∑ ff (x
( xi)∆x
i ) ∆x
n →∞ i =0

dizemos que tal limite é igual à integral definida de f (x), entre os extremos a e b. Ou
seja,
n −1n −1 b b
AA lim∑∑f (f (x
= =lim
n →∞
fx(i )ix)∆x

i ) x
∆ =
=
x ∫ ff (x)dx
= ∫ (fx()xdx)dx
n →∞
i = 0i = 0 a a

Exemplo 6.8 Calculemos ∫ xx22dx


dx como o limite de uma soma.
0

2
∆x == . A área
Dividamos o intervalo [0,2] em n subintervalos de amplitudes iguais a ∆x
em questão será aproximada pela soma n
n −1 n −1 n −1
n −1 n −1 n −n1−1 n −1 n −1n −1n −1 n −1
∑i∑ f( x(f (x
fx)∆
i()∆ x== =xx∑ xxx=
∆ x∆=x=x∑∆i∑
∆=x∆ ∑x0 xi∑
2 2 2
f∑
=0 i =0 i i i
x)∆x
x)∆=x∑∑ f2 ∆
i(∆x=
ii ==00 ii = 0 ii
)∆ ∆x =
xi i x∆i x = ∆x ∑ xi2
2 2 2
i = 0i = 0 i =0
i =0 i =0 i =0
Capítulo 6 Integrais 185

Figura 6.8 Cálculo de ∫ xx2dx


dx 2

Mas (ver Figura 6.8),

x0 = 0, x1 = ∆x, x2 = 2 ∆x, ..., xn-1 = (n – 1) ∆x

Logo,
A ≈ ∆x [02 + (∆x)2 + (2∆x)2 + ... + ((n – 1)∆x)2]

isto é,
A ≈ (∆x)3 + 4(∆x)3 + ... + (n – 1)2 (∆x)3 =
3
 2  1 + 4 + 9 + ... + (n − 1) 2
   
n
Como a soma entre colchetes dos quadrados dos primeiros (n – 1) números intei-
ros positivos pode ser expressa por (n − 1) n (2n − 1) , vem que
6
8 (n − 1)n(2n − 1) 4 1 1 8
A = lim 3 . = lim (1 − ) (2 − ) =
n →∞ n 6 3 n→∞ n n 3
2

Observemos que
2
x3  8
∫ x dx =  3  = 3 , isto é, o exemplo mostrou a igualdade dos
2

0  0
resultados, usando o limite e o cálculo de uma integral definida.
Capítulo 6 Integrais 191

6.7 Técnicas de integração


Nem sempre é possível obter a integral indefinida de uma função usando-se as fórmu-
las de integração das principais funções. Algumas vezes temos de recorrer a algumas
técnicas específicas. Veremos a seguir as principais.

6.7.1 Integração por substituição


Esta técnica consiste em substituir a variável da função a ser integrada de modo a ob-
termos uma integral imediata, ou que seja mais simples de calcular.
A idéia baseia-se na seguinte relação,

∫  du
du
∫∫ff (u)
f ((uu)..).  dx
dx
dx
dx
dx=
==∫∫ f∫ f(u)du
f((uu))du
du (6.1)
 
cuja justificativa é a seguinte: seja g uma primitiva de f.
Logo,
d g(u) = f (u) ou ainda ∫ f (u)du = g (u) + c (6.2)
g (u ) = f (u )
du
Admitindo u como função diferenciável em relação a x, segue-se pela derivada da
função composta que:
d d ddd d dudd dududu du du du du
[g (u )] = [g [([gu[g)g(u)
g(](uu(=)u])]]).]=== [g=([u[g[fg(u)
)g](u(.u])).])]. . = =f =f(u)
(=uf).
f(u(u).).
dx dxdu
dx
dx dudxdu
du dxdxdx
dx dx dx
dx

conseqüentemente,


 dudu

∫ ∫f(f(u). dxdx= =g (gu()u+) c+ c
fu().u ).  dx = g (u) + c (6.3)
  
dxdx 
Das relações (6.2) e (6.3) segue-se que:


 dudu

∫ ∫f(f(u). dxdx= =g (gu()u+) c+ c
fu().u ).  dx
dx 
= ∫ f (u) du
 
dx

Exemplo 6.11 Calculemos a seguinte integral ∫ 2 x dx.


1 + x2
dx

Notemos inicialmente que não há uma fórmula imediata para o cálculo dessa integral.
Entretanto, se fizermos u = 1 + x2, teremos du =
= 2x.
2x
dx

∫ ( )
1 du
Assim, a integral pode ser escrita sob a forma ∫ ( . dx.
) dx
u dx

Que, pela relação (6.1) pode ser escrita como 1 du.


Portanto,
∫ u du ∫

1 du = 1n |u| + c
∫ u du
192

= 1n |1 + x2| + c = 1n (1 + x2) + c, pois (1 + x2) é sempre positivo.


Em resumo, a integral original vale


2 x dx = 1n (1 + x22) + c
∫ 1 + x 2 dx = ln (1 + x ) + c

Uma maneira prática, também freqüentemente utilizada, consiste em se tratar


a derivada du como uma fração. Assim, no nosso exemplo,
dx
u = 1 + x2

du
= 22xx e du = 2xdx
dx
Substituindo esses valores na integral dada, obtemos
2x du

∫ 1 + x 22 dx ∫
dx == ∫ ln u|u|++c c==ln1n(1(1
= 1n + +x 22x) )++c c
2
=
u

Exemplo 6.12 Calculemos a integral ∫ (3x + 4)10 dx.


Notemos que não se trata de uma integral imediata.
du
du du
du
Chamando u = 3x + 4, teremos du ====3333⇒
⇒ dx
dx===
⇒dx
du
dx
dxdx 33
10 10 du 1
10 1 u11 u11
∫ (3x + 4) dx = ∫ u 3 = 3 ∫ u du = 3 11 + c = 33 + c

Portanto, a integral procurada vale (3x + 4) + c.


11

+c
33
PROBLEMAS

31. Calcule as seguintes integrais pelo método da substituição:


a) ∫ dx
∫4 + 3x
b) ∫
dx
5− x ∫
dx
c) ∫
∫x ln x
(x > 0) d) ∫ e2xdx

e) ∫e2x + 3dx f) ∫e5x - 3dx

x2 x
g)

∫ 3
x +1
dx

h) ∫
2
x +1
dx
dx
Capítulo 6 Integrais 193


i) i ) 1+ ln x dx
∫ x
j) ∫(x2 + 3)4 2xdx

k) ∫(3x2 + 1)3 xdx l)


∫ 4x dx
∫ 2 x 2 + 3 dx
32. A taxa de variação da quantidade vendida V de um produto em relação aos gastos
com propaganda x é:
20
VV´(x)
′ ( x ) ==
5+ x
Sabendo-se que, quando x = 100, V = 80, obtenha V em função de x.
ln 105 ≅ 44,65.
Dado: 1n105 ,65
33. Calcule as integrais definidas: 1

∫∫ x
1 x 1
1 e

a) dx
∫ (1 + e x )3 dx b) x 2 + 1dx
0 0
0
0

6.7.2 Integração por partes


Sabemos que se U(x) e V(x) são funções deriváveis, então pela regra da derivada do
produto,
[U(x).V(x)]´ = U´(x).V(x) + U(x).V´(x)

e, conseqüentemente,
U(x).V´(x) = [U(x).V(x)]´ – U´(x).V(x)

Integrando ambos os membros, obtemos,


∫U(x).V´(x) dx = U(x).V(x) – ∫U´(x).V(x) dx

que é chamada fórmula da integração por partes.

Exemplo 6.13 Calculemos a integral ∫x.ex dx.


Notemos inicialmente que não se trata de uma integral imediata.
Se fizermos,
UU(x)
( x ) = xx ⇒ U ′ ( x )==1 1e
U´(x)

V ′V´(x)
( x ) ==eexx ⇒ V ( x )==exe x
V (x)

logo, pela fórmula da integração por partes:


∫ x.ex dx = x.ex – ∫ 1. ex dx = x.ex – ex + c
194

Exemplo 6.14 Calculemos a integral ∫ lnxdx.


Notemos inicialmente que não se trata de uma integral imediata.
Se fizermos:
11
UUU((x(x)
x))==ln
lnxx⇒
1nx ⇒UUU´ xx))=== , e
′′(((x)
xx
1
U (V´
x ) (x) = 1x ⇒ U
= ln ( x )= =x
V ′(x)
x
logo, pela fórmula da integração por partes:
 ln xdx= x.1n x – 1.dx = x.1nx – x + c

PROBLEMAS

34. Calcule as integrais abaixo usando o método de integração por partes:


a) ∫ x.1nxdx b) ∫ x.e-x dx
c) ∫ x2.ex dx

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