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1 Introdução
O conceito de derivada foi introduzido em meados do século XVII em es-
tudos de problemas de Física ligados à pesquisa dos movimentos. Entre
outros, destacam-se nesse estudo, o físico e matemático inglês Isaac Newton
(1642–1727), o filósofo e matemático alemão Gottfried Leibniz (1646–1716)
e o matemático francês (nasceu em Turin, na Itália, mas viveu praticamente
toda sua vida na França) Joseph-Louis Lagrange (1736–1813).
As idéias preliminarmente introduzidas na Física foram aos poucos
sendo incorporadas a outras áreas do conhecimento. Em Economia e Admi-
nistração o conceito de derivada é utilizado principalmente no estudo grá-
fico de funções, determinação de máximos e mínimos e cálculo de taxas de
variação de funções.
Consideremos uma função f (x) e sejam x0 e x1 dois pontos de seu domí-
nio; sejam f (x0) e f (x1) as correspondentes imagens (Figura 4.1).
Chamamos taxa média de variação de f, para x variando de x0 até x1,
ao quociente:
f ( x1 ) − f ( x 0 )
x1 − x 0
∆f f ( x1 ) − f ( x 0 )
=
∆x x1 − x 0
Exemplo 4.1 Sejam a função f (x) = x2, o ponto inicial de abscissa x0 = 1 e a variação
∆x = 2 (isto é, x varia de 1 a 3). A taxa média de variação de f para esses valores é:
∆f f (3) − f (1) 32 − 12
= = =4
∆x 3−1 2
► f (0) = 2.000 e f (5) = 1.750. Logo, nos 5 primeiros segundos o objeto caiu 250 m, pois
∆f1 = 1.750 – 2.000 = –250.
► Já nos 5 segundos seguintes, quando t varia de 5 a 10, o objeto caiu 750 m, pois
∆f2 = f (10) – f (5) = 1.000 – 1.750 = –750.
Isso nos mostra que, para uma mesma variação de t (5 segundos), a variação de
altura é diferente. A taxa média de variação da função representa a velocidade média
do objeto em cada intervalo de tempo considerado. Assim:
∆f1 −250
No primeiro intervalo a velocidade média é = = –50 m/s.
5 5
∆f f (5 + ∆t ) − f (5)
=
∆t ∆t
2 2
∆f 2.000 − 10 (5 + ∆t ) − 2000 − 10.(5)
=
∆t ∆t
∆f −100 ∆t − 10(∆t ) 2
= = −100 − 10 ∆t
∆t ∆t
Calculemos a velocidade média para valores de ∆t cada vez menores (Tabela 4.1):
Intervalo ∆t ∆f
∆t
[5; 10] 5 –150
[5; 8] 3 –130
[5; 6] 1 –110
[5; 5,5] 0,5 –105
[5; 5,1] 0,1 –101
[5; 5,01] 0,01 –100,1
... ... ...
Esse limite da taxa média de variação quando Dt tende a zero é chamado derivada
da função f (t) no ponto t = 5.
∆f f ( x0 + ∆x) − f ( x0 )
lim = lim
∆x →0 ∆x ∆x →0 ∆x
Indica-se a derivada de f (x) no ponto x0 por f ´(x0 ) ou df (x0) ou ainda por dy (x0).
dx dx
Exemplo 4.4 Qual a derivada de f (x) = x2 no ponto x0 = 3?
Temos:
f (3 + ∆x) − f (3)
f ′ (3) = lim
∆x →0 ∆x
(3 + ∆x) 2 − 32 6∆x + (∆x) 2
f ′ (3) = lim = lim = lim (6 + ∆x) = 6
∆x →0 ∆x ∆x →0 ∆x ∆x →0
PROBLEMAS
c) f (x) = – 3x x0 = 1 d) f (x) = x2 – 3x x0 = 2
1
e) f (x) = x2 – 4 x0 = 0 f) f f (x)
( x ) == x0 = 2
x
1
g) f f (x)
( x ) == x0 = 5 h) f (x) = x2 – 3x + 4 x0 = 6
x
Demonstração:
f ( x + ∆x) − f ( x) c−c
f ′( x) = lim = lim = 0 para todo x.
∆x →0 ∆x ∆x →0 ∆x
Exemplo 4.8
f f (x)
( x ) = 55 ⇒ f ´(x)
f ′ ( x=) =0 0
ff (x)
( x )==e52 ⇒ f ´(x)
f ′ ( x=) =0 0
120 Introdução ao cálculo para administração, economia e contabilidade
Demonstração:
Provemos essa relação no caso de n ser inteiro e positivo, embora a propriedade seja
válida para todo n real (desde que x > 0).
Temos,
∆f = ( x + ∆x ) n –− xnn
e usando a fórmula do Binômio de Newton,
n n n 1
∆f = x n + x n −1 .( ∆x ) 1 + x n − 2 .( ∆x ) 2 + . .. + − xx nn
x .( ∆x ) n −1 + ( ∆x ) n –
1 2 n − 1
∆f n n −1 n n − 2 n 1
= x + x .( ∆x ) 1 + ... + x .( ∆x ) n − 2 + ( ∆x ) n −1
∆x 1 2 n − 1
∆f n n −1 n!
f ′( x) = lim = x = x n −1 = n . x n −1
∆x →0 ∆x 1 1!(n − 1)!
Exemplo 4.9
f ( x ) = x 3 ⇒ f ′ ( x ) = 3x 2
f ( x) = x 8 ⇒ f ′ ( x) = 8x 7
1 −3
f ( x) = 3
= x −3 ⇒ f ′( x) = −3. x −4 = 4
x x
1
1 −
1
1
f ( x) = x = x 2 ⇒ f ′ ( x) = x 2 =
2 2 x
∆f = ln ( x + ∆x) − ln x
x + ∆x ∆x
= ln = ln (1 + )
x x
x + ∆x ∆x
= ln = ln (1 + )
x x
Capítulo 4 Derivadas 121
logo,
∆f 1 ∆x
= ln (1 + )
∆x ∆x x
∆x ∆1x
= ln (1 + )
x
∆x
Fazendo m = , então quando ∆x tende a 0, m também tende a 0.
x
Portanto, 1
∆f
lim = lim ln (1 + m) mx
∆x →0 ∆x m→0
1
1
= lim ln (1 + m) m
m →0 x
1
1
= lim ln (1 + m) m
x m →0
1
1
= ln lim (1 + m) m
x m →0
Mas, 1
lim (1 + m) m = e,
m →0
então,
∆f 1 1
lim = ln e = ,
∆x →0 ∆x x x
ou seja,
1
f ′ ( x) =
x
Demonstração:
(P1): da definição,
∆f
f ′( x) = lim
∆x →0 ∆x
f ( x + ∆x) − f ( x)
= lim
∆x →0 ∆x
k .g ( x + ∆x) − k . g ( x)
= lim
∆x →0 ∆x
g ( x + ∆x) − g ( x)
= k lim
∆x →0 ∆x
∆g ,
= k . lim
∆x →0 ∆x
ou seja,
f´(x) = k.g´(x)
do que segue,
∆f ∆u ∆v
= +
∆x ∆x ∆x
Passando ao limite para ∆x tendendo a 0,
∆f ∆u ∆v
lim = lim + lim
∆x →0 ∆x ∆x → 0 ∆x ∆x → 0 ∆x
isto é,
f´(x) = u´(x) + v´(x)
Como,
∆u = u(x + ∆x) – u(x)
vem que,
Portanto,
∆f ∆v ∆u ∆v
f ′( x) = lim = u ( x). lim + v ( x). lim + lim ∆u.
∆x →0 ∆x ∆ x → 0 ∆x ∆x →0 ∆x ∆x → 0 ∆x
Mas,
∆u e quando ∆x tende a 0, ∆u também tende a 0.
∆u = ∆x.
∆x
Logo,
f ´(x) = u(x). v´(x) + v(x) . u´(x)
A (P5) tem demonstração análoga à (P4).
Exemplo 4.10
1
f ( xf (x) ⇒⇒f ′f (´(x)
) = 5=ln5 xlnx x ) = 5.
5.
x 1
f ( xf (x)
) = x=2 x+2 l+ x ⇒⇒f f′(´(x)
n lnx x) = 22xx +
+
x
1
f ( x) =f (x)
x 2 =+ xln2 .xlnx
⇒⇒ f ′(fx´(x)
) ==2 x2+. + 2x. lnx = x + 2x lnx
x 1
).3x 2x −2 −( 1(). x).3 x 3 2 2
(lnxx).3
(ln
xx3 3 x x = 3=x 3ln − xx2− x
x xln 2
ff (x)
(fx()x==) = ⇒ ′′( x)===
⇒ ff´(x)
⇒
lnlnxx (lnx)x2) 2
(ln x) 2 x) 2
(ln (ln
PROBLEMAS
1 2
c) f (x) = 10x5 d) ff (x)
( x ) == x
2
e) f (x) = x2 + x3 f) f (x) = 10x3 + 5x2
Demonstração:
Consideremos a função,
l ( x ) = ln f ( x ) = ln a x = x ln a
f ′( x) = eu . ln e. u′
2
f ′( x) = e x +3 x −5 . (2 x + 3)
Exemplo 4.14 Vimos anteriormente que, se f (x) = xn então f´(x) = n.x n–1 e fizemos a
demonstração para n inteiro e positivo. Mostremos que tal relação é válida para qual-
quer n real (desde que x > 0).
De fato, tomando-se o logaritmo natural de ambos os membros de f (x) = xn,
teremos:
ln f (x) = ln xn = n. lnx
Derivando ambos os membros em relação a x, obteremos:
1 1
. f ′( x) = n .
f ( x) x
e, portanto,
n n
f ′( x) = . f ( x) = . x n = n . x n −1
x x
PROBLEMAS
i) f (x) = 2x j) f (x) = 5x
2 − 2 x +1
k) f (x) = ex + 3x l) ff (x)
( x ) == e x
2 −4
m) ff (x)
( x ) == 3 x n) f f (x)
( x ) = e x −1/ x +1
ex + e−x
o) f (x) = ex + e –x p) f f (x)
( x) = x
e − e−x
q) f f (x)
( x) = 2 x + 1 r) f f (x)
( x ) == 3 2 x + 1
3
s) f f (x)
( x ) = (6 x 2 + 2 x + 1) 2 t) f f (x)
( x ) = x + 1 + 3 x 2 − 3x + 1
ln x
u) f f (x)
( x) = x + x +1 v) f f (x)
( x) =
ex
x +1
w) ff (x)
( x ) == x) f (x)
f ( x) == ln 3 x 2 + 1
3x − 2
Capítulo 4 Derivadas 127
À medida que Δx se aproxima de zero, a reta secante vai mudando seu coeficiente
angular.
Consideremos a reta que passa por P e cujo coeficiente angular é dado por:
∆f
m = lim
= f ′ ( x0 )
∆x∆x →0
Esta reta (Figura 4.5) é chamada reta tangente ao gráfico de f no ponto P (desde
que f seja derivável em xo ).
∆f = f ( x 0 + ∆x ) − f ( x 0 )
RS RS
m = tgα = = ,
PS ∆x
e como m = f ′ ( x 0 )
RS
f ′f(´(x
x 00)) = ou RS = f ´(x
′ ( x0)0 ).
. Dx
∆x
∆x
Capítulo 4 Derivadas 129
Dessa forma, a diferencial de uma função pode ser usada para calcular aproxima-
damente variações de f, para pequenos valores de ∆x .
PROBLEMAS
PROBLEMAS
dos sob a forma 0 ou ∞ (observemos que isso é apenas uma notação para indicar que
0 ∞
o numerador e denominador convergem para 0 ou ∞). Tal regra diz o seguinte:
f ( x)
Se f (x) e g(x) são funções deriváveis, tais que lim é da forma 0 ou ∞ ,
x→a g ( x)
então: 0 ∞
f ( x) f ´( x)
lim = lim , desde que exista o limite do segundo membro.
x→a g ( x) x → a g´( x)
O mesmo resultado é válido quando x tende a infinito.
3x + 5
c) lim
x →∞ 2x +1
Temos:
a) Tal limite poderia ser obtido usando as formas indeterminadas vistas no capítulo
anterior. Todavia, como numerador e denominador tendem a 0, quando x tende a 2
podemos aplicar a regra de L’ Hospital:
x2 − 4 2x
lim = lim =4
x→2 x−2 x→2 1