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Proposta de resolução

Atividade Formativa 1 − 21175

Outubro 2023

1. Considere a função f : [−2, 4] → R definida por


(
e2x + 1, −2 ⩽ x ⩽ 0,
f (x) =
−2x2 + 6(x − 1) + 8, 0 < x ⩽ 4.

(a) Indique o domínio e o contradomínio da função f .


O domínio da função f é o intervalo [−2, 4]. Quanto ao contradomínio, vamos
estudar separadamente os casos em que x ∈ [−2, 0] e x ∈]0, 4]. Se x ∈ [−2, 0],
f (x) = e2x + 1 e como a função exponencial é crescente, temos

f (−2) = e−4 + 1 ⩽ f (x) = e2x + 1 ⩽ f (0) = e0 + 1 = 2,


logo, como e2x + 1 é uma função contínua (ver alínea seguinte) e, portanto, assume
todos os valores no intervalo entre os valores extremos, temos

f ([−2, 0]) = [e−4 + 1, 2].

Se x ∈]0, 4], temos f (x) = −2x2 + 6(x − 1) + 8 = −2x2 + 6x − 6 + 8 = −2x2 + 6x + 2


que é a restrição de uma função quadrática do tipo Ax2 + Bx + C ao intervalo ]0, 4],
onde A = −2, B = 6 e C = 2. Como o coeficiente em x2 é negativo (A = −2),
então a concavidade é voltada para baixo. O vértice da parábola é o ponto
   
B B2 3 13
− ,C − = , .
2A 4A 2 2

Como 23 ∈]0, 4], então o ponto de máximo da função pertence ao intervalo ]0, 4]
e a função é crescente no intervalo ]0, 23 ] e decrescente no intervalo [ 32 , 4]. Agora
notamos que
lim+ f (x) = 2 > f (4) = −6,
x→0

pelo que como f é um polinómio e logo contínua no intervalo ]0, 4], então f (]0, 4])
é um intervalo e temos f (]0, 4]) = [−6, 13
2
]. Então contradomínio de f é o conjunto
−4 −4
[e + 1, 2] ∪ [−6, 2 ]. Como e + 1 > −6 e 13
13
2
> 2, então o contradomínio é o
intervalo [−6, 13
2
] .

1
(b) Estude a continuidade de f no intervalo ] − 2, 4[.
A função f é definida por dois ramos, pelo que devemos estudar a continuidade em
cada um dos ramos e também no ponto x = 0 de mudança de ramo. Para −2 < x <
0, temos f (x) = e2x + 1. A função e2x é a composição da função exponencial com
o polinómio 2x que são ambas funções contínuas e como a composição de funções
contínuas é uma função contínua, então e2x é contínua no seu domínio. A função
constante 1 também é contínua e como a soma de funções contínuas é uma função
contínua, então f é contínua no intervalo ] − 2, 0[.
Para 0 < x < 4, f é definida por um polinómio, pelo que é uma função contínua no
intervalo ]0, 4[.
Para estudar a continuidade de f no ponto x = 0, devemos estudar os limites laterais
limx→0− f (x) e limx→0+ f (x). O limite lateral esquerdo em zero limx→0− f (x) =
limx→0− (e2x + 1), envolvendo a função f (x) = e2x + 1, pode ser obtido por cálculo
direto pois a função f (x) = e2x + 1 é contínua no seu domínio (a justificação é dada
acima, no estudo do ramo −2 < x < 0). Assim, temos

lim− f (x) = lim− e2x + 1 = e0 + 1 = 2 = f (0).
x→0 x→0

Por outro lado,



lim+ f (x) = lim+ −2x2 + 6(x − 1) + 8 = −6 + 8 = 2.
x→0 x→0

Como
lim f (x) = f (0) = lim+ f (x),
x→0− x→0

então f é contínua no ponto x = 0. Então concluimos que f é contínua em ] − 2, 4[.


(c) Esboce o gráfico de f .
Tendo em conta a análise feita na alínea a), no intervalo [−2, 0], f (x) = e2x + 1,
que é uma função crescente para a qual f (−2) = e−4 + 1 ≈ 1, 02 e f (0) = 2. No
intervalo ]0, 4], f é uma função quadrática de concavidade
√  voltada para baixo, para
a qual f (0) = 2 e f (4) = −6, e tendo raízes 3 ± 13 /2. Assim, um esboço do
gráfico de f está representado na Figura ??.
(d) A função é injectiva? Justifique.
Temos f (0) = e0 + 1 = 2. Por outro lado, f (3) = −2 × 32 + 6 × 2 + 8 = 2, logo
f (0) = f (3) e a função não é injectiva.
(e) A função é monótona? Justifique.
Temos f (0) = 2, f (1) = −2 + 8 = 6 e f (3) = 2, logo f (0) < f (1), mas f (1) > f (3),
pelo que a função não é monótona.
(f) Calcule a taxa de variação média de f no intervalo [−1, 3].
A taxa de variação média de f no intervalo [−1, 3] é

f (3) − f (−1) 2 − 1 + e12 1 − e12
∆(f ; −1, 3) = = = .
3 − (−1) 4 4

2. Considere a seguinte função


g : [0, 4] → R

2
Figura 1: Esboço do gráfico de f .

g(x) = ln(x + 1) + 5
Caracterize a função inversa de g .
A função g(x) é crescente pois para x1 , x2 ∈ [0, 4] com x1 ≤ x2 temos x1 + 1 ≤ x2 + 1 =⇒
ln(x1 + 1) ≤ ln(x2 + 1), dado a função logaritmo ser crescente. Portanto ln(x1 + 1) + 5 ≤
ln(x2 + 1) + 5 e daqui resulta que, sendo a função contínua, sendo o domínio da função g
o intervalo [0, 4], sendo g(0) = ln(1) + 5 = 5 e g(4) = ln(5) + 5, então o contradomínio
é o intervalo [5, ln(5) + 5].
A função g(x) tem inversa pois é injectiva. Uma forma de o justificar é referir que os
cálculos anteriores se mantém para x1 ̸= x2 e resultam em ln(x1 + 1) + 5 ̸= ln(x2 + 1) + 5,
dado a função ln ser injetiva.
O domínio da função inversa de g , g −1 é o intervalo [5, ln(5) + 5] e o seu contradomínio
é o intervalo [0, 4]. Agora temos que

y = ln(x + 1) + 5 ⇐⇒ ey = eln(x+1)+5 = eln(x+1) e5 = (x + 1)e5 ,

logo
ey ey
= x + 1 ⇐⇒ x = − 1 = ey−5 − 1.
e5 e5
Logo g −1 é definida por
g −1 : [5, ln(5) + 5] → [0, 4]
g −1 (y) = ey−5 − 1.

3. Prove por definição de limite que

lim cos(ex )x2 = 0.


x→0

3
Temos que
cos(ex )x2 = |cos(ex )| x2 ≤ x2

e para que x2 < ϵ, para um √ dado ϵ > 0 basta que |x| < ϵ. Assim, qualquer que seja
ϵ > 0, basta tomar δ = ϵ, para que, sempre que |x| < δ , se tenha necessariamente
|cos(ex )x2 | < ϵ. Concluímos, portanto, que

lim cos(ex )x2 = 0.


x→0

4. Calcule
5n + sin(3n)
lim
n→+∞ 10n2 + 1
∞
Temos uma indeterminação do tipo .

Agora reparemos que, dividindo o numerador e o denominador da expressão cujo limite
queremos encontrar por n2 , obtemos

5n + sin(3n) 5n
+ sinn(3n) 5
+ sinn(3n)
lim = lim n2
= lim
2 n 2
10n2 1
n→+∞ 10n2 + 1 n→+∞
n2
+ n12 n→+∞ 10 + n2

Temos que
5
lim =0
n→+∞ n
e também
1
lim = 0.
n→+∞ n2
Agora reparemos que
1 sin(3n) 1
− 2
⩽ 2
⩽ 2
n n n
e, como  
1 1
lim = lim − 2 = 0,
n→+∞ n2 n→+∞ n
pelo teorema das sucessões enquadradas, temos

sin(3n)
lim = 0.
n→+∞ n2
Então,
5n + sin(3n) 5
+ sinn(3n) 0
lim = lim n 2
1 = =0
n→+∞ 10n2 + 1 n→+∞ 10 + n2 10

4
5. Calcule
sin(3x) sin(4x) cos(2x) + x3 ex
lim .
x→0 2x2
 
0
Temos uma indeterminação do tipo e notamos que
0

sin(3x) sin(4x) cos(2x) + x3 ex sin(3x) sin(4x) cos(2x) x3 ex


= +
2x2 2x2 2x2
e estudemos os limites separadamente. Temos

sin(3x) sin(4x) cos(2x) sin(3x) sin(4x) cos(2x)


lim 2
= lim =
x→0 2x x→0 x x 2
3 sin(3x) 4 sin(4x) cos(2x) 3 × 4 × cos(0)
lim = =6
x→0 3x 4x 2 2
onde usámos o limite fundamental limx→0 sin(x)/x = 1.
Quanto ao segundo limite temos

x3 e x xex
lim = lim =0
x→0 2x2 x→0 2

sendo o cálculo direto do limite justificado pela continuidade da função ex no seu domí-
nio.
Logo,

sin(3x) sin(4x) cos(2x) + x3 ex sin(3x) sin(4x) cos(2x) x3 e x


lim = lim + lim = 6+0 = 6.
x→0 2x2 x→0 2x2 x→0 2x2

6. Calcule
(x − 2)4
lim .
x→2 x2 + x − 6
 
0
Tentando substituir directamente x por 2, obtemos uma indeterminação do tipo .
0
Vamos ver se é possível levantar esta indeterminação cortando um fator comum (que se
anula no ponto 2) entre o numerador e o denominador. Uma vez que tanto o numerador
como o denominador se anulam x = 2, já sabemos que x − 2 é um fator comum. Pela
fórmula resolvente temos

−1 ± 1 + 24 −1 ± 5
x2 + x − 6 = 0 ⇐⇒ x = ⇐⇒ x = ⇐⇒ x = −3 ∨ x = 2.
2 2
Desta forma podemos escrever

x2 + x − 6 = (x + 3)(x − 2)

e temos
(x − 2)4 (x − 2)4 (x − 2)3 0
lim = lim = lim = = 0.
x→2 x + x − 6 x→2 (x + 3)(x − 2) x→2 (x + 3)
2 5

5
x4
7. Prove que a função f (x) = − x3 − 3x − 5 tem pelo menos duas raízes no intervalo
2
[−4, 4].
A função f é polinómio, pelo que é uma função contínua. Calculando algumas imagens
da função f , temos f (−2) = 17 > 0; f (0) = −5 < 0 e f (4) = 47 > 0. Então, pelo
teorema de Bolzano, existe pelo menos uma raíz no intervalo ] − 2, 0[ e outra no intervalo
]0, 4[, pelo que f tem pelo menos duas raízes no intervalo [−4, 4].

8. Considere a seguinte sucessão:



x0 = 0,
2
xn+1 = xn + 1 , n = 0, 1, 2, . . .
2
(a) Calcule x1 , x2 e x3 .
Temos 
1 2 5
x2 + 1 1 x21 + 1 +1 5
x1 = 0 = , x2 = = 2
= 4 = ,
2 2 2 2 2 8

5 2 25 89
2 +1 +1
x +1 89
x3 = 2 = 8 = 64 = 64 = .
2 2 2 2 128
(b) Prove que xn é crescente.
Estudemos a diferença xn+1 − xn , com vista a provar que esta é não negativa. Temos
x2n + 1 x2n + 1 − 2xn (xn − 1)2
xn+1 − xn = − xn = = ⩾ 0.
2 2 2
Então xn+1 − xn ⩾ 0, pelo que xn+1 ⩾ xn , n = 0, 1, 2... e a sucessão é crescente.
(c) Prove por indução que |xn | ⩽ 1, n = 0, 1, 2, . . . .
Começamos por estudar o caso n = 0 no qual temos x0 = 0 que verifica |x0 | ⩽ 1.
Agora vamos assumir que |xn | ⩽ 1 e pretendemos provar que o termo xn+1 também
verifica |xn+1 | ⩽ 1. Temos
|xn | ⩽ 1 ⇒ −1 ⩽ xn ⩽ 1 ⇒ −1 ⩽ x2n ⩽ 1 ⇒
x2n + 1 2
0 ⩽ x2n + 1 ⩽ 2 ⇒ 0 ⩽ ⩽ = 1 ⇒ 0 ⩽ xn+1 ⩽ 1.
2 2
Logo, |xn+1 | ⩽ 1 como se pretendia provar.
(d) Prove que xn é convergente e calcule o seu limite.
Pelas duas alíneas anteriores, a sucessão xn é limitada e monótona, portanto é con-
vergente. Tomando o limite na relação recursiva que define (xn ), temos
 2 
xn + 1 limn→∞ (xn )2 + 1 x2 + 1
x = lim xn+1 = lim = = .
n→∞ n→∞ 2 2 2
Logo, temos
x2 + 1 x2 + 1 − 2x (x − 1)2
x= ⇐⇒ = 0 ⇐⇒ = 0 ⇐⇒ x = 1,
2 2 2
logo o limite da sucessão é igual a 1.

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