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Novembro 2023
ln(x2 + 1)
1. Considere a função f (x) = .
x+3
(a) Determine o domínio de f .
g(x)
A função f (x) pode ser escrita como f (x) = , onde g(x) = ln(x2 + 1) e h(x) =
h(x)
x + 3. A função g está bem definida desde que x2 + 1 > 0, o que acontece para todo
o x ∈ R, logo Dg = R. Temos agora que h(x) é um função polinomial, pelo que
também Dh = R. Por outro lado, h(x) = 0 ⇐⇒ x + 3 = 0 ⇐⇒ x = −3. Então
Df = {x ∈ R : x ∈ Dg , x ∈ Dh , h(x) ̸= 0} = R\{−3}.
1
logo
ln(2) 4 − ln(2)
p1 (x) = + (x − 1).
4 16
2. Considere a função f (x) = x3 − 3x + 1.
f ′ (x) = 3x2 − 3
e
f ′′ (x) = 6x.
(b) Estude a monotonia de f .
Comecemos por estudar a existência de zeros da derivada de f . Temos
Por outro lado, como f ′ é um polinómio de segundo grau, o respectivo gráfico será
uma parábola com a concavidade voltada para cima, pois o coeficiente em x2 que é
igual a 3, é positivo. Então, temos
f ′′ (−1) = −6 < 0,
f ′′ (1) = 6 > 0,
2
(e) Estude a existência de assíntotas ao gráfico de f .
f é uma função polinomial, e portanto é contínua em R, pelo que não existem as-
síntotas verticais.
Para estudar a existência de assíntotas oblíquas (e horizontais), estudamos os limites
f (x) x3 − 3x + 1
lim = lim
x→+∞ x x→+∞ x
(∞)
que conduz a uma indeterminação do tipo ∞ que pode ser levantada da seguinte
forma:
x3 −3x+1
f (x) x3 − 3x + 1 x2 − 3 + x1
lim = lim = lim x
x = lim .
x→+∞ x x→+∞ x x→+∞ x→+∞ 1
x
Como
1
lim = 0,
x→+∞ x
então
f (x)
lim = +∞.
x→+∞ x
Da mesma forma,
f (x) x3 − 3x + 1 x2 − 3 + 1
lim = lim = lim x
= +∞.
x→−∞ x x→−∞ x x→−∞ 1
Então não existem assíntotas oblíquas (nem horizontais) ao gráfico de f . Conclui-
mos que não existem assíntotas ao gráfico de f .
(f) Esboce o gráfico de f .
Reunindo a informação recolhida nas alíneas anteriores, temos o seguinte
• f é duas vezes diferenciável em R;
• f é crescente no intervalo ]−∞, −1[, é decrescente no intervalo ]−1, 1[ e cres-
cente no intervalo ]1, +∞[ ;
• O gráfico de f tem a concavidade voltada para baixo no intervalo ] − ∞, 0[, e
voltada para cima no intervalo ]0, +∞[;
• f tem um máximo local no ponto x = −1 e um mínimo local no ponto x = 1;
• não existem assíntotas ao gráfico de f .
Calculemos agora os extremos locais de f ,
e ( )
lim f (x) = lim x3 − 3x + 1 = +∞.
x→∞ x→∞
3
Figura 1: Esboço do gráfico de f .
3. Calcule
sin(x) − x
lim .
x→0 sin2 (x)
Podemos fazer o cálculo directo deste e dos restantes limites nesta resolução pois esta-
remos perante funções contínuas, dado serem funções elementares obtidas a partir de
funções trigonométricas,
(0) da identidade e de funções constantes. Temos uma indetermi-
nação do tipo 0 . Vamos tentar levantá-la usando a regra de Cauchy.
De referir que para uma aplicação correta da regra de Cauchy é essencial verificar que
estamos nas condições de aplicabilidade do Teorema 1 (página 117 do manual), em
particular devemos garantir, e provar, que tanto o numerador como o denominador
são funções diferenciáveis.
] [
Para isso, escolhemos I = − π2 , π2 , notamos que as funções sin(x) − x e sin2 (x) (a di-
ferença
] π eπproduto
[ das funções diferenciáveis sin x e a identidade x) são diferenciáveis
]emπ −π 2[ , 2 , e que a derivada do denominador, a função 2 sin(x) cos(x), não se anula em
− 2 , 2 \ {0} (pois nenhum dos factores cos x e sin x se anula nesse conjunto - razão pela
qual definimos I com esta amplitude). Calculamos então
( )
que conduz novamente a uma indeterminação do tipo 00 .
] [
Tentando aplicar novamente a regra de Cauchy, escolhemos I = − π4 , π4 , notamos que
as funções cos(x) − 1 e 2 sin(x) cos(x) (a diferença e produto das funções
] diferenciáveis
[
sin x, cos(x), a identidade x e as constante 1 e 2) são diferenciáveis em − π4 , π4 , e que a
4
] [
derivada do denominador, a função 2 cos2 (x) − 2 sin2 (x), não se anula em − π4 , π4 \ {0}
(pois nesse conjunto nunca se verifica cos2 (x) = sin2 (x) ⇔ cos(x) = ± sin(x), dado
termos diminuímos a amplitude do intervalo I para que não contivesse os valores ±π/4).
Calculamos então
(cos(x) − 1)′ − sin(x) 0
lim = lim = = 0.
x→0 (2 sin(x) cos(x)) ′ x→0 2 cos (x) − 2 sin (x)
2 2
2
cos(x) − 1
lim
x→0 2 sin(x) cos(x)
e temos
cos(x) − 1
lim =0
x→0 2 sin(x) cos(x)
e como este último limite existe, também existe
sin(x) − x
lim
x→0 sin2 (x)
e temos
sin(x) − x
lim = 0.
x→0 sin2 (x)
4. Prove que a função f (x) = sin(πx) + 2x3 − 4 tem uma e uma só raiz no intervalo [1, 2].
Começamos por provar que a função f é diferenciável em R. A função sin(πx) é dife-
renciável em R, pois é a composição do polinómio πx com a função seno, ambas dife-
renciáveis em R. A função f é diferenciável em R, pois é a soma das funções sin(πx) e
o polinómio 2x3 − 4, ambas diferenciáveis em R. Como f é diferenciável em R, então
também é contínua em R e em particular é contínua no intervalo [1, 2]. Por outro lado,
e
f (2) = sin(2π) + 2 × 23 − 4 = 12 > 0.
Pelo teorema de Bolzano, existe c ∈]1, 2[, tal que f (z) = 0. Por outro lado, temos
−1 ⩽ cos(πx) ⩽ 1 ⇒ −π ⩽ π cos(πx) ⩽ π
e
x ⩾ 1 ⇒ x2 ⩾ 1 ⇒ 6x2 ⩾ 6.
Então
f ′ (x) = π cos(πx) + 6x2 ⩾ −π + 6 > 0,
5
pelo que f é estritamente crescente no intervalo [1, 2] e portanto a raiz é única nesse in-
tervalo.
Note que também poderia provar que a raiz é única no intervalo [1, 2] usando o teorema
de Rolle. Suponhamos, com vista a um absurdo, que existem duas raizes distintas c1 , c2 ∈
[1, 2], tais que
f (c1 ) = f (c2 ) = 0.
Então, pelo teorema de Rolle, deveria existir um α ∈ [c1 ; c2 ] tal que f ′ (α) = 0. Mas isto
contradiz o facto de que a derivada é sempre positiva no intervalo, como já tínhamos
provado, pelo que a raiz é única no intervalo [1, 2].