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Proposta de resolução

Atividade Formativa 2 − 21175

Novembro 2023

ln(x2 + 1)
1. Considere a função f (x) = .
x+3
(a) Determine o domínio de f .
g(x)
A função f (x) pode ser escrita como f (x) = , onde g(x) = ln(x2 + 1) e h(x) =
h(x)
x + 3. A função g está bem definida desde que x2 + 1 > 0, o que acontece para todo
o x ∈ R, logo Dg = R. Temos agora que h(x) é um função polinomial, pelo que
também Dh = R. Por outro lado, h(x) = 0 ⇐⇒ x + 3 = 0 ⇐⇒ x = −3. Então
Df = {x ∈ R : x ∈ Dg , x ∈ Dh , h(x) ̸= 0} = R\{−3}.

(b) Prove que f é diferenciável no ponto x0 = 1.


A função x2 + 1 é diferenciável no ponto x0 , pois é uma função polinomial. A
função g(x) := ln(x2 + 1) também é diferenciável no ponto x0 , pois é a composição
da função logaritmo (que é diferenciável no seu domínio) com a função polinomial
anterior. Como x20 + 1 = 2 > 0, então g(x) é diferenciável no ponto x0 . A função
h(x) := x + 3 é polinomial, pelo que também é diferenciável no ponto x0 . Então
concluimos que f é diferenciável no ponto x0 = 1, pois é o quociente de funções
diferenciáveis no ponto x0 e o denominador não se anula nesse ponto.
(c) Determine o polinómio de Taylor de ordem 1 de f , no ponto x0 = 1.
Pela alínea anterior f é diferenciável no ponto x = 1. Então o polinómio de Taylor
de ordem 1 de f , no ponto x0 = 1 é
p1 (x) = f (x0 ) + f ′ (x0 )(x − x0 ) = f (1) + f ′ (1)(x − 1).
ln(1+1) ln(2)
Temos f (1) = 1+3
= 4
. Por outro lado, para x ∈ Df , a derivada de f é dada
por

′ (ln(x2 + 1)) (x + 3) − (x + 3)′ ln(x2 + 1)
f (x) = =
(x + 3)2

(x2 +1)
x2 +1
(x + 3) − ln(x2 + 1) 2x
x2 +1
(x + 3) − ln(x2 + 1)
= .
(x + 3)2 (x + 3)2
Logo

2
1+1
(1 + 3) − ln(1 + 1) 4 − ln(2)
f (1) = 2
= ,
(1 + 3) 16

1
logo
ln(2) 4 − ln(2)
p1 (x) = + (x − 1).
4 16
2. Considere a função f (x) = x3 − 3x + 1.

(a) Prove que f é duas vezes diferenciável em R e calcule f ′ (x) e f ′′ (x).


A função f é polinomial, pelo que é diferenciável em R. A sua derivada será igual-
mente uma função polinomial, pelo que também é diferenciável em R. Então con-
cluimos que f é duas vezes diferenciável em R. Agora temos

f ′ (x) = 3x2 − 3

e
f ′′ (x) = 6x.
(b) Estude a monotonia de f .
Comecemos por estudar a existência de zeros da derivada de f . Temos

f ′ (x) = 0 ⇐⇒ 3x2 − 3 = 0 ⇐⇒ x2 = 1 ⇐⇒ x = 1 ∨ x = −1.

Por outro lado, como f ′ é um polinómio de segundo grau, o respectivo gráfico será
uma parábola com a concavidade voltada para cima, pois o coeficiente em x2 que é
igual a 3, é positivo. Então, temos

f ′ (x) > 0, ∀x ∈ ]−∞, −1[

f ′ (x) < 0, ∀x ∈ ]−1, 1[


e
f ′ (x) > 0, ∀x ∈ ]1, +∞, [ .
Então f é crescente no intervalo ]−∞, −1[, é decrescente no intervalo ]−1, 1[ e
crescente no intervalo ]1, +∞, [ .
(c) Estude a concavidade de f .
Pela alínea a), temos f ′′ (x) = 6x que é negativa para x < 0 e positiva para x > 0.
Então no intervalo ] − ∞, 0[, a concavidade é voltada para baixo e no intervalo
]0, +∞[ a concavidade é voltada para cima.
(d) Determine os extremos locais de f .
Pela alínea a), f é duas vezes diferenciável em R. Então os pontos de extremo local
de f deverão ser zeros da derivada de f , pelo que, pela alínea b), os possíveis pontos
de extremo local são x = 1 ou x = −1. Por outro lado, temos

f ′′ (−1) = −6 < 0,

pelo que f tem um máximo local no ponto x = −1. Da mesma forma,

f ′′ (1) = 6 > 0,

pelo que f tem um mínimo local no ponto x = 1.

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(e) Estude a existência de assíntotas ao gráfico de f .
f é uma função polinomial, e portanto é contínua em R, pelo que não existem as-
síntotas verticais.
Para estudar a existência de assíntotas oblíquas (e horizontais), estudamos os limites

f (x) x3 − 3x + 1
lim = lim
x→+∞ x x→+∞ x
(∞)
que conduz a uma indeterminação do tipo ∞ que pode ser levantada da seguinte
forma:
x3 −3x+1
f (x) x3 − 3x + 1 x2 − 3 + x1
lim = lim = lim x
x = lim .
x→+∞ x x→+∞ x x→+∞ x→+∞ 1
x

Como
1
lim = 0,
x→+∞ x

então
f (x)
lim = +∞.
x→+∞ x

Da mesma forma,

f (x) x3 − 3x + 1 x2 − 3 + 1
lim = lim = lim x
= +∞.
x→−∞ x x→−∞ x x→−∞ 1
Então não existem assíntotas oblíquas (nem horizontais) ao gráfico de f . Conclui-
mos que não existem assíntotas ao gráfico de f .
(f) Esboce o gráfico de f .
Reunindo a informação recolhida nas alíneas anteriores, temos o seguinte
• f é duas vezes diferenciável em R;
• f é crescente no intervalo ]−∞, −1[, é decrescente no intervalo ]−1, 1[ e cres-
cente no intervalo ]1, +∞[ ;
• O gráfico de f tem a concavidade voltada para baixo no intervalo ] − ∞, 0[, e
voltada para cima no intervalo ]0, +∞[;
• f tem um máximo local no ponto x = −1 e um mínimo local no ponto x = 1;
• não existem assíntotas ao gráfico de f .
Calculemos agora os extremos locais de f ,

f (−1) = − (1)3 + 3 + 1 = 3 e f (1) = (1)3 − 3 + 1 = −1.

Por outro lado, temos


( )
lim f (x) = lim x3 − 3x + 1 = −∞
x→−∞ x→−∞

e ( )
lim f (x) = lim x3 − 3x + 1 = +∞.
x→∞ x→∞

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Figura 1: Esboço do gráfico de f .

Sendo f (0) = 1, um possível esboço do gráfico de f está representado na Figura 1.

3. Calcule
sin(x) − x
lim .
x→0 sin2 (x)
Podemos fazer o cálculo directo deste e dos restantes limites nesta resolução pois esta-
remos perante funções contínuas, dado serem funções elementares obtidas a partir de
funções trigonométricas,
(0) da identidade e de funções constantes. Temos uma indetermi-
nação do tipo 0 . Vamos tentar levantá-la usando a regra de Cauchy.

De referir que para uma aplicação correta da regra de Cauchy é essencial verificar que
estamos nas condições de aplicabilidade do Teorema 1 (página 117 do manual), em
particular devemos garantir, e provar, que tanto o numerador como o denominador
são funções diferenciáveis.

] [
Para isso, escolhemos I = − π2 , π2 , notamos que as funções sin(x) − x e sin2 (x) (a di-
ferença
] π eπproduto
[ das funções diferenciáveis sin x e a identidade x) são diferenciáveis
]emπ −π 2[ , 2 , e que a derivada do denominador, a função 2 sin(x) cos(x), não se anula em
− 2 , 2 \ {0} (pois nenhum dos factores cos x e sin x se anula nesse conjunto - razão pela
qual definimos I com esta amplitude). Calculamos então

(sin(x) − x)′ cos(x) − 1


lim = lim (1)
x→0 (sin (x))
2 ′ x→0 2 sin(x) cos(x)

( )
que conduz novamente a uma indeterminação do tipo 00 .
] [
Tentando aplicar novamente a regra de Cauchy, escolhemos I = − π4 , π4 , notamos que
as funções cos(x) − 1 e 2 sin(x) cos(x) (a diferença e produto das funções
] diferenciáveis
[
sin x, cos(x), a identidade x e as constante 1 e 2) são diferenciáveis em − π4 , π4 , e que a

4
] [
derivada do denominador, a função 2 cos2 (x) − 2 sin2 (x), não se anula em − π4 , π4 \ {0}
(pois nesse conjunto nunca se verifica cos2 (x) = sin2 (x) ⇔ cos(x) = ± sin(x), dado
termos diminuímos a amplitude do intervalo I para que não contivesse os valores ±π/4).
Calculamos então
(cos(x) − 1)′ − sin(x) 0
lim = lim = = 0.
x→0 (2 sin(x) cos(x)) ′ x→0 2 cos (x) − 2 sin (x)
2 2
2

Como este último limite existe, então também existe o

cos(x) − 1
lim
x→0 2 sin(x) cos(x)
e temos
cos(x) − 1
lim =0
x→0 2 sin(x) cos(x)
e como este último limite existe, também existe

sin(x) − x
lim
x→0 sin2 (x)
e temos
sin(x) − x
lim = 0.
x→0 sin2 (x)

4. Prove que a função f (x) = sin(πx) + 2x3 − 4 tem uma e uma só raiz no intervalo [1, 2].
Começamos por provar que a função f é diferenciável em R. A função sin(πx) é dife-
renciável em R, pois é a composição do polinómio πx com a função seno, ambas dife-
renciáveis em R. A função f é diferenciável em R, pois é a soma das funções sin(πx) e
o polinómio 2x3 − 4, ambas diferenciáveis em R. Como f é diferenciável em R, então
também é contínua em R e em particular é contínua no intervalo [1, 2]. Por outro lado,

f (1) = sin(π) + 2 − 4 = −2 < 0

e
f (2) = sin(2π) + 2 × 23 − 4 = 12 > 0.
Pelo teorema de Bolzano, existe c ∈]1, 2[, tal que f (z) = 0. Por outro lado, temos

f ′ (x) = π cos(πx) + 6x2 .

Para x ∈ [1, 2], temos

−1 ⩽ cos(πx) ⩽ 1 ⇒ −π ⩽ π cos(πx) ⩽ π

e
x ⩾ 1 ⇒ x2 ⩾ 1 ⇒ 6x2 ⩾ 6.
Então
f ′ (x) = π cos(πx) + 6x2 ⩾ −π + 6 > 0,

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pelo que f é estritamente crescente no intervalo [1, 2] e portanto a raiz é única nesse in-
tervalo.

Note que também poderia provar que a raiz é única no intervalo [1, 2] usando o teorema
de Rolle. Suponhamos, com vista a um absurdo, que existem duas raizes distintas c1 , c2 ∈
[1, 2], tais que
f (c1 ) = f (c2 ) = 0.
Então, pelo teorema de Rolle, deveria existir um α ∈ [c1 ; c2 ] tal que f ′ (α) = 0. Mas isto
contradiz o facto de que a derivada é sempre positiva no intervalo, como já tínhamos
provado, pelo que a raiz é única no intervalo [1, 2].

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