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Instituto de Matemática - IM/UFRJ

Cálculo Diferencial e Integral I


Resolução dos exercícios

Questão 1: Encontre a aproximação linear L(x) das funções numa vizinhança do ponto
pedido:

(a) f (x) = (1 − x)3 em x = 0.


k2
(b) f (k) = em k = e2 .
ln k

Solução:
Lembrando que se f é derivável em x0 , a aproximação linear de f (x) é dada pela equação
da reta tangente, isto é, f (x) ≈ L(x) = f (x0 ) + f ′ (x0 )(x − x0 ).

(a) f (x) = (1 − x)3 ⇒ f (0) = (1 − 0)3 = 1


f ′ (x) = −3(1 − x)2 ⇒ f ′ (0) = −3
Logo temos que L(x) = 1 − 3(x − 0) =⇒ L(x) = 1 − 3x.
2
k2 (e2 ) e4
(b) f (k) = ⇒ f (e2 ) = =
ln k ln e2 2
1
2k ln k − k 2
f ′ (k) = k = 2k ln k − k
(ln k)2 (ln k)2
2e2 ln (e2 ) − e2 4e2 ln e − e2 3
f ′ (e2 ) = 2 2
= 2
= e2
(ln (e )) (2 ln e) 4
e4 3 2
Assim temos que L(k) = + e (k − e2 )
2 4

f (x) − 5
Questão 2: Se lim = 10, e supondo f (x) derivável ao redor de x = 2, calcule
x→2 x − 2
lim f (x) e lim f ′ (x).
x→2 x→2

Solução:
f (x) − 5
Veja que no limite lim temos o denominador tendendo a zero, mas segundo o
x−2
x→2
enunciado o resultado do limite é um número finito (10). A única forma disso ser possível
é se o numerador também tender a zero quando x → 2, e de forma que cause a conta
f (x) − 5
tender a 10 à medida que x tende a 2.
x−2
Então precisamos, necessariamente, que o numerador tenda a zero:

lim (f (x) − 5) = 0 ,
x→2

lim f (x) − lim 5 = 0 ,


x→2 x→2

lim f (x) − 5 = 0 ,
x→2

lim f (x) = 5 ,
x→2

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que é o primeiro item requerido pelo enunciado.


Agora, considerando lim f (x) = 5 temos uma indeterminação do tipo “ 0/0 ” para o
x→2
f (x) − 5
limite lim . Então podemos usar a regra de L’Hospital para calcular o limite:
x→2 x − 2

′
f (x) − 5 H f (x) − 5 f ′ (x)
lim = lim ′ = lim = lim f ′ (x) ,
x→2 x − 2 x→2 (x − 2) x→2 1 x→2

e o enunciado nos disse que esse limite vale 10, logo lim f ′ (x) = 10
x→2

x2 + ax + a − 1
Questão 3: Sejam a ∈ R e f (x) = . O limite de f (x) quando x tende a 2
x2 − 3x + 2
existe e vale L ∈ R. Calcule os valores de a e L.

Solução:
Observando que o denominador se anula em x = 2, a única possibilidade para que o limite
exista é que o numerador também se anule. Observe que

x2 + ax + a − 1
lim = “(3 + 3a)/0”
x→2 x2 − 3x + 2
Portanto, precisamos de a = −1 para que o numerador se anule. Logo, temos que

x2 + ax + a − 1 x2 − x − 2
lim = lim = “0/0”
x→2 x2 − 3x + 2 x→2 x2 − 3x + 2

Assim, podemos aplicar a Regra de L’Hospital neste último limite. Daí

x2 − x − 2 H 2x − 1 2(2) − 1
L = lim f (x) = lim 2
= lim = = 3.
x→2 x→2 x − 3x + 2 x→2 2x − 3 2(2) − 3

Questão 4: Quantas retas tangentes ao gráfico de y = x3 +3x são paralelas à reta y = 6x+1?
Determine as equações dessas retas tangentes.

Solução:
A reta y = 6x + 1 tem coeficiente angular m = 6. Uma reta tangente ao gráfico de
f (x) = x3 +3x em x0 tem coeficiente angular dado pela derivada f ′ (x0 ) = 3x20 +3. Portanto,
essa reta tangente será paralela à reta dada pela equação y = 6x + 1 se, e somente se,
f ′ (x0 ) = 6. Assim,
3x20 + 3 = 6 ⇐⇒ x20 = 1 ⇐⇒ x0 = 1 ou x0 = −1.
Como a equação da reta tangente em x0 é y = f ′ (x0 )(x − x0 ) + f (x0 ), temos duas retas
paralelas, a saber,
x0 = 1 =⇒ f (1) = 4, f ′ (1) = 6 =⇒ y = 6(x − 1) + 4
x0 = −1 =⇒ f (−1) = −4, f ′ (−1) = 6 =⇒ y = 6(x + 1) − 4

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Questão 5: Seja f (x) = x + 5 + ln (x2 − 4). Esboce o gráfico de f (x) depois de


(a) especificar o domínio da função
(b) encontrar as assíntotas horizontais e verticais, se existirem.
(c) achar os intervalos em que f (x) é crescente ou decrescente, indicando os pontos críticos
(d) encontrar os máximos ou mínimos locais, se existirem
(e) estudar a concavidade, apontando os pontos de inflexão

Solução:
(a) Domínio: (−∞, −2) ∪ (2, ∞). Pois ln (x2 − 4) não está definido quando x2 − 4 ≤ 0,
ou seja, se |x| ≤ 2, ou ainda (em outras palavras) para −2 ≤ x ≤ 2.

(b) Vamos estudar o comportamento assintótico de f . Primeiro, assíntotas horizontais.


Na “direita” temos que:

lim f (x) = lim x + 5 + ln (x2 − 4) = “+∞ +∞” = +∞ .



x→+∞ x→+∞

Já na “esquerda”:

x + 5 + ln (x2 − 4) = “−∞ +∞” ,



lim f (x) = lim
x→−∞ x→−∞

que é uma indeterminação. Para calcularmos esse limite, primeiro o colocaremos em


um formato em que possamos usar a Regra de l’Hôpital. Colocando o x em evidência:
ln (x2 − 4)
  
2

lim f (x) = lim x + 5 + ln (x − 4) = lim 5 + x 1 +
x→−∞ x→−∞ x→−∞ x

ln (x2 − 4)
Observe que o limite lim é uma indeterminação do tipo “∞/∞”. Apli-
x→−∞ x
cando a Regra de l’Hôpital duas vezes nesse limite obtemos:
2x
ln (x2 − 4) H 2 2
= lim x − 1 = lim
H
lim =0
x→−∞ x x→−∞ 1 x→−∞ 2x

Retornando ao limite lim f (x), temos que:


x→−∞

ln (x2 − 4)
  
lim f (x) = lim 5 + x 1 + = “5 −∞ · (1 + 0)′′ = −∞ .
x→−∞ x→−∞ x

Resumindo: f (x) não tem assíntotas horizontais; na esquerda a função tende a −∞


e na direita tende a +∞.

Agora vejamos as assíntotas verticais. Vamos checar perto dos pontos em que a função
deixa de ser definida (lembre-se que a função ln(x) tem assíntota vertical!).

lim f (x) = lim+ x + 5 + ln (x2 − 4) = “2 + 5 −∞” = −∞ ;


x→2+ x→2

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lim f (x) = lim − x + 5 + ln (x2 − 4) = “2 + 5 −∞” = −∞ .


x→−2− x→−2

Então x = −2 e x = 2 são assíntotas verticais de f (x), onde a função “explode para


baixo” ao se aproximar desses pontos.

′ 2x x2 − 4 + 2x
(c) f (x) = 1 + 2 =
x −4 x2 − 4
Procuramos agora os pontos críticos. Primeiro, procuramos os valores de x que fazem
2x
f ′ (x) = 0. Isso ocorre se e somente se x está no domínio de f e quando 0 = 1+ 2 ,
x −4
ou seja, se x2 − 4 + 2x = 0, logo temos possivelmente

−2 ± 4 + 10 √
x= = −1 ± 5 .
2
mas, x precisa estar no domínio
√ de f , logo o único ponto crítico que obtemos a partir
desse critério é x = −1 − 5 (o outro está fora do domínio).
O segundo tipo de ponto crítico que pode ocorrer é quando temos um x no domínio
de f que faz a derivada não existir. No domínio
√ de f (x), isso não ocorre, então o
único ponto crítico que temos é x = −1 − 5.
Agora vamos analisar o sinal de f ′ . Veja que o sinal da derivada pode mudar no ponto
crítico, e também pode mudar de sinal quando passamos pelo o intervalo em que a
função não está definida! Vamos dividir o domínio da f (x) em intervalos e analisar
o sinal de cada termo que compõe f ′ (x).

√  √ 
x −∞, −1 − 5 −1 − 5, −2 (2, +∞)
x2 + 2x − 4 + − +
x2 − 4 + + +
f ′ (x) + − +
f (x) ↗ ↘ ↗

√ 
Daí obtemos que, f é crescente nos intervalos −∞, −1 − 5 e (2, +∞), e decrescente
√ 
no intervalo −1 − 5, −2 .

(d) Usando o critério da primeira derivada concluímos que no ponto x = −1− 5 a função
f tem um máximo local (função √ crescendo √antes e decrescendo√depois). O valor de
máximo nesse ponto é f (−1 − 5) = −1 − 5 + 5 + ln (−1 − 5)2 − 4 .

2(x2 − 4) − (2x)(2x) 2(x2 + 4)


(e) f ′′ (x) = = − . Veja que a expressão x2 + 4 é sempre
(x2 − 4)2 (x2 − 4)2
positiva, que a expressão (x2 − 4)2 também é sempre positiva, e que f ′′ possui um
sinal de menos na frente. Então temos f ′′ (x) < 0 para todo x no domínio de f .
Portanto f é côncava para baixo em (−∞, 2) e (2, +∞). Então, f (x) nunca muda de
concavidade, logo não possui pontos de inflexão.

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30 y

20

10

x
−15 −10 −5 5 10

ex
Questão 6: Seja f (x) = 3 . Esboce o gráfico de f (x) depois de
x
(a) especificar o domínio da função
(b) encontrar as assíntotas horizontais e verticais, se existirem.
(c) achar os intervalos em que f (x) é crescente ou decrescente, indicando os pontos críticos
(d) encontrar os máximos ou mínimos locais, se existirem
(e) estudar a concavidade, apontando os pontos de inflexão

Solução:

(a) Domínio: R \{0}

(b) Estudo do comportamento assintótico de f . Vejamos primeiro assíntotas horizontais:


ex H ex H ex H ex
lim f (x) = lim = lim = lim = lim = +∞ ,
x→+∞ x→+∞ x3 x→+∞ 3x2 x→+∞ 6x x→+∞ 6

ex 0
lim f (x) = lim 3
=“ ”=0
x→−∞ x→−∞ x −∞
logo y = 0 é assíntota horizontal na esquerda, e a função não tem assíntota horizontal
na direita porque tende a +∞.
Vejamos agora assíntotas verticais. Vamos investigar ao redor de x = 0, em que a
função não está definida:
ex
lim− f (x) = lim− = −∞ ,
x→0 x→0 x3
ex
lim+ f (x) = lim+ 3 = +∞ ,
x→0 x→0 x

logo x = 0 é assíntota vertical, com a função “explodindo para baixo” pela esquerda
de x = 0 e “explodindo para cima” pela direita de x = 0.

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ex x3 − 3x2 ex x2 ex (x − 3) ex (x − 3)
(c) f ′ (x) = = =
(x3 )2 x6 x4
Vejamos os pontos críticos: f ′ (x) = 0 se, e somente se, x = 3. Além disso, a derivada
não existe em x = 0, porém x = 0 não é ponto crítico porque isso não está no domínio
de f (x). Logo, único ponto crítico: x = 3. Analisemos agora o sinal de f ′ (x): o sinal
de f ′ só mudará em pontos onde f ′ dá zero ou não está definida.

x (−∞, 0) (0, 3) (3, +∞)


ex + + +
x−3 − − +
x4 + + +
f ′ (x) − − +
f (x) ↘ ↘ ↗

Logo, f é crescente no intervalo (3, +∞); f é decrescente nos intervalos (−∞, 0) e


(0, 3).
(d) Usando o critério da primeira derivada concluímos que no ponto x = 3 a função f
tem um mínimo local, com valor f (3) = e3 /27.
(ex (x − 3) + ex )x4 − ex (x − 3)(4x3 ) ex (x2 − 6x + 12)
(e) f ′′ (x) = =
(x4 )2 x5
′′ ′′
Veja que f (x) ̸= 0 para todo x, e que f (x) não existe me x = 0 (mas esse ponto
não pertence ao domínio). Analisando o sinal de f ′′ , vemos que a curvatura muda em
x = 0, mas, de novo, x = 0 não pertence ao domínio, logo não há pontos de inflexão.

x (−∞, 0) (0, +∞)


ex + +
x2 − 6x + 12 + +
x5 − +
f ′′ (x) − +
f (x) ⌢ ⌣

x
3

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Questão 7: Seja f (x) = x4 − 4x3 + 10. Esboce o gráfico de f (x) depois de


(a) especificar o domínio da função
(b) encontrar as assíntotas horizontais e verticais, se existirem.
(c) achar os intervalos em que f (x) é crescente ou decrescente, indicando os pontos críticos
(d) encontrar os máximos ou mínimos locais, se existirem
(e) estudar a concavidade, apontando os pontos de inflexão

Solução:

(a) Domínio: R, pois a função é um polinômio

(b) Estudo do comportamento assintótico de f : A função f não possui assíntotas verticais.

lim f (x) = lim x4 − 4x3 + 10 = lim x3 (x − 4) + 10 = +∞ ,


x→+∞ x→+∞ x→+∞

lim f (x) = lim x − 4x3 + 10 = +∞ ,


4
x→−∞ x→−∞

logo a função não possui assíntota horizontal.

(c) f ′ (x) = 4x3 − 12x2 = 4x2 (x − 3), portanto f ′ (x) = 0 se, e somente se, x = 0 ou x = 3,
e veja que a deriva sempre existe. Então, x = 0 e x = 3 são os pontos críticos de f .
Analisando o sinal de f ′ :

x (−∞, 0) (0, 3) (3, +∞)


4x2 + + +
x−3 − − +
f ′ (x) − − +
f (x) ↘ ↘ ↗

Logo f é crescente no intervalo (3, +∞) e decrescente no intervalo (−∞, 3).

(d) Usando o critério da primeira derivada concluímos que no ponto x = 3 a função f


tem um mínimo local com valor f (3) = −17.

(e) f ′′ (x) = 12x2 − 24x = 12x(x − 2). f ′′ (x) = 0 se, e somente se, x = 0 e x = 2, e veja
que a f ′′ existe para todo x. Analisando o sinal de f ′′ :

x (−∞, 0) (0, 2) (2, +∞)


12x − + +
x−2 − − +
f ′′ (x) + − +
f (x) ⌣ ⌢ ⌣

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Pela análise da tabela, vemos que x = 0 é ponto de inflexão com f (0) = 10, e que
x = 2 também é ponto de inflexão com f (2) = −6.

40 y

20

x
−6 −4 −2 2 4 6

−20

−40

Questão 8: Verificou-se que o custo por hora para mover uma lancha é proporcional ao
cubo da sua velocidade. Deseja-se fazer uma viagem de S Km em um rio contra a correnteza.
As águas do rio fluem a uma velocidade de a Km/h. Considerando que a lancha usará uma
velocidade constante no trajeto, qual é o valor dessa velocidade que minimiza o custo total da
viagem?

Solução:
Custo por hora: Ch = k · V 3 , onde V é a velocidade da lancha e k é uma constante de
proporcionalidade (desconhecida, mas não importa).
O custo total para a viagem será custo por hora vezes tempo (T , horas): C = Ch · T .
Precisamos então definir quem é T para essa viagem.
distância
O tempo de duração da viagem será T = . A lancha se move com
velocidade efetiva
velocidade V mas a correnteza empurra a lancha na direção contrária com velocidade “a”.
S
Então a velocidade efetiva é “V − a”. Ou seja, T = . Veja que a distância S e a
V −a
velocidade da correnteza “a” são valores fixos (constantes).
Finalmente, temos nossa função custo C que depende de V :

S V3
C = Ch · T =⇒ C(V ) = kV 3 =⇒ C(V ) = kS ,
V −a V −a
onde temos V > a como domínio (senão a lancha não vai pra frente!).
Agora vamos minimizar C. Derivando:

3V 2 (V − a) − V 3 · 1 2V 3 − 3aV 2
C ′ (V ) = kS =⇒ C ′
(V ) = kS .
(V − a)2 (V − a)2

Para achar extremos locais, procuramos por V que faz C ′ (V ) = 0:

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2V 3 − 3aV 2
C ′ (V ) = 0 =⇒ kS = 0 =⇒ 2V 3 − 3aV 2 = 0
(V − a)2
3a
V 2 (2V − 3a) = 0 =⇒ V = ,
2
onde é importante lembrar que necessariamente V > a (então V=0 não é válido). Resta
3a
checarmos se V = é um ponto de mínimo. Analisado o sinal de C ′ (V )
2

3a 3a
V V < V >
2 2

C ′ (V ) − +

C(V ) ↘ ↗

3a
Então pelo teste da primeira derivada, V = é ponto de mínimo (função C decrescendo
2
antes, e crescendo depois). Veja também que esse ponto é mínimo absoluto, porque antes
dele a função vem de valores sempre maiores, e depois dele a função continua sempre
crescendo.

x2
Questão 9: Considere a elipse descrita por + y 2 = 1, que tem comprimento 2 para o
4
semieixo na direção horizontal e 1 para o semieixo na direção vertical. Queremos construir um
retângulo de lados paralelos aos eixos coordenados e que esteja inscrito nessa elipse. Quais são
as dimensões do retângulo que maximizam sua área? Qual é o valor dessa área máxima?

Solução:
Na figura abaixo, desenhamos a elipse indicada e um retângulo inscrito qualquer.

r
x2L
y+ = + 1 −
4
1

xL x
−2 2

−1
r
x2L
y− = − 1−
4

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Vamos chamar de L o comprimento horizontal do retângulo, e de H o comprimento


vertical. Marcamos na figura um comprimento xL = L/2 a partir da origem. Veja que
devido à simetria, a área do retângulo será duas vezes a área na direita: ou seja, área
A = 2 · xL · H.
Para cada xL escolhido, veja que a altura H tem comprimento y+ − y− . As expressões
para os valores de y+ e y− são obtidas isolando x na expressão da elipse. Então:

r r ! r r p
x2 x2L x2L 4 − x2L 4 − x2
H = y+ − y− = 1− L − − 1− =2 1− =2 =2 √ L
4 4 4 4 4
q
H = 4 − x2L .

E agora reescrevemos a função da área A(xL ):


q
A(xL ) = 2 · xL · H =⇒ A(xL ) = 2xL 4 − x2L ,
onde temos que 0 ≤ xL ≤ 2 é nosso domínio.
Queremos maximizar A(xL ). Derivando:

(−2xL ) 2x2L
q q
′ 2 ′ 2
A (xL ) = 2 · 1 4 − xL + 2xL p =⇒ A (x L ) = 2 4 − x L − p
2 4 − x2L 4 − x2L
p 2
2 4 − x2L − 2x2L 2(4 − x2L ) − 2x2L
A′ (xL ) = p = p
4 − x2L 4 − x2L

′ 8 − 4x2L
A (xL ) = p
4 − x2L

Agora procuramos os ponto críticos, ou seja, os pontos onde a derivada A′ (xL ) = 0 ou


onde a derivada A′ (xL ) não existe √
no domínio de A(xL ). Os pontos que fazem A′ (xL ) = 0:
2
ou seja, 8 − 4xL = 0 =⇒ xL = 2 (lembrando que xL < 0 estaria fora do domínio).
√ Os
′ 2
pontos onde a derivada A (xL ) não existe: ou seja, 4 − xL = 0 =⇒ xL = 4 = 2 (de
novo lembrando que xL < 0 está fora do domínio), mas xL = 2 está na borda superior do
domínio e √
A(xL = 2) = 2 · 2 · 4 − 22 = 0 .

Resta checarmos se xL = 2 é ponto de máximo ou mínimo local. Fazendo análise de
sinal de A′ (xL ):

√ √
xL xL < 2 xL > 2

A′ (xL ) + −

A(xL ) ↗ ↘

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Pela teste da primeira derivada, xL = 2 é ponto de máximo. A análise de sinal também
revelou nesse caso que o ponto de máximo é absoluto. Você pode testar xL = 0 e para
checar que valor A(x
√L ) assume nas borda inferior do domínio de f (será zero).
Portanto, xL √= 2 maximiza
p a área.√As dimensões do retângulo que maximizam a área
são L = 2xL = 2 2 e H = 4 − x2L = 2. A área máxima então é A = L · H = 4.

Questão 10: Em um rio de margens retas e paralelas, deseja-se levar energia elétrica a partir
de um ponto A em uma das margens até um ponto C na outra margem. O fio a ser utilizado
na água custa 5 reais por metro, e o o que será utilizado fora custa 3 reais por metro. O rio
tem largura de 100 m. Em relação ao ponto A, é preciso seguir o rio por 1000 m para ficar na
posição exatamente oposta a C. Como deve ser feita a ligação entre os pontos A e C de forma
que o gasto com fios seja o menor possível?

Solução:
Observe a figura abaixo, em que inserimos as informações do enunciado. Para conectar
os pontos A e C do enunciado, precisaremos escolher um ponto B que é o final do fio que
passa pela água. Nomeamos como x a posição horizontal desse ponto B, medindo a partir
de A (veja a figura). Logo, o resto da distância horizontal até C vale 1000 − x.
Nomeamos como d a distância entre A e B (seta inclinada), que é o comprimento do fio
que passa pela água. Usando o triângulo retângulo, temos que:

d2 = x2 + 1002 =⇒ d = x2 + 1002

B 1000 − x C

100 d

A x
1000

Olhando a figura, escolhido um valor de x, o arranjo usa um fio de comprimento d para


passar pela água, e um fio de comprimento 1000 − x para passar pela terra.
O custo será 5 vezes o comprimento do fio que passa na água mais 3 vezes o comprimento
do fio que passa pela terra. Então o custo C é

C(x) = 5 x2 + 1002 + 3(1000 − x) ,

onde temos 0 ≤ x ≤ 1000 como domínio dessa função.


Queremos minimizar o custo. Para encontrar extremos locais, derivamos C(x) e procu-
ramos pontos críticos:
2x 5x
C ′ (x) = 5 √ − 3 =⇒ C ′ (x) = √ − 3,
2 x2 + 1002 x2 + 1002

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Veja que C ′ (x) existe para todo x no domínio, então só teremos pontos críticos do tipo
C ′ (x) = 0.
x √
C ′ (x) = 0 =⇒ 5 √ − 3 = 0 =⇒ 5x = 3 x2 + 1002
x2 + 1002
25x2 = 9(x2 + 1002 ) =⇒ 25x2 = 9x2 + 9 · 1002 =⇒ 16x2 = 9 · 1002
r
9 · 1002 3 · 100
x= =⇒ x = =⇒ x = 75 ,
16 4
onde usamos o fato que x ≥ 0 no domínio, e encontramos que x = 75 é o único ponto
crítico. Agora precisamos checar se isso é ponto de máximo ou mínimo. Analisando o sinal
de C ′ (x):

x x < 75 x > 75

C ′ (x) − +

C(x) ↘ ↗

Pelo teste da primeira derivada, temos que x = 75 é ponto de mínimo local de C(x).
Ainda precisamos comparar se x = 75 nos dá o mínimo absoluto, ou se as bordas (x = 0
e x = 1000) que tomarão esse papel. Poderíamos fazer isso substituindo os valores de x e
comparando C(0), C(75) e C(1000) (muito trabalho!). Há um jeito mais fácil: pela análise
de sinal, veja que para x < 75 a função assume valores maiores já que C(x) está caindo até
x = 75; além disso, a partir de x = 75, a função apenas cresce! Então necessariamente o
ponto x = 75 é ponto de mínimo absoluto!
Por fim, devemos escrever a resposta da questão: a questão pediu a configuração dos fios
que minimiza
√ o custo. Descobrimos que o custo é minimizado ao usar um fio de comprimento
d = 752 + 1002 pela água, um fio de comprimento 1000 − 75 = 925 pela terra.

Questão 11: Para cada uma das questões abaixo, responda “sim” ou “não”, justificando suas
respostas.

(a) Existe função contínua no intervalo fechado [a, b] que não atinge nem máximo nem mí-
nimo?

(b) Existe função contínua em [a, b] sem pontos críticos em (a, b)?

(c) É verdade que uma função contínua em [a, b] com mínimo local em c ∈ (a, b) necessaria-
mente tem pontos críticos em (a, b)? A derivada precisa existir em x = c?

(d) Existe função contínua em [a, b] com máximo absoluto em x = a e mínimo absoluto em
x = b?

(e) Existe função f (x) definida em [a, b] com mínimo absoluto em x = a e máximo absoluto
em x = b com f ′ (x) = 0 para qualquer x ∈ (a, b)?

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Cálculo Diferencial e Integral I
Resolução dos exercícios (continuação)

(f) Existe função contínua em [a, b] com mínimo absoluto em x1 e máximo absoluto em x2 ,
sendo x1 = x2 ?

(g) É verdadeiro que uma função f (x) contínua em [a, b] com máximo local em c ∈ (a, b)
necessariamente satisfaz f ′ (c) = 0?

(h) Existe função f (x) derivável em (a, b) sem pontos extremos no intervalo aberto (a, b)?

Solução:

(a) Não. Dado que o intervalo é fechado e a função é contínua, ela necessariamente terá
um valor máximo e mínimo nesse intervalo (Teorema do Valor Extremo).

(b) Sim. Por exemplo, qualquer função cujo gráfico é uma reta com inclinação diferente
de zero não possui pontos críticos em (a, b)

(c) Para a primeira pergunta: sim, se a função é contínua e admite um extremo local
em x = c que está no interior do intervalo, então esse ponto será ponto crítico. Há
duas possibilidades para o ponto crítico em extremo local: a derivada pode existir e
ser zero nesse ponto (Teorema de Fermat), ou a derivada pode não existir. Logo a
resposta para a segunda pergunta é: não, porque é possível ser um ponto crítico do
caso em que a derivada não existe (por exemplo, a função módulo f (x) = |x|)

(d) Sim. Por exemplo, qualquer função cujo gráfico é uma reta de inclinação negativa.

(e) Sim. Por exemplo, 


0
 se x = a
f (x) = 1/2 se x ∈ (a, b)

1 se x = b

(f) Sim. Por exemplo, qualquer função constante f (x) = c. Lembre-se que as definições
de máximos e mínimos são feitas com os sinais "maior ou igual que"(≥) e "menor ou
igual que"(≤), respectivamente.

(g) Não. É possível que a derivada não exista nesse ponto mesmo com a função sendo
contínua. Por exemplo, seja f (x) = −|x| + 1, que é contínua em [−1, 1]. Temos um
máximo absoluto em x = 0, mas

f (0 + h) − 1 f (0 + h) − 1
lim− = 1, lim+ = −1
h→0 h h→0 h
Logo, f ′ (0) não existe.

(h) Sim. Por exemplo, qualquer reta com inclinação positiva. Ou, uma função com
assíntotas verticais
 em x
 = a e x = b: por exemplo, a função f (x) = tan(x) para o
−π π
intervalo x ∈ − ,
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