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Parte 1

Caro estudante , nesta unidade vamos introduzir novos conceitos, que de alguma forma
estão ligados às unidades precedentes e posteriores.
A introdução de uma nova unidade, não deve significar de forma alguma o distanciamento com
os conceitos precedentes, pois a matemática exige uma combinação contínua de vários
conhecimentos.
Lê com atenção as definições e acompanhe atentamente os exemplos resolvidos, resolva os
mesmos exemplos para verificar o seu grau de assimilação da matéria de cada tópico.
No final da unidade você irá encontrar exercícios propostos que deverá resolver sozinho. O
recurso à consulta da solução deve ser depois de ter tentado sozinho ou em grupo de estudo.

Motivação:
A procura de cortes de cabelo CC, numa determinada barbearia, depende do preço p (em centenas de
meticais) e pode ser representada pela função procura, CC ( p ) = 144 − p 2 . Calcule:
a) A taxa de variação media da procura de cortes de cabelo TVMCC resultante da subida de
preço de p = 6 (600,00 MZN ) para p = 8 (800,00 MZN ) ;
b) A taxa media de variação na procura TVMCC, dada uma pequena alteração no preço a partir
de p = 6 ;
c) A taxa instantânea de variação na procura de cortes de cabelo TVICC em p = 6 .

[Sol.: a) -14; b) −12 − Δ p . Considerando p = 6 , se Δ p = 1 , TVMCC = −12 − (1) = −13


(a procura decresce de 108 para 95 unidades). E, se Δ p = 2 TVMCC = −12 − ( 2) = −14 (a
procura decresce de 108 para 80 unidades, isto é , 28 unidades ou 14 unidades em média por cada
aumento de 100,00 MZN em p ); c) TVICC = −12 ].

Como o estudante pode verificar, a resolução deste exercício para se chegar aos resultados indicados
na solução exige o emprego de conhecimentos adicionais àqueles que até agora foram tratados neste
módulo.
Para o efeito iremos introduzir o conceito de cálculo diferencial cuja compreensão da teoria
colocará o estudante em condições de verificar a solução dada no problema acima, usando este
conceito novo.

1.1. Conceito de derivada. Interpretação geométrica da derivada.


Seja y = f(x) uma função real de variável real definida em ]a, b[ e x0 ∈] a, b[.
A razão
f ( x0 + Δx) − f ( x0 )
(3.1)
Δx
chama-se razão incremental ( ao acréscimo Δx da variável independente correspondente ao
acréscimo f ( x0 + Δx) − f ( x 0 ) da função).
A derivada da função no ponto x0, f ´(x0 ) é o limite, se
existir, da razão incremental quando Δx tende para zero

f ( x0 + Δx ) − f ( x0 )
f ´( x0 ) = lim
Δx → 0
Δx
(3.2)

Geometricamente f ´(x0 ) é o declive da recta

tangente ao gráfico da função no ponto P é a posição Fig1: Interpretação geométrica da derivada de


limite da secante PP’ quando P’ tende para P,
uma função
deslocando-se sobre a curva, como a Fig.1.

Equação da tangente à curva no ponto (x0, y0)

y − y 0 = f ´(x 0 ) . ( x − x 0 ) (3.3)

Equação da normal à curva no ponto (x0, y0)

1
y − y0 = − (x − x0 ) (3.4) Fig2: Recta tangente e recta normal a uma curva
f ′( x0 )

A derivada de uma função num ponto pode ser finita ou infinita.


Uma função diz-se diferenciável num ponto se tiver derivada finita nesse ponto, e diferenciável num
intervalo ]a, b[ se tiver derivada finita em todos os pontos do intervalo.

1
Exemplo: Considere a função f ( x) = :
x−2
a) Calcule a derivada de f no ponto x = 1.
b) Determine a equação da recta tangente e normal à curva f no ponto x = 1

Resolução:
Vamos usar a definição da (3.2) para o cálculo da derivada desta função no ponto dado:
1 1

f ( x 0 + Δx ) − f ( x 0 ) x + Δx − 2 x0 − 2
a) f ´(x0 ) = lim = lim 0 =
Δx → 0 Δx Δx → 0 Δx
x0 − 2 − x0 − Δx + 2 − Δx
= lim = lim =
Δx →0 Δx ( x − 2 )( x + Δx − 2 ) Δx → Δx ( x − 2 )( x + Δx − 2 )
0 0 0 0

−1 1
= lim =−
Δx → 0 (x0 − 2)(x0 + Δx − 2) (x0 − 2)2
1
No ponto x = 1 ⇒ f ' (1) = − = −1
(1 − 2)2
b) - A equação da tangente à curva num ponto (x0, y0) é y − y 0 = f ´(x 0 ) . ( x − x 0 ) , daí

1 1
y 0 = f (1) = = −1 e f ' ( x 0 ) = f ' (1) = − = −1
1− 2 (1 − 2)2
Logo y − (− 1) = − 1. ( x − 1) ⇔ y = − x + 1 − 1 ⇔ y = − x

1
- A equação da normal à curva num ponto (x0, y0) é y − y 0 = − (x − x0 )
f ′( x0 )
y − (− 1) = − (− 1). (x − 1) ⇔ y = x −1 − 1 ⇔ y = x − 2

1.2. Regras de derivação de funções


Como qualquer outra operação matemática, o conceito de derivada de função tem sua regras
que a seguir se apresentam.
Seja u = f(x), z = g(x) , y = h(x) e k uma constante
• Derivada da soma
u = z+ y ⇒ u′ = z′ + y′
• Derivada do produto de uma função por uma constante
u = kz ⇒ u ′ = kz ′
• Derivada de um produto
u = z ⋅ y ⇒ u ′ = z ′y + z y ′
• Derivada de um quociente
z z ′y − z y ′
u= ⇒ u′ =
y y2

1.3. Derivadas de funções elementares


A lista que segue apresenta derivadas de funções elementares que o estudante tem a
obrigação de conhecer e dominar, pois algumas funções mais complexas, são combinação
destas.

i) Se f ( x) = k ⇒ f ′( x) = 0 (k é uma constante)

ii) Se f ( x) = x n ⇒ f ′( x) = nx n − 1

1 1
iii) Se f ( x) = ⇒ f ′( x) = − 2
x x
1
iv) Se f ( x) = x ⇒ f ′( x) =
2 x
v) Se f ( x) = senx ⇒ f ′( x) = cos x
vi) Se f ( x) = cos x ⇒ f ′( x) = − senx
1
vii) Se f ( x) = tgx ⇒ f ′( x) =
cos 2 x
1
viii) Se f ( x) = cot gx ⇒ f ′( x) = −
sen 2 x
ix) Se f ( x) = a x ⇒ f ′( x) = a x ln a , (a > 0 e a ≠ 1)
x) Se f ( x) = e ⇒ f ′( x) = e
x x

1
xi) Se f ( x) = log b x ⇒ f ′( x) = , (b > 0 e b ≠ 1)
x ln b

Exemplos: Calcule a derivada das seguintes funções:


3x + 5
a) f(x) = x + 2 b) g(x) = 2x7 c) h( x) = d) m( x) = e x senx
x −1
Resolução:
Aqui já o cálculo da derivada é com recurso às fórmulas acima apresentadas.
a) f ’(x) = 1 + 0 = 1; b) g’(x) = 2. 7x7-1=14x6

c) h' ( x) =
(3x + 5)' (x −1) − (x −1)' (3x + 5) = 3(x −1) −1(3x + 5) = 3x − 3 − 3x − 5 = − 8
(x −1)2 (x −1)2 (x −1)2 (x −1)2
( )
d) m' ( x) = e x ' senx + e x (senx )' = e x senx + e x cos x = e x (senx + cos x )

1.4. Derivadas de funções compostas

Seja a função composta y = h( x) = ( f o g )( x) = f [g ( x )] ,sendo g derivável em relação a x e f

derivável em relação a g(x), então: h ′( x) = f ′[g ( x )] ⋅ g ′( x) .

dy dy du
Considerando u = g(x) e y = f(u), temos: = ⋅ Chamada regra da cadeia.
dx du dx

Exemplo: Determine a derivada das seguintes funções:


2
+1
a) y = e x b) y = sen( x 3 + 5 x) c) n(x) = ln(3x – 5)

Resolução: Como anteriormente havia referido, as funções aqui apresentadas são uma combinação
das funções elementares cujas derivadas foram tratadas na secção (1.3). As derivadas destes
exercícios são calculadas segundo a regra da derivação de função composta.
2
+1
a) y = e x

⎧ dy u
⎪⎪ y = e → =e
u

du dy dy du dy x 2 + 1 2

⎨ ; = ⋅ , logo =e ⋅ 2 x = 2 xe x + 1
⎪u = x 2 + 1 → du dx du dx dx
= 2x
⎪⎩ dx
b) y = sen( x 3 + 5 x)
⎧ dy
⎪⎪ y = sen u → = cos u
= cos(x 3 + 5 x ) ⋅ (3x 2 + 5) = (3x 2 + 5)cos(x 3 + 5 x ) .
du dy
⎨ ;
⎪u = x 3 + 5 x → du dx
= 3x + 5
2
⎪⎩ dx

1
e) n' ( x ) = (3x − 5)' = 3
3x − 5 3x − 5

1.5. Derivadas de 2a ordem e de ordem superior

Seja y = f(x) uma função diferenciável de x. Chamemos sua derivada de primeira a derivada da
função (ou derivada primeira). Se a derivada primeira for deferenciável, sua derivada é chamada
d2y
derivada segunda da função original e é denotada por um dos símbolos , y ′′ ou f ′′(x) .
dx 2
Por sua vez, a derivada da derivada segunda é chamada derivada terceira da função e é denotada por
d3y
um dos símbolos , y ′′′ ou f ′′′(x) . E assim em diante.
dx 3
N.B. A derivada de uma função de uma dada ordem em um ponto pode existir somente quando a
função e todas as derivadas de ordem menor são diferenciáveis neste ponto.

Exemplo: Determine a derivada quarta da seguinte função: y = x 3 − 2 x 2 + 7 x + 18

dy d2y d3y d4y


= 3x 2 − 4 x + 7 ; = 6x − 4 ; =6 ; =0
dx dx 2 dx 3 dx 4
Obs: Todas as derivadas de ordem superior a 4 existem e são nulas.

1.6. Derivadas implícitas

Uma equação f(x,y) = 0, em geral, define y implicitamente como função de x em algum intervalo.
1− x
Por exemplo a equação xy + x – 2y -1 = 0, com x ≠ 2, define a função y = .
x−2
A derivada y’ pode ser obtida por um dos seguintes processos:
1. Resolvendo, quando possível, a equação explicitando y e derivando com relação a x.
2. Pensando em y como a função de x, derivando ambos os lados da equação com relação a x e
então resolvendo a relação obtida explicitando y’. Este processo de diferenciação é conhecido
como derivação implícita.

Exemplo: Determine y’ se a) xy + x – 2y -1 = 0 b) x 2 + y 3 + seny + 5 x 3 . = 0

Resolução:
a) xy + x – 2y -1 = 0
d d d d d d
Temos, x ( y ) + y ( x) + ( x) − 2 ( y ) − (1) = (0)
dx dx dx dx dx dx
1+ y
ou xy′ + y + 1 − 2 y′ = 0 ; logo y ' = .
2− x
Analogamente podemos calcular derivadas de ordem superior

(2 − x )⎛⎜ 1 + y ⎞⎟ + 1 + y
d d ⎛ 1 + y ⎞ (2 − x ) y '+1 + y ⎝2− x⎠ 2 + 2y
Então ( y' ) = y' ' = ⎜ ⎟= = =
dx dx ⎝ 2 − x ⎠ (2 − x) 2 (2 − x) 2 (2 − x) 2
O segundo método é derivar implicitamente ambos os lados da equação dada quantas vezes forem
necessárias para produzir a ordem requerida de derivação e eliminar todas as derivadas de ordem
inferior. Esse procedimento é recomendado somente quando é pedido o cálculo de uma derivada de
ordem superior em um dado ponto especifico.

b) x 2 + y 3 + seny + 5 x 3 = 0

2 x + 3 y 2 y ′ + cos y ⋅ y ′ + 15 x 2 = 0 ⇔ ( )
y ′ 3 y 2 + cos y = − 2 x − 15 x 2 ⇔
2 x + 15 x 2
y′ = −
( 3 y 2 + cos y )

1.7. Derivação Logarítmica

Se uma função diferencial y = f(x) for um produto e/ou quociente de vários factores, o processo de
d d
derivação poderá ser simplificado com o uso do logaritimo natural: ( y ) = y (ln y )
dx dx
Por exemplo y = (x2+2) 3 (1-x3) 4
ln y = ln( x 2 + 2) 3 (1 − x 3 ) 4 = 3 ln( x 2 + 2) + 4 ln(1 − x 3 )
⎛ 6x 12 x 2 ⎞
y' = y
d
[ ]
3 ln( x 2 + 2) + 4 ln(1 − x 3 ) = ( x 2 + x) 3 (1 − x 3 ) 4 ⎜⎜ 2 − ⎟
3 ⎟
dx ⎝ x + 2 1− x ⎠
y ′ = 6 x( x 2 + 2) 2 (1 − x 3 ) 3 (1 − 4 x − 3 x 3 )

1.8. Diferencial
dy
Interpretação de como um Quociente diferencial.
dx
dy
Até aqui, tem sido visto como uma simples notação para a derivada da função y = f(x).
dx
dy
O que faremos a seguir é interpretar como um quociente entre dois acréscimos. Inicialmente,
dx
vamos olhar para dx como um acréscimo em x e, em seguida, procuraremos uma interpretação para
o acréscimo dy.
Sabemos que f '(x) é o coeficiente angular da recta tangente t, no ponto (x, f(x)), e que
dy
= f ′(x) . Se observarmos, então, para dy como acréscimo na ordenada da reta tangente t,
dx
dy
correspondente ao acréscimo dx em x, teremos = f ′(x) .
dx
Observe pelo gráfico da Fig.3. sobre a interpretação geométrica de derivada que:

Δy = f ( x + dx) − f ( x) é o
acréscimo que a função sofre
quando se passa de x a x+ dx. O
acréscimo dy pode então ser
visto como um valor
aproximado para Δy ;
evidentemente, o erro Δy − dy
que se comete na aproximação
de Δy por
dy será tanto menor quanto Fig3: Interpretação geométrica do diferencial
menor for dx.

Definição: Seja f(x) uma função e sejam x e y , variáveis e relacionadas por y = f(x) . Então a
diferencial dx é um número qualquer do domínio de f(x) para o qual f '(x) existe , a diferencial de dy
é definida por dy = f '( x )dx

Exemplo: Se y = f(x) = x2 -5x +7 , achar dy .

Solução: f '(x) = 2x -5 ⇒ dy = (2x -5 )dx

Deve observar-se a diferença entre a diferencial dx da variável independente x e a diferencial dy da


variável dependente y . Pois, dx pode assumir qualquer valor, mas o valor de dy depende de x , dx ,
f(x) e, por tanto, de f '(x) .

Interpretação geométrica de dy comparando-o a Δy

Aqui, supõe-se que f(x) é diferenciável em x1 e toma-se dx = Δx , representa-se Δx como um


incremento no valor x1 até x1 + Δx1 e Δy será variação correspondente em y1, isto é, y2 = y1 + Δy .
Entretanto, desde que f '(x) é o coeficiente angular da recta tangente ao gráfico de f(x) em (x1,f(x1 )),
isto é, (x1 ,y1 ), segue-se que dy = f '(x)dx será o incremento correspondente no valor de y , seguindo-
se a direcção da tangente.
Recta tangente t ao ponto P= (x1, y1) da função f(x) e recta secante s que passa por
P= (x1 , y1 ) e Q = (x1 + Δx ,y1 + Δy ) da função f(x) .

Na Fig.3., tem-se que o incremento da função y = f(x) que é dada por Δy = f ( x + Δx ) − f ( x )

Note que quando se dá o incremento Δx , o ponto P desloca-se para Q , e observe que no ponto P
passa uma recta tangente t, enquanto por P e Q , passa uma recta secante s. Aplicando o conceito de
limite, quando Δx tende para zero ( Δx → 0 ) , o ponto Q tende para o ponto P , e a recta secante
tende para a recta tangente em P , o acréscimo Δy tende para a diferencial dy e Δx tende para a
diferencial dx .
Assim,
Δy
dy = lim Δy = lim [ f ( x + Δx ) − f ( x ) ] ; dy = lim Δy = lim ⋅ Δx = y ′dx
Δx → 0 Δx → 0 Δx → 0 Δx → 0 Δx
ou finalmente dy = y ′dx = f ′( x )dx

A expressão acima é a própria definição de diferencial, e pela Figura observa-se que quanto menor
for Δx , menor será a diferença entre o acréscimo Δy e a diferencial dy .

Assim, a diferencial de uma função é obtida pelo produto da derivada da função pela diferencial da
variável de derivação, como mostram os seguintes exemplos.

Função Derivada Diferencial

y = f (x) dy dy = f ′( x)dx
y ′ = f ′( x) =
dx

y = h(t ) dy dy = h′(t )dt = dh


y ′ = h ′(t ) =
dt

Da figura fica claro que dy pode ser considerado uma boa aproximação de Δy desde que dx = Δx e
Δy dy
que Δx seja suficientemente pequeno. A razão → f ′(x) quando Δx → 0 que difere de
Δx dx
por um número extremamente pequeno α, donde
Δy dy ⎛ dy ⎞ dy
= + α ⇒ Δy = ⎜ + α ⎟Δx ⇒ Δy = Δx + αΔx
Δx dx ⎝ dx ⎠ dx
Δy dy ⎛ dy ⎞ ⎛ dy ⎞
= + α ⇒ Δy = ⎜ + α ⎟Δx ⇒ lim Δy = lim ⎜ Δx + αΔx ⎟
Δx dx ⎝ dx ⎠ Δx → 0 Δx → 0
⎝ dx ⎠
dx + lim ( αΔx ) = dx
dy dy
⇒ dy =
dx Δ → 0
14243 dx
x

=0
dy ⎫
dy = dx ⇒ dy = f ′( x)dx ⎪
dx ⎬ ⇒ Δy ≈ dy
Δy = f (x + Δx ) − f ( x) ⎪⎭

Assim f ( x + Δx) − f ( x) ≈ f ′( x ) dx

Observação: A diferencial pode ser usada para efectuar cálculos aproximados.

Exemplo:

1. Calcular a raiz y = f (x)= 3x2- 2x + 4, para x1 =1, dx = Δx = 0,02

a) Calcular Δy = f ( x1 + Δx) − f ( x1 ) exactamente.

b) Fazer uma estimativa de Δy , usando dy = f ′( x)dx .


c) Determinar o erro ε = Δy − dy
Resolução:

[ ]( )
a) Δy = f (x1 + Δx) − f (x1) = f (1+ 0,02) − f (1) = f (1,02) − f (1) = 3(1,02) − 2.1,02+ 4 − 3.12 − 2.1+ 4
2

Δy = 5,0812 − 5 = 0,0812

b) dy = f ′( x)dx

f ′( x) = 6 x − 2 ⇒ dy = (6 x − 2 )dx
dy = f ′(1)dx = (6 ⋅ 1 − 2 )0.02 = 0,08

c) ε = Δy − dy = 0,0812 − 0,08 = 0,0012

2. Usar diferenciais para estimar 35 .

Para isso toma-se a raiz conhecida mais próxima como referência, ou seja, 36 = 6 e faz-se

y = 36 ⇒ dx = Δx =35 -36 = -1; consideremos a função y = f ( x) = x e x1 =36

35 = 36 + Δy ≈ 6 + f ′( x)dx
1 1 1 1
f ′( x) = ⇒ f ( x1 ) = ⇒ Δy ≅ dy = (−1) = − = −0,08333...
2 x 2 36 2 36 12

Então: 35 ≈ 6 + (− 0,08333) = 5,91666...


1.9. Aplicação das derivadas

1.9.1 Regra de L’Hôspital


Teorema: (Regra de L’Hôspital-Bernoulli) Se f(x) e ϕ(x) são infinitamente pequenas, ou
f ( x)
infinitamente grandes, quando x → a, isto é, se a razão representa no ponto x = a uma
ϕ ( x)
0 ∞ f ( x) f ′( x)
expressão indeterminada da forma e teremos, que: lim = lim com a condição de
0 ∞ x → a g ( x) x → a g ′( x)
que exista o limite desta razão das derivadas.

Obs. Esta regra é também, aplicável no caso em que a = ∞.

sen3x e x − e−x − 2x ⎛ 1 1 ⎞
Exemplo: Determine: a) lim b) lim c) lim⎜ − 2⎟
x→0 2x x→0 x − senx ⎝
2
x → 0 sen x x ⎠
Resolução:
sen3 x ⎡ 0 ⎤ sen3 x 3 cos 3x 3
a) lim =⎢ ⎥; usando a regra de L’Hôspital teremos lim = lim =
x→0 2x ⎣0⎦ x→0 2x x→0 2 2
e x − e −x − 2x ⎡ 0 ⎤
b) lim =⎢ ⎥
x→0 x − senx ⎣0⎦
e x − e−x − 2x e x + e−x − 2 ⎡0 ⎤ e x − e−x ⎡0⎤ e x + e−x
lim = lim = ⎢ ⎥ = lim = ⎢ ⎥ = lim =2
x→0 x − senx x → 0 1 − cos x
⎣ 0 ⎦ x → 0 senx ⎣ 0 ⎦ x → 0 cos x

⎛ 1 1 ⎞
c) lim⎜ 2
− 2 ⎟ = [∞ − ∞] , Reduzindo a fracção a um denominador comum, teremos:

x → 0 sen x x ⎠

⎛ x 2 − sen 2 x ⎞ ⎡0⎤ 2 x − 2 senx cos x ⎡0⎤ 2 x − sen2 x


lim⎜⎜ 2 ⎟⎟ = ⎢ ⎥ = lim = ⎢ ⎥ = lim =
⎠ ⎣ 0 ⎦ x → 0 2 xsen x + x 2 senx cos x ⎣ 0 ⎦ x → 0 2 xsen x + x sen2 x
x→0 2 2 2 2 2
⎝ x sen x
2 − 2 cos 2 x ⎡0⎤
= lim =⎢ ⎥=
x → 0 2 sen x + 2 x 2 senx cos + 2 xsen 2 x + 2 x cos x
2 2
⎣0⎦
2 − 2 cos 2 x
lim =
x → 0 2 sen x + 4 xsen 2 x + 2 x 2 cos x
2

4sen2 x ⎡0⎤
lim =⎢ ⎥=
x → 0 4 senx cos x + 4 sen 2 x + 8 x cos x + 4 x cos x − 2 x senx
2
⎣0⎦
8 cos 2 x 8 1
= lim = =
x→0 4 cos 2 x + 8 cos 2 x + 8 cos x − 8 xsenx + 4 cos x − 4 xsenx − 4 xsenx − 2 x cos x 4 + 8 + 8 + 4 3
2

1.9.2. Intervalos de monotonia e primeira derivada de uma função

Teorema
Seja f uma função contínua em [a, b] e derivável em ]a, b[ .
• Se f’(x) > 0 para todo o intervalo x ∈ ]a, b[, então f é estritamente crescente em [a, b].
• Se f’(x) < 0 para todo o intervalo x ∈ ]a, b[, então f é estritamente decrescente em [a, b].

1.9.3. Extremos relativos e primeira derivada de uma função

Teorema
Se uma função f é contínua num intervalo fechado [a, b] e tem um máximo ou um mínimo em c∈]a,
b[ , então f’(c) = 0 ou f’(c) não existe.

Definição: Um número c do domínio de uma função f é um ponto crítico de f se f’(c) = 0 ou f’(c) não
existe.

Seja c um ponto crítico de f e f contínua em c:


• Se f ’(x) muda de sinal de positiva para negativa em c, então f(c) é um máximo relativo.
• Se f ’(x) muda de sinal de negativa para positiva em c, então f(c) é um mínimo relativo.

1.9.4. Extremos relativos e segunda derivada de uma função

Seja y = f(x) uma função cuja a derivada se anula no ponto x = c, isto é, f ’(c) = 0. Suponhamos,
aleém disso que a derivada segunda f ’’(x) existe e é contínua numa vizinhança do ponto c.
Teorema : Seja f ’(c) = 0; então a função tem um máximo no ponto x = c se f ′′(c ) < 0 , e um
mínimo se f ′′(c ) > 0 .

• Se no ponto crítico, x = c, f ′′(c ) = 0 , a função pode admitir neste ponto um máximo ou um


mínimo, ou não ter extremo neste ponto. Neste caso o estudo deverá ser feito segundo o primeiro
método.

1.9.5. Concavidade e segunda derivada

Se a segunda derivada f ′′ de f existe num intervalo aberto ]a, b[ então o gráfico de f:

• Tem a concavidade voltada para cima no intervalo ]a, b[ se f ′′ > 0 neste intervalo;
• Tem a concavidade voltada para baixo no intervalo ]a, b[ se f ′′ < 0 neste intervalo;

Definição: Chama-se ponto de inflexão ao ponto que separa a parte convexa duma curva contínua da
sua parte côncava.

Teorema
Seja f uma função contínua em [a, b] e derivável em ]a, b[.
Se f ′′(c ) = 0 ou f ′′(c ) não existe e a segunda derivada muda de sinal passando pelo valor x = c, o
ponto (c, f(c)) é um ponto de inflexão.

1.9.6. Assimptotas
Definição: A recta r chama-se assimptota duma curva, se a distância δ dum ponto variável M da
curva a esta recta tende para zero, quando o ponto M tende para infinito, como ilustram as seguintes
figuras.

1. Resulta da definição de assimptota que se lim+ f ( x) = ∞ ou lim− f ( x) = ∞ , ou lim f ( x) = ∞


x→a x→a x→a

então a recta x = a é uma assimptota vertical.

2. A existência de assímptotas não verticais depende do comportamento da função quando


x → + ∞ ou quando x → - ∞.
f ( x)
• Se a recta y = mx + b é assimptota não vertical quando x → + ∞, vem: m = lim
x → +∞ x
e b = lim [ f ( x) − mx ] .
x → +∞

f ( x)
• Se a recta y = mx + b é assimptota não vertical quando x → - ∞, vem: m = lim
x → −∞ x
e b = lim [ f ( x) − mx ] .
x → −∞

• Se m = 0 e b∈ IR, a recta é horizontal.

N.B. Uma assimptota não vertical pode ser intersectada pelo gráfico da função.

1.9.7. Estudo e representação gráfica de funções

A representação gráfica de uma função permite a leitura rápida de todas as suas características.

Para construir o gráfico de uma função é conveniente previamente determinar:


1. o domínio;
2. os pontos de intersecção com os eixos;;
3. os pontos de descontinuidade;
4. as simetrias do gráfico (em relação á origem e ao eixo dos y y);
5. as assimptotas do gráfico;
6. os intervalos de crescimento e decrescimento; os máximos e mínimos relativos;
7. o sentido da concavidade do gráfico; os pontos de inflexão.
Por vezes é ainda necessário calcular as coordenadas de mais alguns pontos do gráficos.

Exemplos:
Esboce o gráfico de cada uma das seguintes funções, indicando:
i) domínio;
ii) os zeros da função;
iii) os pontos de descontinuidade e as assímptotas;
iv) os extremos e intervalos de monotonia;
v) concavidade e pontos de inflexão.

6x2 − x4 2 x2 + 5
a) f ( x) = b) g ( x) = c) h( x) =
9 x −1 x

Resolução:

6x2 − x4
a) f ( x) =
9
i) A função f é polinomial e portanto o Df = R.

6x2 − x4
ii) f ( x) = = 0 ⇒ 6 x 2 − x 4 = 0 ⇔ x 2 (6 − x 2 ) = 0 ⇔ x 2 = 0 ∨ 6 − x 2 ⇔
9
⇔ x = 0 ∨ x = ± 6 ⇔ x1 = − 6 ∨ x2 = 0 ∨ x3 = 6

{
S: − 6 ; 0 ; 6 }
iii) A função f é polinomial e portanto contínua em R, isto é, não tem pontos de
descontinuidades nem assímptotas verticais.

6x2 − x4
lim f ( x) = lim = − ∞ , Isto é, não tem assímptotas horizontais
x→±∞ x→±∞ 9

'
⎛ 6 x 2 − x 4 ⎞ 12 x − 4 x 3
iv) f ' ( x) = ⎜⎜ ⎟⎟ =
⎝ 9 ⎠ 9

12 x − 4 x 3
f ' ( x) = 0 ⇒
9
( )
= 0 ⇔ 4x 3 − x2 = 0 ⇔ 4x = 0 ∨ 3 − x2 = 0 ⇔

⇔ x = 0 ∨ x = ± 3 ⇔ x1 = − 3 ∨ x2 = 0 ∨ x3 = 3
x -∞ − 3 0 3 +∞

f´ + 0 - 0 + 0 -

f max min max

f (− 3 ) =
(
6− 3 − − 3 ) (
2
)
4

=
18 − 9
=1 Máximo; f (0) = 0 Mínimo
9 9

f ( 3) =
6 3 − ( ) ( 3)2 4

=
18 − 9
= 1 Máximo
9 9
'
⎛ 12 x − 4 x 3 ⎞ 12 − 12 x 2
v) f ' ' ( x) = ⎜⎜ ⎟⎟ =
⎝ 9 ⎠ 9

12 − 12 x 2
f ' ' ( x) = 0 ⇒ = 0 ⇔ 12 − 12 x 2 = 0 ⇔ x = ± 1
9

x -∞ -1 1 +∞

f ´´ - 0 + 0 -

f P.I. P.I.

6(− 1) − (− 1)
2 4
6 −1 5
f (−1) = = = Ponto de inflexão
9 9 9
6 ⋅ 12 − 14 6 − 1 5
f (1) = = = Ponto de inflexão
9 9 9

O gráfico de f

2
b) g ( x) =
x −1
2
i) Df = R\ {1}. ii) g ( x) = = 0 ⇒ 2 = 0 impossível, logo a função não tem zeros
x −1
iii) A função g não é contínua em x = 1, isto é, tem um ponto de descontinuidades no ponto
de abcissa x = 1.

Assímptotas:
Verticais:
2 ⎫
lim− g ( x) = lim− = − ∞⎪
x →1 x → 1 x −1 ⎪
⎬ ⇒ x =1 é Assímptota vertical
2
lim g ( x) = lim+ = + ∞⎪
x → 1+ x → 1 x −1 ⎪⎭
Horizontal
2
lim g ( x) = lim = 0 ⇒ y = 0 é assímptota horizontal
x→±∞ x→±∞ x −1

⎛ 2 ⎞
'
2 x -∞ 1 +∞
iv) g ' ( x) = ⎜⎜ ⎟⎟ = −
⎝ x −1 ⎠ (x − 1)2 g´ - n.e. -
2 n.e.
g ' ( x) = 0 ⇒ − = 0 ⇔ 2 = 0 Imp. g
(x −1)2

A função g não admite extremos, isto é não tem máximos nem mínimos.


' x -∞ 1 +∞
2 ⎤ 4
v) g ' ' ( x) = ⎢− 2 ⎥
=
⎣ ( x − 1) ⎦ (x −1)3 f ´´ - n.e. +

4 f n.e.
g ' ' ( x) = 0 ⇒ =0 ⇔4 = 0
(x −1) 3

Impossível.

O gráfico.
x2 + 5
c) h( x) =
x

x2 + 5
i) Df = R\ {0}. ii) h( x) = = 0 ⇒ x 2 + 5 = 0 impossível, logo a função não tem zeros
x
Assímptotas:
a) Verticais:

x2 +5 ⎫
lim− h( x) = lim− = − ∞⎪
x→0 x →1 x ⎪
⎬ ⇒ x = 0 é Assímptota vertical
x +5
2
lim h( x) = lim+ =+∞ ⎪
x → 0+ x→ 1 x ⎪⎭

b) Horizontal:
x2 +5
lim h( x) = lim = ± ∞ . Não tem assímptota horizontal
x→±∞ x→±∞ x

x2 + 5
h( x ) x x2 + 5
c) Oblíqua: m = lim = lim = lim =1
x→+∞ x x→+∞ x x → +∞ x2

⎛ x2 +5 ⎞ x2 +5 − x2
b = lim [h( x) − mx] = lim ⎜⎜ − x ⎟⎟ = lim =0
x→+∞ x→+∞
⎝ x ⎠ x → +∞ x
Logo y = x é assímptota oblíqua.
'
⎛ x2 + 5 ⎞ x2 −5 x2 −5
iv) h' ( x) = ⎜⎜ ⎟⎟ = 2 ; h' ( x ) = 0 ⇒ =0⇔ x = − 5 ∨ x = 5
⎝ x ⎠ x x2

x -∞ − 5 0 5 +∞

h´ + 0 - n.e. - 0 -

h −2 5 n.e. 2 5
Máx. Min.

( )
h − 5 = − 2 5 é um máximo; ( )
h 5 = 2 5 é um mínimo
'
⎡ x2 − 5⎤ 10
v) h' ' ( x) = ⎢ 2 ⎥ = 3
⎣ x ⎦ x
10
h' ' ( x ) = 0 ⇒ = 0 ⇔ 10 = 0 igualdade falsa, logo a segunda derivada não é possível de
x3
resolver
x -∞ 0 +∞

h´´ - n.e. +

h n.e.

A função não tem ponto de inflexão

O gráfico.

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