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Universidade Federal Fluminense

Matemática II

Maria Emilia Neves Cardoso

Notas de aula - 2º semestre de 2013


Capítulo 1 – Integral

1.1 – Diferenciais
dy
Introduzimos anteriormente, a notação para a derivada de y em relação a x, mas em
dx
alguns problemas é útil interpretar dy e dx separadamente. Nesse contexto, dy é denominado a
diferencial de y e dx é a diferencial de x. As diferenciais são utilizadas, por exemplo, em
aplicações do cálculo integral e para aproximar variações da variável dependente, associadas com
pequenas variações da variável independente.

Seja y = f(x) onde f é uma função real. Se x varia de x 1 a x2, a diferença x2 – x1 é chamada
de acréscimo (ou incremento) de x e denotada por ∆x. Assim,

∆x = x2 – x1

A variação de x origina um correspondente acréscimo de y denotado por ∆y, isto é:

∆y = f(x2) – f(x1)

E como x2 = x1 + ∆x, também podemos escrever:

∆y = f(x1 + ∆x) – f(x1) (1)

O gráfico da figura ao lado mostra um caso em que ∆x e ∆y


são positivos, mas ∆x pode ser positivo ou negativo, e ∆y pode ser
positivo, negativo ou zero.

Exemplo 1: Seja f(x) = x3

a) Determine ∆x quando x varia de 3 para 3,2

b) Determine ∆x quando x varia de 3 para 2,7

c) Determine ∆y quando x varia de 2 para 2,01

d) Determine ∆y quando x varia de 2 para 1,98

Definição: Seja y = f(x) onde f é uma função real derivável e seja ∆x um acréscimo de x.

a) A diferencial dx da variável independente x é definida por dx = ∆x

b) A diferencial dy da variável dependente y é definida por dy = f (x)dx

dy dy
Por essa definição, podemos escrever que = f (x) e assim, a notação já usada como
dx dx
um símbolo para a derivada pode ser considerada um quociente entre duas diferenciais.

Exemplo 2: Seja y = x3
1
a) Determine dy para x = 2 e dx = 0,01

b) Determine dy para x = 2 e dx = – 0,02

Exemplo 3: Dado y = 4x2 – 3x + 1, determine ∆y, dy e ∆y – dy para:

a) qualquer x e ∆x b) x = 2 e ∆x = 0,1

c) x = 2 e ∆x = 0,01 d) x = 2 e ∆x = 0,001

Os resultados dos itens (b), (c) e (d) estão na tabela abaixo.

x ∆x ∆y dy ∆y – dy
2 0,1 1,34 1,3 0,04
2 0,01 0,1304 0,13 0,0004
2 0,001 0,013004 0,013 0,000004

Note, que quanto mais próximo de zero está ∆x, menor é a diferença entre ∆y e dy.

Interpretação geométrica de dy

A figura abaixo representa o gráfico de uma função derivável y = f(x).

O acréscimo ∆x que define a diferencial dx está geometricamente representado pela medida


do segmento PM. O acréscimo ∆y está representado pela medida do segmento MQ.

A reta t é tangente à curva no ponto P. Esta reta corta a reta x = x 2 no ponto R, formando o
triângulo retângulo PMR. O coeficiente angular desta reta t é dado por f (x1) ou tg .

MR
Observando o triângulo PMR, podemos dizer que f (x1) = tg  =
PM

onde MR e PM são, respectivamente, as medidas dos segmentos MR e PM.

dy dy MR
Usando o fato de que f (x1) = , temos daí que =
dx dx PM

Então, como PM = dx, concluímos que dy = MR .

2
No exemplo 3 e na figura anterior, fica claro que dy é uma boa aproximação para ∆y desde
que ∆x seja “pequeno”, isto é, se ∆x  0 então ∆y  dy.

Além disso, por (1), f(x1 + ∆x) = f(x1) + ∆y

Podemos então concluir que se f é derivável em x1 e ∆x  0

f(x1 + ∆x)  f(x1) + dy ou f(x1 + ∆x)  f(x1) + f (x1)dx

Este resultado é útil em aplicações onde se deseja apenas uma estimativa da variação de y.

Exemplo 4: Seja f(x) = 3x2 + 5x + 10. Use diferenciais para fazer uma estimativa do valor
de f(2,01)

Exemplo 5: Seja f(x) = 4x5 – 6x4 + 3x2 – 5. Use diferenciais para achar um valor
aproximado para f(0,97).

3
Exemplo 6: Calcule um valor aproximado para 65,5 usando diferenciais

dy
Observação: Todas as fórmulas que fornecem a derivada podem ser convertidas em
dx
fórmulas que dão a diferencial dy. Na lista abaixo, apresentamos algumas das fórmulas básicas para
diferenciais.

Sejam u e v funções deriváveis em x, c um número real qualquer e r um número racional


qualquer.

1) dc = 0

2) d(u + v) = du + dv

3) d(c.u) = c.du

4) d(u.v) = udv + vdu

5) d(ur) = r.ur – 1.du

 u  vdu  udv
6) d   =
v v2

3
Exercícios – lista 1

1) Sendo f(x) = 4x2 – 3x + 1, use diferenciais para achar um valor aproximado para f(2,1)

2) Sendo f(x) = x4, use diferenciais para achar um valor aproximado para f(0,95)

3) Estime a variação da função f(x) = x2 – 3x + 5 quando x varia de 5 para 5,3

x
4) Estime a variação da função f(x) =  3 quando x varia de 4 para 3,8.
x 1

5) Use diferenciais para encontrar um valor aproximado para 101

6) Use diferenciais para encontrar um valor aproximado para 3,95

7) Use diferenciais para encontrar um valor aproximado para 4 17

8) Seja y = 3x2 – 5. Se x varia de 2 para 2,1, determine os valores de ∆y e dy.

9) Determine os valores de ∆y e dy sendo y = 2x2 – 4x + 5, x = 2 e ∆x = – 0,2

10) Suponha que f(50) = 5.000 e f (50) = 45. Faça uma estimativa do valor de f(52)

11) Suponha que f(100) = 200 e f (100) = 10. Faça uma estimativa de:
a) f(100,5) b) f(99,75)

12) Suponha que y = 6x2 – 4, x = 2 e ∆x = 0,001.


a) Faça uma estimativa de ∆y usando diferenciais.
b) Determine o erro cometido nessa aproximação

Respostas:

1) 12,3 2) 0,8

3) 2,1 4) – 0,008

5) 10,05 6) 1,9875

7) 2,031 8) ∆y = 1,23 e dy = 1,2

9) ∆y = – 0,72 e dy = – 0,8 10) 5.090

11) a) 205 b) 197,5 12) a) ∆y  0,024 b) 0,000006

4
1.2 – Antiderivada – Integral Indefinida

Na maioria dos exemplos e problemas estudados até agora, começamos com uma função
dada e calculamos a derivada para obter informações a respeito da função. Em muitas situações, no
entanto, o problema é o inverso: conhecemos a derivada e estamos interessados em determinar a
função. Isso acontece, por exemplo, quando sabemos a taxa com a qual uma população está
aumentando e queremos calcular qual será a população em um determinado instante futuro. A
função encontrada nesse problema é uma antiderivada.

Definição 1: Uma função g é uma antiderivada (ou primitiva) de uma função f em um


intervalo I se g(x) = f(x) para todo x em I.

Exemplos:

1) g(x) = x3 + 2x é uma antiderivada de f(x) = 3x2 + 2, pois g(x) = 3x2 + 2 = f(x).

1
2) g1(x) = 2, g2(x) = – e g3(x) = 2 são antiderivadas de f(x) = 0, pois, a derivada de qualquer
7
função constante é zero. De modo geral, se f é uma função tal que f (x) = 0 para todo x em um
intervalo I, então existe um número real k tal que f(x) = k para todo x em I.

3) g(x) = x2 é uma antiderivada de f(x) = 2x, pois g(x) = 2x = f(x).

1
4) g1(x) = x2 + 2, g2(x) = x2 – e g3(x) = x2 + 2 também são antiderivadas de f(x) = 2x
7

Uma diferença importante entre a derivada e a antiderivada é o fato de que a antiderivada de


uma função não é única. Em geral, se uma função g é uma antiderivada de uma função f em um
intervalo I e se h(x) = g(x) + C onde C é uma constante arbitrária, então h também é uma
antiderivada de f no intervalo I.

Por esse processo, obtemos todas as possíveis antiderivadas de f(x) e podemos estabelecer o
seguinte resultado:

Teorema: Seja g uma antiderivada de f em um intervalo I.


Se h é uma outra antiderivada de f em I então existe uma constante C tal que h(x) = g(x) + C.

Portanto, quando encontramos uma antiderivada g de uma função


f, temos uma família infinita de antiderivadas de f.

Para f(x) = 2x, por exemplo, existe uma família de antiderivadas


da forma g(x) = x2 + C onde C é uma constante arbitrária.

Geometricamente, o gráfico de qualquer antiderivada de f(x) = 2x


é obtido deslocando verticalmente o gráfico de g(x) = x2.

5
Ao considerarmos todas as antiderivadas de uma dada função é conveniente introduzirmos
uma nova terminologia e uma nova notação, como se segue.

Definição 2: Seja f(x) uma função dada. A integral indefinida de f(x), representada por
 f(x)dx é a família de todas as antiderivadas de f(x). Se g(x) é uma das antiderivadas de f(x) e C é
uma constante arbitrária,
 f(x) dx = g(x) + C
De acordo com essa definição, o símbolo  é o sinal de integral; f(x) é a função
integrando; f(x)dx é o integrando e C é a constante de integração.

Daremos razões, mais adiante, para o uso da diferencial dx que aparece no integrando. No
momento vamos considerar que o símbolo dx indica que a antiderivada deve ser calculada em
relação à variável x.

O processo que permite achar a integral indefinida de uma função é chamado de integração
indefinida ou antiderivação.

Exemplos:

1)  (3x 2 + 2) dx = x3 + 2x + C 2)  2x dx = x2 + C

Dizer que g(x) é uma antiderivada de f(x) equivale a dizer que f(x) é a derivada de g(x), mas
agora pensamos em f(x) como a função dada e em g(x) como a função a ser encontrada.

A ligação que existe entre a derivação e a antiderivação permite usar as regras já conhecidas
de derivação para obter regras correspondentes para antiderivação.

Regras básicas de antiderivação

1)  (f(x)  g(x)) dx =  f(x) dx +  g(x) dx


2) Se a é um número real então  a f(x) dx = a  f(x) dx

3)  dx = x+C

x n 1
4) Se n  Q e n  – 1 então  x n dx =
n 1
+C

dx
 x
1
5) = dx = ln x+ C
x

6)  ex dx = ex + C

Observação: A regra 1 pode ser estendida a qualquer número finito de parcelas.

6
Exemplos:

1)  7 dx

 (x  5) dx
2
2)

 (5x  4x  5  4) dx
3
3)

 5 
4)   6x  6 x  dx
x6 

 (3x  2)
2
5) dx

 (x  5)(8x  3) dx
2
6)

x2  4
7)  x2
dx

3x 4  5x 2  2
8)  x2
dx

2x 7  5x 3  4x 2  6x
9)  2x 3
dx

 1 3 
10)   2x 
x
 5 3 x 2  dx

7
Exercícios - lista 2

Use as regras básicas para calcular as integrais abaixo:

1)  (3x 2  4x  5) dx 2)  (x 3  3x 2 + 2x  4) dx

3)  (2x 3  4x 2  5x + 6) dx 4)  (2x3 – 1)(x2 + 5) dx

5)  (3x 2  5 x + 2) dx 6)  (4x 2 + 3) 2 dx

7)  (x 2 + 3x + x  2 ) dx 8)  (3x  2 + 5x  4 ) dx

9)  (25x 3  1)x  1 / 2 dx 10)  x7  5 4


x  dx
x 3  2x  7
  3x 
 6x  4x  1 dx
2
11) dx 12)
x

3x 5  x 4  7x 3  4x 9x 4  4x 3  5x 2  2x  1
13)  x3
dx 14)  x2
dx

Respostas:

x4
1) x3 – 2x2 – 5x + C 2) – x3 + x2 – 4x + C
4

x 4 4x 3 5x 2 x 6 5x 4 x 3
3) – – + 6x + C 4) + – – 5x + C
2 3 2 3 2 3

10 3 / 2
3 16x 5
5) x – x + 2x + C 6) + 8x3 + 9x + C
3 5

x3 3x 2 5 –3
7) + – x –1 + C 8) – 3x – 1 – x +C
3 2 3

50 7 / 2 2 9/2
9) x – 2x 1 / 2 + C 10) x + 4x5 / 4 + C
7 9

1 3
11) x + 2x – 7 lnx + C 12) x3 – 3x2 + 4 lnx + C
3

x2
13) x3 – + 7x – 4x – 1
+C 14) 3x3 – 2x2 + 5x – 2 lnx + x – 1 + C
2

8
1.3 – Integração por Substituição

Muitas antiderivadas não podem ser encontradas, ou são muito trabalhosas, aplicando-se
apenas as regras básicas. No entanto, algumas vezes é possível encontrar uma antiderivada
utilizando-se essas regras após mudar a variável.

10
 x(x  7) dx usando somente as regras básicas, é
2
Para calcularmos, por exemplo,
necessário expandir (x2 + 7)10, multiplicar por x e então antiderivar a expressão resultante termo a
termo (o que seria bastante trabalhoso).

Existe uma maneira simples de resolver esse problema, mudando a variável. Observe que se
1
u = x2 + 7, então, du = 2xdx ou xdx = du .
2

10 10 10 1 1 10 1 u11 u11
 x(x  7) dx =  (x  7) xdx =  u du =  u du = C
2 2
Então =
2 2 2 11 22

Substituindo u por x2 + 7 na última expressão temos nosso resultado:

10 (x 2  7)11
 x(x  7) dx =  C
2

22

O desenvolvimento acima se baseia na regra da cadeia para derivadas e é chamado de


integração por substituição ou integração por mudança de variável.

A justificativa desse método é dada pelo teorema abaixo.

Teorema: Seja h uma função derivável de variável x e seja g uma antiderivada de f.


Então, se u = h(x),
 f(h(x))h(x)dx =  f(u)du = g(u) + C = g(h(x)) + C

Exemplos:

1)  5x  8 dx

 x(3x  1) 8 dx
2
2)

6x 2 dx
3)  (x 3  4) 5

4)  (5x 2  1)4 5x 3  3x  2 dx

5) x x  5 dx

9
Apresentaremos, a seguir, alguns exemplos adicionais que ilustram o uso do método de
integração por substituição.

x e
3 x 4 2
1) dx

Fazendo u = x4 + 2 temos que du = 4x3 dx


1
Daí x3 dx = du
4
1 1 1 4
Então  x 3 e x 2 dx =  e u du = eu + C = e x  2 + C
4

4 4 4

2)  e 5x dx

Fazendo u = 5x temos que du = 5 dx


1
Logo dx = du
5
1 1 1
Então  e 5x dx =  e u du = eu + C = e5x + C
5 5 5

1 kx
Observação:  e kx dx = e + C para k  IR*
k

(ln x) 2
3)  x dx
1
Fazendo u = ln x temos que du = dx
x
(ln x) 2 2 1 u3 (ln x) 3
 x  
2
Então dx = (ln x) dx = u du = + C = +C
x 3 3

1
4)  3x  5 dx

Fazendo u = 3x + 5 temos que du = 3 dx

1
Daí dx = du
3
1 1 1 1 1
Logo  dx = u du = ln u + C = ln 3x + 5 + C
3x  5 3 3 3

x
5)  x  1 dx
Nesse caso, fazemos a substituição u = x + 1

Então du = dx e x = u – 1

x u 1 1
Logo  x  1 dx =  u
du =  1 du –  du = u – ln u  = x – ln x + 1 + C
u
10
Exercícios - lista 3

Calcule as integrais:

1)  (4x + 3)4 dx 2)  x(4x2 + 7)9 dx

3)  4x x 2  5 dx 4)  3x(4 – 3x2) – 8 dx

x 8x  2
5)  3
5x  16
2
dx 6)  (4x 2
 2x  6)17
dx

6x 2 x 3
7)  3 dx 8)  (x dx
(x  1) 3 2
 6x  1) 2

9)  (2x2 – 1)(6x3 – 9x + 1) – 3 / 2 dx 10)  x(5 – x) 1 / 2 dx

11)  x (x + 1) – 1 / 2 dx 12)  x2 1 x dx

13)  (x + 2)(2 – x) – 1/ 3 dx 14)  (x + 2)2(1 + x) 1 / 2 dx

Respostas:

1)
4x  35 C 2)
4x 2
 7
C
10

20 80

4 1
3) (x 2  5) 3  C 4) C
3 14(4  3x 2 ) 7

3 1
5) (5x2 + 16)2 / 3 + C 6) (4x2 + 2x + 6) – 16 + C
20 16

1 2
7) – (x3 + 1) – 2 + C 8) – (x – 6x + 1) – 1 + C
2

2 10 2
9)  (6x3 – 9x + 1) – 1 / 2 + C 10)  (5 – x) 3 / 2 + (5 – x) 5 / 2 + C
9 3 5

2 2 4 2
11) (x + 1) 3 / 2 – 2(x + 1) 1 / 2 + C 12) (1 + x) 7 / 2 – (1 + x) 5 / 2 + (1 + x) 3 / 2 + C
3 7 5 3

3 2 4 2
13) – 6(2 – x) 2 / 3 + (2 – x) 5 / 3 + C 14) (1 + x) 7 / 2 + (1 + x) 5 / 2 + (1 + x) 3 / 2 + C
5 7 5 3

11
Exercícios - lista 4

Determine as integrais:

 xe e
x2 1 x
1) dx 2) dx

ln 5x 1
3)  x
dx 4)  x(ln x) 2
dx

e  5e
x 3x
5) dx 6) dx

ln x 2 3
7)  x
dx 8)  2x 1
dx

x
1 e
9)  x ln x
dx 10)  x
dx

Respostas:

1 x2
1) e +C 2) – e 1 – x + C
2

1 1
3) (ln 5x) 2 + C 4)  +C
2 ln x

5 3x
5) – e – x + C 6) e +C
3

3
7) (ln x) 2 + C 8) ln 2x + 1 + C
2

9) ln ln x + C 10) 2 e x
+C

12
1.4 – Integração por Partes

Nesta seção vamos estudar uma técnica chamada integração por partes, que é uma
consequência direta da regra do produto para diferenciais. A fórmula de integração por partes é
apresentada a seguir.

Sejam u e v funções de variável x

Sabemos que d(uv) = udv + vdu

Ou, equivalentemente, udv = d(uv) – vdu

Integrando ambos os membros dessa equação temos:  udv =  d(uv) –  vdu

Ou ainda,  udv = uv –  vdu (1)

A equação (1) é chamada de fórmula para integração por partes.

Esta fórmula transforma o problema do cálculo de  udv no cálculo de  vdu. Através de uma
escolha conveniente de u e dv pode ser mais fácil calcular a segunda integral do que a primeira.

Na fórmula acima, deixamos de escrever a constante de integração, já que no decorrer do


desenvolvimento aparecerão outras. Todas as constantes podem ser representadas por uma única
constante que será introduzida no final do processo.

Exemplos:

1)  x lnx dx

2)  ln 2x2 dx

3)  x e4x dx

3)  6x e– 2x dx

13
Às vezes, a integração por partes leva a uma nova integral que também pode ser integrada
por partes

5)  x2 ex dx

Algumas integrais podem ser calculadas por integração por partes ou por substituição. As
soluções podem parecer diferentes, mas se estiverem corretas, poderão diferir, no máximo, por uma
constante.

Exemplo:  x x  5 dx

2
Fazendo u = x e dv = x  5 , temos que du = dx e v = (x + 5) 3 / 2
3

Então, usando o método de integração por partes, achamos:

2x 4
 x x  5 dx = (x + 5) 3 / 2 – (x + 5) 5 / 2 + C
3 15

Fazendo u = x + 5, dx = du e x = u – 5. Então, resolvendo por substituição, encontramos:

2 10
 x x  5 dx = (x + 5) 5 / 2 – (x + 5) 3 / 2 + C
5 3

2x 4  2x 4 
Observe que (x + 5) 3 / 2 – (x + 5) 5 / 2 = (x + 5) 3 / 2   ( x  5)  =
3 15  3 15 

 2x 4x 20   10x 4x 10 10 
= (x + 5) 3 / 2     = (x + 5) 3 / 2     =
 3 15 15   15 15 5 3

 2x 10 10  2 10 
= (x + 5) 3 / 2     = (x + 5) 3 / 2  ( x  5)  
 5 5 3 5 3

2 10
= ( x  5) 5 / 2  ( x  5) 3 / 2
5 3

14
Exercícios – lista 5

Use o método de integração por partes para calcular as integrais abaixo:

1)  ln x dx 6)  x – 2 ln x dx

2)  x.e – 2x dx
x/2
7)  x e dx

3)  x ln 3x dx 8)  x2ln x2 dx

4)  x ex dx 9)  5x e 3x dx

x
5)  x ln x dx 10)  3x2 ln   dx
2

Respostas:

 lnx 1
1) x ln x – x + C 6)  C
x x

 xe 2x e 2x x/2 x/2


2)  C 7) 2x e –4e +C
2 4

x2 x2 x3 2
3) ln3x – +C 8) lnx2 – x3 + C
2 4 3 9

5 5
4) x ex – ex + C 9) x e 3x – e 3x + C
3 9

x x
3
2 4
5) x 3 / 2 ln x – x 3 / 2 + C 3
10) x ln   – +C
3 9 2 3

15
1.5 – Equações Diferenciais Simples

Os problemas de integrais indefinidas também podem ser expressos na forma de equações


diferenciais. Equação diferencial é uma equação que envolve uma função desconhecida e suas
derivadas (ou diferenciais). A solução de uma equação diferencial é uma função ou família de
funções que satisfazem a equação.

O exemplo a seguir é equivalente ao exemplo 2 da página 7, mas escrito na forma de uma


equação diferencial.

Exemplo 1: Resolva a equação diferencial y' = x2 + 5

A solução desta equação é a integral indefinida do exemplo 2, isto é, y =  ( x 2  5) dx


x3
Então y = + 5x + C
3

Uma solução desta forma, que envolve uma constante arbitrária e inclui todas as soluções
possíveis, é chamada de solução geral da equação diferencial.

Exemplo 2: Determine a solução geral da equação diferencial y' = 20x3 – 6x2 + 7

6
Exemplo 3: Resolva a equação diferencial y' = + 15x2 + 10
x2

Os problemas que dão origem a equações diferenciais estão frequentemente vinculados a


condições adicionais, chamadas condições iniciais, condições de contorno ou condições
marginais sobre as variáveis envolvidas. Essas condições adicionais podem ser usadas para
destacar uma solução particular da solução geral.

Sabendo, por exemplo, que y = 4 quando x = 3 obtemos da solução geral do exemplo 1


acima
x3
y= + 5x – 20 que é uma solução particular da equação diferencial dada.
3

Exemplos: Ache a solução geral das equações abaixo e então determine a solução particular
satisfazendo as condições iniciais indicadas.

4) y' = 3x2 + 5x – 7 sabendo que y = – 2 e x = 1

5) y' = 8x3 – 3x 2 – 5 sabendo que y = 5 e x = – 1

16
dy
A equação = f(x) é dita separável já que pode ser reescrita na forma dy = f(x) dx na
dx
qual as variáveis x e y estão “separadas” de maneira que todas as expressões envolvendo x estão de
um lado da equação e todas as expressões envolvendo y estão do outro lado. De modo geral, uma
equação diferencial que pode ser escrita na forma

g(y)dy = h(x)dx (1)

onde g e h são funções, é chamada de separável.

Para resolver uma equação diferencial separável, separamos as variáveis de maneira que a
equação tome a forma (1) e integramos ambos os membros:

 g(y) dy =  h(x)dx
Calculando estas integrais, obtemos uma equação em y e x que contém uma constante
arbitrária. Nos casos em que esta equação pode ser colocada na forma y = f(x) expressando y
explicitamente em função de x, dizemos que é possível obter uma solução explícita da equação
diferenciável. Nos casos em que isto não é possível, dizemos que temos uma solução implícita.

dy
A equação = 2xy2 é separável, já que pode ser escrita do seguinte modo:
dx
1
dy = 2x dx
y2
1
Calculando a integral indefinida em ambos os lados temos:  2 dy =  2x dx
y
1 1
Daí, – = x2 + C. Então – y = 2
y x C
1
Logo y = 2 (solução explícita)
x C

dy x 2
A equação diferencial  também é separável.
dx y

Podemos escrever: y dy = x2 dx

 y dy =  x dx
2
Então

y2 x3 2x 3
Daí  + C1 ou y2 = + C (solução implícita)
2 3 3

Exemplos:
dy 5  4x
6) Encontre a solução geral da equação =
dx y2

7) Encontre a solução particular da equação x 3  8 dy = x2 dx sabendo que y = 4 quando x = 1.

17
Exercícios – lista 6

Nos itens de 1 a 6 determine a solução de cada equação diferencial:

dy (x 2  4) 2
4 2
1) y' = 5x + 3x + 1 2)  3) y' = 6x – 2 + 15x2 + 10
dx 2x 2

dy 9 dy
4) y' = 140 e0,07x 5)  5e  2x  6)  x4 – 4x2/3
dx x dx

Nos itens 7 a 12 ache a solução particular da equação diferencial dada que satisfaz à condição
inicial indicada:

7) y' = x2 + 3x; y = 2 quando x = 1 8) y' = x3 + x – 2; y = 1 quando x = – 2

9) y' = x + 2; y = 5 quando x = 4 10) y' = (5x + 12)3; y = 1 quando x = – 2

dy 1 dy
11)  3x2 – 2x – e – x ; y = quando x = 0 12)  x + e – x ; y =1 quando x = 0
dx 2 dx

Nos itens 13 a 16 determine a solução geral de cada equação diferencial separável:

dy 7  6x
13) 2x  1 dy = y2 dx 14) 
dx y2

dy 2x dy
15)  16)  e 2x  y
dx y 2 dx

Nos itens 17 a 20 ache a solução particular de cada equação diferencial separável:

dy y2
17)  ; y = 2 quando x = 4 18) x2dy = (2x2 – 3)dx ; y = 1 quando x = 1
dx 2 x

dy dy x
19) = 3x2y2; y = 1 quando x = 0 20)  ; y = 3 quando x = 2
dx dx y 2

21) Determine a função cuja reta tangente tem coeficiente angular dado por 5x4 – x + 5 e cujo
gráfico passa pelo ponto (0,8).

22) Determine a função f(x) cuja reta tangente tem uma inclinação 3x 2 + 1 para qualquer valor de x
e cujo gráfico passa pelo ponto (2, 6).

23) Estima-se que daqui a x semanas o número de passageiros de uma nova linha de metrô estará
aumentando à razão de 18x2 + 500 passageiros por semana. Sabe-se que na primeira semana 8.506
passageiros usaram a linha. Quantos a estarão usando daqui a 5 semanas?

18
24) Uma epidemia de gripe atinge uma cidade e P(t) representa o número de pessoas doentes com a
gripe no instante t, medido em dias a partir do início da epidemia com P(0) = 100. Suponha que
após t dias a gripe esteja se espalhando a uma taxa de 120t – 3t2 pessoas por dia. Determine o
número de pessoas doentes no 10º dia após o início da epidemia.

25) Estima-se que daqui a x meses, a população de uma cidade estará aumentando à razão de
2 + 6 x habitantes por mês. A população atual é de 5.000 pessoas. Qual será a população daqui a 9
meses?

Respostas:

1 3
1) y = x5 + x3 + x + C 2) y = x – 4x – 8x – 1 + C
6

4) y = – 6x – 1 + 5x3 + 10x + C 4) y = 2.000 e0,07x + C

 5 – 2x x 5 12 5/3
5) y = e + 9 lnx + C 6) y = – x +C
2 5 5

x 3 3x 2 1 x4 1 7
7) y = + + 8) y = – –
3 2 6 4 x 2

2 3/2 25 (5x  12) 4 1


9) y = x + 2x – 10) y = +
3 3 20 5

1 x2
11) y = x3 – x2 + e – x – 12) y = – e –x + 2
2 2

1
13) y = 14) y = 3
21x  9x 2  C
2x  1  C

 e 2x  C 
15) y = 3
3x 2  C 16) 2ey = e2x + C ou y = ln  
 2 

2 3
17) y = 18) y = 2x + –4
2 x 5 x

1 3x 2
19) y = 20) y = 3  21
 x3 1 2

x2
21) f(x) = x5 – + 5x + 8 22) f(x) = x3 + x – 4
2

23) 11.250 passageiros 24) 5.100 pessoas

25) 5.126 pessoas

19
1.6 – Integral Definida

Já sabemos que a derivada tem origem geométrica: está ligada ao problema de traçar a reta
tangente a uma curva. A integral definida também tem origem geométrica: está ligada ao problema
de determinar a área de uma região plana limitada por uma curva qualquer.

Vamos considerar uma função f(x) contínua em um intervalo [a, b] e


supor que f(x) ≥ 0 nesse intervalo. Queremos calcular a área A da figura
delimitada pela curva y = f(x), as retas x = a e x = b e pelo eixo x.

Para determinar essa área, vamos dividir a região dada em uma série de regiões retangulares
e calcular o valor aproximado da área A somando as áreas dessas regiões retangulares. Quanto
maior o número de retângulos, mais a soma de suas áreas se aproxima do que consideramos,
intuitivamente, a área sob a curva dada.

A área A pode ser interpretada, portanto, como a soma de uma infinidade de retângulos que
podemos descrever assim: em cada ponto x há um retângulo de altura f(x) e base infinitamente
pequena, indicada por dx, de modo que a área de cada retângulo é dada pelo produto f(x)dx. A soma
Sn das áreas de n retângulos pode ser escrita da seguinte maneira:

Sn = f(x1)dx + f(x2)dx + ... + f(xn)dx = (f(x1) + f(x2) + ... + f(xn))dx

Podemos definir a área A como o limite da soma Sn quando n tende para infinito. Então

A = lim (f(x1) + f(x2) + ... + f(xn))dx


n 

Observação: Podemos construir formalmente a soma Sn (chamada soma de Riemann) e o


cálculo de seu limite proporciona uma forma precisa de determinar a área da região sob o gráfico de
uma função.

Para indicar que estamos obtendo a área A como a soma infinita das áreas f(x)dx de todos
esses retângulos no intervalo [a, b] escrevemos:
b
A =  f(x)dx
a
b
O símbolo  f(x)dx é chamado de integral definida de a até b de f(x).
a

20
Os números a e b são chamados de limites de integração; a é o limite inferior e b é o
limite superior.

Como veremos mais adiante, a área é apenas uma das grandezas que podem ser expressas
pela integral definida.

O cálculo da integral definida de f de a até b pode ser facilmente realizado graças a um


importante resultado, conhecido como Teorema Fundamental do Cálculo, que relaciona a integral
definida com a antiderivada:

Seja f(x) uma função contínua em [a, b]. Se g(x) é uma antiderivada de f(x) em [a, b] então

 f(x)dx = g(b) – g(a)


a

Exemplos:

4
1)  (x 2  4x  3)dx
1

Observação: Nos cálculos que envolvem integrais definidas costuma-se usar o símbolo
b
g(x) a para indicar a diferença entre g(b) e g(a).

1
2)  (x 4  3x 2  1)dx
1

1
3)  8x(x 2  1) 3 dx
0

9
4) 1
2x  7 dx

3
x
5) e
0
3
dx

21
Observação: Quando a integral definida de a até b de f(x) existe, dizemos que f(x) é
integrável em [a, b]. Podemos provar que toda função contínua em [a, b] é integrável em [a, b],
mas existem muitas funções descontínuas que são integráveis.

Propriedades das integrais definidas:

Sejam f(x) e g(x) funções integráveis em [a, b] e c um número real qualquer.

a
a)  f(x)dx = 0
a

b a
b)  f(x)dx = –  f(x)dx
a b

b b
c)  c.f(x)dx = c  f(x)dx
a a

b b b
d)  (f(x)  g(x)) dx =  f(x)dx +  g(x)dx
a a a

b c b
e) Se a < c < b então  f(x)dx =  f(x)dx +  f(x)dx
a a c

22
Exercícios – lista 7

Nas questões de 1 a 9, calcule as integrais definidas:


2
4
2
1)  (x – 4x – 3) dx 2)  x(1 + x3) dx
1
1

3
x2 1
4
3)  5  x dx 4)  dx
1
2 x 1

2x 3  4x 2  3
3
1
5)  x2
dx 6)  (3x + 1) – 1 / 2 dx
1
0

1 2
7)  x(x2 – 1)3 dx 8)  x x  1 dx
2 3

1 0

 x
8


4
9)  6   dx 10)  ( x  x) 2 dx
4  2
1

Respostas:

1) –18 6) 2 / 3

2) 81 / 10 7) 0

3) 14 / 3 8) 52 / 9

4) 7 / 2 9) 12

5) 2 10) 37 / 10

23
1.7 – Áreas de regiões planas

Usando a notação de integral definida, a definição da área da região sob o gráfico de uma
função (1) pode ser expressa da seguinte maneira:

Definição 1: Seja f uma função contínua em [a, b] e tal que f(x) ≥ 0 em [a, b]. A área da
b
região sob o gráfico de f entre x = a e x = b é dada por A =  f(x)dx
a

Exemplo 1: Determine a área da região sob o gráfico de f(x) = 4 – x2 entre x = – 2 e x = 2

Exemplo 2: Calcule a área da região limitada pelo gráfico de f(x) = x 2 + 1 entre x = – 1 e


x=2

Na página 20 assumimos que f(x) ≥ 0 em [a, b], isto é, que o gráfico de f(x) entre x = a e
x = b estava acima do eixo x. Se a região entre x = a e x = b limitada pelo gráfico de f e o eixo x
permanece inteiramente abaixo do eixo x, então cada valor de f(x) é negativo. Assim, cada f(x)dx é
negativo e a área dessa região é o oposto da integral definida de a até b de f(x).

Definição 2: Seja f uma função contínua em [a, b] e tal que f(x) ≤ 0 em [a, b]. A área da
b
região sob o gráfico de f entre x = a e x = b é dada por A = –  f(x)dx
a

Exemplo 3: Determine a área da região sob o gráfico de f(x) = x2 – 2x entre x = 1 e x = 2

________________________________________________________________________________

(1) Chamamos de região sob o gráfico de uma função (ou região limitada pelo gráfico de uma
função) f entre x = a e x = b à região entre o gráfico de f e o eixo x entre x = a e x = b.

24
Exemplo 4: Calcule a área da região sob o gráfico de f(x) = x2 – 1 entre x = – 1 e x = 1

Se a curva está parcialmente acima do eixo x e parcialmente


abaixo como é mostrado na figura ao lado, então a área pode ser
considerada como uma soma de termos positivos e negativos,
correspondentes a partes da região que estão acima e abaixo do eixo x.

c d e b
A = A1 + A2 + A3 + A4 =  f(x)dx –  f(x)dx +  f(x)dx –  f(x)dx
a c d e

Exemplo 5: Calcule a área da região limitada pelo gráfico de f(x) = x2 – 4x + 3 entre x = 0 e


x=3

Exemplo 6: Ache a área da região sob o gráfico de f(x) = x2 + x – 2 entre x = – 2 e x = 2

Exemplo 7: Calcule a área da região limitada pelo gráfico de f(x) = x3 – 3x – 2 entre x = – 1


e x=3

25
Algumas vezes precisamos calcular a área de uma região limitada por duas curvas. Por
exemplo, sejam f e g funções não negativas tais que f(x)  g(x) no intervalo [a, b] (isto é, o gráfico
de f fica acima do gráfico de g em todo o intervalo [a, b]).

Para determinar a área da região R entre os gráficos de f e g de x = a até x = b (figura


abaixo), basta subtrair a área da região sob o gráfico de g da área da região sob o gráfico de f.

Assim, área de R = área de R1 – área de R2

b b b
Ou seja, área de R =  f(x)dx –  g(x)dx =  (f(x)  g(x)) dx
a a a

Podemos provar que essa expressão é válida mesmo que as funções não sejam não
negativas.

Definição 3: Se f e g são funções contínuas em [a, b] tais que f(x) ≥ g(x) em [a, b] e se R é a
região limitada pelos gráficos de f e g e pelas retas x = a e x = b, então
b
Área de R =  (f(x)  g(x)) dx
a

Exemplo 8: Calcule a área da região limitada pelos gráficos das funções f(x) = 2x2 – 4x + 6
e g(x) = – x2 + 2x + 1 entre x = 1 e x = 2

Algumas vezes temos de considerar o problema de encontrar a área entre duas curvas sem
que os valores de a e b sejam determinados. Nestes casos, existe uma região que está
completamente envolta pelas duas curvas. Como o próximo exemplo ilustra, temos que encontrar os
pontos de interseção entre as duas curvas para obter os valores de a e b.

26
Exemplo 9: Calcule a área da região limitada pelos gráficos das funções f(x) = 2x + 4 e
g(x) = x2 + 2x + 3

Exemplo 10: Ache a área da região limitada pelos gráficos das funções f(x) = x3 – 6x2 + 9x
e g(x) = x

27
Exercícios – lista 8

1) Determine a área da região sob o gráfico de f(x) = 4x – x2 entre x = 1 e x = 4

2) Calcule a área da região limitada pelo gráfico de f(x) = x2 – 4 entre x = – 1 e x = 1

3) Determine a área sob o gráfico de f(x) = x2 – 2x entre x = – 2 e x = 2

4) Calcule a área da região limitada pelo gráfico de f(x) = x2 – 9 entre x = – 1 e x = 4

5) Calcule a área limitada pelos gráficos de f(x) = x2 e g(x) = x + 2 entre x = – 1 e x = 2

6) Calcule a área limitada pelos gráficos de f(x) = 5 – x2 e g(x) = x + 3

7) Determine a área limitada pelos gráficos de f(x) = x2 + 2 e g(x) = 4 – x2

8) Calcule a área limitada pelos gráficos de f(x) = 1 – x2 e g(x) = – 3

9) Calcule a área limitada pelos gráficos de f(x) = x3 – 3x + 3 e g(x) = x + 3

10) Calcule a área limitada pelos gráficos de f(x) = 4x e g(x) = x3 + 3x2

2 4
11) O gráfico de uma função f aparece na figura 1 abaixo e 
1
f(x) dx = 4,8 e  f(x) dx = 3,6.
1
Determine a área da região limitada pelo gráfico de f(x) e o eixo x entre x = – 1 e x = 4

2 4
12) O gráfico de uma função f aparece na figura 2 abaixo e 
1
f(x) dx = – 6,3 e  f(x) dx
1
= – 4,2.

Determine a área da região limitada pelo gráfico de f(x) e o eixo x entre x = – 1 e x = 4

figura 1 figura 2

Respostas:

22 9 9
1) 9 2) 3) 8 4) 30 5) 6)
3 2 2

8 32
7) 8) 9) 8 10) 32,75 11) 6 12) 8,4
3 3

28
Capítulo 2 – Cálculo de várias variáveis

Trabalhamos até agora exclusivamente com funções de uma variável real, mas sabemos que
há situações práticas nas quais a função depende de duas (ou mais) variáveis.

Neste capítulo introduziremos as ideias básicas do Cálculo para funções de mais de uma
variável. Apresentaremos inicialmente, a definição e vários exemplos de funções de duas (ou mais)
variáveis. A seguir, as definições e regras desenvolvidas anteriormente para derivar funções de uma
variável serão generalizadas para funções de duas (ou mais) variáveis: serão estudadas as
“derivadas parciais”. Finalmente, estudaremos problemas de otimização (com e sem restrição) de
funções de duas variáveis.

2.1 – Funções de duas variáveis

Definição: Uma função real f de duas variáveis é uma relação que, a cada par ordenado
(x,y) de números reais pertencente a um dado conjunto D, associa um único número real z, indicado
por f(x,y).

O conjunto D é chamado de domínio da função e o número z = f(x,y) é chamado de


imagem ou valor de (x,y) por f.

Na equação z = f(x,y) chamamos z de variável dependente e x e y de variáveis


independentes.

Em geral utilizamos uma expressão em x e y para especificar f(x,y) e admitimos que o


domínio da função f é o conjunto de todos os pares de números reais para os quais a expressão é
válida.

Observação: Funções de três ou mais variáveis são definidas por uma extensão da definição
de função de duas variáveis.

Exemplos:

1) Seja f(x, y) = x + xy + y2 + 2. Determine o domínio de f e calcule f(0,0), f(2, –1) e f(–2, –2).

3x 2  5y
2) Dada a função f(x,y) = , determine o domínio de f e f(1, –2)
xy

3) Dada a função f(x,y) = x  y , determine o domínio de f, f(2, –1) e f(2, 2)

4) Seja f(x,y) = xey + ln x. Determine o domínio de f e calcule f(1,0) e f(2,2)

5) Seja f(x,y,z) = xy + xz + yz. Determine f(–1, 2, 5) e f(4, 8, 1/2)

x
6) Seja f(x,y,z) = . Determine o domínio de f, f(2, 3, 4) e f(7, 46, 44).
yz

7) Seja f(x,y,z) = xyez + xzey + yzex. Determine o domínio de f, f(1, 1, 1) e f(0, 2, 3)

29
Exercícios – lista 9

Nas questões de 1 a 5, determine o valor da função nos pontos dados.

1) f(x,y) = 2x2 – 3xy + 5y2 – x a) (0, 1) b) (– 2, 3) c) (3, + 2)

2) f(x,y) =
2xy
x  y2
2
a) (1, 0) b) (– 3, 4) c)  5, 5 

3) f(x,y) = y2  x 2 a) (4, 5) b) (– 1, 2) c)  5, 3
4) f(x,y) = ln x 2
 y2  a) (1,0) b) (– e, 0) c) (– 2, – 3)

xy
5) f(x,y) = a) (– 3, 4) b) (5, 0) c) (0, – 4)
xy

Nas questões de 6 a 8, determine o domínio da função dada.

1 1 x
6) f(x,y) = 7) f(x,y) = 8) f(x,y) =
yx 1 x  y ln ( x  y)

Respostas:

1) a) 5 b) 73 c) 17

24
2) a) 0 b)  c) 1
25

3) a) 3 b) 3 c) 2

1
4) a) 0 b) 1 c) ln13
2

1
5) a)  b) 1 c) – 1
7

6) D = {(x,y)  IR2 / y > x}

7) D = {(x,y)  IR2 / x + y ≠ 1}

8) D = {(x,y)  IR2 / x + y > 0 e x + y ≠ 1}

30
2.2 – Derivadas Parciais

Em muitos problemas que envolvem funções de duas variáveis, o objetivo é determinar a


taxa de variação de uma função em relação a uma das variáveis enquanto a outra é mantida
constante. Em outras palavras, queremos derivar a função em relação a uma das variáveis,
mantendo a outra fixa. Esse processo é conhecido como derivação parcial.

Dada uma função de duas variáveis f(x,y), suponha que o valor de y seja mantido constante
e o valor de x varie livremente. Nesse caso, f se torna função apenas de x e podemos calcular a sua
derivada da forma usual. Esta derivada é chamada de derivada parcial de f em relação a x e
representada por
fx(x,y)

Assim, por exemplo, se f(x,y) = x2y3 + y e se fizermos y = 2, obteremos f(x,2) = x 223 + 2 ou


f(x,2) = 8x2 + 2. Esta função depende apenas da variável x e sua derivada é a derivada parcial de f
em relação a x. Então

fx(x,2) = 2.8x + 0 = 16x

Se substituirmos o valor 2 de y por outra constante y 0 , a função f(x, y 0 ) também será uma
função apenas de x. Nesse caso, teremos

fx(x, y 0 ) = 2x y 30

Na verdade, é possível pensar em y como uma grandeza constante sem necessidade de usar
uma notação especial para indicar este fato. Podemos simplesmente escrever:

fx(x,y) = 2xy3

o que significa que mantivemos y constante e calculamos a derivada de f como se fosse função
apenas de x.

Analogamente, se mantivermos x fixo e permitirmos que y varie, teremos uma função


apenas da variável y. Neste caso, a derivada é chamada de derivada parcial de f em relação a y e
representada por
fy(x,y)

Assim, por exemplo, fazendo x = 4 na função f(x,y) = x2y3 + y, temos f(4,y) = 16y3 + y e
portanto
fy(4,y) = 48y2 + 1

De maneira geral, mantendo x fixo e calculando a derivada em relação a y, determinamos a


derivada parcial:

fy(x,y) = x23y2 + 1 = 3x2y2 + 1

Podemos obter uma definição formal para a derivada parcial usando uma expressão análoga
à que define a derivada para funções de uma variável como um limite.

31
Definição: Seja f uma função de duas variáveis x e y.

A derivada parcial de f em relação à x, denotada por fx(x,y) é a função tal que


f(x  x, y)  f(x, y)
fx(x,y) = lim se o limite existir
x 0 x

A derivada parcial de f em relação à y, denotada por fy(x,y) é a função tal que


f(x, y  Δy)  f(x, y)
fy(x,y) = lim se o limite existir
y 0 Δy

Se z = f(x,y) também são usadas as seguintes notações para a derivada parcial de f(x,y) em
relação à x:
z
= Dxf(x,y) = D1(x,y) = f1(x,y)
x

Exemplos:

1) f(x, y) = 3x3 – 4x2y + 3xy2 + 7x – 8y

2) f(x, y) = 6x2 + 5y3 + 10xy – 2x

3) f(x, y) = x 2  4xy 2  6y

4) f(x, y) = ln(5x2 + 4y3)

5
5) f(x, y) = e xy

6) f(x, y) = x2. exy

4x
7) f(x, y) =
y2

2 2y 2
2
8) f(x, y) = x + 2xy +
3x

32
3x  y 2
9) f(x, y) =
x  2y

yx
10) f(x, y) =
xy

Observação: As derivadas parciais também podem ser definidas para funções de mais de
duas variáveis. Assim, por exemplo, mantendo x e y fixos e deixando z variar em uma função
f(x,y,z) de três variáveis, obtemos a derivada parcial fz(x,y,z)

Exemplo 11: Seja f(x,y,z) = xy2z3 – 5x + 4y2 + 7. Determine fx(x,y,z), fy(x,y,z) e fz(x,y,z)

Como as funções de uma variável, as funções de duas (ou mais) variáveis podem ser
derivadas mais de uma vez. Vamos considerar, por exemplo, a função f(x,y) = 3x 2y3 + 2x2 – 5y2.
Suas derivadas parciais são fx(x,y) = 6xy3 + 4x e fy(x,y) = 9x2y2 – 10y. Essas derivadas também são
funções de duas variáveis e podemos, portanto, calcular suas derivadas parciais. São elas:

(fx)x(x,y) = 6y3 + 4 e (fx)y(x,y) = 18xy2

(fy)x(x,y) = 18xy2 e (fy)y(x,y) = 18x2y – 10

Essas quatro funções são chamadas de derivadas parciais de segunda ordem da função f.

Por simplicidade, omitimos os parênteses e representamos as derivadas parciais de segunda


ordem de uma função f(x,y) de duas variáveis da seguinte maneira:

fxx(x,y)  derivada parcial de fx(x,y) em relação à x

fxy(x,y)  derivada parcial de fx(x,y) em relação à y

fyx(x,y)  derivada parcial de fy(x,y) em relação à x

fyy(x,y)  derivada parcial de fy(x,y) em relação à y

Exemplo 12: Para cada função abaixo determine fxx(x,y), fxy(x,y), fyx(x,y) e fyy(x,y)

a) f(x,y) = x3y2 + 5x4 + y7

b) f(x,y) = lny + ye2x

Observação: As derivadas parciais de segunda ordem fxy(x,y) e fyx(x,y) são chamadas de


derivadas mistas de segunda ordem de f(x,y). Se fxy(x,y) existe e é contínua em um intervalo
aberto I, então fyx(x,y) existe em I e fxy(x,y) = fyx(x,y).

33
Exercícios – lista 10

Nos questões de 1 a 10, calcule as derivadas parciais em relação à x e em relação à y:

1) f(x,y) = 2xy5 + 3x2y + x2 2) f(x,y) = 5x2y + 2xy3 + 3y2

3) f(x,y) = (3x + 2y)5 4) f(x,y) = (x + xy + y)3

3x y2
5) f(x,y) = 6) f(x,y) =
2y x3

2x  3y 2y 2
7) f(x,y) = 8) f(x,y) =
yx 3x  1

9) f(x,y) = xye3x 10) f(x,y) = xlny

Nas questões de 11 a 14, determine: a) fxx(x, y) b) fxy(x, y) c) fyx(x, y) d) fyy(x, y)

11) f(x, y) = 6x2 + 7xy + 5y2 13) f(x, y) = x2y + xy – 2

2y
12) f(x, y) = 14) f(x, y) = ex lny
x2

15) Sendo f(x, y, z) = x3y2z4 + 2xy + z, determine:

a) fx(x, y, z) b) fy(x, y, z) c) fz(x, y, z) d) fz(–1, 1, 2)

16) Sendo f(x, y, z) = x2y4z3 + xy + z2 + 1 , determine:

a) fx(x, y, z) b) fy(x, y, z) c) fz(x, y, z)

d) fx(1, y, z) e) fy(1, 2, z) f) fz(1, 2, 3)

34
Respostas:

1) fx(x, y) = 2y5 + 6xy + 2x fy(x, y) = 10xy4 + 3x2

2) fx(x, y) = 10xy + 2y3 fy(x, y) = 5x2 + 6xy2 + 6y

3) fx(x, y) = 15(3x + 2y)4 fy(x, y) = 10(3x + 2y)4

4) fx(x, y) = 3(x + xy + y)2(1 + y) fy(x, y) = 3(x + xy + y)2(x + 1)


3  3x
5) fx(x, y) = fy(x, y) =
2y 2y 2

 3y 2 2y
6) fx(x, y) = fy(x, y) =
x4 x3

5y  5x
7) fx(x, y) = fy(x, y) =
(y  x) 2 (y  x) 2

 6y 2 4y
8) fx(x, y) = fy(x, y) =
(3x  1) 2 3x  1

9) fx(x, y) = ye3x(1 + 3x) fy(x, y) = xe3x

x
10) fx(x, y) = lny fy(x, y) =
y

11) a) 12 b) 7 c) 7 d) 10

12y 4 4
12) a) b) c) d) 0
x4 x3 x3

13) a) 2y b) 2x – 2y – 3 c) 2x – 2y – 3 d) 6xy – 4

x ex ex  ex
14) a) e lny b) c) d)
y y y2

15) a) 3x2y2z4 + 2y b) 2x3yz4 + 2x c) 4x3y2z3 + 1 d) – 31

16) a) 2xy4z3 + y b) 4x2y3z3 + x c) 3x2y4z2 + 2z

d) 2y4z3 + y e) 32z3 + 1 f) 438

35
2.3 – Regras da Cadeia

Sabemos que, se y é uma função derivável em u e u é uma função derivável em x, então y é


dy dy du
uma função derivável em x e = . Como vimos anteriormente, esse resultado é conhecido
dx du dx
como a regra da cadeia para funções de uma variável.

Vamos estender agora esta regra a funções de duas variáveis.

Primeira regra da cadeia:

Se z = f(x,y) com x = g(t) e y = h(t), e se f, g e h são funções deriváveis então

dz z dx z dy
= +
dt x dt y dt

Exemplos:
dz
1) Sendo z = ln(x + y), x = 5t2 e y = t3 – t, determine usando a regra da cadeia e dê a resposta
dt
em termos de t

dz
2) Use a regra da cadeia para encontrar para o valor indicado de t.
dt

z = 3x2 + 2xy – y2 ; x = 4t ; y = – 5t ; t = – 1

Segunda regra da cadeia:

Se z = f(x,y) com x = g(t,u) e y = h(t,u), e se f, g e h são funções deriváveis então

z z x z y z z x z y
= + e = +
t x t y t u x u y u

Exemplos:

z z
1) Use a regra da cadeia para calcular e , sendo z = x2 + xy + y ; x = 2t – 3u e y = t + 2u
t u

z z
2) Use a regra da cadeia para encontrar e para os valores indicados de t e u.
t u

z = x2 + 2xy ; x = 2t + u ; y = t + ln u ; t = – 1 ; u = 1

36
Exercícios – lista 11

Nas questões de 1 a 4, calcule dz/dt usando a regra da cadeia e expresse a resposta em termos de t :

1) z = x2 + 3xy + 1 ; x = 2t + 1 ; y = t2

2) z = (x – y2)3 ; x = t2 ; y = 2t

3) z = x3y2 – 3xy + y2 ; x = 2t ; y = 6t2

4) z = ln(x3 + y2) ; x = e3t ; y = e7t

Nas questões de 5 a 7, use a regra da cadeia para encontrar dz/dt para o valor indicado de t :

5) z = 2x + 3y ; x = t2 ; y = 5t ; t = 2

6) z = xy ; x = e – 2t ; y = e7t ; t = 0

3x
7) z = ; x = t ; y = t2 ; t = 3
y

Nas questões de 8 a 10, calcule pela regra da cadeia: a) z / t b) z / u

8) z = x2 + y2 ; x = t2 – u2 ; y = 2tu

9) z = x2 + 3y ; x = 2t + ln u ; y = 3u + e2t

2x  3y
10) z = ; x = 2t + 3u ; y = 3t – 4u
xy

Respostas:

1) 18t2 + 14t + 4 2) – 162t5

9e 9t  14e14t
3) 2016t6 + 144t3 – 108t2 4)
e 9t  e14t

5) 23 6) 5

7) – 1 / 3 8) a) 4t3 + 4tu2 b) 4u3 + 4t2u

4t  2 ln u  9u 17u  17u
9) a) 8t + 4ln u + 6e2t b) 10) a) b)
u (5t  u) 2 (5t  u) 2

37
2.4 – Otimização de funções de duas variáveis

Sabemos que a derivada é uma ferramenta indispensável à resolução de problemas onde


figurem extremos de funções de uma variável. Nesta seção estudaremos o problema de determinar
valores de máximos e mínimos de funções de mais de uma variável e veremos que as derivadas
parciais são úteis para esse fim.

Definição: Seja f uma função de duas variáveis.

a) Dizemos que f possui um máximo relativo em (x0,y0), se f(x0,y0)  f(x,y) para qualquer ponto
(x,y) na vizinhança de (x0,y0).

b) Dizemos que f possui um mínimo relativo em (x0,y0), se f(x0,y0)  f(x,y) para qualquer ponto
(x,y) na vizinhança de (x0,y0).

c) Dizemos que f possui um extremo relativo em (x0,y0) se f possui um máximo relativo ou um


mínimo relativo em (x0,y0).

Na figura à esquerda, (x0,y0) é um máximo relativo e no centro da figura, (x0,y0) é um


mínimo relativo.

Como no caso das funções de uma variável, as derivadas das funções de duas variáveis são
um instrumento importante para localizar máximos e mínimos relativos.

Suponha que f(x,y) tenha um extremo relativo no ponto (x0,y0). Nesse caso, mantendo y fixo
com o valor y0 e deixando x variar, obtemos uma função de uma variável f(x,y0) com um extremo
relativo em x0. De acordo com o teste da derivada primeira para máximos e mínimos relativos de
funções de uma variável, a derivada desta função deve se anular em x0, isto é, fx (x0,y0) = 0.

Da mesma forma, mantendo x fixo com o valor x0 e deixando y variar, obtemos uma função
de uma variável f(x0,y) com um extremo relativo em y0. Como a derivada desta função deve se
anular em y0, temos que fy (x0,y0) = 0.

Essas considerações nos levam a formular o seguinte teorema que estabelece a condição
necessária para uma função de duas variáveis ter um extremo relativo.

f x (x 0 , y 0 )  0
Teorema: Se f possui um extremo relativo em (x0,y0) então 
f y (x 0 , y 0 )  0

As soluções deste sistema de equações recebem o nome de pontos críticos de f.

38
O ponto crítico que não é extremo relativo é chamado de ponto de sela. O ponto (x0,y0) à
direita da figura corresponde a um ponto de sela.

Vamos apresentar a seguir um teorema baseado nas derivadas parciais de segunda ordem,
fundamental para determinar se um ponto crítico é um máximo relativo, um mínimo relativo ou um
ponto de sela.

Teorema: (teste da derivada segunda)

Seja f uma função de duas variáveis e seja (x0,y0) um ponto crítico de f(x,y).
Seja D(x0,y0) = fxx(x0,y0).fyy(x0,y0) – (fxy(x0,y0))2

a) Se D(x0,y0) > 0 e fxx(x0,y0) > 0 então f tem um mínimo relativo em (x0,y0).


b) Se D(x0,y0) > 0 e fxx(x0,y0) < 0 então f tem um máximo relativo em (x0,y0).
c) Se D(x0,y0) < 0 então f tem um ponto de sela em (x0,y0).
d) Se D(x0,y0) = 0 então não é possível chegar a nenhuma conclusão: (x 0,y0) pode ser um extremo
relativo ou um ponto de sela.

As conclusões do teorema anterior estão resumidas na tabela abaixo.

Sinal de D(x0,y0) Sinal de fxx(x0,y0) Comportamento no ponto (x0,y0)


+ + Mínimo relativo
+ – Máximo relativo
– Ponto de sela

Exemplo resolvido: Seja f(x,y) = x3 + 3xy2 – 3x2 – 3y2

Solução: Começamos calculando as derivadas parciais e construindo o sistema:

fx(x, y) = 3x2 + 3y2 – 6x e fy(x, y) = 6xy – 6y

3x 2  3y 2  6x  0

 6xy  6y  0

Resolvendo o sistema obtemos quatro pontos críticos: (1,1), (1, –1), (0,0) e (2,0).

Para testar estes pontos precisamos calcular as derivadas parciais de segunda ordem:

fxx(x,y) = 6x – 6 fxy(x,y) = 6y fyy(x,y) = 6x – 6

Assim D(x,y) = (6x – 6)(6x – 6) – (6y)2 = (6x – 6)2 – 36y2

O resultado da aplicação do teste da derivada segunda é o seguinte:

D(1,1) = – 36  (1,1) é ponto de sela


D(1, –1) = – 36  (1,–1) é ponto de sela
D(0,0) = 36 e fxx(0,0) = – 6  (0,0) é máximo relativo
D(2,0) = 36 e fxx(2,0) = 6  (2,0) é mínimo relativo

39
Exemplos:

1) f(x,y) = x2 – xy + 2y + x + 3
(2,5) é ponto de sela

2) f(x,y) = x2 + y2 – 2x + 4y + 2
(1,–2) é mínimo relativo

3) f(x,y) = x3 + 3xy + y3
(0,0) é ponto se sela e (–1, –1) é máximo relativo

1 3 4 3
4) f(x,y) = x + y – x2 – 3x – 4y – 3
3 3
(3,1) é mínimo relativo, (–1,–1) é máximo relativo e (3, –1) e (–1,1) são pontos de sela

1 4 1 3
5) f(x,y) = x – x + 2xy + y2
4 3
(0,0) é ponto de sela e (–1,1) e (2, –2) são mínimos relativos

Observação: Se D(x0,y0) = 0, o teste da derivada segunda para funções de duas variáveis


não é conclusivo e f pode ter um extremo relativo ou um ponto de sela em (x 0,y0) e outros métodos
precisam ser usados para determinar sua natureza.

Exemplo: f(x,y) = x4 + y4
3 3 4x 3  0
Nesse caso fx(x, y) = 4x fy(x, y) = 4y e  3
4 y  0
Resolvendo o sistema encontramos um único ponto crítico: (0,0)

As derivadas de segunda ordem são: fxx(x,y) = 12x2 fxy(x,y) = 0 fyy(x,y) = 12y2

Então D(x,y) = 144x2y2 e D(0,0) = 0

O teste da derivada segunda não permite chegar a nenhuma conclusão, mas como f(0,0) = 0
e f(x,y) > 0 quando (x,y) ≠ (0,0), podemos concluir que f(x,y) tem um mínimo relativo em (0,0).

40
Exercícios – lista 12

Nas questões de 1 a 10 encontre os pontos críticos das funções dadas e classifique cada um deles
como um máximo relativo, um mínimo relativo ou um ponto de sela:

1) f(x, y) = x2 + (y – 1)2 2) f(x, y) = xy – x – y

3) f(x, y) = x3y + 3x + y 4) f(x, y) = – x2 – 4x – y2 + 2y – 1

5) f(x, y) = 2x2 + y2 – xy2 – 2 6) f(x, y) = x3 + 3xy – y3

1 4 1 3 2 3 1 2
7) f(x, y) = x – 2x3 + 4xy + y2 8) f(x, y) = x – y + x – 6x + 32y + 4
2 3 3 2

9) f(x, y) = x2y + 3xy – 3x2 – 4x + 2y 10) f(x, y) = 2x3 + y3 + 3x2 – 3y – 12x – 4

11) Determine os valores de x e y que maximizam a função abaixo e seu valor máximo.

f(x,y) = x2 – 3y2 + 2xy + 8x + 2

12) Determine os valores de x e y que minimizam a função abaixo e seu valor mínimo.

f(x, y) = x2 + 3y2 + 2xy – 7

Respostas:

1) (0,1) é mínimo relativo 2) (1,1) é ponto de sela

3) (–1, –1) é ponto de sela 4) (–2,1) é máximo relativo

5) (0,0) é mínimo relativo e (1, –2) e (1,2) são pontos de sela

6) (0,0) é ponto de sela e (1, –1) é mínimo relativo

7) (0,0) é ponto de sela e (–1,2) e (4, –8) são mínimos relativos

8) (–3, –4) e (2,4) são pontos de sela, (–3,4) é máximo relativo e (2,– 4) é mínimo relativo

9) (–1, –2) e (–2,8) são pontos de sela

10) (–2,1) e (1, –1) são pontos de sela, (–2,–1) é máximo relativo e (1,1) é mínimo relativo

11) x = 6, y = 2 e f(6, 2) = 26

12) x = 0, y = 0 e f(0, 0) = – 7

41
2.5– Multiplicadores de Lagrange

Em termos matemáticos, um problema de otimização com restrição de duas variáveis é um


problema no qual queremos maximizar (ou minimizar) uma função f(x,y) cujas variáveis
independentes estão sujeitas a uma condição adicional na forma de uma equação g(x,y) = k, k  IR,
conhecida como equação de restrição.

Para visualizar o que significa o processo


de otimização com restrição de uma função de
duas variáveis x e y, podemos pensar na função
como uma superfície no espaço tridimensional e
na restrição como uma curva no plano xy.

Quando procuramos, por exemplo, o


máximo de uma função sujeita a uma dada
restrição, estamos limitando nossa busca à parte
da superfície que está diretamente acima da curva
que representa a restrição. O ponto mais alto
dessa parte da superfície é o máximo com a
restrição.

Em alguns casos, a equação de restrição pode ser substituída na função a ser otimizada e o
problema fica reduzido a outro envolvendo máximos e mínimos não sujeitos a restrições, sendo
resolvido pelos métodos da seção precedente. Entretanto, este procedimento nem sempre é possível,
como no caso em que a função a ser otimizada envolve mais de duas variáveis e várias restrições.

O método apresentado a seguir deve-se ao matemático francês Joseph Lagrange e é aplicável


a todos os casos e pode ser generalizado para qualquer número de variáveis ou restrições.

O método dos multiplicadores de Lagrange se baseia no fato de que todo extremo relativo
de uma função f(x,y) com uma restrição g(x,y) = k ocorre em um ponto crítico da função (de
Lagrange):
F(x,y,) = f(x,y) – (g(x,y) – k)

onde  é uma nova variável (o multiplicador de Lagrange).

Para determinar os pontos críticos de F, calculamos suas derivadas parciais:

Fx(x,y,) = fx(x,y) – gx(x,y)


Fy(x,y,) = fy(x,y) – gy(x,y)
F(x,y,) = – (gx(x,y) – k)
Fx (x, y,λ)  0

E resolvemos o sistema de equações Fy (x, y,λ)  0
F (x, y,λ)  0
 λ

 f x (x, y)  λg x (x, y)  0

Isto é, resolvemos  f y (x, y)  λg y (x, y)  0
  (g(x, y)  k)  0

42
f x (x, y)  λg x (x, y)

Ou ainda, f y (x, y)  λg y (x, y)
 g(x, y)  k

Os pontos (x0,y0) que fornecem os extremos de f(x,y) com a restrição g(x,y) = k estão entre
os pontos determinados pelas duas primeiras coordenadas desses pontos críticos.

Resumo do método dos multiplicadores de Lagrange

Os pontos onde uma função f(x,y) tem extremos relativos sujeitos à restrição g(x,y) = k
estão incluídos entre os pontos determinados pelas duas primeiras coordenadas das
soluções
(x0,y0, 0) do sistema
f x (x, y)  λg x (x, y)

f y (x, y)  λg y (x, y) (1)
 g(x, y)  k

Existe uma versão do teste das derivadas parciais de segunda ordem que pode ser usada para
determinar que tipo de extremo com restrição corresponde a cada ponto (x0,y0), mas neste texto
vamos supor que se f possui um máximo (ou mínimo) relativo com restrição em (x 0,y0), ele será
dado pelo maior (menor) dos valores de f(x0,y0).

Exemplos:

1 – A função f(x,y) = 2x2 + y2 possui um mínimo relativo com a restrição x + y = 6. Use o método
dos multiplicadores de Lagrange para determinar esse mínimo.

2 – A função f(x,y) = x2 + xy – 3y2 possui um máximo relativo com a condição x + 2y = 2. Use o


método dos multiplicadores de Lagrange para determinar esse máximo.

3 – Utilize o método dos multiplicadores de Lagrange para encontrar os pontos críticos da função
f(x,y) = 42x + 28y com condição xy = 600.

4 – Utilize o método dos multiplicadores de Lagrange para encontrar os pontos críticos da função
f(x,y) = 2x2 + y2 + 2y com a restrição x2 + y2 = 5

O método dos multiplicadores de Lagrange pode ser estendido a problemas de otimização


com restrição envolvendo funções de mais de duas variáveis.

Exemplos: 1) A função f(x,y,z) = 2x2 + y2 + z2 possui um mínimo relativo com a restrição


x + 3y – z = 7. Use o método dos multiplicadores de Lagrange para determinar esse mínimo.

43
Solução: Nesse caso temos g(x,y,z) = x + 3y – z e k = 7 e precisamos resolver o sistema a
seguir:

f x (x, y,z)  λg x (x, y,z)


f (x, y,z)  λg (x, y,z)
 y y

 f z (x, y,z)  λg z (x, y,z)

 g(x, y,z)  k

 4x  λ
 2y  3λ

Temos então 
 2z   λ

x  3y  z  7

De acordo com as duas primeiras equações, y = 6x

De acordo com a primeira e a terceira, z = – 2x

Substituindo esses resultados na quarta equação obtemos x + 18x + 2x = 7 ou 21x = 7

1 2
Assim, x = e, portanto y = 2 e z = –
3 3
14
O mínimo relativo de f com a restrição dada ocorre em (1/3, 2, –2/3) e seu valor é
3

2) Ache os valores de x, y e z que minimizam a função f(x,y,z) = 3x2 + 2y2 + z2 + 4x + y + 3z com a


restrição x + y + z = 4

3) Encontre os valores de x, y e z que maximizam a função f(x,y,z) = x + 2y + 3z + xy – yz com a


restrição x + y + 2z = 10

O método dos multiplicadores de Lagrange também pode ser aplicado a problemas de


otimização de uma função com mais de uma restrição (o número de restrições deve ser inferior ao
número de variáveis da função). Para uma função de três variáveis, por exemplo, podemos ter duas
restrições e o método pode ser aplicado usando-se dois multiplicadores.

Exemplos: 1) A função A função f(x,y,z) = x3 + y3 + z3 possui um máximo relativo com as


restrições x + y + z = 1 e x + y – z = 0. Use o método dos multiplicadores de Lagrange para
determinar esse máximo.

Solução: Nesse caso temos g(x,y,z) = x + y + z, h(x,y,z) = x + y – z, k1 = 1 e k2 = 0 e


precisamos resolver o sistema:

44
f x (x, y,z)  λ 1g x (x, y,z)  λ 2 h x (x, y,z)
f (x, y,z)  λ g (x, y,z)  λ h (x, y,z)


y 1 y 2 y

 f z (x, y,z)  λ 1g z (x, y,z)  λ 2 h z (x, y,z)


 g(x, y,z)  k 1


 h(x, y,z)  k 2

3x 2  λ1  λ 2 (1)
 2
3y  λ1  λ 2 (2)
Temos então: 3z 2  λ1  λ 2 (3)
 x  y  z  1 (4)

 x  y  z  0 (5)

Por (1) e (2) obtemos 3x2 = 3y2 ou x2 = y2 (6)

1  2y
Por (4) e (5), 2x + 2y = 1  2x = 1 – 2y  x = (7)
2

(1  2y)2 (1  2y)2 1
Então x2 = . Daí e de (6), y2 =  4y2 = 1 – 4y + 4y2  4y = 1  y =
4 4 4

1 1
Daí e (7), x = . Substituindo os valores de x e y em (5) obtemos z =
4 2

1 1 1
Logo, a função f possui um máximo relativo em  , ,  .
4 4 2

2) Utilize o método dos multiplicadores de Lagrange para encontrar os extremos relativos da função
f(x,y,z) = 3x – y – 3z com as restrições x + y – z = 0 e x2 + 2z2 = 6

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Exercícios – lista 13

1) Ache o máximo relativo de f(x,y) = 2x + 3y – x2 – y2 sujeita à restrição x + 2y = 9

2) Minimize a função f(x,y) = 2x2 + 4y2 – 3xy – 2x – 23y + 3 com a condição x + y = 15

3) Maximize a função f(x,y) = x + 5y – 2xy – x2 – 2y2 com a condição 2x + y = 4

4) Use o método dos multiplicadores de Lagrange para achar os pontos críticos de f(x,y) = x + 2y
com a restrição x2 + y2 = 5

5) Use o método dos multiplicadores de Lagrange para achar os pontos críticos de f(x,y) = xy com a
restrição x2 + y2 = 8

6) Utilize o método dos multiplicadores de Lagrange para determinar os pontos críticos da função
f(x,y) = x2 + 2y2 + 2x + 3 com a restrição x2 + y2 = 4

7) Use o método dos multiplicadores de Lagrange para achar os pontos críticos de f(x,y) = 6x – 8y
sujeita à restrição 3x2 + 4y2 = 7

8) A função f(x,y) = (x – 1)2 + (y – 2)2 – 4 possui um mínimo relativo com a restrição 3x + 5y = 47.
Use o método dos multiplicadores de Lagrange para determinar esse mínimo.

9) Ache os valores de x, y e z que maximizam f(x,y,z) = xyz com a restrição x + 6y + 3z = 36

10) Encontre os valores de x, y e z que minimizam a função f(x,y,z) = 6yz + 4xy + 4xz sujeitos à
restrição xyz = 96

11) Encontre os valores de x, y e z que maximizam a função f(x,y,z) = 3x + 5y + z – x2 – y2 – z2


com a restrição x + y + z = 6

12) A função f(x,y,z) = x2 + y2 + z2 possui um mínimo com a restrição 2x – 2y + z = 9. Use o


método dos multiplicadores de Lagrange para determinar esse mínimo e calcule o valor mínimo
correspondente.

13) Ache os valores de máximo e mínimo relativos da função f(x,y,z) = x + y + z com a restrição
x2 + y2 + z2 = 9

14) A função f(x,y,z) = x2 + y2 + z2 possui um mínimo com a restrição x – y + z = 1. Use o método


dos multiplicadores de Lagrange para determinar esse mínimo e calcule o valor mínimo
correspondente.

15) Ache os extremos relativos de f(x,y,z) = x + y + z com as condições x + y – z = 1 e y2 + z2 = 4

16) Determine os valores de x, y e z que maximizam a função f(x,y,z) = x – y – z com as restrições


x + y + z = 2 e x2 + y2 = 4

17) Encontre os pontos críticos de f(x,y,z) = xz + yz com as restrições x2 + z2 = 2 e yz = 2

18) Use o método dos multiplicadores de Lagrange para achar os extremos relativos da função
f(x,y,z) = 2x – y + z com as restrições x2 + 3y2 = 84 e x – z = 0

46
Respostas:

1) (2,7/2)

2) (8,7)

3) (3/2,1)

4) (1,2) e (– 1,–2)

5) (2, 2), (2, –2), (– 2, 2) e (– 2,–2)

6) (– 2,0), (–2,0), (1, 3 ) e (1,– 3 )

7) (1, –1) e (–1,1)

8) (4,7)

9) x = 12; y = 2; z = 4

10) x = 6; y = 4; z = 4

11) x = 2; y = 3; z = 1

12) (2, – 2,1) e f(2, – 2,1) = 9

13) f possui um máximo em ( 3, 3, 3 ) e um mínimo em (  3, 3, 3 )

 1 1 1   1 1 1  1
14)  , ,  e f , , =
 3 3 3  3 3 3 3

15) f possui um máximo em (3, 0, 2) e um mínimo em (–1, 0, –2)

16) f possui um máximo em (2, 0, 0) e um mínimo em (–2, 0, 4)

17) (1,1,2), (1,–2,–1), (–1,2,1) e (–1,–2,–1)

18) f possui um máximo em (9, –1, 9) e um mínimo em (–9, 1, –9)

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Bibliografia

1 – Cálculo – Um Curso Moderno e suas Aplicações


Laurence D. Hoffmann e Gerald L. Bradley
Editora LTC

2 – Cálculo – Conceitos e Aplicações


Alex Himonas e Alan Howard
Editora LTC

3 – Cálculo – volumes 1 e 2
Mustafa A. Munem e David J. Foulis
Editora LTC

4 – Cálculo com Geometria Analítica – volumes 1 e 2


Earl W. Swokowski
Editora Makron Books Ltda

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