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MÉTODOS QUANTITATIVOS

Textos de Apoio 2 –Cálculo Diferencial em IR

Docente - Filomena Soares (filomenasoares@esht.ipp.pt)

CURSOS - GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO HOTELEIRA


GESTÃO DA RESTAURAÇÃO E CATERING
GESTÃO DE ATIVIDADES TURÍSTICAS
TEXTOS DE APOIO 2 Métodos Quantitativos
Cálculo Diferencial em IR LGAH/LGRC/LGAT

Sumário
1. DEFINIÇÃO E INTERPRETAÇÃO GEOMÉTRICA DA DERIVADA – NOÇÃO DE DIFERENCIAL2

1.1.Variação e Variação Média de uma função ............................................................................................ 2

1.2.Derivada de uma função real num ponto ............................................................................................... 3

1.3.Função Derivada de uma função real ..................................................................................................... 4

1.4.Interpretação geométrica de derivada: Reta tangente e Reta normal ............................................... 5

2.REGRAS BÁSICAS DE DERIVAÇÃO ............................................................................................. 8

2.1.Função Derivada de uma Função Constante ......................................................................................... 8

2.2.Função Derivada da Função Identidade ................................................................................................ 9

2.3.Função Derivada do produto de uma constante por uma função...................................................... 9

2.4.Função Derivada de uma Função Potência ......................................................................................... 10

2.5.Função Derivada de Funções Exponenciais e Derivada de Funções Logarítmicas ....................... 11

2.6.Função Derivada da Soma, Produto e Quociente de duas Funções Reais ...................................... 11

2.7.Função Derivada de uma Função Composta....................................................................................... 12

2.8.Função Derivada da Função Inversa de uma Função Real ............................................................... 12

2.9.Funções Derivadas de Funções Reais Elementares - Formulário .................................................... 13

3.DIFERENCIAL DE UMA FUNÇÃO REAL .................................................................................... 14

4.APLICAÇÃO DAS DERIVADAS À ECONOMIA ........................................................................... 16

4.1.Funções Marginais ................................................................................................................................... 16

4.2.Elasticidade Preço da Procura............................................................................................................... 19

5.APLICAÇÕES DA NOÇÃO DE DERIVADA ................................................................................. 22

5.1.Derivadas sucessivas ............................................................................................................................... 22

5.2.Derivadas e Monotonia .......................................................................................................................... 22

5.3.Pontos Críticos e Extremos de uma Função Real ............................................................................... 24

5.4.Primeira Derivada e Extremos de uma Função Real Contínua ........................................................ 26

5.5.Segunda Derivada – Concavidade e Pontos de Inflexão ................................................................... 28

5.6.Segunda Derivada – Teste para extremos ........................................................................................... 29

5.7.Generalização do Teste da 2ª derivada ................................................................................................ 30

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1. Definição e interpretação geométrica da derivada – noção de diferencial

1.1. Variação e Variação Média de uma função

Definição

Seja f uma f.r.v.r. definida num intervalo real  x1 , x2  . A variação da função, nesse intervalo, será

dada pela diferença: ∆y = f ( x2 ) − f ( x1 )

A variação média, ou Taxa de variação média, da função nesse mesmo intervalo, será:

∆y f ( x2 ) − f ( x1 ) f ( x1 + ∆x) − f ( x1 )
TVM] x1 , x2 [ = = =
∆x x2 − x1 ∆x

Observações 1 Se a variável independente x , varia de x1 para x2 , esta variação representa-se por

∆x (leia-se “delta x ”), isto é : ∆x = x2 − x1 e designa-se por acréscimo ou variação

da variável independente x.

Observações 2 De modo análogo, o acréscimo ou variação da variável dependente ou acréscimo da


função, ∆y , denotará a variação na variável dependente y correspondente à variação
∆x , assim ∆y = ∆f = f ( x1 + ∆x ) − f ( x1 )

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Exemplos 1
Considere uma viagem de automóvel em que a distância percorrida (em km) é dada pela função
f ( x ) = 16t 2 + 16t onde 0 ≤ t ≤ 5 é o tempo gasto (em horas). A distância percorrida ao fim de uma
hora é f (1) = 32 km; a taxa de variação média da distância percorrida relativamente ao tempo
(velocidade média) nesse intervalo de tempo é dada por
∆y f (1) − f (0) 32 − 0
TVM[ 0,1] =
= = = 32 km/h
∆t 1− 0 1
Ao fim de duas horas a distância percorrida é f (2) = 16x22+16x2 = 96 km.

Logo, na segunda hora, temos:

∆y f (2) − f (1) 96 − 32
TVM ]1,2[ = = = = 64 km/h
∆t 2 −1 2 −1
Qual a velocidade média durante as duas primeiras horas de viagem? Qual a velocidade média num
qualquer intervalo de tempo iniciado em t = 3h?

E se quiséssemos saber qual a velocidade no instante t = 3h? Como proceder? A velocidade nesse
instante poderia ser determinada estudando a velocidade média em intervalos de tempo
arbitrariamente pequenos com início no instante t=3h; à medida que escolhemos intervalos de
tempo cada vez mais pequenos e mais próximos de t = 3h, a velocidade média aproxima-se de um
valor limite – a velocidade instantânea.- v Para determinar esse valor limite, faríamos então:

16 ( 3 + ∆t ) + 16 ( 3 + ∆t ) − 16 × 32 − 16 × 3
2
f (3 + ∆t ) − f (3)
lim = lim
∆t →0 ∆t ∆t →0 ∆t
96 ⋅ ∆t + 16∆t 2 + 16∆t
= lim = lim 96 + 16∆t + 16 = 112
∆t →0 ∆t ∆t → 0
Surge, assim, a noção de:

1.2. Derivada de uma função real num ponto

Definição
Seja f uma f.r.v.r., a derivada de y em relação a x no ponto de abcissa x0 é dada por

f ( x) − f ( x0 ) f ( x 0 + ∆x ) − f ( x 0 )
f ′( x 0 ) = lim = lim
x → x0 x − x0 ∆ x → 0 ∆x
caso este limite exista e seja finito.

Outras notações: f ′( x0 ) =
df
=
d
[ f ( x )] =
dy
= f x ( x0 ) = D x f ( x 0 )
dx x = x0 dx x = x0 dx x = x0

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Observações 3
A derivada representa a taxa de variação instantânea da variável dependente y, dada uma alteração
na variável independente x.

Tal como definimos, a derivada de uma função num ponto é o limite de um quociente entre duas
“quantidades” que tendem para zero, e, como tal, com “resultado”, à partida, indeterminado,
podendo não existir (por exemplo, se este limite for infinito ou se, para valores de ∆x distintos
(positivos ou negativos) o limite for distinto). Assim, uma função real f não possui derivada num

ponto x1 se:

o x1 ∉ D f

o f não for contínua em x1

o ( x1 + ∆x ) ∉ D f para algum ∆x (pequeno) não nulo

f ( x1 + ∆x ) − f ( ∆x )
o lim = (±) ∞
∆x → 0 ∆x
f ( x1 + ∆x ) − f ( x1 ) f ( x1 + ∆x ) − f ( x1 )
o lim − ≠ lim +
∆x → 0 ∆x ∆x → 0 ∆x

1.3. Função Derivada de uma função real

Definição
Seja f uma função real de variável real x . A Função Derivada de f (em relação à variável

independente x ) é uma função real, também na variável x , definida por:

f ( x + ∆x ) − f ( x )
f ' ( x ) = lim
∆x → 0 ∆x

para todo o ∆x não nulo.

= [ f ( x )] =
df d dy
Outras notações: f ′( x ) = = D x f ( x)
dx dx dx

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Observações 4
A função derivada, f ' , não está definida para algum valor de x real, quando se verifica alguma das

condições referidas nas observações anteriores.

A operação efetuada para encontrar f ' designa-se por derivação (ou diferenciação) da função.

Refira-se ainda que, para qualquer função real f se verifica a condição: D f ' ⊆ D f .- o domínio da

função derivada de uma função real nem sempre coincide com o domínio da própria função mas
está contido nele.

Exemplos 2
Determine a expressão que nos fornece a velocidade do automóvel do exemplo anterior, onde a
distância percorrida (em km) era dada pela função f ( x ) = 16t 2 + 16t , onde 0 ≤ t ≤ 5 .

16 ( t + ∆t ) + 16 ( t + ∆t ) − 16t 2 − 16r
2
f (t + ∆t ) − f (t )
f ' ( t ) = lim = lim
∆t →0 ∆t ∆t →0 ∆t
 0 
2 2 2  ↑ 
16 ⋅ t + 32t.∆t + 16∆t + 16t + 16∆t −16t −16t
= lim = lim  32t + 16∆t + 16  = 32t + 16
∆t → 0 ∆t ∆t → 0  

 

1.4. Interpretação geométrica de derivada: Reta tangente e Reta normal

Se considerarmos a reta secante ao gráfico de f nos pontos de abcissa x e x+∆x, o declive da reta é dado
∆y f ( x + ∆x ) − f ( x )
pelo quociente = , como se pode ver nas imagens abaixo (na segunda imagem
∆x ∆x
apresenta-se o “movimento” de P para Q com acréscimos positivos e com acréscimos negativos).

Quando ∆x tende para zero, a secante tende para a reta tangente ao gráfico de f no ponto em questão.

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P aproxima-se de Q pela direita - acréscimos ∆x positivos

P aproxima-se de Q pela esquerda - acréscimos ∆x negativos

Imagem adaptada de: http://www.webassign.net/scalcet/2-1-ae-1.gif

A derivada representa, assim, o declive dessa reta tangente: mt = f ' ( x )

A equação da reta tangente ao gráfico de f no ponto ( x0 , y0 ) pode ser obtida através da equação
geral:

y − y0 = f ' ( x0 ) . ( x − x0 )

onde y0 = f ( x0 ) .

Observações 5 IMPORTANTE - prática


Para determinar a equação de uma reta tangente ao gráfico de uma função num dado ponto de
abcissa x0 podemos proceder do seguinte modo:

o Determinar a ordenada do ponto de tangência: y0 = f ( x0 ) (calcular a imagem de x0 ).

o Calcular o valor da derivada da função no ponto de tangência para obter o declive: mt = f ' ( x0 )

o Substituir os valores obtidos ( x0 , y0 , mt ) na equação geral da reta ( y = mx + b ) para

determinar o valor da ordenada na origem ( b ).

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A reta normal ao gráfico de f no ponto ( x0 , y0 ) é a reta perpendicular y y=f(x)


1
à tangente, cujo declive será: mn = − . Assim, a equação da reta tangente
mt
y0
normal ao gráfico de f é:

1 x0 x
y − y0 = − ( x − x0 )
f ′( x0 ) normal

Observações 6 IMPORTANTE - prática


De um modo análogo às observações anteriores, para determinar a equação de uma reta normal ao
gráfico de uma função num dado ponto de abcissa x0 podemos proceder do seguinte modo:

o Determinar a ordenada do ponto de tangência: y0 = f ( x0 ) (calcular a imagem de x0 ).


o Calcular o valor da derivada da função no ponto de tangência: f ' ( x0 )
1
o Determinar o declive da normal (apenas se f ' ( x0 ) ≠ 0 ): mnorm = −
f ' ( x0 )
o Substituir os valores obtidos ( x0 , y0 , mt ) na equação geral da reta ( y = mx + b ) para
determinar o valor da ordenada na origem ( b ).

Caso particular 1

y normal Se a derivada no ponto ( x0 , y0 ) for nula, significa que o declive da reta


x=x0
y=f(x) tangente é nulo, logo a reta tangente é uma reta horizontal de equação y = y0
y0 tangente
y=y0
Portanto, a reta normal será uma reta vertical de equação x = x0 .
x0 x

Caso particular 2
Pontos de tangência vertical

y tangente Se lim f ′( x) = ∞ e f é contínua em x0 , a reta tangente é vertical de equação


x=x0 normal x → x0

y=y0 x = x0 e portanto a reta normal é horizontal de equação y = y0 .


y0

y=f(x)

x0 x

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Observações 7 Veja o que acontece analisando os applets nos seguintes endereços:


http://www.geogebratube.org/student/m1922

http://www.geogebratube.org/student/m6814

http://www.geogebratube.org/student/m1263

Com cálculo de função derivada:

http://www.geogebratube.org/student/m35536

http://www.geogebratube.org/student/m127

Temos então a relação entre:

TAXAS DE VARIAÇÃO

MÉDIA INSTANTÂNEA
dois momentos/pontos um momento/ponto

Declive da reta secante Declive da reta tangente

Dados dois pontos pertencentes ao gráfico da função Calcular o valor da derivada da função nesse
determine o declive ponto

2. Regras Básicas de Derivação

Aqui referimos apenas algumas regras básicas que resultam da aplicação direta da definição de derivada de
uma função. O conhecimento destas regras agiliza o cálculo de derivadas, não havendo necessidade de
recorrer à definição de função derivada.

2.1. Função Derivada de uma Função Constante

Proposição
A derivada de uma função constante é zero, isto é, sendo a ∈ ℝ :

y = f ( x) = a ⇒ y ' = f ' ( x) = 0

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Dem.

f ( x + ∆x ) − f ( x ) a−a
f ' ( x ) = lim = lim =0
∆x → 0 ∆x ∆x → 0 ∆x

Exemplos 3
f ( x) = 5 ⇒ f ' ( x) = 0
y = −8 ⇒ y' = 0
dg
g ( x) = 2 ⇒ =0
dx

2.2. Função Derivada da Função Identidade

Proposição
A derivada da função identidade é 1, isto é:

y = f ( x) = x ⇒ y ' = f ' ( x) = 1

Dem. Sendo x um qualquer número real temos:

f ( x + ∆x ) − f ( x ) x + ∆x − x
f ' ( x ) = lim = lim = lim 1 = 1
∆x → 0 ∆x ∆x → 0 ∆x ∆x → 0

2.3. Função Derivada do produto de uma constante por uma função

Proposição
A derivada do produto de uma constante a ∈ ℝ , por uma função real f é igual ao produto dessa

constante pela derivada da função, isto é, sendo a ∈ ℝ :

y = a. f ( x ) ⇒ y ' = a. f ' ( x ) .

Dem. Sendo x um qualquer número real temos:

a. f ( x + ∆x ) − a. f ( x ) a.  f ( x + ∆x ) − f ( x )  f ( x + ∆x ) − f ( x )
y ' = lim = lim = a. lim = a. f ' ( x )
∆x →0 ∆x ∆x →0 ∆x ∆x →0 ∆x

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Exemplos 4
f ( x ) = 7 x ⇒ f ' ( x ) = ( 7 x )' = 7.x' = 7
y = −8 x ⇒ y' = −8
' '
x  x  1  1
f ( x) = − ⇒ f ' ( x) =  −  =  − x  = −
2  2  2  2
dg
g ( x ) = ax ⇒ = a (para todo o valor de a)
dx

Observações 8 IMPORTANTE - prática


Podemos particularizar a regra de derivação: ( a.x ) ' = a , ∀a ∈ ℝ

, a ∈ ℝ \ {0} como
x
Para facilitar a derivação de funções convém olhar para expressões do tipo
a
1 
 a .x  , a ∈ ℝ \ {0} , cuja derivada é direta: a .
1
 

Nas próximas secções omite-se a demonstração das proposições enunciadas uma vez que vão além das
competências desta unidade curricular. Mesmo as demonstrações anteriores foram apresentadas por serem
de fácil compreensão e aplicação da definição de derivada de uma função para que os estudantes fiquem
com a noção que as conhecidas “Regras de Derivação” surgem por aplicação da definição apresentada.

2.4. Função Derivada de uma Função Potência

Proposição

Sendo a ∈ ℝ e y = f ( x ) = x a então y ' = f ' ( x ) = a.x a −1

Exemplos 5
f ( x ) = x3 ⇒ f ' ( x ) = 3 x 2 y = x7 ⇒ y' = 7 x6
1 2
f ( x ) = x ⇒ f ' ( x ) = 1 .x 0 = 1 g ( x) = = x −2 ⇒ g' ( x ) = −2 x −3 = −
2
x x3

( )
2 2 1
1 '
h ( x ) = ⇒ f ' ( x ) = x −1 = ( −1) x −2 = −
1 2 3 −1 2 − 3 2
h ( x) = x = x ⇒ g' ( x ) = x
3 2 3 = x =
x x2 3 3 33 x
1 1 1
−1 1 −
h ( x) =
1
x = x 2 ⇒ f ' ( x) = x 2 = x 2 = .
1 1
=
1 f ( x ) = 6 x 2 ⇒ f ' ( x ) = 12 x
2 2 2 x 2 x
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2.5. Função Derivada de Funções Exponenciais e Derivada de Funções Logarítmicas

Proposição

Sendo a ∈ ℝ + tem-se que:

y = f ( x) = ax ⇒ y ' = f ' ( x ) = a x .ln ( a )

y = f ( x ) = loga ( x ) ⇒ y ' = f ' ( x ) =


1
x.ln ( a )
No caso particular da exponencial e logaritmo natural, isto é, de a = e estas expressões aparecem

simplificadas uma vez que ln ( e ) = 1 :

y = f ( x) = ex ⇒ y ' = f ' ( x) = ex

y = f ( x ) = ln ( x ) ⇒ y' = f ' ( x) =
1
x

Exemplos 6
f ( x ) = 7 x ⇒ f ' ( x ) = 7 x .ln ( 7 ) y = 2 x ⇒ y' = 2 x .ln ( 2 )
1 1
1 y = log 1 ( x ) ⇒ y' = =−
f ( x ) = log 2 ( x ) ⇒ f ' ( x ) = 1 x.ln ( 3)
x.ln ( 2 ) 3 x.ln  
3
1 5
g ( x ) = 9e x ⇒ g ' ( x ) = 9e x y = 5 ln ( x ) ⇒ g' ( x ) = 5. =
x x

2.6. Função Derivada da Soma, Produto e Quociente de duas Funções Reais

Proposição
Sejam f e g duas funções deriváveis num qualquer ponto x ∈ ℝ . Então as funções f + g e f .g são

sempre que g ( x ) ≠ 0 . As suas derivadas, em ordem


f
também deriváveis em x , assim como a função
g
x , são:
(f + g )' ( x) = f ' ( x) + g ' ( x)

( f .g ) ' ( x ) = f ' ( x ) .g ( x ) + f ( x ) .g ' ( x )

f ' ( x ) .g ( x ) − f ( x ) .g ' ( x )
'
f 
  ( x) =
 g ( x ) 
2
g

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Exemplos 7
f ( x ) = x2 + 8 ⇒ f ' ( x ) = 2 x + 0 = 2x

g ( x ) = e x .x −3 ⇒ g ' ( x ) = e x .x −3 + e x .( − 3 ) x −4 = e x .x −3 − 3e x .x −4

h( x) =
ex
⇒ h' ( x ) =
e x .x3 − e x .3 x 2
=
(
x 2 x.e x − 3e x ) = x.e x − 3e x
x3 x6 x64 x4

2.7. Função Derivada de uma Função Composta

Proposição

Seja x ∈ ℝ . Se g é derivável em x e f é derivável em g ( x ) , então a função ( f g ) ( x ) = f  g ( x ) 

é derivável em x e (f g ) ' ( x ) = f '  g ( x )  .g ' ( x )

Observações 9
É este teorema que serve de base às expressões presentes em muitos “formulários” para o cálculo de

derivadas. Note-se que sendo y = ( f g ) ( x) e y = f (u ) e u = g ( x ) , a expressão

(f g ) ' ( x ) = f '  g ( x )  .g ' ( x ) , dada no teorema, pode rescrever-se da seguinte forma:

(f g ) ' ( x ) = f ' u  .u '

Exemplos 8

( ) ( ) ( ) ( ) ( )
3 2 2 2
f ( x ) = x2 + 7 ⇒ f ' ( x ) = 3 x 2 + 7 . x 2 ' = 3 x 2 + 7 .( 2 x ) = 6 x x 2 + 7

g ( x ) = e3 x + 5 ⇒ g ' ( x ) = e3 x + 5 .( 3 x + 5 )' = 3e3 x + 5

2.8. Função Derivada da Função Inversa de uma Função Real

Proposição

Seja x ∈ ℝ . Se a função f definida por y = f ( x ) admite uma função inversa g , definida por

x = g ( y ) , tal que, num dado ponto y , a derivada g ' ( y ) ≠ 0 , então a função f é derivável, no ponto

1
x correspondente, e f ' ( x ) = .
g ' ( y)

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Observações 10

Quando escrevemos f ' ( x ) , supomos que, durante o cálculo da derivada, a variável independente

é x e, de um modo análogo, quando escrevemos g ' ( y ) estamos a supor que o cálculo da derivada

é realizado tomando y como variável independente.

Exemplos 9 Veja um exemplo em http://www.geogebratube.org/student/m18245

2.9. Funções Derivadas de Funções Reais Elementares - Formulário

Nesta secção apresentamos algumas regras gerais (formulário) que resultam da aplicação da definição de
derivada de uma função e dos teoremas relativos à derivação de funções compostas e de funções inversas.

Sendo a∈ℝ (constante real, u = f ( x ) e v = g ( x ) duas funções reais na variável real x , verificam-se as
seguintes relações, entre funções e respetivas derivadas:

FUNÇÃO DERIVADA FUNÇÃO DERIVADA

a 0 x 1

xa a.x a −1 ua a.u a −1.u '

ax a x ln ( a ) au u '.au ln ( a )
ex ex eu u '.eu
1 u'
x.ln ( a ) u.ln ( a )
log a ( x) log a (u )

ln( x) 1 ln(u ) u'


x u
u±v u '± v ' u.v u '.v + u.v '

u u '.v − v '.u
2 uv u.v u −1.v '+ u '.u v .ln ( u )
v v

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3. Diferencial de uma função real

Seja f uma função real derivável no intervalo  a , b  . Tal como definimos a derivada de f num ponto

f ( x + ∆x ) − f ( x )
x ∈  a , b  , tem-se: f ' ( x ) = lim , para todo o ∆x não nulo.
∆x → 0 ∆x
Então, pela definição de limite, podemos escrever
f ( x + ∆x ) − f ( x )
= f ' ( x ) + ε∆
∆x
onde ε ∆ é uma quantidade pequena que depende de ∆x (tão mais pequena quanto menor for ∆x ).

Desta igualdade, tem-se que: f ( x + ∆x ) − f ( x ) = f ' ( x ) .∆x + ε ∆ .∆x

Perante esta igualdade, a variação da função, ∆y = f ( x + ∆x ) − f ( x ) pode ser decomposta em duas

partes distintas:

(1) f ' ( x ) .∆x , comparável com o acréscimo ∆x

(2) ε ∆ .∆x , negligenciável em comparação com o acréscimo ∆x

Assim, atendendo ao que é afirmado em (2), pode dizer-se que o termo f ' ( x ) .∆x representa a “parte

principal” da variação da função, que se designa, usualmente, por diferencial da função f . De um modo

mais formal:

Definição

Seja f uma função real derivável num ponto x do seu domínio, notada por y = f ( x ) . Chama-se:

- diferencial da função f ou diferencial da variável dependente y, e representa-se por df ou dy ,

,ao produto da derivada da função nesse ponto, f ' ( x ) , pela variação (ou acréscimo) da variável

independente, ∆x : dy = f ' ( x ) .∆x

- diferencial da variável independente x, e representa-se por dx, à sua variação ou acréscimo ∆x :

dx = ∆x

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Observações 11

Com base nestas definições tem-se: dy = f ' ( x ) .dx o que permite escrever, para ∆x ≠ 0 ,

dy
= f ' ( x ) obtendo-se, assim a notação diferencial para a derivada de uma função. Podemos então
dx
afirmar que: A derivada de uma função real pode ser considerada como o quociente de dois
diferenciais (o diferencial da função e o diferencial da variável independente).

Vejamos, agora, as interpretações geométricas dos diferenciais, dx e dy .

Na figura seguinte estão representados os gráficos de duas funções. Represente-se por t a reta tangente ao
gráfico de cada uma das funções, no ponto P.

Observando as figuras é fácil apercebermo-nos que, quanto mais pequeno for ∆x, menor é a medida de

QT  , isto é, menor é a distância entre dy e ∆y , isto é, ∆y − dy . Assim, quando ∆x for “muito pequeno”,
QT também é “muito pequeno”, ou seja, ∆y − dy ≈ 0 , donde se pode deduzir a relação:

∆y ≈ dy
Neste sentido dy pode ser usado como uma aproximação da variação exata ∆y da variável dependente,
correspondente a uma pequena variação ∆x em x.
Este facto leva-nos à designada aproximação linear local:

Se f for uma função diferenciável em xi , então a reta tangente é uma “boa” aproximação da função

para valores de x próximos de xi .

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Cálculo Diferencial em IR LGAH/LGRC/LGAT

Observações 12
A tradução analítica desta ideia não é mais o que a utilização da equação da reta tangente a f em

xi , substituindo o “usual” y por f ( x ) , isto é: f ( x ) ≈ f ( xi ) + f ' ( xi ) . ( x − xi ) para valores de

x “próximos” de xi , que se designa-se por aproximação linear local de f em xi .

4. Aplicação das Derivadas à Economia

4.1. Funções Marginais

Em textos anteriores fizemos referência às funções utilizadas em economia, entre as quais se encontram a
função receita total, R ( x ) , a função custo total, C ( x ) e a função lucro total, L ( x ) , decorrentes da

produção e venda de x unidades de um determinado produto.


Em economia, as derivadas destas funções, em ordem a x , são designadas por funções marginais. Assim,
temos as funções:

dR
Receita Marginal - Rmg ( x) = R '( x) =
dx
dC
Custo Marginal - Cmg ( x) = C '( x) =
dx
dL
Lucro Marginal - Lmg ( x) = L '( x) =
dx

Os economistas interpretam estas “quantidades” como:

- a receita adicional resultante da venda de uma unidade adicional do produto, quando o nível de
produção e vendas é de x unidades.

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- o custo adicional resultante da produção de uma unidade adicional do produto quando o nível de
produção e vendas é de x unidades

- o lucro adicional que resulta da produção e da venda de uma unidade adicional do produto quando
o nível de produção e vendas é de x unidades.

Esta interpretação segue da noção de diferencial de uma função, que pode ser utilizado quando se pretende
obter um valor aproximado da variação exata de uma função provocada por uma pequena variação na
variável independente.
Isto é, transportando para aqui a relação genérica: f ( x + ∆x) − f ( x) ≈ f '( x)∆x

e sendo f , por exemplo, a função custo, temos CT ( x + ∆x) − CT ( x) ≈ CT '( x)∆x

Se o nível de produção x aumentar uma unidade, temos


∆x = 1
Logo, substituindo na relação anterior conseguimos compreender a interpretação dada, pelos economistas,
à função derivada:

CT ( x + 1) − CT ( x) ≈ CT '( x) = Cmg ( x)
ɶ (efectiva) do custo, provocada pela
variaçao ɶ (aproximada) do custo, provocada pela
variaçao
ɶ de uma unidade adicional quando
produçao ɶ de uma unidade adicional quando
produçao
ɶ e′ de x unidades
o nivel de produçao ɶ e′ de x unidades
o nivel de produçao

Observações 13 Ver exemplo http://www.geogebratube.org/student/m13345


Outro conceito importante em economia, intimamente relacionado com derivação, é a determinação dos
extremos das funções referidas, isto é, determinar o nível de produção que gera receita máxima ou custo
mínimo ou lucro máximo. Relativamente à maximização da função lucro total, surge um princípio básico
em economia, que é consequência da interpretação dada, pelos economistas, às funções marginais.
Com efeito, a partir da relação já referida:
L ( x) = R ( x) − C ( x)

temos que a derivada da função lucro é nula, L ' ( x ) = 0 , nos pontos onde R ' ( x ) = C ' ( x ) e isto implica,

uma vez que as funções económicas são usualmente contínuas e com derivadas contínuas, o lucro máximo
deva ocorrer nos pontos onde o receita marginal é igual ao custo marginal.
Tem-se, assim, o seguinte princípio básico em economia:

“O lucro máximo ocorre num ponto onde o custo de fabrico e venda de uma unidade
adicional de um produto é igual à receita gerada por uma unidade adicional.”

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Exemplos 10
Suponha que o custo total de fabrico de x unidades de um determinado produto seja dado, em euros, por:
C ( x ) = 3x 2 + 5 x + 10 . Determine:
a. Uma expressão para o custo marginal.
b. O custo de aproximado de produção para a 51.ª unidade (utilizando diferenciais/análise marginal).
c. O custo exato de produção da 51.ª unidade.
d. A variação estimada do custo quando, a produzir 65 unidades se pretende baixar a produção para 62.
Proposta de Resolução:

a. O custo marginal é a primeira derivada da função custo, assim: C ' ( x ) = 6 x + 5

b. O custo aproximado de produção da 51.ª unidade é igual C ' ( 50 ) portanto:

C ' ( 50 ) = 6 × 50 + 5 = 305 , ou seja, aproximadamente, 305€


c. O custo real de produção da 51.ª unidade é igual a:
C ( 51) − C ( 50 ) = 3 × 512 + 5 × 51 + 10 − 3 × 502 + 5 × 50 + 10 =
= 8068 − 7760 = 308
Obtendo-se um custo real (exato) de 308€
d. Neste caso temos “variação estimada = variação aproximada”, assim, para termos uma noção da
variação (sentido e amplitude) bastará utilizar: ∆C ≈ CT '( x)∆x onde x = 65 e ∆x = 62 − 65 = −3 .
Deste modo, como C ' ( x ) = 6 x + 5 , vem: ∆C ≈ (6 × 65 + 5) ( −3) = −1185
Conclui-se que o custo diminuirá em cerca de 1185€, quando se baixa a produção de 65 para 62
unidades.
Exemplo e observações adaptadas de http://www.gilmaths.mat.br/apostila%20de%20MATEM%C3%81TICA%20II.pdf

Observações 14
Note-se que as respostas às alíneas b e c apenas em 3€, isto é, o custo marginal (aproximado) é muito
próximo do custo real (exato) de produção de uma unidade adicional. Esta discrepância ocorre
porque o custo marginal é a taxa de variação instantânea da função custo, C , em relação a uma

unidade de variação em x (quantidade). Assim, C ' ( 50 ) fornece-nos o valor aproximado do custo

de produção da 51ª unidade do produto em questão.

O cálculo de C ' ( 50 ) , no exemplo anterior, é muito mais simples do que o de C ( 51) − C ( 50 ) . Tal

como já referimos, os economistas determinam o valor aproximado do custo da produção de uma


quantidade adicional utilizando a função custo marginal, o que vai ao encontro do anteriormente

referido: C ' ( x ) é o valor aproximado do custo de produção da ( x + 1) - ésima unidade quando as

x primeiras unidades tiverem sido produzidas.

As respostas nas alíneas b e c do exemplo anterior são muito próximas devido à proximidade dos
pontos (50; C(50)) e (51; C(51)) , e porque estes pontos pertencem a uma parte “praticamente
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linear” da curva de custo. Neste pontos, o coeficiente angular (declive) da tangente (variação
aproximada) é uma boa aproximação do coeficiente angular da secante (variação exata). Como, de
uma maneira geral é mais fácil obter a aproximação (derivada) utiliza-se o custo marginal (as
funções derivadas) como aproximação do valor exato ou real do custo produção de uma unidade
adicional, como já foi referido.

De um modo geral, em Economia, a Análise Marginal refere-se à utilização das derivadas das funções
económicas conhecidas (receita, custo ou lucro – simples ou médios) para estimar a variação
provocada no valor da variável dependente, quando há um acréscimo de uma unidade no valor da
variável independente (usualmente quantidade) podendo ainda multiplicar-se esta variação pelo
acréscimo previsto (quando não é 1) como é o caso da alínea d. do exemplo anterior.

4.2. Elasticidade Preço da Procura

A elasticidade preço da procura “mede” a sensibilidade da procura de um determinado bem relativamente


às variações do preço desse bem, e pode ser utilizada para medir o efeito que essas variações exercem sobre
a receita total.

A lei da procura diz-nos que os consumidores reagem às alterações dos preços: se os preços sobem,
usualmente o consumo diminui. Mas o grau de sensibilidade dos consumidores às mudanças depende muito
do tipo de produto em questão, por exemplo, será de esperar uma diferença substancial entre a reação a um
aumento do preço da insulina e a reação a um mesmo aumento no preço do café ou dos jornais.
Quando a resposta à variação do preço é notória diz-se que a procura é elástica, enquanto que, se as
alterações não forem significativas, diz-se que a procura é inelástica para o produto.

Os economistas “medem” a elasticidade preço da procura, num dado intervalo, dividindo a variação
percentual da procura pela variação percentual do preço. Como a procura é, relativamente ao preço,
usualmente, decrescente (o aumento de um provoca uma diminuição no outro), para se obter um valor
positivo para esta elasticidade, esta define-se, à partida como o simétrico desse quociente, isto é:
variação da quantidade procurada
quantidade procurada inicial ∆x / x
εD = − =−
variação no preço ∆p / p
preço inicial

Podemos escrever esta relação como


p ∆x
εD = − .
x ∆p

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Como a quantidade procurada X D é função do preço x = f ( ( p ) ) , então podemos escrever:
∆x f ( p + ∆p ) − f ( p )
=
∆p ∆p
E o limite, quando ∆p tende para 0, fornece-nos a elasticidade do preço procura no ponto, de acordo com

.f ' ( p)
p
a seguinte expressão: ε D = −
x
Temos, então:

Elasticidade preço da procura num intervalo – Elasticidade de arco


p ∆x
εD = − . (no caso de variações discretas)
x ∆p

Elasticidade preço da procura num ponto – Elasticidade de ponto


p dx
εD = − . (no caso de variações contínuas)
x dp

Os economistas classificam as curvas da procura de acordo com a forma como a procura responde à
alteração do preço, usando a elasticidade. No quadro seguinte, podemos ver um resumo desta classificação:

Valores da
Classificação Descrição
Elasticidade

A diminuição percentual da procura é maior do que o aumento


εD > 1 Elástica percentual correspondente do preço
Rígida ou A diminuição percentual da procura é menor do que o aumento
0 < εD < 1 percentual correspondente do preço
Inelástica
A diminuição percentual da procura é aproximadamente igual ao
εD = 1 Unitária aumento percentual correspondente do preço

Exemplos 11
A. Suponha que a equação da procura relativa a um determinado bem é dada por p + 2 x = 60 onde x
representa o número de unidades procuradas e p o respetivo preço em euros.
a. Exprima a elasticidade da procura em função de p .
b. Calcule a elasticidade da procura quando p = 10 .
Proposta de Resolução:

. f ' ( p ) ou ε D = − .
p p dx
a. A expressão da elasticidade é dada por ε D = − e sabemos que a relação
x x dp
entre x e p é dada por p + 2 x = 60 .
Como se pretende a expressão em função do preço, teremos que exprimir nesta expressão x como
60 − p
função de p , isto é: p + 2 x = 60 ⇔ 2 x = 60 − p ⇔ x =
2
f ( p ) = 30 −
1
Obtemos, assim, a expressão de “ f ”: p
2

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f ' ( p) = − .
1
que deverá ser derivada:
2
Na posse de todos os elementos podemos substituir na “fórmula” da elasticidade, de modo a obtermos
a expressão pretendida:
 1
. f ' ( p) = −
p p 2p p
εD = − × −  = =
x 60 − p  2  2 ( 60 − p ) 60 − p
2
10 1
b. Sendo p = 10 temos, pela expressão obtida na alínea anterior: ε D = = = 0 , 2 (%)
60 − 10 5
Isto significa que, para um aumento de 1% no preço (a 10€) a procura diminuirá 0,2%
Exemplo adaptado de http://www.gilmaths.mat.br/apostila%20de%20MATEM%C3%81TICA%20II.pdf

B. Suponha que a equação da procura relativa a um determinado bem é dada por x + 2 p = 500 onde x
representa o número de unidades procuradas e p o respetivo preço em euros.
a. Exprima a elasticidade da procura em função de p e determine para que preços a procura é elástica,
unitária ou inelástica.
b. Escreva uma expressão para a função receita, como função de x e determine o preço para o qual a
receita é máxima. Estabeleça uma relação com os resultados obtidos na alínea anterior..
Proposta de Resolução:
a. Sendo a relação entre x e p é dada por x + 2 p = 500 podemos afirmar que 0 ≤ p ≤ 250
Resolvendo esta equação em ordem a x temos: x + 2 p = 500 ⇔ x = 500 − 2 p , o que permite
dx
determinar a sua derivada diretamente: = −2
dp

. ( −2 ) =
p 2p p
A expressão da elasticidade será, então, dada por ε D = − =
500 − 2 p 500 − 2 p 250 − p
p
A procura será unitária se: ε D = 1 ⇔ = 1 ⇔ p = 250 − p ⇔ p = 125 e podemos dizer que
250 − p
a mesma será elástica (>1) se 125 < p < 250 e inelástica (<1) se 0 < p < 125 .
Para resolvermos esta questão podemos optar por dois caminhos distintos:
500 − x
Como função de p: x = 500 − 2 p Como função de x: x + 2 p = 500 ⇔ p =
2
R ( p ) = x.p = ( 500 − 2 p ) . p = 500 p − 2 p 2  x
R ( x ) = x. p = x.  250 −  = 250 x − x 2
1
500  2 2
Vértice da parábola: pv = − = 125
2 × ( −2 ) 250
Vértice da parábola: xv = − = 250
Logo a receita é máxima quando o preço é 125€, isto  1
2 × − 
é, quando a procura é unitária.  2
Logo a receita é máxima quando a quantidade
procurada é de 250 unidades, o que, substituindo na
equação da procura permite concluir que o preço é
 500 − 250 
125€  p = = 125 
 2 

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5. Aplicações da noção de Derivada

5.1. Derivadas sucessivas

Definição
Seja f uma função derivável.

Se f ' também for uma função derivável, então a sua derivada diz-se a segunda derivada de f e

d2 f
representa-se por f '' ou .
dx 2
Se f '' também for uma função derivável, então a sua derivada diz-se a terceira derivada de f e

d3 f
representa-se por f ''' ou .
dx 3

Genericamente, a derivada de ordem n ou n-ésima derivada de f , representada por f (


n)
, obtém-se

derivando a derivada de ordem n-1 de f .

Observações 15
Neste contexto, a função derivada de f , f ' , designa-se por primeira derivada de f .

Relativamente à notação, a partir da derivada de ordem quatro são, vulgarmente, utilizados os


parêntesis (em “expoente”) para evitar, por um lado, qualquer engano na “contagem” do número
de “linhas” ou apóstrofes, ligados a f , e por outro, confusões com a potenciação (por exemplo,

y( ) = f ( ) ( x ) ≠ y 4 = y.y.y.y ).
4 4

5.2. Derivadas e Monotonia

O sinal da primeira derivada está relacionado com comportamento de uma função:

Proposição

Seja f uma função real, contínua e derivável num intervalo  a , b  . Tem-se então que:

(1) Se f ' ( x ) = 0 para todo o x ∈  a , b  então f é constante em  a , b 

(2) Se f ' ( x ) > 0 para todo o x ∈  a , b  então f é crescente em  a , b 

(3) Se f ' ( x ) < 0 para todo o x ∈  a , b  então f é decrescente em  a , b 

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Exemplos 12 Este exemplo, apesar de bastante elaborado, ilustra várias questões abordadas.

Consideremos a função real definida por f ( x ) =


3 3
x − 3x 2

O domínio desta função é IR e trata-se de uma função contínua (raiz cúbica de um polinómio). Então, para
analisarmos a monotonia desta função, em todo o seu domínio, recorrendo à proposição anterior bastará
estudar o “sinal” da sua primeira derivada. A expressão da função derivada de f é, pelas regras de

derivação:

3x2 − 6 x x−2
f ' ( x) = =
( ) x. ( x − 3)
2 3 2
3.3 x3 − 3 x 2

Temos, então, que D f ' = ℝ \ {0 , 3} e a função tem um só zero em x = 2 . Como, no domínio de f ' ,

( x − 3)2 > 0 , então o sinal do denominador é dado pelo sinal de x . Na tabela seguinte podemos ver um

estudo detalhado do sinal de f ' e as conclusões relativas ao comportamento da função f .

Em termos gerais, neste tipo de tabelas utiliza-se simbologia representativa usual, assim: escreve-se “ss”
(sem significado) ou “nd” (não definida) quando a função não está definida nesse ponto (ou intervalo)
assinala-se com o símbolo “ ր ”, o caso da função ser crescente, e com o símbolo “ ց ”, quando a função é
decrescente.

+∞ 0 2 3 +∞

x−2 – – – 0 + + +

x ( x − 3)
2
3 – 0 + + + 0 +

f '( x) + ss – 0 + ss +

f ( x) ր ց ր ր
Estudo do sinal da primeira derivada da função

Assim, podemos concluir que:


- A função é crescente em  −∞ , 0  e  2 , +∞ 

- A função é decrescente em  0 , 2 

Exemplos 13 Analise o valor da derivada da função em cada ponto, percorrendo o seu gráfico:
http://www.geogebratube.org/student/m8035

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5.3. Pontos Críticos e Extremos de uma Função Real

Existe um conjunto de pontos, do domínio de uma função real entre os quais se verificam todos os extremos
dessa função; tal conjunto designa-se, usualmente, por conjunto dos pontos críticos.

Definição
Seja f uma função real, com domínio, D f ⊆ ℝ . Diz-se que a função tem em c ∈ D f um ponto

crítico, se se verifica uma das seguintes condições:


(1) f não é contínua em c (à direita ou à esquerda)

(2) f ' ( c ) não está definida (e f é contínua em c )

(3) f ' (c) = 0

Observações 16

Existem autores que distinguem os pontos críticos, nos quais f ' ( c ) = 0 , dos restantes designando-

os por pontos estacionários de f .

Usualmente, a definição de ponto crítico de uma função real não engloba a proposição (1). No entanto
se a função não for contínua ou se o for num intervalo fechado, os pontos de descontinuidade e os
extremos do intervalo de definição devem figurar no conjunto dos pontos críticos da função, uma
vez que necessitam de uma “atenção” especial na análise do comportamento da função para que o
estudo referente à existência ou não de extremos (relativos e absolutos) da função fique completo.
No entanto, a análise relativa aos pontos de descontinuidade deve ser levada a cabo separadamente
dos pontos onde a função é contínua, uma vez que, para estes últimos, se podem aplicar os resultados
que iremos expor.
Note-se ainda que, os resultados aqui referidos dizem, unicamente, respeito a extremos relativos,
podendo em algum caso particular ser absolutos. Mas tal conclusão só poderá ser obtida após uma
análise global do comportamento da função em todo o seu domínio: esta não pode ser inferida de
uma análise local (sobre a qual incidem os teoremas subsequentes).

Proposição
Se a função real tiver extremos relativos, estes ocorrem nos seus pontos críticos.

Observações 17
Este teorema permite-nos concluir que, para pesquisarmos os extremos relativos de uma função
real, basta analisarmos o “comportamento” da função numa vizinhança dos seus pontos críticos.

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Exemplos 14

y = f (x) y = f (x)

f (c)

f (c)
c x
c x
(a) (b)

Funções contínuas e não deriváveis em c (1)


y y

y = f (x) y = f (x)

f (c) f (c)

c x c x
(a) (b)

Funções descontínuas em c (2)


y y

y = f (x) y = f (x)

f (c) f (c)
c c
x x
(a) (b)

Funções contínuas e deriváveis em c (3)

(1)
Representações das seguintes funções, com c = 4 :
(a) f ( x ) = x − 4 + 1 (b) f ( x ) = 2. x − 4 + 1
3

(2)
Representações das seguintes funções, com c = 4 :

(a) f ( x ) = {
2 x − 4 se x ≤ 4
x − 3 se x > 4 {
(b) f ( x ) = ( x − 4 ) + 4
2

x −3
se x ≤ 4
se x > 4
(3)
Representações das seguintes funções, com c = 4 :

(
(a) f ( x ) = ( x − 4 ) + 1 (b) f ( x ) = x − 4 )
2 3
+1

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Observações 18
Embora c seja um ponto crítico de todas as funções representadas nas na página anterior, só as
funções representadas pelas figuras com letra (a) admitem, em c , extremos. Note-se que, a função
representada no “meio” à esquerda, apesar de ser descontínua, e sempre crescente nos intervalos
onde é contínua, apresenta em c , um máximo relativo.

Proposição
Se a função real f é derivável e possui num ponto c do seu domínio um extremo (máximo ou mínimo),

então f ' ( c ) = 0 .

Observações 19
Desta proposição resulta que, se a derivada da função real f está definida em todos os pontos do

seu domínio, então a função só pode ter extremos (máximo ou mínimo) em pontos onde a derivada
se anula.
O recíproco deste teorema não é verdadeiro, isto é, a derivada de uma função real pode ser nula num
ponto e a função não possuir aí qualquer extremo (ver imagem no canto inferior esquerdo na página
anterior)

5.4. Primeira Derivada e Extremos de uma Função Real Contínua

No caso da função real f , em questão, ser contínua, se se constatar que c é um ponto crítico de f , o

teorema seguinte, também designado como “teste da primeira derivada”, oferece-nos uma ferramenta

importante para obter a classificação de f ( c ) como um mínimo relativo, um máximo relativo (ou nenhum

dos dois).

Teorema - “teste da primeira derivada”

Seja f uma função real contínua num intervalo real a , b , derivável em  a , b  excepto

possivelmente num ponto c de  a , b  onde f ' não está definida ou é nula. Se para todo o valor de x

próximo de c se verifica que:

f ' ( x ) > 0 para x < c e f ' ( x ) < 0 para x > c ⇒ f ( c ) é um máximo relativo de f

f ' ( x ) < 0 para x < c e f ' ( x ) > 0 para x > c ⇒ f ( c ) é um mínimo relativo de f

f ' ( x ) > 0 tem o mesmo sinal à esquerda e à direita de c ⇒ f ( c ) não é um extremo relativo de f

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Exemplos 15

Continuando o exemplo relativo à função real definida por f ( x ) =


3 3
x − 3 x 2 , cujo comportamento e
pontos críticos já analisamos, podemos, então, dizer que a função f apresenta três pontos críticos:
x = 0, x = 2 e x = 3
Destes três podemos distinguir x = 2 como ponto estacionário.
No entanto, apenas em dois destes pontos a função atinge valores extremos, uma vez que à esquerda e à
direita de x = 3 a função é sempre crescente.
Assim:
• em x = 0 (maximizante) a função atinge um máximo relativo 0 ( = f ( 0)) (uma vez que cresce à
esquerda de x = 0 e decresce à direita),
• em x = 2 (minimizante) a função atinge um mínimo relativo 3 −4 ( = f ( 2) ) (uma vez que decresce
à esquerda de x = 2 e cresce à direita)
A tabela anterior pode ser completada com a informação relativa aos extremos, onde se classificam os
extremos por Max e min; apresentam-se, também, os respetivos valores máximos e mínimos da função.
−∞ 0 2 3 +∞

f ’(x) + ss – 0 + ss +


mín
f ( x) ր x ց 3 −4
0

Estudo dos extremos relativos da função

Exemplos 16
A função f ( x) = x3 − 2 x 2 + 3 tem domínio IR, assim como a sua derivada:

f ' ( x ) =  x 3 − 2 x 2 + 3 = 3 x 2 − 4 x
 
Deste modo os únicos pontos críticos serão os seus zeros:
4
f ' ( x ) = 0 ⇔ 3x 2 − 4 x = 0 ⇔ x(3x − 4) = 0 ⇔ x = 0 ∨ x =
3
Analisemos a tabela de sinais da derivada de f em torno destes pontos críticos:
-∞ 0 4/3 +∞
f ’(x) + 0 - 0 +
Máx
min
f (x) 3
49/27

Exemplos 17
Veja em http://www.geogebratube.org/student/m7393 a “ilustração” do seguinte problema:
Uma folha retangular de estanho com 7 cm x 5 cm deve ser transformada numa caixa sem tampa,
cortando quadrados nos cantos e dobrando as abas. Qual deve ser o lado dos quadrados a serem
cortados para que o volume da caixa seja máximo?
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5.5. Segunda Derivada – Concavidade e Pontos de Inflexão

Definições
Seja f uma f.r.v.r. derivável num intervalo I ⊆ D f .

f tem concavidade voltada para cima em I se f ' é crescente em I.


f tem concavidade voltada para baixo em I se f ' é decrescente em I.

Seja f uma f.r.v.r. contínua num intervalo aberto I ⊆ D f e seja c ∈ I . Se f muda o sentido da

concavidade em c , então dizemos que f tem um ponto de inflexão em c .

Proposição – Segunda derivada e Sentido da concavidade

Seja f uma função real contínua, duas vezes derivável num intervalo  a , b  . Se em qualquer ponto

x ∈  a , b  se verifica que:

f '' ( x ) > 0 então a função tem, nesse intervalo, a concavidade voltada para cima.

f '' ( x ) < 0 então a função tem, nesse intervalo, a concavidade voltada para baixo.

Vejamos, agora, o que podemos referir, ou eventualmente concluir, com o auxílio da segunda derivada de
uma função real, relativamente aos pontos de inflexão da curva que a representa. Note-se que, num ponto
de inflexão a reta tangente à curva “atravessa-a”, pelo menos nesse ponto.

y y
y = f (x) r tg y = f (x)

r tg

c x c
x
(a) (b)

Reta tangente nos pontos de inflexão

Na proposição seguinte, apresentam-se as condições suficientes para que um ponto da curva seja um ponto
de inflexão.

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Proposição – Pontos de Inflexão

Seja f uma função real contínua num intervalo real a , b , duas vezes derivável num intervalo  a , b 

, exceto possivelmente num ponto c de  a , b  , onde f '' não está definida ou é nula. Se para todo o

valor de x próximo de c se verifica que

f '' ( x ) > 0 para x < c e f '' ( x ) < 0 para x > c ou

f '' ( x ) < 0 para x < c e f '' ( x ) > 0 para x > c

então o ponto da curva de abcissa c é um ponto de inflexão.

Exemplos 18

Voltando à função f ( x) = x3 − 2 x 2 + 3 , já vimos que f '( x) = 3x 2 − 4 x , logo temos que f ''( x) = 6 x − 4 . A


segunda derivada tem domínio IR. Calculando os zeros da segunda derivada, obtemos
2
f ''( x) = 0 ⇔ 6 x − 4 = 0 ⇔ x = . Para estudar o sentido da concavidade do gráfico de f basta analisar a
3
variação do sinal de f’’, sintetizando num quadro.
-∞ 2/3 +∞
f’’(x) - 0 +
f(x) ∩ P.I. ∪
Podemos concluir que a função tem concavidade voltada para cima em ]2/3,+∞[, concavidade voltada para
baixo em ]-∞,2/3[, e tem um ponto de inflexão em x=2/3.

Exemplos 19 Veja, geometricamente, a relação entre a 1ª e 2ª derivadas de uma função:


• http://www.geogebratube.org/student/m12373
• http://www.geogebratube.org/student/m1318

5.6. Segunda Derivada – Teste para extremos

O sinal da segunda derivada nos pontos onde a primeira derivada é nula permite a caraterização desse tipo
de pontos críticos como estremos da função (se for o caso):

Proposição

Seja f uma função real contínua, cuja primeira derivada é nula em c , isto é, f ' ( c ) = 0 e cuja segunda

derivada f '' existe e é contínua numa vizinhança de c .

Se f '' ( c ) > 0 a função atinge, em c , um mínimo relativo;

Se f '' ( x ) < 0 a função atinge em c um máximo relativo.

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Observações 20

No caso de se ter f '' ( c ) = 0 então este teorema é inconclusivo, isto é, f pode ter em c um mínimo ou

um máximo ou nenhum dos dois (será necessário recorrer ao teorema seguinte para conhecer o que se
pretende).
Máximo relativo

f ’’(x0) < 0
f ’’(x0) > 0
Côncava para baixo
Côncava para cima

Mínimo relativo

x0 x0

Interpretação geométrica do teste da segunda derivada

Exemplos 20
Nos exemplos 16 poderíamos ter procurado os extremos através do teste da 2ª derivada. Como
f '( x) = 3x 2 − 4 x e f ''( x) = 6 x − 4 e os zeros da primeira derivada são 0 e 4/3, calculamos:
f ′′(0) = 6 × 0 − 4 = −4 < 0 logo x = 0 é um maximizante
f ′′( 43 ) = 6 × 43 − 4 = 4 > 0 logo x = 4/3 é um minimizante.

5.7. Generalização do Teste da 2ª derivada

O seguinte teorema oferece-nos mais um critério para determinação de máximos e mínimos de uma função,
que generaliza o teste da 2ª derivada.

Teorema

Seja f uma função contínua no intervalo ]a, b[ , com derivadas, pelos menos até à ordem n também

contínuas em ]a, b[ e suponhamos que f (


n +1)
também existe em ]a, b[ . Seja x0 ∈ ]a, b[ um ponto
crítico de f tal que f ' ( x0 ) = f '' ( x0 ) = ... = f ( x0 ) = 0 f ( n+1) ( x0 ) ≠ 0 . Então se:
(n)
e

1. ( n + 1) é par e
1.1 f ( n +1 ) ( x0 ) > 0 , f tem um mínimo relativo em x0.
1.2 f ( n +1 ) ( x0 ) < 0 , f tem um máximo relativo em x0.
2. ( n + 1) é impar e
2.1 f ( n +1 ) ( x0 ) > 0 , f é crescente numa vizinhança de x0.
2.2 f ( n +1 ) ( x0 ) < 0 , f é decrescente numa vizinhança de x0.

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Exemplos 21

Recorrendo ao teorema enunciado vamos determinar os extremos relativos da função dada pela
expressão: f(x) = x4 + 4x3 + 6x2 +4x
Encontremos primeiro os pontos críticos:
f ’(x) = 0 ⇔ 4x3 + 12x2 + 12x +4 = 0 ⇔ 4(x3 + 3x2 + 3x + 1) = 0
⇔ 4(x + 1)3 = 0 ⇔ x = -1
Portanto o único ponto crítico é xo = -1
Tratemos agora de determinar a sua natureza:
f’’(x) = 12x2 + 24x + 12 ⇒ f’’(-1) = 0
f’’’(x) = 24x + 24 ⇒ f’’’(-1) = 0
f (4)(x) = 24 ⇒ f (4)(-1) = 24

Como a primeira derivada diferente de zero em -1 é de ordem 4 e 4 é par indica que a função atinge neste
ponto um extremo relativo e o sinal positivo desta quarta derivada diz-nos que f atinge um mínimo para
xo = -1.

Observações 21
Será de realçar que o estudo dos extremos de uma função fica limitado se apenas tivermos em
consideração este teorema uma vez que o comportamento da função nos pontos críticos onde a
primeira derivada não está definida não é aqui analisado.

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