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Sumário
1. DEFINIÇÃO E INTERPRETAÇÃO GEOMÉTRICA DA DERIVADA – NOÇÃO DE DIFERENCIAL2
Definição
Seja f uma f.r.v.r. definida num intervalo real x1 , x2 . A variação da função, nesse intervalo, será
A variação média, ou Taxa de variação média, da função nesse mesmo intervalo, será:
∆y f ( x2 ) − f ( x1 ) f ( x1 + ∆x) − f ( x1 )
TVM] x1 , x2 [ = = =
∆x x2 − x1 ∆x
da variável independente x.
Exemplos 1
Considere uma viagem de automóvel em que a distância percorrida (em km) é dada pela função
f ( x ) = 16t 2 + 16t onde 0 ≤ t ≤ 5 é o tempo gasto (em horas). A distância percorrida ao fim de uma
hora é f (1) = 32 km; a taxa de variação média da distância percorrida relativamente ao tempo
(velocidade média) nesse intervalo de tempo é dada por
∆y f (1) − f (0) 32 − 0
TVM[ 0,1] =
= = = 32 km/h
∆t 1− 0 1
Ao fim de duas horas a distância percorrida é f (2) = 16x22+16x2 = 96 km.
∆y f (2) − f (1) 96 − 32
TVM ]1,2[ = = = = 64 km/h
∆t 2 −1 2 −1
Qual a velocidade média durante as duas primeiras horas de viagem? Qual a velocidade média num
qualquer intervalo de tempo iniciado em t = 3h?
E se quiséssemos saber qual a velocidade no instante t = 3h? Como proceder? A velocidade nesse
instante poderia ser determinada estudando a velocidade média em intervalos de tempo
arbitrariamente pequenos com início no instante t=3h; à medida que escolhemos intervalos de
tempo cada vez mais pequenos e mais próximos de t = 3h, a velocidade média aproxima-se de um
valor limite – a velocidade instantânea.- v Para determinar esse valor limite, faríamos então:
16 ( 3 + ∆t ) + 16 ( 3 + ∆t ) − 16 × 32 − 16 × 3
2
f (3 + ∆t ) − f (3)
lim = lim
∆t →0 ∆t ∆t →0 ∆t
96 ⋅ ∆t + 16∆t 2 + 16∆t
= lim = lim 96 + 16∆t + 16 = 112
∆t →0 ∆t ∆t → 0
Surge, assim, a noção de:
Definição
Seja f uma f.r.v.r., a derivada de y em relação a x no ponto de abcissa x0 é dada por
f ( x) − f ( x0 ) f ( x 0 + ∆x ) − f ( x 0 )
f ′( x 0 ) = lim = lim
x → x0 x − x0 ∆ x → 0 ∆x
caso este limite exista e seja finito.
Outras notações: f ′( x0 ) =
df
=
d
[ f ( x )] =
dy
= f x ( x0 ) = D x f ( x 0 )
dx x = x0 dx x = x0 dx x = x0
Observações 3
A derivada representa a taxa de variação instantânea da variável dependente y, dada uma alteração
na variável independente x.
Tal como definimos, a derivada de uma função num ponto é o limite de um quociente entre duas
“quantidades” que tendem para zero, e, como tal, com “resultado”, à partida, indeterminado,
podendo não existir (por exemplo, se este limite for infinito ou se, para valores de ∆x distintos
(positivos ou negativos) o limite for distinto). Assim, uma função real f não possui derivada num
ponto x1 se:
o x1 ∉ D f
f ( x1 + ∆x ) − f ( ∆x )
o lim = (±) ∞
∆x → 0 ∆x
f ( x1 + ∆x ) − f ( x1 ) f ( x1 + ∆x ) − f ( x1 )
o lim − ≠ lim +
∆x → 0 ∆x ∆x → 0 ∆x
Definição
Seja f uma função real de variável real x . A Função Derivada de f (em relação à variável
f ( x + ∆x ) − f ( x )
f ' ( x ) = lim
∆x → 0 ∆x
= [ f ( x )] =
df d dy
Outras notações: f ′( x ) = = D x f ( x)
dx dx dx
Observações 4
A função derivada, f ' , não está definida para algum valor de x real, quando se verifica alguma das
A operação efetuada para encontrar f ' designa-se por derivação (ou diferenciação) da função.
Refira-se ainda que, para qualquer função real f se verifica a condição: D f ' ⊆ D f .- o domínio da
função derivada de uma função real nem sempre coincide com o domínio da própria função mas
está contido nele.
Exemplos 2
Determine a expressão que nos fornece a velocidade do automóvel do exemplo anterior, onde a
distância percorrida (em km) era dada pela função f ( x ) = 16t 2 + 16t , onde 0 ≤ t ≤ 5 .
16 ( t + ∆t ) + 16 ( t + ∆t ) − 16t 2 − 16r
2
f (t + ∆t ) − f (t )
f ' ( t ) = lim = lim
∆t →0 ∆t ∆t →0 ∆t
0
2 2 2 ↑
16 ⋅ t + 32t.∆t + 16∆t + 16t + 16∆t −16t −16t
= lim = lim 32t + 16∆t + 16 = 32t + 16
∆t → 0 ∆t ∆t → 0
Se considerarmos a reta secante ao gráfico de f nos pontos de abcissa x e x+∆x, o declive da reta é dado
∆y f ( x + ∆x ) − f ( x )
pelo quociente = , como se pode ver nas imagens abaixo (na segunda imagem
∆x ∆x
apresenta-se o “movimento” de P para Q com acréscimos positivos e com acréscimos negativos).
Quando ∆x tende para zero, a secante tende para a reta tangente ao gráfico de f no ponto em questão.
A equação da reta tangente ao gráfico de f no ponto ( x0 , y0 ) pode ser obtida através da equação
geral:
y − y0 = f ' ( x0 ) . ( x − x0 )
onde y0 = f ( x0 ) .
o Calcular o valor da derivada da função no ponto de tangência para obter o declive: mt = f ' ( x0 )
1 x0 x
y − y0 = − ( x − x0 )
f ′( x0 ) normal
Caso particular 1
Caso particular 2
Pontos de tangência vertical
y=f(x)
x0 x
http://www.geogebratube.org/student/m6814
http://www.geogebratube.org/student/m1263
http://www.geogebratube.org/student/m35536
http://www.geogebratube.org/student/m127
TAXAS DE VARIAÇÃO
MÉDIA INSTANTÂNEA
dois momentos/pontos um momento/ponto
Dados dois pontos pertencentes ao gráfico da função Calcular o valor da derivada da função nesse
determine o declive ponto
Aqui referimos apenas algumas regras básicas que resultam da aplicação direta da definição de derivada de
uma função. O conhecimento destas regras agiliza o cálculo de derivadas, não havendo necessidade de
recorrer à definição de função derivada.
Proposição
A derivada de uma função constante é zero, isto é, sendo a ∈ ℝ :
y = f ( x) = a ⇒ y ' = f ' ( x) = 0
Dem.
f ( x + ∆x ) − f ( x ) a−a
f ' ( x ) = lim = lim =0
∆x → 0 ∆x ∆x → 0 ∆x
Exemplos 3
f ( x) = 5 ⇒ f ' ( x) = 0
y = −8 ⇒ y' = 0
dg
g ( x) = 2 ⇒ =0
dx
Proposição
A derivada da função identidade é 1, isto é:
y = f ( x) = x ⇒ y ' = f ' ( x) = 1
f ( x + ∆x ) − f ( x ) x + ∆x − x
f ' ( x ) = lim = lim = lim 1 = 1
∆x → 0 ∆x ∆x → 0 ∆x ∆x → 0
Proposição
A derivada do produto de uma constante a ∈ ℝ , por uma função real f é igual ao produto dessa
y = a. f ( x ) ⇒ y ' = a. f ' ( x ) .
a. f ( x + ∆x ) − a. f ( x ) a. f ( x + ∆x ) − f ( x ) f ( x + ∆x ) − f ( x )
y ' = lim = lim = a. lim = a. f ' ( x )
∆x →0 ∆x ∆x →0 ∆x ∆x →0 ∆x
Exemplos 4
f ( x ) = 7 x ⇒ f ' ( x ) = ( 7 x )' = 7.x' = 7
y = −8 x ⇒ y' = −8
' '
x x 1 1
f ( x) = − ⇒ f ' ( x) = − = − x = −
2 2 2 2
dg
g ( x ) = ax ⇒ = a (para todo o valor de a)
dx
, a ∈ ℝ \ {0} como
x
Para facilitar a derivação de funções convém olhar para expressões do tipo
a
1
a .x , a ∈ ℝ \ {0} , cuja derivada é direta: a .
1
Nas próximas secções omite-se a demonstração das proposições enunciadas uma vez que vão além das
competências desta unidade curricular. Mesmo as demonstrações anteriores foram apresentadas por serem
de fácil compreensão e aplicação da definição de derivada de uma função para que os estudantes fiquem
com a noção que as conhecidas “Regras de Derivação” surgem por aplicação da definição apresentada.
Proposição
Exemplos 5
f ( x ) = x3 ⇒ f ' ( x ) = 3 x 2 y = x7 ⇒ y' = 7 x6
1 2
f ( x ) = x ⇒ f ' ( x ) = 1 .x 0 = 1 g ( x) = = x −2 ⇒ g' ( x ) = −2 x −3 = −
2
x x3
( )
2 2 1
1 '
h ( x ) = ⇒ f ' ( x ) = x −1 = ( −1) x −2 = −
1 2 3 −1 2 − 3 2
h ( x) = x = x ⇒ g' ( x ) = x
3 2 3 = x =
x x2 3 3 33 x
1 1 1
−1 1 −
h ( x) =
1
x = x 2 ⇒ f ' ( x) = x 2 = x 2 = .
1 1
=
1 f ( x ) = 6 x 2 ⇒ f ' ( x ) = 12 x
2 2 2 x 2 x
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TEXTOS DE APOIO 2 Métodos Quantitativos
Cálculo Diferencial em IR LGAH/LGRC/LGAT
Proposição
y = f ( x) = ex ⇒ y ' = f ' ( x) = ex
y = f ( x ) = ln ( x ) ⇒ y' = f ' ( x) =
1
x
Exemplos 6
f ( x ) = 7 x ⇒ f ' ( x ) = 7 x .ln ( 7 ) y = 2 x ⇒ y' = 2 x .ln ( 2 )
1 1
1 y = log 1 ( x ) ⇒ y' = =−
f ( x ) = log 2 ( x ) ⇒ f ' ( x ) = 1 x.ln ( 3)
x.ln ( 2 ) 3 x.ln
3
1 5
g ( x ) = 9e x ⇒ g ' ( x ) = 9e x y = 5 ln ( x ) ⇒ g' ( x ) = 5. =
x x
Proposição
Sejam f e g duas funções deriváveis num qualquer ponto x ∈ ℝ . Então as funções f + g e f .g são
f ' ( x ) .g ( x ) − f ( x ) .g ' ( x )
'
f
( x) =
g ( x )
2
g
Exemplos 7
f ( x ) = x2 + 8 ⇒ f ' ( x ) = 2 x + 0 = 2x
g ( x ) = e x .x −3 ⇒ g ' ( x ) = e x .x −3 + e x .( − 3 ) x −4 = e x .x −3 − 3e x .x −4
h( x) =
ex
⇒ h' ( x ) =
e x .x3 − e x .3 x 2
=
(
x 2 x.e x − 3e x ) = x.e x − 3e x
x3 x6 x64 x4
Proposição
Observações 9
É este teorema que serve de base às expressões presentes em muitos “formulários” para o cálculo de
Exemplos 8
( ) ( ) ( ) ( ) ( )
3 2 2 2
f ( x ) = x2 + 7 ⇒ f ' ( x ) = 3 x 2 + 7 . x 2 ' = 3 x 2 + 7 .( 2 x ) = 6 x x 2 + 7
Proposição
Seja x ∈ ℝ . Se a função f definida por y = f ( x ) admite uma função inversa g , definida por
x = g ( y ) , tal que, num dado ponto y , a derivada g ' ( y ) ≠ 0 , então a função f é derivável, no ponto
1
x correspondente, e f ' ( x ) = .
g ' ( y)
Observações 10
Quando escrevemos f ' ( x ) , supomos que, durante o cálculo da derivada, a variável independente
é x e, de um modo análogo, quando escrevemos g ' ( y ) estamos a supor que o cálculo da derivada
Nesta secção apresentamos algumas regras gerais (formulário) que resultam da aplicação da definição de
derivada de uma função e dos teoremas relativos à derivação de funções compostas e de funções inversas.
Sendo a∈ℝ (constante real, u = f ( x ) e v = g ( x ) duas funções reais na variável real x , verificam-se as
seguintes relações, entre funções e respetivas derivadas:
a 0 x 1
ax a x ln ( a ) au u '.au ln ( a )
ex ex eu u '.eu
1 u'
x.ln ( a ) u.ln ( a )
log a ( x) log a (u )
u u '.v − v '.u
2 uv u.v u −1.v '+ u '.u v .ln ( u )
v v
Seja f uma função real derivável no intervalo a , b . Tal como definimos a derivada de f num ponto
f ( x + ∆x ) − f ( x )
x ∈ a , b , tem-se: f ' ( x ) = lim , para todo o ∆x não nulo.
∆x → 0 ∆x
Então, pela definição de limite, podemos escrever
f ( x + ∆x ) − f ( x )
= f ' ( x ) + ε∆
∆x
onde ε ∆ é uma quantidade pequena que depende de ∆x (tão mais pequena quanto menor for ∆x ).
partes distintas:
Assim, atendendo ao que é afirmado em (2), pode dizer-se que o termo f ' ( x ) .∆x representa a “parte
principal” da variação da função, que se designa, usualmente, por diferencial da função f . De um modo
mais formal:
Definição
Seja f uma função real derivável num ponto x do seu domínio, notada por y = f ( x ) . Chama-se:
,ao produto da derivada da função nesse ponto, f ' ( x ) , pela variação (ou acréscimo) da variável
dx = ∆x
Observações 11
Com base nestas definições tem-se: dy = f ' ( x ) .dx o que permite escrever, para ∆x ≠ 0 ,
dy
= f ' ( x ) obtendo-se, assim a notação diferencial para a derivada de uma função. Podemos então
dx
afirmar que: A derivada de uma função real pode ser considerada como o quociente de dois
diferenciais (o diferencial da função e o diferencial da variável independente).
Na figura seguinte estão representados os gráficos de duas funções. Represente-se por t a reta tangente ao
gráfico de cada uma das funções, no ponto P.
Observando as figuras é fácil apercebermo-nos que, quanto mais pequeno for ∆x, menor é a medida de
QT , isto é, menor é a distância entre dy e ∆y , isto é, ∆y − dy . Assim, quando ∆x for “muito pequeno”,
QT também é “muito pequeno”, ou seja, ∆y − dy ≈ 0 , donde se pode deduzir a relação:
∆y ≈ dy
Neste sentido dy pode ser usado como uma aproximação da variação exata ∆y da variável dependente,
correspondente a uma pequena variação ∆x em x.
Este facto leva-nos à designada aproximação linear local:
Se f for uma função diferenciável em xi , então a reta tangente é uma “boa” aproximação da função
Observações 12
A tradução analítica desta ideia não é mais o que a utilização da equação da reta tangente a f em
Em textos anteriores fizemos referência às funções utilizadas em economia, entre as quais se encontram a
função receita total, R ( x ) , a função custo total, C ( x ) e a função lucro total, L ( x ) , decorrentes da
dR
Receita Marginal - Rmg ( x) = R '( x) =
dx
dC
Custo Marginal - Cmg ( x) = C '( x) =
dx
dL
Lucro Marginal - Lmg ( x) = L '( x) =
dx
- a receita adicional resultante da venda de uma unidade adicional do produto, quando o nível de
produção e vendas é de x unidades.
- o lucro adicional que resulta da produção e da venda de uma unidade adicional do produto quando
o nível de produção e vendas é de x unidades.
Esta interpretação segue da noção de diferencial de uma função, que pode ser utilizado quando se pretende
obter um valor aproximado da variação exata de uma função provocada por uma pequena variação na
variável independente.
Isto é, transportando para aqui a relação genérica: f ( x + ∆x) − f ( x) ≈ f '( x)∆x
CT ( x + 1) − CT ( x) ≈ CT '( x) = Cmg ( x)
ɶ (efectiva) do custo, provocada pela
variaçao ɶ (aproximada) do custo, provocada pela
variaçao
ɶ de uma unidade adicional quando
produçao ɶ de uma unidade adicional quando
produçao
ɶ e′ de x unidades
o nivel de produçao ɶ e′ de x unidades
o nivel de produçao
temos que a derivada da função lucro é nula, L ' ( x ) = 0 , nos pontos onde R ' ( x ) = C ' ( x ) e isto implica,
uma vez que as funções económicas são usualmente contínuas e com derivadas contínuas, o lucro máximo
deva ocorrer nos pontos onde o receita marginal é igual ao custo marginal.
Tem-se, assim, o seguinte princípio básico em economia:
“O lucro máximo ocorre num ponto onde o custo de fabrico e venda de uma unidade
adicional de um produto é igual à receita gerada por uma unidade adicional.”
Exemplos 10
Suponha que o custo total de fabrico de x unidades de um determinado produto seja dado, em euros, por:
C ( x ) = 3x 2 + 5 x + 10 . Determine:
a. Uma expressão para o custo marginal.
b. O custo de aproximado de produção para a 51.ª unidade (utilizando diferenciais/análise marginal).
c. O custo exato de produção da 51.ª unidade.
d. A variação estimada do custo quando, a produzir 65 unidades se pretende baixar a produção para 62.
Proposta de Resolução:
Observações 14
Note-se que as respostas às alíneas b e c apenas em 3€, isto é, o custo marginal (aproximado) é muito
próximo do custo real (exato) de produção de uma unidade adicional. Esta discrepância ocorre
porque o custo marginal é a taxa de variação instantânea da função custo, C , em relação a uma
O cálculo de C ' ( 50 ) , no exemplo anterior, é muito mais simples do que o de C ( 51) − C ( 50 ) . Tal
As respostas nas alíneas b e c do exemplo anterior são muito próximas devido à proximidade dos
pontos (50; C(50)) e (51; C(51)) , e porque estes pontos pertencem a uma parte “praticamente
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linear” da curva de custo. Neste pontos, o coeficiente angular (declive) da tangente (variação
aproximada) é uma boa aproximação do coeficiente angular da secante (variação exata). Como, de
uma maneira geral é mais fácil obter a aproximação (derivada) utiliza-se o custo marginal (as
funções derivadas) como aproximação do valor exato ou real do custo produção de uma unidade
adicional, como já foi referido.
De um modo geral, em Economia, a Análise Marginal refere-se à utilização das derivadas das funções
económicas conhecidas (receita, custo ou lucro – simples ou médios) para estimar a variação
provocada no valor da variável dependente, quando há um acréscimo de uma unidade no valor da
variável independente (usualmente quantidade) podendo ainda multiplicar-se esta variação pelo
acréscimo previsto (quando não é 1) como é o caso da alínea d. do exemplo anterior.
A lei da procura diz-nos que os consumidores reagem às alterações dos preços: se os preços sobem,
usualmente o consumo diminui. Mas o grau de sensibilidade dos consumidores às mudanças depende muito
do tipo de produto em questão, por exemplo, será de esperar uma diferença substancial entre a reação a um
aumento do preço da insulina e a reação a um mesmo aumento no preço do café ou dos jornais.
Quando a resposta à variação do preço é notória diz-se que a procura é elástica, enquanto que, se as
alterações não forem significativas, diz-se que a procura é inelástica para o produto.
Os economistas “medem” a elasticidade preço da procura, num dado intervalo, dividindo a variação
percentual da procura pela variação percentual do preço. Como a procura é, relativamente ao preço,
usualmente, decrescente (o aumento de um provoca uma diminuição no outro), para se obter um valor
positivo para esta elasticidade, esta define-se, à partida como o simétrico desse quociente, isto é:
variação da quantidade procurada
quantidade procurada inicial ∆x / x
εD = − =−
variação no preço ∆p / p
preço inicial
.f ' ( p)
p
a seguinte expressão: ε D = −
x
Temos, então:
Os economistas classificam as curvas da procura de acordo com a forma como a procura responde à
alteração do preço, usando a elasticidade. No quadro seguinte, podemos ver um resumo desta classificação:
Valores da
Classificação Descrição
Elasticidade
Exemplos 11
A. Suponha que a equação da procura relativa a um determinado bem é dada por p + 2 x = 60 onde x
representa o número de unidades procuradas e p o respetivo preço em euros.
a. Exprima a elasticidade da procura em função de p .
b. Calcule a elasticidade da procura quando p = 10 .
Proposta de Resolução:
. f ' ( p ) ou ε D = − .
p p dx
a. A expressão da elasticidade é dada por ε D = − e sabemos que a relação
x x dp
entre x e p é dada por p + 2 x = 60 .
Como se pretende a expressão em função do preço, teremos que exprimir nesta expressão x como
60 − p
função de p , isto é: p + 2 x = 60 ⇔ 2 x = 60 − p ⇔ x =
2
f ( p ) = 30 −
1
Obtemos, assim, a expressão de “ f ”: p
2
f ' ( p) = − .
1
que deverá ser derivada:
2
Na posse de todos os elementos podemos substituir na “fórmula” da elasticidade, de modo a obtermos
a expressão pretendida:
1
. f ' ( p) = −
p p 2p p
εD = − × − = =
x 60 − p 2 2 ( 60 − p ) 60 − p
2
10 1
b. Sendo p = 10 temos, pela expressão obtida na alínea anterior: ε D = = = 0 , 2 (%)
60 − 10 5
Isto significa que, para um aumento de 1% no preço (a 10€) a procura diminuirá 0,2%
Exemplo adaptado de http://www.gilmaths.mat.br/apostila%20de%20MATEM%C3%81TICA%20II.pdf
B. Suponha que a equação da procura relativa a um determinado bem é dada por x + 2 p = 500 onde x
representa o número de unidades procuradas e p o respetivo preço em euros.
a. Exprima a elasticidade da procura em função de p e determine para que preços a procura é elástica,
unitária ou inelástica.
b. Escreva uma expressão para a função receita, como função de x e determine o preço para o qual a
receita é máxima. Estabeleça uma relação com os resultados obtidos na alínea anterior..
Proposta de Resolução:
a. Sendo a relação entre x e p é dada por x + 2 p = 500 podemos afirmar que 0 ≤ p ≤ 250
Resolvendo esta equação em ordem a x temos: x + 2 p = 500 ⇔ x = 500 − 2 p , o que permite
dx
determinar a sua derivada diretamente: = −2
dp
. ( −2 ) =
p 2p p
A expressão da elasticidade será, então, dada por ε D = − =
500 − 2 p 500 − 2 p 250 − p
p
A procura será unitária se: ε D = 1 ⇔ = 1 ⇔ p = 250 − p ⇔ p = 125 e podemos dizer que
250 − p
a mesma será elástica (>1) se 125 < p < 250 e inelástica (<1) se 0 < p < 125 .
Para resolvermos esta questão podemos optar por dois caminhos distintos:
500 − x
Como função de p: x = 500 − 2 p Como função de x: x + 2 p = 500 ⇔ p =
2
R ( p ) = x.p = ( 500 − 2 p ) . p = 500 p − 2 p 2 x
R ( x ) = x. p = x. 250 − = 250 x − x 2
1
500 2 2
Vértice da parábola: pv = − = 125
2 × ( −2 ) 250
Vértice da parábola: xv = − = 250
Logo a receita é máxima quando o preço é 125€, isto 1
2 × −
é, quando a procura é unitária. 2
Logo a receita é máxima quando a quantidade
procurada é de 250 unidades, o que, substituindo na
equação da procura permite concluir que o preço é
500 − 250
125€ p = = 125
2
Definição
Seja f uma função derivável.
Se f ' também for uma função derivável, então a sua derivada diz-se a segunda derivada de f e
d2 f
representa-se por f '' ou .
dx 2
Se f '' também for uma função derivável, então a sua derivada diz-se a terceira derivada de f e
d3 f
representa-se por f ''' ou .
dx 3
Observações 15
Neste contexto, a função derivada de f , f ' , designa-se por primeira derivada de f .
y( ) = f ( ) ( x ) ≠ y 4 = y.y.y.y ).
4 4
Proposição
Seja f uma função real, contínua e derivável num intervalo a , b . Tem-se então que:
Exemplos 12 Este exemplo, apesar de bastante elaborado, ilustra várias questões abordadas.
O domínio desta função é IR e trata-se de uma função contínua (raiz cúbica de um polinómio). Então, para
analisarmos a monotonia desta função, em todo o seu domínio, recorrendo à proposição anterior bastará
estudar o “sinal” da sua primeira derivada. A expressão da função derivada de f é, pelas regras de
derivação:
3x2 − 6 x x−2
f ' ( x) = =
( ) x. ( x − 3)
2 3 2
3.3 x3 − 3 x 2
Temos, então, que D f ' = ℝ \ {0 , 3} e a função tem um só zero em x = 2 . Como, no domínio de f ' ,
( x − 3)2 > 0 , então o sinal do denominador é dado pelo sinal de x . Na tabela seguinte podemos ver um
Em termos gerais, neste tipo de tabelas utiliza-se simbologia representativa usual, assim: escreve-se “ss”
(sem significado) ou “nd” (não definida) quando a função não está definida nesse ponto (ou intervalo)
assinala-se com o símbolo “ ր ”, o caso da função ser crescente, e com o símbolo “ ց ”, quando a função é
decrescente.
+∞ 0 2 3 +∞
x−2 – – – 0 + + +
x ( x − 3)
2
3 – 0 + + + 0 +
f '( x) + ss – 0 + ss +
f ( x) ր ց ր ր
Estudo do sinal da primeira derivada da função
- A função é decrescente em 0 , 2
Exemplos 13 Analise o valor da derivada da função em cada ponto, percorrendo o seu gráfico:
http://www.geogebratube.org/student/m8035
Existe um conjunto de pontos, do domínio de uma função real entre os quais se verificam todos os extremos
dessa função; tal conjunto designa-se, usualmente, por conjunto dos pontos críticos.
Definição
Seja f uma função real, com domínio, D f ⊆ ℝ . Diz-se que a função tem em c ∈ D f um ponto
Observações 16
Existem autores que distinguem os pontos críticos, nos quais f ' ( c ) = 0 , dos restantes designando-
Usualmente, a definição de ponto crítico de uma função real não engloba a proposição (1). No entanto
se a função não for contínua ou se o for num intervalo fechado, os pontos de descontinuidade e os
extremos do intervalo de definição devem figurar no conjunto dos pontos críticos da função, uma
vez que necessitam de uma “atenção” especial na análise do comportamento da função para que o
estudo referente à existência ou não de extremos (relativos e absolutos) da função fique completo.
No entanto, a análise relativa aos pontos de descontinuidade deve ser levada a cabo separadamente
dos pontos onde a função é contínua, uma vez que, para estes últimos, se podem aplicar os resultados
que iremos expor.
Note-se ainda que, os resultados aqui referidos dizem, unicamente, respeito a extremos relativos,
podendo em algum caso particular ser absolutos. Mas tal conclusão só poderá ser obtida após uma
análise global do comportamento da função em todo o seu domínio: esta não pode ser inferida de
uma análise local (sobre a qual incidem os teoremas subsequentes).
Proposição
Se a função real tiver extremos relativos, estes ocorrem nos seus pontos críticos.
Observações 17
Este teorema permite-nos concluir que, para pesquisarmos os extremos relativos de uma função
real, basta analisarmos o “comportamento” da função numa vizinhança dos seus pontos críticos.
y = f (x) y = f (x)
f (c)
f (c)
c x
c x
(a) (b)
y = f (x) y = f (x)
f (c) f (c)
c x c x
(a) (b)
y = f (x) y = f (x)
f (c) f (c)
c c
x x
(a) (b)
(1)
Representações das seguintes funções, com c = 4 :
(a) f ( x ) = x − 4 + 1 (b) f ( x ) = 2. x − 4 + 1
3
(2)
Representações das seguintes funções, com c = 4 :
(a) f ( x ) = {
2 x − 4 se x ≤ 4
x − 3 se x > 4 {
(b) f ( x ) = ( x − 4 ) + 4
2
x −3
se x ≤ 4
se x > 4
(3)
Representações das seguintes funções, com c = 4 :
(
(a) f ( x ) = ( x − 4 ) + 1 (b) f ( x ) = x − 4 )
2 3
+1
Proposição
Se a função real f é derivável e possui num ponto c do seu domínio um extremo (máximo ou mínimo),
então f ' ( c ) = 0 .
Observações 19
Desta proposição resulta que, se a derivada da função real f está definida em todos os pontos do
seu domínio, então a função só pode ter extremos (máximo ou mínimo) em pontos onde a derivada
se anula.
O recíproco deste teorema não é verdadeiro, isto é, a derivada de uma função real pode ser nula num
ponto e a função não possuir aí qualquer extremo (ver imagem no canto inferior esquerdo na página
anterior)
No caso da função real f , em questão, ser contínua, se se constatar que c é um ponto crítico de f , o
teorema seguinte, também designado como “teste da primeira derivada”, oferece-nos uma ferramenta
importante para obter a classificação de f ( c ) como um mínimo relativo, um máximo relativo (ou nenhum
dos dois).
Seja f uma função real contínua num intervalo real a , b , derivável em a , b excepto
possivelmente num ponto c de a , b onde f ' não está definida ou é nula. Se para todo o valor de x
f ' ( x ) > 0 para x < c e f ' ( x ) < 0 para x > c ⇒ f ( c ) é um máximo relativo de f
f ' ( x ) < 0 para x < c e f ' ( x ) > 0 para x > c ⇒ f ( c ) é um mínimo relativo de f
f ' ( x ) > 0 tem o mesmo sinal à esquerda e à direita de c ⇒ f ( c ) não é um extremo relativo de f
Exemplos 15
f ’(x) + ss – 0 + ss +
Má
mín
f ( x) ր x ց 3 −4
0
Exemplos 16
A função f ( x) = x3 − 2 x 2 + 3 tem domínio IR, assim como a sua derivada:
′
f ' ( x ) = x 3 − 2 x 2 + 3 = 3 x 2 − 4 x
Deste modo os únicos pontos críticos serão os seus zeros:
4
f ' ( x ) = 0 ⇔ 3x 2 − 4 x = 0 ⇔ x(3x − 4) = 0 ⇔ x = 0 ∨ x =
3
Analisemos a tabela de sinais da derivada de f em torno destes pontos críticos:
-∞ 0 4/3 +∞
f ’(x) + 0 - 0 +
Máx
min
f (x) 3
49/27
Exemplos 17
Veja em http://www.geogebratube.org/student/m7393 a “ilustração” do seguinte problema:
Uma folha retangular de estanho com 7 cm x 5 cm deve ser transformada numa caixa sem tampa,
cortando quadrados nos cantos e dobrando as abas. Qual deve ser o lado dos quadrados a serem
cortados para que o volume da caixa seja máximo?
FBS ESHT MQ – TA2- 27
TEXTOS DE APOIO 2 Métodos Quantitativos
Cálculo Diferencial em IR LGAH/LGRC/LGAT
Definições
Seja f uma f.r.v.r. derivável num intervalo I ⊆ D f .
Seja f uma f.r.v.r. contínua num intervalo aberto I ⊆ D f e seja c ∈ I . Se f muda o sentido da
Seja f uma função real contínua, duas vezes derivável num intervalo a , b . Se em qualquer ponto
x ∈ a , b se verifica que:
f '' ( x ) > 0 então a função tem, nesse intervalo, a concavidade voltada para cima.
f '' ( x ) < 0 então a função tem, nesse intervalo, a concavidade voltada para baixo.
Vejamos, agora, o que podemos referir, ou eventualmente concluir, com o auxílio da segunda derivada de
uma função real, relativamente aos pontos de inflexão da curva que a representa. Note-se que, num ponto
de inflexão a reta tangente à curva “atravessa-a”, pelo menos nesse ponto.
y y
y = f (x) r tg y = f (x)
r tg
c x c
x
(a) (b)
Na proposição seguinte, apresentam-se as condições suficientes para que um ponto da curva seja um ponto
de inflexão.
Seja f uma função real contínua num intervalo real a , b , duas vezes derivável num intervalo a , b
, exceto possivelmente num ponto c de a , b , onde f '' não está definida ou é nula. Se para todo o
Exemplos 18
O sinal da segunda derivada nos pontos onde a primeira derivada é nula permite a caraterização desse tipo
de pontos críticos como estremos da função (se for o caso):
Proposição
Seja f uma função real contínua, cuja primeira derivada é nula em c , isto é, f ' ( c ) = 0 e cuja segunda
Observações 20
No caso de se ter f '' ( c ) = 0 então este teorema é inconclusivo, isto é, f pode ter em c um mínimo ou
um máximo ou nenhum dos dois (será necessário recorrer ao teorema seguinte para conhecer o que se
pretende).
Máximo relativo
f ’’(x0) < 0
f ’’(x0) > 0
Côncava para baixo
Côncava para cima
Mínimo relativo
x0 x0
Exemplos 20
Nos exemplos 16 poderíamos ter procurado os extremos através do teste da 2ª derivada. Como
f '( x) = 3x 2 − 4 x e f ''( x) = 6 x − 4 e os zeros da primeira derivada são 0 e 4/3, calculamos:
f ′′(0) = 6 × 0 − 4 = −4 < 0 logo x = 0 é um maximizante
f ′′( 43 ) = 6 × 43 − 4 = 4 > 0 logo x = 4/3 é um minimizante.
O seguinte teorema oferece-nos mais um critério para determinação de máximos e mínimos de uma função,
que generaliza o teste da 2ª derivada.
Teorema
Seja f uma função contínua no intervalo ]a, b[ , com derivadas, pelos menos até à ordem n também
1. ( n + 1) é par e
1.1 f ( n +1 ) ( x0 ) > 0 , f tem um mínimo relativo em x0.
1.2 f ( n +1 ) ( x0 ) < 0 , f tem um máximo relativo em x0.
2. ( n + 1) é impar e
2.1 f ( n +1 ) ( x0 ) > 0 , f é crescente numa vizinhança de x0.
2.2 f ( n +1 ) ( x0 ) < 0 , f é decrescente numa vizinhança de x0.
Exemplos 21
Recorrendo ao teorema enunciado vamos determinar os extremos relativos da função dada pela
expressão: f(x) = x4 + 4x3 + 6x2 +4x
Encontremos primeiro os pontos críticos:
f ’(x) = 0 ⇔ 4x3 + 12x2 + 12x +4 = 0 ⇔ 4(x3 + 3x2 + 3x + 1) = 0
⇔ 4(x + 1)3 = 0 ⇔ x = -1
Portanto o único ponto crítico é xo = -1
Tratemos agora de determinar a sua natureza:
f’’(x) = 12x2 + 24x + 12 ⇒ f’’(-1) = 0
f’’’(x) = 24x + 24 ⇒ f’’’(-1) = 0
f (4)(x) = 24 ⇒ f (4)(-1) = 24
Como a primeira derivada diferente de zero em -1 é de ordem 4 e 4 é par indica que a função atinge neste
ponto um extremo relativo e o sinal positivo desta quarta derivada diz-nos que f atinge um mínimo para
xo = -1.
Observações 21
Será de realçar que o estudo dos extremos de uma função fica limitado se apenas tivermos em
consideração este teorema uma vez que o comportamento da função nos pontos críticos onde a
primeira derivada não está definida não é aqui analisado.