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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE

CAMPINAS

Instituto de Matemática, Estatística e


Computação Científica

PEDRO ÁLVARES MUIÑOS

Controlabilidade Exata a Trajetórias e


Controlabilidade Aproximada para a Equação do
Calor Semilinear

Campinas
2023
Pedro Álvares Muiños

Controlabilidade Exata a Trajetórias e Controlabilidade


Aproximada para a Equação do Calor Semilinear

Dissertação apresentada ao Instituto de Mate-


mática, Estatística e Computação Científica
da Universidade Estadual de Campinas como
parte dos requisitos exigidos para a obtenção
do título de Mestre em Matemática.

Orientadora: Profa. Dra. Bianca Morelli Rodolfo Calsavara

Este trabalho corresponde à versão


final da Dissertação defendida pelo
aluno Pedro Álvares Muiños e orien-
tada pela Profa. Dra. Profa. Dra. Bi-
anca Morelli Rodolfo Calsavara.

Campinas
2023
A ficha catalográfica deverá ser solicitada online via http:
//www.sbu.unicamp.br/sbu/elaboracao-de-ficha-catalografica/
A folha de aprovação será fornecida pela Secretaria de Pós-Graduação
Inserir aqui dedicatoria.
Agradecimentos

Inserir aqui os agradecimentos.


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Resumo
Palavras-chave:
Abstract
Keywords:
¨

Sumário

Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1 Resultados Preliminares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.1 Análise Funcional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.2 Espaços de Funções Reais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.3 Espaços Lp . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.4 Espaços de Sobolev W k,p . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
1.5 Existência, Unicidade e Regularidade de Solução para Problemas Envolvendo
a Equação do Calor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.6 Aspectos da Teoria de Análise Convexa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.7 Outros Resultados Pertinentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2 Controlabilidade Exata a Trajetórias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
2.1 Um Resultado Sobre a Falta de Controlabilidade Exata a Trajetórias . . . 30
2.2 Um Resultado Positivo Sobre Controlabilidade Exata a Trajetórias . . . . . 42
2.2.1 Desigualdade de Carleman e Estimativas de Observabilidade 42
2.2.2 Controlabilidade da Equação do Calor Linear com Potencial 56
2.2.3 Método do Ponto Fixo para o Teorema 2 . . . . . . . . . . 71
3 Controlabilidade Aproximada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
3.1 Um Resultado Sobre a Falta de Controlabilidade Aproximada . . . . . . . 80
3.2 Um Resultado Positivo Sobre Controlabilidade Aproximada . . . . . . . . . 83

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
APÊNDICE A Demonstração da Proposição 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
11

Introdução

A Teoria de Controle possui uma rica história que abrange desde suas origens
nas mais antigas civilizações, suas aplicações nas mais diversas áreas do conhecimento ao
longo dos séculos, em especial na engenharia, até a sua sistematização e estudo teórico
em tempos modernos. Mais especificamente, a Teoria de Controle associada a equações
diferencias ordinárias (ou parciais) teve grande evolução durante o século XX e foram
diversos os resultados obtidos. Para uma discussão mais aprofundada a respeito da história,
aplicações e resultados importantes da Teoria de Controle, em especial associada a equações
diferencias ordinárias (ou parciais), ver [12, 19, 24].
Um problema de controlabilidade associado a uma equação diferencial parcial
pode ser elaborado, grosso modo, da seguinte maneira: considera-se um sistema envolvendo
uma equação diferencial parcial no qual é possível agir sobre o mesmo por meio de um
controle (a condição de fronteira, o lado direito da equação, entre outros). Dados um
tempo T > 0, uma condição inicial e um estado final busca-se encontrar um controle
tal que a solução do sistema satisfaça a condição inicial em t = 0 e ou iguale-se ao (ou
"aproxima-se"do) estado final no tempo t = T .
Nesta dissertação estuda-se do ponto de vista da Teoria de Controle o seguinte
problema de condição inicial e fronteira envolvendo a equação do calor semilinear.





yt − ∆y + f (y) = v1ω em Q,

y=0 sobre Σ, (1)



y(x, 0)

= y0 (x) em Ω,

em que Ω ⊂ Rn é um domínio aberto e limitado com fronteira ∂Ω de classe C 2 , 0 < T < ∞,


Q = Ω×(0, T ), Σ = ∂Ω×(0, T ), ω ⊂⊂ Ω é um aberto não vazio, 1ω é a função característica
sobre ω, y = y(x, t) é a variável de estado, v = v(x, t) ∈ L∞ (ω × (0, T )) é a função de
controle, y0 = y0 (x) ∈ L2 (Ω) é condição inicial e f : R → R é uma função localmente
Lipschitz satisfazendo
4
|f ′ (s)| ≤ C(1 + |s|p ) q.t.p., para algum p ≤ 1 + . (2)
n
A condição (2) garante que (1) possui uma única solução local. Diversos são os resultados
envolvendo a Teoria de Controle e a equação do calor. Particularmente, são muitos os
Introdução 12

resultados sobre a controlabilidade do sistema (1) na literatura dependendo das hipóteses


sobre a função f (ver [1, 9]). Esta dissertação baseia-se em Fernández-Cara [11] e nos
resultados obtidos neste artigo.
Este trabalho está estruturado da seguinte forma: no Capítulo 1 introduz-se
definições e enunciam-se resultados importantes utilizados no decorrer da dissertação.
Estas definições e resultados encontram-se divididas entre os tópicos abaixo:

a) análise funcional;

b) espaços de funções reais;

c) espaços Lp ;

d) espaços de Sobolev W k,p ;

e) existência, unicidade e regularidade de solução para problemas envolvendo a equação


do calor;

f) aspectos da teoria de análise convexa;

g) outros resultados pertinentes.

No Capítulo 2 define-se rigorosamente o conceito de controlabilidade exata a


trajetórias para o sistema (1). Em termos gerais, o sistema (1) possui tal propriedade
se, dados um tempo T > 0, uma condição inicial y0 e um estado final y1 , existe v tal
que a solução de (1) iguala-se ao estado final y1 no tempo t = T . São dois os principais
resultados provados neste capítulo. O primeiro garante a existência de funções f para as
quais (1) não é exatamente controlável a trajetórias para nenhum tempo T > 0.

Teorema 1 (Falta de controlabilidade exata). Existem f : R → R localmente Lipschitz


tais que f (0) = 0 e
|f (s)| ∼ |s| lnp (1 + |s|) quando |s| → ∞

com p > 2, para as quais o sistema (1) não possui a propriedade da controlabilidade exata
a trajetórias para cada 0 < T < ∞.

Já o segundo afirma que (1) é exatamente controlável a trajetórias, para um


tempo T > 0, caso f satisfaz certas hipóteses e existe uma solução limitada de (1).

Teorema 2. Seja T > 0. Supõe-se que existe y ∗ uma solução limitada e globalmente
definida do problema (1) com respeito à um controle v ∗ ∈ L∞ (ω × (0, T )), condição inicial
y0∗ ∈ L2 (Ω) e uma função f localmente Lipschitz que satisfaz (2) e

f (s)
3 → 0 quando |s| → ∞.
|s| ln (1 + |s|)
2
Introdução 13

Então, o sistema (1) possui a propriedade da controlabilidade exata a trajetória no tempo


T.

A demonstração do primeiro segue um caráter construtivo a partir da construção


de uma função f de maneira que (1) não é exatamente controlável a trajetórias, para
cada tempo T > 0. Para provar o segundo utiliza-se um resultado de controlabilidade
envolvendo a equação do calor linear com potencial e um argumento de ponto fixo.
No Capítulo 3 define-se precisamente a propriedade da controlabilidade aproxi-
mada para o sistema (1). Sem grande rigor, o sistema (1) satisfaz tal condição se, dados
um tempo T > 0, uma condição inicial y0 e um estado final y1 , existe v tal que a solução
de (1) aproxima-se do estado final no tempo t = T . Neste capítulo são dois os resultados
mais importantes obtidos. O primeiro garante a existência de funções f para as quais (1)
não é aproximadamente controlável para nenhum tempo T > 0.

Teorema 3 (Falta de controlabilidade aproximada). Existem f : R → R localmente


Lipschitz tais que f (0) = 0 e

|f (s)| ∼ |s| lnp (1 + |s|) quando |s| → ∞

com p > 2, para as quais o sistema (1) não possui a propriedade da controlabilidade
aproximada para qualquer 0 < T < ∞.

Sua demonstração segue a linha do primeiro resultado demonstrado no Capí-


tulo 2. Já o segundo afirma que (1) é aproximadamente controlável, para um tempo T > 0,
caso f satisfaz certas condições e existe uma solução limitada de (1).

Teorema 4. Seja T > 0. Supõe-se que existe y ∗ uma solução limitada e globalmente
definida do problema (1) com respeito à um controle v ∗ ∈ L∞ (ω × (0, T )), condição inicial
y0∗ ∈ L2 (Ω) e uma função f localmente Lipschitz que satisfaz (2) e

f (s)
3 → 0 quando |s| → ∞.
|s| ln (1 + |s|)
2

Então, o sistema (1) possui a propriedade da controlabilidade aproximada no tempo T .

A sua demonstração segue por uma aplicação do segundo resultado principal


do Capítulo 2 e resultados envolvendo existência e regularidade de soluções para problemas
de condição inicial e fronteira.
Por fim, no Apêndice A encontra-se a demonstração de uma desigualdade de
Carleman utilizada ao longo do Capítulo 2 (ver Proposição 3).
14

Capítulo 1

Resultados Preliminares

Com a finalidade de facilitar a estruturação da dissertação apresenta-se neste


capítulo notações, definições e resultados utilizados no decorrer do trabalho.

1.1 Análise Funcional


Ao longo desta seção consideram-se as definições usuais envolvendo aspectos
da teoria de Análise Funcional (espaço dual, topologia fraca, topologia fraca-∗, funcional
linear, separabilidade, entre outros) de Brezis [4]. Além disso, fixam-se E um espaço de
Banach com respeito à norma || · ||E e E ′ seu espaço dual com respeito à norma || · ||E ′ .

Teorema 5 (Banach-Alaoglu-Bourbaki). A bola unitária

BE ′ = {f ∈ E ′ | ||f ||E ′ ≤ 1}

é compacta em E ′ com respeito à topologia fraca-∗.

Teorema 6 (Kakutani). O espaço E é reflexivo se, e somente se, a bola unitária

BE = {x ∈ E | ||x||E ≤ 1}

é compacta em E com respeito à topologia fraca.

Teorema 7. Sejam {fn } sequência em E ′ e f ∈ E ′ . Se {fn } converge para f com respeito


à topologia fraca-∗ em E ′ , então {fn } é limitada em E ′ e

||f ||E ′ ≤ lim inf ||fn ||E .

Teorema 8 (Primeiro Teorema de Metrizabilidade). Seja E separável. Então, a bola


unitária em E ′ denotada por BE ′ é um espaço metrizável com respeito à topologia fraca-∗.

Corolário 1. Sejam E separável e {fn } uma sequência limitada em E ′ . Então, existe


subsequência {fnk } convergente em E ′ com respeito à topologia fraca-∗.
Capítulo 1. Resultados Preliminares 15

Teorema 9 (Segundo Teorema de Metrizabilidade). Seja E espaço tal que E ′ é separável.


Então, a bola BE é um espaço metrizável com respeito à topologia fraca.

Corolário 2 (Recíproca do Teorema de Eberlein-Smulian). Sejam E reflexivo e {xn }


uma sequência limitada em E. Então, existe subsequência {xnk } convergente em E com
respeito à topologia fraca.

Definição 1 (Funções semi-contínuas). Seja f : E → [−∞, +∞]. Diz-se que f é semi-


contínua inferiormente no ponto x ∈ E se

lim inf f (y) ≥ f (x).


y→x

Se f é semi-contínua inferiormente em todo ponto de E diz-se apenas que f é semi-contínua


inferiormente.

Definição 2 (Funções convexas). Seja f : E → [−∞, +∞]. Diz-se que f é convexa se

f (λx + (1 − λ)y) ≤ λf (x) + (1 − λ)f (y), ∀x, y ∈ E, 0 ≤ λ ≤ 1,

quando o lado direito da desigualdade está bem definido. Caso a igualdade acima seja
estrita para 0 < λ < 1 e x ̸= y ∈ E tais que f (x), f (y) < +∞ diz-se que f é estritamente
convexa.

Teorema 10. Sejam E reflexivo, S ⊆ E um subconjunto não-vazio, convexo, fechado e


f : S → (−∞, +∞] uma função semi-contínua inferiormente, convexa tal que f não é
identicamente igual a +∞ e
lim f (x) = +∞.
x∈S
||x||E →+∞

Então, existe xm ∈ S tal que


f (xm ) = min f,
S

ou seja, f atinge seu mínimo em S.

Teorema 11 (Forma Analítica de Hahn-Banach). Seja p : E → R uma função satisfazendo



p(αx)

= αp(x), ∀x ∈ E e ∀α > 0,
p(x + y) ≤ p(x) + p(y), ∀x, y ∈ E.

Sejam F ⊂ E subespaço vetorial e f : F → R funcional linear tal que

f (x) ≤ p(x), ∀x ∈ F.

Então, existe F : E → R funcional linear tal que

F (x) ≤ p(x), ∀x ∈ E,

e F estende f , ou seja, f (x) = F (x), ∀x ∈ F .


Capítulo 1. Resultados Preliminares 16

Os resultados acima constam em Brezis [4, Chapter 3]. Já o teorema de ponto


fixo enunciado abaixo é um caso particular do Teorema do Ponto Fixo de Kakutani que
encontra-se em Glicksberg [15, p. 171].

Teorema 12 (Ponto Fixo de Kakutani). Sejam C ⊆ E um subespaço não-vazio, convexo


e compacto e Ψ : C → P(C) uma aplicação satisfazendo as duas condições abaixo:

(i) Ψ(x) é não-vazio, convexo e fechado, para todo x ∈ C;

(ii) se {xn } é uma sequência em C convergindo a um x ∈ C e {yn } é uma sequência


convergindo a um y ∈ C de maneira que yn ∈ Ψ(xn ), para todo n ≥ 1, então
y ∈ Ψ(x), ou seja, Ψ possui gráfico fechado.

Então, existe x∗ ∈ C tal que x∗ ∈ Ψ(x∗ ), ou seja, Ψ possui pelo menos um ponto fixo.

Para finalizar a seção definem-se os conceitos de operador contínuo e compacto


entre espaços de Banach, enunciam-se algumas de suas propriedades e um resultado
envolvendo imersões compactas.

Definição 3 (Operadores contínuos e compactos). Sejam E1 , E2 dois espaços de Banach


com respeito às normas || · ||E1 , || · ||E2 e T : E1 → E2 um operador linear. Diz-se que T é
um operador contínuo se
||T || = sup ||T x||E2 < ∞.
x∈E1
||x||E ≤1
1

Diz-se que T é um operador compacto se T é contínuo e T (BE1 ) é compacto em E2

Definição 4 (Imersões contínuas e compactas). Sejam E1 , E2 dois espaços de Banach com


respeito às normas || · ||E1 , || · ||E2 tais que E1 ⊆ E2 . Quando o operador imersão entre E1
e E2 for contínuo diz-se que E1 está continuamente imerso em E2 e escreve-se E1 ,→ E2 .
Caso o operador imersão seja compacto diz-se que E1 está compactamente imerso em E2
e escreve-se E1 ,→,→ E2 .

Teorema 13. Sejam E1 , E2 dois espaços de Banach tais que E1 ,→,→ E2 . Se uma
sequência {xn } converge para x com respeito à topologia fraca em E1 então, {xn } converge
para x com respeito à topologia forte em E2 .

Demonstração.
Seja {xn } sequência em E1 convergindo fracamente para x em E1 . Para provar que {xn }
converge fortemente para x em E2 basta mostrar que toda subsequência de {xn } admite
uma subsequência que converge fortemente para x em E2 . Considera-se então {xnk } uma
tal subsequência. Assim, {xnk } converge fracamente para x em E1 . Como a inclusão entre
E1 e E2 é contínua (pois é compacta) tem-se que {xnk } converge fracamente para x em
Capítulo 1. Resultados Preliminares 17

E2 . Por outro lado, pela convergência fraca {xnk } é limitada em E1 . Como a imersão é
compacta infere-se que {xnk } admite subsequência {xnkj } convergindo fortemenete em
E2 para algum x0 . De onde segue que {xnkj } converge fracamente para x0 em E2 . E pela
unicidade do limite segue que x0 = x. Ou seja, {xnkj } converge fortemenete em E2 para x
e chega-se ao resultado.

1.2 Espaços de Funções Reais


Fixam-se n ≥ 1 e Ω ⊆ Rn aberto. Em seguida enunciam-se as definições de
alguns espaços de funções reais que serão úteis ao longo do texto.

Definição 5 (Espaços C k ). Seja 0 ≤ k < ∞. Definem-se os seguintes espaços de funções


reais.

• C k (Ω) = {f : Ω → R | f é k-vezes continuamente diferenciavel};

• C k (Ω) = {f ∈ C k (Ω) | Dα f é uniformemente contínua para todo |α| ≤ k};

• C ∞ (Ω) = C j (Ω);
\

j≥0

• C ∞ (Ω) = C j (Ω);
\

j≥0

Definição 6 (Suporte de uma função). Seja f : Ω → R função real. Define-se o suporte


da função f por
supp f = {s ∈ Ω | f (s) ̸= 0}.

Definição 7 (Funções com suporte compacto). Seja 0 ≤ k ≤ ∞. Define-se

Cck (Ω) = {f ∈ C k (Ω) | supp f é um subconjunto compacto de Rn }.

Definição 8 (Funções Lipschitz). Seja f : Ω → R. Diz-se que f é uma função Lipschitz se

|f (x1 ) − f (x2 )|
sup < ∞.
x1 ̸=x2 ∈Ω |x1 − x2 |

A função f é dita localmente Lipschitz se a restrição de f para qualquer compacto de Ω é


uma função Lipschitz.

Definição 9 (Funções Hölder contínuas). Seja f ∈ C 0 (Ω). Diz-se que f é uma função
Hölder contíinua com expoente 0 < α < 1 se

|f (x1 ) − f (x2 )|
[f ]α = sup < ∞.
x1 ̸=x2 ∈Ω |x1 − x2 |α

Denota-se por C 0,α (Ω) o conjunto das funções Hölder contínuas com expoente α.
Capítulo 1. Resultados Preliminares 18

Agora, dado T > 0 e fixando a notação Q = Ω × (0, T ) define-se o espaço das


funções Hölder contínuas parabólicas com expoente 0 < α < 1 por
α
C 0,α, 2 (Q) = {f ∈ C 0 (Q) | [f ]α,t + [f ]α,x < ∞}

onde
|f (x1 , t) − f (x2 , t)|
[f ]α,x = sup ,
(x1 ,t)̸=(x2 ,t)∈Q |x1 − x2 |α
|f (x, t1 ) − f (x, t2 )|
[f ]α,t = sup α
(x,t1 )̸=(x,t2 )∈Q |t1 − t2 | 2

Para finalizar esta seção enunciam-se resultados envolvendo os espaços de


Hölder.

Teorema 14 (Espaços de Hölder como Espaços de Banach). Seja 0 < α < 1. Então,

||f ||C 0,α (Ω) = sup |f (x)| + [f ]α


x∈Ω

é norma em C 0,α (Ω). Além disso, C 0,α (Ω) munido com a norma acima é espaço de Banach.
Analogamente,

||f ||C 0,α, α2 (Q) = sup |f (x, t)| + [f ]α,x + [f ]α,t


(x,t)∈Q

α α
é norma em C 0,α, 2 (Q). Além disso, C 0,α, 2 (Q) munido com a norma acima é espaço de
Banach.

Teorema 15 (Densidade dos Espaços de Hölder em C 0 (Ω)). Seja 0 < α < 1. Se f ∈ C 0 (Ω)
então existe sequência {fn } ⊂ C 0,α (Ω) que converge uniformemente para f .

Demonstração.
O resultado segue de uma aplicação do Teorema de Stone-Weierstrass. (Ver enunciado e
demonstração do Teorema de Stone-Weierstrass em Rudin [22, Theorem 7.32]).

Teorema 16 (Imersão Compacta de Espaços de Hölder em C 0 (Q)). Seja 0 < α < 1.


α
Então, C 0,α, 2 (Q) ,→,→ C 0 (Q).

Demonstração.
O resultado segue de uma aplicação do Teorema de Arzelà-Ascoli. (Ver enunciado e
demonstração do Teorema de Arzelà-Ascoli em Dunford [6, Chapter IV , Section 6, Theorem
7]).
Capítulo 1. Resultados Preliminares 19

1.3 Espaços Lp
Inicia-se a seção introduzindo os conceitos de igualdade em quase todo ponto e
classe de equivalência entre funções reais em um espaço de medida.

Definição 10. Sejam (X, X , µ) um espaço de medida e f, g : X → R. Diz-se que f, g são


iguais exceto em um conjunto de medida nula (em quase todo ponto) se existe E ⊂ X tal
que µ(E) = 0 e f (x) = g(x) para todo x ∈ X \ E. Escreve-se então que f = g são iguais
q.t.p. em X. As funções f, g estão na mesma classe de equivalência se, e somente se, elas
são iguais em quase todo ponto.

Para discussões mais aprofundadas no contexto de teoria da medida e suas


definições ver Bartle [3] e Folland [13].
Agora definem-se os espaços Lp . Para isso fixa-se (X, X , µ) um espaço de
medida.

Definição 11. [Espaços Lp ] Seja 1 ≤ p < ∞. Denota-se por Lp (X) o espaço das classes
de funções mensuráveis f : X → R tais que
Z 1
p
p
||f ||Lp (X) = |f | dµ < +∞.
X

Caso p = ∞ denota-se por L∞ (X) o espaço das classes de funções mensuráveis f : X → R


tais que

||f ||L∞ (X) = sup ess |f | = inf{K ∈ R | |f | ≤ K q.t.p. em X} < +∞.


X

O resultado a seguir afirma que || · ||Lp (X) são normas nos espaços Lp (X) e que
com tais normas os espaços Lp são espaços de Banach. Para a demonstração do mesmo
ver Folland [13, Theorem 6.6].

Teorema 17. Seja 1 ≤ p ≤ ∞. As aplicações || · ||Lp (X) dadas na Definição 11 são normas
em Lp (X). Os espaços Lp (X) munidos com tais normas são espaços de Banach.

Para o caso em que X = Ω ⊆ Rn é um aberto considera-se X munido com a


medida de Lebesgue. Neste caso específico define-se ainda o seguinte conceito.

Definição 12. Sejam Ω ⊆ Rn aberto, 1 ≤ p ≤ ∞ e f : Ω → R. Diz-se que f ∈ Lploc (Ω) se


f 1K ∈ Lp (Ω) para todo K compacto contido em Ω.

Os próximos dois teoremas constam em Brezis [4, Corollary 4.24] e [4, Theorem
4.11]. O primeiro apresenta uma condição suficiente para que uma função localmente
integrável seja nula em quase todo ponto. Já o segundo caracteriza os espaços duais de Lp .
Capítulo 1. Resultados Preliminares 20

Teorema 18. Sejam Ω ⊆ Rn e f ∈ L1loc (Ω). Então,


Z
f g dx = 0, ∀g ∈ Cc∞ (Ω),

se, e somente se, f = 0 q.t.p. em Ω.

Teorema 19 (Teorema de Representação de Riesz). Sejam 1 ≤ p < +∞, 1 < q ≤ +∞,


1 1
tais que + = 1, e ϕ ∈ (Lp (Ω))′ onde Ω ⊂ Rn é aberto e limitado. Então, existe única
p q
u ∈ Lq (Ω) tal que Z
⟨ϕ, f ⟩ = uf dx,

para toda f ∈ L (Ω). Além disso,
p

||u||q = ||ϕ||(Lp (Ω))′ .

Segue então que (Lp (Ω))′ é isometricamente isomorfo à Lq (Ω).

Para finalizar esta seção enunciam-se ainda quatro resultados da teoria dos
espaços Lp que encontram-se em Folland [13, Holder’s Inequality 6.2], [13, Proposition
6.12], [13, Minkowski’s Inequality for Integrals 6.19] e [13, Young’s Inequality 8.7].

Teorema 20 (Desigualdade de Hölder). Sejam (X, X , µ) espaço de medida, 1 < p, q < +∞


1 1
tais que + = 1, f ∈ Lp (X) e g ∈ Lq (X). Então, f g ∈ L1 (X) e ||f g||L1 (X) ≤
p q
||f ||Lp (X) ||g||Lq (X) .

Teorema 21. Sejam (X, X , µ) espaço de medida tal que µ(X) < ∞ e 0 < p < q ≤ +∞.
1 1
Então, Lq (X) ⊂ Lp (X) e ||f ||Lp (X) ≤ µ(X) p − q ||f ||Lq (X) .

Teorema 22 (Desigualdade de Minkowski para Integrais). Sejam (X1 , X1 , µ1 ), (X2 , X2 , µ2 )


espaços de medida σ-finita, F função mensurável em X1 ×X2 com respeito a medida produto
µ1 ×µ2 e 1 ≤ p ≤ +∞. Se F (·, x2 ) ∈ Lp (X1 ) para q.t.p. x2 e a função xZ2 7→ ||F (·, x2 )||Lp (X1 )
está em L1 (X2 ) então, F (x1 , ·) ∈ L1 (X2 ) para q.t.p. x1 , a função x1 7→ F (x1 , x2 ) dµ2 (x2 )
X2
está em Lp (X1 ) e
Z Z
F (·, x2 ) dµ2 (x2 ) ≤ ||F (·, x2 )||Lp (X1 ) dµ2 (x2 )
X2 Lp (X1 ) X2

Teorema 23 (Desigualdade de Young para a Convolução). Sejam 1 ≤ p, q, r ≤ +∞ tais


1 1 1
que + = 1+ , f ∈ Lp (Rn ) e g ∈ Lq (Rn ). Então, f ∗g ∈ Lr (Rn ) e ||f ∗g||r ≤ ||f ||p ||g||q .
p q r

1.4 Espaços de Sobolev W k,p


No decorrer desta seção Ω ⊆ Rn é um aberto.
Capítulo 1. Resultados Preliminares 21

Definição 13 (Derivadas fracas). Sejam f, g ∈ L1loc (Ω) e α = (α1 , · · · , αn ) um multi-índice.


Diz-se que g é a α-ésima derivada parcial fraca de f se
Z
∂ α1 ∂ αn |α|
Z
f ··· ϕ dx = (−1) gϕ dx, ∀ϕ ∈ Cc∞ (Ω)
Ω ∂x1 ∂xn Ω

onde |α| = α1 + · · · + αn é a ordem dda derivada parcial fraca.

Definição 14 (Espaços de Sobolev W k,p ). Sejam 1 ≤ k < +∞, 1 ≤ p ≤ ∞. Diz-se que


uma função f : Ω → R ∈ Lp (Ω) pertence ao espaço de Sobolev W k,p (Ω) se todas suas
derivadas fracas de ordem menor ou igual a k estão em Lp (Ω).

O seguinte resultado consta em Evans [7, Chapter 5, Section 5.2, Theorem 2] e


afirma que o espaço W k,p (Ω) é um espaço de Banach.

Teorema 24. Sejam 1 ≤ k < +∞, 1 ≤ p ≤ ∞. A aplicação


 1

 p

f ||pLp (Ω)  , caso p ̸= ∞,



β
X
||D




||f ||W k,p (Ω) = |β|≤k

||Dβ f ||L∞ (Ω) , caso p = ∞.

 X




|β|≤k

é uma norma no espaço W k,p (Ω). Além disso, W k,p (Ω) munido desta norma é um espaço
de Banach.

O fecho das funções suaves com suporte compacto Cc∞ (Ω) em W k,p (Ω) denota-
se por W0k,p (Ω). Especialmente para o caso em que p = 2 escreve-se H k (Ω) = W k,2 (Ω) e
H0k (Ω) = W0k,2 (Ω). Por fim, utiliza-se a notação H −1 (Ω) para o espaço dual de H01 (Ω).
Os espaços de Sobolev são de extrema importância para resolução de problemas
envolvendo equações diferenciais parciais. Para apresentações mais aprofundadas sobre o
tema e sua aplicação na teoria de equações diferenciais parciais ver [4, 7]. Os dois próximos
resultados encontram-se em Brezis [4, Corollary 9.19] e [4, Theorem 9.16]. O primeiro
apresenta uma estimativa para funções nos espaços W01,p e o segundo imersões compactas
envolvendo espaços de Sobolev.

Teorema 25 (Desigualdade de Poincaré). Seja Ω ⊆ Rn aberto limitado e 1 ≤ p < ∞.


Então, existe constante C = C(p, Ω) > 0 tal que
||u||Lp (Ω) ≤ C||∇u||Lp (Ω) ,
para toda u ∈ W01,p (Ω).

Teorema 26 (Rellich-Kondrachov). Seja Ω ⊆ Rn aberto limitado e ∂Ω de classe C 1 .


Então, 




W 1,p (Ω) ,→,→ Lq (Ω) ∀q ∈ [1, p∗ ), se p < n,

W (Ω)1,p
,→,→ Lq (Ω) ∀q ∈ [p, ∞), se p = n,

se p > n,

W 1,p (Ω) ,→,→ C(Ω) ∀q ∈ [1, p∗ ),

Capítulo 1. Resultados Preliminares 22

1 1 1
onde ∗
= − . Em particular, W 1,p (Ω) ,→,→ Lp (Ω) e W01,p (Ω) ,→,→ Lp (Ω) para todo p.
p p n

A última parte desta seção dedica-se ao conceito de espaços dependentes do


tempo. Antes das definições de tais espaços fixam-se E um espaço de Banach real com
norma || · ||E e um tempo T > 0.

Definição 15. Seja 1 ≤ p ≤ ∞. Denota-se por Lp ([0, T ], E) o espaço das funções


mensuráveis f : [0, T ] → E tais que
Z T !1
p
||f ||Lp ([0,T ],E) = ||f (t)||pE <∞
0

caso 1 ≤ p < ∞ e
||f ||L∞ ([0,T ],E) = ||f (t)||E < ∞.
t∈[0,T ]

Definição 16. Denota-se por C([0, T ], E) o espaço das funções contínuas f : [0, T ] → E
tais que
||f ||C([0,T ],E) = max ||u(t)||E < ∞.
0≤t≤T

Definição 17. Seja f ∈ L1 ([0, T ], E). Diz-se que g ∈ L1 ([0, T ], E) é a derivada fraca de
f se Z T Z T
ϕ′ (t)f (t) dt = ϕ(t)g(t) dt, ∀ϕ ∈ Cc∞ (0, T ).
0 0
Denota-se a derivada fraca por g = ft .

Definição 18. Seja 1 ≤ p ≤ ∞. Denota-se por W 1,p ([0, T ], E) o espaço das funções
f ∈ Lp ([0, T ], E) tais que ft existe no sentido fraco da Definição 16 e ft ∈ Lp ([0, T ], E).
Além disso,

Z T !1
 p
||f (t)||pE + ||ft (t)||pE dt , se 1 ≤ p < ∞,




||f ||W 1,p ([0,T ],E) =  0

sup ess (||f (t)||E + ||ft (t)||E ) , se p = ∞.




0≤t≤T

Denota-se ainda H 1 ([0, T ], E) = W 1,2 ([0, T ], E).

Para um estudo mais detalhado sobre a definição e propriedades dos espaços


envolvendo o tempo como no resultado acima ver Evans [7, Chapter 5, Section 5.9]. O
teorema a seguir consta em Zheng [26, Theorem 3.1.1] e é um resultado importante na
teoria de imersões compactas em espaços de Sobolev.

Teorema 27 (Lema de Aubins-Lions). Sejam T > 0 e E0 , E1 , E2 espaços de Banach onde


E0 e E2 são reflexivos. Suponha que E0 ,→ E1 ,→ E2 e que E0 ,→,→ E1 . Então, dados
1 < p, q < +∞, o espaço

E = {u | u ∈ Lp ([0, T ], E0 ), ut ∈ Lq ([0, T ], E2 )}
Capítulo 1. Resultados Preliminares 23

com a norma
||u||E = ||u||Lp ([0,T ],E0 ) + ||ut ||Lq ([0,T ],E2 )
é um espaço de Banach. Além disso, E é compactamente imerso em Lp ([0, T ], E1 ), ou seja,
E ,→,→ Lp ([0, T ], E1 ).

1.5 Existência, Unicidade e Regularidade de Solução para Problemas


Envolvendo a Equação do Calor
Nesta seção fixa-se Ω ⊂ Rn um domínio limitado com fronteira ∂Ω de classe
C 2 , 0 < T < ∞, Q = Ω × (0, T ), Σ = ∂Ω × (0, T ) e ω ⊂⊂ Ω aberto não vazio. O resultado
abaixo segue de Evans [7, Chapter 7, Section 7.1] e garante a existência e unicidade de
solução para um problema de valor inicial e condição de fronteira envolvendo a equação
do calor linear com potencial.

Teorema 28. Sejam f ∈ L2 (Q), a = a(x, t) ∈ L∞ (Q) e u0 ∈ L2 (Ω). Então, existe uma
única solução fraca u do problema





ut − ∆u + au = f em Q,

 u=0 sobre Σ,

em Ω,

u(x, 0)

= u0 (x)

ou seja, existe única u ∈ C([0, T ], L2 (Ω)) ∩ L2 ([0, T ], H01 (Ω)) com ut ∈ L2 ([0, T ], H −1 (Ω))
tal que

⟨ut , w⟩

H −1 ×H01 + (∆u, ∆w)L2 (Ω) + (au, w)L2 (Ω) = (f, w)L2 (Ω) q.t.p. em [0, T ],
u(0) = u0 ,

para todo w ∈ H01 (Ω), onde (·, ·)L2 (Ω) e ⟨·, ·⟩H −1 ×H01 denotam o produto interno em L2 (Ω) e
a dualidade entre os espaços H −1 (Ω), H01 (Ω), respectivamente. Além disso, existe constante
positiva C dependendo somente de Ω, T e a tal que
 
||u||C([0,T ],L2 (Ω)) + ||u||L2 ([0,T ],H01 (Ω)) + ||ut ||L2 ([0,T ],H −1 (Ω)) ≤ C ||u0 ||L2 (Ω) + ||f ||L2 (Q) .

O próximo teorema é adaptado de Saut [25, Corollary 1.2] e garante a unicidade


de solução em L2 (Q) para um problema com condição de fronteira tal que a solução é
identicamente nula em um aberto de Q.

Teorema 29. Seja a = a(x, t) ∈ L2 (Q). Suponha que u ∈ L2 (Q) é solução do problema
abaixo 
−ut − ∆u + au = 0 em Q,

u =0 sobre Σ,

satisfazendo u = 0 em ω × (0, T ). Então, u = 0 em Q.


Capítulo 1. Resultados Preliminares 24

Agora, fazendo uso da teoria de semigrupos gerados por operadores (ver [5, 26])
seguem três resultados. O primeiro encontra-se em Cazenave [5, Proposition 3.5.7] e contém
uma estimativa envolvendo o semigrupo {S(t)}t≥0 gerado pelo operador Laplaciano com
condição de fronteira de Dirichlet.

Teorema 30. Sejam 1 ≤ p ≤ q ≤ ∞ e u ∈ Lp (Ω) ∩ Lq (Ω). Então,


n 1 1
||S(t)u||Lq (Ω ≤ (4πt)− 2 ( q − p ) ||u||Lp (Ω) , ∀t > 0.

O segundo garante a existência e unicidade de solução local para um problema


de valor inicial para a equação do calor semilinear e consta em Cazenave [5, Proposition
4.3.3].

Teorema 31. Sejam f : R → R localmente Lipschitz e u0 ∈ L2 (Ω) . Então, existe ε > 0


dependendo de ||u0 ||L2 (Ω) e da constante de Lipschitz associada a f tal que o problema





ut − ∆u + f (u) = 0 em Ω × (0, ε),

u=0 sobre ∂Ω × (0, ε),

em Ω,

u(x, 0)

= u0 (x)

admite única solução essencialmente limitada u ∈ C([0, ε], L2 (Ω)).

O teorema abaixo estabelesce uma estimativa em L∞ (Q) para a solução de um


problema de valor inicial e condição de fronteira envolvendo a equação do calor linear com
potencial. Tal resultado é uma generalização de Fernández-Cara [9, Lemma 3.1].

Teorema 32. Sejam f ∈ L∞ (Q), a = a(x, t) ∈ L∞ (Q) e u0 ∈ L∞ (Ω). Se u é solução do


problema abaixo 




ut − ∆u + au = f em Q,

 u=0 sobre Σ,

em Ω,

u(x, 0)

= u0 (x)
então,

||u||L∞ (Q) ≤ exp(T ||a||L∞ (Q) )||u0 ||L∞ (Ω) + T exp(T ||a||L∞ (Q) )||f ||L∞ (Q) .

Demonstração.
Sejam u1 e u2 soluções dos problemas abaixo





u1t − ∆u1 + au1 = 0 em Q,

1
u =0 sobre Σ,


u1 (x, 0)

= u0 (x) em Ω,
Capítulo 1. Resultados Preliminares 25






u2t − ∆u2 + au2 = f em Q,

2
 u =0 sobre Σ,


u2 (x, 0)

=0 em Ω.
Então, u = u1 + u2 . Por Fernández-Cara [9, Lemma 3.1] tem-se que

||u1 ||L∞ (Q) ≤ exp(T ||a||L∞ (Q) )||u0 ||L∞ (Ω) .

Por outro lado, pela teoria de semigrupos segue que


Z t
2
u (·, t) = S(t − s)(f − au2 )(·, s) ds.
0

Portanto, pelo Teorema 22 obtém-se que


Z t
2
||u (·, t)||L∞ (Ω) ≤ ||a||L∞ (Q) ||u2 (·, s)||L∞ (Ω) ds + T ||f ||L∞ (Q) .
0

E pela desigualdade de Gronwall conclui-se que

||u2 (·, t)||L∞ (Ω) ≤ T exp(T ||a||L∞ (Q) )||f ||L∞ (Q) .

Portanto, pelas estimativas encontradas envolvendo u1 e u2 o resultado segue.

O último resultado garante uma regularidade para a solução de um problema


de valor inicial e condição de fronteira envolvendo a equação do calor linear com potencial
onde a condição inicial encontra-se em um espaço de Hölder. Para a demonstração ver
Ladyzhenskaja [17, Chapter III, Theorem 7.1, Theorem 10.1] e Fernández-Cara [9, Lemma
3.3].

Teorema 33. Sejam f ∈ L∞ (Q), a = a(x, t) ∈ L∞ (Q) e u0 ∈ C 0,β (Ω) com 0 < β < 1.
Então, existe única solução u ∈ L2 ([0, T ], H 1 (Ω)) ∩ L∞ (Q) do problema





ut − ∆u + au = f em Q,

u=0 sobre Σ,

em Ω.

u(x, 0)

= u0 (x)
α
Além disso, existe α ∈ (0, β) dependendo de Ω, T e β tal que u ∈ C 0,α, 2 (Q) e existe F
função crescente com respeito a última coordenada tal que

[u]α,x + [u]α,x ≤ F (Ω, T, β, α, ||u0 ||C 0,β (Ω) , ||u||L∞ (Q) ).

1.6 Aspectos da Teoria de Análise Convexa


Ao longo desta seção fixa-se E um espaço de Banach real. Primeiramente
enuncia-se um resultado clássico da teoria de funções convexas que encontra-se em Rudin [23,
Chapter 3, Theorem 3.3].
Capítulo 1. Resultados Preliminares 26

Teorema 34 (Desigualdade de Jensen). Seja µ uma medida positiva em uma σ-álgebra


de um conjunto Ω tal que µ(Ω) = 1. Se f : Ω → (a, b) é uma função L1 (Ω) com respeito à
medida µ e g uma função convexa em (a, b) então,
Z  Z
g f dµ ≤ (g ◦ f ) dµ.
Ω Ω

Em seguida apresenta-se a definição da conjugada convexa de uma função


convexa.

Definição 19 (Conjugada convexa). Seja f : E → [−∞, +∞] convexa. Chama-se de


conjugada convexa de f a função f ∗ : E ′ → [−∞, +∞] definida abaixo:

f ∗ (ϕ) = sup{ϕ(x) − f (x)}, ∀ϕ ∈ E ′ .


x∈E

A segunda parte desta seção dedica-se a definição e alguns resultados envolvendo


conceitos de diferenciabilidade de funções em espaços de Banach reais.

Definição 20 (Subdiferencial). Seja f : E → (−∞, +∞] função convexa tal que f ̸≡ +∞.
Define-se o subdiferencial da função f no ponto x ∈ E como sendo o seguinte conjunto

∂f (x) = {ϕ ∈ E ′ | f (x) − f (y) ≤ ϕ(x − y), ∀y ∈ E}.

Diz-se que f é subdiferenciável em x quando ∂f (x) ̸= ∅.

O próximo resultado fornece uma definição alternativa para o subdiferencial de


uma função contínua.

Teorema 35. Seja f : E → (−∞, +∞] função convexa tal que f ̸≡ +∞. Se x ∈ E é tal
que f (x) < +∞ e f é contínua em x então,
( )
′ f (x + ry) − f (x)
∂f (x) = ϕ ∈ E ϕ(y) ≤ lim+ , ∀y ∈ E .
r→0 r

Define-se abaixo a diferenciabilidade no sentido de Gâteaux.

Definição 21 (Diferenciabilidade no sentido de Gâteaux). Sejam f : E → (−∞, +∞]


função convexa tal que f ̸≡ +∞ e x ∈ E com f (x) < +∞. Diz-se que f é Gâteaux
diferenciável se a aplicação
f (x + rh) − f (x)
h 7→ lim+
r→0 r
é um funcional linear contínuo em E. Equivalentemente diz-se que f é Gâteaux diferenciável
se existe o limite abaixo para todo h ∈ E.
f (x + rh) − f (x)
lim .
r→0 r
Denota-se por df (x) a derivada de Gâteaux de f no ponto x que é o elemento em E ′ tal
que
f (x + rh) − f (x)
df (x)(h) = lim .
r→0 r
Capítulo 1. Resultados Preliminares 27

Agora enuncia-se um teorema que estabelece uma conexão entre o subdiferencial


e o diferencial de Gâteaux.

Teorema 36. Seja f : E → (−∞, +∞] função convexa tal que f é Gâteaux diferenciável
em x. Então,
∂f (x) = {df (x)}.

A demonstração dos dois resultados anteriores encontram-se em Barbu [2,


Proposition 2.39] e [2, Proposition 2.40]. Antes de finalizar a seção enunciando o último
resultado definem-se os seguintes conceitos.

Definição 22 (Funções semi-contínuas e domínio efetivo de uma função). Seja f : E →


(−∞, +∞] função convexa. Diz-se que f é semicontínua inferiormente se {x ∈ E | f (x) ≤
r} é fechado em E para todo r ∈ R. Chama-se o conjunto dom(f ) = {x ∈ E | f (x) < +∞}
de domínio efetivo de f . Neste caso esta definição é equivalente a Definição 1.

O teorema abaixo fornece condições suficientes para expressar o subdiferencial


da soma de duas funções como soma dos subdiferenciais e consta em Phelps [21, Theorem
3.16].

Teorema 37. Sejam f, g : E → (−∞, +∞] funções convexas, inferiormente semicontínuas


tais que f, g ̸≡ +∞. Se existe ponto em dom(f ) ∩ dom(g) no qual f (ou g) é contínua,
então
∂(f + g)(x) = ∂f (x) + ∂g(x), ∀x ∈ dom(f + g).

1.7 Outros Resultados Pertinentes


Para os dois resultados a seguir ver Evans [7, Appendix B, Cauchy’s Inequality]
e [7, Appendix C, Theorem 3]. O primeiro apresenta uma desigualdade envolvendo o produto
de dois números não negativos quaisquer. Tal desigualdade mostra-se extremamente útil
para estimar termos não lineares em EDP’s. E o segundo é um resultado clássico em
cálculo vetorial.
1 1
Teorema 38 (Desigualdade de Young). Sejam x, y ≥ 0 e p, q > 1 tais que + = 1.
p q
Então,
xp y q
xy ≤ + .
p q
Teorema 39 (Identidades de Green). Seja Ω ⊂ Rn aberto, limitado com ∂Ω de classe C 1 .
Se f, g ∈ C 2 (Ω), então
Z Z
∂f
(i) ∆f dx = dS;
Ω ∂Ω ∂ν
Capítulo 1. Resultados Preliminares 28

Z Z Z
∂g
(ii) f ∆g dx = − ∇f · ∇g dx + f dS;
Ω Ω ∂Ω ∂ν
Z Z
∂g ∂f
(iii) f ∆g − g∆f dx = f −g dS.
Ω ∂Ω ∂ν ∂ν

O teorema a seguir é uma consequência do Teorema do Divergente (ver Mun-


kres [20, Theorem 38.8]).

Teorema 40. Seja Ω ⊂ Rn aberto, limitado com ∂Ω de classe C 1 . Se f ∈ C 1 (Ω) e F um


campo vetorial continuamente diferenciável em Ω, então
Z Z Z
f ∇ · F dx = f F · ν dS − ∇f · F dx,
Ω ∂Ω Ω

onde ν é o vetor normal unitário exterior a ∂Ω.

Demonstração.
Primeiramente, segue pela regra do produto que

∇ · (f F ) = f ∇ · F + ∇f · F.

Integrando a igualdade acima sobre Ω e aplicando o Teorema 38.8 de [20] obtém-se


Z Z Z Z
f F · ν dS = ∇ · (f F ) dx = f ∇ · F dx + ∇f · F dx.
∂Ω Ω Ω Ω

Logo, Z Z Z
f ∇ · F dx = f F · ν dS − ∇f · F dx.
Ω ∂Ω Ω

Antes de enunciar o próximo resultado desta seção fixa-se a notação D′ (Ω) para
o espaço de distribuições sobre Ω ⊂ Rn aberto (ver Folland [13, Chapter 9] para mais
detalhes). O resultado a seguir é conhecido como desigualdade de Kato e sua demonstração
encontra-se em Horiuchi [16, Theorem 1.1].

Teorema 41 (Desigualdade de Kato). Sejam Ω ⊆ Rn um domínio e M um operador do


tipo
n X
X n
M= ∂i (aij (x)∂j )
i=1 j=1

tal que aij ∈ C 1 (Ω) e existe C > 0 tal que


n X
n
aij (x)yi yj ≥ C|y|2 , ∀y ∈ Rn \ {0}, x ∈ Ω.
X

i=1 j=1

Se u ∈ L1loc (Ω) é tal que M u ∈ L1loc (Ω) então

M |u| ≥ (M u) sgn0 u em D′ (Ω)


Capítulo 1. Resultados Preliminares 29

onde sgn0 é a função sinal, isto é,



u(x)
, se u ̸= 0,



sgn0 u(x) = |u(x)|
se u = 0.

0,

O último resultado desta seção refere-se a existência de uma função no fecho


de um domínio limitado de Rn satisfazendo determinadas condições. A existência desta
função é particularmente importante para demonstrar estimativas de Carleman.

Lema 1. Seja Ω ⊆ Rn domínio limitado. Então, existe função η : Ω → R tal que






 η ∈ C 2 (Ω),


> 0 em Ω,

η

η = 0 sobre ∂Ω,






̸ 0 em Ω \ ω.

|∇η| =

Em Fursikov [14, Chapter 1, Lemma 1.1] prova-se a existência da função acima.


30

Capítulo 2

Controlabilidade Exata a Trajetórias

Ao longo deste capítulo estuda-se o problema (1) do ponto de vista da con-


trolabilidade exata a trajetória e demonstram-se dois resultados principais. O primeiro
garante a existência de funções f de maneira que, para cada 0 < T < ∞, o problema (1)
não possui a propriedade de controlabilidade exata a trajetórias. Já o segundo estabelece
condições sobre a função f e sobre a existência de uma solução limitada e globalmente
definida de (1) de maneira que o problema (1) possui a propriedade de controlabilidade
exata a trajetórias.
Agora, seguindo Fernández-Cara [11], define-se a propriedade de controlabili-
dade exata a trajetórias para o problema (1).

Definição 23. Diz-se que o problema (1) é exatamente controlável a trajetórias no tempo
T > 0 se dada y ∗ uma trajetória limitada e globalmente definida em [0, T ] (solução de (1)
com respeito à uma condição inicial y0∗ e controle v ∗ ) e y0 ∈ L2 (Ω) uma condição inicial
existe um controle v ∈ L∞ (ω × (0, T )) tal que a solução y de (1) com respeito à y0 e v está
definida globalmente em [0, T ] e

y(T ) = y ∗ (T ) em Ω.

2.1 Um Resultado Sobre a Falta de Controlabilidade Exata a Traje-


tórias
Inicialmente define-se o conceito de equivalência assintótica entre funções reais.

Definição 24. Sejam f, g : R → R. Diz-se que f é assintóticamente equivalente a g


(quando x → +∞) se, e somente se,
f (x)
lim = 1.
x→+∞ g(x)

Quando esta condição é válida escreve-se f ∼ g. A mesma definição ainda é válida tomando
os limites x → 0+ , x → 0− , x → 0, |x| → ∞.
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 31

A demonstração do Teorema 1 divide-se em duas partes. Primeiramente provam-


se três resultados auxiliares. E posteriormente conclui-se, usando tais resultados, que o
Teorema 1 de fato é válido.

Proposição 1. Seja f : R → R a função dada por


Z |s|
f (s) := lnp (1 + u) du, (2.1)
0

para cada p > 2. Então, f é localmente Lipschitz, f (0) = 0 e

|f (s)| ∼ |s| lnp (1 + |s|) quando |s| → ∞.

Demonstração.
Pela definição de f em (2.1) tem-se
Z 0
f (0) = lnp (1 + u) du = 0.
0

Pelo Teorema Fundamental do Cálculo ([18, Capítulo IX, Teorema 8])

f ′ (s) = lnp (1 + s), quando s > 0.

E de maneira análoga
f ′ (s) = − lnp (1 − s), quando s < 0.

Nota-se ainda que f ′ (0) = 0. De fato,


R |h|
f (h) − f (0) 0 lnp (1 + u) du
lim = lim .
h→0 h h→0 |h|

Como ln é função crescente deduz-se que, para cada u ∈ [0, |h|], lnp (1 + u) ≤ lnp (1 + |h|).
Então, conclui-se que
R |h|
f (h) − f (0) lnp (1 + |h|) 0 du
0 ≤ lim ≤ lim = lim lnp (1 + |h|) = 0.
h→0 h h→0 |h| h→0

Logo, f é função diferenciável e



− lnp (1 − s)

se s ≤ 0,
f ′ (s) =
lnp (1 + s)

se s > 0.

Portanto, f ∈ C 1 (R). Ou seja, f ′ é localmente limitada e segue pelo Teorema do Valor Médio
([18, Capítulo V III, Teorema 7]) que f é localmente Lipschitz. Além disso, f (0) = 0. Resta
provar que f é assintoticamente equivalente a |s| lnp (1 + |s|) quando |s| → ∞. Inicialmente,
nota-se que
R |s| p
f (s) ln (1 + u) du
lim p = lim 0 p . (2.2)
|s|→∞ |s| ln (1 + |s|) |s|→∞ |s| ln (1 + |s|)
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 32

Como ln é função crescente e não negativa em [1, ∞) obtém-se que


Z |s| Z |s| Z |s|
p p p
lim ln (1 + u) du ≥ lim ln (1 + u) du ≥ lim ln 2 du
|s|→+∞ 0 |s|→+∞ 1 |s|→+∞ 1

≥ lnp 2 lim |s| − 1 = +∞.


|s|→+∞

Por outro lado, lim |s| lnp (1 + |s|) = +∞. Aplica-se então a regra de l’Hôpital no último
|s|→+∞
limite da igualdade (2.2)
R |s|
0 lnp (1 + u) du lnp (1 + |s|) 1
lim = lim = lim .
|s|→+∞ |s| lnp (1 + |s|) |s|→+∞ lnp (1 + |s|) + p|s| ln
p−1
(1+|s|) |s|→+∞ 1 + p|s|
(1+|s|) ln(1+|s|)
1+|s|

Então, como

p|s| |s| 1
lim = p lim · lim p =p·0=0
|s|→+∞ (1 + |s|) ln(1 + |s|) |s|→+∞ 1 + |s| |s|→+∞ ln (1 + |s|)

conclui-se que
R |s|
0 lnp (1 + u) du
lim = 1.
|s|→+∞ |s| lnp (1 + |s|)
Portanto,
f (s)
lim p = 1,
|s|→∞ |s| ln (1 + |s|)

ou seja, |f (s)| ∼ |s| lnp (1 + |s|) quando |s| → ∞.

Lema 2. Sejam f : R → R dada por (2.1) e f ∗ : R → R ∪ {±∞} sua conjugada convexa


(como na Definição 19). Então, vale a seguinte equivalência assintótica
1  1 
f ∗ (s) ∼ p|s|1− p exp |s| p quando s → +∞. (2.3)

Demonstração.
Pela definição de conjugada convexa tem-se

f ∗ (s) = sup{as − f (a)}.


a∈R

Inicialmente supõe-se que o supremo acima é atingido para qualquer s ∈ R. Então, para
cada s ∈ R, este supremo é atingido em um ponto crítico da função a 7→ as − f (a). Estes
pontos críticos a ∈ R são tais que

s − f ′ (a) = 0.

Por outro lado, pela demonstração da Proposição 1



− lnp (1 − s)

se s ≤ 0,
f ′ (s) = 
lnp (1 + s) se s > 0.
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 33

Logo, f ′ é uma bijeção. Denota-se por (f ′ )−1 sua inversa. Ou seja, o supremo é atingido
no ponto
a = (f ′ )−1 (s).
Dessa maneira obtém-se que

f ∗ (s) = (f ′ )−1 (s) · s − f ((f ′ )−1 (s)). (2.4)

Infere-se pela expressão encontrada para f ′ que a seguinte igualdade é válida para s > 0
 1 
(f ′ )−1 (s) = exp s p − 1.

Substituindo a igualdade acima em (2.4) e usando a definição de f dada por (2.1) tem-se
que
  1     1  
f ∗ (s) = s exp s p − 1 − f exp s p − 1
Z exp s p1 −1
 
  1  
= s exp s p −1 − lnp (1 + u) du
0

se s > 0. Portanto,
f ∗ (s)
L = lim 1  1 
s→+∞
p|s|1− p exp |s| p
 1
  1   R exp s p −1
s exp s p −1 − 0 lnp (1 + u) du
= lim 1  1  .
s→+∞
ps1− p exp s p

Nota-se que o numerador e o denominador do limite L vão à +∞ quando s → +∞. De


1 1
fato, como p > 2 então 1 − > 0 e > 0. Logo,
p p
1  1 
lim ps1− p exp s p → +∞.
s→+∞

No caso do numerador, aplica-se a mudança de variável v = ln(1 + u)


Z exp s p1 −1 Z s p1
 

lnp (1 + u) du = exp(v)v p dv.


0 0

Integrando por partes obtém-se que


Z exp s p1 −1 Z s p1
 
1
p p sp
ln (1 + u) du = v exp(v) − p exp(v)v p−1 dv
0 0 0
Z s p1
 1 
= s exp s p − p exp(v)v p−1 dv.
0

Assim,
Z exp s p1 −1
 
  1  
lim s exp s p −1 − lnp (1 + u) du =
s→+∞ 0
Z s p1
lim p exp(v)v p−1 dv − s.
s→+∞ 0
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 34

Nota-se ainda que


Z s p1 Z s p1
p−1
lim p exp(v)v dv − s = lim p exp(v)v p−1 − pv p−1 dv
s→+∞ 0 s→+∞ 0
Z s p1
= lim pv p−1 (exp(v) − 1) dv = +∞.
s→+∞ 0

Logo,
Z exp s p1 −1
 
  1  
lim s exp s p −1 − lnp (1 + u) du = +∞.
s→+∞ 0
Pode-se então aplicar a regra de l’Hôpital no limite L. Para isso calcula-se as derivadas do
numerador e denominador de L.
!
d  1− p1  1  1 − p1  1 1 1 1  1
ps exp s p = p 1 − s exp s p + ps1− p s p −1 exp s p
ds p p
1  1   1 
= (p − 1)s− p exp s p + exp s p ,
1
 
d
  1  Z exp s p −1 
p
s exp s p − 1 − ln (1 + u) du
ds 0
 1 1 1  1 1 1  1
= exp s p + s p exp s p − 1 − s p exp s p
p p
 1 
= exp s p − 1.
E pela regra de l’Hôspital tem-se que
 1  1− 1 1 
exp s p −1 exp s p 1
L = lim − p1
 1   1  = lim − p1
= 1.
s→+∞
(p − 1)s exp s p + exp s p s→+∞
(p − 1)s +11

Conclui-se então que


f ∗ (s)
lim 1  1  = 1,
s→+∞
p|s|1− p exp |s| p
ou seja, (2.3) é válida.
Resta provar que o supremo

sup{as − f (a)}
a∈R

é de fato atingido para todo s ∈ R.


Para o caso em que s = 0

sup{as − f (a)} = sup{−f (a)} = 0 = f (0)


a∈R a∈R

pois f é não negativa e f (0) = 0.


Já para o caso em que s > 0 nota-se que

sup{as − f (a)} ≥ 0 (2.5)


a∈R
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 35

Z +∞
uma vez que a 7→ as − f (a) se anula em a = 0. Por outro lado, como lnp (1 + u) du =
0
+∞, então
lim as − f (a) = −∞. (2.6)
a→−∞

Tem-se ainda que


lim as − f (a) = −∞. (2.7)
a→+∞

De fato,
Z a Z a
p
lim as − f (a) = lim as − ln (1 + u) du = lim s − lnp (1 + u) du.
a→+∞ a→+∞ 0 a→+∞ 0

Aplicando novamente a mudança de variável v = ln(1 + u)


Z ln(1+a)
lim as − f (a) = lim (s − v p ) exp(v) dv = −∞.
a→+∞ a→+∞ 0

Logo, por (2.6) e (2.7) existe M > 0 tal que as − f (a) < −1 se a ∈
/ [−M, M ]. E por (2.5)
deduz-se que
sup{as − f (a)} = sup {as − f (a)}.
a∈R a∈[−M,M ]

Como a 7→ as − f (a) é função contínua, ela atinge seu supremo no intervalo [−M, M ].
Conclui-se então que o supremo é atingido se s > 0.
Demonstra-se que o supremo é atingido no caso s < 0 de maneira análoga.

Proposição 2. Sejam Ω ⊂ Rn um aberto limitado, ω ⊂⊂ Ω um aberto não vazio e


f : R → R dada por (2.1), para algum p > 2. Então, existe ρ ∈ Cc∞ (Ω) não negativa
satisfazendo as condições 



ρ|ω ≡0

Z

ρ=1 (2.8)
Ω !
|∆ρ|




ρf 2 ∈ L1 (B)



ρ
em que B := {x ∈ Ω | ρ(x) > 0}.

Demonstração.
Considera-se primeiramente que Ω ⊂ R. Sejam B = (a, b) ⊂ Ω \ ω um intervalo aberto
2
limitado e m > qualquer. Define-se ρ ≡ 0 fora de B, ρ = exp(−(x − a)−m )
p−2
suficientemente próximo a direita de a (ou seja, em um intervalo suficientemente pequeno
(a, a)) e ρ = exp(−(b − x)−m ) suficientemente próximo a esquerda
Z de b (ou seja, em um
intervalo suficientemente pequeno (b, b)) de maneira que ρ < 1. Então, tem-se
(a,a)∪(b,b)
que ρ é função suave com suporte compacto definida em Ω \ [a, b], não negativa e ρ|ω ≡ 0.
Completando
Z então sua definição em [a, b] de maneira que ρ ∈ Cc∞ (Ω), não negativa e
ρ = 1 segue que ρ satisfaz as duas primeiras condições de (2.8). Resta provar que

|ρ′′ |
!

ρf 2 ∈ L1 (B).
ρ
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 36

Nota-se que próximo de a

ρ′ (x) = m(x − a)−(m+1) exp(−(x − a)−m ),

ρ′′ (x) = (m2 (x − a)−(2m+2) − m(m + 1)(x − a)−(m+2) ) exp(−(x − a)−m ).


Logo,
|ρ′′ (x)|
= |m2 (x − a)−(2m+2) − m(m + 1)(x − a)−(m+2) |
ρ(x)
∼ m2 (x − a)−(2m+2) quando x → a+ .

Pela equivalência assintótica acima e pelo Lema 2 deduz-se que


|ρ′′ |
!
 1− 1 
2 1 −(2m+2)


f 2 ∼ p 2m2 (x − a)−(2m+2) p
exp m p 2 p (x − a) p (2.9)
ρ

quando x → a+ .
Analogamente, próximo de b tem-se que

ρ′ (x) = −m(b − x)−(m+1) exp(−(b − x)−m ),

ρ′′ (x) = (m2 (b − x)−(2m+2) − m(m + 1)(b − x)−(m+2) ) exp(−(b − x)−m ).


Logo,
|ρ′′ (x)|
= |m2 (b − x)−(2m+2) − m(m + 1)(b − x)−(m+2) |
ρ(x)
∼ m2 (b − x)−(2m+2) quando x → b− .

Pela equivalência assintótica acima e pelo Lema 2 deduz-se que


|ρ′′ |
!
 1  
−(2m+2) 1− p
 2 1 −(2m+2)
∗ 2
f 2 ∼ p 2m (b − x) exp m 2 (b − x)
p p p (2.10)
ρ

quando x → b− .
Por (2.9), (2.10) e pelo fato de ρ = exp(−(x − a)−m ) próximo de a e ρ =
exp(−(b − x)−m ) próximo de b conclui-se que

|ρ′′ |
!
 1  
−(2m+2) 1− p
 2 1 −(2m+2)
∗ 2 −m
ρf 2 ∼ p 2m (x − a) exp m 2 (x − a)
p p p − (x − a)
ρ

quando x → a+ e
|ρ′′ |
!
 1  
−(2m+2) 1− p
 2 1 −(2m+2)
∗ 2 −m
ρf 2 ∼ p 2m (b − x) exp m 2 (b − x)
p p p − (b − x)
ρ
2 2m + 2
quando x → b− . Por outro lado, como m > , então m > . Infere-se então que
p−2 p
2 1 −(2m+2)
lim+ m p 2 p (x − a) p − (x − a)−m = −∞.
x→a
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 37

Portanto,
 1  
−(2m+2) 1− p
 2 1 −(2m+2)
2 −m
lim p 2m (x − a) exp m 2 (x − a)
p p p − (x − a) = 0.
x→a+

De maneira análoga obtém-se que


 1  
−(2m+2) 1− p
 2 1 −(2m+2)
2 −m
lim p 2m (b − x) exp m 2 (b − x)
p p p − (b − x) = 0.
x→b−

|ρ′′ |
!
Então, ρf ∗ 2 ∈ L1 (B).
ρ
Considera-se agora que Ω ⊂ Rn , para n ≥ 2. Sejam B = B(c, r) ⊂ Ω \ ω a bola
2
aberta de raio r > 0 e centro c ∈ Ω e m > qualquer. Define-se ρ ≡ 0 fora de B e
p−2
ρ = exp(−(r − |x − c|)−m ) suficientemente próximo à fronteira da bola B (ou seja, em
uma região AZ = {x ∈ Rn | r < |x − c| < r} tal que r é suficientemente próximo a r) de
maneira que ρ < 1. Então, tem-se que ρ é função suave com suporte compacto definida
A
em Ω \ B(c, r), não negativa e p|ω ≡ 0. Completando
Z então sua definição em B(c, r) de

maneira que ρ ∈ Cc (Ω), não negativa e ρ = 1 segue que ρ satisfaz as duas primeiras

condições de (2.8). Resta provar que
!
∗ |∆ρ|
ρf 2 ∈ L1 (B).
ρ

Nota-se que próximo à fronteira da bola B

|∆ρ(x)| m(r − |x − c|)−(m+1)


= m2 (r − |x − c|)−(2m+2) |x − c| +
ρ(x) |x − c|
−(m+1)
mn(r − |x − c|)
− − m(m + 1)(r − |x − c|)−(m+2) .
|x − c|

Logo,
|∆ρ(x)|
∼ m2 (r − |x − c|)−(2m+2) |x − c| quando |x − c| → r− .
ρ(x)
Pela equivalência assintótica acima e pelo Lema 2 deduz-se que
!
|∆ρ|  1− 1
f∗ 2 ∼ p 2m2 (r − |x − c|)−(2m+2) |x − c| p

ρ
 −(2m+2)

2 1 1
× exp m p 2 p (r − |x − c|) p |x − c| p

quando |x − c| → r− . E como ρ = exp(−(r − |x − c|)−m ) próximo à fronteira da bola B


chega-se em
!
∗ |∆ρ|  1− 1
ρf 2 ∼ p 2m2 (r − |x − c|)−(2m+2) |x − c| p

ρ
 −(2m+2)

2 1 1
−m
× exp m 2 (r − |x − c|)
p p p |x − c| − (r − |x − c|)
p
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 38

2
quando |x − c| → r− . Agora, usa-se o fato que m > de maneira análoga a demons-
p−2
tração do caso Ω ⊆ R e obtém-se que
 1− 1
lim − p 2m2 (r − |x − c|)−(2m+2) |x − c| p

|x−c|→r
 −(2m+2)

2 1 1
−m
× exp m 2 (r − |x − c|)
p p p |x − c| − (r − |x − c|)
p = 0.
!
∗ |∆ρ|
Então, ρf 2 ∈ L1 (B).
ρ

Em seguida demonstra-se o Teorema 1.

Demonstração do Teorema 1.
Sejam f dada por (2.1), ρ ∈ Cc∞ (Ω) não negativa como na Proposição 2 satisfazendo (2.8),
onde B = {x ∈ Ω | ρ(x) > 0}, y0 ∈ L2 (Ω), v ∈ L∞ (ω × (0, T )) e y solução de (1) com
respeito à y0 e v. Multiplicando a equação em (1) por ρ obtém-se que

ρyt − ρ∆y + ρf (y) = vρ1ω em Q.

Como ρ ≡ 0 em ω, então
ρyt − ρ∆y + ρf (y) = 0 em Q.

Integrando a igualdade acima em Ω chega-se em


Z Z Z
ρyt dx − ρ∆y dx + ρf (y) dx = 0
Ω Ω Ω

d Z Z Z
ρy dx = ρ∆y dx − ρf (y) dx. (2.11)
dt Ω Ω Ω
Agora, pelo Teorema 39
Z Z Z
∂y ∂ρ
ρ∆y dx − ∆ρy dx = ρ −y dS
Ω Ω ∂Ω ∂ν ∂ν
onde ν é o vetor normal unitário exterior a ∂Ω. Mas pela condição de fronteira de (1)
deduz-se que Z
∂ρ
y dS = 0.
∂Ω ∂ν
E pelo fato de ρ ter suporte compacto em Ω infere-se que
Z
∂y
ρ dS = 0.
∂Ω ∂ν
Logo, Z Z
ρ∆y dx = ∆ρy dx
Ω Ω
Substituindo a igualdade acima em (2.11)
d Z Z Z 
− ρy dx = ρf (|y|) dx − y∆ρ dx (2.12)
dt Ω Ω Ω
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 39

onde foi usado que f (s) = f (|s|). Por outro lado, pela definição de f ∗ , para cada x ∈ B,
! ( )
∗ |∆ρ(x)| |∆ρ(x)| |∆ρ(x)|
f 2 = sup 2a − f (a) ≥ 2|y(x, ·)| − f (|y(x, ·)|).
ρ(x) a∈R ρ(x) ρ(x)

Então, para cada x ∈ B,


!
∗ |∆ρ(x)| |∆ρ(x)|
f 2 + f (|y(x, ·)|) ≥ 2|y(x, ·)| .
ρ(x) ρ(x)

Pela desigualdade acima deduz-se que


Z Z
ρ|∆ρ| 1Z
y∆ρ dx ≤ |y| dx ≤ k + ρf (|y|) dx, (2.13)
Ω B ρ 2 Ω
onde !
1Z |∆ρ|
k := ρf ∗ 2 dx.
2 B ρ
Pela Proposição 2 tem-se que k < +∞.
Substituindo (2.13) em (2.12) obtém-se a seguinte desigualdade
d Z Z 
Z
− ρy dx = ρf (|y|) dx − y∆ρ dx
dt Ω
Z
Ω Ω
Z
≥ ρf (|y|) dx − y∆ρ dx
Ω Ω
Z
1Z
≥ ρf (|y|) dx − ρf (|y|) dx − k
Ω 2 Ω
1Z
≥ −k + ρf (|y|) dx. (2.14)
2 Ω
Z
Como f é convexa e ρ é não negativa tal que ρ dx = 1, pela Proposição 2 então pode-se

aplicar o Teorema 34 Z  Z
f ρ|y| dx ≤ ρf (|y|) dx. (2.15)
Ω Ω

Por outro lado, como f (s) = f (−s) = f (|s|) e f é crescente em [0, +∞)
Z  Z 
f ρ|y| dx ≥ f ρy dx

 ΩZ 
≥f − ρy dx . (2.16)

Então substituindo as desigualdades (2.14) e (2.15) em (2.16) tem-se que


d 1
 Z Z   
− ρy dx ≥ −k + f − ρy dx .
dt Ω 2 Ω

Denotando por
Z
z(t) := − ρ(x)y(x, t) dx,
Z Ω
z0 := − ρ(x)y0 (x) dx,

Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 40

conclui-se que 
1
z ′ (t)
 ≥ −k + f (z(t)),
2 (2.17)
z(0) = z .

0

Supõe-se então que y0 ∈ L2 (Ω) satisfaz as seguintes condições


Z
z0 = − ρ(x)y0 (x) dx > 0, f (z0 ) > 2k.

Tais y0 existem uma vez que f (s) → +∞ quando s → +∞. Supõe-se ainda que z :
[0, T ) → R é solução C 1 de (2.17), onde 0 < T < ∞.
Além disso, tem-se que z é não decrescente. De fato, pela desigualdade em (2.17)
1 1 1
z ′ (0) ≥ −k + f (z(0)) = −k + f (z0 ) > −k + 2k = 0.
2 2 2
Caso z ′ (t) ≥ 0 para todo t ∈ [0, T ) então tem-se que z é não decrescente. Supõe-se então
que z ′ muda de sinal em [0, T ). Como z é C 1 existe 0 < T ∗ < T tal que

z ′ (T ∗ ) = 0,
z ′ (t) ≥ 0, em [0, T ∗ ).

Então, deduz-se que


0 < z0 = z(0) ≤ z(T ∗ ).

Como f é crescente em [0, +∞) chega-se em

f (z0 ) = f (z(0)) ≤ f (z(T ∗ )).

Dessa maneira conlui-se que


1 1 1
0 = −k + 2k < −k + f (z0 ) ≤ −k + f (z(T ∗ )) ≤ z ′ (T ∗ ).
2 2 2
Chega-se então em uma contradição com o fato que z ′ (T ∗ ) = 0. Logo, z é não decrescente.
Definindo a função
Z s
2
G(z0 ; s) := du, ∀s ≥ z0 ,
z0 f (u) − 2k

tem-se que, para todo t ∈ [0, T ),

d d 2z ′ (t)
G(z0 ; z(t)) = G(z0 ; s) · z ′ (t) =
dt ds z(t) f (z(t)) − 2k
2 1
 
≥ −k + f (z(t)) ≥ 1. (2.18)
f (z(t)) − 2k 2
Verifica-se ainda que a integral Z ∞
2
du
z0 f (u) − 2k
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 41

converge, ou seja, Z ∞
2
G(z0 ; ∞) = du < ∞. (2.19)
z0 f (u) − 2k
De fato, como u lnp (1 + u) → +∞ quando u → +∞, então existe r ≥ z0 tal que
u lnp (1 + u) − 2k > 0, para todo u ≥ r. Assim, pela Proposição 1, f (s) ∼ s lnp (1 + s)
quando s → ∞, e portanto,
Z ∞ Z ∞
2 2
du converge ⇐⇒ p du converge
r f (u) − 2k r u ln (1 + u) − 2k
Z ∞
2
⇐⇒ p du converge. (2.20)
r u ln (1 + u)

Por outro lado, como p > 2 então


Z ∞
2 Z s
1 ln1−p (s) lnp (r) lnp (r)
du = 2 lim du = 2 lim − 2 = −2
r u lnp (u) s→∞ r u lnp (u) s→∞ 1 − p 1−p 1−p

Logo, a integral Z ∞
2
p du
r u ln (1 + u)
converge. Então por (2.20) tem-se que
Z ∞
2
du
r f (u) − 2k

converge. Dessa maneira conclui-se que (2.19) é válida.


Em seguida, obtém-se uma estimativa para o tempo T . Pelo Teorema do Valor
Médio ([18, Capítulo V III, Teorema 7]), para cada t ∈ (0, T ), existe δ = δ(t) ∈ (0, t) tal
que
G(z0 ; z(t)) G(z0 ; z(t)) − G(z0 ; z(0)) d
= = G(z0 ; z(δ)).
t t−0 dt
Assim, pela desigualdade (2.18)
G(z0 ; z(t))
≥ 1.
t
Ou seja,
G(z0 ; z(t)) ≥ t, ∀t ∈ [0, T ). (2.21)

Caso z não seja limitada, então


lim− z(t) → ∞
t→T

pois z é não decrescente. E por (2.21) tem-se que


Z ∞
2
T = lim− t ≤ lim− G(z0 ; z(t)) = G(z0 ; ∞) = du.
t→T t→T z0 f (u) − 2k

Por outro lado, caso z seja limitada então

lim− z(t) existe e é finito


t→T
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 42

pois z é não decrescente. Logo, pela desigualdade (2.21) deduz-se que


Z ∞
2
T = lim− t ≤ lim− G(z0 ; z(t)) ≤ G(z0 ; ∞) = du,
t→T t→T z0 f (u) − 2k

onde foi usado que G(z0 ; z(t)) é crescente sobre [0, T ) em vista de (2.18). Conclui-se que a
seguinte estimativa para o tempo T é válida
Z ∞
2
T ≤ du < ∞. (2.22)
z0 f (u) − 2k

Então T → 0 quando z0 → ∞, ou seja, o tempo máximo de definição de z vai a zero


quando z0 → ∞.
Seja T > 0 dado. Pela definição de z0 existe y0 ∈ L2 (Ω) de maneira que z0 é
suficientemente grande e satisfaz
Z ∞
2
du < T.
z0 f (u) − 2k
Considera-se então y solução do problema (1) com respeito à um controle arbitrário
v ∈ L∞ (ω × (0, T )) e a condição inicial y0 . Pela estimativa (2.22) o tempo máximo de
definição T de Z
z(t) = − ρ(x)y(x, t) dx

satisfaz a seguinte desigualdade
Z ∞
2
T ≤ du < T.
z0 f (u) − 2k
Logo, z não pode ser definida no tempo T . Conclui-se então que y não pode ser definida glo-
balmente em [0, T ]. Portanto, o problema (1) não possui a propriedade de controlabilidade
exata a trajetórias para nenhum tempo T > 0.

2.2 Um Resultado Positivo Sobre Controlabilidade Exata a Trajetó-


rias
Em contrapartida ao Teorema 1, nesta seção prova-se o Teorema 2, um resultado
positivo sobre a controlabilidade exata a trajetórias para o problema (1).

2.2.1 Desigualdade de Carleman e Estimativas de Observabilidade

Considera-se o seguinte sistema adjunto linearizado de (1)







−ut − ∆u + au = 0 em Q,

u=0 sobre Σ, (2.23)



u(x, T )

= uT (x) em Ω,
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 43

em que a = a(x, t) ∈ L∞ (Q) e uT = uT (x) ∈ L2 (Ω). O primeiro resultado a ser apresentado


relativo ao problema (2.23) é uma desigualdade de Carleman apropriada. Contudo, antes
de enunciá-lo, fixa-se η = η(x) como no Lema 1 e as seguintes definições.

Definição 25. Denota-se por K uma constante positiva tal que

K ≥ 5 max η − 6 min η.
Ω Ω

Define-se as seguintes funções auxiliares






 τ = η + K,
5





 τ = max τ,



 4 Ω
 ρ = exp(ατ ) − exp(ατ ),

 ρ
ϕ = ,



t(T − t)






Φ

= exp(ϕ),

onde α = α(Ω, ω) > 0 é constante a ser determinada posteriormente.

Enuncia-se então a seguinte desigualdade de Carleman cuja demonstração


encontra-se no Apêndice A.

Proposição 3 (Desigualdade de Carleman Global). Existem constantes C > 0 e s1 > 0


tais que
1 ZZ −2s
Φ t(T − t)(|ft |2 + |∆f |2 ) dx dt
s Q ZZ ZZ
+s Φ−2s (t(T − t))−1 |∇f |2 dx dt + s3 Φ−2s (t(T − t))−3 |f |2 dx dt (2.24)
Q Q
ZZ ZZ !
≤C Φ−2s |ft + ∆f |2 dx dt + s3 Φ−2s (t(T − t))−3 |f |2 dx dt ,
Q ω×(0,T )

para toda f ∈ A = {f ∈ C 2 (Q) | f = 0 sobre Σ} e s ≥ s1 . Além disso,



C

= C(Ω, ω),
(2.25)
s1 = κ(Ω, ω)(T + T 2 )

onde κ > 0.

Utilizando a Proposição 3 pode-se estabelecer a primeira estimativa de obser-


vabilidade para o problema (2.23).

Proposição 4 (Estimativa de Observabilidade). Existe uma constante C > 0 dependendo


apenas de Ω e ω tal que
!2
1
  2
 ZZ
||u(·, 0)||2L2 (Ω) ≤ exp C 1 + + T ||a||L∞ (Q) + ||a||L3 ∞ (Q) × |u| dx dt
T ω×(0,T )
(2.26)
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 44

para todo uT ∈ L2 (Ω) e T > 0, onde u é a solução de (2.23) com respeito à condição final
uT .

Demonstração.
Dado uT ∈ L2 (Ω), seja u solução de (2.23) com respeito à condição final uT . Como a
solução u pode ser aproximada por elementos do espaço A definido na Proposição 3 (pois
A é denso no espaço de todas as soluções de (2.23)) pode-se aplicar a desigualdade (2.24)
para u. Dessa maneira tem-se que
1 ZZ −2s
Φ t(T − t)(|ut |2 + |∆u|2 ) dx dt
s Q ZZ ZZ
−2s −1
+s Φ (t(T − t)) |∇u| dx dt + s 2 3
Φ−2s (t(T − t))−3 |u|2 dx dt
Q Q
ZZ ZZ !
−2s 2 3 −2s −3 2
≤C Φ |ut + ∆u| dx dt + s Φ (t(T − t)) |u| dx dt
Q ω×(0,T )

para s ≥ s1 . Pela Definição 25 sabe-se que Φ > 0. Então, o primeiro termo da esquerda na
desigualdade acima é não negativo. Percebe-se ainda que ut + ∆u = au pois u é solução
de (2.23). Logo,
ZZ ZZ
−2s −1
s Φ (t(T − t)) |∇u| dx dt + s 2 3
Φ−2s (t(T − t))−3 |u|2 dx dt
Q Q
ZZ ZZ ! (2.27)
−2s 2 3 −2s −3 2
≤C Φ |au| dx dt + s Φ (t(T − t)) |u| dx dt
Q ω×(0,T )

para s ≥ s1 .
Agora, para todo t ∈ (0, T ), tem-se que 4t2 − 4T t + T 2 ≥ 0. Então,
!3
T6 T2
= ≥ (T t − t2 )3 = t3 (T − t)3
26 4
Φ−2s T 6 ||a||2L∞ (Q) |u|2
≥ Φ−2s ||a||2L∞ (Q) |u|2 ≥ Φ−2s |au|2 ,
2 t (T − t)
6 3 3

q.t.p. em Q. Da desigualdade acima infere-se que


ZZ T 6 ||a||2L∞ (Q) ZZ −2s
Φ−2s |au|2 dx dt ≤ Φ (t(T − t))−3 |u|2 dx dt.
Q 26 Q

Se ( )
T2 2 1
s ≥ s2 = max s1 , C 2 ||a||L3 ∞ (Q) , 3

2
então segue que
ZZ ZZ
s3 Φ−2s (t(T − t))−3 |u|2 dx dt ≥ C Φ−2s |au|2 dx dt.
Q Q

Substituindo a desigualdade acima em (2.27) obtém-se que


ZZ ZZ
−2s −1
Φ (t(T − t)) |∇u| dx dt ≤ Cs 2 2
Φ−2s (t(T − t))−3 |u|2 dx dt, (2.28)
Q ω×(0,T )
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 45

para cada s ≥ s2 .
Na sequência estimam-se os termos Φ−2s (t(T − t))−1 e Φ−2s (t(T − t))−3 . Com
esta finalidade define-se, para cada x ∈ Ω,
!
3 3 2sρ(x)
fx (t) = t (T − t) exp = t3 (T − t)3 Φ(x, t)2s , t ∈ (0, T ).
t(T − t)

De onde segue que


1
= Φ(x, t)−2s (t(T − t))−3 . (2.29)
fx (t)
#
T2
Realizando a mudança de variável v = t(T − t) com t ∈ (0, T ) tem-se que v ∈ 0, . De
4
fato, nota-se que o máximo de v(t) = t(T − t) ocorre em t = T /2, ou seja, o máximo de v
T2
é . Além disso, v(t) é estritamente maior que zero em (0, T ) e v(t) → 0 quando t → 0+.
4 #
T2
Logo, v ∈ 0, .
4
Define-se ainda, para cada x ∈ Ω,
! #
3 2sρ(x) T2
gx (v) = v exp , v ∈ 0, .
v 4

Logo, ! !
3 2sρ(x) 2sρ(x)
3
fx (t) = (t(T − t)) exp = v exp = gx (v).
t(T − t) v
Portanto,
inf {fx (t)} = inf i{gx (v)}.
t∈(0,T ) 2
v∈ 0, T4

Por outro lado, nota-se que


! !
d 2sρ(x) 2sρ(x)
gx (v) = 3v 2 exp − 2sρ(x)v exp
dv v v
!
2sρ(x)
= v exp (3v − 2sρ(x)).
v

Assim, para v > 0, tem-se que


d 2


 gx (v) = 0, se v = sρ(x),
 dv 3




 d 2
gx (v) < 0, se v < sρ(x),


 dv 3
d 2



 gx (v) > 0, se v > sρ(x).

dv 3
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 46

Pelas condições acima sobre a derivada de gx deduz-se que


T2
 
2 2


gx 3 sρ(x) ,

 se > sρ(x),
4 3

inf {fx (t)} = inf i{gx (v)} = 2
!
t∈(0,T ) 2
v∈ 0, T4
 T T2 2
g , se ≤ sρ(x)

 x

4 4 3
3
T2

 2 2
 3 sρ(x) exp(3), se > sρ(x),


4 3

= 6
! (2.30)
 T 8sρ(x) T2 2
 6 exp , se ≤ sρ(x).


2

2 T 4 3

Se (  −1 )
2
s ≥ s3 = max s2 , 3T 8 min ρ(x) ,

então segue que


T 2 ρ(x) T2
−1
2 2 2

sρ(x) ≥ s3 ρ(x) ≥ 3T 2 8 min ρ(x) ρ(x) = ≥
3 3 3 Ω 4 minΩ ρ(x) 4

onde foi utilizado que ρ > 0 em Ω. Logo, tem-se por (2.30) que
! !
T6 8sρ(x) T6 8s minΩ ρ(x)
inf {fx (t)} = 6 exp ≥ 6 exp
t∈(0,T ) 2 T2 2 T2
se s ≥ s3 .
Definindo a constante positiva

C1 = 8 min ρ(x)

conclui-se que
T6 C1 s
 
inf {fx (t)} ≥ exp
t∈(0,T ) 26 T2
se s ≥ s3 .
Pela desigualdade acima e por (2.29) obtém-se que

1 26 C1 s
 
−2s −3
||Φ (t(T − t)) ||L∞ (Q) = ≤ 6 exp − 2 (2.31)
fx (t) L∞ (Q)
T T

se s ≥ s3 .
Por outro lado, nota-se que
(  −1 )
2
s3 = max s2 , 3T 8 min ρ(x)

(    −1 )
2
2 2
= max max s1 , CT ||a||L∞ (Q) , 3T 3
8 min ρ(x)

(  −1 )
2
= max s1 , CT 2 ||a||L∞ (Q) , 3T 2 8 min ρ(x)
3
.

Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 47

Definindo a constante positiva


(  −1 )
C2 = max κ, C, 3 8 min ρ(x)

tem-se que    
2
2
s4 = C2 T + 1 + ||a||L∞ (Q) T 3
≥ s3 . (2.32)

Aplicando a desigualdade (2.31) para s = s4 chega-se na seguinte estimativa para o termo


Φ−2s4 (t(T − t))−3

26 1
 2
 
−2s4 −3
||ϕ (t(T − t)) ||L∞ (Q) ≤ 6 exp −C1 C2 1 + + ||a||L3 ∞ (Q) . (2.33)
T T

Estima-se agora o termo ϕ−2s (t(T − t))−1 . Com esta finalidade define-se, para
cada x ∈ Ω,
!
2sρ(x) T 3T
 
2s
hx (t) = t(T − t) exp = t(T − t)Φ(x, t) , t ∈ , .
t(T − t) 4 4

De onde segue que


1
= Φ(x, t)−2s (t(T − t))−1 . (2.34)
hx (t)
" #
T 3T 3T 2 T 2
 
Realizando a mudança de variável v = t(T −t) com t ∈ , tem-se que v ∈ , .
4 4 16 4
T T T 3T
   
De fato, nota-se que v(t) = t(T − t) é crescente em , e decrescente em .
4 2 " # 2 4
2 2
T T 3T T
Assim, v(t) atinge seu máximo em e seu mínimo em . Logo, v ∈ , .
2 4 16 4
Define-se ainda, para cada x ∈ Ω,
! " #
2sρ(x) 3T 2 T 2
jx (v) = v exp ,v∈ , .
v 16 4

Logo, ! !
2sρ(x) 2sρ(x)
hx (t) = t(T − t) exp = v exp = jx (v).
t(T − t) v
Portanto,
sup {hx (t)} = h sup i{jx (v)}.
t∈[ T4 , 3T
4 ] v∈ 3T 2 T 2
, 4
16

Por outro lado, nota-se que


! !
d 2sρ(x) 2sρ(x) 2sρ(x)
jx (v) = exp − exp
dv v v v
!
1 2sρ(x)
= exp (v − 2sρ(x)).
v v
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 48

Assim, para v > 0, tem-se que


d


 jx (v) = 0, se v = 2sρ(x),
dv





 d
jx (v) < 0, se v < 2sρ(x),


 dv
d



 jx (v)

> 0, se v > 2sρ(x).
dv
 −1
Se s ≥ T 2 8 min ρ(x) , então segue que

T 2 ρ(x) T2
2sρ(x) ≥ ≥ .
4 minΩ ρ(x) 4
" #
3T 2 T 2
−1
d

Logo, jx (v) ≤ 0 em , se s ≥ T 2 8 min ρ(x) . De onde segue que
dv 16 4 Ω

! !
3T 2 3T 2 32sρ(x)
sup {hx (t)} = h sup i{jx (v)} = jx = exp
t∈[ T4 , 3T 16 16 3T 2
4 ]
3T 2 T 2
v∈ 16
, 4

 −1
se s ≥ T 2 8 min ρ(x) . Pela igualdade acima e por (2.34) tem-se que

!
1 16 32sρ(x) T 3T
 
−2s −1
Φ(x, t) (t(T − t)) = ≥ exp − em Ω × ,
hx (t) 3T 2 3T 2 4 4
 −1
2
se s ≥ T 8 min ρ(x) . Definindo a constante positiva

32
C3 = max ρ(x)
3 Ω
obtém-se que
16 C3 s T 3T
   
Φ−2s (t(T − t))−1 ≥ 2
exp − 2 em Ω × , (2.35)
3T T 4 4
 −1
2
se s ≥ T 8 min ρ(x) . Nota-se ainda que

 −1
2
s4 ≥ s3 ≥ T 8 min ρ(x) .

Aplicando-se a desigualdade (2.35) para s = s4 chega-se na seguinte estimativa para o


termo Φ−2s4 (t(T − t))−1
16 1
  2

Φ−2s4 (t(T − t))−1 ≥ exp −C 3 C 2 1 + + ||a||L
3
∞ (Q) (2.36)
3T 2 T
T 3T
 
em Ω × , .
4 4
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 49

Utilizando as estimativas (2.33) e (2.36) deduz-se que


ZZ
Φ−2s4 (t(T − t))−3 |u|2 dx dt ≤
ω×(0,T )
26 1
 2
  ZZ
6
exp −C1 C2 1 + + ||a||L3 ∞ (Q) |u|2 dx dt
T T ω×(0,T )
e
ZZ ZZ
−2s4 −1
Φ (t(T − t)) |∇u| dx dt ≥ 2
Φ−2s4 (t(T − t))−1 |∇u|2 dx dt
Q Ω×[ T4 , 3T
4 ]

16 1
 2
  ZZ
≥ exp −C 3 C 2 1 + + ||a|| 3
L∞ (Q) |∇u|2 dx dt.
3T 2 T Ω×[ T4 , 3T
4 ]

Substituindo as duas últimas desigualdades em (2.28) tem-se que


24 1
 2
  ZZ
exp −C 3 C 2 1 + + ||a||L
3
∞ (Q) |∇u|2 dx dt
3T 2 T Ω×[ T 3T
,
4 4 ]
ZZ
≤ Φ−2s4 (t(T − t))−1 |∇u|2 dx dt
Q
ZZ
≤ Cs24 Φ−2s4 (t(T − t))−3 |u|2 dx dt
ω×(0,T )
26 1
 2
  ZZ
≤ Cs24 6
exp −C1 C2 1 + + ||a||L3 ∞ (Q) |u|2 dx dt.
T T ω×(0,T )

Assim, isolando a integral a esquerda obtém-se que


ZZ
T 3T
|∇u|2 dx dt
Ω×[ ,
4 4 ]
s2 1
 2
  ZZ
≤ 12C 44 exp C2 (C3 − C1 ) 1 + + ||a||L3 ∞ (Q) |u|2 dx dt.
T T ω×(0,T )

E utilizado que x ≤ exp(x), para todo x ∈ R,


ZZ
|∇u|2 dx dt
Ω×[ T4 , 3T
4 ]

s24 1
  2
  ZZ
≤ 4 exp C2 (C3 − C1 ) 1 + + ||a||L∞ (Q) + 12C
3
|u|2 dx dt.
T T ω×(0,T )

Definindo a constante positiva

C4 = (C3 − C1 )C2 + 12C

conclui-se que
s24 1
ZZ   2
 ZZ
|∇u|2 dx dt ≤ exp C 4 1 + + ||a||L
3
∞ (Q) |u|2 dx dt. (2.37)
Ω×[ T4 , 3T
4 ]
T4 T ω×(0,T )

Por outro lado, pela definição de s4 em (2.32) percebe-se que


2
s24 1
  2

= C 2 1 + + ||a|| 3

L (Q)
T4 T
2
1
   2
≤ exp C2 1 + + ||a||L∞ (Q) 3

T
1
  2

≤ exp 2C2 1 + + ||a||L∞ (Q) ,3

T
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 50

onde foi utilizado que x ≤ exp(x), para todo x ∈ R. Substituindo a desigualdade acima
em (2.37) chega-se em
1
ZZ  2
  ZZ
2
|∇u| dx dt ≤ exp (C 4 + 2C 2 ) 1 + + ||a|| 3
L∞ (Q) |u|2 dx dt.
Ω×[ T4 , 3T
4 ] T ω×(0,T )

Definindo a constante positiva


C5 = C4 + 2C2

tem-se que
1
ZZ   2
 ZZ
2
|∇u| dx dt ≤ exp C5 1 + + ||a||L3 ∞ (Q) |u|2 dx dt. (2.38)
Ω×[ T 3T
,
4 4 ] T ω×(0,T )

Por outro lado, multiplicando por u a equação em (2.23) e integrando em Ω,


Z Z Z
− uut dx − u∆u dx + a|u|2 dx = 0.
Ω Ω Ω

Nota-se que Z
1d Z
− uut dx = − |u|2 dx
Ω 2 dt Ω
e como u = 0 sobre Σ por (2.23), então
Z Z
− u∆u dx = |∇u|2 dx.
Ω Ω

Logo,
1d Z Z Z
− |u| dx + |∇u| dx + a|u|2 dx = 0.
2 2
2 dt Ω Ω Ω
Isolando a primeira integral a esquerda chega-se na seguinte desigualdade
1d Z Z Z Z
− |u| dx = − |∇u| dx − a|u| dx dt ≤ ||a||L∞ (Q) |u|2 dx.
2 2 2
2 dt Ω Ω Ω Ω

Portanto,
1d Z Z
|u|2 dx + ||a||L∞ (Q) |u|2 dx ≥ 0.
2 dt Ω Ω
E como
d
 Z 
exp(2t||a||L (Q) ) |u|2 dx

dt Ω
!
Z
2 1d Z
= 2 exp(2t||a||L∞ (Q) ) ||a||L∞ (Q) |u| dx + |u|2 dx ,
Ω 2 dt Ω
então segue que
d
Z 
exp(2t||a||L∞ (Q) ) |u|2 dx ≥ 0. (2.39)
dt Ω
T 3T T
   
Integrando, para cada t ∈ , , a desigualdade acima em , t obtém-se
4 4 4
T T 2
Z  Z  
exp(2t||a||L∞ (Q) ) |u(x, t)|2 dx − exp ||a||L∞ (Q) u x, dx ≥ 0.
Ω 2 Ω 4
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 51

Isolando a primeira integral a esquerda deduz-se que

T T 2
Z  Z  
2
|u(x, t)| dx ≥ exp − 2t ||a||L∞ (Q) u x, dx
Ω 2 Ω 4
T 2
Z  
≥ exp(−T ||a||L∞ (Q) ) u x, dx, (2.40)
Ω 4
T 3T
para cada t ∈ [ , ].
4 4
Por outro lado, pode-se aplicar o Teorema 25 para u. Então, existe constante λ
positiva dependendo de Ω tal que
ZZ ZZ
|∇u|2 dx dt ≥ λ |u|2 dx dt.
Ω×[ T4 , 3T
4 ]
Ω×[ T4 , 3T
4 ]

Substituindo a desigualdade acima em (2.38) tem-se que


1
ZZ   2
 ZZ
2
λ |u| dx dt ≤ exp C5 1 + + ||a||L3 ∞ (Q) |u|2 dx dt. (2.41)
Ω×[ T 3T
,
4 4 ] T ω×(0,T )

T 3T
 
Integrando (2.40) em , e multiplicando ambos os lados por λ obtém-se
4 4
2
T T
Z  ZZ
λ exp(−T ||a||L∞ (Q) ) u x, dx ≤ λ |u|2 dx dt.
2 Ω 4 Ω×[ T4 , 3T
4 ]

Substituindo (2.41) na desigualdade acima segue que


2
T T
Z 
λ exp(−T ||a||L∞ (Q) ) u x, dx ≤
2 Ω 4
1
  2
 ZZ
exp C5 1 + + ||a||L3 ∞ (Q) |u|2 dx dt.
T ω×(0,T )

Isolando a integral a esquerda conclui-se que


2
T
Z 
u x, dx
Ω 4 (2.42)
2 1
  2
  ZZ
≤ exp C5 1 + + ||a||L∞ (Q) + T ||a||L (Q)
3
∞ |u|2 dx dt.
λT T ω×(0,T )

T
 
Por outro lado, integrando a desigualdade (2.39) em 0, chega-se em
4
T T 2
Z  Z  
||u(·, 0)||2L2 (Ω) = |u(x, 0)|2 dx ≤ exp ||a||L∞ (Q) u x, dx.
Ω 2 Ω 4
Substituindo (2.42) na desigualdade anterior obtém-se que
2 1 3
 2
 ZZ  
||u(·, 0)||2L2 (Ω) ≤ exp C5 1 + + ||a||L∞ (Q) + T ||a||L∞ (Q)
3
|u|2 dx dt
λT T 2 ω×(0,T )
1 3 2 ZZ
  2
 
≤ exp C5 1 + + ||a||L3 ∞ (Q) + T ||a||L∞ (Q) + |u|2 dx dt.
T 2 λT ω×(0,T )
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 52

Definindo a constante positiva C = C(Ω, ω) por


3 2
C = C5 + +
2 λ
tem-se que
1
  2
 ZZ
||u(·, 0)||2L2 (Ω) ≤ exp C 1 + + T ||a||L∞ (Q) + ||a||L3 ∞ (Q) |u|2 dx dt.
T ω×(0,T )

Na sequência melhora-se a estimativa encontrada na Proposição 4.

Proposição 5 (Desigualdade de Observabilidade Aprimorada). Existe uma constante


C > 0 dependendo apenas de Ω e ω tal que

||u(·, 0)||2L2 (Ω) ≤


!2
1
  2
 ZZ
1
exp C 1 + + T + (T 2 + T )||a||L∞ (Q) + ||a||L3 ∞ (Q) |u| dxdt
T ω×(0,T )

para todo uT ∈ L2 (Ω) e T > 0, onde u é solução de (2.23).

Demonstração.
T 2T
 
′ ′
Seja ω ⊂⊂ ω não vazio. Aplicando a Proposição 4 para ω × , obtém-se
3 3
T
 
2
u ·, L2 (Ω) ≤
3 ! (2.43)
3 T
  2
 ZZ
2
exp C 1 + + ||a||L∞ (Q) + ||a||L3 ∞ (Q) |u| dxdt .
T 3 ω ′ ×( T3 , 2T
3
)

Por outro lado, pela demonstração da Proposição 4 sabe-se que


d
 Z 
exp(2t||a||L∞ (Q) ) |u|2 dx ≥ 0.
dt Ω

T
 
Integrando a desigualdade acima em 0, chega-se na seguinte desigualdade
3
 2
2T T
  
||u(·, 0)||2L2 (Ω) ≤ exp ||a||L∞ (Q) u ·, .
3 3 L2 (Ω)

Substituindo (2.43) na desigualdade acima conclui-se que

||u(·, 0)||2L2 (Ω) ≤


!
2T 3 T
  2
 ZZ
2
exp ||a||L∞ (Q) + C 1 + + ||a||L∞ (Q) + ||a||L3 ∞ (Q) |u| dxdt .
3 T 3 ω ′ ×( T3 , 2T
3
)

Definindo a constante positiva


C1 = max{1, 3C}
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 53

tem-se que

||u(·, 0)||2L2 (Ω) ≤


(2.44)
!
1
  2
 ZZ
2
exp C1 1 + + T ||a||L∞ (Q) + ||a||L3 ∞ (Q) |u| dxdt .
T ω ′ ×( T3 , 2T
3
)

Na segunda parte da demonstração fixam-se ω0 , ω1 conjuntos abertos não


vazios, λ0 , λ1 parâmetros e p0 , p1 expoentes tais que




ω ′ ⊂ ω0 ⊂⊂ ω1 ⊂ ω,


 T
0 ≤ λ1 < λ0 < ,



2 (2.45)




1 ≤ p1 < p0 < +∞,
!
n 1 1 1

 

+1 − < .



2 p1 p0 2

Escolhe-se θ ∈ Cc∞ (ω1 × (λ1 , T − λ1 )) tal que 0 ≤ θ ≤ 1 e θ ≡ 1 em ω0 × (λ0 , T − λ0 ).


Definindo φ = θu tem-se que φ satisfaz

φt + ∆φ = θ(ut + ∆u) + (θt + ∆θ)u + 2∇θ · ∇u = aθu + (θt + ∆θ)u + 2∇θ · ∇u.

Usando que u é solução de (2.23) e que supp θ ⊂ ω1 × (λ1 , T − λ1 ) obtém-se que φ é


solução do seguinte problema

φ t



+ ∆φ = aθu + (θt + ∆θ)u + 2∇θ · ∇u em Q,

 φ = θu = 0 sobre Σ,


φ(x, T ) = θ(x, T )u(x, T )

= θ(x, T )uT (x) = 0 em Ω,

Invertendo o sentido do tempo a partir da mudança de variável t 7→ T − t e definindo

φ(x, t) = φ(x, T − t), u(x, t) = u(x, T − t), θ(x, t) = θ(x, T − t), a(x, t) = a(x, T − t)

obtém-se que φ é solução do seguinte problema







φt − ∆φ = −φt (·, T − t) − ∆φ(·, T − t) = −aθu + (θt − ∆θ)u − 2∇θ · ∇u em Q,

 φ = φ(·, T − t) = 0 sobre Σ,


φ(x, 0) = φ(x, T ) =

0 em Ω.

Denota-se por {S(t)}t≥0 o semigrupo gerado pelo operador Laplaciano com condição de
fronteira de Dirichlet. Logo,
Z t
φ(·, t) = S(t − s)(−aφ + (θt − ∆θ)u − 2∇θ · ∇u)(·, s) ds.
0

Aplicando o Teorema 22 deduz-se que


Z t
||φ(·, t)||Lp0 (Ω) ≤ ||S(t − s)(−aφ + (θt − ∆θ)u − 2∇θ · ∇u)(·, s)||Lp0 (Ω) ds
0
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 54

para todo t ∈ (λ1 , T − λ1 ). Pelo Teorema 30 segue que

||φ(·, t)||Lp0 (Ω)


Z t  
−n
2
1
p1
− p1
≤C(n, p0 , p1 ) (t − s) 0
||(−aφ + (θt − ∆θ)u − 2∇θ · ∇u)(·, s)||Lp1 (Ω) ds.
0

Absorvendo as normas || · ||L∞ (ω1 ×(λ1 ,T −λ1 )) dos termos θ, θt , ∆θ e ∇θ pela constante C e
usando que supp θ ⊆ ω1 × (λ1 , T − λ1 ) obtém-se

||φ(·, t)||Lp0 (Ω)


Z t  
−n
2
1
p1
− p1
≤ C(n, p0 , p1 , λ0 , λ1 , ω0 , ω1 ) ||a||L∞ (Q) (t − s) 0
||u(·, s)||Lp1 (ω1 ) ds
λ1
Z t   Z t   !
−n
2
1
p1
− p1 −n
2
1
p1
− p1
+ (t − s) 0
||u(·, s)||Lp1 (ω1 ) ds + (t − s) 0
||∇u(·, s)||Lp1 (ω1 ) ds .
λ1 λ1

E segue por [11, p. 599] que

||φ(·, t)||Lp0 (Ω)


Z t  
−n
2
1
p1
− p1
≤ C(n, p0 , p1 , λ0 , λ1 , ω0 , ω1 ) ||a||L∞ (Q) (t − s) 0
||u(·, s)||Lp1 (ω1 ) ds
λ1
Z t   Z t   !
−n
2
1
p1
− p1 −n
2
1
p1
− p1 − 12
+ (t − s) 0
||u(·, s)||Lp1 (ω1 ) ds + (t − s) 0
||u(·, s)||Lp1 (ω1 ) ds
λ1 λ1
Z t   !
−1 1 −n
2
1
p1
− p1 − 12
≤ CT (1 + T (1 + ||a||L∞ (Q) ))
2 (t − s) 0
||u(·, s)||Lp1 (ω1 ) ds
λ1

Nota-se pela desigualdade acima que


! 1
Z T −λ1 p0
1
||φ||Lp0 (Ω×(λ1 ,T −λ1 )) = ||φ(·, t)||pL0p0 (Ω) dt ≤ CT −1 (1 + T 2 (1 + ||a||L∞ (Q) ))
λ1

Z T −λ1 Z t   !p0 ! p1
−n
2
1
p1
− p1 − 12 0
× (t − s) 0
||u(·, s)||Lp1 (ω1 ) ds dt .
λ1 λ1
 
−n
2
1
p1
− p1 − 12
Denotando por h1 (s) = s 0
e h2 (s) = ||u(·, s)||Lp1 (ω1 ) tem-se que
! 1
Z T −λ1 p0
1
||φ||Lp0 (Ω×(λ1 ,T −λ1 )) ≤ CT −1 (1 + T (1 + ||a||L∞ (Q) )) 2 (h1 ∗ h2 (t))p0 dt
λ1
1
= CT −1 (1 + T 2 (1 + ||a||L∞ (Q) ))||h1 ∗ h2 ||Lp0 (λ1 ,T −λ1 )
1 1 1
Aplicando o Teorema 23 para as funções h1 , h2 e expoentes p0 , p1 e p tais que = − +1
p p0 p 1
conclui-se que
1
||φ||Lp0 (Ω×(λ1 ,T −λ1 )) ≤ CT −1 (1 + T 2 (1 + ||a||L∞ (Q) ))||h1 ||Lp (λ1 ,T −λ1 ) ||h1 ||Lp1 (λ1 ,T −λ1 )
Z T −λ1   !p ! p1
1 −n 1
− p1 − 12
= CT −1 (1 + T (1 + ||a||L∞ (Q) ))
2 t 2 p1 0
dt ||u||Lp1 (ω1 ×(λ1 ,T −λ1 ))
λ1
 
−n
2
1
p1
− p1 − 21 −1 1 1
≤ CT 0
(1 + T 2 (1 + ||a||L∞ (Q) ))(T − 2λ1 ) p ||u||Lp1 (ω1 ×(λ1 ,T −λ1 )) .
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 55

1 1 1
Usando que = − + 1 e as condições sobre p0 e p1 em (2.45) chega-se em
p p0 p1
 
−( n
2
+1) 1
p1
− p1 − 12 1
||φ||Lp0 (Ω×(λ1 ,T −λ1 )) ≤ CT 0
(1 + T 2 (1 + ||a||L∞ (Q) ))||u||Lp1 (ω1 ×(λ1 ,T −λ1 )) .

Por outro lado, como θ ≡ 1 em ω0 × (λ0 , T − λ0 ) então

||u||Lp0 (ω0 ×(λ0 ,T −λ0 )) = ||θu||Lp0 (ω0 ×(λ0 ,T −λ0 )) ≤ ||φ||Lp0 (Ω×(λ1 ,T −λ1 )) = ||φ||Lp0 (Ω×(λ1 ,T −λ1 )) .

Portanto,
1
||u||Lp0 (ω0 ×(λ0 ,T −λ0 )) ≤ CT δ (1 + T 2 (1 + ||a||L∞ (Q) ))||u||Lp1 (ω1 ×(λ1 ,T −λ1 )) (2.46)

onde C = C(Ω, ω0 , ω1 , λ0 , λ1 , p0 , p1 , n) e δ = δ(p0 , p1 , n).


Agora, define-se a família descrescente de expoentes p0 = 2 e p1 , p2 , · · · da
seguinte maneira
1 i 1
= + .
pi 2(n + 2) 2
Nota-se então que
1 1
pn+1 = n+1 1 > 1 = 1,
2(n+2)
+2 2
+ 21
1 1
pn+1 = n+2 1 = 1 1 = 1,
2(n+2)
+ 2 2
+ 2
! !
n 1 1 n 1 1 1
   
+1 − = +1 = < , para 0 ≤ i ≤ n + 1.
2 pi+1 pi 2 2(n + 1) 4 2
T 2T
 
Considerando ε > 0 tal que − (n + 2)ε, + (n + 2)ε ⊂ [0, T ] e uma família crescente
3 3
de abertos
ω ′ = ω0 ⊂⊂ ω1 ⊂⊂ · · · ⊂⊂ ωn+1 ⊂⊂ ωn+2 = ω
pode-se aplicar, para cada 0 ≤ i ≤ n + 1, a desigualdade (2.46) com respeito aos abertos ωi ,
ωi+1 , parâmetros λi = (i + 1)ε, λi+1 = iε e expoentes pi , pi+1 . Assim, para 0 ≤ i ≤ n + 1,
obtém-se
1
||u||Lpi (ωi ×((i+1)ε,T −(i+1)ε)) ≤ Ci T δi (1 + T 2 (1 + ||a||L∞ (Q) ))||u||Lpi+1 (ωi+1 ×(iε,T −iε)) .

onde Ci = Ci (Ω, ωi , ωi+1 , λi , λi+1 , pi , pi+1 , n) e δ = δ(pi , pi+1 , n). Logo,

||u||Lp0 (ω0 ×(ε,T −ε))


n+1
X
n+1 δi
1
(1 + T 2 (1 + ||a||L∞ (Q) ))n+2 ||u||Lpn+2 (ωn+2 ×((n+1)ε,T −(n+1)ε)) .
Y
≤ Ci T i=0
i=0

Como p0 = 2, ω0 = ω ′ , pn+2 = 1 e ωn+2 = ω então


n+1
X
n+1 δi
1
(1 + T 2 (1 + ||a||L∞ (Q) ))n+2 ||u||L1 (ω×(0,T )) .
Y
||u||L2 (ω′ ×( T , 2T )) ≤ Ci T i=0
3 3
i=0
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 56

Portanto,
Z Z !2
1
2 δ β
|u| dxdt ≤ CT (1 + T (1 + ||a||L∞ (Q) ))
2 |u| dxdt
ω ′ ×( T3 , 2T
3 )
ω×(0,T )

onde

n+1
!2
 Y
C = C(Ω, ω, n) = Ci > 0,




i=0



n+1 n+1
!
n 1 1 1 3(n + 2)
X X  
δ = δ(n) = 2 δi = 2 − +1 − − =− ,



 i=0 i=0 2 pi+1 pi 2 2


β = β(n) = 2(n + 2) > 0.

Substituindo a desigualdade acima em (2.44) conclui-se que

||u(·, 0)||2L2 (Ω)


1
  2

1
≤ CT δ (1 + T 2 (1 + ||a||L∞ (Q) ))β exp C1 1 + + T ||a||L∞ (Q) + ||a||L3 ∞ (Q)
T
Z !2
× |u| dxdt
ω×(0,T )
!2
1
  2
 ZZ
1
≤ exp C 1 + + T + (T 2 + T )||a||L∞ (Q) + ||a||L3 ∞ (Q) |u| dx dt ,
T ω×(0,T )

onde C é uma constante dependendo de Ω e ω.

2.2.2 Controlabilidade da Equação do Calor Linear com Potencial

Antes de proceder com a demonstração do Teorema 2 faz-se necessário um


estudo a respeito da controlabilidade da equação do calor linear com potencial. Considera-se
então o seguinte problema





yt − ∆y + ay = v1ω em Q,

u=0 sobre Σ, (2.47)



y(x, 0)

= y0 (x) em Ω,

em que a ∈ L∞ (Q). Pela Definição 23 e pela linearidade do problema acima segue que (2.47)
é exatamente controlável a trajetórias no tempo T > 0 se, e somente se, dado y0 ∈ L2 (Ω)
existe controle v ∈ L∞ (ω × (0, T )) tal que a solução y de (2.47) com respeito à y0 e v
satisfaz
y(·, T ) = 0 em Ω.

Diz-se ainda neste caso que o sistema (2.47) é controlável a zero no tempo T . O resultado
a seguir afirma que de fato o problema (2.47) é controlável a zero para qualquer T > 0 e
apresenta uma estimativa sobre o controle v.
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 57

Teorema 42. Sejam T > 0, a ∈ L∞ (Q) e y0 ∈ L2 (Ω). Então, existe controle v ∈


L∞ (ω × (0, T )) tal que a solução y de (2.47) com respeito à y0 e v satisfaz

y(·, T ) = 0 em Ω.

Além disso, pode-se tomar v tal que


1
  2

1
||v||L∞ (ω×(0,T )) ≤ exp C 1 + + T + (T 2 + T )||a||L∞ (Q) + ||a||L3 ∞ (Q) ||y0 ||L2 (Ω) .
T
(2.48)

Visando demonstrar o Teorema 42 fixam-se T > 0, a ∈ L∞ (Q) e y0 ∈ L2 (Ω).


Para todo ε > 0 define-se o seguinte funcional Jε em L2 (Ω).
!2
1 ZZ Z
Jε (uT ) = |u| dxdt + ε||uT ||L2 (Ω) + u(x, 0)y0 (x) dx (2.49)
2 ω×(0,T ) Ω

onde uT ∈ L2 (Ω) e u é a solução do problema (2.23) com respeito à uT . Em seguida


provam-se três proposições importantes para a demonstração do Teorema 42.

Proposição 6. O funcional Jε definido em (2.49) é estritamente convexo, contínuo e


satisfaz
lim Jε (uT ) = +∞. (2.50)
||uT ||L2 (Ω) →∞

Demonstração.
(i) Jε é estritamente convexo:
Sejam uT , uT ∈ L2 (Ω) distintos e 0 < λ < 1. Denota-se por u, u as soluções
de (2.23) com dados finais uT , uT , respectivamente. Pela linearidade do problema (2.23)
segue que λu + (1 − λ)u é solução do problema (2.23) com respeito à λuT + (1 − λ)uT .
Logo, pela definição do funcional Jε tem-se que
!2
1 ZZ
Jε (λuT + (1 − λ)uT ) = |λu + (1 − λ)u| dxdt + ε||λuT + (1 − λ)uT ||L2 (Ω)
2 ω×(0,T )
Z
+ (λu(x, 0) + (1 − λ)u(x, 0))y0 (x) dx.

(2.51)

Agora estimam-se os dois primeiros termos a direita da igualdade acima. Inicialmente


nota-se que
λ(1 − λ)(I1 − I2 )2 ≥ 0
com a igualdade sendo válida se, e somente se, I1 = I2 onde
ZZ
I1 = |u| dxdt,
ω×(0,T )
ZZ
I2 = |u| dxdt.
ω×(0,T )
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 58

Pela condição acima percebe-se ainda que

λ(1 − λ)I12 − 2λ(1 − λ)I1 I2 + λ(1 − λ)I22 ≥ 0


(λ − λ2 )I12 − 2λ(1 − λ)I1 I2 + ((1 − λ) − (1 − λ)2 )I22 ≥ 0
λI12 + (1 − λ)I22 ≥ λ2 I12 + 2λ(1 − λ)I1 I2 + (1 − λ)2 I22
λI12 + (1 − λ)I22 ≥ (λI1 + (1 − λ)I2 )2 ,

ocorrendo a igualdade se, e somente se, I1 = I2 . Logo,


ZZ !2 ZZ ZZ !2
|λu + (1 − λ)u| dxdt ≤ λ |u| dxdt + (1 − λ) |u| dxdt
ω×(0,T ) ω×(0,T ) ω×(0,T )
ZZ !2 ZZ !2
≤λ |u| dxdt + (1 − λ) |u| dxdt (2.52)
ω×(0,T ) ω×(0,T )

satisfazendo a igualdade na última desigualdade se, e somente se,


ZZ ZZ
|u| dxdt = |u| dxdt. (2.53)
ω×(0,T ) ω×(0,T )

Na sequência estima-se o segundo termo a direita da igualdade (2.51). Denota-se por


(·, ·)L2 (Ω) o produto interno em L2 (Ω). Dessa maneira tem-se que

||λuT + (1 − λ)uT ||2L2 (Ω) − (λ||uT ||L2 (Ω) + (1 − λ)||uT ||L2 (Ω) )2 =
2λ(1 − λ)((uT , uT )L2 (Ω) − ||uT ||L2 (Ω) ||uT ||L2 (Ω) ).

Pela desigualdade de Cauchy-Schwarz deduz-se que

(uT , uT )L2 (Ω) − ||uT ||L2 (Ω) ||uT ||L2 (Ω) ≤ 0

||uT ||L2 (Ω)


com a iguladade sendo satisfeite se, e somente se, uT = 0 ou uT = uT . Então,
||uT ||L2 (Ω)
conclui-se que

||λuT + (1 − λ)uT ||L2 (Ω) ≤ λ||uT ||L2 (Ω) + (1 − λ)||uT ||L2 (Ω) (2.54)

valendo a igualdade se, e somente se,

||uT ||L2 (Ω)


uT = 0 ou uT = uT . (2.55)
||uT ||L2 (Ω)

Substituindo as desigualdades (2.52) e (2.54) na igualdade (2.51) obtém-se que

Jε (λuT + (1 − λ)uT ) ≤ λJε (uT ) + (1 − λ)Jε (uT )

ocorrendo a igualdade se, e somente se, são verdadeiras as condições (2.53) e (2.55).
Portanto, para concluir que Jε é estritamente convexo basta mostrar que tais condições
são equivalentes à uT = uT . Se uT = uT então claramente as condições são válidas. Por
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 59

outro lado, supondo que (2.53) e (2.55) são satisfeitas e caso uT = 0 então a solução u é
nula, ou seja, u = 0. De onde segue que
ZZ ZZ
|u| dxdt = |u| dxdt = 0.
ω×(0,T ) ω×(0,T )

Pelo Teorema 29 tem-se que u = 0 em Q. Logo, uT = 0 = uT . Caso uT ̸= 0 então


||uT ||L2 (Ω) ||uT ||L2 (Ω)
uT = uT . De onde segue que u = u e pela condição (2.53) deduz-se
||uT ||L2 (Ω) ||uT ||L2 (Ω)
que ||uT ||L2 (Ω) = ||uT ||L2 (Ω) . Portanto, uT = uT e, de fato, as condições (2.53) e (2.55) são
equivalentes à uT = uT .
(ii) Jε é contínuo:
Seja uT ∈ L2 (Ω). Para provar que Jε é contínuo basta mostrar que

lim |Jε (uT + vT ) − Jε (uT )| = 0. (2.56)


||vT ||L2 (Ω) →0

Denota-se por u, v as soluções de (2.23) com dados finais uT , vT , respectivamente. Então,


 !2 !2 
1  ZZ ZZ
|Jε (uT + vT ) − Jε (uT )| = |u + v| dxdt − |u| dxdt 
2 ω×(0,T ) ω×(0,T )
Z
+ε(||uT + vT ||L2 (Ω) − ||uT ||L2 (Ω) ) + v(x, 0)y0 (x) dx

1
≤ ||u + v||2L1 (Ω) − ||u||2L1 (Ω) + ε ||uT + vT ||L2 (Ω) − ||uT ||L2 (Ω) + (v(·, 0), y0 )L2 (Ω) .
2
De onde segue que

|Jε (uT +vT ) − Jε (uT )|


1
≤ ||u + v||2L1 (Ω) − ||u||2L1 (Ω) + ε ||uT + vT ||L2 (Ω) − ||uT ||L2 (Ω) + (v(·, 0), y0 )L2 (Ω) .
2
Se cada termo a direita da desigualdade acima tende a zero quando ||vT ||L2 (Ω) → 0
conclui-se que (2.56) é verdadeira. Então, resta mostrar que de fato tais termos tendem a
zero quando ||vT ||L2 (Ω) → 0. Aplicando a desigualdade triangular para o segundo termo
obtém-se que

lim ε ||uT + vT ||L2 (Ω) − ||uT ||L2 (Ω) ≤ lim ε||vT ||L2 (Ω) = 0.
||vT ||L2 (Ω) →0 ||vT ||L2 (Ω) →0

Já para o primeiro termo tem-se pelo Teorema 28 que existe C constante positiva depen-
dendo somente de Ω, T e a tal que

||v||C([0,T ],L2 (Ω)) ≤ C||vT ||L2 (Ω) .

Assim,
Z T Z T Z T
1
||v||L1 (ω×(0,T )) = ||v(·, t)||L1 (ω) dt ≤ ||v(·, t)||L1 (Ω) dt ≤ |Ω| 2 ||v(·, t)||L2 (Ω) dt
0 0 0
1 1
≤ T |Ω| 2 ||v||C([0,T ],L2 (Ω)) ≤ T |Ω| 2 C||vT ||L2 (Ω) .
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 60

Logo, ||v||L1 (ω×(0,T )) → 0 quando ||vT ||L2 (Ω) → 0. Conclui-se então pela continuidade da
norma que
1
lim ||u + v||2L1 (Ω) − ||u||2L1 (Ω) = 0.
||vT ||L2 (Ω) →0 2

Para o último termo aplica-se a desigualdade de Cauchy-Schwarz

lim (v(·, 0), y0 )L2 (Ω) ≤ lim ||v(·, 0)||L2 (Ω) ||.y0 ||L2 (Ω) .
||vT ||L2 (Ω) →0 ||vT ||L2 (Ω) →0

E conclui-se novamente pelo Teorema 28 que

lim (v(·, 0), y0 )L2 (Ω) = 0.


||vT ||L2 (Ω) →0

(iii) Jε satisfaz (2.50):


Aplicando a desigualdade de Cauchy-Schwarz obtém-se
Z
u(x, 0)y0 (x) dx = (u(·, 0), y0 )L2 (Ω) ≥ − (u(·, 0), y0 )L2 (Ω) ≥ −||u(·, 0)||L2 (Ω) ||y0 ||L2 (Ω) .

Por outro lado, pela Proposição 5 tem-se que


ZZ !
||u(·, 0)||L2 (Ω) ≤ C |u| dxdt ,
ω×(0,T )

onde C é constante positiva dependendo somente de Ω, ω, a e T . Deduz-se então que


Z ZZ !
u(x, 0)y0 (x) dx ≥ −C |u| dxdt ||y0 ||L2 (Ω) .
Ω ω×(0,T )

Portanto, para todo uT ∈ L2 (Ω)


ZZ ! ZZ ! !
Jε (uT ) ≥ |u| dxdt |u| dxdt − C||y0 ||L2 (Ω) + ε||uT ||L2 (Ω) .
ω×(0,T ) ω×(0,T )

Conclui-se então que


lim Jε (uT ) = +∞.
||uT ||L2 (Ω) →∞

Pela Proposição 6 e pelo Teorema 10 o funcional Jε atinge seu mínimo em


ûεT ∈ L2 (Ω). Este mínimo é único pois Jε é estritamente convexo. Denota-se por ûε a
solução do problema (2.23) com respeito à ûεT . Define-se ainda y = y(·, T ) ∈ L2 (Ω) onde y
é solução do problema (2.47) com v = 0. Dado uT ∈ L2 (Ω) e u a solução do problema (2.23)
com respeito à uT tem-se que
−ut − ∆u + au = 0.

Multiplicando a igualdade acima por y e integrando sobre Q segue que


ZZ ZZ ZZ
− yut dxdt − y∆u dxdt + ayu dxdt = 0.
Q Q Q
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 61

Integrando por partes na variável temporal a primeira integral, aplicando o Teorema 39


na segunda integral e usando que u = 0 sobre Σ obtém-se que
ZZ Z Z
u(yt − ∆y + ay) dxdt + y0 (x)u(x, 0) dx − y(x, T )uT (x) dx = 0.
Q Ω Ω

Como y é solução do problema (2.47) com v = 0 e y = y(·, T ) conclui-se que


Z Z
y0 (x)u(x, 0) = y(x)uT (x) dx.
Ω Ω

Logo, !2
1 ZZ Z
Jε (uT ) = |u| dxdt + ε||uT ||L2 (Ω) + y(x)uT (x) dx. (2.57)
2 ω×(0,T ) Ω

Proposição 7. Dado ε > 0 segue que ûεT = 0 se, e somente se, ||y||L2 (Ω) ≤ ε.

Demonstração.
(⇐=) Supõe-se que ||y||L2 (Ω) ≤ ε. Por (2.57) e pela desigualdade de Cauchy-Schwarz tem-se
que

Jε (uT ) ≥ ε||uT ||L2 (Ω) − |(y, uT )L2 (Ω) |


≥ ε||uT ||L2 (Ω) − ||y||L2 (Ω) ||uT ||L2 (Ω)

para todo uT ∈ L2 (Ω). Portanto, Jε (uT ) ≥ 0 para todo uT ∈ L2 (Ω). Como J(0) = 0
conclui-se pela unicidade do mínimo que ûεT = 0.
(=⇒) Supõe-se que ûεT = 0. Assim,

Jε (uT ) ≥ Jε (0) = 0, ∀uT ∈ L2 (Ω).

Nota-se então que para r > 0

Jε (−ruT )
≥ 0, ∀uT ∈ L2 (Ω).
r
E usando (2.57) infere-se que para r > 0
!2
r ZZ Z
|u| dxdt + ε||uT ||L2 (Ω) + y(x)uT (x) dx ≥ 0, ∀uT ∈ L2 (Ω).
2 ω×(0,T ) Ω

Tomando r → 0+ obtém-se que

ε||uT ||L2 (Ω) ≥ (y, uT )L2 (Ω) , ∀uT ∈ L2 (Ω).

Como y ∈ L2 (Ω) conclui-se que

ε||y||L2 (Ω) ≥ (y, y)L2 (Ω) = ||y||2L2 (Ω) .

Logo, ||y||L2 (Ω) ≤ ε.


Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 62

Como o funcional Jε é convexo, contínuo e só assume valores reais segue que


Jε é diferenciável em todo ponto. Nota-se ainda que L2 (Ω) é reflexivo. Portanto, pode-
se identificar os elementos de ∂Jε com elementos em L2 (Ω). Em seguida encontra-se o
subdiferencial do funcional Jε para todo uT ∈ L2 (Ω) não nulo.

Definição 26 (Espaço das funções sinais). Seja u : Ω × (0, T ) → R uma função qualquer.
Denota-se por Sgn(u) o seguinte espaço.

Sgn(u)
( )
u(x, t)
= v : Ω × (0, T ) → R v(x, t) = se u(x, t) ̸= 0 e |v(x, t)| ≤ 1 se u(x, t) = 0 .
|u(x, t)|
Por vezes denota-se por sgn(u) um elemento de Sgn(u).

Proposição 8. Sejam uT ∈ L2 (Ω) não nulo e u solução de (2.23) com respeito à uT .


Então,
( Z ZZ !
∂Jε (uT ) = ϕ ∈ L (Ω) ∃v ∈ Sgn(u)1ω tal que
2
ϕθT dx = |u| dxdt ×
Ω ω×(0,T )
! )
ZZ Z
uT Z
vθ dxdt + ε θT dx + y0 θ(x, 0) dx, ∀θT ∈ L2 (Ω)
ω×(0,T ) Ω ||uT ||L2 (Ω) Ω

onde θ é solução do problema (2.23) com dado final θT .

Demonstração.
Definindo os funcionais ji : L2 (Ω) → R por
!2
1 ZZ
j1 (uT ) = |u| dxdt ,
2 ω×(0,T )
Z
j2 (uT ) = ε||uT ||L2 (Ω) + y0 u(x, 0) dx,

tem-se que Jε = j1 + j2 . Pelo Teorema 37 segue que ∂Jε (uT ) = ∂j1 (uT ) + ∂j2 (uT ), para
todo uT ∈ L2 (Ω). Nota-se que j2 é Gâteaux diferenciável em todo ponto uT ∈ L2 (Ω). De
fato,
ε(||uT + rθT ||L2 (Ω) − ||uT ||L2 (Ω) ) + r Ω y0 θ(x, 0) dx
R
j2 (uT + rθT ) − j2 (uT )
lim = lim
r→0 r r→0 r
ε(||uT + rθT ||2L2 (Ω) − ||uT ||2L2 (Ω) ) Z
= lim + y0 θ(x, 0) dx
r→0 r(||uT + rθT ||L2 (Ω) + ||uT ||L2 (Ω) ) Ω
2 2
ε(2r(uT , θT )L2 (Ω) + r ||θT ||L2 (Ω) ) Z
= lim + y0 θ(x, 0) dx
r→0 r(||uT + rθT ||L2 (Ω) + ||uT ||L2 (Ω) ) Ω

2ε(uT , θT )L2 (Ω) + rε||θT ||2L2 (Ω) Z


= lim + y0 θ(x, 0) dx
r→0 ||uT + rθT ||L2 (Ω) + ||uT ||L2 (Ω) Ω

ε(uT , θT )L2 (Ω) Z


= + y0 θ(x, 0) dx
||uT ||L2 (Ω) Ω
Z
uT Z
=ε θT dx + y0 θ(x, 0) dx,
Ω ||uT ||L2 (Ω) Ω
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 63

para todo θT ∈ L2 (Ω). Logo, j2 é Gâteaux diferenciável e


Z
uT Z
dj2 (uT )(θT ) = ε θT dx + y0 θ(x, 0) dx, ∀θ0 ∈ L2 (Ω). (2.58)
Ω ||uT ||L2 (Ω) Ω

Conclui-se então pelo Teorema 36 que

∂j2 (uT ) = {dj2 (uT )}. (2.59)

Agora, encontra-se o subdiferencial ∂j1 (uT ) para todo uT ∈ L2 (Ω) não nulo. Seja ϕ ∈
∂j1 (uT ). Como j1 é contínuo tem-se pelo Teorema 35 que
j1 (uT + rθT ) − j1 (uT )
(ϕ, θT )L2 (Ω) ≤ lim+ , ∀θT ∈ L2 (Ω). (2.60)
r→0 r
Nota-se que
RR 2 RR 2
j1 (uT + rθT ) − j1 (uT ) 1 ω×(0,T ) |u + rθ| dxdt − ω×(0,T ) |u| dxdt
lim+ = lim+ .
r→0 r 2 r→0 r
Por outro lado,
RR 2
ω×(0,T ) |u + rθ| dxdt
r
!2 RR 2
(ω×(0,T ))∩{u̸=0} |u| dxdt
ZZ
=r |θ| dxdt −
(ω×(0,T ))∩{u=0} r
ZZ ! ZZ !
+2 |θ| dxdt |u + rθ| dxdt .
(ω×(0,T ))∩{u=0} (ω×(0,T ))∩{u̸=0}

Deduz-se então que


! ZZ !
j1 (uT + rθT ) − j1 (uT ) ZZ
lim = |θ| dxdt |u| dxdt
r→0+ r (ω×(0,T ))∩{u=0} (ω×(0,T ))∩{u̸=0}
 !2 !2 
1 1  ZZ ZZ
+ lim+ |u + rθ| dxdt − |u| dxdt  .
2 r→0 r (ω×(0,T ))∩{u̸=0} (ω×(0,T ))∩{u̸=0}

Denotando por L o limite a direita percebe-se que


! ZZ !
1 ZZ
L = lim+ |u + rθ| − |u| dxdt |u + rθ| + |u| dxdt
r→0 r (ω×(0,T ))∩{u̸=0} (ω×(0,T ))∩{u̸=0}
! !
ZZ
1 ZZ
=2 |u| dxdt lim+ |u + rθ| − |u| dxdt
(ω×(0,T ))∩{u̸=0} r→0 r (ω×(0,T ))∩{u̸=0}
ZZ ! ZZ !
=2 |u| dxdt sgn(u)θ dxdt .
(ω×(0,T ))∩{u̸=0} (ω×(0,T ))∩{u̸=0}

Portanto,
j1 (uT + rθT ) − j1 (uT )
lim+ =
r→0 r ! !
ZZ ZZ ZZ
|u| dxdt |θ| dxdt + sgn(u)θ dxdt .
ω×(0,T ) (ω×(0,T ))∩{u=0} (ω×(0,T ))∩{u̸=0}
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 64

E por (2.60) chega-se em

(ϕ,θT )L2 (Ω) ≤


ZZ ! ZZ ZZ !
|u| dxdt |θ| dxdt + sgn(u)θ dxdt .
ω×(0,T ) (ω×(0,T ))∩{u=0} (ω×(0,T ))∩{u̸=0}

(2.61)

Agora, define-se a aplicação

g : L2 (Ω) → L1 (ω × (0, T ))
θT 7→ θ1ω×(0,T )

onde θ é solução do problema (2.23) com respeito à θT e o funcional

G : g(L2 (Ω)) → R
L(θT ) 7→ (ϕ, θT )L2 (Ω)

Verifica-se em seguida que G está bem definido e é linear.


G está bem definido: Sejam θT1 , θT2 ∈ L2 (Ω) tais que g(θT1 ) = g(θT2 ). Pela definição de g
obtém-se que θ1 1ω×(0,T ) = θ2 1ω×(0,T ) onde θ1 , θ2 são soluções de (2.23) com dados finais
θT1 , θT2 , respectivamente. Logo, θ = θ1 − θ2 é solução do problema

−θt

− ∆θ + aθ = 0 em Q,
θ =0 sobre Σ,

satisfazendo θ = 0 em ω × (0, T ). Pelo Teorema 29 infere-se que θ1 − θ2 = θ = 0. Portanto,


θT1 = θT2 . Conclui-se então que

G(g(θT1 )) = (ϕ, θT1 )L2 (Ω) = (ϕ, θT2 )L2 (Ω) = G(g(θT2 )).

G é linear: Sejam λ ∈ R e θT1 , θT2 ∈ L2 (Ω). Pela lineraridade do problema (2.23) tem-se
que g(θT1 ) + λg(θT2 ) = g(θT1 + λθT2 ). Então

G(g(θT1 ) + λg(θT2 )) = G(g(θT1 + λθT2 )) = (ϕ, θT1 + λθT2 )L2 (Ω)


= (ϕ, θT1 )L2 (Ω) + λ(ϕ, θT2 )L2 (Ω)
= G(g(θT1 )) + λG(g(θT2 )).

Nota-se ainda por (2.61) que

G(g(θT ))
ZZ ZZ !
≤||u||L1 (ω×(0,T )) |g(θT )| dxdt + sgn(u)g(θT ) dxdt
(ω×(0,T ))∩{u=0} (ω×(0,T ))∩{u̸=0}
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 65

para todo θT ∈ L2 (Ω). Aplicando o Teorema 11 existe funcional linear G : L1 (ω × (0, T )) →


R tal que
ZZ ZZ !
G(ψ) ≤ ||u||L1 (ω×(0,T )) |ψ| dxdt + sgn(u)ψ dxdt
(ω×(0,T ))∩{u=0} (ω×(0,T ))∩{u̸=0}

e G estende G, ou seja,

G(θ1ω×(0,T ) ) = G(g(θT )) = G(g(θT )) = (ϕ, θT )L2 (Ω) , ∀θT ∈ L2 (Ω). (2.62)

Pela desigualdade acima segue que G é contínuo. Logo, G ∈ (L1 (ω × (0, T )))′ ∼ = L∞ (ω ×
(0, T )) e considera-se G um elemento de L∞ (ω×(0, T )). Então, para todo ψ ∈ L1 (ω×(0, T )),
ZZ
Gψ dxdt ≤
ω×(0,T )
ZZ ZZ !
||u||L1 (ω×(0,T )) |ψ| dxdt + sgn(u)ψ dxdt .
(ω×(0,T ))∩{u=0} (ω×(0,T ))∩{u̸=0}

Portanto,
ZZ ZZ
Gψ dxdt − ||u||L1 (ω×(0,T )) sgn(u)ψ dxdt
ω×(0,T ) (ω×(0,T ))∩{u̸=0}
ZZ
≤ ||u||L1 (ω×(0,T )) (ω×(0,T ))∩{u=0} |ψ| dxdt,

para todo ϕ ∈ L1 (ω × (0, T )). Pela desigualdade anterior segue que


ZZ ZZ
Gψ dxdt = ||u||L1 (ω×(0,T )) sgn(u)ψ dxdt,
(ω×(0,T ))∩{u̸=0} (ω×(0,T ))∩{u̸=0}

para todo ψ ∈ L1 (ω × (0, T )) com suporte contido em (ω × (0, T )) ∩ {u ̸= 0}. Logo,


u
G = ||u||L1 (ω×(0,T )) , q.t.p. em (ω × (0, T )) ∩ {u ̸= 0}.
|u|
De maneira análoga obtém-se que
ZZ ZZ
Gψ dxdt ≤ ||u|| L1 (ω×(0,T )) |ψ| dxdt,
(ω×(0,T ))∩{u=0} (ω×(0,T ))∩{u=0}

para todo ψ ∈ L1 (ω × (0, T )) com suporte contido em (ω × (0, T )) ∩ {u = 0}. Ou seja,

|G| ≤ ||u||L1 (ω×(0,T )) , q.t.p. em (ω × (0, T )) ∩ {u = 0}.

Portanto, G = ||u||L1 (ω×(0,T )) v para algum

v ∈ Sgn(u)1ω .

Pela condição (2.62) infere-se que


Z ZZ
ϕθT dx = ||u||L1 (ω×(0,T )) vθ dxdt, ∀θT ∈ L2 (Ω).
Ω ω×(0,T )
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 66

Conclui-se então que



∂j1 (uT ) ⊆ ϕ ∈ L2 (Ω) ∃v ∈ Sgn(u)1ω tal que
Z ZZ )
2
ϕθT dx = ||u||L1 (ω×(0,T )) vθ dxdt, ∀θT ∈ L (Ω) .
Ω ω×(0,T )

Prova-se a inclusão contrária. Sejam ϕ ∈ L2 (Ω) e v ∈ Sgn(u)1ω tais que


Z ZZ
ϕθT dx = ||u||L1 (ω×(0,T )) vθ dxdt, ∀θT ∈ L2 (Ω).
Ω ω×(0,T )

Assim,
ZZ ZZ !
(ϕ, θT )L2 (Ω) = ||u||L1 (ω×(0,T )) vθ dxdt + vθ dxdt
(ω×(0,T ))∩{u̸=0} (ω×(0,T ))∩{u=0}
ZZ ZZ !
≤ ||u||L1 (ω×(0,T )) sgn(u)θ dxdt + |θ| dxdt
(ω×(0,T ))∩{u̸=0} (ω×(0,T ))∩{u=0}

j1 (uT + rθT ) − j1 (uT )


= lim+ , ∀θT ∈ L2 (Ω).
r→0 r
Logo, ϕ ∈ ∂j1 (uT ) e segue que

∂j1 (uT ) ⊇ ϕ ∈ L2 (Ω) ∃v ∈ Sgn(u)1ω tal que
Z ZZ )
2
ϕθT dx = ||u||L1 (ω×(0,T )) vθ dxdt, ∀θT ∈ L (Ω) .
Ω ω×(0,T )

Portanto,

∂j1 (uT ) = ϕ ∈ L2 (Ω) ∃v ∈ Sgn(u)1ω tal que
Z ZZ )
2
ϕθ0 dx = ||u||L1 (ω×(0,T )) vθ dxdt, ∀θT ∈ L (Ω) .
Ω ω×(0,T )

Pela igualdade acima, (2.58) e (2.59) chega-se em


( Z ZZ !
2
∂Jε (uT ) = ϕ ∈ L (Ω) ∃v ∈ Sgn(u)1ω tal que ϕθT dx = |u| dxdt ×
Ω ω×(0,T )
! )
ZZ Z
uT Z
vθ dxdt + ε θT dx + y0 θ(x, 0) dx, ∀θT ∈ L2 (Ω)
ω×(0,T ) Ω ||uT ||L2 (Ω) Ω

onde θ é solução do problema (2.23) com respeito à θT .

Ainda antes da demonstração do Teorema 42 prova-se o seguinte resultado.

Teorema 43. Dado ε > 0 existe v ε ∈ ||ûε ||L1 (ω×(0,T )) Sgn(ûε )1ω tal que a solução y ε do
problema abaixo 
 y ε − ∆y ε + ay ε = v ε 1ω em Q,
 t




ε
y =0 sobre Σ,

em Ω,

y ε (x, 0)

= y0 (x)
satisfaz ||y ε (·, T )||L2 (Ω) ≤ ε.
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 67

Demonstração.
Supõe-se inicialmente que ||y||L2 (Ω) ≤ ε. Segue pela Proposição 7 que ûεT = 0. Neste caso
ûε = 0. Tomando
v ε = 0 ∈ ||ûε ||L1 (ω×(0,T )) Sgn(ûε )1ω
tem-se que y ε é solução de

ε
yt



− ∆y ε + ay ε = 0 em Q,

ε
y =0 sobre Σ,


y ε (x, 0)

= y0 (x) em Ω.

Pela definição de y obtém-se que y = y ε (·, T ). Logo, ||y ε (·, T )||L2 (Ω) ≤ ε. Supõe-se agora
que ||y||L2 (Ω) > ε. Segue pela Proposição 7 que ûεT ̸= 0. Como Jε atinge seu mínimo em
ûεT é claro que 0 ∈ ∂Jε (ûεT ). Então, pela Proposição 8 existe v ε ∈ ||ûε ||L1 (ω×(0,T )) Sgn(ûε )1ω
tal que
ZZ
ε
Z
ûεT Z
0= v θ dxdt + ε θT dx + y0 θ(x, 0) dx, ∀θT ∈ L2 (Ω). (2.63)
ω×(0,T ) Ω ||ûεT ||L2 (Ω) Ω

Por outro lado, como θ é solução de (2.23) com respeito à θT então

−θt − ∆θ + aθ = 0.

Multiplicando ambos os lados por y ε e integrando em Q chega-se em


Z Z Z
− θt y ε dxdt − y ε ∆θ dxdt + aθy ε dxdt.
Q Q Q

Para a primeira integral aplica-se integração por partes na variável temporal. E na segunda
utiliza-se o Teorema 39 junto com o fato de y ε = θ = 0 sobre Σ.
Z ZZ
ε
− θT y (x, T ) − θ(x, 0)y0 dx + θ(ytε − ∆y ε + ay ε ) dxdt.
Ω Q

Portanto, Z ZZ
θT y ε (x, T ) − θ(x, 0)y0 dx = θv ε dxdt, ∀θT ∈ L2 (Ω).
Ω Q

Substituindo a igualdade acima em (2.63) infere-se que


Z Z
ûεT Z
θT y ε (x, T ) − θ(x, 0)y0 dx = −ε θ T dx − y0 θ(x, 0) dx, ∀θT ∈ L2 (Ω).
Ω Ω ||ûεT ||L2 (Ω) Ω

Ou seja, para todo θT ∈ L2 (Ω)

ε
Z
ε
Z
ûεT ε
(y (·, T ), θT )L2 (Ω) = θT y (x, T ) = −ε θT dx ≤ ε |(ûε , θT )L2 (Ω) |.
Ω Ω
ε
||ûT ||L2 (Ω) ||ûT ||L2 (Ω) T
Pela desigualdade de Cauchy-Schwarz deduz-se que

(y ε (·, T ), θT )L2 (Ω) ≤ ε||θT ||L2 (Ω) , ∀θT ∈ L2 (Ω).

Conclui-se então que ||y ε (·, T )||L2 (Ω) ≤ ε.


Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 68

Em seguida demonstra-se o Teorema 42.

Demonstração do Teorema 42.


Seja ε > 0. Pelo Teorema 43 existe

v ε ∈ ||ûε ||L1 (ω×(0,T )) Sgn(ûε )1ω

tal que a solução y ε do problema







ytε − ∆y ε + ay ε = v ε 1ω em Q,

ε (2.64)
y =0 sobre Σ,


y ε (x, 0)

= y0 (x) em Ω,

satisfaz ||y ε (·, T )||L2 (Ω) ≤ ε. Nota-se ainda que como Jε atinge seu mínimo em ûεT então

Jε (ûεT ) ≤ Jε (0) = 0.

Logo, pela definição do funcional Jε tem-se que


!2
1 ZZ Z
|û | dxdt ≤ − ûε (x, 0)y0 dx ≤ |(ûε (x, 0), y0 )L2 (Ω) |.
ε
2 ω×(0,T ) Ω

Segue da desigualdade de Cauchy-Schwarz que


!2
1 ZZ
|û | dxdt ≤ ||ûε (x, 0)||L2 (Ω) ||y0 ||L2 (Ω) .
ε
(2.65)
2 ω×(0,T )

Pela Proposição 5 existe C = C(Ω, ω) > 0 tal que

||ûε (x, 0)||2L2 (Ω) ≤


!2
1
  2
 ZZ
1
ε
exp C 1 + + T + (T 2 + T )||a||L∞ (Q) + ||a||L3 ∞ (Q) |û | dxdt .
T ω×(0,T )

Substituindo a última desigualdade em (2.65) obtém-se que


1
ZZ   2

1
ε
|û | dxdt ≤ exp C 1 + + T + (T 2 + T )||a||L∞ (Q) + ||a||L3 ∞ (Q) ||y0 ||L2 (Ω)
ω×(0,T ) T
onde C é uma constante positiva dependendo somente de Ω e ω. Nota-se ainda que
ZZ
||v ε ||L∞ (ω×(0,T )) = |ûε | dxdt,
ω×(0,T )

pois v ε ∈ ||ûε ||L1 (ω×(0,T )) Sgn(ûε )1ω . Portanto,

1
  2

1
ε
||v || L∞ (ω×(0,T )) ≤ exp C 1 + + T + (T 2 + T )||a||L∞ (Q) + ||a||L3 ∞ (Q) ||y0 ||L2 (Ω) .
T
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 69

Ou seja, {v ε }ε>0 é uma família uniformemente limitada em L∞ (ω × (0, T )). Assim, pelo
Corolário 1 existem uma subsequência (ainda denotada por {v ε }ε>0 ) e v ∈ L∞ (ω × (0, T ))
tais que v ε → v fraco-∗ em L∞ (ω × (0, T )) quando ε → 0. E pelo Teorema 7 segue que

||v||L∞ (ω×(0,T )) ≤ lim inf ||v ε ||L∞ (ω×(0,T ))


1
  2

1
≤ exp C 1 + + T + (T 2 + T )||a||L∞ (Q) + ||a||L3 ∞ (Q) ||y0 ||L2 (Ω) ,
T
(2.66)
onde C depende somente de Ω e ω. Por outro lado, pelo Teorema 28 obtém-se a seguinte
estimativa.
 
||y ε ||C([0,T ],L2 (Ω)) +||y ε ||L2 ([0,T ],H01 (Ω)) +||ytε ||L2 ([0,T ],H −1 (Ω)) ≤ C ||y0 ||L2 (Ω) + ||v ε ||L2 (ω×(0,T )) .

Usando a inclusão de L∞ (ω × (0, T )) em L2 (ω × (0, T )), junto com a estimativa (2.66)


para ||v ε ||L∞ (ω×(0,T )) deduz-se que

||y ε ||C([0,T ],L2 (Ω)) + ||y ε ||L2 ([0,T ],H01 (Ω)) + ||ytε ||L2 ([0,T ],H −1 (Ω)) ≤ C||y0 ||L2 (Ω) .

Então, pelas limitações acima e pelo Corolário 2 existem uma subsequência (ainda denotada
por {y ε }ε>0 ), y ∈ L2 ([0, T ], H01 (Ω)) e yt ∈ L2 ([0, T ], H −1 (Ω)) tais que y ε → y fraco em
L2 ([0, T ], H01 (Ω)) e ytε → yt fraco em L2 ([0, T ], H −1 (Ω)) quando ε → 0. Resumindo tem-se
que 





vε ⇀ v em L∞ (ω × (0, T )),

ε
y ⇀y em L2 ([0, T ], H01 (Ω)), (2.67)


y ε ⇀ yt em L2 ([0, T ], H −1 (Ω)).

t

Como y ε são soluções fracas de (2.64) segue pela definição de solução fraca que
Z T Z T
⟨ytε , w⟩H −1 ×H01 + (∆y ε , ∆w)L2 (Ω) + (ay ε , w)L2 (Ω) dt = (v ε 1ω , w)L2 (Ω) dt, (2.68)
0 0

para todo w ∈ L2 ([0, T ], H01 (Ω)). Pelas convergências (2.67) infere-se passando o limite
ε → 0+ em (2.68) que
Z T Z T
⟨yt , w⟩H −1 ×H01 + (∆y, ∆w)L2 (Ω) + (ay, w)L2 (Ω) dt = (v1ω , w)L2 (Ω) dt, (2.69)
0 0

para todo w ∈ L2 ([0, T ], H01 (Ω)). Logo,

⟨yt , w⟩H −1 ×H01 + (∆y, ∆w)L2 (Ω) + (ay, w)L2 (Ω) = (v1ω , w)L2 (Ω) q.t.p. em [0, T ],

para todo w ∈ H01 (Ω). Portanto, para conluir que y é solução fraca do problema (2.47)
com condição inicial y0 e controle v resta provar que y satisfaz a condição inicial, ou seja,
resta provar que y(0) = y0 . Percebe-se por (2.68) que
Z T
−⟨wt , y ε ⟩H −1 ×H01 + (∆y ε , ∆w)L2 (Ω) + (ay ε , w)L2 (Ω) dt
0
Z T
= (v ε 1ω , w)L2 (Ω) dt + (y ε (·, 0), w(·, 0))L2 (Ω) ,
0
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 70

para toda w ∈ C 1 ([0, T ], H01 (Ω)) com w(·, T ) = 0. Usando que y ε (·, 0) = y0 e as convergên-
cias em (2.67) pode-se passar o limite ε → 0+ na igualdade acima
Z T
−⟨wt , y⟩H −1 ×H01 + (∆y, ∆w)L2 (Ω) + (ay, w)L2 (Ω) dt
0
Z T
= (v1ω , w)L2 (Ω) dt + (y0 , w(·, 0))L2 (Ω) ,
0

para toda w ∈ C 1 ([0, T ], H01 (Ω)) com w(·, T ) = 0. Nota-se ainda por (2.69) que
Z T
−⟨wt , y⟩H −1 ×H01 + (∆y, ∆w)L2 (Ω) + (ay, w)L2 (Ω) dt
0
Z T
= (v1ω , w)L2 (Ω) dt + (y(·, 0), w(·, 0))L2 (Ω) ,
0

para toda w ∈ C 1 ([0, T ], H01 (Ω)) com w(·, T ) = 0. Comparando as duas igualdades
anteriores tem-se que

(y0 , w(·, 0))L2 (Ω) = (y(,̇0), w(·, 0))L2 (Ω) ,

para toda w ∈ C 1 ([0, T ], H01 (Ω)) com w(·, T ) = 0. Portanto, y(·, 0) = y0 pelo Teorema 18.
Logo, y é solução do problema (2.47) com respeito à y0 e v tal que
1
  2

1
||v||L∞ (ω×(0,T )) ≤ exp C 1 + + T + (T 2 + T )||a||L∞ (Q) + ||a||L3 ∞ (Q) ||y0 ||L2 (Ω) .
T
Finaliza-se a demonstração provando que y(·, T ) = 0 em Ω. Segue por (2.68) que
Z T
−⟨wt , y ε ⟩H −1 ×H01 + (∆y ε , ∆w)L2 (Ω) + (ay ε , w)L2 (Ω) dt
0
Z T
= (v ε 1ω , w)L2 (Ω) dt − (y ε (·, T ), w(·, T ))L2 (Ω) ,
0

para toda w ∈ C 1 ([0, T ], H01 (Ω)) com w(·, 0) = 0. Como ||y ε (·, T )||L2 (Ω) ≤ ε então
y ε (·, T ) → 0 em L2 (Ω). Usando este fato e as convergências (2.67) pode-se tomar ε → 0
na igualdade acima
Z T Z T
−⟨wt , y⟩H −1 ×H01 + (∆y, ∆w)L2 (Ω) + (ay, w)L2 (Ω) dt = (v1ω , w)L2 (Ω) dt,
0 0

para toda w ∈ C 1 ([0, T ], H01 (Ω)) com w(·, 0) = 0. Em contrapartida, tem-se por (2.69) que
Z T
−⟨wt , y⟩H −1 ×H01 + (∆y, ∆w)L2 (Ω) + (ay, w)L2 (Ω) dt
0
Z T
= (v1ω , w)L2 (Ω) dt − (y(·, T ), w(·, T ))L2 (Ω) ,
0

para toda w ∈ C 1 ([0, T ], H01 (Ω)) com w(·, 0) = 0. Comparando as duas igualdades
anteriores chega-se em
(y(·, T ), w(·, T ))L2 (Ω) = 0,
para toda w ∈ C 1 ([0, T ], H01 (Ω)) com w(·, 0) = 0. Portanto, y(·, T ) = 0 pelo Teorema 18.
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 71

2.2.3 Método do Ponto Fixo para o Teorema 2

Em seguida demonstra-se o Teorema 2 com a ajuda do seguinte resultado


auxiliar.

Proposição 9. Dado u0 ∈ L2 (Ω) existe v̂ ∈ L∞ (ω ×(0, T )) tal que a solução u do problema







ut − ∆u + f (y ∗ + u) − f (y ∗ ) = v̂1ω em Q,

 u=0 sobre Σ, (2.70)

em Ω,

u(x, 0)

= u0 (x)

está definida globalmente e


u(·, T ) = 0 em Ω.

Demonstração do Teorema 2.
Por hipótese existe y ∗ uma solução limitada e globalmente definida do problema (1) com
respeito à um controle v ∗ ∈ L∞ (ω × (0, T )) e condição inicial y0∗ ∈ L2 (Ω). Definindo a
mudança de variável u = y − y ∗ tem-se que y é uma solução de (1) se, e somente se, u é
solução do problema (2.70) em que v̂ = v − v ∗ ∈ L∞ (ω × (0, T )) e u0 = y0 − y0∗ ∈ L2 (Ω).
Assim, dado y0 ∈ L2 (Ω) observa-se que u0 = y0 − y0∗ ∈ L2 (Ω). Então, pela
Proposição 9 existe v̂ ∈ L∞ (ω × (0, T )) tal que a solução u de (2.70) está definida
globalmente e
u(·, T ) = 0 em Ω.

Logo, y = u + y ∗ é solução do problema (1) definida globalmente com controle v = v̂ + v ∗ ∈


L∞ (ω × (0, T )) e condição inicial y0 = u0 + y0∗ ∈ L2 (Ω). Nota-se ainda que

y(·, T ) = u(·, T ) + y ∗ (·, T ) = y ∗ (·, T ) em Ω.

Portanto, o sistema (1) possui a propriedade da controlabilidade exata a trajetórias no


tempo T .

E para finalizar o capítulo demonstra-se a Proposição 9 utilizando um argumento


de ponto fixo (Teorema 12) e o Teorema 42.

Demonstração da Proposição 9.
Sejam T > 0, y ∗ e f satisfazendo as hipóteses do Teorema 2. Como y ∗ é limitada existe
constante k ∗ > 0 tal que
|y ∗ | ≤ k ∗ em Q.

Denota-se por M (k ∗ ) o máximo da função f no intervalo [−k ∗ , k ∗ ], ou seja,

M (k ∗ ) = max∗ |f (s)|
|s|≤k
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 72

Divide-se esta demonstração em três casos.


Primeiro caso: u0 ∈ C 0,β (Ω) para algum β ∈ (0, 1) e f ∈ C 1 ([−k ∗ , k ∗ ])
Definindo g : [−k ∗ , k ∗ ] × R → R por

 f (s + h) − f (s)

 se h ̸= 0,
g(s, h) = h
f ′ (s)

 se h = 0,

segue que g é contínua pois f ∈ C 1 ([−k ∗ , k ∗ ]). Observa-se que dado η > 0 existe constante
Cη > 0 dependendo somente de η, k ∗ e f tal que
2
|g(y ∗ (x, t), h)| 3 ≤ Cη + η ln(1 + |h|), ∀ (x, t) ∈ Q, h ∈ R. (2.71)

De fato, seja h(η) tal que h(η) ≥ k ∗ + 1 e


3
f (h) 2η 2 3
≤ ln 2 (1 + |h|), ∀ |h| ≥ h(η). (2.72)
h 3

A função h(η) existe pela hipótese

f (h)
lim 3 = 0.
|h|→∞ |h| ln 2 (1 + |h|)

Seja L(k ∗ + 2h(η)) constante de Lipschitz de f no intervalo [−k ∗ − 2h(η), k ∗ + 2h(η)].


Assim, pela definição de g tem-se que

|g(y ∗ (x, t), h)| ≤ L(k ∗ + 2h(η)), ∀ (x, t) ∈ Q, |h| ≤ 2h(η). (2.73)

Por outro lado,

f (y ∗ (x, t) + h) − f (y ∗ (x, t))


|g(y ∗ (x, t), h)| =
h

f (y (x, t) + h) 1
≤ + |f (y ∗ (x, t))|
h 2h(η)
f (a) 1
≤ max + ∗ M (k ∗ ), ∀ (x, t) ∈ Q, |h| > 2h(η).
|h|
2
≤|a|≤|h|+k∗ h 2k

Nota-se ainda que



|a|

≤ |h| + k ∗ , 1 3
=⇒ |a| < |h| + h(η) < |h| + |h| = |h|.
|h|

> 2h(η). 2 2

Logo,

3 f (a) 1
|g(y ∗ (x, t), h)| ≤ max + ∗ M (k ∗ ), ∀ (x, t) ∈ Q, |h| > 2h(η).
2 |h|
2
≤|a|≤|h|+k∗ a 2k
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 73

Aplicando (2.72) deduz-se que


3 3 1
|g(y ∗ (x, t), h)| ≤ η 2 max | ln 2 (1 + |a|)| + ∗
M (k ∗ )
|h|
2
≤|a|≤|h|+k∗ 2k
3 3 1
≤ η 2 ln 2 (1 + |h| + k ∗ ) + M (k ∗ ), ∀ (x, t) ∈ Q, |h| > 2h(η). (2.74)
2k ∗
1
Definindo a constante C η = max{L(k ∗ + 2h(η)), ∗ M (k ∗ )} conclui-se por (2.73) e (2.74)
2k
que
3 3
|g(y ∗ (x, t), h)| ≤ C η + η 2 ln 2 (1 + |h| + k ∗ ), ∀ (x, t) ∈ Q, h ∈ R.

De onde segue que


2 3 3 2
|g(y ∗ (x, t), h)| 3 ≤ (C η + η 2 ln 2 (1 + |h| + k ∗ )) 3
2
≤ C η3 + η ln(1 + |h| + k ∗ )
2
≤ C η3 + ηk ∗ + η ln(1 + |h|)
≤ Cη + η ln(1 + |h|), ∀ (x, t) ∈ Q, h ∈ R,
2
onde Cη = C η3 + ηk ∗ depende somente de η, k ∗ e f . Portanto, (2.71) segue.
Denota-se por R > 0 uma constante a ser fixada posteriormente e TR : R → R
a função truncamento 
s

se |s| ≤ R,
TR (s) =
R sgn
0 (s) se |s| > R.

Para cada z ∈ L∞ (Q), considera-se o problema







ut − ∆u + g(y ∗ , TR (z))u = v̂1ω em Q,

u=0 sobre Σ, (2.75)



u(x, 0)

= u0 (x) em Ω.

Observa-se pela definição da função TR e por (2.71) que g(y ∗ , TR (z)) ∈ L∞ (Q). Define-se
 
−2 −1
Tz∗ = min T, ||g(y ∗ , TR (z))||L∞3 (Q) , ||g(y ∗ , TR (z))||L∞3 (Q) . (2.76)

Aplicando o Teorema 42 com T = Tz∗ , a = g(y ∗ , TR (z)) e y0 = u0 obtém-se um controle


vz ∈ L∞ (ω × (0, Tz∗ )) tal que

||vz ||L∞ (ω×(0,Tz∗ ))


1 1
≤ exp C 1 + ∗
+ Tz∗ + ((Tz∗ ) 2 + Tz∗ )||g(y ∗ , TR (z))||L∞ (Q) (2.77)
Tz
2


+||g(y , TR (z))||L∞ (Q) 3
||u0 ||L2 (Ω)
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 74

e a solução u do problema





ut − ∆u + g(y ∗ , TR (z))u = vz 1ω em Ω × (0, Tz∗ ),

 u=0 sobre ∂Ω × (0, Tz∗ ), (2.78)


u(x, 0)

= u0 (x) em Ω,

satisfaz u(·, Tz∗ ) = 0 em Ω. Para cada z ∈ L∞ (Q), define-se A(z) ⊂ L∞ (ω × (0, T )) o


conjunto das extensões a zero dos controles vz no intervalo [0, T ]. Assim, dado vz ∈ A(z),
tem-se pela definição de Tz∗ em (2.76) e pela estimativa (2.77) que existe constante positiva
C ∗ = C ∗ (Ω, ω, T ) tal que
  2

||vz ||L∞ (ω×(0,T )) ≤ exp C ∗ 1 + ||g(y ∗ , TR (z))||L3 ∞ (Q) ||u0 ||L2 (Ω) . (2.79)

E define-se A(z) ⊂ Z o conjunto das soluções do problema (2.75) associados aos controles
vz ∈ A(z). Portanto, se uz ∈ A(z) então uz = 0 em Ω × (Tz∗ , T ). Particularmente,

uz (·, T ) = 0 em Ω. (2.80)

Visando aplicar o Teorema 12 define-se a aplicação

Ψ : L∞ (Q) → P(L∞ (Q))


z 7→ A(z)

e demonstram-se os seguintes fatos:

(i) Para todo z ∈ L∞ (Q), A(z) é não vazio, convexo e fechado.

(ii) Existe K ⊆ L∞ (Q) não vazio, convexo e compacto tal que A(z) ⊆ K, para todo
z ∈ K.

(iii) Ψ possui gráfico fechado.

Primeiramente prova-se o item (i). Dado z ∈ L∞ (Q) tem-se que A(z) é não
vazio por definição.
Agora, sejam λ ∈ [0, 1] e u1z , u2z ∈ A(z) associados aos controles vz1 , vz2 ∈ A(z),
respectivamente. Então, uz = (1 − λ)u1z + λu2z é solução do problema (2.75) associado
ao controle vz = (1 − λ)vz1 + λvz2 . Caso vz ∈ A(z) conclui-se que (1 − λ)u1z + λu2z =
uz ∈ A(z) e portanto A(z) é convexo. Resta então provar que vz ∈ A(z). Nota-se
que uma vez que ambos vz1 e vz2 satisfazem a estimativa (2.77) segue pela desigualdade
triangular que vz satisfaz (2.77). Além disso, sejam u1 e u2 as soluções do problema (2.78)
associadas a vz1 e vz2 , respectivamente. Então u1 (·, Tz∗ ) = u2 (·, Tz∗ ) = 0 em Ω. Assim,
u = (1 − λ)u1 + λu2 é a solução de (2.78) associada a (1 − λ)vz1 + λvz2 = vz e satisfaz
u(·, Tz∗ ) = (1 − λ)u1 (·, Tz∗ ) + λu2 (·, Tz∗ ) = 0 em Ω. Logo, vz ∈ A(z).
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 75

Por fim, considera-se uma sequência {unz } ⊂ A(z) convergindo em L∞ (Q) para
algum u. Se {vzn } ⊂ A(z) é a sequência dos controles associados deduz-se que tal sequência
é limitada pela desigualdade (2.79). Então pelo Corolário 1 existem subsequência (ainda
denotada por {vzn }) e v ∈ L∞ (ω × (0, T )) tal que vzn → v fraco-∗ em L∞ (ω × (0, T )). Por
outro lado, pelo Teorema 28 tem-se que

{unz } ⊂ {u | u ∈ L2 ([0, T ], H01 (Ω)), ut ∈ L2 ([0, T ], H −1 (Ω))} = E

e a sequência {unz } é limitada em E. Então pelo Corolário 2 existem subsequência (ainda


denotada por {unz }) e w ∈ E tal que unz → w fraco em E. Como consequência do Teorema 26
tem-se que H01 (Ω) ,→,→ L2 (Ω). Logo, aplicando o Teorema 27 com E0 = H01 (Ω), E1 = L2 (Ω)
e E2 = H −1 (Ω) obtém-se que E ,→,→ L2 ([0, T ], L2 (Ω)) = L2 (Q). Portanto, {unz } converge
fortemente para w em L2 (Q) pelo Teorema 13. Resumindo


v n ⇀

z v em L∞ (ω × (0, T )),
un

→w em L2 (Q).
z

Assim, procedendo de maneira análoga ao que foi feito na demonstração do Teorema 42


a partir de (2.67) deduz-se que w é solução de (2.75) associada ao controle v. Pelas
convergências da sequência {unz } tem-se que u = w q.t.p.. Logo, para concluir que A(z) é
fechado basta provar que w ∈ A(z). Mas como w é solução do problema (2.75) associado
ao controle v resta mostrar que v ∈ A(z). De fato, v satisfaz a estimativa (2.77) pois
pelo Teorema 7 segue que ||v||L∞ (ω×(0,T )) ≤ lim inf ||vzn ||L∞ (ω×(0,T )) e cada vzn satisfaz a
estimativa (2.77) pois {vzn } ⊆ A(z). Denotando por un a solução do problema (2.78)
associada ao controle vzn e procedendo novamente como na demonstração do Teorema 42
obtém-se que 





vzn ⇀ v em L∞ (ω × (0, Tz∗ )),

 u n
⇀u em L2 ([0, Tz∗ ], H01 (Ω)),


un ⇀ ut em L2 ([0, Tz∗ ], H −1 (Ω)),

t

onde u é solução de (2.78) associada ao controle v. Portanto, pela definição de solução


fraca
Z T∗ Z T∗
z z

⟨unt , w⟩H −1 ×H01 n
+ (∆u , ∆w) L2 (Ω) + (g(y , TR (z))u , w) n
L2 (Ω) = (vzn 1ω , w)L2 (Ω) ,
0 0
Z T∗ Z T∗
z z
⟨ut , w⟩H −1 ×H01 + (∆u, ∆w)L2 (Ω) + (g(y ∗ , TR (z))u, w)L2 (Ω) = (v1ω , w)L2 (Ω) ,
0 0

para toda w ∈ L2 ([0, Tz∗ ], H01 (Ω)). Integrando por partes o primeiro termo da integral a
esquerda nas igualdades acima segue que
Z T∗
z
−⟨wt , un ⟩H −1 ×H01 + (∆un , ∆w)L2 (Ω) + (g(y ∗ , TR (z))un , w)L2 (Ω)
0
Z T∗
z
= (vzn 1ω , w)L2 (Ω) − (un (·, Tz∗ ), w(·, Tz∗ ))L2 (Ω) ,
0
(2.81)
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 76

Z T∗
z
−⟨wt , u⟩H −1 ×H01 + (∆u, ∆w)L2 (Ω) + (g(y ∗ , TR (z))u, w)L2 (Ω)
0
Z T∗
z
= (v1ω , w)L2 (Ω) − (u(·, Tz∗ ), w(·, Tz∗ ))L2 (Ω) ,
0
(2.82)

para toda w ∈ L2 ([0, Tz∗ ], H01 (Ω)) com w(·, 0) = 0. Como vzn ∈ A(z) então un (·, Tz∗ ) = 0.
Substituindo esta igualdade em (2.81) deduz-se que
Z T∗ Z T∗
z z
n n ∗ n
−⟨wt , u ⟩H −1 ×H01 + (∆u , ∆w)L2 (Ω) + (g(y , TR (z))u , w)L2 (Ω) = (vzn 1ω , w)L2 (Ω) ,
0 0

para toda w ∈ L2 ([0, Tz∗ ], H01 (Ω)) com w(·, 0) = 0. E passando o limite n → ∞ na igualdade
acima conclui-se que
Z T∗ Z T∗
z z
−⟨wt , u⟩H −1 ×H01 + (∆u, ∆w)L2 (Ω) + (g(y ∗ , TR (z))u, w)L2 (Ω) = (v1ω , w)L2 (Ω) ,
0 0

para toda w ∈ L2 ([0, Tz∗ ], H01 (Ω)) com w(·, 0) = 0. Comparando a igualdade acima
com (2.82) infere-se que
(u(·, Tz∗ ), w(·, Tz∗ ))L2 (Ω) = 0,
para toda w ∈ L2 ([0, Tz∗ ], H01 (Ω)) com w(·, 0) = 0. De onde segue que u(·, Tz∗ ) = 0, ou seja,
v ∈ A(z) e completa-se a demonstração do item (i).
Na sequência demonstra-se o item (ii). Seja z ∈ L∞ (Q). Para todo uz ∈ A(z),
associado a um vz ∈ A(z), pode-se substituir a desigualdade (2.79) na estimativa do
Teorema 32 obtendo
  2

||uz ||L∞ (Q) ≤ exp C 1 + ||g(y ∗ , TR (z))||L∞ (Q) + ||g(y ∗ , TR (z))||L3 ∞ (Q) .

Por outro lado, tem-se por (2.71) e pela definição de TR que


2
|g(y ∗ , TR (z))| 3 ≤ Cη + η ln(1 + R) em Q.

Portanto, pelas duas últimas desigualdades


3
  
||uz ||L∞ (Q) ≤ exp C 1 + (Cη + η ln(1 + R)) 2 + Cη + η ln(1 + R) .

Ou seja, existe r > 0 que não depende de z tal que

||uz ||L∞ (Q) ≤ r.

Logo, uz ∈ B(0, r) para qualquer z ∈ L∞ (Q). Conclui-se então que A(z) ⊆ B(0, r),
para todo z ∈ L∞ (Q). Por outro lado, pela regularidade parabólica (Teorema 33) segue
α
A(z) é limitada em um espaço C 0,α, 2 (Q), para algum 0 < α < β. E como
[
que
z∈B(0,r)
α
consequência do Teorema 16 C 0,α, 2 (Q) ,→,→ L∞ . Assim, deduz-se que existe um compacto
K0 ⊆ L∞ (Q) tal que
[
A(z) ⊆ K0 .
z∈B(0,r)
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 77

Definindo K = B(0, r) ∩ K0 conclui-se que K é não vazio, convexo e compacto tal que
A(z) ⊆ K para todo z ∈ K.
Por fim, demonstra-se o item (iii). Seja {zn } sequência convergindo fortemente
para um z em L∞ (Q) e {unz } sequência convergindo para um u em L∞ (Q) tal que
unz ∈ Ψ(zn ) = A(zn ), para todo n ≥ 1. Considera-se vzn ∈ A(zn ) os controles associados a
unz . Para concluir a demonstração do item (iii) basta provar que u ∈ Ψ(z) = A(z). Nota-se
que a sequência {g(y ∗ , TR (zn ))} é limitada em L∞ (Q) pela estimativa (2.71). Assim, segue
pelo Corolário 1 que existe subsequência (ainda denotada por {g(y ∗ , TR (zn ))}) e G ∈ L∞ (Q)
tal que g(y ∗ , TR (zn )) → G fraco-∗ em L∞ (Q). Então, pela continuidade de g e pelo fato de
zn → z q.t.p. tem-se que G = g(y ∗ , TR (z)). Ou seja, g(y ∗ , TR (zn )) → g(y ∗ , TR (z)) fraco-∗
em L∞ (Q). Agora, procedendo de maneira análoga ao que foi feito no item (i) conclui-se
que u ∈ A(z) = Ψ(z).
Por (i), (ii) e (iii) a aplicação Ψ restrita a K satisfaz todas as hipóteses do
Teorema 12. Logo, existe um ponto fixo u ∈ L∞ (Q), ou seja, u ∈ Ψ(u) = A(u). Em
seguida demonstra-se que existe R > 0 tal que todo ponto fixo u de Ψ satisfaz a seguinte
desigualdade
||u||L∞ (Q) ≤ R. (2.83)

Seja u ponto fixo de Ψ associado a um controle v ∈ A(u). Pelo Teorema 32


 
||u||L∞ (Q) ≤ exp Tu∗ ||g(y ∗ , TR (u))||L∞ (Q) ||u0 ||L∞ (Ω)
 
+ Tu∗ exp Tu∗ ||g(y ∗ , TR (u))||L∞ (Q) ||v||L∞ (ω×(0,T )) .

Usando a desigualdade anterior, a desigualdade (2.71), a definição (2.76) e a estima-


tiva (2.79) obtém-se
  2
  
||u||L∞ (Q) ≤ exp C 1 + ||g(y ∗ , TR (u))||L3 ∞ (Q) ||u0 ||L∞ (Ω) + ||v||L∞ (ω×(0,T ))

≤ exp (C (1 + Cη + η ln(1 + R))) ||u0 ||L∞ (Ω)


= exp(C(1 + Cη ))(1 + R)ηC ||u0 ||L∞ (Ω)

onde C é uma constante positiva dependendo de Ω, ω e T . Escolhendo η > 0 pequeno o


suficiente tal que ηC < 1 pode-se definir
( ! )
ηC C(1 + Cη ) 1
R = max 1, 2 1−ηC exp ||u0 ||L1−ηC
∞ (Ω) .
1 − ηC
Infere-se então que

||u||L∞ (Q) ≤ exp(C(1 + Cη ))(1 + R)ηC ||u0 ||L∞ (Ω)


≤ exp(C(1 + Cη ))||u0 ||L∞ (Ω) (2R)ηC
1
≤ ηC R1−ηC (2R)ηC = R.
2
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 78

Portanto, existe u ∈ L∞ (Q) tal que a estimativa (2.83) é satisfeita. Ou seja, existe v̂ ∈
A(u) ⊆ L∞ (ω × (0, T )) tal que u é solução do problema (2.75). Mas pela estimativa (2.83)
e as definições de g e TR segue que u é solução do problema (2.70). E pela condição (2.80)
conclui-se que
u(·, T ) = 0 em Ω.

Assim, o resultado segue neste primeiro caso.


Observação: A constante R definida anteriormente depende somente de Ω, ω, ||u0 ||L∞ (Ω) ,
f |R\(−k∗ ,k∗ ) , M (k ∗ ), L(k ∗ + 1) e T . Logo, as estimativas encontradas envolvendo as normas
||u||L∞ (Q) e ||v̂||L∞ (ω×(0,T )) dependem somente destes mesmos fatores.
Segundo caso: u0 ∈ C 0 (Ω) e f é localmente Lipschitz
Como f é localmente Lipschitz considera-se uma sequência {fn } de funções
localmente Lipschitz tais que fn ∈ C 1 ([−k ∗ , k ∗ ]), f = fn em R \ (−k ∗ − 1, 1 + k ∗ ), f e as
fn possuem a mesma constante de Lipschitz em [−k ∗ − 1, 1 + k ∗ ] e

f = lim fn ,
n→∞

onde o limite é uniforme em R. Como u0 ∈ C 0 (Ω) pode-se aplicar o Teorema 15 para obter
β ∈ (0, 1) e funções un0 ∈ C 0,β (Ω) tais que

u0 = lim un0 ,
n→∞

onde o limite é uniforme em Ω. Dessa maneira, cada par (fn , un0 ) satisfaz as condições do
primeiro caso já demonstrado. Então, existem v̂n ∈ L∞ (ω × (0, T )) tais que as soluções un
dos problemas





(un )t − ∆un + fn (y ∗ + un ) − fn (y ∗ ) = v̂n 1ω em Q,

 un = 0 sobre Σ,


u (x, 0) = un0 (x) em Ω,

n

satisfazem
un (·, T ) = 0 em Ω.

Pelas estimativas (2.79) e (2.83), as definições das funções fn , un0 e a observação


que encontra-se após a demonstração do primeiro caso obtém-se que ||v̂n ||L∞ (ω×(0,T )) e
||un ||L∞ (Q) são uniformemente limitadas. Mais uma vez utilizando o mesmo procedimento
usado na demonstração do Teorema 42 e do item (i) no primeiro caso encontram-se
v̂ ∈ L∞ (ω × (0, T )) e u solução do problema (2.70) associado ao controle v̂ satisfazendo

u(·, T ) = 0 em Ω.

E portanto o resultado é válido neste caso.


Terceiro caso: u0 ∈ L2 (Ω) e f é localmente Lipschitz
Capítulo 2. Controlabilidade Exata a Trajetórias 79

Pelo Teorema 31 existe 0 < ε < T tal que o problema







wt − ∆w + f (y ∗ + w) − f (y ∗ ) = 0 em Ω × (0, ε),

 w=0 sobre ∂Ω × (0, ε),


w(x, 0)

= u0 (x) em Ω,

admite única solução em C([0, ε], L2 (Ω)). Definindo v̂1 ≡ 0 em ω × (0, ε) tem-se que o
problema 




wt − ∆w + f (y ∗ + w) − f (y ∗ ) = v̂1 1ω em Ω × (0, ε),

 w=0 sobre ∂Ω × (0, ε),


w(x, 0)

= u0 (x) em Ω,
admite única solução w em C([0, ε], L2 (Ω)).
Por outro lado, w(·, ε) ∈ C 0 (Ω) pela regularidade parabólica. Considera-se
então o problema

w t



− ∆w + f (y ∗ + w) − f (y ∗ ) = v̂2 1ω em Ω × (ε, T ),

w=0 sobre ∂Ω × (ε, T ),


w(x, ε) = w(x, ε) em Ω.

Como w(·, ε) ∈ C 0 (Ω) pode-se aplicar o resultado obtido no segundo caso. Então, existe
controle v̂2 ∈ L∞ (ω × (ε, T )) tal que a solução w do problema acima satisfaz

w(·, T ) = 0 em Ω.

Assim, dado o controle v̂ ∈ L∞ (ω × (0, T )) definido por



v̂1 ,

se t ∈ (0, ε),
v̂ =
v̂2 , caso contrário,

tem-se que 
w,

se t ∈ (0, ε),
u=
w, caso contrário,

é solução do problema





ut − ∆u + f (y ∗ + u) − f (y ∗ ) = v̂1ω em Ω × (0, T ),

 u=0 sobre ∂Ω × (0, T ),


u(x, 0)

= u0 (x) em Ω,

e satisfaz
u(·, T ) = w(·, T ) = 0 em Ω.
Concluindo a demonstração do terceiro caso e da Proposição 9.
80

Capítulo 3

Controlabilidade Aproximada

Ao longo deste capítulo estuda-se o problema (1) do ponto de vista da contro-


labilidade aproximada e demonstram-se dois resultados principais. O primeiro garante a
existência de funções f de maneira que, para cada 0 < T < ∞, o problema (1) não possui
a propriedade de controlabilidade aproximada. Já o segundo estabelece condições sobre a
função f e sobre a existência de uma solução limitada e globalmente definida de (1) de
maneira que o problema (1) possui a propriedade de controlabilidade aproximada.
Agora, seguindo Fernández-Cara [11], define-se a propriedade de controlabili-
dade aproximada para o problema (1):

Definição 27. Diz-se que o problema (1) é aproximadamente controlável no tempo T > 0 se
dados condição inicial y0 ∈ L2 (Ω), y1 ∈ L2 (Ω) e ε > 0 existe um controle v ∈ L∞ (ω×(0, T ))
tal que a solução y de (1) com respeito à y0 e v está definida globalmente em [0, T ] e
||y(·, T ) − y1 ||L2 (Ω) ≤ ε.
Equivalentemente, diz-se que o problema (1) é aproximadamente controlável no tempo
T > 0 se o conjunto dos estados finais
{y(·, T ) ∈ L2 (Ω) | y é solução de (1) para um y0 ∈ L2 (Ω) e v ∈ L∞ (ω × (0, T ))}
é denso em L2 (Ω).

3.1 Um Resultado Sobre a Falta de Controlabilidade Aproximada


Esta seção dedica-se a demonstração do Teorema 3. Sua demonstração baseia-se
nas contruções feitas ao longo da demonstração do Teorema 1 e a principal ideia da mesma
é encontrar uma limitação uniforme para os estados finais do problema (1).

Demonstração.
Define-se a função f : R → R por
Z s
f (s) = lnp (1 + |u|) du, (3.1)
0
Capítulo 3. Controlabilidade Aproximada 81

com p > 2 e considera-se ρ ∈ Cc∞ (Ω) não negativa satisfazendo as condições em (2.8).
Procedendo de maneira análoga ao que foi realizado na primeira parte da demonstração
da Proposição 1 observa-se que f (0) = 0 e f é localmente Lipschitz. Além disso, como a
aplicação s → f (|s|) coincide com a função definida em (2.1) tem-se que

|f (s)| ∼ |s| lnp (1 + |s|) quando |s| → ∞.

Portanto, f satisfaz as hipóteses do Teorema 3.


Dados y0 ∈ L2 (Ω) e v ∈ L∞ (ω×(0, T )) denota-se por y a solução do problema (1)
associada a função f , o controle v e a condição inicial y0 . Multiplicando a equação em (1)
por ρ sgn0 (y) e integrando sobre Ω obtém-se
Z Z Z Z
ρ sgn0 (y)yt dx − ρ sgn0 (y)∆y dx + ρ sgn0 (y)f (y) dx = ρ sgn0 (y)v1ω dx
Ω Ω Ω Ω
d Z Z Z
ρ|y| dx = ρ sgn0 (y)∆y dx − ρf (|y|) dx, (3.2)
dt Ω Ω Ω

onde foi usado que ρ = 0 em ω por (2.8) e sgn0 (y)f (y) = f (|y|) pela definição da função
f em (3.1). Por outro lado, aplicando o Teorema 41 sobre o operador ∆ e y chega-se na
seguinte desigualdade. Z Z
ρ sgn0 (y)∆y dx ≤ ρ∆(|y|) dx.
Ω Ω
Substituindo a desigualdade acima em (3.2) tem-se que
d Z Z Z
ρ|y| dx ≤ ρ∆(|y|) dx − ρf (|y|) dx.
dt Ω Ω Ω

Aplicando a terceira identidade de Green (Teorema 39) na primeira integral do lado direito
chega-se em
d Z Z Z
ρ|y| dx ≤ |y|∆ρ dx − ρf (|y|) dx, (3.3)
dt Ω Ω Ω
onde foi usado que y = 0 em Σ pois é solução de (1) e ρ = 0 em ∂Ω pois ρ ∈ Cc∞ (Ω).
Agora, a aplicação s 7→ f (|s|) coincide com a função definida na Proposição 1
por (2.1). Denotando por f a conjugada convexa da aplicação s 7→ f (|s|) segue pela
demonstração do Teorema 1, mais especificamente pela desigualdade (2.13), que
!
Z
1Z 1Z 2|∆ρ|
|y|∆ρ dx ≤ ρf (|y|) dx + ρf dx.
Ω 2 Ω 2 B ρ

Então, substituindo esta desigualdade em (3.3) obtém-se


!
d Z 1Z 2|∆ρ| 1Z
ρ|y| dx ≤ ρf dx − ρf (|y|) dx.
dt Ω 2 B ρ 2 Ω

Mas como ρ satisfaz as condições em (2.8) a primeira integral do lado direito da desigualdade
acima é finita. Logo,
d Z 1Z
ρ|y| dx + ρf (|y|) dx ≤ C,
dt Ω 2 Ω
Capítulo 3. Controlabilidade Aproximada 82

Z
com C = C(Ω, ω, p) < ∞. Como s 7→ f (|s|) convexa e ρ é não negativa tal que ρ dx = 1

pois satisfaz (2.8) então pode-se aplicar o Teorema 34
Z  Z
f ρ|y| dx ≤ ρf (|y|) dx.
Ω Ω

Portanto, pelas duas últimas desigualdades tem-se que


d Z 1
Z 
ρ|y| dx + f ρ|y| dx ≤ C.
dt Ω 2 Ω

Z
Definindo z(t) = ρ(x)|y(x, t)| dx segue que

1
z ′ (t) + f (z(t)) ≤ C.
2
Por outro lado, pela definição de z e pelo fato de ρ ser não negativa obtém-se que z(t) ≥ 0,
para todo t. Então, pela definição de f dada em (3.1) f (z(t)) ≥ 0, para todo t. Conclui-se
que
z ′ (t) ≤ C.

Integrando em ambos os lados sobre (0, T ) chega-se em


Z Z
ρ(x)|y(x, T )| dx = z(T ) ≤ CT − z(0) = CT − ρ(x)|y0 (x)| dx = C ′ , (3.4)
Ω Ω

com C ′ constante que não depende do controle v.


Logo, fixando y0 ∈ L2 (Ω) e Ω0 ⊂ Ω \ ω compacto tal que ρ|Ω0 não se anula
tem-se pela desigualdade (3.4) que

||y(·, T )||L1 (Ω0 ) ≤ C0 ,

com C0 constante que não depende do controle v. Ou seja, o conjunto dos estados finais
restritos ao compacto Ω0 é uniformemente limitado em L1 (Ω0 ). Considera-se então ε > 0
1
dado. Tomando y1 ∈ L2 (Ω) tal que ||y1 ||L1 (Ω0 ) > |Ω0 | 2 ε + C0 deduz-se que, para qualquer
y solução de (1) associada a y0 fixado e um controle v ∈ L∞ (ω × (0, T )),

||y(·, T ) − y1 ||L2 (Ω) ≥ ||y(·, T ) − y1 ||L2 (Ω0 )


1
≥ |Ω0 |− 2 ||y(·, T ) − y1 ||L1 (Ω0 )
1
≥ |Ω0 |− 2 (||y1 ||L1 (Ω0 ) − ||y(·, T )||L1 (Ω0 ) )
1 1
> |Ω0 |− 2 (|Ω0 | 2 ε + C0 − C0 ) = ε,

onde foi usado o Teorema 21 na segunda desigualdade. Portanto, o problema (1) não
possui a propriedade da controlabilidade aproximada para o tempo T > 0.
Capítulo 3. Controlabilidade Aproximada 83

3.2 Um Resultado Positivo Sobre Controlabilidade Aproximada


Em contrapartida ao Teorema 3, nesta seção prova-se o Teorema 4, um resultado
positivo sobre a controlabilidade aproximada para o problema (1).

Demonstração.
Primeiramente, como por hipótese
f (s)
3 → 0 quando |s| → ∞,
|s| ln (1 + |s|)
2

então existe constante C > 0 tal que


3
|f (s)| ≤ C(1 + |s| ln 2 (1 + |s|))), (3.5)

para todo s ∈ R.
Considera-se inicialmente y0 ∈ L2 (Ω), y1 ∈ C 1 (Ω) e ε > 0 dados. Define-se
ainda o problema auxiliar





ut − ∆u + f (u) = 0 em Ω × (T − δ, T ),

u=0 sobre ∂Ω × (T − δ, T ), (3.6)


u(x, T − δ) = y1 (x) em Ω,

para todo δ > 0 suficientemente pequeno. Segue do Teorema 31 que o problema (3.6)
possui uma única solução u ∈ C([T − δ, δ], L2 (Ω)) essecialmente limitada para algum δ
que depende de ||y1 ||L2 (Ω) e da constante C em (3.5). Usando que u ∈ C([T − δ, δ], L2 (Ω))
é essecialmente limitada pode-se tomar δ suficientemente pequeno de maneira que

||u(·, T ) − y1 ||L2 (Ω) ≤ ε, (3.7)

com δ dependendo de Ω, ||y1 ||L2 (Ω) , C e ε. Fixam-se então δ e u de maneira que u é solução
de (3.6) satisfazendo (3.7).
Agora, pelo Teorema 2 existe controle v1 ∈ L∞ (ω × (0, T − δ)) tal que a solução
do problema 




yt1 − ∆y 1 + f (y 1 ) = v1 1ω em Ω × (0, T − δ),

1
 y =0 sobre ∂Ω × (0, T − δ),


y 1 (x, 0)

= y0 (x) em Ω,
satisfaz
y 1 (·, T − δ) = y ∗ (·, T − δ) em Ω.
Novamente pelo Teorema 2 existe controle v2 ∈ L∞ (ω × (T − δ, T )) tal que a solução do
problema 




yt2 − ∆y 2 + f (y 2 ) = v2 1ω em Ω × (T − δ, T ),

2
 y =0 sobre ∂Ω × (T − δ, T ),


y 2 (x, 0) = y ∗ (x, T − δ) em Ω,

Capítulo 3. Controlabilidade Aproximada 84

satisfaz
y 2 (·, T ) = u(·, T ) em Ω.

A aplicação do Teorema 2 nestes dois casos é possível pois y ∗ |Ω×(0,T −δ) e y ∗ |Ω×(T −δ,T ) são
soluções limitadas dos problemas anteiores associadas às condições iniciais y0∗ e y ∗ (·, T − δ)
e aos controles v ∗ |ω×(0,T −δ) e v ∗ |ω×(T −δ,T ) , respectivamente.
Assim, definindo o controle v ∈ L∞ (ω × (0, T )) por

v1

se t ∈ (0, T − δ),
v=
v2 caso contrário,

segue que 
y 1

se t ∈ (0, T − δ),
y=
y 2

caso contrário,
é solução do problema (1) associado a condição inicial y0 e controle v. Além disso,

y(·, T ) = y 2 (·, T ) = u(·, T ) em Ω.

Então conclui-se por (3.7) e pela igualdade anterior que

||y(·, T ) − y1 ||L2 (Ω) ≤ ε.

Portanto, o resultado de controlabilidade aproximada foi provado para o caso em que


y1 ∈ C 1 (Ω).
Considera-se agora y0 ∈ L2 (Ω), y1 ∈ L2 (Ω) e ε > 0 dados. Usando que C 1 (Ω) é
denso em L2 (Ω) existe y 1 ∈ C 1 (Ω) tal que
ε
||y1 − y 1 ||L2 (Ω) ≤ .
2
E pelo que já foi provado existe controle v ∈ L∞ (ω×(0, T )) tal que a solução do problema (1)
associada a condição inical y0 e controle v satisfaz
ε
||y(·, T ) − y 1 ||L2 (Ω) ≤ .
2
Deduz-se então pelas duas últimas desigualdades que

||y(·, T ) − y1 ||L2 (Ω) ≤ ||y1 − y 1 ||L2 (Ω) + ||y(·, T ) − y 1 ||L2 (Ω) ≤ ε.

Logo, o problema (1) possui a propriedade da controlabilidade aproximada no tempo


T.
85

Referências

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tics and Optimization 42 (2000), 73–89. Citado na página 12.

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fourth ed. Springer Dordrecht, 2012. Citado na página 27.

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Library. Wiley, 1995. Citado na página 19.

[4] Brezis, H. Function Analysis, Sobolev Spaces and Partial Differential Equations.
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Evolution Equations. Oxford Lecture Mathematics and. Clarendon Press, 1998. Citado
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Classics Library. Wiley, 1988. Citado na página 18.

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semilinear heat equation. Proceedings of the Royal Society of Edinburgh Section A:
Mathematics 125, 1 (1995), 31–61. Nenhuma citação no texto.

[9] Fernández-Cara, E. Null controllability of the semilinear heat equation. ESAIM:


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[10] Fernández-Cara, E., and Zuazua, E. The cost of approximate controllability


for heat equations: the linear case. Advances in Differential Equations 5, 4-6 (2000),
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[11] Fernández-Cara, E., and Zuazua, E. Null and approximate controllability for
weakly blowing up semilinear heat equations. Annales de l’Institut Henri Poincaré C,
Referências 86

Analyse non linéaire 17, 5 (2000), 583–616. Citado 4 vezes nas páginas 12, 30, 54
e 80.

[12] Fernández-Cara, E., and Zuazua, E. Control theory: History, mathematical


achievements and perspectives. Boletín de la Sociedad Española de Matemática
Aplicada, 26 (2003), 79–140. Citado na página 11.

[13] Folland, G. Real Analysis: Modern Techniques and Their Applications. A Wiley-
Interscience publication. Wiley, 1999. Citado 3 vezes nas páginas 19, 20 e 28.

[14] Fursikov, A., and Imanuvilov, O. Controllability of Evolution Equations. No. 34


in Lecture Notes Series - Seoul National University, Research Institute of Mathematics,
Global Analysis Research Center. Seoul National University, 1996. Citado na página
29.

[15] Glicksberg, I. L. A further generalization of the kakutani fixed point theorem, with
application to nash equilibrium points. Proceedings of the American Mathematical
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[16] Horiuchi, T. Some remarks on kato’s inequality. Journal of Inequalities and


Applications 6 (2001), 29–36. Citado na página 28.

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and Quasi-linear Equations of Parabolic Type, vol. 23 of Translations of mathematical
monographs. American Mathematical Society, 1968. Citado na página 25.

[18] Lima, E. L. Curso de Análise, 12 ed., vol. 1 of Projeto Euclides. IMPA, Rio de
Janeiro, 2009. Citado 2 vezes nas páginas 31 e 41.

[19] Micu, S., and Zuazua, E. An introduction to the controllability of partial


differential equations. Collection Travaux en Cours (2005). Citado na página 11.

[20] Munkres, J. R. Analysis on manifolds. Advanced Book Program. Addision-Wesley


Publishing Company, 1991. Citado na página 28.

[21] Phelps, R. R. Convex Functions, Monotone Operators and Differentiability, 2 ed.


Lecture Notes in Mathematics. Springer Berlin, Heidelberg, 1993. Citado na página
27.

[22] Rudin, W. Principles of Mathematical Analysis. International series in pure and


applied mathematics. McGraw-Hill, 1976. Citado na página 18.

[23] Rudin, W. Real and Complex Analysis. Mathematics series. McGraw-Hill, 1987.
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Referências 87

[24] Russell, D. L. Controllability and stabilizability theory for linear partial differential
equations: Recent progress and open questions. SIAM Review 20, 4 (1978), 639–739.
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[25] Saut, J.-C., and Scheurer, B. Unique continuation for some evolution equations.
Journal of Differential Equations 66, 1 (1987), 118–139. Citado na página 23.

[26] Zheng, S. Nonlinear evolution equations. Monographs and Surveys in Pure and
Applied Mathematics. Chapman & Hall/CRC, 2004. Citado 2 vezes nas páginas 22
e 24.
88

APÊNDICE A

Demonstração da Proposição 3

Por toda extensão desta seção consideram-se as notações da Definição 25. Além
disso, utiliza-se a seguinte notação de Einstein para as derivadas parciais com respeito às
coordenadas espaciais.

Definição 28 (Notação de Einstein). Seja f : Rn → R função suave. Denota-se por ∂i f a


somatória das derivadas parciais da função f , ou seja,
n
X ∂f
∂i f = .
i=1 ∂xi

Demonstração da Proposição 3.
Sejam f ∈ A e s > 0. Definindo as seguintes funções auxiliares ψ = Φ−s f , h = ∂t f + ∆f e
g = Φ−s h obtém-se a seguinte igualdade

Φ−s (∂t (Φs ψ) + ∆(Φs ψ)) = Φ−s (∂t f + ∆f ) = Φ−s h = g.

Pela igualdade acima pode-se escrever

T1 ψ + T2 ψ = g − sψ∆ϕ (A.1)

onde os operadores T1 e T2 são definidos por



T1 ψ

= ∂t ψ + 2s∇ϕ · ∇ψ,
(A.2)
T2 ψ = ∆ψ + s2 |∇ϕ|2 ψ + sψ∂t ϕ.

De fato, nota-se que



∂t Φs = ∂t (exp(sϕ)) = s exp(sϕ)∂t ϕ = sΦs ∂t ϕ,






∂i Φs = ∂i (exp(sϕ)) = s exp(sϕ)∂i ϕ = sΦs ∂i ϕ,






s

2
∂i Φ = ∂i (s∂i ϕΦs ) = sΦs ∂i2 ϕ + s2 Φs (∂i ϕ)2 ,


∇Φs = sΦs ∇ϕ,







∆Φs = sΦs ∆ϕ + s2 Φs |∇ϕ|2 .


APÊNDICE A. Demonstração da Proposição 3 89

Portanto,

g − sψ∆ϕ = Φ−s h − sψ∆ϕ = Φ−s (∂t f + ∆f ) − sψ∆ϕ


= Φ−s (∂t (ψΦs ) + ∆(ψΦs )) − sψ∆ϕ
= Φ−s (Φs ∂t ψ + sψΦs ∂t ϕ + Φs ∆ψ + 2sΦs ∇ϕ · ∇ψ + ψΦs (s∆ϕ + s2 |∇ϕ|2 ))
− sψ∆ϕ
= ∂t ψ + sψ∂t ϕ + ∆ψ + 2s∇ϕ · ∇ψ + sψ∆ϕ + s2 ψ|∇ϕ|2 − sψ∆ϕ
= ∂t ψ + sψ∂t ϕ + ∆ψ + 2s∇ϕ · ∇ψ + s2 ψ|∇ϕ|2
= ∂t ψ + 2s∇ϕ · ∇ψ + ∆ψ + sψ∂t ϕ + s2 ϕ|∇ϕ|2
= T1 ψ + T2 ψ.

Pela igualdade (A.1) segue que

||g − sψ∆ϕ||2L2 (Q) = ||T1 ψ + T2 ψ||2L2 (Q) = ||T1 ψ||2L2 (Q) + 2(T1 ψ, T2 ψ) + ||T2 ψ||2L2 (Q) , (A.3)

onde (·, ·) denota o produto interno em L2 (Q). Usando a definição do produto interno em
L2 (Q) tem-se que
Z
(T1 ψ,T2 ψ) = T1 ψ · T2 ψ
Q
Z
= ∆ψ∂t ψ + s2 |∇ϕ|2 ψ∂t ψ + sψ∂t ψ∂t ϕ + 2s∆ψ(∇ϕ · ∇ψ) + 2s3 |∇ϕ|2 ψ(∇ϕ · ∇ψ)
Q

+ 2s2 ψ∂t ϕ(∇ϕ · ∇ψ)


= I1 + 2sI2 + s2 I3 + 2s3 I4 + sI5 + 2s2 I6 , (A.4)

onde  Z


I1 = ∆ψ(∂t ψ),
ZQ





I2 = ∆ψ(∇ϕ · ∇ψ),




ZQ




I3 = |∇ϕ|2 ψ(∂t ψ),



ZQ
I4 = |∇ϕ|2 ψ(∇ϕ · ∇ψ)




ZQ




I5 = ψ(∂t ψ∂t ϕ),




ZQ





I6

 = ψ(∂t ϕ)(∇ϕ · ∇ψ).
Q

Aplicando a primeira identidade do Teorema 39 na integral I1 deduz-se que


Z Z
∂ψ 1Z Z
1Z t=T
2
I1 = ∆ψ(∂t ψ) = − ∇ψ · ∇(∂t ψ) + (∂t ψ) =− ∂t |∇ψ| = − |∇ψ|2 ,
Q Q Σ ∂ν 2 Q 2 Ω t=0

onde usou-se ainda que ψ = Φ−s f ≡ 0 em Σ pois f ∈ A. Por outro lado,

∇ψ = f ∇(Φ−s ) + Φ−s ∇f = f ∇(exp(−sϕ)) + exp(−sϕ)∇f = exp(−sϕ)(∇f − sf ∇ϕ).


APÊNDICE A. Demonstração da Proposição 3 90

ρ
Como ϕ = então |∇ψ|2 → 0 quando t → 0 ou t → T . Logo,
t(T − t)
I1 = 0. (A.5)

Integrando por partes sobre a variável temporal a integral I3 chega-se em


Z
1Z 1Z 1Z t=T
I3 = |∇ϕ|2 ψ(∂t ψ) = ∂t (|ψ|2 )|∇ϕ|2 = − |ψ|2 ∂t (|∇ϕ|2 ) + |ψ|2 |∇ϕ|2 .
Q 2 Q 2 Q 2 Ω t=0

Por um argumento similar ao utilizado em I1 obtém-se que |ψ|2 |∇ϕ|2 → 0 quando t → 0


ou t → T . Portanto,
1Z
I3 = − |ψ|2 ∂t (|∇ϕ|2 ). (A.6)
2 Q
Novamente integrando por partes sobre a variável temporal a integral I5 obtém-se
Z
1Z 1Z 1Z t=T
I5 = ψ(∂t ψ∂t ϕ) = ∂t (|ψ|2 )∂t ϕ = − |ψ|2 ∂t2 ϕ + (∂t ϕ)|ψ|2 .
Q 2 Q 2 Q 2 Ω t=0

E mais uma vez segue por um argumento análogo ao que foi aplicado em I1 que (∂t ϕ)|ψ|2 →
0 quando t → 0 ou t → T . Logo,
1Z
I5 = − |ψ|2 ∂t2 ϕ. (A.7)
2 Q
Aplicando o Teorema 40 na integral I4 deduz-se que
Z
2
Z
1
I4 = |∇ϕ| ψ(∇ϕ · ∇ψ) =(|∇ϕ|2 ∇ϕ · ∇ψ 2 )
Q Q 2
1Z 2 2 1 Z Z
= (|∇ϕ| ∇ϕ · ∇ψ ) = − ψ ∇ · (|∇ϕ| ∇ϕ) + ψ 2 |∇ϕ|2 ∇ϕ · ν.
2 2
2 Q 2 Q Σ

A última integral do lado direito se anula pois ψ ≡ 0 em Σ. Logo,


1Z 2
I4 = − ψ ∇ · (|∇ϕ|2 ∇ϕ).
2 Q
Calculando o divergente acima usando a notação de Einstein tem-se que

∇ · (|∇ϕ|2 ∇ϕ) = ∂j (|∇ϕ|2 ∂j ϕ) = ∂j ((∂i ϕ)2 ∂j ϕ)


= 2∂i ∂j ϕ∂i ϕ∂j ϕ + (∂i ϕ)2 ∂j2 ϕ
= 2∂i ∂j ϕ∂i ϕ∂j ϕ + |∇ϕ|2 ∆ϕ.

Portanto,
1 1
Z Z  
2 2
I4 = − (∂i ∂j ϕ∂i ϕ∂j ϕ + |∇ϕ| ∆ϕ)|ψ| = −∂i ∂j ϕ − δij ∆ϕ ∂i ϕ∂j ϕ|ψ|2 . (A.8)
Q 2 Q 2
Novamente usando o Teorema 40 em I6 segue que
Z Z
1
I6 = ψ(∂t ϕ)(∇ϕ · ∇ψ) =((∂t ϕ)∇ϕ · ∇ψ 2 )
Q Q 2
1 Z
2 1 Z
2 1Z 2
= ((∂t ϕ)∇ϕ · ∇ψ ) = − ψ ∇ · ((∂t ϕ)∇ϕ) + ψ (∂t ϕ)∇ϕ · ν.
2 Q 2 Q 2 Σ
APÊNDICE A. Demonstração da Proposição 3 91

A última integral do lado direito acima se anula pois ψ ≡ 0 em Σ. Logo,


1Z 2
I6 = − ψ ∇ · ((∂t ϕ)∇ϕ).
2 Q
Calculando o divergente acima usando a notação de Einstein obtém-se

∇ · ((∂t ϕ)∇ϕ) = ∂i ((∂t ϕ)∂i ϕ)


= ∂i (∂t ϕ)∂i ϕ + (∂t ϕ)∂i2 ϕ
= ∂i (∂t ϕ)∂i ϕ + (∂t ϕ)∆ϕ.

Conclui-se então que


1Z
I6 = − (∂i (∂t ϕ)∂i ϕ + (∂t ϕ)∆ϕ)|ψ|2 . (A.9)
2 Q
Por fim, aplicando o Teorema 39 em I2 tem-se que
Z Z Z
∂ψ
I2 = ∆ψ(∇ϕ · ∇ψ) = − ∇(∇ϕ · ∇ψ) · ∇ψ + (∇ϕ · ∇ψ) .
Q Q Σ ∂ν
∂ψ
Como ψ ≡ 0 sobre Σ então ∂i ψ = νi sobre Σ onde νi é a i-ésima coordenada de ν.
∂ν
Portanto,
Z
∂ψ Z ∂ψ
(∇ϕ · ∇ψ) = (∇ϕ · (∂1 ψ, · · · , ∂n ψ))
Σ ∂ν Σ
! ∂ν
Z
∂ψ ∂ψ
= ∇ϕ · ν
Σ ∂ν ∂ν
2
Z
∂ψ
= (∇ϕ · ν)
Σ ∂ν
2
Z
∂ϕ ∂ψ
= .
Σ ∂ν ∂ν
Logo,
2
Z Z
∂ϕ ∂ψ
I2 = − ∇(∇ϕ · ∇ψ) · ∇ψ + .
Q Σ ∂ν ∂ν
Por outro lado,
Z Z
∇(∇ϕ · ∇ψ) · ∇ψ = ∂j (∇ϕ · ∇ψ)∂j ψ
Q Q
Z
= ∂j (∂i ϕ∂i ψ)∂j ψ
Q
Z
= (∂j ∂i ϕ∂i ψ + ∂i ϕ∂j ∂i ψ)∂j ψ
Q
Z
= ∂j ∂i ϕ∂i ψ∂j ψ + ∂i ϕ∂j ∂i ψ∂j ψ.
Q

De onde segue que


2
Z Z
∂ϕ ∂ψ
I2 = − ∂j ∂i ϕ∂i ψ∂j ψ + ∂i ϕ∂j ∂i ψ∂j ψ + . (A.10)
Q Σ ∂ν ∂ν
APÊNDICE A. Demonstração da Proposição 3 92

Usando mais uma vez a primeira identidade do Teorema 39 segue que


Z Z
(∆ϕδij )∂i ψ∂j ψ = ∆ϕ(∇ψ · ∇ψ)
Q Q
Z Z
∂ϕ
=− ∇ϕ · ∇(∇ψ · ∇ψ) + (∇ψ · ∇ψ) .
Q Σ ∂ν
∂ψ
Como ∂i ψ = νi sobre Σ tem-se que
∂ν
! 2
Z
∂ϕ Z ∂ψ ∂ψ ∂ϕ Z ∂ψ ∂ϕ
(∇ψ · ∇ψ) = · = .
Σ ∂ν Σ ∂ν ∂ν ∂ν Σ ∂ν ∂ν
Conclui-se então que
2
Z Z Z
∂ψ ∂ϕ
(∆ϕδij )∂i ψ∂j ψ = − ∇ϕ · ∇(∇ψ · ∇ψ) + .
Q Q Σ ∂ν ∂ν
Nota-se ainda que
Z Z
∇ϕ · ∇(∇ψ · ∇ψ) = ∂i ϕ∂i (∇ψ · ∇ψ)
Q Q
Z
= ∂i ϕ∂i (∂j ψ∂j ψ)
Q
Z
=2 ∂i ϕ∂i ∂j ψ∂j ψ.
Q

Portanto,
2
Z Z Z
∂ψ ∂ϕ
(∆ϕδij )∂i ψ∂j ψ = −2 ∂i ϕ∂i ∂j ψ∂j ψ + .
Q Q Σ ∂ν ∂ν
Isolando o primeiro termo a direita obtém-se que
2
Z
1Z 1 Z ∂ψ ∂ϕ
− ∂i ϕ∂i ∂j ψ∂j ψ = (∆ϕδij )∂i ψ∂j ψ − .
Q 2 Q 2 Σ ∂ν ∂ν
Substituindo a igualdade acima em (A.10) chega-se em
2
Z
1 1 Z ∂ϕ ∂ψ
I2 = −∂i ∂j ϕ∂i ψ∂j ψ + (∆ϕδij )∂i ψ∂j ψ +
Q 2 2 Σ ∂ν ∂ν
2
Z
1 1 Z ∂ϕ ∂ψ
= (−∂i ∂j ϕ + (∆ϕδij ))∂i ψ∂j ψ + . (A.11)
Q 2 2 Σ ∂ν ∂ν
E substituindo as igualdades (A.5), (A.6), (A.7), (A.8), (A.9) e (A.11) em (A.4) tem-se
que

(T1 ψ, T2 ψ) = I1 + 2sI2 + s2 I3 + 2s3 I4 + sI5 + 2s2 I6


2
Z
1 Z
∂ϕ ∂ψ s2 Z
= 2s (−∂i ∂j ϕ + (∆ϕδij ))∂i ψ∂j ψ + s − |ψ|2 ∂t (|∇ϕ|2 )
Q 2 Σ ∂ν ∂ν 2 Q
Z 
1 s
 Z
+ 2s3 −∂i ∂j ϕ − δij ∆ϕ ∂i ϕ∂j ϕ|ψ|2 − |ψ|2 ∂t2 ϕ
Z
Q 2 2 Q
− s2 (∂i (∂t ϕ)∂i ϕ + (∂t ϕ)∆ϕ)|ψ|2 .
Q
APÊNDICE A. Demonstração da Proposição 3 93

Pela igualdade acima e (A.3) deduz-se que


1 Z  
||g−sψ∆ϕ||2L2 (Q)= +||T1 ψ||2L2 (Q)
+ 4s ||T2 ψ||2L2 (Q)
−∂i ∂j ϕ + (∆ϕδij ) ∂i ψ∂j ψ
Q 2
2
∂ϕ ∂ψ Z 
1
Z Z 
2 2 2 3
+ 2s −s |ψ| ∂t (|∇ϕ| ) + 4s −∂i ∂j ϕ − δij ∆ϕ ∂i ϕ∂j ϕ|ψ|2
Σ ∂ν ∂ν Q Q 2
Z Z
−s |ψ|2 ∂t2 ϕ − 2s 2
(∂i (∂t ϕ)∂i ϕ + (∂t ϕ)∆ϕ)|ψ|2 .
Q Q

Simplificando e reorganizando os termos


2
Z Z
∂ϕ ∂ψ
||T1 ψ||2L2 (Q) + ||T2 ψ||2L2 (Q) + 4s 3
−∂i ∂j ϕ∂i ϕ∂j ϕ|ψ| + 2s 2
Q Σ ∂ν ∂ν
Z Z
= ||g − sψ∆ϕ||2L2 (Q) + 2s 2
(∂i (∂t ϕ)∂i ϕ + (∂t ϕ)∆ϕ)|ψ| + 4s2
∂i ∂j ϕ∂i ψ∂j ψ
Q Q
Z Z
+s (∂t2 ϕ)|ψ|2 − 2 (s|∇ψ|2 − s3 |∇ϕ|2 |ψ|2 )∆ϕ. (A.12)
Q Q

Por outro lado,

∇(exp(ατ )) α exp(ατ )∇α α exp(ατ )


∇ϕ = − =− =− ∇η.
t(T − t) t(T − t) t(T − t)

∂η
Nota-se ainda que ≤ 0 sobre ∂Ω pois η > 0 em Ω e η = 0 sobre ∂Ω. Assim,
∂ν
∂ϕ α exp(ατ ) α exp(ατ ) ∂η
= ∇ϕ · ν = − ∇η · ν = − ≥ 0,
∂ν t(T − t) t(T − t) ∂ν

sobre Σ. Portanto,
2
Z
∂ϕ ∂ψ
≥ 0.
Σ ∂ν ∂ν
Então segue pela desigualdade acima e (A.12) que
Z
||T1 ψ||2L2 (Q) +||T2 ψ||2L2 (Q) + 4s 3
−∂i ∂j ϕ∂i ϕ∂j ϕ|ψ|2
Q
Z
≤ ||g − sψ∆ϕ||2L2 (Q) −2 (s|∇ψ|2 − s3 |∇ϕ|2 |ψ|2 )∆ϕ (A.13)
Q
Z Z Z
+ 2s2 (∂i (∂t ϕ)∂i ϕ + (∂t ϕ)∆ϕ)|ψ|2 + 4s ∂i ∂j ϕ∂i ψ∂j ψ + s (∂t2 ϕ)|ψ|2 .
Q Q Q

exp(ατ )
Definindo a função auxiliar β = tem-se que
t(T − t)

α exp(ατ )
∇β = −∇ϕ = ∇η.
t(T − t)

Agora estimam-se as integrais em (A.13). Segue por Fernández-Cara [10, p. 508] que
existem α0 (Ω, ω) ≥ 1 e C(Ω, ω) > 0 tais que

−∂i ∂j ϕ∂i ϕ∂j ϕ ≥ Cα|∇β|3 em (Ω \ ω) × (0, T ), ∀α ≥ α0 . (A.14)


APÊNDICE A. Demonstração da Proposição 3 94

Como
∂i2 (exp(ατ )) α exp(ατ )∂i2 τ + α2 exp(ατ )(∂i τ )2
∂i2 ϕ = − =− ,
t(T − t) t(T − t)
então conclui-se que
2
exp(2ατ ) α4 exp(2ατ ) 1
|∆ϕ|2 = |α∆τ + α 2
|∇τ |2 2
| = ∆η + |∇η|2
t2 (T − t)2 t2 (T − t)2 α
2
α4 exp(2ατ ) 1

2
≤ 2 |∆η| + |∇η| .
t (T − t)2 α
Se α ≥ 1 a desigualdade abaixo é verdadeira
α4 exp(2ατ )  2 2
 C(Ω, ω)α4 exp(2ατ )
|∆ϕ|2 ≤ |∆η| + |∇η| ≤ .
t2 (T − t)2 t2 (T − t)2
T2
Percebe-se que exp(ατ (x)) ≥ 1 para todo x ∈ Ω e que ≥ 1 para todo t ∈ (0, T ).
t(T − t)
Assim,
C(Ω, ω)α4 T 2 exp(3ατ )
|∆ϕ|2 ≤ = CT 2 α4 β 3 em Ω × (0, T ), ∀α ≥ α0 . (A.15)
t3 (T − t)3
Agora nota-se que
!
1 α(∂i τ ) exp(ατ )(T − 2t)
∂i (∂t ϕ) = −∂t ∂i (exp(ατ )) = .
t(T − t) t2 (T − t)2
Portanto,
α2 (∂i τ )2 exp(2ατ )|T − 2t| α2 exp(2ατ )|T − 2t|
|∂i (∂t ϕ)∂i ϕ| = = |∇τ |2
t3 (T − t)3 t3 (T − t)3
α2 exp(3ατ )|T − 2t|
≤ |∇η|2 ≤ C(Ω, ω)α2 β 3 |T − 2t|.
t3 (T − t)3
De onde segue que

|∂i (∂t ϕ)∂i ϕ| ≤ CT α2 β 3 em Ω × (0, T ), ∀α ≥ α0 . (A.16)

Calculando ∂t ϕ obtém-se
(T − 2t)(exp(ατ ) − exp(ατ ))
∂t ϕ = − .
t2 (T − t)2
Dessa maneira chega-se em
|T − 2t|(exp(ατ ) − exp(ατ )) exp(ατ )
|(∂t ϕ)∆ϕ| = |α∆τ + α2 |∇τ |2 |
t3 (T − t)3
T α2 (exp(ατ ) − exp(ατ )) exp(ατ ) 1
 
2
≤ |∆η| + |∇η|
t3 (T − t)3 α
T α2 exp(ατ ) exp(ατ )
≤ (|∆η| + |∇η|2 )
t3 (T − t)3
C(Ω, ω)T α2 exp(ατ ) exp(ατ )
≤ .
t3 (T − t)3
APÊNDICE A. Demonstração da Proposição 3 95

Por outro lado,


5 1
 
2τ − 3τ ≤ 2τ − 3 min τ = max τ − 3 min τ = 5 max τ − 6 min τ
Ω 2 Ω Ω 2 Ω Ω
1 1
 
= 5 max η − 6 min η + 5K − 6K ≤ (K − K) = 0.
2 Ω Ω 2
3
 
Portanto, exp(ατ ) ≤ exp ατ (x) , para todo x ∈ Ω. Logo,
2
CT α2 exp( 23 ατ ) exp(ατ ) CT α2 exp( 52 ατ )
|(∂t ϕ)∆ϕ| ≤ =
t3 (T − t)3 t3 (T − t)3
CT α2 exp(3ατ )
≤ = CT α2 β 3 (A.17)
t3 (T − t)3
em Ω × (0, T ), ∀α ≥ α0 . Agora calculando ∂t2 ϕ tem-se que
!
1
∂t2 ϕ = (exp(ατ ) − exp(ατ ))∂t2
t(T − t)
−2t2 (T − t)2 − (T − 2t)(2T 2 t − 6T t2 + 4t3 )
= −(exp(ατ ) − exp(ατ ))
t4 (T − t)4
2t(T − t)2 + (T − 2t)(2T 2 − 6T t + 4t2 )
= (exp(ατ ) − exp(ατ ))
t3 (T − t)4
2(−3t3 + 6t2 T − 4tT 2 + T 3 )
= (exp(ατ ) − exp(ατ ))
t3 (T − t)4
2(T − t)(T 2 − 3T t + 3t2 )
= (exp(ατ ) − exp(ατ ))
t3 (T − t)4
2(T 2 − 3T t + 3t2 )(exp(ατ ) − exp(ατ ))
= .
t3 (T − t)3
Ou seja,
2|T 2 − 3T t + 3t2 | 2|T 2 − 3T t + 3t2 | 3
 
|∂t2 ϕ| = (exp(ατ ) − exp(ατ )) ≤ exp ατ .
t3 (T − t)3 t3 (T − t)3 2
Mas para t ∈ (0, T ) verifica-se que |T 2 − 3T t + 3t2 | ≤ T 2 . Então,
C(Ω, ω)T 2
|∂t2 ϕ| ≤ exp(3ατ ) ≤ CT 2 β 3 em Ω × (0, T ), ∀α ≥ α0 . (A.18)
t3 (T − t)3
Pelas desigualdades (A.14)-(A.18) pode-se estimar as integrais em (A.13) obtendo
Z
||T1 ψ||2L2 (Q) + ||T2 ψ||2L2 (Q) + Cs3 α |∇β|3 |ψ|2
(Ω\ω)×(0,T )
Z Z
≤ ||g − sψ∆ϕ||2L2 (Q) + s |∂t2 ϕ||ψ|2 + 2s2 (|∂i (∂t ϕ)∂i ϕ| + |(∂t ϕ)∆ϕ|)|ψ|2
Q Q
Z Z
+ 4s (∂i ∂j ϕ)∂i ψ∂j ψ − 2 (s|∇ψ| − s |∇ϕ|2 |ψ|2 )∆ϕ
2 3
Q Q
Z Z
≤ ||g − sψ∆ϕ||2L2 (Q) 2
+ Cs T α 2 3
|β| |ψ| + CsT 2 2
|β|3 |ψ|2
Q Q
Z Z
2 3 2 2
−2 (s|∇ψ| − s |∇ϕ| |ψ| )∆ϕ + 4s (∂i ∂j ϕ)∂i ψ∂j ψ, ∀α ≥ α0 .
Q Q
APÊNDICE A. Demonstração da Proposição 3 96

Nota-se que

||g − sψ∆ϕ||2L2 (Q) ≤ (||g||L2 (Q) + ||sψ∆ϕ||L2 (Q) )2 ≤ 2||g||2L2 (Q) + 2||sψ∆ϕ||2L2 (Q)
Z Z
= 2||g||2L2 (Q) + 2s2 |∆ϕ|2 |ψ|2 ≤ 2||g||2L2 (Q) + CT 2 s2 α4 |β|3 |ψ|2 .
Q Q

Logo,
Z
||T1 ψ||2L2 (Q) +||T2 ψ||2L2 (Q) + Cs3 α |∇β|3 |ψ|2
(Ω\ω)×(0,T )
Z Z
≤ 2||g||2L2 (Q) + CsT 2 3 2
|β| |ψ| + Cs (T α + T α ) 2 2 2
|β|3 |ψ|2
Q Q
Z Z
2 3 2 2
−2 (s|∇ψ| − s |∇ϕ| |ψ| )∆ϕ + 4s (∂i ∂j ϕ)∂i ψ∂j ψ, (A.19)
Q Q

para todo α ≥ α0 . Por outro lado, repara-se que

|∇β| ≥ Cαβ em (Ω \ ω) × (0, T ), ∀α ≥ α0 . (A.20)

De fato, como |∇η| > 0 em Ω \ ω segue que

|∇β| = αβ|∇τ | = αβ|∇η| ≥ C(Ω, ω)αβ.

Caso α ≥ α0 e s ≥ κ0 (Ω, ω)(T 2 + T ) pela desigualdade (A.20) deduz-se que


Z
2 2 4 2 2
C(s (T α + T α ) + sT ) |β|3 |ψ|2
(Ω\ω)×(0,T )
Z
4 2 2 2
≤ Cα ((T + T )s + T s) |β|3 |ψ|2
(Ω\ω)×(0,T )
T Z

2 2
≤ Cαs (T + T ) + α3 β 3 |ψ|2
κ (Ω\ω)×(0,T )
!Z0
1 1 1
≤ 2 αs3 + 2 |∇β|3 |ψ|2
C κ0 κ0 (Ω\ω)×(0,T )
e
T Z
Z  
2 2 4 2 2 3 2 4 2 2
C(s (T α + T α ) + sT ) |β| |ψ| ≤ Cα s (T + T ) + |β|3 |ψ|2
ω×(0,T ) κ ω×(0,T )
!Z 0
1 1
≤ Cα4 s3 + 2 |β|3 |ψ|2 .
κ0 κ0 ω×(0,T )

Então, segue das duas últimas desigualdades e de (A.19) que


!!
1 1 1 Z
||T1 ψ||2L2 (Q)+ ||T2 ψ||2L2 (Q)
+ C− 2 + 2 3
sα |∇β|3 |ψ|2
C κ0 κ0 (Ω\ω)×(0,T )
!
1 1 Z Z
≤ 2||g||2L2 (Q) + C + 2 α 4 s3 |β|3 |ψ|2 − 2 (s|∇ψ|2 − s3 |∇ϕ|2 |ψ|2 )∆ϕ
κ0 κ0 ω×(0,T ) Q
Z
+ 4s (∂i ∂j ϕ)∂i ψ∂j ψ,
Q
APÊNDICE A. Demonstração da Proposição 3 97

para α ≥ α0 e s ≥ κ0 (Ω, ω)(T 2 + T ). Para κ0 suficientemente grande existe constante


dependendo somente de Ω e ω tal que
Z
||T1 ψ||2L2 (Q) +||T2 ψ||2L2 (Q) + Cs α 3
|∇β|3 |ψ|2
(Ω\ω)×(0,T )
Z Z
≤ 2||g||2L2 (Q) + Cα4 s3 |β|3 |ψ|2 − 2 (s|∇ψ|2 − s3 |∇ϕ|2 |ψ|2 )∆ϕ
ω×(0,T ) Q
Z
+ 4s (∂i ∂j ϕ)∂i ψ∂j ψ, (A.21)
Q

para α ≥ α0 e s ≥ κ0 (Ω, ω)(T 2 + T ). Para estimar a segunda integral a direita define-se


Z
I= (s|∇ψ|2 − s3 |∇ϕ|2 |ψ|2 )∆ϕ.
Q

Percebe-se então que


Z Z
2
I=s ∆ϕ|∇ψ| + s −s2 |∇ϕ|2 ψψ∆ϕ
Q Q
Z Z
2
=s ∆ϕ|∇ψ| + s (−T2 ψ + ∆ψ + s(∂t ϕ)ψ)ψ∆ϕ
Q Q
Z Z
=s ∆ϕ|∇ψ|2 + s (T1 ψ + ∆ψ + s(∂t ϕ)ψ − g + sψ∆ϕ)ψ∆ϕ
Q Q
Z Z Z
=s (|∇ψ|2 + ψ(∆ψ))∆ϕ + s2 ∂t ϕ|ψ|2 ∆ϕ + s (T1 ψ − g + sψ∆ϕ)ψ∆ϕ,
Q Q Q

onde foram utilizados (A.2) na segunda igualdade e (A.1) na terceira igualdade. Aplicando
o Teorema 40 e a primeira identidade do Teorema 39, obtém-se que
Z Z
(|∇ψ|2 + ψ∆ψ)∆ϕ = (∆ϕ)∇ · (ψ∇ϕ)
Q Q
Z Z
=− ∇(∆ϕ) · (ψ∇ψ) + ψ∆ϕ∇ψ · ν
Q Σ
1Z
=− ∇(∆ϕ) · ∇ψ 2
2 Q
1Z 2 2 1Z ∂(∆ϕ)
= ∆ ϕ|ψ| − |ψ|2
2 Q 2 Σ ∂ν
1Z
= ∆2 ϕ|ψ|2 .
2 Q
Portanto,
sZ 2 2 2
Z
2
Z
I= ∆ ϕ|ψ| + s ∂t ϕ|ψ| ∆ϕ + s (T1 ψ − g + sψ∆ϕ)ψ∆ϕ
2Z Q Q Q
2
Z
2 2 sZ
= s (T1 ψ − g)ψ∆ϕ + s (|∆ϕ| + (∂t ϕ)∆ϕ)|ψ| + ∆2 ϕ|ψ|2 .
Q Q 2 Q
Usando o Teorema 38 para estimar a integral I tem-se que
Z Z
sZ
|I| ≤ s (|T1 ψ| + |g|)|ψ∆ϕ| + s2 (|∆ϕ|2 + |(∂t ϕ)∆ϕ|)|ψ|2 + |∆2 ϕ||ψ|2
Q Q 2 Q
Z √ −1 √ Z q √ −1
= |( 2) T1 ψ|| 2sψ∆ϕ| + | (2)g||( 2) sψ∆ϕ|
Q Q
2
Z
2 sZ 2
+s (|∆ϕ| + |(∂t ϕ)∆ϕ|)|ψ| + |∆2 ϕ||ψ|2
Q 2 Q
APÊNDICE A. Demonstração da Proposição 3 98

1Z Z Z
s2 Z Z
≤ |T1 ψ|2 + s2 |ψ∆ϕ|2 + |g|2 + |ψ∆ϕ|2 + s2 (|∆ϕ|2 + |(∂t ϕ)∆ϕ|)|ψ|2
4 Q Q Q 4 Q Q
sZ
+ |∆2 ϕ||ψ|2
2 Q
1 2 2 2
Z
2 2 sZ
≤ ||T1 ψ||L2 (Q) + ||g||L2 (Q) + 3s (|∆ϕ| + |(∂t ϕ)∆ϕ|)|ψ| + |∆2 ϕ||ψ|2 . (A.22)
4 Q 2 Q
Por outro lado, nota-se que
|∆2 ϕ| ≤ Cα4 T 4 β 3 em Q. (A.23)

De fato,
1 1
|∆2 ϕ| = |∆2 (exp(ατ ))| = |∆(exp(ατ )[α∆τ + α2 |∇τ |2 ])|
t(T − t) t(T − t)
1
= |α∆(exp(ατ )∆τ ) + α2 ∆(exp(ατ )|∇τ |2 )|
t(T − t)
1
= |α(∆(exp(ατ ))∆τ + 2∇(exp(ατ )) · ∇(∆τ ) + exp(ατ )∆2 τ )
t(T − t)
+ α2 (∆(exp(ατ ))|∇τ |2 + 2∇(exp(ατ )) · ∇(|∇τ |2 ) + exp(ατ )∆(|∇τ |2 ))|
1
= |∆(exp(ατ ))(α∆τ + α2 |∇τ |2 ) + 2∇(exp(ατ )) · (α∇(∆τ ) + α2 ∇(|∇τ |2 ))
t(T − t)
+ exp(ατ )(α∆2 τ + α2 |∇τ |2 )|
1
= | exp(ατ )(α∆τ + α2 |∇τ |2 )2 + 2α exp(ατ )∇τ · (α∇(∆τ ) + α2 ∇(|∇τ |2 ))
t(T − t)
+ exp(ατ )(α∆2 τ + α2 |∇τ |2 )|
exp(ατ )
≤ |(α∆τ + α2 |∇τ |2 )2 + 2α∇τ · (α∇(∆τ ) + α2 ∇(|∇τ |2 )) + α∆2 τ + α2 |∇τ |2 |
t(T − t)
α4 exp(ατ )
≤ ((|∆η| + |∇η|2 )2 + 2|∇η · (∇(∆η) + ∇(|∇η|2 ))| + |∆2 η| + |∇τ |2 )
t(T − t)
C(Ω, ω)α4 exp(3ατ )
≤ .
t(T − t)

E como t2 (T − t)2 ≤ T 4 para t ∈ (0, T ) segue que

Cα4 T 4 exp(3ατ )
|∆2 ϕ| ≤ = Cα4 T 4 β 3 .
t3 (T − t)3

Substituindo as desigualdades (A.15), (A.17) e (A.23) em (A.22) chega-se na seguinte


estimativa para a integral I
Z
2
Z
2 sZ
2
|I| ≤ s (|T1 ψ| + |g|)|ψ∆ϕ| + s (|∆ϕ| + |(∂t ϕ)∆ϕ|)|ψ| + |∆2 ϕ||ψ|2
Q Q 2 Q
1 2 2 2 2 4 2
Z
3 2 s 4 4
Z
≤ ||T1 ψ||L2 (Q) + ||g||L2 (Q) + 3s C(T α + T α ) β |ψ| + CT α β 3 |ψ|2 .
4 Q 2 Q
APÊNDICE A. Demonstração da Proposição 3 99

Pela estimativa acima e (A.21) conclui-se que


Z
||T1 ψ||2L2 (Q) + ||T2 ψ||2L2 (Q) + Cs3 α |∇β|3 |ψ|2 ≤ 2||g||2L2 (Q)
(Ω\ω)×(0,T )
1 s
 Z Z 
2 2 2 2 4 2 3 2 4 4
+ 2 ||T1 ψ||L2 (Q) + ||g||L2 (Q) + 3s C(T α + T α ) β |ψ| + CT α β 3 |ψ|2
4 Z Z
Q 2 Q

+ Cα4 s3 |β|3 |ψ|2 + 4s (∂i ∂j ϕ)∂i ψ∂j ψ,


ω×(0,T ) Q

para α ≥ α0 e s ≥ κ0 (Ω, ω)(T 2 + T ). Reorganizando os termos e usando que s ≥ κ0 (T + T 2 )


tem-se que
1 2 2 3
Z
||T1 ψ||L2 (Q) +||T2 ψ||L2 (Q) + Cs α |∇β|3 |ψ|2
2 (Ω\ω)×(0,T )
Z Z
≤ 4||g||2L2 (Q) + 4s (∂i ∂j ϕ)∂i ψ∂j ψ + Cα4 s3 |β|3 |ψ|2
Q ω×(0,T )
Z Z
+ 6s2 C(T 2 α4 + T α2 ) β 3 |ψ|2 + sCT 4 α4 β 3 |ψ|2
Q Q
Z Z
≤ 4||g||2L2 (Q) + 4s (∂i ∂j ϕ)∂i ψ∂j ψ + Cα4 s3 |β|3 |ψ|2
Q ω×(0,T )
C 3 4Z 3 2 C 3 4Z
+ 2s α |β| |ψ| + 6 s α |β|3 |ψ|2 .
κ0 Q κ0 Q

E utilizando a desigualdade (A.20), assim como foi usada anteriormente para deduzir (A.21),
obtém-se que para κ0 suficientemente grande
Z
||T1 ψ||2L2 (Q) + ||T2 ψ||2L2 (Q) + Cs3 α |∇β|3 |ψ|2
(Ω\ω)×(0,T )
Z Z
≤ C||g||2L2 (Q) + Cα s 4 3 3 2
|β| |ψ| + Cs (∂i ∂j ϕ)∂i ψ∂j ψ,
ω×(0,T ) Q

para α ≥ α0 e s ≥ κ0 (Ω, ω)(T 2 + T ) com C constante dependendo somente de Ω e ω. E


aplicando a desigualdade (A.20) novamente infere-se que
Z
||T1 ψ||2L2 (Q) + ||T2 ψ||2L2 (Q) + Cs3 α4 exp(3ατ )t−3 (T − t)−3 |ψ|2
Q
Z Z
≤ C||g||2L2 (Q) + Cα4 s3 exp(3ατ )t−3 (T − t)−3 ψ|2 + Cs (∂i ∂j ϕ)∂i ψ∂j ψ, (A.24)
ω×(0,T ) Q

para α ≥ α0 e s ≥ κ0 (Ω, ω)(T 2 + T ) comZ C constante dependendo somente de Ω e ω.


2 3 4
Estimando o termo ||T2 ψ||L2 (Q) + Cs α exp(3ατ )t−3 (T − t)−3 |ψ|2 chega-se em
Q
Z
CZ
||T2 ψ||2L2 (Q) + Cs3 α4 exp(3ατ )t−3 (T − t)−3 |ψ|2 ≥ exp(−ατ )t(T − t)|∆ψ|2 , (A.25)
Q s Q
para α ≥ α0 e s ≥ κ0 (Ω, ω)(T 2 + T ). De fato,
1Z 2 1Z
exp(−ατ )t(T − t)|∆ψ| = exp(−ατ )t(T − t)|T2 ψ − s2 |∇ϕ|2 ψ − s(∂t ϕ)ψ|2
s Q s Q
1Z
≤ exp(−ατ )t(T − t)(|T2 ψ| + s2 |∇ϕ|2 |ψ| + s|∂t ϕ||ψ|)2
s Q
3Z
≤ exp(−ατ )t(T − t)(|T2 ψ|2 + s4 |∇ϕ|4 |ψ|2 + s2 |∂t ϕ|2 |ψ|2 ).
s Q
APÊNDICE A. Demonstração da Proposição 3 100

Por outro lado,

1 α exp(ατ ) Cα exp(ατ )
|∇ϕ| = |∇(exp(ατ ))| = |∇τ | ≤ ,
t(T − t) t(T − t) t(T − t)

| exp(ατ ) − exp(ατ )| CT exp(2ατ )


|∂t ϕ| = |T − 2t| ≤ 2 .
t (T − t)
2 2 t (T − t)2
Logo,
1Z
exp(−ατ )t(T − t)|∆ψ|2
s Q
CZ Z
≤ exp(−ατ )t(T − t)|T2 ψ|2 + Cα4 s3 exp(3ατ )t−3 (T − t)−3 |ψ|2
s QZ Q

+ CsT 2 exp(3ατ )t−3 (T − t)−3 |ψ|2


Q
CT 2 Z Z
≤ exp(−ατ )|T2 ψ|2 + Cα4 s3 exp(3ατ )t−3 (T − t)−3 |ψ|2
s ZQ Q

+ CsT 2 exp(3ατ )t−3 (T − t)−3 |ψ|2 .


Q

Como exp(−ατ ) ≤ 1 em Q, α ≥ 1 e s ≥ κ0 (T 2 + T ), então


1Z Z
exp(−ατ )t(T − t)|∆ψ|2 ≤ C||T2 ψ||2L2 (Q) + Cα4 s3 exp(3ατ )t−3 (T − t)−3 |ψ|2
s Q Q

e (A.25) segue. Nota-se ainda que


1Z Z
exp(−ατ )t(T − t)|∆ψ|2 + s3 α4 exp(3ατ )t−3 (T − t)−3 |ψ|2
s Q Q
Z
≥ Csα2 exp(ατ )t−1 (T − t)−1 |∇ψ|3 , (A.26)
Q

para α ≥ α0 e s ≥ κ0 (Ω, ω)(T 2 + T ). De fato, aplicando o Teorema 40


Z Z
−1 −1
2sα 3
exp(ατ )t (T − t) (∇τ · ∇ψ)ψ = sα 2
t−1 (T − t)−1 ∇(exp(ατ )) · ∇ψ 2
Q Q
Z Z
−1 −1
= −sα 2
t (T − t) 2
exp(ατ )∇ · (∇ψ ) + sα 2
t−1 (T − t)−1 exp(ατ )∇ψ 2 · ν.
Q Σ

Como ψ ≡ 0 em Σ e

∇ · (∇ψ 2 ) = ∂i (2ψ∂i ψ) = 2(∂i ψ)2 + 2ψ∂i2 ψ = 2|∇ψ|2 + 2ψ∆ψ,

então
Z
2sα3 exp(ατ )t−1 (T − t)−1 (∇τ · ∇ψ)ψ
Q
Z Z
= −2sα2 exp(ατ )t−1 (T − t)−1 |∇ψ|2 − 2sα2 exp(ατ )t−1 (T − t)−1 ψ∆ψ.
Q Q
APÊNDICE A. Demonstração da Proposição 3 101

Isolando o primeiro termo a direita obtém-se


Z
2sα2 exp(ατ )t−1 (T − t)−1 |∇ψ|2
Q
Z Z
= −2sα3 exp(ατ )t−1 (T − t)−1 (∇τ · ∇ψ)ψ − 2sα2 exp(ατ )t−1 (T − t)−1 ψ∆ψ.
Q Q
(A.27)

Por outro lado, usando uma vez mais o Teorema 40 tem-se que
Z Z
2sα3 exp(ατ )t−1 (T − t)−1 (∇τ · ∇ψ)ψ = sα2 t−1 (T − t)−1 ∇(exp(ατ )) · ∇ψ 2
Q Q
Z Z
= − sα2 t−1 (T − t)−1 ψ 2 ∇ · (∇(exp(ατ ))) + sα2 t−1 (T − t)−1 ψ 2 ∇(exp(ατ )) · ν.
Q Σ

Como ψ ≡ 0 em Σ e

∇ · (∇(exp(ατ ))) = ∂i (α exp(ατ )∂i τ ) = α exp(ατ )∂i2 τ + α2 exp(ατ )(∂i τ )2


= α exp(ατ )∆τ + α2 exp(ατ )|∇τ |2 ,

então
Z
2sα 3
exp(ατ )t−1 (T − t)−1 (∇τ · ∇ψ)ψ
Q
Z Z
−1 −1
= −sα 3
exp(ατ )t (T − t) ∆τ |ψ| − sα 2 4
exp(ατ )t−1 (T − t)−1 |∇τ |2 |ψ|2 .
Q Q

Substituindo a igualdade acima em (A.27) chega-se em


Z
2sα2 exp(ατ )t−1 (T − t)−1 |∇ψ|2
Q
Z Z
= sα3 exp(ατ )t−1 (T − t)−1 ∆τ |ψ|2 + sα4 exp(ατ )t−1 (T − t)−1 |∇τ |2 |ψ|2
Q Q
Z
2 −1 −1
− 2sα exp(ατ )t (T − t) ψ∆ψ. (A.28)
Q

T4
Agora estimam-se os termos a direita da igualdade acima. Como τ ∈ C 2 (Q), ≥1
t2 (T − t)2
em (0, T ) e s ≥ κ0 (T + T 2 ), segue que
Z Z
−1 −1
sα 4
exp(ατ )t (T − t) |∇τ | |ψ| ≤ CsT α 2 2 4 4
exp(3ατ )t−3 (T − t)−3 |ψ|2
Q Q
Z
≤ Cs α 3 4
exp(3ατ )t−3 (T − t)−3 |ψ|2 . (A.29)
Q

De maneira similar obtém-se que


Z Z
−1 −1
sα 3
exp(ατ )t (T − t) ∆τ |ψ| ≤ CsT α 2 4 4
exp(3ατ )t−3 (T − t)−3 |ψ|2
Q Q
Z
≤ Cs3 α4 exp(3ατ )t−3 (T − t)−3 |ψ|2 . (A.30)
Q
APÊNDICE A. Demonstração da Proposição 3 102

Para o último termo repara-se que pelo Teorema 38


Z
− 2sα 2
exp(ατ )t−1 (T − t)−1 ψ∆ψ
Q
Z √  √
ατ 1 3ατ − 3
    
1 1 3 3
= 2s− 2 exp − t 2 (T − t) 2 (−∆ψ) 2s 2 α2 exp t 2 (T − t)− 2 ψ
Q
Z
2 Z
2
≤ s−1 exp(ατ )t(T − t)|∆ψ|2 + s3 α4 exp(3ατ )t−3 (T − t)−3 |ψ|2 . (A.31)
Q Q

Substituindo (A.29), (A.30) e (A.31) em (A.28) obtém-se (A.26). Pelas desigualdades (A.25)
e (A.26) conclui-se que
Z
||T2 ψ||2L2 (Q) + Cs α 3 4
exp(3ατ )t−3 (T − t)−3 |ψ|2
Q
CZ Z
≥ exp(−ατ )t(T − t)|∆ψ|2 + Csα2 exp(ατ )t−1 (T − t)−1 |∇ψ|2 . (A.32)
s Q Q

Por outro lado,

(∂i ∂j ϕ)∂i ψ∂j ψ = − exp(ατ )t−1 (T − t)−1 (α2 ∂i τ ∂j τ + α∂i ∂j τ )∂i ψ∂j τ
= −α exp(ατ )t−1 (T − t)−1 (α∂i τ ∂i ψ∂j τ ∂j ψ + ∂i ∂j τ ∂i ψ∂j ψ)
= −α exp(ατ )t−1 (T − t)−1 (α(∇τ · ∇ψ)2 + ∂i ∂j τ ∂i ψ∂j ψ)
≤ −α exp(ατ )t−1 (T − t)−1 ((∇τ · ∇ψ)2 + ∂i ∂j τ ∂i ψ∂j ψ)
≤ α exp(ατ )t−1 (T − t)−1 |∇τ |2 |∇ψ|2 + α exp(ατ )t−1 (T − t)−1 (|∂i ∂j τ ||∂i ψ||∂j ψ|)
≤ Cα exp(ατ )t−1 (T − t)−1 |∇ψ|2 .

De onde segue que


Z Z
Cs (∂i ∂j ϕ)∂i ψ∂j ψ ≤ Csα exp(ατ )t−1 (T − t)−1 |∇ψ|2 . (A.33)
Q Q

Portanto, substituindo (A.32) e (A.33) em (A.24) chega-se em


CZ Z
||T1 ψ||2L2 (Q)
+ 2
exp(−ατ )t(T − t)|∆ψ| + Csα 2
exp(ατ )t−1 (T − t)−1 |∇ψ|2
Z
s Q Q
3 4
+ Cs α exp(3ατ )t−3 (T − t)−1 |ψ|2
Q
Z
≤ C||g||2L2 (Q) + Cs α 3 4
exp(3ατ )t−3 (T − t)−3 |ψ|2
ω×(0,T )
Z
+ Csα exp(ατ )t−1 (T − t)−1 |∇ψ|2 ,
Q

para α ≥ α0 e s ≥ κ(Ω, ω)(T 2 + T ), com C constante dependendo somente de Ω e ω.


Percebe-se ainda que existe α1 (Ω, ω) tal que
Z Z
−1 −1
Csα 2
exp(ατ )t (T − t) |∇ψ| ≥ 2Csα 2
exp(ατ )t−1 (T − t)−1 |∇ψ|2 ,
Q Q

para α ≥ α1 ≥ 1. Então, fixando α = α1 (Ω, ω), tem-se que


CZ Z Z
||T1 ψ||2L2 (Q) + t(T − t)|∆ψ|2 + Cs t−1 (T − t)−1 |∇ψ|2 + Cs3 t−3 (T − t)−1 |ψ|2
s Q Q Q
Z !
−3 −3
≤C ||g||2L2 (Q) +s 3
t (T − t) |ψ| 2
, (A.34)
ω×(0,T )
APÊNDICE A. Demonstração da Proposição 3 103

para todo s ≥ κ0 (T 2 + T ). Por outro lado, segue pela definição de T1 que


1Z 2 1Z
t(T − t)|∂t ψ| = t(T − t)|T1 ψ − 2s∇ϕ · ∇ψ|2
s Q s Q
1Z Z
≤ t(T − t)|T1 ψ|2 + 4s t(T − t)|∇ϕ · ∇ψ|2
s Q Q
2 Z
T Z
≤ |T1 |2 + 2s t(T − t)|∇ϕ|2 |∇ψ|2
s Q Q
2
T Z
= ||T1 ||2L2 (Q) + Csα2 exp(2ατ )t−1 (T − t)−1 |∇τ |2 |∇ψ|2 .
s Q

Usando que s ≥ κ0 T 2 deduz-se que


1Z Z
t(T − t)|∂t ψ|2 ≤ C||T1 ||2L2 (Q) + Cs t−1 (T − t)−1 |∇ψ|2 (A.35)
s Q Q

com C(Ω, ω). Então segue por (A.34) e (A.35) que


1Z Z Z
t(T − t)(|∂t ψ|2 + |∆ψ|2 ) + s t−1 (T − t)−1 |∇ψ|2 + s3 t3 (T − t)3 |ψ|2
s Q Q Q
Z !
−3 −3
≤C ||g||2L2 (Q) +s 3
t (T − t) |ψ| 2
. (A.36)
ω×(0,T )

Nota-se que ψ = Φ−s f = exp(−sϕ)f e

∂t ψ = exp(−sϕ)(∂t f − s(∂t ϕ)f ),


∇ψ = exp(−sϕ)∇f − s(∇ϕ)f,
∆ψ = exp(−sϕ)(∆f − 2s∇ϕ · ∇f + s2 |∇ϕ|2 f − s(∆ϕ)f ).

Dessa maneira estimam-se inferiormente os termos a esquerda da desigualdade (A.36).


1Z 2 1Z
t(T − t)|∂t ψ| = t(T − t)| exp(−sϕ)(∂t f − s(∂t ϕ)f )|2
s Q s Q
1Z
≥ t(T − t) exp(−2sϕ)(|∂t f | − s|∂t ϕ||f |)2
s Q
1Z
= t(T − t) exp(−2sϕ)(|∂t f |2 − 2s|∂t f ||∂t ϕ||f | + s2 |∂t ϕ|2 |f |2 )
s Q
1Z Z
= t(T − t) exp(−2sϕ)|∂t f |2 − 2 t(T − t) exp(−2sϕ)|∂t f ||∂t ϕ||f |
sZ Q Q

+s t(T − t) exp(−2sϕ)|∂t ϕ|2 |f |2


Q
1Z 2 1 Z
≥ t(T − t) exp(−2sϕ)|∂t f | − t(T − t) exp(−2sϕ)|∂t f |2
s ZQ 2s QZ
− 2s t(T − t) exp(−2sϕ)|∂ϕ|2 |f |2 + s t(T − t) exp(−2sϕ)|∂t ϕ|2 |f |2
Q Q
1 Z Z
= t(T − t) exp(−2sϕ)|∂t f |2 − s t(T − t) exp(−2sϕ)|∂t ϕ|2 |f |2
2s Q Q
1 Z
= t(T − t) exp(−2sϕ)|∂t f |2
2s
Z
Q

−s | exp(ατ ) − exp(ατ )|2 |2t − T |2 t−3 (T − t)−3 exp(−2sϕ)|f |2


Q
APÊNDICE A. Demonstração da Proposição 3 104

1 Z
≥ t(T − t) exp(−2sϕ)|∂t f |2
2s Q Z
− sT 2 | exp(ατ ) − exp(ατ )|2 t−3 (T − t)−3 exp(−2sϕ)|f |2 ,
Q
onde usou-se o Teorema 38 para deduzir a segunda desigualdade. Como s ≥ κ0 T existe
constante C1 dependendo somente de Ω e ω tal que
1Z
t(T − t)|∂t ψ|2
s Q
1 Z Z
≥ 2
t(T − t) exp(−2sϕ)|∂t f | − C1 s 3
t−3 (T − t)−3 exp(−2sϕ)|f |2 .
2s Q Q
(A.37)
Procedendo de maneira análoga obtém-se
Z Z
s t−1 (T − t)−1 |∇ψ|2 = s t−1 (T − t)−1 exp(−2sϕ)|∇f − s(∇ϕ)f |2
Q Q
Z
≥s t−1 (T − t)−1 exp(−2sϕ)(|∇f | − s|∇ϕ||f |)2
Q
Z Z
=s t−1 (T − t)−1 exp(−2sϕ)|∇f |2 − 2s2 t−1 (T − t)−1 exp(−2sϕ)|∇f ||∇ϕ||f |
Q Q
Z
3 −1 −1 2 2
+s t (T − t) exp(−2sϕ)|f | |∇ϕ| (A.38)
Q
Z
−1 −1 s Z −1
≥s t (T − t) exp(−2sϕ)|∇f | − t (T − t)−1 exp(−2sϕ)|∇f |2
2
Q
Z
2 Q Z
− 2s3 t−1 (T − t)−1 exp(−2sϕ)|f |2 |∇ϕ|2 + s3 t−1 (T − t)−1 exp(−2sϕ)|f |2 |∇ϕ|2
Q Q
s Z −1 −1
Z
= 2
t (T − t) exp(−2sϕ)|∇f | − s 3
t−1 (T − t)−1 exp(−2sϕ)|f |2 |∇ϕ|2
2 ZQ Q
s −1 −1 2
= t (T − t) exp(−2sϕ)|∇f |
2 QZ
− α 2 s3 t−3 (T − t)−3 exp(−2sϕ) exp(2ατ )|∇τ |2 |f |2
Q
s Z −1 −1
Z
≥ 2
t (T − t) exp(−2sϕ)|∇f | − C2 s 3
exp(−2sϕ)t−3 (T − t)−3 |f |2 , (A.39)
2 Q Q
onde usou-se o Teorema 38 para obter a segunda desigualdade e C2 é uma constante
dependendo somente de Ω e ω. Novamente procedendo de maneira similar chega-se em
1Z 1Z
t(T − t)|∆ψ|2 = t(T − t) exp(−2sϕ)|∆f − 2s∇ϕ · ∇f + s2 |∇ϕ|2 f + s(∆ϕ)f |2
s Q s Q
1Z
≥ t(T − t) exp(−2sϕ)(|∆f | − | − s2 |∇ϕ|2 f + 2s∇ϕ · ∇f + s(∆ϕ)f |)2
s Q
1Z
= t(T − t) exp(−2sϕ)(|∆f |2 − 2|∆f || − s2 |∇ϕ|2 f + 2s∇ϕ · ∇f + s(∆ϕ)f |
s Q
+ | − s2 |∇ϕ|2 f + 2s∇ϕ · ∇f + s(∆ϕ)f |2 )
1Z 1
 
2 2 2 2
≥ t(T − t) exp(−2sϕ) |∆f | − | − s |∇ϕ| f + 2s∇ϕ · ∇f + s(∆ϕ)f |
s Q 2
1 Z
= t(T − t) exp(−2sϕ)|∆f |2
2s
Z
Q

−s t(T − t) exp(−2sϕ)| − s|∇ϕ|2 f + 2∇ϕ · ∇f + f ∆ϕ|2


Q
APÊNDICE A. Demonstração da Proposição 3 105

1 Z
≥ t(T − t) exp(−2sϕ)|∆f |2
2s
Z
Q

−s t(T − t) exp(−2sϕ)(|2∇ϕ · ∇f | + |f (s|∇ϕ|2 − ∆ϕ)|)2


Q
1 Z Z
= t(T − t) exp(−2sϕ)|∆f |2 − s t(T − t) exp(−2sϕ)(4|∇ϕ · ∇f |2
2s Q Q

+ 4|∇ϕ · ∇f ||f ||s|∇ϕ|2 − ∆ϕ| + |f |2 |s|∇ϕ|2 − ∆ϕ|2 )


1 Z
≥ t(T − t) exp(−2sϕ)|∆f |2
2sZ
Q

−s t(T − t) exp(−2sϕ)(6|∇ϕ · ∇f |2 + 3|f |2 |s|∇ϕ|2 − ∆ϕ|2 )


Q
1 Z Z
≥ 2
t(T − t) exp(−2sϕ)|∆f | − 6s t(T − t) exp(−2sϕ)|∇ϕ|2 |∇f |2
2sZ Q Q

− 3s t(T − t) exp(−2sϕ)|f |2 |s|∇ϕ|2 − ∆ϕ|2


Q
1 Z
≥ t(T − t) exp(−2sϕ)|∆f |2
2s QZ
− 6α2 s t−1 (T − t)−1 exp(−2sϕ) exp(2ατ )|∇τ |2 |∇f |2
Q
Z
− 3s t(T − t) exp(−2sϕ)|f |2 |(t−2 (T − t)−2 )(sα2 exp(2ατ )|∇τ |2
Q

− (t(T − t))(α2 |∇τ |2 exp(ατ ) + α(∆τ ) exp(ατ )))|2


1 Z Z
≥ t(T − t) exp(−2sϕ)|∆f | − C3 s t−1 (T − t)−1 exp(−2sϕ)|∇f |2
2
2s QZ Q

− C 4 s3 t−3 (T − t)−3 exp(−2sϕ)|f |2 , (A.40)


Q

onde C3 e C4 são constantes dependendo somente de Ω e ω. Definindo as constantes


( )
1 1 b
 
0 < b < min 1, , 0 < a < min 1, ,
2C2 2(C1 + C4 ) 2C3

e usando (A.37), (A.38), (A.40) tem-se que


aZ Z Z
t(T − t)(|∂t ψ|2 + |∆ψ|2 ) + bs t−1 (T − t)−1 |∇ψ|2 + s3 t−3 (T − t)−3 |ψ|2
s Q Z Q Q
a Z
≥ exp(−2sϕ)t(T − t)|∂t f |2 − aC1 s3 exp(−2sϕ)t−3 (T − t)−3 |f |2
2s Z Q Q
a Z
+ exp(−2sϕ)t(T − t)|∆f |2 − aC3 s exp(−2sϕ)t−1 (T − t)−1 |∇f |2
2s Q Z Q
Z
− bC2 s3 exp(−2sϕ)t−3 (T − t)−3 |f |2 + s3 t−3 (T − t)−3 |f |2
Q Q
a Z
= exp(−2sϕ)t(T − t)(|∂t f |2 + |∆f |2 )
2s Q
! Z
b
+ − aC3 s exp(−2sϕ)t−1 (T − t)−1 |∇f |2
2 Q
Z
+ (1 − a(C1 + C4 ) − bC2 )s 3
exp(−2sϕ)t−3 (T − t)−3 |f |2 .
Q
APÊNDICE A. Demonstração da Proposição 3 106

Logo, existe C5 constante dependendo somente de Ω e ω tal que


1Z Z
exp(−2sϕ)t(T − t)(|∂t f |2 + |∆f |2 ) + s exp(−2sϕ)t−1 (T − t)−1 |∇f |2
s QZ Q

+ s3 exp(−2sϕ)t−3 (T − t)−3 |f |2
Q
1Z
 Z Z 
−1 −1
≤ C5 2 2 2
t(T − t)(|∂t ψ| + |∆ψ| ) + s t (T − t) |∇ψ| + s 3
t−3 (T − t)−3 |ψ|2 .
s Q Q Q

Substituindo a desigualdade acima em (A.36) deduz-se que


1Z Z
exp(−2sϕ)t(T − t)(|∂t f | + |∆f | ) + s exp(−2sϕ)t−1 (T − t)−1 |∇f |2
2 2
s Q Q
Z Z !
+s3 exp(−2sϕ)t−3 (T − t)−3 |f |2 ≤ C ||g||2L2 (Q) + s3 t−3 (T − t)−3 |ψ|2 ,
Q ω×(0,T )

onde C é constante dependendo somente de Ω e ω. Lembrando que g = Φ−s h = Φ−s (∂t f +


∆f ) e Φ = exp(ϕ) conclui-se
1 Z −2s Z
Φ t(T − t)(|∂t f | + |∆f | ) + s Φ−2s t−1 (T − t)−1 |∇f |2
2 2
s Q Q
Z Z Z !
3 −2s −3 −3 2 −2s 2 3 −3 −3 2
+s Φ t (T − t) |f | ≤ C Φ |∂t f + ∆f | + s t (T − t) |ψ| .
Q Q ω×(0,T )

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