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1

U NIVERSIDADE F EDERAL DO PARAN Á


P ROFESSOR J OS É R ENATO R AMOS B ARBOSA
L ISTA DE E XERC ÍCIOS - CM043 - II S EMESTRE - 2015
2
Conteúdo

1 Teoria de I Ordem 5

2 Teoria de II Ordem - Equação Caracterı́stica 17

3 Teoria de II Ordem - Séries de Taylor 19


3.1 Séries Numéricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.2 Séries de Funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
3.3 Séries de Potências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.4 Séries de Taylor - Funções Analı́ticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.4.1 Séries de Potências e Resolução de EDO’s . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

4 Transformada de Laplace (TL) e EDO 43


4.1 TL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4.2 EDO’s e TL’s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
4.2.1 Função Delta de Dirac (δ(t)) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
4.2.2 TL’s e Sistemas de EDO’s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

5 Exercı́cios 67

3
4 CONTEÚDO
Capı́tulo 1

Teoria de I Ordem

OBJETIVO DO CURSO
Estudar EQUAÇ ÕES DIFERENCIAIS ORDIN ÁRIAS ( EDOS ), bem como S ÉRIES DE FUNÇ ÕES e
TRANSFORMADAS DE LAPLACE com o intuito de aplicá-las em tais EDOS .
O QUE É UMA EDO ?
Uma EQUAÇ ÃO DIFERENCIAL ORDIN ÁRIA relaciona uma função incógnita, x(t),1 e algumas
de suas derivadas.
2
EXEMPLO : d 2x + x = 0
dt
Por um lado, note que se pensarmos na derivada de segunda ordem como a aceleração de
uma partı́cula no tempo t, m como uma massa unitária e o simétrico aditivo da função
incógnita como uma força F resistiva ao movimento, temos ma = F. Por outro lado tanto
cos t como sen t são soluções de tal EDO. Na verdade,

x = cte1 cos t + cte2 sen t

é solução da EDO com constantes ctei , i = 1, 2.2


T ÉCNICAS DE RESOLUÇ ÃO
Além das que serão vistas aqui, existem ainda resoluções numéricas e qualitativas.
DOM ÍNIO DAS SOLUÇ ÕES
É importate observar o domı́nio máximo da solução de uma EDO. Em geral tal domı́nio é um
conjunto aberto da reta real, isto é, um intervalo aberto ou uma união de intervalos abertos.
TEOREMA DE EXIST ÊNCIA E UNICIDADE ( TEU )
O PROBLEMA DE VALOR INICIAL
dx
( PVI ) dt = f(t, x) ( EDO )
x (t0 ) = x0 ( CONDIÇ ÃO INICIAL )

admite uma única solução x = x(t) num intervalo aberto I contendo t0 se f e fx são contı́nuas
num retângulo aberto


R = (t, x) ∈ R2 | a < t < b e c < x < d

contendo (t0 , x0 ) com I ⊂ (a, b).


1 Aqui, a função incógnita ainda pode ser representada por y(t).
2 Verifique!

5
6 CAPÍTULO 1. TEORIA DE I ORDEM

x R
x = x(t)
d
R
f
(t0 , x0 )
c

a t
b

EDO LINEAR DE PRIMEIRA ORDEM


Sejam a, b : I → R contı́nuas e I um intervalo aberto de números reais. Temos então o

x = a(t)x + b(t); ( EDO )
( PVI )
x (t0 ) = x0 . ( CONDIÇ ÃO INICIAL )
Pelo TEU, considerando f(t, x) = a(t)x + b(t), tal PVI admite uma única solução.
Vamos considerar os seguintes casos:
I a é a função nula.
Neste caso, temos a seguinte SOLUÇ ÃO GERAL via integração simples
Z Z
dx dx
= b(t) ⇒ dt = b(t)dt
dt dt
Z
⇒ x(t) = b(t)dt + cte.

EXEMPLOS :

x ′ = cos t;
1.
x(0) = 0.
Por um lado, a solução geral é dada por
Z
x(t) = cos tdt + cte

= sen t + cte.
Por outro lado, pela condição inicial,
0 = x(0) = sen 0 + cte ⇒ cte = 0.
Logo, x(t) = sen t é a solução de tal PVI.3

x ′ = 1t ;
2. .
x(1) = 0.
Por um lado, a solução geral é dada por
Z
1
x(t) = dt + cte
t
= ln |t| + cte.
3 Note ainda que I = R.
7

Por outro lado, pela condição inicial,

0 = x(1) = ln |1| + cte ⇒ cte = 0.

Logo, x(t) = ln t é a solução de tal PVI com I = (0, ∞).

II b é a função nula.
Neste caso, a seguinte resolução nos fornece a solução geral:
dx 1 dx
= a(t)x ⇒ = a(t)
dt x dt
d
⇒ [ln |x(t)|] = a(t)
Zdt Z
d
⇒ [ln |x(t)|] dt = a(t)dt
dt
Z
⇒ ln |x(t)| = a(t)dt + cte1
R
⇒ eln |x(t)| = e a(t)dt
· ecte1
R
⇒ |x(t)| = cte2 e a(t)dt
R
a(t)dt
⇒ x(t) = cte e .

De cima para baixo, a primeira implicação assume que x não se anula; a segunda usa
a Regra da Cadeia; a última considera cte como sendo qualquer uma das constantes
±cte2 .
EXEMPLOS :
t
1. x ′ = 1+t 2 x.

Se u = 1 + t2 , a solução geral segue de


R t
dt
x(t) = cte e 1+t2

1
R 1
du
= cte e 2 u

2
= cte eln 1+t
p
= cte 1 + t2 .
1/2
Vamos proceder uma verificação, derivando x = cte 1 + t2 em relação a t,
para obter a EDO deste exemplo. Assim:
1 −1/2
′ 2
x = cte · 2t · 1+t
2
 −1+ 1
2
= cte t 1 + t2
1  1/2
2
= t· · cte 1 + t
1 + t2
t
= x.
1 + t2
Obviamente, uma cte (e daı́ uma solução particular) é obtida se juntarmos uma
condição particular a tal EDO.
8 CAPÍTULO 1. TEORIA DE I ORDEM

x ′ = 2tx;
2. .
x(0) = 1.
Por um lado, a solução geral é dada por
R
2tdt
x(t) = cte e
2
= cte et .

Por outro lado, como


2
1 = x(0) = cte e0 ⇒ cte = 1,
2
segue que a solução do PVI é x = et .4

III a e b podem não ser identicamente nulas.


Neste caso, a solução do PVI é dada por
Z t  Zt
A(t) −A(s)
x = x0 + e e b(s) ds com A(t) = a(s) ds.5
t0 t0

De fato, note primeiramente que


Zt
a(s)ds = A(t)
t0
= A(t) − 0
= A(t) − A (t0 )
s=t
= A(s) .
s=t0

dA
Daı́ dt = a(t). Então
d h −A(t) i
e x = e−A(t) x ′ − a(t)e−A(t) x
dt
= e−A(t) x ′ − a(t)x
 

= e−A(t) b(t).
Assim, integrando de t0 até t, obtemos
Zt Zt Zt
d h −A(s) i −A(s) −A(t) −A(t0 )
e x ds = e b(s) ds ⇒ e x−e x (t0 ) = e−A(s) b(s) ds
t0 ds t0 t0
Z t 
A(t) A(t) −A(s)
⇒ x = x0 e +e e b(s) ds .
t0

Embora a fórmula anterior possa ser usada diretamente, não é aconselhável memorizá-
la. Vamos apresentar então a técnica do FATOR INTEGRANTE, com a qual podemos
reobter tal fórmula e, concomitantemente, obter um processo de resolução. O objetivo
aqui é escrever o primeiro membro da equação
x ′ − a(t)x = b(t)
4 Note que I = R.
5 Note que as soluções dos casos I e II são obtidas desta fórmula.
9

como a derivada de um produto para podermos então usar o caso I. Assim, por um
lado, multiplicando tal equação por µ(t) 6= 0, temos

µ(t)x ′ − a(t)µ(t)x = µ(t)b(t).

Por outro lado, se µ ′ = −aµ, então


R
(−a(t))dt
µ = cte1 e

pelo caso II. Para os nossos propósitos, sem perda de generalidade, vamos considerar
cte1 = 1. Assim, finalmente, voltando ao nosso problema original, temos que
Z Z
d d
(µx) = µb ⇒ (µx)dt = µbdt
dt dt
Z
⇒ µx = µbdt + cte
Z
−1 −1
⇒ x = cte µ + µ µ(t)b(t)dt.

Via uma condição


′ inicial, obtemos então a fórmula do caso III dada anteriormente.
tx = −x + t2 ;
EXEMPLO : .
x(1) = x0 .
Para t 6= 0, a EDO pode ser escrita como

1
x′ + x = t,
t
que, via o fator integrante
R 1
dt
µ=e t

= eln t
= t,

resulta em
d d
(µx) = µt ⇒ (tx) = t2
dt dt
t3
⇒ tx = + cte.
3

Agora, como cte = x0 − 13 pela condição inicial, temos

t2 x0 − 31
x= + .
3 t
Ainda, a condição inicial também nos diz que, como já aplicado no cálculo de µ, I =
(0, ∞).

EDO N ÃO - LINEAR DE PRIMEIRA ORDEM


Seja f(t, x) como no TEU. Estudaremos tal EDO dos tipos seguintes:
10 CAPÍTULO 1. TEORIA DE I ORDEM

• SEPAR ÁVEL
g(t)
Aqui, f(t, x) = h(x) com g e h contı́nuas. Além disso, h admite uma primitiva H
dH
invertı́vel, isto é, existe H tal que dx = h e existe H−1 . Então

dx g(t) dx
= ⇒ h(x) = g(t)
dt h(x) dt
dH dx
⇒ = g(t)
dx dt
d
⇒ [H(x(t))] = g(t)
dt Z
⇒ H(x(t)) = g(t)dt + cte
Z 
−1
⇒ x(t) = H g(t)dt + cte

com cte obtida via condição inicial de um PVI. (No cálculo anterior, de cima para baixo,
usamos a regra da cadeia na terceira implicação e uma integração em t na quarta.)
EXEMPLOS :

x ′ = 1 + x2 ;
1. .
x(0) = 0.
Como
1
x′ = 1
,
1+x2
1
temos aqui g(t) = 1 e h(x) = 1+x2
nas condições exigidas para as mesmas. Daı́

1 dx d
2
= 1 ⇒ [arctan x(t))] = 1
1 + x dt dt Z
⇒ arctan x(t) = 1 dt + cte

⇒ x(t) = tan(t + cte).

(Nas duas primeiras implicações anteriores, usamos a regra da cadeia e uma


integração em t, respectivamente.)
Aqui, a cte é obtida via

x(0) = 0 ⇒ tan(0 + cte) = 0


⇒ cte = arctan 0
⇒ cte = 0.

Assim x = tan t, t ∈ I = − π2 , π2 ,6 é a solução de tal PVI.




t2
2. x ′ = x2
.


6 Embora (2n−1)π
o domı́nio mais geral de uma função tan seja R − ± 2 n = 1, 2, 3, . . . , como solução de
tal PVI, seu domı́nio é o maior intervalo aberto que contenha t0 = 0.
11

Repetindo o procedimento anterior, temos

d x(t)3
 
2dx 2
x =t ⇒ = t2
dt dx 3
x(t)3 t3
⇒ = + cte1
3 p 3
3
⇒ x(t) = t3 + cte.

(Nas duas primeiras implicações anteriores, usamos a regra da cadeia e uma


integração em t, respectivamente.)
O domı́nio I de x(t) é R? Bom, por um lado, o TEU nos diz que x ′ deve ser
contı́nua. Por outro lado, como

1 1
x ′ (t) = 3t2 · ·q 2 → ∞
3 3
t3 + cte
√ √
t → − 3 cte,√
quando √ temos uma
 assı́ntota vertical em t = − 3 cte. Assim, I é ou
−∞, − 3 cte ou − 3 cte, ∞ .
3. xx ′ = −t.
Em analogia aos dois exemplos anteriores, temos

d x(t)2
 
dx
x = −t ⇒ = −t
dt dx 2
x(t)2 t2
⇒ = − + cte1
2 p 2
⇒ x(t) = −t2 + cte.

(Nas duas primeiras implicações anteriores, usamos a regra da cadeia e uma


integração em t, respectivamente.)
Para o domı́nio I de x(t), note que

x(t)2 + t2 = cte
√ √ √ 
é a equação da circunferência de centro (0, 0) e raio cte. Logo I = − cte, cte .

• EXATA
Aqui, f(t, x) = − M(t,x)
N(t,x) . Daı́ a EDO pode ser escrita da forma

dx
M(t, x) + N(t, x) = 0.
dt
Tal EDO é dita EXATA quando existe F(t, x) tal que Ft = M e Fx = N são contı́nuas.
Ainda,
F(t, x) = cte
é a solução (implı́cita) de tal EDO.
Como saber se uma EDO da forma M + Nx ′ = 0 é exata?
12 CAPÍTULO 1. TEORIA DE I ORDEM

Bom, a CM042 nos garante que, em sendo exata, temos


∂M ∂2 F
=
∂x ∂x∂t
∂2 F
=
∂t∂x
∂N
=
∂t
numa bola aberta, ainda que suficientemente pequena, para uma F que tenha deriva-
das parciais de segunda ordem contı́nuas em tal bola aberta. Isto nos leva ao seguinte
teste para aquela EDO ser exata:
Mx = Nt
deve ser uma condição verdadeira para M e N com derivadas parciais de primeira
ordem contı́nuas em alguma bola aberta.
EXEMPLOS :

1. 2tx − 3t2 + t2 − 2x dx
 
dt = 0.
Como M = 2tx − 3t e N = t2 − 2x, temos
2

Mx = 2t = Nt .
Assim, se Ft = M, então
Z
F(t, x) = M(t, x)dt
Z 
= 2tx − 3t2 dt

= t2 x − t3 + g(x)
com g(x) constante como resultado da integração em t anterior. Isto implica que,
se Fx = N, então
Z
2 dg 2
t + = t − 2x ⇒ g(x) = −2 xdx
dx
⇒ g(x) = −x2 − cte1
⇒ t2 x − t3 − x2 = cte
é a solução de 2tx − 3t2 + t2 − 2x x ′ = 0.
 

cos t − t sen t + x2 + 2tx dx

2. dt = 0;
x(π) = 1.
Por um lado, como M = cos t − t sen t + x2 e N = 2tx, temos
Mx = 2x = Nt .
Assim, se Fx = N, então
Z
F(t, x) = N(t, x)dx
Z
= 2txdx

= tx2 + h(t)
13

com h(t) constante como resultado da integração em x anterior. Isto implica que,
se Ft = M, então
Z Z
2 dh 2
x + = cos t − t sen t + x ⇒ h(t) = cos tdx − t sen t dt
dt
⇒ h(t) = sen t + cte1 − (−t cos t) − sen t + cte2
⇒ h(t) = t cos t + cte3
⇒ tx2 + t cos t = cte

é a solução de cos t − t sen t + x2 + 2txx ′ = 0. Daı́, por outro lado, usando a




condição inicial, segue que π12 + π cos π = cte, isto é, cte = 0. Logo a solução do
PVI é

tx2 + t cos t = 0

com domı́nio I = R.

g(t)
Observe que qualquer EDO separável x ′ = h(x) , isto é,

dx
−g(t) + h(x) = 0,
dt

é exata:
M(t, x) = −g(t) e N(t, x) = h(x) ⇒ Mx = 0 = Nt .

• BERNOULLI
Nesse tipo de EDO,
f(t, x) = −p(t)x + q(t)xn

com p, q : I → R contı́nuas, I intervalo real e n ∈ R constante. Assim, pelo TEU, o PVI


associado tem (única) solução. Ainda, note que para n ∈ {0, 1}, f(t, x) é linear. Suponha
/ {0, 1} e y = x1−n , cuja derivada em relação a t é y ′ = (1 − n)x−n x ′ . Então
então que n ∈

x ′ + p(t)x = q(t)xn ⇒ x−n x ′ + p(t)x1−n = q(t)


 
1
⇒ y ′ + p(t)y = q(t),
1−n

que é linear.
EXEMPLOS :


x ′ + 4t x = t3 x2 ;
1.
x(2) = −1.
Como n = 2, seja y = x1−n = x−1 , cuja derivada em relação a t é y ′ = −x−2 x ′ .
14 CAPÍTULO 1. TEORIA DE I ORDEM

Então
4 4
x′ + x = t3 x2 ⇒ x−2 x ′ + x−1 = t3
t t
′ 4
⇒ −y + y = t3
t
4
⇒ y ′ − y = −t3
t
 ′
⇒ t y = −t−1
−4
Z
−4 1
⇒t y=− dt
t
 
4 1
⇒ y = t ln + cte
t
1
⇒x= 1
.
4
t ln t + cte

Na quarta implicação anterior, de cima para baixo, usamos o fator integrante


R
(−4/t)dt
µ(t) = e
= e−4 ln t
= t−4 .
O uso de ln t (na segunda igualdade) segue da condição inicial: t0 = 2 não pode
ser ponto do domı́nio de ln(−t). Na verdade, isto também garante que o domı́nio
de x(t) só pode ter pontos t > 0. Ainda, a condição inicial nos fornece a cte:
1 1
−1 = ⇒ cte = ln 2 − .
24 (ln(1/2) + cte) 16
Assim, a solução do PVI é dada por
1
x(t) =
ln 1t + ln 2 − 16

t4
1
= ,
t4 ln 2t − 16
1

cujo domı́nio, como t > 0 e


2 1 2 1
ln − = 0 ⇒ ln =
t 16 t 16
2 1/16
⇒ =e
t
⇒ t = 2e−1/16 ,

é dado por 2e−1/16 , ∞ .7




 
7A outra possibilidade para o domı́nio de x(t), −∞, 2e−1/16 , é (obviamente) descartada.
15

x ′ = 5x + e−2t x−2 ;
2.
x(0) = 2.
Como n = −2, seja y = x1−n = x3 , cuja derivada em relação a t é y ′ = 3x2 x ′ .
Segue daı́ que

x ′ − 5x = e−2t x−2 ⇒ x2 x ′ − 5x3 = e−2t


1
⇒ y ′ − 5y = e−2t
3
⇒ y ′ − 15y = 3e−2t
 ′
⇒ e−15t y = 3e−17t
Z
−15t
⇒e y = 3 e−17t dt
3 −17t
⇒ e−15t y = − e + cte
17
3
⇒ y = e15t cte − e−2t
17
3 −2t 1/3
 
15t
⇒ x = e cte − e .
17

Na quarta implicação anterior, de cima para baixo, usamos o fator integrante


R
(−15)dt
µ(t) = e
= e−15t .

Agora, via a condição inicial, temos


 1/3
3 139
2= e cte − e0
0
⇒ cte = .
17 17

Temos então a seguinte solução para este PVI:


r
3 139e
15t − 3e−2t
x=
17
com domı́nio I = R.

• HOMOG ÊNEA
x

Para tal tipo de EDO, f(t, x) = F t e
x
ν= ⇒ x = tν
t
⇒ x ′ = ν + tν ′
⇒ ν + tν ′ = F(ν)
⇒ tν ′ = F(ν) − ν
1 dν 1
⇒ = ,
F(ν) − ν dt t
16 CAPÍTULO 1. TEORIA DE I ORDEM

que é uma EDO sepáravel. Note ainda que nenhuma solução x = x(t) pode interceptar
t = ′0. 2
o eixo vertical
txx + 4t + x2 = 0;
EXEMPLO :
x(2) = −7.

x ′  x 2
x = −4 − ⇒ νx ′ = −4 − ν2
t t
⇒ ν(ν + tν ′ ) = −4 − ν2
⇒ νtν ′ = −4 − 2ν2
dν 4 + 2ν2
⇒t =−
dt ν
ν 1
⇒ 2
dν = − dt
4 + 2ν t
1  
⇒ ln 4 + 2ν2 = − ln t + cte1
4
 1/4 1
2
⇒ 4 + 2ν = cte2
t
2 cte
⇒ 4 + 2ν = 4
 t 
2 1 cte
⇒ν = −4
2 t4
1 2 cte − 4t4
 
2
⇒x = t
2 t4

Na sexta implicação anterior, de cima para baixo, a condição inicial t0 = 2 elimina a


possibilidade do uso de ln(−t) e nos antecipa que o domı́nio de x(t) só contêm t > 0.
Ainda, pela condição inicial, temos que

cte − 4 · 24
 
1
(−7) = · 22
2
⇒ cte = 456.
2 24

Daı́, pela condição inicial x0 = −7 e o fato de t ter de ser positivo, temos que
r
228 − 2t4
x=−
t2
com

228 − 2t4 ≥ 0 ⇒ t4 ≤ 114


√4
⇒ 0 < t ≤ 114.
Capı́tulo 2

Teoria de II Ordem - Equação


Caracterı́stica

Em construção

17
18 CAPÍTULO 2. TEORIA DE II ORDEM - EQUAÇÃO CARACTERÍSTICA
Capı́tulo 3

Teoria de II Ordem - Séries de Taylor

3.1 Séries Numéricas


Sejam a1 , a2 , . . . , an , . . . números. Uma expressão da forma

X
a1 + a 2 + · · · = an
n=1

é dita uma S ÉRIE ( NUM ÉRICA ). Neste caso,


sn := a1 + a2 + · · · + an
é dita a n- ÉSIMA SOMA PARCIAL de tal série.
EXEMPLO :
Para a PG

X
1 1 1 1
+ + +··· = ,
2 4 8 2n
n=1
temos as seguintes somas parciais:
1 1 1 1 1 1
s1 = = 0, 5; s2 = + = 0, 75; s3 = + + = 0, 875; . . . .
2 2 4 2 4 8
Na verdade, o primeiro ı́ndice de uma determinada sequência infinita de números, que daı́ é
o primeiro ı́ndice da série propriamente dita, pode ser algum inteiro não-negativo diferente
de 1. Por exemplo, dependendo da série, esta pode ser representada como

X
a0 + a 1 + · · · = an ,
n=0

ou ainda

X
a2 + a 3 + · · · = an .
n=2
EXEMPLOS :
Acrescentando o número 1 a (ou retirando o número 1/2 da) PG anterior, temos
X 1 ∞ X 1 ∞
1 1 1 1 1
1+ + +··· = (ou + + · · · = ).
2 4 2n 4 8 16 2n
n=0 n=2

19
20 CAPÍTULO 3. TEORIA DE II ORDEM - SÉRIES DE TAYLOR

CONVERG ÊNCIA OU DIVERG ÊNCIA


Suponha que a sequência
s1 , s2 , . . . , sn , . . .
de somas parciais convirja para o número s, isto é, existe o limite daquela sequência e tal
limite é igual a s. Nesta caso, dizemos que a série a1 + a2 + · · · CONVERGE ( PARA s) e
denotamos

X
an = lim (a1 + · · · + an )
n→∞
n=1
= lim sn
n→∞
= s.

Caso não convirja para algum número, tal série é dita divergente.
EXEMPLO :
Considere a PG
a, aq, aq2 , . . . , aqn−1 , aqn , . . .
com razão q e primeiro termo a1 = a. (Assim, o n-ésimo termo é an = aqn−1 .) Temos os
seguintes casos:

Divergência para |q| ≥ 1: De fato:

• q = 1:
Aqui, as somas parciais são dadas por

s1 = a1 = a, s2 = a1 + a2 = 2a, . . . , sn = a1 + · · · + an = na, . . . .

Segue daı́ que

a1 + a2 + · · · = lim sn
n→∞
= lim na
n→∞
= ∞.

• q = −1:
Aqui, as somas parciais são dadas por

s1 = a1 = a,
s2 = a1 + a2 = a − a = 0,
s3 = a1 + a2 + a3 = a,
s4 = a1 + a2 + a3 + a4 = 0,
etc.

Isto é,
a se n é ı́mpar;
sn =
0 se n é par.
Obviamente, tal sequência diverge.
3.1. SÉRIES NUMÉRICAS 21

• |q| > 1:
Por um lado, como
sn = a + aq + aq2 + · · · + aqn−1 ,
temos que
qsn = aq + aq2 + · · · + aqn−1 + aqn .
Assim, da diferença sn − qsn , temos

(1 − q)sn = a (1 − qn ) .

Logo, para q 6= 1 segue que


a (1 − qn )
sn = .
1−q
Isto implica que
a (1 − qn )
a + aq + aq2 + · · · = lim .
n→∞ 1−q
Daı́, claramente, a sequência das somas parciais é divergente pois sn , em módulo,
pode se tornar tão grande quanto se queira.

Convergência para |q| < 1: De fato, neste caso,


a (1 − qn )
a + aq + aq2 + · · · = lim
n→∞ 1−q
a
= lim (1 − qn )
1 − q n→∞
a
= .
1−q

Por exemplo, para cada PG dos exemplos anteriores, temos:


1 1/2
1. + 41 + 18 + · · · = = 1;
2 1− 12

2. 1 + 21 + 14 + · · · = 1
= 2;
1− 12

1 1/4
3. + 81 + 16
1
+··· = = 1/2.
4 1− 12

Tais exemplos ilustram ainda o seguinte resultado:


PROPOSIÇ ÃO 1:
“A convergência/divergência de a1 + a2 + · · · não é alterada pela exclusão de um número
finito de seus termos e nem pela inclusão de um número finito de outros termos.”
D EMONSTRAÇ ÃO DA PROPOSIÇ ÃO 1:
Seja σk a soma de k termos da série a1 + a2 + · · · . Defina sn,k = sn − σk , n = 1, 2, . . ..
Claramente, a existência de lim sn,k é equivalente a existência de lim sn .
n→∞ n→∞
PROPOSIÇ ÃO2:
“Considere α constante e um número s tal que a1 + a2 + · · · = s. Daı́

αa1 + αa2 + · · · = αs
= α (a1 + a2 + · · · ) .”
22 CAPÍTULO 3. TEORIA DE II ORDEM - SÉRIES DE TAYLOR

EXEMPLO :
1
Vimos que 2 + 41 + 18 + · · · = 1. Por outro lado,

1 1 1 1 1
2· +2· +2· +··· = 1+ + +···
2 4 8 2 4
=2
= 2·1
 
1 1 1
=2 + + +··· .
2 4 8

DEMONSTRAÇ ÃO DA PROPOSIÇ ÃO 2:


P
∞ m
P
De fato, como an = s e an = sm , m = 1, 2, . . ., temos que
n=1 n=1


X
(αan ) = lim (αsn )
n→∞
n=1
= α lim sn
n→∞
= αs.

PROPOSIÇ ÃO 3:
“Sejam s e S números tais que a1 + a2 + · · · = s e A1 + A2 + · · · = S. Daı́

a1 + A1 + a2 + A2 + · · · = s + S
= (a1 + a2 + · · · ) + (A1 + A2 + · · · ) .”

EXEMPLO :
Note que

1 1 1 1 1 1
+ + + +··· = 1+ + +···
2 2 4 4 2 4
=1
1 1
= +
2 2
   
1 1 1 1
= + +··· + + +··· .
2 4 2 4

DEMONSTRAÇ ÃO DA PROPOSIÇ ÃO 3:


P
∞ P
∞ m
P m
P
De fato, como an = s, An = S, an = s m e An = Sm , m = 1, 2, . . ., segue que
n=1 n=1 n=1 n=1


X
(an + An ) = lim (sn + Sn )
n→∞
n=1
= lim sn + lim Sn
n→∞ n→∞
= s + S.
3.1. SÉRIES NUMÉRICAS 23

PROPOSIÇ ÃO 4:
P∞ P
“Se n=1 an converge, então limn→∞ an = 0. Daı́, se limn→∞ an 6= 0, então ∞
n=1 an di-
verge.”
EXEMPLO :
Por tal proposição, a série

X n 1 2 3
= + + +···
2n + 1 3 5 7
n=1
diverge pois

n 1
lim = lim 2n+1
n→∞ 2n + 1 n→∞
n
1
= lim
n→∞ 2 + 1
n
1
=
2
6= 0.

DEMONSTRAÇ ÃO DA PROPOSIÇ ÃO 4:


Defina S1 = 0 e Sn = sn−1 , n = 1, 2, . . .. Assim

lim sn = lim Sn .
n→∞ n→∞
P∞
Por um lado, existe um (único) número que iguala tal limite comum pois n=1 an converge.
Por outro lado,

lim an = lim (sn − Sn )


n→∞ n→∞
= lim sn − lim Sn
n→∞ n→∞
= 0.

PROPOSIÇ ÃO 5:
“NãoPé válida a recı́proca da proposição anterior. Isto é, pode ocorrer que limn→∞ an = 0,
mas ∞ n=1 an não convirja.”
EXEMPLO :
Embora lim n1 = 0, a S ÉRIE HARM ÔNICA
n→∞


X 1
n
n=1

diverge pois, como

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
+ > + = , + + + > + + + = , etc,
3 4 4 4 2 5 6 7 8 8 8 8 8 2
segue que,
1 1 1 1 1 1 1
1+ + + + + + + +···
2 3 4 5 6 7 8
24 CAPÍTULO 3. TEORIA DE II ORDEM - SÉRIES DE TAYLOR

não pode ser menor que a série divergente


1 1 1
1+ + + +··· = 1+1+1+···.
2 2 2
PROPOSIÇ ÃO 6:
P
∞ P

“Considere 0 ≤ an ≤ An para cada ı́ndice n ≥ n0 . Daı́ an converge se An con-
n=n0 n=n0
verge.”
EXEMPLO :
1 1
1+ 22
+
33
+ · · · converge. De fato, como (1/n)n ≤ (1/2)n para cada inteiro n > 1, temos
P∞
1 P∞
1
que 1+ n n converge pois 1 + 2n = 2.
n=2 n=2
DEMONSTRAÇ ÃO DA PROPOSIÇ ÃO 6:
Por um lado, existe um número S tal que

X
S= An
n=n0
= lim Sn .
n→∞

Por outro lado, para cada ı́ndice n ≥ n0 , como 0 ≤ an ≤ An , temos


0 ≤ s n = a 1 + · · · + an
≤ A1 + · · · + An = Sn
≤S
com sequências de termos sn e Sn crescentes. Assim, existe número s tal que
s = lim sn
n→∞

X
= an .
n=n0

PROPOSIÇ ÃO 6:
P
∞ P

“Considere 0 ≤ An ≤ an para cada ı́ndice n ≥ n0 . Daı́ an diverge se An diverge.”
n=n0 n=n0
EXEMPLO :

1 + √1 + √1 + · · · converge. De fato, como 1/n ≤ 1/ n para cada inteiro positivo n e a
2 3
P

1 P

série harmônica diverge, segue que √1 também diverge.
n n
n=1 n=1
PROPOSIÇ ÃO7: teste da razão (respectivamente, raiz:)
“Sejam an > 0 para todo ı́ndice n ≥ n0 e L um número tal que
an+1 √
lim =L (respectivamente, lim n an = L).
n→ an n→

Temos então que




X  converge se L < 1;
an diverge se L > 1;

n=n0 pode ou convergir ou divergir se L = 1.”
3.1. SÉRIES NUMÉRICAS 25

EXEMPLOS :

P

1
1. n! = 1 + 11·2 + 1·21·3 + · · · converge pois
n=1

an+1 1/(n + 1)!


=
an 1/n!
n!
=
(n + 1)!
n!
=
(n + 1)n!
1
=
n+1
→0

quando n → ∞.

P

2n 2 2 3
2. n = 1 + 22 + 23 + · · · diverge pois
n=1

2n+1
an+1 n+1
= 2n
an n
2n+1 1
= ·
2n n+1
n
1
= 2·
1 + n1
→2

quando n → ∞.

P

n
n 1 2 2
 3 3

3. 2n+1 = 3 + 5 + 7 + · · · converge pois
n=1
s n
√ n n
n
an =
2n + 1
n
=
2n + 1
1
= 2n+1
n
1
=
2 + n1
1

2

quando n → ∞.
26 CAPÍTULO 3. TEORIA DE II ORDEM - SÉRIES DE TAYLOR

P

n 1
4. n+1 = 2 + 23 + 34 + · · · converge ou diverge?
n=1
Aqui, o teste da razão é inconclusivo pois
n+1
an+1 n+2
= n
an n+1
(n + 1)2
=
n(n + 2)
n2 + 2n + 1
=
n2 + 2n 
2 1
n2 1+ n + n2
=
n2 1 + n2


1 + n2 + n12
=
1 + n2
→1
n
quando n → ∞. Por outro lado, para cada inteiro positivo n, temos que an = n+1 <1
e
an+1 n2 + 2n + 1
=
an n2 + 2n
1
= 1+ 2
n + 2n
> 1,
isto é, an+1 > an . Em resumo, temos que
0 < a1 < a2 < . . . < an < an+1 < . . . < 1.
Isto significa que a sequência de termos an positivos é estritamente crescente e limitada
superiormente por 1. Então, existe o limite
lim an ∈ (0, 1].
n→∞
P

n
Assim, pela PROPOSIÇ ÃO 4, a série n+1 diverge.
n=1

P

1 1 1 1
5. n(n+1) = 1.2 + 2.3 + 3.4 + · · · converge ou diverge?
n=1
Aqui, o teste da razão é inconclusivo pois
1
an+1 (n+1)(n+2)
= 1
an n(n+1)
1
= n+2
n
1
=
1 + n2
→1
3.2. SÉRIES DE FUNÇÕES 27

quando n → ∞. Por outro lado, como, para cada inteiro positivo n,

1
an =
n(n + 1)
1 1
= − ,
n n+1
segue que

X ∞ 
X 
1 1
an = −
n n+1
n=1 n=1
1 1 1 1 1
= 1− + − + − +···
2 2 3 3 4
= 1,

isto é, tal série converge para 1.

8: TESTE DE LEIBNIZ :
PROPOSIÇ ÃO
“Considerem válidas as seguintes condições:

1. a1 > a2 > · · · > an > · · · > 0;

2. lim an = 0.
n→∞

P

Então a série (−1)n+1 an converge para um número no intervalo (0, a1 ], isto é,
n=1

0 < a1 − a2 + a3 − a4 + · · · ≤ a1 .”

EXEMPLO :
P

(−1)n+1 n1 = 1 − 12 + 13 − 41 + · · · converge para um número em (0, 1] pois as duas condições
n=1
da proposição anterior são satisfeitas para an = n1 , n = 1, 2, . . ..

3.2 Séries de Funções


Sejam f1 , f2 , . . . , fn , . . . funções e n um ı́ndice inteiro como aquele usado nas séries numéricas.
Considere ainda I 6= ∅ contido no domı́nio de fn para cada tal ı́ndice n.
Note que, para t ∈ I,

X
f1 (t) + f2 (t) + · · · = fn (t)
n=1
é uma série numérica. Assim todos os resultados (relativos aquelas séries) vistos até agora
P
∞ P∞
permanecem válidos para fn (t). Assim, suponha que fn (t) convirja para o número
n=1 n=1
P
∞ P∞
f(t) para cada t ∈ I, isto é, fn (t) = f(t) ∀t ∈ I. Neste caso dizemos que fn CONVERGE
P∞ n=1 n=1
PARA f e escrevemos n=1 fn = f. Tal I é chamado de DOM ÍNIO DE CONVERG ÊNCIA DE f.
28 CAPÍTULO 3. TEORIA DE II ORDEM - SÉRIES DE TAYLOR

EXEMPLO FUNDAMENTAL : S ÉRIE GEOM ÉTRICA


X
2 n
1+t+t +···+t +··· = tn−1
n=1
X∞
= tm
m=0
1
=
1−t

para |t| < 1, isto é, t ∈ I = (−1, 1). (Na segunda igualdade anterior, usamos m = n − 1.)
De fato, para |t| < 1 fixo, temos uma PG com primeiro termo 1 e razão t. Isto também nos
diz que tal série diverge para |t| ≥ 1, isto é, t ∈ I = (−∞, −1] ∪ [1, ∞).
EXEMPLOS :
1
Via a série geométrica, vamos obter representações em série de funções e I para g(t) = 1+t3,
2t3 t t2
h(t) = 1+t3
, ϕ(t) = 5−t e φ(t) = t−5 .

1. Se u = −t3 , então

1
g(t) = 
1 − −t3
1
=
1−u

X
= un
n=0
X∞
= (−1)n t3n
n=0
= 1 − t 3 + t6 − t9 + · · ·

com I = (−1, 1) pois



|u| < 1 ⇒ −t3 < 1

⇒ |t|3 < 1
⇒ t < 1.

2. Aqui, note que

h(t) = 2t3 g(t)


X∞
= 2(−1)n t3(n+1)
n=0
= 2t − 2t6 + 2t9 − 2t12 + · · ·
3

com mesmo domı́nio de g, isto é, I = (−1, 1).


3.2. SÉRIES DE FUNÇÕES 29

3. Se v = 5t , temos
t 1
ϕ(t) = ·
5 1 − 5t
1
= v·
1−v

X
= vn+1
n=0
X∞  n+1
t
=
5
n=0
t t2 t3
= + + +···
5 25 75
com I = (−5, 5) pois

t
|v| < 1 ⇒ < 1
5
⇒ |t| < 5.

4. Aqui, note que

φ(t) = −tϕ(t)
X∞ n+2
t
=−
5n+1
n=0
t2 t3 t4
=− − − +···
5 25 75
com mesmo domı́nio de ϕ, isto é, I = (−5, 5).

DEFINIÇ ÃO DE CONVERG ÊNCIA ABSOLUTA


P
∞ P

fn (t) CONVERGE ABSOLUTAMENTE quando fn (t) converge.
n=0 n=0
EXEMPLO :
P

sen nt
2n converge absolutamente para todo t ∈ R pois
n=0

sen θ 1
|sen θ| ≤ 1 ∀θ ∈ R ⇒ n ≤ n ∀θ ∈ R
2 2

sen t sen 2t
⇒ + + · · · ≤ 1 + 1 + · · · = 1.
2 4 2 4
Demonstra-se que convergência absoluta implica em convergência. (Daı́, a série do exemplo
anterior converge.) Contudo, não é verdade que convergência acarrete convergência abso-
P

luta em geral. Vimos anteriormente, por exemplo, que a série (−1)n−1 1/n converge, mas
n=1
P

(−1)n−1 1/n não.
a série harmônica
n=1
30 CAPÍTULO 3. TEORIA DE II ORDEM - SÉRIES DE TAYLOR

3.3 Séries de Potências


P

Uma série de funções fn é uma S ÉRIE DE POT ÊNCIAS EM TORNO DE t0 quando
n=0

fn (t) = an (t − t0 )n , n = 0, 1, 2, . . . ,
isto é, quando tal série é dada por

X
an (t − t0 )n = a0 + a1 (t − t0 ) + a2 (t − t0 )2 + · · · .
n=0

Neste caso,1 I é chamado de INTERVALO DE CONVERG ÊNCIA se



X
an (t − t0 )n = f(t) ∀t ∈ I.
n=0

EXEMPLO :
P

1
Para a série geométrica vista anteriormente, temos que tn = 1−t com I = (−1, 1). Aqui,
n=0
1
f(t) = 1−t , t0 = 0 e an = 1 para cada ı́ndice inteiro n não negativo.
Observamos agora a validade da seguinte implicação:
Caso tenhamos

X
f(t) = an (t − t0 )n
n=0
= a0 + a1 (t − t0 ) + a2 (t − t0 )2 + · · ·

para t − t0 < R, então

X

f (t) = nan (t − t0 )n−1
n=1
= a1 + 2a2 (t − t0 ) + 3a3 (t − t0 )2 + · · ·

para t − t0 < R.
EXEMPLO :
1
Seja x(t) = (1−t) 2 . Daı́
 
d 1
x(t) =
dt 1−t

!
d X
= tn
dt
n=0

X d n
= (t )
dt
n=0

X
= ntn−1
n=1
= 1 + 2t + 3t2 + · · ·
1O motivo para chamar I de intervalo será visto no TEOREMA DE CONVERG ÊNCIA a ser logo estabelecido.
3.3. SÉRIES DE POTÊNCIAS 31

para cada t ∈ (−1, 1).


TEOREMA DE CONVERG ÊNCIA
P

an (t − t0 )n converge em I caso I seja um dos seguintes conjuntos:
n=0

1. {t0 };

2. R;

3. (t0 − R, t0 + R);

4. [t0 − R, t0 + R);

5. (t0 − R, t0 + R];

6. [t0 − R, t0 + R].
Nas quatro últimas possibilidades, R é dito o RAIO DE CONVERG ÊNCIA da série anterior.
EXEMPLO :
Para a série geométrica, I = (0 − 1, 0 + 1) com t0 = 0 e R = 1.
TESTE DA RAZ ÃO
Considere que:
• an 6= 0, n = 0, 1, 2, . . .;

an+1
• L := lim an ;
n→∞

a (t−t0 )n+1

• lim n+1
an (t−t ) n = |t − t0 | · L.
n→∞ 0

P

Segue então que an (t − t0 )n :
n=0

• converge absolutamente para |t − t0 | < L1 . (R = L1 );

• diverge para |t − t0 | > L1 ;

• pode ou não convergir se |t − t0 | = L1 .


EXEMPLOS :

P

1. Considere a série (−1)n+1 n(t − 2)n . Assim, por um lado, como
n=0

(−1)n+2 (n + 1)(t − 2)n+1



= |t − 2| n + 1


n+1
(−1) n(t − 2) n n
 
1
= |t − 2| 1 +
n
→ |t − 2| · 1

se n → ∞, segue que L = 1, R = 1 e a série dada converge em (1, 3) e diverge em


(−∞, 1) ∪ (3, ∞). Por outro lado, tal série também diverge em {1, 3} pois:
32 CAPÍTULO 3. TEORIA DE II ORDEM - SÉRIES DE TAYLOR

• t = 1 implica que

X ∞
X
(−1)n+1 n(t − 2)n = (−1)2n+1 n
n=0 n=0
X∞
=− n
n=0
= −(1 + 2 + 3 + 4 + · · · );
• t = 3 implica que

X ∞
X
n+1 n
(−1) n(t − 2) = (−1)n+1 n
n=0 n=0
= 1−2+3−4+···.
Pela PROPOSIÇ ÃO 4, tais séries numéricas divergem.
Note que I = (1, 3).
P

(t+1)n
2. Considere a série n2n . Assim, por um lado, como
n=1
(t + 1)n+1 n2n t + 1 n

(n + 1)2n+1 · (t + 1)n = 2 · n + 1

|t + 1| 1
= ·
2 1 + n1
1
→ |t + 1| ·
2
se n → ∞, segue que L = 21 , R = 2 e a série dada converge em (−3, 1) e diverge em
(−∞, −3) ∪ (1, ∞). Por outro lado, tal série converge para t = −3 e diverge para t = 1
pois:
• t = −3 implica que
∞ ∞
X (t + 1)n X (−2)n
=
n2n n2n
n=1 n=1

X (−1)n
= ;
n
n=1
converge pelo TESTE DE LEIBNIZ;
• t = 1 implica que a série harmônica
∞ ∞
X (t + 1)n X 2n
=
n2n n2n
n=1 n=1

X 1
=
n
n=1
diverge.
Note que I = [−3, 1).
3.4. SÉRIES DE TAYLOR - FUNÇÕES ANALÍTICAS 33

3.4 Séries de Taylor - Funções Analı́ticas


Suponha que a função f(t) possa ser representada por uma série de potências em torno de
t = t0 , isto é,

X
f(t) = an (t − t0 )n
n=0
= a0 + a1 (t − t0 ) + a2 (t − t0 )2 + · · ·

para t − t0 < R. Suponha ainda que existe a n-ésima derivada de f(t) para cada t ∈
(t0 − R, t0 + R) e cada inteiro n não negativo. Então:
f(0) (t0 )
• f (t0 ) = a0 ⇒ a0 = 0! ;

• Devido a

X

f (t) = nan (t − t0 )n−1
n=1
= a1 + 2a2 (t − t0 ) + 3a3 (t − t0 )2 + · · ·

para t − t0 < R, segue que

f(1) (t0 )
f ′ (t0 ) = a1 ⇒ a1 = ;
1!

• Como

X
′′
f (t) = n(n − 1)an (t − t0 )n−2
n=2
= 2a2 + 6a3 (t − t0 ) + 12 (t − t0 )2 + · · ·

para t − t0 < R, temos que

f(2) (t0 )
f ′′ (t0 ) = 2a2 ⇒ a2 = ;
2!

• Etc.

Prova-se assim, por indução, que


f(n) (t0 )
an =
n!
para cada inteiro não-negativo n. Neste caso, defini-se
∞ (n)
X f (t0 )
f(t) = (t − t0 )n
n!
n=0
f (t0 ) f ′ (t0 ) f ′′ (t0 )
= + (t − t0 ) + (t − t0 )2 + · · · ,
0! 1! 2!
34 CAPÍTULO 3. TEORIA DE II ORDEM - SÉRIES DE TAYLOR

para t − t0 < R, como a S ÉRIE DE TAYLOR DE f EM TORNO DE t = t0 ou, simplesmente, EM
I = (t0 − R, t0 + R).2
EXEMPLO :
1 P

Já vimos que 1−t = tn para |t| < 1 com t0 = 0 e R = 1. De fato:
n=0
1
f(0) = 1−0 = 1 = a0 ;
1
f ′ (0) = (1−0)2
= 1 = a1 ;
2
f ′′ (0) (1−0)3
2 = 2 = 1 = a2 ;
etc.
1 2
(Usamos que f ′ (t) = (1−t) ′′
2 , f (t) = (1−t)3 , etc.)

Agora, f(t) é dita ANA ĹITICA EM I = (t0 − R, t0 + r) quando tal função iguala a sua série de
Taylor em torno de t0 .
EXEMPLOS :
1
• f(t) = 1−t é analı́tica em I = (−1, 1), como acabamos de ver.
• Para I = R, isto é, t0 = 0 e R = ∞, temos
∞ n
X
t t
e =
n!
n=0
t2 t3
= 1+t+ + +···.
2! 3!
De fato:
f(0) = e0 = 1 = a0 ;
f ′ (0) = e0 = 1 = a1 ;
f ′′ (0) 0
2 = e2 = 12 = a2 ;
etc.
(Usamos que f(n) (t) = et , n = 0, 1, 2, 3, . . ..)
• Para I = (−1, 1), isto é, t0 = 0 e R = 1, temos

X tn
ln(1 + t) = (−1)n+1
n
n=0
t2 t 3 t4
= t− + − +···.
2 3 4
De fato:
f(0) = ln(1 + 0) = 0 = a0 ;
1
f ′ (0) = 1+0 = 1 = a1 ;
1

f ′′ (0) (1+0)2
2 = 2 = − 12 = a2 ;
2
′′′
f (0) (1+0)3 1
3! = 2·3 = 3 = a3 ;
etc.
1 1 2
(Usamos que f ′ (t) = 1+t , f ′′ (t) = − (1+t) ′′′
2 , f (t) = (1+t)3
, etc.)
2 Se t = 0, costuma-se chamar tal série como a S ÉRIE DE MACLAURIN DE f.
3.4. SÉRIES DE TAYLOR - FUNÇÕES ANALÍTICAS 35

Fica como exercı́cio verificar que, para I = R, isto é, t0 = 0 e R = ∞, temos a analiticidade
das funções seno e cosseno com

X t2n+1
sen t = (−1)n
(2n + 1)!
n=0
t3 t5
= t− + −···
3! 5!
e, analogamente,

X t2n
cos t = (−1)n
(2n)!
n=0
t2 t4
= 1− + −···.
2! 4!
Estas duas fórmulas e a da exponencial dada anteriormente, servem como justificativa para
a fórmula de Euler
cos t + i sen t = eit .
De fato, note que
i0 = 1, i1 = i, i2 = −1, i3 = −i,
i4 = 1, i5 = i, i6 = −1, i7 = −i,
etc.

3.4.1 Séries de Potências e Resolução de EDO’s


Para tal resolução, considere o seguinte:

• O ı́ndice de uma série é “mudo”, isto é,



X ∞
X
fn = fm
n=0 m=0

X
= fi
i=0
X∞
= fj
j=0
= ···.

• A igualdade de duas séries de Taylor em torno de t0 = 0 implica na igualdade dos


seus coeficientes de mesmos ı́ndices. (De fato, basta calcular as derivadas de ordens n
não-negativas de ambas as séries dadas.) Tal fato nos leva a seguinte implicação:

X
an (t − t0 )n = 0 ⇒ an = 0, n = 0, 1, 2, . . . .
n=0
36 CAPÍTULO 3. TEORIA DE II ORDEM - SÉRIES DE TAYLOR

• Se os coeficientes de x ′′ + p(t)x ′ + q(t) = f(t) ou de a(t)x ′′ + b(t)x ′ + c(t) = g(t) são


funções analı́ticas em I = (t0 − R, t0 + R), pode ser demonstrado que as soluções de
tais EDO ’ S também são analı́ticas em I.

• Em cada resolução usando séries de Taylor em torno de t0 = 0:


P

– Assuma que x = an tn é solução da EDO;
n=0
P∞ P

– Substitua x, x ′ = nan tn−1 e x ′′ = (n − 1)nan tn−2 na EDO;
n=1 n=2
– Determine an , n = 0, 1, 2, . . .;
– Pode ser necessário reindexar alguma série. Por exemplo, para m = n − 2,

X
′′
x = (m + 1)(m + 2)am+2 tm .
m=0

Outro exemplo, para m = n + 1,



X
tx = an tn+1
n=0
X∞
= am−1 tm .
m=1

EXEMPLOS :

1. x ′′ + x = 0.

X ∞
X
′′ n
x +x = 0 ⇒ (n + 1)(n + 2)an+2 t + an t n = 0
n=0 n=0

X
⇒ [(n + 1)(n + 2)an+2 + an ] tn = 0
n=0
⇒ (n + 1)(n + 2)an+2 + an = 0, n = 0, 1, 2, . . .
an
⇒ an+2 = − , n = 0, 1, 2, . . . .
(n + 1)(n + 2)
Então, para a0 e a1 constantes, temos que:
n=0 ⇒ a2 = − 1a·02 ;
n=1 ⇒ a3 = − 2a·13 ;
n=2 ⇒ a4 = − 3a·24 = a4!0 ;
n=3 ⇒ a5 = − 4a·35 = a5!1 ;
n=4 ⇒ a6 = − 5a·46 = − a6!0 ;
n=5 ⇒ a7 = − 6a·57 = − a7!1 ;
etc. Então, para n = 0, 1, 2, . . ., temos
a0 a1
a2n = (−1)n e a2n+1 = (−1)n .
(2n)! (2n + 1)!
3.4. SÉRIES DE TAYLOR - FUNÇÕES ANALÍTICAS 37

Assim, a solução de x ′′ + x = 0 é dada por



X ∞
X
2n
x= a2n t + a2n+1 t2n+1
n=0 n=0
∞ ∞
X
n t2n X t2n+1
= a0 (−1) + a1 (−1)n
(2n)! (2n + 1)!
n=0 n=0
= a0 cos t + a1 sen t.

2. x ′′ − tx = 0.

X ∞
X
′′ n
x − tx = 0 ⇒ (n + 1)(n + 2)an+2 t − an−1 tn = 0
n=0 n=1

X ∞
X
⇒ (1)(2)a2 t0 + (n + 1)(n + 2)an+2 tn − an−1 tn = 0
n=1 n=1

X
⇒ 2a2 + [(n + 1)(n + 2)an+2 − an−1 ] tn = 0
n=1
an−1
⇒ a2 = 0, an+2 = , n = 1, 2, . . . .
(n + 1)(n + 2)

Logo, se a0 e a1 são constantes, temos que:

n=0 ⇒ a2 = 0;
a0
n=1 ⇒ a3 = (2)(3) ;
a1
n=2 ⇒ a4 = (3)(4) ;
a2
n=3 ⇒ a5 = (4)(5) = 0;
a3 a0
n=4 ⇒ a6 = (5)(6) = (2)(3)(5)(6) ;
a4 a1
n=5 ⇒ a7 = (6)(7) = (3)(4)(6)(7) ;
a5
n=6 ⇒ a8 = (7)(8) = 0;

etc. Então, para n = 1, 2, 3 . . ., temos


a0 a1
a3n = e a3n+1 = ,
(2)(3)(5)(6) · · · (3n − 1)(3n) (3)(4)(6)(7) · · · (3n)(3n + 1)

enquanto que, para n = 0, 1, 2, . . ., temos

a3n+2 = 0.

Assim, a solução de x ′′ − tx = 0 é dada por



X ∞
X
3n
x = a0 + a1 t + a3n t + a3n+1 t3n+1
n=1 n=1
" ∞
# " ∞
#
X t3n X t3n+1
= a0 1 + + a1 t + .
(2)(3)(5)(6) · · · (3n − 1)(3n) (3)(4)(6)(7) · · · (3n)(3n + 1)
n=1 n=1
38 CAPÍTULO 3. TEORIA DE II ORDEM - SÉRIES DE TAYLOR

3. t2 + 1 x ′′ − 4tx ′ + 6x = 0.



X ∞
X
t2 x ′′ + x ′′ − 4tx ′ + 6x = 0 ⇒ (n − 1)nan tn + (n + 1)(n + 2)an+2 tn
n=2 n=0

X ∞
X
− 4nan tn + 6an tn = 0
n=1 n=0

X ∞
X
⇒ (n − 1)nan tn + (n + 1)(n + 2)an+2 tn
n=0 n=0

X ∞
X
− 4nan tn + 6an tn = 0
n=0 n=0

X
⇒ [(n − 1)nan + (n + 1)(n + 2)an+2 − 4nan + 6an ] tn = 0
n=0
∞ h
X  i
⇒ n2 − 5n + 6 an + (n + 1)(n + 2)an+2 tn = 0
n=1
(n − 2)(n − 3)an
⇒ an+2 = − , n = 0, 1, 2, . . . .
(n + 1)(n + 2)

Assim, se a0 e a1 são constantes, temos que:

n=0 ⇒ a2 = −3a0 ;
n=1 ⇒ a3 = − a31 ;
· a2
n=2 ⇒ a4 = − 012 = 0;
0 · a3
n=3 ⇒ a5 = − 20 = 0;
· a4
n=4 ⇒ a6 = − 230 = 0;
6 · a5
n=5 ⇒ a7 = − 42 = 0;

etc. A solução de t2 + 1 x ′′ − 4tx ′ + 6x = 0 é, daı́, dada por




x = a0 + a1 t + a2 t 2 + a 3 t 3
 

2
 1 3
= a0 1 − 3t + a1 t − t .
3
3.4. SÉRIES DE TAYLOR - FUNÇÕES ANALÍTICAS 39
 2
 t + 1 x ′′ + tx ′ − x = 0


4. x(0) = 0;
 ′
x (0) = 1.

X ∞
X
2 ′′ ′′ ′ n
t x + x + tx − x = 0 ⇒ (n − 1)nan t + (n + 1)(n + 2)an+2 tn
n=2 n=0

X ∞
X
n
+ nan t − an t n = 0
n=1 n=0

X ∞
X
n
⇒ (n − 1)nan t + (n + 1)(n + 2)an+2 tn
n=0 n=0

X ∞
X
n
+ nan t − an t n = 0
n=0 n=0

X
⇒ [(n − 1)nan + (n + 1)(n + 2)an+2 + nan − an ] tn = 0
n=0
∞ h
X  i
⇒ n2 − 1 an + (n + 1)(n + 2)an+2 tn = 0
n=1
n−1
⇒ an+2 = − an , n = 0, 1, 2, . . . .
n+2
Assim, se a0 e a1 são constantes, temos que:
n=0 ⇒ a2 = 12 a0 ;
n=1 ⇒ a3 = 0;
n=2 ⇒ a4 = − 41 a2 = − 41·2 a0 ;
n=3 ⇒ a5 = − 25 a3 = 0;
n=4 ⇒ a6 = − 63 a4 = 81··63 a0 ;
n=5 ⇒ a7 = − 47 a5 = 0;
1·3·5
n=6 ⇒ a8 = − 85 a6 = − 16 ·24 a0 ;
etc. Logo, os coeficientes de ı́ndices pares são dados por
1 1 · 3 · 5 · · · (2n − 3)
a2 = a0 e a2n = (−1)n−1 a0 , n = 2, 3 . . . ,
2 2n n!
enquanto que os de ı́ndices ı́mpares são dados por
a2n+1 = 0, n = 1, 2, . . . .
A solução de t2 + 1 x ′′ + tx ′ − x = 0 é, daı́, dada por



X
2
x = a0 + a1 t + a2 t + a2n t2n
n=2

!
t2 X 1 · 3 · 5 · · · (2n − 3) 2n
= a0 1+ + (−1)n−1 t + a1 t.
2 2n n!
n=2

Por outro lado, como a0 = x(0) = 0 e a1 = x ′ (0) = 1, a solução de tal PVI é apenas
x(t) = t.
40 CAPÍTULO 3. TEORIA DE II ORDEM - SÉRIES DE TAYLOR
 ′′
 x − 2tx ′ + x = 0;
5. x(0) = 0;
 ′
x (0) = 1.

X ∞
X ∞
X
′′ ′ n n
x − 2tx + x = 0 ⇒ (n + 1)(n + 2)an+2 t − 2nan t + an t n = 0
n=0 n=1 n=0

X ∞
X ∞
X
⇒ (n + 1)(n + 2)an+2 tn − 2nan tn + an t n = 0
n=0 n=0 n=0

X
⇒ [(n + 1)(n + 2)an+2 − (2n − 1)an ] tn = 0
n=0
2n − 1
⇒ an+2 = an , n = 0, 1, 2, . . . .
(n + 1)(n + 2)
Assim, se a0 e a1 são constantes, temos que:
1
n=0 ⇒ a2 = − (1)(2) a0 ;
1
n=1 ⇒ a3 = (2)(3) a1 ;
3
n=2 ⇒ a4 = (3)(4) a2 = − 4!3 a0 ;
n=3 ⇒ a5 5
= (4)(5) a3 = 15!·5 a1 ;
n=4 ⇒ a6 7
= (5)(6) a4 = − 36!·7 a0 ;
n=5 ⇒ a7 9
= (6)(7) a5 = 1·7!5·9 a1 ;
n=6 ⇒ a8 11
= (7)(8) a6 = − 3·78!·11 a0 ;

etc. Logo, os coeficientes de ı́ndices pares são dados por


1 3 · 7 · 11 · · · (4n − 5)
a2 = − a0 e a2n = − a0 , n = 2, 3 . . . ,
2! (2n)!
enquanto que os de ı́ndices ı́mpares são dados por
1 · 5 · 9 · · · (4n − 3)
a2n+1 = a1 , n = 1, 2, . . . .
(2n + 1)!
A solução de t2 + 1 x ′′ − 2tx ′ + x = 0 é, daı́,



X ∞
X
x = a0 + a1 t + a2 t 2 + a2n t2n + a2n+1 t2n+1
n=2 n=1
 ∞
  ∞

t2 X [3 · 7 · 11 · · · (4n − 5)]t2n X [1 · 5 · 9 · · · (4n − 3)]t2n+1
= a0 1− − + a1 t+
2! (2n)! (2n + 1)!
n=2 n=1
= a0 x1 (t) + a1 x2 (t).
Por outro lado, como a0 = x(0) = 0 e a1 = x ′ (0) = 1, a solução de tal PVI é apenas
x(t) = x2 (t).
É conveniente ressaltar que tal método de resolução também é válido para toda EDO de
primeira ordem com coeficientes analı́ticos.
EXEMPLOS :
3.4. SÉRIES DE TAYLOR - FUNÇÕES ANALÍTICAS 41

1. x ′ − x = 0.

X ∞
X
′ n−1
x −x = 0 ⇒ nan t − an t n = 0
n=1 n=0
X∞ ∞
X
n
⇒ (n + 1)an+1 t − an t n = 0
n=0 n=0
X∞
⇒ [(n + 1)an+1 − an ] tn = 0
n=0
an
⇒ an+1 = , n = 0, 1, 2, . . . .
n+1
Assim, se a0 é uma constante, temos que:

n=0 ⇒ a1 = a0 ;
n=1 ⇒ a2 = a21 = a0
2! ;
n=2 ⇒ a3 = a32 = a0
3! ;
n=3 ⇒ a4 = a43 = a0
4! ;

etc. Logo, tais coeficientes são dados por


a0
an = , n = 0, 1, 2, . . . .
n!
Assim, a solução de x ′ − x = 0 pode ser representada por

X
x(t) = an t n
n=0
∞ n
X t
= a0
n!
n=0
t
= a0 e .

2. x ′ = t2 x.

X ∞
X
′ 2 n−1
x −t x = 0 ⇒ nan t − an tn+2 = 0
n=1 n=0
X∞ ∞
X
n
⇒ (n + 1)an+1 t − an−2 tn = 0
n=0 n=2

X ∞
X
n
⇒ a1 + 2a2 t + (n + 1)an+1 t − an−2 tn = 0
n=2 n=2
X∞
⇒ a1 + 2a2 t + [(n + 1)an+1 − an−2 ] tn = 0
n=0
an−2
⇒ a1 = a2 = 0, an+1 = , n = 2, 3 . . . .
n+1
42 CAPÍTULO 3. TEORIA DE II ORDEM - SÉRIES DE TAYLOR

Assim, se a0 é uma constante, temos que:


a0
n=2 ⇒ a3 = 3 ;
a1
n=3 ⇒ a4 = 4 = 0;
a2
n=4 ⇒ a5 = 5 = 0;
a3 a0
n=5 ⇒ a6 = 6 = 32 ·2! ;
a4
n=6 ⇒ a7 = 7 = 0;
a5
n=7 ⇒ a8 = 8 = 0;
a6 a0
n=8 ⇒ a9 = 9 = 33 ·3! ;

etc. Logo, tais coeficientes são dados por


a0
a3n = , a3n+1 = a3n+2 = 0, n = 0, 1, 2, . . . .
3n n!
Assim, a solução de x ′ − t2 x = 0 pode ser representada por

X
x(t) = a3n t3n
n=0

X t3n
= a0
3n n!
n=0
n
t3 /3
X∞
= a0
n!
n=0
t3 /3
= a0 e .
Capı́tulo 4

Transformada de Laplace (TL) e EDO

4.1 TL
Faremos agora um breve estudo sobre TL. Assim, iniciamos com a Figura 4.1 que ilustra a
passagem, via uma TL, de um PVI de uma EDO para um problema álgebrico. Daı́, resolve-se
tal problema algébrico e obtem-se a solução, via uma TL inversa, do PVI.

L
PVI de EDO TL
Problema de Álgebra

Dı́ficil Fácil

L−1
TL inversa
Solução do PVI Solução do Problema de Álgebra

Figura 4.1: Problema a ser Resolvido

DEFINIÇ ÃO :
Para a função f(t), definida para t ∈ [0, ∞), sua TL é denotada por F(s) e obtida via o
operador L com

Z∞
L {f(t)} = e−st f(t)dt
0
= F(s)

onde tal integral convergir para algum s.


EXEMPLOS :

43
44 CAPÍTULO 4. TRANSFORMADA DE LAPLACE (TL) E EDO

1. Se s > s0 , s0 constante, então

Z∞

L e s0 t
= e−st es0 t dt
Z0∞
= e−(s−s0 )t dt
0
Z t=L
= lim e−(s−s0 )t dt
L→∞ t=0
" #t=L
e−(s−s0 )t
= lim
L→∞ − (s − s0 )
t=0
1  
=− lim e−(s−s0 )L − 1
s − s0 L→∞
1
= .
s − s0

(Na quarta igualdade anterior, de cima para baixo, bem como em outros próximos
exemplos, usamos
Zb
eαt b

αt
e dt = ,
a α a

podendo tal integral ser tanto real quanto complexa.)


Segue daı́ que, se s > s0 , então


 s0 t
1 −1 1
L e = e L = es0 t .
s − s0 s − s0

2. Se s > 0, então, via o exemplo anterior, temos



L {1} = L e0·t
1
=
s−0
1
= .
s

Temos assim que, se s > 0, então


1 −1 1
L {1} = e L = 1.
s s
4.1. TL 45

3. Se s > 0, então, via integração por partes, temos que


Z∞
L {t} = e−st tdt
0
Z t=L
= lim te−st dt
L→∞ t=0
Z t=L −st !
e−st t=L

e
= lim t · − dt
L→∞ −s t=0

t=0 −s
 t=L 
Le−sL 1 e−st

= lim − +
L→∞ s s −s t=0
1
=
s2
L
(onde aplicamos L’hôpital em Le−sL = esL
). Logo, caso tenhamos s > 0, segue que

1 −1 1
L {t} = 2 e L = t.
s s2

4. Sejam n um inteiro positivo e s > 0. Assim, via integração por partes, segue que
Z∞
n
L {t } = tn e−st dt
0 −st ∞ Z∞
n e e−st
= −t · − ntn−1 dt
s 0 0 −s
n

= L tn−1 .
s

Seja então s > 0. Vimos anteriormente que L t1 = s12 . Daı́:
 
• L t2 = 2s L t1 = s2!3 ;
 
• L t3 = 3s L t2 = s3!4 ;
• etc.
 (n−1)!
Então, supondo-se L tn−1 = sn , prova-se (por indução) que

n!
L {tn } =
sn+1
para cada inteiro positivo n.
(De fato, como vimos, tal fórmula é válida também para n = 0.)

ADMISSIBILIDADE
f(t) ser admissı́vel significa existir F(s).1 Aqui, L é aplicada apenas em funções admissı́veis.
LINEARIDADE
Sejam cte1 e cte2 constantes; f(t) e g(t) admissı́veis com TL’s F(s) e G(s), respectivamente.
Então:
1 Que condições são suficientes para a existência de funções admissı́veis? Pesquise!
46 CAPÍTULO 4. TRANSFORMADA DE LAPLACE (TL) E EDO

• L {cte1 f(t) + cte2 g(t)} = cte1 L {f(t)} + cte2 L {g(t)} = cte1 F(s) + cte2 G(s);
• L−1 {cte1 F(s) + cte2 G(s)} = cte1 L−1 {F(s)} + cte2 L−1 {G(s)} = cte1 f(t) + cte2 g(t).
EXEMPLOS :

1. Seja p(t) = −t4 + 2t3 + t − 7. Daı́


P(s) = L {p(t)}



= −L t4 + 2L t3 + L {t} − 7L {1}
4! 2(3!) 1 7
=− + + −
s5 s4 s2 s
−24 + 12s + s − 7s4
3
=
s5
se s > 0.
2. Por um lado, temos que


L eit = L {cos t + i sen t}
= L {cos t} + iL {sen t} .
Por outro lado, temos que

Z∞
L eit = e−st eit dt
Z0∞
= e(i−s)t dt
0
e(i−s)t ∞

=
i − s 0
1
=
s−i
s 1
= 2 +i 2 .
s +1 s +1
(Na quarta igualdade anterior, de cima para baixo, usamos que, se t → ∞, então
e(i−s)t = e−st eit = e−st (cos t + i sen t) → 0
pois cos t e sen t são limitadas e, sendo s > 0, e−st → 0. Na quinta igualdade anterior,
de cima para baixo, note que
 
s 1
(s − i) · 2 +i 2 =1
s +1 s +1
nos fornece o inverso de s − i.)
Concluindo assim, para s > 0, temos que
s 1
L {cos t} = e L {sen t} = ,
s2 +1 s2 +1
bem como
−1 s 1
L 2
= cos t e L 2
= sen t.
s +1 s +1
4.1. TL 47

ω 1 1 1
2
3. Seja s > ω, ω constante positiva. Como s2 −ω2
= 2 s−ω − s+ω , temos que
 
−1 ω 1 −1 1 −1 1
L = L −L
s − ω2
2 2 s−ω s+ω
1
= (eωt − e−ωt )
2
= senh(ωt).

Analogamente, para s > ω > 0, temos


s
L {cosh(ωt)} = .
s2 − ω2

4. Se s > 1, então, como

s+3 3 4 1
=− + + ,
s(s − 1)(s + 2) 2s 3(s − 1) 6(s + 2)
segue que

−1 s+3 3 −1 1 4 −1 1 1 −1 1
L =− L + L + L
s(s − 1)(s + 2) 2 s 3 s−1 6 s+2
3 4 1
= − + et + e−2t .
2 3 6

5. Se s > 2, então

s−1 s−1 1 5 s−1 1 5
2
= = + ⇒ L−1 2
= e2t + e−4t .
s + 2s − 8 (s + 4)(s − 2) 6(s − 2) 6(s + 4) s + 2s − 8 6 6

MUDANÇA DE VARI ÁVEL


Para qualquer constante cte e cada função admissı́vel f(t), vale a seguinte regra

1  s 
L {f(cte · t)} = F .
cte cte
De fato, como f(cte · t) é função de t, por definição,
Z∞
L {f(cte · t)} = e−st f(cte · t)dt.
0

Agora, via τ = cte · t, tal integral é igual a


Z
1 ∞ −sτ 1  s 
e cte f(τ)dτ = F .
cte 0 cte cte

EXEMPLO :
Utilizando as transformadas do seno e do cosseno obtidas anteriormente e a mudança de
2 Aqui (e em alguns outros exemplos) utilizamos a T ÉCNICA DAS FRAÇ ÕES PARCIAIS. (Pesquise!)
48 CAPÍTULO 4. TRANSFORMADA DE LAPLACE (TL) E EDO

variável anterior, sendo ω uma constante, temos que


s
1 ω
L {cos(ωt)} =
ω s 2

ω +1
s
ω2
=
s2 +ω2
ω2
s
=
s2 + ω2
se s/ω > 0 e, analogamente,
ω
L {sen(ωt)} =
s2 + ω2
caso s/ω > 0.
DESLOCAMENTO - I
Se cte é uma constante e f(t) é admissı́vel, então

L ecte·t f(t) = F(s − cte).

De fato,
Z∞
 cte·t

L e f(t) = e−st ecte·t f(t)dt
Z0∞
= e−(s−cte)t f(t)dt
0
= F(s − cte).

EXEMPLOS :

n!
1. Vimos que f(t) = tn acarreta F(s) = sn+1
para s > 0 e n = 0, 1, 2, . . .. Daı́

 n!
L tn ecte·t =
(s − cte)n+1

para s > cte, que resulta também em



n!
L −1
= tn ecte·t .
(s − cte)n+1

2. Seja s > −3. Daı́, como

s2 1 6 9
3
= − 2
+ ,
(s + 3) s + 3 (s + 3) (s + 3)3
segue que

−1 s2 −1 1 1 1
L =L − 6L + 9L
(s + 3)3 s+3 (s + 3)2 (s + 3)3
9
= e−3t − 6te−3t + t2 e−3t .
2
4.1. TL 49

3. Como podemos escrever

3s + 7 3s + 7
= 2
s2 − 2s + 5 s − 2s + 1 + 4
3s + 7
=
(s − 1)2 + 4
3s − 3 + 3 + 7
=
(s − 1)2 + 4
3(s − 1) + 10
= ,
(s − 1)2 + 4

temos, para s > 1, que


−1 3s + 7 −1 s−1 −1 2
L 2
= 3L + 5L
s − 2s + 5 (s − 1)2 + 4 (s − 1)2 + 4
= 3et cos(2t) + 5et sen(2t).

FUNÇ ÃO DE HEAVISIDE DE PASSO UNIT ÁRIO


Seja t0 ≥ 0. Defina daı́

0 se t < t0 ;
H(t − t0 ) =
1 se t ≥ t0 .

EXEMPLO :
Se s > 0, então

Z∞
L {H(t − t0 )} = e−st H(t − t0 )dt
Z0∞
= e−st dt
t0
e−st ∞

=
−s t0
e−t0 s
= .
s

Tal exemplo é generalizado na observação seguinte.


DESLOCAMENTO - II
Se s > 0 e f(t) é admissı́vel, então

L {H(t − t0 )f(t − t0 )} = e−t0 s F(s).


50 CAPÍTULO 4. TRANSFORMADA DE LAPLACE (TL) E EDO

(H(t − t0 ) “aciona” funções f(t) em t = t0 .)


De fato,
Z∞
L {H(t − t0 )f(t − t0 )} = e−st H(t − t0 )f(t − t0 )dt
Z0∞
= e−st f(t − t0 )dt
t
0
Z∞
= e−s(u+t0 ) f(u)du
0 Z∞
−t0 s
=e e−su f(u)du
0
−t0 s
=e F(s).
Na terceira igualdade anterior, de cima para baixo, usamos a mudança de variável u = t − t0 .
1. Qual a TL da função seno “acionada” em t = 3?
Tal função é dada por
0 se t < 3;
S(t) =
sen t se t ≥ 3.
Como S(t) = H(t − 3) sen t e
sen t = sen(t − 3 + 3) = sen(t − 3) cos 3 + sen 3 cos(t − 3),
temos que
L {S(t)} = cos 3L {H(t − 3) sen(t − 3)} + sen 3L {H(t − 3) cos(t − 3)}
1 s
= cos 3 e−3s 2 + sen 3 e−3s 2
s +1 s +1
desde que tenhamos s > 0.
2. Considere s > 3. Logo, devido a

−1 1 1
L = t2 e3t ,
(s − 3)3 2
obtemos

−1 e−7s −1 1
L =L e−7s
(s − 3)3 (s − 3)3
1
= H(t − 7)(t − 7)2 e3(t−7) .
2

TL’ S DAS DERIVADAS DE f(t)


Para cada inteiro não-negativo n, temos


L f(n) (t) = sn F(s) − sn−1 f(0) (0) − sn−2 f(1) (0) − · · · − sf(n−2) (0) − f(n−1) (0)

se s > 0 e f(n) (t) é de ordem exponencial, isto é,


lim e−st f(n) (t) = 0.
t→∞

De fato:
4.1. TL 51

• L {f(t)} = F(s);

• L {f ′ (t)} = sF(s) − f(0) pois, via integração por partes,


Z∞
 ′
L f (t) = e−st f ′ (t)dt
0 ∞ Z ∞
−st
f(t) −se−st dt

= e f(t) −
0 0
= sL {f(t)} − f(0)
= sF(s) − f(0);

• L {f ′′ (t)} = s2 F(s) − sf(0) − f ′ (0) pois





L f ′′ (t) = L f ′ (t)

= sL f ′ (t) − f ′ (0)
= s2 F(s) − sf(0) − f ′ (0);

• etc., isto é, agora é só aplicar indução finita.

EXEMPLOS :

1. Podemos aplicar a fórmula anterior para confirmar a TL de uma das duas funções,
cos(ωt) ou sen(ωt), supondo que já tenhamos obtido a TL da outra. Por exemplo,
considere que já tenhamos demonstrado a fórmula
ω
L {sen(ωt)} = .
s2 + ω2
Então, como

ω · L {cos(ωt)} = L {ω · cos(ωt)}

= L sen ′ (ωt)
= sL {sen(ωt)} − sen 0
ω
= s· 2
s + ω2
s
= ω· 2 ,
s + ω2
obtemos
s
L {cos(ωt)} = .
s2 + ω2
 2
2. L sen2 t = s(s2 +4)
.
De fato, seja f(t) = sen2 t. Então f(0) = 0 e

f ′ (t) = 2 sen t cos t


= sen 2t.
52 CAPÍTULO 4. TRANSFORMADA DE LAPLACE (TL) E EDO

Por sua vez, a TL de tal derivada é dada por



L f ′ (t) = L {sen 2t}
2
= 2 .
s +4
Para concluir, basta utilizar a fórmula

L f ′ (t) = sL {f(t)} − f(0).

TLI ’ S DAS DERIVADAS DE F(s)


Para cada inteiro n não-negativo onde exista a respectiva derivada em relação a s, temos


L−1 F(n) (s) = (−1)n tn f(t),
isto é,  
L−1 {F(s)} = f(t); L−1 F ′ (s) = −tf(t); L−1 F ′′ (s) = t2 f(t); etc.
De fato, temos primeiramente que
Z ∞ 
d d −st
F(s) = e f(t)dt
ds ds 0
Z∞
d −st 
= e f(t)dt
0 ds
Z∞
−te−st f(t)dt

=
0Z

=− e−st tf(t)dt
0
= −L {tf(t)} .
Considere agora que a fórmula
dn
L {tn f(t)} = (−1)n F(s)
dsn
seja válida para o inteiro positivo n e que seja possı́vel derivá-la em relação a s. Segue então
que

Z∞
n+1
L t f(t) = e−st tn+1 f(t)dt
0Z

−te−st tn f(t)dt

=−
Z0∞
d −st  n
=− e t f(t)dt
0 Zds
d ∞ −st n
=− e t f(t)dt
ds 0
d
= − (L {tn f(t)})
ds
n+1
n d
= (−1)(−1) F(s)
dsn+1
dn+1
= (−1)n+1 n+1 F(s).
ds
4.1. TL 53

EXEMPLOS :
É fácil ver que, se s > 0, então
 
d s
L {t cos t} = −
ds s2 + 1
1 · s2 + 1 − s · 2s

=−
(s2 + 1)2
s2 − 1
= 2 ,
s2 + 1
enquanto que

2  
2 2 d s
L t cos(3t) = (−1)
ds2 s2 + 9
  
d d s
=
ds ds s2 + 9
!
d 9 − s2
= 2 ,
ds 9 + s2
cuja resolução fica como exercı́cio.
CONVOLUÇ ÃO
Se f(t) e g(t) são admissı́veis, então
Zt
−1
L {F(s)G(s)} = f(τ)g(t − τ)dτ
0
:= f(t) ∗ g(t)
= g(t) ∗ f(t).
De fato, considere os domı́nios de integração



Duv = (u, v) ∈ R2 | u > 0, v > 0 e Dtτ = (t, τ) ∈ R2 | t > τ > 0

e a mudança de variáveis
t = u + v,
τ = u.
Temos daı́ a seguinte integração dupla:
Z∞ Z∞
−su
F(s)G(s) = e f(u)du e−sv g(v)dv
ZZ0 0

= e−s(u+v) f(u)g(v)dudv
ZZDuv
= e−st f(τ)g(t − τ)dτdt
Dtτ
Z∞ Z t 
−st
= e f(τ)g(t − τ)dτ dt
0 0
= L {f(t) ∗ g(t)} .
EXEMPLOS :
54 CAPÍTULO 4. TRANSFORMADA DE LAPLACE (TL) E EDO

1
1. Qual a TLI de H(s) = 2 ?
(s2 +ω2 )
Note primeiramente que

1 1
F(s) = G(s) = ⇒ f(t) = g(t) = sen(ωt).
s2 + ω2 ω

Agora, por convolução, temos

h(t) = (f ∗ g)(t)
Z
1 t
= 2 sen(ω(t − τ)) sen(ωτ)dτ
ω 0
Z
1 t
= 2 sen(ωt − ωτ) sen(ωτ)dτ
ω 0
Z
1 t
= 2 (sen(ωt) cos(ωτ) sen(ωτ) − sen(ωτ) cos(ωt) sen(ωτ)) dτ
ω 0
 Zt Zt 
1 2
= 2 sen(ωt) sen(ωτ) cos(ωτ)dτ − cos(ωt) sen (ωτ)dτ
ω 0 0
 Z ωt Z ωt 
1 2
= 3 sen(ωt) sen u cos u du − cos(ωt) sen u du
ω 0 0
1
= (sen(ωt) − ωt cos(ωt)) .
2ω3

2. TL DA FUNÇ ÃO ERRO


Rt 2
Seja erf(t) := √2π e−x dx. Daı́
0

√ 
−1 1
L √ = et · erf t .
s(s − 1)

De fato, para F(s) = √1 e G(s) = 1


temos que f(t) = √1 e g(t) = et . (A TLI de F(s)
s s−1 , πt
está calculada no final deste exemplo em (⋆).) Logo, se τ = x2 , então

Zt
1
f(t) ∗ g(t) = √ et−τ dτ
0 πτ
t Z t −τ
e e
=√ √ dτ
π 0 τ
Z √t −x2
et e
=√ 2xdx
π 0 x
Z √t
2 2
= et · √ e−x dx.
π 0
4.1. TL 55

(⋆)
Z∞
1 1
L √ = e−st · √ dt
t 0 t
2 Z √
| =
st {z u} ∞ −u2 s 2u
= e · · du
0 u s
Z∞
2 2
=√ e−u du
s
r 0
π
= ,
s
sendo que a últimaigualdade é estabelecida com o que agora
segue.
2 2 2 2
Considere Dxy = (x, y) ∈ R | x + y ≤ a , x ≥ 0, y ≥ 0 , x = r cos θ e y = r sen θ.
Vamos então proceder uma mudança de variáveis (de coordenadas cartesianas para
polares) como estabelecido na seguinte integração:
ZZ
2 2
a→∞⇒I= e−(x +y ) dxdy
D
ZZ xy
2
= e−r rdrdθ
Drθ
Z π/2 Z a 
−r2
= e rdr dθ
0 0
  Z a 
π 1 −r2
= − e (−2)rdr
2 2 0
Z 2
π −a u
=− e du
4 0
π −a2

= 1−e
4
π
→ .
4
Por outro lado, para α qualquer, temos que
Zα Zα
2 2
α → ∞ ⇒ Iα = e−(x +y ) dxdy
0Z α0  Z α 
−x2 −y2
= e dx e dy
0 0
Z α 2
2
= e−x dx
0
Z ∞ 2
−x2
→ e dx .
0


Seja então α ∈ a, a/ 2 . Como Ia/√2 < I < Ia (pois no primeiro quadrante, o
√ (0, 0) e raio a está inscrito num quadrado de lado a
quarto de circunferência de centro
e circunscrito num de lado a/ 2), temos
Z ∞ 2
−x2
a→∞⇒I→ e dx .
0
56 CAPÍTULO 4. TRANSFORMADA DE LAPLACE (TL) E EDO

Pela unicidade do limite, concluı́mos que

Z∞ √
−x2 π
e dx = .
0 2

Agora seguem mais duas propriedades e uma tabela com algumas transformadas. Nesta,
figuram as transformadas das funções erfc(t) = 1 − erf(t) e δ(t). Esta última, dita função
DELTA DE DIRAC , será estudada daqui a algumas linhas. As três últimas linhas de tal tabela
significam que ainda existem inúmeras transformadas e que muitas delas podem ser obtidas
com o que foi estabelecido até agora.
VALORES INICIAL E FINAL
Considere s → ∞ e s → 0 na identidade
Z∞
e−st f ′ (t)dt = sF(s) − f(0).
0

Então, se tais limites são finitos, temos que

lim f(t) = lim sF(s) e lim f(t) = lim sF(s).


t→0 s→∞ t→∞ s→0

EXEMPLO :
1
Seja X(s) = s(s+2) . Então, por um lado,

 
1 −1 1 1
lim x(t) = lim L −
t→∞ t→∞ 2 s s+2
1 
−2t

= lim 1 − e
2 t→∞
1
= .
2

Por outro lado,

1
lim sX(s) = lim
s→0 s→0 s + 2
1
= .
2

TL DE FUNÇ ÃO T - PERI ÓDICA


Se f(t + T ) = f(t) para cada t ∈ [0, ∞) com f admissı́vel e contı́nua por partes num perı́odo
T , então
ZT
1
L {f(t)} = e−st f(t)dt.
1 − e−sT 0
4.1. TL 57

EXEMPLO :

Seja f(t) = sen ωt, ω > 0. Logo f tem perı́odo T = ω e temos que
Z 2π
1 ω
L {f(t)} = e−st sen(ωt)dt
1−e − 2πs
ω 0
h i 2π
ω
− s2 +ω e−st cos(ωt) − s
e−st sen(ωt) ω
2 s2 +ω2 0
= 2πs
 1 − e− ω

ω 2πs
s2 +ω2
1 − e− ω
= 2πs
1 − e− ω
ω
= 2 .
s + ω2
58 CAPÍTULO 4. TRANSFORMADA DE LAPLACE (TL) E EDO

TABELA DE TRANSFORMADAS

f(t) F(s)
tn ecte·t , n = 0, 1, 2, . . . n!/(s − cte)n+1
 se s > cte
cte ·
e t sen(ωt) 2 2
ω/ (s − cte) + ω sesω > 0 e s > cte
ecte·t cos(ωt) (s − cte)/ (s − cte)2 +ω2 se sω > 0 e s > cte
senh(ωt) ω/ s2 − ω2 se s > ω > 0
cosh(ωt) s/ s2 − ω2 se s > ω > 0
δ(t − cte) e−cte·s
2 /4cte2
es
erf(cte · t) s ·√
erfc(s/2cte)

√ cte

erf cte · t s s+cte
 √  √
erfc cte/2 t e−cte s /s
2

cte

3
e−cte /4t e−cte s
2 πt
1 s

f(cte · t) cte F cte
ecte·t f(t) F(s − cte)
H (t − t0 ) f (t − t0 ) e−st0 F(s)
Rt
f(t) ∗ g(t) := 0 f(τ)g(t − τ)dτ F(s)G(s)
Pn
f(n) (t) sn F(s) − sn−i f(i−1) (0)
i=1
(−1)n tn f(t) F(n) (s)
1
RT
f(t + T ) = f(t) 1−e−sT 0 e−st f(t)dt
.. ..

. .
2
2√ t −cte /4t
 √  1

π
e − cte · erfc cte/2 t s

s
e−cte s

.. ..
. .
4.2. EDO’S E TL’S 59

4.2 EDO’s e TL’s


Para resolver PVI ’ S via TL’ S, devemos proceder os seguintes passos em sequência:

1. Aplique a TL em ambos os membros da EDO a ser resolvida;

2. Resolva o problema de álgebra resultante da etapa anterior;

3. Aplique a TLI em ambos os lados da solução obtida na etapa anterior.

EXEMPLO : SISTEMA MASSA - MOLA COM FORÇAMENTO


Sejam m e k a massa e a constante de Hooke, respectivamente, de um corpo sob a ação de
uma força f(t) horizontal.3 Considere agora o o seguinte PVI:

 my ′′ (t) + ky(t) = f(t), t ∈ [0, ∞);
y(0) = y0 ;

y ′ (0) = y0′ .

(Veja Figura 4.2 para uma ilustração de tal sistema mecânico.)


Logo, seguindo os passos citados anteriormente, temos:

f(t)

y(t)

Figura 4.2: Sistema massa-mola com forçamento.

1.
 
L my ′′ (t) + ky(t) = L {f(t)} ⇒ mL y ′′ (t) + kL {y(t)} = L {f(t)}
⇒ ms2 Y(s) − msy0 − my0′ + kY(s) = F(s);

2.
F(s) msy0 my0′
Y(s) = + + ;
ms2 + k ms2 + k ms2 + k
3O uso de “horizontal” com y(t) e não x(t) é proposital!
60 CAPÍTULO 4. TRANSFORMADA DE LAPLACE (TL) E EDO

3.
1 −1 F(s) −1 s ′ −1 1
y(t) = L + y0 L + y0 L .
m s2 + k/m s2 + k/m s2 + k/m

Agora, se ω = k/m, como

−1 1 sen ωt −1 s
L = e L = cos ωt,
s2 + ω2 ω s2 + ω2
então a equação anterior passa a ser escrita como

1 −1 1 y0′
y(t) = L F(s) · 2 + y0 cos ωt + sen ωt.
m s + ω2 ω
Concluı́ndo, via CONVOLUÇ ÃO, obtemos o seguinte:
Z
1 t y′
y(t) = f(τ)sen(ω(t − τ))dτ + y0 cos ωt + 0 sen ωt.
mω 0 ω
Por exemplo, se f(t) = sen ωt, procedendo como no primeiro exemplo dado no as-
sunto CONVOLUÇ ÃO, há algumas linhas atrás, então

1 y0′
y(t) = 2
(sen(ωt) − ωt cos(ωt)) + y0 cos(ωt) + sen(ωt)
2mω ω
2my0′ ω + 1 2my0 ω2 − ωt
   
= sen(ωt) + cos(ωt).
2mω2 2mω2

EXEMPLO :
Considere agora o o seguinte PVI:
 ′′
 y − 6y ′ + 15y = 2 sen 3t;
y(0) = −1;
 ′
y (0) = −4.

Aplicando L na EDO, temos


3
s2 Y(s) − sy(0) − y ′ (0) − 6 (sY(s) − y(0)) + 15Y(s) = 2 · .
s2 + 32
Isto implica que

2 6 
2
 6
s Y(s) + s + 4 − 6sY(s) − 6 + 15Y(s) = 2 ⇒ s − 6s + 15 Y(s) = 2 −s+2
s +9 s +9
−s3 + 2s2 − 9s + 24 1
⇒ Y(s) = 2
· 2 .
s +9 s − 6s + 15
Via Frações Parciais, como

−s3 + 2s2 − 9s + 24 As + B Cs + D
 = 2 + 2
s2 + 9 s2 − 6s + 15 s +9 s − 6s + 15
(A + C)s3 + (−6A + B + D)s2 + (15A − 6B + 9C)s + 15B + 9D
=   ,
s2 + 9 s2 − 6s + 15
4.2. EDO’S E TL’S 61

1
obtemos A = B = 10 , C = − 11
10 e D =
25
10 . Logo
 
1 s+1 −11s + 25
Y(s) = + .
10 s2 + 9 s2 − 6s + 15

Para a primeira parcela desta soma entre parênteses, como

s 1 s 1 3
+ 2 = 2 + · 2 ,
s2 +9 s +9 s +9 3 s +9
temos que a sua TLI é então dada por

1
cos 3t + sen 3t.
3
Para a segunda parcela daquela soma entre parênteses, como

−11s + 25 −11s + 25
2
= 2
s − 6s + 15 s − 6s + 9 + 6
−11s + 25
=
(s − 3)2 + 6
−11(s − 3) − 8
=
(s − 3)2 + 6

s−3 8 6
= −11 · 2
−√ ,
(s − 3) + 6 6 (s − 3)2 + 6
temos que a sua TLI é então dada por
√ 8 √
−11e3t cos 6t − √ e3t sen 6t.
6
Concluı́mos finalmente que

1

1 3t
√ 8 3t √ 
y(t) = cos 3t + sen 3t − 11e cos 6t − √ e sen 6t .
10 3 6
é a solução do PVI anterior.
EXEMPLO :
Considere agora o o seguinte PVI:
 ′′
 y + 3ty ′ − 6y = 2;
y(0) = 0;
 ′
y (0) = 0.

Note primeiramente que


 d  
L ty ′ = − L y′
ds
d
= − (sY(s) − y(0))
ds
= −sY ′ (s) − Y(s).
62 CAPÍTULO 4. TRANSFORMADA DE LAPLACE (TL) E EDO

Logo, aplicando L na EDO, temos

2
s2 Y(s) − sy(0) − y ′ (0) + 3 −sY ′ (s) − Y(s) − 6Y(s) = .

s
Obtemos então

 2
2

−3sY (s) + s − 9 Y(s) = .
s
Assim, chegamos a EDO  
′ 3 s 2
Y (s) + − Y(s) = − .
s 3 3s2
O fator integrante para tal equação é dado por
R
3 s
µ(s) = e ( s − 3 )ds
3 s 2
= eln(s )− 6
s2
= s3 e− 6 .

Multiplicando os dois membros da EDO anterior por µ(s) e integrando, temos


2
Z  s
s2
3 − s6
s e Y(s) = 2 e− 6 − ds
3
s2
= 2e− 6 + cte.

Isto implica que


s2
2 cte e 6
Y(s) = 3 + .
s s3
Por outro lado, como lim y(t) = 0, pelo resultado dos VALORES INICIAL E FINAL visto ante-
t→0
riormente, segue que  
s2
2 cte e 6
lim  2 +  = 0.
s→∞ s s2

Mas isto só é verdade se cte = 0; o que leva a seguinte conclusão:

2
Y(s) = ⇒ y(t) = t2 .
s3
(Verifique que, de fato, tal y(t) é a solução do PVI deste exemplo.)

4.2.1 Função Delta de Dirac (δ(t))


δ(t) modela pulsos de curtı́ssima duração. (Veja Figura 4.3.)
Bom, o IMPULSO I de uma força f(t) num intervalo de tempo [t0 , t0 + ε] é definido como
Z t0 +ε
I= f(t)dt
t0
4.2. EDO’S E TL’S 63

1/ ε

t
t 0 t +ε
0

Figura 4.3: Função fε (t − t0 )

se tal força é integrável em tal intervalo de tempo.


Agora, para lidar com um impulso (de curtı́ssima duração) quando ε → 0, considere pri-
meiramente a função
1/ε se t ∈ [t0 , t0 + ε] ,
fε (t − t0 ) =
0 caso contrário.
Daı́, para 0 < ε << 1,4 o IMPULSO INST ÂNTANEO é definido (e calculado) como
Z∞
Iε = fε (t − t0 ) dt
0
Z t0 +ε
1
= dt
t0 ε
1  t +ε
= t t0
ε 0

= 1 u.i..

Por outro lado, note que

1
fε (t − t0 ) = [H (t − t0 ) − H (t − (t0 + ε))] .
ε
Assim, segue que

1  −t0 s −(t0 +ε)s



L {fε (t − t0 )} = e −e
εs
1 − eεs
= e−t0 s · .
εs

DEFINIÇ ÃO E PROPRIEDADES DA FUNÇ ÃO DELTA DE DIRAC

δ (t − t0 ) := lim fε (t − t0 )
ε→0

é tal que:

∞ se t = t0 ,
• δ (t − t0 ) =
0 caso contrário;
(Para t 6= t0 , considere ε > 0 suficientemente pequeno tal que t 6∈ [t0 , t0 + ε].)
4 Isto é, ε é um número positivo muito, muito pequeno, podendo até ser arbitrariamente próximo de zero.
64 CAPÍTULO 4. TRANSFORMADA DE LAPLACE (TL) E EDO
R∞
• 0 δ (t − t0 ) dt = 1;
(De fato, ε → 0 ⇒ Iε → 1.)
• Se t0 ∈ [t1 , t2 ] está contido no domı́nio de f(t), com f(t) contı́nua em t0 , então
Z t2 Z t2
f(t)δ (t − t0 ) dt = f (t0 ) δ (t − t0 ) dt
t1 t1
= f (t0 ) ;

• L {δ(t − t0 )} = e−t0 s pois

1 − e−εs
lim L {fε (t − t0 )} = e−t0 s lim
ε→0 ε→0 εs
se−εs
= e−t0 s lim
ε→0 s
−t0 s −εs
=e lim e .
ε→0

Usamos L’hôpital na segunda igualdade anterior.


EXEMPLO :
Considere o sistema massa-mola
 ′′
 y + 3y ′ + 2y = δ(t − 1),
y(0) = 0,
 ′
y (0) = 0.

Então, aplicando L na EDO, temos

s2 Y(s) − sy(0) − y ′ (0) + 3 (sY(s) − y(0)) + 2Y(s) = e−s ⇒ s2 Y(s) + 3sY(s) + 2Y(s) = e−s
⇒ Y(s) = e−s F(s)

com, via frações parciais,


1
F(s) =
s2
+ 3s + 2
1 1
= − .
s+1 s+2
Logo, como

f(t) = L−1 {F(s)}


= e−t − e−2t ,

concluı́mos que

y(t) = L−1 e−s F(s)
= f(t − 1)H(t − 1)

0 se 0 ≤ t < 1,
=
e−(t−1) − e−2(t−1) se t > 1.

(A Figura 4.4 é uma representação qualitativa da solução deste sistema mecânico.)


4.2. EDO’S E TL’S 65

y(t)

t
0 1

Figura 4.4: Representação qualitativa da solução y(t) do problema massa-mola.

4.2.2 TL’s e Sistemas de EDO’s


Em cada exemplo dado a seguir, vamos obter as soluções x(t) e y(t) do respectivo sistema.

x = 2x + y; x(0) = 1;
1.
y ′ = 3x + 4y; y(0) = 0.
Primeiramente, aplicamos L nas duas EDO ’ S:

sX(s) − x(0) = 2X(s) + Y(s);
sY(s) − y(0) = 3X(s) + 4Y(s).

Agora, substituı́ndo as condições iniciais, segue que:



sX(s) − 1 = 2X(s) + Y(s);
sY(s) = 3X(s) + 4Y(s).

Logo, manipulando algebricamente tal sistema, obtemos:



(s − 2)X(s) − Y(s) = 1;
−3X(s) + (s − 4)Y(s) = 0.

Daı́, resolvendo tal sistema linear, temos:


s−4 3
X(s) = e Y(s) = .
(s − 1)(s − 5) (s − 1)(s − 5)
Assim, via frações parciais, obtemos:
3/4 1/4 −3/4 3/4
X(s) = + e Y(s) = + .
s−1 s−5 s−1 s−5
Para concluir, basta aplicar agora L−1 em cada uma das duas equações anteriores e
obter:
3 1 3 3
x(t) = · et + · e5t e y(t) = − · et + · e5t .
4 4 4 4
66 CAPÍTULO 4. TRANSFORMADA DE LAPLACE (TL) E EDO

x ′ = 3x − 3y + 2; x(0) = 1;
2. ′
y = −6x − t; y(0) = −1.
Primeiramente, aplicamos L nas duas EDO ’ S:

sX(s) − x(0) = 3X(s) − 3Y(s) + 2s ;
sY(s) − y(0) = −6X(s) − s12 .

Agora, substituı́ndo as condições iniciais, segue que:



(s − 3)X(s) + 3Y(s) = 2+s s ;
s2 +1
6X(s) + sY(s) = − s2 .

Considerando o sistema anterior, multiplique a equação de cima por s, a de baixo por


−3 e adicione as duas para obter:

2
 3s2 + 3
s − 3s − 18 X(s) = 2 + s + .
s2
Assim, via frações parciais, obtemos:

s3 + 5s2 + 3
X(s) =
s2 (s + 3)(s − 6)
 
1 133 28 3 18
= − + − .
108 s − 6 s + 3 s s2

Aplicando L−1 na equação anterior, temos que:

1  
x(t) = 133e6t − 28e−3t + 3 − 18t .
108
Por outro lado, a equação de baixo do sistema inicial pode ser escrita como:
Z
y = (−6x − t) dt
Z
1  
=− 133e6t − 28e−3t + 3 dt
18
1  6t −3t

=− 133e + 56e + 18t + cte.
108
A substituição da condição inicial da equação de baixo do sistema inicial nos diz que:

1 3
−1 = − (133 + 56) + cte ⇒ cte = .
108 4
Concluı́mos então que:

1  
y(t) = − 133e6t + 56e−3t + 18t − 81 .
108
Capı́tulo 5

Exercı́cios

1. Nos itens seguintes, obtenha a solução geral de cada EDO e a solução particular de cada
PVI . Ainda, quando for de segunda ordem, resolver a EDO pelo método da equação
caracterı́stica associada a mesma. Por fim, determine o domı́nio I de cada solução
obtida.
( AS RESOLUÇ ÕES ENCONTRAM - SE EM VOSSOS CADERNOS OU NESTAS NOTAS DE AULA
NUM CAP ÍTULO ANTERIOR !)

(a) LINEARES DE PRIMEIRA ORDEM



x = cos t;
i.
x(0) = 0.
′ 1
x = t;
ii.
x(1) = 0.
t
iii. x ′ = 1+t2
x.

x ′ = 2tx;
iv.
x(0) = 1.

tx ′ = −x + t2 ;
v.
x(1) = x0 .
(b) N ÃO - LINEARES DE PRIMEIRA ORDEM
i. SEPAR
ÁVEIS
x ′ = 1 + x2 ;
A.
x(0) = 0.
t2
B. x ′ = x2
.
C. xx ′ = −t.
ii. Verifique se são EXATAS antes de resolvê-las
A. (2tx − 3t2 ) + (t2 − 2x) dxdt = 0.

(cos t − t sen t + x2 ) + (2tx) dx
dt = 0;
B.
x(π) = 1.
iii. BERNOULLI
′ 4
x + t x = t3 x 2 ;
A.
x(2) = −1.

x = 5x + e−2t x−2 ;
B.
x(0) = 2.

67
68 CAPÍTULO 5. EXERCÍCIOS

iv. HOMOG
ÊNEA
txx ′ + 4t2 + x2 = 0;
A.
x(2) = −7.
(c) LINEARES DE SEGUNDA ORDEM
 ′′
 x + x ′ − 6x = 0;
i. x(0) = 1;
 ′
x (0) = 0.
ii. 3x + x ′ − x = 0.
′′

iii. 4x ′′ + 12x ′ + 9x = 0.
iv. x ′′ − 6x ′ + 13x = 0.
 x ′′ + x = 0;
v. x(0) = 2;
 ′
x (0) = 3.
vi. x − 3x ′ + 2x = d(t) para cada item que segue:
′′

A. d(t) = e3t ;
B. d(t) = e2t ;
C. d(t) = 2t2 + 4t + 1;
D. d(t) = cos(3t);
E. d(t) = e3t + e2t + 2t2 + 4t + 1 + cos(3t).
vii. x ′′ − 6x ′ + 9x = e3t .

2. Proceda como na questão anterior na seguinte miscelânia de exercı́cios:1



x + 3t2 x = t2 ; 1−e
(a) 1 SOLUÇ ÃO : x = 13 + t32 ; I = R.
x(1) = 3e . e
′ 1
x − tx = 1t sen 1t ;
(b) SOLUÇ ÃO : x = t cos 1t ; I = (−∞, 0).
x −1
π = 1
π .

x + x = t;
(c) SOLUÇ ÃO : x = t − 1 + e2t ; I = R.
x(0) = 1.

x = 6x2 t;
 q q 
1
(d) 1 SOLUÇ ÃO : x =
28−3t2
; I = − 28 3,
28
3 .
x(1) = 25 .
(e) 3t2 − x3 + 2x − 3tx2 x ′ . SOLUÇ ÃO : t3 − tx3 + x2 = cte.


1
(f) x ′ = 5x − 5tx3 . SOLUÇ ÃO : x−2 = ctee10t + t − 10 .
x 2
(g) x ′ = 1 + xt +

t . SOLUÇ ÃO : x = t tan(ln |t| + cte).
(h) 4x ′′ + x ′ = 0. SOLUÇ ÃO : x = cte1 + cte2 e−t/4 .
(i) x ′′ + 4x = 8t2 − 20t + 8 + 5 sen 3t − 5 cos 3t + 24e−2t + 8 cos 2t. SOLUÇ ÃO :
x = cte1 cos 2t + cte2 sen 2t + 2t2 − 5t + 1 + cos 3t − sen 3t + 3e−2t + 2t sen 2t.
(j) x ′′ + 2x ′ = 6e−2t + 12t2 . SOLUÇ ÃO : x = cte1 e−2t + cte2 − 3te−2t + 2t3 − 3t2 + 3t.
(k) x ′′ − 6x ′ − 7x = 13 cos 2t + 34 sen 2t + 8e−t − 7t − 6. SOLUÇ ÃO :
x = cte1 e−t + cte2 e7t + cos 2t − 2 sen 2t + t − te−t .
1I = R para cada EDO linear de segunda ordem!
69
 ′′
 x − 4x ′ + 4x = 2e2t − 12 cos 3t − 5 sen 3t;
(l) x(0) = −2; SOLUÇ ÃO :
 ′
x (0) = 4.
x = −2e2t + 5te2t + t2 e2t + sen 3t.

3. Quais das seguintes séries convergem? Quais divergem? Justifique suas respostas e
apresente os domı́nios e raios de convergência para as séries de potências que sejam
convergentes.
( AS RESOLUÇ ÕES ENCONTRAM - SE EM VOSSOS CADERNOS OU NESTAS NOTAS DE AULA
NUM CAP ÍTULO ANTERIOR !)

P

1
(a) 2n ;
n=1
P∞
n
(b) 2n+1 ;
n=1
P∞
1
(c) n;
n=1
P∞
(d) √1 ;
n
n=1
P∞
1
(e) n! ;
n=1
P∞
2n
(f) n;
n=1
P∞
n
n
(g) 2n+1 ;
n=1
P∞
n
(h) n+1 ;
n=1
P∞
1
(i) n(n+1) ;
n=1
P∞
(j) (−1)n+1 n1 ;
n=1
P∞
(k) tn ;
n=0
P∞
sen nt
(l) 2n ;
n=1
P∞
(m) (−1)n+1 n(t − 2)n ;
n=0
P∞
(t+1)n
(n) n2n .
n=1

4. Via a série geométrica, vamos obter representações em série de funções e I para g(t) =
1 2t3 t t2 1
1+t3
, h(t) = 1+t 3 , ϕ(t) = 5−t , φ(t) = t−5 e x(t) = (1−t)2 .

( AS RESOLUÇ ÕES ENCONTRAM - SE EM VOSSOS CADERNOS OU NESTAS NOTAS DE AULA


NUM CAP ÍTULO ANTERIOR !)
70 CAPÍTULO 5. EXERCÍCIOS

5. Verifique a analiticidade de f(t) em I = (−R, R) escrevendo a série de Maclaurin de tal


f em tal I se:
1
(a) f(t) = 1−t , R = 1;
(b) f(t) = et , R = ∞;
(c) f(t) = ln(1 + t), R = 1;
(d) f(t) = sen t, R = ∞;
(e) f(t) = cos t, R = ∞.

( AS RESOLUÇ ÕES ENCONTRAM - SE EM VOSSOS CADERNOS OU NESTAS NOTAS DE AULA


NUM CAP ÍTULO ANTERIOR !)

6. Resolva as EDOS seguintes via séries de Taylor em torno de zero.


( AS RESOLUÇ ÕES ENCONTRAM - SE EM VOSSOS CADERNOS OU NESTAS NOTAS DE AULA
NUM CAP ÍTULO ANTERIOR !)

(a) x ′ − x = 0.
(b) x ′ = t2 x.
(c) x ′′ + x = 0.
(d) x ′′ − tx = 0.
(e) t2 + 1 x ′′ − 4tx ′ + 6x = 0.

 2
 t + 1 x ′′ + tx ′ − x = 0


(f) x(0) = 0;
 ′
x (0) = 1.
 ′′
 x − 2tx ′ + x = 0;
(g) x(0) = 0;
 ′
x (0) = 1.

7. Nos itens seguintes, dada uma função na variável t, obtenha a sua TL na variável s e,
reciprocamente, dada uma função na variável s, determine a sua TLI na variável t.
( AS RESOLUÇ ÕES ENCONTRAM - SE EM VOSSOS CADERNOS OU NESTAS NOTAS DE AULA
NUM CAP ÍTULO ANTERIOR !)

(a) p(t) = −t4 + 2t3 + t − 7.


s+3
(b) F(s) = s(s−1)(s+2) .
s−1
(c) G(s) = s2 +2s−8
.
s2
(d) X(s) = (s+3)3
.
3s+7
(e) Y(s) = s2 −2s+5
.

0 se t < 3;
(f) S(t) =
sen t se t ≥ 3.
e−7s
(g) A(s) = (s−3)3
.

(h) x(t) = sen2 t.


71

(i) g(t) = t cos t.


(j) h(t) = t2 cos(3t).
1
(k) H(s) = 2 .
(s2 +ω2 )
8. Resolva, usando a tabela das TL’ S e TLI ’ S, os sistemas dados a seguir.
( AS RESOLUÇ ÕES ENCONTRAM - SE EM VOSSOS CADERNOS OU NESTAS NOTAS DE AULA
NUM CAP ÍTULO ANTERIOR !)

(a) Aqui, temos um sistema massa-mola com forçamento horizontal f(t), massa m e
constante de Hooke k:

 my ′′ (t) + ky(t) = f(t), t ∈ [0, ∞);
y(0) = y0 ;

y ′ (0) = y0′ .
 ′′
 y − 6y ′ + 15y = 2 sen 3t;
(b) y(0) = −1;
 ′
y (0) = −4.
 ′′
 y + 3ty ′ − 6y = 2;
(c) y(0) = 0;
 ′
y (0) = 0.
 ′′
 y + 3y ′ + 2y = δ(t − 1),
(d) y(0) = 0,
 ′
y (0) = 0.

x = 2x + y; x(0) = 1;
(e)
y ′ = 3x + 4y; y(0) = 0.

x = 3x − 3y + 2; x(0) = 1;
(f) ′
y = −6x − t; y(0) = −1.

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