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RICARDO BIANCONI
Sumário
1. Introdução 1
2. Polinômios e Séries de Taylor 2
3. Fórmulas do Resto e Convergência 3
4. Operações com séries de Taylor 8
5. Derivação e Integração 10
6. Exemplos Diversos 10
7. Séries de Potências com Variáveis Complexas 22
8. Cálculos Diversos com Séries e Integrais 25
Apêndice A. Teoremas de Convergência Uniforme e de Abel 29
Apêndice B. Teoremas da Integração e Derivação 32
Apêndice C. Fórmulas de Wallis e de Stirling 33
Referências 37
1. Introdução
0 f 00 (x0 )
f (x) = f (x0 ) + f (x0 )(x − x0 ) + (x − x0 )2 +
2
00 Z x (4)
f (x0 ) f (t)
+ (x − x0 )3 − (t − x)3 dt
3·2 x0 3 · 2
POLINÔMIOS E SÉRIES DE TAYLOR 3
De fato, pelo Princı́pio da Indução Finita, essas expressões são válidas para
n = 0 e, para confirmar a validade dela para qualquer n, basta mostrar que se
valer para algum n ≥ 0 então também valerá para o passo seguinte, n + 1. Mas
isso sai da aplicação do método da integração por partes, como viemos fazendo.
Definição 1. O polinômio Pn acima é o polinômio de Taylor de grau n da
função f e, se f for de classe C ∞ em torno do ponto x0 , então a sequência
n 7→ Pn (x) é a série de Taylor da função f centrada em x0 , e denotamos tal
P∞ f (n) (x0 )
série resumidamente como n=0 n!
(x − x0 )n .
P∞ n
Exemplo 1 (Funções pares e ı́mpares).P∞ Se fn(x) = P∞an x for
n=0 função par
n n
(f (−x) = f (x)), então f (−x) = n=0 (−1) a n x = a
n=0 n x = f (x). A
unicidadeP da série2kde Taylor de f implica an = 0, para todo n ı́mpar. Daı́,
f (x) = ∞ k=0 a2k x .
x
(t − x)n (n+1)
Z
n
Rn (x) = (−1) f (t) dt,
x0 n!
f (n+1) (x̄)
Rn (x) = (x − x0 )n+1 ,
(n + 1)!
Temos também
n
1 X xn+1
= (−1)k xk + (−1)n+1 .
1 + x k=0 1+x
x−x0
Se 1−x0
< 1, ou |x − x0 | < |1 − x0 |, vale a igualdade
∞ ∞
1 1 X (x − x0 )n X 1
= n
= n+1
(x − x0 )n .
1−x 1 − x0 n=0 (1 − x0 ) n=0
(1 − x 0 )
O Teorema de Abel
P garante que essa igualdade vale também para x = 1, pois
a série alternada ∞
n=1 (−1)n−1
/n converge:
∞
X 1 1 1 1
ln 2 = (−1)n−1 = 1 − + − ···
n=1
n 2 3 4
A estimativa
Z x
(t − 2)n+1 −1 |x − 2|
n+2
dt ≤ max{1, (1 + x) } → 0,
2 3n+2 (1 + t) 3n+2 (n + 2)
garante a convergência da série para a função ln x no intervalo I = ] − 1, 5]
(usando também o Teorema de Abel para o extremo x = 5).
d
Exemplo 7 (A função arcotangente). Sabemos que dx arctg x = 1/(1 + x2 ), e
como
n 2n+2
1 X
k 2k n+1 x
= (−1) x + (−1) ,
1 + x2 k=0
1 + x 2
Em particular
π 1 1 1
= arctg 1 = 1 − + − · · ·
4 3 5 7
8 RICARDO BIANCONI
As fórmulas
n k
dn dn dn dn X n d f dn−k g
(f + g) = f + g, e (f g) = .
dxn dxn dxn dxn k=0
k dxk dxn−k
Pn
ou seja, cn = k=0 ak bn−k .
Demonstração. No caso de g(x) = f (λx), basta notar que g (n) (x) = λn f (n) (λx).
Para o caso de h(x) = f (xm ), observemos que se xm pertencer Pao intervalo de
m ∞ m n
convergência
P∞ da série de Taylor de f , então h(x) = f (x ) = n=0 an (x ) =
mn
n=0 an x .
P∞ 5k x3k
Exemplo 13. Para x ∈ R, exp(5x3 ) = k=0 k!
.
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5. Derivação e Integração
Rx
Exemplo 15 (A função arcotangente novamente). Como 0 (1 + t2 )−1 dt =
arctg x, temos para |x| ≤ 1 a série
∞ Z x ∞
X
n 2n
X x2n+1
arctg x = (−1) t dt = (−1)n
n=0 0 n=0
2n + 1
6. Exemplos Diversos
∞ ∞ ∞
X p n−1 X p X p−1 n
fp0 (x) = n x = (n + 1) n
x =p x = pfp−1 (x),
n=1
n n=0
n + 1 n=0
n
∞ ∞
X p−1 n
X p−1 p−1
(1 + x)fp−1 (x) = (1 + x) x = 1+ + xn =
n=0
n n=1
n n−1
∞
X p n
= x = fp (x)
n=0
n
A expressão
−1/2 (−1/2)(−3/2) . . . (−(2n − 1)/2) 1.3.5.7 . . . (2n − 1)
= = (−1)n =
n n! 2n n!
(−1)n 2n
n (2n)!
= (−1) n =
4 (n!)2 4n n
permite-nos reescrever a série acima na forma
∞
x2n+1
X 2n
arcsen x =
n=0
n 4n (2n + 1)
Portanto, pelo critério do termo geral (ele não tende a zero), a série não
converge nos extremos do intervalo de convergência, ou seja, a série diverge se
|x| ≥ 2π.
Esta última série esconde uma série telescópica, embora não seja aparente isso.
Vejamos o por quê. Observe que
x sen[(m + 1/2)x] − sen[(m − 1/2)x]
sen cos(mx) = ,
2 2
donde obtemos que
sen 2m+1 2m−1
2
t − sen t
cos(mπt) = 2
2 sen πt2
M Z 1
X sen((2m + 1)πt/2)
= [Bk (t) − Bk (0)] dt −
i=1 0 2 sen(πt/2)
Z 1
sen((2m − 1)πt/2)
− [Bk (t) − Bk (0)] dt =
0 2 sen(πt/2)
Z 1 Z 1
sen((2M + 1)πt/2) Bk (t) − Bk (0)
= [Bk (t) − Bk (0)] dt − dt
0 2 sen(πt/2) 0 2
A segunda integral é simples e depende de propriedades dos polinômios de
Bernoulli vistas acima.
Z 1
Bk (t) − Bk (0) Bk (0)
dt = −
0 2 2
Para a secante fazemos, como no caso dos números de Bernoulli, para |x| <
π/2
∞
1 X E2k 2k
sec x = = (−1)k x ,
cos x k=0 (2k)!
com E0 = 1, e para n > 0,
2n 2n
E2n + E2n−2 + E2n−4 + · · · + E0 = 0.
2 4
p
Exemplo
p 33 (Cosseno de |x|). Esse é um exemplo um tanto estranho, porque
|x| não é derivável em x = 0. Sua reta tangente tende a ficar vertical nesse
ponto.
No entanto, se x > 0, temos
∞
p X xk
cos |x| = (−1)k
k=0
(2k)!
que é uma série cujo intervalo de convergência é R. Observe que para x < 0 ela
também define uma função
∞ ∞ ∞ p
X (−x)k X |x|k X ( |x|)2k p
g(x) = = = = cosh |x|.
k=0
(2k)! k=0
(2k)! k=0 (2k)!
A mistura dessas duas funções seria melhor entendida olhando para a função
complexa definida pela série.
P∞ n n
Por outro lado, exp(a arcsen x) = n=0 a arcsen x/(n!). Consideramos
essa como uma série de potências em a e comparamos os coeficientes dos an ,
obtendo as fórmulas ∞
2 1 X 22n x2n
arcsen x = ,
2 n=1 2n n
n2
e para N > 1
2N ∞
arcsen x 1 X X 1 x2k
=
2k
,
(2N )! 4 k=N 1≤n <n <···<n ≤k−1 (2n1 )2 . . . (2nN −1 )2 k
k2
1 2 N −1
e para todo N ≥ 1
∞
!
2k
arcsen2N +1 x X X 1 k
x2k+1
=
(2N + 1)! k=N 0≤n1 <n2 <···<nN ≤k−1
(2n1 + 1) . . . (2nN + 1)2
2 4k (2k + 1)
i.
Vimos acima que ez = ex+iy = ex eiy = ex [cos y + i sen y], para todo z ∈ C, com
z = x + iy, com x, y ∈ R. Assim, temos que
eiy + e−iy eiy − e−iy
cos y = , sen y =
2 2i
Com isso, podemos definir as funções cos z e sen z, para todo z ∈ C por
eiz + e−iz eiz − e−iz
cos z = , sen z =
2 2i
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1 ∞
1X ∞ 1
ln(1 + x2 ) x2n x2n
Z Z X Z
n−1
√ dx = (−1) √ dx = (−1)n−1 √ dx
0 1 − x2 0 n=1
n 1 − x2 n=1 0 n 1 − x2
√
Observe que, com a substituição x = sen θ, dx = cos θ dθ, e 1 − sen2 θ =
| cos θ| = cos θ, se 0 ≤ θ ≤ π/2, temos
Z 1 Z π/2
x2n
2n (2n − 1) . . . 5.3.1 π n −1/2 π
√ dx = sen θ dθ = = (−1)
0 1 − x2 0 2n n! 2 n 2
usando integração por partes.
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Daı́, temos
1 ∞
ln(1 + x2 )
π X 1 −1/2
Z
√ dx = −
0 1 − x2 2 n=1 n n
e, daı́,
Z π/3
cos((m + n)x) π sen((m + n)π/3) cos((m + n)π/3) − 1
x = +
0 mn 3mn (m + n) (m + n)2
Assim,
Z π/3 x 17 4
x ln2 2 sen dx = π .
0 2 6480
1/2 t ∞
arcsen2 x
Z Z
dt 1X 1
dx =
8 n=1 n4 2n
0 0 x t n
Demonstração. Dado ε > 0, seja n0 , tal que se n ≥ n0 , |Sn (x) − S(x)| < ε, para
todo x ∈ [a, b]. A função Sn0 é contı́nua em [a, b], ou seja, dado x0 ∈ [a, b], existe
δ > 0, tal que para todo x ∈ [a, b], |x − x0 | < δ implica |Sn0 (x) − Sn0 (x0 )| < ε.
Portanto, para todo x ∈ [a, b], |x − x0 | < δ, vale |S(x) − S(x0 )| ≤ |S(x) −
Sn0 (x)| + |Sn0 (x) − Sn0 (x0 )| + |Sn0 (x0 ) − S(x0 )| < 3ε, o que prova a continuidade
de S(x) em [a, b].
que ∞ n
P
Teorema 9 (Convergência Uniforme de Abel). Suponha
P∞ n=0 an (x − x0 )
n
tenha raio de convergência R > 0 finito e que n=0 an R seja convergente.
Então, para cada x1 ∈ ]x0 − R, x0 + R[ , a série converge uniformemente no
intervalo [x1 , x0 + R].
Como ∞
P
k=0 Rk é convergente, Rk → 0 se k → ∞ e, portanto, existe n0 , tal
que |Rn | < ε/2, para todo n ≥ n0 . Daı́, se 0 ≤ x < 1 e n ≥ n0 ,
∞ ∞
X ε k
X ε k
|Rn (x)| < |Rn | + (1 − x) |Rn+k+1 |x ≤ + (1 − x) x = ε,
k=0
2 k=0
2
Demonstração. P
Como a convergência no intervalo [x0 , x0 + R] é uniforme, a
função S(x) = ∞ n
n=0 an (x − x0 ) é contı́nua nesse intervalo. Em particular, é
contı́nua no ponto x0 + R.
Teorema 11 (Um Critério de Convergência Uniforme). Sejam an (x) e bn (x),
n ≥ 0, duas sequências de funções Pcontı́nuas e definimos a sequência An (x) =
P n ∞
k=0 na (x). Suponha que a série n=0 An (x)[bn+1 (x) − bn (x)] seja uniforme-
mente convergente (em um conjunto J), e que exista limn→∞ An (x)bn (x). Então
a série abaixo converge uniformemente em J e sua soma é
∞
X ∞
X
an (x)bn (x) = An (x)[bn+1 (x) − bn (x)] + lim An (x)bn (x)
n→∞
n=0 n=0
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N
X −1
= An (bn − bn+1 ) + AN bN
n=0
Isso já não ocorre com a sequência n 7→ Pn (x) (a série de Taylor de uma
função). Vejamos como a convergência uniforme aplica-se no caso das séries de
Taylor.
Teorema 12 (Integral de Série de Taylor). Suponha que a sequência de funções
contı́nuas Sn (x) convirja uniformemente no intervalo [a, b] para a função S(x)
Rb Rb
(que é necessariamente contı́nua). Então a Sn (x) dx → a S(x) dx.
Demonstração. Dado ε > 0, seja n0 , tal que para todo n ≥ n0 e todo x ∈ [a, b],
|Sn (x) − S(x)| < ε. Disso obtemos
Z b Z b Z b Z b
Sn (x) dx − S(x) dx ≤ |Sn (x) − S(x)| dx < ε dx = ε(b − a),
a a a a
para todo n ≥ n0 , terminando a demonstração.
P∞
Teorema 13 (Derivada de Série de Taylor). Se a série n=0 an (x − x0 )n con-
vergir para a função f no
Pintervalo I, então f é derivável para todo x no interior
0 ∞
do intervalo I, f (x) = n=0 (n + 1)an+1 (x − x0 )n . Em particular, f é de classe
C ∞ no interior de I.
Demonstração. A série ∞ n
P
n=0 (n+1)an+1 (x−x0 ) converge no interior de I para
uma função contı́nua g(x). Aplicamos o Teorema da Integração de Séries de
Taylor, para x no interior de I,
Z x X∞
g(t) dt = an (x − x0 )n = f (x) − f (x0 ).
x0 n=1
0
donde segue que g(x) = f (x).
Observe que
2.4.6 . . . (2n) 22n (n!)2 22n
= = 2n .
1.3.5 . . . (2n − 1) (2n)! n
n!
lim √ = 1.
n→∞ 2πn nn e−n
k 1
> + 2
> 0.
k + 1 12(k + k)
Assim,
1 n!
− < log 1 1 < 0,
12n α nn+ 2 e−n+ 12n
1 1 1
ou α nn+ 2 e−n < n! < α nn+ 2 e−n+ 12n .
Agora só falta determinar α, usando a fórmula de Wallis. Seja f (n) =
1
α nn+ 2 e−n . As desigualdades acima implicam que n!/f (n) → 1, se n → ∞.
Daı́, (n!)2 f (2n)/[(2n)!f (n)2 ] → 1, ou seja
1 √ √
α(n!)2 (2n)2n+ 2 e−2n 1 (n!)2 22n 2 2π
= √ → = 1,
α2 (2n)!n2n+1 e−2n α (2n)! n α
√
ou seja, α = 2π.
P∞ nn xn
Exemplo 50. Vamos determinar o intervalo de convergência de n=0 n!
.
O raio de convergência é
−n
nn (n + 1)!
1
R = lim = lim 1 + = e−1 .
n→∞ (n + 1)n+1 n! n→∞ n
Referências
[1] Milton Abramowitz e Irene A. Stegun (eds), Handbook of Mathematical Functions, with
Formulas, Graphs and Mathematical Tables, National Bureau of Standards, Applied
Mathematics Series 55, Washington, DC, EUA, 10a impressão, 1972.
[2] Geraldo Ávila. Variáveis Complexas e Aplicações, 3a ed., LTC, Rio de Janeiro, RJ, 2003.
[3] Jonathan Borwein e M. Chamberland, Integer Powers of Arcsin, International Journal
of Mathematics and Mathematical Sciences, 2007.
[4] Óscar Ciaurri, Luis M. Navas, Francisco J. Ruiz, Juan L. Varona. A simple computation
of ζ(2k). The American Mathematical Monthly, Vol. 122 No. 5 (2017), 444–451.
[5] Konrad Knopp, Theory and Applications of Infinite Series, Dover Publications Inc.,
Nova Iorque, EUA, 1990.
[6] Alfred van der Poorten. Some Wonderful Formulae: An Introductionn to Polylogarithms.
Macquarie Mathematics Reports No. 79-0008, 1979 (Macquarie University, North Ryde,
N.S.W. 2113 Australia).
[7] Murray R. Spiegel, Cálculo Avançado, McGraw-Hill do Brasil, Ltda., 1978.
[8] Michael Spivak, Calculus, Publish or Perish, Inc., Houston, Texas, EUA,1994.