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44984-06 – Circuitos Elétricos B

VI Análise de Fourier

VI.1 Introdução

No curso de circuitos elétricos, dedica-se grande espaço para a análise de circuitos elétricos submetidos à
excitação do tipo senoidal. Isto se deve a possibilidade de estender os principais resultados desta análise mesmo
quando o tipo de excitação não é senoidal. Utilizando-se a série de Fourier é possível determinar a resposta em
regime permanente (resposta estacionária) de uma rede a uma entrada periódica não-senoidal. A transformada
de Fourier permite analisar circuitos com entradas não-periódicas de forma similar à transformada de Laplace,
ou seja, através de uma representação equivalente no domínio da freqüência para a qual são obtidas equações
algébricas que são, posteriormente, convertidas para o domínio do tempo.

VI.2 Série de Fourier

Através da série de Fourier é possível transformar funções periódicas não-senoidais em um somatório de


funções periódicas senoidais, conforme ilustra a Figura VI.1.

Função periódica Série de funções


Série de Fourier Periódicas
não-senoidal1
senoidais

Figura VI.1 – Esquema de aplicação da série de Fourier.

Uma função periódica é qualquer função que se repete a intervalos regulares, denominados períodos. Toda
função periódica satisfaz a equação:
f (t ) = f (t ± nT ) (1)

onde n é um número inteiro positivo maior que zero (n ∈ I , n > 0) e T é uma constante real denominada
período. Por exemplo, a função seno é periódica, com período T = 2π , pois:
sen (x ) = sen[x ± 1 ⋅ (2π )] = sen[x ± 2 ⋅ (2π )] = sen[x ± 3 ⋅ (2π )] = K

Fourier mostrou que uma função periódica f (t ) pode ser representada1 por uma soma infinita de senóides e co-
senóides com períodos múltiplos inteiros (harmônicos) do período T da função periódica (período
fundamental), constituindo a chamada Série Trigonométrica de Fourier, dada por:

1
Para que seja possível expressar uma função periódica f (t ) como uma série de Fourier devem ser satisfeitas as
condições de Dirichlet (suficientes mas não necessárias):
• f (t ) deve ser unívoca;
• f (t ) deve ter um número finito de descontinuidades dentro de cada período;
• f (t ) deve ter um número finito de máximos e mínimos dentro de cada período;
t +T
• A integral ∫ f (t ) dt deve existir.
t
Toda função periódica produzida por uma fonte real satisfaz as condições de Dirichlet mas ainda não são conhecidas as
condições necessárias para que uma função f (t ) tenha representação em série de Fourier.

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f (t ) = a0 + ∑a
n =1
n cos(nω 0 t ) + bn sen (nω 0 t ) (2a)

sendo a0 , a n e bn os coeficientes de Fourier e ω 0 = 2π a freqüência fundamental da função periódica


T
f (t ) . Os múltiplos inteiros de ω 0 , isto é, 2ω 0 , 3ω 0 , 4ω 0 ,L , são denominados harmônicos de f (t ) : 2ω 0 é o
segundo harmônico; 3ω 0 é o terceiro harmônico e assim por diante.
Os coeficientes da Série Trigonométrica de Fourier são determinados através das seguintes expressões:

1 t0 +T 1 T
a0 = ∫ f (t )dt = ∫ f (t )dt (2b)
T t0 T 0

2 t0 +T 2 T
ak = ∫ f (t )cos(kω 0 t )dt = ∫ f (t )cos(kω t )dt 0 k = 1,2,L (2c)
T t0 T 0

2 t0 +T 2 T
bk = ∫ f (t )sen (kω 0 t )dt = ∫ f (t )sen(kω t )dt 0 k = 1,2,L (2d)
T t0 T 0

Alguma simplificação na notação pode ser obtida através da redefinição do termo a0 , da seguinte forma:

a0
f (t ) =
2
+ ∑a
n =1
n cos(nω 0 t ) + bn sen (nω 0 t ) (3a)

e
2 t0 +T 2 T
ak = ∫ f (t )cos(kω 0 t )dt = ∫ f (t )cos(kω t )dt 0 k = 0,1,2,L (3b)
T t0 T 0

2 t0 +T 2 T
bk = ∫ f (t )sen (kω 0 t )dt = ∫ f (t )sen(kω t )dt 0 k = 1,2,L (3c)
T t0 T 0

Neste caso, observar que a mesma expressão utilizada para determinar ak pode ser utilizada para determinar
a0 pois, quando k = 0 , cos(kω 0 t ) = 1 . Embora isto simplifique a notação, não será empregado no restante do
texto para evitar possíveis confusões. Desta forma, o coeficiente a0 da série de Fourier será sempre igual ao
valor médio da função, conforme Equação (2b).
A expressão (2b) pode ser obtida multiplicando ambos os lados de (2a) por cos(kω 0 t ) e integrando em um
período, e simplificando da forma como segue (vide Nilsson&Riedel, pág. 437):
t0 +T t0 +T ∞ t0 +T
∫ t0
f (t )cos(kω 0 t )dt = ∫ t0
a0 cos(kω 0 t )dt + ∑ ∫ [a
n =1
t0
n cos(nω 0 t )cos(kω 0 t ) + bn sen (nω 0 t )cos(kω 0 t )]dt

T 
= 0 + ak   + 0
2
De modo similar, a expressão (2c) pode ser obtida multiplicando ambos os lados de (2a) por sen (kω 0 t ) e
integrando em um período, e simplificando da forma como segue:
t0 +T t0 +T ∞ t0 +T
∫ t0
f (t )sen (kω 0 t )dt = ∫ t0
a0 sen (kω 0 t )dt + ∑ ∫ [a
n =1
t0
n cos(nω 0 t )sen (kω 0 t ) + bn sen (nω 0 t )sen (kω 0 t )]dt

T 
= 0 + 0 + bk  
2

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Exemplo VI-1: Utilizando as expressões (3), determinar a série de Fourier da tensão periódica da Figura a
seguir.

v(t ) V 
v(t ) =  m t
 T 

Vm

–T T 2T t

Solução: Inicialmente, definem-se os limites de integração (t 0 e t 0 + T ) e a função f (t ) :


t0 = 0 ⇒ t0 + T = T ⇒ ω0 =
T
V 
f (t ) =  m t
T 
Pela expressão (2b), tem-se para k = 0 :

647=148 T
1 T 1 T V  V T V t 2  Vm  T 2 
a0 = ∫ f (t )cos(0ω 0 t )dt = ∫  tdt = m2
m
∫ tdt = m2   = 2 
− 0 =
T 0 T 0 T  T 0 T  2 0 T  2 
V
= m
2
Para um k qualquer, tem-se:
2 T 2 T V  2V T
ak = ∫ f (t )cos(kω 0 t )dt = ∫  t cos(kω 0 t )dt = 2m
m
∫ t cos(kω 0 t )dt
T 0 T 0 T  T 0

Para a determinação da integral ∫ t cos(kω t )dt 0 utiliza-se integração por partes2, sendo:

u =t ⇒ du = dt
sen (kω 0 t )
dv = cos(kω 0 t )dt ⇒ v=
kω 0
Assim,
sen (kω 0 t ) sen (kω 0 t ) t 1
∫ t cos(kω t )dt
0 = t
kω 0
− ∫
kω 0
dt =
kω 0
sen (kω 0 t ) −
kω 0
sen (kω 0 t )dt =

t 1  − cos(kω 0 t ) 
= sen (kω 0 t ) −  =
kω 0 kω 0  kω 0 
t 1
= sen (kω 0 t ) + cos(kω 0 t )
kω 0 (kω 0 )2
Substituindo a expressão anterior, na equação de a k , tem-se:

∫ udv = uv − ∫ vdu
2
Integração por partes:

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Solução (continuação):
T
t cos (kω t )dt
644444∫04 474 0
444444 8
T
2Vm  t 1 
ak =  sen (kω 0 t ) + cos(kω 0 t ) =
T 2  kω 0 (kω 0 )2  0
2Vm  T 1  0 1 
=  sen (kω T ) + cos (kω T ) − 
 kω
sen (kω 0 ) + cos (kω 0 )

T 2  kω 0
0
(kω 0 )2 0
 0
0
(kω 0 )2 0


Nas expressões trigonométricas, considerando que ω 0 = ,
T
 647 4=0 48 4 4=1 48
647 4  647 = 0 48 647 =1 48 

2Vm  T  
 2π  1  2π   0  2 π  1  2 π  
ak =  sen  k T  + cos k T  − sen  k 0  + cos k 0  =
T 2  kω 0  T  (kω 0 )  T   kω 0  T  (kω 0 )  T  
2 2
 
  
2Vm  1  1  
= 0 + − 0 + 
2
T  (kω 0 )  (kω 0 )2 
2 

ak = 0 ∀k

O valor de bk é dado por:

2 T 2 T V  2V T
bk =
T ∫ f (t )sen(kω t )dt = T ∫
0
0
0
 m t sen (kω 0 t )dt = 2m
T  T ∫ 0
t sen (kω 0 t )dt

A integral ∫ t sen(kω t )dt


0 também pode ser determinada por partes, como realizado anteriormente, ou através
de alguma expressão de tabela3:
1 t
∫ t sen(kω t )dt = (kω )
0
0
2
sen (kω 0 t ) −
kω 0
cos(kω 0 t )

Assim, a expressão de bk fica sendo:


T
t sen ( kω t )dt
644444∫04 474 0
444444 8
T
2Vm  1 t 
bk =  sen (kω 0 t ) − cos(kω 0 t ) =
T 2  (kω 0 )2 kω 0  0
2Vm  1 T  1 0 
=  sen (kω T ) − cos (kω T ) − 
 (kω )2
sen (kω 0 ) − cos (kω 0 )

T 2  (kω 0 )2
0 0 0 0
kω 0  0
kω 0 

Nas expressões trigonométricas, considerando que ω 0 = ,
T

1
x
∫ x sen(ax )dx = a sen (ax ) −
cos(ax )
3
Algumas integrais úteis: 2
a
1 x
∫ x cos(ax )dx = 2 cos(ax ) + sen (ax )
a a

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Solução (continuação):
 647 4=0 484 647 4 
4=1 48 647 =0 48 647 =1 48 

  
2Vm 1  2π  T  2π   1  2π  0  2π  
bk =  sen  k T  − cos k T  − sen  k 0  − cos k 0  =
T 2  (kω 0 )2  T  kω 0  T   (kω 0 )
2
 T  kω 0  T  
 
  
2Vm  T 
= 2 
0− − (0 − 0)
T  kω 0 
− 2Vm − 2Vm − Vm
bk = = = ∀k
Tkω 0 2π kπ
Tk
T
Utilizando os coeficientes a0 , a k e bk , anteriormente calculados, tem-se a representação de v(t ) em série de
Fourier:

v(t ) = a0 + ∑a
n =1
n cos(nω 0 t ) + bn sen (nω 0 t ) =

Vm Vm ∞ 1 2π
=
2

π n=1 n ∑
sen (nω 0 t ) = sendo ω 0 =
T
V V V V
= m − m sen (ω 0 t ) − m sen (2ω 0 t ) − m sen (3ω 0 t ) − K
2 π 2π 3π
A seguir apresenta-se o gráfico dos quatro primeiros termos da série, em azul, e o valor da sua soma, em
vermelho, considerando Vm = 1 e T = 1 . Observar que com apenas estes termos a função se aproxima bastante
da função original. À medida que o número de termos considerados aumenta, a representação em série
aproxima-se mais da função original. Neste caso, o valor para t = 0 difere do valor original mas deve-se
lembrar que na função original tal valor não estava definido (entre 0 e Vm ).

0.8

v(t) 0.6

v0(t)
0.4
v1(t)
0.2
v2(t)
v3(t) 0

-0.2

-0.4
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3
t

Solução alternativa: A série de Fourier pode ser obtida por intermédio de simulação MATLAB/SIMULINK4
utilizando-se o arquivo VI_1.mdl. Supondo Vm = 1 e T = 1, tem-se os seguintes gráficos para as componentes
e para a aproximação.

4
Disponível em http://www.ee.pucrs.br/~haffner/circuitosb/matlab/

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Solução alternativa (continuação):


Sinal decomposto Aproximação do sinal considerando n=3

DC, Fundamental, 2° Harmônico, 3° Harmônico

VI.3 Análise de circuitos elétricos em regime permanente não senoidal

O processo de análise do regime permanente de circuitos submetidos a excitações periódicas utilizando-se a


série de Fourier não acrescenta novas técnicas de resolução. Inicialmente são determinados os coeficientes de
Fourier e a fonte periódica não-senoidal é substituída por uma associação de uma fonte contínua (com
amplitude proporcional ao termo a0 ) e uma série de fontes co-senoidais e senoidais (com amplitudes
proporcionais a a n e bn , respectivamente). A resposta em regime permanente é obtida utilizando-se o princípio
da superposição, conforme ilustra a Figura VI.2 na qual determina-se a corrente i (t ) . A parcela relativa a cada
uma das fontes pode ser determinada utilizando, por exemplo, o método fasorial e a resposta completa
corresponde à soma das parcelas.
Fonte original Fontes equivalentes Superposição

i0 (t )

i(t )
+
Rede
+ para
ω =0

i(t ) +
i1 (t )

+
+ + Rede
Rede Rede para
ω = ω0

M
+ i n (t )

+
∞ Rede
i (t ) = ∑ i (t )
n =0
n para
ω = nω 0

Figura VI.2 – Ilustração do processo de solução empregando série de Fourier.

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Exemplo VI-2: Determinar a expressão da corrente de regime permanente i (t ) considerando que a tensão da
Figura a seguir é aplicada a uma associação série de uma resistência de 1 Ω e uma indutância de 3/π H.
Considerar apenas os termos até n = 3 .

v(t ) V  3
v(t ) =  m t = t = t
T  3

–3 3 6 t

Solução: Utilizando o resultado do exemplo anterior, considerando Vm = 3 , T = 3 e ω 0 = 2π = 2π , tem-


T 3
se:
V m Vm V V
v(t ) = − sen (ω 0 t ) − m sen (2ω 0 t ) − m sen (3ω 0 t ) − K
2 π 2π 3π
3 3  2π  3  2π  3  2π 
= − sen  t − sen  2 t − sen  3 t  −K
2 π  3  2π  3  3π  3 
3 3  2π  3  4π  3  6π 
= − sen  t − sen  t − sen  t −K
2 π  3  2π  3  3π  3 

De acordo com o teorema da superposição, a resposta de várias fontes atuando simultaneamente é a soma da
resposta individual de cada fonte. Considerando apenas os termos até n = 3 , tem-se:
3 3  2π  3  4π  3  6π 
v(t ) ≈ − sen  t − sen  t − sen  t =
2 π  3  2π  3  3π  3 
≈ v0 + v1 + v 2 + v3
3
A resposta para v0 = é:
2
3
v0
i0 = = 2=3
R 1 2
2π 3  2π 
Para a freqüência angular ω1 = , da fonte v1 = − sen  t  a impedância equivalente da carga é igual a:
3 π  3 
2π 3
Z 1 = R + jω 1 L = 1 + j = 1 + j 2 = 2,24 63,4 o Ω
3 π
e a corrente será dada por5:
−3
i1 = π sen 2π t − 63,4 o  = −0,426 sen 2π t − 63,4 o 
2,24  3   3 
4π 3  4π 
Para a freqüência angular ω 2 = , da fonte v 2 = − sen t  a impedância equivalente da carga é igual a:
3 2π  3 
4π 3
Z 2 = R + jω 2 L = 1 + j = 1 + j 4 = 4,13 76,0 o Ω
3 π

5
O módulo da corrente será igual ao módulo da tensão dividido pelo módulo da impedância e o ângulo de fase da corrente
estará atrasado, com relação à tensão, de um ângulo igual ao ângulo de fase da impedância.

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Solução (continuação): e a corrente será dada por:


−3
i2 = 2π sen  4π t − 76,0 o  = −0,115 sen 4π t − 76,0 o 
4,14  3   3 
6π 3  6π 
Para a freqüência angular ω 3 = , da fonte v3 = − sen t  a impedância equivalente da carga é igual a:
3 3π  3 
6π 3
Z 3 = R + jω 3 L = 1 + j = 1 + j 6 = 6,08 80,5o Ω
3 π
e a corrente será dada por:
−3
i3 = 3π sen 6π t − 80,5o  = −0,0524 sen 6π t − 80,5o 
6,08  3   3 
Considerando estes termos, a resposta em regime permanente será:
i (t ) = i0 + i1 + i2 + i3 =
3  2π   4π   6π 
= − 0,426 sen t − 63,4 o  − 0,115 sen t − 76,0 o  − 0,0524 sen t − 80,5o 
2  3   3   3 
3

2.5

2
i(t)
v(t) 1.5

0.5

0
0 1 2 3 4 5 6
t

Observar que os gráficos das funções de v(t ) e i (t ) não apresentam a mesma forma de onda.

Solução alternativa: A solução deste exercício pode ser obtida por intermédio de simulação
MATLAB/SIMULINK utilizando-se os arquivos VI_2a.mdl e VI_2b.mdl. No primeiro arquivo realiza-se a
reprodução dos resultados obtidos anteriormente, ou seja, determina-se a tensão e a corrente de regime
considerando os termos até n=3, obtendo-se os seguintes gráficos para a tensão e corrente, respectivamente:

O segundo arquivo realiza a simulação da função dente de serra exata aplicada ao circuito RL, obtendo-se o
gráfico da corrente considerando a forma de onda original e não mais uma aproximação desta. Comparando-se
os gráficos obtidos para a corrente, observa-se que a forma de onda do valor de regime obtido na aproximação é
bastante próxima ao valor exato, sendo as maiores diferenças localizadas nas vizinhanças dos instantes em que
a tensão varia bruscamente.

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Solução alternativa (continuação):

Os termos em co-seno e em seno da expressão (2) podem ser combinados em um único termo, possibilitando
representar cada um dos harmônicos de f (t ) através de um coeficiente único. A combinação pode ser realizada
em termos de seno ou co-seno, sendo a segunda forma apresentada a seguir:

f (t ) = a0 + ∑A
n =1
n cos(nω 0t + θ n ) (4a)

sendo
Ak θ k = ak − jbk = ak2 + bk2 θ k k = 1,2,L (4b)

Observar que Ak θ k = ak − jbk corresponde ao número complexo cuja parte real é igual a a k e cuja parte
imaginária é igual a − bk .

A expressão (4) é obtida a partir da expressão (2a), substituindo-se sen (nω 0 t ) por cos nω 0 t − 90 o , ( )
( )
∞ ∞
f (t ) = a0 + ∑a
n =1
n cos(nω 0 t ) + bn sen (nω 0 t ) = a0 + ∑a
n =1
n cos(nω 0 t ) + bn cos nω 0 t − 90 o

Fazendo a transformada fasorial6 de um dado termo k da série, chega-se a:


a k cos(kω 0 t ) → ak 0 = ak
(
+ bk cos kω 0 t − 90 o ) → bk − 90 o = − jbk
(
a k cos(kω 0 t ) + bk cos kω 0 t − 90 o
) → a k − jbk = Ak θ k
−b
onde Ak θ k = a k − jbk = a k2 + bk2 tan −1  k  = a k2 + bk2 − tan −1  k  .
b
 ak   ak 

Fazendo a transformada fasorial inversa do termo Ak θ k , tem-se:


Ak θ k → Ak cos(kω 0 t + θ k )

Deste modo, o termo a n cos(nω 0 t ) + bn cos nω 0 t − 90 o ( ) da expressão (2a) pode ser substituído por
An cos(nω 0 t + θ n ) , resultando na expressão (4).

Exemplo VI-3: Utilizando as expressões (4), determinar a série de Fourier de co-senos da tensão periódica do
exemplo anterior.

6
Observar que a transformada fasorial foi feita considerando o valor de pico.

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Solução: Da solução do exemplo anterior, tem-se:


Vm
a0 =
2
ak = 0 ∀k = 1,2,3,L
− Vm
bk = ∀k = 1,2,3,L

Assim,
Ak θ k = a k − jbk k = 1,2,L
 −V  V V
Ak θ k = 0 − j  m  = j m = m + 90 0
 kπ  kπ kπ
V
Utilizando os coeficientes Ak = m e os ângulos de fase θ k = 90 0 , anteriormente calculados, tem-se a

representação de v(t ) em série de Fourier de co-senos:

f (t ) = a0 + ∑A
n =1
n cos(nω 0t + θ n )

∑ A cos(nω t + θ ) = 2 + ∑ πn cos(nω t + 90 ) =
∞ ∞
V V
v(t ) = a0 + n 0 n
m m
0
o

n =1 n =1
V
= m + m
2
V ∞ 1
π n=1 n ∑
cos nω 0 t + 90 o = ( ) sendo ω 0 =

T
v(t ) =
Vm Vm
2
+
π
cos ω 0 t + 90 +
o Vm

(
cos 2ω 0 t + 90 +
o Vm

) cos 3ω 0 t + 90 + K
o
( ) ( )
( )
Na expressão acima, substituindo cos nω 0 t + 90 o = − sen (nω 0 t ) chega-se a expressão obtida anteriormente.

Por outro lado, empregando a identidade de Euler, é possível escrever a série de Fourier de forma mais
compacta, como mostrado a seguir. Da série trigonométrica, tem-se:

f (t ) = a0 + ∑a
n =1
n cos(nω 0 t ) + bn sen (nω 0 t )

e jnω 0t + e − jnω0t e jnω 0t − e − jnω0t


Considerando que cos(nω 0 t ) = e sen (nω 0 t ) = a série de Fourier pode ser
2 j2
rescrita como:

e jnω0t + e − jnω0t ∞
e jnω0t − e − jnω0t
f (t ) = a0 + ∑
n =1
an
2
+ ∑
n =1
bn
j2
jnω 0t − jnω 0t
Agrupando os termos em e e e , tem-se:

a bn jnω0t ∞  an bn  − jnω0t

f (t ) = a0 +  n +
n =1  2
∑ e
j 2 
+  − e
n =1  2

j2 
=
∞ ∞
a b  a b 
= a0 +  n −
n =1  2
∑ 2 n =1  2

j n e jnω0t +  n + j n e − jnω0t
2
a b  a b 
Substituindo os termos  n − j n  e  n + j n  por C n e C −n , respectivamente, e definindo C0 = a0 7, tem-
 2 2  2 2
se:
∞ ∞ ∞ ∞
f (t ) = C0 + ∑
n =1
C n e jnω0t + ∑
n =1
C −n e − jnω0t = ∑
n =0
C n e jnω0t + ∑C
n =1
−n e
j ( − n )ω 0t

jnω 0t
7
Observar que, para n = 0 , e = e j 0ω 0t = 1

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∞ −1 ∞
f (t ) = ∑
n =0
Cn e jnω0t + ∑
n = −∞
C n e jnω0t = ∑C e
n = −∞
n
jnω 0t

Define-se, assim, a Série Exponencial de Fourier:


∞ ∞ ∞
f (t ) = ∑
n = −∞
C n e jnω0t = C0 + ∑
n =1
C n e jnω0t + ∑C
n =1
−n e
− jnω 0t
(5a)

onde:
C0 = a0 (5b)
a b 
Ck =  k − j k  k = 1,2,L (5c)
 2 2
a b 
C −k =  k + j k  k = 1,2,L (5d)
 2 2

Observar que os coeficientes C n são números complexos e podem ser determinados a partir dos coeficientes da
série trigonométrica.

Exemplo VI-4: Utilizando as expressões (5), determinar a série de Fourier da tensão periódica do exemplo
anterior.

Solução: Da solução do exemplo anterior, tem-se:


Vm
a0 =
2
ak = 0 ∀k = 1,2,3,L

− Vm ω0 =
bk = ∀k = 1,2,3,L T

Assim:
V
C0 = a0 = m
2
 − Vm 
 ak bk   0 kπ  Vm V
Ck =  − j  =  − j = j = m 90 o k = 1,2,L
 2 2  2 2  2kπ 2kπ
 
 − Vm 
 ak bk   0 kπ  Vm V
C −k =  + j  =  + j =−j = m − 90 o k = 1,2,L
 2 2  2 2  2kπ 2kπ
 
Utilizando os coeficientes C 0 , C k e C −k , anteriormente calculados, tem-se a representação de v(t ) em série
exponencial de Fourier:
∞ ∞ ∞ ∞
V Vm Vm
n =1
∑ n =1

v(t ) = C 0 + C n e jnω0t + C −n e − jnω 0t = m +
2 n =1 2πn
90 o e jnω 0t + ∑
n =1 2πn

− 90 o e − jnω0t =

Vm Vm ∞ 1 j (nω 0t +90o ) Vm ∞ 1 − j (nω0t +90o )


= +
2 2π n =1 n

e +
2π n =1 n
e ∑
v(t ) = +
2 2π n =1 n
e [
Vm Vm ∞ 1 j (nω 0t +90o ) − j (nω0t +90o )
∑ +e ]
Observar que:
o o
( ) [ ( )
e j (nω0t +90 ) + e − j (nω 0t +90 ) = 2 cos nω 0 t + 90 o = 2 cos(nω 0 t ) cos 90 o − sen (nω 0 t )sen 90 o =( )]
= − 2 sen (nω 0 t )

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Solução (continuação): Substituindo na expressão do exemplo, chega-se à expressão da série trigonométrica:


V m Vm ∞ 1
v(t ) = + [− 2 sen(nω 0 t )] = ∑
2 2π n =1 n
Vm Vm ∞ 1
=
2

π n=1 n
sen (nω 0 t ) ∑

Através das expressões (2), (4) e (5) pode-se determinar a seguinte tabela de equivalência entre as formas de
apresentação da série de Fourier.

Tabela V.1 – Formas de apresentação da série de Fourier.

Série de Fourier

Forma trigonométrica 1 Forma trigonométrica 2 Forma exponencial

∞ ∞ ∞
f (t ) = a0 + ∑a
n =1
n cos(nω 0 t ) + bn sen (nω 0 t ) f (t ) = a0 + ∑ A cos(nω t + θ )
n =1
n 0 n f (t ) = ∑C e
n = −∞
n
jnω 0t

1 t0 +T 1 t0 +T
f (t )dt f (t )dt
k=0

a0 =
T ∫ t0
a0 =
T ∫ t0
C0 = a0

2 t0 +T a b 
ak = ∫ f (t )cos(kω 0t )dt Ck =  k − j k 
k = 1,2,…

T t0  2 2
Ak θ k = a k − jbk = a k2 + bk2 θ k
2 t0 +T a b 
bk = ∫ f (t )sen(kω 0t )dt C −k =  k + j k 
T t0
 2 2

Sendo ω 0 = 2π a freqüência fundamental da função periódica f (t ) cujo período é T: f (t ) = f (t ± nT ), ∀n inteiro


T
Os limites de integração devem abranger 1 período completo, mas podem iniciar e terminar onde for mais
conveniente.

VI.4 Influência da simetria nos coeficientes de Fourier

A determinação dos coeficientes de Fourier pode ser simplificada quando se consideram os efeitos provocados
pelos diferentes tipos de simetria da função que se deseja obter a representação em série de Fourier.

VI.4.1 Simetria de funções pares

Uma função é dita par8 quando:


f (t ) = f (− t ) (6)
O gráfico de funções pares é simétrico com relação ao eixo dos y, conforme ilustra a Figura VI.3.

8
O termo par é oriundo do fato das funções polinomiais que possuem apenas coeficientes pares apresentam esta
característica. Observar que x2n = (– x)2n, ∀ n inteiro.

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f (t )
Fm

–T/2 T/2 T t
–Fm

Figura VI.3 – Função par.

Para funções pares, as expressões utilizadas para calcular os coeficientes do Fourier se reduzem a:

f (t ) = a0 + ∑a
n =1
n cos(nω 0t ) f (t ) par

com:
T
1 t0 +T 1 T 2
a0 = ∫ f (t )dt = ∫ f (t )dt = ∫
2
f (t )dt
T t0 T 0 T 0
T
2 t0 +T 2 T 4
ak = ∫ f (t ) cos(kω 0t )dt = ∫ f (t ) cos(kω 0t )dt = ∫
2
f (t ) cos(kω 0t )dt k = 1,2,L
T t0 T 0 T 0

bk = 0 k = 1,2,L
ou

f (t ) = ∑C e
n = −∞
n
jnω 0t
f (t ) par

onde:
C0 = a0
a b  a 0 a
Ck =  k − j k  =  k − j  = k ⇒ Ck ∈ ℜ k = 1,2,L
 2 2  2 2 2
a b  a 0 a
C −k =  k + j k  =  k + j  = k = C k ⇒ C −k ∈ ℜ k = 1,2,L
 2 2  2 2 2

VI.4.2 Simetria de funções ímpares

Uma função é dita impar9 quando:


f (t ) = − f (− t ) (7)
A Figura VI.4 mostra o gráfico de uma função ímpar.
f (t )
Fm

–T/2 T/2 T t
–Fm

Figura VI.4 – Função ímpar.

Para funções ímpares, as expressões utilizadas para calcular os coeficientes do Fourier se reduzem a:

9
O termo impar é oriundo do fato das funções polinomiais que possuem apenas coeficientes ímpares apresentam esta
característica. Observar que x2n+1 = – (– x)2n+1, ∀ n inteiro.

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f (t ) = ∑b
n =1
n sen (nω 0t ) f (t ) ímpar

com:
ak = 0 k = 0,1,2,L
T
2 t0 +T 2 T 4
bk = ∫ f (t ) sen (kω 0t )dt = ∫ f (t )sen(kω t )dt = T ∫
0
2
f (t ) sen (kω 0t )dt k = 1,2,L
T t0 T 0 0

ou

f (t ) = ∑C e
n = −∞
n
jnω 0t
f (t ) ímpar

onde:
C0 = a0 = 0
a b  0 b  b
Ck =  k − j k  =  − j k  = − j k ⇒ Ck ∈ ℑ k = 1,2,L
 2 2  2 2 2
a b  0 b  b
C −k =  k + j k  =  + j k  = j k = −C k ⇒ C −k ∈ ℑ k = 1,2,L
 2 2  2 2 2

Observar que o simples deslocamento da função ao longo do eixo do tempo pode fazer com que uma função se
torne par ou ímpar, ou seja, é possível, com a escolha apropriada da origem do eixo dos tempos, fazer com que
uma dada função se torne par ou ímpar, conforme ilustra a Figura VI.5.
f (t ) Versão PAR
Fm

Função original
–T/2 T/2 T t

f (t ) –Fm

Fm

–T/2 T/2 T t
–Fm
f (t ) Versão ÍMPAR
Fm

–T/2 T/2 T t
–Fm

Figura VI.5 – Deslocamento no eixo dos tempos para tornar uma função par e ímpar.

VI.4.3 Simetria de meia onda

Uma função apresenta simetria de meia onda se:

f (t ) = − f t − T ( 2
) (8)

De acordo com a expressão (8), uma função periódica apresenta simetria de meia onda se depois de deslocada
de meio período e invertida torna-se igual à função original, conforme mostra a Figura VI.6. Observar que a
simetria de meia onda não depende da escolha da origem do eixo dos tempos.

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f (t )
Fm

–T/2 T/2 T t
–Fm

Fm (
f t −T
2
) Deslocamento ½ período

–T/2 T/2 T t
–Fm

Fm (
− f t −T
2
) = f (t ) Inversão

–T/2 T/2 T t
–Fm

Figura VI.6 – Função com simetria de meia onda.

Para funções com simetria de meia onda, todos os coeficientes a k e bk são nulos para valores pares de k.
Como o valor médio de qualquer função com simetria de meia onda é igual a zero, a0 = 0 e as expressões
utilizadas para calcular os coeficientes do Fourier se reduzem a:

f (t ) = a0 + ∑a
n =1
n cos(nω 0 t ) + bn sen (nω 0 t ) f (t ) com simetria de meia onda

com:
ak = 0 k = 0,2,4,6,L (k par)
T
4
ak = ∫
2
f (t ) cos(kω 0t )dt k = 1,3,5,7,L (k ímpar)
T 0

bk = 0 k = 2,4,6,8,L (k par)
T
4
bk = ∫
2
f (t ) sen (kω 0t )dt k = 1,3,5,7,L (k ímpar)
T 0

ou

f (t ) = ∑C e
n = −∞
n
jnω 0t
f (t ) com simetria de meia onda

onde:
C0 = a0 = 0
a b  0 0
Ck =  k − j k  =  − j  = 0 k = 2,4,6,8,L (k par)
 2 2   2 2
a b 
Ck =  k − j k  k = 1,3,5,7,L (k ímpar)
 2 2
a b  0 0
C −k =  k + j k  =  + j  = 0 k = 2,4,6,8,L (k par)
 2 2  2 2
a b 
C −k =  k + j k  k = 1,3,5,7,L (k ímpar)
 2 2
As simplificações que ocorrem nas expressões que definem os coeficientes de Fourier em função da simetria da
função original estão resumidas na Tabela VI.2.

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Tabela V.2 – Coeficientes de Fourier de funções periódicas com simetria.

Tipo de
simetria
Condição Forma da série de Fourier Expressões dos coeficientes
T
2
a0 = ∫
2
f (t )dt
T 0

∀k = 1,2,3,L
f (t ) = a0 + ∑a n cos(nω 0 t )
4 T
n =1 ak = ∫
2
f (t )cos(kω 0 t )dt
Função T 0
f (t ) = f (− t )
par bk = 0
C0 = a0

∀k = 1,2,3,L
f (t ) = ∑C e
n = −∞
n
jnω 0t

ak
C k = C −k = ⇒ Real
2
∀k = 0,1,2,L
∞ ak = 0
f (t ) = ∑b
n =1
n sen (nω 0 t ) ∀k = 1,2,3,L
T
4
bk = ∫
2
f (t )sen (kω 0 t )dt
T 0
Função f (t ) = − f (− t )
ímpar C0 = 0
∀k = 1,2,3,L

f (t ) = ∑C e
n = −∞
n
jnω 0t
Ck = − j
bk
2
⇒ Imaginário

b
C −k = j k = −C k
2
a0 = 0
k = 2,4,6,L (k par):
ak = 0
∞ bk = 0
f (t ) = ∑
n =1
a n cos(nω 0 t ) + bn sen (nω 0 t ) k = 1,3,5,7,L (k ímpar):
T
4
ak = ∫
2
f (t )cos(kω 0 t )dt
T 0
T
4
bk = ∫
2
f (t )sen (kω 0 t )dt
T
( )
0
Simetria de f (t ) = − f t − T
meia onda 2 C0 = 0
k = 2,4,6,8,L (k par):
Ck = 0


C −k = 0
f (t ) = ∑C e
n = −∞
n
jnω 0t
k = 1,3,5,7,L (k ímpar):
a b 
Ck =  k − j k 
 2 2
a b 
C −k =  k + j k 
 2 2
Sendo ω 0 = 2π a freqüência fundamental da função periódica f (t ) cujo período é T: f (t ) = f (t ± nT ), ∀n inteiro
T
Para utilizar as expressões que levam em conta a simetria, o limite inicial de integração deve ser zero.

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Exemplo VI-5: Determinar a expansão em série de Fourier da tensão periódica da figura a seguir.

v(t )
6

–2 2 4 6
t
–6

Solução: Pela análise do gráfico, observa-se que a função que descreve v(t ) não é par nem ímpar, mas
apresenta simetria de meia onda pois v(t ) = −v(t − 2 ) , logo:

2π 2π π
v(t ) = ∑a
n =1
n cos(nω 0 t ) + bn sen (nω 0 t ) ω0 =
T
=
4
=
2
Para k = 2,4,6, L (k par):
ak = 0
bk = 0
Para k = 1,3,5,7, L (k ímpar):
4 T2 4 2  π  2  kπ 
ak = v(t )cos(kω 0 t )dt =
∫ ∫
3t cos k t dt = 3 t cos ∫ t dt =
T 0 4 0  2  0  2 
2
 
1  kπ  t  kπ 
= 3 2 cos t  + kπ sen t =

 2

( )  2  2  2 
0
 647 =0 4 8  647 =1 4 8 64 47 =0 44 8 
 1  
 kπ  2  k π  1  kπ  0  kπ  
= 3 2 cos 2  + kπ sen  2 −  cos  0  + sen  0  =
 k2π ( )  2  2  2   kπ
 2
2
( ) 2  2

 2  

  
2  =6
−1∀k ímpar
474 8  2
 2    2  − 24
= 3  cos(kπ ) − 1 = 3  (− 2 ) =
 kπ  

  kπ 

(kπ )
2

4 T2 4 2  π  2  kπ 
bk = ∫v(t )sen (kω 0 t )dt = ∫
3t sen  k t dt = 3 t sen ∫ t dt =
T 0 4 0  2  0  2 
2
 
1  k π  t  k π 
= 3 2 sen t  − kπ cos t  =
 kπ
 2
( )  2  2  2 
0
 647 =0 48  647 =0 4 8 64 47 =0 44 8 
 1  
 kπ  2  kπ   1  kπ  0  kπ  
= 3 2 sen 2  − kπ cos 2 − sen  0 −
 kπ cos  0  =
 k2π ( )  2  2  2   kπ
 2
2
( ) 2  2  2  

  
= −1∀k ímpar
64 7 48
 − 4 12
= 3  cos(kπ ) =
 kπ  kπ
Deste modo, tem-se:

 − 24   nπ   12   nπ 
v(t ) =  ∑
n =1  (nπ ) 
2
cos t  +   sen
 2   nπ   2 
t
n ímpar

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Solução (continuação):
n =34444448
644444 47n =1444444 8 64444447
 − 24   π  12   π   − 24   3π   12   3π 
v(t ) =  2  cos t  +   sen t  +  2
cos t  +   sen t  +
 π   2   π   2   (3π )   2   3π   2 
64444447 n =54444448 6444444 47n =74444444 8
 − 24   5π   12   5π   − 24   7π   12   7π 
= + 2
cos t  +   sen t  +  2
cos t  +   sen t +K
 (5π )   2   5π   2   (7π )   2   7π   2 
O gráfico a seguir ilustra o valor calculado da série para os três primeiros termos (em azul), calculados para
n = 1, 3 e 5 e a soma destes (em verde).
6

v(t)
v1(t), v3(t), v5(t), v(t)

v1(t)
0
v3(t)
v5(t) -2

-4

-6
0 1 2 3 4 5 6
t

Solução alternativa: A solução deste exercício pode ser obtida por intermédio de simulação
MATLAB/SIMULINK utilizando-se o arquivo VI_5.mdl. Assim os gráficos dos componentes até n=5 e da
aproximação são dados respectivamente por:
Sinal decomposto Aproximação do sinal considerando n=5

DC, Fundamental, 3° Harmônico, 5° Harmônico

Exemplo VI-6: Determinar a expansão dos três primeiros termos não nulos da corrente que circulará na
associação RC série, quando esta é alimentada por um inversor cuja forma de onda é dada pela figura a seguir.
v(t ) i (t )

200 +
100 R R =1Ω
C = 250 µF
T T T v(t ) T = 16 ms
/6 /3 /2 T
t C
–100

–200 –

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Solução: Pela análise do gráfico, observa-se que a função que descreve v(t ) é impar, pois v(t ) = −v(− t ) , e
apresenta simetria de meia onda, pois v(t ) = −v(t − 2 ) , logo será representada por uma Série de Senos
(ak = 0, ∀k ) com todos os termos pares nulos.

2π 2π π
v(t ) = ∑b
n =1
n sen (nω 0t ) ω0 =
T
=
4
=
2
Para k = 2,4,6, L (k par):
bk = 0
Para k = 1,3,5,7, L (k ímpar):
4 T2 4 T T T

bk = v(t )sen (kω 0 t )dt =  6 100 sen (kω 0 t )dt + T 3200 sen (kω 0 t )dt + T 2100 sen (kω 0 t )dt  =
∫ ∫ ∫ ∫
T 0 T0 6 3 
 T T T
2
4  − 100 cos(kω 0 t )  6
 − 200 cos(kω 0 t )  3
 − 100 cos(kω 0 t )  
=   +  +  =
T  kω 0   kω 0  T  kω 0  T 3 
 0
6
400  
[− cos(kω 0 t )]0 6 + [− 2 cos(kω 0 t )]T 3 + [− cos(kω 0 t )]T 2  =
T T T
=
kω 0T  6 3

= 2π
400
k T T
{[ ( ) ( )] [ ( ) ( )] [
− cos k T 6 + cos k T 0 + − 2 cos k T 3 + 2 cos k 2Tπ T6 + − cos k 2Tπ T2 + cos k 2Tπ T3 =
2π T 2π 2π T
( ) ( )]}
=
200

[ ( ) ( ) ( )
− cos k π3 + 1 − 2 cos k 23π + 2 cos k π3 − cos(kπ ) + cos k 23π = ( )]
=
200

[ ( ) ( )
1 + cos k π3 − cos k 23π − cos(kπ ) ]
Como apenas os termos ímpares não são nulos, tem-se a seguinte seqüência de valores:

k cos(k π3 ) − cos(k 23π ) ( ) ( )


− cos(kπ ) 1 + cos k π3 − cos k 23π − cos(kπ ) bk
200
1 0,5 0,5 1 3 3 ≈ 190,99
π
3 –1 –1 1 0 0
200
5 0,5 0,5 1 3 3 ≈ 38,20

200
7 0,5 0,5 1 3 3 ≈ 27,28

9 –1 –1 1 0 0
200
11 0,5 0,5 1 3 3 ≈ 17,36
11π
200
13 0,5 0,5 1 3 3 ≈ 14,69
13π
15 –1 –1 1 0 0

Observar que todos os termos múltiplos de 3 apresentam valor nulo e os demais são iguais a:
600
bk = ∀k ímpar , k ≠ múltiplo de 3

Deste modo, tem-se:

 600   2π 
v(t ) = ∑
n =1
 nπ  sen n T t  =
   
n ímpar
n não múltiplo de 3
6447 n =1448
644 47n =5444
8 644 47n =7444
8 6444n7 =11444
8
 600   2π   600   2π   600   2π   600   2π 
=   sen t +   sen 5 t  +   sen 7 t +   sen11 t  + K
 π   T   5π   T   7π   T  11π   T 

Análise de Fourier – SHaffner/LAPereira Versão: 21/6/2005 Página 19 de 44


44984-06 – Circuitos Elétricos B

Solução (continuação):

Os três primeiros termos não nulos da tensão são dados por:


6447 n =1448 644 47 n =544 48 644 47 n =7444 8
 2π   2π   2π 
v 3 termos (t ) = 190,99 sen t  + 38,20 sen 5 t  + 27,28 sen 7 t
 T   T   T 
O gráfico a seguir ilustra o valor calculado da série para os três primeiros termos (em azul), calculados para
n = 1, 5 e 7 e a soma destes (em vermelho).

250

200

150
v3 termos(t) 100
v1(t) 50

v5(t) 0

v7(t) -50

-100

-150

-200

-250
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
t [ms]

De acordo com o teorema da superposição, a resposta de várias fontes atuando simultaneamente é a soma da
resposta individual de cada fonte. Considerando apenas os três primeiros termos não nulos, têm-se as
componentes calculadas a seguir.

2π 2π 600
Para a freqüência angular ω1 = = = 125π , da fonte v1 (t ) = sen (125πt ) a impedância equivalente
T 0,016 π
da carga é igual a:
1 1
Z1 = R − j =1− j = 1 − j10,19 = 10,23 − 84,39 o Ω
ω1C 125π 250 × 10 −6

e a corrente será dada por10:


600
i1 (t ) = ( ) (
π sen 125πt + 84,39o = 18,66 sen 125πt + 84,39o
10,23
)
2π 2π 600
Para a freqüência angular ω 5 = 5 =5 = 625π , da fonte v5 (t ) = sen (625πt ) a impedância
T 0,016 5π
equivalente da carga é igual a:
1 1
Z5 = R − j =1− j = 1 − j 2,04 = 2,27 − 63,85o Ω
ω 5C 625π 250 × 10 −6
e a corrente será dada por:
600
i5 (t ) = ( ) (
5π sen 625πt + 63,85o = 16,83 sen 625πt + 63,85o
2,27
)

10
O módulo da corrente será igual ao módulo da tensão dividido pelo módulo da impedância e o ângulo de fase da
corrente estará adiantado, com relação à tensão, de um ângulo igual ao ângulo de fase da impedância.

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Solução (continuação):

2π 2π 600
Para a freqüência angular ω 7 = 7 =7 = 875π , da fonte v7 (t ) = sen (875πt ) a impedância
T 0,016 7π
equivalente da carga é igual a:
1 1
Z7 = R − j =1− j = 1 − j1,46 = 1,76 − 55,50 o Ω
ω 7C 875π 250 × 10 −6

e a corrente será dada por:


600
i7 (t ) = ( ) (
7π sen 875πt + 55,50o = 15,45 sen 875πt + 55,50o
1,76
)
Considerando estes três termos, a resposta em regime permanente será:
i 3 termos (t ) = i1 + i5 + i7 =
( ) ( )
= 18,66 sen 125πt + 84,39 o + 16,83 sen 625πt + 63,85o + 15,45 sen 875πt + 55,50 o( )
60

40
3 termos
i (t)
20
i1(t)
i5(t) 0
i7(t)
-20

-40

-60
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
t [ms]

Embora a amplitude dos harmônicos de tensão de ordem 5 e 7 sejam bastante inferiores à amplitude da
fundamental (20% e 14%, respectivamente), observar que os harmônicos de corrente correspondentes
apresentam amplitudes muito semelhantes a da fundamental (90% e 83%). Isto se deve ao fato de que cada
harmônico de tensão “enxerga” uma impedância diferente que decresce quando a freqüência aumenta, neste
caso. Observar, também, que os gráficos das funções de v(t ) e i (t ) não apresentam a mesma forma de onda.

Solução alternativa: A solução deste exercício pode ser obtida por intermédio de simulação
MATLAB/SIMULINK utilizando-se os arquivos VI_6a.mdl e VI_6b.mdl. No primeiro arquivo realiza-se a
reprodução dos resultados obtidos anteriormente, ou seja, determina-se a tensão e a corrente de regime
considerando os três primeiros termos, obtendo-se os seguintes gráficos para a tensão e corrente,
respectivamente.

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44984-06 – Circuitos Elétricos B

Solução alternativa (continuação): O segundo arquivo realiza a simulação da função exata aplicada ao
circuito RC e permite obter o gráfico da corrente considerando a forma de onda original e não mais uma
aproximação desta. Comparando-se os gráficos obtidos para a corrente, observam-se diferenças significativas,
indicando que a aproximação empregada não é capaz de representar com fidelidade o funcionamento deste
circuito.

Observar que a forma de onda da tensão original apresenta variações instantâneas ( + 200 V em t=0 s, + 100 V
em t=T/6, − 100 V em t=T/3, − 200 V em t=T/2, − 100 V em t=4T/3, + 100 V em t=5T/3, e assim sucessivamente)
que são aplicada a uma associação série de um resistor e um capacitor sendo, portanto, a corrente proporcional
à derivada da tensão aplicada no capacitor e limitada pelo resistor (observar que existe correspondência entre os
picos de corrente obtidos na simulação e a magnitude das variações instantâneas pois a resistência tem valor
unitário). Por outro lado, na aproximação por série de Fourier, estas variações instantâneas não existem, pois as
funções que representam os termos desta série são contínuas.

VI.5 Potência média de funções periódicas

A potência média fornecida para um sistema ou componente pode ser facilmente determinada quando se dispõe
das representações em série de Fourier da tensão e da corrente dos seus terminais. Sejam as representações
trigonométricas em co-senos da corrente e da tensão:

( )

v(t ) = VCC + ∑V
n =1
n cos nω 0t + θ nv (9)

( )

i (t ) = I CC + ∑I
n =1
n cos nω 0 t + θ ni (10)

sendo:
VCC – Valor da componente contínua da tensão [V];
Vn – Amplitude do harmônico de ordem n da tensão [V];
θ nv – Ângulo de fase harmônico de ordem n da tensão [radianos];
I CC – Valor da componente contínua da corrente [A];
In – Amplitude do harmônico de ordem n da corrente [A];
θ ni – Ângulo de fase harmônico de ordem n da corrente [radianos].

i (t )

+
v(t ) SISTEMA

Figura VI.7 – Sistema elétrico a dois fios em regime permanente.

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44984-06 – Circuitos Elétricos B

Para os sentidos de referência da Figura VI.7 e considerando o período T da tensão e da corrente, a potência
média fornecida para o sistema é dada por11:

1 t0 +T 1 t0 +T
P = pmédia = ∫ p(t )dt = ∫ v(t )i (t )dt (11)
T t0 T t0

sendo a tensão dada pela expressão (9) e a corrente pela expressão (10). Embora o cálculo envolva a
multiplicação de duas séries infinitas, a integração em um período elimina todos os termos nos quais a tensão e
a corrente possuem freqüências diferentes. Assim, a expressão (11) simplifica-se para:
1 
( ) ( )
∞ t0 +T
P = [VCC I CC t ] t00 + ∑∫
t +T
Vn I n cos nω 0 t + θ nv cos nω 0 t + θ ni dt 
T t
n =1 0 

Mas12:

( ) (
cos nω 0 t + θ nv cos nω 0 t + θ ni = ) ( )
cos θ nv − θ ni + cos 2nω 0 t + θ nv + θ ni ( )
2
logo

∫ [cos(θ )]
1 
) (

Vn I n t0 +T
[VCC I CC t ] t0 + ∑
t 0 +T
P= v
n − θ ni + cos 2nω 0 t + θ nv + θ ni dt 
T n =1 2
t0

(
Observando que a integração de cos 2nω 0 t + θ nv + θ ni ao longo de um período é nula, tem-se: )
1 
( )

Vn I n t0 +T
[VCC I CC t ] t0 + ∑ ∫
t0 +T
P = cos θ nv − θ ni dt  =
T n =1 2
t0

1 
( )∫

Vn I n t0 +T
= [VCC I CC t ] t00 + ∑
t +T
cos θ nv − θ ni dt  =
T n =1 2
t0

1 t +T 
( )

Vn I n
= [VCC I CC t ] t00 + ∑ cos θ nv − θ ni ⋅ [t ] t00 
t +T

T n =1 2 

Substituindo os limites de integração, chega-se à expressão final:

( )

Vn I n
P = VCC I CC +
n =1 2
∑ cos θ nv − θ ni (12)

Assim, a potência média total fornecida para o sistema é igual à soma das potências médias associadas aos
diferentes harmônicos de tensão e de corrente.

Exemplo VI-7: Considerar apenas os termos até n = 3 , determinar a potência média total fornecida para a
associação série (resistência de 1 Ω e indutância de 3/π H), sabendo que:
3 3  2π  3  4π  3  6π 
v(t ) ≈ − sen t − sen t − sen t
2 π  3  2π  3  3π  3 
3  2π   4π   6π 
i (t ) ≈ − 0,426 sen  t − 63,4 o  − 0,115 sen t − 76,0 o  − 0,0524 sen t − 80,5o 
2  3   3   3 

11
Vide Capítulo II das Notas de Aula.
12 cos(a − b ) + cos(a + b )
Pois cos a cos b =
2

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Solução: Inicialmente, escrevem-se todos os termos de corrente e tensão em série de co-senos:


3 3  2π  3  4π  3  6π 
v(t ) ≈ − sen t − sen t − sen t =
2 π  3  2π  3  3π  3 
3 3  2π  3  4π  3  6π 
= + sen t + 180 o  + sen t + 180 o  + sen t + 180 o  =
2 π  3  2π  3  3π  3 
3 3  2π o 3  4π o 3  6π o
= + cos t + 90  + cos t + 90  + cos t + 90 
2 π  3  2π  3  3π  3 
3  2π   4π   6π 
i (t ) ≈ − 0,426 sen t − 63,4 o  − 0,115 sen t − 76,0 o  − 0,0524 sen t − 80,5o  =
2  3   3   3 
3  2π o  4π o  6π 
= + 0,426 sen t + 116,6  + 0,115 sen t + 104,0  + 0,0524 sen t + 99,5o  =
2  3   3   3 
3  2π o  4π o  6π o
= + 0,426 cos t + 26,6  + 0,115 cos t + 14,0  + 0,0524 sen t + 9,5 
2  3   3   3 
Lembrando que:
(
− sen a = sen a ± 180 o )
(
sen a = cos a − 90 o
)
De acordo com a expressão (12), tem-se, para os termos até n = 3 :

( )
3
v n in
P = vCC iCC +
n =1
∑ 2
cos θ nv − θ ni =
3 3 3
0,426 0,115 0,0524
=
33 π
22
+
2
cos 90 − 26,6 +
o o 2π
2
(
cos 90 − 14,0 +
o o 3π
2
) cos 90 o − 9,5o( ) ( )
=
9
4
(
+ 0,203 cos 63,4 + 0,0274 cos 76,0 + 0,00834 cos 80,5 =
o o
) o
( ) ( )
9
+ 0,0911 + 0,00664 + 0,00138 =
4
P = 2,35 W
A figura a seguir mostra o gráfico da tensão (em azul) e da corrente (em vermelho), juntamente com o valor da
potência instantânea (em verde). O valor médio da potência instantânea ao longo de um ciclo também está
assinalado (corresponde a P = 2,35 W ).
6

5
v(t); i(t); p(t); P

4
p(t)
v(t) 3

i(t)
2

0
0 1 2 3 4 5 6
t

Solução alternativa: A solução deste exercício pode ser obtida por intermédio de simulação
MATLAB/SIMULINK utilizando-se o arquivo VI_7.mdl, obtendo-se o seguinte gráfico, no qual a potência é
representada pela curva em azul, a tensão em verde e a corrente em vermelho.

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Solução alternativa (continuação):

VI.6 Valor RMS de uma função periódica

Como já observado no Capítulo 2, o valor RMS de uma função periódica é dado por:
1 T
FRMS = Feficaz = [ f (t )]2 dt

T 0

Caso f (t ) seja representada por sua expansão em série de Fourier, tem-se:


f (t ) 2
 64444=7 44448 
  1 2 2
∞ ∞
1 T T
FRMS =
T 0  ∫
 a0 +
n =1

An cos(nω 0t + θ n ) dt =

 a0 T +
T 
∑2A
n =1

n 

 

∞ ∞ 2
An2  An 
FRMS = +a02
n =1
∑ 2
= a02 +

n =1  2 
 ∑ (13)

Em outras palavras, o valor RMS de uma função periódica é igual à raiz quadrada da soma dos quadrados dos
valores RMS dos harmônicos com o quadrado do termo constante.

Exemplo VI-8: Determinar o valor RMS da tensão periódica, representada pelos 4 termos da série de Fourier,
a seguir discriminados:
3 3  2π  3  4π  3  6π 
v(t ) = − sen t − sen t − sen t
2 π  3  2π  3  3π  3 

Solução: De acordo com a expressão (13), tem-se:


2 2 2
2 3  3  3 
 3   π   2π   3π 
VRMS =   + + + =
 2   2   2   2 
     
2 2 2 2
≈ 1,50 + 0,675 + 0,338 + 0,225 =
≈ 2,25 + 0,456 + 0,114 + 0,0507 =
VRMS ≈ 1,69 V

Solução alternativa: A solução deste exercício pode ser obtida por intermédio de simulação
MATLAB/SIMULINK utilizando-se o arquivo VI_8.mdl.

Análise de Fourier – SHaffner/LAPereira Versão: 21/6/2005 Página 25 de 44

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