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44984-06 – Circuitos Elétricos B

IV – Circuitos acoplados magneticamente

IV.1 – Auto indutância

Para o indutor da Figura IV.1 excitado por uma corrente variável i1 (t ) , tem-se:

1
Sentido → regra da mão direita

i1 (t )
φ11 (t ) = B ⋅ A
+

v1 (t ) φ1 (t ) = φ11 (t )


B – indução média sobre uma espira [T]
A – área de uma espira [m2]
N1 espiras

Figura IV.1 – Fluxo magnético e a auto-indutância.

Ψ1 (t ) = L1i1 (t ) (1)

v1 (t ) = Ψ1 (t ) = [L1i1 (t )] = L1 i1 (t )
d d d
(Lei de Faraday) (2)
dt dt dt

sendo:

L1 – auto-indutância [henry, H];


φ1 (t ) – intensidade do fluxo magnético através de uma espira [weber, Wb];
Ψ1 (t ) = N1φ1 (t ) – fluxo concatenado no enrolamento [weber, Wb];

De (1), tem-se a expressão da auto-indutância de uma bobina com N1 espiras:

Ψ1 (t ) N1φ1 (t )
L1 = = (3)
i1 (t ) i1 (t )

Neste Capítulo serão considerados apenas circuitos magnéticos lineares.

IV.2 – Indutância mútua

Indutância mútua é o parâmetro que relaciona a parcela do fluxo concatenado em um enrolamento com a
corrente no enrolamento que produziu este fluxo.

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φ 21 (t )
φ ()
φ12 (t )
φ11 (t )
1 () 2
φ 22 (t )

i1 (t ) i 2 (t )

+ +

v1 (t ) v 2 (t )

– –

N2 espiras
N1 espiras

Fluxo em 1: Fluxo em 2:
φ1 (t ) = φ11 (t ) + φ12 (t ) φ 2 (t ) = φ 22 (t ) + φ 21 (t )

Figura IV.2 – Bobinas magneticamente acopladas.

De acordo com a Figura IV.2, quando existe a circulação de uma corrente i1 (t ) no enrolamento 1 ocorre o
surgimento de um fluxo no enrolamento 2 ( φ 21 (t ) é o fluxo que passa por L2 e é produzido por L1). A tensão
induzida em 2 é proporcional à variação do fluxo concatenado Ψ21 (t ) = N 2φ 21 (t ) :

Ψ21 (t )
Ψ21 (t ) = Mi1 (t ) (pela definição de fluxo concatenado) M= (4)
i1 (t )

v2 (t ) = Ψ21 (t ) = [Mi1 (t )]
d d
dt dt
v 2 (t ) = M i1 (t )
d
(5)
dt

De forma análoga, aplicando uma corrente i2 (t ) no enrolamento 2 ocorre o surgimento de um fluxo no


enrolamento 1 ( φ12 é o fluxo que passa por L1 e é produzido por L2). A tensão induzida em 1 é proporcional à
variação do fluxo concatenado Ψ12 (t ) = N1φ12 (t ) :

Ψ12 (t )
Ψ12 (t ) = Mi2 (t ) (pela definição de fluxo concatenado) M = (6)
i2 (t )

v1 (t ) = Ψ12 (t ) = [Mi2 (t )]
d d
dt dt
v1 (t ) = M i 2 (t )
d
(7)
dt

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O fluxo produzido por um enrolamento não é totalmente acoplado pelo outro. A relação entre o fluxo mútuo
concatenado nos enrolamentos ( Ψ21 (t ) = N 2φ 21 (t ) e Ψ12 (t ) = N1φ12 (t ) ) e o fluxo concatenado total no
enrolamento produtor ( Ψ1 (t ) = N1φ1 (t ) e Ψ2 (t ) = N 2φ 2 (t ) , para os enrolamentos 1 e 2, respectivamente) é
denomina-se coeficiente de acoplamento, representado por K (0 ≤ K ≤ 1) :
Ψ21 (t )
Fluxo mútuo φ 21 (t ) N Ψ (t )
Ψ21 (t ) = 2 KΨ1 (t )
N2 N
K= = = = 1 21
Fluxo total φ1 (t ) Ψ1 (t ) N 2 Ψ1 (t ) N1
(8.1)

N1
Ψ12 (t )
Fluxo mútuo φ12 (t ) N Ψ (t )
Ψ12 (t ) = 1 KΨ2 (t )
N1 N
K= = = = 2 12
φ 2 (t ) Ψ2 (t ) N1 Ψ2 (t )
(8.2)
Fluxo total N2
N2
Aplicando (8.1) em (4) e (8.2) em (6), chega-se a:
KΨ1 (t )
N2

M=
Ψ21 t ( ) =
N1 N KL1i1 (t ) N 2
= 2 = KL1 (considerando i2 (t ) = 0 ) (9)
i1 (t ) i1 (t ) N1 i1 (t ) N1

KΨ2 (t )
N1
Ψ12 (t ) N 2 N KL2 i2 (t ) N1
M= = = 1 = KL2 (considerando i1 (t ) = 0 ) (10)
i2 (t ) i2 (t ) N 2 i2 (t ) N2
Multiplicando (9) por (10), tem-se:
N N
M 2 = 2 KL1 × 1 KL2 = K 2 L1 L2
N1 N2
M = K L1 L2
Assim, a indutância mútua M de dois enrolamentos é proporcional ao coeficiente de acoplamento K e à média
geométrica de suas indutâncias próprias L1 e L2.

IV.3 – Polaridade das tensões induzidas

Na Figura IV.2, quando existe circulação de corrente em ambos enrolamentos, tem-se um fluxo total
concatenado no enrolamento 1 formado por uma parcela própria ( Ψ11 ) e uma parcela mútua ( Ψ12 ) produzida
pelo enrolamento 2: Ψ1 (t ) = Ψ11 (t ) + Ψ12 (t ) . Analogamente, para o enrolamento 2, tem-se um fluxo total
concatenado formado por uma parcela própria ( Ψ22 ) e uma parcela mútua ( Ψ21 ) produzida pelo enrolamento
1: Ψ2 (t ) = Ψ22 (t ) + Ψ21 (t ) . De acordo com a Lei de Faraday, em ambos enrolamentos, a tensão induzida será
igual à derivada do fluxo concatenado com relação ao tempo:
v1 (t ) = Ψ1 (t ) = [Ψ11 (t ) + Ψ12 (t )] = Ψ11 (t ) + Ψ12 (t ) = [L1i1 (t )] + [Mi2 (t )]
d d d d d d
(11)
dt dt dt dt dt dt
v2 (t ) = Ψ2 (t ) = [Ψ22 (t ) + Ψ21 (t )] = Ψ22 (t ) + Ψ21 (t ) = [L2 i2 (t )] + [Mi1 (t )]
d d d d d d
(12)
dt dt dt dt dt dt
v1 (t ) = L1 i1 (t ) + M i2 (t )
d d
(13)
dt dt
v 2 (t ) = M i1 (t ) + L2 i 2 (t )
d d
(14)
dt dt
Para o regime permanente senoidal, podem-se escrever as seguintes expressões no domínio da freqüência:
V 1 = jωL1 I 1 + jωM I 2
V 2 = j ωM I 1 + j ωL 2 I 2

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Sendo ωL1 = X 1 , ωL2 = X 2 e ωM = X M , tem-se:

V 1 = jX 1 I 1 + jX M I 2 (15)

V 2 = jX M I 1 + jX 2 I 2 (16)

X M = ωM = ωK L1 L2 = K ωL1ωL2 ⇒ X M = K X1X 2

que corresponde ao circuito elétrico equivalente da Figura IV.3.

I1 I2

+ +

jX 1 jX 2
V1 V2
+ +
jX M I 2 jX M I 1
– –

Figura IV.3 – Circuito equivalente das bobinas magneticamente acopladas da Figura IV.2.

Caso o sentido de um dos enrolamentos (por exemplo, o enrolamento 2) fosse invertido, o fluxo próprio de cada
enrolamento se oporia ao fluxo mútuo acoplado pelo outro e a tensão induzida teria polaridade oposta à queda
de tensão própria, resultando nas seguintes expressões:

V 1 = jX 1 I 1 − jX M I 2 (15a)

V 2 = − jX M I 1 + jX 2 I 2 (16a)

cujo circuito equivalente é dado pela Figura IV.4.

I1 I2

+ +

jX 1 jX 2
V1 V2

jX M I 2 jX M I 1
– + + –

Figura IV.4 – Circuito equivalente com uma das bobinas invertidas.

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Para duas bobinas, só existem duas posições relativas para os fluxos produzidos: ou estão no mesmo sentido ou
em sentidos opostos. Deste modo, a posição relativa das bobinas pode ser representada através da convenção ou
regra dos dois pontos:

Corrente entrando pelo ponto no indutor 1 induz tensão no indutor 2 com o positivo no ponto de 2.

Para dois indutores, são possíveis as quatro situações ilustradas na Figura IV.5.

I1 I2
I1 I2
K
+ +
+ • • +
jX 1 jX 2
V1 V2 V1 V2
+ +
– – jX M I 2 jX M I 1
– –

I1 I2
I1 I2
+ +
+ +
jX 1 jX 2
V1 V2 V1 V2
+ +
– • • – jX M I 2 jX M I 1
K – –

I1 I2
I1 I2
+ +
+ • +
jX 1 jX 2
V1 K V2 V1 V2

– • – jX M I 2 jX M I 1
+ +
– –

I1 I2
I1 I2
+ +
+ • +
jX 1 jX 2
V1 K V2 V1 V2

– • – jX M I 2 jX M I 1
+ +
– –

Figura IV.5 – Posições relativas entre indutâncias e a regra do ponto.

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Exemplo IV.1: Sabendo que o circuito a seguir encontra-se em regime permanente, determinar as correntes de
malha e a potência dissipada nas resistências.

5Ω 12,5 mH

+ •
v(t ) = 100 2 cos(400t ) i1 (t ) i2 (t ) 10 Ω
K=0,8
25 mH 50 mH

Figura IV.6 – Circuito com indutâncias magneticamente acopladas.

Solução: Considerando as polaridades indicadas na Figura IV.6, o circuito equivalente em regime permanente
é dado pela figura a seguir. Os valores das impedâncias correspondentes às indutâncias próprias e mútua são
dados por:
própria de 12,5 mH: j 400 × 12,5 × 10 −3 = j 5 Ω
própria de 25 mH: j 400 × 25 × 10 −3 = j10 Ω
própria de 50 mH: j 400 × 50 × 10 −3 = j 20 Ω
mútua de 25 mH e 50 mH com K = 0,8 : j 0,8 10 × 20 = j8 2 Ω
Com relação à polaridade das fontes de tensão que representam o acoplamento magnético, observar que a
corrente I 1 entra no ponto da reatância j10 e portanto a polaridade da fonte posicionada junto à reatância j20 é
no ponto (parte inferior da fonte); a corrente I 2 entra no ponto da reatância j20 e portanto a polaridade da fonte
posicionada junto à reatância j10 é no ponto (parte superior da fonte).
5Ω j5 Ω


+ j10 Ω j20 Ω
V = 100 0 o
• 10 Ω
I1 + I2
j8 2 I 2 j8 2 I 1
+

Figura IV.7 – Circuito equivalente em regime permanente senoidal.

As equações de malha do circuito são dadas por:


M1: − 100 + (5 + j 5 + j10)I 1 + j8 2 I 2 = 0 ⇒ (5 + j15)I 1 + j8 2 I 2 = 100
M2: j8 2 I 1 + (10 + j 20 )I 2 = 0
Cuja solução é:
I 1 = 4,8847 − j 6,3837 = 8,0382 − 52,58o ( )
i1 (t ) = 11,37 cos 400t − 52,58o A
I 2 = −3,6550 + j1,7837 = 4,0670 153,99o i (t ) = 5,75 cos(400t + 153,99 ) A
2
o

As potências dissipadas nas resistências são dadas por:


2 2
P5 Ω = 5 × I 1 = 5 × 8,0382 2 ≈ 323 W P10 Ω = 10 × I 2 = 10 × 4,0670 2 ≈ 165 W
Como não existem outros componentes que dissipem potência no circuito, observar que a potência ativa
fornecida pela fonte é igual à P5 Ω + P10 Ω = 488 W :
{ } { } {
Pfonte = Re S fonte = Re V I 1 = Re 100(4,8847 − j 6,3837 ) ≈ 488 W
* *
}

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Solução alternativa: Os gráficos das correntes instantâneas de malha e as potências dissipadas nas
resistências podem ser obtidos por intermédio de simulação no MATLAB/SIMULINK utilizando-se o arquivo
IV_7.mdl1. No gráfico a seguir a corrente da Malha 1 está representada em azul, e a corrente da Malha 2 em
verde, apresentando os valores de pico aproximados de 11,4 A e 5,8 A, respectivamente.

i1(t) [A]

i2(t) [A]

Correntes de malha do circuito magneticamente acoplado.

Na janela de simulação são apresentados os valores das potências dissipadas nas resistências de 10 Ω e 5 Ω que
correspondem ao valor médio da potência instantânea, destacados na figura a seguir.

Exercício IV.1: Refazer o Exemplo IV.1 considerando que o acoplamento entre as bobinas foi reduzido pela
metade, ou seja, K = 0,4 . Verificar e comentar as diferenças obtidas nas potências dissipadas em função da
variação do coeficiente de acoplamento.

Exemplo IV.2: Determinar a impedância de entrada (regime permanente senoidal) do circuito a seguir,
estando a chave aberta ou fechada.
K=0,5
I j2 j2
• •

1 I1 I2
j4 2 j4

• •

K=0,5
Z

Figura IV.8 – Indutâncias magneticamente acopladas.

1
Disponível em http://www.ee.pucrs.br/~haffner/circuitosb/matlab/

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Solução: Para as reatâncias e coeficientes de acoplamento da Figura IV.8, têm-se:


X M 1 = K X 1 X 2 = 0,5 2 × 2 = 1 Ω
X M 2 = K X 1 X 2 = 0,5 4 × 4 = 2 Ω

Chave aberta: Utilizando a definição de indutância mútua, o circuito equivalente quando a chave está aberta
é dado pelas Figuras a seguir.
I j2 jX M 1 I j2 jX M 1 I
+ +

I1 I2 =0
j4 j4

+ +

Z jX M 2 I 2 jX M 2 I 1

Figura IV.9 – Circuito equivalente quando a chave está aberta.

j2 jI j2 jI I j2 − j1 j2 − j1
I
+ +
+ +
I1 = I
j4 j4
V V

– –

Figura IV.10 – Circuito simplificado para determinação de Z .

Do circuito da Figura IV.10, tem-se a seguinte equação de malha:


V = j 2I − j I + j 2I − j I + j 4I = j6I
Pela definição de impedância:
V j6I
Z= = = j6 Ω
I I
Considerando as polaridades da corrente e das tensões do circuito da Figura IV.10, observar que as fontes
controladas que representam o acoplamento mútuo entre os indutores comportam-se como reatâncias de
natureza capacitiva.

Chave fechada: Utilizando a definição de indutância mútua, o circuito equivalente quando a chave está
aberta é dado pela Figura a seguir.
I j2 jX M 1 I j2 jX M 1 I
+ +

I1 I2
j4 j4

+ +
Z
jX M 2 I 2 jX M 2 I 1

Figura IV.11 – Circuito equivalente quando a chave está fechada.

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Solução (continuação): Analisando a malha dos componentes que estão em paralelo, tem-se:
j 4I 1 + j 2I 2 = j 4I 2 + j 2I 1 ⇒ j 2I 1 = j 2I 2
I
I1 = I 2 =
2
I j2 jI j2 jI I j2 − j1 j2 − j1
+ +
+
I I
I1 = I2 = 1
2 2 j4 = j2
j4 j4 2
V
+ +
1
j2 = j1
Z j 2I 2 j 2I 1 2

Figura IV.12 – Circuito simplificado para determinação de Z .

Do circuito da Figura IV.12, tem-se a seguinte equação de malha:


I I
V = j 2 I − j I + j 2 I − j I + j 4 + j 2 = j5I
2 2
Pela definição de impedância:
V j5I
Z= = = j5 Ω
I I
Considerando as polaridades da corrente e das tensões do circuito da Figura IV.12, observar que as fontes
controladas que representam o acoplamento mútuo dos indutores em paralelo comportam-se como reatâncias de
natureza indutiva.

Solução alternativa: Os valores das impedâncias de entrada para as situações de chave aberta e fechada
podem ser determinados por intermédio de simulação no MATLAB/SIMULINK utilizando-se, respectivamente, os
arquivos IV_1a.mdl. e IV_1f.mdl. (ATENÇÃO: em ambos casos, foi necessário introduzir uma
resistência em série com o circuito para a obtenção do regime permanente.) Utilizando-se o primeiro arquivo,
são obtidos o seguinte gráfico para a tensão e corrente. Da simulação, obtém-se que V = 2202 0o V e
I= 21, 97
2
− 36,93o A, logo Z = VI = (8 + j 6) Ω . Como o valor da resistência adicionada foi de 8 Ω, a
impedância de entrada do circuito da Figura IV.8 com a chave aberta tem de ser igual a j6 Ω.

v(t) [V]

i(t) [A]

Utilizando-se o segundo arquivo, são obtidos o seguinte gráfico para a tensão e corrente. Da simulação, obtém-
se que V = 2202 0o V e I = 23,230 − 32,03o A, logo Z = VI = (8 + j5) Ω . Como o valor da resistência adicionada
foi de 8 Ω, a impedância de entrada do circuito da Figura IV.8 com a chave fechada tem de ser igual a j5 Ω.

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Solução alternativa (continuação):

v(t) [V]

i(t) [A]

IV.4 – Circuitos equivalentes

Considere o circuito magneticamente acoplado da Figura IV.13 em regime permanente senoidal.

I1 I2 Z I1 I2
Z
K
+ +
+ • • +
+
+ jX 1 jX 2
V V1 jX 1 jX 2 V 2 Z2
V V1 V2
+ + Z2
– –
jX M I 2 jX M I 1

X M = K X1 X 2 – –

Figura IV.13 – Circuito exemplo.

Para o circuito equivalente da Figura IV.13 tem-se:

− jX M I 1
I2 =
Z 2 + jX 2
− jX M I 1 X M2  X M2 
V 1 = jX 1 I 1 + jX M I 2 = jX 1 I 1 + jX M = jX 1 I 1 + I 1 =  jX 1 + I 1
Z 2 + jX 2 Z 2 + jX 2  + jX 2 
1444Z22 4 443
Z1
V1 X M2
Z1 = = jX 1 +
I1 Z 2 + jX 2
14 243
ref
Z2
ref X M2
Z2 = (impedância do circuito 2 “refletida” para o circuito 1)
Z 2 + jX 2

Assim o circuito equivalente para os terminais do circuito que são alimentados pela fonte (indutor 1) é dado
pela Figura IV.14.

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Z I1 I2 Z I1
K
+ • • + +
+

V V1 jX 1 jX 2 V 2 Z 2 + jX 1
V V1
– –
ref X M2
Z2 =
X M = K X1X 2 – Z 2 + jX 2

Figura IV.14 – Circuito equivalente a partir da fonte.

Para os terminais da carga (indutor 2) o circuito equivalente pode ser determinado a partir do equivalente de
Thévenin, como mostrado na Figura IV.15.

Z I1 I2 Z TH I2
K
+ • • + +
+

V V1 jX 1 jX 2 V 2 Z2 +

V TH V2
– – Z2

X M = K X1 X 2 –

Figura IV.15 – Circuito equivalente a partir da carga.

Para determinar a tensão de Thévenin V TH considera-se aberto o circuito da carga e, portanto, a corrente I 2 é
( )
nula I 2 = 0 . Tem-se, assim, o circuito da Figura IV.16, e a seguinte expressão:

Z I1 I2 =0

+ +

+ jX 1 jX 2
V V1 V TH
+
jX M I 1
– –

Figura IV.16 – Circuito equivalente para determinação de V TH .

V jX M
V TH = jX M I 1 = jX M = V (17)
Z + jX 1 Z + jX 1
1424 3
I1

A determinação da corrente de curto-circuito permite determinar a impedância de Thévenin/Norton.

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Z I1 I2 I SC

+ jX 1 jX 2
V V1
+ +
jX M I 2 jX M I 1

Figura IV.17 – Circuito equivalente para determinação de I SC .

De acordo com a Figura IV.17, tem-se para o circuito referente à carga:


jX M I 1 X M
I SC = = I1 (18)
jX 2 X2
X
I 2 = − I SC = − M I 1
X2
Para o circuito da fonte, tem-se:
647 I 2 48
 X  X2
V − jX M  − M I 1  V + j M I 1
V − jX M I 2  X2  = X2
I1 = =
Z + jX 1 Z + jX 1 Z + jX 1

( )
I 1 Z + jX 1 = V + j
X M2
X2
I1 ⇒
 X2
I 1  Z + jX 1 − j M
X2

 =V

 
V X2
I1 = =
Z + jX 1 − j
X M2 ( )
X 2 Z + jX 1 − jX M2
V (19)

X2
Substituindo (19) em (18), tem-se:
644447 I 1 4444
8
XM X2  XM
I SC =  
X2 X Z + jX − jX 2 V  = X Z + jX − jX 2 V
( ) ( ) (20)
 2 1 M  2 1 M
De (17) e (20) tem-se:
jX M

Z TH = Z N =
V TH
=
Z + jX 1
V
X Z + jX 1 − jX M2
= j 2
( )
I SC XM Z + jX 1
(
X 2 Z + jX 1 − jX M
2
V
)
X M2
Z TH = Z N = jX 2 + (21)
Z + jX 1
Diretamente, a partir de (15), (16), (15a) e (16a), pode-se escrever as seguintes expressões na forma matricial:
V 1   jX 1 jX M   I 1  V 1   jX 1 − jX M   I 1 
 =  ⋅   = ⋅ 
V 2   jX M jX 2   I 2  V 2  − jX M jX 2   I 2 
que podem ser obtidas, respectivamente, a partir dos circuitos passivos T equivalentes (vide teoria de
quadripólos) da Figura IV.18. Observar que embora as relações entre tensões e correntes sejam idênticas, a
equivalência entre os circuitos da Figura IV.18 não é perfeita porque no circuito T existe uma ligação elétrica
entre os circuitos dos dois indutores que não está presente no circuito original (no qual os dois indutores estão
isolados eletricamente).

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I1 I2 I1 j(X 1 − X M ) j(X 2 − X M ) I2
K
+ • • + + +

V1 jX 1 jX 2 V2 V1 jX M V2

– – – –

X M = K X1X 2

I1 I2 I1 j(X 1 + X M ) j(X 2 + X M ) I2

+ • + + +

V1 jX 1 K jX 2 V2 V1 − jX M V2

– • – – –

Figura IV.18 – Circuito equivalente T de dois indutores acoplados magneticamente.

Exemplo IV.3: Para o circuito da Figura IV.6, determinar a impedância da carga Z que quando colocada no
lugar da resistência de 10 Ω absorve a máxima potência do circuito. Determinar, também, a potência dissipada
em Z .

Solução: Para determinar a impedância de carga Z que produz a máxima transferência de potência (MTP) é
necessário calcular a impedância de Thévenin do circuito a partir dos terminais que tal impedância será
conectada. Como também se deseja determinar a potência dissipada em Z , é necessário conhecer o circuito
equivalente (Thévenin, por exemplo) a partir dos terminais da resistência de 10 Ω que será substituída por uma
impedância Z , conforme ilustrado a seguir.
5Ω j5 Ω Z TH


+ j10 Ω j20 Ω +
V = 100 0 o
V TH Z
I1 • I2
+
j8 2 I 2 j8 2 I 1
+

No circuito anterior, considerando I 2 = 0 (circuito aberto), tem-se:


I1
6447 448
 
 = (− 67,8822 − j 22,6274) = 71,5542 − 161,57 o V
100
V TH = − j8 2 
 5 + j 5 + j10 
Utilizando-se a equação (21), pode-se mostrar que:

Z TH = j 20 +
(8 2 ) 2

= j 20 + 2,56 − j 7,68 = (2,56 + j12,32 ) = 12,5832 78,26o Ω


5 + j 5 + j10
Logo, para MTP, é necessário que: ( )
Z = Z TH
*
= (2,56 − j12,32) = 12,5832 − 78,26o Ω
A potência dissipada na impedância Z corresponde à potência dissipada na sua parte real, sendo igual a:
2
71,5542 − 161,57 o
{} 2
P = Re Z I = 2,56
2,56 + j12,32 + 2,56 − j12,32
= 2,56 × 13,9754 2 = 500 W

Circuitos Acoplados Magneticamente – SHaffner/LAPereira Versão: 18/10/2005 Página 13 de 29


44984-06 – Circuitos Elétricos B

Solução alternativa: O valor da impedância de carga para MTP e a potência dissipada nesta impedância
podem ser obtidos por intermédio de simulação no MATLAB/SIMULINK utilizando-se os seguintes arquivos:
IV_9.mdl, IV_9In.mdl e IV_9Vth.mdl. Utilizando-se o segundo e terceiro arquivos determinam-se,
respectivamente, a corrente de curto circuito (corrente de Norton) e a tensão de circuito aberto (tensão de
Thévenin), cujos valores estão em destaque nas figuras a seguir.

Assim, a impedância de Thévenin será dada por:


101
− 71,91o
≈ (2,63 + j12,26 ) = 12,54 77,89o Ω
V TH
Z TH = = 8, 054
2

IN 2
− 149,8 o

que é bastante próximo do resultado exato obtido nos cálculos anteriores. Observar que os ângulos de fase
obtidos nas simulações apresentam uma diferença de fase de 90o, pois na simulação estes ângulos tomam como
referência a função “seno”. Assim, para obter o ângulo de fase correto é necessário subtrair 90o dos ângulos
apresentados, ou seja:
–149,8o em seno correspondem a –239,8o=120,2o em cosseno
–71,91o em seno correspondem a –161,91o em cosseno


( )
No primeiro arquivo a impedância de carga para MTP  Z = Z TH = (2,63 − j12,26 ) Ω  é colocada no
*


circuito, obtendo-se os resultados mostrados nas figuras a seguir para as correntes das malhas 1 e 2 e para a
potência dissipada na carga.

i1(t) [V]

i2(t) [A]

Circuitos Acoplados Magneticamente – SHaffner/LAPereira Versão: 18/10/2005 Página 14 de 29

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