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44984-06 – Circuitos Elétricos B

II – Potência e energia em regime permanente senoidal

II.1 – Potência e energia

Seja o seguinte sistema elétrico alimentado por tensões e correntes quaisquer, conforme ilustra a Figura
II.1.
i (t )

+
v(t ) SISTEMA

Figura II.1 – Sistema elétrico a dois fios.

A potência instantânea fornecida ao sistema é:


p(t ) ∆ v(t ) ⋅ i (t ) [W]
A energia líquida fornecida para o sistema até o instante t1 é:
t t
W (t ) = ∫ p(τ )dτ + W (0) = ∫ v(τ )i(τ )dτ + W (0) [J]
0 0

Quando o sistema é constituído por uma resistência, a tensão é dada por v(t ) = Ri(t ) e a energia fornecida
para o sistema até o instante t é uma função da integral da corrente ou da tensão ao quadrado ao longo do
intervalo considerado:
v (τ )
t} t t
WR (t ) = Ri(τ )i (τ )dτ + WR (0 ) = Ri 2 (τ )dτ + WR (0) = R i 2 (τ )dτ + WR (0)
∫ ∫ ∫[J]
0 0 0
i (τ )
}
v(τ )
t t1 2 1 t
WR (t ) = v(τ )∫ dτ + WR (0) = ∫ v (τ )dτ + WR (0 ) = ∫ v (τ )dτ + W (0)
2
R [J]
0 R 0 R R 0

di(t )
Quando o sistema é constituído por uma indutância, a tensão é dada por v(t ) = L e a energia fornecida
dt
para o sistema até o instante t é função da corrente instantânea2, no instante t:
(τ 8
) WL ( 0 )
6v7 64 74 8
di (τ )  i 2 (τ )   i 2 (t )   i 2 (0 ) 
t
t t
WL (t ) = L ∫ i (τ )dτ + WL (0 ) = L i (τ )di(τ ) + WL (0) =
∫ L  + WL (0 ) = L   − L  + WL (0 )
0 dτ 0
 2 0  2   2 
 i 2 (t ) 
WL (t ) = L   [J]
 2 
dv(t )
Quando o sistema é constituído por uma capacitância, a corrente é dada por i (t ) = C e a energia
dt
fornecida para o sistema até o instante t é função da tensão instantânea3, no instante t:
i (τ ) WC (0 )
6
47 4 8 64 74 8
dv(τ )  v (τ )   v (t )   v 2 (0) 
t
t t 2 2
WC (t ) = v(τ )C
∫ dτ + WC (0 ) = C ∫ v(τ )dv(τ ) + WC (0) = C   + WC (0) = C   − C  + WC (0)
0 dτ 0
 2 0  2   2 

1
Supondo que W (0) é a energia inicial do sistema em t = 0 .
2
Neste caso, não depende do que ocorre ao longo do intervalo de 0 a t; apenas do valor instantâneo de i(t ) .
3
Neste caso, não depende do que ocorre ao longo do intervalo de 0 a t; apenas do valor instantâneo de v(t ) .

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 v 2 (t ) 
WC (t ) = C   [J]
 2 
Observar que a energia fornecida para a resistência é transformada em calor, sendo dissipada pelo circuito.
A energia fornecida para um indutor ou capacitor fica armazenada nos campos magnético e elétrico, não
sendo dissipada por estes componentes.
A potência média suprida entre os instantes t 1 e t 2 é:
1 t2
p média = ∫
t 2 − t1 t1
p (t ) dt [W]

Exemplo II.1: Sabendo que o gráfico a seguir apresenta a forma de onda de uma tensão aplicada a uma
resistência de 10 Ω, determinar as expressões e os gráficos da potência e da energia fornecida.
v(t ) [V ] v(t ) =
− 100
t + 100
100 3

3 t [s]

–100

Solução: Para 0 ≤ t ≤ 6 s,
− 100
t + 100
− 100 v(t ) − 10
v(t ) = t + 100 i (t ) = = 3 = t + 10
3 R 10 3
2
 − 100  10000t 2 20000
 t + 100  − t + 10000
v(t ) v (t )  3
2
 =
p(t ) = v(t )i (t ) = v(t ) = = 9 3
R R 10 10
2
1000t 2000
p(t ) = − t + 1000
9 3
t
t t  1000 2 τ 2000  1000τ 3 1000 2 
WR (t ) = ∫ p(τ )dτ = ∫  − τ + 1000 dτ =  − τ + 1000τ 
0 0 9 3   27 3 0
1000t 3 1000 2
WR (t ) = − t + 1000t
27 3
Os gráficos da potência e da energia fornecidas para a resistência neste intervalo de tempo podem ser
produzidos em simulação no MATLAB/SIMULINK4 utilizando-se o arquivo II_7.mdl.

Potência fornecida [W] Energia fornecida [J]

4
Disponível em http://www.ee.pucrs.br/~haffner/circuitosb/matlab/

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Solução (continuação): Para t > 6 s, tem-se v(t ) = i (t ) = p(t ) = 0 mas a energia fornecida para a resistência
1000 × 6 3 1000 2
a partir de t = 0 s permanece constante e igual a WR (6 ) = − 6 + 1000 × 6 = 2000 J (que
27 3
corresponde ao valor total fornecido no período entre 0 e 6 segundos).

Exemplo II.2: Sabendo que o gráfico a seguir apresenta a forma de onda da corrente que percorre uma
resistência de 2 Ω, determinar o solicitado:

i (t ) [A ]

t [s]

a) A potência instantânea dissipada nesta resistência;


b) A potência média fornecida para esta resistência a partir de t=0;
c) A energia fornecida para esta resistência a partir de t=0.

Solução:
a) Observa-se que a forma de onda da corrente é periódica, com período T=1 s. Desta forma, a expressão da
potência instantânea será determinada apenas para o primeiro período, sendo a expressão dos demais
períodos idêntica. De acordo com o gráfico, para o primeiro período a expressão da corrente é dada por:
i (t ) = 1t
Desta forma, as expressões da tensão e da potência são dadas por:
v(t ) = Ri (t ) = 2 × 1t = 2t
p(t ) = v(t )i (t ) = 2t × t = 2t 2 , válido para 0 ≤ t ≤ 1 s
Para os demais intervalos, basta realizar o deslocamento adequado no tempo. Por exemplo, para o segundo
intervalo, tem-se:
p(t ) = 2(t − 1) , válido para 1 ≤ t ≤ 2 s
2

b) A potência média no intervalo de 0 a 1 segundo é dada por:


1
1 T 1 1 2 t3  2
P= ∫ p(t )dt = ∫
2t dt = 2   = = 0,6667 W
T 0 1 0
 3 0 3
Para os demais intervalos o valor é idêntico.

c) A expressão que descreve a potência fornecida em cada período apresenta uma forma periódica e a energia
fornecida é cumulativa, apresentando mesmo formato, mas partindo de um ponto inicial diferente. Para o
primeiro período, tem-se:
t t t t
W (t ) = ∫ p(τ )dτ + W (0) = ∫ v(τ )i(τ )dτ + W (0) = 2τ × τdτ + 0 =
∫ ∫ 2τ 2 dτ
0 0 0 0
t
τ 3  2
W (t ) = 2   = t 3 , válido para 0 ≤ t ≤ 1 s
 3 0 3

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Solução (continuação): Para os demais intervalos, devem ser realizados os deslocamentos adequados e
acrescentadas as energias iniciais que foram acumuladas nos intervalos anteriores. Por exemplo, para o
segundo intervalo, tem-se:
2 2
W (1) = 13 = J
3 3
t
t t 2  (τ − 1)3  2
W (t ) = p (τ )dτ + W (1) =
∫ ∫ 2(τ − 1) dτ + = 2 
2
 +
1 1 3  3  1 3
2(t − 1)
3
2
W (t ) = + , válido para 1 ≤ t ≤ 2 s
3 3

Solução alternativa: A determinação dos valores instantâneos da potência dissipada e da energia


fornecida para a resistência pode ser realizada por intermédio de simulação no MATLAB/SIMULINK
utilizando-se o arquivo II_1.mdl obtendo-se o seguinte gráfico:

p(t) [W]

W(t) [J]

t [s]

Exercício II.1: Refazer o Exemplo II.1 considerando que a corrente está percorrendo uma indutância de
2 H.

Exercício II.2: Determinar a potência média, a instantânea e a energia fornecida para cada um dos
elementos do circuito abaixo, sabendo que a resistência é de 25 Ω e o indutor de 120 mH.

Solução alternativa: A determinação dos valores instantâneos da potência e da energia fornecida para os
elementos do circuito pode ser realizada por intermédio de simulação no MATLAB/SIMULINK utilizando-se o
arquivo II_2.mdl obtendo-se os seguintes gráficos:

p(t) [W]

W(t) [J]

Na resistência t [s] No indutor t [s]


Nos gráficos anteriores, é possível observar que na resistência a potência fornecida é sempre positiva,
fazendo com que a energia fornecida sempre aumente com o passar do tempo. No indutor, a potência assume
valores positivos e negativos, fazendo com que a energia média fornecida seja nula.

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Exemplo II.3: Para o circuito abaixo, determinar o gráfico da potência instantânea e da energia fornecida ao
indutor e também a potência instantânea e a energia fornecida pela fonte.

Solução: O gráfico dos valores instantâneos da potência e da energia fornecida para a resistência e pela
fonte foram obtidos através de simulação no MATLAB/SIMULINK utilizando-se o arquivo II_3.mdl.

p(t) [W]

W(t) [J]

Fornecido ao indutor t [s] Fornecida pela fonte t [s]

II.2 – Valores eficazes

O valor eficaz de qualquer corrente (ou tensão) periódica, denotado por I RMS (ou V RMS ) 5, é uma constante
igual à corrente (ou tensão) contínua que produziria a mesma potência média em uma resistência pura.
Para a resistência da Figura II.2, tem-se a seguinte expressão para a potência instantânea dissipada:
i(t )

} v (t )
+  Ri(t )i (t ) = R[i(t )]2
v(t ) = Ri(t ) 
p R (t ) = v(t )i (t ) = 
v(t )
v(t ) R i (t ) =  v(t ) [v(t )]2
R v (t ) =
 R R

Figura II.2 – Resistência para definição do valor eficaz.

Para correntes e tensões contínuas a potência instantânea é constante, portanto, igual à potência média,
ou seja,
 RI RMS
2

p R (t ) = p média = 2 (1)
 V RMS
 R
Por outro lado, a potência média produzida por correntes e tensões periódicas, com período T, em uma
resistência é:

5
RMS é a sigla de Root Mean Square (valor quadrático médio).

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1 T 1 T 
 T 0 R[i (t )] dt = R  T 0 [i(t )] dt 
∫ ∫
2 2

  
p média =  (2)
T [v (t )]
2
1 1  1 
[v(t )] dt 
T

∫ ∫
2
dt = 
 T 0 R R T 0 
Comparando-se as expressões (1) e (2), chega-se a:
1 T  1 T 1
[ i (t )] dt  ⇒ I RMS [i(t )]2 dt ∫ [i(t )] dt
T
∫ ∫
2 2 2 2
RI RMS = R = ⇒ I RMS =
T 0  T 0 T 0
2
VRMS 1 1 T  1 T 1 T
=  [v(t )] dt  ⇒ VRMS

2 2
= [v(t )] dt ⇒ VRMS =

2
[v(t )]2 dt ∫
R R T 0  T 0 T 0

Define-se, assim, o valor eficaz de um sinal periódico x(t ) , com período T, como sendo:
1
∫ [x(t )] dt
T 2
X RMS = X eficaz = (3)
T 0

Exemplo II.4: Determinar o valor eficaz da corrente dada por i(t ) = I max cos(ωt + φ ) .
Solução: De acordo com a expressão (3), tem-se:
1 2π
ω 2 2π
I RMS =
2π ∫
ω
[ I max cos(ωt + φ )] dt =
2
I max ∫ ω cos 2 (ωt + φ )dt =
0 2π 0
ω
ω 2 2π
1 ω 2 1 2π ω I max
= I max ∫ ω [1 + cos(2ωt + 2φ )]dt = I max ∫ [1 + cos(2ωt + 2φ )]dt = I RMS =
2π 0 2 2π 2 0 2
ω 2 1 2π ω ω 2 1  2π  I2
= I max [t ]0 = I max   = max
2π 2 2π 2 ω  2

Solução alternativa: A determinação do valor eficaz da forma de onda senoidal pode ser feita por
intermédio de simulação no MATLAB/SIMULINK utilizando-se o arquivo II_5.mdl. Neste caso, a
amplitude considerada foi de uma unidade, resultando em um valor RMS equivalente a 1 2 = 0,7071 .

Exercício II.3: Determinar o valor eficaz das seguintes formas de onda:


a) Onda quadrada. d) Senóide com retificação de onda completa.
b) Onda quadrada alternada. e) Dente de serra.
c) Senóide com retificação de meia onda.

Solução alternativa: Embora a proposta do exercício seja a resolução por intermédio da expressão (3), a
determinação dos valores eficazes das formas de onda anteriores pode ser feita por intermédio de simulação
no MATLAB/SIMULINK utilizando-se os arquivos II_5a.mdl, II_5b.mdl, II_5c.mdl, II_5d.mdl e
II_4.mdl, respectivamente, para verificar duas formas alternativas de obtenção do valor RMS (utilizando
a definição e a função pré-programada) e para obter os valores RMS dos cinco sinais anteriores, ilustrados a
seguir.

Onda quadrada Onda quadrada alternada

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Solução alternativa (continuação):

Senóide com retificação de meia onda Senóide com retificação de onda completa

Dente de serra

II.3 – Potência ativa, reativa, aparente e complexa

Considere o sistema da Figura II.3 que se encontra em regime permanente senoidal.


i (t )
Im

+ V V max
V= φ
v(t ) SISTEMA 2

-
θ I max
I= φ −θ
φ I 2
v(t ) = Vmax cos(ωt + φ )

i (t ) = I max cos(ωt + φ − θ )
Re
Figura II.3 – Sistema a dois fios em regime permanente senoidal.

A potência instantânea fornecida para o sistema é dada por:


p(t ) = v(t )i (t ) = Vmax I max cos(ωt + φ ) cos(ωt + φ − θ ) (4)
mas cos(a + b ) = cos a cos b − sen a sen b , daí
cos(ωt + φ − θ ) = cos(ωt + φ ) cos(− θ ) − sen (ωt + φ ) sen (− θ ) = cos(ωt + φ ) cos θ + sen (ωt + φ ) sen θ (5)
Substituindo (5) em (4),
p(t ) = Vmax I max cos(ωt + φ )[cos(ωt + φ ) cosθ + sen (ωt + φ )sen θ ] =
(6)
= Vmax I max cosθ cos 2 (ωt + φ ) + Vmax I max sen θ cos(ωt + φ )sen (ωt + φ )
1 + cos 2a
Mas cos 2 a = e sen 2a = 2 sen a cos a , logo:
2
1
cos 2 (ωt + φ ) = [1 + cos(2ωt + 2φ )]
2
(7)
sen(2ωt + 2φ )
cos(ωt + φ )sen(ωt + φ ) =
2
Aplicando (7) em (6), chega-se a:

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Vmax I max V I
p(t ) = cosθ [1 + cos(2ωt + 2φ )] + max max sen θ sen (2ωt + 2φ )
2 2
Vmax I max
Definindo V = e I= como os valores eficazes da tensão e da corrente,
2 2
Vmax I max Vmax I max
= = VI
2 2 2
chega-se à seguinte expressão:

p(t ) = VI cosθ [1 + cos(2ωt + 2φ )] + VI sen θ sen (2ωt + 2φ ) (8)

A forma de onda da potência instantânea dada por (8) apresenta uma parcela constante, igual a VI cos θ , e
uma parcela variável e alternada com relação ao tempo, igual a
VI cosθ cos(2ωt + 2φ ) + VI sen θ sen (2ωt + 2φ ) , cuja freqüência corresponde exatamente ao dobro da
freqüência da tensão e da corrente.

Quando a tensão está em fase com a corrente, os gráficos das funções tensão, corrente e potência
instantâneas são de acordo com a Figura II.4 a seguir. Observar que a função potência instantânea é oscilante
e apresenta sempre valores positivos.
Corrente em fase com a tensão
10
v(t), i(t), p(t)

0
v(t)
i(t)
p(t)
-5
0 1 2 3 4 5 6
wt
Figura II.4 – Potência instantânea p(t ) – corrente em fase com a tensão.

Quando a corrente está atrasada de 90° em relação à tensão, os gráficos das funções tensão, corrente e
potência instantâneas são de acordo com a Figura II.5. Observar que a função potência é oscilante e
apresenta valor médio nulo.
Corrente atrasada de 90 graus
5
v(t), i(t), p(t)

v(t)
i(t)
p(t)
-5
0 1 2 3 4 5 6
wt
Figura II.5 – Potência instantânea p(t ) – corrente atrasada de 90o em relação à tensão.

Quando a corrente está adiantada de 90° em relação à tensão, os gráficos das funções tensão, corrente e
potência instantâneas são de acordo com a Figura II.6. Novamente, observar que a função potência é
oscilante e apresenta valor médio nulo.

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Corrente adiantada de 90 graus


5

v(t), i(t), p(t)


0

v(t)
i(t)
p(t)

-5
0 1 2 3 4 5 6
wt
Figura II.6 – Potência instantânea p(t ) – corrente adiantada de 90 em relação à tensão. o

Uma situação intermediária é aquela na qual a corrente está atrasada de um ângulo qualquer (por exemplo,
30°, conforme Figura II.7). Neste caso a potência apresenta valores positivos e negativos, sendo a
predominância dos positivos.
Corrente atrasada de 30 graus
10
v(t), i(t), p(t)

0
v(t)
i(t)
p(t)
-5
0 1 2 3 4 5 6
wt
Figura II.7 – Potência instantânea p(t ) – corrente atrasada de 30o em relação à tensão.

A partir da expressão (8) é fácil determinar o valor da potência ativa (eficaz ou útil, que produz trabalho)
que é igual ao valor médio da potência instantânea fornecida ao sistema:
1 T 1 T
P∆ ∫ p(t )dt = [VI cosθ [1 + cos(2ωt + 2φ )] + VI sen θ sen(2ωt + 2φ )]dt

T 0 T 0
P = VI cosθ [W] (9)
A potência reativa corresponde ao valor máximo da parcela em sen(2ωt+2φ) da potência instantânea:
Q ∆ VI sen θ = VI sen θ [var] (10)
6
para a qual adota-se a seguinte convenção :
INDUTOR: “consome” potência reativa
CAPACITOR: “gera” potência reativa
A potência aparente é obtida pela combinação das potências ativa e reativa P e Q:

S = VI = P 2 + Q 2 [VA] (11)

As expressões (9), (10) e (11) sugerem uma relação de triângulo retângulo (similar ao triângulo das
impedâncias) na qual a potência aparente S é a hipotenusa, conforme ilustra a Figura II.8.
O fator de potência é obtido pela relação entre as potências ativa e aparente:
P VI cos θ
FP = = = cos θ
S VI

6
Observar que para qualquer elemento ou combinação de elementos, a parcela representada pela potência reativa
apresenta valor médio nulo, ou seja, não existe geração nem consumo efetivo, na metade do ciclo o elemento absorve
energia que será devolvida na metade seguinte do ciclo. A convenção é adequada porque na metade do ciclo em que o
indutor está absorvendo energia o capacitor está devolvendo e vice-versa.

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S P
jQ
θ = ∠V − ∠ I

θ = ∠V − ∠ I jQ

P S

Característica INDUTIVA Característica CAPACITIVA

Figura II.8 – Triângulo das potências.

( )
Utilizando-se os fasores tensão e corrente V = V φ e I = I φ − θ , pode-se definir a potência complexa
através do produto do fasor tensão pelo conjugado do fasor corrente:

*
S = V ⋅ I = V φ I − φ + θ = VI θ = VI cosθ + jVI sen θ = P + jQ

Notar que desta forma, o ângulo da potência só depende do ângulo entre a tensão e a corrente (θ), conforme
ocorre nas expressões (9), (10) e (11).

Exemplo II.5: Utilizando o sentido associado para as correntes e tensões, determinar a potência complexa e
instantânea fornecida para cada um dos elementos do circuito. Verificar que existe conservação de potência.
10 Ω 100 µF

+
100 cos(1000t ) 20 mH

Solução: Em regime permanente, tem-se o seguinte circuito equivalente, com as tensões e correntes de
acordo com os sentidos associados (correntes entrando pela polaridade positiva dos componentes RLC e
saindo da polaridade positiva da fonte):
10 –j10
I

+ VR – + VC – +
+
V = 50 2 0 VL j20

De acordo com o circuito, tem-se:


V 50 2 50 2
I= = = = 3,5355 − j 3,5355 = 5 − 45o A
 1  10 + j (20 − 10 ) 10 + j10
R + j  ωL − 
 ωC 
V R = R I = 10 × 5 − 45o = 35,3553 − j 35,3553 = 50 − 45o V

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Solução (continuação):
1
VC =−j I = − j10 × 5 − 45o = −35,3553 − j 35,3553 = 50 − 135o V
ωC
V L = − jωL I = j 20 × 5 − 45o = 35,3553 + j 35,3553 = 100 45o V
A potência complexa fornecida para os componentes do circuito é dada por:
*
( )
*
S R = V R I = 50 − 45o 5 − 45o = 50 − 45o × 5 45o = 250 0 o = 250 W
*
( )
*
S C = V C I = 50 − 135o 5 − 45o = 50 − 135o × 5 45o = 250 − 90 o = − j 250 VA = −250 var
*
( )
*
S L = V L I = 100 45o 5 − 45o = 100 45o × 5 45o = 500 90 o = j 500 VA = 500 var
A potência complexa fornecida pela fonte de tensão é dada por:
*
(
S = V I = 50 2 0 o 5 − 45o = 50 2 ) * o
× 5 45o = 250 2 45o = 250 + j 250 VA
Observa-se que existe conservação de potência complexa, pois:
S = S R + S C + S L = 250 − j 250 + j 500 = 250 + j 250 VA
A partir dos fasores determinados anteriormente, é possível determinar os valores instantâneos de regime
permanente da corrente e das tensões:
(
i (t ) = 5 2 cos 1000t − 45o A )
( )
v R (t ) = 50 2 cos 1000t − 45o V
vC (t ) = 50 2 cos(1000t − 135 ) V o

vL (t ) = 100 2 cos(1000t + 45 ) V o

Utilizando-se estas expressões, os valores de regime permanente das potências instantâneas fornecidas para
os componentes do circuito são dados por:
( )
p R (t ) = v R (t )i(t ) = 50 2 cos 1000t − 45o × 5 2 cos 1000t − 45o = 500 cos 2 1000t − 45o ( ) ( )
{1
[(
p R (t ) = 500 1 + cos 2 1000t − 45o
2
)]}
p R (t ) = 250 1 + cos 2000t − 90 o W [ ( )]
(
pC (t ) = vC (t )i(t ) = 50 2 cos 1000t − 135o × 5 2 cos 1000t − 45o ) ( )
1
( ) [(
pC (t ) = 50 2 × 5 2 sen − 90 o sen 2 1000t − 135o = −250 sen 2000t − 270 o
2
)] ( ) ( )
pC (t ) = −250 sen 2000t + 90 o W

(
p L (t ) = v L (t )i(t ) = 100 2 cos 1000t + 45o × 5 2 cos 1000t − 45o ) ( )
1
( ) [(
p L (t ) = 100 2 × 5 2 sen 90 o sen 2 1000t + 45o
2
p L (t ) = 500 sen 2000t + 90o W )] ( )
O valor de regime permanente da potência instantânea fornecida pela fonte de tensão é dado por:
p(t ) = v(t )i (t ) = 100 cos(1000t ) × 5 2 cos 1000t − 45o ( )
p(t ) = 100 × 5 2
1
2
[ ( )  2
cos 45o [1 + cos(2000t )] + sen 45o sen (2000t ) = 250 2  ( ) ] 
[1 + cos(2000t )] + 2 sen (2000t )
 2 2 
p (t ) = 250[1 + cos(2000t ) + sen (2000t )] W
Observa-se que existe conservação de potência instantânea, pois:
[ ( )]
p(t ) = p R (t ) + pC (t ) + p L (t ) = 250 1 + cos 2000t − 90o − 250 sen 2000t + 90o + 500 sen 2000t + 90o ( ) ( )
sen ( 2000 t ) cos ( 2000 t )
 6447448  6447448
(
p (t ) = p R (t ) + pC (t ) + p L (t ) = 250 1 + cos 2000t − 90 o  + 250sen 2000t + 90 o
 
) ( )
 
p (t ) = p R (t ) + pC (t ) + p L (t ) = 250[1 + cos(2000t ) + sen (2000t )] W
Por intermédio de simulação no MATLAB/SIMULINK, utilizando-se os arquivos II_6s.mdl e
II_6pw.mdl é possível verificar os resultados obtidos anteriormente e ainda determinar a energia
fornecida pela fonte e para cada um dos componentes ao longo do tempo.

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44984-06 – Circuitos Elétricos B

Solução (continuação):
Potência fornecida Energia fornecida

Valores para resistência, indutância, capacitância e fonte

Na figura anterior, observa-se que os valores de regime da potência instantânea fornecida para a capacitância
estão defasados de 180o da fornecida para a indutância, assumindo valores positivos e negativos, com valor
médio nulo (potência média, ativa, útil ou eficaz nula). Para a resistência os valores de potência fornecida
são sempre positivos.
Com relação à energia, observa-se que tanto a capacitância quanto a indutância recebem uma quantidade de
energia inicial da fonte e apresentam valores oscilatórios entre zero e a energia máxima fornecida, indicando
que a energia não se dissipa em tais componentes e que a energia que é trocada com a rede foi fornecida pela
fonte, pois estes estavam inicialmente descarregados.

II.4 – Máxima transferência de potência

Considerando que o componente da Figura II.9 pode ser representado pela impedância Z = R + jX , deseja-
se escolher algum parâmetro (R, X, ω , etc.) de modo que a potência ativa fornecida para esta impedância
seja máxima.
I
+
SISTEMA V Z = R + jX


Figura II.9 – Máxima transferência de potência para uma impedância.

O método mais comum consiste em obter a expressão da potência em função do parâmetro escolhido (γ) e
resolver a equação:
∂P
=0
∂γ

Exemplo II.6: Escolha os valores de R2 e X 2 de modo que seja fornecida a máxima potência para a carga
Z 2 = R2 + jX 2 .
Z 1 = R1 + jX 1
I

+
V Z 2 = R 2 + jX 2

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44984-06 – Circuitos Elétricos B

Solução: Fazendo V R 2 e I R 2 serem, respectivamente, o fasor tensão e o fasor corrente na resistência R2 ,


pode-se escrever a expressão da potência complexa dissipada que coincide com a potência ativa dissipada,
por se tratar de uma resistência:
* 2
*
*  V R2  V R2V R2 V R2
S R2 = V R2 I R2 = V R 2   =
 = = P2
 R2  R2 R2
* * * 2
S R 2 = V R 2 I R 2 = I R 2 R2 I R 2 = I R 2 I R 2 R2 = I R 2 R2 = P2
Para o circuito em questão, a corrente é comum, logo
V V
I = I R2 = = e
Z eq R1 + R2 + j ( X 1 + X 2 )
2 2
2 V V
P2 = I R2 = R2 = R
R1 + R2 + j ( X 1 + X 2 ) (R1 + R2 ) + ( X 1 + X 2 )2 2
2

R2 2
P2 = V
(R1 + R2 ) + ( X 1 + X 2 )
2 2

R2 2
Por inspeção, para maximizar P2 , faz-se X 2 = − X 1 , daí: P2 = V
(R1 + R2 )2
Derivando com relação à R2 :
647 v 48 du} } dv 4
u 647 8
 u  vdu − udv ∂P2 (R1 + R2 ) 1 − R2 2(R1 + R2 )
2
R12 + 2 R1 R2 + R22 − 2 R1 R2 − 2 R22
d  = = V
2
= V
2

v v2 ∂R2 (1
R1 + R2 )
4
(R1 + R2 ) 4
4243
v2

∂P2 R 2 − R22 2
= 1 V
∂R2 (R1 + R2 )4
∂P2
O valor de máximo de P2 ocorre quando = 0 , ou seja:
∂R2
R12 − R22  R12 = R22
=0 ⇒  ⇒ R2 = R1
(R1 + R2 )4  R1 ≠ − R2

Resumindo: Para MTP, a impedância da carga deve ser igual ao complexo conjugado da impedância da
fonte.

Solução alternativa: Por intermédio de simulação no MATLAB/SIMULINK, utilizando-se o arquivo


II_8.mdl, é possível verificar o resultado obtido anteriormente através de uma série de experimentos nos
quais os parâmetros que definem a carga de um circuito são alterados, ou seja, R2 e X2 (por intermédio da
modificação da respectiva capacitância). Assumindo v(t)=100sen(400t), R1=R2=100 Ω e X1= –X2=4 Ω,
verifica-se que o valor médio da potência é sempre inferior ao obtido na condição de MTP, cuja potência
instantânea é dada pelo gráfico a seguir, que corresponde a um valor médio (eficaz) de 25 W.

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44984-06 – Circuitos Elétricos B

Exemplo II.7: Refazer o exemplo supondo que apenas R2 pode ser ajustado.

Solução: Tem-se que:


R2 2
P2 = V
(R1 + R2 ) 2
+ (X 1 + X 2 ) 2

u vdu − udv


Derivando a expressão anterior, com relação à R2 , tem-se: d   =
v v2
644447 v 4444 8 du} }
[ ]
u 647 dv 48
∂P2
=
(R1 + R2 ) + ( X 1 + X 2 ) × 1 − R2 2(R1 + R2 )
2 2
V
2
=
(R1 + R2 )2 + ( X 1 + X 2 )2 − 2 R2 (R1 + R2 ) V 2
∂R2 [1(R4+4R4)4+2(X44+ 4X 4) 3]
1 2
2
1 2
2 2
[(R1 + R2 )2 + (X 1 + X 2 )2 ]2
v2
∂P2
= 0, se (R1 + R2 )2 + ( X 1 + X 2 )2 − 2 R2 (R1 + R2 ) = 0
∂R2
R12 + 2 R1 R2 + R22 + ( X 1 + X 2 )2 − 2 R1 R2 − 2 R22 = 0
R12 − R22 + ( X 1 + X 2 )2 = 0 ⇒ R22 = R12 + ( X 1 + X 2 )2

Assim, caso apenas R2 possa ser ajustado, a máxima transferência de potência vai ocorrer quando
R2 = R12 + ( X 1 + X 2 )2

Solução alternativa: A verificação do resultado anterior pode ser realizada por intermédio de simulação
no MATLAB/SIMULINK, utilizando-se o arquivo II_9.mdl. Neste caso é possível observar que quando
algum parâmetro do circuito é alterado, o maior valor de potência transferida para a carga ocorre quando o
valor de R2 é ajustado conforme mostrado anteriormente. Para v(t)=100sen(400t), R1=100 Ω, X1=40 Ω e
X2=50 Ω, ο valor de R2 que implica na MTP para a carga é dado por R2 = R12 + ( X 1 + X 2 ) 2 = 134,54 Ω,
sendo a potência instantânea dada pelo gráfico a seguir.

II.5 – Potência desenvolvida e circuitos equivalentes

Os circuitos equivalentes de Thévenin e Norton são muito úteis para o cálculo da potência desenvolvida em
certos elementos de um circuito, pois permitem determinar com facilidade a corrente e a tensão em tais
elementos. Outra aplicação bastante usual é a determinação das condições de máxima transferência de
potência, pela determinação da impedância equivalente de um circuito a partir de dois dos seus terminais.

Como já mencionado no Capítulo I, os circuitos equivalentes representam com fidelidade o funcionamento


do circuito a partir de seus terminais. Deste modo, é possível determinar a corrente, a tensão e a potência
desenvolvida na parte do circuito que não foi incluída no equivalente, mas nada se pode afirmar a respeito do
que ocorre nos componentes do circuito que foram substituídos pelo equivalente. A Figura II.10 mostra dois

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44984-06 – Circuitos Elétricos B

equivalente que representam um mesmo circuito conectados a uma impedância de carga Z . Como os
equivalentes representam o mesmo circuito, as relações entre seus componentes, indicadas na Figura II.10,
devem ser satisfeitas.

Em ambos os casos ilustrados, a potência desenvolvida na carga é dada por:


2
*
* V  V
S = V ⋅I = V   = *
Z Z
* 2
= ZII = ZI

+ V1 – I I
a a
+ +
+ Z TH
I1
V TH Z V IN ZN Z V

b – b –

V TH = ZNIN V TH
Equivalente Equivalente IN =
Z TH
Thévenin Norton
Z TH = ZN
ZN = Z TH
Figura II.10 – Circuitos equivalentes de Thévenin e Norton.

Quando utilizado o equivalente de Thévenin, têm-se as seguintes expressões para a tensão, corrente e
potência complexa desenvolvidas na carga:
Z
V= V TH (12.1)
Z + Z TH
V V TH
I= = (12.2)
Z Z + Z TH
* * 2
* Z   V TH
Z V TH V TH
S = V ⋅I = V TH 
 = V TH =Z (12.3)
Z + Z TH 
  Z + Z TH
Z + Z TH Z + Z TH
*
Z + Z TH ( )
Quando utilizado o equivalente de Norton, têm-se as seguintes expressões para a corrente, tensão, e potência
complexa desenvolvidas na carga:
ZN Z ⋅Z N
V = Z ⋅I = Z IN = IN (13.1)
Z +ZN Z +ZN
ZN
I= IN (13.2)
Z +ZN
* * 2
* Z ⋅Z N  ZN  Z ⋅Z N ZN * ZN
S = VI = I N  I N  = IN I N =Z IN (13.3)
Z +ZN Z +ZN  Z +ZN Z +ZN
*
Z +ZN ( )
Considerando que os circuitos equivalente representam a mesma rede, são válidas as expressões:
V TH
IN = (14.1)
Z TH
ZN = Z TH (14.2)
Como esperado, substituindo-se (14) em (13), chega-se às expressões (12):

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44984-06 – Circuitos Elétricos B

Z ⋅Z N Z ⋅ Z TH V TH Z
V= IN = = V TH
Z +ZN Z + Z TH Z TH Z + Z TH
ZN Z TH V TH V TH
I= IN = =
Z +ZN Z + Z TH Z TH Z + Z TH
2 2 2
ZN Z TH V TH V TH
S=Z IN =Z =Z
Z +ZN Z + Z TH Z TH Z + Z TH
Assim, observa-se que as expressões da corrente, tensão e potência desenvolvidas no componente externo ao
circuito equivalente permanecem inalteradas e não dependem do tipo de equivalente adotado. Surge, então a
questão a respeito dos componentes internos ao circuito equivalente. A corrente, a tensão e a potência
desenvolvidas nos componentes do circuito equivalente seriam as mesmas? A resposta a esta questão exige a
determinação destas grandezas em ambos circuitos.

Quando utilizado o equivalente de Thévenin, têm-se as seguintes expressões para a tensão na impedância de
( )
Thévenin V 1 e para as potências complexas desenvolvidas na impedância de Thévenin S 1 e na fonte de ( )
tensão (S ) – para a corrente no circuito série vale a expressão (12.2):
TH
=1
}
Z TH Z TH Z Z TH  Z 
V1 = V TH = V TH =  
Z + Z TH Z + Z TH Z Z  Z + Z TH V TH  (15.1)
 
* * 2
* Z TH  V TH  Z TH V TH V TH
S1 = V1 ⋅I = V TH   = V TH = Z TH =
Z + Z TH  Z
=1
+ Z TH

 Z + Z TH Z + Z TH ( ) *
Z + Z TH
2
} 2
V TH Z  Z TH  V TH
= Z TH = Z
Z + Z TH Z  Z  Z + Z TH

2
 Z TH  V TH
S1 =  Z
 Z + Z TH (15.2)
 Z 
647=1 48
( )
2 2
*
*  V TH  V TH V TH Z + Z TH
= V TH ⋅ I = V TH   = = =
)( )
S TH
 Z + Z TH

 (
Z + Z TH
2
) (Z + Z
*
TH
*
Z + Z TH
2

= (Z + Z )
TH
V TH
Z + Z TH
 Z TH
= 1 +
Z

Z
V TH
 Z + Z TH
 
2
 Z TH  V TH
S TH = 1 + Z
 Z + Z TH (15.3)
 Z 
Observar que:
2 2 2
V TH  Z TH  V TH  Z TH  V TH
S TH = S + S 1 = Z +  Z
 = 1 +

Z

Z + Z TH  Z  Z + Z TH  Z  Z + Z TH
Quando utilizado o equivalente de Norton, têm-se as seguintes expressões para a corrente na impedância de
( )
Norton I 1 e para as potências complexas desenvolvidas na impedância de Norton S 1 e na fonte de ( )
corrente (S ) – para a tensão no circuito paralelo vale a expressão (13.1):
N

Z
I1 = IN (16.1)
Z +ZN
* * 2
* Z ⋅Z N  Z  Z ⋅Z N Z * Z
S1 = V ⋅ I1 = I N  I N  = IN IN =ZN IN (16.2)
Z +ZN Z +ZN  Z +ZN Z +ZN ( ) *
Z +ZN

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44984-06 – Circuitos Elétricos B

* Z ⋅Z N * Z ⋅Z N 2
SN = V ⋅IN =ININ = IN (16.3)
Z +ZN Z +ZN
Substituindo-se (14) em (16), chega-se às expressões:
Z Z V TH Z  V TH 
I1 = IN = =   (17.1)
Z +ZN Z + Z TH Z TH Z TH  Z + Z TH 

2 2 2 2 2
Z Z V TH Z V TH Z V TH
S1 = ZN IN = Z TH = Z TH = Z TH =
Z +ZN Z + Z TH Z TH Z TH Z + Z TH Z TH Z + Z TH
* 2 * 2 * 2
Z ⋅Z V TH Z ⋅Z V TH  Z  V TH
= Z TH *
= *
= Z  
 Z + Z TH
Z TH ⋅ Z TH Z + Z TH Z TH Z + Z TH  Z TH 
* 2
 Z  V TH
S1 =   Z
 Z + Z TH (17.2)
 Z TH 
2  2
 V 2
Z ⋅Z N 2 Z ⋅ Z TH V TH Z ⋅ Z TH  V TH  Z  TH 
SN = IN = =  * =  * 
Z +ZN Z + Z TH Z TH Z + Z TH  Z TH ⋅ Z TH  Z + Z TH  Z TH 
   
647 =1 48

=
1 1 (
2 Z + Z TH
*
)
1
= * Z + Z TH Z
*
( ) V TH
2

*
Z TH (
Z + Z TH
Z V TH
) (
Z + Z TH
*
)
Z TH Z + Z TH
* 2
 Z  V TH
S N = 1 +  Z
 (17.3)
 Z TH  Z + Z TH
Observar que:
2 * 2 * 2
V TH  Z  V TH  Z  V TH
S N = S + S1 = Z +   Z
 = 1 +  Z

Z + Z TH  Z TH  Z + Z TH  Z TH  Z + Z TH
As expressões da corrente, da tensão e da potência desenvolvidas nos componentes do circuito equivalente,
(
em termos dos parâmetros do equivalente de Thévenin Z TH e V TH , estão resumidas na Tabela II.1. )
Tabela II.1 – Corrente, tensão e potência nos componentes dos circuitos equivalentes.

Circuito Equivalente
Grandeza
Thévenin Norton
Z TH  Z  Z
Tensão em Z TH = Z N V1 =  V TH  V= V TH

Z  Z + Z TH Z + Z TH

V TH Z  V TH 
Corrente em Z TH = Z N I= I1 =  
Z + Z TH Z TH  Z + Z TH 
 
2 * 2
 Z TH  V TH  Z  V TH
Potência complexa em Z TH = Z N S 1 =  Z
 Z + Z TH S 1 =   Z
 Z + Z TH
 Z   Z TH 
2 * 2
 Z TH  V TH  Z  V TH
Potência complexa na fonte S FONTE S TH = 1 + Z
 Z + Z TH SN = 1 +  Z

 Z   Z TH  Z + Z TH

()
Quando a impedância da carga Z é diferente da impedância do equivalente ( Z ≠ Z TH , para o equivalente
de Thévenin; Z ≠ Z N , para o equivalente de Norton) todas as grandezas mostradas na Tabela II.1
apresentam valores diferentes. Em outras palavras, tanto a tensão sobre a impedância do equivalente quanto a
corrente apresentam valores diversos. Desta forma, a potência desenvolvida nas fontes internas aos

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44984-06 – Circuitos Elétricos B

equivalentes não apresenta o mesmo valor embora todas as grandezas externas sejam rigorosamente as
mesmas. Isto reforça o que já foi afirmado: o circuito equivalente representa o comportamento da rede
apenas e tão somente a partir de seus terminais.

()
Quando a impedância da carga Z é igual à impedância do equivalente ( Z = Z TH , para o equivalente de
Thévenin; Z = Z N , para o equivalente de Norton) todas as grandezas mostradas na Tabela II.1 apresentam o
mesmo valor, constituindo uma caso particular no qual a potência desenvolvida nas impedâncias do
equivalente ( Z TH , para o equivalente de Thévenin; Z N , para o equivalente de Norton) são idênticas, do
mesmo modo que as potências desenvolvidas na fonte de tensão do equivalente de Thévenin e na fonte de
corrente do equivalente de Norton, conforme mostra a Tabela II.2.

Tabela II.2 – Corrente, tensão e potência nos componentes dos circuitos equivalentes para Z = Z TH = Z N .

Grandeza Circuito Equivalente com Z = Z TH = Z N


Thévenin Norton
1 1
Tensão em Z TH = Z N V 1 = V TH V = V TH
2 2
1 V TH 1 V TH
Corrente em Z TH = Z N I= I1 =
2 Z TH 2 Z TH
2 2
1 V TH 1 V TH
Potência complexa em Z TH = Z N S1 = S1 =
4 Z *TH 4 Z *TH
2 2
1 V TH 1 V TH
Potência complexa na fonte S FONTE S TH = SN =
2 Z *TH 2 Z *TH

Exemplo II.8: Sabendo que o resistor variável R foi ajustado para absorver o máximo de potência do
circuito, determinar o valor de RMTP e a potência nele dissipada.
3Ω j2 Ω

j1 Ω 4 0o A 6Ω R

Solução: Neste caso é possível utilizar o circuito equivalente de Thévenin para determinar o valor da
resistência e a potência nela dissipada. Da análise do circuito, tem-se:
3Ω j2 Ω

+
I

j1 Ω 4 0o A 6Ω V TH R

Por inspeção, tem-se:


V TH = 6 I

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Solução (continuação): Do divisor de corrente, tem-se:


3 + j1
I= 4
6 + 3 + j1
3 + j1
V TH = 6 4 = 8,1951 + j1,7561 = 8,3812 12,09 o V
6 + 3 + j1

Z TH = (3 + j1) // 6 + j 2 =
(3 + j1)6 + j 2 = 2,0488 + j 2,4390 = 3,1853 49,97 o Ω
6 + 3 + j1
Substituindo o circuito pelo seu equivalente, tem-se:
Z TH

+
V TH R

A potência dissipada na resistência é dada por:


2 2 2
2 V TH V TH V TH
PR = R I R =R =R =R
Z TH + R RTH + R + jX TH 
2
(RTH + R ) + ( X TH ) 
2 2
 
2 2
R V TH R V TH
PR = = 2
(RTH
+ R ) + ( X TH )
2 2
RTH + 2 RRTH + R 2 + X TH
2

O valor de R que maximiza PR pode ser obtido derivando-se a função PR em relação à R e igualando esta
derivada parcial à zero:

∂PR
2
RTH (
+ 2 RRTH + R 2 + X TH
2
V TH − R V TH ) 2 2
(2 RTH + 2R )
= =0
∂R 2
RTH [ 2 2
+ 2 RRTH + R 2 + X TH ]
Logo,
(R2
TH + 2 RRTH + R 2 + X TH
2
V TH ) 2
− R V TH
2
(2 RTH + 2R ) = 0
2
RTH + 2 RRTH + R 2 + X TH
2
− 2 RRTH − 2 R 2 = 0
2
RTH − R 2 + X TH
2
=0
R 2 = RTH
2 2
+ X TH
2 2
R = RTH + X TH
Observar que o resultado poderia ter sido obtido a partir do Exemplo II.3, fazendo X2=0. Substituindo os
valores numéricos, tem-se:
RMTP = 2,0488 2 + 2,4390 2 = 3,1853 Ω

sendo a potência dada por:

2
R V TH 3,1853 × 8,3812 2
PRMTP = = = 6,7102 W
(RTH + RMTP )2 + ( X TH )2 (2,0488 + 3,1853)2 + (2,4390)2
De acordo com a figura a seguir, observa-se que o valor de máximo de PR ocorre em 3,1853 Ω, sendo igual a
6,7102 W, conforme determinado.

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Solução (continuação):
7

6 Comandos Matlab para obtenção da curva


e do valor máximo:
5
R = linspace(0,10,1000);
4 Vth = 8.3812;
Rth = 2.0488;
3 Xth = 2.4390;
Pr=R*Vth^2./((Rth+R).^2+Xth^2);
2 plot(R,Pr,'-r');
[Prmax,k]=max(Pr);
1
R(k)
0
Prmax
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Exercício II.4: Para o circuito do exercício anterior, determinar a potência complexa fornecida pela fonte de
corrente do circuito original e a potência fornecida pela fonte de tensão do circuito equivalente de Thévenin,
para os seguintes cargas, utilizadas em substituição à R:
a) Z = RMTP (determinado no exemplo anterior)
b) Z = 0
*
c) Z = Z TH
Verificar as diferenças/semelhanças entre os resultados obtidos para as duas fontes.

Na Tabela II.3 encontram-se sugestões de exercícios, referentes aos assuntos tratados neste capítulo.

Tabela II.3 – Sugestões de exercícios referentes ao Capítulo II.


Livro Capítulo Página: Exercícios
420: 11.1; 11.2; 11.5 421: 11.10; 11.12; 11.14
Alexander&Sadiku
11 422: 11.17; 11.18; 11.19; 11.22; 11.23 423: 11.33; 11.34; 11.37
(2003)
424: 11.40; 11.41; 11.45; 11.47 425: 11.53; 11.55; 11.57
251: 10.1; 10.3; 10.4 252: 10.5; 10.6; 10.9; 10.10; 10.12
Nilsson&Riedel 253: 10.15; 10.16; 10.17; 10.18; 10.21; 10.22
10
(1999) 254: 10.27; 10.29 255: 10.30; 10.34; 10.35; 10.36; 10.37
256: 10.44
463: 11.1; 11.3 465: 11.11; 11.12 466: 11.16; 11.17
Irwin (2000) 11 468: 11.23; 11.24 469: 11.29; 11.29 470: 11.34; 11.35
472: 11.46; 11.47; 11.49; 11.50; 11.53; 11.54 473: 11.58; 11.61; 11.62

Potência e energia em regime permanente senoidal – SHaffner/LAPereira Versão 29/3/2005 Página 20 de 20

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