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Reatores e Perdas

Parte 3 – Corrente alternada em núcleos ferromagnéticos

Livros: Bim: 26; 29; 32; Chapman: 28; 31


Reatores e Perdas
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788580552072/

Reatores e Perdas Corrente alternada em núcleos ferromagnéticos


• Sumário • Aplicando-se uma tensão alternada v(t) aos terminais da bobina, circulará uma
pequena corrente, chamada corrente à vazio, io, ou corrente de excitação. Esta
– Corrente de excitação alternada em núcleos ferromagnéticos sem
corrente é muito pequena e a queda de tensão no enrolamento pode ser
entreferro
desprezada. Assim, v(t) = e(t).
• Corrente de excitação no núcleo
• Perdas por histerese
• Perdas por correntes parasitas Corrente
de
excitação

v(t ) » e( t )
Corrente alternada em núcleos ferromagnéticos Corrente alternada em núcleos ferromagnéticos
• A tensão induzida e(t), tem a polaridade indicada na figura, obtida pela Lei de • Considerando que o fluxo varia segundo uma expressão senoidal, a tensão
Lenz. O valor da tensão é obtido pela expressão de Faraday. Ou seja, a tensão induzida tem uma forma de onda cossenoidal.
induzida é proporcional a variação instantânea do fluxo.

d
Polaridade e( t ) = N.
dt

Fluxo (t) = m sen ( t )


d
e( t ) = N
dt
e( t ) = N m cos( t )

Tensão induzida e fluxo Corrente alternada em núcleos ferromagnéticos


• Desta forma, percebe-se que a tensão induzida e o fluxo tem a mesma forma de
onda, mas não estão em fase. A onda de fluxo e a onda de tensão tem entre si • O fluxo magnético é proporcional à densidade de fluxo e a relação
90 graus de defasagem. entre a densidade de fluxo e a corrente na bobina não é linear, mas
depende da saturação do núcleo representada graficamente pelo
laço de histerese.
e( t ) = N m cos( t ) (t) = m sen ( t )
B - indução = B.S BxH à Laço de Histerese
e(t)
(t)
B
ds

N
H= i
l
S - Área
i1
i2
sen ( t ) = cos( t - 90 o )

http://www.mathopenref.com/graphfunctions.html?fx=sin(a*x)&gx=cos(a*x-pi/2)&xh=6.2831&xl=0&yh=1.5&yl=-1.5&a=1 https://blog.biologiatotal.com.br/geracao-de-energia-eletrica/
Corrente alternada em núcleos ferromagnéticos Corrente no núcleo
• O laço de histerese é normalmente desenhado na forma B x H. Mas também • O efeito da histerese e da saturação na forma da onda da corrente de excitação
pode ser representado na forma de ϕ x i, tal que o produto B.S, e H. / N apenas pode ser obtido graficamente a partir da figura a seguir.
altera a escala e não a forma do laço.

B
l
i=H
N

H Onda de fluxo
f

Corrente de
= BS i
excitação

https://electricalacademia.com/transformer/exciting-current-transformer-inrush-current-transformer/

Corrente no núcleo Corrente no núcleo


• No ponto inicial, marcado com zero, o fluxo é zero e está aumentando. No laço de • Partindo do ponto UM, na onda de fluxo e levando para o laço de histerese,
histerese, na forma de ϕ x i, encontramos que o fluxo é zero, mas é necessária uma certa encontramos o ponto UM, ainda aumentando. Levando este ponto para a curva
corrente de magnetização, também marcada com zero. Percebe-se aqui que o fluxo e a de corrente, e plotando no tempo correto, conseguimos mais outro valor para a
corrente não estão em fase.
corrente de magnetização.

Fluxo igual a 0
Corrente no núcleo Corrente de excitação
• O processo pode ser repetido outras vezes, partindo da onda de fluxo, seguindo • A onda de corrente encontrada é claramente não sinusoidal, mas é periódica,
até o laço fluxo por corrente e, deste, até o gráfico da onda de corrente, simétrica e não tem componente contínua. A onda de corrente pode ser
considerando o espaçamento de tempo. representada por uma série de fourier, que para este caso tem a seguinte forma.

Corrente de Excitação

Opção: 8

f ( t ) = a1 cos( t ) + a 3 cos(3 t ) + a 5 cos(5 t ) + ...


+ b1sen ( t ) + b3sen (3 t ) + b5sen (5 t ) + ...

Corrente de excitação Corrente de excitação


• A análise da onda mostra que a terceira harmônica tem predominância sobre as • Como visto, a análise de Fourier mostra termos em seno e cosseno. A
demais. A figura ilustra a fundamental, e as harmônicas de 3ª e 5ª ordens. As de componente fundamental em cosseno está em fase com a tensão induzida
ordem superior não são expressivas. e(t). A componente fundamental em seno está em fase com o fluxo.

excitação
excitação

fundamental

3ª harmônica

fundamental
5ª harmônica em cosseno
fundamental
Opção: 5
em seno
Opção: 7
Corrente no núcleo Corrente no núcleo
• Desta forma, considerando apenas as componentes fundamentais, podemos • Embora a corrente de excitação não seja sinusoidal, ela pode ser representada
definir duas componentes para a onda de corrente de excitação. A component ic, por uma onda senoidal equivalente, com o mesmo valor eficaz e mesma
que está em fase com a tensão induzida e que representa as perdas no núcleo. frequência, e que produz a mesma potência média da onda real de corrente.
A componente im, que está em fase com o fluxo, atrasada 90 graus em relação à
tensão induzida, chamada de corrente de magnetização, responsável pela
magnetização do núcleo.

Onda senoidal equivalente

ic(t) – corrente de
perdas no núcleo
im(t) – corrente de
magnetização do núcleo em fase com a
em fase com o fluxo tensão induzida
magnético

Opção: 9

Corrente no núcleo Corrente no núcleo


• Desta forma, podemos escrever que a corrente de excitação é a soma
das correntes de perda e de magnetização.

ic(t) – corrente de perdas no núcleo


im(t) – corrente de magnetização do núcleo
io(t) = ic(t) + im(t)
io(t) = ic(t) + im(t)
io(t) – corrente de excitação
ic(t) Rc
• Isto sugere que a corrente percorre dois caminhos diferentes e em io(t)
paralelo. Uma corrente circula por um caminho cujo componente passivo
de circuito mantém a corrente em fase com a tensão induzida. É a
resistência Rc, que representa as perdas no núcleo.
• A outra corrente circula por um outro caminho, tal que o componente im(t) jXm
passivo de circuito produz um atraso de 90o na corrente em relação à
tensão induzida. É a reatância de magnetização Xm.
Ramo de magnetização Perdas em núcleos ferromagnéticos
• Este ramo em paralelo representa o núcleo do reator e também o núcleo de um • Alguns núcleos de transformadores trifásicos
transformador monofásico.
– Lâminas de aço ao silício

Im Ic

jXm Rc

https://www.tessin.com.br/laminas-nucleos-transformadores

Perdas em núcleos ferromagnéticos


• As perdas em núcleos de ferro são divididas em perdas por • As perdas são divididas em:
histerese e perdas por correntes parasitas. – Perdas por histerese (Ph);

Perdas
Perdaspor
porhisterese
histerese
Perdas
Perdas porcorrentes
por correntesparasitas
parasitas

– Perdas por correntes parasitas (Pp).

https://www.if.ufrgs.br/novocref/?contact-pergunta=duvidas-sobre-um-transformador-eletrico-que-o-professor-montou-em-aula

https://www.slideshare.net/harshaambati9/magnetic-materials-47590107
Perdas por histerese Perdas por histerese
• Se uma fonte de tensão alternada for conectada a uma bobina envolvendo um • A reorientação dos domínios, seguindo o ciclo de histerese, produz calor. A
núcleo, a corrente provocará um fluxo variável no tempo, que fará com que os potência perdida em aquecimento neste processo é chamada perda por
domínios magnéticos sejam constantemente reorientados segundo o campo histerese e, para um tipo e volume de material a perda varia diretamente com a
externo. frequência e com a indução no material.

reorientação cíclica dos domínios


Aquecimento
tensão alternada Perdas
Perdas por
por HISTERESE
HISTERESE
corrente alternada
fluxo variante no tempo
reorientação dos domínios

Perdas por histerese Perdas por histerese


• A perda estimada no ferro é dada pela equação abaixo. Esta equação indica que • Outra fórmula muito conhecida para o cálculo das perdas por histerese é a
as perdas por histerese são proporcionais à área do ciclo de histerese. equação de Steinmetz. Esta equação depende do tipo de material, da
frequência, do valor da indução máxima, e do coeficiente de Steinmetz.

Volume da
amostra Frequência
Área do a – Coeficiente
Volume da
Laço de Steinmetz
amostra

Ph = vol.f .ò H.dB = 1,6

Ph = .Bm .f .vol
= 30: ligas de Fe-Si
= 250 ~ 300: ligas
Frequência ordinárias de ferro
= 3,8 a 8,5 (x103):
materiais duros

h - Depende do
tipo de material Bm – Indução
máxima
Perdas por correntes parasitas Perdas por correntes parasitas
• As perdas por correntes parasitas também dependem da frequência • O fluxo variável no tempo, presente no núcleo, além de induzir tensão na bobina,
e da indução no núcleo. também induzirá tensões dentro do núcleo de ferro. Estas tensões produzem
correntes que podem ser entendidas como infinitos laços concêntricos de
correntes.

tensões e
correntes
induzidas

ϕ fluxo (crescente)

https://www.electrical4u.com/eddy-currents-theory-and-applications/

Perdas por correntes parasitas Perdas por correntes parasitas


• As correntes, ao fluirem num material resistivo, o ferro por exemplo, provocam o • A quantidade energia dissipada é proporcional ao tamanho do
aquecimento do núcleo. caminho percorrido no núcleo. Por esta razão é comum fatiar o
núcleo e isolar entre si as lâminas, limitando as correntes a áreas
muito pequenas.
Perdas por correntes parasitas Perdas por correntes parasitas
• A equação para cálculo das perdas por correntes parasitas depende da • A espessura da lâmina é um fator importante na equação, de tal forma que se
condutividade, da frequência, da espessura do material e da amplitude da onda deve utilizar uma lâmina tão fina quanto economicamente possível.
de fluxo.
Frequência

s - Condutividade Volume da
amostra

1
Pp = ( .d .B m ) . vol
2

24

d - espessura

Bm – Indução
máxima

Fator de empilhamento Exercício fator de empilhamento.

Os núcleos são montados com chapas de espessuras finas ... A seção laminada de um núcleo tem dimensões de 0,03 m x 0,05 m e um
fator de empilhamento de 0,9. Calcule a área efetiva do núcleo. Para um
...e a razão entre a área efetiva e a área final é chamada Fator de Empilhamento. fluxo de 1,4 10-3 Wb, calcule a indução.

Se
área efetiva kc =

0,03 m
Se Sf
kc =
Sf Se = k c .Sf = 0,9.0,03.0,05
área final
Se = 0,00135 m 2 = 1,35.10 -3 m 2
0,05 m
Ferro-silício de grão orientado
Ferro-silício de grão não orientado
0,95
0,95 < kc < 0,98
F = B.Se
Ligas de Ferro-Niquel 0,50 < kc < 0,95
F 1,4.10 -3
Chapa 0,0127 mm 0,50 B= = = 1,037T
Chapa 0,0258 mm
Chapa 0,0508 mm
0,75
0,85
Se 1,35.10 -3
Chapa 0,10 a 0,25 mm 0,90
Chapa 0,27 a 0,36 mm 0,95
Exercício fator de empilhamento. Exercício fator de empilhamento.

O núcleo a seguir tem uma parte do caminho construído com ferro fundido e O núcleo a seguir tem uma parte do caminho construído com ferro fundido e
outra parte com lâminas de aço. outra parte com lâminas de aço.
Se o fluxo imposto é igual a 1,32
mWb e a seção do núcleo é 3 cm
x 4 cm e o fator de empilhamento
Sff = 0,03.0,04 = 1,2.10 -3 m 2
para a seção laminada é 0,8 com
3 cm um entreferro de 1 mm, calcule a 3 cm Sal = (0,8.)0,03.0,04 = 0,96.10 -3 m 2
densidade de campo na seção
laminada e na seção de ferro F = B.S
fundido.
F 1,32.10 -3
Bff = = = 1,1T
Sff 1,2.10 -3
3 cm 3 cm
F 1,32.10 -3
Bal = = = 1,375T
g = 1 mm g = 1 mm Sal 0,96.10 -3
4 cm 4 cm

Exemplo
• As perdas no ferro são informadas pelos fabricantes em curvas que relacionam a • Calcule o valor das perdas por correntes parasitas em um núcleo
indução e as perdas em função da frequência. Estas perdas podem ainda ser de transformador cujas lâminas de ferro possuem a curva BxH da
obtidas através do ensaio de circuito aberto, mas o valor obtido reúne as perdas figura. Os dados das chapas e da excitação são: = 107 s/m, d = 1
por histerese e por correntes parasitas num único valor. Nos transformadores as
mm, f = 60 hz, Bm = 1,5 T e o volume do núcleo é 100 cm3.
perdas no ferro, com carga e sem carga, são consideradas constantes.

Calcule também a perda por


histerese aproximada nas
chapas do transformador
considerando a equação
convencional e a equação de
Steinmetz.

Google: core loss in silicon steel


Exemplo Exemplo
• Perdas por correntes parasitas
• Perdas por histerese
1
Pp = ( .d.Bm )2 .vol – equação convencional
24 Ph
Pp 1
= f .ò H.dB
= 107 (2 60.0,001.1,5)
2 vol
vol 24 Área aproximada do ciclo BxH:
Ph A = 100.1,5 = 150
Pp = f .área(BH)
vol
[
= 133239,65 W / m3 ] 1 cm3 – 1.10-6 m3 vol
A = 4.150 = 600 T

100 cm3 – 1.10-4 m3

(
Pp = 133239,65. 1.10 -4 )
Ph
vol
= 60.600 = 36000 W / m3 [ ]
Pp = 13,32 W ( )
Ph = 36000. 1.10 -4 = 3,6 W

Exemplo Exemplo
• Calcule a perda de energia em Joule por hora em uma amostra de
• Perdas por histerese ferro sujeita a um processo de magnetização de 50 Hz. A amostra
– equação de Steinmetz tem 50 kg e o laço de histerese é equivalente em área à 250
Ph Joule/m3/ciclo. A densidade do ferro é 7500 kg/m3. Calcule o valor
= .Bm .f da perda em kWh.
vol
Ph massa
= 300.1,51, 6.60 densidade = 50 Hz
1 h
50 ciclos por segundo
3600 s
vol volume
Ferro convencional:
Ph
vol
[
= 34436,46 W / m 3 ] = 300
= 1,6
é
Phora = 250 ê 3
J
ë m .ciclo û
ù
[
ú [volume ] n de ciclos
o
]
é 50 ù
Phora = [250].ê ú.[50.60.60]
( )
Ph = 34436,46. 1.10 -4 = 3,44 W ë 7500 û
Phora = 300.10 3 [J ] 1 J 2,77 10-7 kWh
300000 J 0,0833 kWh
• Ensaio de Circuito Aberto • Ensaio de Circuito Aberto
Transformador
Transformador
V : Leitura do voltímetro
Io : Leitura do amperímetro
P : Leitura do wattímetro P = V.I. cos 0
P
cos 0 =
V.I o
&I
c

Ic = Io . cos 0

Pfe = Ph + Pp &I
m
&I
o I m = I o .sen 0

Perdas
Perdas por
por
Perdas
Perdas no
no Perdas
Perdas por
por correntes
correntes
ferro
ferro histerese
histerese parasitas
parasitas

• Ensaio de Circuito Aberto


– Realizado no lado de baixa tensão
– Parâmetros pelo lado de baixa tensão

P P I& m I& c
Rc = =
Ic
2
(I o . cos 0 )
2

jXm Rc
V V
Xm = =
I m I o .sen 0

https://blogs.sw.siemens.com/simcenter/magnetostriction-a-source-of-noise-in-transformers/

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