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Departamento de Fı́sica

ONDAS ESTACIONÁRIAS NUMA CORDA VIBRANTE

1 Resumo
Ondas estacionárias são geradas numa corda flexı́vel esticada, e ligada a dois
suportes fixos. Estuda-se a dependência da frequência de vibração das ondas
estacionárias com a ordem dos modos e os parâmetros que caracterizam a
corda: o seu comprimento, a sua densidade linear e a tensão a que está
submetida.
Orlando Camargo Rodrı́guez - DF/FCT, v2.0 2020.

1
2 Fundamento teórico
O formalismo matemático, referente à geração de ondas estacionárias numa
corda, encontra-se discutido em detalhe na sebenta da disciplina. Neste pro-
tocolo são apresentadas as fórmulas de maior relevância. Se vibrarmos com
uma frequência f uma corda flexı́vel de comprimento L e de massa m, que
está esticada entre dois suportes fixos, ondas estacionárias serão produzidas
na corda devido à sobreposição contı́nua das ondas incidentes e refletidas nas
suas duas extremidades. A velocidade v das ondas que se propagam na corda
depende apenas da tensão da corda T , e da sua densidade linear µ = m/L
através da relação s
T
v= . (1)
µ
Como v = λf , pode-se escrever o comprimento de onda λ na forma
s
1 T
λ= , (2)
f µ
ou s
T
λ=τ , (3)
µ
onde τ = 1/f representa o perı́odo de vibração. Se a corda estiver esticada
ao longo da direção x o deslocamento transversal y(x, t) da onda estacionária
obedece à seguinte equação

y(x, t) = 2y0 sin(kx) sin(ωt) , (4)

onde k = 2π/λ é o número de onda e ω = 2πf a frequência angular. A


equação (4) permite concluir que nos pontos x nos quais se verifica que

kx = nπ , n = 0, ±1, ±2, . . . (5)

a perturbação y é nula, seja qual for o valor do tempo. A estes pontos


chama-se nodos. Como os extremos da corda (que podemos identificar com
os pontos x = 0 e x = L) estão fixos eles coincidem com nodos. Assim, o
número de onda deve satisfazer a condição

kn = , (6)
L
para algum valor n = 1, 2, . . .; isto limita os valores do comprimento de onda
a
2L
λn = . (7)
n
2
Uma vez que a frequência está relacionada com o comprimento de onda as
frequências de vibração ficam pela sua vez condicionadas pela relação
s
n T
fn = , (8)
2L µ
ou (equivalentemente) com
2L µ
r
τn = . (9)
n T
O ı́ndice n se refere aos modos normais de vibração da corda. Portanto,
a corda não tem apenas uma frequência natural, mas uma sequência de
frequências naturais denominada série harmónica. A frequência f1
s
1 T
f1 = (10)
2L µ
é denominada frequência fundamental, ou primeiro harmónico. Todos os
outros harmónicos são múltiplos da frequência fundamental: fn = nf1 . O
inverso da frequência fundamental permite obter o perı́odo respectivo, dado
pela expressão:
µ
r
τ1 = 2L . (11)
T

3 Problemas propostos
Pretende-se estudar a propagação das ondas na corda, as condições para a
formação das ondas estacionárias, e verificar experimentalmente que:
3.1 no caso do primeiro harmónico podemos ver da Eq.(11) que o perı́odo da
onda estacionária é directamente proporcional ao comprimento da corda:

τ = aLteor. L ,

onde q
aLteor. = 2 µ/T .

3.2 no caso de um comprimento fixo podemos ver da Eq.(9) que o perı́odo


da onda estacionária é inversamente proporcional à ordem do modo:
1
 
τ= anteor. ,
n
onde q
anteor. = 2L µ/T .

3
4 Material
Fio de nylon com 1 mm de diâmetro Fonte de alimentação
Cronómetro digital Dinamómetro (10 N)
Detetor fotoeléctrico Motor eléctrico (12 V / 3 A)
Fios de ligação Barra de suporte
Suporte de bancada Base de apoio
Cruzetas metálicas Fita métrica
Triângulo de apoio do fio Roldana

(a) (b)

Figura 1: (a) Dinamómetro usado para medir a tensão T na corda vibrante;


(b) cronómetro digital usado para medir os perı́odos τ da frequência de vi-
bração.

5 Procedimento experimental
Uma corda de nylon esticada tem uma extremidade ligada a um dinamómetro
e a outra extremidade ligada ao cilindro de um motor, passando por um
triângulo de suporte. Quando o motor é ligado o cilindro entra em movi-
mento de rotação causando vibrações na corda, o que permite gerar ondas
transversais que se propagam ao longo da mesma. Ao atingir as extremidades
da corda estas ondas sofrem reflexões e combinam-se com as ondas incidentes;
quando a frequência de rotação do motor coincide com uma frequência na-
tural de vibração da corda o sistema na sua totalidade entra em ressonância

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e é possı́vel gerar um padrão de onda estacionária na corda. O perı́odo da
frequência natural de vibração pode ser medido com o cronómetro digital.

Figura 2: Arranjo experimental da experiência.

5.1 Determinação do perı́odo em função do compri-


mento da corda
5.1.1 Deslocar o triângulo que apoia a corda, de modo a obter a maior
distância possivel entre os dois suportes. Esta distância corresponde
ao comprimento da corda L.

5.1.2 Ajustar o valor da tensão movendo o dinamómetro na vertical, de forma


a obter o modo fundamental. Fixar o valor da tensão T .

5.1.3 Fazer a leitura do valor do perı́odo de rotação no cronómetro digital.

5.1.4 Diminuir o comprimento L mantendo o mesmo valor da tensão T e o


modo fundamental, e registar o novo valor do perı́odo.

5.1.5 Repetir este procedimento para mais cinco valores diferentes do com-
primento L.

5.1.6 Registar todos os resultados obtidos de τ para cada L.

5
5.2 Determinação do perı́odo em função da ordem dos
modos
5.2.1 Fixar uma distância entre os suportes, ou seja, fixar um valor de L.

5.2.2 Gerar um valor de tensão T adequado com ajuda do dinamómetro.

5.2.3 Variar lentamente o valor do perı́odo τ até obter o segundo harmónico.

5.2.4 Repetir este procedimento a fim de obter os harmónicos superiores


(n > 1) até a quinta ordem.

5.2.5 Registar o valor do perı́odo τ para cada modo n.

6 Análise dos resultados obtidos


6.1 Fazer os gráficos da distribuição de pontos experimentais.

6.2 Acrescentar as rectas de regressão linear em cada caso e calcular os coe-


ficientes de regressão linear.

6.3 Calcular a incerteza do declive de cada recta.

6.4 Calcular os valores teóricos dos declives.

Bibliografia
Sebenta de Fı́sica do 1o Ano dos cursos: BM, B, MICF, BQ, BT e CBM, 2o
semestre do ano letivo 2017/2018.

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