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Métodos sísmicos

Exploração Sísmica:
• Por vezes chamada de sismologia de fonte ativa;

• Baseia-se na propagação e reflexão/refração de ondas sísmicas;

• Profundidades típicas vão de ~ 10 metros a mais de 10 kilometros

• Aplicações:

– Imageamento e mapeamento de sequências sedimentares, busca de


depósitos de óleo e gás;

– Imageamento e mapeamento de sedimentos rasos, solos, rocha sã,


coluna de água;

– Detecção de propriedades físicas de sub-superfície - por exemplo, tipo


de rocha, porosidade, conteúdo de fluido nos poros;

– Pesquisa de estruturas continentais, tectônica do assoalho oceânico.


Equipamentos do levantamento
sísmico:

• Fontes sísmicas;

• Receptores;

• Sistema de Gravação (registro).


Geração de Ondas Sísmica Artificiais
Outras fontes:
• Armas de água: similar em princípio às armas de ar;

• Explosivos: detonados em buracos rasos;


Não produz uma assinatura precisa, que possa ser repetida;

• Caminhões vibradores: a fonte não explosiva mais comum;


Vibradores montados em caminhões podem gerar ondas de baixa amplitude
e passar continuamente para frequencias variáveis conhecidas como sweep
frequency;

Para aumentar a energia transmitida os caminhões são comumente


utilizados em grupos, transmitindo em fase;

Cada sismograma registrado é correlacionado de forma cruzada com o sinal


sweep conhecido para produzir um sismograma corelacionado, ou
correlograma.
Armas de ar:
• Bolt air gun:

• A fonte de ondas para levantamentos sísmicos marinhos (offshore) mais


comumente utilizada;

• O sinal pode ser repetido com precisão.


Caminhões Vibroseis:
Receptores:
• Hidrofones:
Material piezoelétrico;
Mudanças de pressão na água geram pequenas correntes que são
amplificadas.

• Geofones:
Mecânicos
A movimentação da bobina relativamente ao magneto (imã) gera uma
pequena corrente que é então amplificada.
Exemplo dos eventos Sísmicos
Princípios:
• Ondas sísmicas são ondas elásticas e envolvem (pequena)
deformação mecânica das rochas, sedimentos ou fluidos para
se propagar;

• Dois tipos de deformação: volumétrica (compressional - ondas


P) e cisalhamento (ondas S);

• A deformação é chamada de strain: uma mudança de forma


e/ou tamanho de um corpo submetido a stress;

• Stress é uma força aplicada por unidade de área (F/A).


Conceitos físicos
Atenuação de ondas sísmicas

• Perda de amplitude com a


distância da fonte.

• Espalhamento geométrico

• Absorção
Conceitos físicos
Trajetória dos raios sísmicos

Lei de Snell

•Leis:

– O ângulo incidente é igual ao ângulo de reflexão

– Os raios incidentes, refletidos e refratados, assim como a normal ao


ponto de incidência, estão no mesmo plano.
Conceitos físicos
Trajetória dos raios sísmicos
Lei de Snell

• Refração Crítica

• Leis:

– O ângulo incidente é igual ao ângulo de reflexão.

– Os raios incidentes, refletidos e refratados, assim como a normal ao ponto de incidência, estão no mesmo plano.
Revisão de ondas elásticas e física dos fenômenos ondulatórios

úteis no método sísmico


A equação de onda para o caso unidimensional e sua extensão aos
casos tridimensionais
Vamos considerar o seguinte esquema de forças atuantes sobre um
elemento de massa dM:
dFy  dM  a y

d 2y
d Fy  dM 2
dt

d Fy  dFy1  dFy 2  T sen (   d  )  T sen 

Considerando a aproximação para pequenas amplitudes, o ângulo alfa


deve ser pequeno. Ou seja:

sen    e sen (   d  )  (   d  )

Desde que   1
Então, substituindo na equação da Lei de Newton obtemos o seguinte:

d 2y
T   T d  T  dM 2 
dt
d 2y
T d  dM 2
dt
Considerando que

d M    d l   d x

onde  é a densidade linear de massa (massa / comprimento),


temos:

d 2y d  d2 y
T d   d x 2  
dt dx T dt2
No entanto, usando a relação entre derivada e tangente à curva, temos:

tan  
dy
  se   1
dx
Então,

d  d2 y d d y  d2 y
     
dx T dt2 d xd x T dt2

2 y  2 y

x 2
T t 2
Que é a equação da onda unidimensional
Na forma padrão, temos:

2 y 1 2 y
 2
x 2
v t 2

Onde a velocidade de propagação é dada pela expressão:

T ( em N )
v 
 ( em kg / m )

Onde  é a massa por unidade de comprimento e T é a tensão


(força trativa) sobre a corda.
A extensão destes resultados para o caso tridimensional útil na
Geologia pode ser obtida considerando que:

1  2
f
 f  2
2

onde,
v t 2

f  f (r , t)

Neste caso, a velocidade de propagação é dada por:

módulo elástico apropriado ( N / m 2 )


v 
densidade  ( kg / m3 )
Pode-se mostrar que, no caso tridimensional, a função

f  f (r , t )
Pode representar tanto ondas compressivas (ondas P) quanto ondas
cisalhantes (ondas S).

Uma importante solução para a equação de onda tridimensional é


dada por:
  
f ( r , t )  A sen ( k  r   t   )
No caso de ondas P a velocidade de propagação é dada por:

K  4

vP  3

E, no caso de ondas S, temos:


vS 

onde,

tensão volumétrica P
K   módulo de volume
deformação volumétrica  V V

tensão de cisalhamento 
   módulo de rigidez
deformação de cisalhamento 

  densidade volumétrica
Pode-se observar das relações anteriores que, em um mesmo meio,
as ondas P sempre se propagam com maior velocidade que as
ondas S.

A razão entre as velocidades

vP 2 (1   )

vS 1  2

Pode ser utilizada para determinar a razão de Poisson, onde  é um


importante indicador litológico.
Fundamentos dos métodos sísmicos – análise de

casos simples
Vamos considerar inicialmente o caso simples de uma única interface e a
configuração tiro-detector em lanço simétrico:

Nota-se que o tempo de retorno t0 relativo à reflexão perpendicular à


interface é dado por:
2z
t0 
v1

Se a velocidade de propagação no meio 1 não for conhecida, não é


possível determinar z a partir apenas de t0 daí a necessidade dos
outros geofones ...
Para determinar o tempo de chegada ti do pulso captado no geofone,
distante xi do ponto de tiro, temos:

2h x i2
ti  onde, h  z2 
v1 4

Assim temos: 4 z 2  x i2
ti 
v1
Esta expressão pode ser reescrita da seguinte maneira:

4 z 2  x i2
ti   v1 t i  4 z 2  x i2 
v1

v 12 t i2 x i2
v 12 t i2  4 z 2  x i2  2
 2
1
4z 4z

Pode-se perceber que a última equação acima representa uma hipérbole


cujo eixo de simetria é o eixo dos tempos:

t i2 x i2
2
 2
1
(t0 ) (2 z )
Assim, podemos determinar a espessura z da camada e a velocidade de
propagação no meio 1 v1 ou ajustando-se curvas hiperbólicas aos dados
ou a partir de um ajuste linear dos mesmos usando a equação:

1 2
t i2  t 02  2
xi
v1

Considerando x i2 como abscissa e t i2 como ordenada.


Além dos raios refletidos discutidos até agora, os geofones captam a
onda direta proveniente do ponto de tiro nos tempos definidos pela
equação:
xi
t dir 
v1

A reta definida pela equação acima é assíntota da hipérbole obtida


para o caso dos raios refletidos (mostrar como exercício...)
Se a velocidade da onda no meio 2 for maior que a no meio 1, existirá
uma certa distância crítica a partir da qual um raio refratado viajará
paralelo a interface com velocidade do meio 2 gerando novas frentes
de onda que emergem na superfície com o mesmo ângulo crítico de
entrada.

v1

v2
v 2  v1
Mostrar que:
4 z 2  v1 v 2 
2

x crit 
1   v1 v 2  2

As primeiras ondas a chegar são sempre as diretas ou as refratadas,


nunca as refletidas...

xi
t dir 
v1

xi
t refr   cte
v2
O Método Sísmico de Reflexão
 É o método geofísico mais empregado pela indústria de
exploração de hidrocarbonetos

 Permite mapeamento de subsuperfície em 2D e 3D

 Apresenta a vantagem de se poder inferir sobre as feições


estratigráficas diretamente sobre a seção sísmica
Aquisição de dados terrestre
Aquisição de dados marítima

Navio sísmico
Embarcação de levantamento
marítimo de sísmica 3D (2006)
 Ainda que seja possível observar o registro de raios refratados no
sismograma de reflexão, a ênfase está em se maximizar a qualidade
dos registros dos raios refletidos

 No campo deve ser dada uma atenção especial na aquisição dos dados
referentes a ângulos menores que o ângulo crítico

 O modo de aquisição mais empregado no método de reflexão é o de


cobertura em CMP

 Na análise dos dados são empregadas modelagens teóricas e


computacionais para realçar os raios refletidos de forma a definir ao
máximo as feições das camadas refletoras.
O modo de aquisição de cobertura em CMP

Aquisição em cobertura simples ou


single fold: Cada ponto da interface
refletora é coberto uma única vez.

Aquisição em ponto médio comum


ou CMP: Neste modo de aquisição,
um mesmo ponto da interface
refletora é coberto várias vezes.

Ver Fig. 4.14 na pág. 113 do livro


No processamento dos dados, os principais procedimentos são os
seguintes:

• Correções estáticas: diferenças de elevação dos geofones e pontos de


tiro, correção de intemperismo da camada superficial

• Correção dinâmica: Correção de sobretempo normal (NMO)

• Filtragem de ruídos e remoção dos registros da onda direta

• Empilhamento (stacking)

• Migração
Fluxograma mostrando as etapas de um levantamento sísmico de reflexão

Tiro
Filtro Geom.
Tiro + Recup.
Processamento
CMP
Análise de
velocidade
NMO

MUTE

STATICS

STACK

Migrar

DISPLAY
Filtragem dos dados

 Tem como objetivo melhorar a relação sinal / ruído utilizando várias


técnicas de processamento de dados digitais de forma a melhorar a
resolução vertical dos traços sísmicos individuais.

 Os dois tipos principais são a filtragem de frequência e a filtragem


inversa (deconvolução).

 A filtragem de frequência pode melhorar o sinal mas, potencialmente,


prejudica a resolução vertical, enquanto que a deconvolução melhora a
resolução, mas às custas de um decréscimo no sinal.
Filtragem de frequência
Deconvolução
Determinação das velocidades em função da profundidade
Correção de sobretempo normal (NMO) no caso de refletor único

4z2  x2
t  
v
1 1 1

4z2 x2  2  2 t 02 x 2  2  x 2  2
t   2  2    t0  2 2   t 0 1  2 2  
 v v   t v   t v 
 0   0 

Como em geral temos x2


2 2
 1
t0 v
Podemos usar a aproximação binomial:

1
 x 2  2  1 x 2 
t  t 0 1  2 2   t 0 1  
 t v   2 t 2
v 2 
 0   0 
Então:

1 x2
t  t0 
2 t0 v 2

ou

x2
t 
2 v 2 t0
Correção de NMO no caso de múltiplos refletores

Neste caso podemos utilizar como primeira tentativa de velocidade NMO a


velocidade média quadrática em todas as camadas:

x2
tn  2
2 v rms , n t0

onde: n

 i i
v 2

i 1
v rms , n  n


i 1
i

É a velocidade média quadrática do raio ao percorrer as n camadas


acima do enésimo refletor
A partir das velocidades RMS que corrigem o NMO para cada refletor é
possível determinar as velocidades intervalares em cada camada acima
do mesmo usando a fórmula de Dix:
1
 v rms
2
t  v 2
rms , n  1 t n  1
 2
 
,n n
vn 
 t n  t n 1 
análise de
velocidade
Silenciamento (mute)
Correção estática

Corrigir a posição dos geofones e dos pontos de tiro de modo a


compensar diferenças de elevação topográficas e as camada de
alteração superficial.
Pré-processamento

Pós-processamento
Empilhamento (stacking)
Migração

Processo de reconstrução de uma seção sísmica de modo que os eventos

de reflexão sejam reposicionados em suas corretas localizações em

superfície e tempos de reflexão verticais por focalizar a dispersão de

energia sobre uma zona de Fresnel e por atenuar padrões de difração

produzidos por refletores pontuais e camadas falhadas.


Migração utilizando modelagens matemáticas

 Existem várias modelagens de migração que, quase sempre, se

utilizam de transformadas de Fourier de soluções da equação de onda

 Trata-se de um problema matemático difícil, somente acessível via

métodos computacionais (métodos numéricos). Dependendo da

complexidade das feições em subsuperfície, abordagens envolvendo a

equação de onda podem ser inviáveis devido ao tempo de

processamento requerido
Migração por traçado de raio (ray trace migration)

 Emprega modelagens das trajetórias de raio nas quais são feitas

considerações hipotéticas sobre a geometria dos refletores em

subsuperfície

 São feitos ajustes iterativos de parâmetros de forma a minimizar as

discrepâncias entre os tempos de reflexão observados e calculados

 Pode ser o único método de migração viável quando as estruturas

refletoras são muito complexas


Descontinuidades puntiformes nas
interfaces refletoras geram curvas
hiperbólicas no sismograma (acima),
enquanto que sinclinais e depressões
acentuadas geram padrões em
“gravata borboleta” (ao lado).
Exemplo de padrões de difração devido a descontinuidades nos refletores
Método Sísmico 3D
 Tem como objetivo a obtenção de um grau de resolução da geologia de
subsuperfície maior que o proporcionado pelo método 2D

 Segue basicamente todos os mesmos procedimentos descritos para o


método 2D, só que para famílias de planos paralelos aos planos xz e yz

 A aquisição de dados segue uma geometria diferente da adotada no


método 2D, com as linhas de tiro perpendiculares às linha de registros
(geofones ou hidrofones)

 O padrão tridimensional produzido por um refletor puntiforme é um


hiperboloide de revolução cujo eixo de rotação é o eixo do tempo

 É pouco empregado devido ao custo elevado da aquisição e


processamento dos dados
Geometria adotada na aquisição de dados no método sísmico 3D
Seções sísmicas 3D

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