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Espalhamento Compton de Raio-X

André França de Sena - 21854801


Turma: FL01
Departamento de Fı́sica, Universidade Federal do Amazonas - AM
17 de junho de 2021

Resumo
Efeito Compton é a diminuição de energia (aumento de comprimento de onda) de um fóton
de raios X ou de raio gama, quando ele interage com a matéria. Com os dados coletados
remotamente, o objetivo do relatório foi encontrar a transmitância em função da curva do
comprimento de onda de transmissão de um absorvedor de alumı́nio (Al) e em seguida calcular
a diferebça entre os comprimentos de ondas obtidos. O resultado da diferença de comprimento
de onda obtida neste relatório foi de 2, 21 × 10−13 m, valor próximo do obtido pelo próprio
Compton em 1922.

Palavra-chave: Efeito compton, fóton, comprimento de onda

1 Introdução Teórica De acordo com a teoria ondulatória,


tal conceito era dado como certo, pois a
Foi no ano de 1922 que Arthur Holly frequência de uma onda não é alterada por
Compton, após realizar alguns estudos sobre nenhum fenômeno que ocorre com ela, sendo
a interação radiação-matéria, percebeu que caracterı́stica da fonte que a produz. Mas o
quando um feixe de raios X incidia sobre um que se constatou, através da experimentação,
alvo de carbono, sofria um espalhamento. Ini- foi que a frequência dos raios X espalhados era
cialmente, Compton não percebeu nada de er- sempre menor do que a frequência dos raios
rado, pois suas medidas indicavam que o feixe X incidentes, dependendo do ângulo de des-
espalhado tinha frequência diferente do feixe vio. A figura abaixo nos mostra o esquema da
incidente logo após atravessar o alvo. ocorrência desse fenômeno, conhecido como
Efeito Compton.

Figura 2: Demonstração do Efeito Compton

Figura 1: Arthur Holly Compton Para explicar o sucedido, Compton

1
inspirou-se na abordagem de Einstein, ou seja, rede d = 2, 014 × 10−12 m será utilizada para
ele interpretou os raios X como sendo fei- obter λ através da equação 3.
xes de partı́culas e a interação como sendo
uma colisão de partı́culas. A energia do fóton 2dsinθ = λ (3)
incidente, de acordo com Einstein e Planck,
seria h.f; e o fóton espalhado teria elétron,
em respeito à lei da conservação da energia. 2 Objetivos
A abordagem funcionou perfeitamente, mas
Compton foi ainda mais longe. Ele investigou Encontrar a transmitância em função da
também a interação do ponto de vista da lei curva do comprimento de onda de transmissão
da conservação do momento linear. Experi- de um absorvedor de alumı́nio (Al).
mentalmente, verificou que essa lei valia para
diversos ângulos de espalhamento, desde que
o momento linear do fóton fosse definido como 3 Experimento
hf h Para o experimento utiliza-se dos seguin-
Qf óton = = (1) tes materiais, tais como acessorio Comp-
c λ
ton, cabo blindado BNC (750mm), Contador
Onde: c é a velocidade da luz no vácuo, h
Geiger-Muller, Cristal de LiF, Cronômetro di-
é a constante de Planck e λ é o comprimento
gital, Tubo contador tipo A (BNC) e Unidade
de onda da radiação.
de raios X, com isso é possivel realizar o ex-
O inventor da Câmara de Nuvens (Char-
perimento.
les Wilson) obteve experimentalmente as tra-
jetórias dos fótons e dos elétrons espalhados,
em colaboração com Compton. Duas carac-
terı́sticas são notáveis na expressão acima:
uma é a própria redefinição do momento li-
near, que não pode ser escrito como mv, por-
que o fóton não tem massa; e a outra ca-
racterı́stica que pode ser observada é o es-
tabelecimento de uma clara associação entre
uma grandeza tı́pica de corpúsculos, isto é, a
matéria, e uma grandeza caracteristicamente
ondulatória. Demonstrada pela equação de
Compton abaixo:

h
λ − λ0 = (1 − cosθ) (2) Figura 3: Montagem experimental para
mc
analisar o Efeito Compton
Com isso, temos λ0 o comprimento da
onda do fóton antes do espalhamento, λ o Inicia-se com um ângulo de incidência de
comprimento após o espalhamento, m a massa θ = 10◦ e máxima tensão de ânodo U A =
do elétron, c a velocidade da luz. 25kV , as taxas de contagem de raios X re-
Compton ainda desenvolveu um método tidos N1 são obtidas para intervalos de até
que provava que o fóton e o elétron eram 180◦ com o contador digital. Isto é feito com
espalhados simultaneamente, o que impedia a rotação sincronizada do cristal com o tubo
explicações envolvendo absorção e posterior contador na razão angular 1:2. Simultanea-
emissão de radiação. mente um cronômetro digital é acionado e re-
Neste relatório um feixe de raios X inci- gistra o tempo para cada contagem, estes va-
diu sobre um cristal de LiF, cuja constante de lores e os de impulsos (Imp) são anotados.

2
O absorvedor de alumı́nio é inserido en-
tre a saı́da de raios X e o cristal. Usando
este arranjo, repetem-se as medidas de taxas
de contagem N2 para o mesmo intervalo e re-
solução angulares usados para N1 . Da mesma
forma registra-se o tempo correspondente, cu-
jas medidas também são anotadas junto com
os impulsos.
A altas taxas de contagem N , nem todos
os fótons incidentes são registrados devido ao
tempo morto τ = 100µs do tubo contador. As Figura 4: Representação esquemática de
taxas de contagem de pulsos N e as taxas cor- acessório de espalhamento Compton à 90◦ .
rigidas N 0 podem ser obtidas pelas relações:

N=
Imp
(4)
4 Análise e Resultados
s
Através dos dados fornecidos por Liane
Araújo, foi possı́vel fazer as tabelas com os
N mesmos e obtermos os gráficos da função da
N0 = (5)
(1 − τ N ) curva do comprimento de onda de um absor-
vedor de Al.
E a trasmitância é dada por: De acordo com os procedimentos,
anotaram-se as medidas dos impulsos e tempo
para cada ângulo. Primeiramente sem o ab-
N20
T = (6) sorvedor de alumı́nio, depois com o absorve-
N10
dor de alumı́nio. O intervalo utilizado para
medição era de 10◦ à 18◦ .
Demasiadamente altera-se os ângulo em Encontrando N pela equação (4) e levando
relação a montagem inicial, isso adequa- em conta o tempo morto τ = 100µs, é possı́vel
damente irá relacionar uma alteração do determinar a taxa de contagem de pulsos cor-
comprimento de onda devido ao espalha- rigida N 0 por (5). Na qual os valores calulados
mento através da curva de transmissão, assim foram colocados nas tabelas abaixo:
10, 2◦ ≤ θ ≤ 11, 2◦ , assim como nas etapas
anteriores repete-se o processo.
Temos de antes de instalar o acessório
Compton, com o alvo espalhador e contador
com tubo de proteção, remove-se o cristal e
a fenda do tubo contador, gira-se o suporte
do tubo contador para sua posição final à 90◦
e insere um colimador de 5mm, na sequência
determina-se as seguintes taxas de contagem
em máxima tensão do ânodo; com espalhador Tabela 1: Medidas obtidas sem o
de acrı́lico e sem o absorvedor de alumı́nio, absorvedor de alumı́nio no intervalo de 10◦ à
com espalhador e absorvedor em A(1), com 18◦ .
espalhador e absorvedor em A(2). Caso for
necessário levaremos em conta correção de
tempo morto e radiação de fundo.

3
Com o intuito de melhorar a precisão do
comprimento de onda, repete-se os mesmos
procedimentos usados anteriormente, só que
utilizando variação de 10, 2◦ à 11, 2◦ . E com
isso foi possı́vel montar as tabelas 4 e 5.

Tabela 2: Medidas obtidas sem o


absorvedor de alumı́nio no intervalo de 10◦ à
18◦ .

Pela equação de Bragg (3) e sabendo que


d = 2, 014 × 10−12 m, pôde-se determinar os
comprimentos de onda λ para cada ângulo no
Tabela 4: Medidas obtidas sem o
intervalo de 10◦ à 18◦ . Da equação (6) foi
absorvedor de alumı́nio no intervalo de 10, 2◦
possı́vel calcular as transmitâncias e colocar
à 11, 2◦ .
os resultados na tabela abaixo:

Tabela 5: Medidas obtidas com o


absorvedor de alumı́nio no intervalo de 10, 2◦
à 11, 2◦ .

E da mesma forma como anteriormente,


obtive o valor dos comprimentos de ondas
para os intervalos, pela equação (3), e as no-
vas Transmitâncias, como mostrado na tabela
Tabela 3: Comprimento de onda e a seguir.
transmitância no intervalo de 10◦ à 18◦ .

Através da tabela (3) foi possı́vel traçar o


gráfico da transmitância em função do com-
primento de onda em metros.

Tabela 6: Comprimento de onda em metros


e transmitância no intervalo de 10, 2◦ à
Gráfico 1: Gráfico da transmitância em 11, 2◦ .
função do comprimento de onda para os
ângulos de 10◦ à 18◦ . A partir desta tabela, traçamos o gráfico:

4
0, 8198
λ1 = = 9, 30 × 10−13 m (10)
8.9670 × 1011

Para a transmitância da equação 7 (T1 ) o


comprimento será:

−T1 + 0, 8198
λT1 = = −7, 09 × 10−13 m
8.81 × 1011
(11)
Gráfico 2: Gráfico da transmitância em
Para a transmitância da equação 8 (T2 ) o
função do comprimento de onda para os
comprimento será:
ângulos de 10, 2◦ à 11, 2◦ .
−T2 + 0, 8198
Diferente do Gráfico 1, os pontos formam λT2 = = −7, 31 × 10−13 m
8.81 × 1011
uma reta. (12)
Na realização da tabela 7, foi modicado o Assim reunindo as equações (10) e (11),
arranjo do Gráfio 2. As montagens utilizadas podemos calcular o deslocamento de Comp-
são detalhadas novamente como: Montagem ton ∆λ, que é dada pela diferença dos deslo-
3: com espalhador de acrı́lico e sem absorve- camento calculados λ1 , logo:
dor de Alumı́nio. Montagem 4: com espalha- ∆λ = λT1 − λ1 = −7, 09 × 10−13 − (9, 30 ×
dor e absorvedor em A(1). Montagem 5: com 10−13 )m = 2, 21 × 10−13 m
espalhador e absorvedor em A(2). Na tabela Comparado com o valor teórico λc =
7 o ∆Imp é a porcentagem de erro relativo 2, 2426 × 10−13 m se torna um resultado
dos impulsos. E N 0 é a taxa de contagem cor- aceitável, visto que o experimento realizado
rigida apenas pelo tempo morto. pôde estar sujeito à interferências na hora da
medição.

Tabela 7: Medidas obtidas em montagens 5 Conclusão


diferentes para d = 0, 5mm.
Por mais que o experimento tenha sido re-
Nesta etapa, as transmitâncias são dadas alizado de forma remota, é de estrema im-
pelas equações: portância para fı́sica moderna um debate e
discussão sobre o efeito Compton. Com isso,
N4 40, 0
T1 = = = 0, 194 (7) declaro que o resultado do experimento reali-
N3 206, 7
zado só foi um sucesso graças à aluna Liane
N5 36, 2 Araújo com os dados obtidos em laboratório.
T2 = = = 0, 175 (8)
N3 206, 7
Como esperado o valor de T1 é maior do
que T2 . 6 Referências
Temos que do gráfico 2, nota-se uma
[1] A. R. Freedman and H. D. Young.
equação fornecida pela regressão linear:
Fı́sica IV: Fı́sica Moderna. Addison Wesley,
y = −8.9670 × 1011 x + 0, 8198 (9) 12 edition, 2008.
[2] Manual do Phywe sobre Efeito Com-
Onde y representa a transmitância T e o pon.
x o comprimento de onda λ1 . Ou seja rees- [3] Relatório Liane Amorim. Efeito Comp-
crevendo a equação para T = 0 e isolandoλ1 ton
temos que: [4] pt.wikipedia.org/wiki/efeito compton

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