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Projeto 02: Circuitos Elétricos - Capacitor e Circuito


RC
João Victor Yokoyama Pereira - RA 174889

Neste experimento realizou-se um estudo sobre o funcionamento de um circuito elétrico composto por um
capacitor e um resistor (circuito RC), com o intuito de analisar como a descarga elétrica em um capacitor carregado
muda em função do tempo quando este é inserido em um circuito com resistor e relatar a dependência temporal da
tensão e corrente, e com isso determinar empiricamente a constante de tempo de um circuito RC, sempre
averiguando as incertezas envolvidas. A fim de concluir com esse objetivo, montou-se 5 circuitos com 5 constantes
de tempo diferentes, utilizando valores de resistência e de capacitância diferentes.
Para a montagem dos Circuitos do Tipo 1 (Fig. 1) , utilizou-se um capacitor eletrolítico (1000µ𝐹/16𝑉) e
variou o resistor utilizado, sendo eles de 1𝑘Ω, 4, 7𝑘Ω e 10𝑘Ω, com incertezas de 5%, enquanto para os Circuitos do
Tipo 2 (Fig. 2), foram utilizados 2 capacitores ,em paralelo, de (1000µ𝐹/16𝑉) tendo como capacitância
equivalente 2000µ𝐹, variando a resistência entre 1𝑘Ω e 4, 7𝑘Ω, e como fonte de alimentação para ambos os tipos,
uma bateria de 9V. Por não possuir um multímetro, uma forma de medir indiretamente a constante de tempo de
descarga de um circuito RC é utilizando a intensidade sonora de um buzzer piezoelétrico, que para esse
experimento foi usado o Sonalarme SB-3/30V-1-C de resistencia interna de 1100Ω e para ligar os componentes
utilizou-se cabos Jumpers, conectados a uma protoboard de 170 pontos. Montado o circuito elétrico, conectou-se a
bateria e deu-se início o carregamento do capacitor, em seguida, desconectou-se a bateria do circuito para
descarregar o capacitor através da resistência e do buzzer, onde a perda de sua carga em função do tempo ocorre de
maneira exponencial segundo a expressão:
𝑉(𝑡) = 𝑉0𝑒𝑥𝑝[− 𝑡/(𝑅𝐶)] (1)
Assim, utilizando um aparelho smartphone e selecionando a função “Amplitude do Áudio” do software
Phyphox foi possível coletar e examinar o comportamento da intensidade do som emitido pelo Sonalarme, sendo
que tal intensidade é linearmente proporcional à voltagem nos seus terminais e é dada por:
𝑉
β𝑑𝐵(𝑡) = 𝑚𝑡 + 20𝑙𝑜𝑔( 𝑉𝑂 ), onde (2)
𝑓

O coeficiente angular 𝑚 é inversamente proporcional a constante do tempo do circuito RC:


𝑙𝑜𝑔(𝑒)
𝑚= − 20 τ
(3)
Além disso, vale lembrar, que anteriormente a realização do experimento foram feitas simulações no
TinkerCAD para entender e observar o comportamento do circuito, e também, algumas suposições acerca do
experimento, tais como, toda energia fornecida é convertida em som , ou seja, desconsiderou-se perdas no sistema,
o som transmitido é simétrico para todas as direções e a distância do smartphone ao buzzer é constante durante todo
o experimento (uma distância de 10 cm). Outrossim, temos que a variável dependente no experimento é a
intensidade sonora, dado que ela muda de acordo com a mudança das variáveis independentes, que são a resistência
e a capacitância, as quais são possíveis manipular durante a montagem do experimento.
Analisando qualitativamente o comportamento da intensidade sonora em função do tempo, temos que
quando t = 0 a bateria é desconectada do circuito, e nesse instante, o capacitor começa a perder suas cargas e
descarregar através da resistência e do buzzer. Nesse sentido, observou-se que quando a capacitância do capacitor é
reduzida a quantidade de energia elétrica e também a quantidade cargas elétricas armazenadas são menores,
fazendo com que comece a perder intensidade sonora mais rápida em função do tempo. Caso contrário, onde a
capacitância é aumentada, temos um cenário oposto, onde a o tempo de duração produzido pelo buzzer aumenta,
passando a tocar por mais tempo. No caso da resistência em série, quando ela é aumentada, devido ao efeito de
divisor de tensão, menor é a queda da tensão inicial, fazendo com que o buzzer toque por mais tempo, porém com
uma intensidade sonora menor, já quando essa resistência é diminuída, a corrente que circula no circuito é maior,
fazendo com que a intensidade sonora emitida seja maior, mas o tempo de duração do som seja menor.
Ademais, temos que ,quando se aumenta a resistência ou a capacitância do circuito RC, através da equação
da constante de tempo τ = 𝑅 * 𝐶 é possível concluir quantitativamente que essa constante será maior, e como
consequência maior será o tempo para carregar o capacitor. Por outro lado, se olharmos de modo qualitativo, temos
que quando a resistência é aumentada menor é a corrente no circuito, logo o processo de carregar as placas do
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capacitor é mais lento, já quando a capacitância é aumentada o número de cargas elétricas possíveis de armazenar
também aumenta, bem como o tempo de carregar o capacitor.
Considerando o padrão observado nos gráficos (Fig. 3, 4, 5, 6 e 7) é possível notar que a intensidade sonora
decresce com o tempo, já que todas as 5 curvas mostram que com o passar do tempo (eixo x) a intensidade sonora
(eixo y) diminui, sendo que tal comportamento já era esperado teoricamente, pois como a fonte de alimentação foi
desconectada e o capacitor iniciou seu processo de descarga , as cargas elétricas armazenadas nele são
descarregadas na resistência e no buzzer, fazendo com que no ínicio o buzzer tenha uma intensidade sonora y e
quando o capacitor é totalmente descarregado essa intensidade é nula. Além disso, pode-se perceber que nessa
variação na intensidade sonora há oscilações de tensão, portanto não é monotônica.
Importando os dados coletados pelo Phyphox para o Google Planilhas e para o SciDAVis foi possível
linearizar as curvas obtidas e fazer um ajuste aos dados a fim de obter as constantes e suas respectivas incertezas.
Para os Circuitos do Tipo 1, utilizando as resistências de 1𝑘Ω, 4, 7𝑘Ω e 10𝑘Ω encontrou-se, respectivamente, os
seguintes coeficientes angulares 𝑚 [𝑑𝐵/𝑠] (− 4, 09 ± 0, 07) , (− 1, 53 ± 0, 02) e (− 0, 86 ± 0, 01) e para os
Circuitos do Tipo 2, utilizando as resistência de 1𝑘Ω, 4, 7𝑘Ω, obteve-se, respectivamente, (− 2, 12 ± 0, 02) e
(− 0, 762 ± 0, 005). Dessa forma, substituindo os valores obtidos na equação (3) calculou-se as 5 constantes de
tempo, que foram, considerando o Tipo 1 e Tipo 2 respectivamente e as resistências em ordem crescente,
(2, 12 ± 0, 05 )𝑠 , (5, 7 ± 0, 2 )𝑠, (10, 1 ± 0, 5 )𝑠, (4, 1 ± 0, 1)𝑠 , (11, 4 ± 0, 5 )𝑠
Utilizando a equação τ = 𝑅 * 𝑐, foi possível calcular e prever as constantes de tempo para cada
montagem dos circuitos e assim comparar com os valores obtidos experimentalmente (tabela 1). Portanto, pela
análise, levando em conta a incertezas observou que todos os valores obtidos são compatíveis entre si, haja vista
que, para todos os 5 valores obtidos empiricamente há intersecção com os valores teóricos calculados. Em valores
temos que, (2, 10 ± 0, 05) ∩ (2, 12 ± 0, 05) ≠ Ø , (5, 8 ± 0, 2) ∩ (5, 7 ± 0, 2) ≠ Ø , (11, 1 ± 0, 5) ∩
(10, 1 ± 0, 5) ≠ Ø, (4, 2 ± 0, 1) ∩ (4, 1 ± 0, 1) ≠ Ø e (11, 6 ± 0, 5) ∩ (11, 4 ± 0, 5) ≠ Ø. Dessa forma,
pode-se afirmar que é possível obter experimentalmente a constante de tempo de um circuito RC utilizando a
intensidade sonora produzida por um buzzer, no entanto existem dificuldades que podem afetar a realização do
experimento, tal como, barulhos e ruídos externos, e também a utilização de resistências mais altas, pois, como já
dito, quando a resistência aumenta, a corrente que circula diminui, o que ,por consequência, também diminui a
intensidade sonora, fazendo com que o buzzer emite um som mais fraco, e assim mais suscetível a erros e
distorções na coleta pelo Phyphox, logo, os valores experimentais são menos preciso se comparados ao teórico.
Importante ressaltar ainda que tanto para o cálculo dos valores nominais quanto para os experimentais levou em
conta a resistência interna do buzzer (tabela 2).
Por fim, pudemos concluir que os objetivos do experimento foram alcançados, uma vez que com a
realização do projeto fez se possível estudar e analisar a descarga elétrica de um capacitor carregado em um circuito
RC, e entender o conceito de constante de tempo, e encontrar o seu valor e que o modelo (equação 2) foi capaz de
descrever o comportamento da intensidade sonora em função do tempo, uma vez que para valores mais altos de
resistência, nota-se uma amplitude do som menor e que o som decai mais lentamente, fazendo com que o buzzer
toque por mais tempo, e também quando se aumenta a capacitância do circuito, é possível notar esse decaimento
mais lento da intensidade sonora. Além disso, constatou-se que a previsão da constante de tempo obtida pelos
valores de RC e o valor obtido experimentalmente para a constante de tempo pelos dados são condizentes, levando
em conta as suas incertezas, logo a fórmula τ = 𝑅 * 𝑐 é válida.
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Fig 1: Foto representativa da montagem do Circuito Fig 2:Foto representativa da montagem do Circuito
do Tipo 1 (1 capacitor e variando as resistências do Tipo 2 (2 capacitores e variando as resistências
de 1kΩ, 4,7 kΩ e 10kΩ) de 1kΩ e 4,7 kΩ)

Fig 3: Gráfico de Intensidade Sonora [dB] x Tempo [s] Fig 4: Gráfico de Intensidade Sonora [dB] x Tempo [s]
e sua linearização para o Circuito do Tipo 1 e sua linearização para o Circuito do Tipo 1
com o resistor de1kΩ com o resistor de 4,7kΩ

Fig. 5:Gráfico de Intensidade Sonora [dB] x Tempo [s] Fig. 6: Gráfico de Intensidade Sonora [dB] x Tempo [s]
e sua linearização para o Circuito do Tipo 1 e sua linearização para o Circuito do Tipo 2
com o resistor de 10kΩ com o resistor de1kΩ
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Fig 7: Gráfico de Intensidade Sonora [dB] x Tempo [s] e sua linearização para o Circuito do Tipo 2 com resistor de
4,7kΩ

Tabela 1: Valores nominais da resistência,da constante de tempo e do coeficiente angular , bem como os valores do
coeficiente angular e da constante de tempo da regressão linear, tanto para os Circuitos do tipo 1 quanto para os
Circuitos do Tipo 2, e suas incertezas.
Valores Nominais Valores Experimentais
Circuito RC 𝐿𝑜𝑔(𝑒) 𝐿𝑜𝑔(𝑒)
𝑅[𝑘Ω] τ = 𝑅 * 𝐶 [𝑠] 𝑚 =− 20 τ 𝑚 (regressão linear) τ =− 20 𝑚
[𝑠]

1 2, 10 ± 0, 05 − 4, 14 − 4, 09 ± 0, 07 2, 12 ± 0, 05
Circuito do
4, 7 5, 8 ± 0, 2 − 1, 5 − 1, 53 ± 0, 02 5, 7 ± 0, 2
Tipo 1
10 11, 1 ± 0, 5 − 0, 78 − 0, 86 ± 0, 01 10, 1 ± 0, 5
1 4, 2 ± 0, 1 − 2, 07 − 2, 12 ± 0, 02 4, 1 ± 0, 1
Circuito do
Tipo 2 4, 7 11, 6 ± 0, 5 − 0, 75 − 0, 762 ± 0, 005 11, 4 ± 0, 5

Tabela 2: Valores nominais da Resistência, da Capacitância e da Resistência Interna do Buzzer, tanto para os
Circuitos do Tipo 1 quanto para os Circuitos do Tipo 2, e suas incertezas.
Circuito RC
Resistência Incerteza da
Incerteza para Interna Buzzer Resistência
𝑅[𝑘Ω] 𝑅[Ω] R C [µ𝐹] Incerteza para C [Ω] Interna
1 1000 (1000 ± 5%)Ω 1000 (1000 ± 10%)µ𝐹 1100 30
Circuito do
4, 7 4700 (4700 ± 5%)Ω 1000 (1000 ± 10%)µ𝐹 1100 30
Tipo 1
10 10000 (10000 ± 5%)Ω 1000 (1000 ± 10%)µ𝐹 1100 30
1 1000 (1000 ± 5%)Ω 2000 (2000 ± 20%)µ𝐹 1100 30
Circuito do
Tipo 2 4, 7 4700 (4700 ± 5%)Ω 2000 (2000 ± 20%)µ𝐹 1100 30

Incerteza associada a Constante de Tempo


τ = 𝑅*𝐶
∂τ 2 2 ∂τ 2 2
𝑢τ = ( ∂𝑅 ) . 𝑢𝑅 + ( ∂𝐶 ) . 𝑢𝐶
2 2 2 2
𝑢τ = (𝐶) . 𝑢𝑅 + (𝑅) . 𝑢𝐶
2
Como 𝑢𝐶 é muito pequeno, a incerteza da constante do tempo pode ser considerada:
2 2
𝑢τ = (𝐶) . 𝑢𝑅
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Incerteza associada ao Tempo


0,01%|𝑙𝑒𝑖𝑡𝑢𝑟𝑎|+0,4%𝑓𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑐𝑎𝑙𝑎+0,4)2
Incerteza da Calibração : 𝑢𝐶 =
2 3
𝑀𝑒𝑛𝑜𝑟 𝐿
Incerteza da Leitura: 𝑢𝐿 =
2 3
2 2
Incerteza do Tempo: 𝑢𝑇 = 𝑢𝐶 + 𝑢𝐿

Incerteza associada a Resistência


𝑢𝑅 = 5% 𝑑𝑜 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑅

Incerteza associada a Capacitância


𝑢𝐶 = 10% 𝑑𝑜 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝐶

Incerteza associada a Resistência Interna do Buzzer


𝑈
𝑅 = 𝐼
2
σ𝑈 2
𝑈 .σ𝐼
2

𝑢𝑅.𝑖𝑛𝑡 = 2 + 4
𝐼 σ

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