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Física 3 Experimental - 2022/2 - Turma 02

Experimento 8 – Corrente Alternada

05/02/2023

Participantes: Grupo 2
- Gabriela Medeiros de Regueiro - 19/0057424
- João Victor Lima Bezerra - 20/2065153
- Marcos Xavier Vieira - 12/0128004
1. Introdução
Mecanismos para produção de corrente alternada foram inventados ainda no
século XIX, após a descoberta fundamental do fenômeno da indução eletromagnética por
Michael Faraday (1791-1867) em 1831. Nas décadas seguintes o processo de geração foi
aperfeiçoado e foram inventados aparelhos utilizados na distribuição e conversão desta
forma de transmissão de energia, que transformou o mundo.
A corrente possui este nome porque ambos os valores de tensão e corrente variam
no tempo, diferente do que acontece no tipo contínuo. Dentre as várias formas de onda
que podem representar a corrente alternada, a seguir utiliza-se uma forma senoidal,
descrita pela equação 1, para uma grandeza genérica G:
𝐺 (𝑡) = 𝐺0 𝑠𝑒𝑛 (𝜔𝑡 + 𝜙) (1)
Onde:
𝐺0 = constante de amplitude, em unidades de [G]
𝜔 = frequência em Hertz [Hz]
𝑡 = tempo em segundos [s]
𝜙 = ângulo de fase em radianos [rad] ou graus [°]

Além da forma matemática, a grandeza pode ser escrita de forma fasorial,


utilizando-se um artifício geométrico de projeção do valor no tempo, como na fig. 1:

Figura 1 - Valores de G projetados na vertical

A figura 1 exibe um fasor que de magnitude igual ao raio do círculo, que


corresponde ao valor máximo da amplitude da onda, de modo que a projeção deste pelo
ângulo 𝜙 fornece o valor instantâneo da grandeza G.
No estudo do eletromagnetismo, ambas as formas são empregadas nos cálculos e
representação das grandezas tensão e corrente. Têm-se a tensão do circuito na eq. (2):
𝜖 (𝑡) = 𝜖𝑚 𝑠𝑒𝑛 (𝜔𝑡) (2)
As correntes em cada componente, omitidas as demonstrações por brevidade e
faltarem ao escopo do presente estudo, estão escritas a seguir:
𝑖 𝑅 (𝑡) = 𝐼𝑅 𝑠𝑒𝑛 (𝜔𝑑 𝑡 ) (3)

𝑉𝐶
𝑖 𝐶 (𝑡) = 𝑠𝑒𝑛 (𝜔𝑑 𝑡 + 90° ) (4)
1
𝜔𝑑 𝐶
𝑉𝐿
𝑖 𝐿 (𝑡) = 𝑠𝑒𝑛 (𝜔𝑑 𝑡 − 90° ) (5)
𝜔𝑑 𝐿

As equações (3), (4) e (5) exibem, respectivamente as correntes no resistor,


capacitor e indutor. Os termos do denominador em (4) e (5) correspondem as reatâncias
relativas ao componente, podendo estas equações serem reescritas como:

𝑉𝐶
𝑖 𝐶 (𝑡) = 𝑠𝑒𝑛 (𝜔𝑑 𝑡 + 90° ) (6)
𝑋𝐶
𝑉𝐿
𝑖 𝐿 (𝑡) = 𝑠𝑒𝑛 (𝜔𝑑 𝑡 − 90° ) (7)
𝑋𝐿
Observa-se que, pela posição destes termos em (6) e (7), as reatâncias atuam como
resistências assim como na corrente para um resistor. Também é visto o comportamento
da corrente nos componentes em função da frequência 𝜔𝑑 , que atua de forma oposta no
capacitor e indutor, limitando a corrente neste e aumentando naquele.

2. Objetivos

Realizar medidas em um circuito alimentado por corrente alternada para


familiarização com grandezas fasoriais, comuns ao estudo da eletricidade.

3. Materiais

 1 Gerador de sinais
 1 Osciloscópio
 1 Capacitor de 0,47 μF
 1 Resistor de 100 Ω
 1 Indutor de 330 μH
 1 Protoboard
 Conectores jacaré e fios de ligação
4. Procedimentos
4.1 Circuito RC e RL

Como as duas partes do experimento diferem apenas pelo componente, sendo os


passos experimentais idênticos, estes serão descritos uma única vez a seguir e foram
aplicados em dois circuitos montados um após o outro.
Montado o circuito, este foi alimentado por uma tensão senoidal de 10 V com 10
kHz. A tensão na fonte foi medida para comparação com os valores do gerador de sinais.
Utilizando os dois canais do osciloscópio, mediu-se a queda de tensão no resistor
e no segundo componente, e com a do primeiro foi calculada a corrente na malha.
Com o auxílio do osciloscópio e para cada circuito foi determinada a diferença de
fase e comparação seguinte ao valor teórico.
Finalmente, foram calculadas as reatâncias capacitiva e indutiva em cada circuito.
Ambos os circuitos montados estão na figura 2 abaixo:

Figura 2 - Circuitos simples de RC e RL

4.2 Circuito RLC

O circuito foi montado contendo os três componentes, resistor de 100 Ω, capacitor


de 0,47 μF e indutor de 330 μH, e recebeu alimentação senoidal de 10 V em 10 kHz. Foi
então medida a resistência no indutor.
A tensão na fonte foi novamente medida para comparação com os valores
designados no gerador de sinais.
No canal 1 do osciloscópio foi medida a tensão no resistor e obtida a corrente na
malha. No canal 2 foi medida a tensão entre os terminais do capacitor e depois no indutor
e feitos estes passos, foram esboçadas as curvas para determinação da diferença fase.
A seguir foram ligados canais no indutor e capacitor, gerando uma imagem com
as ondas senoidais em cada componente. Por fim, foram calculadas as reatâncias
capacitiva e indutiva, a impedância do circuito e seu ângulo de fase.
O circuito montado, que é uma junção dos anteriores está mostrado na figura 3:

Figura 3 - Circuito RLC montado


5. Resultados e análises

5.1 Circuito RC

A imagem gerada para o circuito resistor-capacitor encontra-se a seguir:

Figura 4 -Tensão e corrente no capacitor

O valor da tensão 𝑉𝑅 medida no resistor foi de 6,57 V. Calculando a corrente:

𝑉𝑅 6,57 V
𝑖𝑅 = =
𝑅 100 Ω

𝑖 𝑅 = 65,7 𝑚𝐴

A reatância capacitiva também foi calculada e está a seguir:

1 1
𝑋𝐶 = =
2𝜋𝜔𝐶 2𝜋10000𝑠 −1 0,47𝜇𝐹

𝑋𝐶 = 33,86 Ω

Com o período de 100 𝜇𝑠 e obtida a medida do atraso Δ𝑡 de 22,40 𝜇𝑠 entre os


picos das ondas e aquele, o ângulo de fase 𝜙 foi calculado pela eq. (8):

Δ𝑡 22,40 𝜇𝑠
𝜙= 360 = 360 (8)
𝑇 100 𝜇𝑠
𝜙 = 80,64°
Sendo o valor teórico esperado de 90°, o número obtido está coerente com a teoria,
diferindo em 11% por razões de ordem experimental.
Ainda analisando o gráfico do osciloscópio, observa-se que a corrente está
adiantada em relação a tensão, o que é coerente com o esperado para este componente.
5.2 Circuito RL

Abaixo encontra-se o gráfico do osciloscópio contendo as curvas

Figura 5 - Tensão e corrente no indutor

O valor da tensão 𝑉𝑅 medida no resistor ficou em 6,18V. Calculando a corrente:

𝑉𝑅 6,18 V
𝑖𝑅 = =
𝑅 100 Ω

𝑖 𝑅 = 61,8 𝑚𝐴

A reatância indutiva também foi calculada e está a seguir:

𝑋𝐿 = 2𝜋𝜔𝐿 = 2𝜋10000𝑠 −1 330𝜇𝐻

𝑋𝐶 = 20,73 Ω

Com o período de 100 𝜇𝑠 e obtida a medida do atraso Δ𝑡 em 23,30 𝜇𝑠 entre os


picos das ondas e aquele, o ângulo de fase 𝜙 foi calculado pela eq. (8):

Δ𝑡 23,30 𝜇𝑠
𝜙= 360 = 360 (8)
𝑇 100 𝜇𝑠
𝜙 = 83,88°
Como no capacitor, o valor teórico esperado era de 90°, o número obtido próximo
da teoria, diferindo apenas em 7%.
Pelo gráfico do osciloscópio e a posição dos picos, observa-se que a corrente está
atrasada em relação a tensão, o que é coerente com o comportamento do indutor.
5.3 Circuito RLC

Na terceira parte do experimento foram obtidas as curvas do circuito RLC:

Figura 6 - Tensão no capacitor (amarelo) e indutor (azul)

O valor da tensão 𝑉𝑅 medida no resistor ficou em 6,20V. Calculando a corrente:

𝑉𝑅 6,20 V
𝑖𝑅 = =
𝑅 100 Ω

𝑖 𝑅 = 62,0 𝑚𝐴

Os valores de tensão no indutor e capacitor foram de:

𝑉𝐿 = 1,44 𝑉 𝑉𝐶 = 2,12 𝑉

Desta maneira, calcula-se o ângulo de fase do circuito RLC, pela relação


geométrica entre as tensões mostrada da eq. (9):

𝑉𝐿 − 𝑉𝐶 1,44 − 2,12
𝜙 = atan ( ) = atan ( ) (9)
𝑉𝑅 6,20 𝑉
𝜙 = 6,25°
Observando o valor encontrado para 𝜙, vemos que este se encontra muito próximo
daquele teórico, como pode ser visto também no gráfico das curvas do osciloscópio, com
o detalhe de que uma não foi invertida em relação a outra.
A impedância do circuito foi calculada pelos valores obtidos:

𝑍 = √𝑅 2 + (𝑋𝐿 − 𝑋𝐶 )2 = √1002 + (20,73 − 33,86)2


𝑍 = 100,85 Ω
O valor de impedância encontrado, está coerente com o valor do ângulo de fase,
pois se aproxima e muito do valor da resistência no componente resistor.
6. Conclusão
O experimento permitiu verificar o comportamento dos componentes sob
alimentação de uma corrente alternada. Os ângulos de fase medidos mostraram- se
bastante próximos daqueles teóricos, mesmo com a limitação das placas Protoboard e
outros componentes de ligação do circuito.
Foi demonstrada a utilização de fasores para cálculo das componentes e de como
estas se relacionam, com a coerência obtida ao final.
O valor de impedândia obtido para o circuito também mostrou-se bastante
próximo do utilizado na montagem do circuito.

7. Bibliografia
[1] Roteiro do Experimento 8 - “Corrente Alternada ”.
[2] Halliday, Resnick. Fundamentos de Física 3, LTC, 10ª Ed., 2016
[3] J. D. Irwin and R. M. Nelms. Análise Básica De Circuitos Para Engenharia.
Editora LTC, 10ª edição 2013.

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