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MEDIDAS DE RESISTÊNCIAS ELÉTRICAS UTILIZANDO CIRCUITOS EM

PONTE DE WHEATSTONE

Laboratório 3 – Grupo 4

Lorena Cezar - RA 161320813

Natália Santos Fernandes - RA 161323065

Julianne Bellíssimo - RA 161323375

Thiago Fernandes Fachin - RA 161323774

Turma 222

Maurício Antônio Algatti

Laboratório de Física Experimental II

Guaratinguetá – SP

10/04/2017
Resumo

O objetivo do experimento é entender o comportamento da resistência


elétrica em função do comprimento e da área da seção transversal de um
condutor níquel-cromo. A análise desse comportamento faz-se através de um
circuito em Ponte de Wheatstone, onde se força o equilíbrio do circuito (ou
seja, a corrente que passa pela ponte é igual à zero), ajustando a década de
resistores para que tal fato ocorra. Foram usadas cinco réguas, cujos
condutores apresentam bitolas (diâmetros) diferentes entre si e, a partir daí,
foram coletados dados para construir dois gráficos: de resistência por
comprimento; e de resistência por área da seção transversal. A partir das
curvas, determinou-se os coeficientes angulares desses dois gráficos,
podendo-se, então, corroborar, ou não, as expectativas teóricas.
Também foi possível determinar o coeficiente linear de temperatura da
resistividade elétrica do cobre.
Além disso, o circuito em ponte foi utilizado no estudo do desvio do
comportamento ôhmico de um filamento de tungstênio de uma lâmpada
incandescente.
Introdução

A resistência elétrica é uma propriedade que os materiais em geral têm


de dificultar o movimento dos elétrons. Sendo assim, a corrente elétrica tem
sua intensidade reduzida naqueles materiais cuja resistividade é maior. [1]
A resistência de qualquer material é devida fundamentalmente a quatro
fatores: o próprio material, o comprimento, a área do corte transversal e a
temperatura do material
A estrutura atômica determina quão facilmente um elétron livre passará
por um material. Quanto maior o caminho que o elétron livre tem de percorrer,
maior o fator de resistência. Elétrons livres passam mais facilmente através de
condutores com áreas de corte transversal maiores. Além disso, quanto mais
alta a temperatura dos materiais condutivos, maior a vibração interna e o
movimento dos componentes que formam a estrutura atômica do fio, e mais
difícil os elétrons livres encontrarem o caminho pelo material.
Os três primeiros elementos estão relacionados pela seguinte equação
básica para resistência:
ρ
R= L
A
Onde:
ρ a resistividade que identifica cada material;
L o comprimento;
A a área da seção transversal. [2]

Quando há necessidade de descobrir com boa precisão uma resistência


elétrica desconhecida, a ponte de Wheatstone é um bom dispositivo para tal
finalidade. Ela consiste em dois ramos de circuito contendo dois resistores
cada um e interligados por um galvanômetro. Todo conjunto deve ser ligado a
uma fonte de tensão elétrica.

Figura 1: Esquema do circuito em Ponte de Wheatstone (fonte: infoescola)

Fixando-se uma resistência para o reostato e variando a resistência de


uma década de resistores posicionada em R1, a fim de obter um ponto em que
não há passagem de corrente elétrica no galvanômetro G. Quando esta
configuração se estabelece, a ponte encontra-se em equilíbrio: ICD = 0 A
Dos resistores R2, R3 e R4, um deles é o desconhecido, cujo valor
deseja-se determinar e os outros dois são resistores conhecidos.
Quando a ponte encontra-se equilibrada, tem-se:

Figura 2: Situação de equilíbrio na Ponte de Wheatstone (fonte: infoescola)

Como UCD = 0, configura-se a seguinte situação:

{Uac=Uad
Ucb=Udb
→ {RR 1.i2.i 1=R 3. i2
1=R 4. i2

No segundo colchete, dividindo uma equação pela outra, tem-se:


R1. R4 = R2. R3
Adotando-se que a resistência desejada é R2, o valor é obtido através da
seguinte equação: [3]
R4
R 2= R1
R3

Arranjo Experimental

Medidas da resistência elétrica de fios de níquel-cromo de diferentes


comprimentos e bitolas
Inicialmente, montou-se um circuito em Ponte de Wheatstone, conforme
esquematizado na figura 3.

Figura 3: Situação Esquema do circuito em Ponte de Wheatstone (fonte: roteiro)

Ligou-se o gerador, a década de resistores, a régua de fio de níquel-


cromo e o micro-amperímetro na ponte de Wheatstone, que possui quatro
resistores, conforme a figura 4.
Figura 4: Foto do circuito em Ponte de Wheatstone utilizado para medidas da resistência de
um fio de níquel-cromo em função do comprimento. Utilizou-se RA=150 W, RB=15 kW.

Ajustou-se o borne deslizante da régua de bitola de 0,50mm em 10 cm.


Ligou-se a fonte de tensão e aumentou-se o valor da tensão de alimentação do
circuito em ponte lentamente, começando do zero. Ajustou-se o valor da
resistência da década de resistores, tomando o cuidado de que a corrente no
micro-amperímetro não ultrapasse o fundo de escala, o que evita danos
irreversíveis ao galvanômetro. Anotou-se o valor da resistência da década de
resistores quando a corrente no galvanômetro se anulava, ou seja, quando o
circuito em ponte estava em sua condição de equilíbrio. Moveu-se o borne
deslizante de 10 em 10 cm, efetuado o ajuste na década de resistores para
obter a condição de equilíbrio e anotando os valores de resistências. Repetiu-
se o procedimento com outras quatro réguas de fio de níquel-cromo, com
bitolas de 0,45mm, 0,72mm, 0,90mm e 0,35mm.

Determinação do coeficiente linear de temperatura da resistividade


elétrica de um fio de cobre
Montou-se um circuito em ponte de Wheatstone conforme o
esquematizado na figura 3, cuja montagem experimental se encontra
apresentada na figura 5 abaixo. Ajustou-se a voltagem na fonte no máximo em
5 volts.

Figura 5: Foto do circuito em Ponte de Wheatstone utilizado para medidas da resistência de


um fio de cobre para diferentes valores de temperatura. Utilizou-se RA=150 W, RB=15 kW.

Colocou-se o fio de cobre no interior de um béquer contendo água a


temperatura ambiente, juntamente com um termômetro de mercúrio.
Aumentou-se o valor da tensão lentamente a partir do zero e ajustou-se o valor
da resistência RD da década de resistores de tal forma que o valor da corrente
no micro-amperímetro não ultrapasse o fundo de escala.
Efetuou-se a medida da temperatura ambiente T0 da água. Anotou-se o
valor ajustado na década para a condição de equilíbrio do circuito em ponte; ou
seja, o valor de RD que zera a corrente no micro-amperímetro.
Substituiu-se a água a temperatura ambiente por água quente. Mediu-se
a temperatura do banho térmico. De posse dos valores da temperatura
ambiente e da temperatura do banho térmico, determinou-se a faixa de
variação da temperatura na qual foram efetuadas as medidas da resistência do
fio de cobre.
Interpolou-se dez valores de temperatura na faixa determinada de tal
forma que os mesmos se encontrem igualmente espaçados. Ajustou-se o valor
da década de resistores afim de se obter a condição de equilíbrio no circuito
em ponte para cada um dos valores escolhidos de temperatura do banho
térmico contendo o resistor de cobre. Anotou-se os valores de temperatura e os
valores ajustados na década de resistores.

Estudo do desvio do comportamento ôhmico de um filamento de


tungstênio

Figura 6: Esquema do circuito em Ponte de Wheatstone utilizado para as medidas da


resistência de um filamento de Tungstênio (lâmpada incandescente). Utilizou-se RA= 7,5W e
RB = 150W (fonte: roteiro)

Montou-se um circuito em ponte de Wheatstone conforme o


esquematizado na figura 6, cuja montagem experimental se encontra
apresentada na figura 7 abaixo.
Figura 7: Foto do circuito em Ponte de Wheatstone utilizado para as medidas da resistência de
um filamento de Tungstênio (lâmpada incandescente)

Ligou-se a fonte de tensão e aumentou-se lentamente a tensão até o


valor de 3 volts, ajustando a resistência da década a fim de equilibrar o circuito
em ponte, i.e., zerar a corrente no galvanômetro. Mediu-se os valores de RC, da
corrente no filamento da lâmpada e da diferença de potencial aplicada ao
mesmo.
Variou-se a tensão da fonte de 3 em 3 volts até atingir o valor de 24
volts. Para cada valor ajustado de tensão da fonte, mediu-se a corrente no
filamento da lâmpada e determinou-se a diferença de tensão aplicada ao
mesmo a partir da leitura do voltímetro.

Resultados e Discussões
Medidas da resistência elétrica de fios de níquel-cromo de diferentes
comprimentos e bitolas
Estando a Ponte em equilíbrio e sendo R A e RB resistores conhecidos
RA
inseridos no circuito, calculou-se R X = R . Sabendo que R A =150 Ω e
RB D
1
R B=15 k Ω, temos que R X = R . Os valores experimentais obtidos para R X
100 D
estão apresentados nas tabelas de 1 a 5 a seguir.

L (cm) RD (Ω) RX (Ω)


10 70 0,7
20 120 1,2
30 180 1,8
40 230 2,3
50 320 3,2
60 350 3,5
70 410 4,1
80 450 4,5
90 500 5,0
Tabela 1: Régua nº6 (bitola de Ø = 0,50mm)
L (cm) RD (Ω) RX (Ω)
10 130 1,30
20 240 2,40
Tabela 2: Régua nº7 (bitola de Ø = 0,35mm)

L (cm) RD (Ω) RX (Ω)


10 90 0,90
20 161 1,61
Tabela 3: Régua nº2 (bitola de Ø = 0,45mm)

L (cm) RD (Ω) RX (Ω)


10 70 0,70
20 100 1,00
Tabela 4: Régua nº3 (bitola de Ø = 0,72mm)

L (cm) RD (Ω) RX (Ω)


10 51 0,51
20 60 0,60
Tabela 5: Régua nº8 (bitola de Ø = 0,90mm)

A partir desses resultados, construímos o Gráfico 1, anexado. Trata-se


de um gráfico R(L)xL, em papel milimetrado.
A partir do gráfico, obteve-se o coeficiente angular da reta:
m = tg  = (3,5 – 1,8) / (60 – 30) = 0,06

( )
2
Ø
Utilizando a fórmula A=π , obtive-se o valor da resistividade elétrica
2
ρ
( ρ ) da liga de níquel-cromo, uma vez que α = .
A
=/A
0,06 =  / 0,2
 = 0,012 Ωcm

Para a construção do Gráfico 2, da função de R(l 0, A) x A, construiu-se a


tabela 6.
Ø(mm) Rx (10cm) Rx (20cm) Ø
A = π ( )²
2
0,50 0,7 1,2 0,20
0,90 0,51 0,60 0,64
0,35 1,3 2,4 0,10
0,45 0,9 1,61 0,16
0,72 0,7 1,0 0,40
Tabela 6: Tabela para construção do Gráfico 2
Com base nos dados da tabela anterior, confeccionamos o Gráfico 2,
anexado. Refere-se a uma curva R(A)xA, em papel milimetrado, que indica a
dependência da resistência do fio em relação à sua área de secção transversal.
ρ
A partir da fórmula R= L, podemos prever que a resistência de um fio
A
deve ser diretamente proporcional ao seu comprimento e inversamente
proporcionar à sua área de secção transversal. Experimentalmente comprovou-
se essa teoria, uma vez que os gráficos construídos com base nos dados
colhidos em laboratório retratam exatamente este comportamento.

Determinação do coeficiente linear de temperatura da resistividade


elétrica de um fio de cobre
Estando a Ponte em equilíbrio e sendo R A e RB resistores conhecidos
RA
inseridos no circuito, calculou-se RC = R . Sabendo que R A =150 Ω e
RB D
1
R B=15 k Ω, temos que RC = R . Os valores de temperatura e RD estão
100 D
apresentados na tabela 7.
T (ºC) RD (Ω) RC (Ω)
25 200 2,00
30 210 2,10
35 210 2,10
40 215 2,15
45 220 2,20
50 225 2,25
55 230 2,30
60 230 2,30
65 235 2,35
72 240 2,40
Tabela 7: temperatura e resistência

A partir do gráfico, obteve-se o coeficiente angular:


R/Rm – 1 =  T – T0
(2,4 / 2,0) – 1 =  (72-25)
 = 0,0043
Estudo do desvio do comportamento ôhmico de um filamento de
tungstênio
Tensão (V) i (mA) RD (Ω)
3 76,0 67
6 110,2 932
9 130,3 1221
12 145,2 1504
15 159,0 1719
18 163,0 1916
21 186,3 2047
24 190,0 2234
27 200,0 2387
Tabela 8: Valores de tensão, corrente e resistência da lâmpada incandescente para os
diferentes valores de tensão ajustado na fonte
Questionário
1. Quais são as características do comportamento da tensão
aplicada ao filamento da lâmpada com a corrente que circula pelo
mesmo?
A função apresenta um comportamento exponencial, já que a variação da
corrente é menor do que a variação da voltagem.

2. Qual é a característica do comportamento da resistência do


filamento com a diferença de potencial aplicada ao mesmo?
A função apresenta comportamento exponencial, já que a variação da
resistência é menor que a variação da tensão.

3. Qual é a característica do comportamento da resistência do


filamento com a corrente que circula pelo mesmo?
Como sabemos que R cresce conforme U cresce, pode-se predizer o
comportamento da função, mesmo sem ter os valores adotados. Há uma
proporcionalidade e o gráfico de R x i apresentará mesmo comportamento do
verificado no gráfico de T x i.

4. Apresente as conclusões obtidas a partir da análise dos


resultados a respeito do comportamento da resistência da lâmpada
incandescente. A mesma se comporta como um resistor ôhmico? Qual foi
o intervalo de variação de tensão na curva VL × iL para o qual o filamento
apresenta comportamento próximo ao ôhmico?
A lâmpada apresenta um comportamento exponencial e não linear, portanto
não se comporta como um resistor ôhmico.
O intervalo que mais se aproxima de um comportamento ôhmico é entre 12
à 24 V.
Conclusões
Analisando os resultados obtidos no primeiro experimento, pode-se
concluir que a resistência elétrica realmente depende da área e do
comprimento do fio, sendo que são fatores inversamente proporcionais. Assim,
com o aumento da área ou do comprimento do fio, vai causar uma diminuição
da resistência elétrica.
No segundo experimento, relaciona-se a temperatura de um material
com a resistência elétrica do mesmo. O estudo da tabela montada leva a um
parecer de que os parâmetros são diretamente proporcionais, ou seja, se
aumentar a temperatura, aumenta a resistência.
Por último, em relação ao terceiro experimento, foi possível observar a
relação entre tensão, corrente e resistência, sendo que a tensão é igual
ao valor da resistência multiplicado pelo valor da corrente. Depois de analisar
as tabelas e gráficos obtidos, pode-se concluir que quanto mais fino o condutor,
maior a resistência. Além disso, quanto maior a corrente que circula por um fio,
maior a queda de tensão nele. Qualquer cabo elétrico possui uma certa
resistência por metro. Mesmo sendo muito pequena, essa resistência provoca
uma queda de tensão. Quanto mais longo for o cabo elétrico, maior será
queda de tensão nele. Pode-se minimizar tal queda de tensão utilizando fios
mais grossos ou mais fios.
Referências Bibliográficas
[1] Robert L. Boylestad. Introdução à Análise de Circuitos.Pearson-Prentice
Hall, Pearson Education do Brasil, 12ª Edição, São Paulo, Brasil, (2012).

[2] INFOESCOLA. Resistores. Disponível em:


<http://www.infoescola.com/fisica/resistores/>. Acesso em: 22 de abril de 2017.

[3] INFOESCOLA. Ponte de Wheatstone. Disponível em:


<http://www.infoescola.com/eletricidade/ponte-de-wheatstone/>. Acesso em: 22
de abril de 2017.

[4] ALGATTI, Maurício A.. Medidas de Resistências Elétricas utilizando


Circuitos em Ponte de Wheatstone. Guaratinguetá, 2017. Roteiro reelaborado
pelo professor Mauricio Antonio Algatti em 29/03/2007 e revisado pelo mesmo
em 16/03/2017 para disciplina Física Experimental II, programa de Graduação
em Engenharia, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho".

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