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ANALÓGICA E DIGITAL
Tipos de corrente elétrica: existem dois tipos de correntes elétricas: corrente contínua (c.c.) e
corrente alternada (c.a.). Na corrente contínua, o fluxo de elétrons percorre sempre no mesmo sentido. Já
na corrente alternada, o fluxo de elétrons alternam o sentido de movimento.
1.1. FONTES DE TENSÃO
Um dispositivo eletrônico só funciona se houver uma fonte de energia conectada a ele por um
circuito. Essa fonte pode ser de tensão ou de corrente.
Fonte de Tensão Ideal: é uma fonte de tensão perfeita que tem resistência interna zero. A figura 1.1
mostra uma carga RL alimentada por uma tensão de 12V. Como a fonte de tensão é ideal, a carga será
alimentada com a tensão total da fonte, o que pode variar é a corrente de acordo com o valor da
resistência da carga.
Fonte de Tensão Real: na fonte ideal, caso a resistência da carga fosse próxima de zero, a corrente
elétrica produzida pela fonte seria próxima do infinito. Isso não é possível de acontecer com uma fonte de
tensão real pois possui uma certa resistência interna, uma vez que a corrente da carga também circula na
resistência interna da fonte. Com isso, existe uma queda de tensão na resistência interna da fonte fazendo
com que a tensão na carga seja menor do que a tensão da fonte. A tensão da resistência interna da fonte
torna-se desprezível quando a resistência da carga é muito maior que a resistência interna da fonte. A
figura 1.2 representa uma fonte de tensão real com a resistência interna da fonte Rs.
A fonte de corrente possui uma resistência interna alta e sua corrente de saída independe da
resistência da carga. Pode-se criar uma fonte de corrente através da combinação de uma bateria com uma
resistência interna muito alta. Como mostrado na figura 1.3.
O teorema de Thevenin diz que a partir de um par de terminais, um circuito elétrico pode ser
substituído por uma fonte de tensão de Thevenin (V TH) com resistência de Thevenin (RTH). Para
exemplificar, tem-se o circuito da figura 1.4 onde deseja-se calcular a corrente na carga para valores
diferentes de RL.
O teorema de Thevenin simplifica o circuito com uma fonte de tensão em série com uma
resistência. Já o teorema de Norton simplifica o circuito com uma fonte de corrente em paralelo com uma
resistência. Esse circuito é mostrado na figura 1.6
Verificar defeitos é identificar o por que do circuito não executa o que era esperado dele. Dentre os
diversos problemas, os mais comuns são circuitos abertos e o curto-circuitos. Os dispositivos podem estar
aberto ou em curto de várias maneiras. No caso dos transistores, por exemplo, ele fica inutilizável quando
é excedido sua potência nominal máxima.
Os resistores abrem quando tem sua potência de dissipação máxima excedida, ou podem estar em
curto-circuito quando na montagem do circuito impresso, um pingo de solda conecta suas trilhas. A isso
dá-se o nome de ponte de solda. De outra forma, a solda pode ser malfeita não ocorrendo a conexão do
circuito. Isso recebe o nome de solda fria e será entendido como um dispositivo aberto.
Dispositivo aberto: a corrente através de um dispositivo aberto é zero; a tensão é indeterminada.
Dispositivo em curto-circuito: a tensão no dispositivo é zero; a corrente é indeterminada.
A figura 1.8 mostra um divisor de tensão feito por R 1 e R2 que alimenta os resistores R3 e R4 em
série. No divisor de tensão, a tensão de saída é calculada pela seguinte equação:
R2
V saída= .V
( R 1+ R 2) entrada
Já a tensão em VB é a tensão que passa pelo R4 que está em série com o R3 e ambos em paralelo com
R2. Logo, pode-se concluir que a tensão VB = 3V.
A tabela abaixo mostra os valores das tensões em VA e VB para os defeitos assinalados na coluna da
esquerda. Façam os cálculos para entender os valores dos defeitos.
Defeitos VA VB
Circuito OK 6V 3V
R1 em aberto 0 0
R2 em aberto 12 V 6V
R3 em aberto 6V 0
R4 em aberto 6V 6V
C aberto 12 V 6V
D aberto 6V 6V
R1 em curto 12 V 6V
R2 em curto 0 0
R3 em curto 6V 6V
R4 em curto 6V 0
2. SEMICONDUTORES
Para entender o funcionamento dos diodos, transistores e circuitos integrados, é necessário fazer um
estudo prévio sobre semicondutores. Estes são elementos que possuem propriedades intermediárias entre
os metais e o não metais, ou condutores e isolantes.
Condutores: são materiais que permitem o fluxo de elétrons.
Isolantes: são materiais que dificultam o fluxo de elétrons.
Os semicondutores são elementos de valência quatro, ou seja, possuem quatro elétrons na última
órbita. Os elementos mais comuns são Germânio (Ge) e o Silício (Si).
Átomos são formados por um núcleo que contém prótons e nêutrons e orbitados por elétrons de
acordo com o modelo atômico de Bohr. Os elétrons giram em órbitas bem definidas que são as camadas:
K, L, M ,N, O, P e Q.
O número de elétrons por camada é: K = 2; L = 8; M =18; N =32; O = 32; P = 18 e Q = 2.
O Germânio possui o número atômico 32, ou seja, ele tem 32 elétrons. Por camada tem-se: K= 2;
L = 8; M = 18; N = 4. O Silício possui o número atômico 14 sendo sua distribuição de elétrons por
camada: K = 2; L = 8; M = 4.
Pode-se observar que ambos os elementos possuem 4 elétrons na camada de valência (última
camada).
2.2. CRISTAIS DE Ge E Si
O número máximo de elétrons na última camada é de 8 elétrons. Quando a órbita de valência fica
com 8 elétrons, o átomo fica quimicamente estável. Os elementos de Ge e Si possuem 4 elétrons na
camada de valência e portanto precisam de mais 4 elétrons para se tornarem estáveis. Esses elementos se
tornam estáveis fazendo ligações covalentes. Quando as ligações covalentes são apenas entre os átomos
do próprio elemento (ou só Si, ou só Ge) é formado um padrão ordenado chamado de cristal. Esse cristal
é um isolante perfeito à temperatura de zero absoluto, 0K = 273°C, por formar ligações covalentes muito
estáveis. Quando a temperatura ambiente está acima do zero absoluto a energia térmica do ar faz os
átomos do cristal vibrarem, sendo que quanto mais alta a temperatura, maior a vibração dos átomos. Em
decorrência disso, os elétrons podem ser deslocados da camada de valência, pois ganham energia
suficiente para passar para outra órbita maior se tornando um elétron livre. Além disso, a saída do elétron
deixa um espaço vazio na órbita de valência que recebe o nome de lacuna. A lacuna comporta-se como
uma carga positiva, visto que ela pode atrair e segurar qualquer elétron nas proximidades.
Lacunas e elétrons livres são criados em iguais quantidades num cristal puro pela energia térmica,
ou seja, pelo aquecimento do cristal. Como os elétrons livres se movem aleatoriamente no cristal, num
determinado momento ele se aproxima de uma lacuna sendo atraído e capturado. A esse movimento dá-se
o nome de recombinação. Sendo que o tempo entre a geração e desaparecimento de um elétron livre
recebe o nome de tempo de vida.
Um semicondutor pode ser dopado por impurezas pentavalentes ou trivalentes, com o objetivo de
ter um excesso de elétrons livres ou um excesso de lacunas.
Semicondutor Tipo n: se forma quando um semicondutor intrínseco é dopado com impurezas
pentavalentes. Como essas impurezas possuem 5 elétrons na camada de valência, ao se conectarem com
os átomos do semicondutor, esse átomo (o Si por exemplo) fará 4 ligações covalentes com a impureza que
terá o 1 elétron extra na órbita maior, ou seja, um elétron livre. Nesse tipo de semicondutor, os elétrons
livres excedem em número as lacunas, por isso os elétrons livres são chamados de portadores
majoritários e as lacunas de portadores minoritários.
Semicondutor Tipo p: quando o semicondutor é dopado por impurezas trivalentes é chamado de
semicondutor tipo p. Nesse caso, as lacunas excedem em número os elétrons livres, por isso as lacunas
são chamadas de portadores majoritários e os elétrons livres de portadores minoritários.
Tanto um semicondutor tipo n quanto um tipo p tem a mesma utilidade de um resistor de carbono.
No entanto, quando um cristal semicondutor é dopado de modo que metade dele seja tipo p e a outra
metade tipo n tem-se um novo efeito no cristal devido a criação da junção pn. Essa junção originou vários
dispositivos, como diodos, transistores e circuitos integrados.
A junção é a borda onde as regiões do tipo p e do tipo n se encontram, sendo que o cristal pn recebe
o nome de diodo de junção. Diodo significa “dois eletrodos”.
A figura 2.1 mostra um cristal pn. No lado direito encontra-se o semicondutor tipo n, onde cada
círculo com sinal de mais representa um átomo pentavalente e o sinal de menos representa o elétron livre
que esse átomo forneceu para o semicondutor. O lado esquerdo é o semicondutor tipo p onde cada círculo
com sinal de menos representa um átomo trivalente e o sinal de mais é a lacuna da sua órbita de valência.
Camada de Depleção: é a região onde ocorre a junção pn provocada pela formação de íons
positivos e negativos. Essa região impede que todos os elétrons livres do material tipo n difundam-se com
todas as lacunas do material tipo p.
Barreira de Potencial: é a tensão que surge na camada de depleção por causa da concentração de
íons negativos do material do tipo p e positivos do material do tipo n. Na junção pn do Ge, a barreira de
potencial tem uma d.d.p. de 0,3V. Já na junção de Si, a barreira de potencial tem uma d.d.p. de 0,7V. Isso
quer dizer que para que haja fluxo elétrico nessa junção, deve-se fornecer uma tensão maior que 0,3V
para o material de Ge e maior que 0,7V para o material de Si.
A figura 2.2 ilustra a camada de depleção de uma junção pn.
Na polarização direta, o terminal negativo da fonte está conectado ao material tipo n e o terminal
positivo está conectado ao material tipo p.
O diodo polarizado diretamente apresenta: baixa resistência; permite a circulação de corrente de
valor elevado; e baixa tensão sobre o diodo. Na prática ele pode ser comparado a uma chave fechada
(resistência zero). A figura 2.3 representa um circuito com diodo em polarização direta.
Na polarização reversa, o terminal negativo da bateria está conectado do lado p e o termina positivo
no lado n. Nessas condições, o terminal negativo atrai as lacunas e o positivo atrai os elétrons livres
afastando-os da junção pn. Com isso, a camada de depleção fica mais larga.
O diodo polarizado inversamente possui as seguintes características: alta resistência elétrica; baixa
circulação de corrente; e alta tensão sobre o diodo (valor ≡ fonte). Na prática, pode-se comparar a uma
chave aberta.
2.9. RUPTURA
O processo de ruptura ocorre na polarização reversa do diodo. Os diodos possuem uma tensão
máxima nominal e com isso, existe um limite de tensão que se pode aplicar no modo reverso para que ele
mantenha suas propriedades. Caso a tensão reversa ultrapasse essa tensão máxima, chamada de tensão de
ruptura, o diodo perde suas propriedades.
Atingindo a tensão de ruptura, uma grande quantidade de portadores minoritários aparece na
camada de depleção e o diodo conduz intensamente. Esses portadores são produzidos pelo efeito
avalanche, que ocorre quando a tensão inversa é muito alta.
A tensão de ruptura do diodo depende do nível de dopagem do diodo. Com diodos retificadores
( mais comuns), geralmente é 50V.
3. REFERÊNCIAS
MALVINO, Albert Paul. Eletrônica. Vol. 1. 7ª ed. São Paulo: AMGH Editora Ltda, 2007
CAVALCANTI, Paulo João Mendes. Fundamentos da Eletrotécnica. 22ª ed. Rio de Janeiro: Freitas
Bastos, 2015