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POTÊNCIA
Introdução
Embora a geração de energia elétrica seja majoritariamente feita em corrente
alternada, são poucos os tipos de cargas que empregam a energia nessa
forma, pois boa parte dos equipamentos comerciais, residenciais e alguns
industriais utilizam corrente contínua. Consequentemente, é necessário que se
faça a conversão da energia alternada em contínua para alimentação dessas
cargas. Nesse momento, surge como solução o retificador eletrônico, cuja
função é exatamente converter a energia de um tipo em outro.
Portanto, neste capítulo, você vai estudar o comportamento dos
retificadores e suas particularidades, vendo qual empregar e por quê.
Além disso, você verá como caracterizar e analisar o circuito retificador
monofásico a diodo e analisar as topologias R, RL e RLE.
Todas as análises desenvolvidas neste capítulo consideram diodos ideais, isto é, não
apresentam queda de tensão em função da passagem de corrente. Em circuitos reais,
não é o que ocorre; entretanto, se a tensão for muito mais elevada que a queda típica
(maior que dez vezes), pode-se desprezar a queda de tensão do diodo.
4 Retificadores monofásicos a diodo
Circuitos retificadores
Os retificadores monofásicos a diodo são divididos em dois tipos: os de onda
completa e os de meia onda. A principal diferença entre eles é que os do pri-
meiro tipo convertem toda a onda senoidal em tensão CC, e os do segundo,
por outro lado, fazem isso com apenas metade da onda senoidal de tensão.
Como você verá mais adiante, os retificadores de onda completa apresentam
uma tensão de saída maior e uma tensão de ripple menor que seus pares de
meia onda. As duas seções seguintes analisam cada um dos retificadores em
maior profundidade e de forma separada, para que você possa perceber as
diferenças que existem entre eles.
Na Figura 4, todas as variáveis são funções do tempo. Porém, a fim de facilitar a leitura,
adotou-se vs, vd e v0 no lugar de vs(t), vd(t) e v0(t).
Retificadores monofásicos a diodo 5
Figura 4. Retificador monofásico de meia onda com carga resistiva e formas de onda de
tensão.
Fonte: Hart (2012, p. 66).
(1)
(2)
Para calcular a potência (3) sobre o resistor, será necessário que você calcule
os valores RMS da tensão (4) e da corrente (5) sobre o resistor.
(3)
(4)
(5)
Como você pode perceber, há uma expressão que denota o valor da tensão
RMS de um retificador monofásico de meia onda alimentado por uma fonte
senoidal para uma carga puramente resistiva.
6 Retificadores monofásicos a diodo
Contudo, poucas são as cargas reais que podem ser tratadas como pura-
mente resistivas e ainda mais raras são as eventuais aplicações que requerem
a retificação. Normalmente, você encontrará na indústria e em muitas outras
aplicações reais cargas com componentes indutivas e capacitivas; portanto, é
interessante que você saiba como analisá-las.
Primeiramente, analisar os retificadores com indutores lhe fornecerá uma
boa base sobre particularidades inerentes a esse tipo de circuito. A Figura 5
apresenta o retificador de meia onda alimentando uma carga RL e gráficos
com as tensões sobre a fonte vs, a carga RL v0, o resistor VR, o indutor vL e
sobre o diodo vd.
A análise deste circuito é feita usando as leis de Kirchhoff para uma ma-
lha fechada (6); porém, dado que há um indutor, deve-se analisar a resposta
completa do circuito (7), incluindo a resposta forçada e a natural, pois existe
o armazenamento de energia no indutor.
(6)
(7)
(8)
8 Retificadores monofásicos a diodo
(9)
(10)
Este circuito difere dos dois anteriores analisados, pois, nele, não há
interesse em reconhecer a carga propriamente sobre o resistor: no momento
da condução do diodo, o capacitor comporta-se como um curto-circuito,
fazendo com a corrente de condução seja muito elevada. Na prática, isso
implica que o dimensionamento desse circuito se dá em função desse parâ-
metro. A expressão que rege o comportamento da corrente de pico no diodo
é a equação (11).
(11)
(12)
Cabe destacar, ainda, que este último tipo de circuito é tipicamente em-
pregado como filtro a fim de diminuir as oscilações de tensão sobre uma
carga (HART, 2012).
Por fim, uma das aplicações mais comuns de retificadores é seu uso como
fonte de alimentação para outra fonte de corrente contínua com característica
resistivo-indutiva, a também chamada carga RLE ou Carga-Resistiva-Indutiva.
A Figura 7a apresenta o circuito que representa este tipo de topologia para
o retificador de meia onda, enquanto as Figuras 7b e 7c ilustram o circuito
equivalente da resposta forçada para a fonte CA e para a fonte CC, respecti-
vamente. Finalmente, a Figura 7d exibe o gráfico com as formas de onda da
tensão CC, CA e da corrente sobre a Carga-RL.
10 Retificadores monofásicos a diodo
(13)
Por outro lado, como o ângulo β indica o momento em que o diodo para de
conduzir, sua determinação é mais complexa, similar ao que ocorre no caso
da carga RL sem fonte CC dado pela equação (8).
Para que você entenda maiores detalhes sobre esse circuito, é importante
analisar seu comportamento no tempo. Para isso, deve-se verificar a resposta
da corrente no tempo, cuja composição é dada pelo somatório da resposta
forçada mais a natural, conforme apontado na equação (14).
(14)
(15)
(16)
(17)
(18)
(19)
(20)
(21)
Figura 8. Retificador monofásico de onda completa para uma carga puramente resistiva.
Fonte: Hart (2012, p. 112).
(22)
(23)
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Com base nas ondas de tensão e corrente, você pode perceber que há uma
distorção na forma de onda da corrente do ponto de vista da fonte que não
aparece diretamente na carga. Porém, devido à simetria da onda, a série de
Fourier tem seus coeficientes ímpares nulos, e a equação (24) apresenta o
valor da tensão.
(24)
(25)
(26)
Figura 10. Retificador monofásico de onda completa para uma carga puramente resistiva.
Fonte: Hart (2012, p. 123).
(27)
Figura 11. a) retificador monofásico de onda completa alimentando uma fonte como
carga RL; b) comportamento da corrente e da tensão sobre a fonte como carga RL ao
longo do tempo.
Fonte: Hart (2012, p. 121).
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Referência
HART, D. W. Eletrônica de potência análise e projetos de circuitos. Porto Alegre: AMGH, 2012.
Leituras recomendadas
CHAPMAN, S. J. Fundamentos de máquinas elétricas. 5. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.
KOMATSU, W.; MATAK AS JUNIOR, L.; K AISER, W. PEA-3487 eletrô-
nica de potência I: notas de aula. São Paulo: USP, 2017. Disponível em:
https://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view.php?id=1445103. Acesso em: 19 jul. 2019.
RASHID, M. Eletrônica de potência: dispositivos, circuitos e aplicações. São Paulo: Pe-
arson, 2014.
SEDRA, A. S.; SMITH, K. C. Microeletrônica. 5. ed. São Paulo: Pearson, 2007.