ELE064 Análise de Circuitos Elétricos I

02 - Leis de Kirchhoff e análise de circuitos com fontes dependentes

André Costa Batista

andre-costa@ufmg.br

Universidade Federal de Minas Gerais

Departamento de Engenharia Elétrica

Semestre 2023/1

A. Batista (DEE/UFMG) 02 - Leis de Kirchhoff e fontes dependentes 2023/1 1 / 32

Assuntos

1 Leis de Kirchhoff
Introdução
Lei das Correntes de Kirchhoff
Lei das Tensões de Kirchhoff
Considerações sobre a metodologia
Exemplo 2.6
Exemplo 2.7
Exemplo 2.8

2 Análise de circuitos com fontes dependentes

Exemplo introdutório
Exemplo 2.10
Problemas para Avaliação 2.9

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Leis de Kirchhoff
Introdução

O que significa resolver um circuito?

E o que ferramentas temos até agora?
Essas ferramentas que temos até agora são
suficientes para resolver que tipo de circuitos?

Figure: Foto por Jorge

Ramirez disponı́vel no
Unsplash.

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Leis de Kirchhoff
Introdução
Figure: Foto por Jorge
Ramirez disponı́vel no
Unsplash.
A. Batista (DEE/UFMG) 02 - Leis de Kirchhoff e fontes dependentes
Na nossa disciplina, resolver um circuito vai
significar determinar todas as correntes e
tensões dos elementos do circuito.
A ferramenta que temos para isso até agora é
apenas a lei de Ohm (v = Ri).
Um circuito com uma fonte de tensão ou de
corrente fonte de corrente ligado a um resistor
pode ser resolvido com a lei de Ohm. Mas, se
adicionarmos outros elementos, vamos precisar
de mais ferramentas.
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Leis de Kichhoff
Introdução

Seja o seguinte circuito onde a tensão vs e as resistências R1 , R2 e R3 são

valores conhecidos1 :

1
Os pontos a, b, c e d são chamados nós e servem
apenas para fins ilustrativos.
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Leis de Kichhoff
Introdução

Quantas valores desconhecidos (incógnitas) temos no circuito?

Baseado nisso, quantas equações precisamos?
Quantas equações podemos obter com a lei de Ohm?
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Leis de Kirchhoff
Introdução

Nós temos 7 incógnitas no circuito: v1 , v2 , v3 , i1 , i2 , i3 e is .

Num sistema linear, se temos 7 variáveis, nós precisamos de 7
equações linearmente independentes.
Pela lei de Ohm, nós podemos escrever:

v1 = R1 i1 (1)
v2 = R2 i2 (2)
v3 = R3 i3 (3)

Temos então 3 e precisamos de mais 4 equações. Por isso, precisamos

de outras ferramentas para completar o sistema de equações.

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Leis de Kirchhoff
Introdução

Em 1845, enquanto era ainda era

estudante de graduação, formulou suas
leis de circuitos elétricos a partir dos
exercı́cios de uma das suas aulas. Mais
tarde, ele publicou suas leis em 1848.
São duas leis de Kirchhoff:
A Lei das Correntes de Kirchhoff
(LCK), que relaciona as correntes do
circuito.
A Lei das Tensões de Kirchhoff (LTK),
que relaciona as tensões do circuito.

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Leis de Kirchhoff
Lei das Correntes de Kirchhoff (LCK)

Lei das Correntes de Kirchoff (LCK)

A soma algébrica de todas as correntes (que saem e que chegam) em
qualquer nó de um circuito é igual a zero.

Convenção:
Corrente saindo: atribuir sinal positivo;
Corrente entrando: atribuir sinal negativo;

is − i1 = 0 (4)
i1 − i2 = 0 (5)
i2 − i3 = 0 (6)
i3 − is = 0 (7)
Temos agora 7 equações?

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Leis de Kirchhoff
Lei das Correntes de Kirchhoff (LCK)

Qualquer uma das equações (4) a (7) pode ser escrita por uma
combinação linear das outras. Logo, elas não são linearmente
independentes.
Por exemplo, a eq. (7) pode ser obtida se somarmos (4), (5) e (6)
multiplicarmos por −1. Se somarmos as 4 equações, dá zero.
Solução: tomarmos apenas 3 das 4 equações (quaisquer). Suponha as
três primeiras.

v1 − R1 i1 = 0 v2 − R2 i2 = 0 v3 − R3 i3 = 0
is − i1 = 0 i1 − i2 = 0 i2 − i3 = 0

Em qualquer circuito com n nós, n − 1 equações independentes

podem ser derivadas da LCK.

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Leis de Kirchhoff
Lei das Tensões de Kirchhoff (LTK)

Lei das Tensões de Kirchoff (LTK)

A soma algébrica de todas as tensões ao longo de qualquer caminho
fechado (laço) em um circuito é igual a zero.

Convenção passiva:
Queda de tensão: atribuir sinal positivo;
Elevação de tensão: atribuir sinal negativo;

Sentido horário:

−vs + v3 + v2 + v1 = 0 (8)

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Leis de Kirchhoff
Sistema final

Com a eq. (8), nós fechamos o sistema de 7 incógnitas e 7 equações:

v1 − R1 i1 = 0 (9)
v2 − R2 i2 = 0 (10)
v3 − R3 i3 = 0 (11)
is − i1 = 0 (12)
i1 − i2 = 0 (13)
i2 − i3 = 0 (14)
v1 + v2 + v3 = vs (15)

É possı́vel expressar o conjunto de equações como uma equação

matricial Ax = b e resolver através dos métodos de solução p/
sistemas lineares.

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Leis de Kirchhoff
Considerações sobre a metodologia

E aı́, você acha que esse método é eficiente para um circuito como o
acima?
Como você resolveria o circuito?

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Leis de Kirchhoff
Considerações sobre a metodologia

Mais tarde na disciplina veremos que 1 equação é o suficiente para

um circuito de um laço.
Uma vez que a lei de Ohm relaciona tensão e corrente no resistor,
poderı́amos escrever tudo ou em função das tensões ou das correntes
nos resistores e obter 4 variáveis e 4 equações. Exemplo:
v1
is − i1 = 0 ⇒ is − =0 (16)
R1
v1 v2
i1 − i2 = 0 ⇒ − =0 (17)
R1 R2
v2 v3
i2 − i3 = 0 ⇒ − =0 (18)
R2 R3
vl − vc + v1 − vs = 0 (19)

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Leis de Kirchhoff
Exemplo 2.6

Exemplo 2.6: Use a LCK pra escrever as equações do circuito em cada

nó2 .

2
No centro não há conexão, apenas cruzamento dos
fios.
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Leis de Kirchhoff
Exemplo 2.6

Resolução:
Nó a: i1 − i2 + i4 − i5 = 0
Nó b: −i1 + i2 − ia + i3 − ib = 0
Nó c: −i3 + ib − ic − i4 = 0
Nó d: i5 + ia + ic = 0

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Leis de Kirchhoff
Exemplo 2.7

Exemplo 2.7: Some as tensões ao redor de cada caminho designado no

circuito.

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Leis de Kirchhoff
Exemplo 2.7

Resolução:
Nó a: −v1 + v2 + v4 − vb − v3 = 0
Nó b: v3 + v5 − va = 0
Nó c: vb − v4 − vc − v6 − v5 = 0
Nó d: −va − v1 + v2 − vc + v7 − vd = 0

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Leis de Kichhoff
Algoritmo para escrever as equações das leis de Kirchhoff

Quando for escrever as equações através das leis de Kirchhoff, você pode
seguir o seguinte roteiro:
1. Defina a corrente em cada fio escolhendo o sentido que quiser.
Faça isso em todos os fios onde o exercı́cio mesmo já não determinar o
sentido da corrente e onde não houver fonte de corrente.
2. Defina as tensões nos resistores de acordo com a queda de tensão, ou
seja, escreva o + e o − com base na corrente que passa pelo resistor
no sentido da queda de tensão.
Faça isso em todos os resistores onde o exercı́cio mesmo já não
determinou as tensões.
3. Aplique a LCK em todos nós exceto um (o que quiser) para que você
tenha um conjunto de equações linearmente independentes.
4. Aplique a LTK em cada laço.

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Leis de Kichhoff
Exemplo 2.8

Exemplo 2.8: Determine i0 e verifique se a potência total fornecida é

igual à absorvida.

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Leis de Kichhoff
Exemplo 2.8

Suponha a seguinte definição de corrente e tensões:

Nó b, LCK:
−i0 + i1 − 6 = 0 ⇒ i1 = 6 + i0
Laço esquerdo, LTK:

v0 + v1 − 120 = 0 (20)
10i0 + 50i1 = 120 (21)
10i0 + 300 + 50i0 = 120 (22)
60i0 = −180 (23)
i0 = −3 [A] (24)

i1 = 6 − 3 = 3 [A]

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Leis de Kichhoff
Exemplo 2.8

Comentários da solução:
Eq. (20): aplicação da LTK no sentido horário.
Eq. (21): aplicação da lei de Ohm nos dois resistores para escrever a
tensão em função das correntes.
Eq. (22): substituindo i6 pela expressão encontrada através da LCK.

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Leis de Kichhoff
Exemplo 2.8

Determinando as tensões e as potências:

v0 = 10 × i0 = 10 × (−3) =
−30 [V ]
v1 = 50 × i1 = 50 × 3 = 150 [V ]

pFT = −120 × i0 =
p0 = 10 × i02 = 10 × (−3)2 =
−120 × (−3) = 360 [W ]
90 [W ] (absorvendo)
(absorvendo)
p1 = 50 × i12 = 50 × (3)2 =
pFC = −v1 × 6 = −150 × 6 =
450 [W ] (absorvendo)
−900 [W ] (fornecendo)

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Análise de circuitos com fontes dependentes
Exemplo introdutório

A LTK e LCK também são válidas com fontes dependentes. Não há nada
além daquilo que aprendemos que seja necessário para resolver um circuito
com uma fonte dependente. Seja o seguinte circuito:

Resolva o circuito.

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Análise de circuitos com fontes dependentes
Exemplo introdutório

Se calcularmos i0 , poderemos calcular v0 pela lei de Ohm.

Se calcularmos i∆ , poderemos calcular a corrente fornecida pela fonte
independente de 5i∆ .
A corrente na fonte de 500 [V] é i∆ .

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Análise de circuitos com fontes dependentes
Exemplo introdutório

Resolução:
1. LTK e lei de Ohm sobre o laço da esquerda:
v5Ω + v0 − 500 = 0 ⇒ 5i∆ + 20i0 = 500.
2. LCK no nó b: −i∆ + i0 − 5i∆ = 0 ⇒ i0 = 6i∆ .
3. Substitui o resultado do passo anterior no resultado do primeiro
passo: 125i∆ = 500 ⇒ i∆ = 4 [A] e i0 = 6 × 4 = 24 [A].
4. Calculamos v0 = 20i0 = 480 [V].

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Análise de circuitos com fontes dependentes
Exemplo 2.10

Exemplo 2.10: Seja o seguinte circuito:

Quanto vale a corrente entre os dois nós do circuito?

Determine is , i0 e v0 .

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Análise de circuitos com fontes dependentes
Exemplo 2.10

Não existe corrente indo do circuito da esquerda para o da direita.

Quaisquer dois caminhos fechados de circuito só estão eletricamente
conectados se estiverem ligados em dois terminais/pontos (corrente
indo e voltando). Logo, não há corrente naquele fio entre os dois nós.
LTK, lado esquerdo: −10 + 6is = 0 ⇒ is = 10/6 ≈ 1.67 [A].
LTK, lado direito:

−3is + 2i0 + 3io = 0 (25)

10
−3 × + 5i0 = 0 (26)
6
i0 = 1[A] (27)

v0 = 3 × 1 = 3 [V]

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Análise de circuitos com fontes dependentes
Problemas para Avaliação 2.9

Problemas para Avaliação 2.9: Determine: (a) a corrente i1 em

microampères [µA], (b) a tensão v em volts [V], (c) a potência total
gerada e (d) a potência total absorvida.

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Análise de circuitos com fontes dependentes
Problemas para Avaliação 2.9

Resolução:
1. LCK no nó de cima: −i1 + i2 − 30i1 = 0 ⇒ i2 = 31i1 .
2. LTK no laço da esquerda:
−5 + 54000i1 − 1 + 6000 × 31i1 = 0 (28)
240000i1 = 6 (29)
i1 = 25 [µA] (30)
3. LTK no laço da direita:
6000 × 31i1 − 8 + 1800 × 30i1 − v = 0 (31)
186000i1 + 54000i1 − v = 8 (32)
240000i1 − v = 8 (33)
6−v = 8 (34)
v = −2 [V] (35)
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Análise de circuitos com fontes dependentes
Problemas para Avaliação 2.9

4. Cálculo das potências:

P5V = −5 × 25µ = −125 [µW] (fornecendo)
P54kΩ = 54000(25µ)2 = 33.75 [µW] (absorvendo)
P1V = −1 × 25µ = −25 [µW] (fornecendo)
P6kΩ = 6000(31 × 25µ)2 = 3603.75 [µW] (absorvendo)
P30i1 = −(−2)(30µ) = 1500 [µW] (absorvendo)
P1.8kΩ = 1800(30 × 25µ)2 = 1012.5 [µW] (absorvendo)
P8V = −(8)(30 × 25µ) = −6000 [µW] (fornecendo)
5. Potência total gerada (soma de todos que estão fornecendo): −6150
[µW]
6. Potência total dissipada (soma de todos que estão absorvendo): 6150
[µW]

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Referências Bibliográficas

NILSSON, J.; RIEDEL, S. Circuitos Elétricos. Tradução: Arlete

Marques. 8a. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. p. 23–30

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