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21852832 - Laboratório de Fı́sica Moderna • Átomo de Hidrogênio - Modelo de Bohr • UFAM

Átomo de Hidrogênio - Modelo de Bohr

Ana Karoline dos Santos Cardoso


Departamento de Fı́sica, Universidade Federal do Amazonas

Resumo

Neste relatório a partir da obtenção do espectro emitido por um tubo espectral de hidrogênio irá ser encontrado o
comprimento de onda de cada linha espectral obtida. A partir disto será obtido o valor experimental da constante de
Rydberg, utilizando a equação de Balmer e posteriormente o valor médio experimental da constante será descoberto.

Abstract

In this report, after obtaining the spectrum emitted by a hydrogen spectral tube, the wavelength of each spectral line
obtained will be found. From this, the experimental value of the Rydberg constant will be obtained, using the Balmer
equation and later the experimental mean value of the constant will be discovered.

I. Introdução

O modelo de Bohr foi desenvolvido a partir dos estudos


de Rutherford, segundo ele o átomo era como um sistema
solar em miniatura, com um núcleo no centro, positiva-
mente carregado, contendo quase toda a massa atômica, e
tendo elétrons leves e negativamente carregados girando
em torno desse núcleo, em órbitas circulares.
Todavia, esse modelo viola a teoria eletromagnética
clássica, uma vez que partı́culas carregadas aceleradas
emitem radiação eletromagnética. Ora, um elétron gi-
rando em torno de um núcleo está submetido a uma força
centrı́peta (dada pela interação coulombiana). Com o pas-
sar do tempo ela vai diminuir seu raio de giro, em função
da perda de energia, e chocar-se com o núcleo.
Outro fato histórico importante, mas que aparente-
mente não era do conhecimento de Bohr, eram as famosas
séries espectrais, obtidas com diversos materiais. Fraun- Figure 1: Séries e seus respectivos nı́veis de energi
hofer as obteve analisando a parte visı́vel da luz solar, mas
as mais interessantes, no contexto do modelo de Bohr, são Essas séries de linhas são observadas claramente por
as séries obtidas com o hidrogênio, especificamente a de um espectroscópio e as cores que aparecem são carac-
Balmer, a qual irá ser tratada no presente relatório. Dessas, terı́sticas do elemento que está sendo analisado.
a única que se encontra na parte visı́vel do espectro do Em 1885, Johan Balmer, descobriu com a equação
hidrogênio é a de Balmer. As séries de Paschen, Brackett
e Pfund, encontram-se no infravermelho, enquanto a série n2
λn = 364, 6 (1)
de Lyman representa a região ultravioleta do espectro do n2 − 4
hidrogênio.
Que podiam ser calculadas as linhas de hidrogênio na
Dentre as séries têm-se: região do visı́vel e do ultravioleta.

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Para Balmer, esta equação era apenas para um caso • 1 Unidade de alimentação de alta tensão, 0-10 kV
especifico e J. R. Rydberg junto W. Ritz mostraram uma 13670,93
equação mais geral. De acordo com a equação de Rydberg-
Ritz, o recı́proco para o comprimento de onda é dado
por • 2 Suportes isolantes 06020,00
1 1 1
= R 2 − 2  (2)
λmn nbaixa n alta • 1 Base do tripé -PASS- 02002.55
Onde nbaixa e n alta são números inteiros e R é a con-
stante de Rydberg e esta constante é igual para qualquer • 1 Base do cilindro -PASS- 02006.55
linha do espectro. R pode variar para cada elemento,
para o hidrogênio ( R = R H ) R H = 1, 096 × 107 m−1 ,
quanto maior e mais pesado o elemento ( R → R∞ ) • 1 Haste de suporte -PASS-, quadrada, l 400 mm
R∞ = 1, 0973 × 107 m−1 . Estas expressões possibilitaram 02026,55
a visualização de outros espectros que não tinham sido
observados antes.
• 3 Braçadeiras de ângulo reto -PASS- 02040.55

• 1 Tubo de suporte 02060,00

• 1 Escala do medidor, demonstração, l = 1000 mm


03001,00

• 1 Cursor, 1 par 02201,00

• 1 Fita métrica, l = 2 m 09936,00

Figure 2: Espectros de emissão do H, He, Ne e Hg.

I. Objetivo
Determinar a Constante de Rydeberg Média utilizando
os comprimentos de ondas de 3 linhas espectrais do átomo
de hidrogênio.

II. Materiais e Montagem


• 1 Tubo de espectro de hidrogênio 06665,00

• 1 Tubo de espectro de mercúrio 06664,00

• 1 Suportes para tubos espectrais, 1 par 06674,00 Figure 3: Montagem do experimento

• 1 Tubo de cobertura para tubos espectrais 06675,00


Este experimento foi realizado de forma remota, no
• 2 Cabos de conexão, 50 KV, 1000 mm 07367,00
entanto, a montagem desejada de acordo com o manual
• 1 Porta-objetos, 535 cm 08041,00 do experimento é mostrada na Fig 3. Tubos espectrais de
hidrogênio ou mercúrio conectados à fonte de alimentação
• 1 Grade de difração, 600 linhas / mm 08546,00 de alta tensão são usados como fonte de radiação.

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um permitido a órbita do elétron é dada por:


−1 e4 m e 1
En = (3)
8 ε20 h2 n2

Onde: n = 1,2,3..., ε 0 = 8.8542 · 10−34 As/Vm é a con-


stante do campo elétrico, e = 1.6021 · 1019 C é a carga do
elétron e me = 9.1091 · 1031 kg é a massa do elétron. A luz
emitida pode, portanto, ter as seguintes frequências:
−1 e4 m e 1 1
f nm = ( − 2 ) (4)
8 ε20 h2 n2baixa n alta

Se o número de onda N = λ−1 for usado em vez da


frequência f, substituindo c = λ f obtem-se:
1 1
N = R( − 2 ) (5)
n2baixa n alta
Figure 4: Tubo espectral de hidrogênio
Onde R é a constante de Rydberg.

A fonte de alimentação é ajustada para cerca de 5 kV.


A escala é fixada diretamente atrás do tubo espectral para
minimizar erros de paralaxe. A rede de difração deve ser
instalada a uma distância de aproximadamente 50 cm e
na mesma altura do tubo espectral. A grade deve estar
alinhada de modo a ficar paralelo à escala. O tubo capi-
lar luminoso é observado através da grade. A sala está
escurecida a ponto de ainda ser possı́vel ler a escala.
A distância de 2L entre as linhas espectrais da mesma
cor nos espectros de primeira ordem direito e esquerdo
são lidos sem mover a cabeça. A distância d entre a escala
e a grade também é medida. Três linhas são claramente
visı́veis no espectro de Hg. A constante de grade g é de-
terminada por meio dos comprimentos de onda dados,
porém neste experimento iremos utilizar um valor médio Figure 5: Niveis de energia a cada comprimento de onda para série
Balmer, onde n (baixa) = 2 e n(alta) é representada pelo
disponibilizado pelo Prof. Haroldo Guerreiro de valor g
estado excitado.
= 1650 nm. A constante de Rydberg e, portanto, os nı́veis
de energia em hidrogênio, são determinados a partir da
equação de Balmer. Se a luz de comprimento de onda λ colide com uma
grade com g constante, ela é difratada. Os picos de inten-
sidade ocorrem quando o ângulo de difração α cumpre a
seguinte condição:
II. Fundamentação Teórica
nλ = g sin α (6)
Devido à ionização por colisão, H2 é convertido em Onde n = 0,1,2..
hidrogênio atômico no tubo espectral. Elétrons dos átomos A luz é coletada pelo olho na retina, portanto, a fonte
de H saem para nı́veis de energia mais elevados por meio de luz é vista na cor da linha espectral observada na escala
de colisões com elétrons. Quando eles voltam a nı́veis de no prolongamento dos feixes de luz. Para a difração da
energia mais baixos, os átomos emitem luz de frequência enésima ordem, a seguinte relação é deduzida da estrutura
f dada pela diferença de energia dos estados em questão: geométrica (Fig.6):
∆E = h f Onde h é a constante de Planck. L
Aplicando o modelo atômico de Bohr, a energia En de nλ = g √ (7)
d2 + L2

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Figure 8: tabela com os respectivos comprimentos de onda calculados


para cada linha.

Como percebeu-se a partir da fundamentação teórica,


cada linha espectral possui respectivamente seus próprios
valores de n(alto), sabendo que n(baixo) é sempre igual a
2 para a série de Balmer e utilizando a Eq. 2 pode-se obter
os valores da constante de Rydberg.

IV. Resultados e Discussão


Os valores da constante de Rydberg encontrados foram
Figure 6: Demonstração da difração através da grade respectivamente:

III. Análise de dados

Figure 9: Valores calculados da constante de Rydberg para cada com-


primento de onda

Sendo assim, o valor médio encontrado já com a


contabilização do erro relativo é:

Figure 10: Valor médio da constante, comparado com o valor teórico e


o erro relativo.

Figure 7: Linhas espectrais de hidrogênio, onde o lado direito é m = 1


e o lado esquerdo é m = - 1

V. Conclusão
Para encontrar os comprimentos de onda, serão utilizadas
as medidas obtidas no laboratório de cada distância entre Apesar da dificuldade na compreensão inicial do assunto
as linhas e o meio da régua, onde está situado o tubo e experimento e também da realização de mais uma
espectral. Note que cada cor tem uma correspondente á experimentação remota, conseguiu-se obter valores bas-
esquerda e á direita do tubo, a distância entre elas será tante satisfatórios.
igual a 2L. Após isso, utilizando a Eq.7 sabendo que os O erro que foi obtido foi devido a dificuldade na
valores de g e d já foram fornecidos, sendo respectiva- medição dos espectros por ter sido realizado remotamente
mentes: 1650nm e 525mm. Desta forma, encontraremos por foto, além de calculos feitos com aproximações na
os respectivos comprimentos de onda. hora de trabalhar com os dados.

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Contudo, neste momento ao final do experimento, [2] CARUSO, F.; OGURI, V Fı́sica Moderna: Origens
pode ser afirmado que o objetivo de compreender a teoria clássicas e fundamentos quânticos. Rio de Janeiro: Ed-
e a prática deste assunto e os demais objetivos explı́citados itora Campus, 2006.
neste relatório foram concluı́dos com sucesso.
[3] EISBERG R.; RENISCK R. Fı́sica quântica. 9ª edição. Rio
de Janeiro: Editora Campus, 1994.
VI. Notas e Referências
[1] NUSSENZVEIG, M. Curso de Fı́sica Básica. Vol. 4. Ed.
Edgard Blücher LTDA.

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