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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA

DE SEGURANÇA DO TRABALHO

M4 D2 – DISCIPLINA: PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E EXPLOSÃO I

PARTE I - AULA 42

PROFESSORES AUTORES: RODRIGO ANTUNES E VILMAR RODRIGUES

PROFESSORES TELEPRESENCIAIS: RODRIGO ANTUNES E VILMAR


RODRIGUES

COORDENADOR DE CONTEÚDO: ENG. JOSEVAN URSINE FUDOLI

DIRETORA PEDAGÓGICA: MARIA UMBELINA CAIAFA SALGADO

12 DE JUNHO DE 2012

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EMENTA DA DISCIPLINA: PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E EXPLOSÃO I

Produtos de combustão e seus efeitos. Programas de proteção contra incêndio.


análise de processos industriais no contexto de incêndio. Proteção estrutura;
identificação, seleção e análise de materiais. Proteções especiais contra incêndio.
Sistemas de alarme e detecção. Equipes de combate a incêndios; técnicas de
salvamento e noções de salvatagem. Legislação e normas técnicas relativas à
proteção contra incêndios e explosões. Técnicas de controle de explosões.
Proteções especiais contra incêndio. Inspeções oficiais: órgãos públicos e
seguradoras. Agentes extintores. Sistemas fixos e móveis de combate a incêndio.
Rede de hidrantes.

EMENTA DA PARTE I - AULA 42 DO CURSO

Conceitos básicos (Ponto de fulgor, ponto de combustão, temperatura de


autoignição, tetraedo do fogo, líquidos infamáveis e combustíveis; gases
inflamáveis). O incêndio e suas causas. Classes de incêndio. Métodos de Extinção
do fogo. Técnicas de controle de explosões. Sistemas fixos e móveis de combate
à incêndio. Produtos de combustão e seus efeitos. Extintores (Generalidades,
Instalação, tipos, inspeção e manutenção). Equipes de combate a incêndios
Legislação e normas (ABNT, NPFA, NR´s). Áreas classificadas e misturas
explosivas.

OBJETIVOS DA APRENDIZAGEM DA PARTE I


Após a realização da parte I da Disciplina “Proteção Contra Incêndio e
Explosão I”, esperamos que você seja capaz de:

1. conceituar incêndio e suas implicações;


2. descrever os conceitos básicos do fogo;
3. descrever os métodos de extinção do fogo;
4. identificar as áreas classificadas e misturas explosivas;
5. descrever os tipos de extintores.

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CALENDÁRIO DA DISCIPLINA: PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E
EXPLOSÃO I

o
Guia de N Lista Data Data final
2012 Textos Complementares de Leitura Obrigatória
Estudo Exercícios Postagem Resposta

Incêndio no Edifício Joelma – 1974. SP


12/6 42 http://www.bombeirosemergencia.com.br/incendioj 42 13/6 26/06/2012
oelma.html

19/06 43 43 19/06 02/07/2012

26/06 44 44 26/06 09/07/2012

03/07 45 45 03/07 16/07/2012

Prova do Módulo 4: 28 de agosto de 2012

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SUMÁRIO DA PARTE I DA DISCIPLINA

PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E EXPLOSÃO I

AULA 42

1. Conceitos básicos .............. .................................................................... 05


2. O incêndio e suas causas ............................................................... 10
3. Classes de incêndio......................................................................................... 14
4. Combate a incêndios ...................................................................... 16
5. Extintores .......................................................................................... 18
5.1 – Generalidades .......................................................................... 18
5.2 – Instalação de Extintores ........................................................... 20
5.3 – Tipos de agentes extintores ...................................................... 21
5.4 – Inspeção e manutenção de extintores ...................................... 23
6. Legislação e normas técnicas ........................................................... 25
7. Áreas classificadas e misturas explosivas ........................................ 26
8. Bibliografia ........................................................................................ 28

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PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO E EXPLOSÃO I – AULA 42

1. CONCEITOS BÁSICOS
Fogo
Entende-se por fogo o efeito da reação química de um material combustível
com desprendimento de luz e calor em forma de chama.
O fogo possui as seguintes fases:
Fase Inicial
 Oxigênio – NORMAL
 O fogo produz: vapor d’água (H20), dióxido de carbono (CO2), monóxido de
carbono (CO) e outros gases.
 Calor para aquecimento
 Temperatura do ambiente: pouco acima do normal.

Figura 1 – Fase inicial do fogo

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Fase Queima Livre
 Oxigênio/Ar – sendo renovado pela convecção;
 gases aquecidos se espalham e já podem provocar pequenas explosões;
 temperatura superior a 700º C;

Figura 2 – Fase queima livre do fogo

Sob o ponto de vista técnico-legal, os órgãos de países estabeleceram a


definição de fogo, conforme se mostra abaixo:

a) Brasil - NBR 13.860: fogo é o processo de combustão caracterizado pela


emissão de calor e luz.

b) Estados Unidos da América - (NFPA): fogo é a oxidação rápida


autossustentada acompanhada de evolução variada da intensidade de calor e de
luz.

c) Internacional - ISO 8421-1: fogo é o processo de combustão caracterizado pela


emissão de calor acompanhado de fumaça, chama ou ambos.

d) Inglaterra - BS 4422: Parte 1: fogo é o processo de combustão caracterizado


pela emissão de calor acompanhado por fumaça, chama ou ambos.

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Definição de incêndio
O incêndio é uma ocorrência de fogo não controlado, que pode ser
extremamente perigosa para os seres vivos e as estruturas.

Os incêndios propagam-se de três formas:

 por Irradiação, onde acontece transporte de energia de forma


omnidireccional através do ar, suportada por infravermelhos e ondas
electromagnéticas;

 por Convecção, onde a energia é transportada pela movimentação do ar


aquecido pela combustão;

 por Condução, onde a energia é transportada através de um corpo bom


condutor de calor.

Definição de explosão
Explosão é a liberação de energia realizada de forma repentina e violenta.
A explosão pode originar-se das seguintes fontes:

 energia física (gases comprimidos, metais sob tensão, energia elétrica);


 energia química (combustão de gases inflamáveis, reações químicas);
 energia nuclear.

Definição de detonação e deflagração


As explosões são classificadas em dois tipos: deflagração ou detonação. A
deflagração é quando a velocidade de propagação é baixa (ex:1 m/s), enquanto a
detonação é quando a velocidade de propagação é alta (ex: 2.000 a 3.000 m/s)

A técnica de controle das explosões é realizada pelo controle da mistura


(qualquer componente) e pela exclusão da fonte de ignição. A redução dos efeitos
das explosões pode ser realizada por: a) contenção (resistência de materiais); b)
alivio de pressões (PSV e outros); c) supressão (agentes halogenados,

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bicarbonato de sódio); d) isolamento (fechamento de válvulas ou instalações;
e)combate ao sinistro (incêndio/explosão).

Gases inflamáveis - são aqueles que se inflamam dentro de uma faixa de


Inflamabilidade. Cada gás tem sua faixa de inflamabilidade específica.
Limite inferior de explosividade (LIE) - A mínima proporção de gás, vapor ou pó
no ar que torna a mistura explosiva.
Limite superior de explosividade (LSE) - a máxima proporção de gás, vapor ou
pó no ar que torna a mistura explosiva.
Gases inflamáveis - gases que inflamam com o ar a 20º C e a uma pressão
padrão de 101,3 kPa. (item 20.3.2 da NR 20 - Portaria SIT n.º 308, de
29/02/2012).
Líquidos combustíveis: líquidos com ponto de fulgor > 60º C e ≤ 93º C (NR 20)
Líquidos inflamáveis - Líquidos inflamáveis são líquidos que possuem ponto de
fulgor ≤ 60º C (item 20.3.1 da NR 20 - Portaria SIT n.º 308, de 29.02.2012).
Líquido inflamável - aquele que possui ponto de fulgor inferior a 37,8 ºC (NFPA)

Ponto de fulgor - Menor temperatura na qual um líquido libera quantidade de


vapores para formar mistura inflamável com o ar, sem dar sequência à combustão.
Ponto de combustão - Temperatura na qual a quantidade da mistura inflamável é
suficiente para iniciar e manter a combustão.
Tetraedro do fogo

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Comburente - possibilita vida às chamas e intensifica a combustão.
Acima de 21% - queima acentuada e rápida;
16 a 21% - queima constante e normal;
8 a 16 % - queima lenta – brasa;
Abaixo de 8% - sem queima.

Reação em cadeia - Estes radicais são os responsáveis pela transferência de


energia entre uma molécula "queimada" e uma molécula "não queimada"

Fumaça do incêndio - é a mistura de gases, vapores e partículas sólidas


finamente divididas. É o produto da combustão que mais afeta as pessoas por
ocasião do abandono da edificação.

Toxicidade da fumaça - A composição química da fumaça é altamente complexa


e variável, chegando a conter duas centenas de substâncias. A porcentagem
dessas substâncias varia com o estágio do incêndio. As substâncias tóxicas mais
comuns na fumaça são: a) monóxido de carbono e gás carbônico.

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2. O INCÊNDIO E SUAS CAUSAS

Os grandes incêndios têm suas características próprias, em função dos


cenários em que se desenvolveram. Dentre os elementos que os infuenciam estão
fatores arquitetônicos, como compartimentação horizontal e vertical, sistema
construtivo, afastamento de outras edificações, materiais combustíveis oriundos
de decoração, mobiliário e de acabamento; além de outros, como época do ano,
efeitos climáticos, presença de ventos e localização geográfica.

O incêndio no Edifício Andraus, ocorrido em 1972, mostrou que as chamas,


em vários momentos, estavam sendo projetadas do outro lado da Avenida São
João, pelos fortes ventos. Pela falta de saídas protegidas, inúmeras pessoas (350)
se dirigiram à cobertura do prédio e puderam ser resgatadas por helicópteros. Isso
ficou na memória das pessoas.

Dois anos mais tarde (1974), o Edifício Joelma também pegou fogo e muita
gente se lembrou do salvamento por helicópteros e se dirigiu ao telhado. Esse
prédio está localizado no Vale do Anhangabaú, portanto em uma região baixa e
cercada de prédios, com pouca ação de ventos. A fumaça e as chamas
ascenderam e dificultaram a permanência das pessoas na cobertura, bem como o
sobrevoo sobre o prédio. O resgate dos sobreviventes, pela cobertura, ocorreu
após a extinção do fogo. Dos 422 sobreviventes, 300 (trezentos) saíram por
elevadores e 81 por helicópteros, bem menos que os 350 resgatados do Edifício
Andraus.

No incêndio das torres gêmeas do World Trade Center – WTC, em 11 de


setembro de 2001, as escadas de emergência funcionaram perfeitamente para o
abandono dos prédios, nos andares abaixo dos impactos dos aviões. Na Torre
Norte, três das quatro escadas foram destruídas. Na Torre Sul, uma delas.

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Conforme relatos de pessoas envolvidas, dentro das torres, nos pavimentos
dos impactos das aeronaves e acima, a temperatura insuportável, a fumaça
densa, a pouca visibilidade e a dificuldade de respirar tornaram penosa a busca
pela única saída existente, na Torre Norte, do World Trade Center - WTC.

As condições críticas durante um incêndio em uma edificação ocorrem


quando a temperatura excede a 75ºC, e/ou o nível de oxigênio cai abaixo de 10%,
e/ou as concentrações de monóxido de carbono ultrapassam 5.000 ppm.

Tais situações adversas induzem a sentimentos de insegurança, que


podem vir a gerar o pânico e descontrole e levar pessoas a saltar pelas janelas.
Os meios de escape devem ser constituídos por rotas seguras que proporcionem
às pessoas escapar em caso de incêndio, de qualquer ponto da edificação a um
lugar seguro, fora da edificação, sem auxílio exterior.

As rotas de fuga projetadas impropriamente, falhas nos sistemas de


comunicação e alarme, propagação de fumaça nos ambientes, bem como a
movimentação de fumaça e gases quentes, penetração de fogo e fumaça têm
provocado perdas de vidas. Entre as soluções contra esses fatores estão o
sistema de iluminação de emergência eficiente e efetivo, sistemas de extinção e
de supressão do fogo, a limitação na distância de percurso, controle dos materiais
de acabamento, portas corta-fogo e resistentes à penetração de fumaça,
ventilação natural para auxiliar na extração de gases e rotas de fuga
desobstruídas, protegidas e bem sinalizadas, localização e capacidade adequadas
para promover pronta evacuação dos ambientes pelos ocupantes.

As edificações devem ser projetadas e construídas de modo a garantir a


proteção das vidas humanas contra os efeitos fatais oriundos do fogo. Entre esses
riscos encontramos as queimaduras (fatais ou não), asfixia, envenenamento,
contusões, irritações, cortes etc. Os efeitos secundários do fogo ocorrem por falta

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de oxigênio, fumaça, gases nocivos, agressivos ou tóxicos, pânico, colapsos
materiais ou estruturais etc..

No incêndio do Edifício Joelma, as pessoas na rua improvisaram faixas


procurando acalmar as pessoas dentro do prédio, informando que o fogo havia
acabado e que não saltassem, encontrando morte certa; mesmo assim, várias
pularam.

A maioria dos especialistas em segurança contra incêndios não recomenda


o resgate aéreo como rota viável em um edifício alto durante um incêndio. O uso
de helicópteros deve ocorrer em último caso, e sob condições muito específicas.

A cobertura dos prédios está sujeita a muitas variáveis em caso de


sinistros, como a existência ou não de local para pouso de helicópteros e
embarque de pessoas, pois muitos prédios antigos possuem telhados na
cobertura, refletores, antenas, painéis de propaganda, ocorrência de acessos
trancados para terraços, entre outros.

Há ainda os efeitos do incêndio, por meio de fumaça densa, calor excessivo


e ventos fortes. Os helicópteros necessitam de ventos ascendentes para se
manter em voos e o calor pode tornar o ar rarefeito, prejudicando a estabilidade
desses veículos.

Causas de Incêndio
As causas de incêndios podem ser: naturais, artificiais e secundárias

As causas Naturais originam-se de:


 Natureza físico-química: vulcões, terremotos, raios, meteoros, etc.
 Natureza biológica: decorrentes do aumento da temperatura devido à
fermentação e à ação degradativa das bactérias. Ex.: enfardamento da
forragem úmida.

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As causas de Incêndio Artificiais advêm de:
 Origem física: atrito, choque, compressão, condução térmica, eletricidade.
 Origem química: substâncias químicas que podem gerar calor quando se
combinam, ou em decomposição, produzindo aquecimento, inflamação ou
explosão.

As causas Secundárias originam-se do fogo considerado útil e que não


possui o controle do homem. Ex.: velas, lamparinas, computador ligado, árvore de
natal, ferro elétrico etc.

Conceito de princípio de incêndio


A evolução de um incêndio, na maioria das vezes, ocorre segundo a figura
abaixo, na qual se podem ver as várias fases de sua evolução.

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3. CLASSES DE INCÊNDIOS
Os incêndios são comumente classificados de acordo com o tipo do
material combustível. De acordo com esse critério, estabelecem-se quatro grupos,
A, B, C, D.

Incêndio Classe “A”


Incêndio envolvendo combustíveis sólidos comuns, como papel, madeira,
pano, borracha (Fig. abaixo). É caracterizado pelas cinzas e brasas que deixam
como resíduos e por queimar em razão do seu volume, isto é, a queima se dá na
superfície e em profundidade.

Incêndio Classe “B”


Incêndios envolvendo líquidos inflamáveis, graxas e gases combustíveis.
Caracterizam-se por não deixar resíduos e queimar apenas na superfície exposta,
e não em profundidade. São combatidos com extintores de espuma, de anidrido
carbônico ou similares.

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Incêndio Classe “D”
Incêndio envolvendo metais combustíveis pirofóricos (magnésio, selênio,
antimônio, lítio, potássio, alumínio fragmentado, zinco, titânio, sódio, zircônio).

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4. COMBATE A INCÊNDIOS

O combate a uma situação emergencial deve ser planejado com


antecedência para evitar decisões de última hora, lembrando que, em certos
casos, as vítimas de um incêndio não são as que se encontravam no local e sim
pessoas que chegam para tentar ajudar, sem preparo, entre os quais se incluem
os curiosos e desinformados.

A norma ABNT 14.276 define “combate a incêndio como um conjunto de


ações táticas, destinadas a extinguir ou isolar o incêndio com o uso de
equipamentos manuais ou automáticos”. Emergência é uma situação não prevista
que requer ação imediata, de forma ordenada e controlada.

A referida norma da ABNT não estabelece uma ordem prioritária para o


combate ao fogo. Porém, na prática, observa-se a seguinte ordem pelas pessoas
treinadas e aptas ao combate ao fogo:
a) Acionar o sistema de alarme e/ou solicitar a alguém que chame o Corpo de
Bombeiros.
b) Combater o fogo com extintores ou meios adequados, enquanto o socorro
não chega.
c) Percebendo dificuldade na sua extinção, sair do local, desligando máquinas
e equipamentos elétricos (quando a operação não envolver riscos
adicionais).

Normalmente, as empresas se reúnem em torno de um Plano de


Atendimento a Emergências (PAE) ou Plano de Auxilio Mútuo (PAM), para atender
a uma área de abrangência, com base em cenários identificados nos estudos de
riscos e estudos de vulnerabilidade desenvolvidos.

Os grupos de combate que compõem o PAE ou PAM realizam,


periodicamente, exercícios simulados de emergência, como exercício prático, para

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manter a brigada e os participantes em condições de enfrentar uma situação real
de emergência.

A brigada de incêndio é constituída por um grupo organizado de pessoas


treinadas e capacitadas para atuar na prevenção e no combate ao princípio de
incêndio, abandono de área e primeiros socorros, conforme definição da NBR
14.276:2006 que define o “plano de segurança contra incêndio”.

A brigada de incêndio, bem dimensionada e treinada, deve ser capaz de


executar perfeitamente o plano de abandono para o local, elaborado conforme
NBR 14.276, prestar o atendimento pré-hospitalar e, se possível, atacar o foco de
princípio de incêndio. A prioridade deve ser a preservação da vida, dos ocupantes
e também dos brigadistas.

A ABNT 12.276 define “brigada de incêndio como um grupo organizado de


pessoas, voluntárias ou não, treinadas e capacitadas para atuar na prevenção, no
abandono e no combate a um princípio de incêndio e a prestar os primeiros
socorros, dentro de uma área pré-estabelecida”.

A ABNT 12.276 sugere que a brigada de incêndio deva ser organizada


funcionalmente, da seguinte forma:
a) Brigadistas – membros da brigada.
b) Chefe da brigada – responsável por uma edificação com mais de um
pavimento/compartimento. É escolhido entre os brigadistas.
c) Líder – responsável pela coordenação e execução das ações de
emergência, em sua área de atuação (pavimento/compartimento). É
escolhido entre os brigadistas.
d) Coordenador geral – responsável geral por todas as edificações que
compõem uma planta. É escolhido entre os brigadistas.

A norma ABNT 14.276 classifica os bombeiros, nas seguintes categorias:

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- Bombeiro profissional civil – pessoa que presta serviços de atendimento de
emergência a uma empresa.
- Bombeiro público (miliar ou civil) – pessoa pertencente a uma corporação de
atendimento a emergências públicas.
- Bombeiro voluntário – pessoa pertencente a uma entidade não-governamental
que presta serviços de atendimento a emergências públicas.

5. EXTINTORES

5.1 – Generalidades

Chama-se agente extintor a substância que é utilizada para combater o fogo.


A capacidade extintora do extintor é um dado importante, pois é o que vai
determinar o poder de extinção e não deve ser confundido com unidade extintora.
Quanto ao transporte, os extintores podem ser: portáteis e não-portáteis e
esse último subdivide-se em sobrerroda e estacionário.
O extintor portátil com massa até 196 N (20 kgf) não precisa ser colocado
sobre rodas; acima desse valor necessita estar sobre rodas.
O extintor com massa próxima a 196 N (20 kgf) não atende à portabilidade
acima citada, principalmente quando colocado em ambiente cujas pessoas não
estão acostumadas a esforços físicos.
Os extintores portáteis fazem parte do sistema básico de segurança contra
incêndio em edificações e devem ter como características principais: portabilidade,
facilidade de uso, manejo e operação, e tem como objetivo o combate de princípio
de incêndio.
A manutenção desses equipamentos juntamente com o treinamento de
pessoas para seu uso é fundamental para seu objetivo.
A eficiência dos extintores é função de vários fatores descritos a seguir:

a) Agente extintor
Existem agentes adequados e com maior ou menor eficiência no combate a
determinado princípio de incêndio ou classe de fogo.

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b) Alcance
O alcance do jato do agente extintor é função da pressão interna e do
orifício de saída, que são características de cada extintor. A distância que o
agente extintor alcança é importante, pois permite ao operador controlar melhor a
distância de ataque ao princípio de incêndio, protegendo-se do nível da radiação
térmica e dos gases emitidos.

c) Duração de descarga ou tempo efetivo de descarga


A quantidade de agente extintor é limitada nos extintores e são encontrados
extintores com várias massas ou volumes para o mesmo tipo. A duração da
descarga ou tempo efetivo de descarga é função de quantidade de agente extintor
contido no extintor e vazão do agente extintor.

d) Forma de descarga

Têm-se duas formas principais: a) Jato concentrado; b) Jato em forma de


névoa/nuvem. Em ambos os casos sua aplicação dependerá do princípio de
incêndio.

e) Operacionalidade
O extintor deve ser de fácil manuseio e adequado ao tipo do material
combustível e energia desenvolvida pelo princípio de incêndio.

f) Instalação

A parte superior do extintor deve estar, no máximo, a 1,60 m do piso e a


sua parte inferior não deve estar a menos de 0,20 m do piso.

g) Facilidade de acionamento

Para os extintores do tipo pressurização direta, que são os mais comuns,


deve-se portá-lo pela alça, puxar a trava rompendo o lacre, apertando o gatilho e
segurando a mangueira firmemente. O jato deve ser dirigido à base do fogo para
pós e agentes líquidos.

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O sucesso no combate ao incêndio no seu estágio inicial depende da
seleção correta do tipo de extintor. A utilização de extintores impróprios poderá,
além de não conseguir extinguir o fogo, colocar em risco a vida de quem for utilizá-
los, o meio ambiente e o patrimônio.

Na maioria das vezes, o operador não tem o treinamento específico, é o


caso de grande parte dos funcionários de empresas e moradores e prestadores de
serviços de edifícios.

5.2 - Localização dos extintores

Inicialmente deve-se atender ao regulamento oficial da localidade e, na falta


deste, utilizar a NBR 12693 - Sistemas de proteção por extintores de incêndio da
ABNT.
A localização dos extintores é muito importante, pois irá permitir uma rápida
intervenção para cessar o processo da evolução do incêndio.

O local de instalação dos extintores deve seguir algumas recomendações,


tais como:

• Devem ser facilmente visíveis por meio de sinalização;


• Bem distribuídos para cobrir a área protegida;

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• De fácil acesso levando-se em conta a portabilidade;
• Sem obstáculos até o local de utilização;
• Próximo aos locais de entrada e saída;
• Não devem ficar atrás de portas de rotas de fuga;
• Devem ser protegidos contra impacto pela movimentação veículos ou cargas;
• Protegidos de intempéries e de ambientes agressivos com excesso de calor,
atmosferas corrosivas, maresias, vento e poluição.
• Protegidos contra vandalismo.

6.3 - Tipos de agentes Extintores

Os extintores podem ser:

• extintor de água;
• extintor de espuma mecânica;
• extintor de pó químico seco;
• extintor de gás carbônico.

Água
É o agente extintor mais abundante na natureza. Age principalmente por
resfriamento, devido à sua propriedade de absorver grande quantidade de calor.

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Atua também por abafamento (dependendo da forma como é aplicada,
neblina, jato contínuo etc.). A água é o agente extintor mais empregado, em
virtude do seu baixo custo e da facilidade de obtenção.

Espuma
Age por abafamento e resfriamento. A espuma mecânica é produzida pela
agitação física de uma mistura de água, ar e LGE (líquido gerador de espuma).

Pó Químico Seco
Os pós químicos secos são substâncias constituídas de bicarbonato de
sódio, bicarbonato de potássio ou cloreto de potássio, que, pulverizadas, formam
uma nuvem de pó sobre o fogo, extinguindo-o por quebra da reação em cadeia e
abafamento.

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Gás carbônico (CO2)

- mais pesado que o ar;


- sem cor;
- sem cheiro;
- não condutor de eletricidade (mas asfixiante);
- age principalmente por abafamento, tendo, secundariamente, ação de
resfriamento.

6.4 - Inspeção, manutenção e instalação de extintores

Para que o nível de segurança seja mantido, devem-se fazer inspeções e


manutenções periódicas.

Muitas empresas fazem manutenção de todos os extintores ao mesmo


tempo, o que leva a edificação a ficar desprotegida durante algum tempo. É

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necessário ter um plano de manutenção de maneira a não deixar o edifício
desprotegido.
a) A inspeção deve ser periódica e programada de maneira a evitar
esquecimentos ou relaxamento na prevenção.
b) O tempo máximo entre inspeções depende das condições ambientais a
que o extintor está sujeito: maresia, altas temperaturas, poeira, gases corrosivos
etc.
c) O tempo máximo para inspeção é de doze meses. A frequência das
inspeções deve ser maior quando o extintor for submetido às condições negativas
acima citadas.
d) Quando o extintor estiver instalado em locais de grande circulação de
pessoas a frequência das inspeções deve ser maior, visto que fica sujeito ao
vandalismo.
e) Os extintores com carga de dióxido de carbono (CO2), ou aqueles de
outros tipos de agentes que possuam cilindros para o gás expelente com CO2,
deverão ser inspecionados a cada seis meses, bem como submetidos à
manutenção de primeiro nível.

6.5 - Recomendações importantes sobre manutenção de extintores

a) A manutenção dos extintores que possuírem o Manual Técnico de


Manutenção deve ser executada conforme o referido documento.
b) Os extintores que não possuírem o Manual Técnico de Manutenção
devem cumprir os requisitos normativos conforme das normas técnicas da ABNT,
NBR 12962 e NBR 13485, e da regulamentação técnica vigente do órgão
certificador.

Os extintores devem possuir um sistema de inspeção e manutenção. A


seguir, relacionamos alguns conceitos relacionados com o assunto.

Inspeção - Exame periódico, efetuado por pessoal habilitado, que se


realiza no extintor de incêndio, com a finalidade de verificar se ele permanece em
condições originais de operação.

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Manutenção - Serviço efetuado no extintor de incêndio, com a finalidade
de manter suas condições originais de operação, após sua utilização ou quando
requerido por uma inspeção.
Manutenção de Primeiro nível - Manutenção geralmente efetuada no ato
da inspeção por pessoal habilitado, que pode ser executada no local em que o
extintor está instalado, não havendo necessidade de removê-lo para oficina
especializada.
Manutenção de segundo nível - Manutenção que requer execução de
serviços com equipamento e local apropriados e por pessoal habilitado.
Manutenção de terceiro nível ou vistoria - Processo de revisão total do
extintor, incluindo a execução de ensaios hidrostáticos
Recarga - Reposição ou substituição da carga nominal de agente extintor
e/ou expelente.
Componentes originais - Aqueles que formam o extintor como
originalmente fabricado ou que são reconhecidos pelo fabricante do extintor.
Ensaio hidrostático – é aquele executado em alguns componentes do
extintor de incêndio sujeitos à pressão permanente ou momentânea; utiliza-se
normalmente a água como fluído, e tem como principal objetivo avaliar a
resistência do componente às pressões superiores à pressão normal de
carregamento ou de funcionamento do extintor, definidas em suas respectivas
normas de fabricação.

Os componentes ensaiados são: recipiente ou cilindro para o agente


extintor, cilindro para o gás expelente, válvula de descarga e mangueira de
descarga.

Pneumaticamente ensaiam-se os componentes: válvula de descarga,


indicador de pressão, válvula de alívio e regulador de pressão.

6.6 - As inspeções/manutenções podem ser:

Semanais: verificar acesso, visibilidade e sinalização.

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Mensais: verificar obstrução de bico ou mangueira. Observar a pressão do
manômetro (se houver), o lacre e o pino de segurança;

Semestrais: verificar o peso do extintor de CO2 e do cilindro de gás comprimido


e dos extintores de pressão injetada. Se o peso estiver abaixo de 90% do
especificado, recarregar.

Anuais: verificar se não há dano físico no extintor, avaria no piso de segurança e


no lacre. Recarregar o extintor.

Quinquenais: fazer teste hidrostático (2,5 vezes a pressão de trabalho).


Este teste é precedido por uma minuciosa observação do aparelho, para verificar
a existência de danos físicos

A instalação dos extintores deve ser feita, segundo as orientações a seguir:

• Os suportes de paredes ou coluna devem resistir a 3x a massa total do extintor.


• A posição da alça de manuseio não deve exceder 1,60 m do piso acabado
• A parte inferior deve guardar distância de, no mínimo 0,20 m do piso;
• Não devem ficar em contato direto com o piso.
• Visíveis, para que todos os usuários fiquem familiarizados com a sua
localização;
• Protegidos contra intempérie e danos e riscos em potencial;
• Desobstruído por pilhas de mercadorias, matérias-primas ou qualquer outro
material;
• Estejam junto ao acesso dos riscos.
• Sua remoção não seja dificultada por suporte, base e abrigo
• Não fiquem instalados em escadas.

7. LEGISLAÇÃO E NORMAS

Existem normas e legislação, nacionais e internacionais de proteção contra

incêndio e explosões, tais como:

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 Legislação do Ministério do Trabalho e Emprego – NR`s e Portarias
NR 19 – Explosivos
NR 20 – Líquidos Inflamáveis
NR 23 – Proteção Contra Incêndios

 Normas Internacionais da NFPA - National Fire Protection Association.


NFPA é uma organização internacional de desenvolvimento de normas
fundada em 1896 para proteger pessoas, bens e o meio ambiente contra os
efeitos danosos de incêndios.

NFPA 10 – Extintores de incêndio portáteis.


NFPA 11 – Padrão para sistemas de espuma de baixa expansão.
NFPA 12 – Padrão para sistemas de combate a incêndio, usando CO2.
NFPA 13 – Padrão para instalação de sistema de sprinklers.
NFPA 14 – Sistema de Hidrantes.
Nota: consultar www.nfpa.org/ sobre várias outras normas.

 Normas ABNT

ABNT NBR 12.962 – Inspeção, manutenção e recarga em extintores de


incêndio.
ABNT NBR 13.485 – Manutenção de terceiro nível (vistoria) em extintores de
incêndio.
ABNT NBR 9.077 – Saídas de emergência em edifícios.

Nota: consultar site www.abnt.org.br/ sobre várias outras normas.

 Normas INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade


Industrial

Portaria n.° 158 de 27 de junho de 2006.

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Portaria n.° 173 de 12 de julho de 2006.
Portaria nº 035 – de 18.02.1994 – Critérios para certificação de empresas de
extintores de incêndio.
Portaria nº 111, de 28.09.1999 – Certificação de extintores nacionais e
importados, no âmbito do Sistema Brasileiro de Certificação (SBC).
Nota: consultar www.inmetro.gov.br/ sobre várias outras normas.

8. ÁREAS CLASSIFICADAS E MISTURAS EXPLOSIVAS

Áreas classificadas - área na qual a probabilidade da presença de uma


atmosfera explosiva é tal que exige precauções para a construção, instalação e
utilização de equipamentos elétricos.

Atmosfera Explosiva - mistura de substâncias inflamáveis com o ar na


forma de: gás, vapor, névoa, poeira ou fibras, na qual, após a ignição, a
combustão se propaga através da mistura.

Poeiras Explosivas - duas condições são necessárias para esta explosão:


 a poeira deve ser fina o suficiente e
 deve ter a mistura poeira/ar adequada.

Atmosfera de risco - Gás/Vapor ou névoa inflamável em concentrações


superiores a 10% do seu Limite Inferior de Explosividade (LIE).

A classificação das áreas será necessária quando existir a probabilidade de


que se formem misturas explosivas em um determinado local. Neste caso, deve
ser definida a classificação desse local, segundo critérios já estabelecidos em
normas, de acordo com o grau de probabilidade da presença de atmosfera
explosiva, como se segue:

• Áreas classificadas (gases e vapores)

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• Zona 0 - a mistura explosiva é encontrada permanentemente ou na maior
parte do tempo.
• Zona 1 - a mistura explosiva é provável durante a operação normal, mas
quando ocorrer, será por tempo limitado.
• Zona 2 - a mistura explosiva só é provável em caso de falhas do
equipamento ou do processo.
• Áreas classificadas (Poeiras)
• Zona 20 - área onde a presença de atmosfera explosiva é permanente, por
tempo prolongado ou frequente.
• Zona 21 - área onde a presença de atmosfera explosiva pode ocorrer
ocasionalmente

9. BIBLIOGRAFIA

SECCO, Orlando. Manual de Prevenção e Combate a Incêndio. São Paulo/Brasil.


ABPA – Associação Brasileira de Prevenção de Acidentes, 1982.

CBMMG – CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE MINAS GERAIS. Legislação de


Segurança contra Incêndio e Pânico nas Edificações e Áreas de Risco do Estado
de Minas Gerais. MG/Brasil. 2006.

GOMES, ARY GONÇALVES. Sistemas de Prevenção contra Incêndios. Rio de


Janeiro: Editora Interciência, 1998.

OLIVEIRA, ALOÍZIO MONTEIRO. Curso Básico de Segurança em Eletricidade.


Belo Horizonte: Edição do Autor, 2007.

MORAES, GIOVANNI. Normas Regulamentadoras Comentadas. Rio de Janeiro:


Editora Gerenciamento Verde e Livraria Virtual, NR 23, 2001.

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