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MINISTÉRIO DA DEFESA

EXÉRCITO BRASILEIRO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
(Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, 1792)

GABRIEL TARDIN ERTHAL


RAFAEL TEDESCHI EUGÊNIO PONTES BARONE
TAMIRES ALVES DA COSTA

CÁLCULO DAS PROPRIEDADES DOS ALTOS EXPLOSIVOS

Rio de Janeiro

2015
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

GABRIEL TARDIN ERTHAL


RAFAEL TEDESCHI EUGÊNIO PONTES BARONE
TAMIRES ALVES DA COSTA

CÁLCULO DAS PROPRIEDADES DOS ALTOS EXPLOSIVOS

Tema Dirigido apresentado ao Curso de Graduação do Instituto Militar de


Engenharia

Orientador: TC R/1 QEM Alaor Gomes Martho Junior

Rio de Janeiro

2015
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

GABRIEL TARDIN ERTHAL


RAFAEL TEDESCHI EUGÊNIO PONTES BARONE
TAMIRES ALVES DA COSTA

CÁLCULO DAS PROPRIEDADES DOS ALTOS EXPLOSIVOS

Tema Dirigido apresentado ao Curso de Graduação do Instituto Militar de


Engenharia

Orientador: TC R/1 QEM Alaor Gomes Martho Junior - M. Eng.

Banca Examinadora:

Avaliado em 05 de novembro 2015 pela seguinte Banca Examinadora:

_______________________________________________________________

Cel R/1 QEM Alcéstes Guanabarino de Oliveira Filho – M. C, IME

_______________________________________________________________

TC R/1 QEM Alaor Gomes Martho Junior - M. Eng, UNESP

_______________________________________________________________

Cap QEM Marcelo Carneiro dos Santos - M. C, IME

Rio de Janeiro

2015
RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo descrever brevemente os principais


altos explosivos, no que tange à sua estrutura química e aplicações, e sobretudo
estimar as propriedades referentes à detonação, velocidade e pressão de
detonação, através da estrutura molecular do alto explosivo ou das suas
propriedades termoquímicas. Os altos explosivos secundários tiveram suas
propriedades estimadas através da análise de suas estruturas, enquanto os
primários tiveram suas propriedades calculadas por meio da utilização de
conceitos termoquímicos. Posteriormente, os valores encontrados foram
comparados com os dados que constam dos Handbooks adotados (Explosives-
Rudolf Meyer e Military Explosives) , a fim de proporcionar uma verificação do
método utilizado, atentando para as margens de erro e comparando aspectos
práticos e teóricos no emprego de tais explosivos.
Além disso, este tema dirigido visa a proporcionar aos alunos autores um
contato inicial com as disciplinas abordadas no curso de Engenharia Química,
bem como a iniciação à pesquisa bibliográfica de forma mais intensa do que é
feita no Curso Básico. Dessa forma, o trabalho permite um maior esclarecimento
com respeito às áreas em que o profissional de Engenharia Química poderá atuar,
através de reuniões com o professor-orientador. Apesar de ter sido abordado
apenas um tema dentre os inúmeros possíveis na área, foi possível estabelecer
maior contato com a seção e aprender muitos conceitos interessantes no que diz
respeito aos explosivos, suas propriedades e aplicações.
Os resultados obtidos foram satisfatórios, apresentando erro percentual
dentro do esperado ao serem comparados com os dados obtidos nas referências.
Portanto, os métodos utilizados para a estimativa de propriedades dos explosivos
são adequados, embora não para todas as substâncias explosivas estudadas.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO TEÓRICA 7
1.1 EXPLOSIVOS7
1.1.1 Substâncias Explosivas ...................................................................................7
1.1.2 Classificação e propriedades dos explosivos ..................................................7
1.1.2.1 Classificação quanto à constituição 7
1.1.2.2 Classificação quanto à fase em que se encontram 8
1.1.2.3 Classificação quanto à velocidade de reação 8
1.1.2.4 Classificação pelo emprego ....................................................................9
1.2 ESTIMATIVA DAS PROPRIEDADES DE DETONAÇÃO BASEADA NA
ESTRUTURA MOLECULAR DOS ALTOS EXPLOSIVOS 11
1.2.1 Estimativa da densidade teórica máxima 11
1.2.2 Estimativa da velocidade de detonação à densidade teórica máxima 13
1.2.3 Velocidade de detonação de misturas explosivas 14
1.2.4 Velocidade de detonação em função da densidade 15
1.2.5 Estimativa da pressão de detonação ..............................................................17
1.3 ESTIMATIVA DAS PROPRIEDADES DE DETONAÇÃO BASEADA NAS
PROPRIEDADES TERMOQUÍMICAS DO EXPLOSIVO 18
1.3.1 Velocidade de detonação 18
1.3.2 Pressão de detonação......................................................................................19
2 ESTIMATIVA DAS PROPRIEDADES DE DETONAÇÃO DE ALGUNS ALTOS
EXPLOSIVOS 19
2.1 EXPLOSIVOS PRIMÁRIOS OU INICIADORES 19
2.1.1 Fulminato de Mercúrio 20
2.1.2 Azida de chumbo 22
2.1.3 Estifinato de chumbo 24
2.1.4 Diazodinitrofenol (DDNP) 28
2.2 EXPLOSIVOS SECUNDÁRIOS OU DE RUPTURA 30
2.2.1 TNT 30
2.2.2 PETN 32
2.2.3 RDX 35
2.2.4 HMX 37
2.2.5 HNS 40
3 ANÁLISE DOS RESULTADOS 43

5
3.1 RESULTADOS REFERENTES AOS ALTOS EXPLOSIVOS PRIMÁRIOS 43
3.2 RESULTADOS REFERENTES AOS ALTOS EXPLOSIVOS SECUNDÁRIOS
43
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 45

6
1 INTRODUÇÃO TEÓRICA
1.1 Explosivos
1.1.1 Substâncias explosivas
Uma explosão ocorre quando uma grande quantidade de energia é liberada
repentinamente. Explosões podem ser atômicas, físicas ou químicas. A energia envolvida
numa explosão química é proveniente da reação de decomposição de substâncias explosivas,
que pode ser iniciada por estímulos mecânicos (impacto ou atrito), pela ação de calor, choque
detonante ou até mesmo eletricidade de forma indireta. Toda reação de decomposição de
explosivos tem uma energia de ativação associada, ou seja, a energia mínima necessária para
que seja iniciada. As explosões geram gases com grande rapidez, produzindo elevadas
quantidades de calor e pressão, além de considerável trabalho.
1.1.2 Conceitos iniciais
Primeiramente, há algumas definições sobre os explosivos que precisam ser

ressaltadas :

Combustão - É uma reação química de oxidação entre substâncias que agem como
combustíveis e oxidantes. O fenômeno ocorre em baixas velocidades e tem como exemplo a
queima de um pedaço de carvão no meio atmosférico.
Deflagração – Consiste em uma combustão que ocorre a uma velocidade muito elevada. Tal
aumento de velocidade ocorre ao se facilitar o contato entre o combustível e o comburente, ou
quando há presença de elementos combustíveis e oxigênio na mesma substância. A
velocidade de decomposição do explosivo pode chegar a centenas de metros por segundo,
gerando altas temperaturas e gradientes de pressão.
Detonação – Consiste em um tipo específico de reação exotérmica, a qual está associada a
ondas de choque, perturbações de propagação cujas propriedades (temperatura, pressão,
densidade) variam. A velocidade de propagação da onda de choque do explosivo em uma
detonação é da ordem de milhares de metros por segundo.
Velocidade de detonação : É a velocidade de propagação da reação de decomposição ao longo
de uma coluna explosiva.
Pressão de detonação : A energia produzida na detonação de um explosivo propaga-se
rapidamente através do meio (ar ou água) formando uma onda mecânica, com elevada pressão
dinâmica e velocidade supersônica, conhecida como onda de choque. À pressão dinâmica
causada pela propagação da onda de choque dá-se o nome de pressão de detonação
 

7
1.1.3 Classificação e propriedades dos explosivos
Explosivos químicos tradicionais contêm oxigênio, nitrogênio e elementos
combustíveis como carbono e hidrogênio. O oxigênio geralmente encontra-se ligado ao
nitrogênio nos grupos NO (fulminato de mercúrio- C2O2N2Hg) , NO2 (trinitrotolueno-
C7H5N3O6 ; estifinato de chumbo - C6 H3 N3 O9 Pb) e NO3 (nitropenta- C5H8N4O2), exceto por
alguns compostos explosivos que não contêm oxigênio, como por exemplo a azida de chumbo
(PbN3). A decomposição explosiva é caracterizada por uma grande quantidade de energia,
que gaseifica a maior parte dos produtos formados, tais como C O2 (g), H 2 O e N2.
Tais substâncias podem ser classificadas de várias formas, dentre as quais serão
abordadas : classificação de acordo com sua natureza química, velocidade de reação e
empregos.
1.1.3.1 Classificação quanto à natureza química
Os explosivos podem ser divididos em três grupos dependendo de sua natureza
química: explosivos químicos (como o trinitrotolueno) , mecânicos (como a pólvora negra) ou
mistos (como a dinamite). Explosivos químicos contêm grupos moleculares que conferem a
eles propriedades explosivas (grupos explosóforos). Esses grupos são nitrocompostos, ésteres
nítricos, azidas, nitroaminas, fulminatos, acetileno ou acetiletos metálicos, dentre outros. A
classificação quanto à constituição não fornece nenhuma informação sobre a velocidade do
explosivo.
1.1.3.2 Classificação quanto à fase em que se encontram
Substâncias explosivas podem estar nas fases sólida (TNT), líquida (nitrometano) ou
gasosa (acetileno e oxigênio).
1.1.3.3 Classificação pela velocidade de reação
a) Altos explosivos:
Altos explosivos são aqueles que detonam, gerando uma onda de choque, a qual é
responsável pela fragmentação da carga explosiva. Dividem-se em explosivos primários e
secundários. Decompõem-se na faixa de 1500 a 9000 m/s e produzem grandes volumes de
gases e considerável calor a pressões altas.
b) Baixos explosivos:
Baixos explosivos são aqueles que possuem baixas velocidades de propagação e,
mesmo quando confinados, queimam-se progressivamente em um intervalo de tempo muito
8
longo. Esses explosivos deflagram, com velocidade de reação que aumenta aproximadamente
em proporção direta à pressão. Correspondem às pólvoras, compostos pirotécnicos e
propulsores para artilharia e fogos de artifício. Podem ser divididos em propelentes e
pirotécnicos.
1.1.3.4 Classificação quanto ao emprego
Explosivos primários ou iniciadores:
São explosivos que detonam quaisquer que sejam as condições de iniciação e
emprego, sendo utilizados com o fim de iniciar a decomposição de outros explosivos menos
sensíveis, os secundários. A transição entre a queima e a detonação é muito rápida para esses
explosivos, e ocorre ao serem submetidos a calor ou choque, tendo suas moléculas dissociadas
e produzindo grande quantidade de calor, o que acarreta na iniciação de um outro explosivo
mais estável.
Os explosivos primários apresentam um elevado grau de sensibilidade à iniciação por
meio de choques, fricção, centelha elétrica ou altas temperaturas e explodem estando ou não
confinados.
No presente trabalho, serão considerados os seguintes explosivos primários:
a) Fulminato de mercúrio;
b) Azida de chumbo;
c) Estifinato de chumbo;
d) Diazodinitrofenol (DDNP).
Explosivos secundários ou de ruptura:
São explosivos menos sensíveis que os primários, uma vez que requerem uma
quantidade substancialmente mais elevada de energia para serem iniciados. Por esse motivo,
são mais seguros de manusear, além de possuírem uma ampla variedade de aplicações. Podem
detonar ou deflagrar, dependendo da natureza de iniciação e modo de emprego. Podem ser
iniciados a partir do choque gerado pela detonação de um explosivo primário. Durante a
iniciação, o explosivo secundário se decompõe em produtos mais estáveis. Para o RDX, por
exemplo, a detonação é tão rápida que uma onda de choque de alta brisância é gerada.
No presente trabalho, serão considerados os seguintes explosivos secundários:
a) Trinitrotolueno (TNT);
b) Tetranitrato de pentaeritritol (PETN);
c) Hexogeno (RDX);
d) Octogeno (HMX);

9
e) Hexanitroestilbeno (HNS).

Propelentes:
São substâncias químicas puras ou misturas de substâncias químicas que reagem
quando corretamente iniciadas por calor, gerando gases a alta temperatura. Os propelentes
produzem energia de forma controlada, capaz de impulsionar projéteis de armas e foguetes.
Pirotécnicos:
São misturas de substâncias químicas capazes de, quando corretamente
iniciadas, sofrer combustão para produzir um efeito especial (calor, luz, fumaça ou som). As
composições pirotécnicas são constituídas por combustíveis e oxidantes misturados
com aditivos para produzir o efeito especial desejado. 
1.2 Estimativa das propriedades dos altos explosivos por meio da estrutura química
Propriedades dos altos explosivos tais como densidade teórica máxima, velocidade de
detonação à densidade teórica máxima e pressão de detonação podem ser estimadas
conhecendo-se sua fórmula estrutural. A pressão de detonação é obtida a partir do
conhecimento da densidade e da velocidade de detonação.

1.2.1 Fórmula para a densidade teórica máxima

Obtida em função do percentual de hidrogênio em massa nas moléculas orgânicas


explosivas. É estimada para 20 0C e sua unidade é g/cm3.
ρ = ai –ki H (1)

,onde ai e ki são constantes que dependem da estrutura da molécula explosiva. H (porcentagem


de peso de hidrogênio na molécula explosiva) deve ser maior que zero e menor que 6% .

O método a seguir, em que as substâncias explosivas foram separadas em grupos, foi


idealizado por Eremenko (COOPER, Paul W. Explosives Engineering, 6 ed, 2007,pag.67) e
permite a estimativa da densidade teórica máxima com erros entre 2 e 3% .

Grupo I: líquidos alifáticos com substituintes distribuídos simetricamente ao redor


da cadeia principal. Também inclui moléculas com dois ou mais tipos de substituintes, mesmo
que não exatamente simétricos. Exemplo: 1,3-dinitropropano; 2,2-dinitropropano.

ρ = 1,78 – 0,096H (2)

10
a) Grupo II: líquidos alifáticos com substituintes dispostos assimetricamente ao
redor da cadeia principal. Exemplo: 1,1- dinitropropano.

ρ = 1,584- 0,067H (3)

b) Grupo III: compostos sólidos, acíclicos, alifáticos, contendo apenas substituintes


nitro ou nitrato. Exemplo : PETN.

ρ = 2,114 -0,169H (4)

c) Grupo IV: compostos sólidos, acíclicos, alifáticos, contendo os grupos estruturais


da figura 1.2.1.
ρ = 2,114- 0,151H (5)

Figura 1.2.1 Grupos estruturais dos compostos cuja densidade é dada pela
equação (5): alquilamina e alquilamida, respectivamente.

d) Grupo V: nitroaminas sólidas, acíclicas, alifáticas e secundárias, contendo grupos


etilenonitrato ou 2,2-dinitropropil, de acordo com a figura 1.2.2.
ρ = 2,114-0,134H (6)

Figura 1.2.2 Grupos estruturais de nitroamina secundária, etilenonitrato e 2,2-


dinitropropil, respectivamente.

e) Grupo VI: nitratos de aminas primárias e nitroaminas sólidas, alifáticas e


acíclicas. Exemplo: nitroaminas primárias que estão no final da cadeia alifática.
ρ = 2,118 -0,103H (7)

11
f) Grupo VII: compostos sólidos, alifáticos e cíclicos que contém oxigênio como um
dos membros do anel.
ρ = 2,085 -0,143H (8)

g) Grupo VIII: compostos alifáticos cíclicos sólidos que contém nitrogênio ou


nitrogênio e oxigênio na cadeia cíclica. Alguns exemplos são RDX, HMX e
Sorguil.
ρ = 2,086 -0,093H (9)

h) Grupo IX: nitrazalcanos normais, sólidos.


ρ = 2,114 – 0,114H (10)

i) Grupo X: compostos contendo substituintes não hidrogenados em anel aromático


ou sistemas de anéis aromáticos condensados ou articulados. Os átomos na cadeia
devem ser apenas os seguintes átomos ou combinação entre eles: carbono,
hidrogênio, nitrogênio, oxigênio, cloro ou flúor. Exemplo: HNS.
ρ = 1,948 -0,141H (11)

j) Grupo XI: Hidrocarbonetos aromáticos, compostos aromáticos heteroatômicos,


bem como compostos do grupo X, que possuem substituintes ou funções.
Exemplo: TNT.
ρ = 1,954 -0,130H (12)

k) Grupo XII: Anilinas com anel substituído ou heterocompostos com mais de um


substituinte ou função com nitrogênio de amina. Exemplo: TNA.
ρ = 1,984 -0,124H (13)

l) Grupo XIII: Compostos aromáticos com substituintes que formam ligações de


hidrogênio intramoleculares uni ou bidimensionais.
ρ = 2,094- 0,132H (14)

1.2.2 Estimativa da velocidade de detonação à densidade teórica máxima


O método a seguir para a determinação da velocidade de detonação de um explosivo à
densidade teórica máxima, desenvolvido por L.R Rothstein (COOPER, Paul W. Explosives
Engineering, 6 ed, 2007,pag.73) , é baseado em cálculos empíricos , de acordo com a estrutura
molecular da substância explosiva. Duas funções devem ser calculadas para encontrar a
velocidade de detonação D’ à densidade teórica máxima : a primeira é a função química
12
estrutural, dada pela equação 15, que conduz ao fator F; a segunda é uma equação linear que
relaciona F e D’, dada pela equação 18. O método apresenta resultados satisfatórios, com erro
aproximado de 3,5% para 99% de 80 explosivos testados.

F=100 ( ψMW+ϕ )−G (15)

ϕ =n ( O )+ n ( N )+ n ( F )− ( n ( H )−n(HF )
2 n(O) ) (16)

ψ=
A

n ( BF ) − n ( C ) − n( D ) − n(E) (17)
3 1,75 2,5 4 5

,onde:

- n(O) é o número de átomos de oxigênio na molécula;

- n(N) é o número de átomos de nitrogênio na molécula;

- n(H) é o número de átomos de hidrogênio na molécula;

- n(F) é o número de átomos de flúor na molécula;

- n(HF) é o número de moléculas de fluoreto de hidrogênio na molécula que podem se formar


a partir de hidrogênio disponível;

- n(B/F) é o número de átomos de oxigênio em excesso dos disponíveis para formar CO 2 e


H2O ou número de átomos de flúor em excesso dos disponíveis para formar HF;

- n(C) é o número de átomos de oxigênio que fazem ligação dupla diretamente com o
carbono;

- n(D) é o número de átomos de oxigênio que fazem ligação simples diretamente com o
carbono e com um grupo que não seja éster de nitrato ao mesmo tempo.

- n(E) é o número de grupos nitrato existente como ésteres nítricos ou sais de ácido nítrico.

Nas equações acima, devemos utilizar as seguintes condições de contorno:

13
a) Se o composto for aromático, A =1. Caso contrário, A =0.
b) G = 0,4 para explosivos líquidos, e G = 0 para explosivos sólidos.
c) Se n(O) = 0, ou se n(HF) > n(H), o termo do maior parênteses na equação (16) se
anula.
Tendo obtido o valor do fator F, a velocidade de detonação D’ à máxima densidade teórica é
encontrada por:

' F−0,26
D=
0,55
(18)

Geralmente, trabalha- se com explosivos abaixo da densidade teórica máxima, sendo


necessário, portanto, corrigir o valor de D’ para o valor a essa densidade.

1.2.3 Velocidade de detonação em função da densidade

A velocidade de detonação do explosivo é afetada pela sua densidade. Para a maioria


dos explosivos, a relação entre a velocidade de detonação D e a sua densidade é
aproximadamente linear (COOPER, Paul W. Explosives Engineering, 6 ed, 2007,pag.76).

D=a+bρ (19)

, onde a e b são constantes empíricas específicas para cada explosivo.

Se D é conhecida para certa densidade, então pode ser estimada para outra densidade.
Basta, para isso, que se conheça o valor de b.

Sejam D 1=a+b ρ1 e D2=a+b ρ2. Então, tem-se que: (D 1−D2 )=b ( ρ1−ρ2 ).

Para a maioria dos casos, como a densidade varia pouco, podemos tomar b = 3. Tal
aproximação é baseada no valor médio para explosivos de referência, e é boa quando a
variação de densidade se situa entre 10% e 15%.

D 1=D2 +3( ρ1−ρ2 ) (20)

Se a velocidade for à máxima densidade teórica, e procuramos a velocidade de


detonação a uma densidade mais baixa, então:

D=D ' −3(TDM −ρ) (21)

14
1.2.4 Estimativa da velocidade de detonação de misturas explosivas
Na década de 1940, Manny Urizer (COOPER, Paul W. Explosives Engineering, 6 ed,
2007,pag.77) descobriu que, adicionando as velocidades de detonação referentes aos volumes
parciais, pode-se chegar à velocidade de detonação para uma mistura de explosivos, de acordo
com a equação 22:

D mix =∑ Di V i (22)

, onde Dmix é a velocidade de detonação da mistura, Di é a velocidade de detonação à


densidade teórica máxima de cada componente explosivo, ou a velocidade característica de
componentes não explosivos. Vi é a fração volumétrica de cada componente.

A fórmula é aplicável não apenas para misturas de explosivos, mas também para misturas
explosivas com oxidantes adicionais, cargas inertes e até mesmo espaço vazio. Isso é feito
atribuindo-se uma velocidade característica aos ingredientes não explosivos. A tabela a seguir
fornece a velocidade característica de vários ingredientes não explosivos.

15
Tabela 1.2.1 Velocidades características (COOPER, Paul W. Explosives Engineering, 6
ed, 2007,pag.78).

16
17
Urizer (COOPER, Paul W. Explosives Engineering, 6 ed, 2007,pag.77)assume que o
ar ou espaço vazio são também ingredientes , logo D’ deve ser usado apenas para os
componentes explosivos.

Esse método também fornece uma forma mais apurada de estimar velocidades de
detonação de explosivos puros em densidades diferentes da densidade teórica máxima se a
velocidade D’ é conhecida. Para tal, devemos utilizar a velocidade característica do espaço
vazio, listada como 1,5 km/s na tabela 1.2.1, considerando uma mistura explosiva que
consiste apenas de explosivo e espaço vazio:

D=D '
( ρ ρ )+1,5(1− ρ ρ )
TDM TDM
(23)

( )
'
D −1,5
D=1,5+ ρ (24)
ρ TDM

A equação (24) se aplica a quase toda a gama de densidades possíveis, enquanto que a
equação (21) é adequada apenas para variações de 10 a 15% na densidade (COOPER, Paul W.
Explosives Engineering, 6 ed, 2007,pag.77).

1.2.5 Estimativa da pressão de detonação


A pressão de detonação, ou pressão de Chapman – Jouguet (COOPER, Paul W.
Explosives Engineering, 6 ed, 2007,pag.79) pode ser estimada a partir do uso da seguinte
fórmula :

ρ D2
PCJ = (25)
γ +1

-PCJ é a pressão de detonação em GPa;

-ρ é a densidade de explosivo que não reagiu, em g/cm3.

- γ é a razão de calores específicos dos produtos gasosos da detonação.

- D é a velocidade de detonação em km/s.

Para a maioria dos explosivos, a composição dos produtos é bastante similar, contendo
moléculas como H 2 O(g ), CO(g ), C O2 (g) e N 2 (g) . Dessa forma, para valores de densidades entre
1 e 1,8; γ é aproximadamente igual a 3 (COOPER, Paul W. Explosives Engineering, 6 ed,
2007,pag.79).
18
A equação fica, então:

2
ρD
PCJ = (26)
4

1.3 Estimativa das propriedades da detonação baseada nas propriedades termoquímicas


dos explosivos

O método de Kamlet-Jacobs (COOPER, Paul W. Explosives Engineering, 6 ed,


2007,pag.159) assume que há uma hierarquia de formação dos produtos da reação de
detonação de explosivos CHON, sendo o C O2 (g) o único produto formado da oxidação do
carbono, e a água ainda formada primeiro. A reação genérica para um explosivo com balanço
de oxigênio negativo pode ser escrita como :

C x H y N w Oz → ( w2 ) N +( 2y ) H O +[( 2z )−( 4y )] C O
2 (g) 2 (g ) 2 ( g)
+[x− ( 2z )+( 4y )] C
Para um explosivo com balanço de oxigênio nulo:

C x H y N w Oz → ( w2 ) N +( 2y ) H O
2 (g) 2 (g )
+ xC O2 ( g)

Para um explosivo com balanço de oxigênio positivo :

C x H y N w Oz → ( w2 ) N +( 2y ) H O
2 (g) 2 (g )
+ xC O2 ( g) +[ ( 2z )−x−( 4y )]O 2 (g)

1.3.1 Velocidade de detonação


A estimativa da velocidade de detonação através do método de Kamlet – Jacobs é feita
utilizando-se a hierarquia de produtos e o calor de detonação, ΔHd0:

[ ] (1+ B ρ )
1
1 1
D= A N M ( −Δ H
2
(27)
2
d)
0 2
0

,onde :

- D é a velocidade de detonação em mm/μsec;

- A é a constante 1,01;

- N é o número de mols de gás por grama do explosivo original;

- M é a quantidade grama de gases/mols de gases;


19
- ΔHd0 é a variação de entalpia da reação de decomposição explosiva, em cal/g.

- B é a constante 1,3 e

- ρ0 é a densidade da parte do explosivo original que não reagiu ,em g/cm3.

1.3.2 Pressão de detonação

A pressão de detonação pelo método de Kamlet-Jacobs usa os mesmos parâmetros acima e é


dada por:

1 1

PCJ =K ρ0 N M 2 ( −Δ H d )
2 0 2 (27)

,onde PCJ é a pressão de detonação em kbar e K é a constante 15,85.

Modificações no método de Kamlet-Jacobs

Modificações no método de Kamlet-Jacobs serão possíveis à medida que se adotem


diferentes hierarquias de formação para os produtos de detonação. As diferenças entre os
valores de M e N para as duas hipóteses de hierarquia se aproximam de zero quando o
balanço de oxigênio se aproxima de zero, sendo estes valores idênticos para explosivos com
balanço de oxigênio positivo.

Dados experimentais indicam que deve-se utilizar como produto predominante o CO


em baixas densidades e o CO2 a densidades elevadas. Outro ponto é que, tendo-se a
velocidade D, será possível estimar a pressão de detonação por PCJ = ρ0 D2/4 , já que tal
estimativa conduz a valores muito próximo dos encontrados pelo método de Kamlet-Jacobs.

2 ESTIMATIVA DAS PROPRIEDADES DE DETONAÇÃO DE ALGUNS ALTOS


EXPLOSIVOS
2.1 Explosivos primários ou iniciadores:
As propriedades de explosivos primários foram determinadas utilizando-se o método
de Kamlet-Jacobs descrito acima, sobretudo pela dificuldade em se determinar o grupo aos
quais esses tipos de explosivos pertencem. Esse método exigiu que fosse utilizada a teoria de
termoquímica dos explosivos, havendo a necessidade de estabelecer os produtos formados na
reação de detonação de cada substância. Para tal, a teoria complementar de Kamlet- Jacobs
(COOPER, Paul W. Explosives Engineering, 6 ed, 2007,pag.159) foi adotada :
Em uma detonação real, a composição dos produtos não é sempre a mesma para o
mesmo explosivo. Alguns fatores como densidade inicial e temperatura, grau de
20
confinamento, tamanho da partícula, dimensões e forma da carga podem influenciar a
formação de produtos. Quando informações sobre a reação de detonação e sua entalpia não
estão disponíveis, elas podem ser estimadas utilizando-se a regra de hierarquia dos produtos,
que estabelece:
a) Todo o nitrogênio forma N2;
b) Todo o hidrogênio reage com o oxigênio disponível para formar água;
c) Todo o oxigênio restante após a etapa 2 reage com carbono formando CO(g);.
d) Todo oxigênio restante da etapa 3 reage com carbono formando CO2(g) .
e) Qualquer excesso de oxigênio forma O2(g);
f) Qualquer excesso de carbono forma C(s).
Utilizando-se a abordagem descrita na introdução teórica desse material, calculam-se
duas propriedades importantes dos explosivos primários: velocidade máxima de detonação e
pressão de detonação.
2.1.1 Fulminato de Mercúrio
O fulminato de mercúrio é um alto explosivo primário, extremamente sensível ao
impacto e à fricção, sendo também facilmente detonado por faíscas ou chamas. Tem suas
propriedades alteradas pela adição de água, além de ser sensível à luz solar. Ao se decompor,
caracteristicamente, o faz por grande desprendimento de gases. É extremamente tóxico e
insolúvel em água.

Uma das mais importantes propriedades explosivas do fulminato de mercúrio é sua


fácil detonação, uma vez que o processo já tenha sido iniciado.

Figura 2.1.1 : fórmula estrutural do fulminato de mercúrio, Hg(CNO)2.

Com base na teoria de Kamlet-Jacob, pode-se calcular a velocidade de detonação


teórica máxima bem como a pressão de detonação para o fulminato de mercúrio através de
suas propriedades termoquímicas.

1. Utilizando-se da regra de hierarquia dos produtos, com a condição da formação óxido de


mercúrio:
21
Hg(CNO)2(s) → N2(g) + CO(g) +HgO(s) + C(s)

Os dados disponíveis no Handbook Meyer [2]


fornecem: Hf0 (N2) = 0; Hf0 (C) = 0; Hf0
(HgO) = -21,69 kcal/mol; Hf0 (CO) = -26,42 kcal/mol; Hf0 (Hg(CNO)2) = 64,03kcal/mol.

Pela variação de entalpia:

ΔHd0 = Hf0 (N2) + Hf0 (HgO) + Hf0 (CO)+ Hf0 (C) - Hf0 (Hg(CNO)2)

ΔHd0 = 0 + 0 + (-21,69) + (-26,42) – 64,03 = -112,14 kcal/mol

ΔHd0 = -394 cal/g

2. O número de mols de gás produzido por mol de explosivo é ( 1 + 1) = 2. Como a massa


molecular do fulminato é de 284,6g/mol, temos que:
N = 2/284,6 = 0,007026
3. A massa molar do gás resultante é obtida pela média das massas molares dos gases
ponderadas pela sua quantidade no produto da reação.
M = (1*28 + 1*28)/2 = 28g/mol.
4. A densidade obtida do explosivo no Meyer é de ρ0 = 4,42 g/cm3.

Determinação da velocidade teórica máxima:

[ ] (1+ B ρ )
1
1 1
2
D= A N M ( −Δ H
2 0 2
d ) 0

Substituindo-se os dados numéricos levantados, tem-se:

D = 1,01[ 0,007026 . 5,2915 . 19,877]1/2(1+1,3.4,42) = 5,857 km/s .

Determinação da pressão de detonação:

1 1

PCJ =K ρ0 N M ( −Δ H )
2 2 0 2
d

PCJ = 15,85. (4,42)2. 0,00706. 5,2915. 19,849 = 229,61 kbar

2.1.2 Azida de chumbo


A azida de chumbo não é solúvel em água, é resistente ao calor e a umidade, além de
não ser sensivelmente higroscópica.

22
Figura 2.1.2 : estrutura química da azida de chumbo, Pb(N3)2

Com base na teoria de Kamlet-Jacobs, pode-se calcular a velocidade de detonação


teórica máxima bem como a pressão de detonação para a azida de chumbo através de suas
propriedades termoquímicas.

1. Utilizando a regra de hierarquia dos produtos:

Pb(N3)2(s) → Pb(s) + 3N2(g)

Os dados obtidos no Handbook Meyer[2] fornecem:

Hf0 (N2) = 0; Hf0 (Pb) = 0; Hf0 (Pb(N3)2 ) = 114 kcal/mol

Pela variação de entalpia:

ΔHd0 = 3Hf0 (N2) + Hf0 (Pb) - Hf0 (Pb(N3)2 ) = -114 kcal/mol

ΔHd0 = -391,35 cal/g

2. O número de mols de gás produzido por mol de explosivo é 3, pois há somente formação
do N2. Como a massa molecular da azida é de 291,3 g/mol, temos que:
N = 3/291,3 = 0,01029
3. A massa molar do gás resultante da reação é a massa molecular do N 2, pois há somente
formação deste gás. Logo:
M = 28 g/mol.
4. A densidade obtida do explosivo no Meyer[2] é de ρ0 = 4,8 g/cm3.

Determinação da velocidade teórica máxima:

[ ] (1+ B ρ )
1
1 1
2
D= A N M ( −Δ H
2
d)
0 2
0

23
Substituindo-se os dados numéricos levantados, porém para uma densidade de 4,6
g/cm3, para poder comparar com o dado da literatura, tem-se:

D = 1,01[ 0,01029 . 5,2915 . 19,7825]1/2(1+1,3.4,6) = 7,31670 mm/ μs = 7,3167 km/s .

Determinação da pressão de detonação:

1 1

PCJ =K ρ0 N M ( −Δ H )
2 2 0 2
d

PCJ = 15,85. (4,6)2. 0,01029. 5,2915. (391,35)1/2 = 361,26 kbar

2.1.3 Estifinato de chumbo


O estifinato de chumbo (também conhecido como 2,4,6-trinitroressorcinato) é um
explosivo primário, é praticamente insolúvel em água e na maioria dos solventes orgânicos e é
extremamente estável na temperatura ambiente e é não higroscópico.

Figura 2.1.3 : fórmula estrutural do estifinato de chumbo, C6H3N3O9Pb.

Com base na teoria de Kamlet-Jacob, pode-se calcular a velocidade de detonação


teórica máxima bem como a pressão de detonação para o estifinato de chumbo através de suas
propriedades termoquímicas.

1. Através da regra de hierarquia dos produtos:

4C6 H3 N3 O9 Pb(s) → 4 PbO(s) + 6N2(g) +6 H20(g) +23 CO(g) + 1CO2(g)

Os dados obtidos no Handbook Meyer[2] fornecem:


Hf0 (N2) = 0; Hf0 (PbO) = -52,129 kcal/mol; Hf0 (H2O ) = -57,8 kcal/mol; Hf0 (CO) = -26,42
kcal/mol; Hf0 (CO2) = -94,05 kcal/mol; Hf0 (C6 H3 N3 O9 Pb)= -200 kcal/mol

Pela variação de entalpia:

24
ΔHd0 = 6Hf0 (N2) + 4Hf0 (PbO) + 6Hf0 (H2O) + 23Hf0 (CO) + Hf0 (CO2) – 4 Hf0 (C6 H3 N3 O9 Pb)

ΔHd0= 6*0 + 4*(-52,129) + 6*(-57,8) + 23*(-26,42) + (-94,05) – 4*(-200) = -457 kcal/mol

Para 1 mol de estifinato de chumbo : ΔHd0 = -114,25kcal/mol

ΔHd0 = -243,96 cal/g

2. O número de mols de gás produzido a cada 4 mols de explosivo é 6 + 6 + 23 + 1 = 36.


Como a massa molecular do estifinato é de 468,3 g/mol, temos que:
N = 36/4.468,3 = 0,0192
3. A massa molar do gás resultante é obtida pela média das massas molares dos gases
ponderadas pela sua quantidade no produto da reação.
M = (6*28 + 6*18+ 23*28 + 1*44)/36 = 26,77g/mol.
4. A densidade obtida do explosivo no Meyer[2] é de ρ0 = 3 g/cm3.

Determinação da velocidade teórica máxima:

[ ] (1+ B ρ )
1
1 1
2
D= A N M ( −Δ H )
2 0 2
d 0

D = 1,01[ 0,0192 . 5,1739 . 15,6194]1/2(1+1,3.3) = 6,164 mm/ μs = 6,164 km/s .

Determinação da pressão de detonação :

1 1

PCJ =K ρ0 N M ( −Δ H )
2 2 0 2
d

PCJ = 15,85. (3)2. 0,0192. 5,1739. 15,6194 = 221,337 kbar

2.1.4 Diazodinitrofenol (DDNP)


O diazodinitrofenol é um explosivo moderadamente solúvel em água e solúvel em
metanol e etanol. Ele rapidamente escurece na presença de luz solar.

25
Figura 2.1.5 :estrutura química para o DDNP.

Com base na teoria de Kamlet-Jacobs, pode-se calcular a velocidade de detonação


teórica máxima bem como a pressão de detonação para o DDNP através de suas propriedades
termoquímicas.

1. Utilizando a regra de hierarquia dos produtos:

C6H2N4O5(s) → 4CO(g) + H2O(g) + 2N2(g) + 2C(s)

Os dados obtidos no Handbook Meyer[2] fornecem:

Hf0 (N2) = 0 kcal/mol; Hf0 (CO) = -26,42 kcal/mol; Hf0 (H2O ) = -57,8 kcal/mol; Hf0 (C)
= 0 kcal/mol; Hf0 (C6 H2N4 O5) = 46,39 kcal/mol

Pela variação de entalpia:

ΔHd0 = 2Hf0 (N2) + 4Hf0 (CO) + Hf0 (H2O) + 2Hf0 (C) – Hf0 (C6H2N4O5)

ΔHd0 = 2*(0) + 4*(-26,42) + (-57,8) +2*(0) – (46,39) = 209,87 kcal/mol

ΔHd0 = -998,9 cal/g

2. O número de mols de gás produzido a cada mol de explosivo é 4 + 1 + 2 = 7. Como a


massa molecular do DDNP é de 210,1 g/mol, temos que:
N = 7/210,1= 0,0333
3. A massa molar do gás resultante é obtida pela média das massas molares dos gases
ponderadas pela sua quantidade no produto da reação.
M = (4*28 + 1*18+ 2*28)/7 = 26,57g/mol
4. A densidade obtida do explosivo no Meyer[2] é de ρ0 = 1,63 g/cm3.

26
Determinação da velocidade teórica máxima:

[ ] (1+ B ρ )
1
1 1
2
D= A N M ( −Δ H )
2 0 2
d 0

D = 1,01[ 0,0333 . 5,1547 . 31,6]1/2(1+1,3.1,63) = 7,3367 mm/ μs = 7,336 km/s .

Determinação da pressão de detonação:

1 1
PCJ =K ρ0 N M ( −Δ H )
2 2 0 2
d

PCJ = 15,85. (1,63)2. 0,0333. 5,1547. (998,9)1/2 = 228,461 kbar

2.2 Explosivos secundários ou de ruptura


A fim de se calcular as propriedades dos altos explosivos secundários, foi utilizado o
método baseado na estrutura molecular do explosivo.
2.2.1 TNT
O TNT (trinitrotolueno) pode existir em seis diferentes isômeros. O mais utilizado na
indústria é o simétrico 2,4,6-trinitrotolueno.
Em 1863, Wilbrand preparou pela primeira vez uma mistura contendo os isômeros do
TNT. Porém, somente cerca de 20 anos depois, Claus e Becker determinaram corretamente a
fórmula química do TNT.

Figura 2.2.1 : fórmula estrutural do TNT (C7H5N3O6).

O TNT é praticamente insolúvel na água, parcialmente solúvel em álcool e solúvel em


benzeno, tolueno e acetona. Ele é muito estável, neutro e não reage com metais.
Determinação da densidade teórica máxima:
Como o TNT é um composto aromático que possui substituintes e funções no seu anel
aromático, pertence ao Grupo XI, o qual possui o seguinte cálculo para sua densidade:

27
ρ = 1,954 -0,130H

Massa de hidrogênio: m = 5. 1,008 g/mol de TNT.

Massa molar do TNT: MM = 227,1 g/mol

H = 100. 5,04/ 227,1 = 2,2192

ρ = 1,954 -0,130. 2,2192 = 1,954 -0,2862 = 1,6654 g/cm3

ρ = 1,6654 g/cm3

Determinação da velocidade de detonação à densidade teórica máxima:

Para o TNT,

n(O) = 6

n(N) = 3

n(H) = 5

n(F) = 0

n(HF) = 0

n( H )
Supondo combustão completa para o TNT, teríamos n(O)= 2n(C) + , porém verifica-se
2
que n(O) = 6 e 2n(C) + n(H)/2= 14 + 2,5 = 16,5. Dessa forma, há um balanço negativo de
oxigênio.

n(B/F) = 0, pois faltam átomos de oxigênio.

n(C) = 0, pois não há oxigênio formando ligação dupla com carbono.

n(D) = 0, pois não há oxigênio formando ligação simples com carbono e com um grupo que
não seja éster de nitrato ao mesmo tempo.

n(E)= 0, pois não há grupos de nitrato existentes como ésteres nítricos ou sais de ácido
nítrico.

Como o composto é aromático e sólido, tem-se A=1 e G= 0.

28
ϕ =n ( O )+ n ( N )+ n ( F )− ( 2 n(O) )
n ( H )−n(HF )
→ ϕ =6+3+0− ( )
5−0
12
→ ϕ = 8,583

A
ψ= −
n ( BF ) − n ( C ) − n( D ) − n(E) 1
→ ψ= −
0

0 0 0
− −
3 1,75 2,5 4 5
→ψ = 0,3333
3 1,75 2,5 4 5

F=100 ( ψMW+ϕ )−G → F=100 ( 8,583+0,3333


227,1 )−0 → F = 3,926

Chega-se, então, à velocidade de detonação:

' F−0,26
D=
0,55

' 3,926−0,26
D= → D’ = 6,665 Km/s
0,55

Determinação da pressão de detonação:

2
ρD
PCJ =
4

ρ = 1,6654 g/cm3

D = 6,665 Km/s

PCJ = 18,4952 GPa

2.2.2 PETN
PETN é muito estável, insolúvel em água, parcialmente solúvel em álcool, éter, e
benzeno e solúvel e acetona. Esse explosivo é um dos mais poderosos e brisantes explosivos,
sua estabilidade é satisfatória e sua sensitividade é moderada.

29
Figura 2.2.2: fórmula estrutural do PETN.

Determinação da densidade teórica máxima:


Como o PETN é um composto sólido, não cíclico, alifático, contendo apenas
substituinte nitrato ele pertence ao Grupo III, tendo a seguinte fórmula para sua densidade:

ρ = 2,114 -0,169H

Massa de hidrogênio: m = 8. 1,008 g/mol de PETN.

Massa molar do PETN: MM = 316.1 g/mol

H = 100 . 8,064/ 316.1 = 2,5511

ρ = 1,954 -0,130. 2,2192 = 1,954 -0,2862 =1,6828 g/cm3.

ρ = 1,6828 g/cm3

Determinação da velocidade de detonação à densidade teórica máxima:

Para o PETN,

n(O) = 12

n(N) = 4

n(H) = 8

n(F) = 0

n(HF) = 0

30
n(H )
Supondo combustão completa para o PETN, teríamos n(O)= 2n(C) + , porém verifica-
2
se que n(O) = 6 e 2n(C) + n(H)/2= 10 + 4 = 14 . Dessa forma, há um balanço negativo de
oxigênio.
n(B/F) = 0, pois faltam átomos de oxigênio.
n(C) = 0, pois não há oxigênio formando ligação dupla com carbono.

n(D) = 0, pois não há oxigênio formando ligação simples com carbono e com um grupo que
não seja éster de nitrato ao mesmo tempo.

n(E) = 4, pois não há grupos de nitrato existentes como ésteres nítricos ou sais de ácido
nítrico.

Como o composto é não aromático e sólido, tem-se A=0 e G= 0.

ϕ =n ( O )+ n ( N )+ n ( F )− ( n ( H )−n(HF )
2 n(O) )→ ϕ =12+ 4+ 0−
8−0
24( )
→ ϕ = 15,66

A
ψ= −
n ( BF ) − n ( C ) − n( D ) − n(E) →
0
ψ= −
0

0 0 4
− −
3 1,75 2,5 4 5
→ ψ = -0.8
3 1,75 2,5 4 5

F=100 ( ψMW+ϕ )−G → F=100 ( 15.66−0.8


316.1 )
−0 → F = 4,70

Chega-se, então, à velocidade de detonação:

' F−0,26
D=
0,55

' 4,7−0,26
D= → D’ = 8,0727 Km/s
0,55

Determinação da pressão de detonação:

ρ D2
PCJ =
4

ρ = 1,6828 g/cm3

31
D = 8,0727 Km/s

PCJ = 27,41 GPa

2.2.3 RDX
O Hexogeno (RDX) é atualmente provavelmente o explosivo mais importante de alta
brisância, a qual se deve principalmente sua alta densidade e alta velocidade de detonação.
Sua sensibilidade é comparável ao do PETN e é muito estável. Sua performance só é um
pouco inferior ao do Octogeno (HMX). O RDX é um explosivo secundário de fórmula
molecular C3H6O6N6, pertence ao grupo VII e tem densidade dada por:
ρ = 2,086 -0,093H

Figura 2.2.3 : fórmula estrutural do RDX.

Determinação da densidade teórica máxima:

Como o RDX é um composto com cadeia cíclica alifática que contém nitrogênio como
membro do anel, ele pertence ao Grupo VIII, logo sua densidade é dada por:

ρ = 2,086 -0,093H

Massa de hidrogênio: m = 6. 1,008 g/mol de RDX.

Massa molar do RDX: MM = 222,1 g/mol

H = 100 . 6,048/ 222,1 = 2,723

ρ = 2,086 -0,093. 2,723 = 1,8327 g/cm3

ρ = 1,8327 g/cm3

Determinação da velocidade de detonação à densidade teórica máxima:

32
Para o RDX:

n(O) = 6

n(N) = 6

n(H) = 6

n(F) = 0

n(HF) = 0

Supondo combustão completa para o RDX, teríamos n(O)= 2n(C) + n(H)/2 , porém verifica-
se que n(O) = 6 e 2n(C) + n(H)/2= 2.6 + 6/2 = 9. Dessa forma , há um balanço negativo de
oxigênio.

n(B/F) = 0, pois faltam átomos de oxigênio.

n(C) = 0, pois não há oxigênio formando ligação dupla com carbono.

n(D) = 0, pois não há oxigênio formando ligação simples com carbono e com um grupo que
não seja éster de nitrato ao mesmo tempo.

n(E)= 3, pois há 3 grupos de nitrato existentes como ésteres nítricos ou sais de ácido nítrico.

Como o composto é alifático e sólido , tem-se A=0 e G=0 .

ϕ =n ( O )+ n ( N )+ n ( F )− ( 2 n(O) )
n ( H )−n(HF )
→ ϕ =6+6+ 0−
6−0
2.6( ) → ϕ = 11,5

ψ=
A

n ( BF ) − n ( C ) − n( D ) − n ( E ) → ψ= 0 − 0

0 0 3
− −
→ψ = - 0,6
3 1,75 2,5 4 5 3 1,75 2,5 4 5

F=100 ( ψMW+ϕ )−G → F=100 ( 11,5−0,6


227,1 )
−0 → F = 4,799

Chega-se, então, à velocidade de detonação:

F−0,26
D' =
0,55

33
' 4,799−0,26
D= → D’ = 8,2527 Km/s
0,55

Determinação da pressão de detonação:

2
ρD
PCJ =
4

ρ = 1,8327 g/cm3.

D = 8,2527 Km/s

PCJ = 31,2049 GPa

2.2.4 HMX
O Octogeno (HMX) é um explosivo secundário de fórmula molecular C4H8O8N8, é
praticamente insolúvel em água e é ligeiramente sensível a impacto e fricção.

Figura 2.2.4 : fórmula estrutural do HMX, C4H8O8N8.

Determinação da densidade teórica máxima:


Como o HMX é um composto com cadeia cíclica alifática que contém nitrogênio
como membro do anel, ele pertence ao Grupo VIII, logo sua densidade é dada por:
ρ = 2,086 -0,093H

Massa de hidrogênio: m = 8. 1,008 g/mol de HMX.

Massa molar do HMX: MM = 296,2 g/mol

H = 100. 8,064/ 296,2 = 2,722

ρ = 2,086 -0,093. 2,722 = 1,8328 g/cm3.

34
Determinação da velocidade de detonação à densidade teórica máxima:

Para o HMX,

n(O) = 8

n(N) = 8

n(H) = 8

n(F) = 0

n(HF) = 0

Supondo combustão completa para o HMX, teríamos n(O)= 2n(C) + n(H)/2 , porém verifica-
se que n(O) = 8 e 2n(C) + n(H)/2= 2.4 + 8/2 = 12. Dessa forma, há um balanço negativo de
oxigênio.
n(B/F) = 0, pois faltam átomos de oxigênio.

n(C) = 0, pois não há oxigênio formando ligação dupla com carbono.

n(D) = 0, pois não há oxigênio formando ligação simples com carbono e com um grupo que
não seja éster de nitrato ao mesmo tempo.

n(E)= 4, pois há 3 grupos de nitrato existentes como ésteres nítricos ou sais de ácido nítrico.

Como o composto é alifático e sólido, tem-se A=0 e G=0.

ϕ =n ( O )+ n ( N )+ n ( F )− ( 2 n(O) )
n ( H )−n( HF )
→ ϕ=8+ 8+0−
8−0
2.8 ( ) → ϕ = 15,5

ψ=
A

n ( BF ) − n ( C ) − n( D ) − n ( E ) → ψ= 0 − 0

0 0 4
− −
→ψ = - 0,8
3 1,75 2,5 4 5 3 1,75 2,5 4 5

F=100 ( ψMW+ϕ )−G→ F=100 ( 15,5−0,8


296,2 )
−0 → F = 4,9628

Chega-se, então, à velocidade de detonação:

' F−0,26
D=
0,55
35
' 4,9628−0,26
D= → D’ = 8,55 Km/s
0,55

Determinação da pressão de detonação:

2
ρD
PCJ =
4

ρ = 1,8328 g/cm3

D = 8,55 Km/s

PCJ = 33,4956 GPa

2.2.5 HNS
O HNS é um explosivo secundário de fórmula molecular C14H6O12N6.

ρ = 1,948 -0,141H

Figura 2.2.5 : fórmula estrutural do HNS.

Determinação da densidade teórica máxima:

Como o HNS contem substituintes não hidrogenados em anel aromático e os átomos


na cadeia são apenas combinações entre carbono, hidrogênio, nitrogênio e oxigênio, ele
pertence ao Grupo X, logo sua densidade é dada por:

ρ = 1,948 -0,141H

Massa de hidrogênio: m = 6. 1,008 g/mol de HNS.


36
Massa molar do HNS: MM = 450,1 g/mol

H = 100. 6,048/ 450,1 = 1,3437

ρ = 1,948 -0,141. 1,3433 = 1,954 -0,2862 =1,7585 g/cm3

ρ = 1,7585 g/cm3

Determinação da velocidade de detonação à densidade teórica máxima:

Para o HNS,

n(O) = 12

n(N) = 6

n(H) = 6

n(F) = 0

n(HF) = 0

Supondo combustão completa para o HNS, teríamos n(O)= 2n(C) + n(H)/2 , porém verifica-se
que n(O) = 12 e 2n(C) + n(H)/2= 2.14 + 6/2 = 31 . Dessa forma, há um balanço negativo de
oxigênio.
n(B/F) = 0, pois faltam átomos de oxigênio.

n(C) = 0, pois não há oxigênio formando ligação dupla com carbono.

n(D) = 0, pois não há oxigênio formando ligação simples com carbono e com um grupo que
não seja éster de nitrato ao mesmo tempo.

n(E) = 0, pois não há grupos de nitrato existentes como ésteres nítricos ou sais de ácido
nítrico.

Como o composto é aromático e sólido, tem-se A=1 e G=0.

ϕ =n ( O )+ n ( N )+ n ( F )− ( n ( H )−n(HF )
2 n(O) )→ ϕ=12+6+0−
6−0
2.12 ( ) → ϕ = 17,75

ψ=
A

n ( BF ) − n ( C ) − n( D ) − n ( E ) → ψ= 1 − 0 0
− − −
0 0 →ψ = 0,3333
3 1,75 2,5 4 5 3 1,75 2,5 4 5

37
F=100 ( ψMW+ϕ )−G→ F=100 ( 17,75+0,3333
450,1 )−0 → F = 4,018

Chega-se, então, à velocidade de detonação:

F−0,26
D' =
0,55

' 4,018−0,26
D= D’ = 6,833 Km/s
0,55

Determinação da pressão de detonação:

ρ D2
PCJ =
4

ρ = 1,7585 g/cm3

D = 6,833 Km/s

PCJ = 20,5260 GPa

3 ANÁLISE DOS RESULTADOS

3.1 RESULTADOS REFERENTES AOS ALTOS EXPLOSIVOS PRIMÁRIOS

Tabela 3.1: Comparação das velocidades de detonação dos altos explosivos primários
Explosivo Velocidade Velocidade de Erro percentual Pressão de
de detonação detonação detonação estimada
estimada Handbook
Meyer / Military
Explosives
Fulminato de 5,857 km/s 5,4km/s 8,467% 229,61 kbar
Mercúrio
Azida de 7,316 km/s 5,3 km/s 38,05% 361,26 kbar
Chumbo
Estifinato de 6,164 km/s 5,2 km/s 18,53% 221,337 kbar
Chumbo
Diazodinitrofenol 7,336 km/s 6,6 km/s 11,16% 228,461 kbar
DDNP

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Para os altos explosivos primários, o método de Kamlet-Jacobs utilizado para a
estimativa de propriedades foi satisfatório, fornecendo valores de velocidades de detonação
com erros percentuais razoáveis. No entanto, a aplicação do método à azida de chumbo
conduziu a um erro discrepante. Para esse explosivo, sugere-se utilizar um outro método ou
outra reação de decomposição. As densidades teóricas máximas não foram calculadas, uma
vez que os explosivos primários não se adequaram aos grupos de Eremenko, propostos na
seção 1.2 deste trabalho, assim foram utilizadas as densidades fornecidas no Handbook
Meyer. Os valores de pressão de detonação encontrados estão dentro do esperado para
explosivos primários.

3.2 RESULTADOS REFERENTES AOS ALTOS EXPLOSIVOS SECUNDÁRIOS

Tabela 3.2.1 : Estimativa da densidade dos altos explosivos primários


Explosiv Densidade Densidade Erro Percentual
o estimada Handbook
Meyer
TNT 1,6654 g/cm3 1,654 g/cm3 0,689%
PETN 1,6828 g/cm3 1,76 g/cm3 4,38%
RDX 1,8327 g/cm3 1,82 g/cm3 0,697%
HMX 1,8328 g/cm3 1,96 g/cm3 6,489%
HNS 1,7585 g/cm3 1,74 g/cm3 1,063%

Tabela 3.2.2: Estimativa da velocidade de detonação dos altos explosivos secundários


Explosivo Velocidade Velocidade de Erro Percentual
de detonação
detonação Handbook
estimada Meyer
TNT 6,665 km/s 6,9 km/s 3,4%
PETN 8,072 km/s 8,4 km/s 3,86%
RDX 8,252 km/s 8,75 km/s 5,68%
HMX 8,55 km/s 9,1 km/s 6,04%
HNS 6,83 km/s 7,0 km/s 2,42%

Tabela 3.2.3: Estimativa da pressão de detonação dos altos explosivos secundários


Explosivo Pressão de Pressão de Erro Percentual
detonação detonação
estimada Military
Explosives
TNT 18,49 GPa 22,2 GPa 16,7%
PETN 27,41 GPa 30,0 GPa 8,63%
RDX 31,20 GPa 33,8 GPa 7,69%
39
HMX 33,49 GPa 39,0 GPa 14,12%
HNS 20,52 GPa 26,2 GPa 21,67%

Para os altos explosivos secundários, o método baseado na estrutura química do


explosivo foi utilizado com êxito, sendo possível classificar cada um dos explosivos nos
grupos de Eremenko listados. Estimou-se, assim, a densidade teórica máxima, bem como a
velocidade e pressão de detonação. Os valores encontrados foram satisfatórios como também
muito precisos, uma vez que todos os erros percentuais se encontram abaixo do valor de 10%.
Não foi encontrado valor de velocidade de detonação para o HNS no Handbook Meyer, nem
os valores de pressão de detonação para todos os explosivos. Os valores de pressão de
detonação encontram-se dentro do esperado para os explosivos secundários.

4 CONCLUSÃO

Conclui-se que o presente trabalho alcançou os objetivos delineados, sendo possível


estimar as propriedades de explosivos bastante conhecidos e com empregos diversos. Além
disso, foi possível aferir numericamente as diferenças entre explosivos primários e
secundários estudadas na teoria, através dos cálculos realizados. Os erros percentuais obtidos
para a velocidade de detonação e pressão de detonação para cada explosivo foram, em sua
maioria, coerentes com os dados disponíveis nas referências utilizadas.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] TM9-1300-214 Military Explosives. Washington, D.C.: Headquarters Department of the
Army, 1990.
[2] MEYER, Rudolf; KÖHLER,Joseph; HOMBURG, Axel. Explosives 6. ed. Weinheim :
Wiley-VCH, 2007.
[3] COOPER, Paul W. Explosives Engineering . 1.ed. Albuquerque : Wiley-VHC , 1996.
[4] AKHAVAN, Jacqueline. The Chemistry of Explosives.1 ed. The Royal Society of
Chemistry.
[5] Blast – Efeitos da Onda de Choque no Ser Humano e nas Estruturas. 2007. 107f. Tese de
Mestrado – Instituto Tecnológico de Aeronáutica, São José dos Campos.

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