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Conteúdo:
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2.3.2.9. Onda explosiva (Onda de choque)
2.3.3. O fenômeno da explosão e o plano CJ
2.3.4. A teoria de Chapman-Jouguet (CJ)
2.3.5. Processo de Detonação e o plano CJ
2.3.5.1. Detonação Ideal
2.3.5.2. Detonação não ideal
2.3.6. Equação de Chapman–Jouguet
2.3.7. Classificação quanto à velocidade de detonação (VOD).
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2.5.5. Dimensionamento da Carga Oca.
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Módulo 02: Generalidades dos explosivos.
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De forma resumida o explosivo poderá ser definido como: “Produto que,
por meio de uma excitação adequada, se transforma rápida e violentamente de
estado, gerando gases, altas pressões e elevadas temperaturas”.
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explosiva (Slurry) que é misturada no próprio local de consumo e bombeada para
dentro dos furos na rocha. Somente alguns segundos após o lançamento da
mistura dentro dos furos, tempo necessário para a complementação da reação
química, o produto torna-se uma substância explosiva pronta para uso.
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2.2. Tipos de Explosões.
Quando ocorre uma explosão há uma expansão violenta provocada seja
pela decomposição de matéria explosiva, seja por alívio descontrolado de
pressão, como na explosão de uma garrafa de gás. A figura 2.3 mostra uma
detonação que é o tipo de explosão de interesse industriais.
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2.2.1.1. Bombas por fissão nuclear.
Neste dispositivo explosivo ocorre à fissão nuclear onde o núcleo pesado
dos átomos de urânio ou plutônio se desintegra em elementos de núcleo mais
leves, quando bombardeados por nêutrons. E o núcleo do Urânio e do Plutônio
quando bombardeados, produzem-se mais nêutrons, que outros núcleos,
gerando uma reação em cadeia. Estas bombas são historicamente chamadas
"Bombas A" cujo poder destrutivo reside na chamada fusão nuclear e é tão
atômica quanto à fissão. O isótopo mais utilizado para sofrer fissão nuclear é o
urânio-235, o qual ao capturar um nêutron transforma-se em U-236, sofrendo a
fissão mostrada na reação descrita na equação a seguir.
95
235
U n Sr 139 Xe 2n 198MeV
A figura 2.4 mostra (A) a ogiva antes do disparo, com o primário em cima,
secundário em baixo, ambos componentes são bombas de fissão intensificadas
por fusão. (B) Alto-explosivo dispara no primário, comprimindo o núcleo de
plutônio e levando-o a super criticidade e ao início da reação de fissão. (C) A
fissão no primário emite raios X que são canalizados ao longo do interior do
invólucro, irradiando a espuma de poliestireno que enche o canal. (D) A espuma
de poliestireno torna-se um plasma, comprimindo o secundário, e uma vela de
ignição de plutônio dentro do secundário inicia a fissão, fornecendo calor.
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(E) Comprimido e aquecido, o combustível de hidreto de lítio inicia a reação de
fusão e o fluxo de nêutrons começa a fissionar o material da calçadeira,
formando uma bola de fogo.
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Para podermos compreender melhor, 1 libra (453,59237 gramas) do
urânio 235 são iguais, sob o ponto de vista calorífico, a 1.370 toneladas de
carvão, ou seja, podem gerar cerca de 9 bilhões e 324 milhões de calorias.
Transformando-se todo esse calor em energia elétrica e se o rendimento for de
apenas 25%, serão produzidos 2.700.000 quilowatts-hora, que é energia
suficiente para alimentar, ininterruptamente e durante 3 longos anos um motor
de 100 HP funcionado a plena carga.
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Figura 2.6: Samuel Theodore Cohen (Janeiro 25, 1921 – Novembro 28, 2010).
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Figura 2.7: Detonação de bomba de nêutron.
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Figura 2.8: Explosão química.
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As bombas termobáricas quando são detonadas consomem o oxigênio
atmosférico, invés dos elementos oxidantes como nas bombas convencionais,
gerando desta forma um forte vácuo que lhes rendem o nome de ‘bombas de
vácuo’ e/ou ‘bomba de ar e combustível’.
Nos explosivos convencionais existem uma pré-mistura de combustível e
oxidante, como por exemplo, a pólvora contém combustível de 25% e 75%
oxidante já a bomba termobárica é quase 100% combustível por causa do
consumo do oxigênio atmosférico ao redor do epicentro da explosão, permitindo
que haja uma maior e mais significativa quantidade de energia, em relação aos
explosivos condensados, por isso, há um impulso maior, mais calor e mais
pressão. Portanto, as bombas termobáricas são significativamente mais
energéticas, em relação aos explosivos convencionais por que liberam muito
mais energia que as bombas convencionais não nucleares de igual peso.
As duas principais características das bombas termobáricas são: a
formação de um forte vácuo devido ao consumo do oxigênio atmosférico e a
duração de sua onda de choque que é muito mais significativa e amplia a
destruição causada pela mesma, deixando um número maior de vítimas e danos
as estruturas no raio de ação da mesma.
Na frente de detonação destas bombas é emanada uma única fonte que
cria em seu epicentro uma grande explosão que acelera um grande volume de
ar produzindo várias frentes de pressão tanto dentro da mistura de combustível
e oxidante e, em seguida, no ar circundante devido a dependência de oxigênio.
A dependência de oxigênio atmosférico que os explosivos termobáricas
possuem os tornam consideravelmente mais destrutivos em ambientes abertos,
devido em parte à onda sustentada de explosão consumir parte do oxigênio
disponível possibilita sua aplicação com bom efeito destrutivo em tanto em
alguns ambientes de campo aberto (como por exemplo, contra fortificações de
campo como trincheiras, túneis, bunkers, cavernas, dentre outros) como em
ambientes confinados com presença de oxigênio (como por exemplo, túneis,
cavernas e bunkers, por que a formação do vácuo com a explosão produz um
efeito destrutivo bem significativo).
Por outro lado, esta característica tornam as bombas termobáricas
impróprias para serem utilizadas em ambientes com baixa oxigenação como por
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exemplo, ambientes subaquático, em altitudes elevadas e/ou em condições
atmosféricas adversas. Neste contexto as condições climáticas têm forte
influência sobre o seu emprego.
O sistema da arma termobárica consiste de um recipiente cheio de uma
substância combustível, no centro da qual existe um pequeno explosivo
convencional chamado de ‘carga de dispersão’. Os combustíveis são escolhidos
com base em sua oxidação, que variam de metais em pó, tais como alumínio ou
magnésio, ou materiais orgânicos, possivelmente com um oxidante autocontido
parcial. O desenvolvimento mais recente envolve o uso de nano combustíveis.
O rendimento efetivo de uma bomba termobárica requer a combinação
mais apropriada de uma série de fatores, entre eles o quão bem o combustível
é disperso, a rapidez com que se mistura com a atmosfera envolvente do início
da ignição e sua posição em relação ao recipiente de combustível. Em alguns
casos, o combustível e o ignitor são separados para dispersar e inflamar o
combustível. Em outros projetos existem casos que permitem que o combustível
seja contido por tempo suficiente para que o combustível aqueça bem acima de
sua temperatura de autoignição, de modo que, mesmo a sua refrigeração
durante a expansão do recipiente, resulta em ignição rápida uma vez que a
mistura está dentro dos limites de inflamabilidade convencionais.
Em confinamento, uma série de ondas de choque reflexivas são geradas
e viajam numa velocidade superior a 3,2 km/s mantendo a bola de fogo que
pode estender a sua duração entre 10 e 50 milissegundos. O resfriamento dos
gases faz a pressão cair drasticamente, levando a formação de um vácuo parcial,
poderoso o suficiente para causar danos físicos a pessoas e estruturas com uma
sobrepressão que pode chegar a 430 psi. Sua temperatura pode atingir de 2.500
a 3.000 graus centigrados numa nuvem de fogo.
Em um estudo feito em 01 de fevereiro de 2000 pela Agência de
Inteligência de Defesa dos EUA diz que: A explosão contra alvos vivos é único e
desagradável.... O que mata é a onda de pressão, e mais importante, a rarefação
subsequente "vácuo", que rompe os pulmões .... Se o combustível deflagrar, mas
não detonar, as vítimas serão severamente queimadas e provavelmente também
inalem o combustível em chamas. Uma vez que os combustíveis mais comuns
utilizados, são o óxido de etileno e óxido de propileno, que são altamente tóxicos,
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uma vez detonados deve ser tão letal para o as pessoas dentro da nuvem como
a maioria dos agentes químicos.
“O efeito de uma explosão dentro de espaços confinados da arma
termobárica é imensa, chega a desaparecer o objeto que estiver perto do ponto
de ignição. As pessoas na orla são propensas a sofrer muitos ferimentos
internos, e, portanto, invisível, incluindo o estouro do tímpano, concussões
graves, pulmões e órgãos internos, e, possivelmente, a cegueira”. De acordo
ainda com o documento especula-se que “as ondas de choque causem danos
ao tecido cerebral ... é possível muitas das vítimas de tal arma ainda que
inconscientes pela explosão, sufoquem por alguns segundos ou minutos”.
Devido a sua capacidade destrutiva a bomba termobárica passou a ser
empregada em plataformas portáteis de lançamento que os russos
desenvolveram e posteriormente também criaram munições termobáricas para
várias de suas armas cujos poderes destrutivos são bem variados. Como por
exemplo, GM-94, com peso de 250g sendo 160g de material explosivo com raio
de letalidade de 3 metros; A KAB-1500S GLONASS guiada por GPS cuja ogiva
de 1.500 kg ao detonar forma uma bola de fogo num raio de 150 metros e com
zona de letalidade no raio de 500 metros.
2.2.3.2.Bomba MOAB.
Inicialmente a referida bomba era conhecida como “bomba de
fragmentação” e já havia sido testada com sucesso contra edificações. Devido a
sua eficiência os americanos a batizaram com o a sigla inglesa de MOAB que
significa Massive Ordnance Air Blast, ficando popularmente conhecida como
“Mother Of All Bombs” (MOAB, em português: “Mãe de Todas as Bombas”) que
na época era a arma de destruição em massa não-nuclear mais potente que
existia e sem poder de penetração. Esta bomba era destinada a alvos de
superfície macia a média abrangendo áreas e alvos estendidos em um ambiente
contido, como por exemplo, um cânion profundo e/ou um sistema de cavernas.
Os americanos desenvolveram a bomba termobárica designada BLU-82
(Bomb Live Unit) que foi utilizada em combates durante a Segunda Guerra
Mundial, Guerra do Vietnã, Guerra do Golfo e Guerra do Afeganistão. No
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decorrer dos anos houveram vários testes que possibilitaram aperfeiçoamentos.
Esta bomba foi empregada na guerra do Vietnã com o objetivo de detonar as
minas presentes nos campos minados e como propaganda psicológica. Ela
continha 6.500 kg de explosivo, era lançada de uma aeronave, portanto, suas
precisões sob os alvos dependiam da perícia dos pilotos.
Na dinâmica de um teste realizado com a bomba termobárica BLU-82,
após o seu lançamento por uma aeronave próximo do alvo (figura 2.9) ela se
aproxima da edificação que possui um bunker. Quando a bomba está bem
próxima do alvo (figura 2.10) libera e dispersa o material combustível que se
espalha formando uma nuvem bem fina de material volátil e explosivo que vai
circundando a edificação conforme os ventos.
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A figura 2.11 mostra o material combustível que circunda a edificação e
vai reagir com o oxigênio atmosférico (O2) e em seguida entrar em combustão
formando uma grande bola de fogo que destrói e edificação. O raio de ação desta
bomba é de 300 a 600 metros, dependendo da direção, velocidade e intensidade
dos ventos. A figura 2.12 mostra a detonação da última das 225 unidades
produzidas da BLU-82/B no Campo de Testes e Treinamento de Utah nos EUA.
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Figura 2.13: Albert L. Weimorts Jr, projetista da Bomba MOAB GBU-43/B.
Figura 2.15: Bomba MOAB GBU-43/B em exibição no museu da Força Aérea na Flórida.
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A figura 2.16 mostra o teste do primeiro protótipo da bomba MOAB GBU-
43/B, instantes antes do impacto no solo, em 11 de março de 2003, no Range
70 da Base Aérea em Englin no Estado da Florida nos EUA.
Na figura 2.17 vemos a explosão do referido protótipo que foi equivalente
a 11 toneladas de TNT, ela foi carregada com um explosivo chamado H6, que
consiste em uma mistura de RDX (ciclotrimetileno-trinitramina), TNT e alumínio
que tinha a ação potencializadora do explosivo. A bomba foi guiada por meio de
sistemas de GPS para minimizar o risco de erros relacionados ao local de
detonação e o seu raio de impacto era maior do que 1,5 km. Naquela época a
GBU-43/B era a bomba não nuclear mais potente conhecida.
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Em 21 de novembro de 2003, oito meses após o primeiro teste, foi feito
realizado um segundo teste com a bomba termobárica BGU-43/B (figura 2.18)
que foi projetada para ser transportada por aeronave cargueira, como por
exemplo, o C-130 Hercules ou similares que são bombardeios que alcançam
grandes altitudes sendo altamente eficaz para cobrir grandes áreas.
Figura 2.18: Esquema básico da bomba MOAB que foi utilizada no Afeganistão.
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Figura 2.19: Detalhes da detonação da bomba MOAB GBU-43/B (Fonte: JANES).
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Figura 2.20: Detonação da bomba MOAB GBU-43/B no Afeganistão (13/04/2017).
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2.2.3.3. Bomba FOAB.
Em setembro de 2007 os russos detonaram a maior bomba termobárica
que já se tinham fabricado, designada por eles como Bomba Termobárica de
Aviação de Poder Aumentado (AVBPM, na sigla russa).
O anuncio do desenvolvimento desta bomba foi proferido por um site de
notícias russo de forma irônica como “Crianças, conheçam o papai” por isso esta
bomba ficou conhecida como FOAB (Father of All Bombs) como uma resposta a
bomba MOAB desenvolvida anteriormente pelos americanos que detinha o título
da arma não nuclear mais poderosa da história.
A figura 2.22 apresenta um esquema básico desta bomba russa que
continha uma carga explosiva de aproximadamente 7 toneladas de combustível
líquido, como óxido de etileno pressurizado, misturado com nanopartículas
energéticas ao redor de um alto explosivo que ao ser detonado criou uma
explosão equivalente a 44 a 49 toneladas de TNT.
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bomba FOAB tem potência de cerca de quatro vezes maior que a bomba MOAB.
E o artefato é menor devido o emprego de nanotecnologia.
Figura 2.23: Primeiro teste da bomba termobárica FOAB em solo russo (2007).
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Figura 2.25: Detalhes da detonação da bomba FOAB (2016).
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Logo depois ocorre a segunda explosão cujo detonador é acionado
automaticamente e reage com a nuvem de spray. Esta explosão gera um calor
de até 3.000ºC, a bomba gera ondas supersônicas num raio de 300 metros. A
destruição da FOAB equivale a 44 toneladas de TNT e só perde para a bomba
atômica cujo poder chega a aprox. 20 mil toneladas de TNT.
A explosão da mistura é tão potente que consome todos os reagentes,
gerando um forte vácuo devido à ausência de partículas provocando uma nova
onda de choque com uma baixa pressão do local detonado e a pressão normal
do ambiente, cujo efeito é similar ao sopro no sentido inverso, até a pressão se
equilibrar. Quando comparada com uma bomba nuclear, a FOAB é equivalente
a apenas 0,3% do poder da bomba atômica usada contra Hiroshima.
A tabela 2.1 mostra uma comparação entre as bombas termobáricas,
MOAB e FOAB.
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sua temperatura de ignição, de modo que o seu arrefecimento durante a sua
dispersão resulte num atraso de ignição mínimo na mistura. A combustão
contínua da camada externa de moléculas de combustível à medida que entram
em contato com o ar, gerando calor adicional que mantém a temperatura do
interior da bola de fogo, sustentando a detonação.
No confinamento, uma série de ondas de choque reflexivas são geradas,
mantendo a bola de fogo, podendo prolongar sua duração entre 10 e 50 ms uma
vez que ocorrem reações de recombinação exotérmica. Com o esfriamento dos
gases a pressão poderá cair drasticamente, criando um vácuo parcial, efeito de
rarefação, dando origem à chamada “bomba de vácuo”. Acredita-se também que
a pós-combustão do tipo pistão ocorre em tais estruturas, à medida que as
frentes de chamas se aceleram através dela.
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Figura 2.26: Detalhes do efeito ‘cogumelo’.
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“As bombas da Segunda Guerra Mundial criaram cogumelos com cerca
de 8 quilômetros de altura”, segundo o físico Philip Morrison, do Instituto de
Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos.
As figuras, 2.28 e 2.29, mostram explosões que produziram o ‘efeito
cogumelo’, que não é exclusivo das explosões atômicas, podendo ocorrer em
algumas explosões químicas, erupções vulcânicas, dentre outras desde que
estas explosões liberem quantidade significativa de energia. Na figura 2.29 a
nuvem ascendente do Vulcão Redoubt devida à erupção.
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2.3. Teoria da detonação.
2.3.1.1. Combustão.
A combustão explosiva é uma reação química de oxidação muito rápida
que se propaga pela condutividade térmica, liberando energia sob a forma de
calor. Nesta reação formam-se gases que se expandem com o calor, produzindo
uma forte pressão. A combustão explosiva é aproveitada em vários inventos
como: motores de combustão interna (automóveis e aeronaves), explosivos
(para abertura de minas; construção de túneis; demolições de estruturas; dentre
outras aplicações).
No fenômeno da combustão o parâmetro de velocidade de queima do
explosivo dada em “centímetros/segundo” cuja camada superficial se volatiza e
se inflama ao atingir o ponto de fulgor. Com a necessidade de um oxidante
(oxigênio do ar ambiente ou insuflado) para continuar a reação de combustão.
Os principais parâmetros para avaliar a intensidade da combustão são:
a) Limites de inflamabilidade;
b) Ponto de fulgor;
c) Temperaturas de autoignição;
d) Velocidades de queima;
e) Taxas de aumento de pressão em vaso fechado.
2.3.1.2. Deflagração.
É uma reação de decomposição química, acelerada e exotérmica, com
aumento local de temperatura e pressão. A velocidade da deflagração varia de
400 a 1.000 m/s, como exemplo mais típico é a queima da pólvora. E se dá por
uma condução térmica, num fenômeno superficial onde cada partícula que se
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queima, transmitindo calor à partícula adjacente, que se inflama ao atingir a
temperatura de explosão. A deflagração ocorre em propelentes por que estes
possuem, intrinsecamente, os elementos combustíveis e comburentes para a
reação, não necessitando, portanto, do oxigênio do ar para a reação.
2.3.1.3. Detonação.
É uma reação química, extremamente violenta, que envolve elementos
oxidantes (oxigênio) e combustíveis (carbono, hidrogênio), cuja velocidade varia
de 1.000 a 8.000 m/s com liberação de calor (reação exotérmica). Esta reação,
uma vez iniciada, é auto propagada por ondas de choque associada à reação
química, característico de alto explosivos. A figura 2.30 mostra a detonação de
explosivos militares realizada para efeito de estudos.
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A tabela 2.2 mostra os parâmetros que possibilitam observar a transição
que ocorre entre deflagração e detonação que gera um aumento da turbulência
e da pressão na frente de reação, provocando a aceleração da sua celeridade
relativamente à da frente sônica.
T 8 – 21 4 – 16
T0
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Figura 2.31: Representação do comportamento energético de uma reação exotérmica.
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b) Explosivo reforçador (“booster”) ou secundário: serve como carga
intermediária entre o explosivo iniciador e a carga explosiva principal, com
propriedades intermediárias;
c) Explosivo de ruptura, principal ou terciário: principal elemento de
fornecimento de energia e, portanto, de maior quantidade na cadeia. É
relativamente insensível, mais seguro no manuseio e armazenamento.
d) Explosivo de propulsão: é um baixo explosivo, usado em casos bem
específicos, de fácil fabricação, é muito útil para a fabricação de outros tipos
de explosivos bem mais fortes.
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2.3.2. Fenômenos envolvidos na explosão.
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volume com considerável pressão, causando descompressão dos gases de
forma muito mais violenta. Os principais fatores que influem são:
a) Estado físico dos reagentes: os gases reagem mais rapidamente que os
líquidos e estes mais rapidamente que os sólidos;
b) Superfície de contato: pulverizam-se os sólidos com a finalidade de aumentar
a superfície de contato entre os reagentes, aumentando também a
velocidade da reação.
c) Calor e luz: essas duas formas de energia são usadas como energia de
ativação de algumas reações. O aumento da temperatura implica um
aumento da energia cinética molecular, aumentando os choques efetivos e,
consequentemente, aumenta a velocidade da reação.
d) Catalisador e inibidor: catalisador é a substância que aumenta a velocidade
de uma reação (forma um complexo ativado de menor energia) sem ser
consumida durante o processo. Catálise é o aumento de velocidade da
reação, provocado pelo catalisador. O inibidor é a substância que diminui a
velocidade de uma reação (forma um complexo ativado de maior energia) e
é consumida durante o processo.
e) Pressão: só apresenta influência considerável na velocidade de reações
quando pelo menos um dos reagentes é gasoso. O aumento da pressão
diminui o volume, aumenta o número de choques e a velocidade da reação.
f) Concentração dos reagentes: um aumento na concentração dos reagentes
provoca um aumento na velocidade da reação, pois se aumenta o número de
moléculas reagentes e, consequentemente, o número de choques.
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2.3.2.8. Excitação.
Geralmente é necessária uma excitação involuntária ou imprevista
(choque, calor, etc.) para se iniciar a transformação de um explosivo.
Há basicamente três tipos que estão descritos abaixo:
a) Mecânica: Dispositivo de percussão das armas, choque, atrito, etc.
b) Física: Corrente elétrica, chama, centelha, aumento de temperatura, etc.
c) Química: Outra substância explosiva, geralmente, mais potente, causa
explosão de uma carga explosiva próxima por simpatia, por exemplo,
encadeamento explosivo de uma granada de mão onde a espoleta explode
fazendo a carga de arrebentamento de a granada explodir.
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Observe que quanto mais próximo ao epicentro maior a intensidade da
pressão oriunda da explosão. Daí, a camada 1 da esfera influenciará na
formação da camada 2, fazendo-a se transformar; e a da camada 2 acionará a
camada 3, e assim sucessivamente. Neste contexto, se explica a ‘explosão por
simpatia’, influência ou indução. A onda explosiva de um explosivo “A” poderá
influenciar outro explosivo “B” que esteja próximo.
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Na detonação, imediatamente atrás da frente de choque, que avança ao
longo do explosivo, se forma uma zona de reação, que na última etapa, fica
limitada por um plano ideal, denominado “Plano de Chapman-Jouguet (CJ)” que
se caracteriza por atingir o equilíbrio, em relação aos parâmetros da velocidade,
temperatura, pressão dos gases, composição e densidade no momento de
reação, condições que correspondem ao estado de detonação.
No plano (CJ) os gases encontram-se no estado de hiper compressão e
as zonas de reação dependem do tipo de explosivo em que se dá a reação. Nos
explosivos gelatinosos a zona de reação é muito menor do que em explosivos
lentos como o ANFO.
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em Oxford, por 37 anos no laboratório de ensino e pesquisa e
por último na Universidade de Manchester, onde se aposentou
em 1944. Em 1947 este laboratório foi fechado. Longe de seus
trabalhos de ensino e pesquisa ele gostava de ser considerado
excêntrico, casou-se com uma de suas estudantes e
pesquisadora, Muriel Holmes em 1918. E em 1958 ele morreu
de câncer em sua casa em Oxford.
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artilharia. Em 1921 Jouguet ganhou o Prêmio Poncelet. Em
1930, foi eleito como membro do l'Académie des Sciences, em
1936 ele foi homenageado com o posto de commandeur de la
Légion d'honneur.
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Figura 2.36: Teoria de Chapman-Jouguet (CJ)
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2.3.5. Processo de Detonação e o plano CJ.
O detonador ao ser iniciado gera uma onda de choque que rapidamente
avança ao longo do explosivo, que ao atingir altas velocidades interage com a
massa, promovendo a reação interna dos constituintes do explosivo; esta reação
ocorre primeiramente num ponto, intensificando-se a toda a secção do explosivo
(diâmetro). Este processo desenrola-se até atingir uma velocidade máxima de
detonação, que ao longo do explosivo se mantém em regime constante também
conhecida como velocidade estável de detonação.
A figura 2.37 apresenta um esquema de um explosivo com o detonador e
que a figura 2.38 mostra o que acontece quando este detonador é acionado. Na
figura 2.38 o ponto ‘1’ refere-se ao estimulo do detonador que por sua vez no
material explosivo cria o ponto ‘2’ PCJ (Ponto Chapman-Jouguet) e o ponto ‘3’
FC (Frente de choque). E a figura 2.39 apresenta alguns detalhes do processo
de detonação do explosivo, considerando-se alguns parâmetros.
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Figura 2.39: Esquema de um explosivo sobre o efeito da detonação.
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mesmo eixo. Porque quando há detonação da carga explosiva, parte se
transforma violentamente em gases a alta pressão e temperatura. Neste caso o
plano Chapman-Jouguet (CJ) ocorre num plano transversal que delimita a área
do explosivo detonado, o não detonado. É útil, em muitos casos, onde se deseja
conhecer a distância do topo do explosivo e deste plano, uma vez que conhece
o tempo em que é necessário para detonar esta seção, podemos aproximar a
VOD (velocidade de detonação) do explosivo, o que poderá ser utilizado para
determinação de algumas propriedades do explosivo.
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Figura 2.41: Imagem real dos efeitos dinâmicos da explosão.
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não encontra locais para ‘escapar’ os gases a altas temperaturas e pressão
fratura o maciço rochoso.
Figura 2.43: Processo de detonação ideal (Adaptado de Sarma, 1994 e Hopler, 1999).
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2.3.5.2. Detonação não ideal.
A figura 2.44 ilustra uma detonação não ideal, que normalmente ocorre
com agentes explosivos e muitos dos explosivos comerciais que apresentam
reação de detonação classificada como ‘não ideal’ devido a uma parte das
reações químicas ocorrerem após o plano CJ.
Figura 2.44: Processo de detonação não ideal (Adaptado de Sarma, 1994 e Hopler, 1999).
Neste caso, a frente de onda de choque não é planar, mas sim curva
devido à menor pressão e velocidade de reação que ocorrem nas bordas do
explosivo, após o plano CJ que não contribui para suportar a propagação da
onda de choque como numa detonação ideal, porém participa efetivamente do
processo de quebra dos materiais circundantes do explosivo, já que a rápida
expansão dos gases de detonação fornece boa parte da energia para o processo
final de fragmentação. Segundo, o pesquisador Sarma (1994), no caso do agente
explosivo ANFO uma porção substancial de nitrato de amônio (38% a 55%) não
reage na zona de detonação, mas sim após a passagem dessas, algumas
frações de milissegundo após a frente de detonação.
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VOD = S + W
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Figura 2.46: Esquema em que se identifica o momento de equilíbrio CJ.
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2.4. Ondas de choque.
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medida em que se afasta do epicentro, a onda com velocidade supersônica
(onda de choque). A figura 2.48 ilustra a variação da pressão devido à explosão.
.
Figura 2.48: Caso genérico ilustrando as fases de uma explosão e seus efeitos sobre os alvos.
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pressão negativa (sucção) que puxa o ar que e depois se estabiliza, e este
comportamento pode ser divido em quatro fases distintas.
Inicialmente, na fase (A) antes da detonação do explosivo; (B) após a
detonação ocorre o ‘pico de sobrepressão’ com aumento súbito de pressão
acima da pressão atmosférica e que irá determinar a forma da onda de choque.
Seguida de um decréscimo em forma similar e logarítmica até uma fase de
pressão “negativa”, fase (C). Por fim, a tendência natural que é a estabilização,
atingindo novamente a pressão atmosférica (D).
A pressão “negativa” que é a sucção do ar devido à diminuição da
pressão, a valor abaixo da pressão atmosférica, devido à contração dos fluidos
que se expandiram na explosão para proporcionar o equilíbrio do sistema. Logo
atrás da onda de choque, há um movimento de partículas de ar provocando uma
pressão dinâmica, formada pelos ventos gerados na explosão. No caso de
grandes eventos (como por exemplo, em explosões nucleares), o vento pode ser
de fundamental importância na resposta das estruturas, porém não é fator
predominante para os casos menos severos, em geral com explosivos químicos.
A incidência da onda de choque sobre corpos (corpo humano, estruturas,
árvores, dentre outros) gera reflexões que também devem ser consideradas,
porque modificam a forma como a pressão é aplicada em diferentes pontos.
- 54 -
possível à definição de vários parâmetros importantes como, por exemplo,
tempos de chegada, tempos de duração, sobrepressão máxima, dentre outros.
Este estudo permite prever o comportamento das estruturas ou alvos quaisquer
com a onda de choque.
Figura 2.49: Curva típica da pressão x distância da explosão. Fonte: Kinney e Graham (1985).
Figura 2.50: Gráfico da pressão em função do tempo típica para uma onda de choque.
- 55 -
2.4.2.1. Tempo de chegada (Ta).
É o tempo que define o tempo decorrido do início da explosão até que a
onda de choque atinja um determinado ponto.
- 56 -
É importante salientar que a diferença entre a pressão máxima (P) e a
pressão ambiente (P0) é o que caracteriza a sobrepressão (ΔP).
2.4.3.3. Quantidade.
Quanto maior a quantidade, nas mesmas condições de explosividade e
velocidade de queima, por exemplo, maior será a quantidade de energia
liberada, e consequente, maior o efeito.
- 57 -
Aplicação 01: Com base na curva do comportamento da pressão em função do
tempo oriunda de uma explosão, figura 2.51, mencione os principais dados que
podemos obter por esta curva.
Resolução:
- 58 -
2.4.3.5. Tipo de explosivo.
Diversas combinações e mistura de elementos químicos são capazes de
gerar explosões, porém, as queimas de combinações entre sólidos e líquidos
normalmente acontecem mais rapidamente. E estes parâmetros irão definir o
comportamento da reação, que pode ir de uma queima acelerada (deflagração)
até uma explosão efetivamente. Numa detonação as velocidades de queima são
suficientemente altas para criar a onda de choque.
Na deflagração, a reação se propaga fundamentalmente por transmissão
de calor na mistura onde já ocorreu a reação de combustão para aquelas ainda
não reagidas.
Na detonação, a reação ocorre rápida com formação de uma onda de
choque que passa com velocidade sônica na parte da mistura ainda não reagida,
não podendo ser vista a olho nu. Nas figuras, 2.52 e 2.53, temos fotos extraídas
de explosões reais, a primeira do campo de provas experimental do
Departamento de Investigação de Defesa e Desenvolvimento canadense nas
quais podemos observar as ondas de choques que distorcem a paisagem em
torno da bola de fogo à medida que ela se expande. Na figura 2.53 podemos ver
uma sequência de explosões oriunda de um ataque terrorista.
- 59 -
Figura 2.53: Sequência de formação e dissipação da onda de choque na explosão.
- 60 -
Figura 2.54: Efeito da detonação no ar sobre a pressão e impulso.
- 61 -
choque frontal da onda com a superfície, daí se espera que haja uma interação
entre a onda de choque e a estrutura, onde as forças resultantes dessa
interação, assim como os modos das estruturas reagem ao carregamento de
pressão que é uma aplicação direta para se dimensionar os explosivos para
neutralizar um determinado alvo.
A figura 2.55 mostra uma estrutura submetida a um carregamento por
difração, onde a onda de choque aplica uma pressão repentina sobre todas as
faces do alvo, de forma aproximadamente simultânea.
Numa condição onde a frente da onda de choque não envolve todo o alvo,
ocorre um diferencial de pressão entre a parte dianteira e traseira, produzindo
uma força lateral (“diffraction loading”) que tende a deslocar o alvo na mesma
direção da onda de sopro. Uma vez o alvo é totalmente envolvido, o diferencial
de pressão deixa de existir. Porém, a pressão aplicada ainda é superior à
pressão normal e a força lateral (“diffraction loading”) dá lugar a uma pressão
que tende a comprimir (“esmagar”) o alvo.
A figura 2.56 mostra a sequência de danos causados em um edifício
submetido a um carregamento por difração.
- 62 -
Figura 2.56: Estrutura sujeita a carregamento por difração II.
- 63 -
arrasto é tanto menor quanto mais longo for o período da fase positiva de
pressao ou quanto menor for a dimensao da estrutra na direcao de propagacao
da onda de choque como será visto adiante.
- 64 -
muito vulneráveis a este tipo de dano, há possibilidade de ser atingido por outros
objetos e destroços lançados pela explosão. Aeronaves e equipamentos leves
também são susceptíveis de serem danificados pelo carregamento por arrasto.
A tabela 2.3 apresenta alguns exemplos de possíveis alvos com suas
indicações de efeito de carregamento que são mais vulneráveis.
- 65 -
deve ser concentrado e precisamente direcionado contra os elementos vitais
para produzir um dano significativo.
A tabela 2.4 exemplifica a variação de pressão, causada pela onda de
choque, com os respectivos danos sofridos pelas diversas estruturas.
A figura 2.58 mostra três diferentes tipos de danos causados pela onda
de choque sobre uma estrutura, para uma mesma quantidade de explosivo a
severidade do dano é inversamente proporcional à distância do foco, isto é,
quanto mais longe menores são os efeitos destrutivos da onda de choque.
No gráfico (figura 2.58) podemos dimensionar a quantidade de explosivo,
em TNT, para romper alvenaria, de forma que podemos ter uma noção da
quantidade de explosivos para causar danos sobre determinadas estruturas. Por
exemplo, a detonação de 500 kg de TNT a uma distância de 75 metros do
epicentro poderá causar rachaduras em paredes de tijolos.
- 66 -
Figura 2.58: Estimativa de danos sobre uma edificação.
W 3 R
- 67 -
Onde:
W: Quantidade de explosivo em kg de TNT necessária para abrir a parede;
: Coeficiente de ruptura (kg de TNT/ m3);
R: Espessura da parede em metros.
A figura 2.59 exemplifica que a bomba BAFG 230 com média de 100 kg
de tritonal, equivalente a 102 kg de TNT, atingisse diretamente uma parede de
concreto ou se quantidade equivalente de explosivo fosse colocada em contato
- 68 -
com essa parede, conseguiria rompê-la caso sua espessura fosse de até 1,90 m
para o concreto comum e de até 1,57 m para o concreto reforçado.
No caso de uma bomba BAFG 120, cuja massa equivalente de TNT é de
45 kg, a espessura máxima da parede deveria ser de 1,44 m e 1,20 m
respectivamente para concreto comum e para o concreto reforçado.
Desprezando-se a energia cinética de impacto no caso de lançamento da bomba
Deve ser observado que esta estimativa é válida somente no caso de contato
direto com a superfície do alvo.
A tabela 2.5 mostra as cinco classes de danos e suas descrições.
- 69 -
Aplicação 02: Consideração a bomba BAFG 230 que possui uma carga líquida
de 102 kg de TNT. Calcule por meio de fórmula matemática a espessura que
poderá sofrer danos para concreto comum e concreto reforçado.
Resolução:
- 70 -
2.4.8. Efeitos de cargas dinâmicas em placas de concreto armado.
Sabemos que o concreto se comporta de maneira distinta quando
submetido a esforços trativos e esforços compressivos devido a sua natureza de
material frágil.
O efeito das cargas explosivas num elemento de concreto faz com que a
água se movimente dentro do elemento, gerando pressões internas, as quais
vão ajudar o elemento a resistir às cargas externas. Estudos indicam que em
elementos de concreto saturados o fator de incremento dinâmico (DIF) tem um
crescimento mais elevado.
Quando uma placa de concreto armado é sujeita a cargas dinâmicas
provenientes da detonação de um explosivo podem acontecer os seguintes
fenômenos:
Efeito “Spalling”.
Rotura por Flexão.
Rotura por Corte.
- 71 -
Quando uma onda de choque de uma pequena explosão a uma curta
distância embate na superfície de uma placa de concreto armado, uma parte da
energia da onda vai ser refletida para fora da parede e a restante, com
proporções significativas, vai-se propagar através da parede como se fosse uma
onda de compressão. Quando esta onda chega à face tardoz da parede existe
uma nova reflexão. Nesta reflexão, uma parte da energia propaga-se de novo
para dentro da parede e a outra parte propaga-se para o ar. O choque entre a
onda de compressão refletida e a onda de compressão incidente vai gerar
grandes tensões na face tardoz da placa. Não resistindo às elevadas tensões, o
concreto na face tardoz parte-se e as suas partículas são ejetadas para fora da
parede a alta velocidade. Chama-se a este fenómeno o efeito Spalling (figura
2.60). Como este fenómeno ocorre na face do concreto, o aço que se encontra
como reforço no interior da placa não ajuda a controlar este evento.
Figura 2.61: Ruptura por flexão em muro de concreto devido a onda de choque.
- 72 -
A rotura por flexão é a rotura mais provável quando um explosivo é
detonado a uma distância não muito curta de uma placa de concreto (figura
2.61). Nestes casos a rotura dá-se na zona de maior momento a meio do vão.
Quando a rotura é total, este modo de rotura passa por 3 fases: na primeira fase
dá-se a fendilhação na face tardoz da placa de concreto, na segunda fase os
varões de aço da armadura entram em cedência e na terceira fase as armaduras
entram em rotura e, devido a efeitos de compressão na face frontal, pode haver
esmagamento do concreto. A rotura por flexão é normalmente uma rotura dúctil.
Figura 2.62: Ruptura por corte em muro de concreto devido a onda de choque.
- 73 -
Quando um explosivo é detonado a uma distância muito curta de uma
placa de concreto armado, o modo de rotura mais provável é a rotura por corte.
Este modo de rotura acontece antes que a parede tenha tempo de responder às
cargas de flexão. A rotura dá-se em zonas mais localizadas onde os esforços de
corte são maiores. Nestes casos, a placa de concreto parte-se em bocados
grandes que são ejetados a alta velocidade. O efeito Spalling pode ainda ocorrer
localmente. A rotura por corte tem um comportamento frágil.
- 74 -
2.4.9.1. Lei de Hopkinson-Cranz.
Aplicando o princípio da semelhança para explosões, duas explosões
podem ser consideradas idênticas às distâncias que são proporcionais a raiz
cúbica da energia liberada, para produzir o mesmo efeito de sopro a uma
distância duas vezes maior é necessária uma carga explosiva oito vezes maior.
O pico de pressão da onda de choque será o mesmo a 1 metro de uma carga de
1 Kg de TNT e a 2 metros de uma carga de 8 Kg de TNT.
A equação a seguir mostra matematicamente esse fenômeno.
D D
Z f 1 Z f 3
W
W 3
Onde:
D: Distância a partir do centro da explosão, em metros;
Z: Distância escalonada em metros (equivale à detonação de 1 kg de TNT).
1
3
Sendo: f f 3
0 0
Onde:
: Densidade do ar ao nível do mar;
0: Densidade do ar no local da detonação.
D
Associando as equações teremos: Z 3 3
0 W
W 1,2 F CF C
Onde:
F: fator de eficiência do explosivo em relação ao TNT;
C: Massa do explosivo em questão;
- 75 -
CF: Fórmula de Fano (fator de casco);
1,2: Fator para máximo efeito direcional (20% fator de segurança).
1
2
CF 0,6 0,4 1
C
M
Onde:
M: Massa metálica do invólucro;
C: Massa do explosivo.
- 76 -
R
Z3
W
Onde:
Z: Distância em escala;
R: distância.
- 77 -
Aplicação 03: Mostre matematicamente que a distância em escala dos efeitos
de 1 kg de PETN a 100 m do epicentro são iguais aos efeitos causados por 1 kg
de Dinamite de Nitroglicerina a 77,64 m de distância do epicentro, haja vista que
suas distâncias em escala (Z) têm o mesmo valor (92,052 m/kg1/3).
Resolução:
R 100m
Z3 Z Z 92,053m/kg
1/3
3 1,282kg
W
R 77,64m
Z3 Z Z 92,052m/kg
1/3
3 0,6kg
W
- 78 -
Aplicação 04: Calcule a quantidade de explosivo plástico C-4 necessária para
causar os mesmos efeitos que 1 kg de PETN a 100 m do epicentro, para uma
estrutura a 50 m de distância do epicentro.
Resolução:
R 100m
Z3 Z Z 92,053m/kg
1/3
W 3
1,282kg
R R
Z3 1/3
R 101,47 m
3 1,34 kg
92,053 m/kg
W
- 79 -
2.5. Efeito Munroe (carga oca).
2.5.1. Histórico.
Em 1860 quando um engenheiro do exército alemão chamado Karl
Hermann Waldemar Max von Förster (1845-1905) iniciou seus estudos na área
de tecnologia dos explosivos, sendo um dos pioneiros nesta área além de ter se
tornando um dos maiores especialistas em explosivos na Alemanha. Nesta
época, tratava-se de experiências de explosão com o litorote, uma variedade de
dinamite da Gebr. Krebs & Co em Kalk que foi usada em 1871 para explodir os
canos de ferro nos fortes de Paris.
Em 1872, ele fundou com Emil Müller (1844-1910) a fábrica de dinamites
de Rhenish em Opladen, onde eles queriam produzir nitroglicerina com seu
método melhorado mas, que devido aos acidentes que ocorriam na época
desencorajaram.
Em 1883, Max von Förster, percebeu por meio de experimentos de
explosão com explosivo comprimido que o efeito da cavidade na carga explosiva
(carga moldada) poderia ter uso militar em bazuca, daí ele escreveu uma
publicação sobre o efeito cavidade (Cavity Effect, mais tarde também chamado
de efeito Neumann ou efeito Munroe)
Em Hoherlehme, perto de Wildau, Max von Förster fundou sua própria
fábrica de pólvora sem fumaça e nitroglicerina em pó. A partir de 1898 ele vendeu
pó B ao exército otomano e espanhol. No mesmo ano, ele participou com sua
fábrica na formação do Escritório Central de Investigação Científica e Técnica
em Neubabelsberg.
Em 1792 já tinham citações antigas, não publicadas, sobre emprego de
explosivos com cavidade conhecida como ‘cargas de superfícies cavitárias’ ou
‘cargas direcionais’ estas citações foram atribuídas ao engenheiro de minas
Franz Von Baader que publicou um trabalho associando a perfuração, o
confinamento de propelentes, os efeitos de pequenas cavidades entre o
propelente e alvo a distâncias variadas e a fragmentação de rochas. Estes
experimentos utilizaram pólvora negra que não eram capazes de detonar as
- 80 -
cavidades e não continham revestimento, cujos efeitos de concentração de
energia devido à configuração geométrica foram observados. Avanços na
estabilização de explosivos com maior liberação de energia e a produção de
detonadores só foram possíveis após os trabalhos de Alfred Nobel em 1867
(Walters, 2008).
A figura 2.64 mostra a forma como os mineradores no século XIX
utilizavam cartuchos de dinamites arranjados em forma de círculo no solo e com
as outras extremidades amarradas em forma de um cone vertical, resultando em
penetrações mais profundas do que explosivos dispostos sobre o solo de outras
maneiras (Guimarães, 2009).
- 81 -
Ele também insistiu que o uso de energia explosiva depende em grande
medida da conformação externa do explosivo, isto é, que mantendo o peso da
carga explosiva constante, cuja apresentação pode ser, por exemplo, cúbico,
esférico, cilíndrico, cônico, etc.
- 82 -
químico, onde descobriu o efeito Munroe, ao observar o formato
da base dos explosivos. De 1892-1917 Munroe foi chefe do
Departamento de Química e reitor da Escola Científica Corcoran
na Universidade Columbian (renomeada George Washington
University em 1904). Neste período ele também foi decano da
Faculdade de Pós-Graduação obtendo seu Ph.D. Ele escreveu
mais de 100 livros sobre explosivos e sobre química.
Em 1898, ele foi presidente da Sociedade Americana de
Química e consultor do United States Geological Survey e no
United States Bureau of Mines. Em 1900 foi nomeado candidato
ao Prêmio Nobel de Química pela Academia Sueca de Ciências.
Em 1919, tornou-se professor emérito de Química da Escola de
Pós-Graduação, título que manteve até sua morte.
- 83 -
Em fevereiro de 1945, o artigo foi reimpresso descrevendo cargas ocas
como ogivas e revelado ao público em geral como uma bazuca pode destruir
veículos blindados durante a Segunda Guerra Mundial.
Devido aos trabalhos de Munroe, é comum utilizar a expressão “efeito
Munroe” para representar os efeitos de carga oca. Experimentos conduzidos por
outros pesquisadores em outros países deram origem a diferentes
denominações: carga cumulativa e “Hohlladung” na antiga União Soviética e na
Alemanha, respectivamente, para se referir a este efeito. Os experimentos
conduzidos por M. Neumann, em 1911 e em 1914 na Alemanha deram origem
ao termo “efeito Neumann” para o efeito gerado pela detonação da carga oca.
- 84 -
Waffeninstitut der Luftwaffe (Instituto de Armas da Força Aérea Alemã) em
Braunschweig.
Em 1937, Shardin acreditando que os efeitos da carga oca foram devido
às interações de ondas de choque, durante um teste desta teoria em 4 de
Fevereiro de 1938, Thomanek criou a carga explosiva com o efeito da carga oca.
E em 1938, Gustav Adolf Thomer visualizou por meio de flash radiográfico o jato
metálico produzido por uma explosão em forma de carga. Enquanto isso, Henry
Hans Mohaupt, um engenheiro químico suíço desenvolveu de forma
independente a mesma teoria que em 1935 foi demonstrada às forças armadas
suíças, francesas, britânicas e americanas.
- 85 -
10 (dez) vezes, devido às elevadas pressões da detonação do explosivo (Walters
e Zukas, 1989). Com o passar da onda de detonação pelo revestimento, este é
acelerado formando um pequeno ângulo com a superfície original do
revestimento, fazendo o material convergir no eixo de simetria, formando o jato
de material fundido da carga oca (Cooper, 1997). Geralmente o revestimento da
origem a uma parte que não contribui para a perfuração que neste trabalho será
denominado escória (em inglês slug). Na figura 2.66 vemos esquematicamente
a montagem da carga oca (figura 2.67) com a formação do jato de metal fundido.
A figura 2.67 mostra que o jato de metal fundido interage com o alvo
(blindagem) produzindo uma perfuração devido ao deslocamento lateral do
material que compõem o alvo, com pouca influência dos efeitos térmicos
- 86 -
(Walters, 1990), caracterizando uma deformação plástica sob o alvo, onde a
blindagem, com recurso de um projétil que viaja a uma velocidade bastante
reduzida, sem necessidade de recorrer a um canhão de alta velocidade.
As figuras, 2.68 a 2.70, mostram a simulação computacional da detonação
de projetil de Carga Oca, fundamentada em dados experimentais, com a carga
oca atuando sobre o alvo (blindagem), detalhando a coloração das regiões
avermelhadas que correspondem aos locais de temperaturas elevadas.
Figura 2.68: Simulação da Carga Oca iniciando a formação do jato de metal fundido.
Nesta simulação o projétil usa uma cabeça explosiva com uma cavidade
cônica dentro dela, revestida de cobre e seu rosto aberto voltado para frente, de
modo que a explosão da carga à distância apropriada do escudo, forma um jato
de metal fundido dirigido contra a blindagem a mais de 6000 m/s, podendo formar
um furo na blindagem, que pode ser passante ou não.
Este sistema tem um ponto fraco que é a necessidade de uma placa para
que não entre em contato com a explosão, mas que mantenha uma certa
distância. Daí a utilidade da armadura espaçada que “desloca” o cone explosivo
da armadura principal que mais tarde foi utilizado por muitos veículos militares.
- 87 -
Figura 2.69: Simulação da Carga Oca com jato de metal fundido atingindo a blindagem.
Figura 2.70: Simulação da Carga Oca com jato de metal fundido atingindo a blindagem.
- 88 -
não guiados foguetes, projéteis disparados (ambos fiados e não fiadas),
granadas de fuzil, minas terrestres, pequenas bombas, torpedos, dentre outras.
Figura 2.72: Cone de cobre, que tem sua direção invertida pela detonação do explosivo.
- 89 -
A figura 2.73 mostra que ao se acionar o projétil HEAT detona o explosivo
que gera calor sobre a peça de cobre (figura 2.72) que se funde formando um
jato de metal líquido em alta velocidade que atinge e perfura a blindagem. A força
desse jato de metal líquido pode ser dissipada pela ação da força centrifuga, por
isso, o bom desempenho e a precisão, dependem da estabilidade do projétil.
A figura 2.74 mostra uma munição que utiliza o efeito Munroe (Carga Oca)
para causar seus efeitos, utilizada intensivamente em armas portáteis contra
veículos blindados, em granadas de tubo, dentre outras. Esta arma é composta
por um bloco de cobre moldado em forma cônica cujo vértice é apontando para
atrás e rodeado de explosivo. Ao impactar a espoleta contra o metal a
determinada distância, o explosivo detona e funde o conteúdo de cobre (desde
o centro do vértice orientado para atrás a sua base orientada à frente), em seu
interior enviando um jato de metal quente contra a blindagem, que inverte o cone
e direciona o jato em uma pequena área, que se rompe em partes diminutas; a
qual se expande a grande velocidade, provocando um efeito de metralha. É
especialmente efetiva contra blindagens de carros leves, sendo pouco efetiva
contra blindagens reativas.
- 90 -
Figura 2.74: Munição HEAT com 84mm.
- 91 -
2.5.5. Dimensionamento da Carga Oca.
Os estudos da Munroe sobre a direção e concentração da energia
explosiva (velocidade erosiva dos gases) levaram-no a descobrir a capacidade
de perfuração de uma carga explosiva provida de uma cavidade cônica no final
anexada à superfície de submissão. Os primeiros testes de Munroe permitiram
que ele observasse o efeito produzido pelo arranjo de cartuchos de dinamite na
configuração cônica, com iniciação no ápice. A energia explosiva irradiou da
superfície interna do cone e concentrou-se em seu eixo longitudinal, projetando-
se em direção a sua base. O efeito desta energia em uma superfície de sujeição
é muito maior que o observado em configurações axiais e radicais das cargas
explosivas. A partir daí, Munroe determinou experimentalmente que a
profundidade da cratera erosiva na superfície submetida correspondeu a
aproximadamente 50% do diâmetro respectivo; uma vez que o peso da carga
explosiva oca é aproximadamente a metade da carga explosiva sólida, e o último
quase não produz um colapso da placa de aço.
Durante a Segunda Guerra Mundial os alemães utilizaram deste efeito em
armamentos. A granada poderia tinha modelos, entre 0,68 e 1,59 kg de uma
composição explosiva cuja composição era 46,4% de TNT e 53,4% de RDX.
Esta carga em combinação com o efeito unidirecional permitiu que Panzerfaust
penetrasse armaduras até 190 mm. Este dispositivo tinha uma granada com 4
barbatanas estabilizadoras que se abriram ao sair, estabilizando o voo do
pesado e lento granada.
A figura 2.75 mostra o ‘Panzerfaust 30’ surgido em agosto de 1943 como
uma versão melhorada do Faustpatrone cuja ogiva aumentou a capacidade de
penetração de armadura para 200 mm, mas com o mesmo alcance (30 m).
- 92 -
A figura 2.76 mostra o Panzerfaust 60, produzido em setembro de 1944,
com um alcance mais prático, 60 m, no entanto, com uma velocidade de saída
de apenas 45 m/s, o projétil leva 1,3 segundos para alcançar um alvo a essa
distância. Para alcançar a maior velocidade, o diâmetro do tubo foi aumentado
para 5 cm e utilizou 134 g como propelente. Ele pesava 6,1 kg e poderia penetrar
200 mm de armadura.
A figura 2.77 mostra o Panzerfaust 100 que foi a última versão produzida
em grandes quantidades, desde novembro de 1944. Possui uma faixa nominal
máxima de 100 m. Os 190 g de propulsor explosivo lançaram a cabeça explosiva
a 60 m/s de um tubo de 6 cm de diâmetro. O aumento teve vistas para 30, 60,
80 e 150 m, e teve tinta luminosa para obter maior precisão em tiros noturnos.
Esta versão pesava 6 kg e poderia penetrar 220 mm de armadura.
- 93 -
Tabela 2.7: Principais características de HEAT usados na IIWW.
Modelo Faustpatrone Panzerfaust Panzerfaust Panzerfaust
30 60 100
Alcance 30 m 30 m 60 m 100 m
Velocidade 28 m/s 30 m/s 45 m/s 60 m/s
Penetração (30⁰) 140 mm 200 mm 200 mm 200 mm
Carga propulsora 54 g 95 g 134 g 190 g
Conjunto total
Longitude 98,50 cm 104,50 cm 104,50 cm 104,50 cm
Diâmetro (tubo) 3,3 cm 4,4 cm 5,0 cm 6,0 cm
Peso 3,2 kg 5,1 kg 6,1 kg 6,8 kg
Projetil
Largura 36 cm 49,5 cm 50 cm 49 cm
Diâmetro 10 cm 15 cm 15 cm 15 cm
Peso 1,47 kg 3,06 kg 3,06 kg 3,06 kg
Carga explosiva 0,80 kg 1,59 kg 1,59 kg 1,59 kg
- 94 -
Quando a carga oca acompanha o movimento de rotação do projétil, a
perfuração é menor, sendo assim mais efetiva as cargas vazias liberadas com
tubos de furação lisa do que com um tubo entediado.
No entanto, os tubos de diâmetro liso estabilizam o projétil menos do que
o furo, de modo que a tendência é usar tubos de fita, mas tentando evitar que a
rotação do projétil seja transmitida para a carga oca.
A velocidade restante não deve exceder certos limites para que o projétil,
ao bater na placa de armadura, não se desorganize, pois sua resistência ao
impacto é menor que a dos outros projéteis perfurantes.
A perfuração que é obtida com os projéteis de carga oca em fortificações
de concreto é quatro vezes maior do que na placa de armadura, praticando furos
de pequenos diâmetros (de 2 a 5 cm, dependendo do peso da carga) sem
produzir a desorganização da concreto portanto, seus efeitos são pequenos
contra o pessoal protegido por este tipo de trabalhos.
A perfuração pode ser determinada pela seguinte fórmula:
pd
e L
pt
Onde:
e: Espessura perfurada;
L: Longitude do dardo em centímetro;
pt: Densidade do material a ser perfurado;
pd: Densidade do dardo.
3
e c
4,5
Onde:
e: Espessura perfurada;
c: Calibre do tudo da carga oca;
- 95 -
Os valores desta fórmula se ajustam aproximadamente aos resultados
reais.
e 0,6 p
Onde:
e: Espessura perfurada;
p: Peso da carga explosiva em quilos.
- 96 -
2.6. Efeito craterante das explosões.
2.6.1. Considerações.
Historicamente este efeito foi observado numa cratera com um pouco
mais de 120 metros de diâmetro e cerca de 30 metros de profundidade na cidade
alemã de Oppau, em 1.921, figura 2.78, devido à explosão de cerca de 4.000
toneladas de fertilizantes a base de nitrato sulfato de amônio.
- 97 -
2.6.2. Dimensionamento de crateras matematicamente.
No caso de explosivos químicos, em vez da energia, consideramos a
massa total do explosivo, no equivalente padrão que é o TNT. Como resultado
de medidas empíricas (Kinney e Graham, Explosive Shocks in Air, Springer-
Verlag, 1985), essa lei pôde ser estendida para uma fórmula simples obtida
experimentalmente (estudo estatístico de cerca de 200 explosões acidentais),
dada por:
D 0,8 M1/3
Onde:
M: Massa de explosivo, em quilogramas de TNT;
D: diâmetro da cratera, em metros.
- 98 -
2.6.3. Dimensionamento de crateras por gráficos.
A figura 2.80 mostra a curva de correlação entre as cargas e o diâmetro
da cratera, até 25 kg de TNT. E quanto maior a massa da carga explosiva irá
- 99 -
A figura 2.81 mostra o efeito de crateramento, para até 500 kg de TNT, de
forma teórica possibilita uma ideia para criar crateras para atender a finalidade
desejada como interdição de pista clandestina de pouso, estradas, criação de
trincheiras, etc.
- 100 -
Aplicação 05: Para explosões.
(b) Calcule a massa aproximada de TNT responsável por uma explosão que
resulte numa cratera de 4 m de diâmetro.
4
5 M 125 kg de TNT
3 3
D 0,8 M1/3 4m 0,8 M1/3 M1/3 5 M1/3
0,8
D1
0,8 M11/3
D1
0,8 M11/3
1
3
M11/3
3
1 M1
2 1/3
D2
0,8 M21/3
2D1
0,8 M21/3 M2 8 M2
1 M1
1 M2 8 M1 M2 8 M1 M2 800% de M1
8 M2
- 101 -
2.7. Efeitos das explosões sobre o corpo humano.
- 102 -
As explosões têm a capacidade de causar tanto ferimentos contusos
como penetrantes, além de outros danos devido ao deslocamento da onda de
choque sobre os tecidos cerebrais.
As explosões não são exclusivas das guerras, mas também à violência
civil, às atividades terroristas e ao transporte e armazenamento de materiais
explosivos, as explosões ocorrem de modo rotineiro. Nas explosões de volumes
relativamente pequenos de materiais sólidos, semissólidos, líquidos ou gasosos,
estes rapidamente ocupam volumes maiores. Tais produtos, em rápida
expansão, assumem a forma de uma esfera, a qual possui no seu interior uma
pressão muito mais alta que a atmosférica. Na sua periferia, se forma uma fina
camada de ar comprimido que atua como uma onda de pressão que oscila o
meio em que se propaga. À medida que se afasta do local de detonação, a
pressão rapidamente diminui (à 3ª potência da distância).
A energia contida no explosivo é convertida em: luz, causando danos
oculares, calor provocando queimaduras e pressão, criando ondas de choque
que arremessa objetos, desloca a própria vítima e acarreta aumento súbito de
um gradiente de pressão entre o ambiente e o interior do corpo acarretando dano
principalmente aos tímpanos e pulmões.
A fase positiva pode atingir várias atmosferas e durar bem pouco, porém
a fase negativa pode durar bem mais.
Quando uma bomba detona, a energia liberada irradia em todas as
direções ao mesmo tempo, em velocidades entre 3 a 9 km/s. À medida que esta
esfera de energia se expande, ela comprime e acelera as moléculas de ar ao
redor em uma onda de choque supersônica. Esta pressão extra só existe por
alguns milissegundos, mas é a principal causa de lesões e danos materiais
causados por explosivos. Quanto mais perto a pessoa estiver do epicentro da
explosão, mais grave é a ação da sobrepressão sob o corpo.
A força inicial da onda de uma explosão é imediatamente seguida por
ondas de choque de alta velocidade, que dão mais energia a tudo o que
atravessam, seja um muro de concreto ou seus órgãos vitais. À medida que uma
onda de choque passa por uma área, ela literalmente não deixa nada para trás:
essa parede de ar supersônico deixa um vácuo quase perfeito.
- 103 -
Então, um segundo depois que seu corpo é severamente comprimido, ele
é submetido a uma força oposta de despressurização igualmente massiva.
As explosões de bomba ou dispositivos explosivos improvisados (IEDs)
que produzem uma onda sonora chamada ‘onda supersônica’, cujo movimento,
a amplitude e a duração da onda sonora resultam em pressão dentro do celebro
suficiente para causar danos ao tecido cerebral e as ondas cerebrais. Um
indivíduo não precisa estar fisicamente em movimento ou em contato com a
explosão para que esta lesão seja enorme.
- 104 -
mais intensas; lesões secundárias causadas por fragmentos; lesões terciárias
devido ao lançamento do corpo sob o solo e/ou objetos e por último as lesões
quaternárias relacionas com todos os outros ferimentos não abrangidos pelos
três primeiros tipos, a exemplo de queimaduras.
- 105 -
Outras lesões cerebrais causadas por ondas de choque oriundas de
explosão incluem: concussão cerebral (Lemonick, 2011); Embolismo gástrico
agudo sistêmico induzido por barotrauma pulmonar pode obstruir os vasos
sanguíneos que vão ao cérebro, causando danos como edema, lesão axonal
difusa (LAD) e hemorragia (Fuse et al., 2011); Vaso espasmo, a constrição dos
vasos sanguíneos, pode ocorrer em regiões cerebrais e durar até um mês
(Levine & Kumar, 2013); Concussões cerebrais também podem aparecer nas
regiões fronto temporais e lóbulos occipitais devido ao deslocamento cerebral
(Elder, Mitsis, Ahlers et al., 2010).
- 106 -
craniana causando neurotraumas nos pontos do celebro que se deslocaram
violentamente contra o lado oposto do crânio num movimento conhecido como
“contragolpe” resultando em lesões neurológicas semelhantes às lesões
causadas por golpes mecânicos.
- 107 -
da transmissão vascular, aduzindo que o soldado ao ser atingido pela onda de
choque, a energia cinética viajava através dos vasos sanguíneos em direção ao
cérebro. E afetava a área do tronco comprimindo os órgãos, forçando o sangue
dentro do crânio (Dennis & Kochanek, 2007). O pulso oscila rapidamente através
do pescoço entrando no cérebro, danificando axônios e neurônios no
hipocampo, tronco cerebral e estruturas ao redor dos vasos cerebrais. Os
animais que foram experimentalmente expostos a efeitos de explosão, tiveram
sérios danos neurológicos devido a alterações estruturais no cérebro. Mesmo
em bunkers de concreto, estes animais apresentaram microglial generalizada
devido ação das ondas de choque da explosão.
- 108 -
2.7.4.1. Lesões primárias.
São causadas por ondas de sobrepressão, oriundas da explosão e que
se movem com velocidade aprox. de 3.048 m/s causando o deslocamento de ar
inicial e ondas de choque. Provocam os maiores danos, em relação às outras
lesões, quando mais próximo a pessoa estiver perto do epicentro das
detonações, por exemplo, as minas terrestres. A figura 2.85 mostra um corpo
sujeito à ação de lesões primárias devido à proximidade do epicentro.
- 109 -
As lesões nos pulmões, especialmente ruptura alveolar (que pode
provocar embolia gasosa) se manifestam na forma de sintomas bizarros no
sistema nervoso central. Por isso sempre se deve suspeitar de lesões
pulmonares em vítimas de explosão, mesmo horas ou dias após a exposição aos
efeitos de uma onda de choque poderá haver lesões gastrointestinais. Porque a
gravidade e intensidade das lesões causada pela sobrepressão da explosão vão
depender da pressão e do tempo. Quanto maior a pressão ou a sua duração,
maior será a gravidade das lesões. Nas explosões subaquáticas, os órgãos mais
acometidos são os olhos (hemorragias e descolamento de retina) e rupturas
intestinais.
- 110 -
Figura 2.87: Lesões secundárias oriundas de fragmentos.
- 111 -
(quando o corpo quica como uma bola e cada quicada uma sequência de
traumas).
- 112 -
World Trade Center criou uma onda de pressão relativamente alta que resultou
no incêndio e no colapso do edifício que matou milhares de pessoas.
Neste tipo de lesão pode ocorrer em qualquer parte do corpo podendo
ocorrer: Queimaduras (flash, parcial e espessura total); Lesões por
esmagamento; Lesões cerebrais (fechada e/ou aberta); Asma, DPOC ou outros
problemas respiratórios causados por poeira, fumaça ou vapores tóxicos;
Angina; Hiperglicemia; Hipertensão.
As amputações traumáticas rapidamente resultam em morte e, portanto,
são raras em sobreviventes, e muitas vezes são acompanhadas por outras
lesões significativas. A taxa de lesão ocular pode depender do tipo de explosão.
Lesões psiquiátricas, algumas das quais podem ser causadas por dano
neurológico durante a explosão, é a lesão quaternária mais comum, e transtorno
de estresse pós-traumático pode afetar pessoas que são completamente ilesos.
Este tipo de lesão pode ser causado tanto pelo calor liberado pela
explosão como por vapores e fumos. Podendo também ser causadas por
bombas sujas (bactérias, radiações, produtos químicos), fragmentos de restos
humanos (suicidas) podem ser incorporados em vítimas que pode ser
contaminado por doenças do suicida.
Também podem ocorrer amputações traumáticas rapidamente resultam
em morte e, portanto, são raras em sobreviventes, e muitas vezes são
acompanhadas por outras lesões significativas. A taxa de lesão ocular pode
depender do tipo de explosão. Lesões psiquiátricas, algumas das quais podem
ser causadas por dano neurológico durante a explosão, é a lesão quaternária
mais comum, e transtorno de estresse pós-traumático pode afetar pessoas que
são completamente ilesos.
- 113 -
2.8. Distância segura de explosões.
Como vimos neste módulo às explosões podem causar muitos danos ao
corpo humano (inclusive a morte) e danos em estruturas, para que evitar tais
danos é preciso se abrigar e/ou posicionar numa distância segura a qual poderá
ser avaliada e dimensionada de vários modos como veremos a seguir.
- 114 -
2.8.2. Dimensionamento da distância segura da sobrepressão.
A distância de segurança apresentada no gráfico acima é eficaz
exclusivamente contra os efeitos da sobrepressão gerada pela onda de
choque de uma detonação.
Apesar de não ser o foco deste trabalho, um breve esclarecimento sobre
projéteis e fragmentos deve ser apresentado, para melhor compreensão sobre a
distância de segurança adequada para pessoal contra os efeitos indiretos.
Como esta lei de escala e outras considerações estão bem definidas na
literatura, apresenta-se uma regra geral para a definição da distância mínima
segura, utilizando os mesmos fundamentos:
rSeg. 120 3 W
Onde:
rSeg: Distância radial, em metros, do centro da explosão.
- 115 -
Tabela 2.9: Relação da sobrepressão com distância e massa do explosivo (TNT).
1
D K P n
Onde:
D: Distância de segurança (pés, ft);
- 116 -
K: Fator experimental que depende do tipo de explosivo e das condições
do local onde se produz a explosão e as do local a proteger (ft/ lb⅓);
P: Peso líquido do explosivo em libras (lb) de TNT;
n: Parâmetro empírico que varia entre 2 e 6, refletindo a natureza dos
efeitos produzidos.
- 117 -
Tabela 2.11: Fator ‘K’ relacionados à pressão e a distância. Fonte: O’ Connor.
Fator ‘K’ Pressão da explosão
⅓ Distância segura
(ft/ lb ) PSI KPa
6 27 186,1584 Paióis protegidos por barricadas.
9 12 82,7371 Paióis e instalações com barricadas.
11 8 55,1581 Paióis.
18 4 27,579 Instalações que manipulam explosivos.
24 – 30 2,3 – 1,7 15,9 – 11,7 Rodovias públicas.
40 – 50 1,2 – 0,9 8,3 – 6,2 Prédios habitados.
300 0,07 0,4826 Contra projéteis pesados.
500 Contra projéteis leves.
D 4,4 3 C
Onde:
D: Distância segura, em metros;
C: Carga explosiva, kg de TNT.
Tabela 2.12: Distância segura para carga de até 2,5 kg de TNT por furo.
Carga (kg de TNT) Distância segura (m)
0,10 2,00
0,25 2,70
0,50 3,50
De 0,50 a 2,0 5,50
2,5 6,00
- 118 -
Quando a carga explosiva supera 13,5 kg de TNT, a fórmula para
determinação da distância segura é dada por:
D 100 3 2 C
Onde:
D: Distância segura;
C: Carga explosiva para TNT e/ou equivalentes.
- 119 -
60 27,2 1170 356,6
65 29,5 1200 365,7
70 31,7 1225 373,4
75 34 1260 384,0
80 36,3 1290 368,5
85 38,5 1310 399,3
100 45,3 1400 426,7
125 56,7 1500 457,2
300 136,1 2000 609,6
400 181,4 2200 670,6
500 226,8 2400 731,5
- 120 -
Aplicação 06: Supondo uma carga explosiva de 100 libras de TNT, a uma
distância de 100 metros, pede-se para calcular: a sobrepressão e os danos
causados.
Resolução:
Pela tabela 2.10 sabemos que 100 Libras de TNT equivalem a 45,3 kg de
TNT. Então:
0,0400 P
1,094
0,0087
0,0400 P 0,0095178
P 0,0304822 Bar P 0,30 Bar
Conclusão: Conforme a tabela 2.5, para 100 metros, e de acordo com a tabela
2.4 a pressão liberada pela explosão de 45,3 kg de TNT (P ≈ 0,030 Bar) é
suficiente causar pequenos danos em construções inclusive danos em vidraças.
- 121 -
Aplicação 07: Supondo uma carga explosiva com 7 libras de TNT, e
estabelecendo o fator K = 300 para a distância de segurança com a pressão de
0,07 psi, conforme tabela 2.5, que em nada afetaria o corpo humano. Calcule a
distância de segurança para os efeitos da pressão e para segurança contra
projéteis leves.
Resolução:
1
n
Utilizando-se da equação: D K P
para qual arbitrariamente
adotamos n = 3, como parâmetro empírico. Então:
1
n 3
D K P
D K 3 P
- 122 -
Aplicação 08: Considerando-se a detonação de 273,5 kg de TNT. Pergunta-se:
Qual a pressão resultante desta explosão numa vidraça de 2x1 m, a uma
distância de 100 metros? Neste caso qual seria a distância segura?
Resolução:
- 123 -
Análise 09: A detonação de 273,5 kg de TNT numa distância de 100 metros
gera um impacto de 1.160 kgf sobre a vidraça.
Resolução:
- 124 -
K 18 0, 84122 PSI 4 PSI
K 244,66
300 18 0,07 PSI 4 PSI
1
n
Adotando n = 5, para efeito de cálculos, utilizando-se a fórmula: D K P
- 125 -
A tabela 2.14 mostra outra relação entre distância segura em relação à
detonação do TNT. Desta maneira, para aumentar o nível de segurança, há outra
fonte de comparação como demonstrados nas Tabelas 2.9 e 2.10 desenvolvidas
pela International Association of Bomb Technicians and Investigators - IABTI5
(Associação Internacional dos Investigadores e Técnicos em Bombas) e que
podem complementar a determinação de áreas de segurança.
- 126 -
2.9. Balanço de Oxigênio.
- 127 -
quaisquer nitrogênios nos reagentes formam (N2) nos produtos. Sempre há
alguma quantidade de NOx, mesmo que na condição de vestígio, ou seja, menos
de 1% do peso molecular do reagente.
A figura 2.90 mostra os principais gases e vapores, liberados pela
decomposição de explosivos com suas respectivas consequências, em relação
ao balanço de oxigênio.
- 128 -
queima com ‘2’ quantidades de oxigênio para formar ‘1’ quantidade de gás
carbônico e ‘2’ quantidades de água.
- 129 -
faz parte das respectivas moléculas sob a forma de grupos atômicos instáveis
(essencialmente, NO2).
A maioria dos ingredientes dos explosivos é composta de oxigênio,
nitrogênio, hidrogênio e carbono. Para misturas explosivas, a liberação de
energia é otimizada quando o balanço de oxigênio é zero (BO = 0), por que a
mistura tem oxigênio suficiente para oxidar completamente todos os
combustíveis (óleo diesel, serragem, carvão, palha de arroz etc.) presentes na
reação, mas não contém excesso de oxigênio que possa reagir com o nitrogênio
na mistura para formação de NO e NO2 e nem a falta de oxigênio que possa
gerar o CO, pois além de altamente tóxicos para o ser humano, esses gases
reduzem a temperatura da reação e, consequentemente, diminuem o potencial
energético e a eficiência do explosivo.
- 130 -
2.9.3. Produtos de reação.
Como, já mencionamos, a maioria dos explosivos consiste em carbono,
hidrogênio, nitrogênio, e oxigênio, neste caso são chamados de explosivos de
CHNO, cuja fórmula genérica é expressa por:
CxHyNwOz
CxHyNw Oz
x C y H w N zO
Onde:
x: número de átomos de carbono (C);
y: número de átomos de hidrogênio (H);
w: número de átomos de nitrogênio (N);
z: número de átomos de oxigênio (O).
2N N2
2H O H2O
C O CO
CO O CO2
- 131 -
A figura 2.91 mostra que a reação ocorre com uma substância que irá
queimar quando o explosivo for detonado, cuja molécula de reagente é
completamente quebrada em seu componente individual.
Figure 2.91: Energia Específica produzida através da reação do metano com o oxigênio.
- 132 -
As combinações de explosivos que não têm bastante oxigênio para
queimar todo o carbono para formar o CO2 são sub oxidados por que o
combustível está pobre em oxigênio e em todos os casos, a de reação de
formação dos produtos formados pode ser calculada usando as "regras do dedo
polegar."
a) Todo o nitrogênio forma N2;
b) Todo o hidrogênio é queimado a H2O;
c) Qualquer oxigênio depois que formar H2O queime formando CO ou CO2.
d) Qualquer oxigênio depois de formação CO queima o CO a CO2.
e) Qualquer oxigênio restante forma O2.
f) Vestígios de NOx (óxidos mistos de nitrogênio) menos de 1%.
- 133 -
Figure 2.94: RDX (sub oxidado).
C3H5N3O9 3C 5H 3N 9O
a) 3N 1,5N2
C3H6N6O6 3C 6H 6N 6O
a) 6N 3N2 .
- 134 -
A reação completa é: C3H6N6O6 3N2 3H2O 3CO
- 135 -
Figure 2.96: TNT (muito sobre oxidado).
a) 3N 1,5N2 .
- 136 -
Teoricamente, quando o balanço de oxigênio, BO, for zero, os principais
gases produzidos na detonação são: CO2, H2O e N2 e na realidade pequenas
quantidades de NO, CO, NH2, CH4 dentre outros gases podem ser formados.
Considere a mistura ideal do nitrato de amônio (N2H4O3) e óleo diesel (CH2):
Necessidade de oxigênio: – 3.
- 137 -
oxidado. Quando z > (2x - y/2), a quantidade de oxigênio é positiva, significa que
há oxigênio mais que suficiente e a molécula é super oxidada.
É habitual expressar o BO em porcentagem do peso de oxigênio em
excesso em relação ao peso do explosivo, multiplicando a expressão (z - 2x -
y/2) que está em números de átomo pelo peso atômico (AW) de oxigênio e
dividindo pelo peso molecular (MW) do material explosivo. Então teremos:
AW(O2 ) y
BO% z 2x 100%
MW Exp 2
1.600 y
Como o MWO = 16, então: BO% z 2x %
MW Exp 2
- 138 -
Aplicação 10: Calcule o Balanço de Oxigênio para os explosivos a seguir,
analisando o referido balanço de oxigênio.
MWExp 152,068
MWExp 227,094
- 139 -
Cálculo do Balanço de Oxigênio (BO).
1600 5
BO 9 2 3 BO 3,52%
227,094 2
MWExp 222,126
- 140 -
MWExp 12,01 x 1,008 y 14,008 w 16 z
MWExp 227,134
- 141 -
2.9.5. Balanço de oxigênio BO – Método II.
O Balanço de Oxigênio (BO) possibilita avaliar a toxidez dos gases da
explosão, isto é, o oxigênio que entra na composição do explosivo pode estar
em falta ou em excesso, estequiometricamente, resultando uma transformação
completa ou incompleta. Quando a transformação é completa, os produtos
resultantes são CO2, H2O e N2, todos não tóxicos. Na realidade pequenas
proporções de outros gases (NO, CO, NH3 e CH4 etc.) também são geradas,
mas não comprometem a boa qualidade dos produtos finais.
A pesquisa do BO de um explosivo apresenta uma grande importância
prática, não só do ponto de vista da formação dos gases tóxicos, mas, porque
ela está correlacionada com a energia da explosão, o poder de ruptura e outras
propriedades do explosivo usado. O máximo de energia é conseguido quando o
BO é zero. Na prática, esta condição é utópica (Reis, 1992). Os explosivos
podem ser representados por uma fórmula geral ( CaHbOcNd Xe ) onde ‘X’ é um
metal.
No caso da decomposição de um explosivo que não recebe elementos
metálicos, a equação da transformação completa é dada por:
CaHbOcNd Xe
Detonação
x CO2 y H2O z N2
b
Substituindo os valores em ‘c’, teremos: c 2x y c 2 a .
2
- 142 -
Aplicação 11: Para o explosivo ANFO calcule o Balanço de Oxigênio
Resolução:
N2H4O3
PM 3 2 14 4 1 3 16
PM 3 28 4 48
PM 3 80
PM 240
CH2
PM 12 2 1
PM 14
240 240
BO 100% 100% 94,4881% BO 94,5%
240 14 254
- 143 -
Então sabemos que 240 g de nitrato de amônio reagem com 14 g de
carbono quando o balanço é perfeito, isto quer dizer que o óleo deve representar
em massa o seguinte percentual:
14 14
PÓleo 100% 100% 5,512% PÓleo 5,5%
240 14 254
Conclusão: Neste caso, para o explosivo ANFO, para que o Balanço de
Oxigênio, BO, seja positivo (BO> 0). Deve haver uma proporção de 94,5% de
nitrato de amônio para 5,5% de óleo, fugindo dessa proporção o Balanço de
Oxigênio poderá ser negativo (BO < 0), o que não é interessante para um
desmonte de rochas devido aos inconvenientes tais como a eficiência do
explosivo, geração de gases tóxicos, dentre outros.
- 144 -
Aplicação 12: Para o explosivo Nitroglicerina calcule o Balanço de Oxigênio
Resolução:
Na reação da Nitroglicerina (C3H5O9N3) onde o oxigênio existente na
molécula, neste caso 9 átomos de oxigênio, o oxigênio necessário, poderá ser
Portanto, ‘a = 3‘ e ‘b = 5’
b b 5
Mas, c 2x y c 2 a C 2a 2 3 C 8,5 átomos
2 2 2
- 145 -
A nitroglicerina (C3H5N3O9) é uma substância sobre oxidada que
apresenta um excesso de oxigênio (BO = + 3,5%). A equação química global é
a seguinte:
C3H5N3O9 3C 5H 3N 9O
3N 1,5N2
3C 6O 3CO2
C7H5N3O6 7C 5H 3N 6O
3N 1,5N2
- 146 -
O composto conhecido comercialmente como RDX (ciclo – 1,3,5-trimetil-
2,4,6-trinitroamina) cuja fórmula química é C3H6N6O6 é um composto suboxidado
(BO < 0), cuja reação de decomposição é:
- 147 -
Como o TNT possui um balanço de oxigênio negativo (BO < 0), oxidantes
como os nitratos e os compostos explosivos sobre oxidados (BO > 0), são
utilizados como aditivos. A tabela 2.18 apresenta-se algumas percentagens (%)
de aditivos para misturas utilizadas como explosivas.
- 148 -
ciclotetrametilenotetranitroamina (HMX)] e os explosivos inorgânicos (e.g.
fulminato de mercúrio, azida de chumbo, nitrato de amônia e azida de prata).
A tabela 2.19 exemplifica alguns explosivos de uso militar e/ou civil com
suas respectivas propriedades de interesse prático.
Quando:
Cte. > 0: A reação libera O2.
Cte. < 0: A reação recebe O2, por que o oxigênio é insuficiente.
- 149 -
Os explosivos geralmente são misturas de sustâncias químicas do tipo
oxidante e combustível.
O balanço de oxigênio (BO) se expressa geralmente em porcentagem,
neste cálculo se multiplica a porcentagem presente em cada uma das sustâncias
químicas presentes em no explosivo por sua respectiva constante de oxigeno; e
seus resultados se somam.
No caso de deficiência de oxigênio, o balanço de oxigênio se dá com sinal
negativo. Para muitos explosivos a sensibilidade, a potência e o poder rompedor
aumentam conforme o teor do Balanço de Oxigênio (BO) basta alcançar um
máximo no ponto de equilíbrio.
Quando os explosivos detonam com Balanço de Oxigênio (BO) positivo
tem oxigênio em excesso, o oxigênio disponível se combina com os átomos de
carbono para formar o dióxido de carbono (CO2) e óxidos de nitrogênio, alguns
de cor roxa. Os fumos liberados indicam uma quantidade de combustível
insuficiente na reação, que pode ser devido a uma mistura segregada de
combustível.
Os explosivos detonam com Balanço de Oxigênio (BO) negativo, a reação
ocorre com oxigênio insuficiente, se formam óxidos incompletos, em particular o
monóxido de carbono (CO) que é venenoso e incolor. Os gases nitrosos se
reduzem muito, por que em muitos casos os explosivos se formam com um
pequeno balanço de oxigênio negativo.
Os explosivos comerciais devem ter um Balanço de Oxigênio (BO)
próximo de zero para minimizar a quantidade de gases tóxicos, particularmente
o monóxido de carbono (CO) e gases nitrosos presentes nos fumos.
- 150 -
Aplicação 13: Calcule a constante de oxigênio para o explosivo PETN.
C 5 H 8 N 4O12 O2 5CO 2 4H 2O 2N 2
Detonação
Resolução:
2 16 32
Cte. O2 Cte. O2 Cte. O2 0,101
1 316 316
Análise: Como Cte. = – 0,101 < 0 a reação recebe oxigênio e libera gases.
- 151 -
Aplicação 14: Calcule a constante de oxigênio para o explosivo TNT.
Resolução:
21 16 336
Cte. O2 Cte. O2 Cte. O2 0,740
2 227 454
- 152 -
Aplicação 15: Calcule a constante de oxigênio para o explosivo Pentolita 50/50.
Dado: Pentolita 50/50 = 50% de PETN + 50% de TNT. Há liberação de gases?
Resolução:
Como a reação da Pentolita 50/50 se dá conforme a equação a seguir:
- 153 -
Aplicação 16: Define-se balanço de oxigênio de um explosivo, expresso em
percentagem, como a massa de oxigênio faltante (sinal negativo) ou em excesso
(sinal positivo), desse explosivo, para transformar todo o carbono, se houver, em
gás carbônico e todo o hidrogênio, se houver, em água, dividida pela massa
molar do explosivo e multiplicada por 100. O gráfico a seguir traz o calor liberado
na decomposição dos explosivos, em função de seu balanço de oxigênio.
- 154 -
Substância O PETN
Massa molar (g/mol) 16 316
Resolução:
a) A reação de decomposição do PETN será.
A equação química balanceada da decomposição do PETN:
C5H8N4O12
5C 8H 4N 12O
Considerando e equacionando as decomposições temos:
5C 12O
5CO 7O
8H 7O
4H2O 3O
3CO 3O
3CO2
4N
2N2
C5H8N4O12
Detonação
3CO2 2CO 4H2O 2N2
C5H8N4O12
5CO(g) H8N4O7
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moléculas de água. Na molécula que “sobra” do explosivo, não teremos
também átomos de hidrogênio e teremos 4 átomos de oxigênio a menos.
C5H8N4O12
5CO(g) 4H2O N4O3
C5H8N4O12
3CO2 (g) 2CO(g) 4H2O 2N2
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Massa [O]
Balanço 100%
Massa do Explosivo
2 16g
Balanço 100% Balanço 10,12%
316g
HDecomposição 2HCO 3HCO2 4HH2O 2HN2 HC5H8N4O12
HDecomposição 2 (110 ) 3 (394 ) 4 (242) 2 (0) 538
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2.10. Bibliografia utilizada.
h) João Paulo Sousa, Major de Engenharia João Carlos Martins Rei – PROELIUM –
REVISTA DA ACADEMIA MILITAR – FORMAÇÃO EM QUÍMICA DE EXPLOSIVOS
NA ACADEMIA MILITAR.
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j) Notas de aulas da disciplina Instalações e Serviços Industriais – Riscos de
Explosões.
m) Wilson Carlos Lopes Silva, Koshun Iha e Paulo Cesar Miscow Ferreira; Artigo
Dimensionando explosivos em cabeça de guerra para o efeito de sopro,
Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Publicação: São José dos
Campos/ SP, 2007.
p) Site: https://es.wikipedia.org/wiki/Condiciones_de_Chapman-Jouguet&prev=search
q) Site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Operation_Upshot-Knothole_-_Badger_001.jpg
r) Site: http://www.geocities.com/CapeCanaveral/Launchpad/2909/page18.html
s) Site: http://www.pontoderaciocinio.com/2015/03/veja-onda-de-choque-de-uma-explosao.html
t) Fonte: http://armasvoadoras.blogspot.com.br
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