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Módulo 4: Segurança na Soldagem

4.1. Fatores de risco nas operações de soldagem e corte


Nos trabalhos de solda e corte vários fatores agem isoladamente ou
em conjunto, representando sério risco à saúde do trabalhador por envolverem
fatores como: calor, ruído, fumos, gases, fogo e eletricidade. E estes devem ser
mantidos sob controle, por meio de medidas de proteção tanto individuais como
ambientais, no sentido de proteger, não só o trabalhador envolvido diretamente
na operação, como, também, outras pessoas, máquinas, equipamentos e
instalações. A inobservância a tais fatores pode conduzir à formação de um
ambiente inseguro, com graves conseqüências, caso um acidente venha a
ocorrer resultando em prejuízos, mutilações ou até mesmo a perda de
preciosas vidas humanas.

4.1.1. Radiação
Durante os processos de soldagem ao arco elétrico são gerados raios
ultravioletas de alta intensidade, raios infravermelhos e radiação dentro do
espectro visível da luz. A pele exposta à radiação ultravioleta, mesmo que por
poucos minutos, sofre queimaduras semelhantes às provocadas pelo sol,
podendo provocar ulcerações e câncer de pele. Os raios infravermelhos,
agindo sobre a pele, provocam sensação de aquecimento, podendo provocara
queimaduras, se o tempo de exposição for prolongado.
Agindo sobre os olhos, os raios infravermelhos, ultravioletas e a radiação
visível ocasionaram sérios danos aos mesmos, tais como: conjuntivite, irritação
das pálpebras, cegueira temporária e catarata. Se esta exposição for
prolongada pode ocorrer lesão permanente, comprometendo a acuidade visual.
Torna-se, portanto necessário pelo soldador o uso de equipamentos de
proteção tais como: luvas, aventais, mangas compridas, capacetes, óculos e
viseiras com lentes especiais. É muito importante que em caso de haverem
outras pessoas presentes na área de soldagem, estas devem estar igualmente
protegidas pelo uso do EPI e de medidas de segurança.

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4.1.2. Calor
É um elemento sempre presente nas operações de soldagem ou corte.
Seu controle é fácil, dependendo apenas de uma boa ventilação do ambiente,
que será igualmente útil em relação a outros fatores nocivos. O grande cuidado
que se deve ter é em relação à projeção de centelhas e metal fundido que
chegam a atingir distâncias consideráveis. Em contato com a pele do soldador,
provocará imediatamente uma queimadura. Portanto, as roupas devem ser
resistentes, as mangas compridas e as calças não devem conter dobras para
fora para que o metal quente não fique preso a elas. As luvas podem ser de
raspa de couro com proteção para os punhos. Deve ser dada atenção à
presença de materiais combustíveis ou líquidos inflamáveis, que devem ser
afastados ou isolados do local de trabalho.

4.1.3. Ruído
Presente também nas operações de goivagem, preparação ou reparos
de juntas com uso de esmerilhadeira, deve ser controlado com o uso de
protetores auriculares, por que a exposição contínua leva à diminuição da
capacidade auditiva, podendo levar à surdez definitiva.
Os protetores auriculares em forma de concha têm a vantagem de
proteger o pavilhão auricular contra a projeção de faíscas ou partículas
metálicas. Os protetores tipo plug, devem estar limpos para evitar infecções.
Quando o ruído é presença constante no ambiente de trabalho, devido a
outras operações, por isso sempre possível é mais vantajoso procurar eliminar
o problema na origem adotando-se uma atitude preventiva na fonte do ruído.

4.1.4. Fumos e gases


Os gases empregados nas operações de soldagem bem como os fumos
emanados das peças ou consumíveis podem provocar riscos à saúde do
soldador e de outros profissionais que trabalham na área, devido à presença de
elementos químicos tais como: carbono, cobre, cobalto, alumínio, níquel,
fluoretos, zinco, manganês entre outros. Alem disso, a fumaça desprendida

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durante a soldagem pode conter partículas sólidas prejudiciais à saúde. A
figura 4.1 mostra o desprendimento de vapores e fumos durante a operação de
soldagem e corte.

Figura 4.1: Liberação de gases e fumos durante a soldagem

Dependendo da quantidade do material envolvido, a inalação de fumos


e gases causa irritação nos olhos, na pele e no sistema respiratório, além do
risco a complicações mais severas que podem ocorrer imediatamente após a
soldagem ou após certo tempo. Fumos podem causar sintomas como náuseas,
dor de cabeça, tonteira, febre, dentre outros problemas.
Possibilidade de doenças mais sérias existe quando materiais
altamente tóxicos estão envolvidos. Por exemplo, superexposição ao
manganês pode afetar o sistema nervoso central resultando em prejuízos na
fala e nos movimentos. Em espaços confinados, a pressão exercida pelos
gases desloca o ar respirável causando a asfixia.
Para cada metal que é soldado há liberação de gases, vapores e
fumos diferentes que por sua vez possui diferentes comportamentos no
organismo humano por isso são importante que o soldador sempre esteja
atento.

4.1.5. Eletricidade
A eletricidade, hoje presente na imensa maioria dos processos de
soldagem, e ainda, nos processos de corte por fusão (corte a plasma) torna

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nossa vida muito mais confortável. Mesmo o corpo humano é movido por
impulsos elétricos que podem ser medidos em um eletro-encefalograma ou um
eletrocardiograma. Se, entretanto uma fonte externa de eletricidade for
conectada ao nosso corpo, esta certamente irá interferir em seu
funcionamento. Essa interferência poderá se notada desde uma leve sensação
de formigamento até a ocorrência de queimaduras graves ou paradas cárdio-
respiratória provocando a morte.
Conforme a figura 4.2 um dos grandes problemas na soldagem é
quando se executa trabalhos em ambientes úmidos por que o risco de choque
elétrico é bem maior.

Figura 4.2: Choque elétrico.

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4.2. Ambiente de soldagem
As operações de soldagem e corte, sempre que possível devem ser
realizadas em ambiente apropriado, especialmente projetado para oferecer a
máxima condição de segurança, além de proporcionar conforto à pessoa que
realiza a tarefa. Quando a operação for realizada "no campo" deve-se procurar
reproduzir as condições ideais tanto quanto possível. Os aspectos listados
abaixo, representam as condições mínimas para se ter um ambiente seguro.

4.2.1. Lay-out
As ‘rotas de fuga’ devem ser mantidas livres e desimpedidas.
Equipamentos, cabos, mangueiras e demais componentes devem estar
protegidos contra o calor intenso e salpicos. Para a proteção das demais
pessoas, deve ser providenciada a instalação de anteparos de madeira ou
lona, em forma de cortina, biombo ou cabine. Qualquer material combustível ou
inflamável deve ser removido do local que deve estar provida de um sistema de
combate a incêndio. Em caso de impossibilidade de remoção, estes devem
estar protegidos das chamas, centelhas e respingos de metal fundido.

4.2.2. Piso
Deve proporcionar um bom isolamento térmico. Deve ser de concreto
antiderrapante ou com revestimento a prova de fogo.

4.2.3. Pintura
Devem ser utilizadas cores frias e de baixa refletividade como o cinza
azulado que neutraliza a ação dos tons vermelhos resultantes da soldagem e
corte. Cores metálicas obviamente não são recomendadas.

4.2.4. Iluminação
O tipo de iluminação depende do tamanho e do lay-out da oficina e a
pratica tem mostrado a viabilidade de lâmpadas tubulares fluorescentes ou
mistas. Quando houver boxes, estes devem estar providos de iluminação
individual. A luz do dia mais recomendada deve incidir sobre a área de trabalho

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vinda do alto e por trás, reduzindo o ofuscamento e produzindo uma
luminosidade uniforme. O índice mínimo de iluminação e de 250 lux.

4.2.5. Ventilação
A ventilação natural é aceitável para operações em áreas não
confinadas. Em oficinas de soldagem, para que ela ocorra de maneira efetiva,
alguns pré-requisitos são necessários:
a) A ventilação transversal deve ser livre, sem bloqueios por paredes,
divisórias ou outras barreiras;
b) A altura do teto deve ser superior a seis metros, necessária à criação de
uma corrente de ar por convecção;
c) A área de soldagem deve conter no mínimo 285m3 de ar para cada
soldador.

Se a ventilação natural for insuficiente, devera ser adotado um sistema


capaz de renovar no mínimo 57m3 de ar por minuto. Entretanto no caso do
processo de soldagem SMAW em função do diâmetro do eletrodo teremos uma
ventilação mínima em valores de m3 por minuto para cada soldador que esteja
executando este trabalho como mostra a tabela 1.

Tabela 1: Ventilação mínima requerida em função do diâmetro do eletrodo.


Diâmetro do Eletrodo Ventilação Mínima
3
Polegadas Milímetros (m /minuto, para cada soldador).
≤ 3/16 ≤ 4,8 57
¼ 6,4 100
3
/8 9,5 128

A ventilação deve existir mesmo que os gases e fumos desprendidos


pela soldagem ou corte, não sejam tóxicos, pois os mesmos podem irritar as
vias respiratórias. E quando o corte ou solda envolver metais de base com
cobertura contendo elementos como zinco, berílio, chumbo, cádmio e seus
compostos, deverá haver uma ventilação geral e exaustão local para manter os
poluentes atmosféricos em concentração abaixo dos limites de tolerância
estabelecidos. A figura 4.3 mostra os principais tipos de ventilação.

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Figura 4.3: Tipos de ventilação para o ambiente de soldagem

4.2.6. Exaustão
Um sistema de ventilação pode controlar de forma global os níveis de
poluição na área, não significando, que esteja sendo eficiente no local onde
esta poluição é gerada. Daí a necessidade da exaustão local, empregada
próxima à fonte geradora para a retirada dos elementos contaminantes antes
mesmo que estes atinjam a zona de respiração do soldador, como mostra a
figura 4.4.

A exaustão é uma dos


sistemas mais empregados, pois
alia vantagens econômicas à
eficiência no controle dos fumos,
descarregando-os através de
filtros e devolvendo o ar filtrado
para o interior da oficina.
Figura 4.4: Sistema de exaustão.

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4.3. Equipamento de proteção individual (EPI).
A figura 4.5 mostra alguns equipamentos de proteção individual (EPI)
que são projetados com a finalidade de evitar ou amenizar lesões ou ainda
doenças.

Figura 4.5: Principais EPI’s.

O EPI é de uso pessoal e intransferível, a menos que sejam submetidos


a rigorosos critérios de limpeza, manutenção e desinfecção. Quanto ao uso de
EPI nas operações de corte devemos fazer as seguintes observações:

a) Área protegida pelas máscaras: a face, testa, pescoço e olhos contra as


radiações e faíscas provenientes do processo, conforme mostra a figura 4.6.

Figura 4.6: Mascara de proteção.

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As máscaras são fabricadas com materiais resistentes, leves, isolantes
térmicos e elétricos, não combustíveis ou alto extinguíveis e opacos. Estes
EPI’s, os capacetes e os óculos devem ter a possibilidade de ser desinfetados.

b) Vestuário de proteção: varia de acordo com a natureza, tamanho e


localização do trabalho a ser desenvolvido. Estes vestuários são utilizados
para proteger as áreas expostas do trabalhador, conforme figura 4.7.

Onde:
1. Avental de couro;
2. Manga de couro;
3. Luva de couro;
4. Perneiras de couro;
5. Sapatos de segurança;
6. Capacete de proteção;
7. Óculos de segurança;
8. Ombreira de couro.

Figura 4.7: Vestuário do trabalhador de soldagem e corte.

c) Luvas: todos os trabalhadores devem usar luvas em bom estado nas duas
mãos, na figura 4.8 mostra alguns pares de luvas. As luvas protegem as
mãos contra queimaduras e choques elétricos. Para trabalhos leves, podem
ser usadas luvas de raspa de couro, de vaqueta ou de couro de porco.

Figura 4.8: Luvas usadas como EPI.

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d) Macacões, casacos, aventais, mangas e perneiras: devem ser usados em
função do tipo de trabalho realizado. Podem ser feitos de couro ou outro
material resistente ao fogo, e que proporcionam proteção adicional às áreas
expostas do corpo do trabalhador contra faíscas. A superfície das roupas
devem estar totalmente isentas de óleo ou graxa ou qualquer outro material
inflamável. A figura 4.9 mostra alguns tipos de aventais.

Figura 4.9: Aventais.

e) Vestuário tratado quimicamente: são também utilizadas vestimentas de


materiais tratados com retardadores de fogo, após cada lavagem ou
limpeza, as vestimentas devem sofrer um novo tratamento.

f) Capuz ou gorro para cabeça: fabricado com material resistente ao fogo e


deve ser utilizado durante as operações de soldagem e corte para evitar
lesões e queimaduras na cabeça e pescoço do trabalhador. A figura 4.10
mostra um modelo de gorro.

Figura 4.10: Gorro ou capuz.

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g) Botina: protege os pés, através do uso de biqueira de aço, solado injetado e
sem cadarços (fixação por elásticos laterais) é um EPI de uso obrigatório. A
figura 4.11 mostra dois exemplos destes EPI’s.

Figura 4.11: Alguns tipos de botinas.

h) Protetores auriculares: os protetores auriculares devem ser utilizados nos


lugares determinados pelo setor de segurança da fábrica. A figura 4.12 (a)
mostra protetor do tipo "Plug de inserção" que deve estar limpos para evitar
infecções e a figura 4.12 (b) mostra o protetor tipo "Fone de ouvido"
(Concha). Os protetores auriculares em forma de concha têm a vantagem
de proteger o pavilhão auricular contra a projeção de faíscas ou partículas
metálicas, proporcionando o bem estar ao funcionário, e evitando
problemas de saúde como, a irritabilidade, dores de cabeça, dentre outros.

(a) (b)
Figura 4.12: Protetores auriculares (a) tipo plug e (b) tipo concha.

i) Visor para a lente filtrante e lente de cobertura: na altura dos olhos do


soldador, as máscaras têm uma abertura ou visor do qual o soldador
observa o arco. Estes visores são adequados pra a fixação dos filtros e
lentes de cobertura que são projetadas para ser fácil a remoção e

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substituição destes elementos. A grande vantagem da máscara do soldador
com fixação por carneira e visor articulado sobre a máscara com
empunhadura manual é a de deixar o soldador com as mãos livres

j) Ventilação dos óculos: estes devem ter condição de assegurar uma


ventilação perfeita, a fim de se evitar o embasamento das lentes, mas de
modo a não permitir a passagem lateral de raios de luz ou projeções contra
os olhos. Ver figura 4.13.

Figura 4.13: Óculos EPI com ventilação.

k) Lentes de cobertura: são utilizadas para proteger os filtros nos capacetes,


máscaras e óculos, contra salpicos de soldagem e arranhões. As lâminas
protetoras devem ser transparentes, de vidro ou plástico alto extinguível,
não precisam ser resistentes ao impacto. Ver figura 4.14.

Figura 4.14: Lentes de cobertura.

l) Lentes filtrantes: têm a função de absorver os raios infravermelhos e


ultravioletas, protegendo os olhos de lesões que poderiam ser ocasionadas
por estes raios. A redução da ação nociva das radiações também diminui a
intensidade da luz, fazendo com que o soldador não canse
demasiadamente seus olhos durante o trabalho, conforme mostra a figura
4.15 para cada trabalho que é feito existe uma sugestão de lente filtrante,
conforme mostra a tabela 2.

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Figura 4.15: Lentes filtrantes.

Tabela 2: Sugestão de número de lente filtrante de acordo com o trabalho.


Processo Corrente Opacidade
Goivagem a arco Até 500 A 12
500 – 1000 A 14
Corte a Plasma Até 300 A 9
300 – 400 A 12
400 – 800 A 14
Soldagem a Plasma Até 100 A 10
100 – 400 A 12
400 – 800 A 14
Processo SMAW Até 160 A 10
160 – 250 A 12
250 – 550 A 14
Processo GMAW 60 -160 A 11
160 – 250 A 12
250 – 500 A 14
Processo GTAW Até 30 A 6
30 – 75 A 8
75 – 200 A 10
200 – 400 A 12
Acima de 400 A 14
Processo OFW Espessura até 3,2mm 4 ou 5
Espessuras acima de 3,2mm 4 ou 5
Espessuras até 12,7mm 5 ou 6
Espessuras acima de 12,7mm 6 ou 8

m) Equipamentos de proteção respiratória: a utilização destes equipamentos se


faz necessária quando ocorrem operações de soldagem e corte em áreas
confinadas, quando são usados processos e/ou materiais com alto teor

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tóxico, nas ocasiões em que o oxigênio for deficiente ou houver acumulação
de gases tóxicos. A figura 4.16 mostra um pequeno filtro descartável que
poderá ser utilizados em conjunto com alguns outros tipos de mascaras.

Figura 4.16: Filtro descartável.

O "ar mandado" deverá ser limpo sem contaminação (inclusive de óleo


de compressor de ar), com preferência a um ventilador externo para canalizar o
ar por mangueiras adequadas. Nunca poderá ser utilizado oxigênio para
ventilar ou purificar qualquer ambiente, sob risco de explosão ambiental (utilizar
ar comprimido). A figura 4.16 mostra um equipamento de ‘ar mandado’.

Figura 4.16: Equipamento de ‘Ar mandado’

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4.4. Regras de segurança na soldagem
As regras de segurança são divididas em três grupos principais:
4.4.1. Regras de segurança relativas ao local de trabalho;
4.4.2. Regras de segurança relativas ao pessoal;
4.4.3. Regras de segurança relativas ao equipamento.

4.4.1. Regras de Segurança Relativas ao Local de Trabalho

4.4.1.1. Incêndios e Explosões


O calor produzido por arcos elétricos e as suas irradiações, por escórias
quentes e por faíscas podem ser causas de incêndios ou explosões.
Conseqüentemente, toda área de soldagem ou corte deve ser equipada
com sistema adequado de combate a incêndio e o pessoal de supervisão de
área, operação ou manutenção do equipamento envolvido deve ser treinado no
combate a incêndios.
Todo e qualquer trabalhador deve ser familiarizado com as seguintes
medidas de prevenção e proteção contra incêndios:

a) Garantir a Segurança da Área de Trabalho: Sempre que possível, trabalhar


em locais especialmente previstos para soldagem ou corte ao arco elétrico.

b) Eliminar Possíveis Causas de Incêndios: Locais onde se solde ou corte não


devem conter líquidos inflamáveis (gasolina, tintas, solventes, etc.), sólidos
combustíveis (papel, materiais de embalagem, madeira, etc.) ou gases
inflamáveis (oxigênio, acetileno, hidrogênio, etc.).

c) Instalar Barreiras Contra Fogo e Contra Respingos: Quando as operações


de soldagem ou corte não podem ser efetuadas em locais específicos e
especialmente organizados, instalar biombos metálicos ou proteções não
inflamáveis ou combustíveis para evitar que o calor, as fagulhas, os
respingos ou as escórias possam atingir materiais inflamáveis. A figura 4.17
mostra um exemplo de biombo.

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Figura 4.17: Biombo.

d) Tomar Cuidado com Fendas e Rachaduras: Fagulhas, escórias e respingos


podem "voar" sobre longas distâncias podendo provocar incêndios em
locais não visíveis ao soldador. Procure buracos ou rachaduras no piso,
fendas em torno de tubulações e quaisquer aberturas que possam conter e
ocultar algum material combustível.

e) Instalar Equipamentos de Combate a Incêndios: Extintores apropriados,


baldes de areia e outros dispositivos anti-incêndio devem ficar a
proximidade imediata da área de soldagem ou corte. Sua especificação
depende da quantidade e do tipo dos materiais combustíveis que possam
se encontrar no local de trabalho.

f) Avalie a Necessidade de uma Vigilância Especial contra Incêndios: Quando


soldam ou cortam, os trabalhadores podem não se dar conta da existência
de algum incêndio, pois além da atenção exigida pelo próprio trabalho, eles
ficam isolados do ambiente pela sua máscara de soldagem e os seus
diversos EPI’s. De acordo com as condições do local de trabalho, a
presença de uma pessoa especialmente destinada a tocar um alarme e
iniciar o combate ao incêndio pode ser necessária.

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g) Conhecer os Procedimentos Locais para Casos de Incêndios em Soldagem
ou Corte: Além dos procedimentos de segurança da Empresa é
recomendado que sejam conhecidas as normas e a legislação em vigor.

h) Usar um Procedimento de "Autorização de Uso de Área": Antes de se iniciar


uma operação de soldagem ou corte num local não especificamente
previsto para esta finalidade, este deve ser inspecionado por pessoa
habilitada para a devida autorização de uso.

i) Nunca soldar, cortar ou realizar qualquer operação a quente numa peça que
não tenha sido adequadamente limpa: Substâncias depositadas na
superfície das peças podem decompor-se sob a ação do calor e produzir
vapores inflamáveis ou tóxicos.

j) Não soldar, cortar ou goivar em recipientes fechados ou que não tenham


sido devidamente esvaziados e limpos internamente: Eles podem explodir
se tiverem contido algum material combustível ou criar um ambiente
asfixiante ou tóxico conforme o material que foi armazenado neles.

k) Proceder à inspeção da área de trabalho após ter-se completado a


soldagem ou o corte: Apagar ou remover fagulhas ou pedaços de metal
quente que, mais tarde, possam provocar algum incêndio.

4.4.1.2. Ventilação
O local de trabalho deve possuir ventilação adequada para eliminar os
gases, vapores e fumos usados e gerados pelos processos de soldagem e
corte que podem ser prejudiciais à saúde dos trabalhadores. Substâncias
potencialmente nocivas podem existir em certos fluxos, revestimentos e metais
de adição ou podem ser liberadas durante a soldagem ou o corte. Em muitos
casos, a ventilação natural é suficiente, mas certas aplicações podem requerer
uma ventilação forçada, cabines com coifas de exaustão, filtros de respiração
ou máscaras com suprimento individual de ar. O tipo e a importância da

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ventilação dependem de cada aplicação específica, do tamanho do local de
trabalho, do número de trabalhadores presentes e da natureza dos materiais
trabalhados.

a) Locais tais como poços, tanques, sótões, etc. devem ser considerados
como áreas confinadas: Trabalhos nestas áreas requerem procedimentos
específicos de ventilação, trabalho e EPI’s específicos para este fim.

b) Não soldar ou cortar peças sujas ou contaminadas por alguma substância


desconhecida: Não se deve soldar, cortar ou realizar qualquer operação a
quente numa peça que não tenha sido adequadamente limpa. Os produtos
da decomposição destas substâncias pelo calor do arco podem produzir
vapores inflamáveis ou tóxicos. Todos os fumos e gases desprendidos
devem ser considerados como potencialmente nocivos. Remover toda e
qualquer pintura ou revestimento de zinco de uma peça antes de soldá-la
ou cortá-la.

c) O soldador ou operador deve sempre manter a cabeça fora da área de


ocorrência dos fumos ou vapores gerados por um arco elétrico de forma a
não respirá-los: O tipo e a quantidade de fumos e gases dependem do
processo, do equipamento e dos consumíveis usados. Uma posição de
soldagem pode reduzir a exposição do soldador aos fumos.

d) Nunca soldar perto de desengraxadores a vapor ou de peças que acabem


de ser desengraxadas: A decomposição dos hidrocarbonetos clorados
usados neste tipo de desengraxador pelo calor ou a irradiação do arco
elétrico pode gerar fosgênio, um gás altamente tóxico, ou outros gases
nocivos.

e) Metais tais como o aço galvanizado, o aço inoxidável, o cobre, ou que


contenham zinco, chumbo, berílio ou cádmio nunca devem ser soldados ou
cortados sem que se disponha de uma ventilação forçada eficiente. Nunca
se devem inalar os vapores produzidos por estes materiais.

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f) Uma atmosfera com menos de 18% de oxigênio pode causar tonturas,
perda de consciência e eventualmente morte, sem sinais prévios de aviso.
Os gases de proteção usados em soldagem e corte são quer mais leves,
quer mais pesados que o ar; certos deles (argônio, dióxido de carbono,
monóxido de carbono, nitrogênio) podem deslocar o oxigênio do ar
ambiente sem serem detectados pelos sentidos dos 2 homem.

g) O hidrogênio é um gás inflamável. Uma mistura deste gás com oxigênio ou


ar numa área confinada explode se alguma faísca ocorrer. Ele é incolor,
inodoro e insípido. Ainda, sendo mais leve que o ar, ele pode acumular-se
nas partes superiores de áreas confinadas e agir como gás asfixiante.

h) Alguma irritação nos olhos, no nariz ou na garganta durante a soldagem ou


o corte pode ser indício de uma contaminação do local de trabalho e de
uma ventilação inadequada. O trabalho deve ser interrompido, as condições
do ambiente devem ser analisadas e as providências necessárias para
melhorar a ventilação do local devem ser tomadas.

4.4.1.2. Cilindros de Gás


O manuseio inadequado dos cilindros dos gases usados em soldagem
ou corte elétricos pode provocar a danificação ou ruptura da válvula de
fechamento e a liberação repentina e violenta do gás que contêm com riscos
de ferimento ou morte. Observe as características físicas e químicas dos gases
usados e seguir rigorosamente as regras de segurança específicas indicadas
pelo fornecedor. Use somente os gases reconhecidamente adequados ao
processo de soldagem ou corte e à aplicação previstos. Bem como o regulador
de pressão específico para o gás usado e de capacidade apropriada à
aplicação. Nunca usar adaptadores de rosca entre um cilindro e o regulador de
pressão. Sempre conserve as mangueiras e conexões de gás em boas
condições de trabalho e o circuito de gás deve estar isento de vazamentos.
Os cilindros de gás devem sempre ser mantidos em posição vertical.
Eles devem ser firmemente fixados no seu carrinho de transporte ou nos seus

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suportes ou encostos (em paredes, postes, colunas, etc.) por meio de correia
ou de corrente isolada eletricamente, conforme as figuras 4.18 e 4.19,
respectivamente.

Figura 4.18: Cilindros de gás, na posição vertical e fixo com corrente isolada eletricamente.

Figura 4.19: Cilindro de gás no carrinho específico para o seu transporte.

Nunca conserve cilindros ou equipamento relativo a gases de proteção


em áreas confinadas.

a) Nunca instalar um cilindro de gás de forma que ele possa, mesmo que
acidentalmente, se tornar parte de um circuito elétrico: Em particular, nunca
usar um cilindro de gás, mesmo que vazio, para abrir um arco elétrico.

b) Quando não estiverem em uso, cilindros de gás devem permanecer com


sua válvula fechada, mesmo que estejam vazios: Devem sempre ser
guardados com o seu capacete parafusado. O seu deslocamento ou

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transporte deve ser feito por meio de carrinhos apropriados e deve-se evitar
que cilindros se choquem.

c) Sempre manter cilindros de gás distantes de chamas e de fontes de faíscas


ou de calor (fornos, etc.).

d) Ao abrir a válvula do cilindro, afaste o rosto do regulador de pressão/vazão.

4.4.2. Regras de Segurança Relativas ao Pessoal

4.4.2.1. Choques Elétricos


Choques elétricos podem ser fatais e devem ser evitados. Instalações
elétricas defeituosas, aterramento ineficiente assim como operação ou
manutenção incorretas de um equipamento elétrico são fontes comuns de
choque elétricos.

Nunca tocar em partes eletricamente "vivas": A rede de alimentação


elétrica, o cabo de entrada e os cabos de soldagem (se insuficientemente
isolados), o porta eletrodo, a pistola ou a tocha de soldar, os terminais de saída
da máquina e a própria peça a ser soldada (se não adequadamente aterrada)
são exemplos de partes eletricamente "vivas". A gravidade do choque elétrico
depende do tipo de corrente envolvida (a corrente alternada é mais perigosa
que a corrente contínua), do valor da tensão elétrica (quanto mais alta a
tensão, maior o perigo) e das partes do corpo afetadas. As tensões em vazio
das fontes de energia usadas em soldagem, corte ou goivagem podem
provocar choques elétricos graves. Quando vários soldadores trabalham com
arcos elétricos de diversas polaridades ou quando se usam várias máquinas de
corrente alternada, as tensões em vazio das várias fontes de energia podem se
somar; o valor resultante aumenta o risco de choque elétrico.

a) Instalar o Equipamento de Acordo com as Instruções do Manual Específico


Fornecido: Sempre usar cabos elétricos de bitola adequada às aplicações

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previstas e com a isolação em perfeito estado. Para o circuito de soldagem,
respeitar a polaridade exigida pelo processo ou a aplicação.

b) Aterrar os equipamentos e seus acessórios a um ponto seguro de


aterramento: A ligação da estrutura das máquinas a um ponto seguro de
aterramento próximo do local de trabalho é condição básica para se evitar
choques elétricos.

c) Ainda e de acordo com a figura abaixo, a peça a ser soldada ou o terminal


de saída correspondente na fonte de energia deve ser aterrada, mas não
ambos: "aterramentos duplos" podem fazer com que a corrente de
soldagem circule nos condutores de aterramento, normalmente finos, e os
queime. Veja a figura 4.20.

Figura 4.20: Aterramento de equipamento.

d) Garantir bons contatos elétricos na peça soldada e nos terminais de saída


da máquina: Os terminais de saída, em particular aquele ao qual a peça
soldada estiver ligada, devem ser mantidos em bom estado, sem partes
quebradas ou isolação trincada. Nunca faça contatos elétricos através de
superfícies pintadas, notadamente na peça a ser soldada.

e) Assegurar-se de que todas as conexões elétricas estão bem apertadas,


limpas e secas: Conexões elétricas defeituosas podem aquecer e,
eventualmente, derreter, além de ser a causa de más soldas e provocar

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arcos ou faíscas perigosas. Não permita que água, graxa ou sujeira se
acumule em plugues, soquetes, terminais ou elementos do circuito elétrico.

f) Manter o local de trabalho limpo e seco: A umidade e a água são


condutoras da eletricidade. Manter sempre o local de soldagem ou corte, os
equipamentos e a roupa de trabalho seco. Eliminar de imediato todo e
qualquer vazamento de água.

g) Não deixar que mangueiras encostem-se a peças metálicas. Nunca ultrapasse


os limites de pressão da água indicados nos Manuais de Instruções.

h) Usar Roupa e Equipamentos de Proteção Individual Adequados, em bom


estado, limpos e secos: Ver, abaixo, as regras específicas relativas à
proteção corporal.

i) Ao soldar ou cortar, não usar quaisquer adornos, acessórios ou objetos


corporais metálicos: Para soldar, cortar ou goivar, é recomendado retirar
anéis, relógios, colares e outros itens metálicos, por que o contato acidental
de tais objetos com algum circuito elétrico pode aquecê-los, derretê-los
provocando choques elétricos.

j) O soldador ou operador de uma máquina de soldar ou cortar deve trabalhar


em cima de um estrado ou plataforma isolante.

4.4.2.1. Campos Eletro Magnéticos


A corrente elétrica que circula num condutor provoca o aparecimento de
campos elétricos e magnéticos. As correntes elétricas utilizadas em soldagem,
corte ou goivagem criam tais campos em torno dos cabos de solda e dos
equipamentos.
Algumas máquinas de soldar geram e usam para abrir o arco ou durante
toda a operação de soldagem, um faiscamento do tipo "ruído branco,"
conhecido como "alta freqüência". Conseqüentemente, pessoas portadoras de
marca-passo devem consultar um médico antes de adentrar uma área de

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soldagem ou corte: os campos elétricos e magnéticos ou as irradiações podem
interferir no funcionamento do marca-passo.
Para minimizar os efeitos dos campos gerados pelas correntes elétricas
de soldagem e corte:
a) Não se deve permanecer entre os dois cabos eletrodo e obra e sim, sempre
manter ambos do mesmo lado do corpo.
b) Os dois cabos de soldagem (eletrodo e obra) devem correr juntos e, sempre
que possível, amarrados um a o outro.
c) Na peça a ser soldada, conecte o cabo obra tão perto quanto possível da
junta.
d) Mantenha os cabos de soldagem e de alimentação do equipamento tão
longe quanto possível do corpo.
e) Nunca se devem enrolar cabos de soldagem em torno do corpo.

4.4.3. Regras de Segurança Relativas aos Equipamentos

a) Sempre instalar e operar um equipamento de soldar ou cortar de acordo


com a orientação do seu Manual de Instruções. Alem da proteção ao
pessoal de operação e manutenção, o aterramento constitui uma proteção
fundamental dos equipamentos.

b) Sempre ligar uma máquina de soldar ou cortar à sua linha de alimentação


através de uma chave de parede: Esta chave deve ter fusíveis ou disjuntor
de capacidade adequada e poder ser trancada. Instalar um plugue na
extremidade do cabo de entrada da máquina. Se for necessário fazer
manutenção da máquina no local de trabalho, colocar uma etiqueta de aviso
na chave geral para evitar que ela venha a ser usada.

c) Sempre instalar e operar uma máquina de soldar ou cortar de acordo com


as orientações contidas no Manual de Instruções: Além da proteção ao
pessoal de operação e manutenção, o aterramento constitui uma proteção
fundamental dos equipamentos.

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d) Operar os equipamentos estritamente dentro das características anunciadas


pelo fabricante: Nunca sobrecarregá-los. Nunca usar uma máquina de
soldar ou cortar com parte do seu gabinete removida ou mesmo aberta:
Além de tal situação ser potencialmente perigosa para o soldador ou
operador, a falta de refrigeração pode resultar em danos a componentes
internos.

e) Nunca operar equipamentos defeituosos: Conservá-los em perfeito estado


de funcionamento, procedendo à manutenção preventiva periódica
recomendada pelo fabricante e à manutenção corretiva sempre que
necessário. Em particular, todos os dispositivos de segurança incorporados
a um equipamento devem ser mantidos em boas condições de trabalho.

f) Sempre manter um equipamento de soldar ou cortar afastado de fontes


externas de calor (fornos, por exemplo).

g) Máquinas de soldar ou cortar não devem ser utilizados em locais alagados


ou poças de água: Salvo quando projetados especialmente ou
adequadamente protegidos (a critério do fabricante), máquinas de soldar ou
cortar não devem ser operadas em ambientes corrosivos ou que tenham
matérias oleosas em suspensão, ou nas intempéries.

h) Depois de usar um equipamento de soldar ou cortar, sempre desligá-lo e


isolá-lo da sua linha de alimentação.

4.4.3.2. Regras para a Proteção da Visão


Os arcos elétricos de soldagem ou corte emitem raios ultravioletas e
infravermelhos. Exposições de longa duração podem provocar queimaduras
graves e dolorosas da pele e danos permanentes na vista.
Para soldar ou cortar, usar máscara com vidro ou dispositivo de
opacidade adequado ao processo e à aplicação prevista. A tabela 2 orienta

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quanto à opacidade recomendada para a proteção em função do processo e da
faixa de corrente usados. Como regra geral, iniciar com uma opacidade alta
demais para que se veja a zona do arco; reduzir então à opacidade que se
tenha uma visão adequada da área de soldagem, sem problema para os olhos.

a) Usar Óculos de Segurança com Protetores Laterais: Quando se solda, corta


ou goiva, quando se remove a escória de um cordão de solda ou quando se
esmerilha alguma peça partículas metálicas, respingos e fagulhas podem
atingir os olhos sob ângulos quaisquer de incidência. Nos processos semi-
automáticos ou automáticos, pontas de arame podem ferir gravemente.
Usar os óculos de segurança inclusive por baixo da máscara de soldar ou
de qualquer protetor facial.

b) Qualquer pessoa dentro de uma área de soldagem ou corte, ou num raio de


20 m, deve estar adequadamente protegida: A irradiação de um arco
elétrico tem grande alcance e partículas metálicas e respingos podem voar
sobre distâncias relativamente grandes.

4.4.3.3. Regras para a Proteção da Pele


Devido à emissão de raios ultravioletas e infravermelhos, arcos elétricos
queimam a pele da mesma maneira que o sol, porém muito mais rapidamente
e com maior intensidade. Os trabalhadores, e em particular aqueles sensíveis à
exposição ao sol podem sofrer queimaduras na pele após breve exposição a
um arco elétrico. Os respingos de solda e as fagulhas são outras fontes de
queimaduras. Siga as recomendações a seguir para garantir uma proteção
contra a irradiação de arco elétrico e respingos.

a) Não deixe nenhuma área de pele descoberta: Não arregace as mangas da


camisa ou do avental.

b) Use roupa protetora resistente ao calor: gorro, jaqueta, avental, luvas e


perneiras: Roupa de algodão ou similares constitui uma proteção

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inadequada, pois além de ser inflamável, ela pode se deteriorar em função
da exposição às radiações dos arcos elétricos.

c) Use calçado de cano longo e estreito: Não use sapatos baixos e folgados
nos quais respingos e fagulhas possa penetrar.

d) Use calças sem bainha: Bainhas podem reter fagulhas e respingos. As


pernas das calças devem descer por cima das botas ou dos sapatos para
evitar a entrada de respingos.

e) Sempre use roupa, inclusive de proteção, limpa: Manchas de óleo ou graxa


ou sujeira em excesso podem inflamar-se devido ao calor do arco.

f) Manter os bolsos, mangas e colarinhos abotoados: Fagulhas e respingos


podem penetrar por tais aberturas e queimar pelos e/ou pele. Os bolsos não
devem conter objetos ou produtos combustíveis tais como fósforos ou
isqueiros.

g) Todas as regras acima se aplicam integralmente às manutenções


preventivas e corretivas dos equipamentos: Manutenções ou reparações
somente devem ser feitas por elementos habilitados devidamente
protegidos e isolados do ponto de vista elétrico; somente usar ferramentas
isoladas, específicas para eletricidade. Proceder à reparação de máquinas
elétricas em local apropriado e devidamente isolado.

4.4.3.4. Regra para a Proteção da Audição


a) Usar Protetores de Ouvido: Certas operações de soldagem, corte ou
goivagem produzem ruídos de intensidade elevada e, eventualmente, longa
duração. Protetores de ouvido adequados, além de protegerem contra estes
ruídos excessivos, impedem que respingos e fagulhas entrem nos ouvidos.

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4.5. Procedimentos de pronto socorro e emergência
O pronto socorro consiste em um tratamento provisório aplicado em
caso de acidente ou doença. Um socorro imediato (dentro de quatro minutos) e
adequado pode ser a diferença entre uma recuperação completa, uma
invalidez permanente ou a morte.

4.5.1. Inalação de Gases


Trabalhadores com sintomas de exposição a fumos e gases devem ser
levados para uma área não contaminada e inalar ar fresco ou oxigênio. Caso a
vítima esteja inconsciente, quem prestar socorro deve eliminar os gases
venenosos ou asfixiantes da área ou usar equipamento apropriado de
respiração antes de adentrá-la. Remover a vítima para uma área não
contaminada e chamar um médico.
Administrar oxigênio por meio de uma máscara se a vítima estiver
respirando. Caso contrário, praticar a reanimação cardiopulmonar, de
preferência com administração simultânea de oxigênio. Conservar a vítima
aquecida e imobilizada.

4.5.2. Olhos Afetados


Caso a vítima use lentes de contato, removê-las. Irrigar os olhos com
grande quantidade de água por 15 min. Ocasionalmente, levantar as pálpebras
para assegurar uma irrigação completa. Aplicar um curativo protetor seco.
Chame um médico.
Requerer assistência médica para remover ciscos ou poeira. Em caso de
ferimento por irradiação de arco elétrico, aplicar repetidamente compressas
frias (de preferência geladas) durante 5 a 10 min. Aplicar um curativo protetor
seco. Chamar um médico. Não esfregar os olhos. Não usar gotas ou colírio
salvo se receitados por um médico.

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4.5.3. Irritação da Pele
Para os casos de contato da pele com produtos irritantes, molhe as
regiões afetadas com grandes quantidades de água e depois, lave com água e
sabão.
Retire a roupa contaminada. Se as mucosas estiverem irritadas, molhe
com água. Lave cortes e arranhões com água e sabão neutro. Aplicar um
curativo seco e esterilizado.

4.5.4. Queimaduras
Para queimaduras por calor, aplicar água fria numa bolsa de borracha ou
similar. Se a pele não estiver rompida, imergir a parte queimada em água fria
limpa ou aplicar gelo limpo para aliviar a dor. Não furar bolhas. Enfaixar sem
apertar com faixa seca e limpa.
Chamar um médico.

4.5.5. Choques Elétricos


Quem prestar socorro deve primeiramente proteger a si mesmo com
materiais isolantes tais como luvas. Desligar o equipamento para eliminar o
contato elétrico com a vítima. Usar equipamento ou objetos isolantes se a
pessoa que prestar socorro tiver que tocar a vítima para retirá-la. Se a vítima
não estiver respirando, praticar reanimação cardiopulmonar assim que o
contato elétrico for removido.
Chamar um médico. Continuar com a ressuscitação cardiopulmonar até
que a respiração espontânea tenha sido restaurada ou até que o médico tenha
chegado. Administrar oxigênio e manter a vítima aquecida.

4.5.6. Queimaduras por Eletricidade


Tratar queimaduras por eletricidade como queimaduras por calor. Aplicar
compressas frias ou geladas. Cobrir as feridas com curativo seco limpo.
Chamar um médico.

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4.6. Fontes:

1. Marques, P., Modonesi, P.J., & Bracarense, A. Q. Publicação: 2005.


Soldagem: Fundamentos e Tecnologia. Belo Horizonte: Editora UFMG.

2. FBTS - Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem. Apostila do Curso


de Inspetor de Soldagem, volume 1. Publicação: 2000.

3. Dr. Ronaldo Paranhos, Anselmo Maciel Meireles, Leonardo Pacheco de


Oliveira, Odivan Coutinho de Oliveira, Philipe Ferreira, Peçanha de Souza e
Saulo Pedra Rangel. Artigo da Infosolda sobre “Informações sobre
segurança na Soldagem – Fumos e gases”. Publicação: 2006. Site:
http://www.infosolda.com.br/artigos/infoseg01.pdf

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